Efeito Hipoglicemico Com Jilo

7/11/2019 Efeito Hipoglicemico Com Jilo

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EFEITO HIPOGLICEMICODE ALIMENT OS RICO S EM FIBRA SOLUVEL.ESTUDO COM JILO (Solanum gila, Raddi)

Marcia Barreto da SILVA'Maria Heidi Marques MENDEZ"

Sandra Casa Nova DERIVI**

RESUMO Dietas com alto teor de fibra tern apresentado resultados positivos em experi-mentos realizados com diabeticos (animais e humanos), melhorando a tolerancia a gli-cose, reduzindo a hiperglicemia p6s-prandial e a taxa secret6ria de insulina. 0presentetrabalho teve como objetivo verificar 0 efeito hipoqlicemlco do jilo (Solanum gilo, Raddi),em funcao da pectina nele encontrado, e compara-lo ao efeito da aveia (rica em ~-glucans).o experimento foi realizado em urn periodo de 42 dias, com ratos machos, adultos, da li-nhagem Wistar, normais e diabeticos (par inducao com aloxana), alimentados com ra-coss de caseina, de jil6 e de aveia. Foi determinada a composicao centesimal das racoese discriminados os componentes da fracao fibra da dieta. A glicose sangiiinea foi deter-minada pelo metoda da glicose oxidase. Os resultados obtidos foram tratados estatisti-camente utilizando-se a modelo GLIM - Generalized Linear Models. Apesar de a redu-cao do nivel de glicose sangiiinea nao ter sido significativa, a 5% de probabilidade, ob-servou-se que a jil6 possui uma maior tendencia do que a aveia em reduzir os niveis deglicose. Estes resultados sugerem a recomendacao da inclusao de jilo, em concentra-coes maiores que a utilizada, nas refei90es de individuos diabeticos .

PALAVRAS-CHA VE: Diabetes mellitus; efeito hipoqhcermco: fibra soluvel; pectina, jilo.

Aluna do Curso de Pos-Graduacao - Ciencia e Tecnoloqia de Altmentos - Universidade FederalRural do Rio de Janeiro - 23851-970 - Itaguai - RJ - Brasil .

.. Departamento de Brornatoloqia - Faculdade de Farmacia - Universidade Federal F1uminense -24241-000 - Niter6i - RJ - Brasil.

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Introdueao

Os beneficios do consumo da fibra da dieta na prevencao e trata-mento das chamadas "doencas da civilizacao" sao mostrados por meiodos resultados positives obtidos em experimentos realizados com diabe-ticos (animais e humanos), melhorando a tolerancia a glicose, reduzindoa hiperglicemia pas-prandial e a taxa secretona de insulina.

Estudos desenvolvidos, em que sao oferecidas dietas contendourn aumento de quantidade de tibra soluvel, tern sido associados a urnretardamento na absorcao de carboidratos, reducao dos niveis qhcemi-cos pos-prandiais e das doses de insulina necessanas para 0 controle dadiabetes. Em pacientes com reserva de celulas 1 3 , pode ser conseguidauma recuperacao na funcao das ilhotas de Langerhans, responsaveispela producao de insulinaB,16,21,22,26 Tambem foi observada uma diminui-c;:aonos nscos de doencas associadas a diabetes como a doenca corona-riana e as nefropatias20,2 4

A suplementacao de dietas com tibra soluvel- goma guar - produ-ziu signiticativa dimmuicao nos niveis de glicose sanquinea, em indivi-duos diabeticos insulino e nao-insulino dependentes, sugerindo sua uti-hzacao no tratamento da diabetes para facilitar a homeostase da glicosesanguinea.13,14,15

Ebihara & Kiriyama," testando em ratos tibras soluveis - goma ca-raia, goma ghati, goma de semente de tamarindo, pectina citnca, gomatragacanta, goma de alfarroba, carragena, gorna guar e carboximetilce-lulose sodica -, venficaram uma melhor tolerancia a glicose, sugerindoque a inqestao continua de fibra soluvel nas reteicoes pod era apresentarresultados benefices.

Del Toma et al.," testando em pacientes diabeticos nao-insulinodependentes de uma dieta rica em tibra soluvel contendo 39 g de proteinas,36,1 g de lipides e 103,1 g de fibra da dieta (sendo 14,3 g de fibra soluvel)verificaram uma siqnificativa reducao da hiperqlicemia pas-prandial.

Schwartz et al., 22 estudando em pacientes diabeticos 0 efeito dainqestao de 20 g diarias de pectina de maca, oferecida na forma de boli-nhos contendo 6,7 g de pectina, verificaram uma diminuicao nos niveisda glicemia pas-prandial.

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Estes estudos confirmam que a dieta se toma urn importante e es-sencial fator na conduta dietoterapeutica de individuos diabeticos'o objetivo do presente trabalho foi verificar 0 efeito hipoqlicemicodo jil6 (Solanum gila, Raddi) em funcao do seu teor de pectina soluvel, ecompara-lo ao ja conhecido efeito da aveia (rica em ~-glucans) por meiode experimento biol6gico e, desta forma, estimular seu consumo, levan-do-se em consideracao seu baixo custo e disponibilidade em nosso pais,em qualquer epoca do ano.

Material e metodos

Ensaio bio16gico

Animais de experimenta~ao

Foram utilizados ratos (Rattus norvegicus, var. Albinus, Rodentia,MAMMALIA) da linhagem Wistar, machos e adultos, com peso aproxi-mado de 200 g, procedentes do Bioterio Central da Fundacao OswaldoCruz, RJ, para verificar 0 efeito hipoplicemico das racoes.

A inducao da Diabetes mellitus foi feita com solucao salina de alo-xana (40 mg/kg de peso corporal) via intravenosa, ap6s urn periodo de 24horas de jejum, em 48 ratos. Foram considerados, para a formacao dosgrupos diabeticos, as 24 ratos que apresentaram melhor resposta 5 diasap6s a inducao com aloxana, com uma taxa de glicosliria de 300 mg/m!.Ap6s esse periodo, as ratos diabeticos e as nao-diabeticos foram testa-dos (tempo inicial To) quanto a taxa serica de glicose, e as grupos foramdivididos, entao, em funcao desse resultado, em lotes tao homoqeneosquanta possivel.

Os animais foram divididos em seis grupos, cada urn contendooito animais que receberam as seguintes racoes: Grupo 1 - Grupo con-trole (racao de caseina); Grupo 2 - Grupo controle (racao de aveia);Grupo 3 - Grupo controle (racao de jil6); Grupo 4 - Grupo diabetico (ra-cao de caseina); Grupo 5 - Grupo diabetico (racao de aveia); Grupo 6 -Grupo diabetico (racao de jil6).

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A partir dai foi considerado 0 periodo experimental em que foi co-letado 0 sangue dos animais da experiencia, com intervalos de 7 dias,para a determinacao da glicose. Dessa forma, os dados obtidos foram emfuncao do tempo de coleta do material, seguindo: T l - 7 dias; T 2 - 14dias: T 3 - 21 dias; T 4 - 28 dias: T 5 - 35 dias; T 6 - 42 dias.

Raqoes expenmentais

Foram oferecidas aos animais racoes de caseina, aveia e jil6. A ca-seina em p6 foi adquirida da B. Herzog Comercio e Industria S. A.; a fari-nha de aveia foi fornecida pela Quaker Alimentos Ltda. E 0 [ilo adquiridono comercio local. Ap6s selecao manual, os jil6s foram lavados e os seuspedunculos retirados: s6 entao foram partidos em quatro e cozidos por30 minutos com uma proporcao de aqua de 1:1. A aqua de cozimento foiseparada para ser incorporada a racao. Os frutos foram secos em estufaventilada a temperatura de 55C, durante 24 horas, eo material foi moido,passado em tamis de 28 mesh para obtencao da farinha usada no pre-paro das racoes.As racoes seguem as formulacoes apresentadas no Ouadro 1.Quadro 1 - Forrnulacao das racoes (g/100 g de racao)Componentes Racao --Jil6 Caseina AveiaJil6 20,0Casein a 12,5 12,5 12,5Aveia 70,5Oleo de soja 8,0 8,0 8,0Celulose 4,0 4,0 4,0Mistura salina 4,0 4,0 4,0Mistura vitaminica 1,0 1,0 1,0Amido de milho 50,5 70,5* A mistura salina empregada segue recomendacao de Fox & Briggs9 e a rnistura vitami-

nica, as especificacces de Lajolo et al17

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Metodos

Composiqao centesimal

A umidade foi determinada gravimetricamente por perda de pesoem estufa a 105C ate peso constante; 0 extrato etereo foi obtido pOI ex-tracao continua com eter etilico, do material dessecado, em aparelho deSoxhlet; para a cinza foi procedida a incineracao do material em mufla a550C, de acordo com metodos descritos pelo Instituto Adolfo LutZ.120nitroqenio total foi determinado pelo metodo de microkjeldahl e para ex-pressar 0 resultado em proteina foram usados os seguintes fatores: 6,25para 0 jil6 e 6,38 para a caseina.f a fibra detergente neutro (NDF) foi de-terminada pelo metoda proposto pOI Van Soest28 e Mendez et aP9 paraamostras ricas em amido. A fibra detergente acido (ADF) foi determi-nada palo metodo proposto por Van Soest27 e a lignina foi separada doresidue de ADF, pOI meio de acido sulfurico 72% e determinada gravi-metricamente. A celulose foi calculada por diferenca entre os valores ob-tidos para 0 residue de ADF e lignina. As hemiceluloses foram calcula-das pOI diferenca entre os valores obtidos para NDF e ADF.

A pectina total e soluvel foi extraida segundo a tecnica descritapOIMcCready &McComb18 e 0 doseamento foi feito pelo metodo colon-metrico segundo tecnica descrita pOI Bitter & Muir."o amido foi extraido segundo a tecnica descrita por Dekker &Richards" e quantificado pelo metodo descrito pOI Areas & Lajolo.'

Ancllises bioquimicas

A glicose foi determinada pelo metodo da glicose oxidase se-gundo a tecnica descrita pOI Trinder. 25

Ancllise estatistica

Os dados obtidos no ensaio biol6gico foram submetidos a analiseestatistica, sendo adotada a metodologia de modelos lineares e 0pacoteestatistico utilizado foi 0 GLIM - Generalized Linear Models.1i A selecao

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dos fatores e variaveis a serem incluidos no modelo foi feita utilizandourn metoda conhecido como stepwise, que consiste em ir acrescen-tando termos ao modele-base. verificando qual deles explica melhor osdados, e em seguida testando sua siqnificancia em face dos termos ja in-cluidos anteriormente. 0 modelo utilizado, considerado 0mais siqnifica-tivo, e descrito pela f6rmula:

Y=iJ + A j + A ] O t + ei, onde:iJ =nivel medic de glicose de todos os ratos;A j = efeito da dieta j no nivel da glicose;O t =efeito medic do tempo no nivel da glicose;Ei = erro aleat6rio para 0 nivel de glicose de cad a rato.

Resultados e diseussaoOs resultados da composicao centesimal da farinha de aveia, jil6

cozido e das racoes sao apresentados na Tabela 1.A farinha de aveia, cujo efeito hipoqlicemico e atribuido a pre-

senca de 13~glucans, foi usada como parametro neste estudo.Os produtos foram oferecidos a grupos de ratos normais e diabeti-

cos, na forma de racoes de jil6 e de aveia devidamente balanceadas ecomo controle foi usada racao de caseina. Para a formulacao da racao dejil6 foram usadas 20 9 de farinha de jil6, correspond en do a aproximada-mente 7 unidades de jil6 cozido (em media, cada unidade de jil6 pesava30,5 g).

o consumo medic diario das racoes, em todos os grupos testados,foi de 4 g, correspondendo a 1/4 de jil6 cozido e 2,82 9 de aveia ou Y 4 deurn prato de mingau de aveia.

Os resultados obtidos no experimento biol6gico para os niveis deglicose no soro sangiiineo sao apresentados na Tabela 2.

A Tabela 3 conesponde aos resultados do tratamento estatisticoaplicado ao experimento biol6gico.

Os dados encontrados na Tabela 3 mostram uma estimativa neqa-tiva nos tempos testados e sugerem uma tendencia acentuada do jil6 emdiminuir os niveis de glicose, que tambem e observada nas curvas deglicose versus tempo (Figuras 1 e 2 ).

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___ aveia-+-caseina

.. ji16

2 4Tempo (se manas )

6

FIGURA 1 - Curva de glicose versus tempo, dos grupos de ratos normals.

e 20 0Q'",i"0e 1 5 0QQQI~ 100.~~r 5 0

2 5 0

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-+-caseina___ aveia.. jil6

O+-------~------~------~------_r------_+------~o 4

Tempo (se manas )5 6

FIGURA 2 - Curva de glicose versus tempo, dos grupos de ratos diabeticos.

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A comparacao dos grupos que se alimentaram com racao de fa-rinha de aveia (0.2)e com dieta de caseina (0.1) (Tabela 3) permite su-gerir uma tendencia da aveia em diminuir os niveis de glicose, nostempos tl e t2

Os teores de pectina soluvel e as quantidades de aveia testados fo-ram menores que os citados na literatura, em experimentos realizadoscom ratos, que apresentaram efeito hipoqlicemico, como nos estudosrealizados por Ebihara & Kinyama.f com 2% de pectina; Derivi et al., 7com 1% , 2% e 4% de pectina citrica; Vachon et al.,26 com 2,5%,5% e7,5% de ~-glucans; Shinnick et al.,23 com 8-10% de farinha de aveia; eFreitas et al., 10 testando uma sopa desidratada, formulada com 7,5% depectina citrica. Estes baixos teores, possivelmente, devem ser responsa-veis pOI nao terem sido encontrados resultados estatisticamente signifi-cantes (nivel de 5% ) no experimento biol6gico. Na aveia, estes resul-tados tambem podem ser atribuidos ao processo de obtencao da fari-nha, que poderia ser responsavel pela pres eng a de menores quantidadesde ~-glucans.

ConclusoesOs resultados encontrados indicam que quantidades maiores de

farinha de jil6 e de aveia deverao ser usadas para ser obtido urn efeito hi-poqlicernico mais acentuado, sugerindo-se a inclusao do jilo nas refei-goes de individuos diabeticos,

SILVA, M. B. da, MENDEZ, M. H. M, DERNI, S. C. N. The hypoglycemic effectof rich food soluble dietary fibre. A study of nightshade (Solanum gilo,Raddi). Alim. Nutr. (Sao Paulo), v.9, p.53-64, 1998.

ABSTRACT: The present paper aimed to verify the hypoglycemic effect of the night-shade (Solanum gilo, Raddi), rich in soluble fibre, and to compare the effect with that onecaused by the oat meal, rich in ~-glucans. Groups ofmale Wistar rats, normals and dia-betics ( induced through alloxan) were fed one of three experimental diets for 42 days:casein diet (control diet), nightshade diet and oat meal diet. The composition of the dietsand the components of dietary fibre were detennined. The blood glucose was deter-mined by the oxidase glucose method. In the amount of nightshade and oat meal used in

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the experiment, it was observed evidence major of the nightshade diet in reducing theplasm glucose levels when compared with the oat meal diet, although the results ob-tained were not statistically significant. The result suggests the beneficial effect of the in-clusion of large amounts of nightshade in the customary diets of diabetics subjects .

KEYWORDS. Diabetes mellitus; hypoglycemic effect; soluble fibre; pectin; nightshade.

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