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6 ELABORAÇÃO DO PLANO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL: POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA PARTICIPAÇÃO POPULAR NO MUNICÍPIO DE SANTANA/AP Márcia Cristiane da Silva Galindo ¹ RESUMO A pesquisa em questão foca nas possibilidades e desafios da participação popular no Município de Santana nas 03 etapas da Elaboração do Plano Habitacional de Interesse Social, as estratégias metodológicas propostas de inclusão e a busca para a solução da problemática do déficit habitacional no Município. O objetivo geral é analisar essas possibilidades e desafios verificando se a participação popular inferiu dentro das estratégias metodológicas oferecidas na construção do Plano Municipal Habitacional de Interesse social. E seus objetivos específicos: a) averiguar se nas etapas da construção do PMHIS houve a participação popular efetiva nas tomadas de decisões; b) identificar quais foram os atores sociais na construção do PMHIS; c) avaliar se a participação popular contribuiu para construção do PHMIS de maneira eficaz e capturando o problema real da cidade. As referências teóricas foram distribuídas em três capítulos com um enfoque qualitativo e quantitativo, a metodologia do trabalho foi dividida em 05 macroações, contando com três etapas com a participação popular: 1 Proposta Metodológica; 2 Diagnóstico; 3 Estratégias de Ação. Os resultados sinalizam haver uma participação popular ativa e que as opiniões contribuíram para encontrar o déficit habitacional. Recomenda-se que os outros Municípios sigam as propostas metodológicas participativas desse plano para a garantia dos direitos e transparência nos gastos da gestão voltados para as políticas urbanas. Palavras-chave: Plano habitacional de interesse social. Participação popular. Gestão Democrática. ¹ Licenciada Plena em Letras/Inglês; Especialista em Linguística Textual; Mestre em Ciências da Educação; Doutoranda em Ciências da Linguagem; Membro do Fórum de Diversidade Cultural do Amapá; Professora do Centro de Ensino Superior do Amapá-CEAP. E-mail: [email protected]

ELABORAÇÃO DO PLANO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL ... · 3 PMHIS- Programa Municipal de Habitação de Interesse Social. 9 2 Quais os atores sociais envolvidos neste processo

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ELABORAÇÃO DO PLANO HABITACIONAL DE INTERESSE

SOCIAL: POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA PARTICIPAÇÃO POPULAR

NO MUNICÍPIO DE SANTANA/AP

Márcia Cristiane da Silva Galindo ¹

RESUMO

A pesquisa em questão foca nas possibilidades e desafios da participação popular no

Município de Santana nas 03 etapas da Elaboração do Plano Habitacional de Interesse Social,

as estratégias metodológicas propostas de inclusão e a busca para a solução da problemática

do déficit habitacional no Município. O objetivo geral é analisar essas possibilidades e

desafios verificando se a participação popular inferiu dentro das estratégias metodológicas

oferecidas na construção do Plano Municipal Habitacional de Interesse social. E seus

objetivos específicos: a) averiguar se nas etapas da construção do PMHIS houve a

participação popular efetiva nas tomadas de decisões; b) identificar quais foram os atores

sociais na construção do PMHIS; c) avaliar se a participação popular contribuiu para

construção do PHMIS de maneira eficaz e capturando o problema real da cidade. As

referências teóricas foram distribuídas em três capítulos com um enfoque qualitativo e

quantitativo, a metodologia do trabalho foi dividida em 05 macroações, contando com três

etapas com a participação popular: 1 Proposta Metodológica; 2 Diagnóstico; 3 Estratégias de

Ação. Os resultados sinalizam haver uma participação popular ativa e que as opiniões

contribuíram para encontrar o déficit habitacional. Recomenda-se que os outros Municípios

sigam as propostas metodológicas participativas desse plano para a garantia dos direitos e

transparência nos gastos da gestão voltados para as políticas urbanas.

Palavras-chave: Plano habitacional de interesse social. Participação popular. Gestão

Democrática.

¹ Licenciada Plena em Letras/Inglês; Especialista em Linguística Textual; Mestre em Ciências da Educação;

Doutoranda em Ciências da Linguagem; Membro do Fórum de Diversidade Cultural do Amapá; Professora do

Centro de Ensino Superior do Amapá-CEAP. E-mail: [email protected]

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PREPARATION OF HOUSING PLAN OF SOCIAL INTEREST:

OPPORTUNITIES AND CHALLENGES IN POPULAR PARTICIPATION IN

THE CITY OF SANTANA / AP

Márcia Cristiane da Silva Galindo ¹

ABSTRACT

The research in question focuses on the possibilities and challenges of popular participation in

Santana municipality the 03 steps Development of Social Interest Housing Plan, the

methodological strategies include proposals and the search for the solution of the housing

shortage problem in the city. The overall objective is to analyze these possibilities and

challenges sure that popular participation inferred within the methodological strategies

offered in the construction of the Municipal Housing Plan of social interest . And your

specific goals : a) ascertain whether the steps of the construction of PMHIS was popular

effective participation in decision making ; b) identify what were the social actors in building

the PMHIS ; c) assess whether public participation contributed to building the PHMIS

effectively and capturing the real problem of the city. The theoretical references were divided

into three chapters with a qualitative and quantitative approach; the methodology of the work

was divided into 05 macroações, with three stages with popular participation: 1

Methodological Proposal; 2 Diagnosis; 3 Action Strategies. The results showed that there was

a popular active participation and opinions contributed to finding the housing deficit. It is

recommended that other municipalities follow the participatory methodological proposals of

this plan to guarantee the rights and transparency in the management of expenses facing urban

policies.

Keywords: Housing Plan of social interest. Popular participation. Democratic Management.

¹ Licenciada Plena em Letras/Inglês; Especialista em Linguística Textual; Mestre em Ciências da Educação;

Doutoranda em Ciências da Linguagem; Membro do Fórum de Diversidade Cultural do Amapá; Professora do

Centro de Ensino Superior do Amapá-CEAP. E-mail: [email protected].

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1 INTRODUÇÃO

Os índices de qualidade de vida habitacional apontam melhoras nas últimas décadas

em boa parte do mundo, inclusive no Brasil, que possui uma grande parcela da população

brasileira vivendo em situação de precariedade urbanística e vulnerabilidade socioambiental.

Um quadro de desenvolvimento econômico equitativo e ambientalmente sustentável passa

pelo atendimento das necessidades habitacionais brasileiras, com a eliminação dos déficits de

novas moradias e das condições inadequadas de habitação. Viera 2009, afirmar que, não pode

haver argumentos para a recusa de financiamentos para a melhoria da qualidade de vida nas

cidades, frisando-se que devem ser melhorias planejadas para os territórios, para uma positiva

reestruturação, que além do claro benefício dos cidadãos, é também um investimento com

retornos em termos de demandas dos mercados, que refletem positivamente em várias áreas.

A implementação dessas novas políticas de habitação deve ocorrer por meio de um

planejamento estratégico do setor e a ferramenta indicada para tal são os Planos Habitacionais

de Interesse Social (PLHIS), que não poderá deixar de fora o Estado do Amapá e o local da

pesquisa Santana (segundo maior município do estado), desenvolvidos no âmbito dos

Governos Federal, Estadual e Municipal, que devem preferencialmente passar por um

controle e pactuação com a sociedade civil. A participação popular no caso dos PLHIS1 é de

suma importância, pois diferentemente dos Planos Diretores, os planos não precisam

obrigatoriamente ser transformados em lei, apesar de sua elaboração ser requisito obrigatório

para os municípios e Estados acessarem os recursos do FNHIS2, este “documento”, sem a

participação popular e sua apropriação, pode vir a integrar o “acervo” dos depósitos dos

governos, e seu conteúdo pode ser legado a se perder no tempo.

Esta pesquisa vai focalizar na construção do Plano Municipal de Interesse Social

(PMHIS)3 e tentar-se-á versar sobre as dificuldades de diagnosticar o cenário da problemática

habitacional no município de Santana/AP, bem como traçar alguns apontamentos no que

concerne a utilização do plano para o planejamento municipal, partindo de uma gestão

democrática dentro das políticas públicas locais. Sabe-se que no estado e no município os

espaços habitados são precários, com moradias autoconstruídas e formadas a partir da

ocupação de terrenos públicos ou privados e muitas vezes invasões nas áreas de ressacas.

Portanto, as 03 questões norteadoras deste artigo partiram da problemática citada e busca a

comprovação da pesquisa: 1 Houve a participação popular efetiva na construção do PMHIS?

1 PLHIS- Plano Local de Habitação de Interesse Social

2 FNHIS- Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

3 PMHIS- Programa Municipal de Habitação de Interesse Social

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2 Quais os atores sociais envolvidos neste processo para garantia da democracia na gestão

pública? 3 Quais as possibilidades e desafios apontadas através da participação popular para

capturar os problemas do município relacionados a habitação de interesse social?

Partindo da problemática, entende-se que, a pobreza, o desemprego e a desigualdade

social são fatores fundamentais para o surgimento e o agravamento da crise de moradias nos

municípios, a dinâmica habitacional não pode ser avaliada apenas a partir da ótica da

distribuição de renda. Mesmo nos países desenvolvidos, em que os rendimentos se distribuem

com maior equidade, a intervenção pública no campo da moradia tem sido fundamental para

garantir o acesso universal da população a esse bem. Verifica-se, assim, a necessidade da

integração efetiva entre a política habitacional, a política urbana e as políticas sociais de um

modo geral. Isso faz com que, além da possibilidade da produção direta de novas unidades

habitacionais, a intervenção também tenha dimensões da sociedade civil através da

participação popular.

O trabalho tem como objetivo geral: analisar as possibilidades e desafios que a

participação popular inferiu dentro das estratégias metodológicas oferecidas na construção do

Plano Municipal Habitacional de Interesse social. E seus objetivos específicos: a) averiguar se

nas etapas da construção do PMHIS houve a participação popular efetiva nas tomadas de

decisões; b) identificar quais foram os atores sociais na construção do PMHIS; c) avaliar se a

participação popular contribuiu para construção do PHMIS de maneira eficaz e capturando o

problema real da cidade.

O artigo também foi divido em três capítulos: 1 Plano de habitação de interesse

social: breve histórico que abrange; 2 Captação de recursos para o plano habitacional de

interesse social para os munícipios e 3 Participação popular na construção do plano

habitacional de interesse social no município, que serão descritos no decorrer da pesquisa.

A metodologia da pesquisa foi realizada em 03 etapas com a participação popular: 1

Proposta Metodológica - Os procedimentos para elaboração do plano e os mecanismos de

efetivação da participação da sociedade do processo de construção do Plano. Produto:

Proposta metodológica e memorial e material comprobatório da participação popular. 2

Diagnóstico - Conteúdo: quantificação e qualificação da oferta e das necessidades

habitacionais e identificação dos limites e potencialidades dos quadros político-institucional e

financeiros existentes no governo local. Produtos: Diagnóstico do setor habitacional, memória

e material comprobatório da participação popular. 3 Estratégias de Ação - Conteúdo: Plano

de Ação, que norteará o desenvolvimento de projetos habitacionais, a alocação de recursos,

assim como a aplicação, definição ou revisão dos marcos regulatórios e legais. Produto:

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Estratégias de ação, com a definição de princípios; objetivos, programas, ações, metas,

recursos, fontes de financiamento, indicadores e formas de monitoramento, avaliação e

revisão. Espera-se que os resultados obtidos busquem solucionar a problemática proposta.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PLANO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: breve histórico

A Constituição Federal de 1988 traz como um direito fundamental, o direito à

moradia, cravado como cláusula pétrea no texto constitucional. É importante frisar

que a moradia entra como direito social por meio de uma emenda constitucional (n°

26/2000), fruto de luta dos movimentos sociais. Art. 6º. São direitos sociais a

educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência

social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na

forma desta Constituição. (BRASIL, 1988)

O crescimento das cidades acontece na medida em que o “desenvolvimento das

forças produtivas é suficiente, no campo, para permitir que o produtor primário produza mais

que o estritamente necessário à sua subsistência” (SINGER, 2002, p.9). De acordo o ponto de

vista do autor, entende-se que o crescimento das cidades é possível se a divisão do trabalho

entre campo e cidade ocorre. Isso explica porque no Brasil, ao início do século XX, suas

cidades apresentavam baixo grau de urbanização – grande parte da população vivia inserida

em uma economia de subsistência, desintegrada de qualquer divisão supralocal (nacional ou

internacional) de trabalho. Por se tratar de um direito fundamental, goza o direito à moradia

de aplicação imediata, conforme disposto no § 1º do artigo 5º da Constituição. Não depende

assim, de qualquer regulamentação para que seja efetivado.

Precisa-se mencionar que, também como um direito fundamental, a Constituição

assegura a todos o direito à propriedade, determinando, ainda, que ela deverá cumprir com

uma função social. “Art. 5º.- XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – A

propriedade atenderá a sua função social”. (BRASIL, 1888).

Estes dois dispositivos devem ser entendidos de forma conjunta: a função social é

parte integrante do próprio conteúdo do direito de propriedade. Isto é, tal direito inexiste se

não estiver corroborado pelo exercício de tal função. A Constituição Federal, ao garantir o

direito de propriedade, condicionou seu exercício ao atendimento de uma garantia maior, qual

seja, a realização e/ou o atendimento de sua função social.

Buscando a proteção do direito à moradia das pessoas que vivem nos assentamentos

precários, a Constituição Federal adotou também a usucapião urbana e a concessão especial

de uso para fins de moradia (artigo 183), que foram regulamentados pela Lei Federal de

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desenvolvimento urbano, denominada Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001)4, e pela

Medida Provisória nº 2.220 de 2001. Além disso, de forma a efetivar o direito à moradia, a

Constituição previu instrumentos como o plano diretor, o parcelamento e a edificação

compulsórios, o imposto sobre a propriedade imobiliária urbana progressiva no tempo e a

desapropriação com títulos da dívida.

Segundo o próprio documento Ministério das Cidades, 2004:

“É coerente com a Constituição Federal, que considera a habitação um direito do

cidadão, com o Estatuto da Cidade, que estabelece a função social da propriedade e

com as diretrizes do atual governo, que preconiza a inclusão social, a gestão

participativa e democrática”. (p.29)

Nesse sentido, visa promover as condições de acesso à moradia digna a todos os

segmentos da população, especialmente o de baixa renda, contribuindo, assim, para a inclusão

social. Outro ponto fundamental para construção do Plano é o conhecimento sobre a Política

Fundiária, a PNH o Ministério das Cidades, 2008, salientar seu papel estratégico para a

implantação da Política Nacional de Habitação, especialmente nos aspectos relacionados aos

insumos para a realização de programas habitacionais nos municípios. Para que se viabilize é

“Elemento básico dessa política a implementação de instrumentos como os Planos

Diretores Municipais – que garantam a função social da propriedade urbana –, os de

regularização fundiária – que ampliem o acesso da população de menor renda à terra

urbanizada –, bem como a revisão da legislação urbanística e edilícia, tendo em vista

a ampliação do mercado formal de provisão habitacional” (BONDUKI,ROSSETTO

E GHILARDI, 2007).

A formulação e a implementação da nova PNH dependem fundamentalmente de três

eixos: política fundiária, política financeira e estrutura institucional. A Política Nacional de

Habitação é regida pelos seguintes princípios (BRASIL, 2008). Direito à moradia, enquanto

um direito individual e coletivo, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na

Constituição Brasileira de 1988. O direito à moradia deve ter destaque na elaboração dos

planos, programas e ações; moradia digna como direito e vetor de inclusão social garantindo

padrão mínimo de habitabilidade, infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade,

transporte coletivo, equipamentos, serviços urbanos e sociais; Função social da propriedade

urbana buscando implementar instrumentos de reforma urbana que possibilitem melhor

ordenamento e maior controle do uso do solo, de forma a combater a retenção especulativa e

garantir acesso à terra urbanizada; questão habitacional como uma política de Estado, uma

vez que o poder público é agente indispensável na regulação urbana e na regulação do

mercado imobiliário, na provisão da moradia e na regularização de assentamentos precários,

4 Lei 10.257/2001-Visa estabelecer diretrizes gerais da Política Urbana e especialmente regulamentar o artigo

182 da Constituição Federal, fixando os princípios, objetivos, diretrizes, e instrumentos de gestão urbana.

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devendo ser, ainda, uma política pactuada com a sociedade e que extrapole mais de um

governo; gestão democrática com participação dos diferentes segmentos da sociedade,

possibilitando controle social e transparência nas decisões e procedimentos.

O Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), constituído pela Lei

Federal n° 11.124/05 é resultado do projeto de lei de iniciativa popular apresentada ao

Congresso Nacional em 1991. Os recursos do FNHIS são aplicados de forma descentralizada,

por intermédio dos entes locais que aderirem ao Sistema, assegurando o atendimento

prioritário às famílias de menor renda por meio de uma política de subsídios. (SAULE

JÚNIOR, ET AL, 2005, p. 160)

É de fundamental importância conhecer as Leis que contribuíram para a construção

do PLHIS:

A Lei 9.514 de 1997, que além da instituição do SFI, disciplina o instrumento da alienação fiduciária;

A aprovação do Estatuto da Cidade, em 2001, Lei nº. 10.257;

A criação do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) e o estabelecimento do

regime de afetação (MP 2.212/01, regulamentada somente em 2004, Lei 10.931), além do

aperfeiçoamento dos instrumentos do SFI – LCI e CCI (MP 2.223/01);

A instituição do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), em 2004 (Lei nº. 10.859), e o

estabelecimento da isenção de imposto de renda sobre ganhos de capital na venda de imóveis de

qualquer valor desde que o valor recebido seja utilizado na compra de outro imóvel em um período

máximo de 180 dias (MP 252);

A Resolução nº 460, de 14 de dezembro de 2004, cuja vigência teve início em maio de 2005,

estabelecendo novas diretrizes para aplicação dos recursos do FGTS, destacando-se a nova

distribuição entre as áreas orçamentárias que garante a alocação de 60% para Habitação Popular,

30% para Saneamento Básico, 5% para Infraestrutura Urbana e 5% para Habitação/Operações

Especiais, e instituindo, ainda, novo modelo de concessão dos descontos dirigidos (subsídios) a

financiamentos a pessoas físicas com renda familiar mensal bruta de até R$ 1.500,00;

A Lei 10.931 de 2004, que estabeleceu o patrimônio de afetação, com regime especial de tributação e

o valor incontroverso nos contratos de financiamento;

A criação, em 2005, do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e do Fundo

Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), Lei nº. 11.124.

Assim, o Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no

Plano Diretor, exige do proprietário do solo urbano seu adequado aproveitamento, isto é, que

os proprietários utilizem socialmente seus imóveis. Se o proprietário não edificar, não utilizar,

nem atuar para regularizar a situação de subutilização, cabem ao Poder Público promover o

parcelamento ou edificação compulsórios.

O Estatuto das Cidades criou ainda alguns instrumentos de participação popular na

gestão das cidades. Dentre estes, pode-se citar os debates, audiências e consultas públicas,

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assim como os conselhos de política urbana e as conferências nacionais, estadual e municipal

sobre assuntos de interesse urbano. Além disso, há referências à gestão orçamentária

participativa e ao estudo de impacto de vizinhança.

Todos estes instrumentos, na realidade, buscam efetivar o direito de todos a

participar da cidade, de forma inclusiva e sustentável. Assim, tanto a realização das

Conferências das Cidades quanto à criação e manutenção dos Conselhos das Cidades são

obrigações do Poder Público nos âmbitos municipais, estaduais e federal, constituindo, dessa

forma, espaços de articulação e participação da sociedade civil que deve ser respeitado e

efetivado.

2.2 CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA O PLANO HABITACIONAL DE INTERESSE

SOCIAL PARA OS MUNÍCIPIOS

O Ministério das Cidades (2008), a elaboração dos PLHIS “tem como objetivo

específico viabilizar recursos financeiros para a realização das ações e atividades necessárias

à formulação ou implementação de investimentos habitacionais que garantam dignidade às

pessoas, em especial, às famílias de baixa de renda”, e dentre as diretrizes de elaboração

colocadas - que têm relação direta com a participação popular - destacam-se (1) a necessidade

de “incentivo à gestão democrática e ao controle social, por meio de processos participativos

no planejamento e na gestão do setor habitacional, especialmente no que tange à habitação de

interesse social”, e (2) a “sensibilização e estímulo à participação de todos os agentes públicos

e privados, da sociedade organizada, dos setores técnicos e acadêmicos na formulação e

implementação do Plano Habitacional de Interesse Social”.

A Prefeitura Municipal de Santana através da Portaria de nº. 137/2008 Criou a

Coordenação de Trabalho do Plano Habitacional de Interesse Social com o objetivo de

Elaborar o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social em três etapas (proposta

Metodológica, diagnóstico do Setor Habitacional e a Estratégia de Ação); estruturar e nortear

os procedimentos a serem adotados em cada etapa; Estabelecer as diretrizes e objetivos que

nortearão o PMHIS, conforme estabelecido na Política Nacional de Habitação, no Plano

Diretor Participativo e nos eixos de desenvolvimento previsto no Programa de Aceleração do

Crescimento – PAC. As coordenações serão formadas por membros do CTPHIS5 (Prefeitura

Municipal de Santana (PMS), Consultoria do CEAP6 do curso de Arquitetura e Urbanismo e

5 CTPHIS-Consultoria Técnica do Programa de Habitação de Interesse Social

6 CEAP- Centro de Ensino Superior do Amapá, Intituição de ensino superior constituída no ano de 1992, no

município de Macapá/AP.

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Sociedade Civil). Optou-se por desenvolver uma metodologia que garanta a maximização do

aproveitamento dos recursos institucionais da Prefeitura. Assim, procura-se garantir o

envolvimento do corpo técnico que deverá implementar as ações a serem definidas no plano

como forma de promover a sua adequação à realidade local, a sua exequibilidade e a sua

efetividade como instrumento de ação. Os coordenadores foram escolhidos pelos seus pares

entre os membros da CTPHIS. Procedimentos para a Execução das Etapas e produtos do

PMHIS: Etapa I – Elaboração da proposta metodológica; Etapa II – Desenvolvimento do

diagnóstico do setor habitacional; Etapa III - Elaboração das Estratégias de Ação. Foi

elaborado um termo de referência constando as etapas para elaboração do plano, advindo de

uma demanda espontânea.

O termo de referência foi um instrumento fundamental no processo de captação de

recursos, determinou o alcance dos objetivos propostos, que devia ser preciso e ter sua

fundamentação, pois ninguém irá alocar recursos em alguma atividade que não seja válida e

convincente. A administração desse termo foi um processo de tomadas de decisões que

envolveram o uso de recursos, para realização das atividades propostas, com o objetivo de

fornecer um resultado, esse resultado foi dividido em 03 produtos físicos. (MAXIMIANO,

2002, p. 41).

A diversidade regional do Município foi um dos princípios para a aprovação e

captação de recursos para a elaboração do PMHIS, seguindo a tipologia determinada pelo

Ministério das cidades. Entretanto, para que o município tivesse acesso aos recursos do

FNHIS é obrigatório, conforme a lei, o desenvolvimento do PLHIS - Plano Local de

Habitação de Interesse Social que deverá contemplar as especificidades do município (ou

localidade) diagnosticando a demanda atual e projeções futuras. A Caixa Econômica Federal

além de ser órgão integrante do SNHIS juntamente com o Ministério das Cidades, Conselho

das Cidades, Conselho Gestor do SNHIS fica com o cargo de analisar, aprovar e liberar

recursos para o desenvolvimento dos PLHIS nos municípios que aderirem ao sistema. No

caso do município de Santana o termo de referência foi aprovada e efetivada a elaboração do

mesmo com a obrigatoriedade da participação popular.

2.3 PARTICIPAÇÃO POPULAR NA ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL

A partir do início do processo de redemocratização do país em 1985, a palavra e o

conceito da participação ganhou uma amplitude inédita para quem trabalha no setor público e

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no terceiro setor. Participação passou a ser um conceito tão comum nos debates, nos textos,

nos projetos e sites. (BROSE, 2001)

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a política habitacional é de

competência comum entre União, Estados e Municípios. Já a Constituição Estadual de São

Paulo, em seus artigos 181 e 182, definiu a competência municipal para o desenvolvimento de

políticas habitacionais de interesse social, especificando a construção de conjuntos, a

regularização e urbanização de assentamentos e loteamentos irregulares, com a melhoria das

condições habitacionais e de saneamento básico.

Por sua vez, a Lei Orgânica Municipal. LOM, em seu artigo 167, estabelece que é de

competência do Município com relação à habitação: elaborar a política municipal de

habitação, integrada à política de desenvolvimento urbano, promovendo programas de

construção de moradias populares, garantindo-lhes condições habitacionais e de infraestrutura

que assegurem um nível compatível com a dignidade da pessoa humana; instituir linhas de

financiamento bem como recursos a fundo perdido para habitação popular; gerenciar e

fiscalizar a aplicação dos recursos destinados a financiamento para habitação popular;

promover a captação e o gerenciamento de recursos provenientes de fontes externas ao

Município, privadas ou governamentais; promover a formação de estoques de terras no

Município para viabilizar programas habitacionais. Parágrafo único - Para o cumprimento do

disposto neste artigo, o Município buscará a cooperação financeira e técnica do Estado e da

União. Do ponto de vista jurídico, orientam as intervenções da política habitacional:

“As definições e dispositivos constantes no Estatuto da Cidade, que outorgam

concessões especiais de uso para fins de moradia social e possibilitam melhores

condições de implementação em benefício da qualidade urbana e, as legislações

municipais que regem o uso e ocupação do solo, a produção habitacional e seus

aspectos de segurança e bem-estar, controle de energia e proteção ambiental”. (Lei

nº 10.257, 2001)

De acordo com Jaenisch et al (2010), os índices de qualidade de vida apontam

melhoras nas últimas décadas em boa parte do mundo, inclusive no Brasil, mas ainda tem

uma grande parcela da população brasileira vivendo em situação de precariedade urbanística e

vulnerabilidade socioambiental. Um quadro de desenvolvimento econômico equitativo e

ambientalmente sustentável passa pelo atendimento das necessidades habitacionais brasileiras,

com a eliminação dos déficits de novas moradias e das condições inadequadas de habitação.

Segundo o Ministério das Cidades (2008), a elaboração dos PLHIS “tem como

objetivo específico viabilizar recursos financeiros para a realização das ações e atividades

necessárias à formulação ou implementação de investimentos habitacionais que garantam

dignidade às pessoas, em especial, às famílias de baixa de renda”, e dentre as diretrizes de

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elaboração colocadas - que têm relação direta com a participação popular - destacam-se (1) a

necessidade de “incentivo à gestão democrática e ao controle social, por meio de processos

participativos no planejamento e na gestão do setor habitacional, especialmente no que tange

à habitação de interesse social”, e (2) a “sensibilização e estímulo à participação de todos os

agentes públicos e privados, da sociedade organizada, dos setores técnicos e acadêmicos na

formulação e implementação do Plano Habitacional de Interesse Social”.

No atual contexto de transformações das políticas públicas municipais, a elaboração

de Planos Locais de Habitação de Interesse Social se faz presente na regulação local, por meio

de uma maior responsabilização dos municípios pela elaboração e implementação de políticas

públicas, como a urbana e habitacional, bem como na relação com os marcos legais: a

Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Cidade de 2001, a criação do Ministério das

Cidades em 2003, da Política Nacional de Habitação de 2005, do Sistema Nacional de

Habitação de 2006 e do Plano Nacional de Habitação de 2008, bem como dos Planos

Diretores Municipais, elaborados na última década. (Neto e Moreira 2010).

Os Planos Locais de Habitação de Interesse Social vêm a ser o instrumento para a

execução da política urbana, notadamente no tratamento das questões de habitação de

interesse social do município. Eles têm como finalidade a construção de propostas para

reverter o quadro habitacional municipal. Para isso, são empreendidos esforços para

apresentar soluções a diversos problemas habitacionais, sejam eles associados à ocupação

irregular, a melhoria da qualidade habitacional e a promoção de novas unidades habitacionais.

(Neto e Moreira 2010).

É de fundamental importância garantir a participação democrática de todas as

pessoas nas diversas etapas de construção do PMHIS, pois dessa participação depende a

qualidade e a real necessidade de ações que visem atender principalmente as famílias

socialmente mais vulneráveis de hoje e das futuras gerações.

O Plano de Habitação de Interesse Social tem que ser um plano participativo que

deve agregar os diversos agentes sociais relacionados ao setor habitacional. A participação

popular vai possibilitar ao município saber exatamente as condições quantitativas e

qualitativas das Habitações de Interesse Social, ou seja, quantas pessoas possuem casas,

quantas não; quantas moram em casas alugadas, em cômodos cedidos e quantas famílias

moram em cada casa. Será conhecida a qualidade de moradia dos habitantes do município,

carência de serviços de infraestrutura, e regularização fundiária, isto é, quem possui

documentação do imóvel. De posse destas informações o PLHIS, com a participação da

população, apontará caminhos para o município propor, incentivar e executar ações que

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venham a melhorar a vida de seus moradores, sendo importante ressaltar que as cidades que

possuem PLHIS terão prioridade na distribuição dos recursos na área de habitação.

A participação popular, em um sentido amplo, pode ser entendida como:

[...] um processo de tomada de decisão aberto à cidadania, envolvendo temas que,

direta ou indiretamente, afetam a vida de grupos e indivíduos no uso e apropriação

de um determinado território urbano [...] (POZZOBON, 2008, p. 20).

A participação popular no planejamento urbano remonta ao final dos anos 1960 e

início dos 1970, com iniciativas europeias e norte-americanas (FAINSTEIN, 2000;

HORELLI, 2002). O método mais frequente para o envolvimento dos cidadãos tem sido as

reuniões presenciais, nas quais os projetos e seu potencial impacto são apresentados e

discutidos (INNES; BOOHER, 2004; HANSEN; REINAU, 2006).

Contudo, para Hansen e Reinau (2006), esse método apenas informa o público de

uma decisão prévia e pede comentários, que podem ou não ser levados em conta. Ainda

segundo os autores, a interação entre as autoridades e os cidadãos nessas reuniões é bastante

limitada, pois poucas pessoas se envolvem realmente, a menos que haja uma oposição forte

contra alguma proposta. Apesar das críticas, variações desse método são amplamente

utilizadas em vários contextos (INNES; BOOHER, 2004; SOUZA, 2005; VILLAÇA, 2005;

HANSEN; REINAU, 2006; RANDOLPH, 2008).

A democracia somente se concretiza com participação cidadã no processo político,

muitas vezes impregnado de conteúdo ideológico e utilizado de várias formas, desde as ações

coletivas do movimento popular para reivindicar políticas públicas mais coerentes, que

atendam as necessidades da população, até a manipulação da participação para finalidade

política. (HERMAMS, 2004)

Em relação à elaboração aos planos habitacionais participativos, pode-se contatar

que, a rigor, não é implementado um plano estratégico senão um conjunto de projetos, de

caráter estratégicos, sempre sob responsabilidade direta da organização executora. Ao plano

estratégico para as questões habitacionais, como organização cabem as funções de

monitoramento, coordenação e integração do plano. Tendo como foco integrar a sociedade

civil, os conselhos e as ONG’s para uma participação efetiva nas tomadas decisões numa

gestão participativa.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

O desenho da metodologia do projeto caracterizou-se sendo na sua natureza básica,

pois objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática

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prevista.Quanto aos objetivos como exploratória, pois busca, conforme afirma Sampieri,

Collado et al Lucio (2006), examinar um tema pouco estudado, com o propósito de obter

imersão inicial para gerar conhecimentos que permitam uma maior familiarização com o

fenômeno estudado e descritiva sem formulação de hipóteses. A coleta de dados ocorreu no

período de outubro de 2009 a maio de 2012, de acordo com os instrumentos informados para

a realização fiel dos acontecimentos reais desta sociedade baseadas em fontes seguras de

informação que fundamentaram esta descrição.

Este artigo teve como suporte procedimentos técnicos tais como: a pesquisa

bibliográfica e documental. Contando com artigos e periódicos. Apresentando fielmente o

paralelo entre a teoria e os dados da coleta da investigação da pesquisa a fim de realizar uma

análise das possibilidades e desafios na elaboração do plano habitacional de interesse social

com a participação popular.

O enfoque da pesquisa de acordo com a sua relevância abordou os métodos

qualitativos e quantitativos que para Malhotra (2006), a pesquisa qualitativa tem como

objetivo alcançar uma compreensão qualitativa das razões, ou seja, apenas uma compreensão

inicial do problema estudado, e a quantitativa têm como objetivo quantificar os dados e

generalizar os resultados da amostra para a população-alvo e os resultados recomenda uma

linha de ação final, dividindo-se em duas etapas: a) uma pesquisa típica de enfoque

quantitativo, no caso aplicação de questionários e entrevistas semiestruturados com questões

abertas e fechadas; contando com os atores sociais: os conselhos estaduais e municipais,

ONG’s, técnicos de diversas áreas e sociedade civil; b) uma pesquisa de enfoque qualitativo

utilizando como instrumentos, técnicas de análise documental através de relatórios técnicos,

cartas críticas, termo de referencial aprovado pelo Ministério das cidades e das Leis que

fortalecem a elaboração do plano.

A aplicação desses instrumentos: questionários e entrevistas semiestruturas foram

escolhidos devido serem de enfoque quantitativo mais utilizado para a coleta de dados e por

ser muito variado na sua medida. Constituídos de questões abertas e fechadas. Fato este, que

permite ao pesquisador ter liberdade na maneira como vai coletar as informações, além de

possibilitar que os objetivos possam ser alcançados por meio das perguntas realizadas no

mesmo, Sampiere (2006, p. 337). A vantagem de se utilizar este instrumento é poder aplicá-lo

com várias pessoas ao mesmo tempo, possibilitando a economia de tempo, algo que é

imprescindível para o pesquisador. Os referidos questionários passaram pela validação de um

mestre da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

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Acredita-se que a utilização dos esses métodos utilizados nesta pesquisa, contribuirá

para um melhor resultado e para que nenhuma indagação fique com dúvidas ou sem resposta,

já que por meio das técnicas de coleta de dados inerentes a cada enfoque o pesquisador poderá

obter informações que se complementam e auxiliam na solução do problema da pesquisa.

O local da pesquisa foi em Santana, que se constitui como o segundo município do

Estado do Amapá em densidade demográfica, com um ritmo acelerado de crescimento. Em

2007, Segundo o IBGE (2007), havia uma população de 92.098 habitantes. A elaboração do

Plano Municipal de Habitação de Interesse Social (PMHIS) teve como proponente a

Prefeitura Municipal de Santana.

A metodologia foi dividida em 05 macroações: a) ações informativas; b) I etapa –

proposta pedagógica; c) II etapa – diagnóstico do setor habitacional; d) III etapa – estratégias

de ação e e) lançamento da revista.

Quadro 1: Aspectos metodológicos utilizados na elaboração e execução do PMHIS

METODOLOGIA PARTICIPATIVA DE ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DO PLANO MUNICIPAL HABITACIONAL DE

INTERESSE SOCIAL DO MUNICÍPIO DE SANTANA/AP

Macroação Atividades Realizadas Data N° de Participates

AÇÕES

INFORMATIVAS

1° - Encontro de

sensibilização para elaboração do PMHIS

07/10/2009 49 Participantes no evento e 51 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

ETAPA I

Proposta metodológica 1° - Seminário 06/10/2010

55Participantes no evento e 45 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

ETAPA II

Diagnóstico do Setor

Habitacional

1° Reunião 13/04/2011 72 Participantes no evento e 28 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

2° Reunião 20/04/2011 91 Participantes no evento e 09 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

3° Reunião 27/04/2011 72 Participantes no evento e 28 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

4° Reunião 30/04/2011 90 Participantes no evento e 10 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

5° Reunião 20/05/2011 21 Participantes no evento e 79 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

6° Reunião 21/05/2011 59 Participantes no evento e 41 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

7° Reunião 25/05/2011 24 Participantes no evento e 76 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

8° Reunião 28/05/2011 100 Participantes e todos os Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 participantes.

1° Audiência Pública 24/06/2011 76 Participantes no evento e 24 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

ETAPA III

Estratégias de Ação

Reunião de Trabalho 21/11/2011 25 Participantes no evento e 75 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

2° Audiência Pública 28/11/2011 62 Participantes no evento e 38 Questionários aplicados in loco,

totalizando 100 questionários aplicados.

Lançamento da Revista PMHIS

02/05/2012 300 atores sociais receberam o produto

TOTAL GERAL DE PARTICIPANTES 1.600

Relatório técnico SEMIP/AP

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20

4 RESULTADOS

4.1 A PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS ETAPAS DA CONSTRUÇÃO DO PMHIS.

Foram produzidas 08 cartas críticas com as reivindicações das populações. Os

resultados obtidos foram:

ITEM PROBLEMÁTICAS MANIFESTAÇÕES

01 Regularização dos lotes urbanos que não estão sendo utilizados 05

02 Inexistência de Projetos de Moradia 04

03 Lotes de Terras de grandes empresas sem previsibilidade de uso 01

04 Construção de habitações em lotes inapropriados (áreas de ressacas) 03

05 Especulação imobiliária 01

06 Passarelas deterioradas 05

07 Ocupação de área de marinha (não titulação da área) 01

08 Inexistência e/ou abandono de áreas de lazer (Praças) 02

09 Segurança Pública 04

10 Alagamento de habitações construídas em áreas de ressacas durante o

período chuvoso

12

11 Doenças 07

12 Saneamento Básico (Tratamento de agua, Coleta de Lixo, Esgoto) 39

13 Poluição Sonora 01

14 Desemprego 02

15 Coabitação 04

16 Limpeza dos Canais 01

17 Iluminação Pública e Oscilação de Energia 03

18 Inexistência de Posto de Saúde 06

19 Precariedade dos serviços de transporte coletivo 03

20 Escolas 02

Foram selecionadas as palavras-chave das cartas críticas que melhor representaram

as decisões dos participantes, Conforme o gráfico 1 abaixo, constatou-se também a

manifestação de diversas questões sobre os problemas encontrados no Município de Santana.

Dentre as problemáticas levantadas pelos participantes das reuniões, algumas se destacaram,

tais como saneamento básico, alagamento de habitações localizadas em áreas de ressacas no

período chuvoso, tratamento de água, inexistência de água encanada, dentre outros.

Gráfico 1: Detalhamento das problemáticas encontradas no Município de Santana/AP.

Quadro 2: Problemáticas nas cartas de questões críticas

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COORDENAÇÃO GERAL (CG)

Coordenação de

Mobilização

Comunitária

(CM)

Coordenação de

Coleta e

Sistematização de

Informações (CSI)

Coordenação de

Comunicação

(CC)

Coordenação de

Bairro (CB)

Verificou-se que o item mais questionado, nos debates com a comunidade foi quanto

ao Saneamento Básico com 39%, pois existe uma parte considerável da população santanense

que é desprovida deste serviço, isto é, em muitos domicílios as fossas são a céu aberto, os

dejetos são lançados nos igarapés ou em áreas inapropriadas e o tratamento de água é

precário.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DO PMHIS

A metodologia desse artigo previu ações que objetivaram promover a participação da

sociedade civil no processo de construção do Plano de Habitação de Interesse Social, devendo

essas ações estar contempladas e detalhadas:

Figura 1: Estrutura de Coordenação e Organização para Elaboração do PMHIS.

A criação das coordenações de Mobilização Comunitária (CM), que foi ser exercida

e liderada por um membro da CGFMHIS onde esta ajudou a preparação das reuniões e a

articulação com lideranças comunitárias a fim de garantir a presença de diferentes segmentos

sociais nas discussões. A Coordenação de Bairro (CB), que teve a função de fazer coleta de

informações e realizar o processo de divulgação nos bairros, através dos respectivos líderes

comunitários, além de dar apoio às demais coordenações. Esta Coordenação foi constituída

através de eleição na primeira reunião da elaboração da proposta metodológica.

Das 05 Coordenações criadas, 02 foram pensadas para ajudar participação popular

com a identificação e sensibilização dos diversos segmentos da sociedade, inclusive aqueles

que representam os grupos sociais em situação de vulnerabilidade sócio habitacional, para

participação efetiva no processo de construção de todas as etapas do Plano, ajudando na

divulgação e nas realizações de capacitações e oficinas, nas reuniões para levantamento dos

problemas, interesses e potencialidades do município e contribuindo para a transparência nas

apresentações dos resultados e dos produtos no final de cada etapa. A participação popular

ocorreu de acordo com os seguintes atores:

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22

Quadro 3: Participação popular (atores sociais e institucionais) ATORES INSTITUCIONAIS

ATORES SOCIAIS

Órgãos da Administração Direta

(Secretarias, coordenadorias, diretorias)

Setor de Planejamento

Setor de Controle Urbano

Setor de Meio Ambiente

Setor de Saneamento Integrado

Setor de Finanças

Órgãos Estaduais e Regionais responsáveis

pela área habitacional

Ministério Público

Poder Legislativo

Associações de Moradores

Universidades

Movimentos Ambientalistas

Associações de Classe

Associações de Moradores – Representantes de

Bairros, moradores locais,

Universidades – Universidade Federal do Amapá e

Centro de Ensino Superior do Amapá

Movimentos Ambientalistas – Conselho Municipal de

Meio Ambiente

Associações de Classe – Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA e

Conselho Regional dos Corretores – CRECI

Coordenação de Bairros

Conselho Municipal de Política Urbana - CMPU

Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação de

Interesse Social – CGFMHIS

Relatório técnico SEMIP/AP

Neste contexto, é válido apontar que, nas Políticas Urbanas têm-se atores que são

primordiais nas discussões e definições de metas a serem alcançadas para o bom

desenvolvimento do Setor Habitacional. Para a comprovação da participação destes

seguimentos foi criado um plano de mídia para a mobilização social, um canal de

comunicação para divulgação das etapas de elaboração do Plano Habitacional de Interesse

Social para os diversos segmentos da sociedade. Os materiais utilizados foram: rádio, tv,

camisas, faixas, folders, informativos, regimentos, cartilhas, banners, convites, certificados e

revistas.

4.3 POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA

CONTRIBUIÇÃO DO PMHIS CAPTURANDO O PROBLEMA REAL DA CIDADE

De acordo com a participação popular ativa obtivemos três instrumentos de avalição

neste quesito, que forma uma entrevista semiestruturada, e dois questionários (um

socioeconômico e um de satisfação).

Diante das possibilidades e desafios citados pela população nas respostas das

entrevistas, pôde-se observar a ocorrência de dificuldades e entraves para a composição dos

produtos, na medida em que não cumpriram o tempo estabelecido para as entregas previstas

no termo de referência inicialmente aprovado.

Para a realização do Plano foram convidadas mais de 5.000 pessoas nas três etapas

desse processo, sendo que destes, tiveram presentes 1600. Os indicadores avaliativos

apresentados nos questionários de satisfação foram baseados nos parâmetros da eficiência e

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eficácia. Os objetivos foram avaliados dentro dos aspectos qualitativos e quantitativos, sendo

classificados da seguinte forma: notas de 0% a 70% (bom) e notas de 71% a 100% (ótimo).

As análises foram baseadas no quantitativo de pessoas participantes no plano. Onde

as variáveis avaliadas foram: equipe técnica, consultoria, mobilização popular, cronograma de

eventos, plano de mídia e proposta metodológica forma satisfatórias dentro do proposto na

proposta metodológico.

Quadro 4: Resultados obtidos nos questionários

AVALIAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PMHIS

DESCRIÇÃO

AVALIAÇÃO

QUALIDADE

(Objetivos)

AVALIAÇÃO DE

RESULTADOS

(Produto)

AVALIAÇÃO DE

IMPACTO (Mobilização

Social)

Equipe técnica 55,1% 75% 52%

Consultoria 71,4% 68% 50%

Mobilização Popular 69,4% 75% 62%

Cronograma de Eventos 66,7% 75% 63%

Plano de Mídia 51% 80% 70%

Produto (Proposta

Metodologia) 51% 80% 70%

Após computada a amostragem dos questionários socioeconômico finalmente

obteve-se o déficit habitacional do Município levando em consideração todos os dados

coletados através da participação social.

Tabela 1: Demonstrativo do déficit habitacional no Município de Santana- AP

LOCALIDADES

DÉFICIT HABITACIONAL *

PROGRAMA

MINHA CASA

MINHA

VIDA**

DEMANDA

AGRUPADA

GRUPO DE

LOCALIDADES

DÉFICIT

GERAL

POR

GRUPO

Déficit por

Incremento

Déficit por

Reposição DÉFICIT

TOTAL

Dos Remédios

Baixada do

Ambrósio Provedor

684

571

216

180

382

180

864

953

396

384

(***)

261

1248

953

657

GRUPO 1

2858

Fonte Nova

Paraíso

Comercial*

108

108

SR

180

108

SR

288

216

SR

228

175

384

516

391

384

GRUPO 2

504

Nova Brasília Central

Hospitalidade*

Elesbão Daniel

Novo Horizonte

Fortaleza Anauerapucú

Igarapé do Lago

Pirativa Ilha de Santana

Vila Amazonas

Piaçacá

108 108

36

21 36

72

0 15

9

3 0

0

0

72 36

72

30 104

0

0 3

9

9 6

0

0

180 144

108

51 144

72

0 18

18

12 6

0

0

141 168

115

110 8

42

78 0

0

0 0

0

0

321 312

223

161 152

114

78 18

18

12 6

0

0

GRUPO 3

753

TOTAL 2095 1375 3592 2094 6443 3396

NOTA: (*) Número de Moradias

(**) Número de Famílias Cadastradas

(SR) Sem Representatividade nas Reuniões de Bairros do PMHIS

3 Comercial exceto as habitações da área do Ambrósio

4 Hospitalidade exceto as habitações da área do Ambrósio

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Deste modo, acredita-se que o Plano Habitacional do Município de Santana

elaborado juntamente com a comunidade venha a surtir efeito ao nível das reflexões elencadas

no decorrer do processo de elaboração/construção, pois, além de se tornar um documento

materializado para se buscar recursos financeiros junto ao Governo Federal, o Município de

Santana teve a oportunidade de mapear todos os indicadores que se relacionam com a

habitação numa visão interdisciplinar, em outras palavras, de planejar o contexto habitacional,

conduzindo os atores institucionais e sociais para o processo de discussão.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para tanto, as discussões acerca da elaboração de ações voltadas para implementação

de políticas de redução da precariedade e resgate da cidadania dos amplos grupos

populacionais que enfrentam problemas de moradia, vem sendo pauta constante no Município

de Santana. Através da interlocução direta entre sociedade civil, órgãos de interesse e

finalidades comuns e gestores municipais foi definido o atual Plano Municipal de Habitação

de Interesse Social (PMHIS) onde, em uma ação inédita no município, foram propostas

políticas públicas habitacionais com a definição de estratégias gerais de ação, que nortearão as

tomadas de decisão governamental e orientarão o desenvolvimento de programas

habitacionais, os quais servirão de base para a alocação de recursos, assim como para a

aplicação e definição do marco regulatório e legal adequado à realidade local.

Esta pesquisa teve 03 questões norteadoras: 1 Houve a participação popular efetiva

na construção do PMHIS? 2 Quais os atores sociais envolvidos neste processo para garantia

da democracia na gestão pública? 3 Quais as possibilidades e desafios apontadas através da

participação popular para capturar os problemas do município relacionados a habitação de

interesse social?

O objetivo geral proposto foi analisar as possibilidades e desafios que a participação

popular inferiu dentro das estratégias metodológicas oferecidas na construção do Plano

Municipal Habitacional de Interesse social. E seus objetivos específicos para comprovação

das questões norteadoras: a) Averiguar se nas etapas da construção do PMHIS houve a

participação popular efetiva nas tomadas de decisões; b) Identificar quais foram os atores

sociais na construção do PMHIS; c) Avaliar se a participação popular contribuiu para

construção do PHMIS de maneira eficaz e capturando o problema real da cidade.

A Pesquisa foi positiva e sua comprovação baseou-se nas seguintes evidências:

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a) Averiguou-se que, em todas as etapas da proposta metodológica da construção do Plano a participação

popular ocorreu de maneira eficaz, identificando o maior problema habitacional do Município que é o

Saneamento Básico e ratificando com os dados técnicos obtidos pela Coordenação da PMS;

b) Ao identificar os atores do processo, observa-se claramente que todos os segmentos indicados pelo

Ministério das cidades compuseram a construção do plano de maneira satisfatória, os atores institucionais

interagiram com os sociais e puderam contribuir de forma igualitária nas três etapas ofertadas pela

proposta metodológica do plano e os que não compareceram nos dias dos eventos marcados, tiveram uma

visita técnica in loco para o preenchimento dos questionários e entrevistas. Garantindo assim a

legitimidade do percentual da amostragem habitacional do Município;

c) Quando avaliado se a participação popular contribuiu de forma eficaz para solucionar o déficit

habitacional local, foram também satisfatórias as evidências encontradas, pois na utilização dos três

instrumentos os resultados oscilam entre bons e ótimos. Mostrando-se que o PMHIS foi construído

através da participação popular e sua transparência foi aprovada por duas audiências públicas que levaram

a um plano de estratégia de ação para dez anos solucionar o problema de moradia em Santana.

Para constatação efetiva desta pesquisa, foram analisando as possibilidade e desafios

encontradas nos objetivos geral e específicos durante a coleta de dados, em função das

dimensões representadas pelos mesmos, evidenciaram-se alguns fatores que contribuem

eficaz e outros dificultaram a construção da elaboração do plano:

Possibilidades - 1) Inserção Regional; 2) Características do Município; 3) Condições

Institucionais e Administrativas; 4) Atores Sociais e Participação Popular; 5) Programas e

Ações; 6) Recursos Financeiros; 7) Marcos Regulatórios e Legais; 8) Oferta Habitacional; 8)

Necessidades Habitacionais; 8.1) Metodologia de Estimativa do Déficit Habitacional; 8.2) .

Resultados Encontrados.

Desafios – 1) Desconhecimento dos participantes das Leis que garantem a habitação

local;2) Falta de recursos para efetivação das ações, pois a captação só cobriu 60% das ações

previstas; 3) Demora do recurso federal cair na conta da gestão devido a inadimplência; 4)

Falta de planejamento de algumas secretárias, ou seja, informações não sistematizadas,

dificultou o diagnóstico local; 5) Capacitação da equipe técnica da PMS; 6) Pouca

participação do legislativo; 7) Não credibilidade da gestão pública para algumas instituições

sociais; 8) Difícil acesso a arquivos estaduais e 9) Prazo para fechamento das demandas.

Tendo em vista esse contexto, recomenda-se, para a concreta efetivação o plano, que:

1. Na mudança de gestor, que se respeito o trabalho construído com a voz de vários

atores locais;

2. Que a gestão pública e os conselhos voltados para urbanização municipal continue

aderindo cada vez mais a participação popular nas tomadas de decisões;

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3. Que o Governo do Estado e os outros municípios, tenha como espelho esse

projeto participativo;

4. Que a fiscalização em todos os âmbitos que tratem a politica urbana sejam de fato

fiscalizadas e efetivadas em suas práticas Federais, Estaduais e Municipais.

Sugerem-se estudos futuros que busquem produzir conhecimentos voltados para um

maior esclarecimento acerca dos impactos causados pela falta da ausência de políticas

públicas que possam amenizar os problemas intensificados pelo processo migratório

contribuindo assim de sobremaneira para que não de tenha no futuro, uma cidade

caracterizada pela desigualdade espacial recorrente no contexto urbano dos países em

desenvolvimento. Santana já apresenta espacialmente problema iniciais de desigualdade entre

alguns bairros. O plano de estratégia de ação executado de acordo com sua aprovação deverá

em dez anos solucionar essas demandas.

Esta pesquisa foi mais de que um trabalho de campo, ela plantou a semente da

mudança e a buscar pela tão sonhada habitação. O plano atingiu na sua totalidade 1.600

pessoas da zona urbana e rural do Município e vem apontar ações que tem em seu fim

garantir o direito à moradia digna, a qual se concretiza quando o cidadão tem acesso a bens e

serviços dignos. Possibilitou aos Técnicos das mais diversas áreas entrar em contato com as

problemáticas advindas da própria ausência de recursos que o Município apresenta para

investir no contexto habitacional.

Para a consolidação deste material, a Equipe Técnica Municipal montou diversas

vezes o que se chamou de “Força Tarefa”, envolvendo os setores afins da Prefeitura

Municipal de Santana para levantamento de dados técnicos. É válido mencionar que a

Coordenação Executiva de Projetos/SEMIP, através da mobilização e execução, demonstrou

grande interesse em efetivar com representatividade popular os eventos e a participação dos

conselhos, que constituíram todas as etapas do PMHIS, e não mediu esforços para as

macroações fossem realizadas com eficiência e eficácia.

7 REFERÊNCIAS

BONDUKI Nabil; ROSSETTO Rossella; GHILARDI Flávio Henrique. Política e Sistema

Nacional de Habitação, Plano Nacional de Habitação. Capacitação em Habitação de

Interesse Social – Curso de Nivelamento. IBAM/GEHAB, 2007.

BRASIL. Lei 10.931, de 2004. Estabeleceu o patrimônio de afetação, com regime especial de

tributação e valor incontroverso nos contratos de financiamento.

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BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de outubro de 2001. Regulamenta os artigos. 182 e 183 da

Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política de desenvolvimento urbano e dá

outras providências.

BRASIL. Lei nº 10.859. A instituição do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e o

estabelecimento da isenção de imposto de renda sobre ganhos de capital na venda de imóveis

de qualquer valor desde que o valor recebido seja utilizado na compra de outro imóvel em um

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