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DIA HISTÓRICO UM DOMINGO QUE VAI MUDAR A CARA DE MANAUS DIEGO JANATÃ Mesmo com a indefinição sobre a liberação do Centro de Convenções (sambódromo), as escolas de samba dos grupos de acesso e do grupo especial de Manaus correm contra o tempo, para repetir o espetáculo carnavalesco de todos os anos. Dia a dia C1 a C8 VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE ANO XXVI – N.º 8.276 – DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ É CARNAVAL Período de maior repressão à sociedade, a ditadura militar completa 50 anos do golpe retratado em filmes, livros, mú- sicas e novelas. Plateia D1 Memórias da pior repressão CULTURA A alta concentração de ácido nicotínico no li- mão protege as artérias, prevenindo problemas cardiovasculares, além de diminuir a viscosida- de do sangue. Saúde e bem-estar F2 DIEGO JANATÃ MÁX.: 32 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 A PREFEITURA DE MANAUS COMEÇOU A REALOCAR OS CAMELÔS DO CENTRO PARA AS GALERIAS PROVISÓRIAS. AS 62 BANCAS DE LANCHES DA PRAÇA DA MA- TRIZ E DAS AVENIDAS EDUARDO RIBEIRO E 7 DE SETEMBRO FORAM AS PRIMEIRAS A SEREM TRANSFERIDAS, NA SEXTA- FEIRA, 21. O TRABALHO DE TRANSFE- RÊNCIA DAS BANCAS DOS AMBULANTES RECOMEÇA NESTE DOMINGO, PARA QUE A ÁREA POSSA SER TOTALMENTE REVI- TALIZADA. ÚLTIMA HORA A2 DOMINGO A prefeita de Rondolândia, Bett Sabah (foto), está es- condida em Brasília depois de ter a “cabeça a prêmio” por R$ 130 mil. País B6 Prefeita é jurada de morte POR R$ 130 MIL Escolas de samba se preparam para o Carnaval, apesar da interdição do sambódromo Amigo recorda trajetó- ria de Eduardo Coutinho, o documentarista que in- sistiu que os filmes não deviam perseguir o belo e o grandioso, mas a vida, em suas imperfeições. Ilustríssima G3 O Shopping Ponta Negra vai ganhar, na próxima quarta-feira, 26, um local dedicado à diversão da criançada, com atividades lúdicas e educativas. Elenco 24 Classificado para a semifinal do primeiro turno, o Princesa do Solimões vai de time misto hoje contra o Fast, fechando a fase classificatória. Pódio E4 PRINCESA X FAST AMAZONENSE Em ótima fase e com o time titular completo, o Fluminense tenta estender sua invencibilidade, hoje, no clássico contra os reservas do Botafogo, no Maracanã. Pódio E5 CLÁSSICO VOVÔ CARIOCA FERNANDO CAZAES/PHOTOCAMERA DIVULGAÇÃO

EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

DIA HISTÓRICOUM DOMINGO QUE VAI MUDAR A CARA DE MANAUS

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Mesmo com a indefi nição sobre a liberação do Centro de Convenções (sambódromo), as escolas de samba dos grupos de acesso e do grupo especial de Manaus correm contra o

tempo, para repetir o espetáculo carnavalesco de todos os anos. Dia a dia C1 a C8

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

ANO XXVI – N.º 8.276 – DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

É CARNAVAL

Período de maior repressão à sociedade, a ditadura militar completa 50 anos do golpe retratado em fi lmes, livros, mú-sicas e novelas. Plateia D1

Memórias da pior repressão

CULTURA

A alta concentração de ácido nicotínico no li-mão protege as artérias, prevenindo problemas cardiovasculares, além de diminuir a viscosida-de do sangue. Saúde e bem-estar F2

DIE

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MÁX.: 32 MÍN.: 24TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

A PREFEITURA DE MANAUS COMEÇOU A REALOCAR OS CAMELÔS DO CENTRO PARA AS GALERIAS PROVISÓRIAS. AS 62 BANCAS DE LANCHES DA PRAÇA DA MA-

TRIZ E DAS AVENIDAS EDUARDO RIBEIRO E 7 DE SETEMBRO FORAM AS PRIMEIRAS A SEREM TRANSFERIDAS, NA SEXTA-FEIRA, 21. O TRABALHO DE TRANSFE-

RÊNCIA DAS BANCAS DOS AMBULANTES RECOMEÇA NESTE DOMINGO, PARA QUE A ÁREA POSSA SER TOTALMENTE REVI-TALIZADA. ÚLTIMA HORA A2

D O M I N G O

A prefeita de Rondolândia, Bett Sabah (foto), está es-condida em Brasília depois de ter a “cabeça a prêmio” por R$ 130 mil. País B6

Prefeitaé juradade morte

POR R$ 130 MIL

Escolas de samba se preparam para o Carnaval, apesar da interdição do sambódromo

Amigo recorda trajetó-ria de Eduardo Coutinho, o documentarista que in-sistiu que os fi lmes não deviam perseguir o belo e o grandioso, mas a vida, em suas imperfeições. Ilustríssima G3

O Shopping Ponta Negra vai ganhar, na próxima quarta-feira, 26, um local dedicado à diversão da criançada, com atividades lúdicas e educativas. Elenco 24

Classifi cado para a semifi nal do primeiro turno, o Princesa do Solimões vai de time misto hoje contra o Fast, fechando a fase classifi catória. Pódio E4

PRINCESA X FASTAMAZONENSE

Em ótima fase e com o time titular completo, o Fluminense tenta estender sua invencibilidade, hoje, no clássico contra os reservas do Botafogo, no Maracanã. Pódio E5

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

TURISMO

Capital baiana tem o maior custo na época, segundo site

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Salvador é a cidade mais cara para pular Carnaval

O site de viagens TripAd-visor criou um índice para calcular o valor de um dia de festa nas cidades que são os principais destinos de Carnaval no país.

As contas levam em consi-deração uma diária em hotel três estrelas, duas refei-ções, uma caipirinha, uma viagem de 10 quilômetros de táxi e o ingresso para o desfile no sambódromo, no caso do Rio de Janeiro, e o abadá para um bloco tradicional, como o Nana Banana, em Salvador. Os valores têm como base o preço médio de bares, res-taurantes e hotéis cadas-trados no site.

Recife, que tem festa aberta ao público, sem “cor-dão”, teve atrações consi-deradas gratuitas; por isso, ficou em primeiro lugar na lista do dia de folia mais

barato do país: R$ 279,26. O Rio veio logo atrás, com gas-to médio de R$ 1.108,36, à frente de Salvador, onde o custo por dia pode chegar a R$ 1.622,75.

Excluindo os valores de ingressos, Rio e Salvador trocam de lugar: um dia sem festa na cidade carioca custa R$ 488,36, quase R$ 100 a mais que na capital baiana R$ 382,75.

O Rio, aliás, tem os pre-ços médios mais altos em todas as categorias ana-lisadas, com exceção do táxi que o custo da corrida média de 10 quilômetros, em bandeira 2, é mais alto em Salvador.

A cidade carioca deve re-ceber, segundo as estima-tivas, 920 mil turistas no Carnaval; Recife e Olinda esperam 720 mil visitantes; Salvador, 680 mil.

RELIGIÃO

Dom Orani Tempesta foi um dos 18 cardeais nomeados

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Arcebispo do Rio recebe do papa o título de cardeal

Em uma celebração na Ba-sílica de São Pedro, o papa Francisco oficializou, ontem, a nomeação do décimo car-deal brasileiro, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, 63.

Além dele, outros 18 car-deais receberam o título, no chamado Consistório, con-siderado a mais importante cerimônia realizada no Vati-cano desde que Francisco se tornou papa, há um ano.

Dom Orani recebeu das mãos do papa o título de cardeal por volta de 11h45 (7h45, horário de Brasília).

Várias autoridades estive-ram presentes, entre elas a presidente Dilma Rousseff, alguns ministros de sua co-mitiva, e o ministro do Su-premo Tribunal Federal José Dias Toffoli.

O papa emérito Bento 16 surpreendeu e compareceu

à Basílica.Há um ano, ele renun-

ciou, sendo substituído por Francisco, eleito no Con-clave. Ao chegar à Basílica, ontem, o papa emérito foi aplaudido de pé.

O evento representou um contexto político na medida em que sinaliza quem come-ça a ter prestígio e poder na era de Francisco. Esses são os primeiros cardeais nomeados por ele.

Conhecidos como “prínci-pes da Igreja”, os cardeais são os principais auxiliares do papa na condução da fé católica pelo mundo e formam o Conclave, colégio eleitoral que o elege.

O recém-nomeado dom Orani Tempesta ganhou prestígio junto a Francisco ao comandar a organização da Jornada Mundial da Juven-tude em julho, no Rio.

POLÍTICA

Senado quer acelerar projeto antivandalismo

Numa estratégia para es-vaziar a proposta do gover-no que cria regras para as manifestações populares, o Senado quer acelerar a votação de projeto que cri-minaliza o vandalismo. A proposta impõe penas de 4 a 12 anos de prisão para quem promover ou parti-cipar de atos coletivos de destruição, dano ou incên-dio mediante violência ou ameaça em locais públicos ou privados.

Relator do projeto, o se-nador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que vai acelerar sua análise pela CCJ (Co-missão de Constituição e Justiça) para que o texto seja analisado em março.

O peemedebista promete incluir no projeto o prazo de 24 horas para que as auto-ridades sejam avisadas de uma manifestação.

Jucá também vai agravar o crime se ele for cometi-do por pessoas mascaradas numa resposta à ação de manifestantes que usam máscaras em manifesta-ções, especialmente no Rio de Janeiro.

“Não é proibir o uso de máscaras, mas agra-var o crime se quem estiver mascarado praticá-lo”, afirmou.

O senador ainda pre-tende agravar penas para mortes causadas em atos de vandalismo, para que não sejam tratadas como homicídio culposo.

Jucá era o relator do pro-jeto que criminaliza o ter-rorismo, que está na pauta do Senado, mas o governo quer a sua reformulação

para retirar da proposta o trecho que enquadra as manifestações como atos terroristas.

Líder do PMDB, o sena-dor Eunício Oliveira (PMDB-CE) prometeu apresentar nova versão do projeto do terrorismo, manten-do o tom defendido pelo Palácio do Planalto.

“É muito importante se-parar as duas coisas, pois movimentos sociais não podem ser confundidos com terrorismo, mesmo quando uma manifestação termine em fatalidade”, disse Jucá.

Ao assumir a relatoria do novo projeto sobre vanda-lismo, Jucá repõe o assunto na pauta do Senado en-quanto o governo elabora outra proposta para enviar ao Congresso. No projeto que está sendo articulado pelo Ministério da Justiça, o governo cogita exigir que os protestos de rua se-jam previamente informa-dos às autoridades como deve estar presente no relatório de Jucá.

A versão preliminar do texto, que ainda passará pelo crivo do Palácio do Planalto, também preten-de coibir o uso despro-porcional da força policial contra manifestantes.

ProjetoDe autoria do senador

Armando Monteiro (PTB-PE), o projeto que crimi-naliza o vandalismo foi apresentado no final do ano passado em meio às ações de “black blocs” em manifestações populares.

Com a saída das primeiras barracas, começou a limpeza da área da Matriz para a revitalização

Em continuidade ao trabalho iniciado na última sexta-feira (21), equipes das secretarias

municipais de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e de Limpeza Pública (Semulsp) estiveram na praça da Matriz para fazer a “limpeza aérea” do local. As 184 árvores do entor-no foram podadas, os jardins, limpos, e a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (Seminfh) iniciou a instalação de tapumes, pois as obras de revitalização da área serão ini-ciadas ainda esta semana.

De acordo com a titular da Semmas, Kátia Schweickardt, a retirada de ervas daninhas e poda das árvores já estava prevista no cronograma de re-vitalização da praça do Relógio. “Mas nunca havíamos conse-guido realizar o serviço, porque sempre havia muita gente aqui. E como a poda envolve o corte de alguns galhos, quem transitava pela praça corria risco. Vamos limpar as árvores do outro lado da rua também”, destaca.

Dos 184 oitizeiros da praça - que a Semmas estima terem idade entre 50 e 60 anos -, dois serão derrubados, visto que as árvores estão muito velhas e correm risco de cair.

Realização de eventos tem série de exigências

Promotores de eventos carnavalescos e outros fes-tivos no período do Car-naval deverão apresentar à Secretaria Municipal de Assistência e Direitos Humanos (Semasdh), com cinco dias de antecedência da sua realização, declara-ção de comprometimento a não permitir trabalho in-fantojuvenil no decorrer dos festejos. A determinação está no primeiro artigo da portaria conjunta da Pre-feitura de Manaus, publi-cada no Diário Oficial do Município (DOM) na última sexta-feira (21), e anuncia-da, ontem, durante Ação da Cidadania na escola muni-cipal Antônia Medeiros da Silva, no bairro União da Vitória, Zona Norte, pela secretária da Semasdh, Goreth Garcia Ribeiro.

As ações determinadas têm como foco promover o combate à exploração sexual e ao trabalho infan-tojuvenil no Carnaval.

Os promotores devem se comprometer também a receber, reproduzir e dis-tribuir durante o evento, arte gráfica do material de campanhas de com-bate à exploração sexual de crianças e adolescen-tes e ao trabalho infan-til. Devem ainda divulgar, por meio do sistema de som das bandas e suas atrações, as mensagens sobre as campanhas.

Caso ocorra descumpri-mento da portaria, a Pre-feitura de Manaus deverá impedir a autorização para evento similar e a obtenção de patrocínio pelos órgãos e entidades municipais.

PORTARIA

Prefeitura aproveita a folia para divulgar campanhas

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Mudança das bancas de ambulantes da praça da Matriz permitiu o preparo do local para o início das obras de revitalização do seu entorno nesta semana

Manaus tem dia históricocom o resgate do Centro

A camelô Virgínia da Sil-va trabalhava normalmen-te em seu ponto, na pra-ça do Relógio. Ansiosa e apreensiva, ela contou que não sabia o que esperar do novo espaço destinado aos vendedores ambulantes.

“Não somos donos da praça, então temos que sair daqui. Lá, vai ser bom

porque não vamos ficar debaixo de sol e chuva, mas não sei se vai ter cliente. Vamos ver como será daqui em diante”, disse a comerciante, que trabalha há mais de 30 anos na região.

A Prefeitura de Manaus co-meçou a realocar os camelôs do Centro para os três came-

lódromos provisórios. As 62 bancas de lanches da praça da Matriz e das avenidas Eduardo Ribeiro e 7 de Se-tembro foram as primeiras a serem transferidas, na noite de sexta-feira (21).

O trabalho de transferên-cia das bancas recomeça hoje com o remanejamento das demais barracas.

Remoção continua neste domingo

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

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Page 3: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 A3Opinião

Artigo escrito por uma estudante da Universidade de Oxford, Lily Green – que mantém um blog no site da BBC Brasil –, chama atenção porque traduz bem a dependência às redes sociais, em especial ao Facebook, no qual o internauta pode postar desabafos, imagens de “extrema felicida-de”, quantas vezes foi ao banheiro, a curtição das noites na balada, alfi netadas nos inimigos e tudo mais, por meio de smartphones, tablets, notebooks e tudo o que tiver conexão com a internet. Para Lily Green, o Facebook – que ela abandonou há 1 ano – não faz falta nenhuma. “Sempre recebo um olhar de admiração quando revelo que não tenho perfi l da notória rede social Facebook”, escreve a estudante. É como se quem não tivesse “Face” acabasse se tornando um peixe fora d’água. A jovem escreveu mais: “Várias questões me incomodavam. ‘Ele curtiu meu status – será que gosta de mim?’ – ‘Será que vai mandar uma mensagem?’”.

A verdade, Lily Green, é que as redes sociais têm servido para suprir algumas carências, especial-mente de quem precisa mesmo é do “divã” de um bom analista. Viver de aparência parece ser uma missão para quem quer provar que tem vida social e que seu mundo é só de realizações, mesmo que seja mentira. Há quem se torne até refém de uma sociedade consumista e termine preso(a) na própria consciência (ou ignorância). Ok. Nem tudo é hipocrisia nas redes. Como diz a estudante: “É também um espaço relativamente democrático de criatividade, bate-papo e também de denúncia”. Graças a muitas denúncias e apelos, feitos via Facebook, problemas graves foram resolvidos e vidas foram salvas. Talvez seja essa conscientização que ainda falte à maioria dos usuários da rede. Trocar a mentira e a futilidade, e transformar a rede social em um espaço útil e de serventia para todos. “Não quero voltar ao que para mim parece uma competição incessante de quem tem a melhor vida, de quem é mais feliz ou de quem se divertiu mais na festa de fulano”, disse Lily Green. Curtiu?

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para os camelôs, que entenderam que estava na hora de desocupar o centro de Manaus, e abraçaram o pro-jeto da prefeitura, recebendo o apoio de toda a sociedade.

Momento histórico

APLAUSOS VAIAS

Antiguidade é posto

Quem também deve esquentar a dispu-ta é a desembargadora Graça Figueiredo.

Ela tentará convencer a corte de respeitar o crité-rio de antiguidade, situação que não foi observada na última eleição.

Chalub de novo

O terceiro candidato, desembargador Domingos Chalub, não esconde entre os colegas o desejo de pre-sidir a corte.

Mandato-tampão

Chalub já foi presidente do TJAM.

Ele cumpriu um man-dato-tampão no que so-brou da gestão de Fran-cisco Auzier, aposentado pela compulsória.

Querem o vice

Para o vice-presidente, são cotados Aristóteles Thury e João Mauro Bessa, visto que Paulo Lima não deve se candidatar.

O desembargador Flávio Pascarelli vai optar dispu-tar a Corregedoria-Geral de Justiça do tribunal.

Faxina no Centro

Um ano e dois meses depois que sentou na ca-deira de prefeito, Arthur Neto começou a cumprir a

maior promessa de campa-nha que fez a seus eleito-res: a retirada dos camelôs do centro de Manaus, o lado feio da cidade que todo cidadão, que ama sua cidade, odeia.

Cancele o café

Quem já tinha agenda-do para hoje, o seu café com sanduba de tucumã na Feira de Artesanato e Alimentação, na ave-nida Eduardo Ribeiro, é melhor cancelar.

Por conta da realocação das bancas de camelôs do Centro, a prefeitura infor-ma que, excepcionalmente, neste domingo, 23, a feira não será realizada.

Deixa a banda passar

A operação começou com a transferência dos vende-dores de lanches.

Hoje, 23, será a vez dos trabalhadores de outras bancas serem realocados. O trabalho foi suspenso de-vido à realização de bandas de Carnaval, no trecho da ação.

Camelódromo

Os trabalhadores estão sendo transferidos para os camelódromos da Epami-nondas, Floriano Peixoto e Miranda Leão.

Por enquanto

Eles ficarão nestes es-

paços até que sejam con-cluídas as adequações nas galerias Espírito Santo e dos Remédios, no Centro, além da construção do Sho-pping T4.

É uma vergonha

Acredite se quiser.Teve vereador ligando

para o bar do Armando pedindo espaço para co-locação de barraca, para vender cerveja na banda da Bica.

Carteiraço

O pior de tudo é que não estavam solicitando o es-paço na rua 10 de Julho, na base da gentileza.

Estava, sim, fazendo uma exigência, se valendo de sua condição de “autoridade”.

Dono do pedaço

O Brasil mudou e os exem-plos estão aí todo dia.

Mas ainda tem po-lítico querendo levar vantagem em tudo, se achando que é o “dono do pedaço”.

Olho gordo

Com raríssimas exce-ções, nunca ajudam um movimento de cultura po-pular em nada. Mas se acham no direito de “fa-turar unzinho” à custa de uma festa organizada (com muito esforço) por um botequim.

Para programas de humor da TV brasi-leira, que não fazem rir e mesmo assim continuam insistindo. Bons tempos aque-les de Chico Anísio, Costinha, Ronaldo Golias, José Mauro de Vasconcelos etc.

Programas de “humor”

O palanque das eleições para presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), na sucessão de julho deste ano, já está formado.

O primeiro a anunciar a candidatura, desembargador Yedo Simões, já fala inclusive em um plano estratégico para a sua gestão.

Largada para sucessão no TJAM

TACIO MELO DIVULGAÇÃO

[email protected]

Qual a função da rede social?

A saudade é um sentimento que necessariamente se vincula a uma perda, a algo que já se teve ou já se viveu e que não se tem mais ou não mais se vive. Diferente da saudade é a vivência da carência, de algo que nos falta, que gosta-ríamos de ter tido, mas nunca ti-vemos e sabemos que difi cilmente um dia teremos.

Neste segundo caso se enqua-dram os fatos de que perdemos as oportunidades de ter na Presidên-cia da República Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Mário Covas, para recebermos em seus lugares José Sarney, Fernando Collor, Lula da Silva e agora essa senhora Dil-ma, que apareceu com reputação de competente e está a nos ensinar o caminhar dos caranguejos, isto é, em direção ao para trás.

Certamente, quem tem consciên-cia e preserva o senso da realidade está hoje vivendo intensamente a saudade de FHC, já tido e perdi-do. Nunca será demais lembrar o como, ainda ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, organizou um seleto grupo de trabalho, pre-dominantemente com professores da PUC do Rio de Janeiro, e assim foi produzido um plano econômico de rara competência e resultados surpreendentes.

Isso, depois dos vários fracassos dos planos Cruzado (do Sarney) e Collor 1 e 2.

Lula e o PT prognosticavam o fracasso do Plano Real, torciam contra ele, na medida em que sabiam que quem domasse a ab-surda infl ação amealharia enorme capital político e impediria a eleição do sindicalista que ainda prometia uma república socialista.

Inesquecível aquele julho de 1994, quando tudo funcionou como um relógio suíço, sem que alguém tivesse que fazer estoques de alimentos ou de dinheiro em

espécie e a mudança da moeda ocorreu dentro do próprio sistema bancário automaticamente.

Dormimos com uma moeda po-dre, recusada no mundo inteiro, e acordamos com o Real que, à frente do invejado dólar americano, valia mais de um. Esse mesmo Real que hoje começa a sofrer o movimento inverso, a perder dia a dia o seu valor, corroído pela infl ação que todos pensávamos morta e sepultada.

Fernando Henrique Cardoso, sem jamais ter reivindicado título de economista, reconhecido como sociólogo e antropólogo, soube imprimir ao país uma direção po-lítica para um regime democrático e um rumo econômico de saúde fi nanceira e prosperidade. A Lula, seu sucessor, só coube a esperteza de preservar o rumo traçado pelo governo anterior, que nos palan-ques tanto atacara.

Ainda guardo, como um docu-mento histórico que não me per-mitirá esquecer o que era este país antes do Real, a nota fi scal do Ford Escort adquirido do Consórcio Ime-sa, portanto à vista, precisamente no dia 21/5/1993, ano anterior à implantação do Plano, ao preço de Cr$ 374.992.510,87. Isto mesmo, trezentos e setenta e quatro mi-lhões, novecentos e noventa e dois mil, quinhentos e dez cruzeiros e oitenta e sete centavos.

Como não ter saudade de FHC, precisamente agora, quando te-mos um governo que muito fala e promete, mas que nada faz para preservar a saúde econômica da nação? O Chile nos dá lições, a Colômbia e o Peru também, sem falar nos exemplos da Alemanha, da Inglaterra e de outros mais. Não sou nenhum Nelson Gonçalves, mas não me sai da cabeça o refrão de “Memórias do Café Nice”: “Ai que Saudade Me Dá...”.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo,

Diretor executivo do Amazonas

EM TEMPO

Ai que saudade me dá...

[email protected]

Fernando Henrique Cardoso, sem jamais ter reivindica-do título de economista, reconheci-do como sociólogo e antropólogo, soube impri-mir ao país uma direção política para um regime democrático e um rumo econômico de saúde fi nan-ceira e pros-peridade”

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Page 4: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O discurso oposicionista de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) aproximou os elei-tores de ambos. A última pesquisa Datafolha aponta que 53% dos eleitores que dizem votar no governador de Pernambuco optariam pelo senador mineiro em um eventual segundo turno contra Dilma Rousseff . Em novembro, essa proporção era de 47%. A migração também aumenta na mão oposta: 48% dos eleitores do tucano escolheriam o pessebista contra Dilma. Antes, eram 41%.

Ela não Os eleitores de Cam-pos que escolheriam Dilma num tira-teima contra Aécio eram 37% no fi m de 2013, e agora são 29%. Já os apoiado-res do tucano que preferem a petista ao pernambucano num novo turno são 27%, contra 33% em novembro.

Por tabela No levantamento anterior, 42% dos eleitores de Marina Silva escolhiam Dilma no segundo turno contra Aécio. Na pesquisa atual, 34% dos marinei-ros declaram voto na presidente, e 40% optam pelo mineiro.

A cara Dilma ganha de Aé-cio, Campos e Joaquim Bar-bosa em cenários diversos no grupo de eleitores que dizem esperar ações diferentes do próximo governo, mas perde para Marina. A presidente tem 27% nesse grupo, contra 30% da ex-senadora.

Generalizado No eleitora-do que diz querer ações di-ferentes do próximo governo, 25% respondem que a gestão Dilma é ótima ou boa, 44% dizem que ela é regular, e 30%, que é ruim ou péssima.

Virtual A Rede tem recebi-

do cerca de 100 fi liações por semana. Ao todo, a sigla de Marina, que ainda não foi for-malizada, já tem 5 mil eleitores cadastrados.

Veja bem Ao receber de Dilma a camisa da seleção brasileira autografada por Pelé, o papa Francisco brin-cou: “Com esse presente vou ter que torcer pelo Brasil?”. Foi então que a presidente pediu apenas neutralidade.

Na despensa O governo do Maranhão vai gastar R$ 717.355 para abastecer de alimentos as residências ofi -ciais da governadora Roseana Sarney (PMDB). A lista de compras não foi divulgada.

Promoção O valor fi cou 69% abaixo dos R$ 2,3 milhões previs-tos em dois editais que haviam sido lançados em janeiro, mas que foram cancelados pelo go-verno depois que a coluna revelou que previam a compra de itens de luxo, como 80 kg de lagosta e uísque escocês.

Capilaridade Responsá-veis pela arrecadação de doações para o pagamento da multa de José Dirceu pelo

mensalão registraram quase 3 mil contribuições ao petista, mais que os repasses feitos a outros condenados.

Mais um pouco O proces-so de arrecadação deve se estender até amanhã, para que seja atingido também o valor referente aos tributos incidentes sobre as doações.

X-tudo A lista de exigências do PTB ao PT em troca do apoio à reeleição de Dilma inclui, além da já selada aliança com Armando Monteiro para o governo de Per-nambuco, o suporte à reeleição dos senadores Fernando Collor (AL) e Gim Argello (DF).

Sirene Desde o início do ano, o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo Antonio Ferreira Pinto, que disputará ca-deira na Câmara pelo PMDB, tem intensifi cado os ataques à atual gestão nas redes sociais.

Retaguarda Ferreira Pinto, que ajuda a elaborar o programa de Skaf na área, foi contratado como consultor do Conselho de Segurança da Fiesp, presidida pelo pré-candidato peemedebis-ta e mantida com contribuição compulsória de sindicatos.

Operação casada

Contraponto

O vice-presidente da República, Michel Temer, participou há duas semanas de uma palestra com colegas da USP sobre direito em Campinas (SP).Depois do evento, foram para uma confraternização no botequim Catedral do Chope, famoso na cidade, onde foram interrompidos por um frequentador:— Vice-presidente, não me expulse!Sem graça, o peemedebista esperou uma explicação:— Apostei R$ 250 com meus amigos que iria tirar uma foto com o senhor. Não posso perder esse dinheiro!Temer topou posar com o rapaz, que venceu a aposta.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Diga ‘xis’

Tiroteio

DO DEPUTADO FEDERAL BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE), sobre a preocupação de que as agências de classifi cação de risco rebaixem a nota do Brasil.

Há 12 anos, o mercado tremia com a política econômica imprevisível do PT. Agora, o que assusta é a previsibilidade da gestão Dilma.

Chovia torrencialmente numa tarde típica de inverno amazô-nico. Estávamos no cemitério onde são enterrados os pobres. As covas são rasas, o sufi ciente para que sejam resguardadas as condições de higiene e o respei-to devido a um corpo humano, mas nada de especial. O corpo era de um missionário, um pa-dre católico vindo do distante Canadá para anunciar o Reino entre nós. Durante 22 anos es-teve a serviço das comunidades da periferia da grande cidade de Manaus, não sem antes ter passado pelo interior, no muni-cípio de Caapiranga, visitando e organizando comunidades ri-beirinhas e urbanas. Guido, era seu nome, o sobrenome Labonté, a bondade em francês, nome sugestivo, destes que acabam descrevendo a personalidade de quem os carrega.

Antes de vir para estas terras, passou 10 anos no Japão. Falava muitas línguas, fruto de estudos, de muitas viagens e uma vida inteira fazendo e desfazendo malas, mas acima de tudo de convivência, de inculturação, de compromisso com pessoas concretas. Sua lâmpada não po-dia fi car escondida. A Igreja do Brasil por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil o chamou para dirigir o Centro Cultural Missionário, por onde passam missionários católicos que vem das mais diferentes partes do mundo, hoje em dia es-pecialmente da África e da Ásia para aqui anunciar o evangelho numa experiência muito bonita de comunhão eclesial. Mas por aí passam também os brasileiros e brasileiras que são enviados para regiões missionárias do Brasil e para todas as parte do mundo. É um lugar onde pulsa a

missão, razão de ser da igreja, sua natureza.

O padre Guido foi também um grande formador de mis-sionários. Sua alegria e audácia contagiavam e a juventude se encantava e se animava a seguir os mesmos caminhos. A presen-ça dos jovens seminaristas e dos jovens da periferia no seu funeral foi um sinal eloquente desta atração. A última vez que estivemos juntos foi numa ação missionária no ramal do Brasilei-rinho da qual participavam semi-naristas e que fora organizada junto com ele. Fazia gosto ver a sua animação e entusiasmo com as novas comunidades que vão surgindo e com a confi rmação da fé das mais antigas. Já sinto saudades dos seus comentários e das suas observações, feitas com muito realismo, mas cheias da esperança que só tem aque-les que tem privilégio em tudo enxergar a luz da fé e do amor e que tem sua fonte no princípio inesgotável no mistério divino.

Guido é destes homens que foram além dos próprios limites, é daquelas pessoas que dignifi -cam a humanidade e nos fazem crescer. São estas pessoas que salgam e fermentam a massa humana. Não são missionários, são missão em ação e sem elas o mundo entraria em decom-posição. Só nos resta pedir e esperar que a semente lançada na terra molhada do Tarumã dê frutos abundantes. Que a juventude se encante com a missão e que o ideal de viver para os outros leve muitos a partir para onde o amor indicar. Os que se decidirem não estarão sozinhos, mas acompanhados por uma nuvem de testemu-nhas que se tornou mais densa com a sua chegada.

D. Sérgio Eduardo [email protected]

D. Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Eduardo

Castriani,Arcebispo

Metropolitano de Manaus

Guido é destes ho-mes que foram além dos próprios limites, é daquelas pessoas que dignifi cam a humanidade e nos fazem crescer. São estas pes-soas que salgam e fermentam a massa hu-mana”

Missionário

Olho da [email protected]

A alegoria do Carnaval do ano passado virou ‘patinho feio’ ao lado da avenida. Sim, essa é uma das heranças do desfile das escolas de samba do ano passado, que ‘re-solveu’ esperar a folia deste ano, caso o sambódromo seja liberado

DIEGO JANATÃ

Fizemos uma proposta muito enxuta de concurso e espero que ao fi nal do primeiro mandato da ‘presidente Lula’ o saldo seja

positivo, mesmo atravessando um ano elei-toral que é mais restrito

Miriam Belchior, Ministra do Planejamento, durante a entrevista do anún-cio do corte de R$ 44 bilhões no orçamento deste ano,

em Brasília, ao se confundir e chamar a presidente Dilma Rousseff de “presidente Lula”

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Page 5: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 A5Política

Disputa pela presidência do TJAM se torna políticaEm meio a uma crise institucional e com a sombra do descrédito, Tribunal de Justiça deve renovar seu comando em abril

Amparados pelos cri-térios de antiguida-de e elegibilidade, os desembargado-

res Domingos Chalub, Graça Figueiredo e Yedo Simões, confirmaram ao EM TEMPO que deverão disputar a presi-dência do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), cujas eleições estão previstas para ocorrer na primeira semana de abril, com posse marcada para julho deste ano. Em um mo-mento em que o tribunal pro-tagoniza escândalos e é ques-tionado pela sociedade sobre a sua eficiência, as eleições devem promover fervorosos debates a respeito do futuro do órgão máximo da Justiça amazonense. Internamente, a “politização” das eleições é considerada irreversível.

Derrotada pelo atual presi-dente da instituição, o desem-bargador Ari Moutinho nas eleições internas, em março de 2012, Graça Figueiredo - a mais antiga integrante da corte que nunca exerceu a presidência do tribunal - ten-tará novamente ressuscitar a tradição da sucessão por rodízio de antiguidade, que, segundo ela, foi quebrada quando Moutinho foi eleito presidente há 2 anos. “O rito foi quebrado na eleição pas-sada, quando o eleito não foi o mais antigo, mas sim o que mais fez propaganda. Quando a política entra por um lado, a Justiça sai pelo outro”, afirmou a desembargadora, que tem 35 anos de magistratura.

Prestes a entrar na disputa em que o apelo ao mais antigo

deu lugar a faixas, cartazes e palanques, Graça afirma que levará assuntos “indis-pensáveis” para o debate da sucessão. “É preciso alavan-car a busca pela melhoria do segundo grau de jurisdição, dando boas condições de tra-balho aos juízes e servidores que atendem à população. O acolhimento do cidadão pre-cisa ser prioridade e hoje é um aspecto que deixa muito a desejar. Quem tem uma pen-

dência judicial, tem pendência da alma”, enfatizou.

O sexto na linha de su-cessão e segundo mais an-tigo da corte apto à disputa, Domingos Chalub afirma que “nunca fui um bom debatedor, mas também nunca fugi ao debate”. Oriundo da classe de advogados, o magistrado também deverá falar sobre a prestação de serviços duran-te a “campanha eleitoral” do TJAM. “De zero a dez, a nota do tribunal no quesito estrutura e atendimento é dois. Vamos fazer parcerias para mudar isso. Quero priorizar o servi-dor, os juízes das comarcas que estão em contato com a população”, afirmou.

O atual corregedor-geral de

Justiça, desembargador Yedo Simões, foi o primeiro a anun-ciar publicamente a sua inten-ção de disputar a presidência. Sétimo na linha sucessória, Simões afirma que apresen-tará um plano estratégico de gestão durante os debates das eleições. “É um plano que deta-lha todas as necessidades do tribunal no âmbito de serviços, de estrutura, de captação de talentos e de agilidade proces-sual”, adiantou o magistrado. Segundo Yedo, os debates em torno da sucessão precisam envolver a “totalidade” das necessidades do órgão.

Vice-presidênciaJá para a disputa à vaga

de vice-presidente da corte – ocupada hoje por Rafael Romano – e corregedoria da casa, aparecem como cotados os desembargadores Flávio Pascarelli (atual presidente do Tribunal Regional Eleito-ral), Paulo Lima, Aristóteles Thury e João Mauro Bessa. As-sessores de gabinete afirmam que Paulo Lima não deverá se candidatar ao pleito, deixando o caminho aberto para Thury e Bessa. O desembargador Pas-carelli, segundo fontes, deverá se candidatar à Corregedoria-Geral da de Justiça.

Regimentalmente, as elei-ções diretas devem ser realiza-das, no mínimo, 90 dias antes da posse dos eleitos, marcada para 4 de julho. Moutinho, portanto, terá até o dia 3 abril para realizar o processo. Se-gundo desembargadores con-sultados pela reportagem, ele deverá anunciar a abertura do edital para as eleições a partir da segunda semana de março, depois do Carnaval.

NOVAS VAGASA corte do TJAM é composta de 19 desem-bargadores, a maioria oriundos da primeira instância. Em 2013, em sessão do pleno, foi aprovado o aumento em mais sete vagas. Mas o assunto está sub judice

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

Pela segunda vez, Graça Figueiredo vai tentar a presidência Domingos Chalub já se mostrou disposto a conquistar o posto Yedo Simões está confiante na vitória e já tem plano de governo

Para o juiz auxiliar da presi-dência do TJAM, Divaldo Mar-tins, a escolha por critério de antiguidade ou por debate estruturadamente político depende da atmosfera do tribunal. “Em determinada época, a corte acha que deve ser escolhido o mais antigo e em outra não”. Sem res-trição na legislação, Martins acredita que o debate de-mocrático não é prejudicial. “Praxe não é norma, é tra-dição. Não há irregularidade na questão”, acrescentou.

Posicionamento parecido é adotado pelo desembar-gador Sabino da Silva, que acredita que devem ser es-tabelecidos três pontos “an-gustiantes” e fundamentais para a discussão. “É preciso que seja discutida a carência do tribunal de servidores e o fortalecimento do interior. Eu defendo o amplo debate

antes do pleito, mas esses pontos precisam ser discuti-dos para a melhoria do nosso sistema”, afirmou.

O critério da democracia também é defendido por Rafael Romano, que apesar de estar desimpedido de concorrer à presidência e à Corregedoria, não o fará por conta de sua aposentadoria compulsória. “Nem sempre a pessoa que responde ao critério de merecimento pre-enche o perfil adequado e administrativo para a fun-ção. Determinadas escolhas devem ser democráticas, de forma que seja efetuada a melhor aquisição para o tri-bunal”, declarou.

A segunda mais antiga na linha de sucessão, com 10 anos de corte, que nunca ocupou a presidência, a de-sembargadora Socorro Gue-des, defende a abertura do

diálogo entre os candidatos. “Eu estou ao lado do que diz a Loman (Lei Orgânica do Tribunal). Sou totalmen-te favorável à discussão. Esperamos que a próxima gestão seja preparada e transparente”, afirmou. So-corro não disputará a vaga porque deverá ser aclamada presidente do Tribunal Re-gional Eleitoral (TRE), ainda neste semestre.

Se classificando como “adepto da filosofia da an-tiguidade e despolitizado”, o desembargador Lafayette Carneiro espera que a eleição seja sem confrontos. “Só es-pero que não haja briga. Sou amigo dos 18 magistrados. Assim como fazemos com os políticos, é preciso votar consciente. Sou adepto da fi-losofia da antiguidade, afinal, como diz o jargão, antiguida-de é posto”, finalizou.

Corte está dividida sobre critérios

Atualmente, a corte do TJAM é presidida pelo desembargador Ari Moutinho (no centro)

RAPHAEL ALVES/TJAM

IONE MORENOARQUIVO EM TEMPO ARQUIVO EM TEMPO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Temer é escalado para tentar desativar ‘blocão’

Temendo a dor de cabeça que o ‘blocão’ pode causar ao governo, nas votações na Câmara, a presidente Dilma escalou o vice Michel Temer para enquadrar o PMDB, que encabeça a rebelião, e colocar panos quentes na insatisfa-ção da base aliada. O vice, que alega ter sido pego de surpresa pela articulação, con-vocou os líderes governistas para reunião de emergência nesta segunda-feira (24), no Palácio do Jaburu.

Em pânicoO clima no Planalto com

a ameaça do “blocão” é dos piores. A ministra Ide-li Salvatti (Relações Insti-tucionais) admite que não sabe o que fazer.

Fogo cruzadoO ‘blocão’ foi articulado em

jantar com presidente da Câ-mara, Henrique Alves (PMDB-RN), na quarta. Só PT e PCdoB não foram convidados.

Tropa de choque Tomada por insatisfação

generalizada, sobretudo com cargos, a base ameaça montar uma pauta de projetos e peitar Dilma nas votações.

Pergunta em KievOnde está o bravo Lula que

se ofereceu para mediar a paz no Oriente Médio e ainda não propôs conversar com os revoltosos da Ucrânia?

Itamaraty ignora segu-rança em embaixadas

Diplomatas e contratados locais da embaixada brasileira em Caracas estão em pânico com a escalada de violência na capital da Venezuela: o Itamaraty não tem plano de contingência ou esquema de segurança diante do caos nas ruas, e ainda os obriga à jor-

nada de oito horas. Servidores se “viram” para chegar e sair a salvo da embaixada, muito embora saibam que a natureza do serviço impõe esse tipo de risco.

як справи (Tudo bem?)Na embaixada brasileira em

Kiev, Ucrânia, um funcionário que não fala inglês ou portu-guês atende o telefone. Ignora-se o que acontece lá.

IncertezaServidora diz que chegou à

embaixada do Brasil em Ca-racas “em meio a corpos na rua” e aguarda declaração de “confl ito social” do Itamaraty.

Sem alianças Para a cúpula do PMDB, o

senador Ricardo Ferraço (ES) “não conseguiu musculatura sufi ciente” para sair candidato ao governo.

RompimentoApesar da pressão de Edu-

ardo Campos (PSB), o PSDB decidiu romper com o gover-nador Ricardo Coutinho na Paraíba. Na sexta, senadores Aécio Neves (MG) e Cássio Cunha Lima (PB), do PSDB, avisaram ao governador de Pernambuco que será “muito difícil” manter a aliança.

Rombo históricoO exuberante “pit-stop”

de Dilma em Lisboa contri-buiu para o rombo históri-co de US$ 11,5 bilhões nas contas externas em janeiro. Gastos de brasileiros lá fora somaram US$ 2,1 bilhões no primeiro mês do ano.

Guerra de mentiraCom bancada reduzida e

apequenado pela presidência de Carlos Lupi, o PDT ten-ta ameaçar o governo, para mostrar força, anunciando uma “guerra” na Câmara para aprovar o Plano Nacional de

Educação (PNE) no primeiro semestre. O governo fi nge que se importa com a ameaça.

Bola da vezPartidos da base aliada de

Dilma têm sido pressionados por dirigentes estaduais e candidatos a acelerar con-versas pela fi liação do pre-sidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, relator do mensalão.

O troco Preterido para ministério

no governo Dilma, o sena-dor Vital do Rêgo (PMDB) ameaça apoiar a candida-tura de Cassio Cunha Lima (PSDB) ao governo da Para-íba, reforçando palanque do tucano Aécio Neves.

Anvisa láLaudo da junta médica da

Câmara dos Deputados provou que o mensaleiro condenado José Genoino não é inválido para ganhar aposentadoria. Agora ele vai tentar provar que tem validade vencida.

Lá longeA Federação Nacional dos

Jornalistas pediu ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) mais segurança para jorna-listas em manifestações no Brasil. Mas, a julgar pelo seu silêncio, a entidade parece con-siderar que na Venezuela, bater em jornalistas está liberado.

Duas medidasDo deputado Lúcio Vieira

Lima (PMDB-BA), sobre ma-nobra do governo que esva-ziou o Plenário para adiar a votação do veto à cria-ção de municípios: “Senado deixou de ser revisor para virar arrependedor”.

Pensando bem......cantou para subir o

passarinho de Chávez que Maduro viu.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Não há perigo de fuga”

LORENZO BERGAMI, advogado do fugitivo Pizzolato, sobre o pedido de prisão domiciliar

PODER SEM PUDOR

Benzetacil cura sustoMilitante comunista, Geraldo Ribei-

ro ganhava a vida como propagandis-ta de laboratório de medicamentos, nos anos 60. No dia seguinte ao golpe de 1964, ele andava cabis-baixo na rua do Príncipe, ao lado do comando do IV Exército, no Recife, quando de um jipe militar desceu um ofi cial, esbaforido:

- Geraldo, com quem você está?...- Com as Forças Armadas, meu

coronel – mentiu.- Não é isso, Geraldo. Eu quero saber em que laboratório você trabalha. Ando louco

por uma amostra grátis de Benzetacil…

Voto feminino completa 82 anosÀs vésperas dos 82 anos

da conquista do direito ao voto, mulheres ainda buscam a consolidação do espaço feminino na política brasi-leira. Parlamento, Justiça e Ministério Público Eleitoral cobram a efetiva aplica-ção dos instrumentos legais de estímulo à participação feminina na política.

O Dia da Conquista do Direito ao Voto Feminino é comemorado em 24 de fe-vereiro, data em que entrou em vigor o Código Eleitoral

Provisório de 1932 (Decreto 21.076/32). Pela primeira vez, todas as mulheres tiveram a oportunidade de votar. Dois anos depois, em 1934, Car-lota Pereira de Queirós se tornava a primeira deputada federal eleita.

Recente pesquisa do IBGE mostrou que 41% dos brasileiros apoiam o aumento do número de mulheres na política.

Apesar da chegada de Dil-ma Rousseff à Presidência da República em 2010, o espaço

da mulher nesse meio ainda é muito tímido, como ava-lia a coordenadora da ban-cada feminina da Câmara dos Deputados, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG).

“Um dos maiores desafi os nosso é a valorização do pa-pel da mulher na sociedade. Quando a sociedade aponta em uma pesquisa que as mu-lheres podem contribuir e me-lhorar a política é uma mudan-ça cultural signifi cativa para que se possa, inclusive, alterar as relações humanas”.

POUCO ESPAÇO

ANTÔNIO CRUZ/ABR

Marco Feliciano (PSC-SP) teve uma direção polêmica à frente da Comissão de Direitos Humanos

Deputada é uma das indicadas do PT, para disputar a presidência da comissão, presidida antes por Marco Feliciano

Kokay diz que CDMH será libertada do ‘fascismo’

Uma das indicadas pelo PT para dis-putar a presidência da Comissão dos

Direitos Humanos e Minorias (CDMH) da Câmara Federal, a deputada Érika Kokay (PT-DF) afi rmou na manhã da última sexta-feira, em Manaus, que a Comissão esteve “encalha-da” durante a gestão do ex-presidente, deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Segundo Kokay, a CDMH “será liber-tada de uma gestão fascista e fundamentalista”. A petista deverá enfrentar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) na vo-tação que decidirá o futuro da polêmica comissão, na próxi-ma quarta-feira.

Fora da comissão que prota-

gonizou diversos escândalos em 2013, Feliciano afi rmou na última terça-feira, momentos após o PT garantir o comando da comissão, em um acordo com o PTB - que a bancada evangélica “esvaziou” a CDH de projetos polêmicos, e que a articulação feita pelo PT para garantir a comissão era “um jogo de cena”.

Em resposta ao deputado, Érika Kokay afi rmou que a CDMH esteve “encalhada” du-rante a gestão do deputado evangélico. “O deputado Feli-ciano não tem moral, história, lucidez, nem sensatez para falar sobre a luta em defe-sa dos direitos humanos. Ele encalhou a comissão, fez com que a sociedade tivesse que se proteger da comissão, que foi um atentado aos direitos das pessoas do nosso país,

durante a sua gestão. Por isso, eu diria, a Comissão vai ser libertada e isso talvez não agrade ao ex-presidente fas-cista e fundamentalista que teve no passado”.

“A comissão fi cou refém de um projeto de gestão que pro-movia o rompimento da demo-cracia e a hierarquização dos seres humanos. Hierarquizar os seres humanos, por sexo ou posicionamento religioso, é ovo da serpente de uma lógica hedionda que precisa ser enfrentada pela comis-são”, fi nalizou a deputada. As declarações foram dadas ao EM TEMPO, na manhã de sexta-feira, durante audiência que a deputada teve no Tri-bunal de Justiça do Amazonas (TJAM) com o presidente da instituição, desembargador Ari Moutinho.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 A7Com a palavra

Ele foi o destaque nas qua-dras. Uniu dedicação, per-sistência e muito treino para se tornar o princi-

pal atleta do basquete brasileiro, reconhecido mundialmente. Ago-ra, Oscar Schmidt passou a ser palestrante. Às vésperas de vir para Manaus participar da “Jor-nada dos Notáveis”, Oscar teve que ser internado às pressas para tratar o câncer que vem enfren-tando com coragem. A palestra foi cancelada.

Nesta entrevista – concedida antes de ser internado –, Os-car fala sobre o desafio de re-passar o conhecimento de pes-soa vitoriosa para diferentes classes profissionais.

EM TEMPO: Qual a re-lação do esporte com o dia a dia de outras atividades profissionais?

Oscar Schmidt: A relação eu não sei exatamente, mas as palestra que ministro são fei-

tas para aqueles que têm me-tas a bater. Para cada segmen-to da sociedade eu tenho uma palavra diferente.

EM TEMPO: A palavra-chave para que as pessoas vençam os desafios do dia a dia é persistência?

OS: Eu diria que não é só persis-tência, são várias palavras impor-tantes como coragem, ousadia, di-ferencial e insistência. Pouca gente consegue ter isso, quem consegue ter, vai ter sucesso.

EM TEMPO: Como foi essa mudança do Oscar do basquete para o Oscar palestrante?

OS: Foi coincidência. Eu nun-ca imaginava fazer palestras, mas fiz algumas enquanto jo-gava e gostei. Quando eu parei de jogar me dediquei a isso e tornei isso a minha atividade principal. Fui pago para jogar bas-quete, imagine que grande vida eu tive. E agora sou pago para

contar essas histórias.

EM TEMPO: O que você fala sobre a questão da importân-cia do treinamento, para a pessoa que quer vencer?

OS: Sei o que fazer para que a pessoa tenha sucesso. Posso garantir que o treinamento, a repetição como ocorre no esporte, é o ideal para atingir os objetivos. Resumindo, para bater metas não é fácil. Você tem campeonato para ganhar lá na frente, a oportunida-de irá chegar e se você não estiver treinado, não vai nem chegar perto do resultado almejado.

EM TEMPO: Não dá nem para falar em uma pitada de sorte?

OS: Não tem sorte. Sorte é só na loteria para mim. Para pessoas comuns, como nós, tem que ter trabalho, dedicação, e se a oportunidade passar, você vai estar preparado, treinado, para conquistar o que deseja.

Oscar SCHMIDT

UMA PALAVRA para quem tem obstáculos A VENCER

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Posso ga-rantir que o treinamen-to, a repe-tição como ocorre no esporte, é o ideal para atingir os objetivos

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

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Honda qualifi ca seus técnicos amazonenses

IONE MORENO

A classe ‘C’ que compra marca, preço e qualidade Comportamento foi revelado por estudo o qual constatou que pessoas de baixa renda exigem cada vez mais do comércio

A classe média amazo-nense é hoje o principal mercado consumidor de produtos e serviços.

O seu poder de compra não é o mesmo se comparado ao da classe ‘A’. Contudo, isso não faz a menor diferença para ela quando vai às compras. Pois, ao retirar o produto da loja, ainda que em várias parcelas no cartão, na hora da escolha essa classe prioriza a marca, o preço e a qualidade.

O sentimento revelado pelo estudo “Faces da Classe Mé-dia”, de autoria da Serasa Experian, em parceria com o instituto Data Popular, foi confi rmado por consumidores como a aposentada Maria de Lurdes Santos Miranda, 65, que, por ter uma renda acima de um salário mínimo, está na faixa dos brasileiros classifi -cados pelo governo como clas-se ‘C’, os quais possuem uma renda per capita na ordem de R$ 320 a R$ 1.120.

Dona Lurdes considera em primeiro lugar a qualidade que o produto proporciona a ela. Hoje ela planeja trocar alguns dos seus aparelhos de cozinha como o fogão que mantém há duas décadas. “Quando vou às compras eu procuro uma marca que me ofereça qualidade, inde-pendente do preço. Quero agora um fogão da marca que está comigo há 20 anos. Isso para mim é qualidade”, comenta.

A comerciante Rosemeire dos Santos de Oliveira, 49, na mesma linha de Lurdes, quando compra produtos es-senciais para o dia a dia, procura pela marca que confi a. Sempre procurando o preço mais em conta. “Televisão e geladeira, quando posso tro-car, eu compro somente das marcas que eu confi o. Estou me programando para com-prar uma geladeira, e vou levar uma que me faz bem”, diz.

Mas, se for comprar um celular, por exemplo, Rose-meire diz qualquer marca re-solve, desde que na hora das chamadas ele funcione. “Mês passado eu comprei um celular para a minha neta de 15 anos. Ela queria muito o de uma marca que tem entre tantas outras vantagens o acesso a internet. Isso para mim não interessa”, observa.

Segundo a vendedora de loja do centro de Manaus Al-denize Vasconcelos Laurido,

39, a maioria dos consumi-dores chega atrás do preço baixo. “Mas, eles estão sem-pre de olho numa marca de qualidade. Saem de loja em loja pesquisando o preço do mesmo produto até encontrar o mais barato”, frisa.

StatusEntre essas faces da classe

média, os jovens consumido-res procuram mais do que a qualidade que a marca pode oferecer. Segundo o sociólogo Carlos Santiago, o jovem aca-ba comprando o status, junto com a marca. “Os jovens são condicionados pelo mercado a comprar a moda que está na vitrine”, comenta.

A estudante Sandy Nas-cimento Bezzerra, 16, tem consciência de que se encaixa nesse perfi l. À procura de um celular novo, ela procura por uma marca moderna, mas com o preço mais barato. “Hoje uma menina da minha idade não quer um celular que ape-nas ligue. Isso hoje é só mais um acessório”, afi rma.

O técnico em segurança do trabalho Murilo Miranda da Silva, 26, se diz mais seletivo. Para ele, um produto mais barato é bom pela economia. Contudo, se o comércio dá a ele a possibilidade de parcelar ele faz a opção pela marca que dê a ele mais visibilidade. “Se eu posso optar por um smartphone da maior marca, eu o levarei pelo status que ele representa”, explica.

EMERSON QUARESMAEspecial EM TEMPO

NÚMEROS

108é o número atual da po-pulação da classe média brasileira, conforme dados da Serasa Experian.

MILHÕES O empresariado do co-

mércio amazonense confi r-ma que a classe ‘C’ domina no volume de compras em Manaus. Conforme avalia o presidente da Associa-ção Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bichara, isso ocorre por conta da evolu-ção econômica que passou o país nos últimos 15 anos, reforçada pelo acesso a in-ternet. “Hoje a classe média predomina em tudo no Bra-sil. E essas pessoas estão se informando mais sobre os produtos”, observa.

Bichara diz ainda que, esse acesso a tanta informação levou a uma reformulação

geral nas prateleiras das lojas, bem como nas suas arquiteturas. “Os produtos sem referência estão saindo das prateleiras. Mesmo as classes C, D e E procuram por marcas. O comércio obriga-toriamente tem que atender esse desejo, se não fi ca fora do mercado”, alerta.

O empresário José Azeve-do, proprietário da rede de lojas Tv Lar, concorda quan-to ao volume de informações que o consumidor tem aces-so, o que segundo ele, torna o cliente mais exigente. “A classe ‘C’ é hoje a base do consumo. Nela está um consumidor mais esclareci-

do a respeito dos produtos, porque melhorou o seu poder aquisitivo”, avalia.

Azevedo, por outro lado, conta que esse ‘boom’ da classe média não signifi ca um rendimento rápido para o lojista. De acordo com ele, o crediário na sua rede re-presenta até 80% do volume de compras, tornando alto o risco de inadimplência. “A maioria dos consumidores assume um valor acima das suas possibilidades. Claro que hoje o lojista se pre-parou também para poder atender a esse cliente que só pode comprar por meio de crédito”, garante.

Reformulação nas prateleiras

Empresários afi rmam que a nova classe média, que representa 54% da população brasileira, tem hoje mais acesso a informações sobre os produtos que compram e por isso procuram por novidades

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Sobram argumentos para a defe-sa da prorrogação do modelo Zona Franca – medida vital para, defi niti-vamente, preparar a formulação de novas matrizes econômicas - mas falta a autoridade de um tribuno com credibilidade para liderar as ressalvas dessa transformação. Iremos esgoelar no discurso para convencer o Brasil da importância da preservação da fl oresta, de evitar sua ocupação pela economia do tráfi co, assegurar a redução das disparidades regionais, a substitui-ção de importações, entre outras argumentações de praxe. Quem vai acolher esses motivos e concordar com altruísmo que isso é sufi ciente para justifi car a prorrogação da ZFM por mais 50 anos? No último deba-te sobre prorrogação, há 10 anos, Gilberto era senador da República e, ao lado de Arthur Virgílio Neto e Jéff erson Peres, demonstrou com credibilidade e fi rmeza a relevância, para o Brasil, naquele momento, de manter o modelo Zona Fran-ca de Manaus. Sem estardalhaço nem pirotecnia eleitoral, diga-se. Os tempos são outros, o país mudou e complicou a tarefa de convencer o Congresso Nacional – nesse clima de guerra contra a renúncia fi scal e de pressão de outros Estados por vantagens tributárias – sobre a necessidade de prorrogar o prazo de vigência da Zona Franca de Manaus até 2073. É óbvio que a articulação política, liderada pelas promessas de campanha da presidência da República, tem chances objetivas de barganhar essa aprovação. A partir deste momento, também, vai fazer

falta uma liderança regional capaz de administrar e gerenciar a tensão de defender o modelo contra argu-mentos cada vez mais agressivos contra o regime de exceção.

Falta liderança, ainda, para mo-bilizar os atores locais na direção de colocar as cartas na mesa e traçar novos rumos, estabelecer as premissas e vislumbrar o como, o quando e aonde queremos chegar com mais um largo prazo de exceção fi scal. Carecemos de liderança para impedir que empurremos debaixo do tapete a poeira da protelação das novas trilhas que conduzam à construção de um novo conceito de prosperidade, com uma economia diversifi cada, focada na interiori-zação das oportunidades. Temos condições e inadiável obrigação de dar um basta à fragilidade institu-cional e imponderabilidade legal do modelo econômico vigente, através do estabelecimento de novas ma-trizes econômicas, absolutamente integradas à política econômica, industrial, científi ca e tecnológica nacional, com respectivos estu-dos de viabilidade, planejamento estratégico, defi nição de prazos e com a participação de atores re-presentativos desses segmentos. Como desencadear essa operação vital? Antes de falecer, em 2009, Gilberto iniciara a preparação de alguns debates e recomendava a formulação de alguns estudos para aprensentar um novo Planamazo-nas, na evolução do que promovera no início dos anos 90, quando lhe faltaram os rins para por em prática sua visão estratégica.

Não temos tempo nem direito de seguir às cegas, improvisando para amanhã os questionamentos de hoje, de um mundo sob o impe-rativo da alta tecnologia, em que a indústria do conhecimento é o fator de produção mais importante. Como justifi car um polo de produtos de tec-nologia sem investimento massivo de uma parte signifi cativa dos mais de R$ 1, 3 bilhão que as empresas da ZFM recolhem para esse fi m a cada ano, em pesquisa e desenvolvimen-to, focado na inovação tecnológica que se impõe? Como produzir bens e serviços ambientais coerentes com a vocação de negócios do bioma amazônico sem um acervo de conhe-cimento, atrelado à tecnologia de agregação de valor, que transforme o inventário da biodiversidade na matriz econômica promissora das oportunidades, já testada e apro-vada em outros clusters de sucesso sobejamente conhecidos? Em seu último governo, Gilberto foi buscar parceiros nos Estados Unidos e em Israel, os centros mais avançados de inovação tecnológica dos anos 90, para ensaiar na ZFM a indústria do conhecimento, a bioindústria e a informática. Esbarrou nas limi-tações orçamentárias do Estado e na incompreensão e indiferença da União para levar adiante a em-preitada. Mesmo assim, trouxe para Manaus a Fundação Getúlio Vargas, e propiciou as condições para a for-mação de gestores e planejadores locais. Em seu currículo, constam as primeiras graduações em fi losofi a, economia e contabilidade, a partir das quais foi possível a instalação

da Fundação Universidade do Ama-zonas. Criou a unidade da Embrapa no Alto Solimões, e promoveu a atra-ção de parceiros e recursos para a academia, entre diversas iniciativas para ajustar às condições locais toda a movimentação que Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan, China e Malásia haviam desencadeado para se tornar produtores e exportadores das lições relacionadas à indústria do conhecimento. Aliás, o conheci-mento foi o tema de seu discurso de estreia na tribuna do Senado Federal e sua obstinação por 8 anos.

Quando abriu escola para pre-parar seus contemporâneos na disputa dos concursos federais, em 1950, o professor Mestrinho tinha 22 anos de idade. Foi a pri-meira oportunidade de promover sua gente a buscar um lugar ao sol pelo brilho do conhecimento. A aposta deu certo: em pouco tempo os primeiros lugares nos concursos para auditor fi scal do Tesouro e funcionário do Banco do Brasil começaram a registrar a presença amazonense. A educação, repetia exaustivamente, é a única manei-ra de transformar para melhor uma sociedade. E a história das civilizações progressistas está aí para referendar essa convicção. Filho de professora da rede públi-ca, quando governador, cuidou de editar livros didáticos nas línguas indígenas, uma iniciativa eloquente em favor do ensino como valor universal. Revisitar a saga de Gil-berto, o timoneiro ausente, neste domingo em que completaria 86 anos de vida - num momento em

que a economia do modelo Zona Franca é bombardeada por todos os lados – signifi ca postular pela bioindústria de fármacos, cosméti-cos, fi bras vegetais e resinas com fi ns industriais para dinamizar e in-teriorizar oportunidade. É apostar na educação e na economia do co-nhecimento, requisitos essenciais do Plano B de bom senso para a ZFM, que reúna biodiversidade com a etnodiversidade e distribuição de novas matrizes do saber e fazer, no rumo certo da agregação de valor que a inovação tecnológica conduz. Por fi m, cabe destacar uma constatação dramática, na con-tramão do ufanismo de um cres-cimento nominal e circunstancial de faturamento em nome do qual relutamos em parar para acertar. No ensaio “O federalismo brasilei-ro e a economia amazônica”, que integra a coletânea “1912 – 2012 Cem anos da Crise da Borracha: do retrospecto ao prospecto”, do Corecon-Pará, o economista José Raimundo Vergolino assinala que, no período de 1990-2008, que o Amazonas começa a perder o ritmo seja na evolução do PIB per capita, seja no PIB geral da indústria, agro-pecuária ou serviços. Ele apresenta (com exceção pontual) o menor índice de crescimento em relação a todos os Estados, mesmo em relação a atividade industrial, que deveria ser nosso trunfo por termos o polo indústria da ZFM. Infeliz-mente, na premência de apontar novos rumos, permanece vago o cargo de timoneiro na condução dos destinos do Amazonas.

Alfredo MR Lopes [email protected]

ZFM: o timão vazio de Gilberto

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

Temos con-dições e inadiável obrigação de dar um basta à fragilidade institucional e impondera-bilidade legal do modelo econômico vigente, atra-vés do esta-belecimento de novas matrizes eco-nômicas...”

Escolas de idiomas fazem investimentos em Manaus De olho no mercado local, empresas apostam na expansão para atrair alunos e conquistar espaço na capital amazonense

A realização de jogos da Copa de 2014 em Manaus estimulou a procura por cursos de

idiomas na capital amazo-nense. Além das oportunida-des oferecidas pelo governo, escolas particulares se tor-naram um polo de atração para quem quer aprender uma segunda língua.

Com 40 anos de experi-ência, a Skill Idiomas, por exemplo, investiu em dois elementos fundamentais para quem atua no ramo: estrutura e metodologia. A empresa inaugurou recente-mente uma escola no Shop-ping Ponta Negra, elevando para seis o número de unidade da Skill em Manaus.

Em todo o país, a Skill Idio-mas possui mais de 200 uni-dades que recebem em torno

de 150 mil alunos. A empresa possui uma es-

trutura de ensino de padrão nacional com fortes bases metodológicas que valori-zam o ensino do idioma em contextos sociais específi cos, ou seja, situações cotidianas. “Com uma proposta de ensino de vanguarda, os alunos da Skill não só entendem, falam, leem e escrevem no idioma, mas também são orientados a compreender e respeitar a diversidade cultural do mun-do”, afi rmou a empresa por meio de nota.

Mais informações sobre os cursos da empresa no site www.skillmanaus.com.br ou ligue na Central de Matrícu-las Skill:3237-2222.

VagasDe acordo com o presidente

da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Bra-ga de Andrade, o programa Conexão Mund, nascido de uma parceria entre a CNI e o US-Brazil Connect, vai ofe-recer duas mil vagas em um curso de inglês pelas redes sociais em 2014. As aulas serão oferecidas para alunos de unidades do Serviço Social da Indústria (Sesi), do Serviço Nacional de Aprendizagem In-dustrial (Senai) e de escolas públicas brasileiras.

PronatecCriado em 2011, pelo

governo federal, o Progra-ma Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) oferece cursos de idiomas, principalmente, para quem quer se capacitar na área de turismo. Skill Idiomas inaugurou, recentemente, unidade no Shopping Ponta Negra, a sexta em Manaus

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Honda incentiva formação e ganha com resultadosFuncionários da multinacional japonesa, capacitados no Centro instalado em Manaus, já assinam novos produtos da marca

Seis meses após a inau-guração, dois gran-des investimentos da Moto Honda, em Ma-

naus, o Centro de Desenvol-vimento de Tecnologia (CDT) e o Centro Educacional de Trânsito Honda (CETH) - lan-çados, respectivamente, em setembro e outubro de 2013 -, começam a dar os primeiros ‘frutos’ no início de 2014. Prin-cipal fabricante do segmento de duas rodas no Amazonas, a multinacional japonesa desti-nou para os empreendimentos R$ 200 milhões.

O diretor executivo de rela-ções institucionais do grupo, Paulo Takeuchi, comemora os resultados. Segundo ele, os dois centros já contribuem de forma efetiva para auxiliar a fabri-cante em desafios futuros. O primeiro centro atua na capaci-tação de mão de obra local para projetar novos produtos. Já o segundo trabalha na formação de condutores. “Isso demonstra a nossa preocupação com a mo-bilidade urbana e a segurança no trânsito”, defende.

Com mais de R$ 160 milhões aplicados, o CDT, laboratório responsável por desenvolver

novas tecnologias, é um dos projetos que já colhe os primei-ros frutos. Segundo Takeuchi, um time de 250 profissionais, formado por engenheiros e téc-nicos - inclusive amazonenses -, trabalha em soluções, proje-tando modelos e equipamentos a fim de alcançar a eficiência, redução de custo e adaptação do produto, de acordo com o

gosto de cada cliente.O diretor executivo afirma que

um grande resultado do centro foi a remodelagem dos chassis dos modelos tradicionais CG 125 e CG150, lançados no final do ano passado.

“Elas possuem quatro quilos a menos nos chassis, o que torna a moto mais ágil, confortável, sem perder a resistência. O pro-cesso que permitiu a mudança

foi desenvolvido em Manaus”, ressalta Takeuchi.

RibeirinhosOutro projeto que está na

mira é um estudo para viabilizar melhorias na produção de mo-tores de popa, as popularmente chamadas ‘rabetas’, essenciais ao transporte de famílias mora-doras das regiões ribeirinhas.

Conforme conta Takeuchi, a demanda foi feita pelo gover-nador do Amazonas, Omar Aziz, durante a inauguração do CDT. “Fiz um apelo por pesquisas com relação à fabricação de motores de rabeta e de popa, com preços mais acessíveis à população. Eles ficaram de fa-zer esses estudos e consolidar um polo importante”, disse o governador, na ocasião.

De acordo com o diretor exe-cutivo, a Honda concordou em atender ao pedido por concor-dar que a missão da Honda é proporcionar mobilidade, seja ela urbana ou ribeirinha. Nesse sentido, Takeuchi diz que os estudos estão sendo feitos e podem incrementar a produção do item. “Estamos preparados para dobrar nossa produção que hoje é de 25 mil para 50 mil unidades. Esses produtos já poderão conter uma tecnologia mais desenvolvida”, adianta.

Paulo Takeuchi comemora remodelagem dos chassis das CGs 125 e 150 pelos técnicos do CDT

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O CETH da Honda é o pri-meiro nesta modalidade ins-talado na região Norte. Com investimento inicial de R$ 12 milhões, os cursos estão em fase de formatação para treinar até três mil conduto-res por ano. “O objetivo do curso é conscientizar moto-ciclistas e treinar instrutores de autoescolas, priorizando a segurança no trânsito”, disse o presidente da Honda da

Amazônia, Issao Mizoguchi, durante a inauguração do espaço, em 2013.

Takeuchi disse que, para este ano, em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM), o cen-tro treinará, nesse primeiro momento, instrutores de au-toescolas e avaliadores de testes. Agentes da Polícia Mili-tar (PM), homens do Exército e do Corpo de Bombeiros estão

entre os profissionais que se-rão treinados futuramente.

A estrutura possui espaço de 75 mil metros quadrados e duas pistas, sendo uma asfaltada para treinamento urbano e outra de terra, para a prática de pilotagem em vias não pavimentadas. O CETH em Manaus é o ter-ceiro construído pela Honda, depois das cidades de Indaia-tuba (SP) e Recife (PE).

CETH forma ‘bons’ condutores

EFICIÊNCIAA Abraciclo projetou para 2014 um ano de pouco crescimento para o setor no PIM. Mas, afirmou que os empresários continua-rão injetando recursos ao longo do ano para aumentar a eficiência

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 B5

Taxa de serviço: pagar ou não, eis a questãoA discussão sobre a cobrança de 10%, destinado ao garçom é antiga. A legislação de hoje considera a prática abusiva, mas, o valor continua sendo vinculado de forma automática, quando o cliente pede a conta nos bares e restaurantes de amazonenses

Mesmo com o Có-digo de Defesa do Consumidor estabelecendo a

não obrigatoriedade do paga-mento da taxa de 10%, bares e restaurantes de Manaus e do país afora continuam cobran-do a constrangedora “taxa de serviço” sobre o valor total de consumo dos clientes. A legislação considera prática abusiva exigir esse tipo de vantagem do consumidor.

Nessa faca de dois gumes, entre se defender ou evitar o constrangimento, alguns amazo-nenses seguem para embate com o gerente do estabelecimento, outros preferem evitar tornarem-se o centro das atenções.

A engenheira ambiental Jéssica Lima, 23, afirma que se sente incomodada com a cobrança automática dos 10% de taxa de serviço, mas nunca deixou de ‘agradar’ os garçons, independentemente do atendimento. “Isso já se tornou quase uma obrigação, uma vez que, a taxa vem dis-criminada na conta. Pior ainda é quando você é mal-atendi-do. Essa imposição gera um

mal-estar, diferentemente de quando a pessoa dá por von-tade própria, quando é bem atendida”, avalia.

O industriário Allan Dymitri é mais incisivo quando frisa ser totalmente contrário a esse tipo cobrança. Para ele, não há necessidade de taxa de serviço, uma vez que o

consumo é feito no local. Ele também questiona o destino dos 10%. “Muitas das vezes somos mal atendidos e ainda assim nos cobraram a taxa. Penso que é obrigação do bar ou do restaurante atender bem o cliente, e nem sabemos se é verdade que os 10% cobrados vai mesmo para o

garçom ou fica no bolso do patrão”, questiona.

GorgetaO gerente geral da chur-

rascaria Búfalo, Jorge Leite, reclama que falta de clareza na legislação que trata sobre o assunto. Ele diz que a bonifica-ção é uma prática comum em outros países, onde os clientes, além de pagar a taxa de serviço, resolvem agradam ao garçom com uma gorjeta a mais.

“Nossa empresa paga um salário base aos garçons. Por lei, o pagamento da taxa de ser-viço não é obrigatório no nosso País, mas o que me espanta é o não reconhecimento dos ser-viços dos nossos atendentes quando o atendimento é bom. Enquanto em outros países o pagamento dos 10% é comum, aqui há muita discussão sobre isso”, critica Leite.

A cervejaria Fellice é um es-tabelecimento que não cobra os 10%, conforme informou a assessoria de marketing. Lo-calizada na avenida General Rodrigo Otávio, Distrito Indus-trial, Zona Sul de Manaus, a assessoria afirma que o res-taurante bar oferece como atrativo aos seus clientes a ausência dos 10% na conta.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas (Abrasel-AM), Mário Valle, diz que a cobrança da taxa é uma prática nacional, mas, em nenhum dos casos o pagamento é obrigatório. Como mo-delo internacional des-se tipo cobrança , Valle cita os Estados Unidos da América (EUA), onde, segundo ele, a gorjeta cobrada é de 20%.

Sobre o destino dos 10%, Valle lembra que é uma situação que depende do estabele-cimento. Segundo ele, alguns estabelecimen-tos repassam o valor integralmente para o garçom, outros dividem com os colaboradores da cozinha e da limpeza.

Valle recorda que, an-tes os empresários re-colhiam o ICMS sobre a taxa. “Mas em 2013, a Abrasel-AM conseguiu isentar esta obrigato-riedade”, salientou.

Destino da taxa depende da empresa

O garçom Alberto Cruz, 64, já puxou muitas bandejas na vida. Ao longo de seus 42 anos de profissão ele passou por di-versos restaurantes e recorda orgulhoso das diversas auto-ridades que já serviu como governadores e prefeitos. Sobre a polêmica cobrança dos 10%, Seu Alberto lembra que a discussão vem desde a época que estava iniciando a carreira, quando a maioria dos locais não cobrava a taxa.

Naquele momento, Alberto conta que a gorjeta era divi-

dia de forma global. “Nos es-tabelecimentos em que tra-balhei e era cobrada a taxa de serviço, o valor era dividido entre todos os funcionários da equipe”, lembra.

Ele conta que o problema estava na falta de clareza sobre as informações por parte das empresas. “A falta de acesso à contabilidade dificultava nosso conheci-mento sobre o valor real”, ressalta Alberto, que hoje presta serviço para uma ins-tituição pública.

Falta acesso ao valor real final

Na hora de pagar a conta, os clientes ficam entre pagar a taxa ou questionar o estabelecimento

Há 42 ano Alberto Cruz atua como garçom em Manaus

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ALEXANDRE FONSECA ARQUIVO EM TEMPO

Quando vamos a uma loja, não pa-

gamos taxa a mais para o funcionário, nem quando dei-

xamos nosso carro num estacionamento

Allan Dymitri, Industriário

ANDRÉ TOBIASEspecial EM TEMPO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 B5

Taxa de serviço: pagar ou não, eis a questãoA discussão sobre a cobrança de 10%, destinado ao garçom é antiga. A legislação de hoje considera a prática abusiva, mas, o valor continua sendo vinculado de forma automática, quando o cliente pede a conta nos bares e restaurantes de amazonenses

Mesmo com o Có-digo de Defesa do Consumidor estabelecendo a

não obrigatoriedade do paga-mento da taxa de 10%, bares e restaurantes de Manaus e do país afora continuam cobran-do a constrangedora “taxa de serviço” sobre o valor total de consumo dos clientes. A legislação considera prática abusiva exigir esse tipo de vantagem do consumidor.

Nessa faca de dois gumes, entre se defender ou evitar o constrangimento, alguns amazo-nenses seguem para embate com o gerente do estabelecimento, outros preferem evitar tornarem-se o centro das atenções.

A engenheira ambiental Jéssica Lima, 23, afirma que se sente incomodada com a cobrança automática dos 10% de taxa de serviço, mas nunca deixou de ‘agradar’ os garçons, independentemente do atendimento. “Isso já se tornou quase uma obrigação, uma vez que, a taxa vem dis-criminada na conta. Pior ainda é quando você é mal-atendi-do. Essa imposição gera um

mal-estar, diferentemente de quando a pessoa dá por von-tade própria, quando é bem atendida”, avalia.

O industriário Allan Dymitri é mais incisivo quando frisa ser totalmente contrário a esse tipo cobrança. Para ele, não há necessidade de taxa de serviço, uma vez que o

consumo é feito no local. Ele também questiona o destino dos 10%. “Muitas das vezes somos mal atendidos e ainda assim nos cobraram a taxa. Penso que é obrigação do bar ou do restaurante atender bem o cliente, e nem sabemos se é verdade que os 10% cobrados vai mesmo para o

garçom ou fica no bolso do patrão”, questiona.

GorgetaO gerente geral da chur-

rascaria Búfalo, Jorge Leite, reclama que falta de clareza na legislação que trata sobre o assunto. Ele diz que a bonifica-ção é uma prática comum em outros países, onde os clientes, além de pagar a taxa de serviço, resolvem agradam ao garçom com uma gorjeta a mais.

“Nossa empresa paga um salário base aos garçons. Por lei, o pagamento da taxa de ser-viço não é obrigatório no nosso País, mas o que me espanta é o não reconhecimento dos ser-viços dos nossos atendentes quando o atendimento é bom. Enquanto em outros países o pagamento dos 10% é comum, aqui há muita discussão sobre isso”, critica Leite.

A cervejaria Fellice é um es-tabelecimento que não cobra os 10%, conforme informou a assessoria de marketing. Lo-calizada na avenida General Rodrigo Otávio, Distrito Indus-trial, Zona Sul de Manaus, a assessoria afirma que o res-taurante bar oferece como atrativo aos seus clientes a ausência dos 10% na conta.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas (Abrasel-AM), Mário Valle, diz que a cobrança da taxa é uma prática nacional, mas, em nenhum dos casos o pagamento é obrigatório. Como mo-delo internacional des-se tipo cobrança , Valle cita os Estados Unidos da América (EUA), onde, segundo ele, a gorjeta cobrada é de 20%.

Sobre o destino dos 10%, Valle lembra que é uma situação que depende do estabele-cimento. Segundo ele, alguns estabelecimen-tos repassam o valor integralmente para o garçom, outros dividem com os colaboradores da cozinha e da limpeza.

Valle recorda que, an-tes os empresários re-colhiam o ICMS sobre a taxa. “Mas em 2013, a Abrasel-AM conseguiu isentar esta obrigato-riedade”, salientou.

Destino da taxa depende da empresa

O garçom Alberto Cruz, 64, já puxou muitas bandejas na vida. Ao longo de seus 42 anos de profissão ele passou por di-versos restaurantes e recorda orgulhoso das diversas auto-ridades que já serviu como governadores e prefeitos. Sobre a polêmica cobrança dos 10%, Seu Alberto lembra que a discussão vem desde a época que estava iniciando a carreira, quando a maioria dos locais não cobrava a taxa.

Naquele momento, Alberto conta que a gorjeta era divi-

dia de forma global. “Nos es-tabelecimentos em que tra-balhei e era cobrada a taxa de serviço, o valor era dividido entre todos os funcionários da equipe”, lembra.

Ele conta que o problema estava na falta de clareza sobre as informações por parte das empresas. “A falta de acesso à contabilidade dificultava nosso conheci-mento sobre o valor real”, ressalta Alberto, que hoje presta serviço para uma ins-tituição pública.

Falta acesso ao valor real final

Na hora de pagar a conta, os clientes ficam entre pagar a taxa ou questionar o estabelecimento

Há 42 ano Alberto Cruz atua como garçom em Manaus

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ALEXANDRE FONSECA ARQUIVO EM TEMPO

Quando vamos a uma loja, não pa-

gamos taxa a mais para o funcionário, nem quando dei-

xamos nosso carro num estacionamento

Allan Dymitri, Industriário

ANDRÉ TOBIASEspecial EM TEMPO

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

‘Cabeça’ de prefeita está a prêmio e vale R$ 130 milCriminosos intimidam prefeita de Rondolândia, na divisa do Mato Grosso com Rondônia, e mandam avisá-la sobre execução

Ameaçada de morte por grupos do crime organi-zado na cidade que ad-ministra, a prefeita Bett

Sabah (PT), de Rondolândia, na divisa do Mato Grosso com Ron-dônia, uma das regiões mais violentas do oeste brasileiro, está há uma semana refugiada em Brasília, sob proteção da Secretaria de Direitos Huma-nos. Ela denunciou à ministra Maria do Rosário as ameaças que vem recebendo: um “emis-sário” de um desses criminosos fez chegar ao gabinete da pre-feita que a sua “cabeça” está a prêmio por R$ 130 mil e que uma motocicleta e armas já teriam sido compradas para executá-la. Jovem, de 36 anos, ela deixou a administração da prefeitura com o vice-prefeito Jair Cerqueira e “retirou” da cidade o marido e dois filhos (de 5 e 10 anos).

“Eu quero que as autoridades descubram quem está me colo-cando entre os marcados para morrer na cidade. Eu deduzo quem deseja minha morte, mas não posso dar nomes para não ser leviana. Isso cabe à polícia investigar, mas o problema é que Rondolândia têm apenas três PMs e dois policiais civis, que trabalham em regime de plantão, em duplas”, declara.

ReforçosSegundo ela, o delegado de

polícia da região, José Ricardo, fica em Juína, a cerca de 550 qui-lômetros de Rondolândia, uma cidade de quatro mil habitantes, no meio da Amazônia.

“Já pedi reforço. O secretário de Segurança do Mato Grosso, Alexandre Bustamanti, me disse por telefone que não tinha po-

liciais para me dar segurança. Não é só para mim, é para a cidade, que vive insegura. A polícia me aconselha a con-tratar um guarda. Legalmente não posso contratar um policial. Querem que eu contrate um jagunço?”, reclamou a prefei-ta por telefone, em Brasília, quando passava por avaliação de psicólogos da Secretaria de Direitos Humanos.

AmeaçasAs ameaças à prefeita come-

çaram logo que ela se elegeu por uma vantagem de apenas três votos, embora não relacione o caso ao embate eleitoral. Ela acredita estar sendo vítima de traficantes de drogas e grileiros de terras, numa região que já teve inúmeros assassinatos de políticos, como do ex-presidente municipal do PT, Juarez de Aze-vedo Gomes, assassinado quatro dias antes de sua eleição em outubro de 2012. Foram assas-sinados recentemente na cidade também o ex-vereador Rubson de Carvalho, o Rubão, e o líder religioso padre Ezequiel Ramin, que organizou um acampamen-to de sem-terras no município.

“Agora só desejo que me ofe-reçam segurança e que eu possa voltar para casa. Renunciar à prefeitura eu não vou. Não posso viver a vida toda aqui em Bra-sília. O que me incomoda mais é o silêncio das autoridades do Mato Grosso para minhas denúncias e relatos”, disse.

Antes de ficar sob proteção da Secretaria de Direitos Hu-manos, no meio da semana, a prefeita denunciou o caso ao presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acionou o mi-nistro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.

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Prefeita começou a receber as ameaças e retirou da cidade o marido e dois filhos, de 5 e 10 anos

PRECAUÇÃOCriminosos informaram à prefeita que uma motocicleta e armas já teriam sido compradas para executá-la. Jovem, de 36 anos, a prefeita “retirou” da cidade o marido e dois filhos (de 5 e 10 anos)

TCU investiga falsos casamentosO pente-fino que o Tribunal

de Contas da União (TCU) é obrigado a fazer nas pensões pagas pelos órgãos públicos federais tem detectado, cada vez mais, casamentos e uni-ões estáveis entre parceiros com uma grande diferença de idade. O fenômeno alimenta a suspeita de relações forjadas por servidores no fim da vida, para assegurar pagamento de pensões vitalícias aos respec-tivos cônjuges.Companheiros também são suspeitos de simular a relação, com ou sem anuência do servidor, para ter as pensões.

Levantamento inédito da Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) do TCU dá uma

dimensão do prejuízo aos cofres públicos em razão de pagamen-tos irregulares do benefício.

A Sefip listou 25 casos de pensões em que o casamento ou a união estável envolviam parceiros com diferença de ida-de de 36 a 60 anos. Em todas as situações, o plenário do tribunal identificou irregularidades na concessão do benefício e de-terminou sua interrupção. Até isso ocorrer, pensões foram pagas por décadas a fio, pois os beneficiários eram jovens, e os pagamentos são vitalí-cios para cônjuges, conforme previsto na Lei dos Servidores Públicos Federais.

O total pago pela União, somente nos casos dessas 25

pensões, chegou a R$ 30,4 milhões. A diferença de idade não foi determinante para a constatação da irregularidade no pagamento, uma vez que não há previsão legal para esse aspecto envolvendo servi-

dores e pensionistas, ressalta o próprio TCU. Também não está por trás da decretação da ilegalidade uma eventual simulação de casamento ou união estável. Em apenas um caso, a pensão foi considerada irregular por falta de compro-vação da união estável.

A diferença de idade entre uma servidora do Ministério da Saúde em Minas e o pensio-nista era de 49 anos. Em 38 anos de pagamentos ilegais, desde a morte da servidora, o beneficiário recebeu R$ 866,6 mil dos cofres públicos. O TCU decretou a ilegalidade em junho de 2011 e decidiu que os valores recebidos indevidamente não devem ser devolvidos.Técnicos do TCU detectou “indústria” de casamentos forjados

ABR IDOSOS

FENÔMENOPara os fiscais do TCU, o fenômeno alimenta a suspeita de relações forjadas por servidores no fim da vida, para asse-gurar pagamento de pensões vitalícias aos respectivos cônjuges

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B7PaísMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Justiça bloqueia R$ 9,8 mi

A Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de bens de cinco dos 11 acusados de participar de um suposto esquema de pagamento de propina a políticos e servidores pú-blicos do Estado de São Paulo pela multinacional francesa Alstom durante governos do PSDB.

As propinas teriam sido pa-gas entre 1998 e 2002, nas gestões dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin. O bloqueio foi determinado a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Os valores bloqueados se referem a aplicações financeiras que somam R$ 9,8 milhões.

Segundo o MPF, a maior quantia pertence a Romeu Pinto Junior, que teve R$ 7,9 milhões bloqueados. O sequestro de bens se estende também a Jorge Fagali Neto (R$ 1,3 milhão), José Geraldo Villas Boas (R$ 470 mil), Sa-bino Indelicato (R$ 71 mil) e Jean Pierre Charles Antoine Courtadon (R$ 53 mil).

ContasNo total, o juiz federal

Marcelo Costenaro Cavali determinou o bloqueio de R$ 32,5 milhões dos cinco réus, mas várias contas ban-cárias apresentavam saldo insuficiente ou nulo, o que impossibilitou o cumprimen-to integral da decisão.

Na última terça-feira, 18, a Justiça Federal recebeu a de-núncia oferecida pelo MPF e definiu a abertura de proces-so contra os 11 acusados de envolvimento no caso. Além dos citados acima, são réus Jonio Kaham Foigel, Thierry Charles Lopez, Daniel Mau-rice Elie Huet, Cláudio Luiz Petrechen Mendes, Celso Sebastião Cerchiari e José Sidnei Colombo Martini.

ALSTOM

Em regime de urgência, deputados se articulam para votar projeto que anula decisão do Contran

Exigência de simulador em autoescola pode ser barrada

Os deputados devem votar, ainda esta se-mana, projeto de de-creto legislativo que

derruba a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que obriga as autoescolas a realizarem aulas práticas em simuladores de direção. Na semana passada, o plenário aprovou requerimento para que a proposta seja analisada em regime de urgência. A exi-gência enfrenta resistência das autoescolas, que reclamam da elevação de custos.

O pedido de votação foi enca-minhado pelo líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), também autor de uma ação po-pular que tenta suspender na Justiça a decisão do Contran. Segundo Mendonça Filho, a obri-gatoriedade do uso de simula-dores vai aumentar de 20% a 30% o custo para o motorista tirar a carteira de habilitação. A expectativa do deputado é que a proposta seja votada nes-ta semana. “Essa exigência é absurda, pois favorece apenas quatro empresas que detêm a tecnologia dos simuladores, que custam R$ 40 mil cada um, fora os gastos com manutenção. Além disso, não há justificativa técnica e paralelo no mundo para obrigar os candidatos a motoristas a se submeterem ao curso com os simuladores”, alega o líder do DEM.

De acordo com a resolução, a prática no simulador deve ter carga horária total de cinco horas, divididas em aulas de 30 minutos, com intervalo de 30 minutos. A aula deve ser dada após o início da parte teórica e antes da expedição da licença para aprendiza-gem de direção veicular, ou seja, da aula prática.

Autor do projeto de resolu-ção, o deputado Marcelo Almei-da (PMDB-PR) diz que não há qualquer estudo que mostre a eficácia da medida na redução do número de acidentes. “Na Europa e nos EUA o uso de simuladores não faz parte do processo de formação de con-dutores, o que nos leva a refletir sobre a real necessidade desse

tipo de aula como requisito para obter a habilitação”, afir-ma o peemedebista.

A resolução do Contran obri-gava as autoescolas a ofere-cerem aulas em simuladores a partir do dia 1º de janeiro de 2014. Mas, na semana passa-da, o órgão acabou adiando a exigência para 30 de junho, re-conhecendo dificuldades para

as autoescolas se adaptarem à nova regra.

ÚtilOutro programa que, afi-

nal, começa a sair da longa preparação é o Sistema Na-cional de Identificação Auto-mática de Veículos (Siniav). Pela primeira vez se tornará possível conhecer e controlar

a verdadeira frota brasileira, pois carros novos e usados terão etiquetas eletrônicas em curto prazo. A iniciativa vai bem além de apenas facilitar os que pagam impostos em dia. Há várias aplicações em mobilidade urbana, gestão do trânsito, integração de plane-jamento e informações entre os três níveis de governo.

Não há comprovação de eficiência, diz deputado

Parlamentares contestam órgão federal de trânsito de que não há comprovação de que simuladores ajudam na redução de acidentes

DIVULGAÇÃO

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

HAPVIDA

Estudos indicam que a ameaça de colisão de um asteroide com a Terra desperta em cientistas o uso de armas nucleares

EUA estudam usar bombas atômicas contra asteroides

É um dos maiores terro-res do mundo moderno: a ameaça de que um asteroide colida com a

Terra e acabe com a vida no planeta. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Iowa, nos Estados Unidos, propõe combater essa ameaça com outro horror con-temporâneo: armas atômicas.

Bong Wie, líder da equipe do Centro de Pesquisa de Defle-xão de Asteroides, apresentou a pesquisa no começo do mês, em um encontro promovido pela Nasa na Universidade Stanford, Califórnia. E agora ele quer tes-tá-la numa missão espacial de verdade. O pesquisador diz que sua estratégia pode impedir que asteroides de grande porte (até

2 km de diâmetro) prejudiquem a vida na Terra, mesmo que o alerta de impacto seja dado com pouco tempo.

Até então, todas as estra-tégias discutidas pelos cien-tistas para desviar um bólido celeste que pudesse estar em rota de colisão com a Terra exigiam um aviso prévio de mais de 10 anos.

SoluçãoO trabalho de Wie não é o

primeiro a sugerir que bom-bas atômicas pudessem fazer esse serviço, mas sempre se considerou que uma explosão nuclear na superfície de um asteroide desse porte fosse incapaz de detoná-lo em pe-daços suficientemente peque-

nos para que queimassem na atmosfera terrestre sem nos causar perigo.

A novidade do trabalho de Wie é pensar no problema como fez Bruce Willis, no filme-pipoca “Armageddon” (1998). Na ocasião, o ator interpretava um especialista em escavar poços de petróleo que foi transformado em as-tronauta para abrir um buraco fundo num asteroide, a fim de detonar uma bomba nuclear lá dentro.

O princípio era sólido, uma explosão dentro do bólido te-ria um poder cem vezes maior de quebrá-lo em pedaços, uma vez que a energia seria pra-ticamente toda dissipada no próprio asteroide.

Grupo de pesquisadores americanos propõe combater a ameaça de asteroides com armas atômicas

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HRW condena excessos e perseguições na Venezuela

A organização Human Rights Watch (HRW) con-denou os excessos contra manifestantes durante os protestos dos últimos dias na Venezuela, além de cri-ticar fortemente a censura e ameaças aos veículos de comunicação. “O governo venezuelano tem adotado abertamente as táticas clássicas de um regime autoritário: prender seus oponentes, calar a mídia, e intimidar a sociedade civil”, disse o diretor da HRW, José Miguel Vivanco, em comunicado publicado no site da entidade.

A organização denunciou que forças de segurança usaram força excessiva e ilegal contra os manifes-tantes em diversas ocasi-

ões durante os protestos iniciados no último dia 12. Segundo a instituição, “in-clusive batendo nos detidos e atirando em multidões de pessoas desarmadas”.

A HRW pediu ainda que o governo venezuelano respeite a liberdade de ex-pressão e de reunião. Eles explicaram que grupos de direitos humanos locais relataram que os mani-festantes foram abusados na prisão. O Human Rights Watch revelou que o Cen-tro da Universidade Católica Andrés Bello Direitos Huma-nos examinou informações de mais de 90 casos de manifestantes detidos em Caracas, e constataram que sofreram abusos enquanto estavam detidos.

CENSURA

Onda de protestos na Venezuela já provocu oito mortes

ETA começa a retirada de arsenal

A organização separa-tista armada basca ETA começou a “retirar de uso uma quantidade determi-nada de armas”, anunciou uma comissão de verifi-cação do cessar-fogo, in-tegrada por especialistas internacionais. A comis-são “verificou que o ETA lacrou e retirou de uso ope-racional uma quantidade determinada de armas, munição e explosivos, o que foi gravado em ví-deo”, afirmou o presidente da Comissão, o cingalês Ram Manikkallingam.

Emissoras internacio-nais mostraram as ima-gens de dois encapuzados do ETA entregando armas e munições a especialistas internacionais. O próprio Manikkallingam aparece no vídeo. A cena é domi-nada por uma reprodução de “Guernica“, de Picas-so, wvna parede atrás da mesa onde estão as armas. No canto esquer-do, um cartaz mostra a imagem de um machado e uma cobra enrolada, anagrama do ETA.

“Verificamos que o ETA tirou do uso operativo uma quantidade determi-nada de armas, munições e e explosivos. Temos que fazer o inventário e de-pois mostraremos o ar-senal”, disse o presidente da comissão.

CESSAR-FOGO

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 (92) 3090-1041

Pequenas escolas abrem desfi le

Dia a dia C8

JOEL ROSA/ARQUIVO EM TEMPO

Correndo contra o tempoNo próximo sábado deve acontecer, caso sambódromo seja liberado, o esperado desfi le das escolas de samba do Grupo Especial. Andanças de Ciganos e Unidos do Alvorada “farão as honras” na abertura das apresentações

Mesmo com a in-defi nição sobre a liberação do sam-bódromo até a últi-

ma sexta-feira (21), as escolas de samba do Grupo Especial de Manaus estão em uma corrida contra o tempo para repetir o espetáculo carnavalesco de todos os anos. O desfi le acon-tecerá no próximo sábado (1º), a partir das 20h.

Localizada no centro comer-cial de Manaus, a rua Marechal Deodoro será o enredo da es-cola Andanças de Ciganos, que abrirá as apresentações do Grupo Especial, com o enredo “Vou às compras, que legal, meu destino é a Marechal”.

“Falar da rua Marechal Deo-doro, fazer homenagem ao co-ração do comércio popular em nossa cidade, falar do povo, da simplicidade, da alegria, das festas, do sentimento de presentear, da superação de quem viveu muitas difi culda-des como grandes incêndios e mostrar a criatividade de uma rua que a cada ano su-pera as grandes difi culdades com o apoio popular. Esse é nosso objetivo”, comenta o presidente da escola, Vilson Benayon Filho.

Fundada em 1975 na Ca-choeirinha por um grupo de amigos, a escola teve seu primeiro título no Grupo Es-pecial em 1984 e possui 20 títulos de campeã e oito de vice-campeã.

Na passarela do samba, a escola levará para o sambó-dromo quatro carros alegóri-cos, 3,3 mil brincantes em 22 alas, 60 baianas,

200 ritmistas e 14 bailari-nos na comissão de frente, que representarão os comer-ciantes do mundo chegando à nossa cidade.

As fantasias estão à venda na quadra da escola, na rua Borba, Cachoeirinha.

“José Aldo: prata da casa, ouro do mundo” é o enredo que a Unidos do Alvorada levará para passarela do samba no próximo sábado, a partir das 21h20. Em busca do seu pri-meiro titulo, a escola fará uma homenagem ao fi lho ilustre do bairro Alvorada, lutador in-ternacionalmente conhecido, José Aldo.

O lutador nascido em Ma-naus cresceu no bairro Alvora-da, partindo aos 16 anos para o Rio de Janeiro, onde morou por algum tempo na própria academia onde treinava. Com ajuda de amigos também lutadores, foi dando os passos na carreira, che-gando em 2010 a ser considerado o melhor lutador de MMA do mundo dentre todas as categorias.

A Unidos do Al-vorada aposta na riqueza do enredo e na história de vida do lu-

tador amazonense com qua-tro carros alegóricos, três tripés, 3,2 mil brincantes divididos em oito alas, 300 ritmistas, cem baianas e qua-tro casais de mestre-sala e porta-bandeira.

Com os trabalhos em rit-mos acelerados no barracão, a escola já está com 70% dos trabalhos concluídos. “Entra-remos no sambódromo para surpreender, com vontade de ganhar. Levaremos a histó-ria de um guerreiro, de um ídolo mundial. Esse Carnaval já era sonhado há mais de três anos e será totalmen-te diferente, idealizado por pessoas jovens, altamente técnico e para cima”, comen-ta o presidente da escola, Heiroldo Linhares.

Fundada em 15 de maio de 1995, a escola teve

sua estreia na passarela do

samba em

1998, no grupo de acesso, e em 1999 já estava parti-cipando do Grupo Especial. Desde então, vem lutando para conseguir o tão sonha-do campeonato, fi cando em segundo lugar em 2013 com o enredo “A beleza está nos olhos de quem vê”.

Os ensaios estão acontecendo na frente do lan-che do Jaca-ré (sede da es-

cola), de quarta a domingo, a partir das 20h. Neste domin-go, acontece o último arras-tão da escola pelas ruas do bair-ro. As

fantasias já estão à venda na esquina da avenida B com a rua 8, no Alvorada.

GERSON FREITASEspecial para o EM TEMPO

dromo quatro carros alegóri-dromo quatro carros alegóri-cos, 3,3 mil brincantes em cos, 3,3 mil brincantes em 22 alas, 60 baianas, 22 alas, 60 baianas,

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C2 Dia a dia

Estrelas e mitos no Carnaval Grêmios recreativos A Grande Família, do bairro São José, Zona Leste, e Balaku Blaku, do Centro, Zona Sul, apostam na ousadia para disputar o título de escola campeã do Grupo Especial do Carnaval 2014, no fi nalzinho da noite de sábado

O grêmio recreativo A Grande Família, o “Galo da Zona Leste”, exaltará

este ano Ednelza Sahdo, dama do teatro amazonen-se com mais de 50 anos de carreira e que durante 30 anos carregou a responsabi-lidade de ser porta-bandeira de várias escolas de samba de Manaus – e deixou claro que o amor à primeira vista aconteceu pela Mocidade de Aparecida. Ela é considera-da a maior porta-bandei-ra de todos os tempos do Carnaval amazonense.

Terceira escola a desfilar no sambódromo em 1º de março, às 22h40, A Grande Família levará para a aveni-da do samba o enredo “Ednel-za Sahdo – uma estrela em cena”. Com orçamento de R$ 850 mil, a escola apresenta-rá uma megaestrutura com seis carros alegóricos, um tripé, 26 alas, 280 ritmistas, 90 baianas e 21 componen-tes na comissão de frente.

Segundo o carnavalesco Luizinho Andrade, a escola vai investir pesado na emo-ção pelo fato de ser “uma história linda, uma história culturalmente rica, de uma mulher 100% cultura”. “Os pontos altos do desfile fi-carão por conta da bateria e comissão de frente”, disse. O carnavalesco comentou que a ba-teria virá na fren-te do carro abre-alas. “Será a p r i m e i r a vez que

isso acontece no Carnaval de Manaus e será a grande aposta d’A Grande Família”, disse Luizinho.

Os ensaios estão aconte-cendo de quarta a domingo

na quadra da escola, locali-zada na rua Careiro, São José Operário. As fantasias estão à venda no local e ficarão disponíveis até o dia do desfile, varian-do de R$ 50 a R$

100. Neste domingo, acon-tece o último arrastão a partir das 17h pelas ruas do bairro.

HistóriaA escola foi fundada em

1986 como bloco de enredo. Em 1994, foi convidada pela Associação do Grupo Espe-cial das Escolas de Samba de Manaus a desfilar. Nessa ocasião destacou-se com o enredo que versava sobre a lenda do guaraná.

A Grande Família conquis-tou seu primeiro título em 2001 com o enredo “As Ama-zonas: mulheres guerreiras e figurativas. Zona Leste circuito da alegria”. Atual-mente, guarda cinco títulos de campeã no Grupo Especial e tenta resgatar mais uma taça para a comunidade ver-melha e branca.

GERSON FREITASEspecial para o EM TEMPO

FOTOS: DIEGO JANATÃ

ARTETerceira escola a desfi lar no sambódro-mo em 1º de março, A Grande Família home-nageará a atriz Ednel-za Sahdo, considerada a maior porta-bandei-ra de todos os tempos do Carnaval local

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MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 C3

Estrelas e mitos no Carnaval Quarta escola a desfilar

no sambódromo a partir da meia noite de domingo (2), a escola Balaku Blaku, com o enredo “Marapatá, a ilha encantada dos mitos, portal de Manaus, passa-rela dos mitos”, mostrará em quatro atos, divididos em blocos os mistérios e os mitos que envolvem a ilha de Marapatá. Uma ópera indígena vai narrar a histó-ria de um índio denomina-do Marapatu. Lançado por sua mãe nas águas do rio para se salvar da grande destruição feita por um pajé do mal, o grande guer-reiro Marapatu encontrará a força nas cidades do interior do Amazonas: de Parintins, será a força dos índios e dos bumbás Ga-rantido e Caprichoso; de Itacoatiara, dos poetas; de Presidente Figueiredo, das cachoeiras; e de Maués, a força vem do guaraná.

Com um orçamento de R$ 600 mil, a escola trará para a avenida do samba quatro carros alegóricos, um tripé, 3,2 mil brincan-tes, três casais de mestre-

sala e porta-bandeira, 230 ritmistas, 21 alas e cem baianas. “Traremos algo inovador e surpreenden-te, coisas assustadoras, carros escuros, algo nun-ca visto no Carnaval de Manaus e nem do Rio de Janeiro. A escola passou por uma grande transição.

Mesmo com todas as difi-culdades, unimos as forças para fazer um grande Car-naval. Seremos ousados e diferentes, vamos brigar pelo título”, disseram os membros da comissão de arte da escola, formada por Betinho, Marco Jr. e Irlene Mourão.

Os ensaios estão acon-tecendo na quadra da escola, localizada na rua Isabel, Centro, de terça a domingo, a partir das 20h. Para quem estiver inte-ressado em desfilar pela agremiação, as fantasias já estão à venda na quadra por R$ 60.

OrigensA escola, que tem como o

símbolo a águia com a co-res vermelha e branca, foi fundada em 22 de outubro de 1977, no Centro, entre as ruas Isabel e Lima Bacu-ri. A Balaku Blaku teve sua primeira participação no Grupo Especial em 1992, e em 2001 conquistou seu primeiro título com o enre-do em homenagem a Nilton Lins, dividindo o título com mais três escolas.

Inovando a cada ano, a escola homenageou a ban-da paraense Calypso em 2007, e no ano seguinte homenageou um dos maio-res bailarinos brasileiros, conhecido internacional-mente, o amazonense Mar-celo Mourão.

Ópera indígena em plena avenida

LENDAO enredo da Balaku Blaku mostrará em quatro atos os mis-térios e mitos que envolvem a ilha de Marapatá, onde o guerreiro Marapatu tira suas forças das cidades do interior

Artista da Balaku Blaku prepara detalhe de um dos carros alegóricos: histórias indígenas

Confecção de alegorias segue em ritmo frenético para o desfile da GRES A Grande Família

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 C5

MAQSERRAS

Enquanto a Mocidade Independente de Aparecida trata da importância do centro de Manaus e sua revitalização, Reino Unido da Liberdade contará seus 33 anos de história no desfi le que acontecerá na madrugada de domingo, 2 de março

Com o enredo “Centro de amor, Centro de vida: História e alma de um povo”, a escola

Mocidade Independente de Aparecida, que já arrebatou 19 títulos desde sua criação em 1980, fará uma homena-gem ao centro da cidade, que acolhe cerca de 200 mil pes-soas principalmente durante os festejos de fi m de ano.

Além de apontar a impor-tância econômica do Cen-tro, a Aparecida também vai ressaltar a importância do respeito ao espaço público. “Este é um tema bastante oportuno, o Centro está na alma do manauense. Lá é onde tudo começou, passa hoje por revitalização, mas queremos apontar suas ma-zelas, queremos fazer um alerta sobre o que o centro esta precisando e todas as coisas que precisam ser fei-tas para o manauense sentir orgulho do centro da cida-de”, ressaltou o presidente Luiz Pacheco.

Neste ano, a escola verde e branco vai desfi lar à 1h20

de 2 de março com 3,8 mil componentes divididos em 20 alas, cinco carros alegó-ricos e dois tripés. Haverá 80 baianas, 260 ritmistas na bateria, quatro casais de mestre-sala e porta-bandei-ra, e 15 componentes na co-missão de frente. Segundo o presidente, a escola deverá inovar na comissão de frente e bateria. “A Aparecida sem-pre inova na avenida. Este ano não será diferente. Tere-mos uma comissão de frente diferenciada, a bateria tem desenvolvido um ritmo e ca-dência inovadora e o resto só assistindo porque é segredo”, ressaltou Pacheco.

Diferentemente de outras escolas, o presidente apontou que os trabalhos no barracão iniciaram cedo, em agosto de 2013. “A Aparecida, escola de vanguarda, começou um pouco mais cedo para evi-tar qualquer atraso. Estamos na fase de acabamento dos carros alegóricos e fantasias. As alas, mestre-sala e por-ta-bandeira, bateria estão prontas. As baianas estão só na fase de acabamentos. Daqui a alguns dias termi-namos tudo”, assegurou. Ele

ressaltou que o adiantamen-to do início dos trabalhos, a interdição dos barracões durante dez dias - requeri-da pelo Ministério público do Estado (MPE) no mês de janeiro - não infl uenciou no cronograma da escola.

Entre a verba repassada pelo governo, prefeitura e

patrocinadores, o desfi le da “Pareca” custará cerca de R$ 800 mil. “Não desfi la-mos por desfi lar e sim para disputar o título. Dessa vez não vai ser diferente, vamos para avenida com esse es-pírito de 19 títulos conquis-tados. A Aparecida nasceu vitoriosa”, apontou.

Quem quiser desfi lar pela

Aparecida, ainda pode adqui-rir as fantasias na quadra da escola de samba, na rua Ra-mos Ferreira, 102, no bairro Aparecida. Os preços variam de R$ 120 a R$ 150.

Reino UnidoMais de três décadas de

participação da escola Rei-no Unido da Liberdade no Carnaval amazonense será narrado pela própria agre-miação durante o desfi le no próximo domingo (2), a partir das 2h40.

Segundo a diretoria, o en-redo “No reino do Carnaval já sorri, chorei, sambei, e a liberdade conquistei”, será defendido por pelo menos 4, 5 mil brincantes, espalhados em 28 alas e com cinco carros alegóricos. “O ‘Morro’ este ano faz uma auto-homena-gem. Levaremos para ave-nida nossa própria história. São 33 anos de samba, é uma homenagem mereci-da”, ressaltou o presidente Ney Rodrigues.

A uma semana do desfile, os trabalhos no barracão estão a todo vapor, com a atenção voltada aos carros alegóricos. “A escola virá

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

NÚMEROSEste ano, a Mocidade Independente de Apa-recida vai desfi lar com 3,8 mil componentes divididos em 20 alas, cinco carros alegó-ricos e dois tripés, mais 80 baianas, 260 ritmistas de bateria

Na avenida, a Reino Unido promete surpreender o públi-co com novidades na bateria e comissão de frente. Sem revelar muitos detalhes, o presidente apenas adiantou que a comissão virá com o máximo de integrantes per-mitidos nas normas, ou seja, 15 bailarinos.

Com um histórico de oito títulos conquistados e oito vi-cecampeonatos, a Reino Uni-do da Liberdade já sonha com a conquista da vitória deste ano. “Estamos a todo vapor,

com ensaios de segunda a sexta, na frente da quadra e nas ruas do Morro. No domin-go (hoje) realizaremos ensaio técnico com todos quesitos da escola, inclusive com a bate-ria ‘furiosa’ do mestre Iron Maciel”, destacou. As fanta-sias estão sendo vendidas na quadra da escola, localizado na rua São Pedro, Morro da Liberdade. Os preços variam de R$ 100 a R$ 200.

A escola nasceu em 1981, como um bloco no bairro Mor-ro da Liberdade, Zona Sul, em

uma brincadeira de amigos na rua Santa Rosa. Cinco anos depois se transformou em escola, e em 1987 entrou no Grupo Especial. Em 1989, conquistou o primeiro título com o samba-enredo “Mãe Zulmira, o amanhecer de uma raça”, e em 1990 veio o bicam-peonato com “Vem a mais de mil”. O último título veio em 2012, com a homenagem ao padre salesiano Dom Bosco, “Um menino, um sonho, uma obra - o amor de Dom Bosco virou realidade”.

Surpresas e novidades na pista

As duas escolas agilizam os preparativos para disputar o título de campeã do Carnaval

Alegorias em acabamen-to na quadra do Reino

Unido da Liberdade: história de samba na

passarela

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Homenagens e muita garraEnquanto a Mocidade Independente de Aparecida trata da importância do centro de Manaus e sua revitalização, Reino Unido da Liberdade contará seus 33 anos de história no desfi le que acontecerá na madrugada de domingo, 2 de março

Homenagens e muita garraHomenagens e muita garra

atenção voltada aos carros alegóricos. “A escola virá

Nos galpões, artistas acertam o ritmo para levar ao sambódromo a beleza das grandes

alegorias que encantam os torcedores

grande. Estamos finalizando as soldagens e ferragens dos carros para colocação dos ade-reços. As fantasias já estão sendo confeccionadas. Os pro-tótipos já estão todos prontos”, salientou. Segundo Rodrigues,

a escola do Morro traba-lha com orçamento de

ap rox imadamente R$ 390 mil repas-sados pelo Estado

e pela prefeitura.

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 C5

MAQSERRAS

Enquanto a Mocidade Independente de Aparecida trata da importância do centro de Manaus e sua revitalização, Reino Unido da Liberdade contará seus 33 anos de história no desfi le que acontecerá na madrugada de domingo, 2 de março

Com o enredo “Centro de amor, Centro de vida: História e alma de um povo”, a escola

Mocidade Independente de Aparecida, que já arrebatou 19 títulos desde sua criação em 1980, fará uma homena-gem ao centro da cidade, que acolhe cerca de 200 mil pes-soas principalmente durante os festejos de fi m de ano.

Além de apontar a impor-tância econômica do Cen-tro, a Aparecida também vai ressaltar a importância do respeito ao espaço público. “Este é um tema bastante oportuno, o Centro está na alma do manauense. Lá é onde tudo começou, passa hoje por revitalização, mas queremos apontar suas ma-zelas, queremos fazer um alerta sobre o que o centro esta precisando e todas as coisas que precisam ser fei-tas para o manauense sentir orgulho do centro da cida-de”, ressaltou o presidente Luiz Pacheco.

Neste ano, a escola verde e branco vai desfi lar à 1h20

de 2 de março com 3,8 mil componentes divididos em 20 alas, cinco carros alegó-ricos e dois tripés. Haverá 80 baianas, 260 ritmistas na bateria, quatro casais de mestre-sala e porta-bandei-ra, e 15 componentes na co-missão de frente. Segundo o presidente, a escola deverá inovar na comissão de frente e bateria. “A Aparecida sem-pre inova na avenida. Este ano não será diferente. Tere-mos uma comissão de frente diferenciada, a bateria tem desenvolvido um ritmo e ca-dência inovadora e o resto só assistindo porque é segredo”, ressaltou Pacheco.

Diferentemente de outras escolas, o presidente apontou que os trabalhos no barracão iniciaram cedo, em agosto de 2013. “A Aparecida, escola de vanguarda, começou um pouco mais cedo para evi-tar qualquer atraso. Estamos na fase de acabamento dos carros alegóricos e fantasias. As alas, mestre-sala e por-ta-bandeira, bateria estão prontas. As baianas estão só na fase de acabamentos. Daqui a alguns dias termi-namos tudo”, assegurou. Ele

ressaltou que o adiantamen-to do início dos trabalhos, a interdição dos barracões durante dez dias - requeri-da pelo Ministério público do Estado (MPE) no mês de janeiro - não infl uenciou no cronograma da escola.

Entre a verba repassada pelo governo, prefeitura e

patrocinadores, o desfi le da “Pareca” custará cerca de R$ 800 mil. “Não desfi la-mos por desfi lar e sim para disputar o título. Dessa vez não vai ser diferente, vamos para avenida com esse es-pírito de 19 títulos conquis-tados. A Aparecida nasceu vitoriosa”, apontou.

Quem quiser desfi lar pela

Aparecida, ainda pode adqui-rir as fantasias na quadra da escola de samba, na rua Ra-mos Ferreira, 102, no bairro Aparecida. Os preços variam de R$ 120 a R$ 150.

Reino UnidoMais de três décadas de

participação da escola Rei-no Unido da Liberdade no Carnaval amazonense será narrado pela própria agre-miação durante o desfi le no próximo domingo (2), a partir das 2h40.

Segundo a diretoria, o en-redo “No reino do Carnaval já sorri, chorei, sambei, e a liberdade conquistei”, será defendido por pelo menos 4, 5 mil brincantes, espalhados em 28 alas e com cinco carros alegóricos. “O ‘Morro’ este ano faz uma auto-homena-gem. Levaremos para ave-nida nossa própria história. São 33 anos de samba, é uma homenagem mereci-da”, ressaltou o presidente Ney Rodrigues.

A uma semana do desfile, os trabalhos no barracão estão a todo vapor, com a atenção voltada aos carros alegóricos. “A escola virá

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

NÚMEROSEste ano, a Mocidade Independente de Apa-recida vai desfi lar com 3,8 mil componentes divididos em 20 alas, cinco carros alegó-ricos e dois tripés, mais 80 baianas, 260 ritmistas de bateria

Na avenida, a Reino Unido promete surpreender o públi-co com novidades na bateria e comissão de frente. Sem revelar muitos detalhes, o presidente apenas adiantou que a comissão virá com o máximo de integrantes per-mitidos nas normas, ou seja, 15 bailarinos.

Com um histórico de oito títulos conquistados e oito vi-cecampeonatos, a Reino Uni-do da Liberdade já sonha com a conquista da vitória deste ano. “Estamos a todo vapor,

com ensaios de segunda a sexta, na frente da quadra e nas ruas do Morro. No domin-go (hoje) realizaremos ensaio técnico com todos quesitos da escola, inclusive com a bate-ria ‘furiosa’ do mestre Iron Maciel”, destacou. As fanta-sias estão sendo vendidas na quadra da escola, localizado na rua São Pedro, Morro da Liberdade. Os preços variam de R$ 100 a R$ 200.

A escola nasceu em 1981, como um bloco no bairro Mor-ro da Liberdade, Zona Sul, em

uma brincadeira de amigos na rua Santa Rosa. Cinco anos depois se transformou em escola, e em 1987 entrou no Grupo Especial. Em 1989, conquistou o primeiro título com o samba-enredo “Mãe Zulmira, o amanhecer de uma raça”, e em 1990 veio o bicam-peonato com “Vem a mais de mil”. O último título veio em 2012, com a homenagem ao padre salesiano Dom Bosco, “Um menino, um sonho, uma obra - o amor de Dom Bosco virou realidade”.

Surpresas e novidades na pista

As duas escolas agilizam os preparativos para disputar o título de campeã do Carnaval

Alegorias em acabamen-to na quadra do Reino

Unido da Liberdade: história de samba na

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Homenagens e muita garraEnquanto a Mocidade Independente de Aparecida trata da importância do centro de Manaus e sua revitalização, Reino Unido da Liberdade contará seus 33 anos de história no desfi le que acontecerá na madrugada de domingo, 2 de março

Homenagens e muita garraHomenagens e muita garra

atenção voltada aos carros alegóricos. “A escola virá

Nos galpões, artistas acertam o ritmo para levar ao sambódromo a beleza das grandes

alegorias que encantam os torcedores

grande. Estamos finalizando as soldagens e ferragens dos carros para colocação dos ade-reços. As fantasias já estão sendo confeccionadas. Os pro-tótipos já estão todos prontos”, salientou. Segundo Rodrigues,

a escola do Morro traba-lha com orçamento de

ap rox imadamente R$ 390 mil repas-sados pelo Estado

e pela prefeitura.

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Motos, modernidade, escravos e liberdadeDuas últimas escolas de samba a entrarem na avenida, no amanhecer do próximo domingo, Sem Compromisso e Vitória-Régia superam as dificuldades e correm contra o tempo para finalizarem suas tarefas e realizarem seus desfiles

Cerca de 3 mil brincantes da Sem Compromisso, a escola do tucano pre-to e amarelo, vão levar

para a avenida, a partir das 4h de domingo (2), a história das motocicletas. O enredo “Má-quinas da liberdade, que incen-deiam os corações: a história da motocicleta, desde Leonardo Da Vinci”, terá o cantor Arlindo Júnior como intérprete.

A história do veículo de duas rodas irá tomar a avenida ao longo das 22 alas, com cinco carros alegóricos, 250 ritmistas na bateria, 120 destaques e quatro casais de mestre-sala e porta-bandeira.

O diretor de Carnaval, Getú-lio Lobo, explicou que adaptou o tema, sugerido pelo verea-dor Bosco Saraiva. A menos de dez dias do desfile, as equipes da Sem Compromisso estão envolvidas ainda com a construção das ferragens dos carros alegóricos. “A parte de adereço vamos deixar para a última semana, estamos atra-sados porque o dinheiro ainda não foi liberado. Sempre ter-minamos metade dos carros em janeiro e o restante em fevereiro. Este ano atrasou o cronograma”, informou. A es-cola aguarda ainda a chegada de alguns adereços como plu-

mas que vem de São Paulo.Segundo Lobo, o andamento

dos trabalhos sofreu atraso por conta da morosidade do repasse da verba da prefeitura e do Estado. “Acho que todas as escolas estão com 50% por fazer. Ainda não recebemos da prefeitura e estamos com uma parcela do Estado retida. Todas as escolas devem estar em atraso e com a dificul-dade como nunca ninguém teve. Ainda tivemos também

a interdição do sambódromo. Acho que falta mais apoio à cultura popular, o folclore, o Carnaval, as coisas nossas. Ajudaria se o edital tivesse sido liberado em julho de 2013 e não em novembro como foi, para adiantar o trabalho. Mas acreditamos que no fi-nal vai dar tudo certo, tudo vai acontecer. O amazonense está acostumado a tirar leite

de pedra”, defendeu. Metade das fantasias será

doada à comunidade na Zona Norte, que tem contribuído com a escola, como grupos folclóricos, costureiras e to-dos que participam ativamen-te do grêmio. A outra parte será vendida no valor de R$ 50, na sede na rua Comenda-dor Clementino e na avenida Margarita (rua principal), em frente ao supermercado, no bairro Nova Cidade.

A escola surgiu no Centro, como bloco em 1978, numa brincadeira entre amigos da rua Comendador Clementino. Já conquistou dois títulos, 12 pratas e 13 bronzes. O primei-ro título foi conquistado em 1986 com o samba-enredo de Anibal Beça, “Joana Galante: axé dos orixás”. Neste ano, os ensaios foram transferidos para quadra no bairro Nova Cidade, Zona Norte.

Vitória-RégiaA extinção das senzalas e do

trabalho escravo no Amazonas, quatro anos antes que o resto do Brasil, será contado na avenida pela Vitória-Régia. Cerca de 4,5 mil componentes defenderão o enredo “Da África ao Amazonas, da escravidão à liberdade – 130 anos da abolição da escravatu-ra”, pela escola que irá encerrar os desfiles do Grupo Especial, às 5h30 de domingo (2).

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

EVOLUÇÃOA Sem Compromisso vai contar a história das motocicletas ao longo de 22 alas, com cinco carros alegóricos, 250 ritmistas na bateria, 120 destaques e quatro casais de mestre-sala e porta-bandeira

Fantasias da escola de samba Vitória-Régia: saindo com garra mesmo sem repasse do governo

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Motos, modernidade, escravos e liberdadeO desfile da verde e rosa

virá em 28 alas e cinco carros alegóricos, que deverá explo-rar diversos elementos da cultura afro. De acordo com o presidente Ivan Martins, mesmo sem o repasse do dinheiro integralmente, a es-cola não amarga atrasos no cronograma. “Estamos com um adiantamento bom, os carros estão bonitos, não re-aproveitamos nada, compra-mos ferro novo, tudo novo. A escola está gastando o que não tem, mas está fi-cando bonito e as fantasias também. Queremos entre-gar tudo dois dias antes”, salientou o presidente.

Ele explicou que os inves-timentos da agremiação es-tão na faixa de R$ 800 mil e, mesmo sem ter recebido todo repasse do governo, o grupo está confiante com o trabalho que vem sendo de-senvolvido no barracão, nos ensaios com os artistas e, claro, apostando na vitória. “Estamos usando o nosso dinheiro mesmo. Tem que fazer, se não fizermos vamos passar vergonha. Menos que R$ 800 mil não dá para fazer. Nosso objetivo é ganhar. Não gosto de entrar para perder. Tem que respeitar a Vitória Régia, essa nova diretoria

não veio para brincar”, afir-mou o presidente.

Fundada em 1975 pelos moradores do bairro Praça 14, zona Sul, a escola já acumulou 12 vitórias e seis segundos lugares. A últi-ma conquista foi em 2010 com o enredo “Cantando o Pensamento na Amazônia, a Verde e Rosa Saúda os

Imortais”. Nos últimos três anos, a escola conquistou a 6ª posição, em 2011 e 2012 e a 7ª no ano passado, com o enredo “O centenário do Nacional em verde e rosa no nosso Carnaval”.

Quem quiser desfilar pela Vitória-Régia, as fantasias, no valor de R$ 100 estão à venda na rua Emílio Moreira, 1.192, no centro.

Elementos da cultura africana

ORÇAMENTO

800é o investimento feito pela Vitória-Régia para o desfile deste ano, mesmo sem repasses

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Alegorias em processo acelerado de conclusão na escola Sem Compromisso: uma história sobre duas rodas contada em samba

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

LOUVAREI

Pequenas e cheias de gásEscolas dos grupos de acesso A, B e C abrirão os desfi les no centro de convenções nos dias 27 e 28 de fevereiro

Abrindo os desfi les no sambódromo, as es-colas de samba do grupo C desfi lam na

próxima quinta-feira (27), a partir das 21h. A avenida será tomada pelos brincantes da Gaviões do Parque, Vila da barra, Leões do Barão Açu, Legião de Bambas e Império do Mauá.

A “Etnia Saterê Maué” será homenageada pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Gaviões do Parque que sai com mil brincantes em dez alas. “Vamos contar a his-tória de uma tribo indígena de Maués que foi extinta. É muito importante mostrar aos jovens sobre os povos que fi ze-ram parte de nossa história”, disse o diretor de Carnaval Márcio Jean de Almeida, e adiantou que o famoso ritual da tucandeira será encenado na avenida.

As fantasias estão expostas na rua 11, conjunto Castelo

Branco, no Parque 10. Quem quiser desfi lar basta ir ao endereço e levar um quilo de alimento não perecível, que após o desfi le será distribuí-do em instituições escolhidas pela escola.

Os 1,2 mil brincantes da escola de samba Vila da Barra levarão para avenida o tema “Café, o mito, a história, uma mania que percorreu o mundo e chegou ao Brasil”. A história de uma das bebidas mais po-pulares do país será contada durante 40 minutos, ao longo do desfi le de 12 alas e dois carros alegóricos da escola.

As fantasias estão dispo-níveis no valor de R$ 20 e o aluguel do destaques a R$ 200 na sede, localizada na avenida Brasil, 2.000, no bairro São Jorge.

Com o enredo “Manaus, sol, calor humano” a escola de samba Leões do Barão Açu vai defender a capital das críticas do treinador da sele-ção inglesa, Roy Hodgson, que considerou a cidade como a sede que deveria ser evitada, por ter condições climáticas

não tão agradáveis. “Hemoam é sangue bom!”

é o samba-enredo que a escola Legião de Bambas le-vará pra avenida na próxima semana. Serão mil brincan-tes divididos em 11 alas e dois carros alegóricos.

Com o samba-enredo “No império do Mauá, Ajuricaba vem reinar”, a escola Império do Mauá invadirá a avenida as 22h30, na próxima quinta-feira (27), com 800 brincantes, sete alas e um carro.

A escola surgiu em 1988 como bloco, responsável em animar os brincantes pelas ruas do bairro Mauazinho, Zona Norte. Em 2008 tor-nou-se grêmio recreativo, quando passou a participar dos desfi les no sambódro-mo. “A comunidade, por in-termédio da família Oliveira criou o bloco. E eu fundei o grêmio recreativo, legali-zamos”, disse o presidente Fernando de Souza.

As fantasias não serão ven-didas e sim doadas à comuni-dade. “Também teremos um ônibus de graça para levar

a comunidade e buscar para desfi le no sambódromo. A sa-ída está marcada para as 19h e traz com segurança. Tudo para incentivar os participan-tes”, salientou o presidente.

Na sexta-feira (28), os grupos B e A, nessa ordem, continuam os desfi les. O pri-meiro, a partir das 20h, é representando pelas escolas Unidos da Cidade Nova (tema “Yara, a guerreira das águas”), Ipixuna (“Tem fogueira e balão e a Ipixuna faz adivinhação”), Meninos Levados da Praça 14 (“Garantido Show: a riqueza coreográfi ca da Amazônia”), Mocidade da Raiz (“O mundo de Walt Disney”), Império do Havaí (“Omar: responsabilida-de e seriedade”) e Mocidade Independente do Coroado (“Novo Aripuanã: terra do tu-cumã, portal onde se encontra o sol predileto”).

No grupo A, a escola Aca-dêmicos da Cidade Alta levará para a avenida seu enredo “Na sequência do samba, Cidade Alta risca o chão de poesias. Ivan de Oliveira, a voz do Mor-ro”. Com orçamento de R$ 200

mil repassados pelo governo e prefeitura, a escola do Edu-candos cantará seu enredo na avenida do samba já à 1h30 de sábado (1º), com mil brin-cantes divididos em 19 alas, cem ritmistas, 60 baianas e dois carros alegóricos.

A escola vem forte, inova-dora e confi ante no título. “Estamos realizando um bom trabalho com a comunidade”, comentou o presidente da es-cola, Elivilson Monteiro.

O Grêmio Recreativo Im-pério da Kamélia terá como enredo “Celebrando a cultura, a Kamélia brinca as festas do meu Amazonas” com três carros, 14 alas, 55 baianas e 180 ritmistas.

A Unidos do Coophasa, com o enredo “África”, leva-rá para a avenida um carro alegórico e mil brincantes divididos em 16 alas, 50 baianas e 100 ritmistas .

“Manaus mãe dos deuses, cidade de um povo manaós” é o enredo da escola de samba Primos da Ilha, do bairro de São Francisco. Com 1, 2 mil brincantes, a escola conta seu

enredo em três carros alegó-ricos, 16 alas, 100 ritmistas e 60 baianas.

A escola de samba Beija-Flor do Norte, do bairro Ama-zonino Mendes, traz como en-redo para 2014 “Sou caboclo, sou artista, sou Beija-Flor do Norte, sou Márcio Braga, mensageiro do humor”, com um carro alegórico, 1,2 mil brincantes, 12 alas, cem rit-mistas e 60 baianas.

A Mocidade Independente Presidente Vargas trará para a avenida este ano o enredo “Mãos”, com 2 mil brincantes, três carros alegóricos, 16 alas, 50 baianas e 150 ritmistas.

“Caminhos segui, a ori-gem encontrei: dança da ca-xemira, a joia rara da Índia” será o enredo da Dragões do Império. Com 60% dos seus trabalhos concluídos, a escola levará para a avenida mil brincantes em 14 alas, 90 baianas, cem ritmistas e dois carros alegóricos. Com 11 anos, a Dragões teve dois títulos no grupo de acesso e participou em 2012 do Grupo Especial.

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Karine Aguiare a agendana Europa

DIVULGAÇÃO

Há 50 anos, mais especi-fi camente em 1964, a atriz francesa Brigitte Bardot pisou pela pri-

meira vez no Rio de Janeiro e, junta-mente com isso, transformou Búzios em

um destino turístico. Ainda neste mesmo ano, foi criado o Banco Central, responsá-

vel por gerir a política econômica brasileira e garantir a estabilidade do país. Porém, o

fato mais marcante, sem dúvida, foi o golpe militar que derrubou o até então presidente

constitucional João Goulart e abriu espaço para que as Forças Armadas Brasileiras assumissem o comando do Brasil.

Ao longo de 21 anos, meios de comunicação foram censurados, artistas foram torturados, assassinados e exilados. Qualquer cidadão que se mostrava contra aos ideais militares se via encurralado em “beco sem saída”. Parafraseando D. Pedro 1º: “para o bem de todos e felicidade geral da nação”, em 1985, o congresso nacional aprovou emenda constitucional que “acabava” com parte da ditadura, sendo defi nitivamente “extinta” em 1988 quando foi promulgada a Constituição Federal, transformando o país em democracia.

Após seu fi m, o assunto serviu como pano de fundo para diversos fi lmes, livros e no-

velas – acreditem ou não! – que contam, cada uma com sua especifi cidade, o

momento histórico. Isso para não citar obras que foram censurados ao longo

de todo o golpe militar. Dentre eles está “Pra Frente, Brasil” (1982),

considerado o primeiro longa a retratar o regime de forma

aberta. “Esse fi lme fala diretamente da dita-

dura e mostra o seu lado mais

c r u e l .

Exibe também a incrível abdução do brasileiro na época da Copa de 1970, quando o “diabo” acontecia aqui e povo estava tenso com o futebol. Apesar desse discurso “velhaco” viver até hoje, aquele era outro Brasil e o fi lme fala desse outro país de uma maneira muito crua”, diz a jornalista Adriana Chaves.

Outro longa-metragem importante é “Zuzu An-gel”, datado de 2006, e conta a saga da estilista brasileira, mãe do militante Stuart Angel, que foi sequestrado, torturado e assassinado pelos militares durante a ditadura. Ao longo do fi lme, que tem Patrícia Pillar (Zuzu) e Daniel Oliveira (Stuart) no elenco, o espectador pode acompanhar a briga da mãe em busca de seu fi lho. Apesar de nunca ter sido encontrado e da estilista ter morrido em um acidente de carro, ela se tornou um dos ícones de briga pelo fi m do golpe. Na semana que morreu, Zuzu tinha deixado na casa do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda um documento avisando que se algo ocorresse com ela, os responsáveis seriam os assassinos de “seu amado” Stuart. Em homenagem a ela, Buarque compôs a música “Angélica”.

O mais recente de todos e que esteve inclusive na programação do Amazonas Film Festival do ano passado é “Tatuagem”, do diretor Hilton Lacerda. A trama se passa em 1978, em Recife, e mostra o amor entre Clécio, líder do grupo Chão de Estrelas e do soldado Fininha. Apesar de “proibido” ambos lutam pelo seu relacionamento que, muitas vezes, é atingido pelas pressões militares da época.

Das inúmeras publicações uma delas merece destaque. É a obra “1968 – O Ano Que Não Ter-minou”, do escritor Zuenir Ventura. Ao longo de 312 páginas, conhecer ou então lembrar da morte do estudante Edson Luis Lima Souto, assassinado por um policial militar no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro. O clássico já ven-deu mais 300 mil cópias desde seu lançamento, 1988. Além desse fato, o livro apresenta inúmeros momentos como a contracultura hippie, a Passe-ata dos Cem Mil, as músicas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, o Congresso da UNE em Ibiúna, entre outros.

Versos intrigantesCartunista, cantor e compositor, Júnior Lima

lembra que, durante a infância, ouvia canções que o atraiam pela beleza melódica, mas que ao mesmo tempo o intrigavam pela maneira como suas poesias eram construídas.

“Já na adolescência, pude compreender por meio de alguns

p r o -fessores o que signi-fi cavam todas aquelas mensagens enigmáticas escondidas nas canções, como por exem-plo, ‘Um desejo sem medida e paciência / Quase já desesperado de esperar todo esse tempo / E esse grito sufocando a garganta sem parar’”, comenta, citando os versos da música “Renovação”, da dupla Candinho & Inês. “Um clamor por liberdade e dias melhores para um país dominado por um regime repressor”.

Júnior Lima também destaca “Cálice” (1973), composição de Chico Buarque e Gilberto Gil, que fi cou conhecida também na voz Milton Nascimento. “Por meio de metáforas, os autores driblam brilhantemente os ouvidos da censura do regime militar, com um jogo de palavras poético e ao mesmo tempo impositivo em uma palavra de ordem: ‘Cale-se’”, analisa. “Outra canção que muito me marcou e que cheguei a tirar minhas dúvidas com o próprio autor, o cantor e compositor cearense Ednardo, é ‘Artigo 26’, que descreve em sua letra a forma como os militares abordavam aqueles que confrontavam contra o regime”.

Em 1977, o cantor e compositor Chico Buar-que lançou “Angélica”, uma música escrita com Miltinho em homenagem a Zuzu Angel. Chico possui um vasto repertório de canções que criticam a ditadura – e se tornaram a voz dos que não se conformavam com o regime –, entre elas “Apesar de Você” (1970) e “Vai Passar” (1984, parceria com Francis Hime). Assim como Chico Buarque, ou-tros artistas da música popular brasi-leira também se rebelaram, cada um ao seu modo, contra a ditadura, como Geraldo Vandré, que foi bem mais direto ao cantar “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” (1968), proibida até 1979. Também tiveram músicas censuradas.

BRUNO MAZIERI LUIZ OTÁVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

Golpe militar Golpe militar Golpe militar Golpe militar

retratado na arte Golpe militar retratado na arte retratado na arte Golpe militar retratado na arte Golpe militar

Ao longo desse meio século, surgiram fi lmes, livros e músicas que

retrataram uma das épocas mais contraditórias vividas pelo Brasil

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. Ana Lúcia e Frank Nelson reuniram a família e os amigos para o primeiro evento em torno dos 15 anos da filha Diandra.

. Foi celebrada uma missa em Ação de Graças pela nova idade de Diandra, na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, na quinta-feira, uma bela celebração religiosa.

>> Celebração

Francisco e Clycia Garcia

Juca, Leonardo e Lourdes Sêmem

. O Shopping Ponta Negra passará a contar com um local totalmente dedica-do ao público infantil, é o ‘All Kids’, com programação exclusivamente dedicada as crianças.

. Com os empresários Murad Aziz e Marilia Zuazo à frente do negócio, o ‘All Kids’ foi criado para oferecer as famílias que visitam o shoppping, um local para deixarem seus fi lhos enquanto circulam pelo centro de compras da Ponta Negra.

. O local está sensacional com espaços que vão de ofi cinas (arte, teatro e culinária) à área play e arvorismo com tirolesa. A festa de abertura será na próxima quarta-feira assinada por este colunista, Waisser Botelho, Alexandre Prata e Guto Oliveira.

>> Bambinos

. O festejado atleta amazonense do UFC, José Aldo, estará em Manaus durante o Carnaval 2014.

. Campeão de MMA – Mixed Martial Artes, pelo UFC – Ultimate Fighting Championship, na categoria peso pena, chega à cidade no próximo dia 25 de fevereiro e será homenageado com o tema do samba-enredo da Escola de Samba Unidos da Alvorada, do bairro onde nasceu.

. O lutador vai participar de atividades promovidas

pela Prefeitura de Manaus e já no dia 26 ele dará uma entrevista coletiva à imprensa de Manaus. Ele estará na cidade com sua família e um grupo de amigos.

>> Na cidade

. O cantor amazonense Serginho Queiroz será a atração principal nes-te domingo, no Parque Cidade da Criança.

. O show, que iniciará às 19h30, contará com um repertório totalmente voltado para o público infantil. Além disso, o local contará com a apresen-tação de espetáculos e brincadeiras. Toda a programação, iniciada às 10h, é totalmente free.

>> Diversão

. De acordo com Salvatore Ferragamo, a au-tenticidade é a maior forma de luxo. E é a partir desta fi losofi a que vem a inspiração para Acqua Essenziale, nova fragrância masculina da marca que acaba de ser lançada.

. São notas cítricas e verdes de hortelã e de folha de limão misturadas a gerânio, alecrim e lavanda, o que resulta em uma assinatura olfativa autêntica, um novo musk que brinca com a singu-laridade fl oral. Fragrância moderna. Vale sentir.

FOTOS: MAURO SMITH

>> Objeto de desejo

Emanuelle e Marcelinho Gil

Matheus e Ana Lúcia Costa, a querida dona Jamile Raman e Diandra e Frank Nelson, na celebração religiosa de quinta-feira

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Emanuelle e Marcelinho Gil

Matheus e Ana Lúcia Costa, a querida dona Jamile Raman e Diandra e Frank Nelson, na celebração religiosa de quinta-feira

A bela Dian-dra Costa, du-rante a missa em Ação de Graças pelos seus 15 anos na Igreja de Nossa Senho-ra de Nazaré

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Karine Aguiar divulga agenda europeiaCantora amazonense visita pelo menos cinco países durante o mês de março, divulgando a sonoridade de “Arraial do Mundo”

A cantora Karine Aguiar, um dos expoentes da música amazonense contemporânea, está

de malas prontas para uma turnê pela Europa. Durante todo o mês de março, a artista viaja por, pelo menos, cinco países. Os shows tendem a ser, se-gundo ela mesma, experiências diferenciadas entre um e outro, devido a maneira como o for-mato das bandas com as quais dividirá o palco será constituído em cada cidade.

A primeira apresentação está marcada para o dia 5 de março, na sede da Orga-nização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, na França. “Trata-se da honraria que iremos receber da co-munidade brasileira em Paris, que é o prêmio de Melhor CD de Música Brasileira, chama-do Prêmio “Coração Brasil”. Nossa apresentação acontece junto com um espetáculo cha-mado “Cinderela do Brasil”. A premiação propriamente dita será dia 8, no Carnaval brasi-leiro, que é realizado em Paris”, afi rma a cantora.

De lá, Karine Aguiar segue para Portugal, onde se apre-senta em um hotel, na cidade de Lisboa, no dia 10 de março.

Na Espanha, Karine tem sho-ws marcados em Madri (Sala Clamores Jazz) e Barcelona (Sala Bikine), nos dias 15 e 18, respectivamente. Karine Aguiar volta à França, no dia 25 de março, para uma apresentação exclusiva na embaixada do Bra-sil em Paris. A representação brasileira instalada em Roma, na Itália, também receberá a cantora, no dia 28. Dois dias depois, em 30 de março, é a vez do chamado Café Jazz, em Genebra, na Suíça, ser o cenário do show da artista amazonense. “Com isso, fi nalizamos essa pri-meira etapa da turnê na Europa. Mas, além dos concertos, já temos entrevistas agendadas em diversas rádios nestas mes-mas cidades para divulgação

do CD “Arraial do Mundo”. Ao todo, passaremos quase dois meses nesse trabalho inicial. Após essa primeira temporada, retornaremos a Manaus para alguns shows que já estão sendo negociados”, explica Karine.

Ao voltar para a capital ama-zonense, Karine Aguiar fi ca até o fi nal da Copa do Mundo da Fifa. “E, depois disso, seguire-mos para Lima, no Peru, para um outro show que já está confi r-mado, além do Rio de Janeiro e São Paulo que também já estão confi rmados para o segundo semestre, bem como o nosso retorno a Paris em setembro”, diz a artista.

Karine afi rma que nenhum desses shows fora do país será igual ao outro. “Bom, não dá para dizer que são semelhantes porque em cada cidade vou ter um “time” me esperando. Não viajarei com a minha banda. Além de mim, somente irá o Ygor (Saunier, baterista), com os tambores amazônicos. Iremos sentir como será com cada um desses times. Se decidirmos fa-zer algo fora do script, faremos”, observa. O time a que se refere são integrados por musicistas de baixo acústico, piano e violão. “Por exemplo, na Espanha tere-mos um violonista que também toca música fl amenca. Então, estaremos abertos a estes novos diálogos com a nossa sonoridade”, completa.

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

SERVIÇOKARINE AGUIAR - SHOW DE ANI-VERSÁRIO

Quando:

Onde:

Quanto:

Informa-ções:

Dia 27 de fevereiro, quinta-feira, às 23hFino da Bossa (Travessa São Judas Tadeu, 3, Flores)R$ 100 (mesa para quatro) / R$ 30 (ingresso individual)(92)9259-0236 / 8126-9049

Antes de partir, Karine Aguiar concede a oportu-nidade para uma “despedi-da”, em Manaus, no dia 27 de fevereiro (quinta-feira), a partir das 23h, no Fino da Bossa. Sem nome espe-cífico, a apresentação está prevista para durar uma hora e meia e, ao contrário do perfil da maioria de seus shows mais recen-tes, o repertório não será exclusivamente composto das obras que estão do álbum “Arraial do Mundo”. “Faremos releituras ja-zzísticas de outras músi-cas regionais como “Será Sagrado” (Robertinho Chaves), “Naiá” (Boi Ga-rantido), dentre outras. E

também teremos algumas surpresas, com versões em jazz de músicas um tanto inusitadas. Abrirei o show com a canção “Por toda vida”, do Gonzaga Blan-tez, que se transformou em sucesso na internet por meio do canal do Tal Qual Dublagens, com quase dez mil visualizações”, afirma. Músicas internacionais também estão previstas. “Esse show do dia 27 tam-bém será uma comemora-ção pelo meu aniversário. Não será um show muito longo por conta da nossa viagem no dia seguinte. Nós, de início, estávamos determinados a não fazer nada, mas o carinho que

eu recebi nas redes so-ciais em função dessa ida à Europa foi tão grande que nossa equipe deci-diu retribuir ao povo de Manaus”, explica.

Sobre a ida à Europa, Karine afirma ter um sen-timento mais amplo do que a satisfação pessoal pela conquista. “Iremos para mostrar o que a nossa gente tem de melhor, que somos capazes de nos colocar profissionalmen-te diante do mundo como qualquer outro povo. Pre-cisamos recuperar a auto-estima da nossa gente e o orgulho de sermos quem de fato somos, caboclos amazonenses”, diz.

Despedida para o público local

5/3 - Paris (França)10/3 – Lisboa (Portugal)15/3 – Madri (Espanha)18/3 – Barcelona (Espanha)25/3 – Paris (França)28/3 – Roma (Itália)30/3 – Genebra (Suíça)

AGENDAKARINE AGUIAR

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Nesta quinta, cantora faz show local de despedida

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

A arte de jovens com câncerA primeira exposição iti-

nerante do projeto Terapia Ocupacional: Resgatando as habilidades artísticas, minimizando a dor e ge-rando renda durante e após o tratamento de câncer será realizada nos dias 27 e 28 de fevereiro na Procuradoria Geral do Estado do Ama-zonas (rua Emílio Moreira 1.308), de 9h às 14h. O projeto tem como objeti-vo desenvolver o equilíbrio emocional das mães, crian-ças e adolescentes durante o tratamento de casos de câncer infantojuvenil. Coor-denado pelo Grupo de Apoio a Criança com Câncer do Amazonas (GAAC – AM), o projeto tem patrocínio da Oi e Oi Futuro, por meio do edital de 2013, do programa Oi Novos Brasis.

A exposição é resultado das oficinas criativas ini-ciadas no final de 2013. O patrocínio da Oi garante a contratação de instrutora para as oficinas, de mate-riais e de reforço da infra-estrutura do espaço, dando continuidade aos cursos em

2014. As aulas abrangem customização de roupas, confecção de artigos para casa ou decorativos, mas o biscuit tem sido a prin-cipal delas. A mostra, que ocorrerá de acordo com a produção obtida nas ofici-nas, é uma forma de levar

ao conhecimento público o trabalho das mães artesãs e também incentivar a ge-ração de renda.

É comum que mães aban-donem suas atividades profissionais para acom-panhar o tratamento dos filhos com câncer. Segundo a psicóloga Maria do Carmo

Azevedo Façanha, que coor-dena o projeto no GAAC, os mitos que cercam a doença contribuem para o impacto gerado com o diagnóstico da doença, que é imediata-mente associada à morte. “As oficinas auxiliam a reto-mada do equilíbrio emocio-nal, rompendo a ansiedade. Quem está muito ansioso por causa da doença não consegue fazer nada”, ex-plica. “Nossa meta é tirar o foco da doença, por meio das etapas da confecção do biscuit”.

GaccSegundo o Instituto Na-

cional do Câncer (Inca), em 2012, mais de 11 mil novos casos de câncer infantil foram diagnosticados no Brasil.

No Amazonas, o Grupo de Apoio à Criança com Cân-cer (GAAC) atua há 14 anos, sendo uma entidade sem fins lucrativos, administrado por uma equipe de voluntá-rios e funcionários, visando o atendimento a crianças e adolescentes com câncer e seus familiares.

Biscuits e peças decorativas são produzidos nas oficinas que ocorrem no GAAC-AM

DIVULGAÇÃO

EXPOSIÇÃO

AGENDAA exposição Terapia Ocupacional: Resga-tando as habilidades artísticas, minimizan-do a dor e gerando renda durante e após o tratamento de cân-cer será realizada nos dias 27 e 28

Umas palavrinhas RESENHA

PERFIL

Augusto Severo é músico

Quando comecei a ler “The Walking Dead”, em 2008, eu acredi-tei ter chegado ao

nível mais alto de descrição de um verdadeiro cenário apo-calíptico de desespero e des-truição. O quadrinho de TWD ainda é excelente em vários aspectos, e seu cenário é quase como o definitivo retrato (não tão renovado) do apocalipse Zumbi, seus dramas, suas su-perações, seus desafios.

Mas “Crossed” é diferente. Conheci Garth Ennis (roteiris-ta) ao ler “Preacher”e em se-guida a sua fase do Justiceiro pela Marvel Knights. Ainda em Preacher, eu divinizei a figura de Ennis como um dos meus mais favoritos roteiristas de quadrinhos, uma vez que suas histórias era banhadas de ultra-realismo (um eufemis-mo muito bem escolhido por mim para não falar sobre a overdose de imoralidade, violência, sexo, perversidade e humor que tanto caracteri-zam suas produções).

Garth Ennis deve ter criado “Crossed” usando suas perver-sões mais profundas. O mérito de Ennis é ter conseguido rea-lizar a única coisa considerada

praticamente impossível (pelo menos antes de “Crossed”): reformular completamente um cenário já manjado de epidemia que transforma as pessoas em criaturas seden-tas de sangue. Diferente de mortos vivos burros, Ennis cria infectados que ainda estão vivos, mas que ao invés de se tornarem seres letárgicos sem mente, tornam-se psicopatas estupradores sem nenhuma noção de autopreservação. Eles ainda têm lembranças, conhecimentos e tudo que ti-nham antes de se contaminar, e agora estão dispostos a te caçar, te estuprar e te despe-daçar, enquanto você ouve eles falando coisas que esmiga-lham por completo a sua alma. até seriam confundidos com humanos normais, não fosse o comportamento selvagem e a estranha marca em formato de cruz que aparecem em seus rosto (Daí o nome pelo qual são chamados pelos sobrevi-ventes: cruzados, ou em inglês, “crossed”). Ainda não se sabe ao certo do que se trata, mas o vírus (ou seja lá o que for) põe para fora toda a maldade existente dentro do infectado, tornado-o uma criatura verda-deiramente pertubadora vinda do seu mais profundo pesa-delo. A transmissão da praga

AUGUSTO SEVERO*

sobre uma boa história em quadrinhos

ocorre por contato com fluídos (sangue, esperma, saliva) e o tempo de transformação é extremamente rápido.

Eu comecei a ler o quadri-nho há anos, por intermédio de um grande amigo também fã de cenários apocalíptico, o grande Ricardo Porto, mas não encontrei continuações. Mas essa semana me dispus a correr atrás de todo o material disponível, e o que se sucedeu foi uma maratona de quase 48 horas lendo essa história

insana e pertubadora, e que inevitavelmente me abalou bastante. É difícil encontrar uma imagem mais leve.

O projeto inicial é que seus criadores dividam a história em vários arcos curtos, mos-trando outros grupos de sobre-viventes e várias perspectivas sobre a praga em nível global. Ainda não foi concluída e rumo-res dizem que talvez vire uma séries de TV ou no Youtube (mas não consigo conceber a ideia de algo como “Crossed”

passando em qualquer canal que seja).

“Crossed” não pode ser classificado como algo con-vencional.

Se você é fã de “The Walking Dead”, pode curtir. Ou não. Me considero um grande fã de Zumbis, principalmente de TWD, mas perto de “Crossed”, “The Walking Dead” é um pi-quenique com a família num domingo ensolarado. Não tou exagerando, Leia apenas se tiver uma mente preparada.

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Page 29: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoTá complicado Que ninguém se surpre-

enda caso a Globo decida deixar para o ano que vem a exibição de “Doutora Pris-cila”, escrita por Aguinaldo Silva com a colaboração de Brunno Pires e Megg Santos.

A série já está com os seus 14 episódios escritos e devidamente entregues ao diretor Marcos Schecht-man.

Tem também uma pro-tagonista defi nida, Glória Pires.

O problema, porém, en-contra-se no ritmo de tra-balho para sua implantação. Muito lento até aqui.

Sinal de alerta E em função de toda essa

lentidão no processo de tra-balho de “Doutora Priscila”, já se teme inclusive pela saída de Glória Pires do projeto.

A atriz, como se sabe, é um nome sempre desejado por 10 entre 10 autores da Globo.

Há inclusive uma brinca-deira no Projac, segundo a qual a Glória está reserva-da para novelas de Gilberto Braga “pelos próximos 200 anos”.

Tombo Monica Carvalho deveria

integrar o elenco do novo quadro do “Caldeirão do Huck”, “Saltibum”, sobre saltos ornamentais de fa-mosos que terá duração de 3 meses.

Só que logo na semana de gravação ela torceu o torno-zelo e vai ter que usar uma bota ortopédica por 15 dias. Com isso, precisou cancelar participação no quadro.

Por outro lado, está con-fi rmada sua presença na co-média inglesa “Menopausa”, com estreia em São Paulo ainda neste semestre.

Banco de dadosO “CQC”, da Band, testou

10 pessoas - a maioria ho-mens - para ocupar duas va-gas no seu time de repórte-

res. Desse total, 4 poderiam muito bem integrar o elenco programa, porque surpreen-deram positivamente nos testes. Uma das vagas está praticamente fechada com o jornalista mineiro Fred Melo Paiva. E a outra também deve ser preenchida por um homem.

A equipe, no entanto, não descarta, ainda com base no trabalho realizado, abrir espaço para uma repórter mulher durante esta tem-porada.

Parceria Miguel Roncato vai voltar

a trabalhar com os autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira.

Depois de “Cheias de Char-me”, o ator fará “Geração Brasil”, que é a substituta de “Além do Horizonte”.

Execução de músicas O apresentador Ratinho

está apoiando o “Spy Bat”, “morcego espião”, um ser-viço de buscas on-line que promete revolucionar o mer-cado de execução de músi-cas e a indústria dos direitos autorais.

Um trabalho, concorrente do Crowley, que tem o obje-tivo de informar quais são as mais executadas nas rádios de todo o país. E, isto, através de um custo bem inferior.

Disney Mayra Arduini, vocalista

da banda College 11, canta a música tema “Who I Am”, da trilha sonora do fi lme de animação “Tinker Bell: Fadas e Piratas”, da Disney, que terá pré-estreia hoje em São Paulo.

Bate-rebate• O novo integrante do “Pâ-

nico”, a partir de hoje, vai aparecer com mais destaque no programa.

• Agências de atores, prin-cipalmente do Rio, tentam se adaptar ao novo momento, em função das mudanças rea-lizadas pela direção da Globo na sua área de contratos.

• O fato de a emissora não priorizar mais contratos longos abalou a estrutura de muita gente.

• A informação de que o mercado publicitário rece-beu muito bem o projeto do programa “The Noite com Danilo Gentili”, que estreia em março no SBT, também provocou a ira de setores da Bandeirantes.

• Essa saída do Danilo para o SBT, como se observa, ainda promete muitos capítulos.

• Um jogo de futebol mar-cou a volta de Oscar Magrini às gravações da novela “Em Família”, na Globo. Nas cenas de fl ashback realizadas entre quarta e quinta-feira, Rami-ro vai aparecer ao lado de toda a família curtindo uma partida. É a primeira de uma sequência de outras. O ator ainda não sabe quando estará liberado para os trabalhos da série “O Caçador”.

‘Não vou parar não’

Quando a bola rolar no dia 12 de junho para Brasil e Croácia, no Itaquerão, em São Paulo, Luciano do Valle, locutor esportivo da Band, irá iniciar a cobertura da sua 11ª Copa do Mundo.

“É um privilégio ter a chance de narrar um mundial no Brasil”, comemora Luciano. “Enquanto me aturarem, vou lá. Não vou parar não”, avisa o locutor, que, no começo de 2012, esteve doente.

DIVULGAÇÃO

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

GILMAL

REGI

MÁRIO ADOLFO

ELVIS

Morreu esta semana,dona Maria Ângela Faria,madrinha do Garantido, ou mãe, como outros a aludem. Dona Maria Ângela Faria é símbolo de uma era na história dos bumbás de Parintins e da própria ilha. Era representante de um tempo em que os bois e seus brincantes receberam de herança a mais genuína das manifestações, hoje, escravas do modelo do capital, um re-pertório de massa em desacordo com sua história e com seu passado.

Sobre a tradição, cumpre observar alguns pontos. Um primeiro aspecto a ser discutido se trata justamente de compreender o que as associações folclóricas Garantido e Caprichoso en-tendem por tradição e, num segundo momento, qual a relação dos elementos “tradicionais” com aquilo que é conside-rado o “novo” (no entender dos grupos, o novo é antônimo de tradição).

O conceito de tradição a que tenho debatido ao longo de alguns anos pela imprensa local é entendido pelos bum-bás como algo estático e preso a um determinado tempo e espaço. As leituras menos simplistas conseguem dissociar aquilo que faz parte da comunidade e que é aceito como tal, ou seja, é imanente a vida social do seu grupo e, por isso, sujeita a transições e nuances (a verdadeira tradição, em suma), com aquilo que é rememorado, uma lembrança.

Essa lembrança, ao contrário dos que se pode pensar, não é fruto de uma vontade coletiva. Surgiu das ideias de alguns como estratégia de vitória na arena, uma fumaça para convencer jura-dos de que seu grupo é mais tradicional que o do outro. É o caso do Espanta-Cão, instrumento usado há muito na batucada do Garantido e esquecido logo depois, mas rememorado pela apresentação de 1997. Trata-se de uma lembrança mas não “a volta de uma tradição” como se noticiou à época, afi nal, não foi algo inerente a vida do grupo e muito menos ao “ethos” encarnado, por isso mesmo, esquecida de vez até hoje.

Essas estratégias de legitimização

sobre aquilo que os bumbás consideram como folclórico ou tradicional obedecem, como falei, a uma fi nalidade prática, com vistas a vitória do bumbá no Festival Fol-clórico de Parintins. Sobretudo por conta da passagem da cultura popular para a indústria cultural que tem gerado, na festa de Parintins, ao longo dos últimos 16 anos, uma distorção de ideias esté-ticas e conceituais bastante prejudiciais à própria estrutura da festa.

Basta citar o que aconteceu no supos-to centenário dos bumbás, em 2013. A dita tradição centenária não encontra raízes nem na confi guração escrita – autores dos mais diversos como Ton-zinho Saunier, Simão Assayag e Odinéa Andrade não se entendem quanto a história dos bumbás - nem na tradição oral onde se é possível encontrar uma série de divergências como bem nos aponta o antropólogo Sérgio Ivan Gil Braga. Esse marketing enjeitado a que os bois têm utilizado sequer pensou em preço e muito menos no produ-to, cujo público e a própria história saíram prejudicados (como sempre!) nesta briga de ego dos contrários.

O binarismo presente na festa de Pa-rintins (dois bumbás, duas cores e duas cidades) encontraram seu refl exo em duas redes de televisão já contrárias no sistema de mercado, em 2013. A falta de perspicácia de ambas as diretorias em vencerem a baixaria intelectual e a pobreza sentimental prejudicou, mais uma vez, a festa que, às vésperas de sua realização, ainda nos guardou mais um “tradicional” momento: a briga dos bumbás pela escolha dos jurados.

Embora haja exceções à regra, as exceções ainda não são a regra. O pa-trimônio imaterial da festa, o universo do intangível, se perde nesse festival de atrocidades. Dona Maria Ângela Faria é símbolo da verdadeira tradição: espon-tânea, vital e não inventada.Junto com Odinéa Andrade, representante do azul, essas respeitosas senhoras ainda não tiveram o reconhecimento merecido por suas agremiações. Eis a hora.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

CMárcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

Morreu esta semana, dona Maria ÂngelaMaria, ma-drinha do Garantido, ou mãe, como outros a aludem. Dona Maria Ângela Faria é símbolo de uma era na história dos bumbás de Parintins e da própria ilha”

A madrinha do Garantido

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Page 30: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Programação da TV

05h00h Jornal Da Semana

06h00h Igreja Universal

07h00h Brasil Caminhoneiro

07h30h Aventura Selvagem

08h30h Vrum

09h00h Sorteio Amazonas Da Sorte (Local)

10h00h Domingo Legal

14h00h Eliana

18h00h Roda A Roda Jequiti

18h45h Sorteio Da Telesena

19h00h Programa Silvio Santos

23h00h De Frente Com Gabi

00h00h Sérieh True Blood

01h00h Sérieh Crimes Graves

02h00h Sérieh Alcatraz

03h20h Big Bang

04h00h Igreja Universal

SBTGLOBO BAND05h00 Santa Missa.06h00 Amazônia Rural.06h30 Pequenas Empresas, grandes Negócios. 07h00 Globo Rural.07h55 Auto Esporte.08h30 Esporte Espetacular (Meia Maratona de São Paulo / Copa da República de Ciclismo - Compacto). 11h50 Temperatura Máxima. Filmeh Procurando Nemo. 13h40 Divertics.15h00 Futebol 2014h campeonato Carioca - Fluminense x Botafogo.17h00 Domingão do Faustão.19h45 Fantástico.22h05 Big Brother Brasil 1422h50 Domingo Maior. Filmeh Chamas da Vingança. 00h55 Flash Big Brother Brasil 1401h04 Boletim Sachi 2014.01h36 Hino Obrigado Senhor.01h40 Hino Nacional.01h45 Encerramento Previsto

3h45 Bíblia Em Foco

4h Santo Culto Em Seu Lar

4h30 Desenhos Bíblicos

7h Desenhos Bíblicos

7h30 Record Kids

8h Amazonas Da Sorte

9h Record Kids

12h Jogos Olimpicos De Inverno

13h15 O Melhor Do Brasil

17h20 Domingo Espetacular

21h15 Série Spartacus

22h15 50 Por 1

23h10 Programação Iurd

RECORD

05h00 Power Ranger Dino Trovão06h30 Santa Missa No Seu Lar07h30 Sabadão Do Baiano08h00 Desenho09h30 Mackenzie Em Movimento09h45 Infomercial Polishop10h45 Verdade E Vida11h00 Minuto Da Copa - Boletim11h05 Pé Na Estrada11h30 De Olho No Futebol - Boletim11h40 Band Esporte Clube12h00 Sochi 2014 Olimpiadas De Inverno Cerimônia De Encerramento14h30 Futebol 2014 Ao Vivo16h50 Terceiro Tempo 19h00 Só Risos 20h00 Polícia 24 Horas21h00 Pânico Na Band00h00 Canal Livre01h00 Minuto Da Copa Boletim01h05 Alex Deneriaz01h40 Show Business-reapresentação02h30 Igreja UniversalHoje quem anima a tarde do SBT é a apresentadora Eliana

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 O inquieto Mercúrio afl ige o nebuloso e oce-ânico Netuno, e os problemas podem parecer muito maiores ou muito menores do que na realidade são. Tendência a se desorientar.

TOURO - 20/4 a 20/5 Pode sentir-se traído pelos amigos ou por seus próprios pensamentos. Espere para ver se é isso mesmo o que se passa. Angarie fatos concretos, a serem pensados lucidamente.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Você se engana se pensa que está tudo completamente errado ou se estava tudo perfeito. Aos poucos, a depuração dos fatos irá conduzir a termos mais verdadeiros.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Você enxerga hoje com lentes distorcidas em grau e em colorido. Não enfi e os pés pelas mãos. Pode se confundir no trabalho e quanto aos princípios que pretende cultivar.

LEÃO - 23/7 a 22/8 No amor, tudo pode se confundir e se mos-trar de bastante ambíguo As imagens são sedutoras, e você tende a se envolver até quando achar que está se afastando.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Apesar de ser um bom dia para negócios e parcerias, algum engano nas relações poderá prevalecer. Tenha, o quanto possível, a rea-lidade concreta como referência.

LIBRA - 23/9 a 22/10 A comunicação no trabalho está prejudicada, assim como no uso de máquinas e nos ca-minhos a seguir. Cuidado para não se perder em escolhas equivocadas.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Os riscos nos negócios são prejudiciais; inclu-sive enganando-se redondamente em algum ato ou decisão. No amor, pode achar que sente o que não está realmente sentindo.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 A falta de visão a respeito do que lhe é fundamentalmente importante pode fazer com que se direcione mal. No amor, é tempo de se restringir ao que cabe agora em suas mãos.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Confusão nos pensamentos e presença de falsas intuições. Não se deixe fi car solto, mas também não se fi e demais em coisa alguma. Esta é uma equação difícil de resolver.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Há muito mais a organizar nos negócios, e tudo o que foi deixado de fora hoje aparece e faz transbordar o que aparentemente estava bem contido no que havia organizado.

PEIXES - 19/2 a 20/3 A boa visão do trabalho tende a se nublar. Es-teja disposto a repensar alguns pontos. Toda nebulosidade é passageira, basta que não nos acidentemos durante sua presença.

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

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ILUSTRAÇÃO: ULISSES

Fortaleza de Santa CruzAs origens da Fortaleza de Santa CRUZ, localizada no bairro de JURUJUBA, em Niterói, datam do ano de 1555, quando o almirante FRANCÊS Nicolau Durand de VILLEGAIGON montou duas pequenas FORTIFICAÇÕES no canto direito da entrada da Baía de GUANABARA. A intenção era impedir que INVASORESpudessem transpassar esse canal e atacar outros fortes, como os de Copa-cabana, Imbuí e São João. Em 1599, a fortificação foi importante para impedir a invasão do corsário HOLANDÊS Oliver Van NOORTH. Treze anos mais tarde, contando com vinte bocas de fogo, o forte passou a ser denominado FORTALEZA de Santa Cruz da Barra. Do século XVIII ao XIX, a fortaleza se manteve em permanente estado de GUERRA,vigiando a entrada da BAÍA contra qualquer possibi-lidade de ATAQUE. A partir de 1831, passa a ser usada comoPRESÍDIO político, com câmaras de TORTURA e praça de ENFORCAMENTO. Hoje em dia, é o segundo pontoTURÍSTICO mais visitado da cidade de NITERÓI,perdendo apenas para o Museu de Arte Contempo-rânea (MAC), projetado por Oscar Niemeyer.

CruzadinhasCinema

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ILUSTRAÇÃO: ULISSES

F O R T A L E Z A

Fortaleza de Santa CruzAs origens da Fortaleza de Santa CRUZ, localizada no bairro de JURUJUBA, em Niterói, datam do ano de 1555, quando o almirante FRANCÊS Nicolau Durand de VILLEGAIGON montou duas pequenas FORTIFICAÇÕES no canto direito da entrada da Baía de GUANABARA. A intenção era impedir que INVASORESpudessem transpassar esse canal e atacar outros fortes, como os de Copa-cabana, Imbuí e São João. Em 1599, a fortificação foi importante para impedir a invasão do corsário HOLANDÊS Oliver Van NOORTH. Treze anos mais tarde, contando com vinte bocas de fogo, o forte passou a ser denominado FORTALEZAFORTALEZA de Santa Cruz da Barra. Do século XVIII ao XIX, a fortaleza se manteve em permanente estado de GUERRA,vigiando a entrada da BAÍA contra qualquer possibi-lidade de ATAQUE. A partir de 1831, passa a ser usada comoPRESÍDIO político, com câmaras de TORTURA e praça de ENFORCAMENTO. Hoje em dia, é o segundo pontoTURÍSTICO mais visitado da cidade de NITERÓI,perdendo apenas para o Museu de Arte Contempo-rânea (MAC), projetado por Oscar Niemeyer.

CruzadinhasCinemaESTREIA

Caçadores de Obras-Primas: EUA. 12 anos. Cinemais Millennium 6 – 14h15, 16h40, 19h, 21h35 (leg/diariamente); Cinemais Plaza 7 – 16h20, 18h40, 21h (dub/diariamente); Ci-nemark 2 – 14h (dub/diariamente), Cinemark 8 – 22h30 (dub/diariamente); Cinépolis 3 – 21h40 (leg/diariamente); Cinépolis 7 – 17h50 (leg/diariamente); Playarte 9 – 13h15, 15h35, 17h55, 20h15 (dub/diariamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Hércules: EUA. 14 anos. Cinemais Millen-nium 3 – 14h20, 18h50, 21h10 (3D/dub/dia-riamente); Cinemais Plaza 3 – 14h40, 17h, 19h20, 21h40 (dub/diariamente); Cinemark 3 – 22h20 (3D/dub/diariamente); Playarte 7 – 13h15, 15h15, 17h15, 19h15, 21h15 (dub/diariamente).

Trapaça: EUA. 14 anos. Cinemais Millen-nium 2 – 21h20 (leg/diariamente); Cinépo-lis 3 – 18h25 (leg/diariamente), Cinépolis 6 – 15h20 (leg/diariamente), Cinépolis 7

– 20h45 (leg/diariamente).

Operação Sombra – Jack Ryan: EUA. 14 anos. Cinemais Plaza 4 – 18h50, 21h30 (dub/diariamente); Playarte 8 – 18h35 (dub/diariamente).

Uma Aventura Lego: EUA. Livre. Cinemais Millennium 3 – 16h30 (3D/dub/diariamente); Cinemais Plaza 7 – 14h10 (dub/diariamente); Cinemark 8 – 12h15 (dub/somente sábado e domingo), 14h50, 17h20, 19h50 (dub/diariamente); Cinépolis 1 – 14h05 (3D/dub/diariamente), Cinépolis 4 – 13h10 (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 12h30, 14h40 (3D/dub/exceto sábado e domingo), Playarte 3 – 13h40, 15h55, 18h10 (dub/diariamente).

Quarenta e Sete Ronins: EUA. 14 anos. Cinemais Millennium – 21h15 (3D/dub/dia-riamente); Cinemais Plaza – 14h30, 17h, 19h30, 22h (dub/diariamente); Cinemark 5 – 13h20, 19h (3D/dub/diariamente); Ciné-

polis – 15h30 (leg/diariamente); Playarte 10 – 13h20, 15h40 (leg/diariamente).

A Menina Que Roubava Livros: EUA. 14 anos. Cinemais Millennium 5 – 14h10, 16h45, 19h15, 21h50 (leg/diariamente); Cinemais Plaza 6 – 14h, 16h35, 19h10, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis 3 – 15h10 (leg/diaria-mente), Cinépolis 6 – 18h20 (leg/diariamen-te), Cinépolis 7 – 15h (leg/diariamente).

O Lobo de Wall Street: EUA. 16 anos. Cinépolis 6 – 21h15 (leg/diariamente).

O Herdeiro do Diabo: EUA. 12 anos. Ci-nemais Millennium – 18h40, 21h (leg/dia-riamente); Cinemais Plaza – 19h15, 21h15 (dub/diariamente); Cinemark 1 – 22h10 (dub/diariamente).

Frankstein – Entre Anjos e Demônios: EUA. 14 anos. Cinemark 2 – 19h40, 22h10 (dub/diariamente), Cinemark 3 – 13h, 15h10,

17h35, 20h (3D/dub/diariamente); Playarte 3 – 20h25 (leg/diariamente), 22h25 (leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 10 – 13h, 15h, 17h, 19h, 21h (dub/diariamente), 23h05 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Muita Calma Nessa Hora 2: BRA. 12 anos. Cinemais Millennium 2 – 14h35, 16h35, 18h45 (diariamente); Cinemais Plaza 8 – 15h10, 17h15, 19h15, 21h25 (diariamente); Playarte 8 – 12h50, 14h45, 16h40 (diaria-mente).

Tarzan – A Evolução da Lenda: ALE. Livre. Playarte 8 – 14h, 16h, 18h (dub/diaria-mente).

Frozen, Uma Aventura Congelante: EUA. Livre. Cinemais Plaza 4 – 14h30, 16h45 (dub/diariamente).

Até Que a Sorte Nos Separe 2: BRA. 10 anos. Playarte 8 – 20h45 (diariamente), 22h55 (somente sexta-feira e sábado).

CONTINUAÇÕES

Clube de Compras Dallas: EUA. 16 anos.Em 1986, o eletricista texano Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é diagnosticado com

AIDS e logo começa uma batalha contra a indústria farmacêutica. Procurando tratamentos alternativos, ele passa a contrabandear drogas ilegais do México. Cinépolis 1 – 17h05, 20h05 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sexta-feira e sábado).

Rodência e o Dente da Princesa: EUA. Livre.Rodência é um reino mágico, situado no meio de um bosque, onde vivem criaturas fantásticas

e magos muito poderosos. Neste local, o pequeno Edam sonha em se tornar o maior mago do mundo. Para isso, ele decide partir em uma longa aventura, acompanhado pela rainha Brie, até obter um poder lendário. Seu maior obstáculo é o vilão Rotex, o rei dos Ratos, que planeja destruir Rodência. Cinemark 5 – 11h30 (3D/dub/somente sábado e domingo), 13h40, 15h50 (3D/dub/diariamente).

Justin e a Espada da Coragem: EUA. 10 anos.Justin sempre quis ser um cavaleiro, mas seu pai, conselheiro-chefe da Rainha, quer que o

fi lho siga seus passos e se torne um advogado. Em busca de ajuda, o garoto procura a avó e descobre que seu avô, Sir Roland, foi o mais nobre cavaleiro do reino e protetor do Rei, até que ambos foram traídos e mortos pelo terrível Sir Heraclio. Playarte 1 – 12h40, 14h40 (3D/dub/somente sábado e domingo).

Um Conto do Destino: EUA. 12 anos.Situado numa mítica cidade de Nova York há mais de cem anos, Um Conto do Destino

(Winter´s Tale) é uma história de milagres, destinos cruzados e a velha batalha entre o bem e o mal. Cinemais Millennium 7 – 15h, 17h20, 19h40, 22h (leg/diariamente); Cinemark 2 – 16h40 (dub/diariamente), Cinemark 5 – 18h20, 21h15 (dub/diariamente), 0h (dub/somente sexta-feira e sábado), Cinépolis 9 – 13h45, 16h30, 19h15, 22h (leg/diariamente); Playarte 2 – 13h20, 15h45, 18h10, 20h35 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sexta-feira e sábado).

Pompeia: EUA. 12 anos.Pompeia conta a história épica de Milo (Kit Harington - Game of Thrones), um escravo que

tornou-se um gladiador e se encontra em uma corrida contra o tempo. Ele precisa salvar seu verdadeiro amor Cassia (Emily Browning - Sucker Punch: Mundo Surreal), a bela fi lha de um comerciante rico que foi prometida a um corrupto senador romano, em meio a destruição da cidade de Pompeia causada pela erupção do Monte Vesúvio. Cinemais Millennium 1 – 14h30, 19h10 (3D/dub/diariamente), 16h50, 21h30 (3D/leg/diariamente); Cinemais Plaza 2 – 14h50, 17h10, 19h30, 21h50 (3D/dub/diariamente); Cinemark 4 – 11h20 (dub/somente sábado e domingo), 13h50 (dub/diariamente), 18h50 (3D/dub/exceto segunda-feira), 16h20 (3D/dub/diariamente), 21h30 (3D/dub/exceto segunda-feira), Cinemark 7 – 12h55, 15h20, 18h, 20h40 (3D/dub/diariamente), 23h20 (3D/dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 4 – 17h45 (3D/dub/diariamente), 15h35, 20h15, 22h30 (3D/leg/diariamente), Cinépolis 10 – 13h30, 18h45 (dub/diariamente), 16h, 21h30 (leg/diariamente); Playarte 1 – 16h50, 19h (3D/dub/diariamente), 21h10 (3D/leg/diariamente), 23h20 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado).

Robocop: EUA. 14 anos.Em Robocop, o ano é 2028 e o conglomerado multinacional OmniCorp é o centro da tecnologia

robótica. Seus aviões teleguiados estão vencendo as guerras norte-americanas ao redor do mundo e agora eles querem levar essa tecnologia para casa. Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um marido e pai amoroso, um bom policial, fazendo o seu melhor para conter a onda de criminalidade e corrupção em Detroit. Depois que ele é gravemente ferido em serviço, a OmniCorp utiliza a sua notável ciência robótica para salvar a vida de Alex. Ele retorna às ruas da sua amada cidade com incríveis novas habilidades, mas com questões que um homem comum nunca precisou enfrentar. Cinemais Millennium 4 – 14h, 16h20, 18h40, 21h (leg/diariamente), Cinemais Millennium 8 – 14h40, 17h, 19h20, 21h40 (dub/diariamente); Cinemais Plaza 1 – 15h, 17h20, 19h40, 22h (dub/diariamente), Cinemais Plaza 5 – 14h20, 16h40, 19h, 21h20 (dub/diariamente); Cinemark 1 – 18h10 (dub/diariamente), 12h50, 15h30, 21h (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado), Cinemark 6 – 13h30, 16h10, 19h, 21h50 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 13h15, 16h10, 19h10, 22h10 (leg/diariamente), Cinépolis 5 – 14h, 16h45, 19h30, 22h15 (leg/diariamente), Cinépolis 8 – 13h, 18h30 (dub/diariamente), 15h45, 21h45 (leg/diariamente); Playarte 4 – 14h20, 16h40, 19h, 21h20 (leg/diariamente), 23h40 (leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 5 – 13h10, 15h30, 17h50, 20h10 (dub/diariamente), 22h30 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 17h51, 20h11 (dub/diariamente).

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Page 31: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Aluísio Gonçalves e Deborah Azevedo es-tão trocando de ida-de hoje. Amanhã é a vez de Neybe Lentz, Cláudia Barbosa e Selene Costa receber os cumprimentos da coluna. Parabéns!

Júlio Ventilari e Marko Belém comandam hoje, no Dulcila da Ponta Negra, skindô carna-valesco durante a 10ª edição da festejada feijoada do programa “In/Comum”.

Serginho Queiroz faz show do tipo imperdível hoje no Parque Cidade da Criança, às 19h30, e contará com um re-pertório totalmente voltado para o públi-co infantil. Detalhe

importante: toda a programação voltada aos b a m b i n o s , iniciada às 10h, é total-mente gra-tuita.

Cuidando da beleza de cada pessoa com muito carinho, a loja Empório

Body Store inau-gurou, no Manaua-

ra Shopping, sua primeira unidade em

Manaus. A marca é co-nhecida nacionalmen-te pelos cosméticos

naturais e fragrâncias marcantes.

A folia promete to-mar conta de mais uma edição da tradi-cionalíssima banda do Boulevard, logo mais, sob a batuta do ótimo Luis Cláu-dio Chaves.

::::: Sala de Espera

Os pais corujas Ana Lúcia e Frank Costa reuniram a família e os amigos mais próximos para uma das mais bonitas Missas em Ação de Graças, na Nossa Senhora de Nazaré, em celebração aos 15 anos da linda Diandra. A organização, pontualidade e respeito com os convidados fi cou sob os cuidados atentos da avó materna, Zeina Raman Neves, que é imprescindível no que faz – sempre! A emoção tomou conta da igreja, o Espírito Santo fez-se presente. Deus abençoe

cada vez mais essa família!

::::: Celebração de fé

O programa Mesa Brasil, do Sesc Amazonas, iniciou o ano de 2014 contabilizando cerca de 20 toneladas de alimentos arrecadados somente por meio da doação de supermercados, em Manaus. No total, 200 instituições fi lantrópi-cas foram benefi ciadas no Amazonas com as doações. O Mesa Brasil arrecada alimentos

em condições de consumo onde sobra e faz a doação aonde falta. A maior parte do material doado é de hortifrutis e produtos próximos do vencimento. A parceria entre o programa e as empresas consiste ainda na realização de ofi cinas e palestras sobre a importância do reaproveitamento de alimentos.

::::: SocialA Zen Maison convida para o lançamento da no-

víssima Coleção Inverno 2014. Victor Dzenk, Agilitá, Litt, Patrícia Bonaldi e outras tantas grifes chiques desfi larão na passarela da loja do Vieiralves. De que-bra, um bate-papo com a blogueira de Health Style e personal cook, Mila Cozzi, mais o pré-lançamento da nova linha de sanduíches fi t da Qualité assinada por Mila e o DJ Alexandre Prata nas pickups não faltarão. Quando? Dia 12 de março, a partir das 17h.

::::: Fashion Day

Um grande picadeiro chique foi montado pelo ótimo Júnior Carvalho, no Dulcila da Ponta Negra, em torno da sessão parabéns do bambino Euler Neto. O casal Juliana e Euler Filho, os pais do pequeno aniver-sariante, era o retrato da alegria. Comida ótima, vai-

vém de gente bonita e muita diversão não faltaram.

::::: Viva, Euler Neto!

Jander Vieira:::::

faz show do tipo imperdível hoje no Parque Cidade da Criança, às 19h30, e contará com um re-pertório totalmente voltado para o públi-co infantil. Detalhe

importante: toda a programação voltada aos b a m b i n o s , iniciada às 10h, é total-mente gra-tuita.

beleza de cada pessoa com muito carinho, a loja Empório

Body Store inau-gurou, no Manaua-

ra Shopping, sua primeira unidade em

Manaus. A marca é co-nhecida nacionalmen-

Leila e Giovanni Lemos

Juca Semen com Lourdes e Leonardo

As avós de Diandra: dona Nazinha Costa e dona Zeina Raman Neves

Ana Lúcia e Diandra atentas ao emocio-nante discurso do pai Frank

Frank Nelson, Ana Lúcia, Diandra e Matheus

Leonardo Perrone do Valle

Ana Paula Raman e Júlia Becil José Silva e sua Zeina

Rachel e Renata mais Márcia e Ricardo Nicolau

Um grande picadeiro chique foi montado pelo ótimo Júnior Carvalho, no Dulcila da Ponta Negra, em torno da sessão parabéns do bambino Euler Neto. O casal Juliana e Euler Filho, os pais do pequeno aniver-sariante, era o retrato da alegria. Comida ótima, vai-

vém de gente bonita e muita diversão não faltaram.

:::::Euler Neto!

Menga Junqueira e Lúcia Viana

Raul Lucena com Ni-cole e Maria Clara Juliana e

Euler Filho com Sheila Brandão

Edéa e Euler Ribeiro

Lucilene PizzoniaMarco Bolognese e sua Gizella Áurea Maia e Danielle Batista

Camilla Martins e Giulia Bolognese Rogério Ozores e sua Rosângela

Marcelo Lima e sua Marinildes Márcia Martins e Adriane AntonyOsíris Silva e Arabi

Euler Filho, Juliana e Lara com o aniversariante

Renata e Isaac Sabbá com Gabriel

FOTOS: JANDER VIEIRA

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Page 32: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

Estreias nos cinemas serão às quintas-feiras Espaço lúdico para as

crianças em shoppingO público-mirim que for

ao Shopping Ponta Ne-gra vai ter um encontro marcado com a diversão, no All Kids. Para alegria das crianças e dos pais também, o novo espaço localizado no terceiro an-dar do centro de compras, conta com a estrutura necessária para garantir o entretenimento e, ao mesmo tempo, a tranqui-lidade aos pais. Idealizado pelo casal de empresá-rios, Marília Zuazo e Mu-rad Aziz, o espaço indoor vai funcionar das 10h às 22h, e o ingresso será fracionado de acordo com a permanência da criança no espaço.

Além dos brinquedos tradicionais, o All Kids é

dividido por ambientes e contará com sala de games, salão de beleza, palco de fantasias, canto da leitura e filmes, quadra para atividades, gincanas e área baby.

Marília conta que a pro-posta do novo point infan-til é também incentivar as brincadeiras lúdicas que estimulam o aspecto so-cioeducativo. “No Merca-dinho, as crianças podem fazer comprinhas, usar a caixa registradora, lidar com valores. Já no Pet Shop, elas aprendem a cuidar bem dos animais e na área do Constru-tor, as peças de encai-xe incentivam o racio-cínio lógico”, enumera a empresária responsável,

PONTA NEGRA

O local possui espaços com temática como o mercado

CRÉDITO DO FOTÓGRAFOHavia mais de 20 anos que o Brasil seguia a tradição de estrear longas na sexta-feira, como ocorre nos Estados Unidos

A Feneec (Federação Nacional das Empre-sas Exibidoras Cine-matográficas) anun-

ciou ontem que filmes exibidos nos cinemas brasileiros passa-rão a estrear às quintas-feiras, e não mais às sextas.

A mudança começa em 13 de março, quando estão pre-vistas as estreias de “Need for Speed”, de Scott Waugh, e o nacional “Alemão”, de José Eduardo Belmonte.

“A quinta-feira é quente em vários setores do entre-tenimento, mas é o dia com menos público no cinema”, afirma Paulo Lui, presidente

da Feneec. “Para concorrer com o barzinho, o futebol, o show, nada melhor do que oferecer filmes inéditos”, dis-se Paulo Lui

Segundo ele, a mudança pode favorecer o faturamen-to de produções que não têm recursos para investir em divulgação antes da es-treia. “Ganham mais um dia de boca a boca”, diz.

Lui afirma que a alteração também deve desafogar as salas de cinema aos finais de semana, em geral muito cheias. Ainda de acordo com ele, não há projeção do quan-to os exibidores passarão a

lucrar com a alteração. Havia mais de 20 anos que

o Brasil seguia a tradição de estrear longas na sexta-fei-ra, como é nos EUA. Outros

países sul-americanos como Argentina e Chile já adotam a estratégia de lançamento às quintas.

De acordo com a Feneec, ainda não há um consenso entre os exibidores sobre os preços praticados nesse novo dia de estreias e essa decisão ficará a cargo de cada rede de cinemas. “Quinta já não era um preço promocional. Agora, a tendência é que se estabeleça o preço cheio, mas talvez as promoções devam ser ampliadas para o perí-odo de segunda a quarta”, declarou Bruno Wainer, da Downtown, ao Filme B.

MOTIVOPara Paulo Lui, pre-sidente da Feneec, o motivo da mudança é que “a quinta-feira é quente em vários setores do entrete-nimento, mas é o dia com menos público no cinema”

CRÉDITO DO FOTÓGRAFO

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Page 33: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 A estranha métrica das letras locais Por que o autor brasileiro quer ser lido na Bulgária? Págs. 4 e 5

2 Fins e princípios de Eduardo Coutinho Uma amizade infi nita, por José Hamilton Ribeiro. Pág. 3

1

4

Os melhores retratos de Mishima E outras 8 indicações culturais. Pág. 2

5

6

Com Steve McQueen em São Paulo

Um país gargalha com o Gato Fedorento Diário de Lisboa Pág. 6

A imaginação de Rodrigo Fresán. Pág. 8Questões dançam na cabeça doMenino

Do arquivo de Ana Francisca Ponzio, 2001. Pág. 7

Capamonotipia tipográfi ca de Claudio Rocha

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G2 MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

ANA FRANCISCA PONZIO, jornalista, crítica e curadora na área de dança, edita o site Conectedance (www.conectedance.com.br).

BEATRIZ RESENDE, 65, é professora titular da faculdade de letras da UFRJ. Escreveu “Contemporâneos: Expressões da Literatura Brasileira no Século 21” (Casa da Palavra).

CLAUDIO ROCHA, 56, é artista gráfi co e tipógrafo. ISABEL COUTINHO, 47, é repórter do jornal português “Público”.

JOSÉ HAMILTON RIBEIRO, 78, jornalista ganhador de sete prêmios Esso, é repórter especial do “Globo Rural” (TV Globo) e autor de “O Gosto da Guerra” (Objetiva).

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição Folha.com

EXPOSIÇÃOMostra do fotógrafo japonês Eikoh Hosoe

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

>>folha.com/ilustrissima

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

LALO DE ALMEIDA/FOLHAPRESS

Yukio Mishima em foto da série ‘Barakei’ (1963)

JOSELY VIANNA BAPTISTA, 57, é escritora e tradutora. Publicou “Roça Barroca” (Cosac Naify) e traduziu recentemente a “Antologia da Literatura Fantástica”, de Adolfo Bioy Casares, Jorge Luis Borges e Silvina Ocampo (Cosac Naify).

LUCIANA VILLAS-BOAS, jornalista e editora, é diretora da VB&M Agência Literária.

MADALENA ELEK, 39, é ilustradora e designer.

MARCO RODRIGO ALMEIDA, 30, é redator da “Ilustríssima”.

RAQUEL COZER, 35, é colunista da Folha.

RODRIGO FRESÁN, 50, é escritor argentino, autor de “Jardins de Kensing-ton” (Conrad).

1

EXPOSIÇÃO | BARTOLOMEO GELPI A mostra “Lá e Ali” ocupa dois espa-

ços em São Paulo. Na Central Galeria de Arte, Gelpi expõe 21 telas produzidas com materiais diversos (por exemplo, tiras de tecido e lona industrial). No Ateliê 397, o artista apresenta a obra “Baleia”, intervenção criada sobre a alvenaria da parede do local.

Central Galeria de Arte | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h | grátis

Ateliê 397 | de seg. a sex. das 14h às 19h | grátis | ambas até 20/3

LIVRO | O CORPO NO ESCURO O poeta e livreiro na USP Paulo

Nunes publica seu primeiro livro, no qual colige versos criados na última década, divididos em dois “blocos”: “Obvni” e “Tempo das Águas”. Ora líricos, ora agudos, os versos refl etem a solidão, o abandono e o desencanto do homem contemporâneo.

Companhia das Letras | R$ 36 | 120 págs.

HQ | AS BARBAS DO IMPERADOR Lilia Moritz Schwarcz, professora de

antropologia da USP, adapta o trabalho que publicou em 1998 sobre dom Pedro 2º para o universo dos quadrinhos. Ilustrado por Spacca, o título retrata, em tom bem-humorado, a vida privada do monarca e alguns dos principais momentos da história brasileira no século 19, como a Guerra do Paraguai e o fi m da escravidão.

Quadrinhos na Cia. | R$ 49 | 144 págs.

MÚSICA | OS MULHERES NEGRAS Autodenominada “a terceira menor

big-band do mundo”, a dupla, formada por André Abujamra e Maurício Pereira, apresenta hits da década de 1980, como “Sub” – releitura bem-humorada de “Yellow Submarine”, dos Beatles –, e temas inéditos, frutos da retomada da parceria.

Sáb. e dom. (1/3 e 2/3), às 18h | Sesc Belenzinho | R$ 25

LIVRO | GERTRUDE STEIN A escritora norte-americana (1874-

1946) escreveu, entre 1913 e 1920, 18 peças, agora reunidas em “O Que Você Está Olhando”. Pela ótica do teatro convencional, elas podem ser consideradas de difícil encenação – pois colocam a linguagem acima da trama e dispensam as rubricas. Justamente por essas características, porém, o conjunto permite ver a au-tora de “A Autobiografi a de Alice B. Toklas” como uma precursora radical do que hoje conhecemos como teatro pós-dramático.

trad. Dirce Waltrick do Amarante e Luci Collin | Iluminuras | R$ 38 | 184 págs.

LIVRO | BENJAMIN E BRECHT O professor de fi losofi a Erdmut Wi-

zisla, da Universidade de Humboldt (Berlim), vasculha os bastidores da amizade entre o crítico literário Walter Benjamin (1892-1940) e o dramatur-go Bertolt Brecht (1898-1956). O livro recolhe fragmentos de diário, cartas e fotografi as dos intelectuais e analisa o desdobramento do afeto mútuo na produção cultural de ambos.

trad. Rogério Silva Assis | Edusp | R$ 82 | 408 págs.

EXPOSIÇÃO | UKIYO-Ê, E HOJE Enquanto a megaexposição da estrela da arte japonesa Yayoi Kusama

(programada para maio) não chega ao Instituto Tomie Ohtake, algumas de suas gravuras integram mostra da galeria paulistana Deco. Obras dela e de outros contemporâneos estarão expostas ao lado de trabalhos de artistas japoneses dos séculos 18 e 19, representativos do ukiyo-ê. O gênero, cujo nome signifi ca “pintura do mundo fl utuante”, foi pródigo em retratar costumes da cultura burguesa do período Edo (1603-1867). Divulgadas na Europa no século 19, peças do período infl uenciaram artistas como Claude Monet e Vincent van Gogh.

abertura na ter. (dia 25), às 19h | seg. a dom., das 10h | às 19h | grátis | até 25/3

FOTOGRAFIA | EIKOH HOSOE O butô de Kazuo Ohno e Tatsumi Hi-

jikata e o universo particular do escritor Yukio Mishima, mas também a arte do escultor francês Auguste Rodin estão entre os temas sobre os quais se lançou por cinco décadas o olhar do fotógrafo japonês, de 80 anos. Sete das principais séries criadas por Hosoe entre 1959 e 2010 estarão no Sesc Consolação a partir de quarta (26) – parte das imagens terá como suporte os “emakimonos”, grandes rolos de seda e papel washi.

de seg. a sex., das 10h às 21h30; sáb. e feriados, das 10h às 18h30 | até 3/5 | grátis

DVD E MOSTRA | JEAN ROUCH O cineasta francês (1917”’2004) fez

da mescla de documentário e fi cção o centro de sua fi lmografi a. O IMS lança em DVD dois de seus trabalhos. Em “A Pirâmide Humana” (1960), Rouch reúne dois grupos de alunos de uma mesma escola, europeus e africanos, e propõe a eles um fi lme sem roteiro. Já “Cocorico! Monsieur Poulet” (1974), inicialmente um documentário sobre o comércio de galinhas, é banhado pela fi cção ao longo da fi lmagem. O IMS também realiza no Rio, até quinta, mostra com fi lmes de Rouch.

DVD | R$ 39,90 | projeções de ter. a qui., às 17h | R$ 16

EIKOH HOSOE

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Page 35: EM TEMPO - 23 de fevereiro de 2014

G3MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014

2O fi nal errado

Memórias

As imperfeições absolutamente certas de Eduardo Coutinho

RESUMOAmigo recorda tra-jetória de Eduardo Coutinho, morto no último dia 2. Indo do jornalismo ao cine-ma, o documentarista perseverou em sua convicção de que os fi lmes não deviam perseguir o belo e o grandioso, mas a vida, em suas imper-feições, e que toda e qualquer história vale por si e, portanto, merece ser contada.

No fi lme “Edifício Master” (2002), Eduardo Coutinho, sen-tado numa cadeira, entrevista moradores de um prédio classe média baixa de Copacabana. Pessoas comuns, histórias co-muns. Começa e termina com

JOSÉ HAMILTON RIBEIRO

gente contando sua “vidinha mais ou menos”, aí já mos-trando o propósito do diretor – “cada vida dá um livro”, ou “nada é mais importante para uma pessoa que sua própria história”, ou “o espetáculo do homem é mesmo o homem”.

O fi lme vai mostrando as en-trevistas, mas uma delas, no terço fi nal, indica – para um ob-servador comum – que ali está o fi m. Um personagem forte conta quanto sabia da história de Frank Sinatra (a quem até tinha visto de perto) e termina imitando o cantor em “My Way”. Empolga-se à medida que can-ta, seu rosto fi ca vermelho do esforço, e nos acordes fi nais, diz, abrindo os braços, no último fôlego: “Fim!”.

É, mas o fi lme não termina aí. Passa o personagem do “My Way”, vêm outras “entrevistas comuns” e “Edifício Master” morre como se tivesse acabado o tempo do fi lme.

– Coutinho, o homem do “My Way” não era naturalmente – e gloriosamente – o fi nal do “Edi-fício Master”?

– Você não é a primeira pessoa a me dizer isso...

Coutinho falava rápido. Não falava, metralhava as palavras,

aparentemente sem pensar nas respostas, como se já soubesse as perguntas. Tinha difi culdade em palavras com dois erres. As-sim, dizia em espanhol “muer”, em vez de “murrer” (“mujer”); “esfi a”, em vez de “esfi rra”.

Era um querido amigo; puro, bom, solidário, leal, honrado. Nos conhecemos como jo-vens jornalistas em São Paulo na segunda metade da dé-cada de 1950; ele na revista “Visão”, eu, na Folha.

Uma circunstância muito nos aproximou: seus pais eram se-parados, e ele fi cara do lado da mãe, dona Carolina, que se unira a um jornalista, Aristides Lobo, também da Folha. Aristi-des era um comunista histórico, passível de ser preso a qualquer hora. E eu gostava muito dele. Quando me levou num domingo para almoçar em sua casa, dei ali com Eduardo Coutinho e fi camos ainda mais próximos.

Todos nós torcíamos por sua atuação num programa de TV, “Absolutamente Certo!”, uma espécie de gincana intelectual em que a pessoa respondia sobre um tema de sua escolha. Coutinho escolhera Chaplin e, afl ito como era, não esperava o locutor terminar a pergunta,

já emendava a resposta – certa, “absolutamente certa”.

Entrara no programa com ob-jetivo declarado de continuar até que conseguisse dinheiro para fi car dois anos em Paris estudando no Instituto de Altos Estudos Cinematográfi cos.

Quando alcançou o dinhei-ro que queria (nem era muito, Coutinho sempre foi modesto e frugal), saiu do programa, deixando em todos a impressão de que, se quisesse, poderia fi car ali até ganhar uma bolada. Era quase impossível formular uma questão sobre Chaplin cuja resposta ele não soubesse.

Isso era em 1957 e, nesse ano, o destino nos uniu mais ainda: fomos os dois ao Festival da Juventude Comunista, em Moscou. Depois de um mês na União Soviética, um convite para outro mês em Praga, mais um em Berlim (do lado comu-nista, quanta mordomia!) e um tempo na França (já a essa altura comendo sanduíche). Fi-camos quase seis meses juntos no exterior.

O fi lme “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, estava rodan-do o mundo com tanto sucesso que as pessoas que a gente conhecia no “mundo comunista”

nos chamavam – ao Coutinho e a mim – de cangaceiros. Cou-tinho era o “Cangaceiro chico” e eu, um pouco mais alto, o “Cangaceiro grande”.

Voltei para o Brasil, ele fi cou na França para passar seus dois anos no “Institut” de cinema. Nos reencontramos nos anos 1980, na TV Globo. Ao lado de Washington Novaes, Coutinho era mestre na edição do “Globo Repórter”, e ambos eram es-calados para ajudar eventuais repórteres novos por lá – como era o meu caso.

Nesse tempo, ele já esta-va com “Cabra Marcado para Morrer” na cabeça; só faltava a decisão de deixar o emprego e ir atrás do dinheiro – coisa para a qual ele era praticamente inábil.

– Coutinho, você está com uma obra-prima na mão!

– Tá mais é pra matéria-prima...

À medida que fazia fi lmes, expunha – metralhava – suas ideias: “Filme militante é uma tragédia porque já está escri-to antes” (numa conversa com Zuenir Ventura).

Sobre seus fi lmes serem tos-cos, sem acabamento: “A pureza e a perfeição são fascistas”.

“Então meus fi lmes são pela vida, porque a vida será sem-pre imperfeita. A perfeição é a morte” (conforme citado pela antropóloga Debora Diniz em entrevista a Mônica Manir, no caderno “Aliás”, de “O Estado de S. Paulo”).

Enquanto a agenda não fi cou carregada por sua nova condi-ção de celebridade, toda vez que vinha a São Paulo me ligava e a gente se via. Na estreia de um de seus fi lmes, na sala de cinema da livraria Cultura, na avenida Paulista, comentei com ele:

– Quem poderia pensar que você, que precisou ganhar di-nheiro para estudar cinema se exibindo na televisão, iria ser o cineasta tão premiado de hoje?

– Se é por prêmio, você deve ter a resposta: volta e meia vejo notícia que você ganhou prêmio de jornalista...

– Seja por você ou por mim, o que explica tanto prêmio?

– Acho que estamos durando muito...

Coutinho era um pouco mais velho que eu. O fato de comer de maneira irregular e de viver sempre com um cigarro na boca parece que cobrou caro de sua saúde, seu rosto, sua postura.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 G5

Letras brasileiras

RESUMOPropelida por pro-gramas de apoio à tradução, obsessão do autor nacional por reconhecimento no exterior mascara desprestígio da fi cção brasileira no mercado local. Pouco e mal edi-tados no país, escri-tores que não venham de carreiras de suces-so em jornal ou TV dependem em larga medida de compras do governo.

3

O autor brasileiro é vidrado numa tradução. Tradução de sua própria obra, bem enten-dido. Não há prêmio, elogio de leitor nem sequer boas vendas no Brasil que se comparem à validação de seu texto por uma editora estrangeira. Se possí-vel, a tradução para o inglês, mas servem versões exóticas, como para o sérvio ou o ro-meno, edições sem signifi cado monetário e que atingem uns 300 leitores. Dão a impressão que se está chegando longe.

Por isso, passado quase meio ano da homenagem ao Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, percebe-se uma amargura entre muitos escritores: “Não disseram que a homenagem iria escancarar as portas do mercado internacional para o autor brasileiro?”, perguntam. Que eu saiba, ninguém disse isso. Se disse, era um ingênuo falando do que não conhece.

Este artigo não quer criticar ou ridicularizar a participação do Brasil em Frankfurt. Nem elevá-la a momento de gala da nossa literatura. A home-nagem se ressente por não ser pensada como uma instância da política do Ministério da Cultura visando à exportação da criação literária brasileira. Avaliar o projeto do governo é relevante porque ajuda a elu-cidar a situação da literatura no Brasil e põe em perspectiva a quimera da tradução, que tanto persegue e é perseguida pelos escritores.

Não existe tabulação do nú-mero de autores brasileiros hoje traduzidos no exterior em comparação com dez anos atrás. Mas o multiplicador é altíssimo. Naquela época, até nossos clássicos estavam em baixa, como Jorge Amado, tão popular nos EUA e Europa na década de 70 do século passado. Hoje, além de es-tarem aparecendo novas tra-duções de Amado, Clarice e Machado, muitos escritores não canônicos podem ser lidos

LUCIANA VILLAS-BOAS ILUSTRAÇÃO CLAUDIO ROCHA

Para quem escreve o autor local?

ANÁLISE

A tradução, essa faminta quimera

em inglês, francês, alemão, espanhol, italiano, em alguns desses idiomas, ou em todos eles e outros.

Essa relativa capilarização da literatura brasileira no exte-rior é resultado quase exclusivo do programa de tradução da Biblioteca Nacional reinven-tado em 2011. O programa já existia, mas não honrava seus compromissos, as bolsas prometidas não eram pagas, e sua credibilidade era zero. Foi difícil recuperar a confi ança do editor estrangeiro. Fábio Lima, da Biblioteca Nacional, informa que, entre 2011 e 2013, foram concedidas 390 bolsas de tra-dução para 181 autores.

PompaAlém de cumprir o combi-

nado, o programa deslanchou graças ao pacote que foi mon-tado: anúncio com pompas em Paraty e gancho com homena-gens em várias feiras, não só a de Frankfurt – mas esta sempre mencionada com destaque. Foi naquele momento e com essa função que a homenagem na Alemanha teve importância. A crise econômica prestou sua contribuição: até editoras in-ternacionais da primeira divi-são viram com ótimos olhos a possibilidade de publicar au-tores de qualidade pagando adiantamentos baixos e rece-bendo uma injeção de grana antes de incorrer nos custos do processo editorial.

Diante das planilhas da BN, fi ca difícil compreender por que nossa literatura não ganhou mais impulso. Mesmo consi-derando as bolsas que foram para a não fi cção, é muito livro brasileiro no panorama internacional. Mas, sem co-brar do pessoal da Biblioteca o que eles não podem saber, os profi ssionais do mercado entendem que esse número deve ser ponderado.

O primeiro problema que se pode supor é a concentração de bolsas benefi ciando poucos fi ccionistas. O segundo pro-blema é que a maioria delas foi para editoras mínimas em mercados insignifi cantes – países africanos ou do Leste europeu. Não vamos defender que não se contemplem es-sas editoras, porque a lógica do Estado é outra e, para o Brasil, pode ser estratégico ter sua literatura na África ou entre vizinhos sul-americanos. Mas houve casos de gente com o olho só no dinheiro da Biblioteca, sem intenção de lançar dignamente os livros contratados. O problema mais grave é o terceiro, que escapa ao controle do ministério.

Se os gastos do governo em Frankfurt foram excessivos, ou se a delegação não era representativa, não importa agora. A discussão aqui é mais ampla. Seria desejável que o programa continuasse, talvez com mais atenção ao detalhe, mas que não fosse ameaçado por novas administrações. A literatura nacional ainda não

anda com as próprias pernas no mercado internacional; e, depois dos escritores, o princi-pal interessado numa imagem literária da nossa cultura é o Estado brasileiro. Não se leva a sério um país que se reduz a samba e futebol; espera-se que sejamos alfabetizados, e a literatura seria nosso me-lhor testemunho.

Comparado com outros programas de projeção da imagem do Brasil, o da BN pa-rece apresentar boa relação custo x benefício. O governo só não pode gastar mais do que gasta, e o programa não deve ser ampliado enquanto o setor editorial não somar esforços. Há dois anos, o go-verno faz a sua parte, e está de bom tamanho.

FarraEm sua coluna da Folha, às

vésperas da inauguração da Feira de Frankfurt, Elio Gaspari afi rmou que a homenagem era uma “farra” com o dinheiro da Viúva para benefi ciar os editores brasileiros. “Se os em-presários do mercado editorial precisassem de homenagem na feira poderiam recebê-la com o dinheiro deles”.

A verdade é que os editores jamais investiriam um centavo na participação do Brasil em Frankfurt não porque contas-sem com tirar vantagem do governo, mas porque a maioria estava se lixando para a ho-menagem, não tinha o menor interesse nela, assim como, com raríssimas e notáveis ex-ceções, se lixa para a literatura brasileira. Se houve farra, não foi promovida por ou para eles, estão inteiramente inocentes. Mas o desinteresse dos edito-res é mais de se lamentar do que de elogiar.

Não há dados da porcen-tagem de livros brasileiros entre o que se publica de fi cção no país. No perspicaz artigo “Tendências do mer-cado de livros no Brasil: um panorama e os best-sellers de fi cção nacional 2000-2009” (revista “MATRIZes”, 2012), Sandra Reimão não divulga esse número, mas consegue denunciar a inexpressividade do fi ccionista brasileiro nas listas de mais vendidos.

Na primeira década do sécu-lo, os autores que conseguiram furar o bloqueio estrangeiro foram: Luis Fernando Veris-simo, Jô Soares, Chico Buar-que, Paulo Coelho, João Ubaldo Ribeiro, Letícia Wierzchowski, Luiz Eduardo Soares e Orlando Paes Filho.

À exceção de Paes Filho, autor do gênero fantasia, to-dos são nomes que vinham de carreira de sucesso em jornal, TV ou música (Verissimo, Jô e Chico), ou que se consagra-ram como escritores antes da última década do século 20, chegando ao novo milênio já com ampla presença na mídia (João Ubaldo e Paulo Coelho), ou que tiveram o apoio de TV ou cinema para seus ro-

mances (Wierzchowski com “A Casa das Sete Mulheres” e Luiz Eduardo Soares com “Elite da Tropa”/”Tropa de Elite”).

Há exemplos recentes que ilustram a tese da professora: textos ótimos que, assinados por um autor desconhecido, estariam longe das listas. E esses autores e mais todos os outros brasileiros publicados não representam 5% das obras de fi cção lançadas anualmen-te – essa é minha chocante projeção do alto de 20 anos de trabalho no meio editorial, acompanhando carteiras de lançamento das editoras, como jornalista, editora ou agente.

MuletasEsse é o grande obstáculo

para a internacionalização da fi cção brasileira: nossa litera-tura não anda com as próprias pernas em seu país. Precisa das muletas de outro veículo ou forma de comunicação. Não temos volume ou variedade. Entre os autores traduzidos nos últimos dois/três anos, alguns tiveram desempenho razoável no exterior, foram reeditados, mas nenhum cau-sou impacto semelhante ao do sueco Stieg Larsson, que expôs para o mundo a literatura de toda a Escandinávia.

Principalmente, nenhum au-tor brasileiro chegou a terras estrangeiras com um histó-rico inequívoco de consagra-ção nacional. A não ser Paulo Coelho, cuja literatura não foi percebida lá fora como bra-sileira, ao mesmo tempo que o Brasil tolamente não a rei-vindicou, incluindo aí a crítica e os colegas escritores. Sua popularidade intercontinental não teve como abrir portas para outras obras brasileiras – um caso excepcional.

O divórcio entre literatura nacional e sociedade é uma vergonha para o Brasil. Não é preciso recorrer a parâmetros de mundo desenvolvido; fi que-mos na América Latina. Argen-tina, Chile, México e Colômbia consomem a fi cção local muito mais do que nós. Comparemos a literatura brasileira à do Chi-le, que tem menos habitantes do que a Grande São Paulo.

Em viagens pela Europa, ou em Nova York, eu costuma-va fazer de brincadeira uma pesquisa sobre a presença brasileira e de outros paí-ses nas livrarias que visitava. Aconteceu na Fnac, na Feltri-nelli, Bertrand, na livraria do El Corte Inglés, Barnes & Nobles, La Hune. Pegava um atenden-te de jeito e perguntava se saberia me dar, sem recorrer ao computador, um nome de escritor brasileiro.

Quando ele conhecia a nacio-nalidade de Paulo Coelho, era o que vinha. Se não conhecesse, não vinha nada. Tenho curio-sidade de fazer a brincadeira este ano. Algo pode ter mudado na Alemanha, mas o quadro não deve ter se alterado sig-nifi cativamente.

A mesma brincadeira feita

com o Chile era uma humi-lhação. Em 100% das vezes o nome que primeiro saiu foi de Isabel Allende, mas, se esse fosse “hors-concours”, os atendentes ofereciam como segunda opção Roberto Bo-laño, Marcela Serrano, Jorge Sepúlveda, Hernán Rivera Let-telier e Alberto Fuguet: autores reconhecidos como chilenos, que alcançaram sucesso nos Estados Unidos e Europa por iniciarem carreiras internacio-nais com o lastro da populari-dade primeiro no Chile e depois na América Hispânica, para então ganhar o mundo.

DivórcioQuando ocorreu o divórcio

entre literatura e sociedade no Brasil? Nos anos 1960, Erico Verissimo, Rachel de Queiroz, Dinah Silveira de Queiroz, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Nel-son Rodrigues, José Mauro de Vasconcelos e outros escrito-res, caídos ou não no esque-cimento (quem se lembra de Amando Fontes?), constavam do cardápio de assuntos da classe média como hoje só

fi guram os atores da TV Globo. Os personagens de romances, e não os das telenovelas, ins-piravam os pais na hora de dar nome aos fi lhos. Quantos Rodrigos com mais de 45 anos não se chamam assim por cau-sa do capitão de Erico?

Era uma sociedade polariza-da politicamente e muito mais literária. De minha infância no seio de uma família politizada, mas não de intelectuais – o pai jornalista, leitor de marxismo e reportagens, a mãe dona de casa com boa leitura dos clássicos e de tudo que lhe caísse nas mãos –, lembro de discussões furiosas com as tias lacerdistas sobre a posição de Rachel de Queiroz frente ao golpe de 64, ou sobre a con-veniência de Guimarães Rosa assumir a cadeira da Academia Brasileira de Letras quando a ditadura fechava o cerco sobre a instituição.

Os pais não problematiza-vam como incutir nos fi lhos o hábito da leitura. Ler era “default”. Sem priorização consciente do nacional (eu adorava Mark Twain e Laura

Ingalls Wilder), antes dos dez anos, minha irmã e eu lêra-mos, com gosto, todo Mon-teiro Lobato, Viriato Corrêa, muito José Lins do Rego, José Mauro de Vasconcelos, José de Alencar, o jovem Machado, “A Moreninha”, “A Bagaceira”, “Os Corumbas”, “Capitães da Areia”, “O Cortiço”. Era literal-mente o que caísse nas mãos, e o que caía era muito mais brasileiro do que tradução. Os pais problematizavam a idade adequada para ler “Dona Flor e seus Dois Maridos”, licença que penei para ter.

Chegaram os anos de chum-bo, e a competição estran-geira se fez sentir, mas nada que impedisse o brasileiro de devorar “Bar Don Juan”, de Antonio Callado, e “Sargento Getúlio”, de João Ubaldo, de 1971. O primeiro romance de Rubem Fonseca, “O Caso Mo-rel”, chocou em 1973, mesmo ano em que “Água Viva”, de Clarice, intrigou e deslumbrou; “Galvez, o Imperador do Acre”, de Márcio Souza, e “Essa Terra”, de Antônio Torres, encantaram os leitores em 1976; e “Zero”,

de Ignácio de Loyola Brandão, publicado primeiro na Itália, provocou ondas de indignação quando foi recolhido pela cen-sura, para retornar em 1979.

Diga-se que na década de 70 não era só Jorge Amado que conquistava edições no exterior. O trabalho de José J. Veiga angariou tal respeito e admiração no Brasil que che-gou ao inglês pela prestigiosa Knopf, com a publicação de “A Hora dos Ruminantes” e “A Estranha Máquina Extra-viada”. “Galvez” e “Zero” foram muito traduzidos, assim como, na primeira metade dos anos 80, “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo, consagração crítica e estouro de vendas do autor.

Década perdidaOs 80, a notória “década

perdida”, viram o reconheci-mento da autofi cção de Mar-celo Rubens Paiva e Fernando Gabeira, e dos romances de Caio Fernando Abreu e Ana Miranda, mas a relação entre sociedade e literatura já esta-va esgarçada. Em 1987, saiu

“O Diário de um Mago”, mas vimos a excepcionalidade de Coelho. Para a fi cção brasileira, a década perdida foram os anos 90.

O que permitiu que o ima-ginário brasileiro fosse tão absolutamente sequestrado pela televisão? A ditadura co-meçou solapando o sistema de ensino e a rede escolar; desvalorizando a crítica, o sa-ber humanístico, o hábito da leitura, e agigantando a TV Glo-bo. Mas o fator determinante foi a infl ação, pondo desafi os incomensuráveis à atividade do editor e fazendo com que ele buscasse a facilidade da literatura traduzida.

Ao estrangeiro, em geral, só se presta contas uma vez por ano, algo inviável no tratamen-to com o escritor brasileiro, diante do quadro infl acionário. Os investimentos em marketing eram mais difíceis de recuperar quando se tratava de revelar um talento nacional; o autor estrangeiro chegava consagra-do, bastando mandar para as redações fotocópias da crítica no país de origem para garantir

o destaque da imprensa. A oferta anglo-saxônica era

ampla e variada bastante para abastecer as editoras em ati-vidade – baixa concorrência que permitia, até a virada do milênio, a aquisição dos direi-tos por somas razoáveis. E a literatura americana desenvol-vera largamente um tipo de fi cção deglutível por um leitor menos contumaz e sofi sticado do que aquele da geração an-terior – e viciado na linguagem televisiva. Uma fi cção que não havia no Brasil.

Motivos sufi cientes para o editor se acomodar na pu-blicação de estrangeiros. Os brasileiros sumiram das car-teiras de lançamento. Quando havia lugar para o nacional, era uma tiragem de 2.000 exemplares, sem visibilidade, que não vendia nem arranha-va a lista de mais vendidos. A perfeita profecia autorrea-lizável: leitor gosta mesmo é da literatura americana.

ExpansãoVeio o real, e a moeda estabi-

lizada permitiu a expansão do

negócio editorial. Dezenas de novas editoras se somaram à indústria do livro; a concorrên-cia por direitos de publicação e espaço na livraria profi ssiona-lizou as práticas do mercado. O baixo nível educacional da mão de obra já consternava até o meio empresarial. Com a democracia consolidada, seto-res do empresariado e opinião pública (por exemplo, novelas da Globo) e campanhas do go-verno começaram a valorizar o hábito de leitura.

A distribuição da renda per-mitiu a entrada de novos lei-tores no mercado, nem sempre apreciadores da melhor litera-tura, mas leitores. Os núme-ros de vendas de Dan Brown, J.K. Rowling, Khaled Hosseini, E.L. James e Suzanne Collins – alguns milhões no mercado nacional – documentam isso de maneira lapidar.

Só não foi convidado para a festa o escritor brasileiro. Nem de longe se benefi ciou da nova conjuntura do mercado mais simpática ao livro. (Exceção feita àqueles voltados para o leitor jovem, que souberam usar os recursos da internet para construir seu público e se impor às casas editoriais.)

O editor se esquecera de por que não publicava literatura brasileira e não via por que mudar de atitude. Nem a ex-plosão de feiras literárias pro-jetando autores locais (secun-dariamente aos estrangeiros) o impressionou muito. Quem veio em socorro do autor foi o bom e velho Estado brasileiro, a quem os escritores devem infi nitamente. Se no século 20 o Estado os sustentava com sine-curas, nos últimos anos garan-tiu a sobrevivência da categoria aumentando as compras dos governos federal e estaduais para bibliotecas e escolas, nas quais a literatura nacional ainda compete com vantagem em relação às obras traduzidas.

As compras do governo permitiram que as editoras mantivessem uma fresta de porta aberta à fi cção local. A preferência voltou-se para os clássicos, depois de alguns terem atravessado longo os-tracismo, mas vêm sendo fei-tas apostas em autores menos consagrados na esperança de que os prêmios literários que também surgiram desde a vi-rada do século possam ungi-los com a boa crítica que conduz à rampa das aquisições gover-namentais.

No entanto, já ouvi de mui-to editor estrangeiro e de “scouts”, os olheiros do mer-cado editorial, a queixa quan-to a certa mesmice no que apresentamos, um “mais do mesmo” que inviabiliza apos-tas ousadas nos lançamentos. E, sem apostas ousadas, pode-se dar adeus ao sonho de um grande estouro de vendas e popularidade. Sem estouro de vendas ou clara consagração com prêmios internacionais, “bye-bye” ao nosso sonho de visibilidade global.

EixoUma possibilidade de ação

editorial seria tentar diluir o poder cultural concentrado no eixo Rio-São Paulo, com esporádicas esticadas ao Rio Grande do Sul, buscando ori-ginais em um espectro mais amplo do país.

Um livro médio de autor que trabalhou no jornal “O Globo” ou na Folha, que fez estágio no Instituto Moreira Salles ou no Itaú Cultural, que atuou em editoras do eixo, que já entre-vistou escritores renomados e conhece as pessoas certas tem muito mais possibilidade de encontrar uma casa que o publique do que um origi-nal novo, diferente e excelen-te de um profi ssional liberal sem esse capital social e que esteja escrevendo de alguma cidade média ou grande desse

Brasil, que não Rio, São Paulo ou Porto Alegre.

É compreensível que a ideia de separar joio do trigo nas pilhas de originais não solicitados che-gados de todo o país desanime o editor. Encontram-se textos de valor, mas há muito joio. Desa-nima até o agente literário, em si fi gura escassa no mercado. Os profi ssionais da edição andam sobrecarregados, o trabalho com livro é infi nito.

Mas é um desperdício. O Brasil hoje é uma sociedade complexa, e há talentos literá-rios de norte a sul, da fronteira continental à costa atlântica, recriando experiências mais diversifi cadas do que as que temos mostrado ao exterior.

Editores no exterior bus-cam autores consagrados em seus países de origem, cujos livros sejam objeto de escolha dos leitores, não que tenham sido comprados para biblio-tecas. Se o Brasil quer que sua fi cção seja reconhecida, o escritor brasileiro precisa urgentemente reocupar o seu espaço na livraria.

O editor precisa buscar os novos autores e publicá-los com esse objetivo: a vitrine da livraria. O jornalista literário tem que se aliar ao editor e – além de ler e priorizar o autor brasileiro – deve jogar fora as muletas teóricas da faculdade e desenvolver parâmetros crí-ticos mais próximos do gosto do bom leitor médio, que os professores e acadêmicos não têm por que reconhecer. O crí-tico não universitário tem que aprender a apreciar um texto por sua qualidade intrínseca, pelo seu poder encantatório, e não pelo charme intelectual da editora ou de quem apresenta o autor. E o leitor tem que se despir de preconceitos tolos, como está fazendo quanto ao cinema nacional.

PrioridadesPara o escritor, sobram ta-

refas? A primeira é refazer sua lista de prioridades, per-cebendo que o importante é passar a ser bem publicado no Brasil e que 20 leitores locais são mais preciosos que uma edição na Bulgária. Estou farta de ser abordada por autores mal publicados, com vendas na ordem de mil exemplares, que, após uma conversa sobre ex-pectativas de carreira, dizem: “Mas meu sonho mesmo é ser traduzido para o inglês ou para o francês”.

Em qual lugar do mundo um autor de mil leitores sonha com tradução? Qual autor ameri-cano chegou ao Brasil (que traduz quase toda e qualquer porcaria publicada nos EUA) com esse histórico de vendas? Vá cuidar de seus leitores aqui, caro escritor, vá para a inter-net falar com eles, vá cobrar distribuição dos seus editores, vá conversar com jornalistas, vá ver se o que você está escrevendo é realmente bom – antes de cultivar o sonho colonizado e aprisionador do “sucesso no Primeiro Mundo”.

A prioridade da literatura brasileira é sua valorização no Brasil. É preciso retomar o espaço perdido no imaginário das pessoas. Nunca mais será como antes, mas TV e cinema jogam hoje a favor da litera-tura, bebendo cada vez mais em contos e romances para compor suas dramaturgias. Tradução é importante, mas vem depois.

Vamos continuar a batalhar por nossos autores no exterior, sabendo que o próximo livro brasileiro a ganhar espaço nas estantes das casas e livrarias, nas listas de mais vendidos, nas páginas da internet, nas conversas dos leitores – pela qualidade, força e magia de seu texto – é que será o prin-cipal responsável pela entrada do Brasil no mapa literário internacional.

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Letras brasileiras

RESUMOPropelida por pro-gramas de apoio à tradução, obsessão do autor nacional por reconhecimento no exterior mascara desprestígio da fi cção brasileira no mercado local. Pouco e mal edi-tados no país, escri-tores que não venham de carreiras de suces-so em jornal ou TV dependem em larga medida de compras do governo.

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O autor brasileiro é vidrado numa tradução. Tradução de sua própria obra, bem enten-dido. Não há prêmio, elogio de leitor nem sequer boas vendas no Brasil que se comparem à validação de seu texto por uma editora estrangeira. Se possí-vel, a tradução para o inglês, mas servem versões exóticas, como para o sérvio ou o ro-meno, edições sem signifi cado monetário e que atingem uns 300 leitores. Dão a impressão que se está chegando longe.

Por isso, passado quase meio ano da homenagem ao Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, percebe-se uma amargura entre muitos escritores: “Não disseram que a homenagem iria escancarar as portas do mercado internacional para o autor brasileiro?”, perguntam. Que eu saiba, ninguém disse isso. Se disse, era um ingênuo falando do que não conhece.

Este artigo não quer criticar ou ridicularizar a participação do Brasil em Frankfurt. Nem elevá-la a momento de gala da nossa literatura. A home-nagem se ressente por não ser pensada como uma instância da política do Ministério da Cultura visando à exportação da criação literária brasileira. Avaliar o projeto do governo é relevante porque ajuda a elu-cidar a situação da literatura no Brasil e põe em perspectiva a quimera da tradução, que tanto persegue e é perseguida pelos escritores.

Não existe tabulação do nú-mero de autores brasileiros hoje traduzidos no exterior em comparação com dez anos atrás. Mas o multiplicador é altíssimo. Naquela época, até nossos clássicos estavam em baixa, como Jorge Amado, tão popular nos EUA e Europa na década de 70 do século passado. Hoje, além de es-tarem aparecendo novas tra-duções de Amado, Clarice e Machado, muitos escritores não canônicos podem ser lidos

LUCIANA VILLAS-BOAS ILUSTRAÇÃO CLAUDIO ROCHA

Para quem escreve o autor local?

ANÁLISE

A tradução, essa faminta quimera

em inglês, francês, alemão, espanhol, italiano, em alguns desses idiomas, ou em todos eles e outros.

Essa relativa capilarização da literatura brasileira no exte-rior é resultado quase exclusivo do programa de tradução da Biblioteca Nacional reinven-tado em 2011. O programa já existia, mas não honrava seus compromissos, as bolsas prometidas não eram pagas, e sua credibilidade era zero. Foi difícil recuperar a confi ança do editor estrangeiro. Fábio Lima, da Biblioteca Nacional, informa que, entre 2011 e 2013, foram concedidas 390 bolsas de tra-dução para 181 autores.

PompaAlém de cumprir o combi-

nado, o programa deslanchou graças ao pacote que foi mon-tado: anúncio com pompas em Paraty e gancho com homena-gens em várias feiras, não só a de Frankfurt – mas esta sempre mencionada com destaque. Foi naquele momento e com essa função que a homenagem na Alemanha teve importância. A crise econômica prestou sua contribuição: até editoras in-ternacionais da primeira divi-são viram com ótimos olhos a possibilidade de publicar au-tores de qualidade pagando adiantamentos baixos e rece-bendo uma injeção de grana antes de incorrer nos custos do processo editorial.

Diante das planilhas da BN, fi ca difícil compreender por que nossa literatura não ganhou mais impulso. Mesmo consi-derando as bolsas que foram para a não fi cção, é muito livro brasileiro no panorama internacional. Mas, sem co-brar do pessoal da Biblioteca o que eles não podem saber, os profi ssionais do mercado entendem que esse número deve ser ponderado.

O primeiro problema que se pode supor é a concentração de bolsas benefi ciando poucos fi ccionistas. O segundo pro-blema é que a maioria delas foi para editoras mínimas em mercados insignifi cantes – países africanos ou do Leste europeu. Não vamos defender que não se contemplem es-sas editoras, porque a lógica do Estado é outra e, para o Brasil, pode ser estratégico ter sua literatura na África ou entre vizinhos sul-americanos. Mas houve casos de gente com o olho só no dinheiro da Biblioteca, sem intenção de lançar dignamente os livros contratados. O problema mais grave é o terceiro, que escapa ao controle do ministério.

Se os gastos do governo em Frankfurt foram excessivos, ou se a delegação não era representativa, não importa agora. A discussão aqui é mais ampla. Seria desejável que o programa continuasse, talvez com mais atenção ao detalhe, mas que não fosse ameaçado por novas administrações. A literatura nacional ainda não

anda com as próprias pernas no mercado internacional; e, depois dos escritores, o princi-pal interessado numa imagem literária da nossa cultura é o Estado brasileiro. Não se leva a sério um país que se reduz a samba e futebol; espera-se que sejamos alfabetizados, e a literatura seria nosso me-lhor testemunho.

Comparado com outros programas de projeção da imagem do Brasil, o da BN pa-rece apresentar boa relação custo x benefício. O governo só não pode gastar mais do que gasta, e o programa não deve ser ampliado enquanto o setor editorial não somar esforços. Há dois anos, o go-verno faz a sua parte, e está de bom tamanho.

FarraEm sua coluna da Folha, às

vésperas da inauguração da Feira de Frankfurt, Elio Gaspari afi rmou que a homenagem era uma “farra” com o dinheiro da Viúva para benefi ciar os editores brasileiros. “Se os em-presários do mercado editorial precisassem de homenagem na feira poderiam recebê-la com o dinheiro deles”.

A verdade é que os editores jamais investiriam um centavo na participação do Brasil em Frankfurt não porque contas-sem com tirar vantagem do governo, mas porque a maioria estava se lixando para a ho-menagem, não tinha o menor interesse nela, assim como, com raríssimas e notáveis ex-ceções, se lixa para a literatura brasileira. Se houve farra, não foi promovida por ou para eles, estão inteiramente inocentes. Mas o desinteresse dos edito-res é mais de se lamentar do que de elogiar.

Não há dados da porcen-tagem de livros brasileiros entre o que se publica de fi cção no país. No perspicaz artigo “Tendências do mer-cado de livros no Brasil: um panorama e os best-sellers de fi cção nacional 2000-2009” (revista “MATRIZes”, 2012), Sandra Reimão não divulga esse número, mas consegue denunciar a inexpressividade do fi ccionista brasileiro nas listas de mais vendidos.

Na primeira década do sécu-lo, os autores que conseguiram furar o bloqueio estrangeiro foram: Luis Fernando Veris-simo, Jô Soares, Chico Buar-que, Paulo Coelho, João Ubaldo Ribeiro, Letícia Wierzchowski, Luiz Eduardo Soares e Orlando Paes Filho.

À exceção de Paes Filho, autor do gênero fantasia, to-dos são nomes que vinham de carreira de sucesso em jornal, TV ou música (Verissimo, Jô e Chico), ou que se consagra-ram como escritores antes da última década do século 20, chegando ao novo milênio já com ampla presença na mídia (João Ubaldo e Paulo Coelho), ou que tiveram o apoio de TV ou cinema para seus ro-

mances (Wierzchowski com “A Casa das Sete Mulheres” e Luiz Eduardo Soares com “Elite da Tropa”/”Tropa de Elite”).

Há exemplos recentes que ilustram a tese da professora: textos ótimos que, assinados por um autor desconhecido, estariam longe das listas. E esses autores e mais todos os outros brasileiros publicados não representam 5% das obras de fi cção lançadas anualmen-te – essa é minha chocante projeção do alto de 20 anos de trabalho no meio editorial, acompanhando carteiras de lançamento das editoras, como jornalista, editora ou agente.

MuletasEsse é o grande obstáculo

para a internacionalização da fi cção brasileira: nossa litera-tura não anda com as próprias pernas em seu país. Precisa das muletas de outro veículo ou forma de comunicação. Não temos volume ou variedade. Entre os autores traduzidos nos últimos dois/três anos, alguns tiveram desempenho razoável no exterior, foram reeditados, mas nenhum cau-sou impacto semelhante ao do sueco Stieg Larsson, que expôs para o mundo a literatura de toda a Escandinávia.

Principalmente, nenhum au-tor brasileiro chegou a terras estrangeiras com um histó-rico inequívoco de consagra-ção nacional. A não ser Paulo Coelho, cuja literatura não foi percebida lá fora como bra-sileira, ao mesmo tempo que o Brasil tolamente não a rei-vindicou, incluindo aí a crítica e os colegas escritores. Sua popularidade intercontinental não teve como abrir portas para outras obras brasileiras – um caso excepcional.

O divórcio entre literatura nacional e sociedade é uma vergonha para o Brasil. Não é preciso recorrer a parâmetros de mundo desenvolvido; fi que-mos na América Latina. Argen-tina, Chile, México e Colômbia consomem a fi cção local muito mais do que nós. Comparemos a literatura brasileira à do Chi-le, que tem menos habitantes do que a Grande São Paulo.

Em viagens pela Europa, ou em Nova York, eu costuma-va fazer de brincadeira uma pesquisa sobre a presença brasileira e de outros paí-ses nas livrarias que visitava. Aconteceu na Fnac, na Feltri-nelli, Bertrand, na livraria do El Corte Inglés, Barnes & Nobles, La Hune. Pegava um atenden-te de jeito e perguntava se saberia me dar, sem recorrer ao computador, um nome de escritor brasileiro.

Quando ele conhecia a nacio-nalidade de Paulo Coelho, era o que vinha. Se não conhecesse, não vinha nada. Tenho curio-sidade de fazer a brincadeira este ano. Algo pode ter mudado na Alemanha, mas o quadro não deve ter se alterado sig-nifi cativamente.

A mesma brincadeira feita

com o Chile era uma humi-lhação. Em 100% das vezes o nome que primeiro saiu foi de Isabel Allende, mas, se esse fosse “hors-concours”, os atendentes ofereciam como segunda opção Roberto Bo-laño, Marcela Serrano, Jorge Sepúlveda, Hernán Rivera Let-telier e Alberto Fuguet: autores reconhecidos como chilenos, que alcançaram sucesso nos Estados Unidos e Europa por iniciarem carreiras internacio-nais com o lastro da populari-dade primeiro no Chile e depois na América Hispânica, para então ganhar o mundo.

DivórcioQuando ocorreu o divórcio

entre literatura e sociedade no Brasil? Nos anos 1960, Erico Verissimo, Rachel de Queiroz, Dinah Silveira de Queiroz, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Nel-son Rodrigues, José Mauro de Vasconcelos e outros escrito-res, caídos ou não no esque-cimento (quem se lembra de Amando Fontes?), constavam do cardápio de assuntos da classe média como hoje só

fi guram os atores da TV Globo. Os personagens de romances, e não os das telenovelas, ins-piravam os pais na hora de dar nome aos fi lhos. Quantos Rodrigos com mais de 45 anos não se chamam assim por cau-sa do capitão de Erico?

Era uma sociedade polariza-da politicamente e muito mais literária. De minha infância no seio de uma família politizada, mas não de intelectuais – o pai jornalista, leitor de marxismo e reportagens, a mãe dona de casa com boa leitura dos clássicos e de tudo que lhe caísse nas mãos –, lembro de discussões furiosas com as tias lacerdistas sobre a posição de Rachel de Queiroz frente ao golpe de 64, ou sobre a con-veniência de Guimarães Rosa assumir a cadeira da Academia Brasileira de Letras quando a ditadura fechava o cerco sobre a instituição.

Os pais não problematiza-vam como incutir nos fi lhos o hábito da leitura. Ler era “default”. Sem priorização consciente do nacional (eu adorava Mark Twain e Laura

Ingalls Wilder), antes dos dez anos, minha irmã e eu lêra-mos, com gosto, todo Mon-teiro Lobato, Viriato Corrêa, muito José Lins do Rego, José Mauro de Vasconcelos, José de Alencar, o jovem Machado, “A Moreninha”, “A Bagaceira”, “Os Corumbas”, “Capitães da Areia”, “O Cortiço”. Era literal-mente o que caísse nas mãos, e o que caía era muito mais brasileiro do que tradução. Os pais problematizavam a idade adequada para ler “Dona Flor e seus Dois Maridos”, licença que penei para ter.

Chegaram os anos de chum-bo, e a competição estran-geira se fez sentir, mas nada que impedisse o brasileiro de devorar “Bar Don Juan”, de Antonio Callado, e “Sargento Getúlio”, de João Ubaldo, de 1971. O primeiro romance de Rubem Fonseca, “O Caso Mo-rel”, chocou em 1973, mesmo ano em que “Água Viva”, de Clarice, intrigou e deslumbrou; “Galvez, o Imperador do Acre”, de Márcio Souza, e “Essa Terra”, de Antônio Torres, encantaram os leitores em 1976; e “Zero”,

de Ignácio de Loyola Brandão, publicado primeiro na Itália, provocou ondas de indignação quando foi recolhido pela cen-sura, para retornar em 1979.

Diga-se que na década de 70 não era só Jorge Amado que conquistava edições no exterior. O trabalho de José J. Veiga angariou tal respeito e admiração no Brasil que che-gou ao inglês pela prestigiosa Knopf, com a publicação de “A Hora dos Ruminantes” e “A Estranha Máquina Extra-viada”. “Galvez” e “Zero” foram muito traduzidos, assim como, na primeira metade dos anos 80, “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo, consagração crítica e estouro de vendas do autor.

Década perdidaOs 80, a notória “década

perdida”, viram o reconheci-mento da autofi cção de Mar-celo Rubens Paiva e Fernando Gabeira, e dos romances de Caio Fernando Abreu e Ana Miranda, mas a relação entre sociedade e literatura já esta-va esgarçada. Em 1987, saiu

“O Diário de um Mago”, mas vimos a excepcionalidade de Coelho. Para a fi cção brasileira, a década perdida foram os anos 90.

O que permitiu que o ima-ginário brasileiro fosse tão absolutamente sequestrado pela televisão? A ditadura co-meçou solapando o sistema de ensino e a rede escolar; desvalorizando a crítica, o sa-ber humanístico, o hábito da leitura, e agigantando a TV Glo-bo. Mas o fator determinante foi a infl ação, pondo desafi os incomensuráveis à atividade do editor e fazendo com que ele buscasse a facilidade da literatura traduzida.

Ao estrangeiro, em geral, só se presta contas uma vez por ano, algo inviável no tratamen-to com o escritor brasileiro, diante do quadro infl acionário. Os investimentos em marketing eram mais difíceis de recuperar quando se tratava de revelar um talento nacional; o autor estrangeiro chegava consagra-do, bastando mandar para as redações fotocópias da crítica no país de origem para garantir

o destaque da imprensa. A oferta anglo-saxônica era

ampla e variada bastante para abastecer as editoras em ati-vidade – baixa concorrência que permitia, até a virada do milênio, a aquisição dos direi-tos por somas razoáveis. E a literatura americana desenvol-vera largamente um tipo de fi cção deglutível por um leitor menos contumaz e sofi sticado do que aquele da geração an-terior – e viciado na linguagem televisiva. Uma fi cção que não havia no Brasil.

Motivos sufi cientes para o editor se acomodar na pu-blicação de estrangeiros. Os brasileiros sumiram das car-teiras de lançamento. Quando havia lugar para o nacional, era uma tiragem de 2.000 exemplares, sem visibilidade, que não vendia nem arranha-va a lista de mais vendidos. A perfeita profecia autorrea-lizável: leitor gosta mesmo é da literatura americana.

ExpansãoVeio o real, e a moeda estabi-

lizada permitiu a expansão do

negócio editorial. Dezenas de novas editoras se somaram à indústria do livro; a concorrên-cia por direitos de publicação e espaço na livraria profi ssiona-lizou as práticas do mercado. O baixo nível educacional da mão de obra já consternava até o meio empresarial. Com a democracia consolidada, seto-res do empresariado e opinião pública (por exemplo, novelas da Globo) e campanhas do go-verno começaram a valorizar o hábito de leitura.

A distribuição da renda per-mitiu a entrada de novos lei-tores no mercado, nem sempre apreciadores da melhor litera-tura, mas leitores. Os núme-ros de vendas de Dan Brown, J.K. Rowling, Khaled Hosseini, E.L. James e Suzanne Collins – alguns milhões no mercado nacional – documentam isso de maneira lapidar.

Só não foi convidado para a festa o escritor brasileiro. Nem de longe se benefi ciou da nova conjuntura do mercado mais simpática ao livro. (Exceção feita àqueles voltados para o leitor jovem, que souberam usar os recursos da internet para construir seu público e se impor às casas editoriais.)

O editor se esquecera de por que não publicava literatura brasileira e não via por que mudar de atitude. Nem a ex-plosão de feiras literárias pro-jetando autores locais (secun-dariamente aos estrangeiros) o impressionou muito. Quem veio em socorro do autor foi o bom e velho Estado brasileiro, a quem os escritores devem infi nitamente. Se no século 20 o Estado os sustentava com sine-curas, nos últimos anos garan-tiu a sobrevivência da categoria aumentando as compras dos governos federal e estaduais para bibliotecas e escolas, nas quais a literatura nacional ainda compete com vantagem em relação às obras traduzidas.

As compras do governo permitiram que as editoras mantivessem uma fresta de porta aberta à fi cção local. A preferência voltou-se para os clássicos, depois de alguns terem atravessado longo os-tracismo, mas vêm sendo fei-tas apostas em autores menos consagrados na esperança de que os prêmios literários que também surgiram desde a vi-rada do século possam ungi-los com a boa crítica que conduz à rampa das aquisições gover-namentais.

No entanto, já ouvi de mui-to editor estrangeiro e de “scouts”, os olheiros do mer-cado editorial, a queixa quan-to a certa mesmice no que apresentamos, um “mais do mesmo” que inviabiliza apos-tas ousadas nos lançamentos. E, sem apostas ousadas, pode-se dar adeus ao sonho de um grande estouro de vendas e popularidade. Sem estouro de vendas ou clara consagração com prêmios internacionais, “bye-bye” ao nosso sonho de visibilidade global.

EixoUma possibilidade de ação

editorial seria tentar diluir o poder cultural concentrado no eixo Rio-São Paulo, com esporádicas esticadas ao Rio Grande do Sul, buscando ori-ginais em um espectro mais amplo do país.

Um livro médio de autor que trabalhou no jornal “O Globo” ou na Folha, que fez estágio no Instituto Moreira Salles ou no Itaú Cultural, que atuou em editoras do eixo, que já entre-vistou escritores renomados e conhece as pessoas certas tem muito mais possibilidade de encontrar uma casa que o publique do que um origi-nal novo, diferente e excelen-te de um profi ssional liberal sem esse capital social e que esteja escrevendo de alguma cidade média ou grande desse

Brasil, que não Rio, São Paulo ou Porto Alegre.

É compreensível que a ideia de separar joio do trigo nas pilhas de originais não solicitados che-gados de todo o país desanime o editor. Encontram-se textos de valor, mas há muito joio. Desa-nima até o agente literário, em si fi gura escassa no mercado. Os profi ssionais da edição andam sobrecarregados, o trabalho com livro é infi nito.

Mas é um desperdício. O Brasil hoje é uma sociedade complexa, e há talentos literá-rios de norte a sul, da fronteira continental à costa atlântica, recriando experiências mais diversifi cadas do que as que temos mostrado ao exterior.

Editores no exterior bus-cam autores consagrados em seus países de origem, cujos livros sejam objeto de escolha dos leitores, não que tenham sido comprados para biblio-tecas. Se o Brasil quer que sua fi cção seja reconhecida, o escritor brasileiro precisa urgentemente reocupar o seu espaço na livraria.

O editor precisa buscar os novos autores e publicá-los com esse objetivo: a vitrine da livraria. O jornalista literário tem que se aliar ao editor e – além de ler e priorizar o autor brasileiro – deve jogar fora as muletas teóricas da faculdade e desenvolver parâmetros crí-ticos mais próximos do gosto do bom leitor médio, que os professores e acadêmicos não têm por que reconhecer. O crí-tico não universitário tem que aprender a apreciar um texto por sua qualidade intrínseca, pelo seu poder encantatório, e não pelo charme intelectual da editora ou de quem apresenta o autor. E o leitor tem que se despir de preconceitos tolos, como está fazendo quanto ao cinema nacional.

PrioridadesPara o escritor, sobram ta-

refas? A primeira é refazer sua lista de prioridades, per-cebendo que o importante é passar a ser bem publicado no Brasil e que 20 leitores locais são mais preciosos que uma edição na Bulgária. Estou farta de ser abordada por autores mal publicados, com vendas na ordem de mil exemplares, que, após uma conversa sobre ex-pectativas de carreira, dizem: “Mas meu sonho mesmo é ser traduzido para o inglês ou para o francês”.

Em qual lugar do mundo um autor de mil leitores sonha com tradução? Qual autor ameri-cano chegou ao Brasil (que traduz quase toda e qualquer porcaria publicada nos EUA) com esse histórico de vendas? Vá cuidar de seus leitores aqui, caro escritor, vá para a inter-net falar com eles, vá cobrar distribuição dos seus editores, vá conversar com jornalistas, vá ver se o que você está escrevendo é realmente bom – antes de cultivar o sonho colonizado e aprisionador do “sucesso no Primeiro Mundo”.

A prioridade da literatura brasileira é sua valorização no Brasil. É preciso retomar o espaço perdido no imaginário das pessoas. Nunca mais será como antes, mas TV e cinema jogam hoje a favor da litera-tura, bebendo cada vez mais em contos e romances para compor suas dramaturgias. Tradução é importante, mas vem depois.

Vamos continuar a batalhar por nossos autores no exterior, sabendo que o próximo livro brasileiro a ganhar espaço nas estantes das casas e livrarias, nas listas de mais vendidos, nas páginas da internet, nas conversas dos leitores – pela qualidade, força e magia de seu texto – é que será o prin-cipal responsável pela entrada do Brasil no mapa literário internacional.

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Diário de Lisboa O MAPA DA CULTURA 4

Os pináculos da rebaldaria Vagalhões lusitanos, climatéricos ou não

Belisquem-me que não acre-dito: a “Mixórdia de Temáticas” está de volta. De manhã muito cedo há portugueses, dentro dos seus carros parados nas fi las de trânsito, a rirem-se às gargalhadas. Estão a ir para o trabalho ou a levar os fi lhos à escola e a causa de tanto riso é o regresso da rubrica do humorista Ricardo Araújo Pereira (RAP), o mais famo-so dos humoristas do Gato Fedorento, ao “Programa da Manhã”, todos os dias a partir das 7h na Rádio Comercial.

A equipa do programa é fa-mosa: Pedro Ribeiro, Vanda Mi-randa, Vasco Palmeirim e Nuno Markl trabalham juntos há sete anos e lideram as audiências de rádio em Portugal. Mas lideram mais ainda quando a eles se junta o RAP e suas personagens. Um ano depois de ter terminado a série Ribeiro, a “Mixórdia de Temáticas” regressou a 3 de

ISABEL COUTINHO

fevereiro com a série Miranda. A primeira série deu um livro, e a rubrica, que costuma ser gravada em vídeo diariamente, pode ser vista no Facebook e no YouTube ou ouvida em podcast no iTunes.

‘Turismo de Borrasca’ Um dos últimos esquetes cha-

mava-se “Turismo de Borrasca” e contava a história da perso-nagem Abel Miranda, que gosta “muito de ver mau tempo” e é apaixonado pelos “três grandes pináculos da rebaldaria clima-térica”: “o tufão, a saraivada de granizo e a agitação marítima”. É que Portugal tem estado em alerta por causa do mau tempo, das ondas gigantes, dos ventos fortes, da chuva e da neve. E, como os portugueses não estão habituados a ter de lidar com tempestades com nomes de pessoas, como Hércules ou Stéphanie, não resistem a ir ver o espectáculo.

Nos últimos tempos têm apro-veitado “para irem ver o mar nos paredões e a fugir sempre que veem uma onda”. É “como se fosse uma garraiada”, mas em vez de ser com touros é com

“vagalhões”. Diz que o RAP es-creve os textos de madrugada, corre para a rádio, distribui pela equipa e todos participam na leitura. É uma risota. Os ouvintes telefonam e mandam recados pelo Facebook. Segue-se a ru-brica “O Homem que Mordeu o Cão”, em que o humorista Nuno Markl aborda notícias bizarras e que já deu também origem a best-sellers e a um espectáculo ao vivo.

RAP tem participado do Ri-

sadaria, em São Paulo, e, no ano passado, Nuno Markl esteve também no Brasil a fazer o documentário sobre os acto-res de telenovelas que fascina-ram os portugueses nos anos 1980. Chama-se “Tudo o que Sei Aprendi com as Novelas da Globo” e um dia desses estreia. E, como o Brasil está sempre no nosso coração, este 2014 será o Grande Ano do Brasil aqui no jornal em que trabalho. O “Público” (www.publico.pt) con-

vidou Adriana Calcanhotto para ser “directora por um dia”. Ela cuidará da edição especial de aniversário, que será publicada a 5 de março, dia em que o jornal celebra 24 anos.

A gaúcha passará uns dias em Lisboa a preparar essa edição. Há a coincidência de ela ter editado o seu primeiro disco em 1990, ano em que o “Pú-blico” saiu para as bancas pela primeira vez, e de ter um disco que se chama “Público”.

Pelo caminho, Adriana Calca-nhotto participará do 4º Fes-tival Literário da Madeira, em Funchal, de 17 a 23 de março. Ao lado dela estará o escritor Luiz Ruff ato. Nesta semana que agora termina, aconteceu no país a 15ª edição do Cor-rentes d’Escritas, o Encontro de Escritores Ibero-america-nos na Póvoa de Varzim, que neste ano teve como convidado Michel Laub.

Beleza esmagadoraNinguém duvida da beleza

das ondas gigantes, mas, para dias de chuva, melhor passar o tempo na mostra “O Peso do Paraíso”, de Rui Chafes, que este mês se inaugurou no Cen-tro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian. Abrange 20 anos de produção do artista, que nasceu em 1966 e que traz em si o peso de, nos anos 1990, ter sido considerado um “génio”. Chafes mostra suas esculturas gigantes em ferro, mais de cem obras espalhadas pelo CAM e pelos jardins da fundação. Chama-as “momen-tos de vida triunfante” e são de uma beleza esmagadora.

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5 Onde estão os negros?

Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

SãoPaulo,2001

“Sinto muito se eu esperava ver negros na universidade. Nunca mais farei essa pergunta”.

Com essa frase irônica e dita em tom mal-humorado, Steve McQueen despediu-se da turma de alunos do departamento de artes da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) que, em um dia de abril de 2001, compareceu a um encontro com o artista plástico britânico, que acabava de inaugurar uma exposição no MAM-SP (Museu de Arte de São Paulo).

Na época, aos 31 anos, antes de se tornar o diretor de três longas que am-pliaram a difusão de seu nome – o mais recente, “12 Anos de Escravidão”, con-corre a nove Oscars no domingo que vem –, ele não parecia nada animado com a agenda de compromissos daquela estada na cidade.

Diante dos alunos da Faap, sempre com ar provocador, indagou por que não havia negros naquela plateia universitária e em outras situações, como o vernissage de sua exposição, ocorrido na véspera.

Ao deixar clara sua decepção com o elitismo que vinha presenciando, McQueen desencadeou um clima de desconforto. A maioria dos estudantes reagiu com um “não é bem assim”. Alguém disse que ali era a faculdade mais cara do país e que, antes de tirar conclusões, ele deveria procurar conhecer melhor o Brasil, visitar diferentes regiões e se deparar com a

multiplicidade cultural do país. “Vocês estão muito defensivos, parece

que pisei em algo sensível. Não estou agitando bandeiras, mas, desde que aqui cheguei, percebo que as pessoas não fi cam à vontade quando toco nesse assunto. É como se certas questões, no Brasil, es-tivessem deixadas de lado, tornando-se invisíveis”, disse.

No fundo da sala, eu me surpreendia com aquele primeiro encontro com Mc-Queen. Eu lá estava para escrever sobre o cogitado intercâmbio que deveria ocorrer entre estudantes brasileiros de artes e aquele artista plástico com nome idêntico ao de um dos atores mais famosos do cinema americano, que parecia avesso a bajulações sociais.

O texto me havia sido solicitado pelo No. (No Ponto), publicação virtual então recém-lançada, que deixaria de existir em 2007 (já com o nome No Mínimo). Se bem me lembro, não havia outra chance de contato com McQueen, que não estava marcando entrevistas durante a rápida passagem por São Paulo.

Aquele tumultuado encontro, no entanto, muito revelou sobre o artista, que ganhara o Prêmio Turner dois anos antes e que hoje é mais conhecido como cineasta.

Na exposição no MAM, foram exibidos três vídeos de McQueen, que considerava uma evolução ter abandonado os tradi-cionais desenho, pintura e escultura para fazer uso da câmera. “Estou interessado em fazer um trabalho que não seja rotu-lado”, explicou, quando eu lhe perguntei

sobre sua obra. Suas videoinstalações fi caram na memó-

ria. Feitas a partir de registros nas antigas películas de 16 mm ou super-8, depois convertidos em vídeo, impressionavam pelo virtuosismo com que ele captava os movimentos. “Bear”, em preto e branco e com 10 minutos de duração, mostrava dois negros, um deles o próprio McQueen, em uma luta quase ritualística. As ima-gens, projetadas do teto ao chão de uma parede, numa sala escura, interferiam na mobilidade e no sentido de espaço do observador, estimulando-o a se deslocar e despertando uma noção de ameaça.

“Quero que meu trabalho tenha o efeito de um bumerangue, que vai e volta. Prefi ro fi lmar em preto e branco porque permite evidenciar os contrastes do movimento e os limites esculturais das imagens. A cor representa um excesso, que eu procuro sugar como se estivesse usando uma seringa. Por meio do silêncio que envolve a exibição dos fi lmes, procuro gerar um estímulo no observador, de maneira que ele fi que mais sensível a si mesmo, perce-bendo sua própria presença e respiração”, defi niu McQueen.

A fragilidade humana, as situações de encarceramento físico e psicológico e também as injustiças sociais foram as conotações mais fortes deixadas pela obra de McQueen e por suas reações naquele encontro de quase 13 anos atrás. Hoje, dão coerência e alargam a compreensão sobre esse artista, que se diz infl uenciado apenas pela vida real.

ANA FRANCISCA PONZIO

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FAAP

Artista plástico e cineasta Steve Mc-Queen (de rosa), do favorito ao Os-

car ‘12 Anos de Escravidão’, durante sua fala para estudantes da Faap

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Imaginação

6RESUMOUm dos principais escritores de língua espanhola de sua geração, o argentino radicado em Barce-lona Rodrigo Fresán, 50, lançou na quin-ta-feira passada, na Espanha, seu novo romance, “La Parte Inventada” (ed. Litera-tura Random House). O texto acima é um trecho do livro, se-lecionado pelo autor para a “Ilustríssima”.

PROVA, POESIA E IMAGINAÇÃO

A parte inventada

Aqui e agora, nesse momento, o Menino na praia tem “preocupações” mais infantis, mas também de difícil solução. Muitas delas – faltam ao Menino, e lhe fazem falta, palavras, formas de organizá-las – são mais intuídas que verbalizadas e pensadas; outras lhe ocorreram um pouco mais tarde, mas sempre irá se lembrar delas como sendo parte e partes de uma infância sem fronteiras ou limites claros. Questões que, às vezes, parecem enlouquecê-lo na medida, na praia, porque ele ainda não está “lou-co demais”. Exemplos dispersos que, traduzidos para um formato adulto, soariam mais ou menos assim:

* Por que o Superman parece fazer o mesmo esforço – a mesma tensão muscular, o mesmo cenho franzido – na hora de levantar um carro ou de alterar, aos trancos, a órbita de todo um planeta? O que o leva a pensar: é realmente produtivo para a humanidade que o Superman e seus amigos – entenda-se: Batman & Cia – cuidem tanto assim de nós e com tanta efi cácia? Não é um tanto inquietante que toda vez que o Ho-mem de Aço ou o Homem Morcego são momentaneamente neutraliza-dos por um de seus muitos arqui-inimigos – entenda-se Lex Luthor ou o Coringa – nem a polícia nem o Exército nem a sociedade em conjun-to possam fazer alguma coisa? E que, entregues à observação do uso do superpoder ou da mega-habilidade, se limitem a não fazer nada além de rezar pela – felizmente inevitável

RODRIGO FRESÁNILUSTRAÇÃO JOSELY VIANNA BAPTISTAILUSTRAÇÃO MADALENA ELEK

e nunca muito tardia – recuperação e fulminante vitória do paladino, até a próxima aventura em que começa tudo de novo, e assim por diante? (Muito tempo depois, o Menino defi niria os cada vez mais absurdamente evoluí-dos e multifuncionais celulares e seus aplicativos de natureza “social” como “super-heróis de bolso sem os quais não conseguimos mais viver e dos quais dependemos sem fazer a menor ideia de que eles são supervilões”.)

* Por que os expedicionários que chegam à Ilha da Caveira do King Kong não escolhem levar para a civilização um dinossauro mais fácil de contro-lar, com cérebro pequeno e apetites simples – e, como espetáculo, muito mais vistoso e impressionante –, em vez de um gorila gigante e instável fascinado por loiras? E por que nesses fi lmes de monstros japoneses alguém sempre para de correr e se vira e levanta os braços aos gritos, imóvel, antes de ser esmagado pela pata de um gigantesco réptil?

* Como é possível que a ioga que sua mãe pratica – visões aterrorizantes do pé dela em cima da cabeça, da cabeça dela no meio das pernas, daquela elas-ticidade de massa de modelar de todo seu corpo – seja uma coisa benéfi ca, e não exatamente o contrário?

* Por que o queijo tem buracos? * Por que as pessoas que cantam

“Parabéns pra Você” sempre parecem estar pensando em outra coisa e por que alguns não chegam nem a cantar, limitando-se a mover os lábios sem emitir nenhum som, tal como cantam, o que ele logo irá comprovar, o hino nacional em atos escolares? E o que fazem ali aquelas pessoas cantando parabéns com um ódio disfarçado, como se lhe desejassem o pior, como se estivessem zombando por você estar comemorando a passagem do tempo, do seu tempo?

* Quem decide as cores dos países nos mapas e globos terrestres e é pos-sível arranjar trabalho fazendo isso?

* Por que os dedos da mão têm nome, e os dedos do pé não? (Questão que vai fi car ainda mais intrigante quando no colégio ele descobrir que, em inglês, os dedos da mão se chamam “fi ngers”, e os dos pés, “toes”.)

* Aquele halo que circunda a cabeça de Cristo é a representação gráfi ca da poderosa enxaqueca causada pela coroa de espinhos?

* Por que todo mundo teima em en-contrar as semelhanças com os bebês, se é perfeitamente óbvio que os bebês não se parecem com ninguém, com nada, a não ser com eles próprios?

* A gelatina é animal, vegetal, mineral ou interplanetária?

* Por que as piadas não conseguem ser guardadas – pois o im-possível não é se lembrar delas, e sim não se esquecer delas – e se dissolvem tão rápido na memória? (Enig-

ma que crescerá com ele e, mais maduro, vai se traduzir num “Será que piadas são feitas da mesma matéria que os sonhos?”)

* E por que na hora dos contos de gênios – muito mais interessantes que os contos de fadas – o último e terceiro desejo nunca é “Quero mais três desejos” e, assim infi nitamente, possibilitando que se inclua, então, pedidos absurdos, tais como que o melhor aluno deixe de saber as lições, que a água da piscina vire Coca-Cola, que o fi nal de semana dure um ano inteiro ou que, caso sobrem desejos, exista paz e amor no mundo inteiro, incluindo, aí, seus pais?

Há dezenas, centenas de questões como essas dançando na cabeça do Menino. Mas nem todas as “preocu-pações” dele, é claro, são tão sofi s-ticadas. Ele também tem pânico de mulheres gordas, que não considera simplesmente malvadas, e sim, em disney- língua, malignas, ou malévolas, ou maléfi cas. O mal, porém, já está feito, ou o mau funcionamento já foi ativado. E o Menino agora é alguém sem muito bom senso e já pensa como um daqueles primitivos brinquedos de corda e de lata. Como seu brinquedo favorito. Brinquedo – embora o Menino não consiga nem imaginar uma coisa dessas, que as coisas possam deixar de ser – prestes a deixar de ser fabricado. Prestes a ser descontinuado, como acontecerá com os piões faiscantes e com os macaquinhos tocando bumbo. Modelo esgotado que vira item de colecionador: o elo perdido entre a eterna tração animal dos brinquedos politicamente corretos e o som e a fúria dos monstrengos eletrônicos e informatizados prontos para aterrissar e invadir.

E, embora o Menino não saiba disso, existem muitos meninos como ele. Lá fora. Sendo criados em segredo e prontos para a linha de montagem. Infi ltrados em lares terrestres como alienígenas esperando o sinal de ligar a fi m de mostrar a que vieram, para alegria dos psicólogos especializados. Meninos cujas infâncias serão modi-fi cadas pela separação em série de pais pouco sérios. Meninos que, de repente, para não pensar nisso, que é tão estranho, vão começar a pensar em coisas ainda mais estranhas, a pensar muito, o tempo todo, para não pensar nem um pouco. “Ei, estão chegando os novos Filhos de Pais Divorciados. Peça para o papai e para a mamãe neste Natal!”

E o vírus vai aumentar de intensi-dade daqui a muito pouco tempo, e

para sempre. E haverá mais perguntas, perguntas crescentes, à medida que ele for crescendo, sem que, por isso, fi que mais velho ou menos brincalhão:

* O que essa vírgula está fazendo no meio dos números? Não seria a matemática uma coisa criada exclu-sivamente para enlouquecê-lo, uma conspiração universal na qual todo mundo fi nge que está entendendo al-guma coisa que, sem dúvida nenhuma, é incompreensível e não faz nenhum sentido nem tem a menor lógica? E por que um psicótico é aquele que tem certeza de que 2 + 2 são 5, ao passo que um neurótico sabe que 2 + 2 são 4, mas não consegue suportar isso? E como será classifi cado quem sempre pensou que 2 + 2 equivalem a 1 + 1 + 1 + 1 ou ao número exato de vezes que é preciso deixar o telefone tocar antes de atendê-lo ou desligá-lo?

* Por que, nas séries de TV, nos fi l-mes, parece que a velocidade máxima só pode ser expressa pela câmera mais lenta?

* Por que as pessoas colam fotos de seus entes queridos em portas de gela-deira? Será que acham que são matéria fria ou comida a ser aquecida?

* Por que os cantores das bandas de heavy metal cantam com aquela voz superaguda, quando, por defi nição e intenção, a voz deveria ser grave, metálica, pesada?

* Por que as vítimas dos zumbis sempre são alcançadas por estes não mortos, ou não vivos, se eles se movem de forma tão desajeitada e aparente-mente sem nenhuma urgência? Por que os zumbis precisam tanto se alimentar de cérebros (brrrrrrrrainsssss...), se esse consumo não aumenta nem sequer em um grama sua ínfi ma inteligência?

* Como é que os extraterrestres – em vez de abduzir governantes mundiais, cientistas de renome ou grandes artis-tas – preferem sempre abduzir cam-pônios toscos ou tristes cabeleireiras suburbanas ou qualquer um que esteja passando por ali olhando para o céu?

* E por que aqueles que antes pa-ravam para ajudar a vítima de um acidente, agora – não mortos? mar-cianos? – se limitam a fi lmar tudo com seus celulares para ir correndo postar no YouTube?

* O que o leva a pensar: por que os caras famosos viciados em sexo que se internam em clínicas para se livrar do mal – depois de arrasar vários haréns de deusas de pernas longas e seios empinados – nunca são fl agrados por suas esposas com mulheres “normais”, feiinhas, ou mesmo idosas?

* Por que as garotas receiam tanto que as espiem de lingerie, mas não que as vejam de biquíni e sempre dizem “Não sei o que é que eu tenho”, quando na verdade sabem muito bem o que têm?

* E por que as mulheres – debaixo de lençóis e cobertores, mesmo no verão – estão sempre com os pés frios?

* Por que quando as pessoas dizem “A culpa não é sua”, na verdade querem dizer justamente o contrário? (Embora nem tenha lhe passado pela cabeça a palavra culpa, ela agora está lá, para sempre, esta palavra que a partir de então é toda sua, para sempre.) * Ou, ainda, por que cada vez mais gente para em portas de entrada ou na fren-te de escadas rolantes ou em saídas de transportes públicos para consultar dispositivos eletrônicos?

E embora o lance do King Kong, como tentáculos vindos da infância profunda, continue a inquietá-lo, e muito, o mais intrigante de tudo é essa pergunta.

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