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Ano XXIV Nº 295 março de 2014 A quela figura humana meio atarracada, mas sempre a sorrir pelos lábios e pelos olhos, que conheci na roda paulista da inteligência e chopp no Bar da Brahma, e que reunia Edgard Cavalheiro, Fernando Góis, Ricardo Ramos, Antonio Rangel Bandeira, entre outros, impressionou-me pela humildade e pela capacidade que tinha em só intervir na conversa, no momento certo e com uma pertinência impar no uso dos argumentos. Era o Jorge Medauar, nascido em Itabuna, mas adotado por São Paulo, e que, tinha o orgulho em ser amigo fraterno de Jorge Amado, e de merecer sua irrestrita inclusão no grupo de escritores de que se aproximasse, quer na Paulicéia, quer no Rio, quer na Bahia. Escrevia como falava: com espontaneidade de pensamento, correção gramatical e senso crítico nas apreciações temáticas, sempre a despertar a admiração e o aplauso de leitores e interlocutores. Morava eu então na longínqua e precária cidade interiorana de Tupã, onde criara e presidia o Centro Cultural “Mário de Andrade”, que se afamou na Alta Paulista por hospedar escritores e artistas da Capital, que lá iam pronunciar conferências, abrir exposições de pintura ou executar inesquecíveis saraus musicais, no auditório sempre lotado do Tênis Club local. Até a nossa lindíssima Lygia Fagundes Telles por lá andou, a meu convite, nos anos cinquentas, fazendo um sucesso danado (à falta de hotéis decentes, internei-a no melhor apartamento do Hospital São Francisco, onde dormiu segura e confortavelmente por uma noite!). LEMBRANDO JORGE MEDAUAR Paulo Nathanael Pereira de Souza Quando, por força de minha carreira como educador, vim para São Paulo, estreitei os meus vínculos de amizade com os referidos chopeiros, em especial, com o Medauar, de quem já havia lido: “Água Preta”, uma pequena obra prima contendo gente e paisagem de sua infância itabunense, e os livros de versos, onde o poeta expunha a alma de sonhador, amante e revolucionário, como é de esperar-se dos poetas verdadeiros dotados de talento expressional e missão lírica inescapável. Havia noitadas na casa do Brooklin, aquele sobrado acolhedor, onde a Odete, s ua mulher, exercia um outro tipo de talento: alegria em receber os amigos de Jorge e em cativá-los com sua refinada culinária árabe. Eram madrugadas sem fim, que reuniam intelectuais e outros nem tanto (políticos, gente de governo e empresários), para falar de assuntos sérios e de fofocas do dia a dia. Assumi, certa ve z, a presidência do CENAFOR, uma fundação internacional, vinculada à OIT de Genebra, e levei comigo o Jorge, como chefe de imprensa e companheiro de almoços, papos e viagens. Lá convivemos por três ou quatros anos, até que um presidente da República, entre algumas bobagens que fez durante seu mandato, resolveu extinguir a Fundação (grande prejuízo para a educação dos trabalhadores) a título de fazer economia, e durante algum tempo, perdi contato com Jorge. Nesse ínterim, tive que viajar para Salamanca, e levei no bolso um poema seu de despedida, onde a graça dos versos e o carinho do amigo se revelavam em toda a sua força comunicativa. Quando voltei, um mês depois, soube de sua morte – de há muito, que sofria de problemas cardiorrespiratório – e pude imaginá-lo, como sempre, com seu sorriso terno e triste e seus olhos luminosos e ricos da sabedoria infusa, que foi sua, e também de seu xará e nosso amigo comum, o Jorge Amado. Estas reminiscências me assaltaram, com a leitura que fiz da matéria sobre o Medauar, de autoria de um xará meu (Nathaniel Braia), que infelizmente não conheço, e publicada no jornal “Linguagem Viva”, do mês de janeiro de 2014. Paulo Nathanael Pereira de Souza é membro da Academia Paulista de Letras - cadeira 12 - e Presidente da Academia Cristã de Letras. di vulg aç ão Jorge Medauar

Espelhos partidostanto (políticos, gente de governo e empresários), para falar de assuntos sérios e de fofocas do dia a dia. Assumi, certa vez, a presidência do CENAFOR, uma fundação

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Page 1: Espelhos partidostanto (políticos, gente de governo e empresários), para falar de assuntos sérios e de fofocas do dia a dia. Assumi, certa vez, a presidência do CENAFOR, uma fundação

Ano XXIV Nº 295 março de 2014

Aquela figura humanameio atarracada, massempre a sorrir pelos

lábios e pelos olhos, que conhecina roda paulista da inteligência echopp no Bar da Brahma, e quereunia Edgard Cavalhe iro ,Fernando Góis, Ricardo Ramos,Antonio Rangel Bandeira, entreoutros, impressionou-me pelahum ildade e pela capacidadeque tinha em só in tervi r naconvers a, no momento certo ecom uma pertinência impar nouso dos argumentos. Era o JorgeMedauar, nascido em Itabuna,mas adotado por São Paulo, eque, tinha o orgulho em ser am igofraterno de Jorge Amado, e demerecer sua irrestrita inclusão nogrupo de escritores de que seaproximasse, quer na Paulicéia,quer no Rio, quer na Bahia.Escrevia com o fa lava: comespontaneidade de pensamento,correção gramatical e s ensocr ítico nas apreciaçõestemáticas, sempre a despertar aadmiração e o aplauso de leitorese interlocutores. Morava eu entãona longínqua e precária cidadeinteriorana de Tupã, onde criarae pres id ia o Centro Cultura l“Már io de Andrade ” , que s eafam ou na Alta Paul is ta porhospedar escritores e artistas daCapital, que lá iam pronunciarconferências, abrir exposições depintura ou executar inesquecíveissaraus musicais , no auditó riosempre lo tado do Tênis Clublocal. Até a nossa lindíss ima LygiaFagundes Telles por lá andou, am eu convi te , nos anoscinquentas, fazendo um sucessodanado (à fa l ta de hoté i sdecentes, internei-a no melhorapartamento do Hos pita l SãoFrancisco, onde dormiu segura econfortavelmente por uma noite!).

LEMBRANDO JORGE MEDAUARPaulo Nathanael Pereira de Souza

Quando, por força de minhacarreira como educador, vim paraSão Paulo, estrei tei os meusvínculos de am izade com osreferidos chopeiros, em especial,com o Medauar, de quem já havialido: “Água Preta”, uma pequenaobra prima contendo gente epais agem de s ua infânciaitabunense, e os livros de versos,onde o poeta expunha a alma des onhador, am ante e

revolucioná r io, com o é deesperar-s e dos poetasverdadeiros dotados de talentoexpress ional e missão l ír icainescapável. Havia noitadas nacasa do Brooklin, aquele sobradoacolhedor, onde a Odete, s uamulher, exercia um outro tipo detalento: alegria em receber osamigos de Jorge e em cativá-loscom sua refinada culinária árabe.Eram madrugadas sem fim, que

reuniam intelectuais e outros nemtanto (políticos, gente de governoe empresá rios ), para fa lar deassuntos sérios e de fofocas dodia a dia.

Ass um i, certa vez, apresidência do CENAFOR, umafundação internacional, vinculadaà OIT de Genebra, e levei comigoo Jorge, como chefe de imprensae com panhei ro de almoços ,papos e viagens. Lá convivemospor três ou quatros anos, até queum pres idente da Repúbl ica,entre algumas bobagens que fezdurante seu mandato, resolveuextingui r a Fundação (grandepre juízo para a educação dostrabalhadores) a título de fazereconomia, e durante a lgumtempo, perdi contato com Jorge.Nesse ínterim , tive que viajar paraSalamanca, e levei no bolso umpoema seu de despedida, ondea graça dos versos e o carinho doamigo se revelavam em toda asua força comunicativa. Quandovoltei, um mês depois, soube desua morte – de há muito, ques ofria de problem ascard iorrespi ra tó r io – e pudeimaginá-lo, como sempre, comseu sorriso terno e triste e seusolhos luminosos e ricos dasabedoria infusa, que foi sua, etam bém de seu xará e nossoamigo comum, o Jorge Amado.

Es tas reminiscências meassaltaram, com a leitura que fizda matéria sobre o Medauar, deautoria de um xará meu (NathanielBra ia), que infel izm ente nãoconheço, e publicada no jornal“Linguagem Viva”, do mês dejaneiro de 2014.

Paulo Nathanael Pereira deSouza é membro da AcademiaPaulista de Letras - cadeira 12 -

e Presidente da AcademiaCristã de Letras.

di vulgação

Jorge Medauar

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Página 2 - março de 2014

Rodolfo Konder

Rodolfo Konder é escritor,jornalista, diretor da AssociaçãoBrasileira de Imprensa em SãoPaulo e membro do Conselho

Municipal de Educação.

O lhas pela f resta daquelestempos de morcegos ecarambolas. Joaquim, o

“Quim” , cult ivava um quis tosupurado na bochecha, porqueconseguia expelir, pela ferida aberta,a fumaça do cigarro f ilado. Tornara-se uma atração, na ensolaradaNascimento Silva; por isso, a partirde um momento de ganância,passou a cobrar “c incão” , pelademonstração daquela estranhahabilidade. O “Gordo”, na Praça daPaz, era mais modesto: cobrava “trêspaus” para vomitar, a qualquer horado dia ou da noite.

Nos dias de chuva, a água corriajunto ao meio- f io, car regandoestremunhados barcos de papel, quelogo desaparec iam na bocaescancarada das gárgulas. A chuvacessava, os meninos ressurgiam,aos poucos, atraídos por um assoviocomum.

A fres ta se abre para agenerosa casa do Paulo “Gordo”,com suas irmãs louras e cobiçadas,a mesa f ar ta dos domingos, asárvores cobertas de carambolas, nof undo do quintal. Na por ta deentrada, junto à calçada, Ivan eVivaldo se atracaram, um dia, peloamor da mais velha das irmãs.

“Zé Palito” morava com os paise a irmã na última casa de uma pobrevila próxima. O banheiro era comuma todas as casas. Ali, na volta dapraia, ele e a irmã se agarravam ese chupavam. Gabava-se disso,para o espanto – e por que nãoadmitir? – a inv eja da meninada.

Olhas cada dia com maisf reqüênc ia pela janela que sede­bruça sobre aqueles dias deareias imaculadas e paixõesdevastadoras. Cultivas o prazer demergulhar novamente nas águasgeladas do r io A zul, em Itatiaia;cavalgar pela es trada de ter ra;dançar à noite, na varanda, sentindoo calor e o perfume dela, a primeiranamorada.

Mais além, na r ede da casa dosteus avós , em Teresópolis , nosorvete de coco junto à estação dotrem, na água da Fonte dos Amores,redescobres a amizade do irmão,pró logo de tantos capí tulos. Umsapo, atingido pela surpreendentef lechada do arqueiro inábil, arrastou-se sob as plantas até a caverna docentro da praça, para morrer. Naes tação onde trocavam aslocomotivas, comia-se um pastel que

Espelhos partidosameaçava levitar. Teu avô viajavacom um inusitado avental – e todoso reverenciavam, como médico daestrada de ferro.

A praia t inha as cores dainfância. Ipanema, antes das bebidasem lata e do carro popular, lembravao paraíso antes do pecado. As ruasde terra, Sinhô e os capoeir istas, osbarbeiros com máquina manual, osgrotões do A rpoador, oSamarangue, onde Sérgio “Macaco”mergulhava como uma gaivota.

A casa do amigo Heitor Simõesde Oliveira, em Araras, foi cenáriode liberdade, da mesma forma queo sítio dos pais do José Monte, emPiquete. O grupo da Nasc imentoSilva – Paulo Saboya, RenatoCláudio Ribeiro, Luiz Fernando Pintoda Veiga, Carlos Roberto Estrella –jogava sinuca no bar do Zé. À noite,conversávamos com as meninas, naesquina da Monte Negro. E aossábados, sempre na casa de umadelas, t ínhamos um empolgante“arrasta-pé”. Mister Sandman era atua música com Luci.

Olhas pelas fendas abertas,que parecem se alas trar com opassar das semanas. Abrem-se osf lancos da memória, para queavance a tua inofensiva guarda.

Em Petrópolis, mult iplicou-se,certa época, a presença dos tios. Nacasa de Evandro e Musa comia-sebem, pr incipalmente nas festas .Brincavas com os primos, tomavasbanho de piscina no Alto da BoaV ista, jogavas baralho com osadultos. Teu pai procurava semprea ref lexão política, tia Mus a gostavade falar sobre literatura. Ambos seapagaram, como aquele sol a beirad ’água, que ainda aquece tuasreminiscências.

Es tá cada vez mais dif íc ilretornar de lá, das areias antigas edas presenças perdidas. A cadamergulho, a volta à tona parece maisárdua. Mas há um fasc ínio nes tavertigem. Logo es tarás para sempreaprisionado em alguma esquina deoutro tempo. Num bar ou nummuseu, na estrada que desce deSantiago para Viña del Mar, numatempestade de neve nas montanhasLaurencianas , num shoppi ng deToronto, nas vertentes de umpassado que empur ra para a morte.Então, serás todo passado.

Estimada editora,

Luz e Paz.

Gostei do editorial do Linguagem Viva n° 293,janeiro 2014, página 02 que fala do incentivo àleitura nos presidios para redução da pena.

Parabenizo o titular da Vara de ExecuçõesPenais da Comarca de Várzea Grande, por tersido o primeiro a ter coragem de enfrentar a buro-cracia e colocar a portaria para funcionar que nãoficou apenas no papel. Digo isso porque logo que o TJ-SP aprovou amesma ideia vinda do juiz assessor da Corregedoria Geral de Justiçaem São Paulo, eu entrei em contato com a direção da unidade, na qualestou cumprindo pena e obtive um não como resposta.

Na época eu estava no regime fechado da Penitenciária II deTremembé - SP, agora estou no regime semiaaberto, porém, sou presi-dente-fundador da ALACRE - ACADEMIA DE LETRA S, ARTES E CUL-TURA RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA e do projeto Paz e Luz que eraum grupo que estudava trovas e migrou para a ALACRE. Nós temos oapoio do diretor geral e a supervisão f ica a cargo de um funcionário,idealizador dos projetos, que também acredita na ressocialização pormeio da Cultura.

Mas, infelizmente, o apoio não é da maioria, pois são poucos osfuncionários que apoiam.

Nosso trabalho pode ser visto no site da SAP - SECRETARIA DAADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - w w w .sap.sp.org.br.

Inclusive foi através de um dos nossos trabalhos que tomei conhe-cimento do jornal Linguagem Viva, que foi distribuido junto com o jornalPlástico Bolha e outras revistas literárias.

Gostei também das matérias que você vêm publicando sobre aAldravia, que tomei conhecimento pelo jornal e agora sou membroefetivo da SOCIEDADE DOS POETAS ALDRAVIA NISTAS.

Estou enviando a capa do meu primeiro livro, escrito no cárcere,que é de trovas esportivas e fala das glórias do Corinthians satirizandoos adversários. Meu time! Está à venda no blog: w w w.w mota.zip.net.

O meu 2º livro é de poesias e está no prelo.Se você puder divulgá-lo no Linguagem Viva, f ico-lhe muito grato e

feliz.Aproveito a oportunidade para parabenizá-la pelos feitos em prol da

Literatura e da Cultura no geral.

São Paulo, 24 de fevereiro de 2014.

WMota - Valter Rodrigues Mota

Mensagem do Leitor

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Página 3 - março de 2014

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Eu o conhecia deencontros rápidos ,quando ele comparecia

a eventos na sede da UBE. Trocacarinhos a de palavras e um res peitoquase religioso de minha parte paracom aquela figura que era umalegenda nacional.

Um dia ele me aparece nas ecretaria da entidade e m epergunta se eu poderia apos entá-locomo escritor. Soubera que euandara cons eguindo isto para outroscom sucesso. Uns seguiam-se aosoutros .

Foi a primeira conversa longaque mantive com o poeta. Foi meuprimeiro contato direto com aquelacriatura humaníss im a. E foi, a partirde então, um nunca acabar e idas evindas, eu e ele, por repartições,corredores e filas do INSS.

Uma jovialidade, apesar dosseus quase oitenta anos, que euinvejava.

Certa vez, na fila enorm e, quenão andava nunca, na repartição doINSS, à Rua Martins Fontes, àespera de uma nova carteira detrabalho, aproximou-se de nós umfuncionário e mostrou-se poucocortês, examinando papéis: “ Osenhor não tem um cartório?” “Tenho.” “E para que quer s eaposentar como escritor?”

Menotti abriu o riso, um risom eio irônico: “ Meu filho, quem temdi re i to a es s e d inhei ro daaposentadoria, eu ou o governo?”“Bem ...” “ Bem ou mal, meu filho,

O POETA MENOTTI DEL PICCHIACaio Porfírio Carneiro

Caio Porfírio Carneiro é escritor emembro do Instituto Histórico e

Geográfico de São Paulo.

o dinheiro é meu. Por is to trate dedesembaraçar os meus papéis,porque vim buscar só o que mepertence.”

O rapaz saiu murcho e eu mevirei: “Menotti, o cartório não estácom o seu filho?” “Caio, vou lá darexplicações a es se rapaz. Odinheiro não é meu? Acabou.”

Nes sa mesma repartição, outraocasião, um calor dos diabos, genteque não acabava mais, alguémgritou: “ Paulo Menotti Del Picchia!”.

Aproximamo-nos .O funcionáriopediu que o seguíssemos. Abriuuma porta: “ O chefe quer falar como s enhor.”

Entramos na sala. Veio lá detrás de uma cartei ra larga umhomem robusto e curioso: “Mas osenhor é mesmo o poeta Menotti?”“Sou”.

O homem afligia-se: “Venha,venha, doutor Menotti. Sente-seaqui. Não precisava o senhor ficarna fila”.

Chamou alguém, quase aosberros . Aproxim ou-se um a m oça ee le ordenou que tudo foss edesembaraçado imediatamente.Insis tia, áspero:“Logo, ouviu? Logo.“

E voltava a lamentar: “Mas osenhor na fila... no meio dessamultidão...”

E Menotti: “E onde eu deveriaficar?”

O chefe curvou-se sobre amesa, olhou os outros funcionáriosque trabalhavam, s ussurrou: “Posso d izer uma coisa para osenhor?”

Menotti a té s e es pantou:“Claro.”

E o homem, voz trêm ula,declamou baixinho um trecho doJuca Mulato, poem a de Menotti, queouviu calado e risonho, os olhosbul içosos por trás dos óculostraduzindo um a incontida em oção.

E assim acontecia. Quandoninguém o identificava, esperava ees perava beneditinamente nas filas.Quando era descoberto por algumfuncioná r io do INSS, o queacontecia frequentemente, tudocorria fácil, vinha até cafezinho. EMenotti não se alterava, aceitavatudo com a maior paciência ebonomia. Mas eu aprendi a lição.Era entrar num a fi la , eu m eaproxim ava do balcão: “Quero falarcom o chefe da seção. É muitoim portante.”

Ele vinha ou me chamava e eume valia da arma poderosa: “Estáa í o poeta Menotti Del Picchia. Seráque podia ...”

A resposta vinha logo: “Masclaro. Cadê ele?”

O poeta não se valia do seucartaz. Valia-m e eu do cartaz dele.

No dia em que recebeu odocumento final de aposentado,pegou-me no braço e falou-me aoouvido: “Vou lhe gratificar bem.”

Falei que não precisava, eratrabalho da UBE. Eu receberia,quando muito, uma garrafa deuísque. Mas Menotti, para minhas urpres a, m os trava-s e beminformado: “O Judas Isgorogota lhedeu uísque, não foi? Maria JoséDupré vai lhe dar um presente.

A certa altura, a es critora MariaJosé Dupré juntou-se ao Menotti eeu aposentei os dois.

E uma tarde e le entrou nasecretaria da UBE e me entregouum envelope: “Tom e. Abra depois.”

Conversou um a eternidade. Eeu louco para abrir o envelope.

Foi ele sair e eu rasgá-lo. Láestavam uma carta carinhosa,pouco m ais que um bilhete, com aspalavras m ais doces e am igas quejá recebi na vida, e um cheque devalor tão inesperado que arregaleios olhos e ca í na cadeira, s urpres o.

Foi a única vez que recebidinheiro por esse meu trabalho.

Esse belo poeta, figura dedestaque entre os organizadores daSem ana de Arte Moderna de 1922,e essa grande criatura humana,deixou-nos em 1988, aos noventa eseis anos de idade.

di vulgação

Menotti Del Picchia

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Página 4 - março de 2014

A arca carrega os frutosDo sofrimento em tezA corrente trancafiaA vida se faz em fiaDesvia

Mar solto em ondas embrulhamEmbalam teu corpo desvioA chuva a fechadura enferrujaA arca um dia se abriu

Se Deus que tudo observaUm dia a vida me deuNa criação embutidaUm dia a arca se abriu

sonhocom um poentebatendo palmasem meu portão emmeu aniversáriosonho

com um parente

nas trovas esparramadasnas agendas telefônicasnos bilhetes apressados:a tua caligrafia

na memória das gavetasnas revistas por abrirno lugar vazio à mesa:imaterial presença

no casaco com teu cheirono chocolate abocanhadono shampoo pela metade:vestígios do que foi vidairremediável ausência

Vestígios

Dalila Teles Veras

“Mas de tudo fica um pouco” CarlosDrummond de Andrade

Dalila Teles Veras é escritora,poeta, cronista, animadora cultu-ral, editora e diretora-proprietáriada Alpharrabio Liv raria Espaço-Cultura, em Santo André (SP).

A ARCAMaria de Lourdes Alba

Maria de Lourdes Alba é escritora,poeta, jornalista, formada emjornalismo e Pós-graduada em

Comunicação Jornalística.Tem poemas traduzidos para o

espanhol e italiano.

SONHOSEunice Arruda

Todo dia, bem cedinhoQuando a cidade acorda,Lá vão os dois velhinhos...

Pisando de mansinho,Com seus passos miudinhos...

O velho e a velhinha dele.Segura o bracinho dela

Como cavalheiro à moda antiga,Seguem juntos o caminho

Com passinhos miudinhos,Pisando de mansinho o velho e a velhinha dele

Conversam; como conversam!O velho e a velhinha dele

Retomam seus assuntinhosDe antevéspera,

De trás anteontem,Como se novo assunto fosse!

O velhinho e a velhinhaSeguem juntos o caminho...Estico o meu ouvido curioso,Querendo ouvir do que falam

A velhinha e o velhinho;Só consigo ouvir pouquinho

Do eterno assuntinho...

DESTINO DE TODOS NÓS.

CENA MATINALHilda Mendonça

Hilda Mendonça é folclorista,contista, cronista, professora, poeta,membro do conselho do jornal Folha da Manhã, da Academia de Letras

de Taguatinga e da Associação Nacional de Escritores.

Eunice Arruda é escritora, poeta epós-graduada em Comunicação e

Semiótica pela PUC-SP.

Sepulto escombros,queimo com lenha seca

agonias e desdéns.Acordo em prisma

de sonhos & segredos.

IRONIAAlice Spíndola

Alice Spíndola é poeta, contista,tradutora, artista plástica egraduada em Letras Anglo-

Germânicas pela Univ ersidadeCatólica de Goiás.

AldraviasDébora Novaes de Castro

Zero HoraRosani Abou Adal

Sem sonhos sem sonoescuto o silêncio da noiteZero horaHoje é outro diaOntem se foi num segundoParece que as horaspassaram em vãonum piscar de olhosOs minutos voamÉ de manhã o sol despertaNão consigo dormirnem alcançar os sonhos

Rosani Abou Adal é escritora,poeta, jornalista e v ice-presidente

do Sindicato dos Escritores noEstado de São Paulo.

Tem poemas traduzidos para ofrancês, italiano e inglês.

Débora Nov aes de Castro é membroda Acade mia Cristã de Le tras, daAcademia Paulista Ev angélica de

Letras e Mestre em Comunicação eSemiótica: Intersemiose na

Literatura e nas Artes - Dissertação:O HAICAI NO BRASIL: Comunicação

& Cultura, pela Puc.

1sonhosvalesrisonhosmaresazuisfesta!

2amoresromãssonhosd’antanhoouromar!

In O LIVRO II DA S ALDRAVIAS,2013,Aldrava Letras e Artes,Mariana,MG.

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Página 5 - março de 2014

Indicador Profissional

Andei a procurar antigoscadernos de anotações,após enérgico estímulo

do incomparável Fernando Jorge. Oinvejado biógraf o ref eriu-se aotrabalho de Gabriel Kw ak: “Daspáginas do diário de bordo de FábioLucas” (cf . Linguagem Viva, S. Paulo,nº 269, set. 2013, p.6) E passou-mea segunda edição, “ rev is ta eampliada” da obra Vida, ob ra eépoca de Paulo Setúbal – um homemde alma ardente.

Discutem-se os embargosantepostos pelos biografados àsinformações consideradas por estesindev idas ou of ens ivas à boaimagem que desejam preservar. Emsíntese, desejam os biografados tão-somente tex tos apologét icos ,silenciando-se a voz crítica.

Registro, nesta breve notícia,que Fernando Jorge sempre foi uminterlocutor independente. A talponto que se tornou um dos rarosconf identes de Carlos Drummond deAndrade, autor rudemente reservadoacerca da vida pessoal. Drummondnão só se abriu à curiosidade deFernando Jorge, c omo permitiu queeste anotasse em pequeno cadernoos conteúdos das conversas. É oque se lê na obra Drummond e oElefante Geraldão (S. Paulo, NovoSéculo, 2012).

No caso da biografia de PauloSetúbal, após este desc reverpormenorizadamente as açõesherét icas dos holandeses ,apontadas pelo historiador comofator de união dos por tugueses,índios e negros contra elas , trêsgrupos mov idos pela f é, passa acontradizer a interpretação

Graciliano Ramos e Clarice Lispector em Fortaleza, ano 2003Fábio Lucas espiritualista do biografado. Conclui

dizendo: “ ...é mis ter salientar: uminteresse mais alto que o interessereligioso es timulou essa revolta.Trata-se do interesse mercantil,econômico.” (ob. cit., p. 205)

Passemos ao largo das obrasde Fernando Jorge. Interessa-meaqui o reencontro comigo mesmo.Transc revo a for tuna de minhapassagem por Fortaleza no períodode 15 a 18 de outubro de 2003. Hádez anos, portanto. Part ic ipei doseminário “Diálogos do Silêncio –Clar ice Lispec tor e Grac ilianoRamos ” . ( II Seminár ioInteruniversitário).

Guarda o caderno, em primeirolugar, a tentativa de visão global daobra e da ação polí tica de GracilianoRamos . Depois, depoimentoslançados no calor das emoções.Reitero a admiração pelas pessoase circunstâncias. E deixo claro o duromomento que eu atravessava. Volteia ser otimista e a conf iar nas pessoasque merecem o meu afeto. O Brasilcontinua em construção, é o retratodo que fomos e do que podemosmodelar com a contribuição de cadaum de nós.

Graciliano Ramos, em suma

Resta-nos rebuscar amodelagem contex tual quecercou G. Ramos.

Da leitura dos textosautobiográf icos, Infânc ia eMemórias do Cárcere tiramos osequestro da palavra ao meninoe ao adulto. Sobre o pr imeiroimperou a cena f amiliar,patriarcal e fundiária. Contra osegundo operou a segregaçãoe a censura. Ambas as situaçõesmutiladoras visavam ao silêncioda vítima.

A interdição da palavra vemda nossa herança escravagista.A o cativo, tornado objeto,cumpria castrar o uso tanto docorpo quanto do espírito.

Já a censura é a armatradicional das ditaduras, atrás dasquais lateja o interesse econômico.

G. Ramos muitas vezes refere-se à sua incapacidade de diálogo ede exposição oral. Refugiou-se naescrita para traduzir o mundo interior.

A personagem Fabiano éemblemática: tem monólogos soltos,às vezes de revolta e de protesto.Mas na hora de manifestar-se ou deagir, recuava como no caso dosoldado amarelo: após ser insultado,agredido e preso, quando se lheof erece a ocas ião de cor tar acabeça do agressor, retrai-se:“governo é governo”, monologa.Mas, na sua irresolução, dá suporteà ética da dominação.

Ao prestigiar a “lei”, “o governo”,remonta à cultura gramaticalizada,de codif icação rígida.

Infância e Memórias do Cárcererelatam o suporte de uma culturabaseada no predomínio dapropr iedade. Representam

literariamente o memor ialismoar tís tico, homó logo, na suaconfiguração, ao formato institucionalque textualiza o capitalismo. NaqueleNordeste, de riqueza basicamentef undiária, os agentes soc iaisguardavam estreito enquadramento,de f luida mobilidade no espaço, masde deslocamento v iscoso, na escalasoc ial. Alta gramaticalidade, baixatextualidade.

A obra de f icção de G. Ramosnão deixa de duplicar o modelocultural, pois, no fundo, recodif ica osfornecimentos culturais. Todavia, nohibridismo estilístico, consegue impora dicção original do autor, o seuidioleto, de elevado apuro formal eenorme poder de comunicação.

Fábio Lucas é crítico literário emembro da Academia Paulista

de Letras e da AcademiaMineira de Letras.

di vulgação

di vulgação

Graciliano Ramos

Clarice Lispector

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Página 6 - março de 2014

A JUSTIÇA DOS HOMENS

“Porque eu vos digo que, se avossa justiça não exceder a dosesc ribas e a dos fariseus , nãoentrareis no reino dos céus ”(Mateus, cap. 5, v.20).

O que é a justiça, a justiça dosdoutores da lei e dos fariseus, ajus tiça f ormal? Os romanos nosensinaram que a justiça é a vontadeconstante e perpétua de dar a cadaum o que é seu. O que levou AnatoleFrance a zombar : aos pobres, apobreza, aos ricos, a riqueza.

O assunto ainda se ar rasta ecertamente se arrastará até o f im dostempos. A justiça divina não precisade jur isprudênc ia. É eterna eimutável. A justiça humana é fugaz,mutável, sujeita à cabeça e aocoração de cada homem, à culturade cada época, não raro, sujeita aohumor de cada julgador e aosrelâmpagos da jurisprudência.

Não tem sido fácil encontrar ocaminho que permita ao homemf estejar a sabedor ia romana ecurvar-se à advertência manifestadapelo Mess ias. Aqui e acolá o serhumano se desencanta e seangustia com a justiça dos homensa ponto de “ envergonhar-se de serhones to” , como conf essou RuiBarbosa na tribuna do senado.

Nos átr ios da f icção,encontramos dramát icos papéisvividos por personagens perdidosnas malhas de um processo embusca de jus tiça. A vida retrata aficção ou a f icção retrata a v ida?Anatole France e Frans Kafka, entreoutros , exploraram exitosamenteesse terreno ubér rimo onde serealiza a administração das leis pelasautoridades judiciárias. O primeiro,notável esc ritor f rancês, grandecontes tador de sua época,certamente incomodou o “sistema”com a f ina ironia destilada em suaf icção.

Vejam o que encontrei no seuconto “ A justiça dos homens”, queaproveitei como título destas linhas.

Jérôme Crainquebille, pobrevendedor ambulante, descia a RueMontmar tre a empur rar o seucarrinho e a apregoar: “couve, nabo,cenoura!” quando Mme Bayard,comerc iante, saiu da sua loja,acercou-se da car roc inha e,apanhando desdenhosamente ummolho de poró, disse:

Raymundo Farias de Oliveira - Não estão com boa cara osseus alhos. Quanto o molho?

- Quinze sous , f reguesa.Melhores não há.

- Quinze sous , três talinhosmurchos?

E atirou o molho na carriola comum gesto de enfado.

Foi então que o agente 64apareceu e disse a Crainquebille:Andando!

Crainquebille, nos ú lt imoscinquenta anos, andava da manhãà noite. A ordem pareceu-lhe legítimae em conformidade com a naturezadas coisas. Plenamente disposto aobedecer, ele instou a freguesa aservir-se do que lhe conviesse.

- Preciso escolher a mercadoria– respondeu azedamente asapateira.

E apalpou de novo todos osmolhos de poró, depois apanhou oque lhe pareceu melhor e o apertoucontra o seio como os santos, naspinturas das igrejas, cingem ao peitoa palma triunfal.

-Vou dar-lhe quatorze sous. Émais do que vale. Vou buscá-los naloja, pois não os tenho comigo. E,sempre abraçada ao seu molho,entrou na sapatar ia, onde umacompradora, car regando umacriança, a tinha precedido.

Nesse momento, o agente 64disse a Crainquebille pela segundavez:

- Andando!-Estou esperando o meu

dinheiro – respondeu Crainquebille.- Não es tou lhe mandando

esperar o seu dinheiro: estou-lhemandando andar – retrucou oagente com f irmeza.

A partir daí, as coisas foram-secomplicando no conto de Anatole ; af reguesa entretida em sua lojaatendendo sua freguesa e o pobreverdureiro acuado na rua pelosoldado cioso do seu dever. Houve,como é natural nessas ocasiões, oinfalível ajuntamento de cur iososávidos pelo desf echo do caso e otrânsito f icou congestionado. Adiscussão chegou a tal ponto que oagente 64 sentiu-se desacatado eCrainquebille foi detido, processadoe condenado por ter repetido aexpressão usada pelo guarda: morteaos bigorrilhas!

Ao libertar-se da prisão, apóscumprir a pena, o velho verdureiroencontrou dif iculdades parareconstruir sua vida em liberdade.

Onde es tá a car roc inha? Afreguesia já não lhe dispensavaa mesma cons ideração.Começou a beber.

Expulso de sua água-fur tada, dormia numa cocheira,debaixo das carroças. Chuvastorrenciais chegaram e a cocheirafoi inundada. Invejou a sorte dosencarcerados, que não padecemde frio nem fome, e ocorreu-lheuma ideia: “ Se já conheço otruque, porque não servir-me dele?”

E na madrugada f ria,penumbrosa e deser ta, saiu acaminhar até que encontrou umguardião da lei postado na calçada,nos fundos da igreja, sob um bicode gás. Chegou-se a ele e disse:

- Morte aos bigorrilhas!Houve um longo s ilêncio,

durante o qual caía a garoa f ina eruça e reinava a treva glacial. Porf im o guarda falou:

- Isso não se diz... Com toda acerteza, isso não se diz. Na suaidade, dev ia ter mais juízo... Váseguindo o s eu caminho.

- Por que não me prende? –perguntou Crainquebille.

O policial sacudiu a cabeça sobo seu capuz molhado.

- Se a gente f osse prendertodos os beberrões que dizem o quenão deve ser dito, seria um nuncaacabar!... E de que serviria?

Crainquebille, ar rasado poraquele magnânimo desdém –prossegue o contista – quedou porlongo tempo, estupefato e mudo, ospés mergulhados na sarjeta. Antesde partir, tentou explicar-se:

- Não foi para o senhor que eudisse “Morte aos bigorrilhas!” Não foipara esse ou para aquele que eudisse. Foi por causa de uma ideia.

O guarda replicou comsuavidade austera:

- Quer seja por uma ideia ou porqualquer outra coisa, não devia terdito, pois que quando um homemcumpre o seu dever e suporta umapá de contratempos, não se deveinsultá-lo com palavras fúteis... Eu lhereitero que siga o seu caminho.

Crainquebille, cabisbaixo, osbraços pendidos, perdeu-se na noitesob a chuva.

Por aí se constata – não sei sea literatura de f icção imitando a vidaou a vida imitando a literatura deficção – que cada funcionário dajustiça, cada intérprete da lei, cadaDoutor continua prolatando a suasentença. Em cada cabeça umasentença. E assim caminha a justiçados homens...

Raymundo Farias de Oliveira éescritor, poeta, cronistae procurador do Estado

aposentado.

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Profa. Sonia Adal da Costa

Revisão - Aulas Particulares - Digitação

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

Concursos Literários

O 9º Prêmio Off Flip Literatura está com inscrições abertas até odia 5 de maio para as categorias conto, poesia e literatura infanto-juvenil.Premiação: R$ 23 mil no total, estadia em Paraty, ingressos para mesasde debate da FLIP, passeio de escuna e cota de liv ros. Os primeiroscolocados entrarão na programação do Circuito Off Fl ip, da FLIMA R -Festa Literária de Marechal Deodoro/AL - e da FLAP - Feira do Livro doA mapá. Os selec ionados em conto e poes ia serão publicados emcoletânea. Os autores vencedores da categoria literatura infanto-juvenilf irmarão um contrato de edição com o Selo Off Flip. Informações: http://w w w.premio-of ff lip.net/. Regulamento: http://home.premio-off f lip.net/regulamento/

O 9º Prêmio Off Flip de Liter atura está com inscrições abertaspara cotas de patroc ínio para pessoas f ísicas e jur ídicas .premio.offf [email protected].  

O 27.º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba, promov ido pelaSecretaria Municipal de Cultura, está com inscrições abertas até o dia 16de abril. É destinado a escritores lusófonos de países que têm o portuguêscomo idioma oficial, maiores de 18 anos. Os interessados poderão enviarum conto inédito digitado sob uso de pseudônimo. Premiação: 1.º lugar:R$ 2.000,00 (dois mil reais), 2.º lugar : R$ 1.500,00 (mil reais) e 3.º lugar:R$ 500,00 (quinhentos reais) para os vencedores de cada uma das trêscategor ias que também serão agrac iadas com até c inco mençõeshonrosas. Categorias: Contistas nacionais, contistas estrangeiros (mundolusóf ono) e contis tas regionais ( região administrativa de Araçatuba).Regulamento: http://concursodecontos.blogspot.com.br/

LivrosUm Longo Percurso, de Rodol fo

Konder, RG Editores , São Paulo, SP, 140 pá-ginas.

O autor é escritor, jornalis ta, professor,diretor representante da Associação Brasi-leira de Imprensa em São Paulo e membrodo Conselho Municipal de Educação.

A obra reúne fotos his tóricas do acervodo autor entrevis tando personalidades, ex-presidentes e intelectuais; imagens de es-critores , artistas, intelectuais, músicos , ato-res , familiares, da época em que es teve exi-lado, de entrevistas publicadas em jornais ,entre outras historicam ente importantes .

RG Editores: www.rgeditores.com.br

As Árvores de São Paulo, deKarin Massaro, Scortecci Editora, SãoPaulo, SP, 100 páginas .

Karin Massaro - Karin SchmidtRodrigues Mas s aro - é m édicahematologis ta, poeta, cronista, mestree doutra pela USP. Foi agraciada com aobra Am or e Hepatite Viral pela CâmaraBras ileira de Jovens Talentos.

A obra foi prefaciada pela presiden-te da REBRA, Joyce Cavalcante. A au-tora utiliza a poes ia como um vigorosocanal de expressão e constró i seus tex-tos combinando com destreza e habili-dade dois universos díspares. Parte daforça dos seus versos res ide no uso determ os relacionados ao seu dia a dia namedicina.

Assessoria de Imprensa: Guilher-m e Loure i ro . Te l .: (11) 2291-5452. Cel.: (11) 99133-4453.guilherm [email protected]

Livraria Asabeça: www.livrariaasabeca.com.br

O Grande Líder, de Fernando Jor-ge, Geração Editorial, São Paulo, SP, 336páginas.

O autor é escritor, colunista de um arede de 40 jornais , produtor, jornalis ta eparticipante do programa Quebrando abanca do com unicador Raul Jafet. Exer-ceu o cargo de diretor da Divisão Técnicada Biblioteca da Assembleia Legislativa deSão Paulo.

A obra é um romance satírico, bár-baro e picaresco, escrito pelo colaboradodO TREM Fernado Jorge. Foi lançada emprim eira en 1970.

O Grande Líder é uma sátira vitorio-sa contra os políticos corrrptos do Bras il.

Geração Editorial:www.geracaoeditorial.com.br

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Linguagem Viva

Página 8 - março de 2014

Prof. Sonia

Notíciasdi vulgação

A Obra Comple ta de MuriloMendes, poeta e pros ador (Juiz deFora - 13 de maio de 1901 – Lisboa- 13 de agos to de 1975) , seráreeditada pela Editora Cosac Naify.Uma antologia poética, organizadapor Júlio Cas tañon Guimarães, daFundação Casa de Rui Barbosa, epor Murilo Marcondes de Moura,professor de literatura brasileira naUnivers idade de São Paulo, serálançada em agosto.

Sonia Salle s f oi agraciadacom o Prêmi o de Excelênc i aLiterár ia, outorgado pela REBRA-Rede de Escritoras Brasileiras. Aláurea f oi entregue no dia 8 demarço no evento comemorativo dos15 anos de fundação da REBRA.

A Es cola do Es cr itorpromoverá o curso A LinguagemCi nematográf ica e a LinguagemLi terári a, minis trado por BiancaNóbrega da Silva, no dia 19 demaio, das 16 às 21 horas , noEspaço Scor tecc i, Rua Dep.Lacerda Franco, 96, em São Paulo.w w w.escoladoescritor.com.br

Clichês Bras ileir os, ediçãofac-similar, de Gustavo Piqueira,Ateliê Editorial, que reúne imagensde um catálogo brasileiro de clichêstipográf icos do início do século XXdo Catálogo de clichês de D. SallesMonteiro, f oi agrac iado com oprêmio 2014 iF Des ign Awards.

A 2ª Edição da Bienal Brasildo Livro e da Cultura, que serárealizada de 12 a 21 de abril, emBrasília, terá como homenageadosA r iano Suassuna e o uruguaioEduardo Galeano.

Raque l Nave ir a f oientrevistada pelo programa DiálogoNacional que é apresentado por RuyAltenf elder. Ela f alou sobre poesiae cultura e a entrevista está emw w w.dialogonacional.com.br/

O 19º Congre ss ode Leitura do Br as il,com o tema Leituras semmargens será realizadode 22 a 25 de julho naUnicamp, em Campinas(SP) . Informações einsc rições : w w w .cole-alb.com.br

Pe pe te la, escr itorangolano, lança, noBras il, o romance Otímido e as mulheres pela

Editora Leya.O perfeito cozinheiro das

almas de ste m undo, diário deOsw ald de Andrade, foi lançado pelaBiblioteca A zul. A obra, um livronegro que f icava localizado naentrada do apar tamento da ruaLíbero Badaró, reúne reflexões,recados , poemas , desabafos ,ideias , car icaturas , recor tes ,piadas, provocações, reportagens ediversas colagens registradas pelosimpor tantes f requentadores dacasa.

A Acade mia Car ioca deLetr as empossou os novosmembros da diretoria que serápresidida por Ricardo Cravo Albi eterá Cláudio Murilo Leal como vice-pres idente. Diretor ia: A dr ianoEspínola (1º secretário) , Mir iamHalf im (2º secretár io), Edir Meirelles( tesoureiro), Teresa Cr is tinaMeireles de Oliveira (diretora daBiblioteca) e Paulo Roberto Pereira(diretor da Revista).

Casa-Grande & Senzala, deGilber to Frey re, foi lançada umaedição comemorativa dos 80 anosdo livro pela Global Editora.

O 15º Prêm io Lite rár ioEscritor Univer s itár io “Alce uAmoroso Lima” (Tristão de Ataíde),promovido pelo CIEE em parceiracom a Academia Bras ileira deLetras , destinado a estudantesuniversitários, está com inscriçõesaber tas até 30 de abril.w w w.ciee.org.br/portal/institucional/premio/abl/regulamento13.asp  .

Manuel Munive Maco, críticode arte peruano, profere palestra naCasa da Xilogravura no dia 15 demarço, às 16 horas, em Camposdo Jordão. Manuel também é ocurador da exposição de ar tistasperuanos, evento realizado com ainic iativa do Consulado Geral doPeru em São Paulo.

O Dicionário M ultilíngue deRegência Verbal, organizado pelasprof essoras Claudia Xatara,Claudia Zavaglia e Rosa Maria daSilva, da Unesp de São José do RioPreto, foi lançado pela EditoraUnesp. O volume reúne 1.200verbos de por tuguês bras ileiro eequivalências em seis idiomas :alemão, espanhol, francês, inglês,italiano e japonês. w w w.unesp.br

O IX Festival de L iteraturade Poços de Caldas - Flipoços -,que será realizado de 26 de abril a04 de maio, em Poços de Caldas,MG, terá como patrono o poetaFerreira Gullar e, como temas, ACultura Popular na Arte da Literaturae 50 anos do Gol pe Mi l itar .w w w.feiradolivropocosdecaldas.com.br.

Tr íduo Pas cal – Le ct ioLitú rg ica, de Johanes PaulAbrahamow icz, f oi lançada pelaEditora Ave-Maria. A obra ensina aimpor tânc ia da quaresma e dasemana santa e como o católico seprepara para as comemorações.

A Barsa disponibiliza serv içopor assinatura de s ua versão digital,para as escolas , que conta commais de 160 mil verbetes eatualizações semanais . http://w w w.britannica.com.br/

Manuel Jorge Marmelo, comUma mentira mil vezes repetida, foiagraciado com o Prémio Correntesd’Escritas/Casino da Póvoa, que épromov ido pela Câmara da Póvoade Varz im, Por tugal, com aimportância de € 20 mil. 

O Jornal Aldr ava Cultural foireconhecido pela IWA -Internac ional Writers and A rt is tsAssociation - como o MELHOR (TheBest) JORNA L DE POESIASINTÉTICA DE 2014 do BRASIL!

Bia Vilella lançou, pelaPaulinas Editora, Os músicos deBremem, adaptação do famosoconto dos irmãos Grimm, e Cadagalho com seu macaco, obra queestimula a capacidade interpretativada criança e trabalha os recursosonomatopaicos.

A Quinta Cult de 2014 serárealizada todas as quintas-feiras decada mês, no per íodo de março aJulho, com eventos no ShoppingMont Serrat, no Restaurante Arte doChurrasco e Ninho da Roxinha e noRestaurante “Muqueca Cultural” ,em Ser ra (ES). O projeto écoordenado por Clério José Borges,Marcos Ar rébola, Lev i Bas í lio,Albércio Nunes, Edilson CelestinoFerreira, Paulo Negreiros, TeodoricoBoa Morte e a Cineasta Suzi Nunes.

A Panamer ica Livraria, lo jav irtual, f oi inaugurada com olançamento dos e-books Palmarese o Coração, de Hermilo BorbaFilho, e Americanto Amar América- Poema em 3 Di mensões, deJuareiz Cor reya, A lberto V ivarFlores e Rober to Por tella.w w w.panamericalivraria.com.br

A História da Ar te , primeiraedição de bolso do livro de ErnstGombrich, foi lançada pela LTCEditora.

di vulgação

Murilo Mendes

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