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Artigo de revisão - educação ambiental
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7PELISSARI, M.; TEIXEIRA, T. M.
Educere - Revista da Educao, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013
Artigo de Reviso
ECOLOGIA BSICA
Mariana Pelissari1Tarcisio Miguel Teixeira2
PELISSARI, M.; TEIXEIRA, T. M. Ecologia bsica. EDUCERE - Re-vista da Educao, Umuarama, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013.
RESUMO: Este artigo de reviso faz parte do conjunto de publicaes do volume especial sobre Educao Ambiental da Revista Educere 2014. No conjunto, este primeiro trabalho consiste em uma reviso dos con-ceitos tcnicos bsicos da Cincia Ambiental. Cumpre a funo de ins-trumentalizar o leitor que no esteja habituado terminologia ambiental. Toda cincia possui um ferramental terminolgico, a Cincia Ambiental no distinta e o dilogo que esses artigos propem necessitam de uma padronizao da linguagem tcnica a ser utilizada, esta a proposta do primeiro artigo.PALAVRAS-CHAVE: Ecologia; Termos bsicos; Cincia ambiental.
BASIC ECOLOGY
ABSTRACT: This reviewed article belongs to the publication set of the special volume about Environmental Education of Educere Magazine 2014. In the set, this first work consists in a review of ba-sic technical concepts of Environmental Science. It gives the condi-tions to the reader who are not used to environmental terminology. All science has a terminological tool, the Environmental Science is not distinct and the dialogue, which these articles suggest, needs the technical language standardization to be used, this is the aim of the first article.KEYWORDS: Ecology; Basic terms; Environmental science.
1Biloga (UNIPAR) e Tcnica em Controle Ambiental (IFPR). E-mail: [email protected], Bilogo, Filsofo, Mestre em Agronomia, acadmico de Direito, Aluno do curso para Doutorado em Direito Constitucional, Professor efetivo IFPR campus Umuarama. E-mail: [email protected]
Ecologia bsica8
Educere - Revista da Educao, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013
ECOLOGA BSICA
RESUMEN: Este artculo de revisin es parte del conjunto de publica-ciones del volumen especial sobre Educacin Ambiental de la Revista Educere 2014. En el conjunto, este primer trabajo consiste en una revi-sin de los conceptos tcnicos bsicos de la Ciencia Ambiental. Cumple la funcin de instrumentalizar el lector que no est habituado a la termi-nologa ambiental. Toda ciencia tiene un herramental terminolgico, la Ciencia Ambiental no es distinta y el dilogo que esos artculos proponen necesitan de una estandarizacin del lenguaje tcnico a ser utilizado, esta es la propuesta del primer artculo. PALABRAS CLAVE: Ecologa; Trminos bsicos; Ciencia ambiental.
INTRODUO
H o interesse cada vez maior em se formular novos paradigmas que venham a orientar uma prtica preocupada em conciliar tanto a inter-veno sobre o espao como a conservao dos recursos naturais. O meio ambiente preocupao que veio para ficar. Acompanhando a histria das diferentes civilizaes nota-se que a preocupao com o meio ambiente foi adquirindo caractersticas e dimenses prprias s pocas e regies do globo (PHILIPI Jr. et al, 2004). um processo de adaptao da preocupa-o ecolgica, pois a nossa relao planeta X humanidade vm mudando gradativamente.
Hoje plausvel pensar que esta preocupao fundamental no s para famlia humana, mas do prprio planeta.
Todavia, como a humanidade o nico grupo diferenciado pela capacidade de raciocnio, cabe a ela o nus da tutela de todos os outros componentes do planeta.
No Brasil esta preocupao deve ser de toda nao. Para confi-gurar que este compromisso perpassa por todos, a prpria Constituio Federal determina:
Art. 225 Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo--se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo para as presentes e futuras geraes (BRASIL, 1988).
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Educere - Revista da Educao, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013
Aos brasileiros, receber o direito constitucional de um meio am-biente ecologicamente equilibrado, implica intrinsecamente em receber o dever de defender este meio ambiente para as geraes presentes e futu-ras. Esta imposio para o Estado e a Nao.
Ao longo deste desenvolvimento da preocupao ecolgica, in-felizmente, o florescimento da concepo antropocentrista pretendeu dar ao ser humano poderes ilimitados sobre o planeta Terra. Com os pressu-postos desta centralizao das preocupaes humanas e o posicionamento perifrico dos interesses da natureza, houve uma dominao de destrui-o do ser humano para com a natureza.
Entretanto, necessrio, com grande urgncia, que o ser humano conscientize-se que faz parte do mundo natural e no pode viver sem ele, so laos de interesse mtuo em que um tem compromisso de qualidade de vida com o outro (PHILIPI Jr. et al, 2004).
Nesse aspecto indispensvel compreender os conceitos bsicos integrantes desta cincia denominada, ecologia. Pois, aprende-se a cuidar e respeitar daquilo e daqueles que se tem conhecimento. Refazendo o caminho do gnio italiano Leonardo da Vinci: quanto mais conhecemos, mais amamos.
TERMINOLOGIA BSICA
A palavra ecologia vem do grego oikos, que significa casa, nosso meio ambiente mais prximo, e logos estudo, cincia, tratado. As-sim, ecologia a cincia atravs da qual estudamos como os organismos (animais, plantas e micro-organismos) interagem dentro do e no mundo natural. Com as duplas crises de um desenvolvimento populacional muito rpido e uma acelerao da deteriorao do meio ambiente terrestre, a ecologia assumiu uma importncia extrema. Tudo na superfcie da ter-ra est inter-relacionado e, com os empreendimentos humanos, afeta-se diretamente o resultado dos processos naturais. Assim, a prpria espcie humana uma parte importante da economia da natureza (RICKLEFS , 2003).
Uma espcie um conjunto de indivduos que tem muitos ca-racteres em comum e podem naturalmente cruzar entre si para produzir descendentes frteis. Como exemplo temos o grupo de onas-pintadas
UsuarioNotasubstituir Estado por Poder Pblico
Esta imposio para o Poder Pblico e Nao.
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(Panthera onca) forma uma espcie, todos so semelhantes do ponto de vista gentico e morfolgico e podem naturalmente se intercruzar.
Uma populao um conjunto de indivduos da mesma espcie que habita uma certa rea por um certo momento, grupos da mesma esp-cie podem ser encontradas em locais e momentos distintos. Por exemplo, o conjunto de lontras (Lutra longicaudis) do Parque Nacional do Itatiaia--RJ constitui a populao do referido animal nos limites dessa unidade de conservao. J o conjunto de lontras do Parque Nacional de Bocaina-SP constitui outra populao da mesma espcie (FILHO, 2007).
Muitas populaes de diferentes espcies vivendo no mesmo lu-gar constituem uma comunidade ou biocenose.
Os organismos e os seus ambientes fsicos e qumicos formam um ecossistema.
Todos os ecossistemas esto ligados, juntos numa nica biosfera, a qual inclui todos os meio ambientes e orgnismos na superfcie da Terra (RICKLEFS , 2003).
Dentro da ecologia so utilizados termos de uso cotidiano da ci-ncia que so apresentados a seguir.
O nicho ecolgico refere-se ao papel funcional que um organis-mo desempenha na comunidade.
Habitats so os lugares, ou posicionamentos fsicos, nos quais os organismos vivem (RICKLEFS, 2003).
Dentro de uma populao pode apresentar uma zona de transi-o entre duas ou mais comunidades diversas entre uma rea de extenso considervel denominada de ectone (ODUM, 1983).
Populaes de uma mesma espcie, mas que esto fisicamente separadas e adaptadas as condies locais so denominadas de ecotipo (COELHO, 2000). Os ecotipos apresentam uma variao gentica devido ao processo de adaptao muito estreita ao ambiente especfico.
O grupo de indivduos com o mesmo conjunto de caracteres ge-rais e servem como representantes padro da espcie ou de uma subesp-cie so denominado bitipos.
Os biomas so as grandes comunidades-clmax da Terra, ou seja, devido ao seu grau evolutivo e extenso, atingiram uma relativa estabili-dade de sua composio faunstica e, principalmente, florstica. Estende--se por uma rea geogrfica bastante grande e sua existncia controlada
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pelo macroclima (DAJOZ, 1972). No Brasil temos como exemplo de bio-mas a floresta amaznica, o cerrado, a caatinga, etc.
Para satisfazer suas necessidades de alimentao, proteo, trans-porte e reproduo os seres vivos associam-se com outros seres vivos, de mesma espcie ou de espcie diferente. Surgindo assim, as relaes ecolgicas.
A seguir, os diversos tipos de interaes biticas (Tabela 1).
Tabela 1: Interaes biticas
Relaes Harmnicas
Intraespecfica
Colnias
Associao entre indivduos da mesma espcie, que mantm uma relao anato-mofisiolgica.
Exemplo: Algas, protozo-rios, corais, cracas,caravelas.
Sociedades
Associao entre indivduos da mesma espcie, no ligados anatomicamente e organizados de modo cooperativo.
Exemplo:Castores, gorilas,homens, peixes,formigas, abe-lhas,cupins.
Interespecfica
Mutualismo
Associao de duas espcies, em que ambas se beneficiam, sendo obrigatria para os envolvidos.
Exemplo:Cupim x protozo-rios,algas x fungos, plantas x insetos
Protocooperao
Associao no obri-gatria sobrevivn-cia, mas com benef-cios para ambos.
Exemplo:caranguejo e anmona,crocodilo e ave--palito.
Comensalismo
Associao em que uma das espcies se beneficia com restos alimentares da outra, que no prejudi-cada.
Exemplo:Rmora x tuba-ro,hiena x leo.
Inquilinismo
Associao em que uma das espcies se fixa ou se abriga em outra, sem prejudic--la
Exemplo:Bromlia x rvore(suporte), Orqudea x rvo-re (suporte).
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Educere - Revista da Educao, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013
Relaes de-sarmnicas
Intraespecfica
Competio
Relao entre indi-vduos da mesma espcie que disputam alimento, espao e parceiro sexual.
Exemplo: Todos os seres vivos
Canibalismo
Relao em que um indivduo mata o outro da mesma espcie, com fins alimentares.
Exemplo: aranhas,ratos, peixes, louva-a-deus.
Interespecfica
Competio
Relao entre indi-vduos de espcies diferentes, que con-correm pelos mesmos fatores do ambiente.
Exemplo:Todos os seres vivos
Parasitismo
Associao em que uma das espcies, geralmente a menor, vive sobre ou no interior da outra, alimentando-se dela e, geralmente, oca-sionando doenas.
Exemplo:Cip-chumbox outros vegetais;vermes x mam-fero;vrus, bactrias,fungos e proto-zoriosx outros seresvivos.
Predatismo
Relao em que uma das espcies, a predadora, mata a outra com objetivo alimentar.
Exemplo:Mamfero carn-voro (predador) xmamfero herb-voro (presa).
Amensalismo
Relao em que uma das espcies inibe o crescimento ou reproduo da outra
Exemplo:Eucalipto x gramneas, fungos x bact-rias,algas x peixes(Mar vermelha).
Fonte: Filho, 2007.
As plantas, os animais e microrganismos esto interconectados entre si por suas cadeias alimentares e outras interaes, formando um todo complexo comumente chamado de comunidade biolgica. As inter--relaes dentro da comunidade governam o fluxo de energia e o ciclo dos elementos dentro do ecossistema. Estas inter-relaes tambm influen-ciam os processos populacionais, dessa forma determinando as abundn-
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cias relativas dos organismos (RICKLEFS, 2003).A cadeia alimentar uma sequncia de seres vivos, na qual,
iniciando-se pelos produtores, a matria e energia transferida entre eles quando um elemento alimenta-se do outro componente da cadeia (RICK-LEFS, 2003).
Os produtores so os organismos que so capazes de absorver energia do meio ambiente e acumul-la na forma de energia qumica nas matrias orgnicas sintetizadas (alimentos). Os consumidores primrios so os organismos que se alimentam dos produtores. Os consumidores secundrios sobrevivem custa dos consumidores primrios, sendo car-nvoros (RICKLEFS, 2003).
Existem outros nveis de consumidores dependendo da cadeia alimentar que se esteja analisando.
Os decompositores, principalmente microrganismos (bactrias e fungos), atuam sobre todos os nveis da cadeia alimentar decompondo os organismos mortos ou seus resduos (urina e fezes). Nesta sua atividade ocorre a mineralizao dos componentes orgnicos e estes so devolvidos natureza para a reutilizao pelos produtores (RICKLEFS, 2003).
Estas relaes alimentares podem ser representadas atravs de pirmides. Estas pirmides alimentares podem ser constitudas a partir de trs critrios diferentes: por nmero de indivduos, por biomassa e por energia (RICKLEFS, 2003).
A pirmide de nmeros tem na sua base, normalmente, os produ-tores, que so em maior nmero do que os consumidores primrios. Estes, por sua vez, so em maior nmero do que os consumidores secundrios e, assim segue-se, at o ltimo nvel da pirmide com o menor nmero de indivduos.
A pirmide de biomassa tambm inicia pelos produtores e segue pelos nveis de consumidores, todavia o fator analisado a biomassa de cada nvel trfico, que ir diminuindo gradativamente.
O terceiro tipo, a pirmide de energia, constri-se como as de-mais e o critrio a energia existente em cada nvel, que decai conforme se progride para o pice da pirmide.
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Educere - Revista da Educao, v. 13, n. 1, p. 7-14, jan./jun. 2013
CONSIDERAES FINAIS
No nossa proposta explorar toda a terminologia da Cincia Ambiental. Sobretudo porque uma tarefa impossvel. Existem hoje in-meros dicionrios ambientais genricos e outros subespecializados, como glossrios de Direito Ambiental, dicionrios agronmicos, geolgicos e outros. Como os artigos so dirigidos aos educadores de Ensino Funda-mental e Mdio, tivemos a preocupao de introduzir aqueles termos que mais so utilizados nestes nveis de ensino e que permitiro uma leitura proveitosa dos demais componentes deste volume.
REFERNCIAS
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 26 set. 2013.
COELHO, R. M. P. Fundamentos da ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2000.
DAJOZ, R. Ecologia geral. So Paulo: Vozes, 1972.
DIABLASI FILHO, I. Ecologia geral. Rio de Janeiro: Editora Cincia Moderna, 2007.
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1983.
PHILIPPI JUNIOR, A. et al. Curso de gesto ambiental. Barueri: Manole, 2004. (Coleo Ambiental USP).
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
__________________________________Recebido em / Received on / Recibido en 15/09/2013
Aceito em / Accepted on / Acepto en 28/02/2014