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24 A NOTÍCIA As contas da felicidade Falta de planejamento financeiro pode afetar relacionamento. Saiba como cuidar do dinheiro sem brigas Livro: Pai Rico, Pai Pobre Autores: Robert T. Kiyosaki e Sharon L Lester Preço médio: R$ 34,90 DOMINGO - 6/6/2010 AN. economia A história acima é real. Foi vi- vida por um casal que viu a har- monia do relacionamento variar de acordo com o saldo da conta bancária. Mas caso você tenha se identificado com a situaçã, não precisa se alarmar e achar que sua união está prestes a terminar. O casl da história permanece juntos, pois procurou ajuda, organizou a vida e resolveram o problema. “No início do relacionamento é ‘meu bem’ para todos os lados, mas depois a história muda para ‘meus bens, meus bens’”, brinca a advogada Giliandra Christy Bran- caleone Casagrande, que há seis anos atua em processos de sepa- ração e divórcio. Ela explica que as brigas por questões financeiras influenciam muito na hora da separação. “O principal motivo é a traição, e em seguida vem a incompatibilidade de gênios, o que muitas vezes in- clui as discussões por dinheiro.” Um estudo realizado pela Fun- dação Getúlio Vargas (FGV), em 2008, mostrou que fatores econô- micos influenciaram para que em oitos anos, o número de divórcios crescesse 17%. O aumento na renda da mulher e a taxa de de- semprego entre os homens estaria entre os fatores que tendem a de- sestabilizar o casamento. Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha em 2007, apontou que os problemas finan- ceiros continuam sendo princi- pal motivo de brigas entre casais, com 14% dos votos, seguido pelo ciúme, 6%, pelo fato do cônjuge beber e da divergência de opini- ões, desorganização (4% cada). “O principal problema é a falta de diálogo e a má administração financeira é o primeiro sintoma. Os casais mais novos, que estão começando o relacionamento, procuram muito mais do que os que já são casados há mais tem- po. O número de homens que buscam o consultório também cresceu nos últimos cinco anos. Hoje em dia, não é apenas a mu- lher que quer resolver a situação”, explica a psicóloga Telma Melissa Armanini, que trabalha com tera- pia de casais há nove anos. Para ela, o primeiro passo para solucionar impasses rela- cionados ao dinheiro é sentar com alguém mais experiente ou profissional para fazer uma lista das contas. “O casal não pode ir em busca de um culpado, mas sim do problema. Depois, os dois precisam discutir as dívidas, ter uma visão mais clara e ampla, para então traçar um objetivo em comum. É necessário ter me- tas, que não se limitem a pagar as contas já existentes, mas fazer algo que seja importante para os dois, como comprar um carro ou fazer uma viagem”, aconselha. Outro conselho de Telma é estar disposto a mudar. Para a psicóloga, os casais passam por fases, onde, às vezes, um ganha mais do que o outro, ou a mu- lher tem mais disponibilidade para administrar as finanças do que o homem. Essas eta- pas precisam ser respeitadas. “O relacionamento tem que ser pensado como um todo. Os pro- blemas nunca estão só em uma pessoa”, acrescenta. Fernando e Renata são jovens e bem-sucedidos. Juntos há alguns meses, eles ainda não conseguem se entender com as contas. Os dois ganham bem, mas Fernando não aceita os gastos dela. Para ele, a companheira exagera nas compras e no salão de beleza. Mas ela se defende. Tudo o que gasta não passa de parte de seu salário e que a maior parte do dinheiro é destinada às contas da casa. Os desentendimentos levaram ao ponto de Fernando colocar todas as roupas de Renata no carro e levá-la de volta para a casa da mãe. MARINA ANDRADE [email protected] Livro: Educação Financeira ao Alcance de Todos Autor: José Pio Martins Preço médio: R$ 27 Primeiro os extratos, depois as escovas Antes de juntar as escovas de dentes, Jaderson Araújo e Patrícia de Castro Araújo uniram os extra- tos bancários. O analista de ma- rketing e a analista de negócios se conheceram há sete anos, fica- ram amigos até que se apaixona- ram e decidiram ter uma vida a dois. Pouco antes de casar, há três anos, perceberam que saber lidar com dinheiro seria essencial para o sucesso do relacionamento. “Nossa primeira decisão foi construir uma casa. Foi difícil escolher, mas acabamos cance- lando a festa de casamento para guardar dinheiro. Já tínhamos até reservado o local. Acho que ficamos um mês chorando”, lem- bra Patrícia. Mas depois das lágrimas veio a organização. Eles pegaram di- cas com amigos, fizeram curso de noivos e buscaram livros que pu- dessem orientar o planejamento da vida financeira. “Nossa primeira lição foi que tudo na vida tem juros. Quando parcelamos uma conta, pagamos juros ao banco. Quando trabalho até mais tarde para ganhar mais e dou menos atenção para a minha esposa, também pago uma espé- cie de juros, pelo nosso prejuízo no relacionamento. Aprendemos que precisamos traças objetivos juntos, planejar os gastos e ter duas reservas, uma para o futuro e outra para compras esporádi- cas”, explica Jaderson. Os dois, então, juntaram as contas e fizeram uma lista de despesas que começou com uma planilha simples. Hoje, o arquivo inclui gráficos e previsões atuali- zados constantemente e acompa- nhados através de duas conversas ao mês. Graças ao planejamento financeiro, o casal não briga por causa das contas, mesmo tendo paixões diferentes. Livro: Casamento para a vida toda Autor: Judith Viorst Preço médio: R$ 32,90 Livro: Casais inteligentes enriquecem juntos Autor: Gustavo Cerbasi Preço médio: R$ 19,50 JESSÉ GIOTTI PLANEJAMENTO Jaderson e Patrícia não descuidam de nenhum gasto

Entrevista Janderson e Patricia para Jornal Anotícia

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Enrevista concedida ao Jornal Anotícia do dia 06/06/2010 no caderno de economia.

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24A NOTÍCIA

As contas da felicidadeFalta de planejamento fi nanceiro pode afetar relacionamento. Saiba como cuidar do dinheiro sem brigas

Livro: Pai Rico, Pai PobreAutores: Robert T. Kiyosaki e Sharon L Lester Preço médio: R$ 34,90

DOMINGO - 6/6/2010AN.economia

A história acima é real. Foi vi-vida por um casal que viu a har-monia do relacionamento variar de acordo com o saldo da conta bancária. Mas caso você tenha se identificado com a situaçã, não precisa se alarmar e achar que sua união está prestes a terminar. O casl da história permanece juntos, pois procurou ajuda, organizou a vida e resolveram o problema.

“No início do relacionamento é ‘meu bem’ para todos os lados, mas depois a história muda para ‘meus bens, meus bens’”, brinca a advogada Giliandra Christy Bran-caleone Casagrande, que há seis anos atua em processos de sepa-ração e divórcio.

Ela explica que as brigas por questões fi nanceiras infl uenciam

muito na hora da separação. “O principal motivo é a traição, e em seguida vem a incompatibilidade de gênios, o que muitas vezes in-clui as discussões por dinheiro.”

Um estudo realizado pela Fun-dação Getúlio Vargas (FGV), em 2008, mostrou que fatores econô-micos infl uenciaram para que em oitos anos, o número de divórcios crescesse 17%. O aumento na renda da mulher e a taxa de de-semprego entre os homens estaria entre os fatores que tendem a de-sestabilizar o casamento.

Outra pesquisa, realizada

pelo Instituto Datafolha em 2007, apontou que os problemas fi nan-ceiros continuam sendo princi-pal motivo de brigas entre casais, com 14% dos votos, seguido pelo ciúme, 6%, pelo fato do cônjuge beber e da divergência de opini-ões, desorganização (4% cada).

“O principal problema é a falta de diálogo e a má administração financeira é o primeiro sintoma. Os casais mais novos, que estão começando o relacionamento, procuram muito mais do que os que já são casados há mais tem-po. O número de homens que

buscam o consultório também cresceu nos últimos cinco anos. Hoje em dia, não é apenas a mu-lher que quer resolver a situação”, explica a psicóloga Telma Melissa Armanini, que trabalha com tera-pia de casais há nove anos.

Para ela, o primeiro passo para solucionar impasses rela-cionados ao dinheiro é sentar com alguém mais experiente ou profi ssional para fazer uma lista das contas. “O casal não pode ir em busca de um culpado, mas sim do problema. Depois, os dois precisam discutir as dívidas,

ter uma visão mais clara e ampla, para então traçar um objetivo em comum. É necessário ter me-tas, que não se limitem a pagar as contas já existentes, mas fazer algo que seja importante para os dois, como comprar um carro ou fazer uma viagem”, aconselha.

Outro conselho de Telma é estar disposto a mudar. Para a psicóloga, os casais passam por fases, onde, às vezes, um ganha mais do que o outro, ou a mu-lher tem mais disponibilidade para administrar as finanças do que o homem. Essas eta-pas precisam ser respeitadas. “O relacionamento tem que ser pensado como um todo. Os pro-blemas nunca estão só em uma pessoa”, acrescenta.

Fernando e Renata são jovens e bem-sucedidos. Juntos há alguns meses, eles ainda não conseguem se entender com as contas. Os dois ganham bem, mas Fernando não aceita os gastos dela. Para ele, a companheira exagera nas compras e no salão de beleza. Mas ela se

defende. Tudo o que gasta não passa de parte de seu salário e que a maior parte do dinheiro é destinada às contas da casa. Os desentendimentos levaram ao ponto de Fernando colocar todas as roupas de Renata no carro e levá-la de volta para a casa da mãe.

MARINA ANDRADE � [email protected]

Livro: Educação Financeira ao Alcance de TodosAutor: José Pio MartinsPreço médio: R$ 27

Primeiro os extratos, depois as escovasAntes de juntar as escovas de

dentes, Jaderson Araújo e Patrícia de Castro Araújo uniram os extra-tos bancários. O analista de ma-rketing e a analista de negócios se conheceram há sete anos, fi ca-ram amigos até que se apaixona-ram e decidiram ter uma vida a dois. Pouco antes de casar, há três anos, perceberam que saber lidar com dinheiro seria essencial para o sucesso do relacionamento.

“Nossa primeira decisão foi construir uma casa. Foi difícil escolher, mas acabamos cance-lando a festa de casamento para guardar dinheiro. Já tínhamos

até reservado o local. Acho que fi camos um mês chorando”, lem-bra Patrícia.

Mas depois das lágrimas veio a organização. Eles pegaram di-cas com amigos, fi zeram curso de noivos e buscaram livros que pu-dessem orientar o planejamento da vida fi nanceira.

“Nossa primeira lição foi que tudo na vida tem juros. Quando parcelamos uma conta, pagamos juros ao banco. Quando trabalho até mais tarde para ganhar mais e dou menos atenção para a minha esposa, também pago uma espé-cie de juros, pelo nosso prejuízo

no relacionamento. Aprendemos que precisamos traças objetivos juntos, planejar os gastos e ter duas reservas, uma para o futuro e outra para compras esporádi-cas”, explica Jaderson.

Os dois, então, juntaram as contas e fizeram uma lista de despesas que começou com uma planilha simples. Hoje, o arquivo inclui gráfi cos e previsões atuali-zados constantemente e acompa-nhados através de duas conversas ao mês. Graças ao planejamento financeiro, o casal não briga por causa das contas, mesmo tendo paixões diferentes.

Livro: Casamento para a vida todaAutor: Judith ViorstPreço médio: R$ 32,90

Livro: Casais inteligentes enriquecem juntosAutor: Gustavo Cerbasi Preço médio: R$ 19,50

JESSÉ GIOTTI

PLANEJAMENTO Jaderson e Patrícia não descuidam de

nenhum gasto