19
Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais 1 EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS PARALÍMPICOS DE ELITE COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA. EPIDEMIOLOGY OF INJURIES IN ELITE VISUALLY IMPAIRED PARALYMPIC ATHLETES: A LITERATURE REVIEW. Luciana Almeida Ottoni de Luna Freire¹ Humberto Almeida Ottoni de Luna Freire² RESUMO Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar as lesões que ocorrem em atletas paralímpicos com deficiência visual. Metodologia: E, para tanto, foi preciso pesquisar em fontes digitais o que a literatura apresenta sobre lesões em atletas paralímpicos com deficiência visual. Esta revisão foi baseada em uma pesquisa da literatura nas seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e MEDLINE. A pesquisa foi desenvolvida com as seguintes palavras chaves: “paralympic” E “injuries” ou “lesões” E “paralímpico”. Para ser elegível para inclusão o estudo deveria: a) estar escrito em inglês ou português; b) ter sido publicado nos últimos 10 anos; c) incluir participantes com deficiência visual em esportes paralímpicos; d) apresentar lesões relacionadas à prática esportiva sejam elas agudas ou crônicas. Após a busca na literatura foram encontrados 197 (cento e noventa e sete) artigos, desses, 7 (sete) foram incluídos no presente estudo. Considerações finais: É possível concluir que as lesões provenientes da prática esportiva são significativas no esporte de alto rendimento com atletas deficientes visuais. A heterogeneidade dos estudos torna difícil concluir a epidemiologia das lesões, visto que os estudos apresentam diferentes definições de lesão. Sendo assim, é importante salientar a necessidade de mais estudos sobre as lesões em atletas deficientes visuais de alto rendimento nas diferentes modalidades paralímpicas. Palavras-chave: paralímpico. Lesão. Deficiente visual. Epidemiologia. ABSTRACT Objective: This study aimed to investigate the injuries that occur in Paralympic athletes with visual impairment. Methodology: For that, it was necessary to search in digital sources what the literature presents about injuries in Paralympic athletes with visual impairment. This review was based on a literature search in the following databases: PubMed, LILACS and MEDLINE. The research was developed with the following key words: "paralympic" AND "injuries" or "lesões" and "paralímpico". To be eligible for inclusion, the study should: a) be written in English or Portuguese; b) have been published in the last 10 years; c) include visually impaired participants in Paralympic sports; d) present sports-related injuries, whether acute or chronic. After the search in the literature were found 197 (one hundred and ninety seven) articles, of these, 7 (seven) were included in the present study. Conclusion: It is possible to conclude that sports injuries are significant in high performance sports with visually impaired athletes. The heterogeneity of the studies makes it difficult to conclude the epidemiology of the injuries, since the studies present different definitions of injuries. Therefore, it is important to emphasize the need for further studies on injuries in visually impaired athletes of high performance in the different paralympic sports. Key words: injuries, Paralympic, visual impared, epidemiology

EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

1

EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS PARALÍMPICOS DE ELITE COM

DEFICIÊNCIA VISUAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

EPIDEMIOLOGY OF INJURIES IN ELITE VISUALLY IMPAIRED PARALYMPIC

ATHLETES: A LITERATURE REVIEW.

Luciana Almeida Ottoni de Luna Freire¹

Humberto Almeida Ottoni de Luna Freire²

RESUMO

Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar as lesões que ocorrem em atletas paralímpicos com deficiência visual. Metodologia: E, para tanto, foi preciso pesquisar em fontes digitais o que a literatura apresenta sobre lesões em atletas paralímpicos com deficiência visual. Esta revisão foi baseada em uma pesquisa da literatura nas seguintes bases de dados: PubMed, LILACS e MEDLINE. A pesquisa foi desenvolvida com as seguintes palavras chaves: “paralympic” E “injuries” ou “lesões” E “paralímpico”. Para ser elegível para inclusão o estudo deveria: a) estar escrito em inglês ou português; b) ter sido publicado nos últimos 10 anos; c) incluir participantes com deficiência visual em esportes paralímpicos; d) apresentar lesões relacionadas à prática esportiva sejam elas agudas ou crônicas. Após a busca na literatura foram encontrados 197 (cento e noventa e sete) artigos, desses, 7 (sete) foram incluídos no presente estudo. Considerações finais: É possível concluir que as lesões provenientes da prática esportiva são significativas no esporte de alto rendimento com atletas deficientes visuais. A heterogeneidade dos estudos torna difícil concluir a epidemiologia das lesões, visto que os estudos apresentam diferentes definições de lesão. Sendo assim, é importante salientar a necessidade de mais estudos sobre as lesões em atletas deficientes visuais de alto rendimento nas diferentes modalidades paralímpicas.

Palavras-chave: paralímpico. Lesão. Deficiente visual. Epidemiologia.

ABSTRACT

Objective: This study aimed to investigate the injuries that occur in Paralympic athletes with visual impairment. Methodology: For that, it was necessary to search in digital sources what the literature presents about injuries in Paralympic athletes with visual impairment. This review was based on a literature search in the following databases: PubMed, LILACS and MEDLINE. The research was developed with the following key words: "paralympic" AND "injuries" or "lesões" and "paralímpico". To be eligible for inclusion, the study should: a) be written in English or Portuguese; b) have been published in the last 10 years; c) include visually impaired participants in Paralympic sports; d) present sports-related injuries, whether acute or chronic. After the search in the literature were found 197 (one hundred and ninety seven) articles, of these, 7 (seven) were included in the present study. Conclusion: It is possible to conclude that sports injuries are significant in high performance sports with visually impaired athletes. The heterogeneity of the studies makes it difficult to conclude the epidemiology of the injuries, since the studies present different definitions of injuries. Therefore, it is important to emphasize the need for further studies on injuries in visually impaired athletes of high performance in the different paralympic sports.

Key words: injuries, Paralympic, visual impared, epidemiology

Page 2: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

2

INTRODUÇÃO

Exercícios físicos são frequentemente associados com benefícios para a

saúde e são amplamente recomendados como um comportamento protetor para

reduzir o risco de várias doenças, como a osteoporose, doenças cardiovasculares,

síndromes metabólicas e câncer (PEDERSEN 2006). Para pessoas com deficiência

é ainda mais importante ser fisicamente ativo para melhorar e manter o

condicionamento cardiovascular, independência e a qualidade de vida (BLAUWET

2012). Entretanto, é importante ressaltar que a prática de um esporte torna a pessoa

suscetível a lesões independente da deficiência.

Esportes paralímpicos tiveram um crescimento exponencial em participação,

desde os 16 pacientes que participaram dos primeiros Jogos de Stoke Mandeville,

em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de

Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais de Stoke

Mandeville aconteceram em Roma e desde então os Jogos são realizados na

mesma cidade selecionada para os Jogos Olímpicos. Deficientes visuais foram

incluídos a partir de 1976, nos Jogos que aconteceram em Toronto/Canadá

(WEBBORN 2014).

No Brasil, o esporte paralímpico teve um engrandecimento nos últimos anos,

principalmente após os Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004. A divulgação pela

mídia fez com que um maior número de pessoas com deficiência procurasse o

esporte como forma de atividade física recreacional ou competitiva. Sendo assim, o

aumento do número de atletas com algum tipo de deficiência também ocasionou um

crescimento no número de lesões esportivas decorrentes de sua pratica (MAGNO E

SILVA 2011).

Atletas com deficiência visual devem que ser avaliados formalmente por um

oftalmologista para determinar sua classificação antes de competir. Esses atletas

podem ser classificados como um dos três níveis: B1, de nenhuma percepção

luminosa em um dos olhos até percepção visual incapaz de reconhecer o formato de

uma mão em qualquer distância ou direção; B2, da habilidade de reconhecer o

formato de uma mão até uma acuidade visual de 20/600 ou um campo de visão

menor que 5 graus no melhor olho com a melhor correção possível; B3, uma

Page 3: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

3

acuidade visual acima de 20/600 até 20/200 ou um campo visual menor que 20

graus e maior que 5 graus no melhor olho com a melhor correção possível

(LIEBERMAN 2011).

Os atletas deficientes visuais participam de várias modalidades esportivas, a

saber: a natação, o atletismo, o futebol de 5, o goalball, o judô, o ciclismo, o hipismo,

o triatlo e também no remo. Sendo que as modalidades judô, futebol de 5 e o

goalball são de exclusiva participação para deficientes visuais.

No goalball dois times com três atletas competem para marcar gols ao

laçarem ou rolarem uma bola que faz barulho ao se mover. Quando no ataque os

atletas dão alguns passos e rotacionam o corpo para lançar a bola. Quando na

defesa os jogadores ficam deitados de lado com os braços e pernas esticados para

cobrir a maior área possível. Os jogadores permanecem em seu próprio campo tanto

na defesa como no ataque, sendo assim não ocorre contato físico entre os

oponentes. De acordo com o regulamento todos os atletas devem estar com os

olhos vendados (ZWIERZCHOWSKA 2020).

O judô paraolímpico assim como o olímpico é dividido por gêneros e

categorias de peso, no caso do paraolímpico ainda existem a classificação funcional

do atleta. Outra diferença é que no paraolímpico os atletas devem comer a luta

segurando o kimono do adversário e devem permanecer a luta toda assim (Fagher

2019).

O futebol de 5 é jogado com quatro jogadores de linha mais um goleiro, que

é o único jogador que enxerga. A bola apresenta um guizo no seu interior e com isso

emite um som ao se movimentar para que os atletas possam identificar a sua

posição, além disso o campo é cercado por placas que formam um perímetro que

auxilia os jogadores a identificarem sua posição em campo, além da existência de

guias fora de campo para auxílio. Todos os jogadores de linha devem usar vendas

nos olhos (WEBBORN 2015).

Na natação os atletas classificados com S11, que corresponde ao B1, tem

que usar óculos opacos para evitar qualquer vantagem em comparação aos outros.

Além disso são comunicados da proximidade da borda com um toque de um bastão

com ponta de espuma (MAGNO E SILVA 2013b).

Page 4: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

4

Atualmente o atletismo paraolímpico apresenta oito modalidades de pista

(track), 100 , 200, 400, 800, 1500, 5000,1000 metros e maratona, seis modalidades

de campo (field), salto em distâcia, alto em altura, salto triplo, lançamento de disco e

dardo e arremesso de peso, além de uma prova combinada, o pentatlon. As regras

permitem assistência acústica e um guia para atletas classificados como T/F 11 e

T/F12, que corresponde a B1 e B2 respectivamente. Sendo que atletas T/F11 devem

usar vendas para garantir que não tenham nenhuma vantagem. Os atletas T/F13,

que correspondem ao B3, seguem as mesmas regras que atletas regulares

(MAGNO E SILVA 2013c).

No ciclismo os atletas com deficiência visual utilizam bicicletas tandem, que

são bicicletas para duas pessoas, o deficiente usa o acento de trás e o guia o acento

da frente. As provas podem ser de estrada ou de pista (COMITÊ PARALIMPICO

BRASILEIRO, 2020).

A única disciplina no hipismo paralímpico é o adestramento, as provas são

individual, estilo livre individual e por equipes. Atletas com deficiências físicomotoras

e visuais competem juntos, classificados de acordo com a habilidade equestre

(COMITÊ PARALIMPICO BRASILEIRO, 2020).

Nas provas de triátlon os atletas percorrem 750metros de natação, 20

quilômetros de ciclismo e 5 quilômetros de corrida. Todos os atletas são

acompanhados por guias, na parte do ciclismo usam bicicletas tandem. Durante a

natação e a corrida uma corda liga o atleta ao seu guia, essa pode ser presa na

cintura ou na perna durante a natação e na corrida cada um segura uma ponta da

corda (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TRIATLON, 2020).

Em paralimpíadas a única prova de remo que atletas deficientes visuais

podem participar acontece com um barco com quatro pessoas, nos jogos Mundias e

Copas do Mundo existem provas com duas pessoas. Atletas com deficiência visual

podem ser no máximo 50% da guarnição (COMITÊ PARALIMPICO BRASILEIRO,

2020).

Nos esportes paralímpicos a grande variedade de deficiências, modalidades

esportivas e sistemas de classificação criam um desafio significativo para aqueles

que estudam a epidemiologia das lesões esportivas (FERRARA, 2000). A deficiência

Page 5: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

5

deve ser considerada um fator intrínseco que não pode ser modificado (MAGNO E

SILVA, 2011).

Juntamente, é importante ressaltar que, assim como para o atleta sem

deficiência, porém em maior grau, uma lesão causada pelo esporte além de

influenciar a prática da atividade, conjuntamente, tem repercussões nas atividades

de vida diária desse atleta, podendo levar a consequências significativas em sua

qualidade de vida (VANLANDEWIJCK, 2011). Por isso é muito importante que seja

trabalhada a prevenção dessas lesões. E para que seja feita essa prevenção

devemos começar com a identificação das mesmas.

2. DESENVOLVIMENTO

Esta revisão foi baseada em uma pesquisa da literatura nas seguintes bases

de dados: PubMed, LILACS e Scielo. A pesquisa foi desenvolvida com as seguintes

palavras chaves: “paralympic” AND “injuries” ou “paralímpico” E “lesões”.

Para ser elegível para inclusão o estudo deveria: a) estar escrito em inglês

ou português; b) ter sido publicado nos últimos 10 anos; c) incluir participantes com

deficiência visual em esportes paraolímpicos de verão; d) apresentar lesões

relacionadas a prática esportiva, sejam elas agudas ou crônicas.

3. RESULTADOS

Após a busca na literatura foram encontrados 125 artigos, desses, 32 foram

excluídos por serem revisões de literatura, e 11 foram incluídos no presente estudo

após leitura dos resumos. Na figura 1 é descrito o processo de seleção dos artigos.

Na tabela 1 são apresentadas as características dos artigos encontrados e

das lesões descritas nos mesmos.

Atletas de atletismo foram analizados durante as paralimpíadas de 2012 no

estudo de Blauwet et al. Apesar de o estudo ter sido feito com toda a equipe de

atletismo de 160 delegações, os autores apresentam dados específicos de cada

deficiência, Sendo assim é possível observar que nas modalidades de pista

participaram 160 atletas e 37 lesões foram reportadas. Já nas modalidades de

Page 6: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

6

campo participaram 43 atletas e 14 lesões foram reportadas. O estudo traz

informações de região anatômica mais afetada, porém ess informação é dada sobre

o total de atletas, não tendo essa análise apenas dos deficientes visuais (BLAUWET,

2016).

Durante os jogos paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro Derman e

colaboradores analisaram todas as lesões relatadas peloa atletas durante os jogos.

É relatado que 88 atletas deficientes visuais apresentaram 112 lesões, entretanto

não é informado o total de atletas deficientes visuais presentes nos jogos.

Informações de lesões por parte do corpo foram informadas apenas da amostra

geral, sendo assim não se tem essa informação sobre os deficientes visuais

(DERMAN, 2017).

O estudo de Fagher e colaboradores avaliou retrospectivivamente os atletas

de judô presentes no training camp que ocorreu no Reino Unido em 2016

conjuntamente com o VI Grand Prix. Um total de 45 atletas participaram do estudo,

sendo 14 mulheres e 31 homens. Com relação a classificação 14 atletas B1, 19

atletas B2 e 12 atletas B3. Um total de 38 atletas reportaram 70 lesões. Este estudo

apresenta dados de parte do corpo mais afetada e o tipo de lesão apresentada

(FAGHER, 2019).

Gawroński et al. realizaram a coleta de informações sobre as lesões

apresentadas pelos atletas paralímpicos da Polônia durante os Jogos Paralímpicos

em Pequin 2008 e Londres 2012. Da delegação polonesa 14 atletas eram

deficientes visuais em 2008, 3 mulheres e 11 homens, e 8 atletas em 2012, 2

mulheres e 6 homens. Em 2008, 5 atletas apresentaram lesões, 2 traumáticas, 3 por

sobrecarga, e 1 em 2012, sendo ele traumática. Nos resultados não foi apresentado

a quantidade de homens e mulheres dentro do grupo dos lesionados e também não

foi apresentado o tipo de lesão mais frequente nem o local de lesão mais frequente.

Na pesquisa desenvolvida por Magno e Silva et al. publicada em 2011 a

amostra contou com integrantes da seleção brasileira nas modalidades de atletismo,

futebol de 5, goalball, judô e natação, em competições internacionais, entre os anos

de 2004 e 2008, Jogos Paralímpicos de 2004, Atenas (GRE); Jogos Pan-

Americanos IBSA 2005, em São Paulo (SP); Jogos Mundiais IBSA 2007, em São

Paulo (SP); Jogos Pan-Americanos 2007, Rio de Janeiro (RJ); Jogos Paralímpicos

Page 7: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

7

de 2008, em Pequim (CHI). Um total de 131 atletas, sendo 42 do sexo feminino e 89

do sexo masculino, 61 com classe visual B1, 13 mulheres e 48 homens, 46 com

classe B2, 21 mulheres e 25 homens, e 24 com classe B3, 8 mulheres e 16 homens,

participaram da amostra. Dessa amostra 102 atletas apresentaram lesões, 51 com

classe B1, 13 mulheres e 38 homens, 34 com classe B2, 15 mulheres e 19 homens,

e 17 com classe B3, 8 mulheres e 9 homens. Com relação a localização das lesões

essa pesquisa apresenta dois resultados, um por seguimento corporal e outro por

região corporal, sendo a segunda mais detalhada do que a primeira.

O grupo de pesquisa de Magno e Silva et al. publicou em 2013 três trabalhos

sobre lesões em atletas deficientes visuais de elite brasileiros, cada um deles tendo

como amostra um esporte diferente, atletismo, natação e futebol de 5. Os 3

trabalhos fizeram análise das lesões em 5 competições entre os anos de 2004 e

2008, Paralímpicos de 2004, Atenas (GRE); Jogos Pan-Americanos IBSA 2005, em

São Paulo (SP); Jogos Mundiais IBSA 2007, em São Paulo (SP); Jogos Pan-

Americanos 2007, Rio de Janeiro (RJ); Jogos Paralímpicos de 2008, em Pequim

(CHI). Com relação a localização das lesões essas 3 pesquisas, assim como a

anterior, apresentam dois resultados, um por seguimento corporal e outro por região

corporal, sendo a segunda mais detalhada do que a primeira

No trabalho realizado com os nadadores foi apresentado um total de 28

atletas, 12 classificados como S11, 12 como S12 e 4 como S13, 9 mulheres de 19

homens. Desses, 18 apresentaram lesões, 9 classificados como S11, 5 como S12 e

4 como S13, 6 mulheres e 12 homens.

Já no trabalho desenvolvido com o futebol de 5 a amostra era composta por

13 atletas, todos homens classificados como B1. Desse total, 11 atletas

apresentaram lesões.

No que diz respeito ao trabalho desenvolvido com o atletismo, a amostra era

composta por 40 atletas, 12 mulheres e 28 homens, 14 classificados como F/T11, 15

como F/T12 e 11 como F/T13. Um total de 31 atletas apresentaram lesões, 11

mulheres e 20 homens, 12 classificados como F/T11, 12 como F/T12 e 7 como

F/T13. Nesse caso ainda foi apresentada uma terceira classificação, de acordo com

o tipo de evento, sendo pista (track) ou campo (field).

Page 8: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

8

A pesquisa desenvolvida por Webborn et al. foi desenvolvida com 70 atletas

homens, classificados como B1 praticantes de futebol de 5 durante os jogos

paralímpicos de Londres em 2012. Este estudo além de apresentar a quantidade, o

diagnóstico e o local da lesão apresenta também o momento da lesão, podendo ser:

3 dias antes dos jogos, nos jogos durante os treinos, nos jogos durante as partidas e

nos jogos fora do esporte. Cada classificação apresentou respectivamente 7, 6, 8 e

1 lesões. Um total de 22 atletas apresentaram lesões, sendo que desses, todos

eram jogadores de linha, ou seja, nenhum goleiro apresentou lesão. No que

concerne a localização das lesões este estudo apresentou uma classificação por

região das lesões. Porém não foi relatado o diagnóstico das lesões.

No estudo de Willick et al., que também foi desenvolvido nos jogos

paralímpicos de 2012 em Londres, não foi feita uma separação das lesões por tipo

de deficiência, foi feita por esporte, então para a análise no estudo foram

considerados apenas os esportes praticados exclusivamente por deficientes visuais.

Devido a esse fato não é possível concluir a região do corpo que apresentou mais

lesões pois esta informação é apresentada para toda a amostra, não sendo dividida

nem por esporte, nem por deficiência. E também não foram apresentados os

diagnósticos das lesões ocorridas.

Zwierzchowska e colaboradores analisaram as lesões de atletas de goalball

de diferentes países no campeonato europeu de goalball, a pesquisa contou com 43

atletas, 24 mulheres e 19 homens. Desse total 25 foram classificados com B3, 15

como B2 e 3 como B1. Os atletas que reportaram alguma lesão representaram 44%

do total de participantes. Este estudo ainda trouxe informações sobre o local do

corpo mais acometido pelas lesões e o tipo de lesão.

4. DISCUSSÃO

A heterogeneidade dos estudos torna difícil concluir a epidemiologia das

lesões, visto que os estudos apresentam diferentes definições de lesão.

Uma delas é apresentada por Magno e Silva et al. e afirma que lesão

decorrente do esporte é qualquer lesão que ocorra com o atleta durante prática,

treinamento ou competição que cause a interrupção, limitação ou modificação de

Page 9: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

9

sua participação por um dia ou mais (MAGNO E SILVA, 2011). Zwierzchowska et al.

utilizam uma definição próxima a anterior, porém mais simples, em que lesões

esportiva são lesões a tecidos corporais resultantes da prática de esportes e

exercícios (ZWIERZCHOWSKA, 2020).

Outra definição encontrada nos artigos classifica lesão esportiva como

reclamação musculoesquelética ou neurológia relacionada ao esporte, que levam o

atleta a procurar suporte médico (WILICK, 2013. DERMAN, 2017).

Mais uma definição, apresentada por mais de um estudo, é que lesão

esportiva é sintoma musculoesquelético recentemente adquirido ou exacerbação de

uma lesão pré-existente durante treino ou competição (GAWROŃSKI, 2013.

BLAUWET, 2016). Similar a essa foi a definição utilizada por Fagher et al. que

considera uma lesão dor, desconforto ou machucado musculoesquelético que

causou alterações nos treinos ou competições, sejam elas de duração, intensidade,

modo ou frequência, independentemente de perda de treinos ou competições

(FAGHER, 2019).

Portanto, para uma melhor comparação entre os resultados será preciso se

estabelecer uma definição única para estudos futuros.

Outro entrave do presente estudo foi o número reduzido de artigos

encontrados. Sendo que, desses, apenas seis foram feitos exclusivamente com

atletas com deficiência visual. Nos outros cinco a pesquisa foi realizada em vários

atletas de vários esportes e diferentes deficiências e nos resultados as lesões foram

separadas por esporte e/ou tipo de deficiência.

Da mesma forma, a falta de especificação sobre qual esporte o atleta

lesionado estava praticando, é outro fator negativo, uma vez que cada modalidade

tende a apresentar lesões diferentes, e assim pode alterar a interpretação dos

dados.

Por outro lado, um ponto positivo dos estudos encontrados é o fato de todos

terem sido realizados com atletas em competições importantes de alto rendimento,

como paralimpíadas, campeonatos continentais e mundiais, sendo assim, analisam

a elite do esporte para deficientes visuais.

Ademais, quase todos os trabalhos apresentados são prospectivos, o que

garante uma melhor qualidade quando comparado com os estudos retrospectivos, já

Page 10: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

10

que esses últimos apresentam viés de memória. Apenas o estudo de Fagher et al. é

retrospectivo.

Conjuntamente, a data das publicações sendo recentes nos mostra que esse

é o cenário atual do esporte paralímpico para deficientes visuais. O que explica o

critério de incluir apenas os artigos publicados nos últimos dez anos.

É possível perceber que a localização das lesões é variável de acordo com o

esporte, o que pode ser explicado pelo fato de que cada esporte apresenta um gesto

e uma técnica individuais. Outrossim, os esportes em que o atleta tem um risco

maior de choque com outros atletas ou barreiras apresentam mais lesões

traumáticas. Por isso é importante que os estudos apresentem a epidemiologia

específica de cada esporte.

A maior incidência de lesões nos membros inferiores de deficientes visuais

pode ser relacionada a uma pobre propriocepção, pois já foi estabelecido que a

estabilidade postural é influenciada por problemas visuais (AYDOG, 2006).

Por conseguinte, a classificação do atleta pode influenciar nas lesões

apresentadas. Concomitantemente, os atletas classificados como B3 podem ter uma

percepção maior do ambiente esportivo antes da colocação das vendas enquanto o

atleta classificado como B1 não tem essa possibilidade (MAGNO E SILVA, 2011).

Além disso, como dito anteriormente, atletas cegos apresentam um déficit de

equilíbrio postural quando comparados com atletas com visão parcial e com atletas

com visão total, o que pode influenciar que a diferença das lesões entre as

diferentes classes (AYDOG, 2006).

Nos trabalhos analisados apenas três apresentam análise de acordo com a

classificação, desses, apenas um apresenta diferença estatisticamente significativa

mostrando que atletas B1 tem uma incidência de lesão maior do que atletas B3

(MAGNO E SILVA, 2011). Porém é preciso ressaltar que os outros dois estudos que

não relataram diferença estatisticamente significativa apresentam amostras

reduzidas, o que pode influenciar nos resultados. Dessa maneira, são necessários

estudos com uma amostra mais robusta para que seja possível estabelecer

conclusões mais fortes.

Alguns estudos comparam o índice de lesões de homens e mulheres, e

concluem que mais mulheres apresentam lesões do que os homens, porém os

Page 11: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

11

homens apresentam um maior número de lesão, entre tanto em sua maioria esses

valores não são estatisticamente significativos (MAGNO E SILVA, 2013c; MAGNO E

SILVA, 2013b). No caso do judô paralimpico no estudo de Fagher de 2019 a

quantidade de homens lesionados foi significativamente maior que a de mulheres

(FAGHER, 2019). Essa mesma relação de homens apresentarem mais lesões que

mulheres também foi observada no atletismo no estudo de Blauwet e colaboradores

(BLAUWET, 2016). Parece que os padrões em homens e mulheres atletas, de um

mesmo esporte, apresentou pouca diferença quando estudados atletas sem

deficiência (SALLIS 2001, ZWIERZCHOWSKA, 2020).

No estudo apresentado por Magno e Silva et al. foi demonstrado uma

redução da porcentagem de atletas lesionados durante um ciclo paralímpico (Jogos

Paralímpicos de 2004 e de 2008), mesmo com o aumento do número de

participantes. Essa redução está relacionada ao investimento nos atletas e na

equipe de saúde (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos), que

acompanharam os períodos de treinamento e competição, promovendo não apenas

o tratamento de afecções, mas também orientações preventivas (MAGNO E SILVA,

2011).

Outro dado comparativo presente nos estudos é a redução da proporção de

lesões nos jogos paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro quando comparado com

os jogos paraolímpicos de 2012 em Londres. Visto que o nem Comitê paraolímpico

Internacional nem as federações esportivas apresentaram uma estratégia específica

direcionada para a redução das lesões pode-se concluir que isso reflete uma

preocupação crescente das equipes de saúde que acompanham esses atletas entre

cada ciclo paraolímpico. Ao fazer outras comparações entre os dois eventos

paraolímpicos, Londres 2012 e Rio 2016, os autores também salientam que o futebol

de 5 apresentou uma elevada quantidade de lesões quando comparado com outros

esportes em ambas as competições, o que mais uma vez mostra a importância de

se preocupar com lesões em atletas deficientes visuais (DERMAN, 2017).

Um terceiro estudo que apresentou dados comparativos entre diferentes

competições, dessa fez os jogos paralímpicos de 2008 em Pequim e os jogos

paralimpicos de 2012 em Londres, mostrou que a quantidade de lesões agudas

reportadas pela delegação da Polônia foi menor no segundo evento em comparação

Page 12: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

12

com o primeiro. O autor discute que essa redução das lesões pode ser devido ao

fato de que todos os atletas passaram por uma avaliação multidisciplinar antes de

irem para os jogos de Londres em 2012, coisa que não aconteceu em Pequim 2008,

o que mostra a importância de um acompanhamento desses atletas pela equipe de

saúde (GAWROŃSKI, 2013).

Na revisão de Fagher et al. é apresentado uma comparação entre a taxa de

lesões nos jogos olímpicos e nos jogos paralímpicos de 2012, e mostra que o

panorama das lesões é similar entre os dois grupos de atletas. Sendo assim as

pesquisas que focam nos atletas paralímpicos são tão importantes quanto as que

focam nos atletas olímpicos (FAGHER, 2014).

A deficiência deve ser considerada um fator inerente que não pode ser

modificado, sendo assim é de significativa importância que os fatores intrínsecos e

extrínsecos que podem ser modificados sejam amplamente estudados, para que

com isso se torne possível encontrar a situação ideal para que os atletas

apresentem o mínimo de lesões possível. (MAGNO E SILVA, 2011).

Isso demonstra a importância dos estudos epidemiológicos, visto que são

eles que guiam os trabalhos preventivos das equipes de saúde. Ou seja, quanto

mais estudos epidemiológicos de alta qualidade são desenvolvidos, maior é a

possibilidade de prevenção das lesões desses atletas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, é possível concluir que as lesões provenientes da prática

esportiva são significativas no esporte de alto rendimento com atletas deficientes

visuais.

Com isso, é importante salientar a necessidade de mais estudos sobre as

lesões em atletas deficientes visuais de alto rendimento nas diferentes modalidades

paralímpicas. Visto que cada modalidade apresenta uma demanda específica, com

isso o ideal seria termos diferentes estudos de um mesmo esporte com dados mais

detalhados com relação a parte do corpo lesionada e o tipo de acometimento. Para

que assim possam ser desenvolvidas orientações preventivas voltados para cada

esporte.

Page 13: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

13

E também, é recomendada a padronização da definição de lesão e do

método de avaliação das lesões. Já que definições mais amplas levam a estudos

com uma maior quantidade de lesões e definições mais restritas vão gerar estudos

com poucas lesões. Por isso é importante que se encontre uma definição que possa

ser amplamente utilizada.

Além disso, não foram encontrados nos estudos estratégias para a redução

das lesões, o que se mostra como sendo outro tópico importante para futuros

estudos sobre o assunto. Apesar de que já é possível observar uma redução das

lesões a cada competição paraolímpica, o que mostra que existe uma preocupação

com a prevenção de lesões nas delegações participantes.

Com o esporte para deficientes sendo cada vez mais difundido e cada vez

mais praticado em todo o mundo, também se torna uma vasta fonte de pesquisa,

não apenas para a fisioterapia e a educação física como para muitos outros campos

de pesquisa da saúde de atletas, como a psicologia, a nutrição, a medicina e o

serviço social. Já que um trabalho multidisciplinar integrado e coeso pode trazer

cada vez mais resultados positivos para os atletas e suas delegações.

Page 14: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

14

Figura 1 - Fluxograma da pesquisa literária

Page 15: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais 15

Tabela 1 - Descrição dos artigos selecionados

Autor (ano de publicação)

Amostra Definição de lesões Quantidade de lesões Tipo e locais das lesões

Blauwet, 2016 210 atletas de atletismo, 160 de modalidades de pista, 50 de modalidades de campo

Sintoma musculoesquelético recentemente adquirido ou exacerbação de uma lesão pré-existente durante treino ou competição.

57 lesões foram reportadas

Não foi descrito

Derman, 2017 O estudo não cita a quantidade total de atletas com deficiência visual.

Reclamação musculoesquelética ou neurológia relacionada ao esporte, que levam o atleta a procurar suporte médico.

88 atletas apresentaram 112 lesões

Não foi descrito

Fagher, 2019 45 atletas de judô sendo 14 mulheres e 31 homens. 14 B1 19 B2, 12 B3.

Dor, desconforto ou machucado musculoesquelético que causou alterações nos treinos ou competições, sejam elas de duração, intensidade, modo ou frequência, independentemente de perda de treinos ou competições

38 atletas reportaram 70 lesões 71% traumáticas 29% sobrecarga

O tipo de lesão mais reportada foi contusões (26%). O local mais acometido foi o ombro (29%)

Gawroński, 2013.

22 atletas, multidesporto. Pequim 2008 e Londres 2012

Sintoma musculoesquelético recentemente adquirido ou exacerbação de uma lesão pré-existente durante treino ou competição.

6 atletas apresentaram lesões. 50% traumática. 50% sobrecarga.

Não foi descrito.

Magno e silva, 2011

131 atletas, multidesporto. 89 homens, 42 mulheres. 61 B1, 46 B2 e 24 B3. 5 competições internacionais entre 2004 e 2008.

Qualquer lesão que ocorra com o atleta durante pratica, treinamento ou competição que cause a interrupção, limitação ou modificação de sua participação por um dia ou mais.

102 atletas apresentaram 288 lesões. 47,22% por acidentes. 52,78% sobrecarga.

Os 3 tipos de lesões mais frequentes foram tendinopatias (21,18%), contraturas (18,75%) e contusões (16,67%). Os 3 locais mais frequentes foram coxas (15,63%), joelho (12,85%) e ombro (11,11%)

Magno e Silva 2013a

13 atletas, futebol de 5 13 Homens, 13 B1. 5 competições internacionais entre 2004 e 2008.

Qualquer lesão que cause a interrupção, limitação ou modificação de sua participação por um dia ou mais.

11 atletas apresentaram 35 lesões. 20% traumática. 80% sobrecarga.

Os 2 principais tipos de lesão foram contusões (35,4%) e torções (25,7%). Os 3 locais de lesões mais frequentes foram joelho (28,6%), pés (17,1%) e tornozelos (11,4%).

Page 16: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais 16

Magno e Silva 2013b

28 atletas, natação. 19 homens, 9 mulheres, 12 S11, 12 S12 e 4 S13. 5 competições internacionais entre 2004 e 2008.

Qualquer lesão que cause a interrupção, limitação ou modificação de sua participação por um dia ou mais.

18 atletas apresentaram 41 lesões. 20% traumática. 80% sobrecarga.

Os 2 principais tipos de lesão foram espasmos (36,59%) e tedinopatias (26,83). Os 3 locais mais frequentes foram ombro (29,27%), coluna torácica (21,95%) e lombar (17,07%).

Magno e Silva 2013c

40 atletas, atletismo. 28 homens, 12 mulheres. 14 T/F11, 15 T/F12 e 11 T/F13. 5 competições internacionais entre 2004 e 2008.

Qualquer lesão que cause a interrupção, limitação ou modificação de sua participação por um dia ou mais.

31 atletas apresentaram 77 lesões. 18% traumática. 82% sobrecarga.

Os 2 principais tipos de lesão foram espasmos (26,0%) e tedinopatias (23,4%) Os 3 locais mais frequentes de lesões foram coxas (33,8%), perna (16,9%) e joelho (9,1%).

Webborn 2016

70 atletas, futebol de 5. Homens, B1. Londres 2012.

Lesão recentemente adquirida ou exacerbação de uma lesão pré-existente durante treino ou competição.

Ocorreram 22 lesões. 54% traumáticas. 46% sobrecarga.

Os 3 locais mais frequentes de lesões foram joelhos (18,2%), perna (13,6%) e cabeça e face (13,6%).

Wilick 2013 295 atletas, multidesporto. Londres 2012

Reclamação musculoesquelética ou neurológia relacionada ao esporte, que levam o atleta a procurar suporte médico.

Ocorreram 50 lesões.

Não foi descrito

Zwierzchowska, 2020

43 atletas de goalball, 24 mulheres e 19 homens

Lesões a tecidos corporais resultantes da prática de esportes e exercícios

44% dos atletas reportaram lesões

Os principais tipos de lesão foram lesões de pele (39%) e contusões (37%). Os locais mais afetados foram dedos (22%) e punho (18%).

Page 17: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

17

REFERÊNCIAS

AYDOG E, AYDOG ST, CAKCI A, DORAL MN. Dynamic postural stability in blind

athletes using the biodex stability system. International Journal of Sports Medicine, v.27, p.

415–418, 2006.

BLAUWET C, WILLICK SE. The Paralympic Movement: using sports to promote health,

disability rights, and social integration for athletes with disabilities. Physical Medicine and

Rehabilitation, v.4, p.851–856, 2012.

BLAUWET, C. et al. Risk of Injuries in Paralympic Track and Field Differs by Impairment

and Event Discipline. The American Journal of Sports Medicine, v. 44(6), p.1455-1462, 2016.

Comitê Paralímpico Brasileiro. 2020. Ciclismo - Comitê Paralímpico Brasileiro. [online]

Disponível em: <https://www.cpb.org.br/modalidades/58/ciclismo> Acessado: 17 Abril 2020

as 13:20.

Comitê Paralímpico Brasileiro. 2020. Hipismo - Comitê Paralímpico Brasileiro. [online]

Disponivel em: <https://www.cpb.org.br/modalidades/53/hipismo> Acessado: 17 Abril 2020

as 13:30.

Comitê Paralímpico Brasileiro. 2020. Remo - Comitê Paralímpico Brasileiro. [online]

Disponível em: <https://www.cpb.org.br/modalidades/54/remo> Acessado: 17 Abril 2020 as

14:00.

Confederação Brasileira de Triathlon. 2020. Triathlon Paralímpico - Confederação Brasileira

De Triathlon. [online] Disponível em: <http://www.cbtri.org.br/triathlon-paralimpico/>

Acessado: 17 Abril 2020 as 13:45.

DERMAN, W. et al. High precompetition injury rate dominates the injury profile at the Rio

2016 Summer Paralympic Games: a prospective cohort study of 51 198 athlete days. British

Journal of Sports Medicine, v.52(1), p.24-31, 2017.

FAGHER K, LEXELL J. Sports-related injuries in athletes with disabilities. Scandinavian

Journal of Medicine & Science in Sports, v. 24, p. 320–31, 2014.

Page 18: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

18

FAGHER, K., HASSAN AHMED, O., PERNHEIM, N. VARKEY, E. Prevalence of sports-

related injuries in paralympic judo: An exploratory study. Journal of Science and Medicine in

Sport, v.22(8), p.902-906, 2019.

FERRARA MS, PETERSON CL. Injuries to athletes with disabilities: identifying injury

patterns. Sports Medicine, v.30, n.2 p.137–143, 2000.

GAWRONSKI W, SOBIECKA J, MALESZA J. Fit and healthy Paralympians- medical care

guidelines for disabled athletes: a study of the injuries and illnesses incurred by the Polish

Paralympic team in Beijing 2008 and London 2012. British Journal of Sports Medicine, v.47,

p.844–9, 2013.

LIEBERMAN LJ. Visual impairments. In: Winnick JP, ed. Adapted Physical Education and

Sport. 4th ed. Champaign, IL: Human Kinetics; 2011.

MAGNO E SILVA MP, DUARTE E, COSTA E SILVA AA. Aspectos das lesões esportivas

em atletas com deficiência visual. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.17, p.319–

323, 2011.

MAGNO E SILVA MP, MORATO MP, et al. Sports injuries in Brazilian blind footballers.

International Journal of Sports Medicine, v.34, p.239–43, 2013.

MAGNO E SILVA MP, BILZON J, DUARTE E, et al. Sport injuries in elite paralympic

swimmers with visual impairment. Journal of Athletic Training, v.48, p. 493–8,2013.

MAGNO E SILVA MP, WINCKLER C, COSTA E SILVA AA, et al. Sports injuries in

Paralympic track and field athletes with visual impairment. Medicine & Science in Sports &

Exercise, v.45, p.908–13, 2013.

PEDERSEN BK, SALTIN B. Evidence for prescribing exercise as therapy in chronic disease.

Scandinaviam Journal of Medicine and Science in Sports, v.16 p. 3–63, 2006.

Page 19: EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES EM ATLETAS ......em 1948, até os mais de 4000 atletas que participaram dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012 (WEBBORN 2014). Em 1960 os Jogos Internacionais

Autores 1 e 2 :Fisioterapeuta com formação na Universidade Federal de Juiz de Fora, sem vínculo institucional, Juiz de Fora, Minas Gerais

19

SALLIS RE, JONES K, SUNSHINE S, SMITH G, SIMON L. Comparing sports injuries in

men and women. International Journal of Sports Medicine. V. 22, p. 420–3, 2001.

VANLANDEWIJCK YC, THOMPSON WR. The Paralympic athlete. Handbook of sports

medicine and science. Oxford, UK: Wiley-Blackwell, 2011.

WEBBORN N, EMERY C. Descriptive Epidemiology of Paralympic Sports Injuries.

Physical Medicine and Rehabilitation, v. 6, p.18-22, 2014.

WEBBORN N, CUSHMAN D, BLAUWET CA, et al. The Epidemiology of Injuries in

Football at the London 2012 Paralympic Games. Physical Medicine & Rehabilitation, v.8,

n.6, p. 545-52, 2016.

WILLICK SE, WEBBORN N, EMERY C, et al. The epidemiology of injuries at the London

2012 Paralympic Games. British Journal of Sports Medicine, v.47, p.426–32, 2013.

ZWIERZCHOWSKA, A., ROSOŁEK, B., CELEBAŃSKA, D., GAWLIK, K. AND

WÓJCIK, M. The Prevalence of Injuries and Traumas in Elite Goalball Players. International

Journal of Environmental Research and Public Health, v.17(7), p.2496, 2020.