Elizabeth Costello e a Crítica a Filosofia Tradicional

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    1/6

    . . . , - 253

    Elisabeth Costello e a crtica filosofia tradicional1 *

    Resumo Elisabeth Costello a personagem central do livro homnimo de John Maxwell Coetzee,

    considerado hoje um dos principais escritores de lngua inglesa. Dono de uma prosa reflexiva ou deuma meta-fico - uma fico filosfica - Coetzee convidado a proferir em 1997 duas conferncias

    versando sobre um tema tico relevante no tradicional encontro anual acadmico da Universidade dePrinceton, as Tanner Lectures. Ele escolhe a relao dos humanos com os animais. Para falar sobre osabusos praticados contra os animais pelos homens Coetzee escreve duas meta-fices cuja personagem

    principal a escritora australiana Elisabeth Costello que apresentar a palestra A vida dos animais, divididaem duas partes: Os filsofos e os animais e O poeta e os animais. O presente artigo apresenta e comenta

    os seus argumentos essenciais, voltados tica animal.Palavras-chave tica Animal. Literatura Contempornea de Lngua Inglesa.Peter Singer.

    Title

    Elizabeth Costello and the Criticism of Traditional PhilosophyAbstract Elizabeth Costello is the main character in the book with the same title by John Maxwell

    Coetzee, now regarded as one of the main writers in the English language. Commanding a reflexive proseand a meta-fiction a philosophical fiction - , Coetzee was invited in 1997 to produce two speeches on arelevant ethic theme in the traditional yearly meeting of Princeton University, the Tanner Lectures. He

    chose the relationship between humans and animals. In order to talk about animal abuses Coetzee writestwo meta-fictions whose main character is the Australian writer Elisabeth Costello, who will present the

    lecture Animal Life, divided into two sections: Philosophers and Animals, and The Poet and Animals.This article presents and discusses her essential arguments concerning animal ethic.

    Keywords Animal ethic. Vontemporary literature in the English language. Peter Singer, Animal Rights

    Data de recebimento: 26/05/2008.Data de aceitao: 27/06/2008.* Doutora em Filosofia, professora da Ps-Graduao Stricto Sensue da graduao em Filosofia da USJT.E-mail: [email protected]

    Convidada pelo Appleton College para participar

    da Conferncia Gates Anual,a escritora australiana

    Elisabeth Costello apresenta a palestra A vida dos

    animais,por sua vez dividida em duas partesOs

    filsofos e os animais e O poeta e os animais.

    Concentrarei minha exposio na crtica que

    Elisabeth faz, especialmente na primeira parte,

    Os filsofos e os animais, filosofia tradicional

    por no ter, ao longo de toda a sua histria, de-

    senvolvido uma reflexo sistemtica e rigorosa

    sobre a maneira pela qual ns, os animais huma-

    nos, nos relacionamos (muitas vezes de maneira

    to cruel e desigual) com os outros animais.

    Elisabeth vai mais longe: credita prpria filo-

    sofia (quer por omisso ou por ter elaborado as

    principais teses do especismo)2ter contribudo sig-

    nificativamente para a maneira com que ns nos

    apartamos da natureza e dos outros animais. Em

    outras palavras, a filosofia teria nos levado falsa

    crena de que no haveria nada de comum entre

    ns e eles3,a no ser nossa origem comum, fato este

    que no bastaria para criar qualquer identidade

    (empatia) alm da biolgica.

    O problema fundamental que se apresenta nas

    duas conferncias de Elisabeth Costello se existi-

    ria alguma forma, quer filosfica ou potica, de

    mudar a perspectiva ou a mentalidade humana em

    relao aos animais e, eu acrescentaria, em rela-

    o natureza .

    Trata-se, portanto, de averiguar se haveria algum

    tipo de conhecimento ou imaginao (no caso da

    poesia) que poderia nos levar a umaprofundacom-

    preenso, a uma compreenso pura(no impreg-

    nada de uma metafsica especista)5da vida animal

    que pudesse com isso servir para informara ma-

    neira pela qual devemos nos relacionar com eles.

    O que Elisabeth teria a dizer dessa compreensoprofundaepura?

    Segundo a premiada escritora australiana, a

    filosofia teria sido at aqui totalmente impotente

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    2/6

    254 Elisabeth Costello

    para servir de guia a uma nova perspectiva acerca

    do mundo animal. Justamente por constituir uma

    atividade que essencialmente apoiada na razo,

    desprezando todas as outras formas de pensa-

    mento, como a imaginao e o sentimento, a filo-sofia teria excludo aquilo que, segundo Elisabeth

    Costello, seria o nico caminho possvel para infor-

    mara maneira com que deveramos relacionar-nos

    com os animais. O caminho para chegar-se

    compreenso das atrocidades cometidas contra

    os animais, segundo Elisabeth, deveria passar no

    pela razo, mas pelo que ela chama de empatia,

    ou imaginao simpatizante.

    Para demonstrar a falncia da filosofia, Elisabeth

    cita os velhos filsofos e seus frgeis e discutveisargumentos filosficos, que, num certo sentido,

    parecem justificar certa concepo na qual os ani-

    mais so invariavelmente considerados inferiores

    aos homens. Para tais filsofos, como Toms de

    Aquino, Agostinho e Descartes, tal inferioridade

    creditada ao fato de que apenas ns, os humanos,

    possumos a faculdade da razo.

    Pois ser esta mesma razo que Elisabeth ir

    criticar, mostrando que ela incapaz de promo-

    ver uma nova perspectiva que mude a relao

    desigual entre os animais humanos e os no-

    humanos.

    Logo na abertura de sua conferncia, Elisabeth

    anuncia:

    Ao falar-lhes sobre a questo dos animais vou

    poup-los da fiada de horrores que vem a ser a

    vida e a morte deles. Embora nada me leve a

    crer que vocs tenham plena conscincia do que

    est sendo feito com os animais neste exato

    momento nas instalaes produtivas (hesito em

    continuar chamando esses lugares de fazendas),

    nos abatedouros, nos barcos pesqueiros, nos

    laboratrios, no mundo todo, vou admitir que

    vocs me atribuem a capacidade retrica de

    evocar esses horrores para apresent-los aqui

    com a devida fora (...) (Coetzee, 2003, p. 24).

    Mas os horrores no citados cometidos emcada caso de morte animal so em sua totalidade

    reunidos em uma comparao que evoca a pr-

    pria essncia do horror, o Holocausto:

    Entre 1942 e 1945 muitos milhes de pessoas

    foram mortas nos campos de concentrao do

    Terceiro Reich: s em Treblinka, mais de um

    milho e meio, talvez at trs milhes. (...) As

    pessoas que moravam no campo em torno deTreblinka, poloneses em sua maioria, disseram

    que no sabiam o que acontecia no campo. Dis-

    seram que, embora pudessem imaginar, no

    tinham certeza. Disseram que se, por um lado,

    podiam ter sabido, por outro, no sabiam, no

    podiam se permitir saber para se preservar

    (Coetzee, 2003, p. 24).

    Elisabeth relembra que sobre os campos de ma-

    tana ressoa com tamanha fora a linguagem doscurrais e dos matadouros que quase desnecessrio

    preparar o terreno para a comparao que estou

    prestes a fazer (Coetzee, 2003, p. 26). O crime do

    Terceiro Reich foi tratar as pessoas, os judeus, como

    animais: [...] Eles marcharam como carneiros para

    o matadouro. Morreram como animais. Foram

    mortos pelos aougueiros nazistas (Coetzee, 2003,

    p. 26). O que surpreende ainda, alm do horror do

    fato em si e da analogia, que todosos que comete-

    ram tais crimes e os que sabiam dessa matana e po-deriam ter feito algo (como a Igreja, por exemplo)

    nadafizeram. Assistiram terrvel matana em si-

    lncio. Exatamente como hoje fazemos com nossos

    irmos no-humanos, que, alm de serem mortos

    aps um longo perodo de confinamento e tortura,

    so cortados em pedaos, empacotados, congelados

    e vendidos, terminando a sua triste histria em nos-

    sos congeladores e frigideiras.

    O que Elisabeth quer denunciar :

    Que estamos cercados por uma empresa de

    degradao, crueldade e morte que rivaliza com

    qualquer coisa que o Terceiro Reich tenha sido

    capaz de fazer, que na verdade supera o que ele

    fez, porque em nosso caso trata-se de uma empre-

    sa interminvel, que se auto-reproduz, trazendo

    incessantemente ao mundo coelhos, ratos, aves e

    gado com o propsito de mat-los (Coetzee,

    2003, p. 27).

    Mas, consciente de que esse tipo de analogia

    serve mais a uma possvel radicalizao de posies,

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    3/6

    . . . , - 255

    Elisabeth afirma desejar encontrar um jeito de

    falar com meus semelhantes humanos que seja

    calmo e no inflamado, filosfico e no polmico,

    que traga iluminao e no diviso entre puros e

    pecadores, redimidos e danados [...] (Coetzee,2003, p. 27). Essejeito de falarcalmo e no pol-

    mico tem incio com a crtica concepo tomista

    de um Deus de razo, supostamente considerada

    fundamento e origem das nossas prprias con-

    cepes sobre os animais.

    Poderia contar a vocs, por exemplo, o que acho

    da tese de santo Toms de Aquino segundo a qual,

    j que s o homem feito imagem de Deus e par-

    ticipa da essncia de Deus, o modo pelo qual trata-

    mos os animais no tem nenhuma importncia,salvo na medida em que ser cruel com os animais

    pode acostumar-nos a ser cruis com os homens

    (Summa3.2.112, citada em Coetzee, 2003, p. 28).

    E qual a essncia de Deus? A essncia de Deus

    a razo. Como diz Elisabeth, Deus um Deus de

    razo. , portanto, a razo que nos separa dos ani-

    mais e nos autoriza a trat-los como bem enten-

    dermos, pois, excludos da participao do mundo

    racional divino, os animais no fariam parte do

    seu ser. Mas Elisabeth no acredita que a razo

    seja a essncia de Deus e tampouco a essncia do

    universo. Muito pelo contrrio, ela sustenta que a

    razo , no mximo, a essncia de certo domnio

    do pensamento humano. E por isso ela no ir se

    curvar razo. A linguagem da qual Elisabeth far

    uso no ser, portanto, a linguagem exclusiva-

    mente racional, mas uma linguagem do corao,

    da imaginao potica.

    O que entende Elisabeth por esse sentimento

    chamadopor ela deempatia ouimaginao simpa-

    tizante?A imaginao simpatizante colocar-se no

    lugar do outro e sentir a sua vida pulsando como

    se fosse a nossa. Mas seria possvel imaginar-se

    outro? Um outro humano ou um animal qualquer?

    Thomas Nagel afirmara em seu What Is It Like

    To Be a Bat? ser impossvel para ns, humanos,

    imaginarmos como ser um morcego6, isto como

    possuir outras percepes sensoriais, outra

    conscincia. Afirma Nagel, citado por Elisabeth:

    No ajuda nada tentar imaginar que, nos bra-

    os, temos membranas que nos permitem voar

    por a [...] pegando insetos com a boca; que te-

    mos viso deficiente, e percebemos o mundo ao

    redor por meio de um sistema de sinais sonoros

    de alta frequncia refletidos; e que passamos o

    dia pendurados pelos ps, de cabea para baixo,num sto. Na medida em que sou capaz de

    imaginar isso (que no muito), percebo como

    seria para mim me comportar como morcego.

    Mas a questo no essa. Quero saber como ser

    morcego para o morcego. No entanto, se tento

    imaginar isso, me vejo limitado aos recursos de

    minha prpria mente, e esses recursos so inade-

    quados para a tarefa (Nagel, 1979, p. 169, citado

    em Coetzee, 2003, p. 38-9).

    Negando Nagel, negando a impossibilidade de

    uma imaginao simpatizante,Elisabeth mostra que

    saber como ser um morcego muito simples:

    Ser um morcego vivo estar cheio de ser . Ser

    plenamente morcego igual a ser plenamente

    humano, o que quer dizer tambm estar cheio de

    ser. Estar cheio de ser viver como corpo-alma.

    Nosso nome para a experincia de ser pleno

    alegria. Estar vivo ser uma alma viva e somos

    todos animais , uma alma inserida num corpo.E no foi justamente isso que Descartes negou,

    que os animais tivessem uma alma? Ao comparar

    o animal a uma mquina, Descartes concebe-os

    como autmatos, puras engrenagens e mecanis-

    mos de natureza orgnica ou biolgica que se

    movimentam seguindo as mesmas leis da matria.

    Isso significa que eles no pensam, no possuem

    conscincia, no sabem o que lhes est acontecen-

    do quando so confinados, torturados, abatidos,

    explorados e abandonados aps envelhecer ou

    adoecer.

    Rebate Elisabeth:

    Ao ato de pensar, cogitao, oponho a pleni-

    tude, a corporalidade, a sensao de ser no

    uma conscincia de si mesmo como uma esp-

    cie de fantasmagrica mquina raciocinante

    pensando pensamentos, mas, ao contrrio, a

    sensao uma sensao pesadamente afetiva de ser um corpo com membros que tm uma

    extenso no espao, de se estar vivo no mundo

    (Coetzee, 2003, p. 41).

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    4/6

    256 Elisabeth Costello

    Se sou capaz de pensar a existncia de um ser

    que nunca existiu (como uma personagem de um

    conto), sou capaz de pensar a existncia de um

    morcego ou de um chimpanz ou de uma ostra,

    de qualquer ser que participe comigo do substratoda vida (Coetzee, 2003, p. 40).

    Ou seja, se sou capaz de pensar a minha prpria

    morte, sou capaz de pensar a morte dos animais. E

    to-somente esse pensamento, segundo Elisabe-

    th, que poderia alterar a maneira com que ns nos

    relacionamos com os animais no-humanos. As-

    sim, apenas a experincia da simpatia,do colocar-

    se no lugar do outropoderia gerar a compaixo e o

    respeito pelos animais.

    Isso significa que apenas a conscincia ideolgica,gerada pela mentalidade tica ou moral constitu-

    da na experincia da imaginao simpatizante

    poderia servir como guia para a ao humana em

    relao aos animais.

    A filosofia, arena por excelncia de um embate

    de razo, estaria, assim, incapacitada para fornecer

    uma mudana de perspectiva na maneira pela qual

    ns nos relacionamos com os animais.

    ***

    Mas quem Elisabeth Costello? Elisabeth a

    personagem central do livro homnimo de John

    Maxwell Coetzee, considerado hoje um dos prin-

    cipais escritores de lngua inglesa. Sul-africano

    nascido em 1940, Coetzee (68) recebeu o Nobel

    de literatura em 2003 e dois Booker Prizes, o pri-

    meiro em 1983, por Vida e poca de Michael K,e o

    segundo em 1999, por Desonra.

    Dono de uma prosa reflexiva ou de uma meta-

    fico uma fico filosfica , Coetzee convida-

    do a proferir em 1997 duas conferncias versando

    sobre um tema tico relevante no tradicional encon-

    tro anual acadmico da Universidade de Princeton,

    as Tanner Lectures.

    Coetzee escolhe a relao dos humanos com

    os animais. Para falar sobre os abusos praticados

    contra os animais pelos homens, Coetzee escreve

    no duas conferncias, mas duas metafices, cujapersonagem principal a escritora australiana

    Elisabeth Costello, uma senhora de 67 anos, adepta

    do vegetarianismo, avessa a ocasies pblicas, vaga-

    mente mal-humorada (Coetzee, 2003) e que est,

    assim como Coetzee, a caminho da velhice ela

    poderia ser o alter egode Coetzee, ou, pelo menos,

    a sua porta-voz. A histria, portanto, estrutural-

    mente construda por duas conferncias dentrode duas conferncias.

    Dialogando com os argumentos de Jeremy

    Bentham (1748-1832, o utilitarismo da mxima

    felicidade possvel ao maior nmero de pessoas),

    Mary Midgley (1919-), Tom Regan (1938-) e Peter

    Singer (e o princpio de igualdade de interesses),

    a Elisabeth de Coetzee radicaliza tais argumentos,

    sustentando uma viso despida de qualquer tipo

    de concesso ou desculpa que v contra a proibi-

    o do abate de animais para fins humanos dealimentao, experincias farmacuticas e cosm-

    ticas, vestimentas e acessrios.

    ***

    Na coletnea organizada por Amy Gutmann

    (Coetzee,2003), uma srie de reflexes ticas e

    filosficas sobre a palestra de Coetzee feita por

    diferentes especialistas. Um deles Peter Singer. Ao

    ser convidado a comentar as duas conferncias de

    Coetzee, Peter Singer cria um dilogo fictcio entre

    um filsofo tico e sua filha. Nesse dilogo, diz a sua

    filha (chocada com sua afirmao de que se poderia

    racionalizar sobre os prprios sentimentos, anu-

    lando-se com isso a tese central de Elisabeth):

    deixe de lado essa histria de quem pensa no

    sente. Eu sinto, mas tambm penso o que sinto.

    Podemos pensar sobre os nossos sentimentos.

    No podemos tomar os nossos sentimentos como

    dados morais, imunes a toda crtica racional

    (Singer, citado por Coetzee, 2003, p. 106).

    Em defesa de Elisabeth (ou de Coetzee), eu diria

    que no se trata de negar que se possa pensar sobre

    os prprios sentimentos. Ns vivemos fazendo isso,

    embora muitas vezes no tenhamos muita certeza

    de estarmos pensando no que sentimos ou se nosso

    pensamento no passa de uma extenso emocional

    de nossos sentimentos.

    Trata-se de formar o pensamento com base emsentimentos como se fossem insights,isto , lam-

    pejos de iluminao esclarecedora, considerando

    o impacto causado por eles na mente.

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    5/6

    . . . , - 257

    Trata-se da simples e conhecida frmulapensar

    com o corao. Isto , deixar a razo ser guiada por

    sentimentos, e no por argumentos estritamente

    racionais, sem exigir a princpio que no se possa

    pensaros sentimentos. Pois justamente isso que,a meu ver, Elisabeth e Coetzee esto querendo de-

    monstrar.

    Referncias bibliogrficas

    COETZEE, J. M. Org. e intr. de A. Gutmann A vida dos

    animais. So Paulo: Companhia das Letras, 2003 [inclui

    artigo de B. Smuts].

    __________. Elizabeth Costello. So Paulo: Companhia das

    Letras, 2004.

    MIDGLEY, M. Beast and Man: The Roots of Human

    Nature.Ed. revis. Routledge, 1995 [1 ed., 1978].

    __________. Heart and Mind: The Varieties of Moral

    Experience.Routledge, 1981.

    __________. Animals and Why They Matter: A Journey

    around the Species Barrier. University of Georgia Press,

    1983.

    __________. Wickedness:A Philosophical Essay. Routledge,

    1984.

    __________. The Ethical Primate: Humans, Freedom and

    Morality. Routledge, 1994.

    NAGEL, T. What Is It Like To Be a Bat?. In: MortalQuestions.Cambridge: Cambridge University Press,

    1979.

    REGAN, T. All that Dwell Therein: Essays on Animal Rights

    and Environmental Ethics, 1982.

    __________. The Case for Animal Rights.University of

    California Press, 1983 [1985, 2004].

    __________. Rights and Environmental Ethics.Nova Jersey:

    Prentice Hall, 2000.

    __________. Defending Animal Rights.University of Illinois

    Press, 2001.

    __________. Empty Cages:Facing the Challenge of Animal

    Rights. Lanham (Maryland): Rowman and Littlefield,2004.

    RYDER, R. D. Animal Revolution: Changing Attitudes

    towards Speciesism. Oxford: Basil Blackwell, 1989.

    __________. Painism: A Modern Morality. Londres: Open

    Gate, 2003.

    __________. Putting Morality Back into Politics,2006.

    SINGER, P. Animal Liberation:A New Ethics for our

    Treatment of Animals. New York Review/Random

    House, Nova York/Londres/Nova York/Londres/

    Londres: New York Review & Random House/Cape/

    Avon/Paladin/Thorsons, 1975/1976/1977/1977/1983.

    __________ . Libertao animal.Porto Alegre (RS): Lugano,2004 [1 ed. em ingls, 1975].

    __________. tica prtica. So Paulo: Martins Fontes, 2006.

    __________ .(ed.). In Defence of Animals. Oxford/Nova

    York: Blackwell/Harper & Row, 1985/1986.

    SINGER, P. (ed.). Animal Rights and Human Obligations:

    An Anthology. Coedit. por T. Regan. 2 ed. revis. Nova

    Jersey: Prentice-Hall, 1989 [1 ed., 1976].

    __________. (ed.). In Defense of Animals. The Second

    Wave.Oxford: Blackwell, 2005.

    SINGER, P.; DOVER, B.; NEWKIRK, I. Save the Animals!North Ryde (NSW): Collins Angus & Robertson, 1991

    [ed. australiana].

    Notas

    1Palestra proferida por ocasio do Minicolquio s

    Margens da Filosofia, da USJT, em 25/09/2008.

    2Assim como o sexismo ou o racismo, a discriminao

    especistapressupe que os interesses de um indivduo so

    de menor importncia pelo fato de pertencer a umadeterminada espcie (Ryder, 2003; idem,2006; Regan,

    1983; idem, 2000; idem,2001; Singer, 1976; idem,2004;

    idem,2006).

    3Isso fica bastante claro na lngua inglesa (na qual os

    animais foram, at mais ou menos o sculo XIX, concebidos

    como coisas desprovidas de sentimento, e no indivduos

    ou pessoas, isto ite no Sheou He.

    4Entendo por naturezaalgo semelhante idia dephysis

    dos gregos: o universo da vida em geral, humana, no-

    humana e vegetal, e o espao possvel para que ela ocorra, o

    mundo mineral. Mas entendo tambm aphysiscomo o

    espao no-fsico do nomossocial humano, das relaessociais humanas e no-humanas e das relaes sociais

    humanas e minerais (geogrficas, produtivas etc.). Essa

    uma das tantas maneiras de conceber-se o ambiente natural

    e a vida social.

    5Pergunto a todos vocs, que diferena h entre a discrimi-

    nao de povos baseada em sua etnia ou raa, chamada de

    racismo,a discriminao das mulheres, chamada de sexismo

    e a discriminao de certas espcies animais por parte dos

    homens, chamada de especismo?

    6Nagel (1979) est tentando responder questo o que a

    conscincia? Ele acredita que para podermos afirmar como

    ser um morcego, devemos ser capazes de experimentar ouvivenciar a vida do morcego por meio das modalidades

    sensoriais de um morcego, coisa que nos seria impossvel.

  • 7/25/2019 Elizabeth Costello e a Crtica a Filosofia Tradicional

    6/6

    258 Elisabeth Costello