ESTRATÉGIA DE DIFUSÃO DA INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA EXISTENTE NAS BASES DE PATENTES COMO CONTEÚDO EDUCACIONAL PARA A FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DO NÍVEL TÉCNICO E TECNOLÓGICO

7/23/2019 ESTRATGIA DE DIFUSO DA INFORMAO TECNOLGICA EXISTENTE NAS BASES DE PATENTES COMO CONTEDO EDUCACIONAL PARA A FORMA

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Cadernos de Prospeco - ISSN 1983-1358. (print), 2317-0026 (online), 2014, vol.7, n.2, p.237-246D.O.I.: 10.9771/S.1983-1358.2014.007.025

ESTRATGIA DE DIFUSO DA INFORMAO TECNOLGICA EXISTENTE NAS BASESDE PATENTES COMO CONTEDO EDUCACIONAL PARA A FORMAO DE

ESTUDANTES DO NVEL TCNICO E TECNOLGICO

Denys Eduardo Biaggi*; Gilberto Jos da Cunha; Luciana Aparecida Ferrarezi; Nilson CarlosDuarte da Silva; Oswaldo Massambani

Agncia de Inovao INOVA Paula Souza. Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula

Souza. Secretaria de Desenvolvimento Econmico, Cincia, Tecnologia e Inovao do Governo do

Estado de So Paulo, So Paulo, Brasil. (*[email protected])

RESUMOMotivado pela poltica de inovao sendo implantada pela Agncia de Inovao INOVA PaulaSouza o Ncleo de Inovao Tecnolgica do Centro Estadual de Educao Tecnolgica PaulaSouza do Governo do Estado de So Paulo, este trabalho apresenta uma abordagem metodolgicada Prospeco Tecnolgica, objetivando evidenciar a importncia e difundir a informaotecnolgica existente nas bases mundiais de patentes para fins educacionais e formativos dosestudantes do ensino tcnico e tecnolgico. O foco dessa abordagem estabelecer uma temticatecnolgica especificando uma tecnologia, para a qual investigada a distribuio de patentes porempresa, tecnologias correlatas, seus mercados, inventores e tendncias a ela associadas.Exemplificando, apresenta-se essa sistemtica tendo como referncia o tema Pneus com Baixa

Resistncia ao Rolamento, por sua relevncia e impacto sobre o consumo de combustveis econsequente benefcio ao meio ambiente, aspectos atualmente importantes levados em consideraopelas montadoras de veculos automotivos e pelos fabricantes de pneus.

Palavras Chave: metodologia; prospeco; patentes; pneus.

ABSTRACT

Driven by innovation policy being implemented by INOVA Paula Souza Agency for Innovation ofthe Sao Paulo State Center for Technological Education, this work presents a methodologicalapproach of Technological Foresight, with the goal of highlight its importance and to disseminate

technological information in the existing worldwide patents bases to students of technical andtechnological courses. The focus of this approach is to establish a specific technology within atechnological axis, for which we investigate the patent distribution per company, its relatedtechnologies, its markets, inventors and trends associated with it . For illustrating this approach, andanalysis was performed to describe this systematic approach using the theme "Tires with LowRolling Resistance", which was chosen by its relevance and impact on fuel consumption andconsequent benefit to the environment - important issues currently considered by both theautomotive industry and the tires manufacturers.

Key words: methodology; foresight; patents; tires.

rea tecnolgica: Prospeces Estaduais, Regionais, Nacionais e Internacionais; Ensino.


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INTRODUO

A prospeco tecnolgica definida como um meio sistemtico de mapear desenvolvimentoscientficos e tecnolgicos futuros capazes de influenciar de forma significava pesquisa, aindstria, a economia ou a sociedade como um todo, bem como sinalizar o que poder ser um xitoem termos de inovao tecnolgica (FERRAREZI et al., 2013).

O objetivo principal deste artigo elaborar um panorama, atravs da prospeco tecnolgica, sobrea situao das patentes relacionadas a pneus com baixa resistncia ao rolamento em nvel mundialat 2013, identificando as tecnologias (subdomnios) relacionadas a esse tipo de pneu, o campo deaplicao comercial destas patentes, avaliando tambm a participao relativa de pases, instituiese empresas no desenvolvimento destas tecnologias.

Os objetivos especficos so:

Definir uma metodologia de prospeco;

Identificar a distribuio de patentes por empresa;

Identificar as tecnologias utilizadas;

Identificar os mercados mais protegidos;

Identificar os inventores X patentes;

Identificar a tendncia da tecnologia.

A motivao para a realizao deste estudo vem dos esforos da INOVA Paula Souza, Agncia de

Inovao do Centro Paula Souza, para a definio de uma metodologia de Prospeco Tecnolgicaque favorea a pesquisa e difuso do conhecimento tecnolgico nos diversos cursos tecnolgicosofertados pelo Centro Paula Souza, tanto de nvel tcnico como de nvel superior. Soma-se a essamotivao o interesse especfico de uma empresa do setor de produo de pneus em efetuar oestudo da tecnologia abordada no artigo.

DESCRIO DA TECNOLOGIA

O governo brasileiro criou o programa INOVAR-AUTO (INOVAR-AUTO, 2012)com o objetivode incentivar e apoiar o desenvolvimento tecnolgico, a inovao, a segurana, a proteo ao meioambiente, a eficincia energtica e a qualidade dos veculos e autopeas.

As montadoras devem se adequar a quatro requisitos bsicos, apresentados na Tabela 1, paraconseguir se habilitar ao programa, so eles: P&D Inovao, Tecnologia, Etapas Fabris (localizaode peas) e eficincia energtica dos veculos.

Para conseguir atingir os nveis exigidos pelo programa as empresas devero investir de maneira aelevar o nvel tecnolgico de seus produtos e processos. Novas tecnologias devero ser empregadas,elevando assim o padro dos produtos nacionais.

Dentre as principais metas, a de eficincia energtica ir contribuir para limitar as emisses nocivasdos veculos automotores, conforme Tabela 2.

A melhora na eficincia energtica pode ser obtida reduzindo-se o impacto das foras que se opem

ao deslocamento veculo. Dentre elas esto: gravidade, inrcia, foras aerodinmicas, atritomecnico e a resistncia ao rolamento. Esta ltima resultado do atrito dos pneus com o solo e


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corresponde a uma parcela significativa da resistncia. Portanto, melhorias para reduzir seu efeitogeram um grande resultado no consumo de combustvel (TRB, 2006).

Tabela 1: Requisitos Mnimos para Habilitao do Inovar-Auto.

Critrios* 2013 2017

P&D Inovao No mnimo 0,15% da receita operacional bruta 0,5% da receita operacional bruta

Engenharia e Tecnologia No mnimo 0,5% da receita operacional bruta 1% da receita operacional bruta

Etapas Fabris8 de 12 etapas - veculos leves10 de 14 etapas - veculos pesados

10 de 12 etapas - veculos leves12 de 14 etapas - veculos pesados

Etiquetagem No mnimo 25% dos veculos produzidos 100% dos veculos produzidos

Fonte: Inovar-Auto, 2012.

(*) Atendimento de pelo menos trs itens.

Tabela 2: Metas de Eficincia Energtica.

Metas

Autonomia (km/L) Consumoenergtico(MJ/km)

Incemento deeficincia energtica

(%)Gasolina

(E22)Etanol(E100)

Linha de base - 2011 14,00 9,71 2,07

Meta para habilitao 15,93 11,04 1,82 12,08%

Meta para reduo de 1 pp no IPI - 2017 16,57 11,48 1,75 15,46%

Meta para reduo de 2 pp no IPI - 2017 17,26 11,96 1,68 18,84%

Fonte: Inovar-Auto, 2012.

Esses fatos justificam o alto investimento dos fabricantes de pneus em pesquisa e desenvolvimentopara reduzir a resistncia ao rolamento dos pneus. Com o advento do INOVAR-AUTO, investir

nesse tema tornou-se uma obrigao para se manter competitivo no mercado automobilstico. AFigura 1 apresenta a relao entre a resistncia ao rolamento e o consumo de combustvel.

Segundo a Norma ISO 18164, a resistncia ao rolamento : Perda de energia (ou energiaconsumida) por unidade de distncia percorrida. As deformaes geradas no local onde a borrachado pneu atinge as rugosidades do solo esto ligadas ao conforto e aderncia, gerando umaresistncia ao rolamento. Sendo assim, quanto mais baixa a presso e mais flexvel a composio daborracha, maior a resistncia ao rodar.

Existem diversos fatores no pneu que influenciam no valor da resistncia ao rolamento, sendoapresentados nos resultados deste trabalho.


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Figura 1: Relao entre Resistncia ao Rolamento e Consumo de Combustvel. Fonte: Adaptadode Tire Science and Technology, 2013.

METODOLOGIA

A metodologia criada para o desenvolvimento da pesquisa dividida em trs etapas:

1. Definio da estratgia de pesquisa nas bases mundiais de patentes.

2. Utilizao do software Questel-Orbit para efetuar as buscas e gerar os resultados.

3. Efetuar anlise dos resultados obtidos.

A estratgia para efetuar a prospeco e anlise dos bancos de patentes consiste em aplicar oseguinte mtodo:

1. Definio da tecnologia a ser prospectada.

2. Definio dos termos chave de caracterizao dessa tecnologia.

3. Detalhamento dos termos levantados no passo anterior por meio da identificao desinnimos, termos mais abrangentes e termos mais especficos. Esse detalhamentopoder ser feito utilizando ferramentas como Thesaurus, Thesaurus Tecnolgicos,pesquisa sobre cada tpico.

4. Apresentao do detalhamento em formato grfico e visualmente agradvel visandofacilitar sua viso geral e entendimento.

5. Identificar as classificaes de patentes (IPC) que estejam ligadas aos termos dodetalhamento apresentado no passo 4. Essa identificao ser feita utilizando o IPCCAT- Categorization Assistant in the International Patent Classification (site da WIPO).

6. Pesquisar as classificaes encontradas no passo 5 visando confirm-las e encontrar

outras classes/sub-classes caracterizando a especificidade desejada. Esta pesquisa serfeita na ferramenta de consulta ao IPC, disponvel no site da WIPO.

Consumodecombustvel(L/100

km)

Coeficiente de Resistncia ao Rolamento (CRR kg/t)

Teste Compacto 1

Teste Compacto 2


km)



km)


Teste Compacto 1

Teste Compacto 2


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7. Complementar a apresentao grfica definida no passo 4 com os cdigos identificadosno passo 6 obtendo uma representao grfica de toda a caracterizao de cadadisciplina definida no passo 2 at chegar nas classificaes de patentes que interessam.

8. Pesquisar patentes relacionadas s classificaes definidas no passo 6.

9. A pesquisa ser feita em diversos bancos mundiais de patentes utilizando o softwareQuestel-Orbit.

10.Gerar indicadores para anlise tecnolgica do setor em estudo baseados nos resultadosda pesquisa do passo 8, adaptado de Ribeiro et al., (2010):

Nmero de patentes separando-as por subdomnio tecnolgico;

Nmero de patentes por pas de origem do titular;

Nmero de outros depsitos das patentes separando-as pelo pas do outro depsito;

Nmero de patentes por titular.

Empresas de maior atuao (em termos de nmero de patentes).

RESULTADOS E DISCUSSO

Fazendo uso da metodologia apresentada neste trabalho, realizou-se uma pesquisa relacionada aotema resistncia ao rolamento de pneus. Os passos de 1 4 podem ser facilmente elaborados com oauxlio de um especialista na tecnologia que est sendo abordada. As Figuras 2 a 8 apresentam os

resultados obtidos a partir da ferramenta Questel-Orbit.

Figura 2: Distribuio geogrfica das patentes baseado no pas de origem. Fonte: Autoria prpria, 2013.


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Figura 3: Evoluo e distribuio temporal das patentes baseado no pas de origem. Fonte: Autoria prpria,2013.

Figura 4: Distribuio geogrfica das patentes baseado no pas de publicao. Fonte: Autoria prpria, 2013.


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Figura 5: Evoluo e distribuio temporal das patentes baseado no pas de publicao. Fonte: Autoria

prpria, 2013.

Figura 6: Evoluo do nmero de patentes das empresas de maior atuao no mercado de pneus. Fonte:Autoria prpria, 2013.


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Figura 7: Principais empresas com patentes relacionadas ao tema. Fonte: Autoria prpria, 2013.

A utilizao da sistemtica acima trouxe resultados importantes para a anlise sobre a tecnologia e,at mesmo, sobre aspectos relevantes ao mercado em geral.

Nos grficos que mencionam a distribuio geogrfica das patentes pode-se perceber que osprincipais inventores concentram-se nos pases desenvolvidos, devido ser este a localizao doscentros de desenvolvimento tecnolgico da maioria das empresas.

Com o crescimento de mercados como China e ndia, possvel perceber um aumento no nmerode patentes publicadas nestes pases. O INOVAR-AUTO tende a contribuir para aumentar o nmerode patentes publicadas no pas nos prximos anos. Alm deste incentivo para reduzir a emisso depoluentes, o apelo ambiental na sociedade tambm surge como incentivo para aplicao datecnologia.

Outro fato importante observado que as maiores empresas do segmento de pneus tambm so asprimeiras em relao ao nmero de patentes criadas, o que refora o conceito da necessidade de

evoluo tecnolgica para manter a competitividade no mercado.


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Figura 8: Principais classificaes de patentes (IPC) ligadas ao termo. Fonte: Autoria prpria, 2013.

A histerese do pneu, devido a viscoelasticidade dos materiais, uma das principais causas daresistncia ao rolamento dos pneus. Sendo assim, e analisando as principais classes e subclasses,

percebe-se que em sua maioria esto relacionadas a temas da rea de qumica e materiais. Portanto,quanto mais duros o pneu e o piso, menor ser a resistncia ao rodar o que diminui o consumo decombustvel.

Fica evidente que a utilizao da slica e de novos polmeros nos compostos de borracha um dosfatores mais significativos na reduo da resistncia ao rolamento dos pneus.

CONCLUSO

A utilizao desta metodologia para efetuar a caracterizao dos conceitos mais relevantes dasdisciplinas no tarefa simples, principalmente se os conceitos no forem de reas de conhecimento

de quem estiver efetuando a caracterizao. importante que os especialistas das tecnologias que sero analisadas forneam uma caracterizaoprvia desses conceitos.

Caso no seja possvel obter essa caracterizao prvia deve-se prever a necessidade de alocao deum tempo razovel para efetuar essa tarefa.

De qualquer forma no uma atividade difcil na sua concepo, mas sim bem trabalhosa. Autilizao da plataforma Questel-Orbit foi relativamente fcil. Procurou-se passar pela maioria doscomandos e opes para verificar facilidade de uso, tempo de processamento, apresentao dosresultados.


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Na verdade, o Questel-Orbit mostrou-se bem fcil de operar e rpido na apresentao dosresultados. Os grficos so bem elaborados e fornecem um alto nvel de informao e detalhamento,bem como a exportao dos resultados transferveis para planilhas Excel.

Durante a anlise dos grficos encontram-se informaes que podem aumentar e/ou concentrar apesquisa, dependendo do interesse da anlise que est sendo efetuada.

PERSPECTIVAS

Aplicar o mtodo definido para prospectar e analisar os bancos de patentes varrendo tema sespecficos dentro dos Eixos Tecnolgicos nos quais esto distribudos os cursos do Centro PaulaSouza, a saber: Produo Industrial; Produo Alimentcia; Controle e Processos Industriais;Gesto e Negcios; Turismo, Hospitalidade e Lazer; Infraestrutura; Recursos Naturais; Ambiente,Sade e Segurana; Informao e Comunicao e Produo Cultural e Design.

O objetivo central rastrear a informao disponvel mundialmente nas bases de patentes edisponibiliz-la aos docentes para que a internalizem em seus contedos didticos e inclui-las ematividades prticas para que os estudantes se familiarizem com as ferramentas de busca e com aorganizao da classificao internacional de patentes, assim como tambm, se crie oportunidadespara que as empresas parceiras possam ter acesso essas informaes oferecendo assim panoramasde linhas de investigao que devem ser seguidas com o objetivo de aprimorar sua competitividadee at mesmo encontrar novos nichos de mercado.

REFERNCIASFERRAREZI, L. A. et al; Observatrio de Prospeco Tecnolgica INOVA Paula Souza.Relatrio Tcnico, Centro Paula Souza, 2013.

RIBEIRO, L. et al. Monitoramento Tecnolgico: um estudo sobre as patentes depositadas noBrasilentre 2006 e 2008. In...CONGRESSO INTERNO INMETRO. Rio de Janeiro, RJ, 2010.

TIRE SCIENCE AND TECHNOLOGY. Disponvel em:. Acesso em: 16 set. 2013.

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