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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
RESUMOS
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
ASSEMBLEIA DE INSETOS HERBÍVOROS EM DUAS FORMAÇÕES
FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA
Aline Alves do Nascimento1, Marcelita França Marques1, Maria Cristina
Gaglioanone1 & Marcelo Trindade Nascimento1
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil – [email protected].
INTRODUÇÃO
Os herbívoros compreendem o grupo
mais diverso dentre os insetos,
consumindo de 8 a 15% da área foliar
em florestas tropicais [1,2,3]. A
complexidade estrutural destas florestas
tropicais pode fornecer condições
favoráveis para a comunidade de
insetos, onde ambientes com maior
diversidade de plantas pode abrigar
maior riqueza de insetos [4,5]. Outros
fatores ambientais como a
disponibilidade hídrica e nutricional dos
solos podem afetar indiretamente a
qualidade nutricional das plantas e
consequentemente, a comunidade destes
insetos herbívoros [6,7]. O regime de
chuvas também é um fator importante,
visto que exerce forte influência no
ciclo de vida e na distribuição da
comunidade de insetos herbívoros em
florestas tropicais [8,9], enquanto que
altas temperaturas podem afetar
negativamente insetos sensíveis a esta
condição abiótica [10].
OBJETIVOS
Os objetivos do estudo foram descrever
e analisar a estrutura da comunidade de
insetos herbívoros mastigadores em dois
ambientes contrastantes de Mata
Atlântica, representados pela Floresta
Ombrófila Densa (FOD) e Mata de
Restinga (REST). A hipótese testada foi
a de que a comunidade de insetos
herbívoros seria mais rica e diversa na
FOD que na REST, em função de sua
maior complexidade ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido em duas
formações florestais de Mata Atlântica
no Estado do Rio de Janeiro com
diferentes condições edafoclimáticas,
sendo um ambiente mais úmido e
argiloso, representado pela Floresta
Ombrófila Densa (FOD) na Reserva
Biológica (ReBio) União em Rio das
Ostras (22 ° 27'30 "S e 42 ° 02'15" W);
e um ambiente xérico e arenoso,
representado pela Mata de Restinga
(REST) na Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda
Caruara em São João da Barra (21 °
45'33 "S e 41 ° 02'31 "O) (Fig. 1).
Figura 1. Localização da ReBio União situada entre
os municípios de Casimiro de Abreu, Rio das Ostras
e Macaé, e da RRPPN Fazenda Caruara em São João
da Barra, RJ.
Para a amostragem dos insetos
herbívoros foram utilizadas duas
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
técnicas: guarda-chuva entomológico e
armadilhas coloridas (color pantrap). O
guarda-chuva entomológico (2x2 m) foi
utilizado para coleta dos insetos
herbívoros em cinco indivíduos de cada
um dos 10 pares congenéricos de
plantas arbustivo-arbóreas (3 a 10 m de
altura) coocorrente na FOD e REST
(Tab. 1). As coletas foram realizadas
nas estações seca e chuvosa, em 17 dias
de amostragens em cada estação nos
anos de 2013 e 2015.
Tabela 1. Lista com os pares congenéricos das
espécies estudadas na Floresta Ombrófila (FOD)
Densa e Mata de Restinga (REST).
A segunda técnica utilizada consistiu na
instalação de 15 unidades amostrais de
armadilhas coloridas, onde cada
unidade amostral foi constituída de seis
potes redondos (200 ml) de diferentes
cores (amarela, azul e branca), sendo
dois potes por cor, preenchidos por água
e detergente, presos ao longo do eixo de
uma haste de cano PVC distante 50 cm
do solo. Ao todo, 90 potes foram
instalados por área de estudo, os quais
ficaram expostos durante 48 h e os
insetos herbívoros foram recolhidos a
cada 24 h. As hastes foram distribuídas
com uma distância mínima de 20 m
entre si nas duas áreas de estudo. As
coletas foram realizadas nas estações
chuvosa (fevereiro/2015) e seca
(setembro/2015).
As ordens de insetos herbívoros
mastigadores de folhas foram
consideradas: Lepidoptera, Coleoptera, Orthoptera e Phasmatodea.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo, foram amostrados 312
indivíduos na FOD e 1537 indivíduos
na REST das quatro ordens de insetos
herbívoros mastigadores, utilizando os
dois métodos de amostragens (Tab. 2).
A abundância média de indivíduos por
ordem de insetos foi significativamente
maior na REST (384 ±478) do que FOD
(78 ±63) (teste U= 11.345, p<0,0001).
A riqueza foi significativamente maior
na FOD, quando considerou-se 312
indivíduos amostrados (máximo
amostrado em FOD) (Fig. 1). Entretanto
em termos absolutos, a riqueza de
espécies foi maior na REST (125 spp.)
do que na FOD (77 spp.) Em relação a
diversidade de espécies, a FOD (H’=
3,16) apresentou maior diversidade
comparada à REST (H’= 2,37) (Teste t
de diversidade de Shannon=7,05,
p<0,0001), porém foi nítida a
ocorrência de forte dominância na
REST (0,45) comparativamente a FOD
(0,15). A similaridade de espécies entre
as comunidade de insetos herbívoros da
FOD e REST foi de apenas 20%,
sugerindo que o ambiente seja um fator
importante na ocorrência de
determinados grupos.
Tabela 2. Abundância (e riqueza) de morfoespécies
de herbívoros amostrados em armadilha colorida e
guarda-chuva na Floresta Ombrófila Densa (FOD) e
na Mata de Restinga (REST).
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Figura 2. Curvas de rarefação (vermelho) para
morfoespécies de herbívoros em função da
abundância de indivíduos capturados na Floresta
Ombrófila Densa (FOD) e na Mata de Restinga
(REST), utilizando guarda-chuva entomológico e
armadilha colorida (linhas azuis= IC 95%).
A partir das análises da comunidade de
insetos herbívoros mastigadores
associados aos pares congenéricos de
plantas coocorrentes na FOD e REST
foi observada também maior
abundância (36,2 ± 28,0) e riqueza de
insetos (13,2 ± 6,0) em plantas da REST
do que em plantas da FOD (abundância:
14,6 ±4,4; riqueza: 7,7 ± 2,0 espécies),
sendo estas diferenças estatisticamente
significativas (abundância: W= 3,0, p=
0,01; riqueza: W= 2,5, p= 0,02). Oito
dos 10 pares congenéricos estudados
apresentaram maior abundância e
riqueza de insetos na REST quando
comparados com FOD (Tab. 3).
Tabela 3. Abundância e riqueza total, e índice de
diversidade de Shannon (H’) dos insetos herbívoros
associados aos pares congenéricos de plantas situados
na Floresta Ombrófila Densa (FOD) e na Mata de
Restinga (REST). *Indica diferença significativa
entre as áreas (t de diversidade de Shannon, p < 0,05).
CONCLUSÃO
Os resultados revelaram que de modo
geral a REST apresentou maior riqueza,
embora menor diversidade de insetos
herbívoros do que a FOD em função da
alta dominância de poucas espécies.
Este padrão observado se repetiu
quando considerado os pares
congenéricos. Desta forma, nossos
resultados não corroboram a hipótese
testada.
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
VARIAÇÃO TEMPORAL DA COMUNIDADE ARBÓREA DA MATA
ATLÂNTICA NA REBIO UNIÃO: EFEITO DE BORDA
Bianca Nunes dos Reis¹, Marcelo Trindade Nascimento2, Mariana Andrade Iguatemy3
Pablo José Francisco Pena Rodrigues3, Dora Maria Villela2
1
Laboratório de Ciências Ambientais, Centro de Biociências e Biotecnologia - UENF, Campos dos
Goytacazes/ RJ, Brasil. ² Chefe do Laboratório de Ciências Ambientais, Centro de Biociências e
Biotecnologia, Campos dos Goytacazes/ RJ. 3 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro –
JBRJ, Rio de Janeiro, Brasil. [email protected]
INTRODUÇÃO
A estrutura da comunidade arbórea de
uma floresta, pode ser alterada pelas
taxas de mortalidade, recrutamento e
crescimento [1]. O balanço entre
mortalidade e recrutamento +
crescimento são responsáveis pelo
equilíbrio, acúmulo ou perda de
biomassa/carbono no compartimento
aéreo de uma floresta [2,3,4]. As
árvores exercem um importante papel
na capacidade de armazenar carbono,
sendo estas vulneráveis a seca e aos
impactos antrópicos, tais como o efeito
de borda ocasionado pela fragmentação.
A Mata Atlântica encontra-se em um
elevado grau de fragmentação. Estudos
sobre os efeitos das mudanças
climáticas na vegetação são ainda
incipientes para o bioma Mata Atlântica
[5,6]. Alguns trabalhos indicam que os
efeitos de borda podem influenciar a
composição, dinâmica das comunidades
[7] e a quantidade de biomassa em
florestas tropicais [8]. Estas sofrem
influência do tempo de criação da
borda, grau de abandono, tipo de
manejo utilizado, tipo de borda, matriz
florestal adjacentes a borda [9,10,11].
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a
variação temporal (2001-2018) na
estrutura da comunidade arbórea na
borda e no interior de um fragmento de
Mata Atlântica e sua interferência no
acúmulo de biomassa aérea arbórea. A
hipótese proposta é que estrutura da
comunidade arbórea é mais heterogênea
ao longo do tempo na borda do que no
interior do fragmento, provocando
alterações mais fortes nos parâmetros
analisados nas áreas de borda que no
interior.
MATERIAIS E MÉTODOS
O Estudo foi realizado em área de
floresta ombrófila densa na REBIO
União localizada na região centro-norte
do estado do Rio de Janeiro (22º 27’30’’
S e 42º 02’ 15’’ W), que possui área de
7.769 ha (Fig. 1).
Figura 1 - Localização da Rebio União, RJ. Os pontos
amarelos indicam as 4 parcelas nas bordas do
gasoduto (GA), borda da rede elétrica (RE) e interior
do fragmento. Fonte: Bianca Reis
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
O clima da região é tropical úmido, com
pluviosidade anual média de 1658 mm e
temperatura de 24 °C (Fig.2).
Figura 2- Dados Climáticos Fonte: Associação Mico
Leão Dourado (AMLD); Instituto Nacional
Meteorológico (INMET)
Para o estudo foram selecionadas 3
áreas: (1) Borda de Gasoduto, criada e
implantada há 30 anos pela
(PETROBRAS). Essa área apresenta
uma faixa de c. 20m, manejada para que
não ocorra o estabelecimento de
indivíduos arbóreos (GA1-GA4); (2)
Borda da Rede Elétrica, criada há 50
anos (FURNAS), sendo uma faixa de c.
100 m de largura; (3) Interior Florestal
(EC, GPT, GLG, GPT), estabelecida a
400m da borda do fragmento florestal.
(Fig.3)
Figura 3 - Imagens da vista das áreas próximas as
parcelas no Interior do fragmento, borda do
Gasoduto, borda da Rede Elétrica na REBIO União,
RJ. Fonte: Bianca Reis
Todos os indivíduos arbóreos com
DAP>10cm foram identificados e
medidos em março (Estação Chuvosa)
em 4 parcelas permanentes (20m x
50m) por área, nos anos de 2001/2006/
2012 e 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado uma diminuição nos
dados de densidades entre os sítios
amostrais e tempo (Tab.1).
Tabela 1 - Dados estruturais arbóreos (DAP≥ 10 cm)
da comunidade arbórea no período de (2001-2018)
nas áreas de Borda e Interior de um fragmento
florestal na Reserva Biológica União, Rio das Ostras,
Rio de Janeiro, Brasil. D = densidade absoluta; ABt =
área basal total; R= riqueza; H’ = índice de
diversidade de Shannon; J’ = Índice de equidade de
Pielou.
Após 17 anos, foi observado que os
valores de densidade por hectare nas 3
áreas estudadas diminuíram entre 2001
e 2018 (Tabela 1). Houve uma
diminuição na área basal total (ABt)
apenas no Interior, com valores
passando de 40,54 m2ha
-1 em 2001 para
32,62 m2ha
-1 em 2018 (Tabela 1). Essa
redução maior na ABt no interior está
relacionada a maior proporção de
indivíduos mortos com DAP > 30cm
nesta área. Os dados sugerem que as
árvores do interior são mais sensíveis a
evento de secas extremas, como as
observadas nos anos de 2014 a 2017, do
que as árvores de borda.
CONCLUSÃO
Hipótese proposta não foi aceita, pois, o
interior do fragmento se mostrou tão
dinâmico quanto as áreas de borda para
todos os parâmetros analisados.
REFERÊNCIAS
[1] APPOLINÁRIO, V. et al., 2005 Tree
Sítio/AnoD
(ind/ha-1
)
Área Basal
(m²/ha)R H' J'
%
Mortalidade
GA (2001) 802,5 25,72 131 4,48 0,92 -
GA (2006) 735 23,60 136 4,59 0,94 7%
GA (2012) 720 25,91 128 4,53 0,93 3%
GA (2018) 707,5 27,80 121 4,31 0,90 3%
RE (2001) 840 32,10 122 4,22 0,87 -
RE (2006) 762,5 33,58 128 4,23 0,87 3%
RE (2012) 837,5 35,30 123 4,16 0,87 1%
RE (2018) 790 37,72 120 4,15 0,87 2%
IN (2001) 610 40,54 116 4,43 0,93 -
IN (2006) 592,5 38,82 114 4,38 0,93 6%
IN (2012) 572,5 42,16 112 4,36 0,92 1%
IN (2018) 505 32,62 94 4,18 0,92 14%
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
ASSIMETRIA FLUTUANTE E SELEÇÃO NATURAL EM
Carollia perspicillata (LINNAEUS, 1758) (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE)
1Breno Mellado da Rocha;
2Márcio M. de Morais-J;
3Marcelo Rodrigues Nogueira;
4Leandro Rabello Monteiro
134Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil –
INTRODUÇÃO
A assimetria flutuante é um tipo de
desvio de simetria em organismos
bilateralmente simétricos, que surge da
inabilidade dos indivíduos
desenvolverem precisamente estruturas
morfológicas repetidas (como os lados
esquerdo e direito) (Van Valen, 1962).
Como os dois lados de um indivíduo
são réplicas que compartilham genótipo
e ambiente, espera-se, portanto, que
desenvolvam uma estrutura idêntica. A
assimetria de estruturas bilaterais é
considerada uma expressão visível do
ruído do desenvolvimento que se acuma
ao longo do desenvolvimento de um
organismo, que vêm sendo utilizada
como índice de instabilidade no
desenvolvimento (ID) (Klingenberg,
2015). O método mais comum para
avaliar a ID baseia-se na análise de
pequenas diferenças entre os lados
direito e esquerdo em caracteres
morfológicos de indivíduos que
deveriam possuir simetria bilateral
(Hallgrímsson et al., 2002). A hipótese
relevante entre assimetria e valor
adaptativo, é que a menor aptidão
individual está associada a maior ID
devido a uma capacidade diminuída do
genótipo para tamponar os distúrbios ao
longo do desenvolvimento, assim como
manter funções corporais importantes, o
que aumentando a assimetria e
diminuindo o valor adaptativo (Moller e
Swaddle, 1997). Nosso modelo de
estudo foi o morcego Carollia
perspicillata, devido algumas
características que proporcionam
estudos a longo prazo como fácil
captura e manuseio, alta fidelidade ao
abrigo, longevidade, elevadas taxas de
captura (Fleming, 1988).
OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi testar a
hipótese de que a assimetria do
antebraço reflete genótipos com menor
capacidade de tamponar estresses
ambientais e está associada a uma
redução de valor adaptativo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Acompanhamos duas colônias de C.
perspicillata estabelecidas em
construções abandonadas dentro dos
limites da Reserva Biológica União.
Foram realizadas amostragens a cada 2
meses entre abril de 2015 e setembro de
2017, que consistiram na captura de
todos os morcegos dentro do abrigo.
Todos os indivíduos foram marcados
com anilhas de axo inoxidável no
antebraço (jovens) ou um colar de
esferas com uma anilha no pescoço
(adultos). O índice de condição corporal
utilizado foi o scaled mass index,
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
proposto por Peig e Green (2009), o
qual realiza um ajuste alométrico da
massa corporal de modo que a mesma
seja independente do comprimento do
antebraço. O histórico de capturas para
cada indivíduo foi utilizado para ajustar
modelos de populações abertas
(Cormack-Jolly-Seber) com
heterogeneidade individual (Lebreton et
al., 1992). Estes modelos permitem a
estimativa das probabilidades de
sobrevivência (Φ) e recaptura (p).
Foram ajustados modelos lineares que
prediziam o comprimento dos testículos
a partir das variáveis independentes
(comprimento do antebraço, SMI,
assimetria do antebraço). Todos os
modelos ajustados foram comparados
por critérios de informação de Akaike
corrigido para pequenos tamanhos
amostrais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em um total de 12 sessões de captura ao
longo de 2 anos, foram marcados 1011
animais, sendo 521 fêmeas e 490
machos, totalizando 1910 capturas. O
erro de mensuração (0,01 mm) é menor
que a metade do valor da assimetria
média do antebraço (0,24 mm),
repetibilidade aceitável do caráter.
Foram gerados um total de 128
modelos. O modelo com maior suporte
estatístico (peso Akaike = 0,82)
associou a probabilidade de
sobrevivência negativamente com
assimetria do antebraço, e
positivamente com a condição corporal
e comprimento do antebraço, ou seja,
os indivíduos mais simétricos e com
melhor condição corporal tem maior
probabilidade de sobrevivência. Em
todos os casos, os machos têm uma
probabilidade de sobrevivência 4-8%
menor que a das fêmeas. Já a
probabilidade de recaptura foi associada
ao sexo (maior para machos). Variações
temporais foram observadas nos dois
parâmetros. Machos mais simétricos,
maiores e com melhor condição
corporal também apresentam maiores
testículos, sugerindo maior potencial
reprodutivo, devido à competição de
esperma no útero das fêmeas. Os
resultados dão suporte estatístico à
hipótese de que a assimetria do
antebraço pode ser um marcador do
valor adaptativo, assim como o
comprimento do antebraço e a condição
corporal, sugerindo novas interpretações
sobre o sistema reprodutivo de Carollia
perspicillata, e ampliando as
possibilidades do uso destes marcadores
fenotípicos para o estudo da evolução
de morcegos.
CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou uma relação
clara entre caracteres morfológicos e os
componentes do valor adaptativo. A
probabilidade de sobrevivência e o
potencial reprodutivo dos machos
exibiram uma relação negativa com a
assimetria do antebraço de C.
perspicillata, corroborando a hipótese
principal de que indivíduos com maior
instabilidade no desenvolvimento
apresentam uma diminuição no valor
adaptativo. A associação entre
assimetria, condição corporal e tamanho
dos testículos sugere também a
existência de seleção sexual, tanto na
competição direta entre machos
defendendo territórios de acasalamento
quanto na competição do esperma no
trato reprodutivo das fêmeas. Os
resultados se encaixam no sistema
reprodutivo da espécie e indicam que a
assimetria do antebraço de C.
perspicillata pode ser utilizada como
marcador de valor adaptativo em
estudos sobre seleção natural ou outros
processos evolutivos.
Agradecimentos: À administração da
Reserva Biológica União pelo apoio, ao
CNPq, à FAPERJ e à CAPES pelos
auxílios financeiros concedidos.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
DIVERSIDADE E SAZONALIDADE DE UMA ASSEMBLEIA DE
FILOSTOMÍDEOS DA FLORESTA ATLÂNTICA DO SUDESTE DO BRASIL
1Breno Mellado da Rocha;
2Lucas de Oliveira Carneiro;
3Marcelo Rodrigues Nogueira;
4Leandro Rabello Monteiro
1234Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil –
INTRODUÇÃO
A região Neotropical abriga a mais
diversificada fauna de mamíferos do
mundo, embora sua área seja a quarta
entre as principais regiões
biogeográficas (Ojeda, 2013). Dentre os
mamíferos, a proporção de espécies
endêmicas é elevada: 70% (Solari et al.,
2012). No entanto, esta região, apesar
de apresentar altos níveis de endemismo
e ameaças, recebeu relativamente pouca
atenção até décadas atrás (Amori e
Gippoliti, 2000). A fim de auxiliar
futuras ações conservacionistas, se faz
importante entender os padrões e
processos que explicam essa elevada
diversidade. Padrões espaciais, como
aqueles relacionados a gradientes de
latitude e elevação têm sido
investigados (Maestri e Patterson,
2016), além do crescente esforço para
entender a variação temporal. Morcegos
filostomídeos são localmente
abundantes, ecologicamente diversos e
formam assembleias com elevada
riqueza. Eles fornecem serviços
ecossistêmicos essenciais, cuja
disponibilidade pode mudar ao longo do
ano devido à flutuações na abundância
da espécies (Rex et al., 2008)
(Tschapka, 2004). É esperada a
ocorrência de mudanças sazonais na
composição da assembleia devido à
heterogeneidade temporal de recursos,
ao menos, para as espécies frugívoras,
já que seus itens alimentares parecem
ser mais abundantes na estação chuvosa
(Mello, 2009). Embora a Mata Atlântica
no estado do Rio de Janeiro seja
comparativamente bem amostrada para
morcegos (Stevens, 2013), poucos
estudos foram conduzidos no norte do
estado, onde a Reserva Biológica União
(RBU) e outras reservas importantes
estão localizadas (Jenkins et al., 2011).
OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo fazer o
levantamento da assembleia de
morcegos filostomídeos da RBU,
avaliando a variação sazonal de perfis
de diversidade para os componentes alfa
e beta. A variação espacial na riqueza e
diversidade de filostomídeos também
foi investigada a partir de dados
publicados de três sítios próximos.
MATERIAIS E MÉTODOS
A RBU é uma unidade de conservação
de 7.756 ha composta por fragmentos
de Mata Atlântica, localizados no
município de Rio das Ostras, estado do
Rio de Janeiro. Os outros três locais
utilizados para as comparações são o
Morro de São João (MSJ), Reserva
Biológica de Poço das Antas (RBPA) e
Reserva Particular do Patrimônio
Natural Fazenda Bom Retiro (FBR). Os
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
três locais estão separados da RBU à
distâncias de 8, 20 e 25 km, e seus
tamanhos são, respectivamente, 2,000
ha, 5,052 ha e 494 ha. Amostragens
foram realizadas a cada dois meses
entre agosto de 2012 e setembro de
2015, com o auxílio de redes de neblina
posicionadas ao longo das trilhas e
estradas no interior da reserva, tentando
amostrar as florestas de baixada e
submontana. A assembleia de
filostomídeos da RBU foi comparada
com aquelas amostradas por outros
autores na mesma região usando perfis
de diversidade decompostos em
componentes alfa, beta e gama (Jost,
2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com um esforço total de 15.069 h.m²,
capturamos 786 indivíduos pertencentes
a 15 gêneros e 18 espécies de
Phyllostomidae. Os frugívoros
corresponderam a 93% de todas as
capturas, principalmente devido a
elevada abundância relativa de Carollia
perspicillata na assembléia (73%). A
segunda espécie mais comum (9%),
Artibeus lituratus, também é um
morcego frugívoro. Com exceção de
Trachops cirrhosus, que aumentou a
riqueza para 19, todas as espécies foram
capturadas em redes de neblina. O perfil
de diversidade da RBU mostrou-se
fortemente influenciado pelas espécies
mais comuns, como C. perspicillata e
A. lituratus, sendo um dos locais mais
ricos da região da bacia do Rio São
João, mas pouco diverso em função da
distribuição pouco equitativa das
abundâncias das espécies. Os perfis de
diversidade alfa indicaram a ausência de
diferenças sazonais. Os perfis de
diversidade beta para análises espaciais
e sazonais mostraram que as
assembleias locais se comportam como
subconjuntos de uma única assembleia,
sugerindo uma relativa homogeneidade
de recursos nessas dimensões. Em nível
populacional, entretanto, variações
sazonais já esperadas foram
confirmadas (e.g., Artibeus spp. e C.
perspicillata), possivelmente associadas
ao recurso alimentar utilizado por estas
espécies. A frequência elevada de
Sturnira tildae na RBU diferencia esse
local dos demais aqui analisados,
reforçando sua importância para a
conservação.
CONCLUSÃO
Apresentamos resultados que mostram a
importância da Reserva Biológica
União para a conservação de
Phyllostomidae através de análises
qualitativas e quantitativas, incluindo
os componentes espacial (entre locais) e
temporal (sazonal) de variação. Embora
em escala regional os resultados
apontem para uma diversidade mediana,
a RBU exibe particularidades (e.g.,
presença de Sturnira tildae) que
mostram que oportunidades ecológicas
podem ser mascaradas quando apenas
métricas de assembleia são consideradas
nas análises. Os dados qualitativos
mostram que quase todas as 5 sinúsias
são amplamente distribuídas. Essa
semelhança é surpreendente,
considerando o nível de fragmentação
na paisagem, e sugere alguma
resiliência dessa família de morcegos,
importante para a manutenção de suas
funções ecológicas.
Agradecimentos: À administração da
Reserva Biológica União pelo apoio, ao
CNPq, à FAPERJ e à CAPES pelos
auxílios financeiros concedidos.
REFERÊNCIAS
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mammalogists want to save? Ten years of
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
VISITANTES FLORAIS EM Heliconia angusta Vell. (HELICONIACEAE): UMA
ABORDAGEM QUALI-QUANTITATIVA
Cassio Jones de Oliveira¹; Caio C. C. Missagia²; Maria Alice S. Alves
3
¹Graduação em Ciências Biológicas, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro, Rua Senador Furtado, 121/125, São Cristóvão, CEP 20270-021 – RJ – Brasil –
²Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, Sala 224, Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, CEP 20550-013
– RJ – Brasil – [email protected].
³Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro Pavilhão Haroldo Lisboa da
Cunha, Sala 220, Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, CEP 20550-011 – RJ – Brasil –
INTRODUÇÃO
A interação entre flores e animais
polinizadores constitui uma relação
mutualística quem tem sido estudada
intensivamente. Os polinizadores
viabilizam a reprodução sexuada de
determinadas plantas ao mesmo tempo
em que obtêm algum tipo de recurso
como pólen e néctar (Kearns et al.,
1998). As interações com polinizadores
se mostra extremamente importante
para a manutenção das populações das
espécies de plantas. Quando há uma
falha no sistema de polinização, seja ela
causada por pouca deposição de pólen,
mistura de grãos de pólen de espécies
diferentes, já em decomposição ou
pobre em qualidade, as consequências
podem ser graves (Wilcock & Neiland,
2002). Diversos fatores podem
influenciar os sistemas de polinização,
tais como pilhagem de pólen e de
néctar, entre outros (Irwin et al, 2010).
Todos os animais que se alimentam de
recurso floral são denominados
visitantes florais, e podem ser definidos
como aqueles que forrageiam nas flores
em busca de algum recurso como pólen,
tecido vegetal ou néctar. Estes podem
ser separados em visitantes florais
legítimos e ilegítimos. Os legítimos são
aqueles que tocam os órgãos sexuais da
flor, podendo transportar o pólen de
forma passiva e contribuindo assim para
a reprodução sexuada da planta.
Enquanto os visitantes florais ilegítimos
são os que capturam algum recurso
floral sem tocar nos órgãos sexuais da
flor, o que por sua vez pode trazer tanto
um efeito negativo quanto positivo para
a planta, ou ainda um efeito neutro
(Maloof & Inouye, 2000). Visitantes
ilegítimos são também considerados
como uma das forças seletivas na
evolução das plantas, por direcionarem
suas características morfológicas,
dinâmica de comunidade e estrutura
populacional (Maloof & Inouye, 2000).
Animais com esse comportamento ainda
podem ser classificados em dois
subgrupos: robbers, são os animais que
para conseguir o recurso, causam dano
floral, como por exemplo, danos às
flores para acessar o néctar ou pólen, e
os thieves, que são aqueles que obtêm o
recurso sem causar danos às flores,
acessando-o de uma forma não invasiva
(Irwin et al., 2010). Na Reserva
Biológica União (REBIO União) o
beija-flor Phaethornis idaliae (Bourcier
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
& Mulsant, 1856) foi considerado o
principal polinizador de Heliconia
angusta (Heliconiaceae) (Cruz et al.,
2006). Entretanto, observações
posteriores realizadas nesta planta não
detectaram visitas legítimas por esta ave
(Missagia & Alves, dados não
publicados). A ilegitimidade de visitas
pelo principal polinizador desta planta
motivou a realização do presente
estudo.
OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho foi
quantificar a frequência de visitas
florais e legitimidade de visitas por
animais em flores de Heliconia angusta.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para determinar a frequência de
visitantes florais foram realizadas
observações focais (Altmann, 1974) em
inflorescências de H. angusta por meio
de filmagem das interações e posterior
análise das interações. As sessões de
observações focais foram executadas
entre julho e agosto de 2017. Um total
de 48 indivíduos desta espécie foram
observados, entre 06:00h e 18:00h. As
observações foram realizadas em uma
flor por vez, em doze períodos, sendo o
primeiro período correspondente ao
horário de 06:00 à 06:59h, segundo
período de 07:00 às 07:59h, e assim
consecutivamente até o final do último
período de observação, às 18:59h.
Assim, cada flor passou por observação
contínua de uma hora, totalizando 140
horas de observação. Deste total de
horas foram utilizadas apenas 84 horas
para as análises, de maneira a compor
apenas por períodos completos de doze
horas de observações (n = 7). Esse
ajustamento foi necessário para igualar
o esforço amostral entre os doze
períodos de observações, pois o esforço
amostral (horas de observação) variou
entre os dias de amostragem em função
da disponibilidade de flores abertas por
dia. As interações entre os visitantes
florais e inflorescências de H. angusta
foram registradas em campo com
câmeras filmadoras (DSR-SX43, Sony).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registradas um total de 197
interações entre três espécies de animais
e as flores de H. angusta, incluindo uma
borboleta (Lepidoptera), uma abelha
pequena (Hymenoptera) e o beija-flor
Phaethornis idaliae (Apodiformes:
Trochilidae).
Em relação ao total de visitas recebidas
pelos três grupos em todos os períodos
do dia, a abelha apresentou a maior
frequência relativa de interações
registradas (41,11%, n = 81), seguida
por P. idaliae (36,04%, n = 71) e a
borboleta (22,84%, n = 45) (Figura 1).
As três espécies de animais foram mais
frequentes em flores de H. angusta
durante a manhã (06h00min -
11h59min), com 135 interações, em
comparação com a frequência registrada
à tarde (12h00min-16h59min), que teve
62 interações. Houve um pico de
frequência de interações tanto para a
abelha como para P. idaliae, entre
09h00min e 09h59min. Neste mesmo
período não houve registro de interação
entre H. angusta e a borboleta.
Figura 1 - Frequência relativa dos visitantes
florais de Heliconia angusta (Heliconiaceae) na
Reserva Biológica União, Rio das Ostras, RJ.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Quanto à legitimidade das visitas
florais, a abelha atuou apenas de
maneira ilegítima, com cerca de 75% do
total correspondendo a roubo de pólen,
e o restante a roubo de néctar. A
borboleta realizou 10 visitas legítimas
(22,22%) e 35 ilegítimas (77,78%),
respectivamente. Phaethornis idaliae
realizou apenas visitas ilegítimas em
todos os registros realizados (n = 197)
para a análise de frequência de
interações.
Embora P. idaliae seja considerado o
principal polinizador de H. angusta na
REBIO União (Cruz et al., 2006),
nossos resultados indicam que esta ave
pode não estar contribuindo para
polinização desta planta. Assim, é
provável que a borboleta esteja atuando
como polinizador secundário em H.
angusta na REBIO União, pois já foi
observado que borboleta foi capaz de
polinizar Heliconia (Missagia & Alves,
dados não publicados). Embora não haja
evidência de que a abelha possa
polinizar Heliconia, não descartamos a
possibilidade de que ocorra polinização
acidental a partir da interação entre
abelha e H. angusta.
CONCLUSÃO
Ao contrário do indicado na literatura,
na Rebio União, P. idaliae atua como
um visitante floral ilegítimo (roubo
primário e secundário de néctar) em H.
angusta. O único visitante floral que
realizou visitas legítimas foi a
borboleta, que pertence a um grupo de
animais considerado como polinizador
secundário em Heliconia.
Agradecimentos: Agradecemos ao
CNPq (PQ # 305798/2014-6) e a
FAPERJ (CNE # E-26/203191/2015)
pelo financiamento para MASA, e à
CAPES pela bolsa de doutorado de
CCCM, que também recebeu auxilio da
FAPERJ (#E-01/201.955/2017).
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
SEASONAL FORAGING ACTIVITY OF CAROLLIA PERSPICILLATA
RELATED TO DISTANCE FROM THE ROOST
Kayla Urbanowski1, Breno Mellado da Rocha
1, Marcelo Rodrigues Nogueira
1 &
Leandro Rabello Monteiro1
¹Laboratório de Ciências Ambientais, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-602 - Campos dos Goytacazes - RJ – Brasil.
INTRODUCTION
The behavior of bat species has been an
important scientific topic for many due
to the importance of bats in seed
dispersal and ecosystem stability
(Bonaccorso et al., 2007). Scientists
have suggested a strong relationship
between bat movement and the
resources within their environment,
namely their roosts and food sources
(Heithaus & Fleming, 1978). The
feeding behavior and movement have
been analyzed especially, due to the
potential risks associated with foraging
(Bonaccorso et al., 2007). The potential
risks include predation, loss of social
ties, and an expenditure of energy used
in protecting one’s place in the roost
(Lewis, 1995). Ideally, the benefits of
leaving the roost should outweigh the
potential risks. A bat’s roost is essential
for the avoidance of predation,
protection from bad weather, and social
interactions (Chaverri et al., 2007). In
general, males hold a higher degree of
roost fidelity (Fleming, 1988; Chaverri
et al., 2007). Many elements can
impact roost fidelity, including age, sex,
the organization of the colony, and the
season (Kunz, 1982). Carollia
perspicillata, Seba’s short-tailed fruit
bat, is a Neotropical frugivorous bat
species whose diet includes a variety of
fruits, but holds a strong preference for
Piper (Piperaceae) (Salazar et al.,
2013). It is considered to be a foraging
time minimizing species, which lessens
predation risk and provides the ability
for males to protect their harem sites
(Bonaccorso & Gush, 1987). As a
polygamous species with female choice,
males work to acquire optimal
placement in the roost. As a result, male
C. perspicillata are more likely to
defend their territories to increase their
likelihood of mating with females to
optimize their fitness (Fleming, 1988).
OBJECTIVE
The objective of this work is to
determine the activity pattern of
Carollia perspicillata, measured by the
likelihood of capture of marked
animals, during different seasons, at set
distances from their roosts in the
Reserva Biológica União, Rio das
Ostras, RJ.
MATERIALS AND METHODS
A roost housing a colony of Carollia
perspicillata within the Reserva
Biológica União (RJ) was studied.
These bats have previously been
captured and marked individually with
the application of necklaces for adults
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
and arm bands for juveniles in order to
create a database to monitor them long-
term. The foraging movements of the
bats were tracked by sampling at
different distances from the roost using
mist nets crossing two trails (Trilha
Interpretativa and Estrada do Lava Pés)
moving from the roosts in different
directions. Three mist nets were set up
on each trail, at 100 meters, 200 meters
and 300 meters from the roost. The mist
nets are 6 meters and 9 meters long, and
3 meters high. The nets were set-up
right before sundown and remained for
approximately four hours. The nets
were checked every 20 minutes in order
to ensure that the bats did not escape
nor were injured trying to. The animals
were sexed and assessed for marking,
reproductive status, age category,
weighed and had their forearm
measured. The specific net of capture
was also registered. Data was analyzed
through the application of generalized
linear models (logistic regressions)
relating the probability of capturing a
marked animal to sex, distance from the
roost and season. A number of models
were fit, with the inclusion or exclusion
of individual variables and the presence
or absence of interactions. Model
selection with Akaike information
criteria (AIC) was used to find the best
fitting model. All analyses were
performed in the R-software program
and package AICcTab modavg
(Mazerolle, 2017).
RESULTS AND DISCUSSION
A total of 308 individuals were captured
between April 2016 and April 2018,
with a total of 10 capture sessions: 151
males and 157 females. Out of the 308
individuals, 130 had been previously
marked (79 males and 51 females). Out
of the total number captured, 119 bats
were captured during the rainy season
and 189 were captured during the dry
season. Among the best fitting models
(AICc < 2), the model including
distance, sex and season as independent
terms (no interaction) was most
parsinomious. As shown in Figures 1
and 2, marked males had the higher
probability of being captured at all
distances and all seasons, even though
their population in the colony was
lower.
Figure 1: The relationship between the
proportion of captured individuals and the
distance from the roost in the wet season.
This observation is most likely a result
of the males trying to stay near their
roost to defend their territory within the
roost against other bats. Males typically
have a higher degree of roost fidelity,
which is shown by their tendency to
remain closer.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Figure 2: The relationship between the
proportion of captured individuals and the
distance from the roost in the dry season.
In the dry season, there is a smaller
probability of capturing marked animals
and the sexual dimorphism is even
stronger. Due to a decrease in food
availability in the dry season (Fleming,
1988), the animals need to travel longer
distances during foraging, and most do
not return to the roost for several
months, particularly females and
bachelor males. This explains the
finding of Mellado et al. (2018) that the
relative abundance of C. perspicillata is
apparently higher in the dry season.
CONCLUSION
The preliminary data suggests an
overall preference for foraging in areas
closer to the roost. This holds true
especially for the male bats, who try to
remain closer to protect their place in
the roost. More sampling has to be
completed to support these preliminary
findings to understand the importance
of other factors (age, reproduction, body
condition) influencing roost fidelity in
Carollia perspicillata.
Acknowledgments: A special and
heartfelt thank you to the administration
of Reserva Biológica União for all of
their support and to CNPq, FAPERJ,
CAPES, and Fulbright for financial aid
in this research endeavor!
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MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE NA RESERVA BIOLÓGICA
UNIÃO
Luana Burg Mayer1,2
; Breno Mellado1, Carlos Ramon Ruiz-Miranda
1, Marcio M. de
Morais Jr.1, Marcelo R. Nogueira
1 & Leandro Rabello Monteiro
1
¹Laboratório de Ciências Ambientais, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-602 - Campos dos Goytacazes - RJ – Brasil. [email protected]
INTRODUÇÃO
Mamíferos de médio e grande porte
possuem um papel essencial na
estrutura, no funcionamento e nos
serviços ecossistêmicos. São
responsáveis pela dispersão de
sementes, pela ciclagem de nutrientes,
pela manutenção das populações de
herbívoros e também auxiliam na
conservação de outras espécies, pois são
frequentemente utilizados como
espécies bandeira e guarda-chuva
(SINCLAIR et al., 2003). As
populações de mamíferos encontram-se
em constante declínio, principalmente
devido à perda de habitat através do
desmatamento. A perda dessas espécies
pode provocar mudanças extensas na
dinâmica de áreas florestais e ameaçar a
manutenção do ecossistema como um
todo (YOUNG et al., 2016). O estado
do Rio de Janeiro possui menos de
18.8% da sua área coberta por Mata
Atlântica, e grande parte dessas áreas
ainda sofre com fragmentação,
mudanças no uso da terra e pressão de
caça. Devido à pequena quantidade de
estudos realizados no estado com
mamíferos e para compreender como a
assembleia de mamíferos pode ser
afetada pelas mudanças climáticas, pelo
uso de terra, pela fragmentação de
habitat e pela superexploração, há a
necessidade da coleta de informações
relativas à composição das assembleias,
padrões ecológicos, diversidade e
mudanças sazonais na distribuição das
espécies.
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é avaliar a
composição, distribuição e sazonalidade
da assembleia de mamíferos presentes
na Reserva Biológica União (RBU), Rio
das Ostras, RJ.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados foram coletados através de
armadilhas fotográficas alternadas em
20 pontos, espaçadas ~600 m entre si,
dentro de áreas de mata nativa na RBU.
Foram realizados nove eventos de
coletas de dados entre jul/2013 e
mar/2016. As armadilhas ficaram
ligadas por 83 dias em média (±29) e
registraram filmes de 10 s cada. Cada
filme foi considerado um registro e,
para a mesma espécie, filmes com ao
menos 5 min de intervalo entre si foram
considerados registros independentes.
Comparações foram feitas entre estação
seca e chuvosa e entre vegetação de
baixada e submontana. Para a análise
dos dados foram delineados perfis de
diversidade, decompostos em
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
componentes α, β e γ (MARCON et al.,
2014). Foi também realizada um análise
de redundância baseada em distância
(dbRDA) e testada através de ANOVA.
As análises foram feitas utilizando a
abundância relativa (AR) das espécies,
para evitar tendências devidas a
diferentes esforços amostrais. Todas as
análises foram realizadas utilizando o
Software R.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram obtidos 2090 registros
individuais de 23 espécies em um
esforço amostral total de 5023
câmera*dias. Sete outras espécies foram
amostradas por outros métodos além de
armadilhas fotográficas, como
observação direta em trilhas, porém não
entraram nas análises estatísticas,
apenas na lista final de espécies (Tabela
1). As espécies com os maiores números
de registros foram a cutia Dasyprocta
leporina (47,03%), o tatu Dasypus
novemcinctus (20,86%) e o gambá
Didelphis aurita (10,23%). A RBU é a
segunda reserva com mais riqueza no
RJ, abrigando 77% das espécies
descritas para o estado e, considerando
o status conservacional, 34,7% das
espécies registradas possuem alto grau
de ameaça, todos carnívoros e primatas.
Para estações do ano, perfis de
diversidades α e β demonstraram
diversidade baixa quando mais peso é
dado às espécies comuns, porém riqueza
e AR foram maiores na estação
chuvosa. Isso se deve a maior
abundância de D. leporina e Pecari
tajacu e ao fato de cinco espécies terem
sido amostradas apenas nesta estação.
Contudo, não houve influências
significativas das estações na
composição da assembleia de
mamíferos e isso demonstra a
capacidade da RBU de suportar uma
comunidade rica mesmo durante a
estação seca. Comparando tipos de
vegetação (Figura 1), a diversidade α
encontrada é consistentemente maior
nas áreas de submontana. O perfil de
diversidade β mostra um leve aumento
quando mais peso é dado às espécies
comuns, demonstrando a influência de
D. leporina, mais abundante em áreas
de baixada e P. tajacu mais abundante
em áreas submontana. A AR das
espécies é maior em áreas de baixada,
no entanto áreas de submontana
possuem maior riqueza.
Figura 4. Perfis de diversidade das comunidades em
diferentes tipos de vegetação na RBU. Intervalos de
confiança de 95% são mostrados como áreas cinza.
BX: baixada; SB: submontana.
A diferença na riqueza das áreas se deve
à falta de registros de espécies
escansoriais, como primatas e
marsupiais, com baixa AR e
detectabilidade. Os perfis de
diversidade para tipos de vegetação
foram grandemente influenciados pelas
espécies comuns, e essa dominância,
junto à baixa diversidade funcional da
assembleia é característico de áreas
fragmentadas cercadas por ambientes
antropizados. A dbRDA teve baixo
poder explicativo (~2%), mas mostrou
significância (P= 0,001) para tipo de
vegetação. Assim, a distribuição das
espécies parece estar mais associada ao
tipo de vegetação do que as estações do
ano. Isso é provavelmente devido a alta
AR de D. leporina em áreas de baixada.
Esta espécie também apresentou o
padrão de ocorrência mais distinto,
diferindo em ambos os eixos. Em áreas
fragmentadas onde não há mamíferos de
grande porte como a anta Tapirus
terrestris, o queixada Tayassu pecari e a
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
onça-pintada Panthera onca, há a
tendência de haver uma maior
abundância de herbívoros de médio
porte, como D. leporina, aumentando a
predação de sementes em até cinco
vezes (GALETTI et al., 2015).
Contudo, o fato de que espécies típicas
de áreas protegidas como P. tajacu,
Cuniculus paca e Leopardus wiedii
estarem presentes na RBU, demonstra a
efetividade das medidas de manejo
adotadas para a preservação destas
espécies na RBU. Em conclusão,
sazonalidade e tipo de vegetação
parecem ter uma influência espécie-
específica na composição da assembleia
de mamíferos. A RBU tem capacidade
de suportar alta diversidade de
mamíferos e áreas protegidas, mesmo
fragmentadas, são imprescindíveis para
manter a diversidade em um bioma tão
desmatado e defaunado como a Mata
Atlântica.
Tabela 2. Lista de mamíferos de médio e grande porte
amostrados na Reserva Biológica União, Brasil.
TÁXON Ordem/Família/Espécie
Artiodactyla Tayassuidae Pecari tajacu (Linneaus, 1758) Cingulata Dasypodidae Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Didelphimorphia Didelphidae Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) Metachirus nudicaudatus (Desmarest, 1817) Micoureus demerarae (Thomas, 1905) Philander frenatus (Olphers, 1818) Carnivora Canidae Cerdocyon thous* (Linnaeus, 1766) Felidae Leopardus guttulus (Hensel, 1872) Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Puma concolor (Linnaeus, 1771) Puma yagouaroundi (Geoffroy, 1803) Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) Lontra longicaudis* (Olfers, 1818) Procyonidae
Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Potos flavus* (Schreber, 1774) Procyon cancrivorus (G.Curvier, 1798) Lagomorpha Leporidae Sylvilagus brasiliensis* (Linnaeus, 1758) Pilosa Bradypodidae Bradypus torquatus* (Illiger, 1811) Primates Atelidae Alouatta guariba* (Humboldt, 1812) Callitrichidae Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766) Cebidae Sapajus nigritus (Goldfuss, 1809) Rodentia Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris* (Linnaeus, 1766) Cuniculidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Dasyproctidae Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) Erethizontidae Coendou spinosus* (F. Cuvier, 1823) Sciuridae
Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901)
REFERÊNCIAS
Galetti, M.; Bovendorp, R. S. and Guevara, R.
2015. Defaunation of large mammals leads to
an increase in seed predation in the Atlantic
forests, Global Ecology and Conservation, v. 3,
824-830.
Marcon, E., Scotti, I., Hérault, B., Rossi, V. and
Lang, G., 2014. Generalization of the
partitioning of Shannon diversity. Plos
One, v.9, n. 3, p.e90289.
Sinclair, A., Mduma, S. and Brashares, J. S.
2003. Patterns of predation in a diverse
predator--prey system, Nature v. 425, p. 288-
290.
Young, H. S., McCauley, D. J., Galetti, M. and
Dirzo, R. 2016. Patterns, causes, and
consequences of anthropocene defaunation,
Annual Review of Ecology, Evolution, and
Systematics, v. 47, p. 333-358.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
DIFERENÇAS NA COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE MAMÍFEROS
ENTRE ÁREAS DE MATA NATIVA E EM REGENERAÇÃO NA RESERVA
BIOLÓGICA UNIÃO
Luana Burg Mayer1,2
; Leandro Rabello Monteiro1
¹Laboratório de Ciências Ambientais, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-602 - Campos dos Goytacazes - RJ – Brasil. [email protected]
INTRODUÇÃO
A fragmentação de áreas de mata
fechada através do desmatamento pode
constituir barreiras para a
movimentação da fauna local, causando
o isolamento de populações animais
previamente conectadas, e diminuindo
com isso a variabilidade genética destas
populações (BRUDVIG et al., 2015).
Além disso, o desmatamento e a
subsequente regeneração destas áreas
cria uma comunidade vegetal
estruturalmente diferente, mudando as
condições das regiões circundantes e
criando áreas de borda. Em regiões que
sofrem com o efeito de borda, há um
aumento na predação, mudanças no
microclima local e facilitação da
colonização por espécies exóticas e
invasoras (BRUDVIG et al., 2015).
Mamíferos que utilizam fragmentos
florestais e áreas em regeneração
possuem um papel fundamental na
dispersão de sementes através da matriz,
na ciclagem de nutrientes e na
manutenção das populações animais
(AHUMADA et al., 2011; BECK et al.,
2013), sendo fortemente afetados pela
fragmentação e qualidade do habitat. A
Reserva Biológica União (RBU) – RJ,
possui corredores que sofreram manejo
por corte raso para implementação de
gasodutos e linhas de transmissão de
energia elétrica (LTE), e áreas de
antigos talhões de plantio de eucalipto.
Com o propósito de regeneração da
mata nativa, 77% dos corredores de
LTE pararam de sofrer manejo desde
2003, e grande parte dos talhões de
eucalipto foram submetidos ao manejo
por anelamento ou corte raso. Os
talhões encontram-se em variados graus
de regeneração, devido ao ano de corte,
tipo do manejo e ao plantio ou não de
espécies nativas para reflorestamento.
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é avaliar se os
mamíferos de médio e grande porte
utilizam as áreas em regeneração, e se a
diversidade da comunidade encontrada
nestes locais é comparável às das áreas
de mata nativa, inferindo com isso a
qualidade ambiental das áreas estudadas
e a efetividade das medidas de manejo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados foram coletados através de
armadilhas fotográficas alocadas em 9
pontos dentro de áreas em diversos
estágios de regeneração, espaçadas
aproximadamente 500 m entre si. Foram
realizadas quatro campanhas de coletas
de dados entre jul/2017 e mai/2018. As
câmeras registraram vídeos de 10 s,
com intervalo de 10 s entre si. Para a
mesma espécie, vídeos com 5 min de
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
diferença entre si foram considerados
como registros independentes. Os dados
de registros de armadilhas instaladas em
mata nativa foram coletados entre 2013
e 2016, com um esforço amostral de
5023 câmera*dias. Para a análise dos
dados, foram delineados perfis de
diversidade (MARCON et al., 2014),
decompostos em componentes α, β e γ.
Foi também realizada uma análise de
redundância baseada em distância
(dbRDA) utilizando índice de
dissimilaridade de Jaccard, com o
intuito de avaliar as diferenças na
composição das comunidades nos
diferentes locais. As análises foram
feitas utilizando a abundância relativa
(AR) das espécies e, no caso da
dbRDA, presença e ausência, pois as
matrizes de abundância apresentavam
grandes quantidades de zeros. Todas as
análises foram realizadas utilizando o
Software R.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram obtidos 591 registros
independentes, com um esforço de 1341
câmera*dias nas áreas em regeneração,
e 2214 registros em 5226 câmera*dias
nas áreas de mata nativa, totalizando 25
espécies em 2805 registros com 6567
câmera*dias de esforço amostral total. A
riqueza das áreas em regeneração foi
menor (19 espécies) do que nas áreas
nativas (23 espécies), porém, a AR foi
similar nas áreas. A diferença na riqueza
entre as áreas se deve à ausência de
espécies raras, de difícil detecção ou
típicas de áreas de mata nativa
(Leontopithecus rosalia, Leopardus
guttulus, Leopardus wiedii, Euphractus
sexcinctus, Gracilianus microtarsus)
nas áreas em regeneração. Duas novas
espécies, comuns em áreas abertas,
foram amostradas nas áreas em
regeneração (Cerdocyon thous e
Sylvilagus brasiliensis). Analisando os
perfis de diversidade, a diversidade α
foi semelhante nos dois tipos de áreas,
pois as curvas de diversidade se cruzam
(Figura 1). O que pode ser observado,
no entanto, é que as diversidades α e γ
decaem conforme mais peso é dado às
espécies mais comuns. Isso se deve à
dominância da cutia Dasyprocta
leporina e do tatu-galinha Dasypus
novemcinctus, que juntos compreendem
mais de 63% dos registros de espécies.
Figura 5. Perfil de diversidade das comunidades de
mamíferos das áreas de mata nativa e em regeneração
na RBU. Intervalos de confiança mostrados em cinza.
NAT: áreas nativas, linha contínua; REG: áreas em
regeneração, linha tracejada.
A cutia teve maior AR nas áreas nativas,
e o tatu-galinha nas áreas em
regeneração. A terceira espécie mais
abundante foi o gambá Didelphis aurita,
com 13% dos registros. Essa
superdominância de poucas espécies é
típica de áreas degradadas ou em
processo de regeneração, que não
possuem a presença de mamíferos
maiores como a onça pintada Panthera
onca, a anta Tapirus terrestres e o
veado-mateiro Mazama americana
(AXIMOFF et al., 2015; GALETTI et
al., 2015). Apesar disso, a presença de
D. leporina nas áreas degradadas é
importante para a regeneração destas,
pois essa espécie é uma importante
dispersora de sementes. A diversidade β
apresentou um grande intervalo de
confiança quando q=0, demonstrando
incerteza, porém, isso diminui quando
mais peso é dado às espécies comuns. A
dbRDA (Figura 2) foi significativa no
teste de permutação (f=6,08; P<0,001),
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
contudo teve baixo poder explicativo
(~7). A ANOVA demonstrou
significância (P<0,001) para área
(regeneração e nativa) e tipo de
vegetação (baixada e submontana) e
para estações (P<0,05). Na dbRDA, o
eixo 1 explicou 72% da variação dos
dados, sendo que 44% da variação do
eixo está relacionada à diferenças na
composição das comunidades entre
áreas nativas e em regeneração e 22%
com a variação entre vegetação de
baixada e submontana. Apesar da menor
riqueza encontrada nas áreas em
regeneração, a pouca diferença nos
perfis de diversidade entre as áreas
indica a efetividade das medidas de
manejo adotadas na RBU, para
recuperação das áreas e reconexão dos
fragmentos.
Figura 6. Análise de redundância baseada em
distância (dissimilaridades de Jaccard), com
presençaa/ausência das espécies em cada estação por
mês. CAP1= 72,65%; CAP2= 19,87%. Nat: áreas de
mata nativa; Reg: áreas em regeneração.
REFERÊNCIAS
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Hallam, C.; Hurtado, J.; Martin, E.; Mcwilliam,
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S. J. 2011. Community structure and
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Philosophical Transactions of the Royal Society,
London B, v. 366, p. 27013-2711.
Aximoff, I. A.; Cronemberger, C. and Pereira, F.
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estado do Rio de Janeiro, Oecologia Australis
v. 19, n. 1, p. 215-231.
Beck, H.; Snodgrass, J. W. & Thebpanya, P.
2013. Long-term exclosure of large terrestrial
vertebrates: Implications of defaunation for
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Brudvig, L.A.; Damschen, E.I.; Haddad, N.M.;
Levey, D.J.; Tewksbury, J.J. 2015. The
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multiple plant–animal interactions and plant
reproduction. Ecology, v. 96, n.10, pp. 2669-
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Galetti, M.; Bovendorp, R. S. and Guevara, R.
2015. Defaunation of large mammals leads to
an increase in seed predation in the Atlantic
forests, Global Ecology and Conservation, v. 3,
p. 824-830.
Marcon, E., Scotti, I., Hérault, B., Rossi, V. and
Lang, G., 2014. Generalization of the
partitioning of Shannon diversity. Plos
One, v.9, n. 3, p.e90289.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
LISTA ATUALIZADA DOS QUIRÓPTEROS DA RESERVA BIOLÓGICA
UNIÃO, SUDESTE DO BRASIL
Lucas de Oliveira Carneiro¹; Breno Mellado da Rocha¹; Leandro Rabello Monteiro¹;
Marcelo Rodrigues Nogueira¹
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 – Parque Califórnia – Campos dos Goytacazes – RJ – Brasil [email protected].
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é o segundo
bioma brasileiro mais rico em
quirópteros, contando com um gênero e
quatro espécies endêmicas – cerca de
metade dos endemismos nacionais para
o grupo (Nogueira et al., 2014; Barquez
et al., 2017). Nesse contexto, a Reserva
Biológica União (RBU) destaca-se por
representar um dos últimos e maiores
remanescentes de Mata Atlântica de
baixada do estado do Rio de Janeiro
(Mellado et al., 2018).
Estudos realizados nessa reserva
entre 2006 e 2016 apontaram a
ocorrência de pelo menos 23 espécies,
incluindo algumas raramente registradas
no estado, como Gardnerycteris
crenulatum (É. Geoffroy, 1803) e
Sturnira tildae De la Torre, 1959, e uma
ameaçada de extinção em nível nacional
(Lonchorhina aurita Tomes, 1863)
(Nogueira et al., 2016; Mellado et al.,
2018). Filostomídeos, entretanto,
formam 80% das espécies na amostra,
permanecendo a riqueza das demais
famílias provavelmente subestimada.
Com a continuidade das
pesquisas de campo na RBU, bem como
da análise de material testemunho já
acumulado para essa reserva na Coleção
Zoológica da UENF, temos identificado
novos registros que não apenas
incrementam as listas prévias, como
reforçam a importância do local para a
conservação dos morcegos.
OBJETIVO
Apresentamos aqui uma lista
atualizada da quiropterofauna da RBU,
destacando a importância dos
inventários de longa duração e com
metodologia de amostragem
diversificada para o inventariamento da
diversidade desse grupo.
MATERIAIS E MÉTODOS
A quiropterofauna da RBU tem
sido amostrada principalmente com
redes de neblina armadas ao nível do
solo em trilhas e sobre coleções de
água. Entre setembro de 2016 e abril de
2018, adicionamos 20 noites de captura
a nossas amostragens prévias (2006 a
2016), dispondo as redes nos mesmos
sítios. Demos continuidade também à
busca ativa por abrigos (e.g., ocos de
árvores, construções). Em laboratório, o
material testemunho depositado na
Coleção Zoológica da UENF tem sido
comparado a espécimes de outras cinco
coleções zoológicas, permitindo a
definição de identificações
anteriormente reportadas em nível de
gênero.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O esforço amostral adicional
com redes de neblina resultou na
captura de 1066 indivíduos,
identificados em 19 espécies, 14
gêneros e 2 famílias (Phyllostomidae e
Vespertilionidae). Dentre as espécies
amostradas com essa metodologia
destaca-se Uroderma magnirostrum
Davis, 1968, da qual apenas um
indivíduo foi capturado, evidenciando
sua raridade na RBU. Essa espécie
ainda não havia sido assinalada para a
reserva, e em todo o Rio de Janeiro
conta apenas com três registros de
localidade publicados (Costa, 2014).
Assim como na RBU, U. magnirostrum
se mostrou rara nessas outras
localidades, o que parece caracterizar a
espécie ao longo de sua distribuição
(Nogueira et al., 2003). O indivíduo
capturado na RBU estava em área de
mata de baixada e foi encontrado em 15
fevereiro de 2017, durante a estação
chuvosa, quando outros frugívoros
estenodermatíneos, como os do gênero
Artibeus Leach, 1821, são mais
frequentemente amostrados na reserva
(Mellado et al., 2018).
Amostragens junto a abrigos
também resultaram em novo registro
para a RBU: Molossus rufus (É.
Geoffroy, 1805). Uma colônia dessa
espécie estimada em cerca de 100
indivíduos foi encontrada no forro da
guarita que protege a entrada da reserva,
junto à BR 101. Trata-se de morcego
amplamente distribuído no território
nacional e que forma colônias
relativamente grandes (Esbérard, 2002),
conforme reportado aqui. Duas outras
espécies foram encontradas no mesmo
forro: Molossus molossus (Pallas, 1766)
e Molossus sp. (ver registro a seguir).
Paralelamente aos trabalhos de
campo, análise de material testemunho
depositado na UENF permitiu a adição
de uma terceira espécie à lista da RBU:
Molossus aztecus Saussure, 1860. Com
poucos registros para a Mata Atlântica
(Garbino, 2016; Gregorin et al., 2011),
e apenas recentemente assinala para o
Rio de Janeiro (Loureiro et al., 2018), o
registro dessa espécie resolve a
pendência deixada em nossa lista
anterior, na qual esse táxon foi referido
como Molossus sp. (Nogueira et al.,
2016). Essa análise taxonômica
corroborou a validade de caracteres
previamente propostos para o grupo
(Gregorin et al., 2011), além mostrar a
utilidade do uso de razões entre
dimensões morfológicas lineares na
discriminação entre M. molossus e M.
aztecus.
CONCLUSÃO
Com os novos registros aqui
reportados, 25 espécies, 20 gêneros e
três famílias de quirópteros passam a ser
conhecidos para a RBU. Estudos de
longa duração são essenciais para a
amostragem de espécies raras, como U.
magnirostrum, e, em contrapartida,
espécies comuns, como M. rufus,
podem ficar ausentes em inventários se
metodologias diversificadas não são
empregadas. O trabalho taxonômico
junto a coleções é indispensável para
diversos grupos de morcegos, e nosso
estudo também reforça a importância da
preparação de material testemunho em
inventários.
Agradecimentos: ao CNPq, à Capes, à
Faperj e ao PIBIC-UENF pela
concessão de bolsas; ao Instituto Chico
Mendes de Conservação da
Biodiversidade e à Reserva Biológica
União pela possibilidade de trabalhar
nessa unidade de conservação; e aos
curadores das coleções visitadas:
Adriano L. Peracchi (UFRRJ), João A.
de Oliveira (Museu Nacional) e
Fernando A. Perini (UFMG).
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
REFERÊNCIAS
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Esbérard, C. E. L., 2002. Composição de
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Garbino, G. S. T., 2016. Research on bats
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Gregorin, R., Tahara, A. S., Buzzato, D. F.,
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Nogueira, M. R., Tavares, V. C., Peracchi, A.
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
USO E EFICIENCIA DE NINHOS-ISCA PARA A CAPTURA DE ENXAMES
DE ABELHAS SEM FERRÃO (APIDAE: MELIPONINI) NA RESERVA
BIOLÓGICA UNIÃO, RJ.
Maira Coelho de Moura Moraes¹; Vivian de Freitas Manhães Tavares¹; Maria Cristina
Gaglianone¹
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil - [email protected]
INTRODUÇÃO
As abelhas sem ferrão ou Meliponini
são conhecidas popularmente por este
nome, por possuírem o ferrão atrofiado.
Suas espécies são distinguidas
principalmente pelo comportamento
eussocial, caracterizado pela divisão de
trabalho, cuidado parental cooperativo
com a prole, presença de castas e
sobreposição de gerações (Wille e
Michener, 1973; Winston e Michener,
1977). No Brasil, conforme a revisão
de Camargo e Pedro (2007), os autores
apontam que as abelhas sem ferrão
correspondem a 391 espécies com
nomes válidos, número certamente
subestimado.
As abelhas deste grupo apresentam
colônias constituídas por algumas
centenas a milhares de indivíduos,
dependendo da espécie (Nogueira-Neto,
1997). Estas abelhas constroem seus
ninhos em cavidades preexistentes,
como por exemplo, ocos de árvores,
buracos no solo, fendas em rochas,
ninhos ativos ou abandonados de
insetos sociais, como de vespas,
formigas e cupins (Kerr et al., 1996) e
alguns poucos fazem ninhos total ou
parcialmente expostos, sobre galhos de
árvores, raízes ou em construções
humanas (Nogueira-Neto, 1997).
A multiplicação natural destas colônias
é feita através da enxameação. O hábito
de enxamear e de nidificar em
cavidades preexistentes permite a
utilização de ninhos artificiais,
conhecidos também como ninhos-isca,
para amostragem dessas espécies
(Campos, 2000). Neste estudo, os
ninhos-isca utilizados foram
confeccionados com garrafas pet, cuja
finalidade é simular locais de
nidificação natural para que novos
enxames se instalem e seja possível seu
transporte e transferência para caixas
racionais, a fim de facilitar o manejo e
posteriormente a coleta de dados.
Dada a importância dos meliponíneos
para a polinização da Mata Atlântica e a
intensa pressão antrópica que este
ambiente vem sofrendo ao longo do
tempo, o conhecimento da diversidade
de espécies de abelhas sem ferrão e do
padrão do uso de locais para
nidificação, é fundamental para o
entendimento dos fatores que
influenciam a estrutura e a manutenção
destes insetos nestes ambientes.
OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo avaliar a
eficiência da captura de enxames de
abelhas sem ferrão utilizando diferentes
volumes de ninhos-isca na Reserva
Biológica União.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
MATERIAIS E MÉTODOS
A Reserva Biológica União é coberta
por Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas e Floresta Ombrófila Densa
Submontana, está localizada na Região
Centro-Norte Fluminense. Sua área
pertence a três municípios, Rio das
Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé. O
clima predominante na região da Rebio
União é tropical úmido com uma
temperatura média anual de 24°C.
Foram definidos quatro pontos para a
instalação de ninhos-isca: Estrada do
Lava-pé, Três Pontes, Buracão e Trilha
Interpretativa.
Os ninhos-isca foram confeccionados
com garrafa pet de refrigerante e água,
de diferentes volumes, 3L e 5L, envolta
por jornal e lona preta. Na abertura da
garrafa, e simulando a entrada de cada
ninho, foi acoplado um cotovelo de
PVC e adicionado um funil
confeccionado com garrafa pet. Para
aumentar a atratividade dos ninhos-isca,
as garrafas e os cotovelos foram lavados
com extrato de cera e própolis extraídos
de ninhos de Jataí e Mandaçaia
(Melipona quadrifasciata).
No mês de Dezembro de 2016, 10 kits
de ninhos-isca foram instalados em cada
ponto amostral, cada kit contendo um
ninho-isca com o volume de 3L e outro
com o volume de 5L, totalizando 40 kits
instalados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento, 23 ninhos-isca foram
ocupados, representando 28,75% dos
ninhos instalados. As abelhas sem
ferrão que se instalaram nos ninhos-isca
foram Tetragonisca angustula Latreille
(22 ninhos) e Scaptotrigona sp. (um
ninho).
Quanto ao volume do ninho-isca, o
ninho de 3L (45% de ocupação) foi o
que apresentou maior abundância de
enxames e riqueza de espécies, com 17
colônias, com utilização pelas duas
espécies.
Os ninhos-isca com volume de 5L
(12,5% de ocupação) foram colonizados
apenas por cinco enxames de T.
angustula. Destes, três colônias foram
parasitadas por moscas (Diptera) e não
sobreviveram e uma foi abandonada no
início da colonização.
A maior abundância encontrada de T.
angustula neste estudo pode ser devido
ao fato desta abelha ser comum e
distribuída por todo território brasileiro.
Esse resultado também pode estar
relacionado ao rápido processo de
enxameagem no momento que encontra
um local adequado para o novo ninho e
ao comportamento generalista em
relação ao local de nidificação
(Nogueira-Neto, 1997, Slaa, 2006).
O sucesso nas capturas de enxames de
T. angustula nos ninhos-isca de 3L
deve-se possivelmente ao porte corporal
menor desta espécie. Em um estudo
realizado por Oliveira et al., (2009)
volumes de 2 e 3 L foram os mais
eficientes na captura de enxames, onde
os volumes menores foram mais
eficientes na captura desta espécie.
CONCLUSÃO
Nosso estudo demostra que a utilização
de ninhos-isca configura-se uma
ferramenta viável para amostragem da
comunidade e estudos sobre a biologia
de abelhas sem ferrão na Reserva
Biológica União. Os ninhos-isca com
volume de 3L foram mais eficientes na
captura de enxames de Tetragonisca
angustula.
Agradecimentos: Capes e CNPq por
auxílio financeiro; a Rebio União e a
UENF pelo suporte e alojamento; ao
técnico Gerson Rocha da Purificação
pelo auxílio nos trabalhos de campo.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
REFERÊNCIAS
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE NINHOS DE JATAÍ (Tetragonisca angustula
(Latreille), Apidae) NA REBIO UNIÃO, RJ.
Marcelita França Marques¹; Maira Coelho de Moura Moraes¹; Maria Cristina
Gaglianone¹
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP
28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ - Brasil –
INTRODUÇÃO
As abelhas são integrantes fundamentais
nos ecossistemas em que vivem; por
apresentarem uma dieta basicamente
composta de néctar e pólen, constituem
o principal grupo de polinizadores das
plantas nativas, contribuindo para
aumentar a produtividade de frutos e
sementes e preservar as espécies
vegetais. Dentre as cerca de 20 mil
espécies de abelhas descritas
atualmente, a subtribo Meliponina
abrange cerca de 400 espécies de
abelhas conhecidas popularmente como
abelhas indígenas sem ferrão na região
neotropical (Camargo & Pedro, 2013).
Esse grupo de abelhas é considerado
eussocial, com colônias perenes
geralmente construídas em ocos de
árvores, fendas de rochas e buracos no
solo (Nogueira-Neto, 1997). Essas
abelhas também podem nidificar em
construções humanas como fendas de
postes e muros, através de enxameações
a partir de vegetação nativa próxima. O
monitoramento de colônias de abelhas
por meio de estudos de longo prazo
constitui uma abordagem fundamental
para documentar a distribuição das
populações, o desenvolvimento dos
ninhos, a perda local de ninhos e para a
proposição de estratégias de
conservação das abelhas.
OBJETIVOS
Este trabalho teve por objetivo
monitorar a permanência e fundação de
ninhos de abelhas jataí em área com
interferência humana na Reserva
Biológica União.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido na sede
administrativa da Reserva Biológica
União (ReBio União), RJ, que abrange
área total de 3126 ha, com vegetação
classificada como floresta ombrófila
densa de baixada e submontana. Esta
área possui infraestrutura com
construções humanas e diversas
espécies de árvores e arbustos, rodeada
pela floresta da unidade. Ao longo de
três períodos de estudo (março/2014,
dezembro/2016 e maio/2018), houve
inspeção quanto à ocorrência de ninhos
de jataí em locais naturais e artificiais.
A localização dos ninhos foi realizada
através da busca visual e indicação
pelos trabalhadores da sede,
observando-se em árvores vivas e
mortas, edificações, muros e postes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de nove ninhos de jataí foi
encontrado e monitorado nos três
momentos de avaliação. Em 2014,
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
foram amostrados seis ninhos
localizados em tronco de árvore (n=1) e
em construções humanas (n=5). Em
2016, quatro destes ninhos não estavam
mais ativos, sendo que um havia sido
morto pelo ataque de vespas. Dois deles
permaneciam alojados em fendas na
parede de dois alojamentos. Neste
mesmo período, uma nova fundação foi
observada em uma fenda de um poste
próximo aos alojamentos, totalizando
três ninhos neste período de estudo. Em
2018, dois dos três ninhos do período
anterior estavam em atividade e dois
novos ninhos foram detectados em ocos
de árvores próximos aos alojamentos.
Porém, o ninho construído na fenda do
poste no período anterior estava inativo,
totalizando quatro ninhos neste último
ano amostrado.
No geral, dentre os nove ninhos
amostrados e monitorados ao longo do
tempo, 56% estavam inativos, 22% dos
ninhos foram novas ocupações e outros
22% se mantiveram nos locais originais.
Dentre os ninhos encontrados inativos,
dois estavam localizados em soleiras de
porta de um alojamento, onde
possivelmente o trânsito diário de
pessoas pode ter influenciado na
inativação da colônia. Outro exemplo
foi um ninho de jataí, residente em uma
estrutura de ferro, atacado e morto por
vespas; esta estrutura havia várias
entradas de acesso para facilitar a
invasão destes inimigos naturais, que
tinham um tamanho corpóreo maior e
comportamento agressivo. Atualmente,
os ninhos de jataí estão distribuídos
homogeneamente nas áreas naturais (2
ninhos em ocos de árvores) e artificiais
(2 em fendas de paredes). A
sobrevivência desses ninhos construídos
nas fendas das paredes pode ter sido
facilitado pelo pequeno porte corpóreo
desta abelha, podendo ocupar espaços
bem reduzidos como as fendas de
construções (Lindauer & Kerr, 1960) e
pelo baixo trânsito de pessoas próximo
a essas fundações.
CONCLUSÃO
Portanto, a permanência das colônias de
jataí foi aparentemente baixa ao longo
do estudo amostrado na sede da Rebio
União, sendo afetadas por interferências
humanas e inimigos naturais. Embora a
floresta no entorno constitua fonte de
recursos alimentares, as áreas artificiais
das construções da sede evidenciam as
condições inadequadas para a
permanência da maioria dessas
colônias.
Agradecimentos: Capes, FAPERJ,
RioRural e ao técnico Gerson Rocha da
Purificação pelo auxílio nos trabalhos
de campo.
REFERÊNCIAS
Camargo, J.M.F. & Pedro, S.R.M. 2013.
Meliponini Lepeletier, 1836. In: Moure, J.S.;
Urban, D. & Melo, G.A.R. (Orgs). Catalogue
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Nogueira-Neto, P. 1997. Vida e criação de
abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo.
Nogueirapis.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
ECTOPARASITISMO POR CARRAPATOS EM Manacus manacus E Dixiphia
pipra (AVES: PIPRIDAE) NA RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO
Mariah O. M. Vecchi1,3*
; Jimi Martins-Silva2,3
; Maria Alice S. Alves3**
1Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; PIBIC-FAPERJ.
2Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução, IBRAG, UERJ.
3Laboratório
de Ecologia de Aves
e Ecologia Comportamental, Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, R.
São Francisco Xavier, 524, CEP 20550-011 – Maracanã – Rio de Janeiro - RJ – Brasil. *[email protected]; **[email protected]
INTRODUÇÃO
Os carrapatos (Acari: Metastigmata),
transmitem uma grande variedade de
patógenos, são importantes vetores de
doenças em seres humanos e os
principais em animais domésticos,
tendo aves como disseminadores[1,2]
.
Estudos detalhados sobre ecologia de
ectoparasitismo em ambiente
preservado podem permitir a obtenção
de valores de referência para diversos
parâmetros em estudos futuros com
diferentes abordagens e escalas[2,3,4]
.
Em aves, a prevalência de parasitismo
por carrapatos pode estar associada a
hábitos de forrageamento e
nidificação[5]
, além de ser favorecida em
época mais fria e seca[6]
. A família
Pipridae reúne Passeriformes
exclusivamente neotropicais, que em
sua maioria possuem pequeno porte, são
essencialmente florestais e associados
ao estrato médio da vegetação, sendo
predominantemente frugívoros e
importantes na dispersão de sementes[7,
8]. Os piprídeos possuem dimorfismo
sexual quando adultos, com machos de
coloração vistosa, aspecto importante
para seleção sexual[7]
. Essa família se
destaca por seu comportamento social,
apresentando sistema de acasalamento
em “lek”, com machos se exibindo em
arenas às quais as fêmeas são atraídas
para a cópula[7]
. As tarefas de
construção de ninho, incubação e
cuidado com ninhegos são exclusivas
das fêmeas[7]
. Os piprídeos Manacus
manacus (rendeira) e Dixiphia pipra
(cabeça-branca) são associados a
florestas de baixa altitude e têm
populações disjuntas na Amazônia e
Mata Atlântica[7,8,9]
. Manacus manacus
é associada a áreas secundárias com
vegetação densa e bordas de floresta,
apresenta o sistema de reprodução em
“lek” clássico, com exibições de
machos em arenas que podem reunir
dezenas de indivíduos próximos,
deslocando-se rapidamente entre ramos
baixos e o solo, que fica livre de
gravetos e folhiço[8]
. Dixiphia pipra é
principalmente associada a florestas
primárias ou secundárias tardias.
Apresenta sistema de “lek” explodido[8]
exibindo-se em voos curtos em ramos
entre 2-7 m acima do solo, com machos
possuindo arenas individuais com
distância mínima de 41 m entre si[10]
.
Enquanto os ninhos de M. manacus são
construídos a alturas de 0,4 a 2 m, os de
D. pipra ficam entre 1 e 6 m[9]
.
OBJETIVOS
O presente trabalho visou estudar o
ectoparasitismo em populações
simpátricas e sintópicas de M. manacus
e D. pipra na Reserva Biológica
(REBIO) União, objetivando conhecer a
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
riqueza e abundância de carrapatos, bem
como avaliar o grau de sobreposição no
ectoparasitismo entre sexos, estações e
entre as duas espécies de hospedeiros.
MATERIAIS E MÉTODOS
Entre abril de 2016 e maio de 2018
foram realizadas excursões mensais a
campo para coleta na REBIO União,
que é um dos remanescentes de floresta
ombrófila de baixada de maior
relevância para a conservação de
aves[11]
. Por meio de redes ornitológicas
armadas por 2-3 dias consecutivos no
sub-bosque, os indivíduos das espécies
alvo capturados foram marcados
individualmente (anilhas CEMAVE
/IBAMA) e visualmente examinados
quanto ao sexo e presença de carrapatos
em toda superfície externa do corpo. Os
carrapatos foram quantificados,
coletados com pinça, fixados em álcool
isopropílico e posteriormente
identificados no Laboratório de
Referência Nacional em Vetores das
Riquetsioses da Fundação Instituto
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Os grupos
foram analisados estatisticamente por
Kruskal-Wallis e separadamente por
Mann-Whitney, na comparação entre
espécies, sexos e estações (seca: abril-
setembro; chuvosa: outubro- março).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 139 indivíduos (44
machos e 95 com plumagem de fêmea)
de D. pipra e 168 (49 machos e 119
com plumagem de fêmea) de M.
manacus.
Os carrapatos identificados até o
presente correspondem a fases imaturas
do gênero Amblyomma (87,5% ninfas,
12,5% larvas), sendo A. longirostre e A.
calcaratum encontrados em ambas as
espécies, e A. nodosum apenas em M.
manacus (Tab. 1).
Tabela 1 - Prevalência das espécies de
Amblyomma registradas em Dixiphia pipra
(n=139) e Manacus manacus (n=168) na
Reserva Biológica União.
A maior riqueza em M. manacus
potencialmente se deve pelo uso de
estratos mais baixos, por entrarem em
contato com carrapatos
predominantemente arborícolas (como
A. longirostre) e terrestres (como A.
calcaratum e A. nodosum), segundo
Aragão e Labruna et al. [8,11]
. A média
de carrapatos por ave foi 0,47 para D.
pipra e 0,49 para M. manacus. Não
houve diferença significativa na
frequência de carrapatos entre as
espécies, nem entre sexos (Kruskal-
Wallis H= 2,114, p = 0,55). Na estação
seca as prevalências e frequências foram
significativamente maiores que na
estação chuvosa para machos de ambas
as espécies (Mann-Whitney U=687,5, p
< 0,01) e fêmeas de Dixiphia pipra
(Mann-Whitney U= 790, p < 0,03). A
estação seca engloba as fases imaturas
do ciclo de vida de espécies de
carrapatos do gênero, que apresenta seu
pico de ninfas em agosto, época
associada à maior prevalência de
carrapatos em aves silvestres[12]
. O fato
de a estação chuvosa corresponder ao
período reprodutivo dos piprídeos
estudados, possivelmente faz com que
as fêmeas de M. manacus, estejam mais
expostas aos carrapatos, pois nidificam
em vegetação mais baixa que as fêmeas
de D. pipra.
CONCLUSÃO
Dixiphia pipra e M. manacus não
diferiram na abundância e prevalência
de parasitismo por carrapatos, mas M.
manacus tendeu a possuir maior
diversidade de carrapatos,
possivelmente por seu maior uso dos
HOSPEDEIRO A. longirostre A. calcaratum A. nodosum
Dixiphia pipra
90% (n=37) 10% (n=4) -
Manacus manacus
39% (n=12) 58% (n=18) 3% (n=1)
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
estratos florestais mais baixos. Como
esperado, a abundância e prevalência
dos ectoparasitos foram maiores na
estação seca, mas fêmeas de M.
manacus foram parasitadas de modo
similar ao longo do ano, possivelmente
pelo fato de seu comportamento de
nidificação torná-las mais expostas aos
ectoparasitos mesmo na época em que
eles são menos abundantes.
Agradecimentos: à FAPERJ pela
concessão de bolsa a MOMV, Gilberto
Salles Gazêta pela colaboração com a
identificação dos ectoparasitos e toda a
equipe do Laboratório de Ecologia de
Aves e Comportamento Animal da
UERJ, pelo auxílio teórico e prático. À
FAPERJ e CNPq pelo apoio financeiro
à MASA (CNE #E-26/203191/2015, PQ
#305798/2014-6).
REFERÊNCIAS
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA: BIORREMEDIAÇÃO DA
CONTAMINAÇÃO POR HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS NA
REBIO UNIÃO, RJ.
Janaína Silvano Marinho Teixeira¹; Jullie Siqueira Vianna¹; Maria Inês Paes Ferreira¹;
Victor Barbosa Saraiva¹
¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Programa de Pós-graduação Em
Engenharia Ambiental (PPEA-IFF), Campus Macaé. Rodovia Amaral Peixoto, Km 164, CEP 27032-050
- – Imboassica - Macaé - RJ - Brasil – [email protected].
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado em função
de uma demanda do Conselho Gestor da
Reserva Biológica União (REBIO
União), com vistas a atender às
recomendações do Plano de Manejo da
Unidade de Conservação, no
subprograma de remediação ambiental,
cujo objetivo seria “identificar as áreas
contaminadas por creosoto e remediar o
passivo ambiental da RFFSA” (MMA,
2008, pág.45).
Nesse sentido, a biorremediação é uma
importante técnica dependente de
processos biológicos utilizada para a
redução de resíduos (RUSSEL et al.,
2011), que devido à vasta diversidade
metabólica do mundo microbiano é
possível retirar ou minimizar uma
variedade de poluentes de ambientes
contaminados tanto por hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPA) quanto
por metais pesados (ANDRADE et al.,
2010 ).
Nesse contexto, fungos micorrízicos
arbusculares (FMA) do tipo endofíticos
septados escuros (DSEF) ou Dark
Septate Endophytes (DSE) são relatados
em raízes de vegetais em áreas
contaminadas como capazes de
minimizar concentrações de HPA em
solos contaminados (ANDREW et al.,
2012). Esses fungos possuem potencial
para a remediação de ambientes
contaminados com metais pesados e
HPAs, constituindo-se sua aplicação
como uma solução baseada na Natureza
(SBN) As SBN vem sendo
recomendadas a nível mundial para a
mitigação de danos e impactos
ambientais (KEESSTRA et al., 2018).
OBJETIVOS
Este trabalho teve por objetivo
investigar as características e o nível da
contaminação do solo com compostos
aromáticos associados à persistência do
creosoto no interior a REBIO União,
como a possibilidade da utilização de
associações simbióticas entre espécies
vegetais e FMA do tipo DSE) que se
estabeleceram na área contaminada.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizadas 4 campanhas na área
de estudo, entre setembro de 2016 e
maio de 2017. Em cada uma delas,
foram coletadas três amostras de solo,
numa profundidade de até 30cm (Figura
3) e uma de água, entre 0 e 30
centímetros da lâmina d’água, num
tributário do Córrego Purgatório, em
ponto de menor declividade no limite
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
presumido da área contaminada. As
amostras foram enviadas para o
laboratório especializado TESALAB,
que realizou a caracterização de
compostos poliaromáticos na água e no
solo, utilizando o Método EPA para
Compostos Orgânicos Semivoláteis
8270D, que emprega cromatografia em
fase gasosa acoplada à espectrometria
de massa (GC-MS). Para a identificação
dos fungos micorrízicos arbusculares na
área contaminada (ponto 3) foram
coletadas cinco plântulas com suas
respectivas rizosferas preservadas. As
amostras vegetais foram encaminhadas
para o Laboratório de Ecototoxicologia
e Microbiologia Ambiental (LEMAM-
IFF), no Campus Cabo Frio, onde as
amostras de raízes foram tratadas e
analisadas de acordo com metodologia
adaptada de Souza e Guerra (1998).
Para a análise do material, foram feitas
nove lâminas com três fragmentos cada,
totalizando 27 fragmentos de raízes de
cada plântula. As análises foram
realizadas em triplicatata, via
observação em microscópio óptico
(Novel BM 2100) acoplado a uma
câmera fotográfica (Toup CAM
UCOS05100KPA) e tratamento no
programa ToupLite. C/MS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os HPA analisados neste trabalho
foram divididos em três grupos
principais: (1) carcinogênicos; (2)
carcinogênicos e mutagênicos; e (3) não
carcinogênicos, conforme detalhado por
Ferreira (2017).
As concentrações dos HPAs no solo
confirmam a contaminação do sistema
edáfico do entorno do extinto pátio
ferroviário por hidrocarbonetos
aromáticos persistentes derivados de
creosoto, cujos níveis estão acima dos
valores de investigação determinados na
CONAMA nº 420/2009. Diante disso
pode-se classificar este solo como
classe IV, pois apresenta concentração
de pelo menos uma substância química
maior que o VI – Valor de Investigação.
Não foi verificada a presença de HPA
na água coletada no afluente do córrego
Purgatório localizado nos limites da
área contaminada (próxima ao ponto 1)
em nenhuma das campanhas. Porém, na
campanha de período chuvoso, foi
verificada na água coletada no córrego
Purgatório a presença de um composto
orgânico poliaromático de anéis
isolados, considerado tóxico e com
potencial para desregulação endócrina:
a N-nitroso-difenilamina (VIANNA,
2017).
Relativamente à possibilidade de
biorremdediação da área do passivo
ambiental herdado pela REBIO União,
verificou-se que as raízes da pteridófita
da família Thelypteridaceae estavam
colonizadas FMA e por DSE. Essa
ocorrência pôde ser constatada por meio
da observação de estrutura semelhante à
arbúsculo de FMA e de hifas septadas
escuras e estruturas semelhantes à
microescleródios de DSE em células da
raiz (TEIXEIRA, 2017).
CONCLUSÃO
Os níveis da contaminação com HPA no
solo na área estudada na REBIO União
situam-se acima dos valores de
investigação estabelecidos pelo
CONAMA em alguns períodos do ano,
constituindo-se de passivo ambiental
para o qual a biorremediação via
associações entre vegetais e FMA pode
ser uma alternativa viável, uma vez que
foram observadas estruturas de FMA
como hifas, vesículas e esporos e
também estruturas de DSE como hifas
septadas melanizadas e
microescleródios, em raízes de
pteridófita da família Thelypteridaceae,
coletadas na área contaminada.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Agradecimentos: à TESALAB, ao
CNPq, ao CBH Macaé, ao CONCRUNI
e à equipe técncia da Rebio União.
REFERÊNCIAS
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C. S. F. Biorremediação de solos contaminados
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EMPREGO DE TÉCNICAS DE
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0653).
TEIXEIRA, J. S. M. FUNGOS
MICORRÍZICOS ARBUSCULARES E DARK
SEPTATE ENDOPHYTES: ALTERNATIVA
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VIANNA, F. V. CONTAMINAÇÃO
AMBIENTAL POR COMPOSTOS
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UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE
PROTEÇÃO INTEGRAL: O CASO DA
RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO –
RJ/BRASIL. [Dissertação]. Macaé: Instituto
Federal Fluminense. PPEA, 2017. 73 pp.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
EFEITO DA REMOÇÃO DO EUCALIPTO (Corymbia citriodora) NO ESTRATO
REGENERANTE EM UM PLANTIO ABANDONADO DA RESERVA
BIOLÓGICA UNIÃO/ RJ
Mariana Alves Faitanin¹, Paola Maia Lo Sardo¹, Igor Santiago Broggio¹, Bianca Nunes
dos Reis¹, Daniela Maia da Rocha¹, Marcelo Trindade Nascimento¹,²
1 Laboratório de Ciências Ambientais, Centro de Biociências e Biotecnologia - UENF, Campos dos Goytacazes/ RJ,
Brasil. ² Professor do Centro de Biociências e Biotecnologia, Curador do Herbário UENF, Campos dos Goytacazes/
RJ. [email protected].
INTRODUÇÃO
O plantio de eucalipto, como o de
qualquer outra espécie exótica, pode ou
não acarretar riscos as comunidades de
animais ou vegetais em um determinado
local. No caso das plantas, pode
favorecer a regeneração de espécies
nativas ou inibir através da competição
por recursos como: luz, água e
nutrientes, [1], ou à liberação de
elementos químicos secundários
(agentes alelopáticos) interferindo no
estabelecimento e no crescimento de
algumas espécies nativas [2]. O efeito
alelopático das espécies de eucalipto
pode atuar na inibição da regeneração
em florestas e também no que diz
respeito à inibição da germinação,
diminuição da sua velocidade e na
redução do comprimento da radícula de
plântulas, [3, 4]. Além do efeito
alelopático, a serapilheira do eucalipto é
homogênea e considerada de baixo teor
nutricional, pois tem alta concentração
de lignina, que é resistente à
decomposição, o que diminui a
mineralização de nutrientes que serão
utilizados pelas plantas [5, 6]. Deste
modo, a serapilheira de Corymbia
citriodora (Hook.) K.D.Hill & La. S.
Johnson pode ser apontada como uma
barreira química contra a regeneração
natural de espécies nativas [7, 8, 9].
Assim, C. citriodora parece atuar como
inibidora da regeneração natural como
já apontado por [8, 10, 11 e 12]. Desta
forma, espera-se que com a retirada do
eucalipto, estes problemas cessem ou
sejam drasticamente reduzidos.
Entretanto, a remoção dos eucaliptos do
plantio por corte e arraste pode afetar
negativamente os diferentes estratos da
comunidade arbórea. Neste contexto,
este trabalho teve por objetivo avaliar o
efeito da remoção sobre os diferentes
estratos florestais em um plantio
abandonado na Reserva Biológica
União/RJ, espera-se que (I) o estrato
adulto tenha sofrido pouco impacto
após a remoção, (II) o estrato jovem
seja o mais afetado, com redução na
riqueza de espécies, densidade de
indivíduos e área basal total e (III) um
aumento na densidade de plântulas após
a remoção do eucalipto.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Rebio União
localizada na região centro-norte do
estado do Rio de Janeiro (22º 27’30’’ S
e 42º 02’ 15’’ W) (Figura 1).
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Figura 7 – Mapa atualizado após a ampliação da Reserva
Biológica União, Rio das Ostras/RJ. Fonte: Google Earth.
Para o estudo foi selecionado o talhão
39 por possuir trabalhos anteriores a
remoção do eucalipto [8, 11, 13]. Este
talhão estava abandonado há 22 anos e a
remoção do eucalipto se deu por corte
raso em 2013. Foram alocadas 5
parcelas aleatórias de 20m x 10m, sendo
amostrados todos os indivíduos
arbustivo/arbóreos com DAP ≥ 5 cm.
Dentro das parcelas de 20m x 10m,
foram alocadas duas sub-parcelas
aleatórias de 10m x 5m para a medição
dos indivíduos jovens lenhosos que
apresentaram altura superior a 50 cm e
diâmetro < 5 cm. Enquanto que para a
medição das plântulas (altura ≤ 50 cm e
10 ≥ cm) foram alocadas 4 sub-parcelas
de 5m x 2,5m, subdividindo as parcelas
de indivíduos jovens. Foram calculados
os seguindos parâmetros: densidade de
indivíduos (D), área basal total (ABt),
riqueza, diversidade (H’) e equidade de
espécies.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram amostrados 803 indivíduos
pertencentes a 21 famílias, 43 espécies e
36 morfo-espécies, destes 107 eram
adultos, 412 jovens e 284 plântulas. As
espécies Xylopia sericea A.St.-Hil. e
Siparuna guianensis Aubl. destacaram-
se quanto a abundância, representando
42,1% e 13,8%, respectivamente de
toda a comunidade estudada. Foi
observada uma constância na densidade
para o estrato adulto e uma diminuição
em relação aos estratos jovens e
plântulas quando comprados com os
valores obtidos antes da remoção [12,
13]. Em relação à área basal, foi
observado um incremento para o estrato
adulto e diminuição para o estrato
jovem. Esta perda de ABt
provavelmente devido à quebra seguida
de rebrota de indivíduos. Quanto à
diversidade, não houve variação para o
estrato adulto. Entretanto para o jovem,
ocorreu aumento após a remoção do
eucalipto (Tabela 1). Para o estrato
plântula, não foi avaliado a riqueza e
diversidade de espécies em função da
dificuldade para identificação dos
indivíduos no campo.
Tabela 1 – Comparação temporal para os três estratos da
comunidade arbórea regenerante (2001-2017) após a
remoção dos eucaliptos no Talhão 39 da Reserva Biológica União, Rio das Ostras, RJ, Brasil.; D = densidade absoluta;
ABt = área basal total; R= riqueza; H’ = índice de
diversidade de Shannon; J’ = Índice de equidade de Pielou.
Após a remoção dos eucaliptos foi
observado que ocorreu a manutenção
das espécies mais importantes, tanto no
estrato arbóreo adulto quanto no de
jovens. Antes da remoção as espécies de
maior importância eram X. sericea,
Eugenia supraaxillaris Spring, Cupania
oblongifolia Mart. e S. guianensis. Após
a remoção, todas permaneceram entre as
mais importantes, exceto E.
supraaxillaris, a qual foi substituída por
Asteraceae sp1. De forma geral, como
era esperado, a riqueza e a diversidade
Ano D (ind ha-1
) AB (m² ha-1
) R H' J'
2001 750 ± 154 5,70 15 2,10 0,78
2005 970 ± 256 8,70 17 2,10 0,76
2007 1010 ± 204 9,90 17 2,10 0,73
2017 1070 ± 182 12,37 21 2,04 0,67
2001 2820 ± 2601 2,23 17 1,75 0,61
2005 7660 ± 4835 3,72 25 1,50 0,44
2007 8840 ± 4364 4,29 23 1,45 0,46
2017 7490 ± 3283 1,33 49 2,34 0,60
2002 3880 ± 702 ─ ─ ─ ─
2005 13720 ± 1714 ─ ─ ─ ─
2007 14320 ± 2831 ─ ─ ─ ─
2017 11360 ± 6334 ─ ─ ─ ─
Estrato Adulto
Estrato Jovem
Estrato Plântula
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
aumentaram na área estudada após a
remoção dos eucaliptos, principalmente
para o estrato plântula. Fato
provavelmente relacionado à maior
disponibilidade de luz e espaço e
diminuição da serapilheira do eucalipto
e assim de seus efeitos de barreira física
e alelopática.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o estrato jovem foi o
mais afetado pela remoção do eucalipto
em função da quebra de indivíduos e
assim, diminuição em área basal e
densidade absoluta. A manutenção da
riqueza, composição florística e da
dominância de algumas espécies mais
importante dos estratos arbóreo e jovem
após a remoção, indica uma lenta
regeneração mesmo após a retirada do
eucalipto.
REFERÊNCIAS
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da acumulação de folhas secas na plantação de
eucalipto em Zitundo, Distrito de Matutuine.
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extrato aquoso de folhas de aroeira na
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sustentável, Grupo Verde de Agricultura
Alternativa (GVAA), Mossoró, v.2, n.2, p.96 –
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[3] CARVALHO, F. P et al., 2015. The
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on Grass Forage Seed. Planta Daninha, n. 33,
vol. 2, p. 193-201.
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decomposition in three plantations compared
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Forest Ecology and Management, 65, p.149-
164.
[6] FROUFE, L.C.M., 2003. Decomposição de
folhas de plantios de eucalipto e pupunha e em
um fragmento da Mata Atlântica, no Norte
Fluminense. Tese de Doutorado, 142p. Centro
de Ciências e Tecnologias Agropecuárias.
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, RJ.
[7] GAMA-RODRIGUES, E. F. et al., 2008.
Alterações na biomassa e na atividade
microbiana da serapilheira e do solo, em
decorrência da substituição de cobertura
florestal nativa por plantações de eucalipto, em
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Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32,
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[8] RIBEIRO, A. C. C, 2005. Efeito da
Remoção da Serrapilheira no Estabelecimento
de Plântulas de Espécies Nativas da Mata
Atlântica em Plantios de Eucalipto Corymbia
citriodora (Hook) L. A. Jonhson & K. D. Hill
na Reserva Biológica União, Rio das Ostras, RJ.
Dissertação de Mestrado, Pós-Graduação em
Ecologia e Recursos Naturais. Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
Campos dos Goytacazes, RJ.
[9] DINIZ, A. R. et al., 2011. Aporte de
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and Leucaena leucocephala. Scientia Agricola,
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[11] RABELO, G. R, 2003. Florística e
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de Mata Atlântica em Plantios de Eucaliptus
citriodora Hook de Diferentes Idades e Após 6
Anos de Abandono na REBIO União, RJ.
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Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro. Campos dos Goytacazes/RJ.
[12] EVARISTO, V. T et al., 2011. Atlantic
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[13] EVARISTO, V. T, 2008. Dinâmica da
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arbustivo-arbóreas de mata atlântica em plantios
abandonados de eucalipto Corymbia citriodora
(Hook.) KD Hill & LAS Johnson. Dissertação
de mestrado. Pós-Graduação em Ecologia e
Recursos Naturais. Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos
Goytacazes, RJ. 158p.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
CHAMADOS DE DISTRESSE EM MORCEGOS FILOSTOMÍDEOS DA
RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO
1 2
Ricardo Brioschi Lyra; 2Marcelo Rodrigues Nogueira; ²Carlos Ramón Ruiz-Miranda;
2Leandro Rabello Monteiro
1Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-
602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ – Brasil
INTRODUÇÃO
Chamados de Distresse (CDs – Figura
1) são vocalizações emitidas em
situações de aflição, como quando um
indivíduo é capturado por predadores
(Marler, 1956; Conover, 1994a). Tais
vocalizações são bem estudadas em
alguns grupos de vertebrados (Hill,
1986; Conover, 1994b; Forti et al.,
2018), porém, para quirópteros,
representam uma lacuna no
conhecimento sobre seu universo
sonoro, com dúvidas referentes à sua
funcionalidade e evolução (Carter et
al., 2015).
Figura 1 – Espectrograma de um trecho de
Chamado de Distresse de Artibeus lituratus
contendo 5 pulsos.
Uma maneira de compreender melhor
qual é a funcionalidade dos CDs é
averiguar a variação acústica, de forma
a elucidar qual o nível de especificidade
do sinal. Acredita-se que este seja baixo
devido ao fato de que a reprodução de
CDs gera resposta em nível
interespecífico (Russ et al., 2004).
Apesar disso, avaliar a variação nas
variáveis acústicas nos permite
compreender se há diferenças que
permitam discriminar espécies. Vale
destacar que poucos trabalhos
descrevem a estrutura acústica de CDs
de morcegos (August, 1985; Russ et al.,
1998), tornando necessário um aumento
em esforços desta natureza. Neste
contexto, a família Phyllostomidae se
apresenta como boa alternativa, por ser
bastante representativa em eventos de
captura com redes de neblina,
permitindo a gravação de seus CDs.
OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo descrever
a estrutura acústica de CDs de espécies
de morcegos filostomídeos presentes na
Reserva Biológica União com a
finalidade de avaliar as similaridades na
estrutura acústica entre as mesmas,
inferindo observações iniciais sobre tais
vocalizações em um panorama geral.
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a captura dos morcegos foram
utilizadas redes de neblina nas primeiras
horas da noite (entre 18:00 e 23:00
horas, aproximadamente). Os
indivíduos capturados foram colocados
em sacos de pano e transportados para
locais próximos para triagem e gravação
de seus CDs. Utilizou-se um microfone
M500 ligado a um computador com o
software BatSound Touch (Pettersson
Elektroniks, www.batsound.com). Os
espectrogramas foram gerados com o
software Raven Pro 1.5 para a medição
das variáveis acústicas. Foram usados 5
chamados por gravação por espécie.
Cada espécie é representada por 1
indivíduo, exceto Carollia perspicillata
(3 indivíduos), Artibeus lituratus e
Lonchorhina aurita (2 indivíduos cada).
A média e desvio-padrão foram obtidos
para cada variável com finalidade de
descrição e comparação entre as
espécies. O presente trabalho se
encontra em fase inicial, com a
amostragem ainda sendo conduzida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento foram obtidas
gravações de Chamados de Distresse
para sete espécies, listadas na tabela 1
junto à média e desvio-padrão para as
variáveis acústicas de cada uma.
Tabela 1 – Média e Desvio-padrão (entre
parênteses) para cada variável acústica por
espécie gravada. Sp. = espécie, Dur =
duração em segundos, Fg = frequência
grave, Fa = frequência aguda, CB =
comprimento de banda, FME = frequência
de máxima energia, D.r. = Desmodus
rotundus, G.s. = Glossophaga soricina, L.a.
= Lonchorhina aurita, C.p. = Carollia
perspicillata, V.p. = Vampyressa pusilla, A.l.
= Artibeus lituratus, A.o. = A. obscurus. As
frequências se encontram na escala de KHz. Sp. Dur Fg Fa CB FME
D.r. 0.4
(0.2) 2.8
(0.9) 56.1
(4.19) 53.4
(3.9) 8.5
(0.8)
G.s. 0.04
(0.01) 11.4
(1.8) 131.9
(1.8) 120.5
(0.5)
36.7
(0.7)
L.a. 0.05
(0.05) 4.1
(0.4) 75.6
(26) 71.5
(22.5)
13.7
(4.6)
C.p. 0.1
(0.03) 8.3
(1.6) 123.3
(16.1) 115
(15.6) 19.5
(4.7)
V.p. 0.08
(0.03) 1 (0.1) 83.7
(16.2) 82.6
(16.3) 14.8
(7.1)
A.l. 0.12
(0.05)
0.8
(0.13) 62.5
(10) 61.7
(10)
8.6
(0.4)
A.o. 0.09
(0.01) 0.6
(0.1) 51.5
(6.6) 50.9
(6.6)
8.6
(0.5)
Diferentes grupamentos foram
formados entre as variáveis acústicas. A
Frequência grave segue um padrão
concordante com o esperado para o
aumento do corpo entre as espécies,
apresentando médias menores em
espécies maiores (Fletcher, 2004), com
exceção à V. pusilla. A variável duração
isola D. rotundus das demais espécies.
Apesar de inconclusivo no momento,
vale destacar que esta é uma espécie de
ecologia singular em vários aspectos
(Greenhall et al., 1983), o que pode
influenciar a funcionalidade de seus
CDs.
CONCLUSÃO
Apesar da grande sobreposição das
variáveis acústicas entre as diferentes
espécies, decorrente provavelmente de
uma amostragem relativamente
pequena, é possível identificar
tendências possivelmente associadas ao
o tamanho do corpo e à ecologia das
espécies apresentadas. O presente
trabalho continua em desenvolvimento e
um aumento na amostragem contribuirá
com medidas mais precisas quanto às
diferenças entre as variáveis acústicas,
além de aumentar o número de espécies
sendo avaliadas.
Agradecimentos: À equipe técnica da
Reserva Biológica União, ao Programa
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
de Pós-Graduação em Ecologia e
Recursos Naturais da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro (PPGERN-UENF) e aos órgãos
de fomento (CNPq, CAPES e FAPERJ).
REFERÊNCIAS
August, P.V. (1985). Acoustical properties of
the distress calls of Artibeus jamaicensis and
Phyllostomus hastatus (Chiroptera:
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA MASTOFAUNA ATROPELADA NO
INTERIOR DA RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO E ENTORNO
Helio Secco¹; Vitor Oliveira¹, Marcello Guerreiro2; Pablo Rodrigues Gonçalves¹
¹ Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de
Macaé, Av. São José do Barreto, 764, CEP 27965-045, Bairro Barreto, Macaé, RJ, Brazil -
[email protected]. 2 Autopista Fluminense S. A., Av. São Gonçalo, 100, Unidade 101, CEP 24466-315, Bairro Boa Vista,
São Gonçalo, RJ, Brazil.
INTRODUÇÃO
Os ciclos econômicos modernos tem
demandado uma expansão c o n t í n u a
da malha rodoviária pa ra
movimen tação de p rodu tos e
pes soas , consequentemente alterando
ambientes naturais em diversas regiões
do globo (Forman & Alexander 1998).
Neste contexto, a Ecologia de Estradas
(“Road Ecology”) surgiu oficialmente
como uma nova linha de pesquisa na
década de 90, interessada em avaliar os
processos ecológicos relacionados a
essas estruturas lineares, e desde o
início dos anos 2000 vem crescendo
exponencialmente (Forman et al.
2003). Apesar deste crescimento, ainda
são poucos os grupos de pesquisa que
mantém essa linha de pesquisa
permanente no Brasil. Muitas vezes a
coleta de dados de fauna atropelada é
decorrente de amostragens esporádicas
feitas sem um planejamento prévio, o
que, consequentemente, não contribui
efetivamente para o avanço do
conhecimento geral na área. O
atropelamento de fauna é uma das
principais causas de perda de
biodiversidade em áreas próximas a
rodovias (Laurance et al. 2009), pois
aumenta da mortalidade de muitos
indivíduos em um curto prazo,
diminuindo a viabilidade das
populações e aumentando o risco de
extinção local das espécies. (Forman et
al. 2003). As rodovias exercem um
efeito barreira, impedindo ou
diminuindo as travessias de animais, e
comprometendo a conectividade
demográfica (Shepard et al. 2008). Este
efeito pode ocorrer em espécies que
desenvolvem o comportamento de
evitar a rodovia e se afastarem (“road
avoidance”), bem como naquelas que
não evitam a área próxima da rodovia,
mas que normalmente são malsucedidas
ao tentar atravessá-la (Jaeger et al.
2005). Em ambos os casos, a população
tende a se subdividir e ficar isolada em
pequenas manchas populacionais
distribuídas por fragmentos de habitat.
OBJETIVOS
Neste contexto, o presente trabalho tem
como objetivo avaliar o impacto sobre a
mastofauna local causado por um trecho
da rodovia BR101/RJ que adentra os
limites da UC Rebio União, no que se
refere à fatalidade direta causada pelas
colisões entre veículos e animais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Localizada entre os municípios de Rio
das Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé,
no centro-norte fluminense, a Rebio
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
União está incluída na Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica, instituída
pela UNESCO em 1972 e contemplada
pelo Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC). Além disso, esta
unidade é uma área de relevante inte-
resse conservacionista, pois abriga o
maior número de espécies ameaçadas de
extinção ou de distribuição restrita no
Estado do Rio de Janeiro (Jenkins et al.
2011). O trecho da rodovia amostrada
nesse estudo está compreendido entre os
km 174 e 200 da rodovia BR-101/RJ,
adentrando os limites da Rebio União
entre os km 184 e 190, somados a 10
km a mais no sentido sul e no sentido
norte. Atualmente apresenta pista
simples em sua maior parte, mas
encontra-se em processo de
licenciamento ambiental para
duplicação futura. Está inserido na APA
da Bacia do Rio São João (22025’S;
42015’W), onde suas margens
apresentam paisagem composta
predominantemente por pastagens,
eucaliptal e grandes remanescentes
florestais. A concessionária vem
monitorando sistematicamente a fauna
atropelada na rodovia através do seu
Programa de Proteção à Fauna, em
consonância com suas condicionantes
de Licença de Operação, e com a
instrução normativa vigente. As pistas
de rolamento e de acostamento da
rodovia compõem as áreas amostrais
para o levantamento dos registros de
atropelamentos através de coleta de
dados. Entre janeiro de 2013 e
dezembro de 2017 houve esforço de
coleta de uma campanha por mês. O
monitoramento consiste no percurso da
rodovia por veículo automotor, em
velocidade média de 40 km/h. Os
resultados dos atropelamentos foram
expressos através do cálculo de taxas de
atropelamento, seguindo o método
proposto por Bager & Rosa (2010): Nº
de atropelamentos/km/monitoramento.
Esta abordagem utilizou apenas dados
do monitoramento sistemático, devido
ao controle do esforço amostral
aplicado. Através do cálculo dessa taxa,
permite-se realizar análises espaço-
temporais comparáveis ao longo da
rodovia. Logo, a taxa de atropelamento
foi estimada mensalmente e o teste de
Kruskal-Wallis utilizado para avaliar a
diferença anual (2013, 2014, 2015,
2016, 2017) e sazonal (estação seca =
abril a setembro; chuvosa = outubro a
março), após constatação da não
normalidade dos dados. A distribuição
espacial foi avaliada através de
construção gráfica e geoprocessamento
dos dados. Adicionalmente, para fins de
riqueza de espécies acometidas por
atropelamentos na região, foram
incorporados os registros ocasionais de
animais tombados na coleção científica
do NUPEM/UFRJ, oriundos de animais
mortos atropelados na Rebio União e
encaminhados para a instituição desde
2006. A representatividade de cada
táxon entre os atropelamentos se deu
pelo cálculo da frequência relativa (FR):
divisão do número de indivíduos de
cada táxon identificado pelo total dos
registros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando os 147 registros oriundos
dos monitoramentos sistemáticos (n =
107; de 2013 a 2017) e dos tombados
em coleção (n = 40; de 2006 a 2017),
foram confirmados 36 táxons distintos,
sendo 7 deles ameaçados de extinção
(ameaçado ou criticamente ameaçado)
ou próximos de algum grau de ameaça
(quase ameaçado ou vulnerável) em
nível nacional. Esses táxons ameaçados
incluem: lontra - Lontra longicaudis
(FR = 0,027; n = 4), bugio - Alouatta
guariba clamitans (FR = 0,027; n = 3),
onça-parda - Puma yagouaroundi (FR =
0,027; n = 3), preguiça-de-coleira -
Bradypus torquatus (FR = 0,014; n = 2),
mico-leão-dourado - Leontopithecus
rosalia (FR = 0,014; n = 2), gato-do-
mato - Leopardus wiedii (FR = 0,007; n
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
= 1), lobo-guará - Chrysocyon
brachyurus (FR = 0,007; n = 1). Em
relação às espécies mais frequentes
entre os atropelamentos, estão o gambá-
de-orelha-preta - Didelphis aurita (FR =
0,102; n = 15), ouriço-cacheiro –
Coendou spinosus (FR = 0,095; n = 14),
preá - Cavia fulgida (FR = 0,088; n=
13), e cão doméstico – Canis lupus
familiaris (FR = 0,088; n= 13). A taxa
de atropelamento mensal variou desde 0
até 0,231
indivíduos/km/monitoramento, com os
maiores picos entre janeiro e março de
2014, entretanto sem diferença
interanual e sazonal significativas
(respectivamente p = 0,213; p = 0,184).
Ao subdividir o trecho amostrado em
subtrechos de 1 km, e analisar a
distribuição espacial dos
atropelamentos, é possível identificar
que sob os domínios da Rebio União, o
km 184 é o que apresenta maior número
(n = 7). Entretanto as maiores
concentrações se encontram entre os
kms 195 e o 198 (km 195 = 8; km 196 =
6; km 197 = 7; km 198 = 8), no entorno
da UC. Essa região se justifica como um
hotspot de atropelamento de fauna
tendo em vista que a área da Rebio
União se aproxima da rodovia por meio
de uma extensão estreita de vegetação
associada às encostas de maior altitude
até a margem da pista sul, enquanto que
nas margens da pista norte existem
fragmentos florestais esparsos que se
estendem até próximo da rodovia,
formando assim um possível corredor
de movimentação para a fauna na região
e atravessando o traçado. O trecho de 6
km que corta o interior da Rebio União
pode estar apresentando menor volume
de atropelamentos (16,3% dos registros
analisados) em função de ter uma área
protegida disponível em maior
proporção nas proximidades da rodovia,
fazendo com que as espécies em geral
se desloquem menos em busca de
recursos. Além disso, outra hipótese
seria que as espécies estariam
respondendo negativamente à mudança
abrupta das características do ambiente
à medida que se aproximam da clareira
linear formada pela rodovia em meio à
vegetação circundante, acentuando
assim o efeito barreira à medida que a
densidade de animais teria correlação
com a distância para o traçado.
CONCLUSÃO
Um dos principais indicadores de
impacto de rodovias sobre as
populações naturais é o monitoramento
contínuo da taxa de atropelamento de
fauna em longo prazo através de um
delineamento e esforço amostral
padronizados. O presente estudo
evidencia uma parcela ecologicamente
diversa (carnívoros, primatas, roedores,
marsupiais, morcegos, xenartros,
lagomorfos) e ameaçada de extinção
(pelo menos 7 spp.) impactada pela
rodovia, principalmente na zona
limítrofe da Rebio União. Recomenda-
se a realização de novos estudos para
avaliar o grau do efeito barreira sobre
populações afetadas, e testar as
hipóteses levantadas no presente
trabalho.
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II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
ESPECIALIZAÇÃO DE NICHO DE IRRADIÂNCIA COMO FERRAMENTA
DE AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RESTAURAÇÃO DE ESPÉCIES
ARBÓREAS TROPICAIS
Tatiane de Oliveira Vieira¹; Angela Pierre Vitória¹
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Avenida Alberto Lamego, Laboratório de
Ciências Ambientais (LCA), 2000, CEP 28013-602 - Parque Califórnia- Campos dos Goytacazes - RJ -
Brasil – [email protected].
INTRODUÇÃO
A irradiância é um recurso
crítico para a sobrevivência,
estabelecimento e crescimento vegetal
em florestas tropicais (Strauss-
Debenedetti & Bazzaz 1996). A
variação na disponibilidade de
irradiância no sub-bosque pode atuar
como um filtro ambiental e promove
uma ampla variedade de foto-
adaptações, permitindo que espécies
vegetais contrastantes se estabeleçam,
cresçam e se reproduzam sob diferentes
condições de irradiância (Bazzaz e
Pickett 1980). Os níveis de demanda e
toerância de irradiância de uma espécie
podem ser explicados através do
conceito de nicho (Grubb 1977), a
amplitude ecológica das condições
bióticas e abióticas que permitem a
persistência de uma espécie em um
dado ambiente (Hutchinson 1957).
Compreender o nicho de irradiância
pode ser um fator chave na escolha de
espécies para programas de restauração
florestal. De fato, a seleção de espécies
parece ser uma das principais barreiras
para o sucesso dos programas de
reflorestamento, porque os ambientes
florestais degradados são
frequentemente quentes, secos e
recebem excesso de irradiância na
ausência de sub-bosque e cobertura do
dossel. No entanto, informações sobre a
capacidade de estabelecimento de
espécies nativas como plântulas ainda
são limitadas.
OBJETIVOS
Este trabalho teve por objetivo
avaliar a variabilidade interespecífica no
uso de recursos de irradiância e o
desempenho resultante das interações
indivíduo-ambiente em relação à
sobrevivência, estabelecimento e
capacidade de crescimento de quatro
espécies arbóreas comumente utilizadas
para restaurar a Floresta Atlântica
degradada.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na
Reserva Biológica União (ReBio
União), no estado do Rio de Janeiro,
Brasil (22 ° 42′S, 42 ° 03′W). O ReBio
União possui 7767 ha com
aproximadamente 7500 ha de Florestaa
Atlântica e 220 ha em regeneração de
áreas anteriormente ocupadas por
plantios de eucalipto (Corymbia
citriodora). Quatro espécies arbóreas
tropicais pioneiras da Floresta Atlântica
foram selecionadas:1) Vitex polygama
Cham., Lamiaceae; 2) Cytharexyllum
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
myrianthum Cham., Verbenaceae; 3)
Guarea guidonea (L.) Sleumer,
Meliaceae; 4) Cupania oblongifolia
Mart., Sapindaceae. Mudas entre dois e
três meses de idade foram
transplantadas para o solo em em
Dezembro/2014 na área de restauração
florestal com espaçamento de 2,5m x
2m. Vinte mudas por espécie foram
identificadas e separadas em dois
grupos (n = 10) e distribuídas entre os
dois tratamentos de irradiância baseados
na Densidade de Fluxo de Fótons
Fotossintéticos (DFFF): 1) Irradiância
total, ±2000 μmolm-2
s-1
em dias
ensolarados; 2) Sombreamento de 60%
da irradiância (tratamento de
sombreamento), ±900 μmolm-2
s-1
; O
tratamento de sombreamento foi obtido
utilizando estruturas de sombreamento
de madeira e malha de polietileno do
tipo sombrite para reduzir a irradiância
incidente a níveis similares às áreas de
sub-bosque intermediárias.
Sobrevivência e atributos
morfológicos foram monitorados
mensalmente em cada tratamento de
irradiância (n = 10) durante 210 dias
(Fevereiro/ 2015 a Setembro/2015)
totalizando oito tempos de amostragem:
tempo zero (T0) (referência), 30 dias
(T30), 60 dias (T60), 90 dias (T90), 120
dias (T120), 150 dias (T150), 180 dias
(T180) e 210 dias (T210). A
porcentagem de sobrevivência foi
calculada pela contagem do número de
indivíduos em cada tempo. Os atributos
morfológicos avaliados foram: altura
(H, fita métrica), diâmetro a altura do
solo (D, com paquímetro digital),
número total de folhas (L), área foliar
específica - folhas jovens (SLAY), área
foliar específica - folhas maduras
(SLAM), índice relativo de clorofila -
folha jovem (RCIY), índice relativo de
clorofila - folha madura (RCIM). A taxa
de crescimento relativo (TCR) será
calculada para cada intervalo de 30 dias
segundo a fórmula: TCR = (lnH1-
lnH0)/(t1-t0), onde: ln é a função
logaritmo, H0 e H1 correspondem ao
valor inicial e final, respectivamente, e
t0 e t1 correspondem aos tempos inicial
e final das avaliações, respectivamente.
A equação será utilizada para estimar a
taxa de crescimento relativo para os
atributos de crescimento: altura (TCRH),
diâmetro a altura do solo (TCRD) e
número de folhas total (TCRL).
A fluorescência da clorofila a foi
medida no início do experimento (T0)
(fevereiro de 2015) e em cada
tratamento de irradiância no final do
experimento (T210) (setembro de 2015)
em jovens (Y) e maduras (M) ao londo
dia às 07:00, 0900, 1100, 1300, 1500 e
1700 h com um fluorómetro portátil de
luz modulada (FMS2, Hansatech, UK)
segundo Genty et al. (1989). Os
atributos fisiológicos determinados
foram: rendimento quântico máximo de
PSII (Fv / Fm), quenching fotoquímico
(qP) e quenching não fotoquímico
(NPQ). O valor médio diário do curso
foi calculado para cada atributo.
A plasticidade fenotípica foi
avaliada com base na diferença nos
valores das características morfológicas
e fisiológicas entre os tratamentos de
irradiância para cada espécie, com base
no índice de plasticidade das distâncias
relativas (RDPI) de acordo com
Valladares et al. (2006). O índice RDPI
varia de zero a um e permite
comparações entre atributos com
diferentes unidades.
Diferenças entre as médias
foram avaliadas por ANOVA (one-way
e two-way), seguido pelo teste post-hoc
de Tukey (P ⩽ 0,05). Os fatores
considerados foram idade da folha,
espécie, curso diário e tratamento de
irradiância. A ANOVA fatorial foi
realizada para avaliar respostas
significativas de espécies entre os
tratamentos de irradiância e interações
usando o software R (versão 3.4.1). Os
coeficientes de regressão e as
correlações foram calculados com o
pacote de software Sigma Plot 11.0
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
(SPSS; Chicago, IL, EUA). Uma análise
de componentes principais (PCA) foi
realizada para confirmar o agrupamento
de amostras com base nos parâmetros
avaliados usando o software Past,
Versão 2.16 - Paleontological
STatistics.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados demonstraram
uma variação substancial na
sobrevivência, crescimento e
plasticidade em resposta à irradiância
para as espécies. Os resultados sugerem
diferenciação no nicho de irradiância
com base na variação nas respostas à
irradiância disponível dentro do grupo
das espécies de estádio inicial de
sucessão. A PCA revelou formação de
grupos por espécies e tratamentos de
irradiância e corrobora o conceito de
diferenciação do nicho de irradiância
(Wright et al. 2005). Os dados de
sobrevivência enfatizaram as diferenças
entre as espécies em resposta aos
tratamentos de irradiância e
demonstraram que este grupo de
espécies responde positivamente a uma
redução na irradiância de pleno sol para
60% de cobertura. Houve relativamente
pouca evidência de fotoinibição entre as
espécies e tratamentos de irradiância,
indicando que, embora houvesse
variação no crescimento em resposta
aos tratamentos de irradiância, todas as
espécies estavam dentro de um intervalo
adequado para uma regeneração
potencialmente bem sucedida. O índice
de plasticidade da distância relativa
variou entre as quatro espécies
estudadas e as espécies mais plásticas
tiveram a menor taxa de sobrevivência.
A avaliação do custo associado à
plasticidade entre os tratamentos de
irradiância revelou que Vitex possui
maior fotoplasticidade e as taxas mais
baixas de sobrevivência. Os resultados
obtidos no presente estudo corroboram
a hipótese de desempenho específico da
espécie associada à diferenciação de
nicho e revelaram limitação do nicho de
amplitude de irradiância pelo custo
associado ao investimento em atributos
de plasticidade.
CONCLUSÃO Sugerimos a seleção de espécies
com base na especialização de nicho e na
gama de nicho de uma espécie como uma
ferramenta para prever o desempenho de
espécies ao longo de gradientes de
recursos, uma vez que abrange a interação
de múltiplos eixos de recursos.
Agradecimentos: a UENF, ReBio União
e LCA pelo suporte; aos Técnicos
Gerson e Adilson pelo auxílio nos
trabalhos de campo.
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SOLOS DE FLORESTA OMBRÓFILA DA MATA ATLÂNTICA NA RESERVA
BIOLÓGICA UNIÃO.
Vitor Melo Erse Cyrino¹, Igor Santiago Broggio¹, Claudio Roberto Marciano², Dora
Maria Villela¹
¹Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), ²Laborório de Solos (LSOL), Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Avenida Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-602 – Parque
Califórnia – Campos dos Goytacazes – RJ – Brasi; UENF. [email protected]
INTRODUÇÃO
A matéria orgânica dos solos de
florestas tropicais é em grande parte
advinda da ciclagem de nutrientes [1,
5]. Processos como a fragmentação
florestal podem afetar o estoque de
carbono (C), assim como toda a
dinâmica dos nutrientes [2].
As florestas ombrófilas são
reconhecidas como um dos principais
tipos florestais encontrados na mata
atlântica [4]. Devido a intensa
fragmentação, sua área reduziu para
aproximadamente 12,5% de seu
território original [3].
OBJETIVOS
O objetivo deste estudo é
estimar a concentração e o estoque de
C, N, fósforo (P) e cátions
macronutrientes K, Ca e Mg no solo de
um fragmento de floresta ombrófila
densa (FOD), na Reserva Biológica
União, Rio de Janeiro e relacioná-los a
biomassa acima do solo e ao efeito da
de borda do fragmento.
Este trabalho irá testar as
seguintes hipóteses: (1) o estoque de C,
N e a disponibilidade de
macronutrientes é maior nas camadas
mais superficiais do solo do que nas
mais profundas na FOD; (2) áreas do
fragmento com maior biomassa e/ou
densidade arbóreas, apresentam maiores
estoques de C, N e disponibilidade de
macronutrientes nas camadas do solo;
(3) a borda apresenta menor
concentração e estoque de nutrientes
que o interior do fragmento de FOD na
Rebio União.
Este é um projeto em
andamento, cujas coletas e resultados
estarão sendo obtidos ao longo de 2018.
Portanto, são apresentados apenas dados
preliminares.
MATERIAIS E MÉTODOS
As coletas de solos foram feitas
em Março/2018, em um fragmento
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
(2400 ha), na Reserva biológica (Rebio)
União, dividido em 3 sítios: bordas do
gasoduto; Rede elétrica; e Interior.
Nestas os solos foram amostrados em 3
parcelas (20m x 50m) em cada sítio,
aonde realizou-se dois tipos de
amostragens, sendo (I) uma superficial
em quatro pontos sorteados
aleatoriamente em cada parcela, nas
profundidades de (cm): 0-5, 5-10, 10-20
e 20-30, (para determinação do
estoque, será gerada uma amostra
composta por parcela); e (II) um perfil
de 1 m por sítio, em uma parcela
sorteada aleatoriamente por sítio, nas
profundidades (cm) de: 0-5, 5-10, 10-
20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-75 e 75-
100. As amostras serão utilizadas para
análises químicas, granulométricas e
densidade.
Para a quantificação dos
nutrientes do solo, será determinado C e
N totais no auto-analisador CHNS/O, os
cátions macronutrientes disponíveis,
serão extraídos por solução ácida e
determinados através do ICP/AES-
Varian e PO4-
em espectrofotômetro, no
Laboratório de Ciências Ambientais
(LCA – UENF).
Para a análise granulométrica a
amostra será dispersa mediante agitação
em solução NaOH 0,1 mol L-1, sendo a
areia obtida em de malha 53 µm, a
argila pelo método da pipeta e o silte
por diferença, no Laboratório de Solos
(LSOL - UENF).
Atualmente as amostras estão
sendo processadas e seus resultados
obtidos para o C e demais nutrientes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento, os dados
obtidos são referentes a densidade
aparente do solo. Levando-se em conta
as médias entre os três sítios, a
densidade média (g/cm3) para
amostragem de até 1 m de profundidade
não apresentou diferença(Tabela 1).
Tabela. 1 Densidade média e desvio padrão do
solo em diferentes profundidades até 1m, nas
áreas de borda (Rede Elétrica e Gasoduto) e
Interior da Mata Atlântica na Rebio União.
Entretanto, considerando as
amostragens de 0-30cm, a densidade
média (g/cm3) da camada mais
superficial (0-5 cm) do solo tendeu ser
inferior as camadas mais profundas
(tabela 2). Contudo, não houve
diferença significativa na densidade do
solo entre os sítios e para nenhuma das
profundidades amostradas, sendo esta
média semelhante entre as áreas de
borda, tanto da Rede elétrica quanto do
Gasoduto, e interior (tabela 2).
Profundidade (cm) Rede Elétrica Gasoduto Interior Media
0-5 0,75 0,91 1,11 0,93 ± 0,17
5-10 0,84 1,02 1,23 1,02 ± 0,17
10-20 0,94 1,18 1,42 1,19 ± 0,24
20-30 1,22 1,09 1,28 1,21 ± 0,09
30-40 1,25 1,01 1,53 1,25 ± 0,25
40-50 1,22 1,04 1,49 1,13 ± 0,25
50-75 1,01 0,88 1,41 1,14 ± 0,27
75-100 0,81 1,11 1,21 1,05 ± 0,20
Densidade (g/cm³)
II Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica União, 05 e 06 de junho de 2018
Profundidade (cm) Rede Elétrica Gasoduto Interior Media
0-5 0,93 ± 0,14 0,95 ± 0,05 0,73 ± 0,43 0,87 ± 0,12
5-10 0,94 ± 0,18 1,06 ±0,07 1,12 ± 0,15 1,04 ± 0,09
10-20 1,05 ± 0,22 1,14 ± 0,11 1,18 ± 0,25 1,12 ± 0,06
20-30 1,15 ± 0,26 1,15 ± 0,08 1,14 ± 0,18 1,15 ± 0,01
Densidade (g/cm³)
Tabela. 2 Media e desvio padrão da densidade
do solo nas camadas de 0 – 30 cm de
profundidade, nas áreas de borda (Rede Elétrica
e Gasoduto) e Interior da Mata Atlântica na
Rebio União (p<0,05 t Student; ANOVA)
CONCLUSÃO
Há uma pequena variação da
densidade dos solos amostrados na
Rebio União, quando considerada as
diferentes profundidades. Já que esta
tendeu ser inferior na profundidade
mais superficial (0-5cm), quando
comparado com a camada mais
profunda (20-30cm). Quanto ao efeito
de borda, este parece não afetar a
densidade do solo entre as áreas
estudadas.
Portanto, pode-se esperar que as
possíveis diferenças encontradas nos
estoques de C e nutrientes entre as
profundidades ou áreas nos solos do
fragmento florestal estudado na Rebio
União, estarão mais associados a
concentração destes nutrientes no solo,
e sofrerão pouca influência da sua
densidade aparente. Dessa forma, após a
obtenção dos novos resultados sobre a
concentração dos nutrientes, será
possível responder como a
fragmentação afeta o estoque de
carbono e nutrientes no solo de
fragmentos de FOD da Rebio União.
REFERÊNCIAS
[1] COUTEAUX, M. M.; BOTTNER, P.;
BERG, B. Litter de-composition, climate and
litter quality. Trends in Ecology and
Evolution, v. 10, p. 63-66, 1995.
[2] LAURANCE, W.F Theory meets reality
how habitat fragmentation research has
transcended island biogeographic theory. Biol.
Conserv., 141, 1731-1744, 2008.
[3] SOS MATA ATLÂNTICA. Atlas da
evolução dos remanescentes florestais e
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Atlântica período 2011-2012. Fundação SOS
Mata Atlântica/INPE, São Paulo, 2013.
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R.; LIMA, J. C. A. Classificação da Vegetação
Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal.
Manual Técnico da Vegetação Brasileira.
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[5] VITOUSEK, P. M.; SANFORD, R. L.
Nutrient cycling in moist tropical forests.
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v. 17, p. 137-167, 1986.