41
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA - SERVIÇO DE NEONATOLOGIA Marina Silveira Brígido Ribeiro PERFIL DOS RN DE MUITO BAIXO PESO E MENORES QUE 32 SEMANAS COM PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL Fortaleza 2017

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ

HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA - SERVIÇO DE

NEONATOLOGIA

Marina Silveira Brígido Ribeiro

PERFIL DOS RN DE MUITO BAIXO PESO E MENORES QUE 32

SEMANAS COM PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

Fortaleza

2017

Page 2: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Marina Silveira Brigido Ribeiro

PERFIL DOS RN DE MUITO BAIXO PESO E MENORES QUE 32

SEMANAS COM PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

Fortaleza

2017

Monografia apresentada à banca

examinadora da Residência de

Neonatologia do Hospital Geral de

Fortaleza, como requisito parcial para

conclusão da especialização, sob a

orientação da Dra. Silvana Silton Torres.

Page 3: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Marina Silveira Brigido Ribeiro

PERFIL DOS RN DE MUITO BAIXO PESO E MENORES QUE 32

SEMANAS COM PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL

Parecer:

______________________________________________________

__

Data: ___/___/_______

Banca examinadora:

___________________________________

Dr. Pedro Emanuel

___________________________________

Dra. Fabíola Arraes

Page 4: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Agradecimentos

A Deus por ter me dado força e saúde para superar todas as

dificuldades.

A minha orientadora Dra. Silvana Silton e co-orientadora Dra.

Roseli Callado, pelo suporte, no pouco tempo que lhe couberam,

pelas suas correções, incentivo e dedicação.

A minha coordenadora da residência Dra. Fabíola Arraes, que

sempre foi uma verdadeira mãe e responsável pelos ensinamentos

e conhecimentos que tenho hoje.

A minha família, pelo amor incondicional e incentivo.

Ao meu marido, pelo o amor, apoio e paciência nos momentos de

dificuldades.

Aos meus filhos que me inspiram diariamente e me estimulam a

superar meus limites.

Aos meus pequenos pacientes, indispensáveis ao meu

aprendizado medico e sobretudo humano, que lutaram junto a mim

diariamente por suas vidas.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha

formação, obrigada!

Page 5: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

SIGLAS

AE - Atrio Esquerdo

AINE - Anti inflamatório Não Hormonal

AO - Aorta

CA - Canal Arterial

CHS - Canal Hemodinamicamente Significativo

CPAP -Pressao Continua em Vias Aereas

DBP – Displasia Bronco Pulmonar

ECN – Enterocolite Necrotizante

ECO - Ecocardiograma

HPIV- Hemorragia Peri-intraventricular

IRA – Insuficiencia Renal Aguda

PCA – Persistencia do Canal Arterial

PGE – Prostaglandina E

PIG – Pequeno para Idade Gestacional

RN – Recem - nascido

RNPT – Recem - nascido pre-termo

RNT – Recem – nascido a termo

SDR - Sindrome do Desconforto Respiratorio

USTF – Ultrassom Transfontanelar

VE – Ventriculo Esquerdo

VMI – Ventilacao Mecanica Intermitente

Page 6: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

1. INTRODUÇÃO

a. Definição

O canal aretrial é uma comunicação entre a artéria aorta e o ramo

esquerdo da artéria pulmonar, onde, embriologicamente, situava-se o

ductus arteriosus, que deve fechar funcionalmente nas primeiras 72

horas de vida e anatomicamente em 6 a 7 dias, em recém-nascidos a

termo (Sadeck, 2010). Há relatos de fechamento espontâneo até o 21º

dia de vida (Curty,2011). No prematuro, o canal arterial permanece

aberto por um período mais prolongado, e a frequência com que isso

ocorre é proporcionalmente maior quanto mais imaturo for o recém-

nascido (Yang,2013).

A persistência do canal arterial (PCA) pode ser assintomática (sem

sinais clínicos no recém-nascido), ou sintomática (com repercussão

hemodinâmica). A confirmação de PCA sintomática ê possível pelas

manifestações s clínica associadas a critérios ecocardiográficos, que

serão descritos posteriormente.

b. Epidemiologia

A presença de canal arterial na população geral como cardiopatia

congênita isolada é de 1: 2000-5000 de todos os nascidos vivos,

sendo observada uma prevalencia duas vezes maior no gênero

feminino (Bragança, 2011).

Page 7: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

A sua incidência varia conforme a idade gestacional e o peso de

nascimento. Em recém-nascidos a termo, a persistência do canal

arterial é estimada em 57 a cada 100.000 nascidos vivos, enquanto

que nos prematuros com peso de nascimentos entre 501g a 1500g a

incidência chega em torno de 31 em cada 100 nascidos vivos (H). Em

outro estudo, a taxa de persistência do canal arterial em prematuros

pesando menos que 1000g foi de 58,3% e naqueles com idade

gestacional menor que 30 semanas a taxa aumentou para 68% dos

nascidos vivos (Yang,2013).

Quando trata-se de canal arterial com alguma repercussão clinica, a

incidência modifica um pouco. Nos prematuros de baixo peso ao

nascer ( peso inferior a 2500g), a taxa foi de 10 a 42% de canal arterial

hemodinamicamente significativo (Bragança, 2011). Já os canais

arteriais dos prematuros de extremo baixo peso (peso inferior a 1000g)

são hemodinamicamente significantes em 85% dos casos,

necessitando de tratamento (Margotto, 2013).

Os fatores de risco para manter o canal arterial patente são

prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas

congênitas e síndrome do desconforto respiratório (PRORN, 2013).

Além desses, são citados também a sepse, o uso da furosemida e o

aporte hídrico excessivo nos primeiros dias de vida (Bragança, 2011).

A maturação pulmonar é um dos principais fatores facilitam o

fechamento do canal arterial patente, relacionada com o uso do

corticoide antenatal, crescimento intrauterino restrito, e ruptura

prolongada de membranas (Bragança, 2011).

Page 8: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

c. Fisiologia

O canal arterial é derivado do 6º arco aórtico e, desde a sexta semana

de vida intrauterina, é responsável por grande parte do fluxo do

ventrículo direito, desviando para a circulação sistêmica, permitindo que

apenas 5 a 10% do débito cardíaco total passe para a circulação

pulmonar (Abelan,2011). O fechamento do canal arterial ainda intra-

útero leva a insuficiência cardíaca fetal (Sadeck, 2010). A patência do

canal fetal é promovida por ação de prostaglandinas circulantes

produzidas pelo próprio canal, principalmente a prostaglandina E2

(PGE2), e pela baixa tensão de oxigênio intra-útero, ambos com ação

vasolidatadora (Sadeck, 2110). Em associação, a alta resistência

vascular pulmonar e a baixa resistência sistêmica também contribuem

para patência do canal (Miyague, 2005).

Fisiologicamente nas primeiras 24 horas, em 80% dos RNT, a constrição

do canal arterial inicia-se logo após o nascimento, quando há aumento

da concentração arterial de oxigênio, levando a um fechamento

funcional deste canal (Abelan, 2011). Concomitante, há uma diminuição

da resposta de relaxamento da parede do canal às prostaglandinas,

decorrente da menor sensibilidade dos seus receptores presentes no

canal, da menor síntese e da maior depuração deste vasodilatador nos

neonatos de termo (Miyague, 2005); e um aumento na produção de

substâncias vasoconstrictoras, como a endotelina 1, bradicinina e

tromboxano A2, havendo, então, um equilíbrio entre os efeito

vasocilatadores e vasoconstrictores (Bragança, 2011). A sensibilidade

do canal ao efeito constrictor do oxigênio apresenta relação direta com a

idade gestacional (Miyague, 2005).

Page 9: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

O fechamento anatômico e permanente do canal ocorre entre o primeiro

e terceiro mês de vida (Bragança, 2011), por alterações degenerativas

de sua parede, consequentes a: rompimento da lâmina elástica e sua

separação do endotélio vascular; necrose e migração das células

musculares com formação de cistos; e proliferação da camada íntima

com oclusão gradual do lúmem vascular (Miyague, 2005). Até o

completo fechamento anatômico, persiste o potencial para reabertura do

canal (Sadeck, 2010).

d. Patologia

A persistência do canal arterial em recém-nascidos a termo ou limítrofes

após 72h de vida é um defeito anatômico causado por uma distribuição

aberrante do material elástico no tecido ductal e lâmina subendotelial

com alteração estrutural no seu desenvolvimento. Pode estar associada

às seguintes situações clínicas: achado isolado em crianças saudáveis;

lesão ocasional encontrada com outros defeitos intracardíacos; conduto

vascular necessário para manutenção da vida em neonatos com

cardiopatias congênitas cianogênicas de hipofluxo pulmonar ou

cardiopatias congênitas obstrutivas do coração esquerdo (Bragança,

2011).

Já nos RNPT, o canal pérvio pode ser decorrente do desequilibrio entre

fatores vasoconstrictores e vasodilatadores sobre o ducto (Abelan,

2011). Nas duas primeiras semanas de vida, nível elevado de PGE2

parece ser o fator mais importante na persistência do canal, no entanto

fatores como maior incidência de hipóxia e acidose nos pretermos, bem

Page 10: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

como a formação incompleta da musculatura lisa da parede do vaso,

contribuem fortemente para a patologia (Sadeck, 2010).

Alguns fatores aumentam a incidência da persistência do canal arterial

na sua forma sintomática, tais como a ausência do corticoide antenatal,

exposição intrautero ao sulfato de magnésio, diabetes materno,

hemorragia anteparto, gestações múltiplas, RN PIG (pequenos para

idade gestacional), administração excessiva de líquidos intravenosos

nos primeiros dias de vida, presença de Síndrome do Desconforto

Respiratório (SDR) com necessidade de surfactante e ventilação

mecânica, sepse e inflamação (Margotto, 2013).

Tanto nos neonatos de termo como nos pré-termo, após o nascimento,

há uma queda gradual na resistência vascular pulmonar e consequente

aumento do fluxo sanguíneo para os vasos pulmonares através do canal

patente, levando a um hiperfluxo pulmonar e aumento do retorno venoso

para o átrio e o ventrículo direitos (C). O shunt esquerdo-direita (E-D) de

sangue da circulação sistêmica para a pulmonar depende não só da

diferença de pressão pulmonar e sistêmica, mas também do diâmetro e

tônus do canal arterial e do desempenho do ventrículo esquerdo (E).

Em uma fase inicial, compensada, o neonato consegue manter o fluxo

sistêmico em consequência da elevação do débito cardíaco, através do

aumento da contratilidade miocárdica e da frequência cardíaca.

Entretanto, pelo limitado desempenho miocárdico, instala-se a fase

descompensada, caracterizada por insuficiência cardíaca e diminuição

do débito cardíaco (E). A liberação do fator natriurético atrial é

aumentada diante da descompensação cardiovascular e, atualmente,

Page 11: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

tem sido proposta como marcador bioquímico do canal arterial

hemodinamicamente significativo (Bragança, 2011).

As repercussões respiratórias decorrem do edema pulmonar propiciado

pelo shunt E-D e é agravado por condições peculiares dos prematuros,

como menor pressão coloidosmótica sanguínea, maior

permeabilidades dos capilares pulmonares, menor desenvolvimento

dos linfáticos pulmonares e imaturidade das membranas alveolares. Tal

edema gera mudanças na mecânica pulmonar, com aumento da

resistência das vias aéreas e diminuição da complacência pulmonar,

levando a alterações na relação ventilação perfusão (Miyague, 2005).

Como resultado, observa-se a necessidade de maior tempo de

ventilação e elevação dos parâmetros com maior risco de displasia

broncopulmonar, hemorragia pulmonar e infecções (Bragança, 2011).

As repercussões sistêmicas decorrentes do baixo fluxo na artéria aorta,

que reduz consideravelmente ou mesmo negativa a perfusão diastólica

de vários órgãos, expressam-se, sobretudo no sistema renal, trato

gastrointestinal, sistema nervoso central e no próprio miocárdico,

causando sérios danos a diversos órgãos e sequelas, por vezes,

irreversíveis (Curty, 2011).

e. Quadro clínico

As manifestações clínicas são mais precoces nos prematuros, ainda

nos primeiros dias de vida, enquanto nos recém-nascidos de termo,

quando apresentam alguma sintomatologia, ocorrem mais tardiamente,

Page 12: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

por volta do final do primeiro mês de vida; e dependem basicamente da

magnitude do shunt E-D pelo canal patente (Abelan, 2012).

Sob o aspecto cardiovascular, observam-se: taquicardia, podendo estar

presente o ritmo de galope; sopro cardíaco, classicamente descrito

com sopro em maquinaria, no segundo ou terceiro espaço intercostal

esquerdo, sistólico ou sistodiastólico, porém a sua ausência não afasta

a patência do canal; precórdio hiperdinâmico; aumento da amplitude

dos pulsos; aumento do diferencial pressórico, considerando-se

significante diferencial superior a 35 mmHg, cuja presença se deve a

queda na pressão diastólica; e hepatomegalia, sinal tardio e

secundário a insuficiência cardíaca (Miyague, 2005).

Quanto ao acometimento pulmonar, o edema se manifesta por

taquipneia, gemido expiratório, retrações intercostais e

subdiafragmáticas, episódios de apneia recorrentes, necessidade de

suporte respiratório mais agressivo, principalmente naqueles pacientes

que já se encontram em ventilação mecânica (PRORN, 2013).

As outras manifestações são decorrentes da diminuição do baixo fluxo

sistêmico, como, redução do débito urinário, distensão abdominal com

íleo paralítico, enterocolite necrosante e hemorragia peri-

intraventricular (PRORN, 2013).

Nos RNPT mais imaturos, especialmente os menores de 1000g, as

manifestações clínicas podem aparecer na fase de melhora do quadro

da síndrome do desconforto respiratório, quando se evidencia o shunt

E-D. Apesar do canal aberto desde o inicio do quadro, a resistência

Page 13: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

vascular pulmonar aumentada impede a ocorrência do shunt na fase

inicial da doença pulmonar (Miyague, 2005).

Na presença de hemorragia pulmonar, um grande canal arterial deve

ser prontamente investigado. Em recém-nascidos com quadro de

alteração respiratória prolongada e maior demanda de oxigênio ou

reaparecimento de estresse respiratório, deve-se sempre considerar a

presença de canal arterial. O mesmo se aplica aos casos de apneia

recorrente e inexplicável e de enterocolite necrosante (Bragança, 2011)

f. Diagnóstico

No pré-termo é essencial o diagnóstico precoce da persistência do

canal arterial, pois o canal só se torna clinicamente aparente algum

tempo após o estabelecimento do shunt E-D, com repercussões

pulmonares e sistêmicas potencialmente graves (J).

A apresentação clínica depende do calibre ductal, da magnitude do

fluxo E-D e da idade gestacional. A caracterização clínica é difícil

nos recém-nascidos prematuros, principalmente nos primeiros três

dias de vida, quando a resistência pulmonar encontra-se ainda

elevada, particularmente naqueles com angústia respiratória e

necessidade de ventilação mecânica (Bragança, 2011).

Algumas alterações encontradas na radiografia torácica podem

sugerir diagnóstico da persistência do canal arterial inclusive com

repercussão. Já nos primeiros dias observa-se edema, sobrecarga

vascular pulmonar e broncograma aéreo com piora progressiva. A

Page 14: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

cardiomegalia, sinal mais tardio, relaciona-se a fluxos transductais

maiores, e deve-se, geralmente, ao aumento do átrio esquerdo (AE)

e ventrículo esquerdo (VE). No entanto, assim como a clínica, a

radiografia de tórax são métodos de pouca efetividade no

diagnóstico e na quantificação da repercussão hemodinâmica do

canal arterial (Bragança, 2011)

O Dopplerecocardiograma, exame não invasivo e de fácil realização, é

essencial para a confirmação diagnóstica da persistência do canal

arterial, bem como para avaliação da sua repercussão hemodinâmica e

funcional, afastando inclusive cardiopatias complexas que

contraindicariam o fechamento do canal. As definições atuais do canal

arterial hemodinamicamente significativo são complexas e têm sido

amplamente discutidas, mas de um modo geral, canal arterial com

repercussão hemodianmica e aquele que apresenta sinais clinicos e

ecocardiográficos que denotam alteração hemodianmica de de ma

perfusão tecidual (Margotto, 2013)

Nos últimos 10 anos, têm sido investigados alguns biomarcadores da

PCA. Entre eles a troponina cardíaca, que é um marcador de lesão

miocárdica, o peptídeo atrial natriurético, que é liberado por miócitos

atriais, e o peptídeo natriurético tipo B, liberado por miócitos

ventriculares que traduzem a resposta do coração à sobrecarga de

volume e pressão. Destes o peptídeo natriurético tipo B parece ser o

mais promissor (Simoes, 2015).

No entanto, não existe nenhum marcador que isoladamente permita

quantificar seguramente o grau de repercussão hemodinâmica do

canal arterial. Portanto devem ser associados dados clínicos e

Page 15: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

ecográficos que reflitam as características do canal arterial, sinais

de hiperperfusão pulmonar/ sobrecarga cardíaca esquerda e sinais

de hipoperfusão sistêmica para que a repercussão clínica deste

canal seja avaliada (Margotto, 2013).

Os marcadores mais estudados são: diâmetro do canal arterial,

quantificação do fluxo transductal por meio do Doppler espectral em

cores, quantificação da pré-carga com cálculo da razão entre

diâmetro de átrio esquerdo e aorta (Ao), caracterização do fluxo em

artéria pulmonar, débito ventricular esquerdo e fenômeno do “roubo”

de fluxo diastólico em artérias sistêmicas (Bragança, 2011).

O tamanho do canal para que ele seja considerado

hemodinamicamente significativo varia na literatura. Alguns serviços

consideram canal com diâmetro maior que 1,5 mm, enquanto outros

consideram canais acima de 3 mm, porém todos concordam que tal

medida isoladamente é insuficiente para decidir conduta, sendo

necessária a observação de outros aspectos.

O fluxo através do canal é outro fator importante a ser estudado e é

resultante da diferença de pressão sistêmica e pulmonar, sendo

predominantemente da esquerda para direita nos pacientes sem

hipertensão pulmonar importante. De acordo com o padrão, o fluxo

transductal pode ser classificado em bidirecional, se hipertensão

pulmonar associada; crescimento, com aumento do fluxo da aorta

para pulmonar, sugerindo diminuição da resistência vascular

pulmonar; pulsátil, se fluxo apenas da aorta para pulmonar e

fechamento, se fluxo direcionado da aorta pulmonar, porém

contínuo, com velocidade de fluxo mais elevada (Ohlsson, 2010)

Page 16: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Os sinais de sobrecarga cardíaca ecocardiográficos são: relação do

diâmetro do átrio com o diâmetro da aorta (se maior que 1,4 sugere

dilatação atrial), regurgitação mitral e dilatação de ventrículo

esquerdo (J).

Por fim, os sinais de hipofluxo sistêmico, caracterizados no ECO

com Doppler como fluxo diastólico ausente ou retrógrado na aorta

descendente pós-ductal, de difícil visualização (J).

O rastreio de PCA com ECO deve ser realizado nas primeiras 48 a 72

horas de vida nos RNPT de maior risco, como aqueles com idade

gestacional inferior a 28 semanas e peso de nascimento menor que

1000g e naqueles entre 28 e 30 semanas de vida com algum fator de

risco associado, como ausência de corticoterapia antenatal, sepse,

ventilação invasiva e asfixia perinatal. Nos demais RNPT a indicação

da realização do exame será de acordo com a clínica (J).

No serviço de Neonatologia do HGF, o protocolo adotado orienta que o

rastreio de PCA deve ser realizado com ECO após 72h de vida em

todos os prematuros menores que 32 semanas de idade gestacional

e\ou nos RNPT com peso de nascimento menor ou igual a 1250g,

independente dos sinais e sintomas; e nos RNPT maiores que 32

semanas e pesando mais que 1250g, o ECO devera ser realizado na

presença de sinais e sintomas sugestivos de PCA.

Page 17: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

g. Tratamento

Por muito tempo predominou o conceito de que o canal arterial patente

em prematuros deveria ser fechado para reduzir as possíveis

complicações. No entanto, atualmente, não há consenso bem definido

no manejo do canal arterial patente.

Nos prematuros extremos, a depender das características do canal, as

taxas de morbimotalidade são consideráveis. Aumenta a incidência de

congestão e hemorragia pulmonar, prolongando a dependência de

oxigenioterapia, piorando a displasia broncopulmonar, já encontrada

neste grupo de pacientes. Também é fator de risco independente para o

desenvolvimento de enterocolite necrotizante, insufuciência cardíaca,

insuficiência renal, hemorragia intraventricular e leucomalácia (Simoes,

2015). Tudo isso devendo ser considerado como justificativa para

intervenção terapêutica.

No entanto, alguns fatores já encontrados na literatura mundial,

questionam o tratamento dos canais patentes. O fechamento

espontâneo do canal arterial em prematuros menores que 28 semanas

chega a 75% dos pacientes, em alguns estudos, no primeiro ano de

vida, sendo esse percentual maior para os RNPT maiores de 28

semanas. Além disso, o fechamento terapêutico do canal não foi

associado a redução nas taxas de algumas morbidades como displasia

broncopulmonar, alteração no neurodesenvolvimento ou mesmo na taxa

de mortalidade. Por fim, há ainda os efeitos colaterais das medicações

sugeridas para o tratamento, devendo-se, portanto avaliar o risco e o

beneficio no uso dessas medicações.

Page 18: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Diante de tudo isso, a tendência atual na neonatologia é tratar os canais

nos prematuros que desenvolvem sintomas em decorrência da patência

do canal ou seja, se o canal for considerado hemodinamicamente

significativo.

Existem três abordagens para manejo do canal arterial patente, sem

estudos que comprovem o beneficio de uma sobre a outra.

i) Conduta expectante com tratamento de suporte

Consiste em garantir condições ótimas ao paciente no intuito de evitar

aumento do metabolismo com sequente sobrecarga cardíaca como:

ambiente térmico neutro, manutenção da saturação alvo de oxigênio e

manutenção do hematócrito entre 35 e 40%.

Medidas de suporte como restrição hídrica e o uso de diuréticos,

amplamente utilizados, têm sido questionadas. Estudos sobre o

impacto hemodinâmico da restrição hídrica mostram que a redução do

fluxo sistêmico é superior a redução do fluxo pulmonar, podendo levar

a um hipofluxo na região intestinal e de sistema nervoso central.

Assim, sugere-se que em pré-termos extremos a oferta hídrica inicial

seja de 60 a 80 ml/kg/dia e que apesar de individualizada, a cota

hídrica total não ultrapasse 110 a 130 ml/kg/dia.

O uso dos diuréticos de alça, especialmente a furosemida, não se

justifica nos pacientes com canal hemodinamicamente significante,

pois aumentam a síntese renal de PGE2, um potente vasodilatador,

que mantém a patencia do canal.

Page 19: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

ii) Tratamento farmacológico

O tratamento pode ser profilático, quando realizado nas primeiras horas

de vida, precoce, quando feito até o terceiro dia de vida ou tardio, do

terceiro ao décimo dia de vida. As evidências atuais demonstram que o

tratamento profilático para fechamento do canal arterial não melhora o

prognóstico e pode expor os RNPT aos efeitos colaterais indesejáveis

das drogas.

Os medicamentos utilizados são os inibidores da ciclo-oxigenase: a

indometacina e o ibuprofeno. A ciclo-oxigenase é uma enzima

fundamental para síntese das prostaglandinas vasodilatadoras, em

especial a PGE2.

Desde 1976, a indometacina foi muito utilizada para fechamento de

canal, com sua eficácia sendo comprovada dentro das primeiras 24

horas da sua administração. No entanto, devido a elevada taxa de

complicação consequente a redução do fluxo sanguíneo cerebral,

gastrointestinal e renal, foi substituída pelo ibuprofeno, com

semelhante eficácia, mas provavelmente com menores índices de

complicação, como a enterocolite e insuficiência renal transitória

(Dorneles, 2015)

Em 2006, o uso do Ibuprofeno para fechamento de canal vem

aumentando nas unidades neonatais. O ibuprofeno via oral mostrou

ser tão eficaz quanto o intravenoso e a indometacina intravenosa. As

contra indicações de ambos os medicamentos são semelhantes

(Dorneles, 2015). a dose do ibuprofeno inicialmente seria de

10mg\kg\dia, dose de ataque, seguida de duas doses de manutenção

de 5mg\kg\dia, cada, com intervalo de 24h entre elas. Posteriormente,

Page 20: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

alguns estudos mostraram que o amento da dose desta medicação

para 20mg\kg\dia e duas doses de 10mg\kg\dia aumentavam a taxa de

sucesso do tratamento medicamentoso, principalmente nos RNPT

menores de 29 semanas de idade gestacional, sem aumentar os

efeitos adversos (Dorneles, 2015).

Recentemente, surgiram relatos de casos em que a administração de

paracetamol, um fármaco largamente utilizado em idade pediátrica,

mas pouco estudado em prematuros, parece ser eficaz no tratamento

de PCA, no entanto, mais estudos são necessários para melhors

conclusões (Simoes,2015).

2. Objetivos:

Geral

Analisar o perfil do recém nascidos menores de 32 semanas e

com peso de nascimento menor que 1500g portadores de canal

arterial patente, numa UTI neonatal de Fortaleza.

Específicos:

o Analisar prevalência do canal arterial

o Analisar diagnóstico clínico e ecográfico de PCA

o Analisar a efetividade do tratamento clínico e

cirúrgico, incluindo período da indicação e

resolutividade

o Identificar as comorbidades desenvolvidas durante

a evolução dos RN

o Avaliar a incidência de mortalidade

Page 21: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo unicêntrico, descritivo, retrosceptivo, realizado

na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Geral de

Fortaleza (HGF), após aprovação do Comitê de ética e pesquisa do

hospital (protocolo número 091219;10).

A população estudada foi de recém-nascidos prematuros vivos,

menores de 32 semanas de idade gestacional (calculada através da

última regra ou pelo método New Ballard) e com peso de nascimento

menor que 1500g, e criada inicialmente a partir do livro de registros da

unidade de pacientes internados no período de Janeiro a Dezembro de

2011. A amostra analisada foi de pacientes que evoluíram com

persistência de canal arterial durante o internamento hospitalar.

O diagnóstico de PCA foi realizado pelo ECO à beira do leito,

solicitado por neonatologista.

Foram excluídos do estudo os pacientes que estavam fora da idade

gestacional estudada, apesar de apresentarem peso ao nascimento

menor que 1500g (os pequenos para idade gestacional), os pacientes

com cardiopatia complexa associada e os pacientes que apresentaram

dados insuficientes no prontuário.

Dentre as variáveis estudas encontram-se os dados maternos (uso do

corticóide antenatal e idade materna), dados do nascimento (tipo de

parto, boletim de Apgar, peso e idade gestacional), dados da

Page 22: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

assistência logo após o nascimento (necessidade de VPP na sala de

parto e de surfactante), sinais e sintomas e tempo de surgimento,

dados do ECO (data de realização, características ecocardiografias do

canal antes e depois do tratamento), tratamento (tipo de suporte,

medicações utilizadas e necessidade cirúrgica), presença de

comorbidades e evolução clínica (SDR, congestão pulmonar,

enterocolite, hemorragia peri-intraventricular (HPIV) , insuficiência

renal, sepse, displasia broncopulmonar e óbito).

Os dados foram compilados em planilha Excel® da Microsoft. As

análises estatísticas foram realizadas pelo Epi Info 6 versão 6.04d.

Para os estudos de comparação entre estratos, utilizou-se o teste

de qui-quadrado (x2), calculando-se o Odds ratio (OR) com

intervalos de confiança (IC) de 95%. Foi considerado o nível de

significância de 5% (p≤0,05). Quando necessários, utilizaram-se o

x2 corrigido de Yates e a probabilidade exata de Fisher para

comparação de grupos com pequenos tamanhos amostrais.

Referido estudo obedece a resolução 466/12 do Conselho Nacional

de Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do

HGF sob o número 091219;10.

4. RESULTADOS

No período do estudo foram notificados 111 neonatos com peso de

nascimento menor que 1500g. Destes pacientes, 44 foram excluídos:

19 apresentaram idade gestacional maior que 32 semanas, 14

evoluíram para óbito antes das 72 horas de vida, 4 estavam com

Page 23: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

dados incompletos, 4 foram portadores de múltiplas malformações, 2

pesaram mais que 1500g ao nascimento e 1 paciente foi transferido

por patologia cirúrgica.

As principais características dos 67 pacientes incluídos no estudo

estão apresentadas na Tabela 1. A idade materna foi recuperada em

99% dos RN (66/67), apresentando uma média de 26,9 ± 7,4 anos,

com mediana de 27 e moda de 23 anos. O uso de corticoterapia

antenatal foi documentado em 22/41 mulheres (54%). A adequação

nutricional dos RN ao nascer foi de 55% (37/67) PIG (pequeno pra

idade gestacional) e 52% (35/67) AIG (adequado para idade

gestacional). A ventilação por pressão positiva (VPP) após o parto foi

necessária em mais de 60% (n= 40) da amostra estudada. Apenas

uma criança, com idade gestacional maior de 30 semanas e peso entre

1000 -1500g não necessitou de ventilação assistida na UTI. A

modalidade ventilatória mais frequente foi a ventilação mecânica

intermitente (VMI) utilizada em 85% dos casos (n=57); 21% das

crianças (n= 14) foram submetidas ao CPAP (Contiunous Positive

Airway Pressure).

Page 24: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Tabela 1. Características da casuística (n= 67).

Variáveis n (%)

Sexo

Masculino 33 (46)

Feminino 34 (51)

Idade gestacional

Menores de 26 semanas 7 (11)

26 semanas e 1 dia a 28 semanas 16 (24)

28 semanas e 1 dia a 30 semanas 18 (26)

30 semanas e 1 dia a 32 semanas 26 (39)

Peso ao nascer

Menores de 750g 15

(22)

Entre 751g a 1000g 20

(30)

Entre 1001g a 1500g 32 (48)

Tipo de parto

Vaginal 24 (36)

Cesariano 43

(64)

Apgar < 7 em 5 minutos de vida 15

(22)

Necessidade de VPP 34 (51)

Uso de sufactante 50 (75)

Óbito 13 (19)

n: número; g: grama; VPP: ventilação por pressão

positiva após o parto.

O ECO foi realizado a beira do leito em 82% (55\67) da casuística, com

a maioria 64% (43\67) sendo realizado depois da 72 horas de vida,

conforme evidencia a figura 1.

Page 25: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura1. Idade de realização do primeiro Ecocardiograma

A prevalência de PCA foi de 42% (28/67), equivalente a 1:2,6 RN desta

amostra apresentando PCA. Essa prevalência foi maior ainda entre os

pacientes que realizaram o ECO, 49% (27\55), figura 2. Nos 12 casos

nos quais não foi realizado o ECO, a PCA foi diagnosticada

clinicamente em uma criança que apresentou sintoma antes de 72

horas de vida (sopro), sendo iniciado tratamento com restrição hídrica

e ibuprofeno (dois ciclos). No ECO do primeiro controle, o diagnostico

foi confirmado e o tamanho da PCA era de dois milímetros. O paciente

apresentou diversas comorbidades (SDR, congestão pulmonar, HPIV,

IRA, septicemia e DBP) tendo ocorrido fechamento tardio.

17,9%

64,2%

17,9%

Dias de vida do primeiro exame

<72h >72h Ausente

Page 26: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura 2. Frequencia de PCA diagnosticada pelo ECO

O sexo feminino correspondeu a 61% (17/28) dos casos, 71% dos RN

tinham peso inferior a 1000g (20/28) e 54% (15/28) apresentavam

idade gestacional menor ou igual, a 28 semanas. Os resultados

relevantes para pesquisa de PCA pelo ECO estão demonstrados na

Tabela 2, porem nenhuma das variáveis analisadas mostrou

significância estatística.

42,0%

40,0%

18,0%

PCA

Sim Não Ausente

Page 27: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Tabela 2. Características dos pacientes investigados para

presença de Persistência do Canal Arterial (PCA) no

ecocardiograma (n= 55).

Variáveis PCA + PCA - Total

p n (%) n (%) n (%)

Sexo

Masculino 11

(44)

14

(56)

25

(100) 0,49

Feminino 17

(53)

14

(47)

30

(100)

Idade gestacional

≤ 28 semana 15

(63)

9

(37)

24

(100) 0,08

> 28 semanas a 32

semanas

12

(39)

19

(61)

31

(100)

Peso ao nascer

Menor de 1000g 20

(57)

15

(43)

35

(100) 0,11

Entre 1001g a 1500g 7

(35)

13

(65)

20

(100)

Evolução

Óbito 9

(75)

4

(25)

13

(100) 0,09*

Alta hospitalar 18

(42)

24

(58)

42

(100)

n: número; g: grama; * Probabilidade exata de Fisher.

Page 28: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

A presença de sinais e sintomas nas crianças diagnosticadas com

PCA foi de 93% (25/27). A PCA foi diagnosticada em dois pacientes

assintomáticos em consequência a rotina de realização do ECO em

todos os RNPT menos que 32 semanas de idade gestacional ou com

peso ao nascer menores que 1250g, independente dos sintomas,

adotada pelo serviço de Neonatologia do HGF. A frequência destes

achados clínicos está representada na Figura 3.

Figura 3. Presença de sinais e sintomas nas crianças

diagnosticadas com PCA pelo ECO (n=27).

Os achados ecocardiográficos, associados a apresentação clinica, são

definidores do comportamento hemodinâmico do CA. No presente

serviço, os sinais adotados como relevantes são: tamanho do canal

igual ou maior que 1,5mm; presença de shunt E-D ou bidirecional

(sinal indireto de presença de hipertensão pulmonar); sinais de

hipofluxo sistêmico (visto no ECO como fluxo diastolico ausente ou

reverso na aorta) e sobrecarga cardíaca (caracterizada pela disfunção

miocárdica e\ou ventrículo esquerdo hiperdinâmico e\ou aumento do

AE em relação a AO). O principal achado descrito foi o shunt E-D, em

89% (25\28) dos pacientes, conforme representado na Figura 4.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sopro Taquicardia Pulsos amplos Précordiohiperdinâmico

(%)

Page 29: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura 4. Frequência dos achados do ecogardiograma nas crianças

com PCA diagnosticado pelo ECO (n=27).

Apenas nove pacientes tiveram tamanho do canal menor ou

igual a 1,5mm, os 18 restantes tiveram a medida do CA maior

que 1,5mm, com a maioria sendo maior que 2mm. (figura 5)

Outras cardiopatias foram investigadas para excluir as patologias

cardiacas complexas que contra indicassem fechamento do CA. Dois

pacientes foram excluídos do estudo por apresentarem cardiopatia

dependente de CA, associadas a outras malformações e dois

pacientes, representados da figura 4, apresentaram cardiopatia

simples, como comunicação interatrial pequena.

96,6%

7,1%

28,6%

89,3%

67,9%

28,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

CA>1,5 Cardiopatiaassociada

Sobrecargacardíaca

Shunt esqdiretio

Sinais dehipertensao

pulmonar

Sinais dehipofluxosistemico

Achados Ecocardiograficos

Page 30: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura 5. Tamanho do CA pelo ECO (n=27)

As formas de tratamento estao representadas na figura 6. A restrição

hídrica foi necessária em quase todos os pacientes com PCA 93%

(26\28), exceto em duas crianças que não apresentavam indicação

para tratamento. Nas 11 crianças submetidas ao tratamento

medicamentoso, oito receberam ibuprofeno e tres indometacina, sendo

que dentre os oito pacientes que receberam ibuprofeno, cinco fizeram

apenas 1 ciclo da medicação (em um deles, não houve modificação no

CA, no entanto o paciente não pode repetir o ciclo por apresentar

contra indicação) e os outros três, receberam dois ciclos de ibuprofeno.

Todos os pacientes tratados com Indometacina fizeram apenas 1 ciclo.

Após tratamento medicamentoso, oito fecharam o CA, em duas

criancas a patologia deixou de ser hemodinamicamente significativa, e

uma necessitou de ligadura cirúrgica do CA. A taxa de sucesso do

tratamento medicamentoso foi de 91% (10\11).

33,3%

29,6%

37,0%

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

<1,5mm 1,6 a 2,0mm >2,1mm

Tamanho do Canal

Page 31: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura 6. Formas de tratamento para PCA

Treze pacientes portadores de PCA apresentaram contra indicação ao

tratamento medicamentoso. Sete deles evoluíram com insuficiência

renal aguda (IRA), três com hemorragia perintraventricluar grau III ou

IV (HPIV), dois com IRA e sangramento ativo em sitio diferente do

sistema nervoso central, e um paciente apresentou plaquetopenia com

contagem de plaquetas inferior a 80.000 plaquetas (figura 7). Desses

pacientes, 6 tiveram o CA fechado por ligadura cirúrgica, um deles teve

o CA fechado apenas com restrição hídrica e o restante dos 6

pacientes foram a óbito antes de uma abordagem cirúrgica pois não

estavam em condições clinicas para procedimento cirúrgico.

Page 32: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Figura 7. Frequencia de contra indicaçoes ao tratamento medicamentoso.(n =13)

A cirurgia de ligadura do CA foi realizada em 7 pacientes da unidade

durante o período do estudo, e em um deles foi indicada cirurgia após

falha do tratamento medicamentoso. O paciente recebeu 1 ciclo de

ibuprofeno, porem evoluiu com IRA e sangramento ativo,

contraindicando a repetição do ciclo medicamentoso. Todos os 7

pacientes tinham peso de nascimento menor que 1000g e apenas um

tinha idade gestacional maior que 28 semanas. Em dois pacientes o

CA media menos que 1,5mm, os 6 restantes foram maior que 2 mm.

Todos os pacientes apresentaram fechamento do CA, sem

complicações no intra e pos operatório imediato. Um paciente que fez

cirurgia foi a óbito no pos operatório tardio com complicação infecciosa

pela prematuridade. Todas as cirurgias foram realizadas dentro da

Unidade Neonatal, pela mesma equipe composta por dois cirurgioes

cardíacos, um anestesista e um auxiliar.

Em quatro pacientes o CA fechou espontaneamente, apenas com

conduta expectante e tratamento de suporte. Três destes pacientes

61,5%15,4%

15,4%7,7%

Contra indicação

IRA HPIV grau III ou IV IRA + Sangramento PLAQUETOPENIA

Page 33: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

tinham idade gestacional maior que 28 semanas e um deles não

realizou tratamento medicamentoso pois apresentou plaquetopenia.

Em todos, o diâmetro do CA foi menor que 2mm. A taxa de

fechamento espontâneo foi 14% (4\28).

A frequência das comorbidades nos pacientes portadores de PCA

encontra-se apresentada na Figura 8, com destaque para SDR, sepse

e HPIV, que estavam presente em mais de 90% os pacientes. A

comorbidade menos encontrada nesses pacientes foi a enterocolite,

apenas 14%. Dentre os pacientes registrados com HPIV estão

incluídos os quatro graus desta patologia.

Figura 8. Frequência das comorbidades presentes na casuística

com PCA diagnosticado pelo ECO (n=27).

No total, foram registrados 19% (13\67) de óbitos no período do

estudo, com 69% (9\28) em crianças diagnosticadas com PCA (Tabela

3), sendo 3 obitos tardios por sepse, nos quais o CA já havia fechado,

e 6 óbitos antes do tratamento para encerramento do CA. Dentre os

96,4 96,4 92,9

75,0 71,4

50,0

14,3

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

SDR SEPSE HPIV Congestãopulmonar

IRA DBP Enterocolite

Comorbidades

Page 34: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

14 pacientes excluídos do estudo por óbito precoce e, portanto, sem

ECO, pelo menos 3 pacientes apresentavam sinais e sintomas para

PCA ; e a causa do óbito de todos eles foram a prematuridade extrema

e|ou hipóxia perinatal.

População Geral Populaçao com PCA

Óbito n % n (%) Óbito n % n (%)

Sim 13 19,4 13(19,4) Sim 9 32,1 9 (32,1)

Não 54 80,6 54(80,6) Não 19 67,9 17 (67,9)

Tabela 3. Frequencia de óbito na população geral e nos portadores de PCA

5. DISCUSSAO

A patência do canal arterial no recém-nascido prematuro tem sido

objeto de inúmeros estudos há cerca de 40 anos. Existe certa

variabilidade na literatura na freqüência do CA em prematuros

explicada pela desigualdade das populações estudadas, pelos

diferentes tipos de cuidados fornecidos aos recém-nascidos

prematuros nas instituições e, ainda, como conseqüência das várias

abordagens diagnósticas clínicas ou Dopplerecocardiográficas.

No presente estudo, a prevalência de PCA deveria ser maior que 42%

pois 12 crianças não foram submetidas ao ECO e, pelo menos, 3 delas

apresentavam sinais e sintomas sugestivos de PCA. Se a proporção de

1:2,6 fosse mantida, haveria um acréscimo aproximado de cinco

crianças portadoras de PCA. A taxa de realização do ecocardiograma

foi apenas de 82% da população pois, nesse ano em que o estudo foi

Page 35: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

realizado, houve mudança de rotina em relação a realização do

ecocardiograma no setor, que em Agosto de 2011 passou a fazer parte

dos exames de triagem de todos os prematuros com peso ao nascer

menor que 1250g, apos 72h de vida, independente dos sintomas. A falta

de significância estatística neste estudo pode ser atribuída a perda de

19% da amostra inicial (pacientes que não realizaram ECO).

Segundo dados do Ministerio da Saude (2010), 50 a 70% dos

prematuros menores que 30 semanas persitem com o canal arterial

patente. Em concordância com a literatura, o estudo que mostra uma

prevalência de 63% nos menores que 28 semanas de idade

gestacional ao nascer, e de 57% naqueles menores de 1000g ao

nascimento, além de uma frequência maior entre os RN do sexo

feminino. Um levantamento estatístico em 236 pacientes realizado na

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2011, mostrou uma

frequência de PCA de 58% nos RNPT menor que 1000g ao nascer, e

de 68% naqueles com idade gestacional menor que 30 semanas.

Alguma sintomatologia foi evidenciada em mais de 90% dos pacientes

portadores de PCA, sendo o principal sopro cardíaco. Os demais

sintomas da patologia foram pouco descritos nos prontuarios, o que

não exclui a presença deles.

A principal alteração visualizada no ecocardiogrma foi a presença do

shunt esquerdo direta através do canal. A mensuraçao do diâmetro foi

conseguida em todos os pacientes. Os achados ecocardigraficos

diretos e indiretos para classificação do canal em hemodinamicamente

significativo nem sempre foram conseguidos, por dificuldade técnica do

aparelho e pela pequena janela transtoracica para exame, ficando

Page 36: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

algumas vezes o tratamento a critério da repercussão clinica e do

tamanho do diämentro do canal.

O tratamento medicamentoso foi realizado com medicações diferentes

pela modificação do protocolo no serviço no corrente ano, porem não

comprometeu a sucesso terapêutico, que superou 90% dos pacientes

que receberam medicação, semelhante as taxas de sucesso

mostradas em outros estudos, que variou entre 80 a 90%, para ambas

medicações. Uma analise realizada na Cochrane, que envolveu 956

neonatos, de 19 ensaios clínicos controlados e randomizados, não

houve diferença nas taxas de falha do fechamento de PCA entre

neonatos tratados com indometacina e ibuprofeno (Ohlsson, 2010).

No entanto, a taxa de fechamento espontânea do CA foi de apenas

14% da população portadora de PCA, muito aquém da encontrada na

literatura para os menores de 28 semanas e com peso inferior a

1000g, que variou de 24 a 31% , podendo chegar a 67% nos maiores

que 1000g, antes da alta hospitalar (Afif, 2016).

A taxa de comorbidade dos pacientes com PCA foi superior a

encontrada outros estudos. Um levantamento realizado em uma

maternidade em Minas Gerais com 3034 prematuros com idade

gestacional ao nascer menor que 37 semanas, revelou uma taxa de

comorbidade inferior a encontrada no presente estudo, principalmente

em relação a insuficiência renal aguda (43% X 71%) e HPIV (31% X

93%). Talvez tal fato seja explicado pela diferença de idade

Page 37: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

gestacional da amostra. Além disso, no que se refere a HPIV, foi

documentada apenas aquelas superiores ao grau II, em quanto no

nosso estudo todas foram registradas, inclusive as HPIV grau I.

A mortalidade foi maior no prematuros portadores de PCA (32%) que

nos não portadores de PCA (19%), com p 0,09. Assim como em outros

estudos, a maior mortalidade ocorre nos prematuros extremos, sendo

difícil de concluir que a presença do canal arterial patente e

isoladamente fator de risco para mortalidade ou se apenas contribui

para um pior desfecho nessa população de prematuros, graves pela

prematuridade extrema por si.

6. CONCLUSÃO

A prevalência da persistência do canal arterial no prematuros menores

que 32 semanas de idade gestacional e com peso de nascimento

menor que 1500g foi de 42% da população estudada, compatível com

os achados da literatura mundial.

O ecocardiograma a beira do leito foi realizado em 82% dos pacientes

da casuística e dos pacientes portadores de PCA, 93% apresentaram

alguma sintomatologia. Apenas 1 paciente sintomático não realizou o

ecocardiograma e dois pacientes assintomáticos foram portadores de

PCA ao exame ecocardigrafico de rotina, mostrando a importância da

rotina de realização do exame em prematuros de rotina.

Page 38: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

O tratamento de suporte foi realizado em 93% dos pacientes. O

tratamento medicamentoso foi realizado nos pacientes diagnosticados

com PCA hemodinamicamente significativo e que não apresentavam

contraindicação a medicacao, sendo a taxa de sucesso terapêutico de

91%, superior ao descrito na literatura. O sucesso da ligadura cirúrgica

do canal arterial foi de 100%, sem qualquer intercorrência no pos

operatório imediato.

Até o momento, o tratamento do canal arterial com repercussão

hemodinâmica parece ser a melhor proposta para o fechamento da

PCA. Para isso, o reconhecimento dos sinais clínicos em

associação com sinais ecocardiográficos, padrão-ouro no

diagnóstico, são fundamentais na tomada de decisão.

A frequência das comorbidades dos pacientes portadores de PCA

variou bastante. As mais prevalentes foram SDR, sepse e HPIV,

superiores as observadas na literatura, pois muitos estudos englobam

pacientes prematuros tardios, nos quais essas complicações são

menos evidenciadas. O índice de enterocolite necrotizante foi de 14%

da amostra, bem inferior ao descrito na maioria dos estudos.

A mortalidade foi maior nos portadores de PCA, porem a diferença não

apresentou significância estatística. Em toda a população estudada, o

óbito foi mais prevalente nos prematuros extremos e nos que sofreram

hipoxemia perinatal.

Page 39: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

BIBLIOGRAFIA

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.

Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à

saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde /

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de

Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde,

2011.

O recem nascido de muito baixo peso \ coordenadores: Claudio Ribeiro

Aguiar, Helenilce de Paula Fiod Costa, Ligia Maria Suppo de Souza

Rugolo, Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck, Maria Tereza Zullini da

Costa, Paulo Roberto Pachi e Sergio Tadeu Martins Marba. 2ª ed.

Revista e ampliada. São Paulo: Editora Ateneu, 2010.

Neonatologia. Flavio Adolfo Costa Vaz, Edna Maria de Albuquerque

Diniz, Maria Esther Jurfest Rivero Ceccon, Vera Lucia Lornada Krebs –

Barueri, SP: Manole, 2011 – (coleção pediatria. Instituto da Crianca HC

– FMUSP\editores Benita G. Soares Schvartsman, Paulo Taufi Maluf Jr.)

Canal arterial patente em prematuros: perfil de apresentação e eficácia

das terapêuticas clínica e cirúrgica.\ Carolina Andrade Braganca. Belo

horizonte, 2011. Orientadora: Cleonice de Carvalho Coelho Mota. Área

de concentração: Saúde da criança e do adolescente. Dissertação

(mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de

Medicina.

Page 40: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Miyague NI. Persistência do canal arterial em recém-nascidos

prematuros. J Pediatr (Rio J). 2005;81:429-30.

Curty, Cileida; Castilho, Maura. Utilização do ecocardiograma no

diagnóstico de persistência de canal arterial na Maternidade Escola da

UFRJ. Residência Pediátrica 2011;1(2):15-8.

Yang EM, Song ES, Choi YY. Comparison of oral ibuprofen and

intravenous indomethacin for the treatment of patent ductus

arteriosus in extremely low birth weight infants. J Pediatr (Rio J).

2013;89:33-39.

Características clinicas e ecocardiográficas Rn comPN <1500g- 2013

PRORN. 2013;10(4):119-146.

Patent ductus arteriousus in preterm infantis: do we have the right

answers?

Margotto, Paulo Roberto. Assistencia ao recem nascido de risco\ Paulo

Margotto, - Brasilia, 2013.

Ohlsson A, Walia R, Shah SS. Ibuprofen for the treatment of patent

ductus arteriosus in preterm and/or low birth weight infants. Cochrane

Database Syst Rev. 2010;(4):CD003481.

Page 41: ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ …extranet.hgf.ce.gov.br/jspui/bitstream/123456789/...prematuridade, asfixia, síndromes genéticas, anomalias cardíacas congênitas

Simoes, B.M; Mendes P.; Castro, M.J. Persistencia do Canal Arteial –

uma nova abordagem de um velho fármaco. Serviço de Medicina

Intensiva Neonatal e Pediátrica, Centro Hospitalar do Algarve, Hospital

de Faro, Faro. Acta Padiatrica Portuguesa, 2015;46:239-43.

Afif EL-k., Dany E. W., Patrick J. McN. Reflections of the changes in

patent ductus arteriosus management during the last 10 years. Arch Dis

Child Fetal Neonatal Ed 2016;101: F474–F478.

Ronald I. Clyman, MD; Semin Perinatol . 2012 April ; 36(2): 123–129.

doi:10.1053/j.semperi.2011.09.022.