Upload
hoangliem
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
EDM0425 - Metodologia do Ensino de Física I
Professor Dr. Maurício Pietrocola
Primeiro semestre de 2010
Módulo Inovador
CONTROVÉRSIAS
NA COSMOLOGIA Autores:
Alexandre Bagdonas Henrique
Marcelo Nogueira
Tiago Almeida
Vera Oliveira
2
Conteúdo CONTROVÉRSIAS NA COSMOLOGIA.......................................................................................... 1
Apresentação........................................................................................................................................ 2
Introdução: ....................................................................................................................................... 4
Temática: ......................................................................................................................................... 4
Público-alvo: .................................................................................................................................... 5
Número de aulas: ............................................................................................................................. 5
QUADRO SINTÉTICO....................................................................................................................... 6
ATIVIDADE 1: Introdução à história da cosmologia ......................................................................... 8
AULA 1 ........................................................................................................................................... 8
1º Momento: “O que é cosmologia?” .......................................................................................... 8
2º Momento: Discutir diferenças entre cosmologia e astronomia. .............................................. 9
3º Momento: Questionar os alunos: “O universo teve um começo ou sempre existiu?” .......... 10
AULA 2 ......................................................................................................................................... 10
1º Momento: Apresentação da peça “Big Bang Brasil” ............................................................ 10
2º Momento: Tipos de modelo de universo: o universo estático ............................................... 11
3º Momento: A constante cosmológica e o universo em expansão ........................................... 11
ATIVIDADE 2: A expansão do universo.......................................................................................... 11
AULA 3 ......................................................................................................................................... 11
1º Momento: Apresentar o astrônomo Edwin Hubble e a descoberta da expansão do universo12
2º Momento: Explicar algumas informações que podem ser obtidas a partir da luz dos corpos
celestes. ............................................................................................................................................. 12
3º Momento: Desenvolver atividade prática sobre espectros utilizando um CD....................... 13
AULA 4 ......................................................................................................................................... 13
1º Momento: Documentário sobre redshift e efeito Doppler..................................................... 14
2º Momento: Análise do documentário comparando ondas sonoras e luminosas. .................... 14
3º Momento: Explicar a diferença entre movimento próprio e velocidade de recessão. ........... 14
AULA 5 ......................................................................................................................................... 15
1º Momento: O Big Bang é uma explosão?............................................................................... 15
2º Momento: A analogia da bexiga............................................................................................ 16
3
3º Momento: Perguntar aos alunos: qual é a melhor analogia para entender o Big Bang? ....... 16
ATIVIDADE 3: A controvérsia entre Big Bang e Estado Estacionário............................................ 17
AULA 6 ......................................................................................................................................... 17
1º Momento: Desenvolver uma situação-problema a partir do documentário “Ilusão Ateísta” 17
2º Momento: Medidas da idade do universo.............................................................................. 18
3º Momento: Limites da estimativa ........................................................................................... 18
AULA 7 ......................................................................................................................................... 18
1º Momento: O Big Bang e o problema da idade do universo .................................................. 19
2º Momento: A teoria do estado estacionário ............................................................................ 19
3º Momento: novas medidas da idade do universo.................................................................... 19
AULA 8 ......................................................................................................................................... 19
1º Momento: Big Bang Brasil: final .......................................................................................... 20
2º Momento: O Big Bang está provas?...................................................................................... 20
3º Momento: Fechamento .......................................................................................................... 20
Referências......................................................................................................................................... 21
4
Apresentação
Esta sequência didática trata de um exemplo do uso de episódios da história da cosmologia no
século XX como forma de conduzir discussões sobre a natureza da ciência. O estudo da astronomia e da
cosmologia é sugerido no tema estruturador dos PCN+ "Universo, Terra e Vida” (Brasil, 2002, p.32).
Introdução:
Para que estudar a história da cosmologia? Por que queremos saber sobre o que aconteceu há
bilhões de anos? Ou ainda, por que se propõe a inserção do estudo da origem do universo no ensino
médio? A proposta de refletir a respeito da origem da vida e do universo nas aulas de ciências não pode
ser justificada com argumentos utilitaristas, como a utilização prática no dia a dia, ou como forma de
preparar o indivíduo para o mercado de trabalho. No entanto, a cosmologia é um tema que contribui
para inserção da física moderna e contemporânea no currículo de física e pode ser fascinante, permitindo
a inserção de discussões a respeito da natureza da ciência no ensino de forma natural. A cosmologia nos
força a examinar nossas crenças mais profundas, por isso, um de seus papéis no ensino é propiciar aos
jovens o contato com a visão de mundo científica, que envolve conhecer um conjunto de descrições e
explicações a respeito do universo e da posição do homem no mesmo1.
Objetivo:
Esta sequência didática foi construída tendo como ênfase curricular o uso da história e filosofia da
ciência no ensino. Pretendemos conduzir discussões sobre as diferentes concepções de universo, assim
como sua estrutura e evolução, articulando tal conhecimento a episódios da história da cosmologia.
Mostrar a cosmologia como uma atividade que “desafia a mente, molda a sua maneira de pensar sobre o
mundo em geral, deixa impressões e ideias que duram pela vida toda” (Harrison 1981, p. x).
Temática:
Entre as décadas de 1940 e 1970, havia duas teorias cosmológicas rivais: a teoria do Big Bang,
segundo a qual o universo teve um começo e a teoria do Estado Estacionário, cujos criadores defendiam
que o universo sempre existiu. Assim, partimos dessa questão fundamental: “o universo teve um começo
ou sempre existiu?” como forma de discutir sobre medidas da idade do universo e o conceito de
1 Esta sequência didática e o texto auxiliar “Controvérsias na cosmologia” foi baseada nos estudos desenvolvidos no
mestrado em Ensino de Física de um dos autores (Henrique & Silva 2010, Henrique & Silva 2009).
5
“provas” na ciência. Para isso são apresentados alguns conceitos cosmológicos, como o de expansão do
universo, redshift e Lei de Hubble.
Público-alvo:
Alunos do Ensino Médio (três anos) ou que possuam conhecimentos equivalentes.
Número de aulas: 8 aulas
Figura 1: mapa conceitual da sequência didática
6
QUADRO SINTÉTICO
Atividades Momentos Tempo
Aula 1
Apresentar Documentário da BBC sobre “O que é cosmologia?”
Discutir diferenças entre cosmologia e astronomia.
Questionar os alunos: “O universo teve um começo ou sempre
existiu?” 1) Introdução à
história da
cosmologia Aula 2
Apresentação da peça “Big Bang Brasil”.
Aula expositiva sobre universo estático
Constante cosmológica e universo em expansão
2 aulas
Aula 3
Aula expositiva sobre Hubble e a descoberta da expansão do
universo
Explicar algumas informações que podem ser obtidas a partir da
luz dos corpos celestes.
Desenvolver atividade prática sobre espectros utilizando um CD
2)
A expansão do
universo
Aula 4
Apresentar o documentário sobre redshift e efeito Doppler
Análise do documentário comparando ondas sonoras e luminosas.
Estimar a idade do universo a partir dos dados de Hubble.
3 aulas
7
Aula 5
O Big Bang é uma explosão? Analogia com uma granada
explodindo.
Analogias para entender a expansão: atividade com balões
Explicação sobre movimento próprio e velocidade de recessão.
Perguntar aos alunos: qual é a melhor analogia para entender o Big
Bang?
Aula 6
Desenvolver situação-problema a partir do documentário “Ilusão
Ateísta”
Discutir as diferentes medidas da idade do universo, os problemas
nas estimativas e as distintas interpretações
Apresentar as soluções dos cosmólogos com visões distintas para
esse problema da idade do universo
Atividade: calcular a idade do universo com os dados de Hubble.
Aula 7
Apresentar o problema da idade do universo no Big Bang
Discutir o Estado Estacionário e as soluções para o problema da
idade do universo.
Calcular a idade do universo com dados contemporâneos.
3) A
controvérsia
entre Big Bang
e Estado
Estacionário
Aula 8
Apresentação da parte IV do texto Big Bang Brasil
Levantar a questão: o Big Bang está provado?
Discutir o conceito de provas na ciência defendendo que não temos
certeza absoluta de que houve um começo do universo, mesmo
aceitando o Big Bang.
3 aulas
8
ATIVIDADE 1: Introdução à história da cosmologia
AULA 1
Tema: O que é cosmologia?
Objetivo: Instigar os alunos a refletirem sobre questões relativas ao universo como um todo.
Comparar as atuais concepções de cosmologia e astronomia, permitindo que os alunos extraiam
diferenças entre as duas ciências. Apresentar a questão principal que norteará o curso: “o universo teve
um começo ou sempre existiu?”.
Conteúdo Físico: definição de cosmologia e de astronomia
Recursos Instrucionais: Slides, giz e lousa, vídeo-documentário, texto base para o professor: seção
2 do texto “Controvérsias na cosmologia”2, cujo título é “O que é cosmologia?”
Motivação: Apresentar aos alunos elementos que os permitirão pensar o mundo em que vivem de
forma diferente da usual, inserindo-os em uma reflexão sobre o universo em uma perspectiva científica,
situando-os temporal e espacialmente nesse universo.
Dinâmica da Aula: aula expositiva e discussões em grupo
1º Momento: “O que é cosmologia?”
Iniciar a aula com a apresentação dos primeiros minutos (1min40s) do documentário “Lost Horizons
- The Big Bang” (Al-Khalili, 2008), que pode ser encontrado no link
http://video.google.com/videoplay?docid=-3038527161142211875# . Esse documentário apresenta uma
definição inicial de cosmologia, relacionando-a com os mitos de criação de povos antigos, chegando até
2 Recomenda-se que o professor consulte esse material sempre que sentir necessidade; apesar de ser um texto extenso,
ele será importante uma referência ao longo da sequência didática, principalmente se o professor responsável não estiver
familiarizado com os termos recorrentes nesta sequência.
9
os dias atuais em que a teoria do Big Bang se consolidou como a principal teoria científica sobre a
origem e evolução do universo.
Verificar a compreensão dos alunos pedindo para responderem a pergunta: o que é cosmologia?
Vamos anotando as mais variadas respostas na lousa. A ideia é ter acesso às ideias prévias dos alunos
sobre o assunto, criando uma linguagem comum entre professores e alunos. Esta atividade foi pensada
inspirada na primeira atividade do GREF de mecânica (GREF 1993). Esperamos que os alunos falem
termos como “universo, espaço, criação, origem, big bang” entre outros. O professor buscará conduzir a
formulação de um conceito de cosmologia, problematizando as propostas dos alunos fazendo perguntas
como: Cosmologia é ciência? Qual é a diferença entre cosmologia e astronomia? As religiões também
buscam entender a origem do universo. Qual é a diferença entre ciência e religião?
Vale ressaltar que a questão da relação entre ciência e religião foi abordada superficialmente nesta
atividade, já que não é o objetivo principal deste curso. Para saber mais sobre esse assunto ver
Sepúlveda & El Hani (2004), Henrique & Silva (2010).
Para finalizar esta atividade o professor pode comentar brevemente que a cosmologia na
Antiguidade estava ligada às chamadas perguntas fundamentais: Que tipos de coisas existem no
universo? O universo foi criado por um ser inteligente? Existe um sentido para a vida ou para o
universo? Por que o universo existe? Por que algo deve existir? Por que as coisas são como são? De
onde surgiu o universo? Ele vai existir para sempre? Estas perguntas foram investigadas sobre diversas
perspectivas, tanto científicas quanto filosóficas e religiosas.
Nessa sequência didática vamos abordar a cosmologia científica que se desenvolveu a partir do
século XX. Para isso, vamos entender melhor como surgiu essa cosmologia diferente, criada a partir das
soluções das equações da relatividade geral no começo do século XX (ver seção 1 do texto
“Controvérsias na cosmologia” para mais detalhes sobre as diferenças entre a cosmologia antiga e a
cosmologia do século XX).
2º Momento: Discutir diferenças entre cosmologia e astronomia.
Será apresentada uma tirinha de Luís Fernando Veríssimo onde dois personagens questionam o que
é o universo. Esse será o ponto de partida para os alunos, reunidos em grupos de quatro pessoas,
discutirem sobre o que é o universo e o que é cosmologia. A seguir, os grupos apresentam o resultado de
sua discussão e o professor deve organizar as conclusões de cada grupo, encaminhando as diferenças
entre o papel da cosmologia e da astronomia no estudo do universo em uma discussão com a classe.
10
3º Momento: Questionar os alunos: “O universo teve um começo ou sempre existiu?”
Aqui esperamos identificar os alunos religiosos, que dirão que acreditam que o universo teve um
começo por que foi criado por Deus. Já entre os alunos religiosos, queremos saber o quanto eles eles
confiam na autoridade científica, perguntando se eles acreditam com segurança na teoria do Big Bang..
A questão da origem do universo é a pergunta que guiará a sequência didática inteira, e voltará a ser
abordada diretamente na Atividade 3.
AULA 2
Tema: Modelos de universo
Objetivo: Apresentar superficialmente alguns dos principais personagens envolvidos na história da
cosmologia no século XX (Einstein, Friedmann, Lemaître, Hubble, Gamow e Hoyle, Dicke, Penzias,
Smoot) e a controvérsia entre a teoria do Big Bang e a do Estado Estacionário
Conteúdo Físico: universo em expansão, estático e estacionário, gravitação newtoniana.
Recursos Instrucionais: Slides, giz e lousa, texto: Big Bang Brasil
Motivação: Esta é uma atividade lúdica, que busca atrair o interesse dos licenciandos para o
assunto, além de criar um clima descontraído, encorajando a participação dos alunos nas atividades.
Dinâmica da Aula: Leitura dramática da peça “Big Bang Brasil”3, apresentação de slides.
1º Momento: Apresentação da peça “Big Bang Brasil”
Um grupo de alunos voluntários iniciará a atividade lendo o texto “Big Bang Brasil”, para toda a
turma, sendo que cada aluno ficará a cargo de ler as falas de apenas um dos personagens. O texto trata
de uma conversa entre um apresentador de um programa e os participantes.
3 Este texto foi adaptado a partir de http://ceticismo.wordpress.com/2007/10/24/big-bang-brasil/.
11
2º Momento: Tipos de modelo de universo: o universo estático
A peça Big Bang Brasil apresenta superficialmente uma série de personagens cujas teorias são
descritas com mais detalhes no texto “Controvérsias na cosmologia”. Desta série de conceitos
apresentados superficialmente acreditamos que o professor pode enfatizar os quatro tipos de modelos
cosmológicos: o universo estático, o universo em expansão, o Big Bang e o estado estacionário.
Antes do “começo da história” apresentada na peça Big Bang Brasil Newton já havia proposto um
modelo de universo estático, infinito e homogêneo. Esse modelo construído levando em conta a
gravitação newtoniana permite uma proposta de problematização sobre a instabilidade gravitacional. Se
todas as estrelas se atraem, por todos não se concentram um só ponto? Esta questão foi abordada por
Newton, e retomada por Einstein quando este fez uma nova teoria da gravidade: a relatividade geral.
3º Momento: A constante cosmológica e o universo em expansão
Explicar a introdução da constante cosmológica nas equações da relatividade geral por Einstein,
explicando os trechos do texto “Big Bang Brasil” que contrapõe as visões de Einstein (universo estático)
com as de Friedman e Lemaître (universo em expansão). É importante lembrar que o texto Big Bang
Brasil foi escrito com fins lúdicos, sem levar em conta o rigor histórico. Algumas de suas passagens
podem induzir visões equivocadas sobre a natureza da ciência: Einstein não fez suas “continhas por que
não tinha nada pra fazer” e Friedman e Lemaître não discutiram com Einstein sobre a constante
cosmológica, por que eles também a utilizaram em seus modelos, apesar de terem mostrado a
possibilidade de universos em expansão.
As partes III e IV da peça Big Bang Brasil serão discutidas na atividade 3. Na atividade 2 vamos
entender melhor o modelo de universo em expansão.
ATIVIDADE 2: A expansão do universo
AULA 3
Tema: A descoberta da expansão do universo: Hubble
Objetivo: Apresentar observações astronômicas que foram interpretadas como indícios de que o
universo está em expansão
12
Conteúdo Físico: Lei de Hubble, redshift, velocidade, espectroscopia, ondas, luz
Recursos Instrucionais: Slides, giz e lousa, vídeo-documentário, objeto de aprendizagem:
Astrônomo Mirim
Motivação: Discutir a relação entre teoria e observação, no caso, a expansão do universo e o Big
Bang e o redshift das galáxias
Dinâmica da Aula: Aula expositiva, discussões e atividade em grupo
1º Momento: Apresentar o astrônomo Edwin Hubble e a descoberta da expansão do
universo
Com o auxílio de slides, e de outro trecho do documentário “Lost Horizons – The Big Bang” (Al-
Khalili, 2008) apresentar Hubble e seu papel na descoberta do universo em expansão, relembrando que
Friedman e Lemaître já haviam criados modelos teóricos de universo em expansão antes da publicação
dos trabalhos de Hubble.
A visão das galáxias se afastando no documentário pode dar a impressão de que Hubble teria
apontado seu telescópio para as galáxias e descoberto a partir da observação direta que as galáxias estão
se afastando. E talvez até seja possível imaginar que ele descobriu isso sozinho, por ser um grande
gênio.
No entanto, vale questionar a proposta amplamente difundida de que Hubble descobriu o universo
em expansão. Ele mesmo tinha dúvidas sobre a interpretação do redshift. Para mais detalhes sobre esse
assunto, ver Assis et al. (2008).
2º Momento: Explicar algumas informações que podem ser obtidas a partir da luz dos
corpos celestes.
O professor deve apresentar a importância da luz enquanto portadora de informação. Deve-se
apresentar também como as informações podem ser obtidas a partir da fotometria e dos espectros dos
corpos celestes. É uma oportunidade para o professor chamar a atenção dos alunos com belas imagens
astronômicas, como as de galáxias e nebulosas assim como com espectros do Sol e do núcleo da Galáxia
13
em bandas espectrais diferentes. É possível fazer uso do recurso Astrônomo Mirim, disponível em
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=20776.
3º Momento: Desenvolver atividade prática sobre espectros utilizando um CD
Fornecer CDs aos alunos, organizados em duplas ou em trios. Esses CDs devem ser utilizados para
decompor a luz de lâmpadas, mostrando que no espectro existem linhas negras ou “falhas” que fornecem
informação sobre o elemento químico que absorve a luz naquele comprimento de onda específico. Uma
proposta de atividade como essa pode ser encontrada em:
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/13999
AULA 4
Tema: Redshift e efeito Doppler
Objetivo: Introduzir os conceitos de alargamento e contração de comprimento de onda,
diferenciando as duas possíveis causas para esse efeito (velocidades relativas das fontes de emissão de
ondas luminosas ou expansão/contração do espaço)
Conteúdo Físico: Lei de Hubble, redshift, velocidade, espectroscopia, ondas, luz
Recursos Instrucionais: Slides, giz e lousa, vídeo-documentário
Motivação: desenvolver a capacidade de relacionar a expansão do universo e o Big Bang à
realidade observada, permitindo estudar, na próxima atividade, como a evolução do universo determina
seu tempo de vida.
Dinâmica da Aula: Aula expositiva e discussões
14
1º Momento: Documentário sobre redshift e efeito Doppler
O professor deve apresentar outro trecho do documentário “Lost Horizons – The Big Bang” (Al-
Khalili, 2008) sobre redshift e efeito Doppler. O documentário trata de uma filmagem de trompetistas
sobre um vagão de trem cujo som é analisado por um especialista em música capaz de perceber a
diferença entre os tons dos sons dos trompetes quando estão se afastando e se aproximando do
especialista.
2º Momento: Análise do documentário comparando ondas sonoras e luminosas.
Desenvolver com os alunos uma breve análise do documentário, comparando ondas sonoras e
luminosas. É importante que o professor chame a atenção dos alunos para os efeitos sonoros notados no
dia a dia, como por exemplo o som da ambulância quando se afasta e se aproxima. Esses efeitos sonoros
são fundamentais para que o aluno associe as cores azul e vermelha à luz como se esta estivesse se
tornando mais “aguda” ou mais “grave” enquanto a fonte luminosa se aproxima ou afasta do observador.
Recursos como imagens sobrepostas ou “gifs animados” podem auxiliar na apresentação desses efeitos
luminosos.
3º Momento: Explicar a diferença entre movimento próprio e velocidade de recessão.
Hoje em dia, segundo a interpretação ortodoxa da cosmologia, existem três tipos principais de
redshift: o efeito Doppler, o redshift gravitacional e os redshift da expansão do universo. Não se acredita
mais que os redshift cosmológicos sejam causados por velocidades de afastamento dos corpos, como no
efeito Doppler. O redshift cosmológico é causado pela expansão do próprio espaço e não pelo
movimento dos corpos em um espaço estático4 (Harrison 1981, p.235).
Apresentar as animações que ilustram as diferenças entre o redshift da luz como movimento próprio
em espaço estático, há um deslocamento espectral para o vermelho no afastamento e um deslocamento
espectral para o azul quando há aproximação:
http://coolcosmos.ipac.caltech.edu/cosmic_classroom/cosmic_reference/redshift.html
4Redshift como Efeito Doppler: <http://coolcosmos.ipac.caltech.edu/cosmic_classroom/cosmic_reference/redshift.html>
15
Já no caso do redshift cosmológico é o próprio espaço que está em expansão. Assim os
comprimentos de onda se alteram por causa da expansão do espaço, mesmo que o corpo não tenha
movimento próprio ainda há a velocidade de recessão:
http://www.astronomy.ohio-state.edu/~pogge/Ast162/Unit5/Images/hu_animexp.gif
AULA 5
Tema: Nesta aula apresentamos duas analogias para entender a expansão, servindo-se de uma
atividade com balões e a ideia de explosão de uma granada, comparando as limitações das duas
analogias.
Objetivo: Desenvolver atividades que auxiliem os alunos a compreenderem e interpretarem a
expansão do universo e o Big Bang. Problematizar alguns equívocos comuns sobre o Big Bang,
causados por que estamos acostumados a pensar num universo “clássico”, de três dimensões. Os
modelos relativísticos da cosmologia envolvem conceitos abstratos e não intuitivos como o espaço curvo
e múltiplas dimensões. Pretendemos assim tornar mais claro o conceito de movimento próprio e
expansão do universo através de analogias.
Conteúdo Físico: velocidade de recessão, movimento próprio
Recursos Instrucionais: giz e lousa, slides, seção 5.3 do texto “Controvérsias na cosmologia”.
Motivação: Mostrar que a interpretação da expansão do universo e do Big Bang pode ser mal
compreendida por causa da utilização equivocada da imagem de explosões nas obras de divulgação
científica.
Dinâmica da Aula: aula expositiva e discussões
1º Momento: O Big Bang é uma explosão?
Se digitarmos “Big Bang” no Google, veremos uma série de fotos de explosões. Mas o Big Bang é
mesmo uma explosão? Fazer a experiêcia de uma vela cujo oxigênio é extinto pela combustão para
16
mostrar que para haver fogo é preciso oxigênio, por tanto não ocorrem explosões no espaço. Além disso,
uma explosão é um evento que ocorre num certo ponto do espaço, que tem um centro.
Perguntar para os alunos: estamos no centro do universo? O universo tem um centro?
Cabe aqui relembrar os conceitos de heliocentrismo e geocentrismo que já devem ter sido estudados
pelos alunos.
2º Momento: A analogia da bexiga
Levar balões para a sala, inflando-os para mostrar que se pintarmos pontos sobre a superfície do
balão, conforme a bexiga é inflada a distância entre os pontos aumenta. Mostram com o modelo da
bexiga que todos os pontos são equivalentes, não há um ponto privilegiado. O centro da bexiga, que
poderia ser considerado como um ponto diferenciado está fora da superfície e, portanto, fora do universo
em nossa analogia.
3º Momento: Perguntar aos alunos: qual é a melhor analogia para entender o Big
Bang?
No caso da bexiga inflando, os próprios pontos desenhados também aumentam conforme o balão
infla. Já no caso da granada quando ela explode os fragmentos não aumentam de tamanho. Propor a
questão: qual seria a analogia mais adequada nesse ponto? A do balão com pontos desenhados ou a da
granada? E se substituirmos os pontos desenhados por discos de papel?
Aqui o professor deve desenvolver a percepção dos alunos para o conceito de explosão associado à
expansão. Normalmente as pessoas utilizam equivocadamente o conceito de explosão para explicar o
surgimento do universo, e este momento é importante para que o professor esclareça que a utilização
deste conceito não é tão adequada quanto parece. Por outro lado, as galáxias estão se afastando de forma
análoga aos pedaços de um objeto que se explode – uma granada, por exemplo. Deve ficar claro ao
aluno que as duas analogias possuem elementos que ajudam a compreender o Big Bang e a expansão do
universo.
O professor também pode verificar a compreensão dos alunos sobre a diferença entre estes
conceitos de velocidade de recessão e movimento próprio pedindo para que eles utilizem a analogia do
universo bidimensional para explicar estes conceitos.
Total da Atividade 2: 3 aulas
17
ATIVIDADE 3: A controvérsia entre Big Bang e Estado Estacionário
AULA 6
Tema: Medindo a idade do universo
Objetivo: Introduzir a questão do conflito entre os resultados da cosmologia e a interpretação
liberal da Bíblia.
Conteúdo Físico: Lei de Hubble, velocidade média, idade do universo
Recursos Instrucionais: giz e lousa, slides
Motivação: Abordar a questão polêmica sobre conflitos entre ciência e religião questionando os
alunos sobre sua confiança nos resultados científicos.
Dinâmica da Aula: aula expositiva e discussões
Sugestões: Tomar cuidado com a questão dos conflitos entre ciência e religião, para não ofender as
crenças pessoais de certos alunos.
1º Momento: Desenvolver uma situação-problema a partir do documentário “Ilusão
Ateísta”
Situação problema: Como os cientistas sabem a idade do universo?
Documentário Atheist Delusion
(youtube: http://www.youtube.com/watch?v=HuBk-xrOhgY)
Passamos o documentário enfatizando o trecho em que se explora a tensão entre a proposta
criacionista de Terra Jovem de que o universo foi criado há 6 mil anos e os resultados da cosmologia
científica que indicam que a idade do universo é da ordem de bilhões de anos. Mostrar que quando
18
olhamos para o céu vemos a luz que foi emitida há muito tempo, até alguns milhões de anos no caso das
galáxias com Andrômeda.
Segundo a teoria do Big Bang o universo teria cerca de 14 bilhões de anos. Perguntamos: como os
cientistas estimaram essa idade?
2º Momento: Medidas da idade do universo.
Apresentaremos brevemente algumas possibilidades de medidas de tempo, envolvendo resultados
de datação a partir do decaimento radioativo do C14, de dados geológicos, biológicos e astronômicos.
Contudo, daremos ênfase nos métodos relacionados à cosmologia (e não a astronomia), já que este é o
assunto do curso.
Mostrar como é possível estimar a idade do universo a partir do valor da constante de Hubble (ver
seção 5.1 do texto auxiliar “Controvérsias na cosmologia”). Desenvolver atividade com aos alunos,
permitindo a eles calcularem a idade do universo a partir da Lei de Hubble com os dados de 1929.
3º Momento: Limites da estimativa
Discutir as limitações da estimativa da idade do universo, como o fato da velocidade não ser
necessariamente constante, da Lei de Hubble não ser necessariamente válida sempre, que a constante de
Hubble também pode variar no tempo, entre outras.
Problematização: por que os valores encontrados por Hubble eram um problema? Esta questão será
abordada na aula 7.
AULA 7
Tema: O problema da idade do universo
Objetivo: Apresentar a teoria do Estado Estacionário e sua solução para o “problema da idade do
universo”, relembrando a questão: o universo teve um começo ou sempre existiu?
Conteúdo Físico: Modelo estacionário, criação de matéria, densidade.
Recursos Instrucionais: giz e lousa, slides, seções 5 e 6 do texto “Controvérsias na cosmologia”
19
Motivação: Mostrar que houve e ainda há teorias diferentes da teoria do Big Bang, preparando a
discussão final sobre a questão: “O Big Bang está provado?”.
Dinâmica da Aula: aula expositiva e discussões
1º Momento: O Big Bang e o problema da idade do universo
Apresentação dos “pais” da teoria do Big Bang: Friedmann, Lemaitre, Eddington, Gamow, Alpher e
Hermann.
Formular o problema da idade do universo e apresentar algumas propostas de solução por Gamow,
Lemaître, Friedman, Eddington e Hoyle.
2º Momento: A teoria do estado estacionário
Leitura da parte III do texto “Big Bang Brasil”, apresentando Hoyle e Gamow.
Apresentar a teoria do Estado Estacionário: Hoyle, Bondi, e Gold, a diferença entre estático e
estacionário e a série de palestras da BBC: A natureza do Universo, apresentada por Hoyle (1950). Ver
texto “Controvérsias na cosmologia”, seção 6.
Apresentar dois trechos do documentário: “Lost Horizons – The Big Bang” (Al-Khalili, 2008)
sobre Hoyle explicando a teoria do Big Bang e depois defendendo sua teoria do estado estacionário.
3º Momento: novas medidas da idade do universo
Nessa atividade são utilizados dados reais de redshift de galáxias e se explica como a partir destes
redshift é possível estimar a idade do universo com dados contemporâneos.
Outra alternativa caso haja mais tempo disponível é realizar a atividade A Lei de Hubble e a idade
do universo do programa Telescópios na Escola, Disponível em
http://www.telescopiosnaescola.pro.br/hubble.pdf. Nesta atividade não são fornecidos diretamente os
valores das medidas da constante de Hubble. Os alunos podem medi-los a partir de espectros reais de
galáxias.
AULA 8
Tema: O desfecho da controvérsia entre Big Bang e Estado Estacionário. Hoje o Big Bang está
provado?
20
Objetivo: Responder a questão: o universo teve um começo ou sempre existiu? e o conceito de
“provas” na ciência
Conteúdo Físico: Radiação cósmica de fundo.
Recursos Instrucionais: giz e lousa, slides
Motivação: Questionar a aceitação acrítica da teoria do Big Bang motivada pela forma impositiva
com que as obras de divulgação científica costumam apresentar resultados cosmológicos. Deixar
claro as dúvidas presentes na cosmologia atual, assim com o possibilidade de teorias alternativas.
Dinâmica da Aula: aula expositiva e discussões
1º Momento: Big Bang Brasil: final
Leitura da parte IV do texto “Big Bang Brasil”, apresentando Dicke, Penzias e Smoot.
Explicar muito superficialmente a radiação cósmica de fundo e os resultados dos satélites espaciais
COBE e WMAP (seção 7.3 do texto controvérsias na cosmologia).
2º Momento: O Big Bang está provas?
Propor uma discussão: e agora, o Big Bang está provado? Para você, o universo teve um começo ou
sempre existiu? Apresentar possíveis definições para o termo “provar” estimulando as discussões dos
alunos primeiro em pequenos grupos e depois para o grande grupo.
3º Momento: Fechamento
Reconhecer que a cosmologia é um ramo bem estabelecido da ciência e que fez avanços
importantes, mas que ainda persistem muitas dúvidas. Há diversas questões controversas e mesmo que
boa parte da comunidade científica defenda que o universo teve um começo, existem propostas
alternativas, incluindo algumas em que o universo sempre existiu. (seção 7.5 do texto “Controvérsias na
cosmologia”.
Total da atividade 3: 3 aulas
21
Referências
AL-KHALILI, J. Lost Horizons: The Big Bang. [Filme-vídeo]. BBC, British Broadcasting
Corporation, 2008.
ARTHURY, Luiz Henrique M. A cosmologia moderna à luz dos elementos da epistemologia de Lakatos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
ASSIS, André. K. T.; NEVES, Marcos C. D. e SOARES, Domingos S. d. L. A cosmologia de
Hubble: De um universo finito em expansão a um universo infinito no espaço e no tempo. In: M. C. D. Neves e J. A. P. d. Silva (Editores), Evoluções e Revoluções: O Mundo em Transição, Editora Massoni e LCV Edições, Maringá, pp. 199-221, 2008.
GREF, Física, 3 volumes Edusp, São Paulo, 1993.
HARRISON, Edward. R. Cosmology. The Science of the Universe, Cambridge University Press, Cambridge, 1981.
HENRIQUE, Alexandre B. e SILVA, Cibelle Celestino. Discutindo a natureza da ciência a partir de episódios da história da cosmologia: o universo teve um começo ou sempre existiu? In: Atas do VII Encontro de Pesquisa em Educação em Ciências- ENPEC. Florianopolis, SC, 2009.
HENRIQUE, Alexandre B. e SILVA, Cibelle Celestino. Relações entre ciência e religião na formação de professores: estudo de caso acerca de uma controvérsia cosmológica. Artigo submetido ao XII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física –EPEF. Águas de Lindóia, 2010.
KRAGH, Helge. Cosmology and Controversy: The Historical Development of Two Theories of the Universe. Princeton, Princeton University Press, 1996.
KRAGH, Helge. Matter and Spirit in the Universe: Scientific and Religious Preludes to Modern Cosmology. London: Imperial College Press, 2004.
ROSENFELD, Rogério. A cosmologia. Revista Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005.
SEPÚLVEDA, Claudia e EL-HANI, Charbel. N. Quando visões de mundo se encontram: religião e ciência na trajetória de formação de alunos protestantes de uma licenciatura em Ciências Biológicas. Investigações em Ensino de Ciências, vol.9, n.2, 2004.