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Faculdade de Educação
Estudo da Educação Ambiental nas Famílias no Bairro de Aeroporto A
Monografia
Helena Filipe Macamo
Maputo, Janeiro de 2015
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
JÚRI
O Supervisor O Presidente O Oponente
___________________ ________________ ______________________
Maputo, 27 de Janeiro de 2015
i
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, HELENA FILIPE MACAMO declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria,
resultado do meu esforço pessoal. O conteúdo nesse trabalho é original e todas as fontes
consultadas estão devidamente declaradas conforme as referências bibliográficas, mesmo assim
expresso que o devido trabalho nunca foi apresentado na sua essência para obtenção de qualquer
grau de nível numa instituição.
Maputo, Janeiro de 2015
________________________________
(Helena Filipe Macamo)
ii
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho aos meus pais, Isabel Samuel Zunguene e Filipe Dani Macamo que me
deram o seu apoio e carrinho na vida pessoal e académica. Ao meu marido René Valeriano Dimas
e aos meus amigos e colegas pela contribuição prestada durante esta formação. Por fim, dedico o
presente trabalho para todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho e para a
minha formação.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao dr. Egídio Chilaule, que para além do seu infinito apoio e atenção, soube ajudar-me a pensar e
a elaborar o trabalho, desde a concepção do projecto à elaboração do relatório final. Aos meus
pais, Isabel Samuel Zunguene e Filipe Dani Macamo, aos meus irmãos Ricardo Filipe Macamo e
Manuel Filipe Macamo, e às minhas amigas Regina Ambrósio e Marisa Mate por toda força que
me deram e por confiarem em mim. A toda minha família, queridos irmãos, colegas, e um
agradecimento especial a familia Dimas pelo todo apoio. E, finalmente, aos residentes do Bairro
de Aeroporto A, pela recepção, compreensão e apoio para a concepção deste trabalho e pela
disponibilidade no fornecimento de informações relevantes.
A todos, o meu muito obrigado!
iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CMCM- Conselho Municipal da Cidade de Maputo
EA - Educação Ambiental
EAF – Educação Ambiental nas Famílias
LEA- Licenciatura em Educação Ambiental
MA- Meio Ambiente
MICOA - Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
MISAU - Ministério de Saúde
OMS - Organização Mundial de Saúde
SA - Saneamento Ambiental
UEM - Universidade Eduardo Mondlane
v
RESUMO
A presente monografia versa sobre a educação ambiental na família (EAF). É uma pesquisa de
natureza qualitativa e exploratória seguindo um paradigma descritivo, na qual foi descrita a
Educação Ambiental (EA) realizada nas famílias residentes no Bairro do Aeroporto A, quarteirão
4.
O estudo privilegiou três técnicas de recolha de dados, nomeadamente a análise documental, a
observação e a entrevista semi-estruturada. Foram entrevistadas um total de três famílias residentes
naquele bairro, escolhidas mediante a amostragem não probabilística intencional.
As famílias têm composição e perfil diferentes, delas pretendia-se conhecer as práticas ambientais
realizadas, que foram agrupadas em três temas, nomeadamente: educação ambiental nas famílias,
condição ambiental da comunidade de Aeroporto “A” e as estratégias de melhoria da condição
ambiental do bairro, propostas pelos entrevistados.
Embora de forma diferenciada entre as famílias, ocorrendo de acordo com os valores culturais e
condições sociais das mesmas, a educação ambiental acontece no seio familiar assumindo o tipo
de educação não-formal e informal, desencadeada pelos pais, pelas médias e pela sociedade em
geral.
Todavia, do estudo foi possível perceber que a educação ambiental desencadeado pelas famílias
em particular e pela sociedade no geral, não esta imbuída de bases científicas, mas sim, de práticas
costumeiras transmitidas de geração para geração. Importa ainda, ressalvar que esta educação
ambiental é realizada a escala local sem uma conexão directa com as demais esferas sociais. Neste
contexto, propõem-se que a educação ambiental realizada na família tenha reflexos fora da família,
onde, os membros da família ao compreender a necessidade de manter o equilíbrio ambiental no
vi
seio familiar, compreenda e realize acções que contribuem na manutenção do meio ambiente na
comunidade local em particular e no mundo em geral.
Palavras-chaves: Educação Ambiental, famílias, Saneamento do Meio
ABSTRACT
This monograph deals of environmental education in family. It is a qualitative and exploratory
research following a descriptive paradigm, in which we described the Environmental Education
(EE) held in households in the Airport Neighborhood, block 4.
The study focused three data collection techniques, including document analysis, observation and
semi -structured interview. We interviewed a total of three families living in that neighborhood,
chosen by non-probability sampling intentional.
Families have different composition and profile, their aim was to learn about the environmental
practices carried out, which were grouped into three themes, namely: environmental education in
families, environmental condition of the airport community "A" and the strategies to improve
environmental condition neighborhood, proposed by interviewees.
Although differently among families , occurring in accordance with the cultural and social values
of the same conditions , environmental education happens in the family taking the kind of non-
formal and informal education, triggered by parents, medium and by society in general .
However , the study was observed that environmental education triggered by families in particular
and society in general , is not imbued with scientific basis , but , of customary practices handed
down from generation to generation. It also point out that this environmental education is carried
out at local level without a direct connection with other social spheres. In this context, it proposes
that environmental education held in the family has repercussions outside the family, where family
members to understand the need to maintain the environmental balance within the family
understand and execute actions that contribute to the maintenance of the environment in local
community in particular and the world in general.
Keywords: environmental education, families, Middle Sanitati
Índice DECLARAÇÃO DE HONRA ........................................................................................................................ i
DEDICATÓRIA ............................................................................................................................................... ii
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................ iv
RESUMO ........................................................................................................................................................... v
CAPÍTULO I: INTRODUҪÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 Introdução ............................................................................................................................. 1 1.2 Delimitação do tema ............................................................................................................. 2
1.3 Formulação do problema ...................................................................................................... 2 1.4 Objectivos ............................................................................................................................. 3
1.5 Perguntas de Pesquisa ........................................................................................................... 3 1.6 Justificativa ........................................................................................................................... 3
CAPITULO ӀӀ: CONTEXTUALIZAҪÃO ................................................................................................. 5
2.1 Contexto local ....................................................................................................................... 5 2.2 Contexto teórico .................................................................................................................... 6
2.2.1 Ambiente ........................................................................................................................ 6 2.2.2 Educação Ambiental ...................................................................................................... 7
2.2.3 Saneamento Ambiental .................................................................................................. 8 2.2.4 Família ........................................................................................................................... 9
CAPITULO ӀӀӀ: METODOLOGIA ............................................................................................................ 10
3.1 Procedimentos metodológicos ............................................................................................ 10 3.2 Abordagem metodológica ................................................................................................... 11
3.3 Amostragem ........................................................................................................................ 12 3.3.1 População ..................................................................................................................... 12 3.3.2. Amostra ....................................................................................................................... 12
3.4 Técnicas de Recolha de dados e Análise de Resultados ..................................................... 13
3.4.1 Análise documental ...................................................................................................... 13
3.4.2.Observação ................................................................................................................... 13 3.4.3 Entrevista ..................................................................................................................... 14
3.5 Aspectos éticos.................................................................................................................... 14
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS ........................................ 15
4.1 Apresentação dos resultados ............................................................................................... 15 4.1.1 Perfil das famílias entrevistadas................................................................................... 15 4.1.2 Educação Ambiental nas Famílias ............................................................................... 16 4.1.2 Condição ambiental da comunidade de Aeroporto A .................................................. 19
4.1.3 Estratégias de melhoria da condição ambiental da comunidade de Aeroporto A ........ 20 4.2 Discussão dos resultados..................................................................................................... 21
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 23
5.1 Conclusão ............................................................................................................................ 23
5.2 Recomendações................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 26
1
CAPÍTULO I: INTRODUҪÃO
1.1 Introdução
Na reunião realizada em 1977 em Tbilisi, Georgia (ex URSS) a Educação Ambiental (EA) foi
definida como “uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a
resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de
uma participação activa e responsável de cada indivíduo e da colectividade” (Dias, 1994:83).
Entre as orientações de Tbilisi destaca-se ainda que a “Educação Ambiental deve considerar o
meio ambiente em sua totalidade, em seus aspectos naturais e criados pelo Homem. Enquanto
processo contínuo e permanente a Educação Ambiental, deve abranger o ensino formal e não
formal; deve examinar as questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e
internacional, analisando suas causas, consequências e complexidade. Deve também, desenvolver
o senso crítico e as habilidades humanas necessárias para resolver tais problemas e utilizar métodos
e estratégias adequadas para aquisição de conhecimentos e comunicação, valorizando as
experiências pessoais e enfatizando actividades práticas delas decorrentes” (Dias, 1994:83).
Tendo a EA objectivo de formar a consciência dos cidadãos e transformar-se em filosofia de vida
de modo a levar à adopção de comportamentos e atitudes ambientalmente adequados (Reigota,
1991), ela deve estar inserida na Educação Familiar porque é nela onde se realiza a primeira
socialização.
A Família adquiriu neste século um papel importante, como a primeira célula social da qual todo
o indivíduo faz parte e que é responsável pela formação individual e social do cidadão. Sendo
“cada Família única, diferindo em elementos que a compõem, valores, linguagem, cultura, religião,
entre outros” (Araújo, 1997:21), tornando-se, por isso, necessário que a Educação Ambiental seja
uma realidade no seu seio, pois o que se adquiri nesta célula repercutir-se-á por toda a vida do
indivíduo.
As primeiras trocas afectivas mãe/filho, os cuidados básicos oferecidos e as acções e reacções
entre criança e meio ambiente vão moldando o seu comportamento e essas vivências, quer sejam
elas positivas ou negativas, serão posteriormente transferidas ao meio social mais amplo,
permitindo ou não a sua adaptação na sociedade (Araújo, 1997).
2
Numa sociedade extremamente consumista as Famílias devem controlar esse impulso devendo
incentivar o desenvolvimento de uma relação de conservação e preservação com a natureza
somente possível com Educação Ambiental.
1.2 Delimitação do tema
Esta Monografia centra-se na Educação Ambiental nas Famílias localizadas no Bairro do
Aeroporto “A”, Quarteirão 4. A Família representa o primeiro contacto do ser humano com a
sociabilidade e assim, a preocupação com a qualidade ambiental deve começar a ser construída
dentro da célula familiar. A função educativa da Família atende a satisfação das necessidades quer
morais, materiais e espiritual dos seus membros e, como extensão da Educação Familiar, encontra-
se a Educação Ambiental, que deve permear as acções do quotidiano quando do relacionamento
com o meio ambiente. Todos dependem de todos para sobreviver. Portanto, a acção local de cada
Família pode trazer consequências globais para toda a sociedade e determinar a existência de uma
boa qualidade ambiental.
1.3 Formulação do problema
No Município de Maputo, Distrito Urbano no 3 encontra-se o Bairro do Aeroporto “A”. O trabalho
vai decorrer no Quarteirão no 4 deste bairro, onde as condições precárias de saneamento do meio,
o fraco abastecimento de água, a produção e acondicionamento de resíduos sólidos, os hábitos de
higiene deficientes e as condições de habitação condicionam fortemente o estado de saúde destes
munícipes.
Estas situações são originadas, por um lado, por problemas estruturais como a falta de
ordenamento territorial, sistema de drenagem e saneamento do meio e, por outro lado, pelo
comportamento e atitude dos próprios moradores do Bairro. Tratando-se de problemas originados
em parte pelo comportamento negativo dos moradores: depositam ou lançam os resíduos sólidos
por eles produzidos nas vias de acesso, de conduzirem as águas negras para as ruas e passagens de
peões, provocando mau cheiro e condições propícias para o aparecimento do mosquito que
transmite a malária, moscas que originam diarreias, tornando-se necessário a sensibilização e
consciencialização destes para que tomem uma atitude proactiva em prol do ambiente e
consequentemente em prol da melhoria das condições de suas vidas. Esta acção somente é possível
por intermédio da Educação Ambiental nas Famílias, pelo que neste trabalho pretende-se
responder ao seguinte questionamento:
3
Que práticas de Educação Ambiental se realiza no seio das Famílias do Bairro do
Aeroporto “A”, Quarteirão no 4?
1.4 Objectivos
Para responder a esta questão de partida foram definidos os seguintes objectivos para a pesquisa.
o Objectivo Geral
Estudar a Educação Ambiental efectuada pelas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4.
o Objectivos Específicos
Descrever a Educação Ambiental realizada pelas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4;
Identificar as práticas ambientais efectivadas pelas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4;
Propor estratégias para a melhoria da Educação Ambiental nas Famílias do Bairro do
Aeroporto “A”, Quarteirão no 4.
1.5 Perguntas de Pesquisa
a) Como é realizada a Educação Ambiental nas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4?
b) Que práticas ambientais são efectivadas pelas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4?
c) Que estratégias se devem traçar para a melhoraria da Educação Ambiental nas Famílias
do Bairro do Aeroporto “A”, Quarteirão no 4?
1.6 Justificativa
A escolha do tema em estudo, deve-se ao facto de ao longo do Curso de Educação Ambiental, ter-
se adquirido uma vasta bagagem de conhecimento ligados á área do meio ambiente, gestão
ambiental, educação Ambiental bem como sobre os problemas ambientais naturais e os causados
pela acção do Homem no exercício das suas actividades e ter-se constatado que, de um modo geral,
4
há deficiências no funcionamento do sistema de saneamento ambiental que se verifica um pouco
por todas as zonas urbanas e principalmente nas zonas semi-urbanas do Município de Maputo
(Grest, 2009).
As questões ambientais apresentam-se como um assunto de relevância social na actualidade, pois
dia após dia somos confrontados com notícias de catástrofes ambientais ocorridas no mundo, como
aquecimento global, poluição e contaminação do solo, água e do ar, da problemática do lixo, entre
outros (Reigota, 1991).
Tendo em vista a crescente ocorrência de problemas ambientais vê-se a necessidade de uma nova
consciência, comportamento e comprometimento frente a esta situação a fim de minimizar as
consequências destas atitudes anti-ambientais para o futuro.
Vivemos em uma sociedade que estimula o acúmulo de resíduos sólidos, materiais recicláveis e
não recicláveis, e o resultado está nas ruas, em terrenos baldios, dentro dos rios e em vários outros
lugares inapropriados, contribuindo sobremaneira para o desequilíbrio ambiental do planeta
(Amaral, 2008)
Neste Bairro, as águas das casas de banho, cozinha, lavagem de roupa, entre outros são dirigidas
para as estradas ou vias de acesso. O lixo produzido por cada Família é levado e lançado também
nas vias de acesso.
A falta de consciência ambiental e muitas vezes do perigo que as acções individuais ou colectivas
podem causar, faz com que os moradores não observem as mínimas regras básicas de higiene e de
prevenção ambiental.
Tendo em consideração que é na Família onde se inicia a socialização e onde se aprende um
conjunto de conhecimentos que acompanham o indivíduo ao longo da sua vida, vem a motivação
deste tema como forma de contribuir para que a Família possam tomar consciência e se
comprometam a trabalhar em prol de uma boa qualidade ambiental.
Acha-se que com este trabalho poder-se-á contribuir na melhoria das estratégias de Educação
Ambiental usada no seio da Família e consequentemente na formação de um Cidadão
comprometido com a melhoria da qualidade ambiental.
5
CAPITULO ӀӀ: CONTEXTUALIZAҪÃO
2.1 Contexto local
A pesquisa vai decorrer no Distrito Municipal Kalhamankulo, Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4, no Município de Maputo.
De acordo com o Conselho Municipal de Maputo (2008:16), o Município de Maputo está
localizado no “sul de Moçambique, a oeste da Baía de Maputo, no Estuário do Espírito Santo, onde
desaguam os rios Tembe, Umbeluzi, Matola e Infulene. Está situada a uma altitude média de 47
metros. Os limites do município se encontram entre as latitudes 25º 49' 09" S (extremo norte) e
26º 05' 23" S (extremo sul) e as longitudes 33° 00' 00" E (extremo leste - considerada a ilha de
Inhaca) e 32° 26' 15" E (extremo oeste). Possui uma área de 346,77 km² e uma população de
1 094 315 (Censo de 2007), faz divisão com o Distrito de Marracuene, a norte; o Município da
Matola, a noroeste e oeste; o Distrito de Boane, a oeste, e o Distrito de Matutuíne, ao sul, todos
pertencentes à Província de Maputo. Maputo está situado a 120 km da fronteira com a África do
Sul e 80 km da fronteira com a Suazilândia”.
Este Município está dividido em sete Distritos Municipais, nomeadamente: Distrito Municipal
KaMpfumo, Distrito Municipal KaLhamankulo, Distrito Municipal, Distrito Municipal
KaMavota, Distrito Municipal Kambukuane, Distrito Municipal da KaTembe, Distrito Municipal
KaNyaka; cada um dos quais, por sua vez, está dividido em bairros.
O Clima é tropical seco. O período mais quente do ano compreende os meses de Novembro a Abril
e o mais frio os meses de Maio a Outubro. O período de maior precipitação ocorre nos meses mais
quentes, entre Novembro e Março (Conselho Municipal de Maputo, 2008).
A base cultural de Maputo é bantu, mas outros elementos contribuíram para a formação cultural
da cidade. A cultura portuguesa foi relevante nesta formação, tendo em vista que Portugal foi o
país colonizador de Moçambique. Outras culturas, como a árabe, chinesa e indiana também
tiveram uma contribuição significativa. Maputo possui uma cultura também muito influenciada
pela África do Sul, país vizinho de Moçambique (Conselho Municipal de Maputo, 2008).
Os sectores de comércio, transporte e comunicações e indústria manufactureira são os mais
significativos. Os principais produtos agrícolas do município de Maputo são: alface, couve,
6
abóbora, alho, cebola, batata-doce, mandioca, repolho, tomate, cenoura, feijão, milho, amendoim,
beterraba e pimento. As principais indústrias do Município são a indústria química e a de
alimentos. Outras indústrias incluem a indústria discográfica, metalúrgica e de móveis.
Como uma grande parte da zona urbana do Município se constitui de assentamentos irregulares,
grande parte do esforço da gestão municipal tem sido a melhoria do acesso a estes bairros, seu
reordenamento e a expansão da rede de distribuição de serviços básico, a gestão do tráfico e do
transporte público, a gestão do meio ambiente e do lixo, expansão da rede de água potável
(Conselho Municipal de Maputo, 2008).
2.2 Contexto teórico
A problemática da educação para a sustentabilidade ambiental está directamente ligada a questão
do desenvolvimento urbano, preservação e conservação do meio ambiente e ao envolvimento do
Munícipe em todo o processo e cadeia da educação e gestão ambiental.
Neste contexto teórico é considerado um conjunto de conceitos que fazem a relação Educação
Ambiental, Família e melhoria da qualidade ambiental, designadamente: Ambiente, Educação
Ambiental (EA), Saneamento do Ambiental e Família.
2.2.1 Ambiente
Art (1998) define Ambiente como “um conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres
vivos na biosfera, como um todo ou em parte desta, abrangendo elementos do clima, solo, água e
de organismos e por meio ambiente a soma total das condições externas circundantes no interior
das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objecto existe. O meio ambiente
não é um termo exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro organismo”.
Segundo Manjate e Cossa (2011) Ambiente é o meio em que o homem e outros seres vivem e
interagem (luz, ar, terra, água, ecossistemas, biodiversidade, material orgânico e inorgânico,
condições sociocultural que afectam a vida das comunidades).
Estas definições do conceito de Ambiente dão a entender que o Homem é parte integral deste.
Fazendo parte dele o Homem deve usar o que o ambiente oferece com a consciência de que a sua
acção pode contribuir para a melhoria da qualidade ambiental ou para a sua destruição. Sendo
assim a Família vive e se desenvolve num determinado ambiente que deve ser conservado e
7
preservado. A acção de cada um dos seus membros pode ter repercussões positivas ou negativas
que afecta não só a sua Família como as outras em redor.
2.2.2 Educação Ambiental
Logo a prior salta a vista a palavra Educação que mostra que antes de tudo a Educação Ambiental
é parte da Educação por isso importa aqui definir a Educação.
Segundo Manjate e Cossa (2011), Educação é o processo de actuação de uma comunidade sobre
o desenvolvimento do indivíduo afim de que ele possa actuar em uma sociedade pronto a busca
dos objectivos colectivos. Acto de amor e coragem que se assenta no dialogo, na discussão e no
debate.
A introdução do termo Ambiental propõe o resgate do que o Homem se tinha esquecido: o
ambiente. Pois não é possível educar fora do Ambiente, fora de um determinado espaço biofísico,
social e histórico. Por isso é impossível fazer-se a prática educativa sem incluir a reflexão sobre a
relação que possui-se com o ambiente em que vivemos.
O conceito de Educação Ambiental é complexo, abstracto e dificilmente compartilhado, porque
não está abrangentemente explicado. Existem muitas definições sobre EA, dependendo das
tendências dominantes em cada País ou organização. Dai trazer-se definições que vão de acordo
com a presente pesquisa tais como:
Segundo Manjate e Cossa (2011) EA são princípios técnicos e científicos para a sensibilização da
humanidade e disseminação da informação sobre os cuidados e preservação do meio ambiente para
o alcance de vida desejada.
De acordo com Anselmo e Cardoso (2007) EA, é a prática da Educação, orientada para a solução
dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma
participação activa e responsável de cada indivíduo e da colectividade.
Para o MICOA (2009), é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências
e determinação que os tornam aptos a agir, individual e colectivamente, e resolver problemas
ambientais presentes e futuros”.
8
Dos conceitos de EA acima disposto, escolhe-se o enunciado por MICOA (2009), pelo facto de
destacar a construção de valores, experiências e habilidades voltados a resolução dos problemas
ambientais. Considera-se este conceito mais adequado para o presente trabalho por fundamentar-
se na experiência e na construção de valores processos estreitamente ligadas a educação familiar.
A EA orienta-se a realizar:
Acções educativas: compreensão da dinâmica dos ecossistemas, os efeitos da relação
Homem e meio ambiente;
Preparação do ser humano para integrar-se criticamente ao meio, questionando a sociedade,
a tecnologia, os valores e estreitar a relação sociedade e a natureza;
Sensibilização para a protecção ambiental e conservação da natureza (MICOA, 2009).
Segundo Dias (2005) a EA caracteriza-se por incorporar as dimensões socioeconómicas, política,
cultural e histórica, não podendo se basear em posturas de aplicação universal devendo considerar
as condições e estágios de cada lugar, sob uma perspectiva histórica, pois é de acordo com as
necessidades e características de cada lugar que deve ser pensado a acção da EA de forma a atender
as demandas de cada sociedade.
Para atingir as finalidades da Educação Ambiental, precisa-se estar sempre conscientes de que este
é um trabalho educacional completo e que, portanto, deve-se cumprir todas as fases do processo
(Sensibilização, Mobilização, Informação e Acção). Nenhuma das fases pode ser desenvolvida
isoladamente ou de modo linear, é preciso enfatizar que todas são inter-relacionadas, que a
Educação Ambiental não pode se resumir à uma delas somente e que todas devem ocorrer sob uma
planificação, controle e avaliação permanentes (MICOA, 2009).
2.2.3 Saneamento Ambiental
A Organização Mundial da Saúde (OMS), define Saneamento Ambiental (SA) como o controlo
de todos os factores do meio físico do Homem que exercem ou podem exercer efeito deletério
sobre o seu bem-estar físico, mental ou social.
De acordo com MICOA (2009) é o conjunto de acções socioeconómicas que tem por objectivo
alcançar a salubridade ambiental por meio do abastecimento de água potável, recolha e disposição
de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem,
9
controlo de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especiais com a finalidade de proteger
e melhorara as condições de vida.
O conceito da OMS tem uma abrangência mundial e mais resumido, enquanto, o de MICOA é
mais local e mais detalhado. Desta forma apresenta-se os dois conceitos neste trabalho para maior
compreensão do assunto. Todavia, os dois carregam um conteúdo similar.
São muitas as doenças que podem proliferar devido à carência de medidas de saneamento
ambiental. A não disponibilidade de água potável, a má disposição dos dejectos, um inadequado
destino do lixo e um ambiente poluído são alguns dos exemplos de factores que contribuem para
uma maior incidência de doenças e da degradação do ambiente (MISAU, 2009).
Fazem parte das actividades do saneamento ambiental: o abastecimento de água potável, sistema
de esgotos para as águas negras e afastamento dos dejectos, drenagem das águas pluviais, controle
de insectos, dos roedores e da poluição ambiental, saneamento dos alimentos, da habitação, dos
locais de trabalho, de recreação e o aplicado ao planeamento territorial. Como se pode notar o
saneamento ambiental possui uma área de actuação ampla, que tende a aumentar, principalmente
devido à necessidade de controlar a acção do Homem sobre o meio ambiente, cada vez mais intensa
(MISAU, 2009).
2.2.4 Família
O termo Família, etimologicamente, deriva do latim família, designando o conjunto de escravos e
servidores que viviam sob a jurisdição do pater famílias. Com sua ampliação tornou-se sinónimo
de Gens que seria o conjunto de agnados (os submetidos ao poder em decorrência do casamento)
e os cognados (parentes pelo lado materno). A família é uma sociedade natural formada por
indivíduos, unidos por laço de sangue ou de afinidade. Os laços de sangue resultam da
descendência. A afinidade se dá com a entrada dos cônjuges e seus parentes que se agregam à
entidade familiar pelo casamento. A entidade familiar de início é constituída pela figura do marido
e da mulher. Depois se amplia com o surgimento da prole. Sob outros prismas, a família cresce
ainda mais: ao se casarem, os filhos não rompem o vínculo familiar com seus pais e estes
continuam fazendo parte da família, os irmãos também continuam, e, por seu turno, casam-se e
trazem os seus filhos para o seio familiar (Coelho, 2009).
10
A Lei n 10/2004 de 25 de Agosto, Lei da Família de Moçambique define no seu artigo no 1 que “a
Família é a célula base da sociedade, factor da socialização da pessoa humana. Diz mais que a
Família constitui o espaço privilegiado na qual se cria, desenvolve e consolida a personalidade dos
seus membros e onde devem ser cultivados o dialogo e a entre ajuda”
Reconhecendo a Lei que é na Família onde se encontra um espaço de socialização ela deve-se
tornar uma célula intervencionista para a formação de um cidadão ambientalmente
consciencializado de modo que cada indivíduo tome consciência do seu meio ambiente e adquira
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os torne aptos a agir,
individualmente para resolver problemas ambientais presentes e futuros.
O que se aprende neste local se multiplica em cadeia de Pais para Filhos, Netos, Irmãos, Sobrinhos
e em cadeia para toda a sociedade. Deste modo se deve privilegiar a inclusão da temática ambiental
na Educação Familiar. Como explica Sousa & Filho (2007), A família funciona como o primeiro
e mais importante agente socializador, sendo assim, é o primeiro contexto no qual se desenvolvem
padrões de socialização na qual a criança constrói valores tanto sociais quanto ambientais que lhe
acompanham em toda sua experiência de vida ao longo do seu desenvolvimento.
CAPITULO ӀӀӀ: METODOLOGIA
3.1 Procedimentos metodológicos
No presente capítulo descreve-se os procedimentos seguidos na realização desta pesquisa, isto é,
local da pesquisa, Abordagem metodológica, população e amostra do estudo, técnica de recolha
de dados e análise de resultados e aspectos éticos.
Metodologia é um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para
formular e resolver problemas de aquisição objectiva do conhecimento, de uma maneira
sistemática. Consiste na explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda a acção
desenvolvida e de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa: o tipo de pesquisa, o
instrumento utilizado, como questionários, entrevistas, entre outros, o tempo previsto, a divisão do
trabalho, as formas de tabulação e tratamento de dados, etc. (Pocinho, 2009).
11
Todo procedimento metodológico tem como objectivo delinear o caminho a ser percorrido pelo
pesquisador na tentativa de relacionar a teoria com a vivência. A metodologia dá origem ao
método, e é o método que possibilita a pesquisa (Pocinho, 2009).
3.2 Abordagem metodológica
A pesquisa é de natureza qualitativa pois, de acordo com Marconi e Lakatos (2007:269), “o método
qualitativo preocupa-se na análise e interpretação de aspectos mais profundos descrevendo a
complexidade de um assunto” como é a EAF neste estudo a partir das percepções das famílias
entrevistadas. Para estes autores a pesquisa qualitativa caracteriza-se pela tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos
entrevistados.
O estudo tem carácter exploratório, que para Andrade (2001:124) “é o primeiro passo de todo
trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, proporcionar maiores
informações sobre determinados assuntos, facilitar a delimitação de um tema de trabalho, definir
objectivos ou formular hipóteses de uma pesquisa ou descobrir um novo tipo de enfoque para o
trabalho que se tem em mente”. Este estudo é qualitativo porque pretende estudar a percepção das
famílias sobre EA e é exploratória porque ainda há poucos estudos sobre EAF.
Além disso, esta pesquisa é descritiva, que de acordo com Marconi & Lakatos (2009:269), é
aquela que “visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de recolha de
dados como questionário. Assume, em geral, a forma de levantamentos”.
Segundo Richardson (1999, p.71), por sua vez,
“O estudo descritivo pode abordar aspectos amplos de uma sociedade como por
exemplo, descrição da população economicamente activa, de emprego de
rendimentos de consumo, do efectivo de mão-de-obra; levantamento da opinião e
atitudes da população acerca de determinada situação; caracterização do
funcionamento de organizações; identificação do comportamento de grupos
minoritários. Este estudo deve ser realizado quando o pesquisador deseja obter
melhor entendimento de diversos factores e elementos que influenciam sobre
determinado fenómeno”.
12
É neste sentido que se acha conveniente um estudo descritivo para esta pesquisa porque permite
descrever a Educação Ambiental que se realiza no seio das Famílias do Bairro do Aeroporto “A”,
Quarteirão no 4.
3.3 Amostragem
Amostra é uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada do universo (população); é um
subconjunto do universo. A Amostragem ocorre quando a pesquisa não abrange a totalidade dos
componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma parte dessa população.
O problema da amostragem é, portanto, escolher uma parte (amostra), de tal forma que ela seja a
mais representativa possível do todo e, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, poder
inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se esta fosse verificada
(Marconi & Lakatos, 2007).
Neste contexto definiu-se, neste ponto, a população desta Pesquisa e a respectiva amostra.
3.3.1 População
De acordo com Pocinho (2009), População é o somatório dos indivíduos ou elementos com
qualquer característica comum e que estão sujeitos a uma análise estática, por terem interesse para
o estudo. Constitui população desta pesquisa, as Famílias do Bairro do Aeroporto “A”, Quarteirão
no 4.
3.3.2. Amostra
Amostra é um subconjunto retirado da população, que se supõe ser representativo de todas as
características da mesma, sobre o qual será feito o estudo, com objectivo de serem tiradas
conclusões validas sobre a população (Martins, 2007).
Constitui amostra desta pesquisa, 3 Famílias do Quarteirão no 4, do Bairro do Aeroporto “A”,
escolhidas mediante a aplicação da amostragem não probabilística e intencional, que de acordo
com Richardson (1999) é aquela que contém elementos com mesmas características, apresentando
uma relação mútua entre eles, onde a mesma apresenta-se como representativa do universo.
Para que a amostra possibilitasse maior abrangência e diversidade da informação, a escolha foi
mediante as diferenças socioeconómicas das famílias, medidas a partir da condição das infra-
estruturas familiares. Foram qualificadas pela investigadora como baixa, média e alta renda. Deste
13
modo, cada família enquadra-se numa dessas categorias adoptadas pela investigadora durante a
identificação das famílias que compõe a amostra.
3.4 Técnicas de Recolha de dados e Análise de Resultados
Para a realização desta pesquisa seleccionou-se os seguintes instrumentos de recolha de dados:
análise documental, observação e entrevista semi-estruturada.
3.4.1 Análise documental
No processo de investigação foram consultadas, recolhidas e analisadas informações de trabalhos
anteriores de autores que escreveram matérias relacionados com o presente tema nos arquivos do
Município de Maputo, Biblioteca do Município e da UEM e os postados na internet, tendo em
conta que para Carmo e Ferreira (1998:69) “a pesquisa documental é um processo que envolve
selecção, tratamento e interpretação da informação existente em documentos (escrito, áudio ou
vídeo) com o objectivo de deduzir algum sentido”. A estas informações acrescentou-se algum
valor através da análise crítica, pois Piña Vera e Morilla (2007:80) dizem que “trata-se de estudar
o que se tem produzido sobre uma determinada área para poder introduzir algum valor acrescido
à produção científica sem correr o risco de estudar o que já está estudado tomando como original
o que outros já descobriram”.
De acordo com Gil (2009:45) “a pesquisa documental é aquela feita por levantamento de dados
presentes em documentos que não tenham recebido um tratamento analítico ou que ainda podem
ser reelaborados de acordo com os objectivos da pesquisa”.
Assim, a técnica da análise documental caracteriza-se por ser um processo dinâmico ao permitir
representar o conteúdo de um documento de uma forma distinta da original, gerando assim um
novo documento.
3.4.2.Observação
Segundo Marconi e Lakatos (2007) a observação
“é uma técnica de recolha de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em
examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar. Ajuda o pesquisador a identificar e a obter
provas a respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que
orientam seu comportamento. Obriga o pesquisador a um contacto mais directo com a realidade.
14
Neste caso far-se-á visitas para observar as práticas ambientais nas residências onde as famílias
residem”.
Para que esta acção se efective com resultados positivos, será necessária a participação das
Famílias em causa pelo que esta observação será participativa, pois para Mann (1970:96), a
observação participativa é aquela que “coloca o observador e o observado do mesmo lado,
tornando-se o observador num membro do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e
trabalhar dentro do sistema de referência deles”.
Marconi e Lakatos (2007) apontam duas formas de observação participante:
a) Natural - O observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.
b) Artificial - O observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.
Para o caso o pesquisador pertence à mesma comunidade, pelo que esta observação participante é
Natural.
3.4.3 Entrevista
Para Ketele (1998; p.18) “entrevista é um método de recolha de informações que consiste em
conversas de forma oral e individual ou em grupos, com várias pessoas seleccionadas
cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e viabilidade é analisada na perspectiva dos
objectivos de recolha de informações”.
Neste contexto foram feitas visitas ao domicílio para se dialogar, em conjunto, com as pessoas
componentes desses agregados familiares com o objectivo de verificar a percepção e o respectivo
ponto de vista da Educação Ambiental que vem decorrendo no seu seio. Por se tratar de um diálogo
aberto entre pesquisador e respondente, os cuidados com a entrevista devem ser redobrados
devendo por isso ser uma entrevista semi-estruturada, pelo que vai-se recorrer a um roteiro onde
se indica as ideias principais que devem ser buscadas pelo entrevistador ( Ketele, 1998).
3.5 Aspectos éticos
Nesta pesquisa trabalhou-se com Famílias, trazendo a sua vivência, qualidade de vida, os
relacionamentos entre os seus membros e a percepção de cada um deles sobre a sua vida. Isto toca
as sensibilidades, os valores e a privacidade das Famílias em causa. Tendo todos estes aspectos
em consideração se escolheu a presente metodologia para o sucesso da pesquisa, observando
15
rigorosamente as questões éticas nomeadamente o consentimento para participar no estudo, o
anonimato, sigilo e confidencialidade. Neste contexto, os nomes das famílias apresentados no
corpo do texto são fictícios, pois por razões éticas e deontológicas, não devemos revelar as
identidades dos nossos interlocutores.
Durante a entrevista foi observado um conjunto de medidas éticas, dos quais, a porte da credencial
devidamente assinado e carimbado pela Faculdade de Educação, a explicação dos objectivos do
estudo aos entrevistados.
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS
Este capítulo é reservado à apresentação e discussão dos resultados obtidos dos dados colectados
na análise documental, observação directa e na entrevista realizada com as três famílias residentes
no Bairro do Aeroporto “A” quarteirão 4.
Os resultados são agrupados em 4 grandes categorias geradas tendo como base os objectivos e
perguntas de pesquisa, com a excepção do perfil das famílias que visa apenas caracterizar os
respondentes:
O perfil das famílias entrevistadas
Educação ambiental nas famílias
Condição ambiental da comunidade de Aeroporto A
Estratégias de melhoria da condição ambiental da comunidade de Aeroporto A.
4.1 Apresentação dos resultados
4.1.1 Perfil das famílias entrevistadas
A família Manganhela é construída por seis membros, dos quais, mãe e pai, e quatro filhos sendo
dois do sexo masculino e os restantes feminino, com idades compreendidas entre 24 aos 12 anos
de idade.
De acordo com os entrevistados, o primeiro e o segundo filho são estudantes universitários, o
terceiro secundário e o ultimo primário. O pai e mãe são funcionários públicos com nível superior
e médio respectivamente.
16
Residem numa casa de construção convencional, com diversos compartimentos, dos quais, a
cozinha e a casa de banho. O pátio é repleto de jardim bem organizado e a residência tem uma
vedação também convencional.
A família Cossa é composta por 4 membros, dos quais, mãe e três filhos dois do sexo masculino e
uma dos sexo feminino com idades compreendidas entre 24 a 18 anos de idade, estudantes do
ensino médio, sendo um profissional vocacional. De acordo com os entrevistados ela cuida da sua
família baseada em negócios informais.
Residem numa casa de construção convencional, mas, em alto estado de degradação, a vedação
foi feita de material precário.
A família Tembe é construída por oito membros, dos quais, avos, mãe e pai, e quatro filhos, sendo
um do sexo masculino e os restantes feminino. Tem as idades compreendidas entre os 30 aos 14
anos de idade.
De acordo com os entrevistados, três filhos são universitários e um estudante do ensino secundário
geral. O pai é funcionário e mãe é doméstica, sendo o pai funcionário com nível superior de
escolaridade.
Residem numa casa de construção convencional, com diversos compartimentos, dos quais, a
cozinha e a casa de banho e com uma vedação também convencional.
4.1.2 Educação Ambiental nas Famílias
Neste subcapítulo apresenta-se as informações inerentes a EA no seio familiar obtidas durante a
entrevista semi-estruturada realizada:
a) Resultados da entrevista com a família Manganhela
Na entrevista, a família assumiu que no seio familiar tem se desenvolvido diversas actividades que
julga serem relacionadas a EA, envolvendo todos os membros da família, das quais, destacou a
conversa informal que tem ocorrido entre os membros da família, sobretudo dos mais velhos aos
mais novos, tenente a manutenção da salubridade ambiental na casa. De acordo com a família, os
mais novos são ensinados como e para quê são feitas as limpezas no meio envolvente. Em resposta
a questão 2.3 aliada a questão 2.6 do roteiro (Apêndice I), a família disse que tem dito aos mais
17
novos, que o acúmulo das águas negras no pátio permite a eclosão de mosquitos que criam a
malária. Tal que, é imperiosa a eliminação das águas acumuladas e estagnadas no pátio da casa.
Em seguida, respondendo à pergunta 2.5 do roteiro (Apêndice I), apresentou o rol das actividades
de limpeza que constituem o aprendizado quotidiano dos membros da família, nomeadamente:
eliminação dos acúmulos de lixo, das águas estagnadas, limpeza do capim em volta da casa,
limpeza do pátio (todas as manhãs).
Os entrevistados aprofundam a sua explanação ao afirmar que este aprendizado é contínuo e
acompanha o crescimento dos membros daquela família, o mesmo que aconteceu com eles durante
o seu processo de crescimento.
Em resposta a questão 2.2 do roteiro (Apêndice I), os entrevistados disseram que os membros da
família têm conservado os resíduos sólidos em sacos plásticos bem fechados, que são
posteriormente depositados em contentores de lixo para ser recolhido pelos agentes da salubridade
urbana, todavia, salientou que tem se feito a separação dos resíduos sólidos recicláveis ou
reutilizáveis (as garrafas e latas) por algumas empresas moçambicanas.
Em resposta a questão relacionada ao destino das águas negras residuais da limpeza, os
entrevistados responderam que a sua casa tem um sistema de esgoto para escoamento de qualquer
resíduo líquido para a fossa existente na casa.
No transcorrer da entrevista, os entrevistados, apresentaram também a relação existente entre a
limpeza e a eclosão das doenças epidémicas como a cólera, malária, bilharziose, entre outras.
Outro dado que importa ressalvar nesta apresentação dos resultados é a frequência da limpeza das
casas de banho e da cozinha apresentada pelos entrevistados, onde estes afirmaram que na
residência, estes compartimentos recebem limpeza três vezes ao dia.
Em resposta a questão relacionada com o uso sustentável da água e da energia eléctrica, o
entrevistado teria dito que tem sensibilizado os membros da sua família a optarem em fecharem as
torneiras sempre que possível em suas actividades, apagarem as lâmpadas da casa sempre que não
forem usadas e pautar ainda pela energia natural sempre que as condições favorecerem.
18
Esta família apresentou uma prática que importa destacar pelo facto das outras duas não terem
mencionado. Refere-se a infalível limpeza da loiça após o jantar como medida para evitar o
aparecimento de baratas e ratos dentro da casa. Por outras, algumas famílias deixam a limpeza dos
pratos usados no jantar para o dia seguinte, todavia, para os entrevistados, esta prática possibilita
o surgimento de ratos e baratas dentro de casa.
b) Resultados da entrevista com a família Cossa
A família Cossa admite a possibilidade de se produzir em média 3 a 4 quilos de lixo por dia, que
é conservado em sacos de lixo bem fechados que posteriormente são depositados no contentor
alocado próximo a sua residência. Para esta família a frequência de limpeza dos comportamentos
da casa é variável, sendo realizada sempre que necessário e sempre que possível.
Na sua residência, tem uma casa de banho não convencional, tal que a sua limpeza consiste em
varrer, visto que o asfalto não é de betão e, é feita sempre que se julgar necessário.
A semelhança da primeira família, esta apresentou práticas que no seu entender são enquadradas
na educação ambiental. Os entrevistados dizem ensinar de forma progressiva aos seus filhos a
necessidade de manter uma higiene, tanto pessoal quanto a ambiental na sua casa. Em
contrapartida, os filhos dizem acolher e implementar todos os ensinamentos.
Não precisou as razões que lhe motivam a pautar pela limpeza do seu meio envolvente, limitou-se
a afirmar que assim faz, porque foi assim como aprendeu dos seus antecessores e pretende deixar
como legado aos seus filhos.
c) Resultados da entrevista com a família Tembe
A família considera o ambiente da sua casa saudável e assumem ser resultado da compreensão
entre os membros da família, pois, todos compartilham os mesmos objectivos relativamente
higiene do meio ambiente intra-residencial.
19
Durante a entrevista os entrevistados apresentaram as diversas actividades de manutenção da
salubridade ambiental doméstica, que julgam estar directamente ligado a educação ambiental,
nomeadamente: a limpeza de todos compartimentos da casa, incluindo a cozinha e as casas de
banho. Destacaram cozinha e casas de banho porque julgam ser os compartimentos mais usados
ao dia e que criam mais sujidade na residência, deste modo, realizam uma constante limpeza destes
compartimentos, sempre que se julgar necessário. Diferentemente dos demais compartimentos que
para eles, por serem menos usados ao dia recebem a limpeza duas vezes por dia.
As outras actividades dignas de menção são a limpeza do pátio, corte de capim ao redor da casa,
limpeza dos tanques de roupa, que são feitos sempre que se julgar necessário, todavia afirmam que
não se deve deixar nenhum utensílio em condições nitidamente sujas.
Apresentada a questão sobre a gestão dos resíduos sólidos, a família, teria dito que são conservados
em sacos plásticos bem fechados que são posteriormente depositados em contentores de lixo, para
ser recolhido pelos agentes da salubridade urbana. Todavia, não apresentaram nenhuma intenção
na separação do lixo para a posterior reciclagem.
Os entrevistados demonstraram-se indiferente quanto a necessidade de uso sustentável da água e
da energia eléctrica como questão ambiental. A família só pauta pela economia no uso da água e
energia para evitar custos financeiros avultados.
Todas as informações inerentes a saúde ambiental do seio doméstico da família são justificadas
pela necessidade de evitar doenças como cólera, malária e pela necessidade que o homem tem de
viver num ambiente saudável. Por fim, questionado pelo destino das águas negras provenientes
das limpezas, a família respondeu que tem deitado na rua em frente, fora da sua área habitacional.
4.1.2 Condição ambiental da comunidade de Aeroporto A
Os resultados inerentes a condição ambiental da comunidade de Aeroporto A, foram colhidos
conjugando a observação e a entrevista desencadeada nas três famílias.
O aeroporto A é nitidamente dividido em duas facções na perspectiva da salubridade ambiental,
uma com um bom ordenamento territorial, casas convencionalmente construídos, ruas asfaltadas
e bem organizadas. Nesta zona na questão do saneamento do meio não apresenta muitos
problemas. É munido de contentores de lixo para a deposição dos resíduos sólidos produzidos nas
20
residências e este processo é feito com os resíduos bem protegidos em sacos plásticos. É nesta
zona que estão localizadas as famílias Manganhela e Tembe.
Um dos problemas de saneamento apresentado pelos membros da família Manganhela é o
fecalismo a céu aberto, que de acordo com a família, é realizado no período nocturno e em algumas
vezes por indivíduos com problemas mentais.
A outra parte do Aeroporto A, aglomera um conjunto de problemas ambientais, dos quais, acumulo
de água nas ruas, casas não ordenadas, construídos maioritariamente por material precário. Nesta
zona existe algumas ruas estreitas correntemente conhecidas como “beco”, nas quais abunda água
residual advindo das casas de banhos, depositadas pelas famílias durante o processo de lavagem
tanto da roupa quanto de outros utensílios domésticos. É nesta zona onde reside a família Cossa
que durante a entrevista teria assumido depositar as águas negras residuais nas ruas. Comparando
as condições socioeconómicas das duas zonas e a condição ambiental da zonas é possível inferir
que a condição ambiental tanto da família, quanto da comunidade em geral é directamente
influenciado pela condição económica, nível de informação ambiental, ordenamento territorial do
bairro, nível académico entre outras razões.
4.1.3 Estratégias de melhoria da condição ambiental da comunidade de Aeroporto A
Os entrevistados apresentam diversas estratégias para a melhoria da condição ambiental da
comunidade do Aeroporto A, das quais se destaca a opinião da família Cossa ao afirmar que o
governo devia melhorar a questão do ordenamento territorial para que se evite incorporar
inevitavelmente os problemas de terceiros.
A família Manganhela teria assumido, durante a entrevista, ser impossível mitigar o problema de
fecalismo a seu aberto porque os praticantes são doentes mentais ou o fazem no período nocturno,
não podendo ser vistos. Todavia, a família Tembe em torno da mesma questão sugeriu uma reunião
comunitária com vista a se desencorajar este acto.
As três famílias reconhecem existir diferença na actuação dos membros da comunidade, sendo que
algumas práticas possibilitam o surgimento de problemas ambientais que afectam a todos, tal que,
sugerem a ampliação da educação ambiental a todos, através das médias que estão constantemente
em contacto com as famílias. Para estes, um programa de difusão de temáticas ambientais é
indispensável na rádio e na televisão visto ser instrumentos muito usado pelas famílias e que a
21
partir dos quais pode-se consciencializá-las sobre as causas, efeitos e medidas de mitigação dos
problemas ambientais, no seio familiar em particular e na comunidade em geral.
Relativamente ao problema das águas estagnadas, os entrevistados reconhecem que estas veiculam
diversos problemas que atentam a saúde das pessoas, tal que sugerem que as famílias devem se
responsabilizar na eliminação dessas fontes de mosquitos e outros agentes causadores de doenças,
pois, na sua opinião a existência de águas estagnadas pode perigar a vida dos membros da
comunidade. Entretanto, para as águas estagnadas fora das residências, as três famílias concordam
que, as famílias próximas a este acúmulo de água devia se responsabilizar pela eliminação do
mesmo, num processo de conjugação de esforços colectivos.
4.2 Discussão dos resultados
As três famílias entrevistadas apresentaram factos que demonstram a aplicação da educação
ambiental no seio familiar. A educação ambiental é vislumbrada pela disseminação da sua
importância no seio familiar e pelas actividades pró ambientais realizadas no seio familiar, dos
quais, a eliminação dos acúmulos de lixo, das águas estagnadas, limpeza do capim em volta da
casa, limpeza do pátio (todas as manhãs).
Todas concordam que a educação ambiental é um processo passado de geração em geração,
todavia, as famílias Manganhela e Tembe salientaram outras fontes como rádio e televisão.
As três famílias, de níveis sociais e académico diferenciado, apresentaram-se conhecedores da
importância e da necessidade da implementação da educação ambiental no seio da família, uma
preposição que compadece com a posição do Jacobi (2000) citado por Gesser & Zeni (2004),
quando coloca que significativas diferenças de escolarização não representam um factor que
indique atitudes opostas em relação a forma de enfrentar os problemas ambientais. Embora não
iguais as formas de enfrentar os problemas ambientais apresentados pelos entrevistados, elas não
são opostas, tendem ao mesmo propósito, manutenção da salubridade ambiental no seio familiar.
Todavia, é importar ressaltar que durante as entrevistas foram várias questões que não alcançaram
as respostas esperadas, com exemplo o tratamento dos óleos residuais, os entrevistados assumiram
lavar os objectos com óleos e gorduras na lava loiças, drenando pelos tubos de canalização. Porém
na óptica de Maia et al., (2008), os óleos e gorduras não devem ser depositados em lava loiças,
nem tanques em comunicação com os tubos de esgoto, porque por não serem insolúveis em água,
22
os óleos e as gorduras colam nas paredes dos tubos criando camadas que a médio, longo prazo
podem entupir tanto as condutas intra-domiciliarias, quanto as condutas fora de casa.
As famílias reconhecem a necessidade de economizar a água e a energia eléctrica, tal que
afirmaram sensibilizar constantemente os membros da sua família a optarem em fecharem as
torneiras sempre que possível em suas actividades, apagarem as lâmpadas da casa sempre que não
forem usadas e pautar ainda pela energia natural sempre que as condições favorecerem. Entretanto,
não correlacionam esta prática com a preservação ambiental, limitando-se a uma perspectiva de
redução de custos financeiros.
Segundo Maia et al (2008), a escassez de água é uma realidade em muitos lugares do planeta e já
existem mais de um bilhão de pessoas praticamente sem acesso à água potável. A mesma autora
diz que em Bagdad, no início da década de 80, um barril de água chegou a valer o equivalente a
cinco de petróleo. Por isso, o prefeito da cidade chegou a pedir desculpas à população por perfurar
vários poços para encontrar água e só descobrir petróleo. Deste modo é importante olhar para a
escassez de água como um problema ambiental planetário e convencermo-nos que a nossa acção
local e individual pode melhorar a situação do mundo, por exemplo, a autora afirma que se ao
escovar os dentes, fechar a torneira e só abrir quando for enxaguar a boca, em três minutos,
economiza-se até 18 litros de água.
Todas as famílias apresentaram uma forma de gestão de lixo similar, que consiste em conservar os
resíduos sólidos em sacos plásticos bem fechados, que são posteriormente depositados em
contentores de lixo para ser recolhido pelos agentes da salubridade urbana.
As famílias não apresentaram a prática da colecta selectiva. Entretanto, Maia et al (2008), afirma
que em geral, 90% do que é descartado pode ser reciclado, reaproveitado, transformado em outro
produto. Dessa forma, se pode contribuir para reduzir o desperdício e o impacto ambiental. Neste
contexto, o problema de resíduos sólidos pode ser solucionado a partir de um sistema de reciclagem
e reutilização bem elaborado, em parceria com as empresas e fábricas produtoras dos bens que
satisfazem as necessidades das famílias.
Por fim afirmar que, embora a educação ambiental esteja sendo implementado pelas três famílias
entrevistas, é importante ressalvar que existe ainda, diversas práticas de educação ambiental que
devem ser introduzidas nas famílias mediante a combinação da educação ambiental informal, e
23
não formal. Neste sentido apresenta-se algumas práticas não encontradas nas famílias durante o
estudo, mas julgadas importantes: a economia da água e energia para o bem do planeta, a
reciclagem dos resíduos, a não deposição do óleo nas condutas do escoamento, entre outras
práticas aparentemente insignificantes mais de extrema importância ambiental.
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente capítulo é reservado para a apresentação das conclusões do estudo feito sobre a
educação ambiental nas famílias. As conclusões são acompanhadas pelas respectivas
recomendações.
5.1 Conclusão
Do estudo realizado nas famílias com intuito de conhecer a educação ambiental implementado no
meio doméstico, suas bases, suas práticas e suas estratégias, foi possível concluir que as famílias
realizam a educação ambiental no seu meio familiar.
É uma educação ambiental fundamentada nas práticas costumeiras que vão passando de geração
para geração, todavia, com algum embasamento científico adquirido na acumulação de
conhecimentos ambientais, quer na escola, nas médias, nas conversas informais entre membros da
comunidade. Um exemplo inequívoco que pode justificar o embasamento científico da educação
ambiental no seio familiar é a correlação feita pelos entrevistados entre o estado do meio ambiente
com a eclosão de doenças epidémicas. Quer dizer, a educação ambiental no seio familiar é o
resultado do entrosamento entre as práticas costumeiras e o conhecimento científico.
Concluiu se ainda que as famílias compreende as práticas ambientais familiares distanciadas das
praticas comunitárias, a medida que as mesma fazem limpeza nas residências e alocam as aguas
negras residuais nas ruas, isto é, não internalizam os seus problemas, acabando por afectar
terceiros.
As famílias apresentaram diversas práticas ambientais realizadas das quais passa-se a enunciar, a
eliminação dos acúmulos de lixo, das águas estagnadas, limpeza do capim em volta da casa,
limpeza do pátio, lavagem de pratos sempre e logo que terminar as refeições, limpeza dos
compartimentos da casa, com mais destaque a cozinha e as casas de banho, por serem locais
sensíveis a insalubridade.
24
Relativamente aos problemas ambientais no seio familiar em particular e na comunidade de
Aeroporto A em geral, foi possível identificar do estudo, o problema de ordenamento territorial,
de alagamento da vias, da externalização dos problemas ambientais familiares, dos quais foi
possível aferir as seguintes estratégias de melhoria, a melhoria do ordenamento territorial, a
introdução de programas ligadas a educação e gestão ambiental nos meios de comunicação as
massas, realização de reuniões comunitárias voltadas a questões ambientais para que una-se
esforços na solução dos problemas ambientais, quer familiares, quer da comunidade.
5.2 Recomendações
Após os resultados do estudo, a seguir apresenta-se um conjunto de recomendações para a melhoria
da educação ambiental no seio familiar:
1. Consumo sustentável de Água
Ao lavar a louça, deixe a torneira fechada enquanto ensaboa e aproveite para enxaguar a
louça de uma vez só. E utilize sabão ou detergente biodegradáveis;
Evitar depositar o óleo de cozinha no lava loiça, porque é um dos alimentos mais nocivos
ao meio ambiente. Pois termina contaminando rios e mares.
Evitar banhos demorados e fecha o chuveiro sempre que não estiver passando a água no
corpo.
Manter a válvula da descarga regulada ou troque os vasos sanitários por modelos mais
eficientes para evitar vazamentos.
Fechar bem a torneira após o uso. Uma torneira pingando gasta muita quantidade de água
ao longo do tempo.
Molhe as plantas com um regador, de preferência à noite ou ao nascer do dia.
2. Consumo sustentável de energia eléctrica
Apague as luzes e desligue televisão e todos os equipamentos quando não estiver usando
ou for sair de casa.
Na hora de comprar, prefira as lâmpadas fluorescentes. Além de iluminar melhor, elas
duram mais e gastam menos energia.
25
Programar o monitor do computador para o modo standby. Não deixe os acessórios
(impressora, estabilizador, etc) dos computadores ligados sem necessidade.
É melhor engomar muita roupa de uma vez, ao invés de pouca várias vezes., junte a maior
quantidade possível de peças.
3. Reduzir a produção dos resíduos sólidos
Reaproveite papéis de fotocópias como rascunho, utilizando o verso para escrita e os
envelopes usados.
Evitar usar descartáveis para bens com produtos reutilizáveis e substitutos.
Optar sempre que possível aplicar a colecta selectiva dos resíduos sólidos produzidos no
seio familiar antes de depositar no contentor.
26
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o Martins, G.A. (2007) Manual para elaboração de monografia e dissertações, 3a edição, Editora
Atlas, S.A. São Paulo
o Maia, S. A. et al (2008), Manual de boas práticas ambientais, Senado Verde. Brasília.
Acessado em issuu.com/secretariaestadualmeioambiente/docs/manual_boas_praticas, no
dia 23 de Dezembro de 2014 pelas 19 horas
o Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2007). Metodologia científica. São Paulo: Atlas
o MICOA (2009), Manual de Educação Ambiental, JICA. Maputo
o MISAU (2009), Situação da epidemia de Cólera em Moçambique em 2009. Maputo Acessado
em http://bvs.per.paho.org/texcom/colera/colera2009.pdf, no dia 5 de janeiro de 2015 pelas
10 horas
o Piña V. T. & Morillo, J. La Complejidad de Análisis Documental. Información, Cultura y
Sociedad. 2007.
o Pocinho, M. (2009) Estatística, teoria e exercícios passo-a-passo. Volume 1
o Reigota, M. (1991) Fundamentos teóricos para a realização da educação ambiental popular
Programa de Educação Popular Ambiental. ICAE, Brasília
o Richardson, R. J & Colaboradores. (1999). Pesquisa Social 3ª. Ed. São Paulo.
o Sousa, A.P. & Filho, M. J. (2007) A importância da parceria entre família e escola no
desenvolvimento educacional. Universidade Estadual Paulista, Brasil. Revista
Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) Acessado em
http://www.rieoei.org/deloslectores/1821Sousa.pdf no dia 5 de Janeiro de 2015 pelas 11horas
Apêndice I
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Faculdade de Educação
Educação Ambiental nas Famílias
Roteiro da Entrevista Semi – Estruturada
Preâmbulo
O presente Roteiro destina-se a levantamento de dados para a elaboração de uma Monografia com
o tema Educação Ambiental nas Famílias. Ela vai decorrer no Bairro do Aeroporto “A”, Quarteirão
no 4. Esta entrevista semi-estruturada tem como objectivos verificar Como é realizada a Educação
Ambiental nas Famílias, Que práticas ambientais são efectivadas e Que estratégias se devem traçar
para a melhoraria da Educação Ambiental nas Famílias do Bairro do Aeroporto “A”, Quarteirão
no 4. Estão garantidos o sigilo, confidencialidade e anonimato das famílias entrevistadas e
nenhuma será entrevistada sem o seu pleno consentimento.
A todos que direita ou indirectamente colaboraram nesta entrevista vão os nossos sinceros
agradecimentos.
1. Perfil das famílias
1.1 Quantos membros têm a família?
1.2 Como são distribuídos em género os membros da família?
1.3 Qual é o nível académico de cada membro da família?
2. Educação ambiental na família
2.1 O que tem se feito na família para evitar o consumo excessivo de água e energia?
2.2 Qual é o tratamento que se da ao lixo produzido na sua residência?
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2.3 Qual é o tratamento que se dá as águas negras resultantes do processo limpeza e lavagem de
roupa?
2.4 Com que frequência tem se feito a limpeza da cozinha e das casas de banho?
2.5 Quais são as actividades de educação ambiental que decorrem em sua residência?
2.6 Na sua opinião, porque é necessário observar questões relacionadas a educação ambiental na
família?
2.7 O que tem feito com o oleio residual da fritura dos diversos alimentos e que medida toma na
lavagem de objectos contendo gorduras e oleios?
3. Condição ambiental da comunidade envolvente
3.1 Que problemas ambientais existem na sua comunidade e que influencia cria na educação
ambiental familiar ou vice-versa?
3.2 Na sua opinião, os residentes preocupam-se com a salubridade ambiental comunitária como
se preocupa com a doméstica?
4. Estratégias para a melhoria ambiental da comunidade e da família
4.1 Que estratégias podem ser realizadas para melhorar a condição ambiental das famílias e da
comunidade no geral aqui no bairro?