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Em Busca de Poder - José Míguez Bonino

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A Reforma do século dezesseis, em um momento histórico de mudança e incerteza, assumiu no mundo de então sua responsabilidade e respondeu, prática e doutrinariamente, às novas situações. Também hoje houve mudanças significativas em nossa sociedade latino-americana. O mundo evangélico cresceu em número, em capacidade de reflexão, participação na sociedade. E é lógico, portanto, que se dirijam a ele perguntas, e que os próprios evangélicos queiram refletir sobre sua identidade, sua missão, suas responsabilidades missionária e social. Neste processo, o tema político é inevitável. Minha intenção é buscar, no rico tesouro das Escrituras e na experiência da Igreja, pautas e orientações que nos ajudem a encontrar nosso caminho como evangélicos nas difíceis, desafiantes, mas ao mesmo tempo promissoras situações de nossos povos.

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em busca de poder

Evangélicos e participação política na América Latina

em busca de poder

José Míguez Bonino

Evangélicos e participação política na América Latina

B 715 e

Copyright © Ediciones Kairós 1999Título Original: Poder del evangelio y poder político: la participación de los evangélicos en la política en América Latina

© Editora Novos Diálogos, 2011Equipe EditorialClemir Fernandes | Flávio Conrado | Wagner Guimarães

Capa e DiagramaçãoOliverartelucas

TraduçãoWagner Guimarães

Os textos das referências bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revis-ta e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicações específicas.Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados.

Editora Novos DiálogosCaixa Postal 24.127Rio de Janeiro - RJCEP 20.550-970Site: www.novosdialogos.comTwitter: @NovosDialogosFacebook.com/novosdialogos

Bonino, José Míguez Em busca de poder : evangélicos e participação política na América Latina / José Míguez Bonino ; tradução de Wagner Guimarães.- Rio de Janeiro : Novos Diálogos, 2011.

88p. ; 21 cm. (Coleção Teologia na América Latina)

ISBN: 978-85-64181-11-3

1. Política e governo ----- Aspectos religiosos 2. Ciência política---- América Latina. 3. Políticos evangélicos. I. Tí-tulo. II. Série.

CDD 320

Índice para catálogo sistemático:1. Políticos: América Latina

2. Políticos evangélicos: América Latina

Sumário

Apresentação à edição argentina ......................... 7

Apresentação à edição brasileira .......................... 9

Prefácio ............................................................ 13

Capítulo 1A participação política dos evangélicos na América Latina ............................................ 15

Capítulo 2O poder e o evangelho ..................................... 31

Capítulo 3Da justiça à lei ................................................. 45

Capítulo 4Direito à vida, direitos humanos ...................... 59

Apresentação à edição argentina

O despertar pOlíticO dOs evangélicos na América Latina se constituiu em um dos fenômenos religiosos que mais chamam a atenção dos estudiosos da sociedade contemporânea. Pratica-mente em todos os países do continente um bom numero de líderes evangélicos, incluindo muitos que até há pouco se pro-nunciavam abertamente contra este tipo de militância, irrompeu com força no campo político. Evidentemente, terminou a tradi-cional “greve social” dos evangélicos!

Nas circunstâncias atuais, no entanto, faz-se absolutamente necessário que estes novos protagonistas tomem consciência do papel que lhes corresponde desempenhar no cenário político. É claro que compartilham com outros os direitos e as responsabi-lidades que dão sentido à sua cidadania. A questão é que, além de cidadãos, também são cristãos; e como tais estão chamados a encontrar maneiras de pensar e viver sua fé politicamente. Como podem consegui-lo?

Para responder a esta pergunta não há formulas. Há, entre-tanto, pautas ou diretrizes que facilitam a tarefa. E é isto o que

8 Em busca de Poder

este livro pequeno mas substancial oferece. Para isto, o autor re-corre à história eclesiástica e às Escrituras, à teologia e à ética.

Poucos autores em nossa América estão tão bem qualifica-dos como José Míguez Bonino para escrever um ensaio como este que o leitor tem agora em suas mãos. Apesar de seus longos anos como docente no Instituto Superior Evangélico de Educa-ção Teológica (ISEDET) de Buenos Aires, é um dos membros fundadores da Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos na República Argentina. O capítulo 4 (“Direito à vida, direitos humanos”) é uma amostra da qualidade da reflexão com a qual este decano dos teólogos evangélicos latino-americanos tem po-dido acompanhar sua militância neste importante organismo. É também uma amostra do tipo de contribuição que o autor pôde dar à redação da nova Constituição Nacional que surgiu da As-sembleia Constituinte de 1994, na qual participou como mem-bro. Este pequeno tratado, portanto, é um fruto maduro de uma praxis em que a reflexão e a prática se abraçaram, uma praxis que assinala um caminho de militância política exemplar para a nova geração evangélica latino-americana.

Editor da edição argentina

Apresentação à edição brasileira

Um homem que cultiva seu jardim

apresentar um livrO de Míguez Bonino é um prazer e um aprendizado. Mestre de todos e todas nós na teologia lati-no-americana, na fidelidade da luta pela justiça e nos desafios permanentes da participação política, o texto de Bonino é uma importante contribuição para o momento em que vivemos na América Latina. O texto não fala sobre o poder e a religião a partir de um lugar meramente acadêmico mas apresenta um tes-temunho vivido do Bonino político e teólogo.

Meu reconhecimento e gratidão a este que “salva o mundo” com seus escritos lúcidos, de apaixonada premeditação de cor, forma e fé.

Os JustosUm homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.

O que agradece que na terra haja música.O que descobre com prazer uma etimologia.

Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.

10 Em busca de Poder

O ceramista que premedita uma cor e uma forma.O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe

agrade.Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de

certo canto.O que acarinha um animal adormecido.

O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.O que agradece que na terra haja Stevenson.

O que prefere que os outros tenham razão.Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

Jorge Luis Borges, in A Cifra

Leio o livro de Bonino e me lembro de meus estudos de ci-ências da religião. Um certo modelo weberiano de conversão foi muito utilizado, especialmente por pesquisadores de formação protestante, para explicar as relações dos evangélicos com o poder.

O protestantismo histórico, ou “de conversão”, introduziu na cultura o princípio da individuação querendo também promo-ver a modernização dos elementos conservadores do catolicismo romano. Este esforço pan-denominacional se voltou para o con-junto da cultura latino-americana buscando ao mesmo tempo relativizar o poderio romano e criar o espaço do indivíduo — o sujeito político “evangélico”.

Se, por um lado, a mediação da conversão gerou um “quietis-mo” social; por outro lado, o mecanismo de resolução individu-al e modernizadora encontrou um campo propício de absorção exigindo, entretanto, a ruptura com o caráter elitista do protes-tantismo liberal. Assim, o modelo da “conversão” explicava alte-rações e deslocamentos no campo simbólico latino-americano. O pentecostalismo assumiria o discurso e as modernidades de “conversão” quebrando/relativizando o modelo patrimonialista-

11Apresentação à edição brasileira

-oligárquico católico e criando as condições para o sentimento empresarial do self-made man, ou melhor dizendo, “o abençoa-do” do espírito capitalista.

O livro Poder do evangelho e poder político: evangélicos e parti-cipação política na América Latina de Míguez Bonino apresenta de modo esclarecedor os deslocamentos e tendências da relação “evangélicos e poder” oferecendo chaves sociológica e bíblico-te-ológica fundamentais para o exercício interpretativo do campo religioso latino-americano.

As “tentações da política” na visão de Bonino no capítulo 1 explicitam as formas evangélicas de entender e participar da política nas variações entre o utilitarismo corporativista, o es-pontaneísmo confessional e a “idiotia útil”. Bonino alerta que os evangélicos “não nos preparamos para isso” não só porque não incorporamos o político de modo orgânico na experiên-cia de fé, mas também porque não estamos atados às formas históricas do liberalismo e do individualismo — nas igrejas históricas — e/ou pela cultura da massa liderada nos modelos pentecostais.

De modo especial, no capítulo 3, Míguez Bonino se apre-senta de modo mais impactante num texto poético, analítico e crítico e ao mesmo tempo pastoral como sua contribuição deve ser reconhecida. Bonino “agradece que na terra haja música” e descobre com o prazer de um belo texto uma etimologia da lei, do direito e da justiça. A justiça — “bailarina e volúvel”, “pros-tituta” ou “mulher comprometida e apaixonada“ que dance no baile social dos novos ritmos — confrontada com a lei vai ser balizada pela discussão e defesa consistentes (no fio da teologia e da política) dos direitos humanos.

“Há uma tarefa para fé?” — pergunta Bonino, preferindo que outros tenham razão e que “distintas visões religiosas e opções ideológicas cooperem”. A resposta é sim: inspiração, crítica, op-

ção pelos pobres e a desobediência civil movida pela opção de consciência que faz parte do testemunho da fé.

Evitando as tentações do poder e reconhecendo as ambigui-dades que inviabilizam generalizações sobre o protestantismo latino-americano, o texto de Bonino é uma síntese importante de muitas das conversas, debates e análises que vêm pautando as conversas entre teologias e poderes. Ceramista, tipógrafo, po-lítico, jardineiro, enxadrista, teólogo: Míguez Bonino escreve a partir de sua trajetória e testemunho, o que torna o texto vivo e sempre atual.

Nancy Cardoso PereiraTeóloga metodista

Prefácio

aO lOngO dOs últimOs dez anos, tive o privilégio de parti-cipar em várias reuniões do mundo evangélico latino-americano onde se apresentou e debateu o tema da participação dos evangé-licos na vida política de nossos países e de conversar com muitos irmãos e irmãs de nossas igrejas sobre o tema. Além disso, não poucas pessoas do ambiente político e cultural, alheios às nossas igrejas, nos perguntam pelo crescimento, as tendências, a nova e inesperada presença evangélica na vida social e política. Por que se produz este fenômeno? Quem são estes evangélicos? Que de-sejam? Que tendências políticas ou ideológicas têm?

Pareceu-me que, para eles e para nós, era importante levar em conta que não se trata de um ato novo ou sem antecedentes, nem na história mundial nem na nossa história latino-americana. A igreja cristã enfrentou desde o início a necessidade de situar-se em um mundo político, cultural e religioso ao qual tinha que dirigir--se com sua mensagem, dar conta de sua presença e responder às demandas, aos questionamentos e aos ataques que recebia. Para fazê-lo, tinha a história de sua fé desde o Antigo Testamento até a mensagem e, sobretudo, a vida, morte e ressurreição do Senhor, além de sua própria fé e experiência de uma vida nova em Jesus

14 Em busca de Poder

Cristo. Ao longo da história, esta igreja — com sua multiplicida-de e suas diferenças — teve que continuar esta tarefa.

A Reforma do século dezesseis, em um momento histórico de mudança e incerteza, assumiu no mundo de então sua res-ponsabilidade e respondeu, prática e doutrinariamente, às novas situações. E durante o século e meio de sua presença na América Latina, as igrejas evangélicas também o fizeram. Também hoje houve mudanças significativas em nossa sociedade latino-ameri-cana. O mundo evangélico cresceu em número, em capacidade de reflexão, participação na sociedade. E é lógico, portanto, que se dirijam a ele perguntas, e que os próprios evangélicos queiram refletir sobre sua identidade, sua missão, suas responsabilidades missionária e social. Neste processo, o tema político é inevitável.

Na consulta sobre esta temática realizada no Centro Kairós de Buenos Aires, em maio do ano passado [1998], estes temas foram tratados em profundidade, com uma presença bem re-presentativa de leigos e pastores evangélicos. Tive o privilégio de participar e apresentar algumas reflexões para a discussão. Delas e de sua discussão naquele momento, e de várias visitas para falar sobre esta temática no México, Peru, Colômbia, Uruguai e em meu próprio país nascem estas páginas. Minha intenção não é “estabelecer uma doutrina” sobre o tema, mas buscar, no rico tesouro das Escrituras e na experiência da Igreja, pautas e orien-tações que nos ajudem a encontrar nosso caminho como evangé-licos nas difíceis, desafiantes, mas ao mesmo tempo promissoras situações de nossos povos. Sabendo, entretanto, que, em última instância, é a direção do Espírito que nos permitirá discernir, na memória de nossa fé e na experiência atual, qual é a vontade do Senhor para seu povo.

O autor

CAPítulo 1

A participação política dos evangélicos na América latina

a linguagem dOs fatOs extrapolou a das palavras: em muitos países da América Latina os evangélicos participam ati-vamente na política. No Peru, tiveram um papel importante no debate eleitoral e nas eleições que resultaram na primeira presidência de Fujimori, ganharam mais de uma dúzia de ca-deiras no parlamento e uma das vice-presidências. No Brasil, ocuparam numerosas cadeiras na Assembleia Constituinte. Na Venezuela, houve evangélicos eleitos para o parlamento. Na Guatemala, houve um presidente militar evangélico e em se-guida outro eleito — que por sua vez defendeu doutrinaria-mente sua participação. Em nível municipal, há um número significativo de prefeitos e vereadores em cidades menores em vários países. Na Argentina, formou-se o Movimiento Cristiano

16 Em busca de Poder

Independiente1 com a participação política de evangélicos de di-versas igrejas. Seguramente o leitor acrescentará muitos outros exemplos em um panorama em permanente mudança.

É algo realmente novo?

Trata-se de algo novo? A resposta é “sim” e “não”. E é impor-tante que, antes de tratar de ver o que é novo, demos uma olhada em nosso passado evangélico, perguntando-nos se nós evangé-licos participamos na política na América Latina. Aqui ofereço algumas observações para refletir a respeito.

1. A maior parte das igrejas evangélicas que começaram seu trabalho missionário em nossas terras desde meados do sé-culo passado provém do mundo anglo-saxão, das chama-das “igrejas livres”, ou seja, não vinculadas ao Estado. Nos Estados Unidos, esta era praticamente a situação normal; na Grã-Bretanha, são as igrejas “dissidentes” — batistas, metodistas, congregacionais — as que enviam seus missio-nários. O fato de que nossas igrejas evangélicas venham “do estrangeiro” não tem porque nos envergonhar: da Espanha ou de Portugal, da Itália ou da Inglaterra, a mensagem de Jesus Cristo chegou “do estrangeiro” a todo o mundo, exce-to à Palestina do primeiro século! E chegou a todas as partes com as características, os costumes e as linguagens do lugar de onde provinham “os mensageiros”. Assim, no político, nossas igrejas trazem uma tradição anticlerical — de igrejas que “protestaram” contra uma religião única e dominante protegida pelo Estado; puritana — que tratava de manter--se limpa da corrupção “deste mundo”; e liberal — de for-mas de governo democrático e economia capitalista.

1 Partido confessional argentino criado em 1991 com o objetivo de concentrar o voto dos evangélicos, mas sem sucesso nas urnas (Nota do tradutor).

17A participação política dos evangélicos na América latina

2. Como se comportaram essas igrejas em nossos países? Sem dúvida, seu propósito central foi a evangelização: um chamado à conversão a Jesus Cristo, a uma experiência de fé pessoal e comovente e a uma vida nova de honestidade, sobriedade e responsabilidade. Tudo o mais ficava subor-dinado a esse projeto evangelizador a que consagraram todas as suas forças e recursos.

3. Tanto por sua tradição anticlerical de igrejas “livres” como pela resistência — às vezes violenta — da Igreja Católica Romana à sua presença, o protestantismo foi de-cididamente polêmico e anticatólico na América Latina. Há, obviamente, exceções de ambas as partes, mas o cli-ma dominante é de antagonismo. Esta posição vincula quase automaticamente as igrejas protestantes aos setores “liberais” da política: a movimentos como a maçonaria e partidos que se aproximavam de posições anticlericais, em contraposição aos partidos “conservadores” que repre-sentavam majoritariamente a velha estrutura colonial. A luta pela liberdade de consciência, pela escola “laica” e pela laicização do registro civil e dos cemitérios foram, sem dúvida, necessidades imediatas para o exercício de sua missão; mas ao mesmo tempo, na pequena medida de sua influência – melhor ligada aos contatos com o mundo liberal anglo-saxão –, representava um apoio a um setor político: os comprometidos com a “modernização”2.

2 A situação varia de país a país. Este tema foi tratado amplamente em várias histórias do protestantismo latino-americano. Por outro lado, há que se levar em conta as igrejas chamadas “de imigração”, cuja relação com a vida política dos países no qual ingressam tem características diferentes e mereceria um estudo especial, em que não podemos entrar aqui. Em Rostos do Protestantismo Latino-americano (São Leopoldo: Sinodal, 2003) tratei de percorrer mais amplamente toda esta temática e ali há referências bibliográficas para aqueles que desejem se aprofundar no tema.

18 Em busca de Poder

4. Finalmente, as igrejas evangélicas que chegaram mais cedo a nossos países sentiram que sua missão evangeli-zadora devia incluir uma dimensão social, no campo da educação e do serviço. Com esse fim fundaram escolas, tanto mediante o estabelecimento de importantes centros educacionais, numa tentativa de acompanhar os setores progressistas com uma educação moderna e liberal, como com modestas escolas paroquiais em bairros humildes ou áreas rurais. Por outro lado, no campo social, e segundo as necessidades e situações, as igrejas evangélicas criaram hospitais e centros de saúde, orfanatos, abrigos e ainda al-gumas cooperativas. Tanto no âmbito educacional como no de serviço, as instituições evangélicas se mantiveram à margem da luta política partidária. Porém, sem dúvida, seu trabalho coincidia, em sua orientação social, com as forças políticas chamadas habitualmente de “liberais” ou “progressistas”.

O que e novo?

Dois aspectos chamam a atenção neste novo momento de participação dos evangélicos na vida política de nossos países. Um é o fato de que muitos dos evangélicos que ingressam na vida política não são crentes das igrejas ou dos grupos que sem-pre expressaram interesse nela — as igrejas mais tradicionais, ge-ralmente chamadas, criticamente, “liberais” — mas sim daquelas para as quais o mundo político foi sempre considerado suspeito, inconveniente para o cristão ou simplesmente diabólico. São os que afirmavam rotundamente que “um cristão não pode se me-ter em política” (ou seus filhos) que produziram esta irrupção dos evangélicos. O outro aspecto chamativo é que esta participa-ção não se mantém no âmbito, um tanto neutro, do mundo da educação e do serviço, mas irrompe diretamente na vida política