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A inovação é um traço vital de
processos virtuosos de progresso
tecnológico, nos quais sistemas
de inovação têm papel fundamen-
tal. Universidades e institutos de
pesquisa, por um lado, e empre-
sas, por outro, estão entre os mais
importantes componentes desses
sistemas, e a interação entre eles
é característica de sistemas nacio-
nais de inovação bem-sucedidos
na promoção do desenvolvimento
econômico e social.
Com base em informações do
Diretório de Grupos de Pesquisas
do CNPq foram construídos ban-
cos de dados de grupos de pes-
quisa e empresas interativos. Os
resultados consolidados revelam
um padrão de interações ciência-
tecnologia ainda pouco explorado,
mas de grande potencial, tanto do
ponto de vista nacional quanto no
de estados e regiões. Estudos de
casos mostram que há fertilização
cruzada entre ciência e tecnologia
e que o papel das universidades
e dos institutos de pesquisa no
sistema nacional de inovação tem
sido subestimado.
Essa é a temática deste livro,
que tem como ponto de partida
uma visão histórica da criação de
instituições de ensino superior e
de pesquisa, bem como do de-
senvolvimento industrial no país,
permitindo colocar em perspecti-
va as capacitações científicas e as
demandas por novas tecnologias.
Em busca da inovação:INtErAçãO UNIvErsIDADE-EmPrEsA NO BrAsIl
ECONOmIA POlÍtICA E sOCIEDADE
Wilson suzigan Eduardo da Motta E albuquErquE silvio antonio FErraz Cario (Orgs.)
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Wilson suzigan é professor
do Departamento de Política
Científica e tecnológica do Insti-
tuto de Geo-ciências da Unicamp
e editor da Revista Brasileira de
Inovação. Coordenou o estudo
sobre Indicadores de Ciência,
tecnologia e Inovação em são
Paulo – 2010 e duas pesquisas
nacionais sobre Interação Uni-
versidade-Empresa, com apoio
do CNPq e da FAPEsP. É autor do
livro Indústria brasileira: origem e
desenvolvimento (Hucitec, 2000).
Eduardo albuquErquE é
professor do Departamento
de Ciência Econômicas e do
Cedeplar da UFmG. ministra
disciplinas como Economia da
Ciência e da tecnologia e Eco-
nomia Política do Capitalismo
Contemporâneo. Participou da
coordenação da pesquisa Inte-
ractions between Universities
and Firms: searching for Paths
to support the Changing role of
universities in the south, com
apoio do IDrC (Canadá), da
FAPEmIG e do CNPq.
silvio antonio FErraz cario
é professor dos cursos de gra-
duação e de pós-graduação em
Economia e de Administração da
UFsC. É membro do Conselho
do Departamento de Inovação
tecnológica dessa universidade.
Desenvolve estudos e pesquisas
nas áreas de economia industrial
e da inovação.
INtErAçõEs ENtrE UNIvErsIDADEs, INstItUtOs DE PEsqUIsA E
EmPrEsAs CONstItUEm ElOs FUNDAmENtAIs DE Um sIstEmA NACIONAl
DE INOvAçãO, E A ExIstêNCIA DE FlUxOs BIDIrECIONAIs DE INFOrmAçãO
E CONHECImENtO ENtrE EssAs INstâNCIAs CONstItUI A EssêNCIA
DO sIstEmA. EssE É O OBjEtO DE EstUDO DEstE lIvrO, qUE trAz Os
rEsUltADOs DE UmA AmPlA PEsqUIsA sOBrE O tEmA NO BrAsIl. Os 12
CAPÍtUlOs APrEsENtAm A EvOlUçãO HIstórICA DO sIstEmA DE CIêNCIA
E tECNOlOGIA NO PAÍs, qUEstõEs mEtODOlóGICAs ENvOlvIDAs NA
CONstrUçãO DA BAsE DE DADOs, E Um PANOrAmA DAs INtErAçõEs NOs
NÍvEIs EstADUAl E rEGIONAl, COm EstUDOs DE CAsOs IlUstrAtIvOs.
Este livro traz uma série de artigos que analisam as interações
de universidades e institutos de pesquisa com empresas no Brasil,
como partes constitutivas de relações que se firmam no âmbito de
um sistema nacional de inovação. Os textos presentes na obra tratam
de aspectos dessas interações e dos procedimentos metodológicos
para o tratamento dos dados procedentes do diretório dos grupos
de pesquisa do CNPq, além de identificar as características do inter-
câmbio entre universidades e empresas, em parâmetros estaduais
e regionais.
Os artigos apresentados aqui contribuem para avaliar, num
dado momento, o padrão de interação universidade-empresa no país,
mensurando a intensidade dos relacionamentos firmados e identi-
ficando as diversas disciplinas científicas valorizadas pelos setores
industriais. Além disso, colaboram para contrariar a visão de que as
universidades brasileiras são apenas formadoras de recursos huma-
nos; na verdade, elas são também formadoras de recursos técnicos
fundamentais para a inovação das empresas do país.W
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(Orgs.)
www.autenticaeditora.com.br
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Wilson Suzigan Eduardo da Motta e Albuquerque
Silvio Antonio Ferraz Cario (Orgs.)
Coleção Economia Política e Sociedade
Em busca da inovaçãoInteração universidade-empresa no Brasil
Copyright © 2011 Os organizadores Copyright © 2011 Autêntica Editora
Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
coordenador da coleção economia política e sociedade
João Antônio de Paula
equipe técnica de organização
Jônatan Zülow; Eder Caroni; Jussara Raitz
projeto gráfico de capa
Alberto Bittencourt
projeto gráfico de miolo
Conrado Esteves
editoração eletrônica
Christiane Costa Christiane Morais
revisão
Heloísa Alkimim
editora responsável
Rejane Dias
Revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
AutêntICA EDItorA LtDA.
Belo Horizonte
Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários30140-071 . Belo Horizonte . MGTel: (55 31) 3222 6819
Televendas: 0800 283 1322www.autenticaeditora.com.br
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Em busca da inovação : interação universidade-empresa no Brasil / Wilson Suzigan, Eduardo da Motta e Albuquerque, Silvio Antonio Ferraz Cario, [Orgs.] . -- Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2011. – (Economia Política e Sociedade, 3)
ISBN 978-85-7526-582-6
1. Ciência e tecnologia - Pesquisas 2. Conhecimento 3. Desenvolvimento industrial 4. Empresas industriais - Brasil 5. Inovação tecnológica 6. Interação universidade-empresa 7. Universidades e escolas superiores - Brasil I. Suzigan, Wilson. II. Albuquerque, Eduardo da Motta e. III. Cario, Silvio Antonio Ferraz.
11-10015 CDD-330.072081
Índices para catálogo sistemático: 1. Interação universidade-empresa no Brasil : Pesquisa industrial de inovação tecnológica :
Pesquisas econômicas 330.072081
Sumário
9 IntroduçãoWilson Suzigan Eduardo da Motta e Albuquerque Silvio Antonio Ferraz Cario
17 A interação entre universidades e empresas em perspectiva histórica no Brasil
Wilson Suzigan Eduardo da Motta e Albuquerque
45 Metodologia e apresentação da Base de Dados do Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica (CNPq)
Hérica Morais Righi Márcia Siqueira Rapini
73 Elementos para uma caracterização do padrão de interação universidade-empresa no Estado de São Paulo
Wilson Suzigan Marcelo Pinho Renato Garcia Hérica Morais Righi
109 Interação infraestrutura de Ciência e Tecnologia (C&T) e setor produtivo no Estado do Rio de Janeiro
Jorge Britto Pablo Felipe Bittencourt Wellington Marcelo Silva da Cruz
159 Ciência e tecnologia: a interação universidade-empresa no Estado de Minas Gerais
Fábio Chaves do Couto e Silva Neto Isabel de Azeredo Moura Luiza Teixeira de Melo Franco Priscila Gomes de Castro Soraia Schultz Martins Carvalho Vanessa Parreiras Oliveira
199 Interação universidade-empresa no Rio Grande do Sul: o caso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Achyles Barcelos da Costa Janaina Ruffoni Daniel Pedro Puffal
239 Características do padrão de relacionamento universidade-empresa no Estado do Paraná
Walter Tadahiro Shima Luiz Alberto Esteves Nilson Maciel de Paula José Gabriel Porcile Meirelles Fábio Dória Scatolin
275 Caracterização dos grupos de pesquisa das universidades e centros de pesquisa que mantêm relações interativas com empresas em Santa Catarina
Silvio Antonio Ferraz Cario José Antonio Nicolau Ricardo Lopes Fernandes Jônatan Zülow Andréia Cordeiro M. Lemos
311 A interação universidade-empresa no Estado do Espírito Santo
Ednilson Silva Felipe Márcia Siqueira Rapini
341 Demanda e oferta de tecnologia e conhecimento em região periférica: a interação universidade-empresa no Nordeste brasileiro
Ana Cristina Fernandes Bruno Campello de Souza Alexandre Stamford Silva
403 Interação das universidades, institutos e centros de pesquisa com empresas na região Centro-Oeste: experiências da Embrapa Cerrados
Carla Cristina Rosa de Almeida Luciano Martins Costa Povoa
429 Estudo sobre as interações universidades e institutos de pesquisa e empresas na região Norte do Brasil: uma caracterização preliminar
Silvio Antonio Ferraz Cario Ricardo Lopes Fernandes Pablo Felipe Bittencourt Éder Caroni Jônatan Zülow
461 Sobre os autores
9
IntroduçãoWilson Suzigan
Eduardo da Motta e AlbuquerqueSilvio Antonio Ferraz Cario
Este livroéoprimeiroresultadodeumapesquisamaisamplaquebuscacompreenderasinteraçõesdeuniversidadeseinstitutosdepesquisacomempresasnoBrasil,comopartesconstitutivasderelaçõesquesefirmamnoâmbitodeumsistemanacionaldeinovação.Nestesistema,ainteraçãodasproduçõescientíficaetecnológicadesempenhaimportantepapelparaageraçãodeprocessosinovativos.Aprimeiraaportanovosconhecimentosgeradospelosistemacientíficoeasegundaéresponsávelpelatransformaçãodessesconhecimentosemnovastecnologias.Sobestaperspectiva,aexistênciadecircuitosretroalimentadoresentreasduasdimensões–científicaetecnológica–éconsideradapositivaquandoosfluxosdeinformaçãoeconhecimentosedãonosdoissentidos.Asuniver-sidadeseosinstitutosdepesquisaproduzemconhecimentocientíficoqueéabsorvidopelasempresas,eestasacumulamconhecimentotecnológico,fornecendoquestõesparaaelaboraçãocientífica.
Nestecontexto,ainfraestruturacientíficaassumepapelrelevante,emparticularparaospaísesemdesenvolvimento,cujosistemanacionaldeino-vaçãoéconsideradoincompletodadooestágiodedesenvolvimentodesuaseconomiasedassuasinstituições.Talinfraestrutura,aogerarconhecimento,atuacomoinstrumentodefocalizaçãovoltadoaidentificarasoportunidadestecnológicasaseremaproveitadaspelopaís,bemcomomeiodeabsorçãodeconhecimentosaoestabelecervínculoscomaproduçãocientíficainterna-cional.Damesmaforma,éuminstrumentodeapoioaodesenvolvimentoindustrialporproverconhecimentosnecessáriosparaopaísreestruturarsetoresprodutivosexistentes,assimcomoparadesenvolvernovossetoresprodutivosconsideradostecnologicamenteestratégicos.
Osresultadosexpressosnestelivrocontribuemparaavaliar,numdadomomento,opadrãodeinteraçãodasuniversidadeseinstitutosdepesquisacomasempresasnopaís,tomandocomobaseasinformaçõesregistradas
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noDiretóriodosGruposdePesquisadoConselhoNacionaldePesquisaCientíficaeTecnológica(CNPq).ApartirdeinformaçõesfornecidaspeloslíderesdosgruposdepesquisaàPlataformaLattes,foramextraídosdadoseinformaçõesquepermitirammensuraraintensidadedosrelacionamentosfirmadoseidentificarasdiferentesdisciplinascientíficasvalorizadaspelosdiversossetoresindustriais.Asinformaçõessistematizadasnestaetapadapesquisamostraram-sefundamentaisparadesvendaravisãodequeasuniversidadesbrasileirasapresentamfunçõesalémdaqueladeformadoraderecursoshumanos.Damesmaforma,permitiramregistraraocorrênciadediferentestiposderelacionamento,emsuperaçãoàvisãodequeuniver-sidadeseinstitutosdepesquisaatuammaiscomoórgãosdeconsultoriasdoquedesubstituiçãoe/oucomplementaçãodeatividadesdepesquisaedesenvolvimento(P&D)dasempresas.
EsteestudointegraumprojetodepesquisacoordenadopeloprofessorRichardNelson,daColumbiaUniversity,emNovaYork,intitulado“A Pro-gram of Study of the Processes Involved in Technological and Economic Catch up”.Osresultados,alémdestesexibidosnestaobra,somadosaoutros,comoosdarealizaçãodeumsurveyarespeitodavisãodasempresassobreuniver-sidadeseinstitutosdepesquisanoBrasil,contribuirãoparaavaliaraspossi-bilidadesderealizaçãodeprocessosdecatching uptecnológicoeeconômicodopaísemrelaçãoàfronteiracientíficaetecnológicamundial.Paratanto,sobomesmopropósitotemáticojuntam-sequatroprojetosinstitucionaisdepesquisa,asaber:a)EditalUniversaldoCNPq,“InteraçõesdeUniversidadeseInstitutosdePesquisacomEmpresasnoBrasil”;b)InternationalDevelo-pmentResearchCentre(IDRC),Canadá,“Interactions Between Universities and Firms: searching for paths to support the changing role of universities in Latin America”;c)FundaçãodeAmparoàPesquisaCientíficaeTecnológicadoEstadodeSãoPaulo(FAPESP),“InteraçõesdeUniversidades/InstituiçõesdePesquisacomEmpresasIndustriaisnoBrasil”;eFundaçãodeAmparoàPesquisaCientíficaeTecnológicadoEstadodeMinasGerais(FAPEMIG),“OportunidadesaoDesenvolvimentoSócio-EconômicoeDesafiosdaCiênciaeTecnologiaedaInovaçãoemMinasGerais”.
Osresultadosalcançadosnaprimeirafasedeexecuçãodessesprojetosestãoexpressosnestelivro.Osdoisprimeirostextostratamdeaspectoshistó-ricosdainteraçãoentreuniversidadeeempresasnoBrasiledosprocedimen-tosmetodológicosparaotratamentodosdadosprocedentesdodiretóriodosgruposdepesquisadoCNPq.Ostextosseguintesabordamascaracterísticasdasinteraçõesdasuniversidadeseinstitutosdepesquisascomempresasnosníveisestadualeregional.Notocanteaosestudosestaduais,sãodestacadasasinteratividadesparaSãoPaulo,RiodeJaneiro,MinasGerais,RioGrande
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doSul,Paraná,SantaCatarinaeEspíritoSanto.Porfim,osestudosregionaisabarcamasregiõesNordeste,Centro-OesteeNortedopaís.
Oprimeirotexto,intitulado“AinteraçãouniversidadeseempresasemperspectivahistóricanoBrasil”,investigaasraízeshistóricasdaformaçãodeumpadrãomarcadapordebilidadeemtaisinterações,cujaimportantecausadecorredocarátertardiodacriaçãodasinstituiçõesdepesquisaeuniversidadesnoBrasiledaindustrializaçãobrasileira.Oestudorealizaesforçodeperiodizaçãodasdiversasondasdecriaçãoinstitucionaldeensinoepesquisanopaís.Igualmente,salientaaexistênciadepontosdeinteraçãolocalizadosentreasdimensõescientíficaetecnológica,cujossucessosdecorrem,emgrandemonta,dosesforçossistemáticosepersis-tentesdeconstruçãofeitosaolongodotempo.
Osegundotexto,“MetodologiaeapresentaçãodaBasedeDadosdoCensode2004doDiretóriodosGruposdePesquisadoConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq)”,partedaconstataçãodequeasinformaçõesexistentesconstituemimportanteinstrumentoauxiliarnacompreensãodainteraçãouniversidadeeempresanopaís,nomomentoconsiderado.Descreve-se,nessetexto,comoasinformaçõesdisponibilizadaspodemserusadasdeacordocomasvariáveisescolhidas,ométodoutilizadoparaaconstruçãodabasededadosapartirdasinformaçõesexistenteseoconjuntodeindicadoresencontradosparacaracterizarorelacionamentoentreuniversidadeeempresasnoBrasil.Ênfaseespecialédadaaosindicadoresqueexpressamgrau,densidadeetiposdeinteração,comotambémasdenominadasmanchasdeinteraçãoquemostramarelaçãoentregruposdepesquisaporáreadeconhecimentoesetoresdaatividadeeconômica.
Oterceirotexto,“Elementosparaumacaracterizaçãodopadrãodeinteraçãouniversidade-empresanoEstadodeSãoPaulo”,apresentarela-cionamentosfirmadosentreamaisbemdotadainfraestruturadeCiência,TecnologiaeInovação(C,T&I)eomaiorparqueprodutivonacionaldopaís.Paratanto,inicialmente,ressaltam-seoscomponentes,alocalização,osgastospúblicoseprivadoseosrecursoshumanosemC,T&I;emseguida,têm-seascaracterísticasrelevantesdaestruturaprodutivaestadual,comênfaseparaarepresentatividadenaproduçãoderiquezadopaíseparaasatividadeseco-nômicasindustriaisdesenvolvidas.Nasequência,caracteriza-seopadrãodeinteraçãouniversidade-empresanoestado,destacando-seograu,adensidadeeotipodeinteraçãoporáreadeconhecimentoeatividadeeconômica.Porfim,oestudodecasoavaliaasinteraçõesdoLaboratórioInterdisciplinardeEletroquímicaeCerâmica(LIEC),daUniversidadeFederaldeSãoCarlos(UFSCar)edaUniversidadeEstadualPaulista(UNESP),comempresas.Édadaênfaseaodesempenhoacadêmicodecorrentedasinterações,taiscomo
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dissertações,tesesepatentesregistradaseaosrelatosderelacionamentofirmadoscomempresas,comoasinseridasnasáreasderefratáriosmeta-lúrgicos,fabricaçãodeprodutoscerâmicoseprodutosdeusoodontológico.
Oquartotexto,“InteraçãodainfraestruturadeCiênciaeTecnologia(C&T)eosetorprodutivonoEstadodoRiodeJaneiro”,apresentaaspectosimportantesdasrelaçõesmantidasporuniversidadeseinstitutosdepesquisacomcompetênciasreconhecidaseempresaspúblicaseprivadasnoestado.Sobestaperspectiva,alémdecaracterizarabaseprodutivaestadual,mostra,deformaresumida,aconstituiçãohistóricaeosdispêndiosfinanceirosdainfraestruturadeciênciaetecnologia.Posteriormente,exibepanoramadasinteraçõesdasuniversidadeseinstitutosdepesquisaseempresasrealçandoosgruposdepesquisaporáreadeconhecimentoeinstituiçõescomintera-çõesedensidadesderelacionamentocomosetorprodutivo.Emconclusão,apresentaestudocomparativodasatuaçõesdoCentrodePesquisadeEnergiaElétrica(Cepel),daFundaçãoOswaldoCruz(Fiocruz)edoInstitutoNacio-naldeTecnologia(INT)nointuitodeapontarespecificidadesdopadrãoderelacionamentoentretaisinstitutoseosetorempresarialnoRiodeJaneiro.Nestesentido,sãoevidenciadososperfisdeatuação,níveisdecapacitação,padrõesdeespecializaçãoeformasdeinteraçãodestasinstituições.
Oquintotexto,“Ciênciaetecnologia:ainteraçãouniversidade-empresanoEstadodeMinasGerais”,temcomopropósitomapearorelacionamentoentretaisagentesparamelhorcompreenderosistemadeinovaçãoestadual.OreferidoestadocontacomcomplexainfraestruturadeC&Tdeapoioàinovaçãotecnológica,contadadeformaresumidanaspáginasiniciais,aoladodasespecificidadesdaestruturaprodutiva–valordaproduçãoecapa-citaçãotecnológica–,consideradabasedoterceiromaiorPIBestadualdopaís.Descreve-se,emseguida,orelacionamentodosgruposdepesquisadasuniversidadeseinstitutosdepesquisacomosetorprodutivo,comdestaqueparaaexposiçãoagregadaporáreadeconhecimento,vinculaçãoinstitucionalesetordeatividadeeconômica.Essetextoapresenta,ainda,estudodecasoressaltandoainteraçãodosgruposdepesquisadeImunoparasitologiaeBioquímicaeImunologiadeParasitasdoInstitutodeCiênciasBiológicasdaUniversidadeFederaldeMinasGerais(ICB/UFMG)comaempresaHertapeCalierSaúdeAnimal.Norelacionamentofirmado,sãosalientadosesforçoscooperativosemtornodeensaiosclínicosedesenvolvimentodevacinasparaanimais.Domesmomodo,sãoressaltadosaproduçãoacadêmicaeosregistrosdepatentedecorrentesdaparceriafirmada.
Osextotexto,“Interaçãouniversidade-empresanoRioGrandedoSul:ocasodoProgramadePós-GraduaçãoemEngenhariadeMinas,Metalúrgica
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edeMateriaisdaUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul”,mostra,entreosaspectosrelevantes,acomposiçãodosistemaestadualdeinovaçãoestadualafimdeevidenciarcomoseestruturamaciênciaeatecnologiaestadual.Comoparteintegrantedestesistema,ressalta,emseguida,ascaracterísticasdoprocessodeinteraçãouniversidadeseempresasapontandoespecificidadesdorelacionamentofirmado,entreosquaisgraudeinteração,densidadedeinteração,tiposdeinteraçãoporáreasdeconhecimento,instituiçõesrepre-sentativaseatividadeseconômicas.Significativodestaqueédadoaoestudodecaso.Neste,éestudadaaEscoladeEngenharia,umadasinstituiçõesmaistradicionaisdaUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),apartirdoProgramadePós-Graduação,nasáreasdeMinas,MetalurgiaeMateriais(PPGEM).Sãoabordadasasexperiênciasderelacionamentodosprincipaislaboratórioscomempresas,emparticularcomasdosetormetal-mecânico,cujosresultadossetraduzememinovaçõesdeprodutoeprocesso,registrosdepatentes,dissertaçõesetesesacadêmicas,entreoutros.
Osétimotexto,“Característicasdopadrãoderelacionamentouniversi-dade-empresanoEstadodoParaná”,apresentaaconstituiçãodosistemadeinovaçãoestadualentrelaçandoatrajetóriadedesenvolvimentodaestruturaeconômicacomasinstituiçõescriadasparadarsustentaçãoaosprocessosinovativos,comimportantesresultadosparaoestágiodedesenvolvimentoemqueseencontraocomplexoindustrialeletrometal-mecânico.Seguedemonstrandoresultadosdorelacionamentofirmadoentreuniversidade-empresadediferentessetoresdeatuação,paraodesenvolvimentodepro-cessosinovativos,comparticulardestaqueparaavinculaçãodasáreasdeconhecimentoporatividadeeconômicadesenvolvida.OestudodecasoanalisadotangeàsaçõesempreendidaspeloInstitutodeTecnologiadoParaná(TECPAR).Esteinstitutoéconsideradoomaisantigoinstitutodepesquisaeomaisdiretamentevinculadocomasatividadesdesenvolvidaspelosetorindustrial.Nestesentido,sãoenfatizadasasáreasdeatuação,níveisdeproduçãotécnicaeacadêmica,parceriasempresariaisfirmadas,etc.Sãorealçadasasrelaçõesinterativasfirmadascomempresasparaodesenvolvi-mentodeatividadesrelacionadasàáreadeinteligênciaartificial–sistemasdecontroleedemonitoramentoprodutivos.
Ooitavotexto,“Caracterizaçãodosgruposdepesquisadasuniversi-dadesecentrosdepesquisaquemantêmrelaçõesinterativascomempresasemSantaCatarina”,atendeváriosaspectosligadosàinvestigaçãodopadrãodeinteraçãodasdimensõescientíficaeatecnológica.Emprimeirolugar,caracterizaaestruturadeC,T&Ieadinâmicaeconômicaestadualcomointuitodeservirdeparâmetroparaanáliseinterativaentreosplanosacadêmicoeempresarial.Destaquessãodadosàsinstituiçõesdeensinoe
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pesquisaeàssuasfunçõescaracterísticas,aosesforçosdecapacitaçãotecno-lógicaempreendidospelasempresaseaosvaloreseconômicosgeradospelossetoreseconômicosestaduais.Emsegundolugar,analisaasespecificidadesdainteraçãouniversidade-empresa,destacandoosgruposdepesquisaporáreadeconhecimentocomrelacionamento,pormeiodeindicadoresqueexpressamgrau,densidadeetipodeinteração,entreoutros,comosetorprodutivo.Eporfim,emterceirolugar,realizaestudosobreaFundaçãoCentrodeReferênciaemTecnologiaInovadora(CERTI),consideradanoestudoumainstituição-ponte,peloexercíciodesuasatividadesinterativasdomeioacadêmicocomomeioempresarial.Pelaequipedeprofissionaisprópriosedecolaboradorespesquisadorestitulados,desenvolve,entresuasprincipaisatividades,projetosinovativosemproduto,processoegestãoorganizacional.Nestecontexto,contacomcentrosdedesenvolvimentodeatividadesnasáreasdemecatrônica,metrologia,instrumentação,conver-gênciadigitaledeincubadoradeempresas.
Ononotexto,“Ainteraçãouniversidade-empresanoEstadodoEspíritoSanto”,apresentainicialmenteumacaracterizaçãosintéticadaeconomiacapi-xabaeseussetoreseconômicosmaisrelevantes,para,emseguida,descreveraestruturadeC,T&Iestadual.Nesteúltimo,sãoapontadasasinstituiçõesdeensino,pesquisa,financiamentoefomentoparaodesenvolvimentodetalestrutura.Segue-se,noseuescopoanalítico,tratamentoempresarialàsatividadesinovativassalientandoosdispêndiosefetuadoseasatividadesrealizadascomestepropósito.Ressaltam-se,nasequência,noitemsobreainteraçãouniversidade-empresa,aspectosdorelacionamentofirmadoentreasreferidasinstâncias.Nestecontexto,apontam-seaevoluçãodosgruposdepesquisaporáreasdeconhecimento,unidadesdosetorprodutivoquemantêminteraçõescomosgruposdepesquisa,grauedensidadedeintera-çãoporinstituição,entreoutrosindicadores.Particulardestaqueédadoaoestudodecaso,expressopelaparceriafirmadaentreoGrupodePesquisaemComputaçãodeAltoDesempenhodoDepartamentodeCiênciasdaComputaçãodaUniversidadeFederaldoEspíritoSanto(UFES)eaempresaMogaiTecnologiadaInformação,voltadoparaodesenvolvimentodepro-dutostecnológicosbaseadosemvisãocomputacionaleprocessamentodeimagensereconhecimentodepadrõespelaspessoas.
OdécimotextoabrangeosestadosdaregiãoNordeste,“Demandaeofertadetecnologiaeconhecimentoemregiãoperiférica:ainteraçãouniversidade-empresanoNordestebrasileiro”.Sãoressaltados,naseçãoinicial,aspectosdabaseprodutivacomparandoosdadossobreproduçãoporregiõesdoBrasileporestadofederativodaregiãoemestudo,bemcomoosesforçosdecapacidadedeinovaçãodasempresasindustriaisestabelecidas
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noNordeste.Emseguida,émostradaaformaçãodasinstituiçõesdeensinoepesquisa,porperíodosemondas,comoformadeauxiliaracompreensãodaconstituiçãodestearcabouçoinstitucionalsobperspectivadelongoprazo.OitemsobreacaracterizaçãodaestruturadeC,T&Ienfatizaosinvestimentosnestaárearealizadospelosestadosfederativosdestaregião,emcomparaçãocomoutrasregiõesdopaís.Particularrealceédadoaoitemacercadasespe-cificidadesdainteraçãouniversidade-empresaapartirdosdiretóriosdosgruposdepesquisadoCNPq.Sãoevidenciadosindicadoresqueexpressamaevoluçãodosgruposdepesquisaporáreadeconhecimento,osgruposdepesquisacomrelacionamentoporgrauedensidadedeinteraçãocomosetorprodutivoeostiposderelacionamentosdosgruposdepesquisacomempresasporáreadeconhecimentoeporsetordeatividadeeconômica.OestudodecasoreferenciadoemitemespecíficotratadasinteraçõesdoscursosdeengenhariaelétricacomosetordeeletricidadeegásnaregiãoNordeste.Sãoexibidososrelacionamentosqueocorrementreosgruposdepesquisadestaáreadeconhecimentodeváriasuniversidades,mascommaiordestaqueparaosfirmadosentreaUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE)eaCompanhiaHidroElétricadoSãoFrancisco(Chesf).
Odécimoprimeirotextotambéméregionalmenteabrangente:“Interaçãodasuniversidades,institutosecentrosdepesquisacomempresasnaregiãoCentro-Oeste:experiênciasdaEmbrapaCerrados”.Essetextodiscuteosrela-cionamentosinterativospropostosnosestadosdoMatoGrosso,MatoGrossodoSuleGoiásenoDistritoFederal,Brasília.Nestesentido,descreveasprinci-paisinstituiçõesdeensinoepesquisa,bemcomoreferenciaaparticipaçãodasatividadeseconômicasnaproduçãodebenseserviços,comopartesintegrantesdossistemascientíficoetecnológicoregionais.Emseguida,oestudoanalisaasinteraçõesuniversidade-empresa,destacandoindicadoresquesinalizamograu,adensidadeeostiposderelacionamentocomosetorprodutivo,emtermosagregados.Oestudodecasoanalisadorefere-seàsatuaçõesdeumaunidadedeumcentrodepesquisaagropecuária,aEmpresaBrasileiradePes-quisaAgropecuária–EmbrapaCerrados.Talempresadesenvolveparceriasparaodesenvolvimentotecnológicocomempresasprivadaseórgãospúblicos.Nesteâmago,analisam-seasrelaçõesfirmadascomaFundaçãodeApoioàPesquisaeDesenvolvimentoAgropecuáriodosCerrados(FundaçãoCerrados),CentroTecnológicoparaPesquisasAgropecuáriasLtda.(CTPA)eaAgênciaRuraldaSecretariadeAgriculturadeGoiásemprojetosdepesquisaparaodesenvolvimentodenovascultivaresdesojaparaestaregião.
Porfim,odécimosegundotextoabrangeosestadosdaregiãoNorte:“EstudosobreasinteraçõesdasuniversidadeseinstitutosdepesquisacomempresasnaregiãoNortedoBrasil:umacaracterizaçãopreliminar”.Essetexto
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apresenta,emcaráterintrodutório,opadrãoderelacionamentoentreasesfe-rasacadêmicaeempresarialnosestadosdoAmazonas,Pará,Tocantins,Acre,RondôniaeRoraima.Nestecontexto,inicialmente,caracteriza-seaestruturadeC,T&I,salientandoasfundaçõesdeamparoàpesquisaeasinstituiçõesdeensinosuperiorededesenvolvimentodepesquisa,para,emseguida,realçarabaseprodutivaregional,apartirdeindicadoreseconômicosqueexpressamaproduçãodebensedeprestaçãodeserviçosrealizados.Posteriormente,enfatizam-seosrelacionamentosfirmados,porgrauedensidadedeinteração,entreaestruturacientífico-acadêmicaeaestruturaempresarial,considerandoasáreasdeconhecimentoeasatividadeseconômicasenvolvidas.OestudodecasotratadasparceriasfirmadaspelaEmbrapaAmazôniaOriental,doEstadodoPará,juntoàsinstituiçõespúblicaseprivadas.Destaqueédadoaparceriasfirmadascomuniversidadescomopropósitodeformaçãoderecursoshumanosparaaempresa,emníveldepós-graduação.Domesmomodo,dá-seênfaseaconvêniosfirmadoscomuniversidadeseinstitutosdepesquisadeoutrospaísescomoobjetivodebuscarsoluçãoparaproblemastecnológicosnousoemanejoderecursosflorestais.
Belo Horizonte, outubro de 2011
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UmaavaliaçãorazoavelmenteconsensualnaliteraturadaeconomiadatecnologiarelativaaoBrasilressaltaoestágioaindaprecáriodaconstruçãodoSistemaNacionaldeInovação(SNI).Osistemadeinovaçãobrasileiropodesersituadoemumnívelintermediáriodeconstrução,possivelmenteaoladodepaísescomoMéxico,Argentina,Uruguai,ÁfricadoSul,ÍndiaeChina(ver,porexemplo,Viotti;Macedo,2003).
EssaposiçãointermediáriadosistemadeinovaçãodoBrasiléconstatadaporMazzolenieNelson(2007),emumartigocujoobjetivocentraléumadiscussãoarespeitodopapeldasinstituiçõesdepesquisanosprocessosdecatching upedesuasinteraçõescomempresaseatividadeseconômicasemgeral,noscasosbem-sucedidos(Japão,CoreiadoSuleTaiwan).Ocasobrasi-leiroétratadoapartirdadiscussãodeduasexperiênciasespecíficas:agricul-tura,emtornodaEmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuária(Embrapa),eindústriaaeronáutica,comaEmpresaBrasileiradeAeronáutica(Embraer).OcontrasteentreaexperiênciabrasileiraeasdaCoreiaeTaiwanéapresentado,identificandoaposiçãointermediáriadoBrasil.
Umadascaracterísticasdesistemasdeinovaçãonessaposiçãointerme-diáriaéaexistênciadeinstituiçõesdepesquisaeensinoconstruídas,masqueaindanãoconseguemmobilizarcontingentesdepesquisadores,cientistaseengenheirosemproporçõessemelhantesàsdospaísesmaisdesenvolvidos.
* VersãorevisadadetrabalhoapresentadonosimpósioCiência,TecnologiaeHistóriaEconômica,1er.CLADHE–CongressoLatino-AmericanodeHistóriaEconômica.Montevidéu,5-7dedezem-brode2007.Osautoresagradecemaosorganizadoresdosimpósio,TamásSzmrecsányieLuizCarlosSoares,bemcomoaosdemaisparticipantes,pelosexcelentescomentáriosesugestõesquecontribuíramparaaprimorarotrabalho.ApesquisaparaaelaboraçãodesteartigoéapoiadapeloCNPq(AuxílioPesquisa,processos401666/2006-9e300856/2006-7),peloIDRCepelaFAPESP(ProjetoTemático,processo06/58878-8).Agradecemostambématodososintegrantesdessesprojetosqueparticiparamdesemináriosdepesquisaparadiscussãodeversõespreliminares.
A interação universidades e empresas em perspectiva histórica no Brasil*
Wilson Suzigan Eduardo da Motta e Albuquerque
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Damesmaforma,asfirmasaindatêmumenvolvimentorelativamenterestritoematividadesinovativas.Comoresultado,encontra-selimitadoumcomponenteimportantedossistemasdeinovaçãodesenvolvidos:umafortedinâmicainterativadeempresaseuniversidades–queconstituiriamcircuitosderetroalimentaçãopositivaentreasdimensõescientíficaetecnológica.
Porisso,umdiagnósticorazoáveldasituaçãodoBrasilnestetópicoindi-cariaaexistênciadeum“padrãodeinteraçõesentreuniversidadeseempresas”caracterizadopelaexistênciaapenaslocalizadade“pontosdeinteração”dadimensãocientíficacomatecnológica.Rapini(2007)identificaessecaráterlocalizadoedispersodoscasosbemsucedidosdeinteraçãouniversidades/institutosdepesquisaefirmas.Adescriçãodessescasos(porexemplo,PaulaeSilva,2007;Morel,1999)contribuiparaacompreensãodasorigenshistóricasdasinstituiçõesedoprocessodeinteraçãoqueestruturamtaisarticulações.
Demodogeral,emtodososprodutosnosquaisoBrasilapresentavantagenscomparativasnocenáriointernacional,épossívelidentificarumlongoprocessohistóricodeaprendizagemeacumulaçãodeconhecimentoscientíficosecompetênciatecnológica,envolvendoimportantesarticulaçõesentreesforçoprodutivo,governoeinstituiçõesdeensinoepesquisa.Osmaisimportantes,nasrespectivasáreasdeconhecimentoeinstituiçõesdepesquisacomasquaishouveinteração,incluem:
(1)nasciênciasdasaúde,aproduçãodesorosevacinas–InstitutoOswaldoCruzeInstitutoButantan;
(2)nasciênciasagrárias:algodão,florestasparacelulose,grãos,carnes–InstitutoAgronômicodeCampinas(IAC)eEmbrapa;
(3)emmineração,engenhariademateriaisemetalurgia,aproduçãodeminérios,açoseligasmetálicasespeciais–UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG);
(4)emengenhariaaeronáutica,aproduçãodeaviõespelaEmbraer–CentroTécnicoAeroespacial(CTA)eInstitutoTecnológicodeAeronáutica(ITA);
(5)emgeociências,extraçãodepetróleoegáspelaPetrobras–InstitutoAlbertoLuizCoimbradePós-GraduaçãoePesquisadeEngenhariadaUni-versidadeFederaldoRiodeJaneiro(COPPE-UFRJ)eUniversidadeEstadualdeCampinas(Unicamp).1
1Hámuitosoutroscasosimportantes,especialmentedopontodevistaregional,taiscomoaproduçãodeálcoolcombustívelnosestadosdeSãoPauloeRiodeJaneiro,enoNordeste;demotoreseturbinasemSantaCatarina,compapelrelevantedaUFSC;oprocessamentodecacaueaindústriatêxtilnaBahia,apoiadospeloInstitutodeQuímicaIndustrial,sucessordoInstitutoBaianodeAgricultura(criadoem1857),eoutros.Estescasosregionais,assimcomoodaextraçãodegás/petróleo,nãoserãoabordadosnesteartigo,masdeverãoserobjetodeestudosdecunhoregionalnoâmbitodoCatch Up Projectbrasileiro.
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Mesmoconsiderandoaimportânciadesseconjuntodeprodutoseres-pectivasáreasdeconhecimento,élícitoafirmarqueo“padrãodeinterações”identificadoébastantelimitadoeaindainsuficienteparaimporaoconjuntodaeconomiaumadinâmicadecrescimentoeconômicobaseadonofortale-cimentodacapacidadeinovativadopaís.
Oobjetivodesteartigoéinvestigarasraízeshistóricasdessepadrãodeinteração.AhipótesebásicaqueinformaesteartigosugerequeumadascausasimportantesdadebilidadenasinteraçõesCiênciaeTecnologia(C&T)(ouseja,entreuniversidades/institutosdepesquisaeempresas)noBrasiléaarticulaçãoentre,porumlado,ocarátertardiodacriaçãodasinstituiçõesdepesquisaeuniversidadesnopaíse,poroutro,ocarátertardiodaindus-trializaçãobrasileira.
Essepadrãodeinteraçãocomportaaexistênciade“pontosdeintera-ção”queseconstituememcasosbemsucedidosderelacionamentoentreinstitutosdepesquisa/universidadeseempresas.Aexistênciaealimitaçãodetaiscasosalimentamumahipótesecomplementar:osucessodoscasosidentificadosnesses“pontosdeinteração”baseia-senumaconstruçãodelongoprazo,comesforçossistemáticosquepersistemaolongodotempo.Essasraízeshistóricastambémdevemserinvestigadas.
Dessaforma,esteartigoexploraumaelaboraçãosobreasarticulaçõesentreC&Tqueconsideraopapeldotempoparaoamadurecimentodasrelaçõesmutuamentereforçantesentreessasduasdimensões.Porisso,opresenteestudoéumobjetodahistóriaeconômicadaciênciaedatecnologia,apartirdasugestãodeSzmrecsányi(2000).
Três dimensões para uma história econômica da ciência e da tecnologia
ParadesenvolverapropostadeSzmrecsányi(2000),possivelmenteseránecessáriolidarcomtrêsdimensões:C&T,porumlado,mastambémincorporarsuasfontesdefinanciamento,oqueimplicalidar,dealgumaforma,comasestruturasmonetáriasefinanceiras.Emboraessetemamereçaamplotratamentoteóricoehistórico,quevaialémdoescopodestetraba-lho,algumasnotasexploratóriaspoderiamcontribuiraquiparaadiscussãodasconjecturasapresentadasnaintroduçãodesteartigo:comodiscutidoaseguir,osatrasosnacriaçãodeuniversidadeseinstitutosdepesquisaenaindustrializaçãobrasileiracombinam-setambémcomotardioiníciodasinstituiçõesmonetáriasefinanceirasnoBrasil.
Umdoselementosmaisnotáveisdahistóriamundialéacoincidência(correlação,justaposiçãogeográfica)entrealiderançacientíficaeatecnológica
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eaposiçãodaregiãolíderemtermosdaacumulaçãoderecursosmonetáriosefinanceiros.Certamentecuidadosparaevitarligaçõesmecânicasedesen-volverasmediaçõesequalificaçõesadequadassãonecessários.
Emumprimeironível,umaintroduçãoseguraparaessaarticulaçãoéograndepainelhistóricoelaboradoporBraudel(1979;1986).Braudel,apartirdeumainterpretaçãodas“economias-mundo”,apontaaexistênciadehierarquiasedeumcentronessaseconomias-mundo.NoterceirovolumedeCivilização material, economia e capitalismo,oreferidoautoracompanhaasmetamorfosesnaeconomia-mundo,indicandoosdiferentescentrosquesesucederamnaliderança:Veneza(1378-1498),Gênova(1557-1627),Amsterdam(1627-1773/1783),Londres(1773).Emboraforadoescopodoseulivro,Braudelsugereinúmerasvezesasequênciadesseprocesso,comaemergênciadeNovaYorksubstituindoLondresnoiníciodoséculoXX.
ArelaçãoentreessastrêsdimensõespodeserinferidaapartirdeumtópicodaexposiçãodeArrighi,queidentificaumaanalogiaentreospadrõesitalianoseholandeses:oinvestimentodecapitaisexcedentes“noconsumoostensivodebensculturais,atravésdopatrocíniodasartesedeoutrasati-vidadesintelectuais”.SegundoArrighi(1994,p.139),
[a]ssimcomoVenezaeFlorençadoséculoXVtinhamsidooscentrosdoAltoRenascimento,aAmsterdamdocomeçodoséculoXVIItornou-seocentrodatransiçãodo“climarenascentista”queperpassaraaEuropanosdoisséculosanterioresparao“climadoIluminismo”queiriaperpassá-lanos150anosseguintes.
Emumsegundoníveldeanálise,épossívelobservarnostrabalhosdeumhistoriadordatecnologia,daqualidadedeJ.Mokyr,sinaisbastanteprecocesdearticulaçõesentreuniversidadeseatividadeseconômicasimportantes.DuranteaRenascença,períodohistóriconoqualahegemoniaeconômicaefinanceiralocalizava-senascidades-estadoitalianas,Mokyrdestacacomoumadasrealizaçõesdaciênciaedatecnologiaoiníciodaaplicaçãodamatemáticaparaas“engenharias”.Entreoutrasaplicações,ressaltaMokyr(1990,p.74),“[i]n the fifteenth century, Italian mathematicians showed how navigation could be aided by mathematics and Venice created a university chair of mathematics devoted to navigation”.
Namesmalinha,Freeman(1999,p.150-151),emuminteressantepainelhistóricodossistemasdeinovação,refere-seàliderançatecnológicaeindustrialdeVeneza(enfatizandoasualiderançanasfinanças)elembrandoimportantesinstituiçõescriadasnascidades-estadoitalianas,entreelasasprimeirasuniversidadeseoprimeirosistemadepatentes(Veneza,em1474).
Emumterceironíveldeanálise,épossívelverificaressaarticulaçãotri-dimensionalmedianteafocalizaçãodeumindivíduoimportantenarevolução
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científica:Galileu.Essecientistacontou,entreosseusapoiadores,comosMédici,osmaisimportantesbanqueirosdoperíodo,paraosquaisGalileuproduziahoróscopos(Realeet al.,1986,vol.II,p.199).2Eleestudouepesqui-souemPádua,VenezaeFlorençae,paraodesenvolvimentodeseutelescópio,contoucomsuahabilidadeeminstrumentaçãoparacomplementarseusaláriocomoprofessordaUniversidadedePádua(Mokyr,1990,p.73)eaindacommeiostécnicosdisponíveisnacidadeemquevivia,entãoumimportantecentromanufatureirodaindústriadovidro(Ravetz,1990,p.210).Mokyr(1990,p.64),emumlevantamentodosavançosnamineraçãoduranteedepoisdaRenascença,encontrademandasapresentadasporessesetorparacientistasdeentão:“[t]he greatest minds of the seventeenth century, from Galieleo to Newton, were concerned with problems of air circulation, safety, pumping, mineralogy and assaying, and the raising of coal and ore from the mines”.
Emumquartoníveldeanálise,tratandodeumcasomaisrecente,pode-serealizarumavinculaçãoentreascaracterísticasdasfinanças(privadasepúbli-cas)nosEstadosUnidoseaevoluçãodesuaestruturaindustrialecientífica.
Aotratardaondalongaentre1787e1842,Schumpeter(1939,p.195)discuteopapeldacriaçãodecréditoedascontribuiçõespeculiaresaoprocessodeindustrializaçãoentãoemcurso:“[i]n the United States profits and the ad hoc creation of means of payment were obviously the main domestic sources of the ‘funds’ which financed industrial and other enterprise”.3Aseguir,Schumpeter(1939,p.197)sugereumpapelparaasatividadesbancáriasousadasdoperíodo:
[i]t was the financing of innovation by credit creation – the only method available, as we have seen in the course of our theoretical argument, in absence of sufficient results of previous evolution – which is at the bottom of the ‘reckless banking’. This undoubtedly sheds a different light upon it. Those banks filled their functions sometimes dishonestly and even criminally, but they filled a function which can be distinguished from their dishonesty or criminality.
Quantoàsfinançaspúblicas,umconjuntodemudançasrealizadasnosistemafinanceirodosEstadosUnidosnoperíododoNew Deal (momentoemquealiderançaeconômicaefinanceiradopaísseconsolidavanocenáriointernacional)podeserconsideradoumaprecondiçãoparaaarquiteturadosistemadeinovaçãoconstruídoduranteedepoisdaSegundaGuerraMundial.AconsolidaçãodasfinançaspúblicascomahegemoniafiscaletributáriadogovernocentralcertamentecriaumadasbasesparaossignificativosgastospúblicosfederaiscomPesquisaeDesenvolvimento(P&D)queirãodistinguir
2AsluasdeSaturno,descobertasporGalileu,receberamnomesquehomenageavamosMédici.3ParaumadiscussãodainovaçãomonetárianosEstadosUnidos,verSylla(1982).
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osEstadosUnidosnasdécadasde1950e1960,emespecialparaaciênciabásica(Nelson;Wright,1992).
Enfim,tratardastrêsdimensões(dinheiro-finanças,C&T)éumaquestãomuitoimportanteparaumahistóriaeconômicadaciênciaedatecnologia.Novamente,umareferênciaaBraudel(1986,p.81)énecessária,namedidaemqueeleexploraasrelaçõesentremoedaetécnicaeémuitoclaronasuadiscussãosobreopapeldasfinançasnoprocessodarevoluçãoindustrialinglesa.
Raízes históricas da interação universidades e empresas nos sistemas de inovação desenvolvidos
SistemaNacionaldeInovação(SNI)éumconceitosíntesedaelaboraçãoevolucionista(ouneoschumpeteriana):eleexpressaocomplexoarranjoins-titucionalque,impulsionandooprogressotecnológico,determinaariquezadasnações(Freeman,1995).OconceitodeSNIfoidesenvolvidoporauto-resqueconsideramahistóriaumelementoimportante(Freeman,Nelson,Rosenberg,entreoutros).Freeman(1995),porexemplo,localizaediscuteaemergênciaeevoluçãohistóricadasatividadesespecializadasemP&D,umainovaçãoinstitucionalintroduzidanaAlemanhaem1870;essaelaboraçãodeFreemanpodeserconsideradacomoumasugestãodeagendadepesquisanaqualahistóriaédecisiva.
Odesenvolvimentodeumahistóriaeconômicadaciênciaedatecnologia,portanto,contribuiriamuitoparaacompreensãodasraízeshistóricasdossiste-masdeinovação.Essediálogoteóricoéumadasmotivaçõesdopresenteartigo.
Decertaforma,ostrabalhosmaisimportantessobresistemasdeinova-çãosemprelevamemcontaasraízeshistóricasdoprocessodeconstruçãodasinstituiçõesrelevantes.AcoletâneaeditadaporRichardNelson(1993)éumexcelenteexemplo.Todososcapítulosrelativosàs16experiênciasnacionaisalidescritastratamcomdetalhedaorigemeevoluçãohistóricadasinstituiçõesconstitutivasdosdiversossistemasdeinovação.Aleituradesselivro,especialmentedoscasosdosEstadosUnidos,doJapão,daAlemanha,daSuéciaedaDinamarca,éricadeexemplosdetradiçõespersistentes,path-dependence,processosevolutivosapartirdeesforçoshistoricamenteimportantes.Assim,nãoédifícilcompreenderarelevânciadaavaliaçãodahistóriadeconstruçãodasinstituiçõesconstituintesdessessistemas,sobre-tudoinstituiçõesdepesquisa,universidadeseempresas.
Infelizmente,umdospontosmaislimitadosdaabordagemevolucionistaéexatamenteaarticulaçãodaquestãodossistemasmonetáriosefinancei-roscomaconstruçãodossistemasdeinovação.O’Sullivan(2004)fazuma
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resenhacríticadaliteraturadisponívelsobreotema,demonstrandoalacunaexistentenaliteraturadaeconomiadainovaçãoepropõeumdiálogoentreospesquisadoresdamencionadaáreaeoshistoriadoresdasfinançasparasuperaressaimportantedebilidade.
Ressaltadaessaimportantelimitação,oquealiteraturatemadizersobreasinteraçõesentreC&TnosSNIsdesenvolvidos?
NelsoneRosenberg(1993,p.5-9)apontamparaoentrelaçamentoC&Tcomocaracterística-chavedossistemasnacionaisdeinovação.Elesresumemascomplexasinteraçõesdestasduasdimensõesrealçandoqueciênciaé,aomesmotempo,“lídereseguidora”doprogressotecnológico.Evidênciassobreesteduplopapelpodemserrecolhidasnaliteratura.
Rosenberg(1982)apresentaopapeldatecnologiacomo:1)umafontedequestõeseproblemasparaoesforçocientífico;2)um“enormedepósitodeconhecimentoempíricoaserperscrutadoeavaliadopeloscientistas”(p.144);3)umacontribuiçãoparaaformulaçãodeuma“subseqüenteagendaparaciência”(p.147);4)umafontedeinstrumentos,equipamentosparapesquisa,etc.Rosenbergconcluiquefortesimpulsoseconômicosestãomoldando,dirigindoerestringindoaempresacientífica(p.159).
Nadireçãoopostadestefluxo,Klevoricket al.(1995)mostramevidênciaempíricasobreopapeldasuniversidadesedaciênciacomoumaimportantefontede“oportunidadestecnológicas”paraainovaçãoindustrial.Esseestudorevelacomosetoresindustriaisdiferentesavaliamaimportânciarelativadasuniversidadesedaciênciaparasuascapacidadesinovativas.4
Rosenberg(1991)pergunta“porqueasempresasfazempesquisabásica”,esugerequeaelaéum“bilhetedeentradaparaumarededeinformações”.EstepontoestárelacionadoàdiscussãodeCoheneLevinthal(1989)sobreasduasfacesdaP&D(inovaçãoeaprendizagem),assinalandoaimportânciadoinvestimentocomomododedesenvolver“capacidadedeabsorção”.Narinet al.(1997)encontramevidênciaempíricaparaacrescenteinteraçãociênciafinanciadapelosetorpúblicoeaindústrianosEUA.Finalmente,umestudorecentedaOrganizaçãodeCooperaçãoedeDesenvolvimentoEconômico(OCDE)descrevea“intensificaçãodasrelaçõesciência-indústrianaeconomiadoconhecimento”,realçandoque“eloscomaciênciasãomaisimportantesquenopassado”(OCDE,2002,p.16).
Finalmente,Rosenberg(2000,p.36-42)sugerequeasuniversidadesdosEstadosUnidossediferenciamdasdeoutrospaíses(desenvolvidos)“in the
4Klevoricket al.demonstramporqueasempresasmonitorameacompanhamodesenvolvimentonasuniversidades.Particularmenteemindústriasdealtatecnologia,existeumgrandefluxodeconhecimentofluindodasinstituiçõescientíficasparaossetoresindustriais.
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greater speed and greater extent of their response to changing economic circu-mstances”.EntreascaracterísticasdistintivasdasuniversidadesdosEstadosUnidos,Rosenbergdestacacinco:1)capacidadederesponderademandaseconômicas(“economic responsiveness”);2)altadescentralização;3)conexãoecompetição(porrecursos)entreasuniversidades;4)otamanhodosistemauniversitário(“its great size, in contrast to any of the European countries, is important because it has made it possible to maintain a high degree of specia-lization and diversity within a large system”);5)sínteseúnicaentrepesquisaavançadaeformaçãonagraduaçãoepós-graduação.TalelaboraçãodeRosenbergcontribuiparaexplicitaropapeldotamanhodosistemauniver-sitárioparaalcançaraágilcapacidadederesponderademandaseconômicas,comotalvezestejamaisclaramenteexibidonostrabalhosdeKlevoricket al.(1995),Narinet al.(1997)eCohenet al.(2002).
Assim,oscitadosestudosindicamarelevânciadestasduasdimensõesdasatividadesinovativas,acentuandoadivisãodotrabalhoentreelas,apoiandooentendimentodasfortesemútuasretroalimentaçõesentreC&Tempaísesdesenvolvidoseapontandoaintensificaçãodestarelação.Portanto,essalite-raturasugereque,paraummodernocrescimentoeconômico,taisrelaçõesdevemestarfuncionando.
EssesestudossãobastantefocalizadosnocasodosEstadosUnidos.Nãoédifícilindicarcomoforamhistoricamenteconstruídasasinstituiçõeseadinâmicadeinteração,discutidasnostextosreferidos.TrabalhoscomoosdeRosenberg(1972e2000);NelsoneWright(1992)eNelsoneRosenberg(1994)descrevemaspectosimportantesparaacompreensãodestalongaconstrução.
Aquestãodopresenteartigopodeagorasermaisbemespecificada:devehaverumlongoprocessohistóricoparaaconstruçãodessasinterações.Pelomenoscincoelementos(quedependemdeinvestimentosedetempoparadesenvolvimentoeamadurecimento)podemserindicados:1)preparaçãodosarranjosmonetário-financeirosqueviabilizam,entreoutroselementos,acriaçãoeofuncionamentodeuniversidades/instituiçõesdepesquisaefirmas;2)construçãodasinstituiçõesrelevantes(universidades,institutosdepes-quisa,empresaseseuslaboratóriosdeP&D)5;3)construçãodemecanismosdeinteraçãodessasduasdimensões(considerandoapartirdeproblemas,desafios,etc.queimpulsionampelomenosumdosladosaprocurarooutroetentarestabelecerumdiálogo);4)desenvolvimentodainteraçãodasduas
5Aconstruçãodessasinstituiçõespressupõe,porsuavez,avançosemtermosdaaberturaparaabsorçãodeeventuaisprogressosnopensamentocientíficoetecnológico.Porexemplo:Carvalho(1993,p.86)mencionaumEditaldoReitordoColégiodasArtesdeCoimbra(7demaiode1746)queproíbeoensinodeDescarteseNewton.Asreformaspombalinasviriamcomoumatentativademudaressequadro.
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dimensões(háumprocessodeaprendizado,detentativaseerros,etc.);5)consolidaçãoedesenvolvimentodessasinterações–tópicoqueenvolveumexplícitoreconhecimentodopapeldotempoparaaconstruçãoderelaçõesmutuamentereforçantes(feedbackspositivos)entreinstitutosdepesquisa/universidadeseempresas(issopoderiaserderivadodaleituraacimaindicada).
O início da construção de instituições do SNI no Brasil
UmacomparaçãopreliminardasituaçãobrasileiracomadosEstadosUnidosnomomentodaindependênciaéesclarecedora:oBrasilem1822,com4,5milhõesdehabitantes,nãopossuíauniversidade(Cunha,1980),enquantoosEstadosUnidosem1776,com2,5milhõesdehabitantes,con-tavamcomnoveuniversidades(Maddison,2001).6Mesmoemcomparaçãocomoutrospaíseslatino-americanos,oBrasilsómuitotardiamenteiniciouacriaçãodeuniversidades.SegundoSchwartzman(1979,p.54)
(a)téasegundametadedoséculoXVIII,aciêncianoBrasilestá,emtermosinstitucionais,muitoaquémdaciênciaquesedesenvolvianaAméricaespanhola[...].ACoroa,temendoqueaquiseestabelecesseminstituiçõesquepudessemrivalizarcomasportuguesas,impediuacriaçãodeumauniversidade[...].
Emboraváriasfaculdadesisoladastenhamsidocriadasdesde1808,apósatransferênciadacorteportuguesaparaoRiodeJaneiro,asprimeirastentativasdecriaruniversidadessurgemnadécadade1920.Porém,aliteraturasobreaformaçãodacomunidadecientíficabrasileiraconsideraqueaprimeirauniversidadecriadanopaísfoiaUniversidadedeSãoPaulo(USP),em1934(Schwartzman,1979),quandoapopulaçãobrasileirajásuperava30milhõesdehabitantes.Cunha(1980)mencionaaexistência,em1920,de“universidadessucedidas”(UniversidadedeMinasGeraiseUniversidadedoRiodeJaneiro),emcontraposiçãoàs“universidadespassageiras”.7OlivrodeCunhaéapropriadamenteintituladoA universidade temporã.
Essasuniversidadestemporãs,entretanto,resultamdeconstruçõesins-titucionaisquetêmraízesbastanteanteriores.AUSP,porexemplo,quando
6Paraenfatizaraimportânciadasuniversidadesparaprocessosdedesenvolvimento,éinteressantecompararaAlemanhanadécadade1870(com16universidades)eaInglaterra(comapenas5universidades)(BLACKBOURN,2003,p.207).AhistóriadofinaldoséculoXIXmostraaAlemanhaultrapassandoaInglaterraemtermosindustriais,tecnológicosecientíficos.
7Schwartzman(1979,p.418)consideraqueacriaçãodaUniversidadedoRiodeJaneiroem1920,emborareunindoaFaculdadedeMedicina,aEscolaPolitécnicaeaFaculdadedeDireito,“emquasenadaalterouofuncionamentodasfaculdades”.