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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA
HISTÓRICA DO NOME
EM LATIM
ÓSCARINO DA SILVA IVO
As desinências casuais latinas indicam, aomesmo tempo, a função sintática e o númerogramatical das palavras. Não se pode dizer omesmo com relação ao gênero, pelo menos dosubstantivo. Nenhum morfema distingue o substantivo masculino nauta do substantivo feminino
ianuat ou dominus, masculino, de fagusf feminino . Pode-se afirmar que o nominativo masculino dominus é diferente, na sua desinência,do neutro templumt mas não cabe a mesma afirmação para as formas dominum e templumt deacusativo singular.
Há, contudo, na língua uma tendêncianatural para a sistematização. Pode-se verificar, por exemplo, que, desde os seus primór-dios, o latim tende a colocar no tema em -a-os substantivos de gênero feminino e no temaem -o- os masculinos, sempre que as palavrasindiquem seres de sexos opostos. E é no campodo adjetivo que essa tendência se manifesta de
122 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
forma clara e regular, em palavras do tipomagnus, -a, -um. Ê o determinante que precisao gênero do substantivo: poeta magnus ou fagusfrondosa. Mas nos temas em -i- e consoante,também o adjetivo não tem tal versatilidade,não distinguindo o masculino do feminino, masapenas o animado do inanimado, tipo facilis(masculino e feminino) e facile (neturo).
Se a igualdade de desinências do acusativosingular levou o masculino a absorver o neutro,o que na língua oral deve ter-se dado aindamuito cedo, a própria língua clássica registrapalavras femininas procedentes do neutro pluraldo tipo ganeaf -ae, ramenta, -ae, opera, -ae, aolado de ganeum, -i, ramentum, 4, opus, operis.E essa confusão entre o feminino em -a- e o
neutro plural dá frutos abundantes nas línguasromânicas.
A palavra variável comporta, na sua estrutura, uma divisão ampla em radical e desinências. O primeiro contém a idéia da palavra, noseu sentido primitivo ou marcado por idéiassecundárias e posteriores. As desinências indicam as categorias gramaticais a que pertencea palavra: o número, o caso, o gênero, o tempo, omodo, a pessoa. O radical pode conter apenasa raiz ou pode ter sua significação alterada porsufixos e prefixos.
Ao lado, porém, da tendência natural dalíngua para a criação de sistemas, outras forçasprovocam alterações que desfiguram sistemasjá existentes, levando a outros que os substi-
ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 123
tuam. As alterações f onéticas, devidas a causasdiversas, ora mais ativas, ora menos, são elementos atuantes ao longo de toda a vida deuma língua.
Assim, não trataremos aqui dos aspectosmorfologicos das formações nominais, como, porexemplo, a sufixação e a prefixação, mas apenasdas alterações históricas sofridas pelas desinências casuais dos nomes.
Era natural que, na evolução da língualatina, os casos sofressem mudanças constantesque viessem forçosamente comprometer todo osistema, até sua completa modificação no estágio românico.
Podemos levantar as desinências casuais em
várias fases da língua e compará-las entre si.É o que vamos fazer entre a fase primitiva e afase clássica da língua latina. Ficam aqui registradas as tendências evolutivas que a línguaescrita conteve até certo ponto, mas que nãopuderam ter freio no curso da língua oral.
A explicação parte do tema da palavra.Seguimos a ordem -a-, -o-, -u-, -e-, -i-, consoante,em virtude da relação desses temas com os doportuguês.1 No tema em consoante, pode oradical aparecer desprovido de qualquer afixo,
1. Também nos nossos trabalhos anteriores, Estudo progressivoda morfo-sintaxe latina, Imprensa Universitária, 1974 e Introduçãoao estudo do latim vulgar em Ensaios de Literatura e Filologia,Imprensa Universitária, seguimos o mesmo critério, levando-se emconta que os seis temas latinos reduzem-se a três no português:-o, -o, -e.
124 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
coincidindo, pois, o tema com o radical e coma raiz. São palavras-raiz: duc-s (duac); leg-s(lex); fios. Nos demais grupos, o radical recebepelo menos a vogai temática, a que tambémpodemos chamar pré-desinencial.
O português não conhece o tema emconsoante, pois seus nomes terminados em consoante, mesmo os que possuem uma só sílabadesprovidos de qualquer prefixo ou sufixo,possuem pelo menos a vogai temática, que desaparece no singular quando a consoante precedente tem condições de formar sílaba com avogai anterior. A vogai temática de flor, luz,dor, cor aparece, plena, no plural: flore-s, luze-s,dore-s, core-s, da mesma forma que a de capaz/capazes, trabalhador/ trabalhadores.
Examinaremos cada caso, no singular e noplural, apresentando o tema da palavra, o gênero,a desinência primitiva, a desinência ou terminação clássica, a forma clássica e a evoluçãohistórica. Em seguida, serão dadas as explicações necessárias.
NOMINATIVO SINGULAR
O nominativo latino clássico tem no tema
em -a uma quantidade breve. De um modo geral,porém, aceita-se um -ã longo primitivo, que teriaevoluído para -a breve, por força da lei daspalavras jâmbicas, isto é, a passagem do dissí-labo formado de - — (breve mais longa)para - ~ (breve mais breve). toga > tõgã, estendendo-se a todas as palavras. Essa quantidade
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128 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
longa seria justificada pelos dialetos osco eumbro e pelas outras línguas indo-européias,"mais cette théorie est fondée sur des exemplescontestables" .2 Ernout argumenta ainda que o -a(breve) é antigo, pelo menos nas palavras formadas pelo sufixo -ya e, a partir dessas palavras,a quantidade breve ter-se-ia estendido a todo ogrupo.
No tema em -o-, o masculino e o femininopossuem uma desinência primitiva s, acrescentada a um vocalismo breve. O neutro possui um-m, que deve ser originariamente de acusativo.
O nominativo em -er, quer no substantivo,quer no adjetivo, aparece sob a influência daconsoante -r: cai a vogai do tema e o s assimila-se ao -r. Havendo consoante anterior, o -rtorna-se uma soante, desenvolvendo-se posteriormente a vogai -e- por epêntese. A evolução, todavia, não é absoluta. A desinência -usconserva-se:
a) quando o -r provém de s por rota-cismo: numerus;
b) quando a penúltima sílaba tem comobase uma vogai longa ou um ditongo: taurus,austèrus, secürus;
c) quando a penúltima sílaba é breve e apalavra é dissilábica: uerus, ferus.
Nestas condições, a palavra uir é uma exceção. Possivelmente, sua evolução tenha sido oresultado de uma influência analógica dos nomes
2. A. Ernout, Morphologie historique du latim, p. 18.
ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 129
de parentesco do tipo pater, mater ou da palavramulier.
O latim primitivo apresenta, ainda, umnominativo em -is nos nomes formados por meiodo sufixo -yos: Valeris — Valerius.
O tema em -u- tem essa vogai originaria-mente longa, como resultado da evolução dogrupo -eu para -ou e depois para -u. O paralelismo desse tema com o tema em -o leva a
desinência de nominativo a abreviar-se. O neutro
aparece empregado muito raramente no singular, principalmente em nominativo e acusa-tivo. Além disso, somente duas palavras, genue cornu, conservam-se no tema em -u-. Gelu eueru são palavras geralmente substituídas pelascorrespondentes de tema em -o-, gelum, 4 euerum, 4; pecu dificilmente se emprega no singular, além de sofrer a concorrência da formade tema em consoante pecus, -oris. O vocalismoora é longo, ora é breve.
O nominativo do tema em 4-, conquantopossua normalmente a vogai breve, deve ter tidoa quantidade longa em um certo número depalavras, normalmente de sentido técnico, o queé comprovado pelo nominativo clássico uis, peloacusativo singular em 4m, como tussim, securim,febrim, e pela vogai longa dos derivados comofébrieulosos.
Nesse tema, se a penúltima sílaba é longapor natureza ou por posição, a vogai temáticacai: plêbis > plebs; prudentis > prudens. Tambémcai a vogai se é precedida por -r, sendo que,
130 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
neste caso, desenvolve-se um -e- por epêntese,conforme se vê no quadro. Conservou-se parao feminino a forma em 4s, tipo acris, mas taloposição genérica não tem apoio na fonética.Possivelmente tenha havido analogia com ostemas em -o/-a, do tipo ater, atra, atrum. Taldistinção não é absoluta. Ao lado do trifonepedester, pedestris, pedestre, o latim usa obiforme pedestris, -e.
A forma em -e é apenas o resultado daevolução do 4 temático: mari > maré. O -e finalcai quando precedido de -Z-. O sufixo -ar(i) éo resultado da dissimilação de -al(i).
Os nomes em -n são formados com o sufixo
primitivo -on/-en, com o vocalismo longo oubreve. Quando breve, aparece nos casos oblíquos a vogai alternante 4-: multitudo/multi-tudinis. Ê comum, aliás, nos temas em consoanteessa alternância, que pode ser de timbre, degrau reduzido e de grau zero. O quadro mostraas alternâncias. O elemento -n do sufixo -on
cai em nominativo.
O tema em -r e o tema em s confundem-se
nos casos oblíquos, em virtude da evolução, porrotacismo, do s intervocálico para -r. A analogia com os casos oblíquos pode levar o nominativo ao final em -r: arbos/arbor; honos/honor.
Nos temas em consoante, o nominativo sóapresenta desinência nos temas em dental, velare bilabial e, assim mesmo, no gênero animado.Todos os neutros da 3* declinação, quer do tema
ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 131
em consoante, quer do tema em 4-, têm desinência ZERO em nominativo singular. No temaem consoante, alguns neutros podem perder aconsoante final, tipo lact > lac. No tema emdental, o -s, que é a desinência específica dotema em consoante, assimila essa dental. A
forma miless é atestada em Plauto. A velar
-g torna-se surda e combina-se com a desinência: -g-s> -cs/x. As bilabiais conservam-sediante do s, conquanto haja formas atestadasde passagem de -b para -p. É um caso de ensur-decimento. A analogia, contudo, com os demaiscasos restabelece o -b.
VOCATIVO SINGULAR
O vocativo, como caso independente, praticamente desapareceu no latim. Confunde-se, noplural, com o nominativo, em todos os temas.No singular, sua sobrevivência restringe-se aotema em -o-, ainda assim excluídos os nomes
do tipo puer. Sua característica é -e. Não pareceser uma simples desinência. É, quase certamente, uma vogai temática alternante -o / -e,que se conservou apenas no vocativo: dominus(<domin-às) /domine (<domin-e). Os nomespróprios em -ius e os nomes comuns filius egenius, que têm a mesma formação de vocativo,perdem o elemento -e: fíli-e > fili; Antoni-e >Antoni.
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134 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
No tema em -a-, a quantidade longa davogai temática no acusativo é atestada pelasoutras línguas indo-européias. Todos os adjetivos gregos em -<*, por exemplo, têm essa vogailonga em todos os casos, com exceção apenasdo nominativo plural. No latim, a evolução dalonga para breve i-àm > àm; -üm > üm; -êm > em;4m>ím) explica-se muito bem, porque qualquervogai longa em sílaba final travada abrevia-se,excetuando-se apenas o caso de travamento por-s: amas / amãt (amãre).
No tema em -o-, o acusativo em -om aparece nos textos arcaicos.
A conservação do acusativo 4m de umcerto grupo de palavras deve-se à sua quantidade inicial longa. No caso do 4- breve, háevolução de 4m para -em por analogia com ostemas em consoante. A desinência primitiva dostemas em velares, dentais e bilabiais era -w ou,possivelmente, v>>
Somente se pode explicar a desinência snos adjetivos neutros do tipo prudens, quer emnominativo, quer em acusativo, como uma extensão do masculino. A desinência primitiva deviaser zero.
GENITTVO SINGULAR
A desinência s de genitivo do tema ein -a-é indo-européia. Aparece normalmente no grego:ávoçãç, tv(Í)jitiç. Conserva-se no latim arcaico e aparece em toda a latinidade em expressões esterio-tipadas: pater famílias. A desinência 4 provém,
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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 137
por analogia, do tema em -o-, possivelmenteatravés do emprego constante e necessário doadjetivo masculino de tema em -o- ao lado dosubstantivo de tema em -a-, ou talvez por influência do masculino sobre o feminino, estendendo-seo fenômeno aos substantivos. Em inscriçõesde Cápua e de Roma aparecem formas em que ogenitivo em -ae se combina com a antiga formaem s: Pesceniaes, Laudicaes, Aquittiaes. (Cf.Ernout, Recueil)
No tema em -o-, alguns autores contestama tese de que o -* do genitivo provenha de -oi.A desinência ligar-se-ia diretamente ao radical . De fato, o latim arcaico faz distinção entreo 4 longo primitivo e o ditongo -ei, que tambémevolui posteriormente para 4 longo. E Ernoutlembra muito bem que em nenhum texto arcaicoencontra-se registrado o genitivo em -ei. Poroutro lado, esse genitivo em 4, de origem obscura,que alguns supõem um sufixo de valor adjetivo,só aparece no Céltico e no Itálico. No grego, porexemplo, o genitivo é de formação diferente,embora muito complicado. A língua homéricatem os finais -ow> e -oo- O dório faz regularmenteo genitivo em -© e o ático em -ov «-oo). Na opinião da maior parte dos latinistas, o genitivo singular teria sua origem na desinência -osyo. Dequalquer forma, a área latina é um desvio.
O tema em -u- apresenta a quantidade longano genitivo singular. Esse -u longo provém deuma forma primitiva -eu, que evolui para -ou.A essa vogai temática acrescenta-se a desinência
138 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
s. Senatus aparece em todos os textos arcaicoscom o genitivo em -os, senatous, o que significaa influência dos temas em consoante, comumtratamento dialetal alternante da desinência:-es/-os. Não são também estranhas as formasarcaicas em 4s: domuis, senatuis* No neutro,o genitivo tende a perder a desinência s:genus > genu.
No tema em -e-, a desinência primitiva é -s,desinência que Lucrécio emprega: rabies. A desinência 4 entra no tema em -e- por analogiacom o tema em -o-, possivelmente depois dacontaminação do tema em -a- com o qual otema em -e- compartilha os nomes de sufixo-ye- / -ya-: materies /matéria; rabies / rábia.
A escansão do genitivo -ei pode ser feitacom a separação do grupo em duas sílabas oucom o valor de uma só. Por isso é que Vergílioemprega a forma dii de genitivo (Eneida 1,636).
Nos temas em-ie consoante, a influênciade um sobre o outro é constante. A desinência
-es evolui para is, e, sob a influência desta última,abrevia-se a vogai do tema em 4-, prevalecendoa desinência -is de genitivo, comum aos doistemas. O genitivo com a alternância -os encontra-se em formas dialetais.
DATIVO SINGULAR
O dativo apresenta um 4 (longo) em todosos temas, com exceção do tema em -e-, onde équase certamente breve.
3. Cf. AULTJS Gellus, 4. 16, 5, apud ERNOUT, MorphologieHistorique ãu latin. p. 67.
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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 141
A grafia -ei é largamente atestada empalavras dos temas em -u, 4- e consoante. Possivelmente o 4 do dativo dos temas em -a e -o
tenha a mesma origem.
No tema em -a, o 4 abrevia-se, formando
ditongo com o -a do tema. Em vários falareslatinos fora de Roma, há evolução de -ae para-e ou perda do 4. Convém lembrar que no períodoprimitivo da língua a diferença fundamentalentre o dativo e o genitivo era a de que nesteo grupo -ai separava-se em duas sílabas e nodativo era monossilábico. Os dois casos só se
identificam após a evolução de -ai para -ae.
No tema em -o, essa vogai é longa no dativoe não se abrevia, forçando a queda do 4 final.O seu abreviamento redundaria na formação dogrupo -ei, que se reduziria a 4. A desinênciaantiga -oi é atestada. A redução de -õi a -õ segueo mesmo caminho do dativo grego, onde o iotasubscrito não é pronunciado.
O dativo do tema em -e- é muito poucoempregado. Sempre que possível, a língua prefere as formas supletivas do tema em -a-:materiae. O 4 desinencial normalmente forma
ditongo com o -e do tema. Ê comum tambémo dativo contrato em -e.
Os demais temas têm o dativo em -ei, queevolui naturalmente para -i. O dativo em -e dostemas em consoante que aparece em algumasinscrições deve ser um tratamento dialetal dogrupo -ei.
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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 143
O emprego, na poesia, de um dativo contrato em -u é o resultado de analogia com otema em -o. Nos neutros esse dativo é comum.
A desinência indo-européia -d é específicado tema em -o. Estendeu-se aos temas em -«»
-v-« ainda na fase itálica. O -d final precedidode vogai longa cai por volta do começo da épocahistórica. A vogai final não se abrevia, contudo, por força da lei do alongamento compensatório resultante da queda da consoante. Nãohá nenhum traço da extensão da desinência -dao tema em -e.
Nos temas em consoante não havia a desi
nência -d. A desinência -e pode provir, segundoalguns, da desinência 4 do locativo, desinênciaesta que provém de -ei ou de -oi. Seu abrevia-mento e passagem a -e resulta da própria faltada consoante final. Ou pode ser, segundo outros,a desinência de instrumental -e. Na época histórica, a desinência dos temas em consoanteestende-se ao tema em 4- (breve), por analogia: ciui > ciue / ciuitate. Conserva-se, todavia,a desinência 4 (longo) de ablativo nos adjetivos,nos neutros de tema em 4 e nos substantivos,geralmente femininos, que tinham o tema longo:facili / mari / puppi.
NOMINATIVO PLURAL
A desinência itálica comum do nominativo
plural do tema em -a- é -as (< -a-es) e do temaem -o- é -os (<-o-es). É tomada como nominativo plural de tema em -a- a expressão laetitias
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146 ENSAIOS DE LITERATURA E FILOLOGIA
insperatas de uma atelana de Pompônio. Todavia, há quem veja aí uma contaminação de umacusativo exclamativo. A desinência -ae (<-a4)é analógica de -oi, não se podendo afastar ahipótese da influência do dual: duae.
A desinência -os é a contração de -o-ese consérva-se nos outros dialetos itálicos. O
latim substituiu essa desinência indo-européiapela desinência -oi dos pronomes demonstrativos,desinência essa que assumiu a forma arcaica -eie posteriormente, na época republicana, 4. Nosdiversos f alares latinos, o nominativo plural em-eis, -es 4s, no tema em -o-, é corrente, principalmente nos nomes próprios. Possivelmenteuma contaminação de -ei com -os. Há quem supõeque o s provenha dos nomes de terceira decli-nação. (Cf. L. R. Palmer, Introducción, p. 244)
O plural neutro -a é um sufixo de coletivo.No tema em -o, liga-se diretamente ao radical.
O tema em -u- tinha a mesma desinência dos
temas em 4- e consoante. A desinência -us clás
sica é analógica do acusativo.A quantidade da vogai da desinência -es era
diferente: longa, no tema em 4- e breve, nostemas em consoante. A ação da analogia alongaa desinência dos temas em consoante. A presença do s final teria concorrido para que nãoocorresse o fenômeno contrário.
ACUSATIVO PLURAL
O gênero animado tem a desinência -ns paraos temas vocálicos e a desinência -ns para os
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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 149
temas em consoante. Nestes, desenvolve-se umavogai epentética -e-, inicialmente breve. A síncope do -n- intervocálico provoca o alongamentocompensatório da vogai. O mesmo fenômeno doalongamento ocorre no tema em 4- breve. Porefeito da analogia, sempre constante entre os doistemas, a desinência -« do tema em 4- é substituída pela desinência -ês do tema em consoante.Na época clássica, é comum o acusativo pluralem 4a no tema em 4- longo e nos adjetivos,principalmente nos autores arcaizantes.
O gênero inanimado tem a desinência -a,antigo sufixo de coletivo.
GENITIVO PLURAL
A desinência -som passou dos pronomes aosnomes de tema em -o- e estendeu-se aos nomes
de tema em -o-, atingindo ainda o tema em -e-,donde as terminações -ãrum, -õrum, -êrum. Entrevogais, o -s da desinência som passa a -r porrotacismo.
A desinência indo-européia do genitivo dosnomes é -õm, que se conserva nos demais temas.Pode-se, todavia, supor que no tema em 4- enos temas em consoante o vocalismo da desi
nência seja breve: -õm.
Algumas palavras compostas masculinas detema em -a-, com o segundo elemento -cola e-gena, do tipo agricola, Graiugena, podem conservar a desinência contrata -um, provenientede -ãrõm, conquanto tal desinência possa sertomada como uma influência do tema em -o-.
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ELEMENTOS DE MORFOLOGIA HISTÓRICA 151
A terminação -õrum é analógica de -ãrum.A desinência primitiva -õm conserva-se em latim,com o abreviamento da vogai, sendo cmumno latim arcaico. A linguagem religiosa e a dodireito conservam muitas formas em -um de genitivo plural: deum, triumuirum, nummum, etc.
No tema em -u-, a terminação -uum podecontrair-se em -um: manum, currum, passum.Isto pode dever-se a uma influência do temaem -o- ou mesmo ao dativo/ablativo, onde avogai -u- passa a 4- normalmente, estabele-cendo-se uma analogia com os temas emconsoante.
DATIVO E ABLATIVO PLURAL
A desinência -is é própria do tema em -o-que a recebeu do instrumental indo-europeu.Liga-se ao tema, dando a terminação -õ4s, queevolui para -eis depois do abreviamento da vogaitemática. A evolução para 4s vem em épocamais recente e a forma intermediária é ates
tada em muitas inscrições arcaicas. Passa ana-logicamente para o tema em -a-. A desinência-bhos encontra-se em algumas oposições degênero, tipo deis / deabus: filiis / filiabus.
Nos demais temas a desinência primitivaé -bhos. Nos temas em consoante, aparece umavogai de ligação, analógica do tema em 4-.A ligação direta da desinência ao tema emconsoante poderia gerar evoluções fonéticas quedesfigurariam quer o tema, quer a desinência.É normal no latim a preferência dada à vogaide ligação.
DATIVO
EABLATIVOPLURAL
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