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Autoclavagem
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323Eng Sanit Ambient | v.18 n.4 | out/dez 2013 | 323-331
ResumoA pesquisa foi realizada no Laboratrio Central de Sade Pblica de Minas Gerais com o objetivo de validar o processo de descontaminao de resduos
infectantes do subgrupo A1 e identificar possveis falhas no procedimento preliminar sua disposio final. Foram avaliados tanto a descontaminao dos
resduos totalmente descartveis acondicionados em sacos plsticos termorresistentes quanto o processo de descontaminao dos resduos reutilizveis
provenientes do Laboratrio de Tuberculose, acondicionados em caixas metlicas. Enquanto os resultados obtidos no primeiro estudo indicaram uma
deficincia considervel no tratamento dos resduos, no segundo caso a eficcia foi comprovada. Medidas preventivas e corretivas foram propostas e adotadas
como consequncia deste trabalho, e so aqui descritas.
Palavras-chave: RDC 306/2004; gerenciamento de resduos do servio de sade; desinfeco; autoclave; tuberculose; Bacillus stearothermophilus.
Abstract Laboratory studies were performed at the Central Laboratory of Public Health of Minas Gerais in order to validate the process of infectious waste
decontamination (subgroup A1) from the public health service and identify possible flaws in the procedure preliminary to its final disposal. We
evaluated both the decontamination of disposable waste packed in thermo-resistant plastic bags as well and the decontamination process of reusable
waste from the Tuberculosis Laboratory packed in metallic boxes. The results of the first study indicated a significant deficiency in waste treatment,
while in the second case efficacy was demonstrated. Preventive and corrective measures were proposed and adopted as a result of this work and
are described herein.
Keywords: RDC 306/2004; health care waste management; disinfection; tuberculosis; autoclave; Bacillus stearothermophilus.
Endereo para correspondncia: Mnica Cristina Teixeira Departamento de Farmcia Escola de Farmcia Universidade Federal de Ouro Preto Campus Universitrio Morro do Cruzeiro 35400-000 Ouro Preto (MG), Brasil E-mail: [email protected] Recebido: 28/08/12 Aceito: 31/07/13 Reg. ABES: 558
Eficcia da descontaminao de resduos biolgicos infectantes de laboratrios de microbiologia aps
tratamento trmico por autoclavaoEfficacy of the decontamination of biological infectious waste after thermal
treatment by autoclaving
Maria Aparecida GalvoBiloga. Mestranda em Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto (MG), Brasil. Servidora da Fundao
Ezequiel Dias (FUNED) Belo Horizonte (MG), Brasil.
Joo Cesar da SilvaBiomdico. Servidor da FUNED Belo Horizonte (MG), Brasil.
Mnica Cristina TeixeiraProfessora do Departamento de Farmcia e do Programa de Ps Graduao em Engenharia Ambiental da Universidade Federal
de Ouro Preto (UFOP) Ouro Preto (MG), Brasil.
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Galvo, M.A.; Silva, J.C.; Teixeira, M.C.
Para Schneider et al. (2004), o gerenciamento dos RSS encon-
tra srios problemas em todas as etapas. Tais problemas podem
ser atribudos a fatores como escassez de conhecimentos espec-
ficos, carncia de normas e leis efetivas, negligncia dos respon-
sveis, no exigncia dos planos de gerenciamento pelos rgos
competentes, fiscalizao inadequada e/ou ausente e carncia de
programas de preveno da poluio, objetivando a minimizao
da gerao de resduos.
Com a meta de diminuir os problemas decorrentes do mau ge-
renciamento dos resduos infectantes, a legislao brasileira tem pro-
curado se mostrar rigorosa na tentativa de exigir que os estabeleci-
mentos de sade atendam s disposies estabelecidas. Assim, foram
publicadas a Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) n358/2005 e a RDC n306/2004, da Agncia Nacional
de Vigilncia Sanitria (ANVISA), que tratam do gerenciamento dos
RSS em todas as etapas, determinam as responsabilidades, analisam
os riscos envolvidos, assim como o correto gerenciamento e a dis-
posio final ambientalmente adequada, ou seja, exigem o manejo
especfico desde a gerao at a disposio final dos resduos.
Mais recentemente destaca-se a aprovao, em 2010, da Lei
n 12.305, intitulada Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS),
como mecanismo de estmulo sustentabilidade ambiental. A PNRS
contempla os resduos e rejeitos gerados pela produo e consumo
da sociedade atribuindo aos seus produtores, de forma solidria,
a responsabilidade pelo descarte adequado dos mesmos, norteando a
poltica de saneamento a ser adotada pelo poder pblico.
Alm das constituies estaduais e federal, o Brasil j conta com
leis, decretos e portarias que, embora amplos, no tm conseguido
solucionar a problemtica ambiental referente aos resduos infectan-
tes. O fracasso no se deve apenas diversidade do pas, dada sua ex-
tenso geogrfica e variado nvel econmico da populao, mas tambm
necessidade de criao de polticas pblicas especficas s necessidades
de cada servio de sade, que sejam compatveis com a realidade econ-
mica de cada regio (MENDONA, 1997).
Esse tipo de legislao preconiza que, para o correto gerencia-
mento dos RSS, alguns resduos do grupo A devem ser tratados
previamente antes da disposio final para reduzir seu potencial
patognico. Para isso, o tratamento consiste na modificao das ca-
ractersticas gerais dos riscos inerentes aos resduos, reduzindo ou
eliminando o risco de contaminao, de acidentes ocupacionais ou de
dano ao meio ambiente, sendo que tal processo pode ser desenvolvi-
do no prprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento,
observadas as condies de segurana para o transporte entre o es-
tabelecimento gerador e o local do tratamento (CONAMA 358/05).
Sendo assim, os resduos dos subgrupos A1 e A
2 devem ser sub-
metidos a tratamento fsico ou outro, validado para a reduo ou a
eliminao da carga microbiana em equipamento compatvel com o
Nvel III de Inativao Microbiana. Os resduos do subgrupo A3 de-
vem ser submetidos incinerao, cremao ou aterramento em
Introduo
O tema resduos de servio de sade (RSS) polmico e ex-
tremamente relevante devido sua estreita relao com o meio
ambiente e a nossa qualidade de vida. Neste contexto, esse tra-
balho visa a ampliar a discusso e demonstrar a necessidade de
os estabelecimentos geradores conhecerem melhor os processos
de tratamento dos resduos infectantes, garantindo a eficcia do
processo e contribuindo para a melhoria contnua dos servios
prestados para a populao brasileira.
Atualmente, a questo dos resduos slidos se apresenta como
um problema do saneamento ambiental na maioria dos munic-
pios brasileiros, principalmente no que tange ao gerenciamento
e disposio final dos mesmos. Segundo as estatsticas nacio-
nais realizadas em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE), mais de 60% dos resduos slidos urbanos ge-
rados no Brasil so dispostos em lixes a cu aberto sem gerencia-
mento adequado.
Os resduos gerados nos estabelecimentos de sade em geral so
classificados em cinco grupos, conforme suas caractersticas de pe-
riculosidade. Os resduos do grupo A so os que apresentam riscos
biolgicos e esto subdivididos em A1,
A2,
A3,
A4 e
A
5; o grupo B cons-
titudo pelos resduos qumicos; no grupo C so alocados os resduos
com risco radiolgico; no grupo D encontram-se os resduos comuns,
inclusive os reciclveis; e, finalmente, o grupo E caracterizado pelos
resduos perfurocortantes.
De acordo com a Associao Brasileira de Normas Tcnicas
(ABNT) 12.807/93, os resduos biolgicos podem ser considera-
dos infectantes por sua caracterstica de maior virulncia, infecti-
vidade e concentrao de patgenos que representam risco poten-
cial adicional sade pblica. O potencial de risco para a sade
humana e ambiental atribudo aos resduos infectantes tema de
grande discusso. Silva et al. (2002) salientam que diferentes mi-
cro-organismos patognicos presentes na massa desses resduos
infectantes apresentam capacidade de persistncia ambiental, pois
nesse ambiente as condies so timas para seu desenvolvimen-
to, j que suas exigncias vitais de abrigo, alimentao e gua so
plenamente atendidas. Entre eles encontram-se o Mycobacterium
tuberculosis, o Staphylococcus aureus, a Escherichia coli, os vrus da
hepatite A e B. dentre outros. A periculosidade desses resduos
atribuda essencialmente toxicidade e patogenicidade inerentes
a estes micro-organismos, se presentes.
O mau gerenciamento dos RSS, particularmente no que se refere
ao seu tratamento, tem sido ainda uma questo de difcil soluo para
a maioria das cidades brasileiras. O gerenciamento inadequado desses
resduos, principalmente na etapa da disposio final, tem provocado
problemas ambientais capazes de comprometer os recursos naturais
e a qualidade de vida das atuais e futuras geraes (ANVISA, 2006).
325Eng Sanit Ambient | v.18 n.4 | out/dez 2013 | 323-331
Descontaminao de RSS por tratamento trmico
cemitrio; os do subgrupo A4 no necessitam de tratamento pr-
vio, podendo ser dispostos em local devidamente licenciado para
disposio de RSS. A incinerao obrigatria para o subgrupo A5.
Os processos mais utilizados para o tratamento dos resduos con-
taminados biologicamente so as desinfeces qumicas ou trmicas
(autoclavao, incinerao e micro-ondas). A descontaminao por
autoclavao consiste em manter o material em contato com o vapor
de gua, em temperaturas elevadas, por um perodo de tempo de-
terminado. Desta forma, os agentes patognicos so destrudos por
termocoagulao das protenas citoplasmticas.
A esterilizao pelo calor aquela que processa maior quantidade
de materiais, tanto na indstria farmacutica quanto na rea hospi-
talar. O calor uma forma de energia capaz de transferir-se de um
sistema a outro, desde que exista diferena de temperatura entre eles.
Segundo Tortora (2000), a esterilizao pelo calor , sem duvida, o
mtodo mais conveniente para ser aplicado por ser o mais eficiente,
seguro e conhecido, alm de ser o mais estudado e dispor hoje de
equipamentos adequados.
As bactrias em estado ativo podem ser facilmente destrudas por
agentes qumicos e fsicos, os quais podem atuar eliminando total-
mente os micro-organismos ou impedindo seu crescimento, criando
condies sob as quais eles no possam se reproduzir. A esporulao
um mecanismo protetor por meio do qual algumas bactrias so ca-
pazes de permanecer em estado de latncia por um grande perodo de
tempo. O esporo bacteriano a forma microbiana mais resistente aos
agentes esterilizantes, sendo utilizada como parmetro para o estudo
microbiolgico do processo de autoclavao. Um micro-organismo
considerado morto se no formar colnias em nenhum meio de
cultura (COSTA, 1980).
Segundo Costa, Cruz e Massa (1990), o processo de esterilizao
visa incapacidade de reproduo de todos os organismos presentes
no material a ser autoclavado, causando a morte microbiana at que
a probabilidade de sobrevivncia do agente contaminante seja menor
que 1:1.000.000, quando um objeto pode ser considerado estril.
Um dos avanos na prtica da esterilizao a compreenso de que
os micro-organismos submetidos maioria dos processos de esterili-
zao no morrem todos ao mesmo tempo, mas de forma progressiva.
Os dois fatores de esterilizao que devem ser mensurados durante o
uso de vapor como agente esterilizante so a temperatura e o tempo
de exposio. Para que a destruio dos micro-organismos seja abso-
luta, o processo de esterilizao a vapor deve permitir o controle de
calor, umidade e temperatura. O calor pode eliminar prontamente
os micro-organismos, mas necessrio que o vapor circule por con-
veco, de forma a penetrar nos objetos porosos (NIEHEUS, 2004).
O tratamento trmico por autoclave tem sua eficincia baseada no
contato direto do vapor com o material, ou seja, se um organismo
estiver dentro de um frasco, o vapor precisar aquecer o frasco at
atingir temperatura suficiente para destru-lo. A eliminao se dar
pelo aquecimento do meio em que este se encontra, e no pelo con-
tato direto com o vapor (TORTORA, 2000).
As tcnicas corretas de esterilizao so essenciais para a destrui-
o de micro-organismos e esporos bacterianos. A padronizao de
rotinas tcnicas necessria para permitir a uniformizao das ativi-
dades de esterilizao. A existncia de rotina e procedimentos escritos
para a prtica de descontaminao e esterilizao, assim como rela-
trios de desempenho das atividades da autoclavao devem atender
aos principais requisitos de controle (APECIH, 1998).
Para ser eficiente, o vapor deve penetrar toda a massa de re-
sduos. Testes de validao devem ser realizados periodicamente
para assegurar a reprodutibilidade e a confiabilidade do processo
e, desta forma, garantir resultados satisfatrios e seguros. A valida-
o verifica a eficcia do equipamento ou do processo, ou seja, se
o equipamento cumpre as especificaes exigidas. Diferentes tipos
de testes devem ser realizados para verificar a eficincia do proces-
so de esterilizao. Recomenda-se que esterilizadores a vapor e ar
quente sejam testados com indicadores biolgicos semanalmente,
e indicadores qumicos devem ser usados em cada pacote a ser
esterilizado (NBR 9804, 1987).
O indicador biolgico consiste de um preparado de micro-orga-
nismos especficos, resistente a um determinado processo de esteri-
lizao. Este indicador deve ser utilizado para a qualificao de uma
operao fsica da autoclave, no desenvolvimento e estabelecimento
do processo de esterilizao validado para um artigo especfico e na
esterilizao de equipamento, material e embalagens para processa-
mento asstico. Este produto utilizado tambm para monitorar um
ciclo de esterilizao uma vez estabelecido (PINTO, 2000). O bioin-
dicador o parmetro escolhido para certificar que o nvel de esteri-
lidade estabelecido para o produto alcanado, conferindo a certeza
de esterilidade frente margem de segurana mnima definida de
apenas uma unidade contaminada em 106 unidades do produto
processado (VESSONI, 1994).
As principais causas de falha na esterilizao so decorrentes de
eventuais problemas no funcionamento do esterilizador ou erro na
tcnica de esterilizao. Algumas das dificuldades mais comuns con-
templam carga incorreta no esterilizador, como pacotes empilhados,
excesso de volume nos recipientes e, ainda, excesso de pacotes dentro
da cmara (NIEHEUS, 2004).
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo conhecer
melhor o processo de tratamento dos resduos infectantes gerados nos
servios de microbiologia do Laboratrio Central de Sade Pblica do
Estado de Minas Gerais (LACEN-MG), a fim de comprovar a eficincia
do tratamento trmico por autoclavao dos resduos slidos infectan-
tes descartveis e dos resduos infectantes reutilizveis pela instituio,
possibilitando propostas para a melhoria contnua dos servios e para a
garantia dos procedimentos executados.
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Galvo, M.A.; Silva, J.C.; Teixeira, M.C.
Metodologia
Monitoramento da qualidade da segregao dos resduos gerados nos laboratrios
Para a realizao dos estudos, os resduos infectantes foram
coletados e caracterizados qualitativamente quanto sua compo-
sio, a fim de monitorar a qualidade da segregao dos resduos,
e tambm quantitativamente.
Os perodos e horrios de coleta seguiram o fluxo de ativida-
des do estabelecimento, com base na demanda de servios e na
gerao de resduos.
Para ambos os estudos, utilizou-se uma autoclave horizontal de
fronteira de capacidade aproximada de 700 litros, qualificada para tal
procedimento segundo a NBR ISO 17.665-1, 2010.
O indicador biolgico (IB) empregado neste trabalho foi constitu-
do de uma mistura de esporos viveis de micro-organismo termorresis-
tente: Bacillus stearothermophilus ATCC 7953, contendo 106 UFC/frasco,
fabricado pela Secretaria de Estado da Sade do Paran Centro de
Produo e Pesquisa de Imunobiolgicos (CPPI) e distribudo aos
Laboratrios de Sade Pblica do Brasil pelo Ministrio da Sade,
com o nome comercial Esteriteste. Segundo recomendao do CPPI,
aps o ciclo de autoclavao os bioindicadores devem ser removidos
de dentro da cmara do equipamento e, aps o resfriamento, os fras-
cos devem ser incubados em estufa bacteriolgica a 57,52,5C por
48 horas. Deve-se usar, como controle positivo de crescimento micro-
biano, um frasco de IB que no tenha sido submetido ao processo de
autoclavao, permitindo, assim, avaliar a viabilidade dos esporos, a
qualidade do meio de recuperao e a incubao.
Primeiro estudo de caso: tratamento dos resduos de 13 laboratrios de microbiologia
Os resduos infectantes descartveis foram acondicionados em sacos
plsticos termorresistentes prprios para autoclave, com 35 ou 60 cm de
comprimento e capacidades de 20 e 60 litros, respectivamente.
Durante sete dias teis, os resduos foram inspecionados visual-
mente e pesados, e seu volume foi determinado. A aferio do peso foi
feita empregando-se balana mecnica (peso mximo de 200kg e peso
mnimo de 200g). Para esta pesquisa, considerou-se como ideal a altura
(volume) de ate 2/3 dos resduos nos sacos de autoclave antes da descon-
taminao trmica em autoclave, devendo, portanto ser de 40 cm para o
saco de 60 litros. Para tanto, a altura ocupada foi determinada com em-
prego de trena e os dados coletados foram registrados em uma planilha.
Os resduos foram classificados quanto origem, sendo poss-
vel observar, neste perodo, as prticas laboratoriais que envolvem
a gerao destes nos laboratrios, assim como parte do manejo (se-
gregao, acondicionamento, identificao, coleta e transporte in-
terno). Os sacos plsticos contendo os resduos infectantes foram
identificados com o nome dos laboratrios de origem, data e hora.
Tais sacos foram ainda numerados em ordem crescente, de acordo
com ordem de chegada e anlise.
Posteriormente, os resduos foram descontaminados em autocla-
ve e a eficincia do processo foi verificada com o uso de indicadores
biolgicos. Para a verificao da eficcia do tratamento trmico por au-
toclavao, utilizou-se como critrio de escolha para configurao das
cargas selecionar apenas os resduos infectantes acondicionados em sacos
de60L, escolhidos aleatoriamente. Aps a seleo dos sacos, um fras-
code indicador biolgico foi amarrado a um fio e introduzido na massa
do resduo infectante. A autoclave foi configurada com uma carga de seis
sacos (60 L cada, 360 L no total), sendo os mesmos submetidos a uma
temperatura de 121C por 40 minutos. Os frascos de IB, aps os ciclos de
descontaminao, foram removidos manualmente dos sacos e incubados
em estufa bacteriolgica para verificao da eficcia da descontaminao.
Segundo estudo de caso: tratamento dos resduos do Laboratrio de Tuberculose
O monitoramento e os testes dos resduos do Laboratrio de
Tuberculose foram realizados em um perodo de trs meses (setem-
bro a novembro) no ano de 2011. Os tubos de ensaio contendo os
resultados do cultivo do micro-organismo M. tuberculosis foram acon-
dicionados em caixas de ao inox (caixas metlicas), por se tratarem
de materiais reutilizveis. Os funcionrios do laboratrio gerador do
resduo foram instrudos a colocar um frasco do indicador biolgico
no fundo de cada caixa metlica. Aps esse processo, as caixas foram
preenchidas com cerca de 250 tubos de ensaio contendo culturas po-
sitivas do bacilo da tuberculose. O peso e o volume mdios das caixas
eram de 12 kg e 30 L, respectivamente. A autoclave foi configurada
com uma carga de oito caixas de ao inoxidvel e o tratamento trmi-
co se deu a uma temperatura de 127C, durante 30 minutos. Aps os
ciclos de descontaminao, os frascos IB foram removidos dos con-
tineres e incubados conforme indicao dos fornecedores, para a
verificao da eficcia da descontaminao.
Resultados e Discusso
Monitoramento da qualidade da segregao dos resduos
Em um primeiro perodo de anlise (sete dias teis, maio e junho
de 2010), observou-se o processo de gerenciamento de 111 sacos pls-
ticos contendo os resduos infectantes gerados em 13 laboratrios
de Microbiologia do LACEN/MG. Foram produzidos aproximada-
mente 240kg de resduos, com uma mdia de gerao diria de
48kg (Tabela 1).
Estudo semelhante havia sido realizado em 2006 visando a sub-
sidiar a implantao do PGRSS da instituio e, naquela ocasio, os
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Descontaminao de RSS por tratamento trmico
Um novo ciclo de pesagem foi realizado no perodo de 11 a 19 de
junho de 2012, e os dados comprovaram ter ocorrido uma reduo
significativa nos volumes de resduos gerados, passando-se para uma
produo de 12,91kg/dia. Este valor corresponde a 52,5% do valor
observado antes da implementao do PGRSS, e a apenas 26,9% dos
valores medidos aps a implementao do PGRSS, porm, antes das
intervenes. A reduo efetiva na produo de resduos neste caso
foi de 47,5 e 73,1% em comparao aos dados obtidos no primeiro e
no segundo estudo, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 2 Composio dos resduos gerados pelos 13 laboratrios de Microbiologia do LACEN/MG, acondicionados em sacos autoclavveis e enviados para descontaminao, no perodo entre 24 de maio a 2 de junho de 2010.
Carga: 240 kg (111 sacos)
Tipo do Resduo Materiais Identificados
Biolgico Subgrupo A1
Vidrarias: culturas de micro-organismos patgenos (bacterioteca), frascos com amostras biolgicas, placas de vidro com meios de cultura, placas de vidro com isolados de micro-organismos patgenos, sacos plsticos contendo lquidos, tubos cnicos com inculo de micobactria.
Biolgico Subgrupo A4
Vidrarias, equipamentos de proteo individual, descartveis, materiais diversos: ala bacteriolgica descartvel, algodo, avental descartvel, filtros descartveis, frascos plsticos diversos, gaze, luvas cirrgicas, mscara descartvel e swab (zaragatoa).
Comuns Grupo D
Materiais de embalagem e outros: blisters de plstico, caixa de luvas vazias, caixa de papelo, caixa plstica, caneta, isopor, papel alumnio, papel crepado, papel toalha, papel oficio, saco plstico e frascos de lcool.
Alimentos Grupo D
Frutas, farinceos, gros, laticnios, carnes, alimentos prontos, leite em embalagem Tetrapack, leite em p, folhas de ch, po, po de queijo, p de caf, restos de alimento.
Perfurocortante Grupo EVidrarias e descartveis: ponteiras, pipetas descartveis, tubos de hemlise e microtubos.
Tabela 1 Quantidade de resduos gerados diariamente pelos 13 laboratrios de Microbiologia do LACEN/MG, no perodo de 24 de maio de 2010 a 02 de junho de 2010, em quilogramas.
Data Sacos (Unidades) Peso (kg)
24/05/10 09 19,03
25/05/10 26 58,42
26/05/10 16 39,02
27/05/10 14 23,38
28/05/10 17 33,79
01/06/10 07 29,19
02/06/10 22 35,85
TOTAL 111 238,85
dados apontaram uma produo de 172,1 kg no mesmo perodo de
tempo (4 a 12 de abril de 2006). Comparando-se os dois resultados,
percebe-se que a mdia de gerao de resduos por dia aumentou.
A gerao de resduos, inicialmente de 24,6 kg/dia, sofreu um in-
cremento de 23,4 kg/dia em quatro anos, passando aos 48 kg/dia
observados em 2010. Trata-se, portanto, de um aumento de apro-
ximadamente 95% em relao aos dados anteriores. Este valor no
pode ser desprezado, ainda que se considerem as alteraes sazonais.
Tal aumento pode ser indicativo da falta de investimento por parte
dos responsveis tcnicos na efetiva implantao do PGRSS, falta de
vistorias regulares das etapas do gerenciamento, bem como a segrega-
o inadequada no ponto de gerao desses resduos.
A avaliao visual dos sacos plsticos permitiu identificar os tipos
de resduos e o volume (altura) ocupado pelos mesmos. Isso foi pos-
svel por se tratarem de embalagens transparentes confeccionadas em
polietileno de alta densidade (PEAD). Os tipos de resduos coletados
esto relacionados na Tabela 2, e servem de exemplo da diversidade
de materiais descartados.
Esta avaliao visual demonstrou que no h correta segregao
dos resduos na fonte geradora dentro da instituio. A etapa de se-
gregao no atende ao preconizado pela resoluo da ANVISA, RDC
306/2004, que estabelece que a segregao deve ocorrer de acordo
com a classificao dos resduos por ela estabelecida, de forma a ga-
rantir a reduo da gerao de resduos com periculosidade.
Para cumprir o PGRSS, preciso que haja medidas de envolvimento
coletivo dentro da instituio, pelas quais todos os laboratrios tenham
bem definidas e institucionalizadas as responsabilidades e obrigaes de
cada um em relao aos riscos decorrentes da falta de comprometimento
e inobservncia no atendimento ao estabelecido no PGRSS.
Aps a identificao das no conformidades quanto correta
execuo das etapas de manejo, foram realizados treinamentos na
instituio com todos os envolvidos no PGRSS. As informaes re-
passadas surtiram efeito, sendo possvel melhorar a segregao e o
acondicionamento dos resduos do grupo A, reduzindo, consequen-
temente, sua gerao e os custos para tratamento dos mesmos.
Tabela 3 Quantidade de resduos gerados diariamente pelos 13 laboratrios de Microbiologia do LACEN/MG, no perodo de 11 a 19 de junho de 2012, aps treinamento, em quilogramas.
Data Sacos (Unidades) Peso (kg)
11/06/12 07 22,0
12/06/12 03 6,4
13/06/12 05 10,2
14/06/12 04 5,8
15/06/12 11 20,2
18/06/12 06 14,0
19/06/12 03 11,8
TOTAL 39 90,4
328 Eng Sanit Ambient | v.18 n.4 | out/dez 2013 | 323-331
Galvo, M.A.; Silva, J.C.; Teixeira, M.C.
Tabela 4 Resultado do monitoramento biolgico dos 18 sacos submetidos descontaminao por autoclavao, em funo do peso e do volume ocupado pelos resduos nos sacos.
Saco Origem Peso (kg) Altura ocupada pelo resduo (cm) Resultado
38 Laboratrio de Tuberculose 3,04 45* HC
40 Laboratrio de Tuberculose 4,87 57* HC
42 Laboratrio de Controle Microbiolgico 7,37 43* HC
52 Laboratrio de Diagnstico - HIV 3,97 41* HC
54 Laboratrio de Tuberculose 2,14 45* HC
60 Laboratrio de Diagnstico - HIV 4,24 46* HC
64 Laboratrio Monitoramento de Alimentos 6,01 54* HC
83 Laboratrio de Doenas Parasitrias 5,87 37 HC
87 Laboratrio Controle Microbiolgico 5,77 30 HC
89 Laboratrio de Doenas Parasitrias 6,07 48* HC
37 Laboratrio Tuberculose 3,27 36 NHC
45 Laboratrio de Controle de Medicamentos 0,94 32 NHC
48 Laboratrio Monitoramento de Alimentos 9,34 27 NHC
53 Laboratrio de Diagnstico - HIV 2,17 40 NHC
57 Laboratrio Diagnstico de Doenas Enterais 2,44 39 NHC
84 Laboratrio Diagnstico da Dengue 3,87 33 NHC
86 Laboratrio Diagnstico de Meningite 2,74 28 NHC
88 Laboratrio de Doenas Parasitrias 4,87 29 NHC
NHC: No Houve Crescimento; HC: Houve Crescimento, *Alturas acima de 40 cm.
Monitoramento biolgico dos resduos tratados
No primeiro estudo, os resduos do subgrupo A1 dos 13 labo-
ratrios de microbiologia foram acondicionados nos sacos plsticos
termorresistentes para autoclave e monitorados para verificar a efic-
cia do tratamento trmico por autoclavao. Dos 34 sacos com capa-
cidade de 60litros, foram selecionados aleatoriamente 18 (cerca de
80kg). Foram necessrios trs ciclos de autoclavao para acomodar
e descontaminar os 18 sacos selecionados.
Aps a autoclavao, observou-se crescimento dos IB (resultado
insatisfatrio), evidenciado pela colorao amarela em 10 dos sacos,
totalizando cerca de 50 kg. Nos demais oito sacos, correspondente a
cerca de 30kg, no houve crescimento dos IB evidenciado pela ma-
nuteno da colorao violeta aps incubao (resultado satisfatrio).
Os testes de validao dos trs ciclos realizados para verificar a
eficcia do tratamento dos resduos infectantes foram reprovados,
visto que, nos trs ciclos de tratamento trmico por autoclavao
monitorados, houve crescimento dos IB. Assim, os resultados evi-
denciaram ineficincia da descontaminao dos resduos infeccio-
sos, o que compromete seu encaminhamento para descarte final,
j que 62,5% dos resduos monitorados apresentaram resultados
insatisfatrios. Com o intuito de identificar os fatores que contri-
buram para o insucesso do tratamento trmico, dados referentes
a peso e ocupao do volume livre nos sacos (altura do resduo
em relao ao comprimento do saco de acondicionamento) foram
comparados com os resultados do IB (Tabela 4).
Os dados demonstram que os sacos que apresentaram resultados
insatisfatrios foram aqueles com maiores pesos, e volume/altura aci-
ma de 40 cm. Confrontando os pesos e a altura ocupados pelos res-
duos nos testes considerados insatisfatrios, verifica-se que a altura
fator mais determinante que o peso. A quantidade de resduos dentro
dos sacos interfere na distribuio do vapor entre os materiais. Para
que possa ocorrer a inativao dos micro-organismos, patognicos ou
no, necessrio que o vapor entre em contato com todo o contedo
do recipiente. A eficcia da descontaminao pode ser afetada pela
capacidade de penetrao do agente esterilizante no meio, decorrente
tanto da embalagem quanto da natureza dos materiais, bem como
do desempenho do equipamento. Para que a destruio dos micro-
-organismos seja completa, o processo de esterilizao a vapor deve
permitir o controle de calor, umidade e temperatura.
Para confirmar os resultados descritos, novos estudos foram rea-
lizados. Durante esta segunda avaliao buscou-se verificar se a se-
gregao ideal dos materiais e seu acondicionamento, respeitando-se
o limite de 2/3 da capacidade total dos sacos de acondicionamento
de RSS, garantiriam a eficincia do processo de descontaminao.
Foram realizados trs novos ciclos de autoclavao, com seis sacos
cada, utilizando-se IB em todos eles, sendo as configuraes das car-
gas estabelecidas da seguinte forma:
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Descontaminao de RSS por tratamento trmico
I. Carga com seis sacos de RSS segregados corretamente e altu-
ra acima de 2/3 da capacidade total do saco, ou seja, acima
de 40 cm.
II. Carga com seis sacos de RSS no segregados e acondicionados
com altura mxima de 2/3 da capacidade do saco (40 cm).
III. Carga com seis sacos de RSS segregados e acondicionados
com altura mxima de 2/3 da capacidade do saco (40 cm).
Na configurao I, houve crescimento em todos os frascos de IB,
enquanto na configurao II houve crescimento em um frasco de IB. Tais
resultados levaram reprovao de ambos os ciclos de descontaminao.
Por outro lado, adotando-se a configurao III no houve crescimento
dos indicadores biolgicos, e o ciclo de descontaminao foi aprovado.
Assim, comprovou-se que, alm da correta segregao, necessrio
garantir o acondicionamento adequado de at 2/3 de ocupao dos res-
duos nas embalagens antes do tratamento trmico por autoclavao para
alcanar a inativao dos micro-organismos. O segundo estudo detalha-
do (resduos segregados do Laboratrio de Tuberculose) foi conduzido
entre os dias 29 de junho e 30 de dezembro de 2011. Neste perodo,
foram inspecionadas e monitoradas 20 caixas que corresponderam a,
aproximadamente, 5.000 tubos de cultura positiva para tuberculose.
Osresultados do tratamento trmico foram satisfatrios para todas as 20
caixas metlicas. Desta forma, pode-se observar que 100% dos resduos
contaminados com o agente etiolgico da tuberculose foram tratados
com eficcia, ou seja, houve destruio e/ou inativao do micro-orga-
nismo dentro das caixas, classificando esses resduos no subgrupo A4, j
que no houve descaracterizao dos mesmos.
O insucesso no processo de descontaminao de resduos sli-
dos de sade pode estar relacionado tanto s questes administrativas
quanto s tcnicas. No que diz respeito s instituies, de modo geral
a implantao do PGRSS medida que visa a garantir no apenas o
cumprimento das obrigaes legais, mas tambm zelar pela sade de
seus servidores e da populao, em geral, com economia de recursos,
sejam eles pblicos ou privados.
As principais fragilidades observadas nos estudos de caso aqui apre-
sentados podem ser divididas entre duas principais categorias, sendo
uma relacionada ao pessoal envolvido nos processos de gerao e segre-
gao dos RSS e outra relacionada diretamente ao processo de tratamento
trmico dos RSS. Os principais pontos de fragilidade detectados:
(i) Do ponto de vista do pessoal envolvido:
faltadecumprimentonacorretaexecuodogerenciamentopor
inobservncia ou desconhecimento do PGRSS, procedimentos
internos do servio de gesto ambiental e do servio de trata-
mento dos RSS;
faltadeumaequipemultifuncionalnaimplantaoefiscalizao
do PGRSS.
faltadecomprometimentoeenvolvimentodocorpotcnicoe
gerencial nas questes relativas gesto ambiental;
faltadepadronizaonasprticasdetrabalhoegrandedesco-
nhecimento dos atores envolvidos sobre o que j est normatiza-
do dentro da instituio;
faltadeeducaocontinuadadosservidoresenvolvidosnaseta-
pas do gerenciamento.
(ii) Do ponto de vista do processo de descontaminao
propriamente:
faltadeidentificaocorretanossacosinspecionados;
coletaetransporteinternodosRSSfeitosemdesacordocomo
preconizado pela legislao, que visa a garantir segurana aos
profissionais;
segregaoinadequadasomadaaoacondicionamentoimprprio
dos RSS. Como consequncia, observou-se o tratamento prvio
inadequado de parte dos resduos infectantes do subgrupo A1.
Aps a concluso desses estudos, os resultados foram apresentados
para o Servio de Gesto Ambiental da instituio e medidas corretivas
imediatas foram implantadas na instituio, dentre elas:
encaminhamentodetodososresduosdogrupoA1 para incine-
rao, at que a segregao e acondicionamento destes resduos
sejam realizados de forma adequada;
reunies com os geradores (laboratrios) para apresentar os
resultados da pesquisa, objetivando aguar a sensibilidade dos
mesmos para o maior comprometimento de todos na execuo
correta das etapas do gerenciamento;
exclusodoacondicionamentodosrestosdealimentosnossa-
cos de autoclave, visando a diminuir o volume de resduos trata-
dos como infectantes, sem necessidade;
treinamento de pessoal direcionado correta segregao e
acondicionamento dos RSS utilizando diferentes recipientes
(sacos plsticos, caixas para materiais perfurocortantes, caixas
metlicas).
Alm disso, foi elaborado um procedimento operacional padro para
o setor de tratamento dos resduos, estabelecendo critrios de segregao
e acondicionamento daqueles do subgrupo A1 que devem ser observados
antes da realizao do tratamento. Esta medida visa a garantir um trata-
mento trmico eficaz, eliminando os principais fatores de insucesso, que
so a segregao e o acondicionamento inadequados. Quanto coleta e
ao transporte interno dos resduos, a instituio vem se esforando para
adquirir carros coletores em quantidade suficiente e compatvel com a
gerao dos resduos, tentando estabelecer uma equipe especializada
para realizar tais atividades.
Ainda, como propostas de melhoria para o gerenciamento dos RSS
na instituio, sugerem-se:
institucionalizao de metodologias de educao continuada
direcionadas ao gerenciamento dos RSS, sendo que tais progra-
mas estejam voltados para estratgias capazes de promover a
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Galvo, M.A.; Silva, J.C.; Teixeira, M.C.
sensibilizao e a conscientizao na busca de uma mudana de
comportamento de todo o corpo tcnico e gerencial;
implantaodemetasparareduodageraoderesduosna
sua fonte;
realizaodeauditoriainternaparafiscalizaremonitoraraseta-
pas do gerenciamento dos RSS (Auditoria Ambiental);
realizaodeanlisederisconomanejodosRSS;
realizaodeanlisedoscustosdosRSSgeradosanteseapsa
implantao do PGRSS para avaliar os benefcios gerados sa-
de ocupacional e ambiental;
institucionalizaodeumaequipemultifuncionalparaatuarnas
etapas do gerenciamento RSS, bem como no programa de edu-
cao continuada;
publicidadedasaesdemelhoriapraticadasdentroda insti-
tuio pelas diversas reas e atores sobre a gesto ambiental,
utilizando ferramentas visuais como quadro de gesto visveis,
espalhados pela instituio, boletins internos, jornal e intranet
como forma de reconhecer o esforo de todos;
monitoramento do recebimento dos resduos infectantes
(Grupo A1) utilizando um documento reconhecido como
Formulrio de Oportunidade de Melhoria.
Concluses
A anlise da descontaminao dos resduos infectantes (primeiro
estudo de caso) acondicionados em sacos para autoclave demonstrou
que os mesmos no estavam sendo adequadamente tratados. Por outro
lado, os resduos exclusivos do laboratrio de tuberculose (segundo estu-
do de caso), acondicionados em caixas metlicas, foram devidamente tra-
tados. Assim, foi possvel constatar os pontos de fragilidade relacionados
ao gerenciamento dos resduos biolgicos da instituio relacionados
aos fatores humanos e tcnicos j descritos anteriormente. Diante desses
dados, pde-se perceber que os micro-organismos com potencial risco
infectante no estavam sendo inativados devido ao acondicionamento
incorreto dos resduos, ou seja, ocupao superior a 2/3 da capacidade
total dos sacos plsticos antes do tratamento trmico por autoclavao.
A RDC 306/2004 recomenda que esta ocupao de 2/3 nos sacos
seja respeitada aps a realizao do tratamento prvio dos resduos
infectantes, mas no antes. Desta forma, os resultados desta pesquisa
comprovam a importncia de uma reviso da norma no sentido de
incluir esta determinao tambm antes do tratamento dos resduos
infectantes, para que se possa garantir a eficcia do tratamento trmi-
co por autoclavao.
Foi possvel perceber tambm que a Instituio objeto desta pes-
quisa, mesmo tendo PGRSS aprovado pelos rgos municipais, ne-
cessita desenvolver poltica administrativa mais eficaz para garantir o
cumprimento de seu plano de gerenciamento e atender s principais
resolues vigentes. Conclui-se, ento, que a instituio ainda no
alcanou sua perfeita operacionalizao.
importante ressaltar que, apenas com uma anlise interna cr-
tica e bem feita, sem medo de expor fragilidades e necessidades,
que as instituies de sade, pblicas ou privadas, podero tornar
seus procedimentos confiveis. A mudana de atitude deve partir de
cada gerador de resduo, portanto, preciso dar a devida importncia
ao tema para assim educar os profissionais que, uma vez treinados
e conscientizados, alcanaro os objetivos de reduzir a gerao dos
resduos e gerenci-los com sabedoria e qualidade. Apenas assim ser
possvel garantir a manuteno da sade dos profissionais de sade
diretamente envolvidos no manuseio dos RSS e da populao em ge-
ral, bem como a qualidade ambiental.
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