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7/23/2019 Estado Cultura e Desenvolvcimento Economico
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Cultura e Desenvolvimento:Um Guia Para os Decisores
Relatrio Final
Gabinete de Anlise
Econmica GANEC
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Cultura eDesenvolvimento:
Um Guia Para osDecisores
elatrio Final
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ficha tcnica
TtuloCultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Fevereiro | 2014
Promotor
Gabinete de Estratgia Planeamento e !valia"#o Culturais
$ecretaria de Estado da Cultura
Autoria
Gabinete de !n%lise Econ&mica ' G!(EC
Investigador Coordenador
)os *avares
Investigadores
+uis Fonseca
Diogo ,ac-ado
,argarida ,adaleno
)o#o Pereira dos $antos
*iago +o.es da $ilva
/runo Carval-o
Consultor Externo
Daved /arr
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Os autores agradecem a colaborao e os comentrios de Helena Afonso Teresa
Albu!uer!ue Ana Almeida "uben #ranco Carina "odrigues e o $ecretrio de Estado da
Cultura %orge #arreto &avier'
Este estudo beneficiou de discuss(es a)rofundadas com os es)ecialistas %os* +uis ,erreira
+uis Catela -unes Ant.nio /omes de Pin0o Pier1+uigi $acco "agnar $iil e 2aved #arr3
este 4ltimo como consultor externo do )ro5ecto assim como do contributo de todos os
)artici)antes no debate organi6ado )ela e!ui)a do )ro5eto na ,undao Ar)ad $6enes 7ieira
da $ilva em 89 de outubro de :;98 no !ual se recol0eu informao !ualitativa e !uantitativa
usada neste estudo'
As ,iguras encontram1se numeradas consecutivamente em numerao romana ao )asso !ue
as Tabelas esto ordenadas em numerao rabe'
Este estudo est su5eito a revis(es editoriais e grficas assim como a correco de )ossveis
omiss(es antes da sua )ublicao'
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ndice Prembulo
13 Parte 5Cultura e Economia: ntrodu"#o
:; Economia
:: Cultura
89 Pode a ,etodologia Econ&mica !bordar a Cultura6
,ateriais
Rendimento e Crescimento do Rendimento
Infraestruturas
Equidade e Justia
Desempenho Empresarial
Empregabilidade
Poupana
Sustentabilidade mbientalComercio Internacional
9;9 materiais
Capital !umano
Capital Social
"oler#ncia $ Di%ersidade
Institui&es
Felicidade
Capacidade de Ino%a'o
Poder de Influ(ncia )*Soft Po+er,-Identidade
titudes face ao Risco
9:< 8s Outputsda Cultura: Uma Corres.ond9ncia com $acco
12 Parte ;
,todos
9:? Pode a Cultura $alvar uma Cidade da /ancarrota6 8 caso de Detroit
988 8s ,todos de Cultura
14 Parte ;
Pol?ticas Culturais ! Uni#o Euro.eia e Portugal
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9=; Cultura na Uni#o Euro.eia: Um ,a.a .ara os Decisores
9@< Pol?ticas Culturais: [email protected] e !n%lise
9= ndicadores Culturais: nova"#o nclus#o e $ustentabilidade
12 ! Fec-ar
1 /ibliogra=ia e !ne@os:8: !ne@o
.loss/rio de "ermos Econmicos
:8> !ne@o
Descri'o dos indicadores de Desempenho
:
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siglas e abreviaturas
ARIMA
utoregressi%e Integrated 2o%ing%erage
BFI
3ritish Film Institute
CBMAA
Cr4stal 3ridges 2useum of merican rt
CCEE
Center for Culture and E5perienceEconom4
CECreati%e England
CEO
Chief E5ecuti%e 6fficer )dministradorE5ecuti%o-
CEP
Creati%e Emplo4ment Programme
CV
Contingent 7aluation )7alori8a'o
Contingente-DIA
Detroit Institute of rts
DICE
Database for Institutional Comparisonsin Europe )3ase de Dados paraCompara&es Institucionais na Europa-
EFA
Economic Footprint nal4sis )n/lise da
Pegada Econmica-EIA
Economic Impact ssessment )Estudo deImpacto Econmico-
EIU
"he Economist Intelligence 9nit
EUA
Estados 9nidos da m:rica
FEC
Festi%al Euro%is'o da Can'o
FTE
Full;"ime Equi%alent )ndice
.lobal de Competiti%idade-
GD
.rateful Dead
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OCDE
6rgani8a'o para a Coopera'o eDesen%ol%imento Econmico
OEP
6rgani8a'o Europeia de PatentesOLS
6rdinar4 @east Squares )2:todo dos2nimos uadrados-
ONG
6rgani8a'o B'o .o%ernamental
PIB
Produto Interno 3ruto
PISA
Programme for International Studentssessment
PME
Pequena e 2:dia Empresa
PPS
Purchasing Po+er Standard )Paridade doPoder de Compra Padr'o-
PSID
Panel Stud4 of Income D4namics )Painel
de Estudo de Din#micas do Rendimento-PUMS
Public 9se 2icrodata Sample )mostrade 2icrodados de 9so PAblico-
R2
Coeficiente de Determina'o
ROI
Return on In%estment )Retorno doIn%estimento-
SCCSector Cultural e Criati%o
SCI
Sustainabilit4;adusted .lobalCompetiti%eness Inde5 )>ndice .lobal deCompetiti%idade ustado para aSustentabilidade-
SOEP
Das So8io;oe?onomische Panel )Painel
Socioeconmico lem'o-
SROI
Social Return on In%estiment )RetornoSocial do In%estimento-
TFP
"otal Factor Producti%it4 )Produti%idade"otal dos Fatores-
TIC
"ecnologias de Informa'o eComunica'o
TILLT
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9999 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Prembulo
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Prembulo e Motivao
G6 com:rcio :0 por iner(ncia0 sat#nicoH
C0arles #audelaire
BJ no st!"os n! no#$ o$%" %! u'tu$! definida como o camin0o do
es)rito mudmos )ara um Dca)italismo cultural em !ue as ind4strias da cultura e da
comunicao se im)(em como ferramentas e motores de crescimento da economiaF'9
Esta )ers)etiva recentemente avanada )or /illes +i)ovetsG3 a)resenta comoinevitvel a simbiose contem)ornea entre Economia e Cultura' -o obstante )oder
ser atenuada ficando o .nus da )rova a cargo da!ueles !ue no recon0ecem a
relevncia da cultura )ara a economia' A citao su)ra sugere igualmente !ue a
definio mais antiga mais es)iritual e )ossivelmente mais nobre de cultura )elo
menos no !ue toca J cultura erudita )ode estar em declnio seno a desa)arecer'
+i)ovetsG3 sublin0a !ue Ba cultura deixou de ser a)enas uma su)erestrutura sublime
de sinais KLMF' Acreditamos !ue a cultura no seu sentido mais nobre continua
relevante em si mesma e h:las relevante )ara a economia' Nas * difcil negar !ue asencarna(es restantes da cultura erudita )erderam )roeminncia o !ue se deve a uma
cultura )o)ular incrivelmente dinmica a)oiada nas novas tecnologias de comunicao
e na ind4stria de entretenimento cu5os avanos nunca cessam de nos es)antar desde o
nascimento da fotografia e do cinema' -as economias industriali6adas duas
im)ortantes )r*1condi(es )ara o )leno usufruto de bens culturais a dis)onibilidade
de tem)o de la6er e a satisfao das necessidades bsicas foram democrati6adas e
alargadas Js massas'
A cultura .o.ular tradicional tendia a ser local e singular e era transmitida
im)licitamente contrariamente J cultura erudita com a sua efetiva e simb.lica
singularidade associada J aristocracia e mais tarde J burguesia' Tal como )ro)(e
+i)ovetsG3 ambas )erderam terreno )ara uma denominada Dcultura1mundo !ue
c0ega at* n.s com anseios de renovao universal e )er)*tua e com um cosmo)olitismo
acessvel' As culturas idiossincrticas locais organi6avam a totalidade do nosso ser no
97er +i)ovetsG3 K:;9;M' H vrias d*cadas #ell K9?:M 5 recon0ecia !ue Ba sociedade KLM )ro)orcionou um mercado!ue busca avidamente a novidade )or!ue acredita !ue * mais valiosa do !ue todas as formas antigasF'
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mundo antes e de)ois da morte e forneciam uma re)resentao de um mundo integral
e com)leto !ue )romovia o conservadorismo e a )roximidade'
A nova Dcultura1mundo desorgani6a a nossa conscincia e existncia de uma forma
!ue )oder ser a)elidada de criativa mas tamb*m abre camin0o J )rocura deses)eradade novos )rodutos e servios ca)a6es de )reenc0er as lacunas' O antigo cosmo)olitismo
aberto e abstrato da minoria bem como o D)roletarianismo cosmo)olita de )ro5etos
sociais de grande envergadura como o comunismo )erderam fora' ,oram
substitudos )or uma nova forma concreta e com)lexa de cosmo)olitismo !ue combina
as foras de mercado o consumismo individual a cincia e tecnologia e )or 4ltimo
mas no menos im)ortante as ind4strias da comunicao e da cultura':Trata1se de um
cosmo)olitismo !ue com)rime o tem)o e o es)ao tanto em termos reais como
simb.licos' Por outras )alavras )romove as trocas e o com*rcio no )alco mundial'
-em toda esta estreita rela"#o entre cultura e economia * agradvel ou )ositiva'
Existem men(es da nova cultura como )rinci)al veculo do D0edonismo das massas
da Dalienao da Dl.gica de excesso consumista alimentado )or Doverdoses de
)ublicidade criando um con5unto de Dsu)erabundncia e escol0as excessivas entre
outras )erversidades' Contudo torna1se claro !ue no se concreti6ou a viso )essimista
de 2aniel #ell na sua obra B"he Cultural Contradictions of Capitalism KAs
Contradi(es Culturais do Ca)italismoM !ue encarava o ca)italismo como algo de
)erturbador ao criar uma cultura de gratificao e com)lacncia )essoal !ue iria
necessariamente minar a sua base *tica' A tese de #ell !ue )ode ser vista como a
imagem refletida da associao !ue eber fa6 dos valores e da *tica de trabal0o
)rotestantes ao sucesso do ca)italismo no )reviu a emergncia da nova cultura
)o)ular universal e am)lamente acessvel !ue constitui uma das bases da ex)anso e
sustentao do ca)italismo' -esta verso mais secular e )rosaica a cultura tornou1se
to integrada na economia !ue ad!uiriu as vantagens e incorreu na maldio da
invisibilidade' O ob5eto do )resente ensaio * tra61la )ara o )rimeiro )lano e tentar
com)reender os contornos desta relao'
:Como di6 +i)ovetsG3 K:;9;M BO universo moderno da cultura desde o s*culo &I& foi construdo em torno da grandeo)osio entre a cultura erudita e a cultura de massas cultura )ura e cultura comercial arte e mercado' 2e um lado
uma cultura !ue assentava na curta tem)oralidade dos )rodutos o marGeting e )ortanto uma cultura regida )elas leisgerais da economia do outro a arte e a literatura de vanguarda !ue obedeciam a l.gicas adversas a uma es)*cie de)rocesso anti1econ.mico Kvalori6ao do desinteresse des)re6o e recusa do comercialMF'
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-o dia 89 de outubro de :;98 a e!ui)a res)onsvel )or este estudo reali6ou um
encontro com agentes culturais e decisores de )oltica econ.mica versando a relao
entre cultura e economiaQ a sua )ertinncia e relevncia os )armetros !ue
caracteri6am essa relao' Como forma de auscultar de maneira discreta e 4til os
agentes ligados J cultura e J )oltica cultural )rocedeu1se a uma sondagem informal
das o)ini(es dos )resentes no encontro acerca de um con5unto de cita(es e
)ensamentos de origens muito diversas mas versando de forma direta ou indireta a
relao entre cultura e economia ou o lugar da cultura nas sociedades contem)orneas'
-o incio do debate foi distribudo um con5unto de cita(es e solicitada a ex)resso de
acordo desacordo ou ausncia de o)inio' Os autores de cada citao no estavam
assinalados e s. foram revelados no final )ara a5udar a garantir a revelao de sentido
em lugar de afilia(es )essoais ou outras' Abaixo lista1se a citao )or ordem alfab*tica
de autor seguida da distribuio de o)ini(es acerca da sua validade' "es)onderam
cerca de 8; )essoas' O comentrio !ue fa6emos dessas res)ostas )retende ser
ilustrativo e no exaustivo da forma como * vista a cultura )or um con5unto informado
de cidados em )articular na vertente de relao entre a cultura e a economia'
FGUA!
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2as afirma(es em anlise algumas sobressaem )or recol0erem uma grande aderncia
dos )resentes' Em )rimeiro lugar o !ue )odemos inferir das res)ostas acerca do !ue *
cultura e !ual o seu )a)el socialR A relao entre cultura e futuro entre cultura e um
afastamento da sociedade como luta e selva est )resente na afirmao de Albert
Camus com a !ual < )or cento dos )resentes concordam' A im)ortncia da liberdade
do artista )erante a sociedade reafirmada )or %o0n ,' Senned3 recebe o a)oio de >
)or cento dos )resentes' A ideia de uma cultura rica como de)endente de diversidade
de valores e de uma sociedade menos arbitrria est )resente na afirmao de Nargaret
Nead com a !ual concordam )or cento dos in!uiridos' A de)endncia da cultura da
concorrncia entre Descolas de )ensamento sugerida retoricamente )or Nao Ts*
Tung recebe o a)oio de @8 )or cento dos in!uiridos' A ideia de vulnerabilidade da
cultura a)ro)riadamente referida )or "a3 #radbur3 autor de D,a0ren0eit 8 )or cento dos res)ondentes'
As afirma(es de Aldous Huxle3 Allen /insberg AnaUs -in %ac!ues 2errida /oet0e
ittgenstein Nars0all Nc+u0an Nilan Sundera -oam C0omsG3 e 'H Auden mas
tamb*m as de $te)0en Sing #ill /ates e VoGo Ono recol0em muito menos consenso'
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Em resumo e tendo )resente todas as limita(es !ue um exerccio deste ti)o acarreta a
ideia de cultura surge associada a diversidade de valores e de )ensamento fragilidade
em relao Js condicionantes )olticas e at* os grandes movimentos sociais aim)ortncia da liberdade do artista tamb*m em relao a contextos de excessiva
autoridade' Tamb*m a ideia de cultura como )rovedora de valores diferentes do da
concorrncia a conflito emerge como !uase unnime' Talve6 mais sur)reendente os
)resentes recon0eceram a estreita relao e at* com)lementaridade entre cultura e
condi(es econ.micas' A economia e o material )odem ameaar a cultura mas a
cultura nas suas vrias vertentes est associada a desenvolvimento e criatividade com
evidente valor econ.mico'
*!/E+! 1
Auto$ C(t!)o
Rspost!s
Cono$%oS"
op(n(oNo
ono$%o
Albert Camus
*Sem cultura0 e a liberdade relati%a que elapressup&e0 a sociedade0 mesmo que perfeita0 n'o :mais que uma sel%aH K por isso que a %erdadeiracria'o : um presente para o futuro'
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%acG elc0 DA cultura gera resultados' >W @=W @=W
%ac!ues 2errida*"udo est/ combinado para ser assim0 e isto :o que : chamado de culturaH, 98W 8W =;W
%o0annolfgang von/oet0e
*6 dio : uma coisa peculiarH Sempre oencontras na sua maior fora onde : menor ograu de culturaH,
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1!1!1!1! Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
$te)0en Sing
*2ud/mos de uma cultura que esta%ainteressada na indAstria0 na economia0 na
poltica M tentando desempenhar um papels:rio no mundo M para uma cultura que :baseada no entretenimentoH,
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1"1"1"1" Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Parte I
Cultura e Economia
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1#1#1#1# Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Cultura e $conomia: %ntro&uo
G6 triunfo do mercado0 na %erdade0 n'o : apenas econmico0 mas tamb:m culturalH
/illes +i)ovetsG3
Como sinteti6ado )or 2aniel #ell BXma tradio do s*culo &I& )rofundamente
im)regnada de conceitos marxistas afirmava !ue as mudanas na estrutura social
determinavam o alcance da imaginao do Homem' Xma viso anterior de Homem
como homo pictor o animal )roduto de smbolos em ve6 de homo faber o animal
)rodutor de ferramentas encarava1o como uma criatura 4nica ca)a6 de )refigurar o
!ue iria mais tarde Dob5etivar ou construir na realidade' Atribui1se )ortanto a
iniciativa da mudana ao domnio da culturaF'8 Yual!uer )ers)etiva unvoca da
)recedncia da cultura relativamente ao bem1estar ou vice1versa est errada' -este
ensaio estamos interessados na forma como a cultura muda as )ossibilidades e vias de
satisfao )essoal !uer se5am de nature6a material ou imaterial'
As contradi"Bes e os con=litosentre os domnios da cultura e a economia so muito
evidentes' Talve6 este conflito se5a mais a)arente do !ue real mas 0 !ue ter sem)re
em conta as )rimeiras im)ress(es' "esumindo breve e es!uematicamente existem sete
dificuldades nesta relao as !uais soQ
Di=iculdade do valor En!uanto a economia )arece concentrar1se no valor
de troca e muitas ve6es estritamente no )reo ao !ual os bens so
transacionados no mercado a cultura trata de valores imateriais de difcil
medio !ue rara e dificilmente esto refletidos nos valores do mercado'
Di=iculdade de troca En!uanto a economia se move em trocas e
com)ara(es sem dramatismo a)arente e fre!uentemente com sinais claros de
cinismo exacerbado a ideia da troca na rea da cultura * com)licada' Em
es)ecial a ideia de assumir com)romissos difceis naturais na economia no *
87er #ell K9?:M'
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19191919 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
natural no mundo artstico' Como disse ood3 Allen GK melhor ser saud/%el e
rico do que ser pobre e ser doente'
Di=iculdade de tem.o ' En!uanto a maior )arte dos valores transacionados
no mercado )arecem di6er res)eito ao usufruto e satisfao no )resente muitosdos )rodutos da arte e da cultura destinam1se a ser usufrudos )or gera(es
futuras !ue ainda no nasceram' -a verdade o facto de um valor ou artefacto
cultural no ser valori6ado 0o5e )ode at* denunciar embora no
necessariamente o seu valor duradouro ou tal como uma )ersonagem de BT0e
/lass NenagerieF de Tenessee illiams sugeriuQ B6 tempo : a maior dist#ncia
entre dois lugares'
Di=iculdade da naturea coletiva Nuitos bens e artefactos culturais
destinam1se a ser usufrudos coletivamente no )odendo ser facilmente
ad!uiridos )or )rivados ao contrrio do !ue acontece com a maior )arte dos
bens comummente transacionados nos mercados' Tamb*m se tem defendido
!ue os artistas e indivduos envolvidos em atividades culturais so mais sociais
do !ue a m*dia' Z )ossvel' Talve6 isto este5a )atente na observao de Elia
Sa6anQ GEu n'o era uma pessoa mundana ou um bo:mio0 era um elitista'
Di=iculdade do imaterial Nuitos dos bens e servios trocados na economia
)ossuem uma existncia fsica ou material ao )asso !ue numerosos artigos
culturais no a )ossuem ou tm um valor imaterial !ue ultra)assa largamente o
valor do material usado como mat*ria1)rima )ara a obra de arte ou criativa'
Di=iculdade do outro Z sem)re difcil considerar o outro a satisfao do
outro incluindo os muitos outros a maioria em ve6 da nossa ou da do nosso
gru)o' O gosto * sem)re sub5etivo mas o Dmau gosto tamb*m o *' A
)onderao das )referncias dos diferentes indivduos est excluda na maior
)arte das economias mas est sem)re no centro da criatividade originalidade
e at* mesmo genialidade' Como disse $artre num rasgo de sinceridade
B+[enfer ce sont les autresF Ko inferno so os outrosM'
Di=iculdade do euil?brio A economia trata e ex)lora ao mximo o
conceito de e!uilbrio um resultado !ue surge em funo de foras o)ostas ao
)asso !ue a arte e a cultura acontecem fre!uentemente no meio de mudanas
)erturbadoras e dramticas' A inovao )oder no ser nada mais !ue a
inveno de novos e!uilbrios at* ento inexistentes !uer se5am est*ticos
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sociais ou tecnol.gicos' O e!uilbrio * racional e elegante' ,riedric0 -iet6sc0e
recon0eceu !ue BEm tudo e5iste algo de imposs%el1 a racionalidade'
$conomia
*2ud/mos de uma cultura que esta%a interessada na indAstria0 na economia0 na poltica M tentandodesempenhar um papel s:rio no mundo M para uma cultura que : baseada no entretenimentoH,
$te)0en Sing
2e acordo com a famosa %*(n()o % ono"(!!ue nos * dada )or "obbins esta *
a Bci(ncia que estuda o comportamento humano como uma rela'o entre finalidades
e recursos escassos que possuem usos alternati%osF'
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do uso de )reos' -o entanto estas escol0as tamb*m )odem ser reali6adas )elos
sistemas )olticos' -o caso de democracias com sufrgio universal )odem ser feitas
atrav*s da atribuio )r*via de um voto )or )essoa e de elei(es livres e 5ustas !ue
)rodu6am uma maioria a).s um debate entre )lataformas )artidrias
concorrentes'
A economia en!uadra1se de )erto na merecidamente famosa +($!$,u(! %!s
nss(%!%s % M!s'o- em Psicologia $ocial'= Para Naslo K9?
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Cultura
*Sem cultura0 e a liberdade relati%a que ela pressup&e0 a sociedade0 mesmo que perfeita0 n'o : mais que
uma sel%aH K por isso que a %erdadeira cria'o : um presente para o futuro,
Albert Camus
Em evidente contraste com a cincia econ.mica a %*(n()o % u'tu$! *
consideravelmente mais difcil de circunscrever' A cultura )ode ser sensatamente
definida como um depsito acumulado de conhecimento0 e5peri(ncia0 crenas0
%alores0 atitudes0 significados0 hierarquias0 religi'o incluindo no&es abstratas de
tempo0 espao e conce&es do uni%erso' A cultura * formada )elos obetos materiaisadquiridos)or um gru)o de )essoas ao longo de vrias gera(es' Por outras )alavras a
cultura * ao mesmo tem)o um sistema de con0ecimento e um estilo de vida ad!uirido
e )artil0ado )or um gru)o relativamente grande de )essoas transmitido de gerao em
gerao e usado sem !ue 0a5a uma reflexo muito ex)lcita' A cultura * o fruto da
comunicao e da imitao comunicao simb.lica e com)ortamento cultivado
reforados socialmente )or institui(es formais ou informais' A cultura * formada )or
um con5unto de caractersticas !ue unem os membros do gru)o e os distinguem de
!uem no )ertence ao gru)o )ro)orcionando uma identidade e um sentido de coletivo'2e certo modo no existem gru)os sem cultura e uma ve6 !ue os indivduos
raramente sobrevivem sem uma referncia a gru)os no existem indivduos sem
cultura ou culturas' Em suma a cultura ergue1se como uma influncia condicionante
da ao individual e coletiva ra6o )ela !ual * im)ortante )ara o com)ortamento
0umano'
A o$(." t("o'/.(! %! p!'!0$! Dcultura 5 sugeria a ideia de cultivo da mente edo intelecto uma analogia com a cansativa mas com)ensadora tarefa de lavrar a terra
como na Dagricultura' Por conseguinte e de certo modo a cultura * uma forma de
investimento um ti)o de ca)ital !ue )ode ser acumulado com trabal0o rduo e
)ersistncia associado a retornos !ue )or maiores !ue se5am s. )odem ser col0idos
no futuro' Z interessante notar !ue a )artir das suas origens etimol.gicas a )alavra
cultura transmite uma ideia de esforo e de )rodutividade ao longo do tem)o' Esta
ligao entre a cultura e o desenvolvimento em sentido lato no deve )ortanto
constituir uma sur)resa' A associao da cultura ao intelecto e Js belas artes alargar1se1
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23232323 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
mais tarde Js )essoas comuns com o desenvolvimento da ind4stria o surgimento do
Estado1-ao a ex)anso da educao )4blica e a criao de uma ind4stria de
entretenimento das massas' A cultura )assou a estar associada a um vasto le!ue de
valores e caractersticas am)lamente abraadas )elo coletivo )rovidenciando o cenrio
ade!uado )ara o im)ulso coletivo em direo ao desenvolvimento econ.mico e J
e!uidade social'
Nas o ,u 1exatamente ! u'tu$!Convir tentar avanar uma definio )or mais
discutvel !ue )ossa ser antes de nos lanarmos na tarefa de relacionar a cultura com a
economia' T0rosb3 K:;;9M define a cultura como Bum conunto de atitudes0 crenas0
morais0 %alores e pr/ticas que s'o comuns ou partilhados por qualquer grupo'
O)taremos )or fa6er a distino entre )or um lado crenas moral e valores !ue so
de nature6a )rofunda e no so necessariamente validados ou confrontados com a
realidade material e )or outro lado atitudes com)ortamentos e )rticas !ue so
normalmente influenciados e transformados )ela realidade e )or resultados concretos'
Assim estas duas vertentes da cultura incluemQ
9' Xm con5unto de p$"(ss!s *un%!"ntos incluindo crenas moralvalores normas )ressu)ostos e emo(es )artil0adas !ue afetam a forma como
os indivduos e as sociedades )ercebem e reagem J realidade incluindo )osi(es
individuais e sociais sobre as omni)resentes !uest(es do )rogresso e da 5ustia'
Por outras )alavras a cultura constitui os Bconuntos de crenas e %alores pelos
quais a maioria das pessoas de uma sociedade se pauta e que s'o transmitidos
praticamente sem altera&es0 de gera'o em gera'o'@ Onde se l maioria
)oder1se1 ler em alternativa gru)os *tnicos religiosos ou sociais mas
tamb*m na(es' -este )rimeiro sentido referimo1nos a culturas nacionais ou auma Dcultura de 5uventude' A cultura es)el0a a variao sistemtica no tem)o
no es)ao ou entre gru)os sociais deste con5unto de crenas fundamentais sobre
as a(es e os res)etivos resultados materiais ou imateriais' Tais crenas so
)articularmente im)ortantes !uando a informao * im)erfeita e a sua
a!uisio * onerosa tal como acontece na maior )arte das situa(es sociais'
Podemos encarar a cultura como o elemento im)lcito !ue com)ensa
)arcialmente a incom)letude dos contratos isto * o facto de os agentes no
@ 7er /uiso et al' K:;;@ )' :8M' 7er AGerlof e Sranton K:;;;M'
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24242424 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
)reverem o elevado n4mero de mudanas de eventos !ue afetam o valor da
transao'
:' A forma como o con5unto su)ramencionado de crenas individuais e
conven(es sociais se converte em atitudes )rticas e con0ecimentos !ue
a5udam a so'+$ sustnt!$ $su't!%os so(!(s atrav*s de mecanismos
como a em)atia a confiana o res)eito m4tuo entre outros' Estes resultados
sociais )odem ser mantidos em e!uilbrio atrav*s dos denominados e!uilbrios
de -as0 situa(es a !ue as sociedades a)rendem a regressar atrav*s de
intera(es sociais validadas e re)etidas e das !uais consideram )re5udicial
desviar1se )elo menos no curto )ra6o'> Z )ossvel encarar as trocas numa
aceo no estritamente comercial da )alavra como a entrega de um con5unto
de e!uilbrios )ossveis sendo a )rinci)al tarefa da sociedade e da cultura a
escol0a entre os diversos e!uilbrios' As sociedades e culturas )odem escol0er
mal mas no fa6er uma escol0a im)lica sem)re maiores custos' As crenas
baseadas na cultura so ento convertidas em 0eurstica de tomada de decis(es
com)ortamento e atitudes Dregras bsicas !ue se tornam 4teis em ambientes
incertos ou com)lexos' -este sentido )oderemos falar de uma Dcultura de
corru)o Dcultura de )reguia ou Dcultura de eficincia'
Xma terceira definio )ossvel da cultura concentra1se na cultura como um )rocesso
transformador e criativo !ue se encontra )resente em toda a atividade 0umana' -este
sentido )odemos definir cultura comoQ
8' Yual!uer p$osso % p$o%u)o u3! #!s 1 *o$"!%! po$ (%(!s
utili6adas como inputsou outputs'?Isto inclui tanto a cultura erudita K)intura
literatura e .)eraM como as diversas formas de ind4strias e atividades criativas
!ue ad!uiriram relevncia nas 4ltimas d*cadas' Estes )rocessos de )roduo
cultural so mais volteis e mudam mais fre!uentemente do !ue as crenas os
> -esta definio a cultura * um con5unto de mecanismos !ue a5uda a escol0er entre e!uilbrios sociais alternativos e)osteriormente !ue a5uda a reforar e a sustentar essa escol0a' O resultado )ode ser ben*fico ou )re5udicial no sendofcil fugir dos e!uilbrios sociais estabelecidos' 7er N3erson K9??9M e /reif K9??
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2222 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
valores e inclusivamente os mecanismos !ue )reservam os e!uilbrios sociais'
As ideias so combina(es de crenas e valores sub5acentes normas e
)ressu)ostos )rticas atitudes e con0ecimentos acumulados !ue res)ondem
r)ida e es)ontaneamente a incentivos e mudanas tecnol.gicas' O uso ou a
)roduo de ideias )ode reforar ou )]r em !uesto os fundamentos e
)remissas referidos anteriormente bem como as atitudes e )rticas sociais
forando a evoluo da )r.)ria cultura' 2e acordo com a )ro)osta de T0rosb3
K:;;9M a )roduo cultural envolve alguma forma de criatividade !ue gera ou
veicula um significado simb.lico e est muitas ve6es su5eita a )ro)riedade
intelectual'9; Existe uma !uesto alternativa !ue * im)ortante )ara esta
definio de cultura na sua relao com as atividades culturais' Embora T0rosb3
K:;;9M defina as atividades culturais na confluncia dos in)uts criativos e
resultados simb.licos * )ossvel considerar como atividades culturais !uais!uer
)rocessos !ue envolvam )elo menos um dos dois elementosQ criatividade e
significado simb.lico'
Torna1se 4til estabelecer um )aralelo entre u'tu$! n,u!nto !p(t!' como nas
defini(es 9 e : e u'tu$! n,u!nto *'u4o como na definio 8' -os dois )rimeiros
sentidos a cultura * uma varivel stoc? algo !ue * acumulado coletivamente ao longo
do tem)o e !ue muda com relativa lentido' A cultura no sentido de in)ut criativo e
out)ut simb.lico )ode ser encarada como uma varivel fluxo ou se5a inclui os in)uts e
os out)uts de determinadas atividades organi6a(es e institui(es !ue faam )arte de
um )rocesso' "ecorrendo a uma imagem de T0rosb3 K:;;9M nas defini(es 9 e : !
u'tu$!)ode ser entendida o"o u" su#st!nt(0o0como em Dcultura euro)eia e
Dcultura da )obre6a !ue )(em res)etivamente em evidncia o gru)o e a entidade em
!uesto ou as atitudes e os resultados decorrentes dos valores )artil0ados )elo gru)o'
Yuando a cultura est envolvida num contexto de )roduo * muitas ve6es usadao"o u" !%3t(0o como em Datividades culturais Dind4strias culturais e
Dinstitui(es culturais'
Podemos )ensar na u'tu$! $u%(t! como algo !ue envolve um subcon5unto
im)ortante da terceira definio de cultura ao )asso !ue a cultura )o)ular envolve
9; -este sentido o con0ecimento cientfico no )ode ser geralmente !ualificado como cultura uma ve6 !ue no visa a)roduo e a comunicao de um significado simb.lico' Os sinais de trnsito )or outro lado embora )rodu6idos )ara
veicular e comunicar um significado no tm a criatividade como o seu )rinci)al in)ut' 7er T0rosb3 K:;;9M'
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2!2!2!2! Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
outro subcon5unto de atividades sob a *gide das ind4strias e atividades culturais tais
como as ind4strias do entretenimento e da )ublicidade !ue fa6em indubitavelmente
um uso intensivo da cultura como fonte de criao de identidade e gerao de
com)ortamentos e atitudes' A extenso descendente e lateral da cultura feita )ara
abranger a totalidade dos cidados foi inicialmente lamentada dado ter vindo
acom)an0ada de uma mercantili6ao dos elementos simb.licos associados J
re)roduo de elementos culturais em es)ecial atrav*s da ind4stria do
entretenimento' As reflex(es te.ricas tanto de Adorno e HorG0eimer K9??M como de
#en5amin K9?8@M a)resentam algum ceticismo relativamente ao valor do ob5eto cultural
da forma tal como floresceu como um bem e servio )ara as massas na era da sua
re)roduo t*cnica' A simbiose entre cultura e economia foi vista como uma ex)resso
de declnio e )ossivelmente desastre civili6acional' Essa no )ode necessariamente
ser a nossa abordagem' -esta mat*ria estamos em sintonia com te.ricos
contem)orneos !ue aceitaram com 5ustia a interao entre cultura e economia
smbolo e artefacto salientando a ri!ue6a e o )otencial democrtico de tal estreita
relao' As B%elhas dicotomias entre produ'o e representa'o0 indAstria e
criati%idade0 cultura erudita e cultura comercial0 imagin/rio e economia0 a
%anguarda e o mercado0 a arte e a moda0 perderam fora'99
Xma das fun(es da cultura conforme as duas )rimeiras defini(es * em 4ltima
anlise a5udar a %*(n($ !s *$ont($!s %o "$!%o ou se5a o !ue * aceitvel trocar
e em !ue termos e condi(es' Assim a evoluo da cultura muda as fronteiras da!uilo
!ue * Da economia' A cultura de um gru)o es)ecfico tamb*m )ode sugerir a atribuio
de )esos diferentes a diversos valores ^ digamos 0onestidade e com)etncia ^ e
virtudes ^ )or exem)lo com)etio versus coo)erao' A)esar de os valores serem
universais esta universalidade )ode no se estender J sua avaliao relativa' A famosa
anlise de Nax eber do )a)el !ue a *tica de trabal0o )rotestante desem)en0ou nosurgimento do ca)italismo * um exem)lo da anlise da cultura tal como se encontra
descrita nas duas )rimeiras defini(es'9: O )rotestantismo )ode ser visto como um
con5unto coerente de )esos atribudos a diversos valores e crenas atitudes e )rticas
con5unto !ue tende a )rodu6ir determinados resultados econ.micos' ,oi )ro)osta a
a)licao da mesma viso conce)tual ao denominado Confucionismo um con5unto de
valores baseado no )ensamento de Conf4cio o !ual )oder estar na origem do sucesso
econ.mico de vrias economias asiticas' Outra das )rinci)ais lin0as de anlise no
997er +i)ovetsG3 K:;9;M'9:7er eber K9?8;M'
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2"2"2"2" Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
estudo da relao entre cultura e economia * a %("nso % (n%(0(%u!'(s"o5
o't(0(s"o em !ue estes conceitos re)resentam um con5unto relativamente coerente
de valores crenas normas e )ressu)ostos' Hofstede K:;;9M define o individualismo
como Bo n%el de con%ic'o de que os indi%duos de%em tomar conta de si mesmos0 em
%e8 de estarem profunda e lealmente integrados num grupo coeso
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2#2#2#2# Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Figura H Cultura e Economia
Em resumo a ideia de cultura )arece assentar num con5unto de caractersticas
essenciais !ue se )odem discriminar comoQ
9' Xma associao com um .$upo so(!' sp6*(o baseada na locali6ao
geogrfica religio etnicidade ou !ual!uer outra caracterstica im)ortante'
Nesmo !ue o gru)o cultural em !uesto se5a muitas ve6es concentrado em
termos geogrficos tamb*m )ode ser geograficamente dis)erso e ao mesmo
tem)o )rofundamente interligado situao !ue as recentes tecnologias de
comunicao vieram facilitar
:' Xm sentido de p$n(%!% devido J ca)acidade de transmisso entre
gera(es durante longos )erodos' As crenas individuais so ad!uiridas atrav*s
da transmisso cultural mas lenta e estavelmente atuali6adas de uma gerao
)ara a seguinte devido J ex)erincia e J ex)osio a novos incentivos e
realidades98
13HeinecG e $_ssmut0 K:;9;M veem os valores como uma combinao de 0eranas e rea(es a incentivos de modo !ue Jmedida !ue as sociedades e economias evoluem as gera(es mais antigas escol0em at* certo )onto o con5unto de
valores !ue transmitem e a!ueles descartam'
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29292929 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
8' Xma ferramenta de p$o%u)o % (%nt(%!% atrav*s da )ermanncia no
tem)o e da am)la )artil0a emocional )or )arte do gru)o
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30303030 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
este no )ode ser detido )or um indivduo e cu5o usufruto ou benefcio no )ode ser
negado a !ual!uer indivduo ou gru)o' 7e5a1se um exem)loQ embora um !uadro de
Picasso )ossa estar na )osse de !ual!uer indivduo e ser admirado a)enas )or esse
indivduo excluindo os outros o significado dessa )intura ^ !uer se trate do seu
contributo )ara o movimento artstico do cubismo !uer da sua influncia sobre as
obras de arte )osteriores ^ no )ode ser )ro)riedade exclusiva desse indivduo' Al*m
disso muitos bens e servios culturais )odem comear )or ser bens )rivados e com o
)assar do tem)o ad!uirir a nature6a de bem )4blico )assando a integrar e a ex)andir
um con5unto comum de con0ecimento diversificado !ue servir no futuro de fonte de
ins)irao J criatividade' T0rosb3 K:;;9M sugere uma subdiviso do Dvalor cultural
numa s*rie de elementos diferentes incluindoQ 0!'o$ st1t(o )ro)riedades de forma
e 0armonia Kou o contrrio )oderamos acrescentarM 0!'o$ sp($(tu!' !ue a)ela a
!ualidades interiores !ue ecoam num gru)o es)ecfico 0!'o$ so(!' se )ro)orcionar
um sentido de ligao com os outros dentro ou fora do gru)o 0!'o$ +(st/$(o
!uando regista e reflete eventos )assados !ue constituem uma referncia im)ortante
)ara a comunidade 0!'o$ s("#/'(o !uando cria )reserva ou veicula um
significado 0!'o$ % !utnt((%!% !uando a)resenta um carter 4nico
unicidade na )roduo como nas #elas Artes ou singularidade no conte4do' Z
interessante notar !ue muitos destes com)onentes de valor cultural esto relacionados
com a criao e )artil0a de avalia(es comuns ou se5a sugerem uma nature6a de bem
)4blico' Xm camin0o )roveitoso a seguir consistiria em analisar a cultura e a arte como
bens cu5o valor a5uda a sustentar os bens )4blicos funcionando como o Dcimento !ue
liga a comunidade e )ermite a consecuo de nveis mais elevados de bem1estar e
felicidade'
O segundo comentrio !ue se im)(e est relacionado com ! n!tu$7! % !p(t!'
%os #ns s$0()os u'tu$!(s' Contrariamente aos bens de ca)ital !ue )odem sertransacionados no )resente e no futuro corrigindo )ara a sua de)reciao no tem)o os
bens culturais incor)oram um ti)o de ca)ital !ue no )ode ser facilmente
transacionado no futuro visto !ue a sua nature6a )4blica o torna genericamente
acessvel e difcil de ser a)ro)riado )or algu*m' Este efeito tem)oral de alargamento da
dis)onibilidade tornou1se mais )revalente com a generali6ao do acesso Js novas
tecnologias de informao e comunicao utili6adas )ara gravar texto imagens sons e
conte4dos multim*dia' Acresce ainda !ue o gosto )ela cultura e )elos bens culturais *
muitas ve6es considerado cumulativo' -este sentido encontramo1nos )erante umasituao de usufruto atrav*s do consumo semel0ante ao learning b4 doing na
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)roduo' Assim a nature6a de ca)ital dos bens e servios culturais )oder estar
)resente no s. do lado da )roduo como tamb*m do lado da )rocura no sentido em
!ue o benefcio do consumo de bens culturais aumenta e * acumulado se!uencialmente
com a sua oferta' Portanto os bens culturais envolvem um certo grau de satisfao
atual )ara al*m da acumulao de Dex)erincia e Dcon0ecimento !ue fa6 aumentar o
seu usufruto futuro' Os artistas no so agentes maximi6adores de lucro sendo !ue
esta caracterstica )ode de facto aumentar o valor das suas obras !uando
consideradas numa )ers)etiva tem)oral suficientemente longa' Xma ve6 !ue os artistas
ex)loram a novidade e a diferena )odem ser mais )ro)ensos a atingir um valor !ue
ter a sua )lena ex)resso no futuro' Considere1se o exem)lo )aradigmtico de 7an
/og0 cu5o recon0ecimento atual nada tem a ver com o facto de ele ter vendido a)enas
um !uadro em toda a sua vida'9= Por outras )alavras )odem existir externalidades
im)ortantes na )roduo e no consumo de bens culturais acabando )or tornar a sua
valori6ao extremamente com)lexa Kdificuldades em !uantificarM'
Po&e a Meto&olo'ia $con(mica )bor&ar a Cultura*
* )L- a cultura / n'o : o outro da economia )L-,
/illes +i)ovetsG3
O )a)el do eu da identidade e da cultura recebeu a devida ateno desde os
p$("/$%(os %o %sn0o'0("nto %! ono"(!' Adam $mit0 fil.sofo )oltico
!ue se tornou no notvel )recursor da cincia econ.mica * bem con0ecido talve6
bem demais )ela metfora da Dmo invisvel a ideia de !ue os mercados tendem aautorregular1se e a )ro)orcionar resultados sociais ra6oveis se no .timos' Nas $mit0
viu muito )ara al*m do )roveito )r.)rio no !ue toca Js motiva(es da ao 0umana' -a
sua G"eoria dos Sentimentos 2orais )ublicada antes de BXm Estudo sobre a
-ature6a e as Causas da "i!ue6a das -a(esF $mit0 viu o com)ortamento 0umano
como um e!uilbrio entre um Des)ectador im)arcial e as suas D)aix(es' Por outras
)alavras um conflito entre emo(es e valores ou se5a cultura e !ual!uer )roveito
)r.)rio definido de forma redutora como Dracional' 2aniel #ell salientou mais tarde
157e5a1se 0tt)Q``'vangog0galler3'com`)ainting`
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!ue Bnenhum filsofo moral0 de ristteles a "om/s de quino0 passando por John
@oc?e e dam Smith0 separou a economia de um conunto de finalidades morais ou
considerou a produ'o de rique8a como um fim em si mesmoQ em %e8 disso0 era
encarada como um meio para a reali8a'o da %irtude0 um meio para assegurar uma
%ida ci%ili8adaF'9@
A ideia de )reo 5usto com )rofundos alicerces teol.gicos teve influncia nas )rimeiras
discuss(es sobre a!uilo !ue os )reos das diversas mercadorias deveriam ser' 2o )reo
5usto emergiu o conceito de valor absoluto ou intrnseco !ue )ro)un0a avaliar uma
unidade de uma mercadoria como invarivel no tem)o e entre os diferentes locais'
Adam $mit0 inovou ao fa6er a distino entre o 0!'o$ % uso o valor !ue um bem ou
servio tem )ara um indivduo e o 0!'o$ % t$o! a !uantidade de recursos )elos
!uais o bem )ode ser trocado no mercado' -a )ers)etiva dos economistas clssicos
incluindo Sarl Narx o valor de um bem deve estar ob5etivamente relacionado com o
valor dos in)uts utili6ados na sua )roduo' A !uantidade de trabal0o em)regue
tornou1se o )rinci)al fator )ara a determinao do valor de todos os bens condu6indo
J denominada Teoria do 7alor1Trabal0o' A cultura e os )rodutos culturais no
)oderiam estar mais distantes destas ing*nuas tentativas de ob5etivar o valor' -a
verdade * o valor de uso ou se5a o valor do )onto de vista do bem1estar associado ao
bem e servio !ue )ode ser utili6ado )ara avaliar de forma realista a cultura e os bens
culturais' Al*m disso a Teoria do 7alor1Trabal0o tende a uniformi6ar a !uantidade de
trabal0o sendo esta )recisamente a menos ade!uada das abordagens no !ue toca ao
mundo da cultura e dos bens !ue envolvem a criatividade'
Outro dos desenvolvimentos metodol.gicos da economia consistiu na )ers)etiva do
valor de troca como o resultado do valor da ,u!nt(%!% "!$.(n!' t$!ns!(on!%!no mercado' A teoria marginalista im)licava uma mudana de nfase da )roduo )ara
)referncias e utilidade' A Economia )enetrou num mundo menos ob5etivo afastando1
se das ex)lica(es mecanicistas do valor baseadas na )roduo' Tal des)erta es)erana
e receito no !ue di6 res)eito ao tratamento !ue a cincia econ.mica )ossa fa6er das
artes' O )roduto das belas artes )or exem)lo * nada menos do !ue 4nico esca)ando
assim a todas as considera(es da teoria marginalista' Adicionalmente sugerir o uso
dos custos de )roduo tamb*m est muito longe de uma abordagem realista do valor'
167er #ell K9?:M'
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-o obstante os mercados massificados na cultura do entretenimento tornaram a
cultura mais )ro)cia a uma anlise econ.mica marginal )ara consternao de
algumas abordagens elitistas J cultura' A evoluo dos meios de re)roduo e entrega
tornou relevante a a)licao da teoria marginalista J )roduo e ao consumo de
cultura'
Xm dos mist*rios da Economia !ue )erduram * o on(to % ut('(%!%' -ingu*m
)ode medir diretamente o benefcio a satisfao ou a felicidade' Em termos sim)les
significa transformar ob5etos incluindo din0eiro numa medida do bem1estar !ue
nos )ro)orcionam' "e)resenta a satisfao ex)erimentada )elo indivduo' A Psicologia
ex)lica a utilidade como a )erceo !ue temos da ri!ue6a' A utilidade * o usufruto a
ca)acidade de fa6er alguma coisa o !ue !uer !ue se5a )ara satisfa6er os nossos anseios
e necessidades' Esse algo no * necessariamente material imediato certo ou arriscado
egosta ou altrusta' O Dalgo * um Dbem ou servio mais )recisamente qualquer coisa
!ue satisfaa os anseios do ser 0umano e l0e se5a 4til' Os matemticos e economistas
engendraram m*todos )ara re)resentar e medir a utilidade' 2esenvolveram tamb*m
m*todos abstratos e indiretos )ara com)arar utilidades atrav*s da observao das
escol0as individuais e coletivas' 2o )onto de vista matemtico uma funo utilidade *
uma construo !ue converte as !uantidades ou as !ualidades materiais e imateriais
num valor )ercetvel'
Os matemticos von -eumann e Norgenstern foram os )rimeiros a ex)lorar o conceito
da utilidade em 9?
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Os axiomas acima enumerados so necessrios )ara se usar a elegante forma
matemtica das fun(es utilidade' Ainda !ue no se com)rovem tal no significa !ue a
utilidade )erca o seu significado conce)tual' Isto * im)ortante !uando se trata dacultura e dos seus resultados' -a verdade o axioma da continuidade raramente se
verifica !uando se trata de entidades singulares no D!uantificveis' A transitividade
tamb*m se )ode tornar )roblemtica !uando estamos )erante bens culturais com um
grau de com)lexidade !ue torna as com)ara(es difceis ou insignificantes' At* mesmo
a com)letude )ode estar em risco no mundo da cultura' Nesmo !ue !ual!uer bem ou
servio cultural ten0a )robabilidade de nos )ro)orcionar algum nvel de bem1estar tal
)ode no ser !uantificvel e )or conseguinte com)arvel em !ual!uer as)eto
im)ortante'
-o mundo da Economia os (n%(06%uos so ons(%$!%os $!(on!(s !uando
fa6em as suas escol0as Dseguindo um guio facultado )or uma funo utilidade com as
caractersticas anteriormente a)resentadas' Nais es)ecificamente es)era1se !ue os
indivduos se5am maximi6adores da utilidade com )referncia )elo )resente' Nesmo
!ue no adotem um com)ortamento semel0ante ao !ue se descreveu existem algumas
caractersticas genericamente aceites de com)ortamento de escol0a nomeadamenteQ
,onotonia mais de um bem * mel0or Kou )elo menos to bomM mais
unidades de um determinado bem * mel0or do !ue menos' Isto )ressu)(e o
Dlivre descarte ou se5a )odemos sem)re desfa6er1nos do excesso )ara ficar
com menos' Tamb*m costuma vir acom)an0ado de Dinsaciedade a ideia de
!ue ningu*m )ossui o rendimento suficiente e !ue nen0um aumento do
rendimento )ermitir ad!uirir !ual!uer utilidade' Por outras )alavras existem
sem)re necessidades )or satisfa6er !ual!uer !ue se5a o rendimento do
indivduo'
Utilidade marginal decrescente uma unidade adicional de !ual!uer bem
incluindo din0eiro * menos valori6ada J medida !ue vamos tendo mais desse
bem Kou rendimentoM' Yuer isto di6er !ue o valor de utilidade de 9 euro * maior
)ara !uem aufere um menor rendimento'
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[email protected] o valor de um rendimento incerto * menor do !ue o valor
desse rendimento recebido com certe6a' Trata1se de uma im)licao da
utilidade marginal decrescente do rendimento' $ignifica igualmente !ue os
indivduos tm averso ao risco'
Futuro a receo de um determinado valor no futuro * menos valiosa do !ue
a sua receo 0o5e Kvalor tem)oral do din0eiroM' O )resente d1nos a todos as
)ossibilidades do futuro acrescidas do seu usufruto mais cedo' Tal como se di6
em ,inanas euro hoe : prefer%el a euro amanh' recebendo 9 euro 0o5e
)osso )ou)1lo ou gast1lo en!uanto receber 9 euro aman0 )ode ser algo
incerto'
No !so %os #ns s$0()os t$!ns!(on!%os no "$!%o os economistas
consideram !ue o )reo desembolsado revela dados im)ortantes informa(es
!uantitativas sobre a utilidade !ue o com)rador atribui ao bem ou servio' Xma
transao voluntria significa !ue o com)rador atribui ao bem no mnimo um valor
e!uivalente J!uele !ue )agou )or ele' O com)rador marginal o mais relutante e o
4ltimo a com)rar o bem considera a utilidade igual ao )reo desembolsado )elo bem
ad!uirido' Por outras )alavras * )ossvel em alguns casos inferirnveis de utilidade
tendo )or base as escol0as e os )reos observados' Pode1se derivar a utilidade de
!ual!uer ao bem e troca )essoal' O facto de os nveis de utilidade serem mais
facilmente determinados nas transa(es do mercado no )ode de modo nen0um dar
lugar J inter)retao de !ue os mercados ou as trocas comerciais so o 4nico ou o mais
im)ortante dos motores da utilidade' -o so' A anlise das conse!uncias materiais e
imateriais da cultura nada tem a temer J ca)acidade de observao das trocas
comerciaisQ a utilidade a)lica1se de igual modo a todos os )rodutos da cultura mesmo
!ue se5a mais difcil de formali6ar ou !uantificar'
Im)(em1se dois esclarecimentos' Em muitos casos os economistas )ro)(em um
conceito de ut('(%!% o$%(n!' " 07 % !$%(n!'' Em vrias situa(es s. )odem
ser usadas utilidades ordinais e no medi(es diretas do grau de bem1estar nem to1
)ouco )odem ser tentadas com)ara(es !uantificveis entre caba6es de bens' As
diferenas em Dutils unidades de utilidade so eticamente insignificantes' A
utilidade comanda a totalidade do es)ectro de um le!ue de escol0as mas nada )ode serinferido no !ue toca J intensidade das )referncias' Yuando a utilidade cardinal *
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3!3!3!3! Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
a)licvel * )ossvel calcular a magnitudedas diferenasde utilidade isto * diferenas
entre o bem1estar )ro)orcionado )or diversos caba6es de bens e servios' Por outro
lado a utilidade ordinal ca)ta a)enas a ordenao Kran?ingM e no a intensidade das
)referncias' Os dois ti)os de fun(es de utilidade atribuem uma classificao aos
membros de um le!ue de escol0as' -este 4ltimo caso !uando se atribuem n4meros
re)resentativos da utilidade a con5untos de bens e servios * tentador com)arar os
nveis de utilidade entre )essoas' Contudo os economistas recon0ecem ou mel0or
insistem !ue as com)ara(es inter)essoais de utilidade so abusivas' -o existe uma
m*trica sim)les e 4nica !ue )ermita inter)retar o valor !ue diferentes indivduos
atribuem ao consumo de bens e servios'
Xm elemento da teoria marginalista !ue * relevante )ara a anlise da cultura * a ideia
de ut('(%!% "!$.(n!' %$snt a constatao de !ue mais do mesmo ou
semel0ante leva a nveis cada ve6 menores de satisfao adicional' Est )resente no
denominado )aradoxo do valor em !ue uma unidade de gua * inex)licavelmente
muito menos valiosa do !ue uma unidade de diamantes embora a )rimeira se5a
essencial J vida ao )asso !ue a segunda * um luxo sem utilidade intrnseca' Os
economistas c0egaram J concluso de !ue * o valor da unidade marginal !ue ex)lica o
conceito de valorQ se a gua se tornasse suficientemente escassa o seu valor
ultra)assaria o de !ual!uer diamante' Os bens culturais Kas belas artes )or exem)loM
)odem ser conce)tualmente tratados como Dbens de luxo' Z a utilidade marginal
decrescente !uando confrontada com os custos crescentes de )roduo !ue condu6 ao
e!uilbrio do mercado e ao mtico encontro entre a oferta e a )rocura' A anlise da
cultura e dos bens culturais resiste a anlises sim)listas em es)ecial no !ue di6 res)eito
Js manifesta(es culturais mais com)lexas tais como a cultura erudita' A!ui cada bem
* considerado to 4nico !ue a sua valori6ao no )ode seguir !ual!uer abordagem
Dmecanicista' Conceitos como valori6ao marginal utilidade decrescente do consumoe custos de )roduo tornam1se ento teori6a(es sem nexo'
A!uilo a !ue se c0ama Eono"(! 0o'u(u "to%o'o.(!"nt desde o seu
a)arecimento como rea de con0ecimento 0 mais de du6entos anos' Ho5e em dia a
disci)lina de Economia * identificada com a economia neoclssica uma abordagem
com)leta e coerente aos )roblemas individuais e sociais !ue )(e em evidncia recursos
e incentivos como ferramentas )ara satisfa6er um vasto le!ue de necessidades e )reos
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3"3"3"3" Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
e custos marginais como determinantes do conceito de valor'9Por outras )alavras * o
)reo )ago )elo 4ltimo indivduo !ue reali6a a transao num mercado !ue revela o
valor do bem ou servio' #ecGer K9?@ )' =M )ro)]s !ue a economia combina os
B)ressu)ostos de um com)ortamento orientado )ara a maximi6ao )referncias
estveis e e!uilbrio de mercado usados de uma forma firme e im)lacvelF' Trata1se de
uma caracteri6ao de um m*todo mais do !ue de uma mat*ria' En!uanto m*todo a
caracteri6ao * obviamente limitada' O com)ortamento orientado )ara a maximi6ao
* uma descrio incom)leta e )or ve6es irrelevante do com)ortamento tal como *
entendido na economia contem)ornea' Ideias como a de racionalidade limitada em
!ue os indivduos )rocuram o !ue * suficientemente bom em ve6 do !ue * mel0or com
base num con5unto de informao limitado e )or ve6es autoim)osto esto agora
integradas na cincia econ.mica' -o !ue se refere Js )referncias ou se5a J
re)resentao formal da!uilo !ue as )essoas !uerem e dese5am estas )odem ser
mani)ulveis mutveis com o tem)o e )or ve6es de muito difcil re)resentao' Ideias
como a de de)endncia em !ue o consumo muda a nature6a dos benefcios e a de
desconto 0i)erb.lico Kh4perbolic discountingM em !ue o futuro distante *
anormalmente desvalori6ado tamb*m foram integradas na corrente econ.mica
dominante' Por fim a ideia de e!uilbrio de mercado embora constitua um elemento
metodol.gico c0ave no im)ede a aceitao de !ue os mercados )odem estar
tem)orariamente mas de forma relevante em dese!uilbrio' Acresce ainda !ue a
Economia recon0eceu !ue existem reas )ara as !uais no existem mercados
fre!uentemente devido a normas sociais e culturais' Em suma a coerncia e a
integralidade da metodologia da corrente econ.mica dominante no constitui uma
garantia de realismo ou mesmo relevncia'
Xma das formas de organi6ar o !ue a economia entende como a!uilo !ue o ser 0umano
!uer e dese5a * recon0ecer o contraste entre %u!s !#o$%!.ns ; $!'(%!%
on/"(!Q
9' A abordagem o#3t(0(st!oupositi%a baseada no com)ortamento observvel dos
indivduos revelado )elas escol0as reali6adas dentro de um con5unto de bens e
servios materiais incluindo la6er'
17A)esar de um m*todo comum e dominante a economia inclui vrias abordagens analticas )or ve6es contradit.riasincluindo entre outras a economia Dneo1Ge3nesiana a economia institucional a economia marxista a economiafeminista e a economia ecol.gica'
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3#3#3#3# Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
:' A abordagem su#3t(0(st! baseada em informa(es sobre imateriais tais como
o)ini(es e avalia(es a)uradas ou dedu6idas atrav*s de in!u*ritos a indivduos'
A segunda abordagem tem tido maior dificuldade em ser validada )ela corrente
econ.mica dominante e tem sido fre!uentemente considerada como Dmenos cientfica'
-o obstante muitas anlises te.ricas no ob5etivistas tm vindo a ad!uirir relevncia
na cincia econ.mica incor)orando fatores como as emo(es a identidade a
autoestima o significado o estatuto etc'9>As duas )ers)etivas anteriormente referidas
esto relacionadas com uma distino fundamental em Economia !ue * relevante em
!ual!uer anlise dos sistemas sociaisQ a %(st(n)o nt$ p$o%u)o tno'o.(!
)or um lado ut('(%!% p$*$:n(!s )or outro' A )roduo e a tecnologia
definem o !ue * Dfisicamente vivel o !ue de)ende dos recursos in)uts e t*cnicas
atualmente dis)onveis bem como da forma como os diferentes in)uts so
combinados' Conv*m lembrar !ue os in)uts incluem um con5unto de fatores no
observveis tais como liderana confiana com)etncias de gesto etc' A utilidade e
as )referncias )or outro lado di6em res)eito ao valor !ue os indivduos atribuem em
termos sub5etivos aos recursos )ostos J sua dis)osio atrav*s da )roduo troca
direta ou com*rcio' Estes recursos !ue )ro)orcionam bem1estar incluem no s. todos
os bens e servios la6er como tamb*m !uais!uer elementos materiais ou imateriais
!ue afetem o bem1estar' A medio e discusso do conte4do de utilidade e )referncias
so mais difceis do !ue a avaliao da tecnologia e das )ossibilidades de )roduo de
uma sociedade' ,eli6mente o (n%(0(%u!'(s"o "t/%(o leva a Economia e os
economistas s*rios a desviarem1se de !ual!uer definio fec0ada do !ue * Dbom ou
Dmau )ara !ual!uer indivduo' Isto di6 obviamente res)eito a !ual!uer determinao
do valor intrnseco da cultura e dos bens culturais' semel0ana do !ue acontece com
outras cincias sociais os valores e a cultura do Dobservador cientfico no )odem ser
com)letamente isolados da Drealidade observada um paralelo com )rinc)io daincerte6a de Heisenberg na ,sica em !ue a observao afeta o observado' Em termos
sociais o observador influencia a nature6a da observao' A Economia * uma cincia
social e nunca foi isenta em mat*ria de valor ou cultura' A boa notcia * !ue os seus
)raticantes recon0ecem cada ve6 mais este facto e a sua metodologia os incentiva a
)orem de )arte a maioria dos 5u6os de valores idiossincrticos'
A Economia evoluiu no sentido da validao da im)ortncia da utilidade e das
)referncias e adotou )rogressivamente uma abordagem mais sub5etivista !ue facilita a
18Para discusso ver ,re3 e $tut6er K:;;:M'
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39393939 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
incor)orao da cultura no debate' Xm comentrio !ue sugere a nature6a Dbinria da
Economia relacionada com a cultura * sabiamente a)resentado em ,ernande6 K:;9;MQ
B6s economistas modelam os indi%duos como agentes econmicos que fa8em
escolhas num ambiente econmico e institucional0 de acordo com as suas prefer(ncias
e crenasH Consideremos duas sociedades hipot:ticas confrontadas com situa&es
institucionais e econmicas id(nticasH Suponhamos que0 apesar destes ambientes
id(nticos0 essas sociedades chega%am a resultados diferentes0 que refletiam o facto de
os seus habitantes terem feito escolhas diferentesH .ostaramos de di8er que essas
escolhas foram diferentes porque essas sociedades possuem culturas diferentes0 isto :0
porque s'o diferentes em termos de distribui'o de prefer(ncias e crenas entre os
indi%duosH Portanto0 no #mbito do que est/ a ser discutido0 seria mais Atil uma
defini'o que considere as diferenas culturais como uma %aria'o sistem/tica das
crenas e prefer(ncias no tempo0 no espao e entre os grupos sociaisF'
$eguem1se algumas das caractersticas es)ecficas !ue facilitam a incor)orao da
cultura num !uadro baseado na EconomiaQ
9' 2o lado da ut('(%!% %!s p$*$:n(!s os desenvolvimentos incluemQ
a' Incor)orao de ut('(%!%s (nt$%pn%nts em !ue a utilidade de um
indivduo de)ende da utilidade de um ou mais indivduos' -o caso da
utilidade interde)endente o bem1estar sub5etivo de um indivduo de)ende
do bem1estar de outro indivduo ou de um gru)o de referncia como )or
exem)lo familiares um gru)o de colegas um gru)o *tnico ou um gru)o
nacional etc' A interde)endncia )ode ser negativa como * o caso da inve5a
ou )ositiva !uando se trata de altrusmo'
b' A ideia de ut('(%!% p$ossu!' em !ue a avaliao das a(es de)ende
do )rocesso associado Js a(es )ara al*m dos seus resultados e emerge
D)or!ue as )essoas tm uma consci(ncia de si mesmas' O conceito
incor)ora assim um as)eto central da Psicologia $ocial a)licado J cincia
econ.mica nomeadamente !ue as )essoas do im)ortncia J forma como
se veem a si mesmas como seres 0umanos e J forma como so vistas )elos
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outros KLM'9? -o im)orta a)enas o qu( mas tamb*m o como' 2ito de
outro modo os meios so to im)ortantes !uanto os fins' Esta caracterstica
coloca nfase na utilidade como bem1estar e desvalori6a o com)ortamento
instrumental'
c' Considerao dos #n*6(os p!$! !s .$!)9s *utu$!s de !uem ainda
no existe e no )ode influenciar nem os mercados nem as )olticas a!ueles
!ue no )odem nem com)rar nem votar mas !ue so afetados )elas
decis(es atuais' Estamos a falar da criao de bens cu5os benefcios ou
custos vo )erdurar' Z evidente !ue se a cultura tiver benefcios
intergeracionais !uem ainda no nasceu vai beneficiar sem !ue l0e ten0a
sido )ossvel contribuir com o seu Dvoto econ.mico atrav*s do mercado'
d' Considerao dos .ostos u"u'!t(0os %pn%nts %o t"po um
ti)o de fruio atrav*s do consumo semel0ante ao learning b4 doing na
)roduo em !ue a a)reciao de um bem ou servio muda no tem)o )elo
sim)les facto de se ter contacto com esse bem ou servio' Trata1se de um
mecanismo semel0ante ao da de)endncia mas !ue no est associado a
efeitos secundrios nocivos )ara a sa4de'
:' Os desenvolvimentos do lado dap$o%u)o tno'o.(!incluemQ
a' "econ0ecimento de 4t$n!'(%!%s sp(''o0$s entre indivduos locais
e no menos im)ortante no tem)o' Por outras )alavras o valor dos
)rodutos no corres)onde inteiramente ao valor !ue l0es * atribudo )elos
mecanismos de mercado K)reosM' Isto acontece )or!ue os benefcios so
)ro)orcionados a indivduos !ue no )recisam de )agar )ara deles
usufrurem'
b' Considerao de #ns p8#'(os (nt$"1%(os !ue entram na )roduo de
outros bens mas !ue de)endem de resultados societrios e afetam
)rodutores individuais de uma forma )otencialmente im)ortante'
c' ,un(es )roduo !ue integram (nputs outputs su#3t(0os
imateriais dando origem a dificuldades na com)reenso da im)ortncia
197er ,re3 et alHK:;;
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do !ue * D)rodu6ido atrav*s de medi(es !uantitativas como )or exem)lo
o volume e o valor'
d' A )resena de nveis elevados de $(so (n$t7! no ,u!nt(*(0'
nas trocas econ.micas e sociais' Embora o risco se5a geralmente!uantificvel e )or conseguinte )assvel de avaliao e cobertura de seguro
a incerte6a refere1se a )erturba(es no !uantificveis e )otencialmente
geradoras de mudanas im)revistas'
Co66i K9??>M )ro)(e u" "o%'o "!t"t(o ,u ons(%$! ! u'tu$!de uma
forma ex)lcita com um con5unto de )ressu)ostos !ue o tornam o)eracional )ara a
mat*ria em anlise' Este modelo no * 4nico nem to1)ouco se trata de um modelo
)adro mas usamo1lo como exem)lo caricatural )ara ilustrar a forma como a
Economia )ode incor)orar a cultura e alguma ^ e sublin0a1se Dalguma da sua
ri!ue6a' Para Co66i a cultura * como uma bol0a um elemento de valor !ue )ossui um
valor 5ustificado ou in5ustificado de)endendo da forma como os indivduos o
entendem' Trata1se de um modelo de crescimento !ue abrange vrias gera(es
Ko%erlapping generations gro+th modelM ou se5a em !ue a economia cresce ao longo
do tem)o torna1se mais rica e existem gera(es subse!uentes se!uencialmente
relacionadas com as )rimeiras mas com interesses diferentes e com acesso a con5untos
diferentes de recursos' A cultura * encarada como um in)ut )4blico no )rocesso de
)roduo ou se5a como um elemento )rodutivo ao !ual todos tm livre acesso e em
!ue o seu uso )or uma )arte no im)ede a outra de fa6er o mesmo se5am indivduos
em)resas ou institui(es' Al*m disso trata1se de um input )ara os )rocessos de
)roduo das gera(es futuras aumentando a eficincia do esforo laboral' O valor de
mercado da cultura dada a sua nature6a de bem )4blico * facilmente relacionado com
a ideia de bol0a ou se5a )ossveis situa(es em !ue o valor atribudo a um ativo ou
ob5eto tem muito )ouca relao com a soma dos benefcios )resentes e futuros !ue esse
ob5eto ou ativo )ro)orcionar' Trata1se de uma valori6ao !ue no est diretamente
relacionada com o valor da cultura )ara o )resente mas antes com o valor da cultura
)ara as futuras gera(es' Existe a )ossibilidade de a cultura en!uanto bol0a ser ao
mesmo tem)o racional e estacionria ou se5a existe uma ex)ectativa autorreali6vel de
um valor crescente da cultura como ativo imaterial !ue * su)erior ao seu )reo de
mercado atual' Esta valori6ao acrescida da cultura * essencial )ara o crescimento' $e
o valor da cultura no for recon0ecido e crescente os incentivos )ara Da ad!uirir
diminuiro e a economia )oder estagnar' Conv*m lembrar !ue a cultura * D)rodutiva
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42424242 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
mas !ue os seus benefcios no )odem ser diretamente ad!uiridos )elas gera(es
atuais ra6o )ela !ual o efeito Dti)o bol0a * necessrio )ara uma correta incor)orao
da cultura na economia' $im)listaR $im' Nas elementos como a nature6a imaterial e de
bem )4blico da cultura o seu efeito )rodutivo indireto e a sua relevncia )ara as
gera(es futuras esto todos a!ui )resentes'
-este momento 5 com)reendemos como a metodologia evoluiu de uma fraca
abordagem materialista baseada na observao de escol0as individuais )ara um
!uadro metodol.gico mais abrangente !ue integra a com)lexidade das motiva(es
individuais' Este !uadro inclui o !ue * imaterial e altrusta tem em conta o )a)el
desem)en0ado )ela eficincia e )ela e!uidade integra o tem)o e considera o )a)el das
gera(es futuras e!uaciona os incentivos es)ecficos da escol0a )4blica e a avaliao
dos bens )4blicos )ondera o outro Dsub5etivo )or mais difcil !ue )ossa ser e
recon0ece a dificuldade do conceito de e!uilbrio nas sociedades dinmicas onde os
recursos e a tecnologia )or um lado e as )referncias e as institui(es )or outro se
encontram em constante mutao alargando o cam)o das )ossibilidades' Em suma
dis)omos das ferramentas )ara nos libertarmos de %u!s 0(s9s ($$!'(st!s %
Eono"(!Q uma Economia ti)o 2isne3 ing*nua e grotesca )ersonificada na figura de
um tio rico cu5o maior )ra6er consiste em mergul0ar numa )il0a com o seu din0eiro
uma viso ti)o 2ali o surrealista !ue move o seu famoso bigode )ara cima e )ara baixo
num vdeo )ublicitrio do Dc0ocolate +anvin caricaturado )elo tamb*m surrealista
Andr* #renton com o termo *%ida Dollars, M um sim)les anagrama do nome
$alvador 2ali' A Economia en!uanto cincia social no )recisa de ter nem uma
)ers)etiva ing*nua do din0eiro nem uma viso excessivamente materialista da cultura'
A ,igura III resume a evoluo da metodologia econ.mica )ara incor)orar em torno
do indivduo diversas caractersticas determinantes !ue transformaram a sua mat*ria'
A maior )arte destes fatores seno todos so determinantes )ara um estudo coerenteda relao entre a cultura e a economia'
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43434343 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Figura H Evolu"#o da Ci9ncia Econ&mica
Poder1se1 defender seguramente !ue o %#!t so#$ o ("p!to %! u'tu$! na
economia e na sociedade no tirou )artido das vantagens da evoluo da metodologia
econ.mica' Tal como disse Pier +uigi $acco *
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44444444 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Meto&olo'ia &este $stu&o
A cincia econ.mica tem )rogressivamente valori6ado a sua vertente interdisci)linara)licando a sua metodologia de anlise a reas temticas como a economia da cultura a
noo de ca)ital social a noo econ.mica de felicidade e de sustentabilidade entre
outras':9 O )resente estudo tirar )artido dessa ri!ue6a metodol.gica e coerncia
analtica at* agora com uma a)licao muito limitada na rea das )olticas culturais'
Procuraremos organi6ar uma discusso !ue com base na metodologia da cincia
econ.mica oferea vrios nveis adicionais de sentido Js )olticas culturais' A
metodologia do estudo tem como ob5etivo 4ltimo )rodu6ir uma leitura legvel e 4til da
fronteira do con0ecimento em termos de anlise econ.mica da cultura leitura essa !uefacilite a a)ro)riao desse con0ecimento )elos decisores )olticos'
A metodologia do estudo ter assim )or base os seguintes !uadros de anlise
desenvolvidos e amadurecidos na cincia econ.mica e em outras cincias sociaisQ
Indi%idualismo metodolgico A ex)licitao e estudo dos incentivos
materiais ou imateriais !ue constituem vetores de ao dos cidados
en!uanto indivduos e como )artici)antes interessados nas atividades de
organi6a(es )4blicas e em)resas )rivadas
Escolha pAblica A anlise das formas de atuao de organi6a(es )4blicas no
!uadro da democracia re)resentativa e dos )rocessos es)ecficos de deciso da
administrao )4blica
Economia pAblica A anlise do )a)el do estado das suas agncias e das
coletividades de cidados en!uanto )rodutores ou )rovedores de bens )4blicos
ou en!uanto atores com ca)acidade de coordenao e de iniciativa )r.)ria
:9 7e5a1se entre outros NansGi K:;;;M e $obel K:;;:M )ara ca)ital social ,olbre et al' K:;;;M e ,re3 et al' K:;;:M )araa relao entre bem1estar felicidade e rendimento Elster K9??>M Hanus0eG et al' K:;;>M e +ein K9??@M )ara as
com)onentes )sicol.gicas do desenvolvimento /uiso et al' K:;;@M )ara a relao entre cultura e desenvolvimento#oles K9??>M )ara a relao entre mercados cultura e institui(es e -ord0aus e Vang K9??@M )ara os custos dasaltera(es climticas'
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4444 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Crescimento econmico O exame dos mecanismos macro e microecon.micos
!ue geram )rogresso tecnol.gico acumulao de fatores de )roduo e
aumento do nvel e !ualidade de vida dos cidados
Econometria e an/lise estatstica A avaliao da validade das infernciasem)ricas !uanto J relao entre atividades e )olticas culturais e o seu im)acto
na economia tendo )or base a distino entre causalidade e correlao e a
avaliao da robuste6 das es)ecifica(es em)ricas mais relevantes
$em sacrificar a sua legibilidade e a)ro)riao )elos decisores )olticos o estudo
)retende assinalar e distinguirQ
1 conceitos e associa(es em)ricas
1 causalidade e correlao
1 efeitos de curto e de longo )ra6o
1 im)actos de nvel e de taxa de crescimento
1 efeitos diretos e indiretos nomeadamente externalidades e s)illovers
1 a validade relativa das interven(es do estado e dos agentes )rivados em
)articular face a bens com nature6a de bem1)4blico'
Ambicionamos )rodu6ir uma ferramenta de motivao dos decisores de )oltica
econ.mica e racionali6ao da discusso em torno dos benefcios econ.micos da
cultura' Pretendemos !ue essa ferramenta se5a relevante nos )lanos nacional e
euro)eu' Procuramos uma anlise sugestiva e envolvente !ue a)oie uma mudana do
)aradigma de anlise e de conceo de )olticas culturais valori6ando as suas
com)onentes de desenvolvimento inovador inclusivo e sustentvel' Z nossa convico
!ue o )ioneirismo e im)ortncia de uma viso unificadora e estruturante res)onder a
necessidades de )oltica cultural 5 claramente manifestas mas ainda )or satisfa6er'
Este estudo )retende su)rir essa necessidade' O trabal0o formula uma matri6 !ue
relacione caractersticas os im)actos da cultura em termos de )rodutos servios e
infraestruturas culturais com os ob5etivos da Euro)a :;:;' A fundamentao
conce)tual e em)rica dessas rela(es valori6ar a cultura como vertente fundamental
)ara )romover o crescimento inovador inclusivo e sustentvel na Euro)a'
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4!4!4!4! Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
-o )assado recente a economia tem valori6ado a sua com)onente inter1disci)linar e
a)licado a sua metodologia e anlise a temas como a economia da cultura ca)ital
social felicidade sustentabilidade e outras m*tricas no convencionais do bem1estar
0umano':: Pretendemos usar essa ri!ue6a metodol.gica e coerncia analtica )ara
desvendar as diferentes valncias da cultura )ara o desenvolvimento e o crescimento
econ.mico' -o fundo organi6ar uma discusso !ue nas )alavras de $acco K:;99M
necessita de Dla3ers of meaning on 0ic0 to develo) ne models and )ractices of
sustainabilit3 derived from massivel3 )arallel forms of collective intelligence'
O estudo vai analisar avaliar e organi6ar o estado da arte do con0ecimento da relao
entre cultura e desenvolvimento econ.mico' Para isso analisar1se1 a literatura de
cincia econ.mica nas suas vertentes conce)tual e em)rica assim como literaturas
correlatas de forma a obterQ
uma caracteri6ao conce)tual rigorosa da forma como a cultura nas suas
diversas manifesta(es se constitui determinante do desenvolvimento
econ.mico
uma ex)osio da validade em)rica das rela(es acima delineadas
uma discusso da relao es)ecfica entre atividades culturais e diferentes
benefcios no estritamente econ.micos como sustentabilidade ambiental e
social felicidade e bem1estar
uma corres)ondncia entre o !uadro conce)tual desenvolvido acima e os
ob5etivos da Euro)a :;:; !uanto a sustentabilidade incluso e inovao
diagn.stico relativo de Portugal versus os restantes )ases euro)eus !uanto ao
investimento e )artici)ao em actividades culturais e a sua relao com os
ob5ectivos da Euro)a :;:;
a)ontar a dis)onibilidade dos indicadores ca)a6es de acom)an0ar as escol0as
de )oltica segundo os diferentes im)actos no desenvolvimento'
227e5a1se entre outros NansGi K:;;;M e $obel K:;;:M )ara ca)ital social ,olbre et al' K:;;;M e ,re3 et al' K:;;:M )ara a
relao entre bem1estar felicidade e rendimento Elster K9??>M Hanus0eG et al' K:;;>M e +ein K9??@M )ara ascom)onentes )sicol.gicas do desenvolvimento /uiso et al' K:;;@M )ara a relao entre cultura e desenvolvimento#oles K9??>M )ara a relao entre mercados cultura e institui(es'
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4"4"4"4" Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Parte II
Cultura e DesenvolvimentoEconmico
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4#4#4#4# Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
Cultura e Desenvolvimento $con(mico
* economia de%e economi8arH Cabe $ cultura economi8ar o que a economia n'o economi8aH,
lvaro /arcia de uiga
Xma das !uest(es c0ave )ara entender o )a)el da cultura no desenvolvimento * a
identificao da relao entre ! u'tu$! !s (nst(tu()9s' Tabellini K:;;>aM )ro)(e
!ue os valores atuais )odem refletir o funcionamento das institui(es )olticas durante
um grande )erodo de tem)o' 2e certa forma os valores e a cultura funcionam como
validadores das institui(es !ue )ossuem o dom da sobrevivncia e naturalmente
alguma eficcia' Nas existe um fluxo bidirecional de informao entre os valores e as
institui(es' Os valores )odem mudar J medida !ue os incentivos contem)orneos e os
resultados tamb*m mudam )ondo os valores em !uesto' Im)ortante ser notar !ue as
(nst(tu()9s (n*o$"!(s !ue com)lementam as formais e so fundamentais )ara o
desenvolvimento )odem de)ender de valores crenas e cultura de uma forma ainda
mais direta do !ue as institui(es formais' Xm )roblema im)ortante * a forma como a
relao entre cultura e desenvolvimento muda no tem)o tanto no !ue di6 res)eito Js
condi(es de )roduo da cultura como aos benefcios )otenciais !ue advm da cultura
e da )roduo cultural )ara a economia'
Xm dos )rinci)ais !uadros conce)tuais * o de Pier +uigi $acco K:;99M !ue a)resenta
u" ont4to p!$! !n'(s %! u'tu$! o"o ! p$o%u)o % (%(!s
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49494949 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
recursos )ro)orcionados aos )rodutores de cultura no so considerados como uma
transao de mercado sendo antes elementos simb.licos com)arveis a uma troca
m4tua de )rendas entre o mecenas e o artista em !ue o )rimeiro tem um )oder de
deciso substancial' O n4mero de )rodutores de cultura * muito limitado assim
como o do )4blico ao !ual se destina' Esta fase da )roduo cultural bem como os
seus re)resentantes da *)oca coabitou com sociedades muito desiguais onde a
ri!ue6a era acumulada )elas elites' -o entanto conv*m notar !ue alguns dos mais
duradouros cones da cultura )elo menos na Euro)a foram )rodu6idos neste
sistema'
Cultura 250 O modelo !ue se estabeleceu na aurora da revoluo industrial e na
emergncia das sociedades de mercado ao mesmo tem)o !ue revolu(es )olticas
incluindo o surgimento do nacionalismo condu6iram ao nascimento do Estado
moderno com uma nova e )oderosa ca)acidade de acumular recursos e de decidir
como os gastar' Existe um claro alargamento e democrati6ao das audincias
culturais a )ar de um !uestionamento dos )rivil*gios das classes regentes' O acesso
J cultura a).s o desenvolvimento da educao )4blica )assa a ser encarado
como um direito universal !ue fa6 )arte integrante da ideia de cidadania' A
revoluo industrial de )endor cultural na transio )ara o s*culo && cria ascondi(es tecnol.gicas necessrias ao a)arecimento dos mercados de massas da
cultura' Os modernos e!ui)amentos de im)resso fotografia cinema grava(es de
m4sica emisso de rdio entre outros so ca)a6es de fornecer novos )rodutos
culturais a audincias em massa )or um )reo cada ve6 mais acessvel des)ertando
mesmo um debate sobre BA Obra de Arte na Era da $ua "e)rodutibilidade
T*cnicaF':8As classes trabal0adoras veem o seu )oder de com)ra e tem)o de la6er
aumentar o !ue condu6 ao crescimento de uma Dind4stria de entretenimento
sugerindo um contraste entre a arte e o la6er !ue )erdura at* aos dias de 0o5e' Omecenato )4blico surge como uma fora )oderosa com o Estado a interessar1se
)ela cultura como uma fora unificadora e mobili6adora' O Estado torna1se
Dfacilitador Dmecenas Dar!uiteto Dengen0eiro alimentador de cidados e
elites' As audincias crescem mas o n4mero de )rodutores de cultura continua
limitado )or barreiras !ue incluem o acesso a tecnologias de )roduo' As
atividades culturais e criativas ad!uirem fora e coerncia como um sector !ue
)rodu6 valor econ.mico num contexto de mercado )ro)orcionando gan0os
237er #en5amin K9?8@M'
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0000 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
avultados' Ainda 0o5e a cultura re)resenta uma )arte es)ecfica e identificvel da
economia'
Cultura I50 Xma fase interm*dia recon0eceu a relao funcional entre a
)roduo cultural e os sectores no culturais com forte com)onente criativa
ar!uitetura moda designde ob5etos e )ublicidade e so im)lementadas )olticas
)4blicas )ara incentivar as ca)acidades de )roduo e em)reendedorismo na
economia' As inova(es tecnol.gicas ocasionam a ex)anso das )ossibilidades de
)roduo a )ar das )ossibilidades de consumo de cultura' A facilidade no acesso
aos dis)ositivos de )roduo com claras curvas de a)rendi6agem )ermite aos
indivduos )assar de consumidores a )rodutores e vice1versa a um ritmo cada ve6
mais r)ido e relevante' A noo de autoria bem como a de audincia mudam
drasticamente' Os autores mani)ulam os materiais com grande destre6a entre os
vrios cam)os de ex)resso' A cultura torna1se uma )arte mais ex)lcita da textura
das sociedades e economias afetando ainda !ue de forma im)lcita a maior )arte
das )rticas de consumo' Xma concentrao no sector cultural torna1se cada ve6
mais enganadora KNcCracGen 9?>@M'
-o contexto da Cultura 8'; 0 !ue )onderar sobre ! $'0=n(! %o on3unto
$snt % p$o%uto$s' Nuitas das novas transa(es ainda )ossuem uma
nature6a no comercial no so )agas e geram um rendimento muito baixo )ara os
)rodutores ainda !ue )ossuam um im)ortante significado simb.lico' Presentemente
esta democrati6ao da )roduo e difuso de cultura )arece ter destrudo ou estar
)restes a destruir Dmercados culturais im)ortantes tais como a gravao de m4sica e o
cinema' Curiosamente o veculo monetrio dessas ind4strias )arece ter mudado )ara
eventos ao vivo tais como concertos e outras atua(es'
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1111 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
*abela 2 H Cultura 150 a Cultura I50 ' Caracteria"#o
Cultura 150 Cultura 250 Cultura I50
Aicos e
PoderososNecenas e audincia
Pa)el singular
inde)endente ainda
relevante
Ainda relevante
,assas AusentesTorna1se uma audincia
im)ortante
Torna1se )rodutora e
audincia
EstadoNaioritariamente
ausente
Torna1se um mecenas
im)ortantePerde relevncia
!rtistas Poucos e raros Cada ve6 mais Todos Kou noRM
*ecnologiaNaioritariamente
manual e idiossincrtica
Tecnologias )ara difuso
em massa tecnologias
onerosas na )roduo
Tecnologias acessveis
)ara )roduo e difuso
em massa
;alores
8mni.resentes
Prestgio estatuto e
re)utao da elite
conformidade com
felicidade a).s a morte
A nao o Estado o
cidado conformidade
com grande n4mero de
valores de gru)o
O cosmo)olita na aldeia
global liberdade de
criao e ex)resso
$ector
Econ&mico
Agricultura algum
com*rcio
Ind4stria agricultura em
declnio crescimento do
mercado
$ervios
desindustriali6ao
Xma n!$$!t(0! p!$!''!J relao entre cultura e desenvolvimento concentra1se na
"u%!n)! sto$(!'Q os diferentes nveis de im)ortncia !ue os sectores da economia
ad!uirem no tem)o J medida !ue a economia se vai desenvolvendo e tornando maisrica' Este ti)o de mudana estrutural tem como se torna evidente nos )argrafos
anteriores efeitos substanciais nas condi(es de )roduo e consumo de obras
culturais' A!ui 0 !ue realar o movimento !ue comeou com as economias
de)endentes da agricultura com uma )rodutividade relativamente baixa autarcias e
sociedades conservadoras Js !uais faltava um crescimento econ.mico significativo do
)roduto per capita':
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2222 Cultura e Desenvolvimento: Um Guia Para os Decisores
terrveis e !ual!uer dis)onibilidade de tem)o ou dis)osio mental era exclusiva de
uma minoria de ricos e )oderosos !ue eram fre!uentemente os administradores da
religio oficial' A cultura era usada )ara con!uistar )restgio e re)utao )essoal os
!uais tendiam a manter a ordem social existente' -os 4ltimos du6entos anos o ritmo
da industriali6ao acelerou e uma grande massa de trabal0adores concentrou1se J
volta das )rinci)ais cidades dando lugar ao a)arecimento de novos movimentos sociais
e a um anseio )or vo6 )r.)ria e democracia' -o menos im)ortante a inveno de
novos meios de comunicao incluindo fotografia cinema rdio gravao de vo6 e
mais tarde a televiso multi)licaram os )4blicos dos )rodutos culturais' A mel0oria do
rendimento das massas e notavelmente o alargamento das 0oras de la6er no incio da
regulamentao sobre os dias e as semanas de trabal0o condu6iram J emergncia de
uma ind4stria de entretenimento rentvel e )oderosa com im)ortncia econ.mica
crescente' Esta nova ind4stria ameaou e at* certo )onto substituiu )rodutos culturais
at* ento destinados Js elites' A emergncia da ind4stria de entretenimento deu1se a
)ar do alargamento da educao )4blica e do franc0ising bem como do a)arecimento
do nacionalismo !ue se valia destes novos meios )ara transmitir as suas mensagens de
acordo com os interesses dos Estados nacionais emergentes' A diminuio dos custos
de trans)orte facilitou a criao de mercados de massa e im)ulsionou o com*rcio
internacional' Ao )erodo )osterior J $egunda /uerra Nundial KboomM caracteri6ado
)elo fortalecimento do sector dos servios e )ela desindustriali6ao seguiu1se uma
mudana substancial no local de trabal0o com vrias atividades econ.micas a serem
interligadas com outras )r.)rias do cam)o cultural tais como a ca)acidade de
comunicar a em)atia com os outros e a tolerncia da diversidade em ve6 da )rocura da