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Jordana Catarina Carvalho Gonçalves
Estudo da influência de nanotubos de carbononas propriedades de revestimentos depoliuretano
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no
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
outubro de 2013
Tese de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia de Materiais
Trabalho efetuado sob a orientação doDoutor Fernando Moura Duartee co-orientação daDoutora Maria Conceição Jesus Rego Paiva
Jordana Catarina Carvalho Gonçalves
Estudo da influência de nanotubos de carbononas propriedades de revestimentos depoliuretano
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
iii
Agradecimentos
A realização desta tese só foi possível graças à colaboração de vários
intervenientes, que direta ou indiretamente contribuíram para a sua conclusão. Sendo
assim, é com muito prazer que agradeço a todos aqueles que a tornaram possível.
Em primeiro lugar gostaria de manifestar o meu reconhecimento ao meu
orientador, Doutor Fernando Moura Duarte e à minha co-orientadora, Doutora Maria
Conceição Paiva, pela confiança depositada, apoio, empenho e ensinamentos
transmitidos. Também pela disponibilidade dispensada.
Aos colegas de Mestrado, Hector Nunes e Cristiana Alves, e de Laboratório,
Eunice Cunha, pelo apoio, amizade e partilha de conhecimentos.
À Universidade do Minho, em especial ao Departamento de Engenharia de
Polímeros e ao Departamento de Física, pelas condições de acolhimento
proporcionadas para a realização deste trabalho.
Aos meus pais Carlos Gonçalves e Adélia Carvalho, ao meu irmão Carlos
Gonçalves, ao meu namorado Fabrício Fernandes e à minha amiga Márcia Fernandes
que sempre me apoiaram em todas as minhas decisões e sem os quais nada disto teria
sido possível. Todo o tempo, paciência e compreensão que tiveram comigo tanto
durante a execução do trabalho experimental bem como durante a escrita desta tese.
Eles são as pessoas mais importantes da minha vida.
v
Resumo
Nos últimos anos, a procura de dispositivos eletrónicos flexíveis levou ao
desenvolvimento de revestimentos com propriedades elétricas. Polímeros como os
revestimentos de poliuretano, provenientes de dispersões aquosas, reforçados com
nanotubos de carbono têm o potencial de estender a gama de aplicações,
particularmente na eletrónica, como sensores, embalagens antiestáticas e
revestimentos condutores. Contudo, as fortes interações de Van der Waals entre os
nanotubos de carbono e as características hidrofóbicas dificultam a sua dispersão em
dispersões aquosas de poliuretano e consequentemente interferem nas propriedades
finais. Deste modo, é frequente recorrer à funcionalização covalente e não covalente
dos nanotubos de carbono, usando neste último caso agentes tensoativos para
melhorar a dispersão, aumentando a interação com á água e a estabilidade em
dispersões aquosas de poliuretano.
Este trabalho teve como objetivo estudar as propriedades morfológicas,
térmicas, mecânicas e elétricas de compósitos de poliuretano com nanotubos de
carbono puros e funcionalizados covalentemente por reação de cicloadição dipolar 1,3.
Foram avaliados diferentes métodos de dispersão mecânicos, nomeadamente ultra-
sons e mistura mecânica com rotação elevada e estudada a influência do SDS na
dispersão dos CNTs em dispersões aquosas de poliuretano.
O nível de dispersão dos diferentes tipos de nanotubos de carbono e a
influência do SDS em compósitos de PU produzidos por diferentes métodos e com
diferentes concentrações foi analisado através de microscopia ótica, eletrónica,
espectroscopia de IV, espectroscopia de UV-visível, ensaios de tração, condutividade
elétrica e TGA.
Este trabalho mostrou que a adição de SDS, assim como o estado da dispersão
influencia positivamente a dispersão de nanotubos de carbono em meio aquoso,
demonstrando as condições ótimas de dispersão. Foram testados diferentes métodos
de dispersão mecânicos, tendo-se concluído que promovem diferentes graus de
dispersão e consequentemente conferindo diferentes propriedades aos compósitos
resultantes, em particular propriedades elétricas. Verificou-se ainda que a presença de
aglomerados nos compósitos e a fraca interação dos nanotubos com a matriz afetam
negativamente as propriedades mecânicas diminuindo a resistência mecânica do
material.
vii
Abstract
In recent years, the demand of flexible electronic devices led to the
development of coatings with electrical properties. Polymers such as polyurethane
coatings, derived from aqueous dispersions, reinforced with carbon nanotubes have
the potential to expand the range of applications, especially in electronics, such as
sensors, antistatic packaging and conductive coatings. The wide application of carbon
nanotubes is hindered by their tendency to agglomerate, due to the strong Van der
Waals interactions between carbon nanotubes and their entangled form. This
complicates their dispersion in aqueous polyurethane dispersions, this problem is
often overcome through functionalization, either covalent or non-covalent, of the
carbon nanotubes surface. The latter is particularly suited to increase the stability of
carbon nanotubes in polar solvents, using surfactants to improve, the interaction with
water and improving the dispersion in polyurethane water suspensions.
This work aimed to study the morphological, thermal, mechanical and electrical
properties of Polyurethane composites with pure and covalently functionalized carbon
nanotubes. Different methods of mechanical dispersion were evaluated, including
ultrasound and high rotation mechanical stirring. The influence of SDS surfactant on
the dispersion of CNTs in aqueous polyurethane dispersions was also studied.
The level of dispersion of different types of CNTs and the influence of SDS in PU
composites produced by different methods and with different concentrations was
analyzed by optical and electron microscopies, infrared spectroscopy, UV-visible
spectroscopy, tensile testing, electric conductivity measurement and
thermogravimetric analysis .
This work showed that the addition of SDS positively influenced the dispersion
of carbon nanotubes in aqueous suspension, and demonstrated the optimal conditions
of dispersion. Different methods were tested for mechanical dispersion, promoting
different degrees of dispersion and consequently confering different properties to the
resulting composites, in particular electrical properties. It has been shown that the
presence of nanotube agglomerates in the composites adversely affected the
mechanical properties, reducing the mechanical strength of the material.
ix
Índice
Agradecimentos ................................................................................................................ iii
Resumo .............................................................................................................................. v
Abstract ........................................................................................................................... vii
Índice de Figuras ............................................................................................................. xiii
Índice de Tabelas ............................................................................................................ xix
Lista de Símbolos ............................................................................................................ xxi
Lista de Abreviaturas .................................................................................................... xxiii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2. ESTADO DA ARTE .......................................................................................................... 5
2.1. POLIURETANO ....................................................................................................... 7
2.1.1. Dispersão Aquosa de Poliuretano ................................................................... 8
2.1.1.2. Composição da Dispersão Aquosa de Poliuretano ...................................... 9
2.1.2. Formação e Propriedades do Revestimento ................................................. 10
2.2. NANOTUBOS DE CARBONO ................................................................................ 12
2.2.1. Estrutura ........................................................................................................ 12
2.2.2. Propriedades ................................................................................................. 13
2.3. NANOCOMPÓSITOS ............................................................................................ 14
2.3.1. Métodos de Dispersão de Nanotubos de Carbono ....................................... 15
2.3.1.1. Métodos Mecânicos ................................................................................... 16
2.3.1.2. Métodos Químicos ..................................................................................... 17
2.3.1.2.1. Funcionalização Covalente ...................................................................... 18
2.3.2.1.2. Funcionalização Não Covalente .............................................................. 18
2.3.2. Processamento de Revestimentos Compósitos ............................................ 23
2.3.3. Propriedades ................................................................................................. 25
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................... 31
x
3.1. MATERIAIS .......................................................................................................... 33
3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................................... 33
3.2.1. Caracterização da Dispersão Aquosa de Poliuretano ................................... 33
3.2.2. Mecanismo de Produção do Revestimento .................................................. 34
3.2.3. Estudo do Efeito dos Métodos de Dispersão Mecânicos na Dispersão de
Nanotubos de Carbono .................................................................................................. 36
3.2.4. Estudo da Dispersão de Nanotubos de Carbono em Solução Aquosa de SDS
........................................................................................................................................ 37
3.2.5. Processamento dos Revestimentos de Poliuretano com Nanotubos de
Carbono .......................................................................................................................... 39
3.3. Técnicas de Caracterização Utilizadas ................................................................ 41
3.3.1. Análise Termogravimétrica (TGA) ................................................................. 41
3.3.2. Constante Dielétrica ...................................................................................... 42
3.3.3. Espectroscopia de UV-visível ......................................................................... 43
3.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) ....... 44
3.3.5. Ensaio de Tração ............................................................................................ 45
3.3.6. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM) ............................................... 47
3.3.7. Microscopia Ótica .......................................................................................... 48
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 49
4.1. Caracterização da Dispersão Aquosa de Poliuretano ......................................... 51
4.2. Caracterização do Revestimento de Poliuretano ............................................... 52
4.2.1. Processamento do revestimento .................................................................. 52
4.2.2. FTIR ................................................................................................................ 52
4.2.3. Análise Termogravimétrica (TGA) ................................................................. 54
4.2.4. Ensaio de Tração ............................................................................................ 55
4.3. Influência dos Métodos de Dispersão Mecânicos na Dispersão de Nanotubos de
Carbono .......................................................................................................................... 56
4.3.1. Misturador Mecânico de Rotação ................................................................. 56
xi
4.3.2. Banho de Ultra-sons ...................................................................................... 58
4.3.3. Sonda de Ultra-sons ...................................................................................... 61
4.3.4. Microscopia Ótica .......................................................................................... 63
4.4. Estudo da Dispersão de Nanotubos de Carbono em Solução Aquosa de SDS ... 65
4.4.1. Método de Dispersão Mecânico ................................................................... 65
4.4.2. Concentração de SDS e Tempo de Dispersão ............................................... 70
4.4.2.1. Lei de Lambert-Beer ................................................................................... 77
4.4.3. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM) ............................................... 87
4.5. Caracterização dos revestimentos de Poliuretano com Nanotubos de Carbono
........................................................................................................................................ 90
4.5.1. Microscopia Ótica .......................................................................................... 90
4.5.2. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM) ............................................... 94
4.5.3. Análise Termogravimétrica (TGA) ................................................................. 97
4.5.4. Constante Dielétrica e Condutividade Elétrica............................................ 102
4.5.5. Ensaio de Tração .......................................................................................... 110
CONCLUSÃO .................................................................................................................. 113
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 119
ANEXOS ......................................................................................................................... 129
xiii
Índice de Figuras
Figura 2.1: Reação de formação do poliuretano.[1] ..................................................................... 7
Figura 2.2: Tipos de isocianatos. [2] .............................................................................................. 7
Figura 2.3: Processo de formação do revestimento. [10] ........................................................... 10
Figura 2.4: Propriedades mecânicas de revestimentos com diferentes razões de NCO/OH. [14]
..................................................................................................................................................... 11
Figura 2.5: Estrutura dos SWCNT e dos MWCNT, respetivamente. [21] .................................... 12
Figura 2.6: Estrutura cadeira, zigzag e quiral. [22] ...................................................................... 13
Figura 2.7: Métodos de dispersão de nanotubos de carbono. [29] ............................................ 15
Figura 2.8: Diagrama de energia que relaciona as capacidades e as limitações teóricas dos
métodos de dispersão mecânicos. [33] ...................................................................................... 16
Figura 2.9: Tipos de funcionalização de CNTs: A) covalente, B) não covalente com agentes
tensioativos e C) não covalente com polímero. [37] .................................................................. 17
Figura 2.10: Estrutura de uma molécula anfifílica. ..................................................................... 18
Figura 2.11: Tipos de agentes tensioativos: aniónicos (retângulo roxo), catiónicos (retângulo
verde) e não iónicos (retângulo azul). [41] ................................................................................. 19
Figura 2.12: Mecanismo de adsorção de moléculas de agentes tensoativos nos nanotubos de
carbono. [32, 42] ......................................................................................................................... 19
Figura 2.13: Mecanismo de floculação de nanotubos de carbono. [31] ..................................... 20
Figura 2.14: Comportamento das moléculas de SDS antes e depois da CMC. [49] .................... 21
Figura 2.15: Espetros de UV-visível de CNTs em solução aquosa de SDS para diferentes
temperaturas. [30] ...................................................................................................................... 22
Figura 2.16: Representação esquemática dos mecanismos de adsorção do SDS na superfície
dos CNTS: A) micelas cilíndricas, B) hemimicelar e C) aleatória. [32, 54] ................................... 23
Figura 2.17: Técnicas de processamentos dos compósitos em solução: A) spin coating, B) spray
coating, C) dip coating e D) moldação. [65] ................................................................................ 24
Figura 2.18: Esquema do fenómeno de percolação [26]. ........................................................... 26
Figura 2.19: Aplicações de compósitos condutores dependendo da condutividade elétrica. [26]
..................................................................................................................................................... 27
Figura 2.20: Representação esquemática da formação da rede de CNTs na dispersão aquosa de
polímero. A) Mistura dos CNTs na dispersão aquosa de polímero, B) Organização das partículas
xiv
de polímero e dos CNTs ao longo da evaporação e C) Revestimento com CNTs após a
evaporação da água. [67] ............................................................................................................ 27
Figura 2.21: Gráfico da condutividade elétrica em função da percentagem de MWCNTs. [45] 28
Figura 2.22: Gráfico da condutividade em função da percentagem de CNTs para diferentes
dispersões de polímero. [67] ...................................................................................................... 29
Figura 2.23: Gráfico da percentagem de CNTs em função da percentagem em massa de CNTs.
[60] .............................................................................................................................................. 30
Figura 3. 1: Representação esquemática dos objetivos da caracterização da PUD. ................... 33
Figura 3. 2: Representação esquemática A) do molde e B) das etapas do processamento: i
vazamento da PUD no substrato, ii espalhamento da PUD e iii PUD uniformizada. .................. 35
Figura 3. 3: Substratos utilizados para a avaliação da adesão: A) vidro, B) teflon, C) poliimida e
D) polietileno. .............................................................................................................................. 35
Figura 3. 4: Misturador mecânico de rotação. ............................................................................ 36
Figura 3. 5: Banho de Ultra-sons. ................................................................................................ 36
Figura 3. 6: Sonda de Ultra-sons. ................................................................................................ 37
Figura 3. 7: Espetro de Infravermelho antes e depois da aplicação da transformada de Fourier.
[78] .............................................................................................................................................. 45
Figura 3. 8: Representação esquemática da moldura de papel com o filme para tração. ......... 47
Figura 4. 1: Filmes obtidos com o uso do A) teflon e do B) PE como substratos. ....................... 52
Figura 4. 2: Reação de formação do poliuretano. ....................................................................... 52
Figura 4. 3: Espetro de FTIR filme de PU. .................................................................................... 53
Figura 4. 4: Curva de TGA obtida para o filme de PU. ................................................................. 54
Figura 4. 5: Curva de tensão-deformação obtida para o filme de PU. ........................................ 55
Figura 4. 6: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do tempo com velocidade igual a
600 rpm no misturador mecânico de rotação. ........................................................................... 56
Figura 4. 7: Influência do SDS na dispersão de CNTs na PUD com o misturador mecânico de
rotação. ....................................................................................................................................... 57
Figura 4. 8: Estabilidade das dispersões de PU/SDS/CNT para diferentes velocidades. ............. 58
xv
Figura 4. 9: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do tempo, no banho de ultra-sons.
..................................................................................................................................................... 58
Figura 4. 10: Presença de aglomerados ao fim de 45 minutos de banho de ultra-sons. ............ 59
Figura 4. 11: Revestimento formado durante a dispersão no banho de ultra-sons. .................. 59
Figura 4. 12: Influência do SDS na dispersão de CNTs na PUD com o banho de ultra-sons. ...... 60
Figura 4. 13: Estabilidade das dispersões de PU/SDS/CNT. ........................................................ 60
Figura 4. 14: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do tempo, na sonda de ultra-
sons. ............................................................................................................................................ 61
Figura 4. 15: Revestimento formado durante a dispersão na sonda de ultra-sons .................... 61
Figura 4. 16: Influência do SDS na dispersão de CNTs na PUD com a sonda de ultra-sons. ....... 62
Figura 4. 17: Imagens de microscopia ótica: A) sem SDS, 300 rpm, 1 h; B) com SDS, 300 rpm,
1h; C) sem SDS, 600 rpm, 1 h; D) com SDS, 600 rpm, 1 h ........................................................... 63
Figura 4. 18: Imagem de microscopia ótica do revestimento de PU/SDS/CNT obtido pelo banho
de ultra-sons................................................................................................................................ 64
Figura 4. 19: Imagens de microscopia ótica: A) sem SDS, 1 h; B) com SDS, 15 min. ................... 64
Figura 4. 20: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução aquosa de
SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes tempos de dispersão no banho de
ultra-sons. A e B são os resultados dos dois ensaios. ................................................................. 66
Figura 4. 21: Imagens correspondentes às dispersões de 45 minutos com razão CNT:SDS igual a
1:1,5. Imagem à A corresponde ao espetro A e B ao espetro B. ................................................ 67
Figura 4. 22: Amostra de PUD no banho de ultra-sons. .............................................................. 67
Figura 4. 23: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução aquosa de
SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes tempos de dispersão na sonda de
ultra-sons. A e B são os dois resultados obtidos ......................................................................... 69
Figura 4. 24: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução aquosa de
SDS para diferentes razões CNT:SDS mencionadas nos gráficos. ............................................... 70
Figura 4. 25: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de ultra-sons
para os CNTs puros sem e com SDS para diferentes concentrações de SDS. ............................. 71
Figura 4. 26: Imagens das dispersões de CNTs puros em solução aquosa sem SDS antes e
depois da centrifugação, respetivamente................................................................................... 72
Figura 4. 27: Imagens das dispersões com razão CNT:SDS igual a 1:1 (topo) e a 1:1,5 (abaixo)
para os diferentes tempos de dispersão. .................................................................................... 73
Figura 4. 28: Gráfico da absorvância em função da concentração de SDS para os CNTs puros. 74
xvi
Figura 4. 29: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de ultra-sons
para os CNTs F 230. ..................................................................................................................... 75
Figura 4. 30: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de ultra-sons
para os CNTs F 180. ..................................................................................................................... 76
Figura 4. 31: Curvas de TGA do SDS e dos CNTs estudados com e sem SDS............................... 78
Figura 4. 32: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de CNTs
puros em solução aquosa de SDS. ............................................................................................... 81
Figura 4. 33: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de CNTs
funcionalizados a 230 °C em solução aquosa de SDS ................................................................. 81
Figura 4. 34: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de CNTs
funcionalizados a 180 °C em solução aquosa de SDS. ................................................................ 82
Figura 4. 35: Variação da absorvância a 260 nm e 500 nm com a concentração de CNTs. ........ 83
Figura 4. 36: Concentração de CNTs para todas as condições estudadas. ................................. 85
Figura 4. 37: Imagens de SEM obtidas para CNTs puros dispersos em solução aquosa durante
45 minutos de sonda de ultra-sons sem (à esquerda) e com SDS de concentração igual a 1,5
mg/ml (à direita). ........................................................................................................................ 87
Figura 4. 38: Imagens de SEM obtidas para CNTs F 180 dispersos em solução aquosa durante
45 minutos de sonda de ultra-sons sem (à esquerda) e com SDS de concentração igual a 1,5
mg/ml (à direita). ........................................................................................................................ 88
Figura 4. 39: Gráficos de absorvância em função da energia fornecida dos CNTs puros (à
esquerda), F 230 (no centro) e F 180 (à direita) dispersos em solução aquosa de SDS com as
respetivas razões CNT:SDS escolhidas anteriormente, para 0, 2 e 4 semanas de repouso ........ 89
Figura 4. 40: Aglomerados depositados na solução de SDS/CNTs puros de 45 minutos de ultra-
sons após 4 semanas de repouso ................................................................................................ 89
Figura 4. 41: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com 0,1 % de CNTs: A)
puros, B) F 230 e C) F 180. ........................................................................................................... 90
Figura 4. 42: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com 0,5 % de CNTs: A)
puros, B) F 230 e C) F 180. ........................................................................................................... 91
Figura 4. 43: Imagem de microscopia ótica obtida para o filmes de PU com 1 % de CNTs puros.
..................................................................................................................................................... 92
Figura 4. 44: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com 1 % de CNTs: A)
puros, B) F 230 e C) F 180. ........................................................................................................... 93
Figura 4. 45: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com 1,5 % de CNTs: A)
puros, B) F 230 e C) F 180. ........................................................................................................... 94
xvii
Figura 4. 46: Imagens de SEM obtidas para os filmes de PU A) sem CNTs e com 0,5 % de CNTs:
B) puros, C) F 230 e D) F 180. ...................................................................................................... 95
Figura 4. 47: Imagens de SEM obtidas para os filmes de PU A) sem CNTs e com 0,5 % de CNTs:
B) puros, C) F 230 e D) F 180. ...................................................................................................... 96
Figura 4. 48: Curvas de TGA do PU, SDS, PU+SDS, CNT Puro, CNT F 230 e CNT F 180. ............... 97
Figura 4. 49: Curvas de TGA e as respetivas derivadas obtidas para os filmes com e sem CNTs
puros. .......................................................................................................................................... 98
Figura 4. 50: Curvas de TGA e as respetivas derivadas obtidas para os filmes com 1 % de CNTs
puros e funcionalizados. ........................................................................................................... 100
Figura 4. 51: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%,
1% e 1,5% CNTs puros. .............................................................................................................. 102
Figura 4. 52: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs puros. ............................. 103
Figura 4. 53: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em função da
percentagem em massa de CNTs puros .................................................................................... 103
Figura 4. 54: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%,
1% e 1,5% CNTs F 230. .............................................................................................................. 104
Figura 4. 55: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs F 230. ............................. 105
Figura 4. 56: condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em função da
percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 230 °C. ..................................................... 105
Figura 4. 57: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%,
1% e 1,5% CNTs F 180. .............................................................................................................. 106
Figura 4. 58: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs F 180. ............................. 107
Figura 4. 59: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em função da
percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 180 °C. ..................................................... 107
Figura 4. 60: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência, para os filmes com CNTs puros processados em diferentes condições indicadas na
tabela 4.12. ................................................................................................................................ 108
Figura 4. 61: Curvas de tensão-deformação obtidas para os revestimentos com CNTs puros
(superior), funcionalizados a 230 °C (centro) e funcionalizados a 180 °C (inferior). ................ 111
xix
Índice de Tabelas
Tabela 2.1: Diferentes condições ótimas de dispersão de CNTs em solução aquosa de SDS. [52]
..................................................................................................................................................... 22
Tabela 3. 1: Características dos MWCNT usados. ....................................................................... 33
Tabela 3. 2: Condições do estudo da dispersão de CNTs em solução aquosa de SDS. ............... 39
Tabela 3. 3: Condições de processamento e técnicas de caracterização dos compósitos. ........ 40
Tabela 4. 1: Massa dos constituintes da PUD. ............................................................................ 51
Tabela 4. 2: Bandas de absorção de IV características do espetro de FTIR do PU. ..................... 53
Tabela 4. 3: Propriedades mecânicas obtidas para o filme de PU. ............................................. 55
Tabela 4. 4: Conversão do tempo em energia fornecida pelo ultra-som. .................................. 71
Tabela 4. 5: Valores da razão N:C para os CNTs F 230 e F 180 e as respetivas estruturas. [71] . 77
Tabela 4. 6: Massa do resíduo obtido após o ensaio de TGA. .................................................... 78
Tabela 4. 7: Concentração real de CNTs presentes na dispersão após a centrifugação. ............ 80
Tabela 4. 8: Valores experimentais da absortividade mássica obtidos e o valor da absortividade
mássica encontrada na literatura para CNTs puros. ................................................................... 83
Tabela 4. 9: Temperaturas dos picos da derivada correspondentes ao primeiro e ao segundo
processo de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT puros e do PU com SDS. ................. 99
Tabela 4. 10: Massa de resíduo correspondente aos compósitos de PU/SDS/CNT puros e do PU
com SDS. ...................................................................................................................................... 99
Tabela 4. 11: Temperaturas dos picos da derivada correspondentes ao primeiro e ao segundo
processo de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT puros e funcionalizados e do PU com
SDS. ............................................................................................................................................ 101
Tabela 4. 12: Massa de resíduo correspondente às amostras analisadas ................................ 101
Tabela 4. 13: Condições de processamento dos diferentes revestimentos com 1,5 % de CNTs
puros. ........................................................................................................................................ 108
Tabela 4. 14: Propriedades mecânicas do poliuretano e dos seus compósitos. ....................... 112
xxi
Lista de Símbolos
% - Percentagem
°C - Graus centígrados
µm - Micrómetros
nm - Nanómetros
mm - Milímetros
ml – Mililitros
g – Gramas
mg - Miligramas
g/l - Grama por litro
mg/ml – Miligrama por mililitro
Pa - Pascal
TPa – Tera pascal
GPa – Giga pascal
S/m – Siemens por metro
S/cm - Siemens por centímetro
A/cm2 – Ampere por centímetro quadrado
W/mk – Watt por metro e Kelvin
eV/µm – Eletrão-volt por micrómetro
W - Watt
J - Joule
Hz - Hertz
MHz – Mega hertz
rpm – Rotações por minuto
ω - Frequência
σ – Condutividade elétrica
xxii
σAC – Condutividade elétrica em corrente alternada
σ0 - Constante de proporcionalidade
ø – Concentração do material condutor
ø0 – Concentração do limiar de percolação
ε0 - Constante dieléctrica do vácuo
ε’ – Parte real da constante dielétrica
ε’’ – Parte imaginária da constante dielétrica
σ – Tensão
F – Força
A – Área transversal da amostra
ε – Deformação da amostra
l – Comprimento final
l0 – Comprimento inicial
∆l – Variação do comprimento
E – Módulo de elasticidade
α - Absortividade mássica
xxiii
Lista de Abreviaturas
1K - Um componente
2k - Dois componentes
ACP - Poliol acrilato (do inglês Acrylate Polyol)
CMC - Concentração crítica de formação de micelas (do inglês Critical Micelle Concentration)
CNTs - Nanotubos de Carbono (do inglês Carbon Nanotubes)
CVD - Deposição química na fase de vapor (do inglês Chemical Vapor Deposition)
F 180 - Funcionalização a 180 °C
F 230 - Funcionalização a 230 °C
FTIR - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (do inglês Fourier Transform Infrared Spectroscopy)
MO - Microscopia ótica
MWCNT - Nanotubos de carbono de paredes múltiplas (do inglês Multi Walled Carbon Nanotubes)
PEP - Poliol de poliéster (do inglês Polyester Polyol)
PETP - Poliol de poliéter (do inglês Polyether Polyol)
PU - Poliuretano
PUD - Dispersão de poliuretano (do inglês Polyurethane Dispersion)
SDS - Dodecil Sulfato de Sódio (do inglês Sodium Dodecyl Sulfate)
SEM – Microscopia eletrónica de varrimento (do inglês Scanning Electron Microscope)
SWCNT - Nanotubos de carbono de paredes simples ( do inglês Single Walled Carbon Nanotubes)
TGA - Análise termogravimétrica (do inglês Thermal Gravimetric Analysis)
VdW – Van der Waals
INTRODUÇÃO 1.
Capítulo 1 - Introdução
3
Os nanocompósitos de matriz polimérica com nanotubos de carbono
representam uma nova classe de materiais que oferecem uma melhoria das
propriedades e do desempenho em uma ampla variedade de aplicações, relativamente
aos polímeros convencionais. Atualmente, este tipo de compósitos têm despertado
um enorme interesse para a obtenção de materiais flexíveis e leves para a eletrónica.
Os nanotubos de carbono apresentam uma resistência à tração e um Módulo
de Young muito elevados, excelentes valores de condutividade elétrica e térmica e
uma grande razão de aspeto que permitem obter compósitos com propriedades
elétricas com baixas concentrações de nanotubos. Para além das características dos
nanotubos, a morfologia e o tipo de processamento do polímero influencia as
propriedades finais dos nanocompósitos. Atualmente têm sido estudadas dispersões
aquosas de poliuretano para desenvolver filmes compósitos com propriedades
elétricas para aplicações tais como, materiais semicondutores, filmes e revestimentos
antiestáticos e condutores e elétrodos elásticos. Este tipo de polímeros apresenta
vantagens a nível ambiental e económico devido à substituição dos solventes por água
e o facto de serem constituídos por um sistema coloidal que faz com que compósitos
com propriedades elétricas sejam obtidos com baixas concentrações de nanotubos. Ao
longo da formação do filme compósito por evaporação da água, as partículas tendem a
organizarem-se e unirem-se até à cura total do poliuretano. Essas mesmas partículas
obrigam os nanotubos de carbono a ocupar os espaços vazios entre elas e
consequentemente a distribuírem-se uniformemente ao longo da matriz. Pelas razões
referidas anteriormente e pelo facto dos nanotubos apresentarem uma elevada razão
de aspeto faz com que limiares de percolação significativamente baixos sejam obtidos.
Apesar das excelentes propriedades dos nanotubos de carbono, estes materiais
são muito insolúveis em solventes orgânicos e aquosos devido à forte atração entre os
nanotubos por via de forças de Van der Waals promovendo a sua aglomeração. Para
promover a dispersão homogénea dos nanotubos de maneira a proporcionar a mistura
e a interação com outras substâncias, são efetuadas funcionalizações covalentes e
usados agentes tensioativos.
Capítulo 1 - Introdução
4
Para a obtenção de compósitos com propriedades superiores às da matriz
polimérica, é essencial para além de uma boa interação dos nanotubos de carbono
com a matriz, dispersar e distribuir homogeneamente. Para tal existem vários tipos de
métodos de dispersão mecânicos que são utilizados no processamento de compósitos,
como mistura de rotação elevada e ultra-sons. A escolha do método é um fator crucial
pois este tem que fornecer energia necessária para desaglomerar os nanotubos no
polímero, fator de extrema importância para a melhoria das propriedades mecânicas,
e ao mesmo tempo não danificar as propriedades dos nanotubos como a razão de
aspeto, que é uma característica única dos nanotubos que permite obter compósitos
com propriedades elétricas com baixas percentagens.
Neste trabalho pretende-se avaliar a influência dos nanotubos de carbono, em
distintas condições, em revestimentos de poliuretano provenientes de dispersões
aquosas de poliuretano. Para tal serão avaliados diferentes métodos de dispersão
mecânicos, nomeadamente o banho de ultra-sons, a sonda de ultra-sons e o
misturador mecânico de rotação. Para cada método de dispersão, será estudada a
influência do agente tensioativo SDS. Serão também avaliados nanotubos de carbono
em diferentes condições, nomeadamente puros e funcionalizados covalentemente por
reação de cicloadição dipolar 1,3 a 230 °C e a 180 °C.
Esta tese está organizada em cinco capítulos. O primeiro capítulo é dedicado à
introdução da tese com a apresentação dos objetivos. O segundo capítulo apresenta o
estado da arte relacionado com o tema da tese. O terceiro capítulo indica os materiais
utilizados e o procedimento experimental. O quarto capítulo exibe os resultados e a
discussão. O quinto capítulo indica as principais conclusões obtidas neste trabalho.
ESTADO DA ARTE 2.
Capítulo 2 – Estado da Arte
7
2.1. POLIURETANO
O poliuretano (PU) é uma das maiores famílias versáteis dos polímeros. Dependendo
da funcionalidade, da composição química e do peso molecular dos diferentes reagentes, é
possível produzir um vasto conjunto de materiais com propriedades significativamente
diferentes. O poliuretano resulta da reação de poliadição entre o isocianato e o poliol
apresentada na figura 2.1.
Figura 2.1: Reação de formação do poliuretano.[1]
O isocianato é um dos componentes essenciais para a síntese do poliuretano. O
isocianato pode ser di ou polifuncional que contém dois ou mais grupos –NCO por molécula.
Estes podem ser alifáticos, cicloalifáticos, policíclicos ou aromáticos. Os isocianatos aromáticos
são mais reativos que os alifáticos e os cicloalifáticos. [2-4] Na figura 2.2 são apresentados os
isocianatos mais utilizados.
O poliol para além de possuir bastantes grupos hidroxilo –OH também pode ter na sua
constituição éster, éter, amida, acrílico, metais e/ou outros grupos funcionais.
Figura 2.2: Tipos de isocianatos. [2]
Capítulo 2 – Estado da Arte
8
Os polióis mais utilizados são o poliol poliéster (PEP), o poliol poliéter (PETP) e o poliol
acrilato (ACP). As propriedades finais do poliuretano dependem do tipo e das características do
poliol, nomeadamente do grau de reticulação e do peso molecular. Com o uso de PEP de alto
peso molecular ou muito reticulado são concebidos poliuretanos rígidos, a produção de
poliuretanos flexíveis é concretizada a partir de PEP de baixo peso molecular ou pouco
reticulados. O PEP são suscetíveis à hidrólise devido à presença de grupos éster levando a
degradação das propriedades mecânicas do poliuretano. O PETP é um tipo de poliol mais
barato que o PEP mas possui características desvantajosas para futuras aplicações do respetivo
poliuretano como revestimentos ou tintas. O ACP dá origem a poliuretanos com boas
propriedades características do acrílico e é muito utilizado como revestimentos. [2]
A composição química do poliol e do isocianato determina a estrutura do poliuretano e
consequentemente as propriedades do produto final, isto é quando reage um diisocianato
com um diol a cadeia do poliuretano é linear. Poliuretanos de cadeia ramificada são obtidos
quando reagem um diisocianato com um poliol e quando um isocianato de três ou mais grupos
–NCO reagem com um diol. [2]
A elevada versatilidade do poliuretano permite que este seja utilizado de diversas
formas, como espumas, elastómeros, vedantes, adesivos e revestimentos. [5]
2.1.1. Dispersão Aquosa de Poliuretano
As dispersões aquosas de poliuretano (PUD) são produtos de base polimérica,
definidas como um sistema coloidal binário no qual as partículas estão dispersas num meio
aquoso. [6] As partículas normalmente possuem um tamanho entre 20-200 nm e apresentam
uma energia superficial elevada. [6] Como são formuladas em base aquosa, são portanto
isentas ou incluindo apenas quantidades residuais de solventes orgânicos, minimizando os
problemas de toxicidade associados aos produtos à base solvente. Aliado a este facto há que
considerar ainda o cumprimento de imposições legais que restringem a emissão de compostos
voláteis para a atmosfera. A associação destes fatores ao bom desempenho observado para
estes materiais leva a que as dispersões aquosas de poliuretano sejam consideradas
alternativas viáveis para a substituição dos tradicionais produtos à base solvente. [3, 7, 8]
Capítulo 2 – Estado da Arte
9
2.1.1.2. Composição da Dispersão Aquosa de Poliuretano
O poliuretano, como a maioria dos polímeros, não é solúvel em água, sendo assim
necessário modificar a cadeia molecular para compatibilizá-lo com a água. Essa modificação
pode ser feita com o auxílio de um protetor coloidal, com o uso de emulsionante externo ou
através da incorporação, por reação química, de grupos hidrofílicos na cadeia que permitam a
dispersão em meio aquoso, denominado por emulsionante interno. Os dois primeiros métodos
necessitam do uso de elevadas forças de corte para dispersar o polímero, resultando em
partículas grandes. A modificação química é o método mais utilizado pois possui várias
vantagens: i) a dispersão do polímero é mais suave fazendo com que as partículas obtidas
sejam mais pequenas; ii) o respetivo revestimento apresenta melhores propriedades, como
resistência a solventes e a água e propriedades mecânicas superiores. As dispersões aquosas
de poliuretano obtidas por modificação química podem ser de três tipos, não iónico, catiónico
e aniónico, dependendo do grupo hidrofílico inserido na cadeia do poliuretano. [3, 8]
As dispersões de poliuretano podem ser sistemas de um componente ou de dois
componentes designados por 1K ou 2K, respetivamente. Os sistemas 1K são constituídos por
poliuretano, de alto peso molecular, dispersos em água [9, 10]. Os sistemas 2K são
constituídos por poliacrilatos ou polióis poliéster dispersos em água (componente 1) e
posteriormente é introduzido e disperso o poliisocianato, normalmente poliisocianato
hidrofílico modificado ou poliisocianato de baixa viscosidade, (componente 2) antes da
aplicação no substrato. Para a obtenção de um revestimento é essencial que ocorra a reação
entre o poliol e o poliisocianato formando o poliuretano. Contudo, é inevitável a reação do
isocianato com a água dando origem a poliureia, sendo assim utilizado um excesso de
isocianato para compensar a dita reação. Também existe a possibilidade da formação de CO2
dando origem a bolhas ou micro espumas e consequentemente a defeitos no revestimento [9,
11-13].
Os componentes principais para formar uma dispersão de poliuretano incluem poliol
de cadeia longa de poliéter, poliéster ou policarbonato, diisocianato, aromático ou
cicloalifáticos, glicol e/ou diamina de baixo peso molecular, ácido bis-hidroxicarboxílico e uma
base de neutralização. Em geral, o excesso de diisocianato é tratado com uma longa cadeia
linear poliol, o ácido bis-hidroxicarboxílico e outro glicol de baixo peso molecular para formar
um pré-polímero terminado em isocianato com uma estrutura segmentada. Neste polímero, as
unidades de poliol de cadeia longa formam segmentos flexíveis e as unidades de uretano
formadas a partir de diisocianato, glicol e ácido bis-hidroxicarboxílico formam segmentos
Capítulo 2 – Estado da Arte
10
rígidos. Os grupos pendentes de ácido carboxílico são neutralizados com uma base para formar
um grupo de sal interno que contém pré-polímeros que podem ser facilmente dispersos em
água. [8]
2.1.2. Formação e Propriedades do Revestimento
As dispersões aquosas de poliuretano formam o revestimento através de um processo
de coalescência no qual as partículas individuais são forçadas a unir-se à medida que a água
evapora. As partículas difundem, deformam-se e organizam-se à escala molecular para formar
o revestimento homogéneo, figura 2.3. [9, 10, 12]
O tempo de formação do revestimento pode ser diminuído através da utilização de
temperaturas elevadas, superiores à temperatura ambiente. A qualidade do revestimento e o
tempo de formação do mesmo depende das propriedades da dispersão aquosa de poliuretano,
nomeadamente dos reagentes, da viscosidade, do teor de sólidos, do tamanho das partículas e
da presença de co-solventes [9, 10].
Estudo recente demonstrou que as propriedades mecânicas dos revestimentos e as
propriedades físicas da dispersão aquosa estão relacionadas com a razão NCO/OH. Os
segmentos rígidos na PUD afetam particularmente o módulo de elasticidade, a dureza e a
tensão de cedência, e os segmentos flexíveis influenciam as propriedades elásticas.
Verificaram que composições de poliuretano com razão NCO/OH baixo permite obter
partículas com uma dimensão média menor, e consequentemente uma dispersão coloidal
Figura 2.3: Processo de formação do revestimento. [10]
Capítulo 2 – Estado da Arte
11
mais estável. Também foram analisadas as propriedades mecânicas de diferentes
revestimentos obtidos a partir de PUD com diferentes razões NCO/OH. Concluíram que o
aumento da razão provoca uma diminuição da elasticidade do revestimento mas aumenta a
dureza e a resistência à tração, isto é, o aumento da razão dá origem a revestimentos menos
flexíveis devido ao aumento de segmentos rígidos e interações de ligações de hidrogénio entre
as cadeias do poliuretano. [14] Na figura 2.4 são apresentados as propriedades dos distintos
revestimentos.
Os revestimentos de PU são indicados para diversas aplicações devido à combinação
única de propriedades de desempenho e aplicação. Estes produtos são dotados de distintas
propriedades dependentes dos reagentes e da formulação da dispersão aquosa,
nomeadamente, excelente resistência mecânica, resistência à corrosão, flexibilidade, rigidez,
dureza e resistência a produtos químicos, solventes e durabilidade. Estes são utilizados como
proteção e decoração de uma ampla variedade de substratos devido à excelente adesão com
aço, plásticos, metais, papel, vidro, couro e madeira, sendo utilizados em distintas áreas,
nomeadamente mobiliária, automóvel, aeroespacial, têxtil, etc [9, 11, 15].
Especificamente, na indústria automóvel, os revestimentos à base aquosa de
poliuretano têm sido usados como revestimentos de base na carroçaria com o intuito de
proteger o metal de fatores externos provocados pelo meio ambiente e pelo homem e
aumentar a durabilidade do revestimento final (tinta). Para além disso, a ausência de solventes
apresenta vantagens como a reduzir a emissão de compostos voláteis para a atmosfera. [16]
Figura 2.4: Propriedades mecânicas de revestimentos com diferentes razões de NCO/OH. [14]
Razão molar NCO/OH
Resistência à tração (Kgf/cm2)
Deformação (%)
Capítulo 2 – Estado da Arte
12
Os revestimentos de poliuretano também são frequentemente utilizados no interior dos
automóveis, como no tablier, para melhorar a resistência química aos produtos de limpeza e a
dureza para diminuir os riscos [12]. No desporto, a bola de futebol “Tango 12” usada no EURO
2012 é revestida por três camadas de poliuretano unidas termicamente. Esta bola apresenta
características como resistência a fatores externos e à abrasão, impermeabilidade e
elasticidade para manter a sua aparência original a longo prazo. [12]
2.2. NANOTUBOS DE CARBONO
2.2.1. Estrutura
Os nanotubos de carbono são uma matriz hexagonal de átomos de carbono
ligados covalentemente enrolada num longo e fino cilindro oco. [17] Estes são
classificados consoante o número de folhas que possuem, nomeadamente parede
única (SWCNT do inglês Single Walled Carbon Nanotubes) e múltiplas paredes
(MWCNT do inglês Multi Walled Carbon Nanotubes).[18, 19]
Os CNTs podem apresentar um comprimento de algumas centenas de
nanometros (nm) bem como alguns micrómetros (µm). Os SWCNT possuem diâmetros
compreendidos entre 0,4-2 nm e o diâmetro final dos MWCNT depende do número de
folhas concêntricas com espaçamentos entre elas de 0,34-0,39 nm.[20] Na figura 2.5 é
apresentado a estrutura dos SWCNT e dos MWCNT, respetivamente.
Os SWCNTs, dependendo da forma como a folha de grafeno é enrolada, podem
apresentar propriedades físicas e elétricas diferentes. Estes podem ser classificados
como quirais ou aquirais. Os aquirais são simétricos e podem ser de dois tipos, cadeira
e zigzag. Os quirais são assimétricos e designam-se quiral. Todos os SWCNTs
Figura 2.5: Estrutura dos SWCNT e dos MWCNT, respetivamente. [21]
Capítulo 2 – Estado da Arte
13
condutores possuem uma estrutura do tipo cadeira e os semicondutores apresentam
uma estrutura do tipo quiral ou zigzag. [20] A figura 2.6 apresenta os tipos de SWCNTs
referidos.
2.2.2. Propriedades
Os nanotubos de carbono têm ganho um grande interesse entre os materiais à
nanoescala devido à combinação única de propriedades mecânicas, elétricas e
térmicas que os tornam excelentes candidatos para substituir ou complementar os
reforços convencionais utilizados no processamento de nanocompósitos.
Propriedades Mecânicas
Uma vez que o grafeno tem um módulo de Young elevado e porque os
nanotubos de carbono são considerados folhas enroladas de grafeno, foi reconhecido
depois da sua descoberta que os CNTs possuíam módulos grandes também.
Inicialmente foi difícil medir diretamente o módulo dos nanotubos devido ao seu
reduzido tamanho. Por isso, numerosos grupos teóricos têm trabalhado para calcular o
Módulo de elasticidade. Estes materiais apresentam uma resistência à tração de
aproximadamente 150 GPa e um Módulo de Young na ordem de 1 TPa. [23] As fortes
ligações covalentes sp2 entre os átomos de carbono numa rede hexagonal com
ligações duplas e simples conferem aos nanotubos uma elevada resistência à tração,
elevado módulo de Young e uma elevada dureza. [24]
Figura 2.6: Estrutura cadeira, zigzag e quiral. [22]
Cadeira Quiral Zigzag
Capítulo 2 – Estado da Arte
14
Propriedades Elétricas
Teoricamente, os SWCNTs metálicos têm uma condutividade elétrica de 102-106
S/m [26] e pode transportar uma densidade de corrente elétrica igual a 109 A/cm2 [25]
que é mais do que 1000 vezes maior do que o metal. Os MWCNTs possuem
condutividades que variam entre 103-105 S/m.[26] Os CNTs são bons condutores
elétricos porque possuem um eletrão na orbital pz que não pertence a nenhum átomo
de carbono. As orbitais atómicas desse eletrão deslocam-se formando uma orbital
molecular que permite que estes eletrões deslocalizados se movam por toda a rede do
nanotubo, conduzindo corrente elétrica ao longo da superfície.
Propriedades Térmicas
Os nanotubos de carbono também apresentam excelentes condutividades
térmicas pois os fonões propagam-se facilmente ao longo do comprimento do
nanotubo. Os SWCNTs têm uma condutividade igual a 3500 W/mk [25] e os MWCNTs
igual a 3000 W/mk.[27].
Adicionalmente, os CNTs possuem alta flexibilidade, baixa densidade mássica e
alta razão de aspeto tipicamente entre 300-1000.
2.3. NANOCOMPÓSITOS
Os nanotubos de carbono têm atraído grande interesse na investigação e
crescente atenção industrial. O seu conjunto único de propriedades elétricas, térmicas
e mecânicas extraordinárias permite um elevado número de aplicações avançadas em
diversas áreas.
Contudo, a dispersão eficaz de nanotubos de carbono em polímeros fundidos
ou em solução continua a ser um enorme desafio no processamento de compósitos
devido à alta razão de aspeto, às fortes ligações Van der Waals de 500 eV/µm [2] que
promovem a aglomeração que podem conter centenas de nanotubos e também ao
facto de os CNTs comercializados serem fornecidos sob a forma de feixes fortemente
Capítulo 2 – Estado da Arte
15
emaranhados [28, 29]. A insolubilidade dos CNTs em água e em solventes orgânicos
também dificulta a aplicação prática destes nanomateriais. [30]
2.3.1. Métodos de Dispersão de Nanotubos de Carbono
Atualmente as principais abordagens utilizadas para dispersar são mecânica e
química [29, 31, 32]. Na figura 2.7 são apresentados os diferentes métodos de mistura
de nanotubos de carbono em matrizes poliméricas.
Nos métodos mecânicos a mistura dos CNTs é realizada diretamente com o
polímero distribuindo-os e dispersando-os pela matriz, mas nem sempre é eficaz
devido ao facto dos nanotubos de carbono serem hidrofóbicos e inertes à maioria dos
polímeros e à sua forma física, não permitindo uma desaglomeração eficaz, uma
dispersão homogénea e uma boa interação com a matriz. O uso dos métodos químicos
auxiliados por um método mecânico é uma forma de resolver as dificuldades indicadas
[29, 30].
Figura 2.7: Métodos de dispersão de nanotubos de carbono. [29]
Capítulo 2 – Estado da Arte
16
2.3.1.1. Métodos Mecânicos
Quando são misturados na matriz, os agregados de nanotubos de carbono são
sujeitos a tensões de corte a partir do meio (polímero em solução ou fundido). Logo o
fluxo do meio, em resposta a uma força externa (fornecimento de energia por parte de
ultra-sons ou rotação de velocidade elevada) gera tensões de corte locais que são as
responsáveis pela dispersão. [33]
Devem ser estabelecidos critérios para promover uma dispersão eficaz sem alterar
significativamente as características dos CNTs como a razão de aspeto [34],
nomeadamente a energia fornecida pelo mecanismo escolhido deve ser maior do que
a energia de ligação dos aglomerados e menor que a quantidade necessária para
fraturar os CNTs. A energia fornecida depende do tempo e das capacidades do método
de dispersão. A energia que é necessário fornecer para ocorrer a desaglomeração
depende do tipo de CNTs (SWCNT ou MWCNT) e das características (diâmetro e
comprimento). A figura 2.8 relaciona os valores teóricos da resistência à rotura dos
SWCNTs e dos MWCNTs e a densidade de energia de ligação dos aglomerados com os
diferentes mecanismos.
Figura 2.8: Diagrama de energia que relaciona as capacidades e as limitações teóricas
dos métodos de dispersão mecânicos. [33]
Densidade de Energia (Pa)
Ligação
de VdW
Resistência
à rotura
Capítulo 2 – Estado da Arte
17
Para uma relação de aspeto igual a 10, a resistência à rotura dos SWCNTs é
ligeiramente superior à força de ligação de Van der Waals dos seus aglomerados. Os
ultra-sons promovem a quebra das ligações de Van der Waals e consequentemente a
desaglomeração dos SWCNTs sem fratura significativa dos nanotubos. Os MWCNTs
possuem uma resistência à rotura muito superior à força de interação de Van der
Waals dos seus aglomerados, o que significa que o método de rotação de alta
velocidade é suficiente para desaglomerar e dispersar este tipo de CNTs. [33]
Para os nanotubos com razão de aspeto igual a 1000, os valores das resistências
à rotura de ambos os tipos de CNTs são significativamente mais baixos e inferiores à
densidade de energia dos ultra-sons. A resistência à rotura dos SWCNTs é inferior à
força de ligação dos seus aglomerados, ou seja a desaglomeração destes não é possível
sem que ocorra a rotura dos nanotubos. A força de ligação dos aglomerados de
MWCNTs é ligeiramente superior à força proporcionada pela rotação de alta
velocidade, fazendo com que a desaglomeração através deste mecanismo não seja
totalmente eficaz. [33]
2.3.1.2. Métodos Químicos
Após a remoção da força externa, os nanotubos de carbono tendem a
reconfigurar-se num novo estado de equilíbrio de baixa energia através da
reaglomeração. A fraca interação dos CNTs com a matriz e as elevadas forças de
interação de Van der Waals entre os CNTs permitem a reaglomeração durante a cura
do compósito polimérico [33, 35, 36]. Estes fenómenos podem ser impedidos através
da modificação química da superfície dos CNTs. A figura 2.9 ilustra os diferentes tipos
de modificações.
C
Figura 2.9: Tipos de funcionalização de CNTs: A) covalente, B) não covalente com agentes
tensioativos e C) não covalente com polímero. [37]
A B
Capítulo 2 – Estado da Arte
18
2.3.1.2.1. Funcionalização Covalente
A funcionalização covalente consiste na ligação covalente de grupos funcionais
à superfície dos nanotubos de carbono.[38] Estes apresentarão propriedades
mecânicas e elétricas diferentes dos CNTs puros devido à alteração estrutural do
sistema π conjugado, ocorrendo a alteração do rearranjo dos átomos de carbono,
nomeadamente o surgimento de uma configuração sp3 em alguns átomos de carbono
[33, 39].
2.3.2.1.2. Funcionalização Não Covalente
A funcionalização não covalente consiste na ligação física à superfície do
nanotubo o que permite preservar as propriedades dos nanotubos de carbono que é
muito importante para a condutividade elétrica e térmica [39]. Vários estudos têm
mostrado que o uso de agentes tensioativos ou envolvimento de polímero pode levar
à individualização dos CNTs em solvente orgânico ou aquoso e a melhoria da
estabilidade. [33, 37]
Os agentes tensioativos são compostos orgânicos anfifílicos, ou seja possuem
um grupo hidrofóbico e um grupo hidrofílico [32, 40], figura 2.10.
Existem vários tipos de tensioativos que são classificados consoante o grupo
polar, nomeadamente catiónicos que em solução aquosa possuem iões carregados
positivamente, aniónicos que em solução aquosa possuem iões carregados
negativamente e não iónicos que não se ionizam em solução [41]. A figura 2.11
apresenta a estrutura molecular dos vários tipos de tensioativos.
Grupo Hidrofóbico Grupo Hidrofílico
Figura 2.10: Estrutura de uma molécula anfifílica.
Capítulo 2 – Estado da Arte
19
Um agente tensioativo por si só não promove a dispersão dos nanotubos,
necessitam do auxílio de um método de dispersão mecânico, geralmente o banho ou a
sonda de ultra-sons [32, 42]. A separação dos CNTs em tubos individuais é
proporcionada pela adsorção das moléculas do tensioativo na superfície do nanotubo.
A adsorção inicia-se nas fendas dos aglomerados provocadas pelo ultra-sons e
propaga-se pela superfície do nanotubo separando-o do aglomerado [32, 42]. A figura
2.12 apresenta o mecanismo de isolamento de um nanotubo do aglomerado.
Figura 2.12: Mecanismo de adsorção de moléculas de agentes
tensoativos nos nanotubos de carbono. [32, 42]
Figura 2.11: Tipos de agentes tensioativos: aniónicos (retângulo roxo), catiónicos (retângulo
verde) e não iónicos (retângulo azul). [41]
Capítulo 2 – Estado da Arte
20
Os agentes tensioativos permitem a dispersão e a estabilidade dos nanotubos
de carbono em água porque possuem grupos apolares que se unem à superfície dos
CNTs e grupos polares que têm afinidade com a água. [35]
Estudos recentes relacionados com a dispersão de CNTs em meio aquoso
revelam o uso do SDS (do inglês Sodium Dodecyl Sulfate) como tensioativo de sucesso
[30, 43-45]. O SDS é um tensioativo aniónico com estrutura molecular C12H25SO4Na
[35]. Quando está dissolvido em água liberta um ião de sódio ficando carregado
negativamente. A presença da carga negativa, SO4-, no grupo hidrofílico da molécula
possibilita a dispersão e impede a reaglomeração por repulsão eletroestática [43].
O grau de dispersão depende da concentração do tensioativo, da energia
fornecida pelo ultra-sons e do tipo e características dos nanotubos de carbono [35].
Em relação à concentração de SDS, se esta for baixa não existem moléculas de
tensioativo suficientes para revestir a superfície dos CNTs presentes para separá-los e
impedir a reaglomeração [46]. Estudos afirmam que concentração em excesso pode
diminuir a dispersão dos nanotubos devido á floculação, isto é, ocorre a interação das
moléculas de SDS adsorvidos na superfície de diferentes nanotubos.[31, 47] Na figura
2.13 está representado o mecanismo citado.
O SDS a partir de uma concentração igual a 8-8,1 mM/l [48, 49], designada por
concentração crítica de formação de micelas (CMC do inglês Critical Micelle
Concentration), forma micelas que consistem em moléculas unidas pelo grupo
hidrofóbico. Por essa razão, para concentrações iguais ou superiores à CMC as
moléculas de SDS tendem a formar micelas não contribuindo para a dispersão dos
CNTs, ou seja as moléculas tendem a interagir umas com as outras e não são
Figura 2.13: Mecanismo de floculação de nanotubos de carbono. [31]
Hidrofílico Hidrofóbico
Capítulo 2 – Estado da Arte
21
adsorvidas na superfície dos CNTs [50]. Na figura 2.14 é apresentado o
comportamento das moléculas de SDS antes e depois da CMC em solução aquosa.
Segundo autores a adsorção de SDS é quase completa a uma concentração
significativamente menor que a CMC [51].
O tempo de ultra-sons também é um fator muito importante pois é necessário
fornecer energia suficiente para que ocorra a desaglomeração dos CNTs presentes e
simultaneamente a adsorção das moléculas do SDS. Se a energia fornecida for baixa,
apenas parte dos aglomerados são exfoliados, a adsorção de SDS não é efetuada com
eficácia e consequentemente permanecem principalmente os grandes aglomerados na
solução [44].
Como foi apresentado no capítulo 2.3.1.1., diferentes tipos de CNTs com
dimensões distintas necessitam de condições de dispersão específicas para obter
dispersões homogéneas. A concentração ótima de SDS também está relacionada com
o tipo e as características dos CNTs. [52] Na tabela 2.1 são apresentadas diferentes
condições ótimas citadas por vários autores para dispersar nanotubos de carbono em
solução aquosa de SDS.
« CMC ≈ CMC
Figura 2.14: Comportamento das moléculas de SDS antes e depois da CMC. [49]
Capítulo 2 – Estado da Arte
22
Tabela 2.1: Diferentes condições ótimas de dispersão de CNTs em solução aquosa de SDS. [52]
Tipo de
CNT
Comprimento
(µm)
Diâmetro
(nm)
Concentração
(g/L)
Tempo
(min)
Potência
(W) Energia (J)
MWCNT - 10-20 0,1-4 50 20 60000
MWCNT 0,1-10 10 1 120 40 288000
SWCNT - 0,7-1,1 10 10 540 324000
SWCNT - 0,9 10 30 10 18000
SWCNT 1 0,7-1,4 0,2-10 6-7 20 7200-8400
A qualidade da dispersão aquosa de nanotubos de carbono em SDS também
pode ser influenciada significativamente por outros parâmetros, como a temperatura
e o pH [42]. Alguns estudos revelaram que o aumento da temperatura diminui o grau
de dispersão dos CNTs, isto é diminui a adsorção das moléculas de SDS na superfície
dos CNTs [30, 45]. Na figura 2.15 são apresentados espetros de absorvância de
dispersões realizadas a diferentes temperaturas, nomeadamente a 24°C e a 30°C. O
resultado obtido no estudo indica que a dispersão realizada a 30°C apresenta um pico
de absorvância inferior o que corresponde a um grau de desaglomeração menor.
A forma como as moléculas são adsorvidas na superfície dos CNTs ainda é uma
questão em estudo. Atualmente, estudos afirmam que existem três modelos de
adsorção, nomeadamente micelas cilíndricas, adsorção hemimicelar e adsorção
aleatória [42, 47, 50, 53]. Na figura 2.16 está representado os diferentes modelos.
Figura 2.15: Espetros de UV-visível de CNTs em solução aquosa de
SDS para diferentes temperaturas. [30]
Capítulo 2 – Estado da Arte
23
2.3.2. Processamento de Revestimentos Compósitos
O método mais comum para preparar nanocompósitos polímero/CNTs envolve
a mistura de nanotubos de carbono e de polímero num solvente adequado antes da
evaporação para formar um filme compósito [55, 56]. O benefício deste método é a
dispersão dos nanotubos num solvente que facilita a desaglomeração e dá origem a
dispersões homogéneas e estáveis [55]. O uso de solventes orgânicos [57, 58] e de
água [59] têm sido muito utlizados neste método. Este método consiste em três
etapas, nomeadamente,
i. Dispersão dos nanotubos de carbono num solvente orgânico ou numa solução
aquosa com um agente tensioativo. O solvente escolhido normalmente é igual
ao da dispersão de polímero. Esta fase normalmente é executada com o uso do
banho ou da sonda ultra-sons. Nesta etapa é comum a centrifugação para
separar os aglomerados de nanotubos de carbono da solução estável [55, 56,
60];
ii. Mistura dos nanotubos de carbono e do polímero em solução com o uso de
ultra-sons, do agitador magnético ou de misturador de rotação elevada [55,
56, 61];
iii. Formação do filme por evaporação de solvente controlada [55, 56].
Figura 2.16: Representação esquemática dos mecanismos de adsorção do SDS na
superfície dos CNTS: A) micelas cilíndricas, B) hemimicelar e C) aleatória. [32, 54]
A
B
C
Capítulo 2 – Estado da Arte
24
A deposição do compósito em solução para a posterior formação do
revestimento pode ser realizada por spin coating, por spray coating [62], por dip
coating ou por moldação. [63, 64] A figura 2.17 apresenta as distintas técnicas
referidas
A técnica spin coating consiste na deposição de pequenas quantidades de
material em solução no centro do substrato em movimento. O material reveste o
substrato por força centrífuga e simultaneamente ocorre a formação do revestimento
por evaporação. A técnica spray coating é semelhante à anterior deferindo na forma
de deposição do material. O método dip coating consiste em mergulhar o substrato no
material compósito em solução e o revestimento forma-se após a retirada do
substrato por evaporação. A moldação consiste no vazamento do material num molde.
Vários estudos têm sido realizados para processar revestimentos reforçados
com nanotubos de carbono. Um desses estudos apresenta favoráveis resultados na
produção de revestimentos por moldação e posteriormente nas propriedades
elétricas. Resumidamente o procedimento experimental consistiu na dispersão de
MWCNTs em solução aquosa de SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 através da
sonda de ultra-sons. Posteriormente a dispersão aquosa de SDS/CNT foi centrifugada a
3500 rpm durante 30 minutos para separar os CNTs aglomerados da dispersão estável.
Por fim são misturados os CNTs desaglomerados e a dispersão aquosa de polímero,
ambos em solução [60].
Figura 2.17: Técnicas de processamentos dos compósitos em solução: A) spin coating, B) spray
coating, C) dip coating e D) moldação. [65]
A B C D
Capítulo 2 – Estado da Arte
25
2.3.3. Propriedades
Propriedades Mecânicas
As excelentes propriedades mecânicas dos nanotubos de carbono sugerem que
a sua incorporação em matrizes poliméricas, em quantidades reduzidas, dê origem a
compósitos com propriedades superiores à matriz de origem. Alguns autores têm
comprovado que a fraca adesão entre os nanotubos de carbono e a matriz limita a
transferência das excelentes propriedades mecânicas dos CNTs para o compósito,
sendo assim essenciais uma boa interface e uma boa dispersão para obter compósitos
poliméricos com boas propriedades mecânicas. [55, 59, 61]
Estudo realizado em compósitos de PUD/MWCNTs demonstraram uma
sucessiva melhoria do Módulo de elasticidade e da resistência à tração em 46% e 5%,
respetivamente, com o aumento da concentração de nanotubos. No entanto, a
percentagem de deformação diminui com o aumento da percentagem de nanotubos.
[66]
Propriedades Elétricas
Quando determinada concentração de carga condutora, como os nanotubos de
carbono, é introduzida em uma matriz polimérica, verifica-se uma melhoria da
condutividade elétrica do material isolante. O mecanismo de condução de eletricidade
no compósito polimérico é explicado pela teoria da percolação. Segundo a teoria da
percolação a condutividade elétrica de um compósito depende da concentração de
CNTs e da condutividade elétrica do material condutor como se verifica na equação
2.1. [67]
(2.1)
Sendo,
σ : condutividade do compósito
σ0 : constante de proporcionalidade
ø : concentração do material condutor
ø0 : concentração do limiar de percolação
t : expoente crítico
Capítulo 2 – Estado da Arte
26
A concentração crítica de CNTs é designada como o limiar de percolação onde a
condutividade elétrica do compósito aumenta significativamente várias ordens de
grandeza devido à formação da rede de nanotubos em que a corrente elétrica pode
fluir na matriz. [26, 67]
Para concentrações de CNTs inferiores à crítica, não há ligação entre os
nanotubos e as propriedades elétricas do compósito são dominadas pela matriz. Para
concentrações superiores ao limiar de percolação, existem múltiplas redes na matriz
fazendo com que a condutividade do compósito apresente um patamar de saturação.
[26, 67] Este comportamento é representado graficamente na figura 2.18.
O uso de nanotubos de carbono permite obter compósitos com baixo limiar de
percolação devido à elevada razão de aspeto e à excelente condutividade elétrica. [55]
A concentração de percolação dos nanocompósitos pode variar entre 0,2 % e 5
% em massa. A grande discrepância pode estar relacionada com as características dos
CNTs como o tipo e a razão de aspeto, e com os métodos de processamento do
compósito que determinam a distribuição e a dispersão dos CNTs na matriz. [55, 69]
Tipicamente a condutividade elétrica dos nanocompósitos, acima do limiar de
percolação, varia entre 10-5 e 10-3 S/cm. [26]
Compósitos condutores de eletricidade com condutividade volúmica superior a
10-10 S/cm são considerados um importante grupo de materiais relativamente baratos
Figura 2.18: Esquema do fenómeno de percolação [26].
Limiar de percolação
Cargas condutoras
Concentração de cargas condutoras
Co
nd
uti
vid
ade
elét
rica
Capítulo 2 – Estado da Arte
27
para inúmeras aplicações de engenharia. [26] Na figura 2.19 são apresentadas as
características elétricas dos materiais em função da condutividade elétrica.
Estudos têm apresentado sucesso na melhoria da condutividade elétrica de
revestimentos com a adição de concentrações relativamente baixas de nanotubos de
carbono. Isto deve-se à elevada razão de aspeto dos CNTs que promove o contacto
entre os nanotubos desaglomerados e à matriz polimérica em forma de partículas que
promove a formação da rede de CNTs após a evaporação pois os nanotubos são
forçados a ocupar os espaços entre as partículas. [70] A figura 2.20 apresenta um
esquema da formação de compósitos eletricamente condutores.
Figura 2.20: Representação esquemática da formação da rede de CNTs na dispersão aquosa de
polímero. A) Mistura dos CNTs na dispersão aquosa de polímero, B) Organização das partículas
de polímero e dos CNTs ao longo da evaporação e C) Revestimento com CNTs após a
evaporação da água. [67]
Nanotubos de carbono Partículas de polímero
A B C
Co
nd
uti
vid
ade
elét
rica
(S/
cm)
Revestimentos e adesivos condutores
Interface térmica e materiais de blindagem eletromagnética
Filme fino condutor e elétrodo elástico
Filmes e revestimentos antiestáticos
Materiais semicondutores
Material isolante
Figura 2.19: Aplicações de compósitos condutores dependendo da
condutividade elétrica. [26]
Capítulo 2 – Estado da Arte
28
Estudo recente apresenta o aumento da condutividade elétrica medida pelo
método das quatro pontas de revestimentos com MWCNTs obtidos a partir de
dispersões aquosas de polímero. A percentagem de CNTs foi variada até 10 % em
massa e a dispersão foi efetuada com ultra-sons em solução de SDS. Os resultados
obtidos indicaram um aumento da condutividade com o aumento do teor de
nanotubos, sendo para 10% a condutividade igual a aproximadamente 0,25 S/cm. [45]
A figura 2.21 apresenta o gráfico da condutividade elétrica em função da percentagem
de MWCNTs.
Outro estudo mostra a influência do teor de sólidos e do tamanho das
partículas da dispersão aquosa de polímero na condutividade elétrica do compósito. O
processamento do compósito foi efetuada em duas etapas, a dispersão de SWCNTs em
solução de Triton X-100 (agente tensioativo não iónico) e posteriormente a mistura
com a dispersão aquosa de polímero. Ambas as etapas foram realizadas com o auxílio
de ultra-sons. Foram estudadas duas dispersões de polímero com diferentes
características apresentadas na tabela da figura 2.22 e diferentes percentagens de
CNTs. [67] A figura 2.22 apresenta o gráfico da condutividade elétrica em função da
percentagem de CNTs para ambos os revestimentos.
Figura 2.21: Gráfico da condutividade elétrica em função da percentagem de MWCNTs. [45]
% MWCNTs em massa
Co
nd
uti
vid
ade
(10
-3 S
/cm
)
Capítulo 2 – Estado da Arte
29
Ambos os compósitos exibem uma melhoria significativa da condutividade,
indicando a formação de uma rede de CNTs. [67]
Outros autores apresentam melhoria das propriedades elétricas de
revestimentos com a adição de MWCNTs. A produção dos compósitos foi realizada em
duas etapas, a dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS com uma razão CNT:SDS
igual a 1:1,5 e de seguida a mistura dos CNTs com a dispersão aquosa de polímero,
ambas as etapas efetuadas com sonda de ultra-sons. Após medições de condutividade
elétrica pelo método das quatro pontas apuraram que o limiar de percolação é cerca
de 1,5 % em massa de MWCNTs e que a condutividade volúmica máxima conseguida
foi aproximadamente 1 S/m. [60] A figura 2.23 apresenta o gráfico da condutividade
elétrica em função da percentagem de MWCNTs em massa.
R 1 R 2
Teor de
sólidos
60%
em
massa
49,5%
em
massa
Tamanho
das
partículas
190
nm
270
nm
Figura 2.22: Gráfico da condutividade em função da percentagem de CNTs para diferentes
dispersões de polímero. [67]
% CNTs em massa
Co
nd
uti
vid
ade
(S/c
m)
Capítulo 2 – Estado da Arte
30
Figura 2.23: Gráfico da percentagem de CNTs em função da percentagem
em massa de CNTs. [60]
% MWCNTs em massa
Co
nd
uti
vid
ade
(Lo
g (S
/m))
PROCEDIMENTO
EXPERIMENTAL 3.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
33
3.1. MATERIAIS
Os nanotubos de carbono usados no estudo foram os NC 7000 da Nanocyl
(Anexo 1). Na tabela 3.1 são apresentadas as suas características.
Também foram utilizados nanotubos de carbono funcionalizados quimicamente
usando a reação de cicloadição dipolar 1,3 em duas condições diferentes,
nomeadamente a 230 ⁰C durante 5horas (F 230) e a 180 ⁰C durante 4 horas (F 180)
[71]. O agente tensoativo utilizado foi o Dodecil Sulfato de Sódio PA-ACS da Panreac
com 99 % de pureza. O polímero utilizado foi uma dispersão aquosa de poliuretano de
um componente (1K).
3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.2.1. Caracterização da Dispersão Aquosa de Poliuretano
A figura 3.1 apresenta as propriedades avaliadas da dispersão aquosa de
poliuretano.
Tabela 3. 1: Características dos MWCNT usados.
Método de obtenção Tipo de CNT Pureza Diâmetro Comprimento
CVD MWCNT 90 % 7-10 nm 1,5 µm
Figura 3. 1: Representação esquemática dos objetivos da caracterização da PUD.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
34
A percentagem de sólidos foi determinada pela perda de massa da PUD com a
formação do revestimento. Para tal foram preparadas três amostras da PUD e medidas
as suas massas iniciais e após 24 horas de evaporação à temperatura ambiente. Por
fim, as amostras foram colocadas numa estufa a 60 °C durante 5 horas para garantir a
ausência de água no poliuretano. Durante esse período foram medidas as massas até
estas estabilizarem.
O pH foi medido usando papel indicador de pH. A medição consistiu na imersão
de uma porção de papel na dispersão e comparação da cor resultante com as cores
padrão da escala de pH. Este procedimento foi repetido três vezes.
3.2.2. Mecanismo de Produção do Revestimento
Num molde previamente preparado foi vertida uma porção da PUD e
posteriormente distribuída e uniformizada com o auxílio de uma vareta. A formação do
revestimento ocorreu por evaporação da água à temperatura ambiente durante 24
horas. Posteriormente o molde com o revestimento foi colocado numa estufa a 60 °C
durante 5 horas para extrair a água na totalidade e finalizar a cura do polímero.
O molde consistiu numa placa de vidro como substrato e tiras de fita-cola
sobrepostas com uma espessura igual a 0,7 mm. A distância entre as fitas colocadas no
substrato determinou a largura do revestimento e a espessura das fitas delimitou a
espessura do revestimento. A figura 3.2 apresenta os esquemas do molde e das etapas
do procedimento, respetivamente.
Fita-cola Placa de vidro
(substrato)
Vareta
A
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
35
O procedimento anterior foi repetido com outros substratos para avaliar a
adesão dos revestimentos nomeadamente teflon, poliimida e polietileno. Para tal, as
placas de vidro foram revestidas com folhas dos materiais mencionados. A figura 3.3
apresenta os substratos estudados.
Figura 3. 3: Substratos utilizados para a avaliação da adesão: A)
vidro, B) teflon, C) poliimida e D) polietileno.
Figura 3. 2: Representação esquemática A) do molde e B) das etapas do processamento: i
vazamento da PUD no substrato, ii espalhamento da PUD e iii PUD uniformizada.
B i ii iii
A
C
B
D
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
36
3.2.3. Estudo do Efeito dos Métodos de Dispersão Mecânicos na Dispersão
de Nanotubos de Carbono
Nesta etapa foram utilizados diferentes equipamentos para promover a
dispersão de CNTs puros na PUD. Foram avaliados CNTs em duas condições, CNTs
puros sem tratamento e CNTs funcionalizados não covalentemente com SDS. As
amostras estudadas consistiram em 0,1 % em massa de CNTs relativamente à massa
de poliuretano existente na PUD e solução aquosa de SDS com uma concentração igual
a 2,8 mg/ml. Os equipamentos utilizados e as respetivas condições estudadas foram os
seguintes:
Misturador mecânico de rotação
o Velocidades estudadas: 300 rpm e 600 rpm;
o Tempos de mistura: 15, 30, 45 e 60 minutos.
Banho de ultra-sons Crest CP230T Ultrasonic Cleaner com temporizador
o Potência estudada: 100 W;
o Tempos de mistura: 15, 30 e 45 minutos.
Figura 3. 4: Misturador
mecânico de rotação.
Figura 3. 5: Banho de
Ultra-sons.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
37
Sonda de Ultrasons de alta energia UP100H da Hielscher e ponta MS2 (2 mm de
diâmetro)
o Potência estudada: 10 W;
o Tempos de mistura: 15, 30, 45 e 60 minutos.
No misturador mecânico foi utilizado o sistema de arrefecimento por água para
evitar o aquecimento da mistura por atrito entre a pá e a parede do misturador. Na
sonda de ultra-sons foi usado um banho de gelo para evitar o aquecimento da mistura.
Este processo tem como objetivo evitar a formação do revestimento durante a
dispersão dos CNTs devido ao aumento da temperatura e evaporação da água.
Após a preparação das dispersões de PUD/CNT com e sem SDS nas condições
indicadas, foi avaliada a estabilidade das mesmas após 1 hora e 24 horas de repouso.
Os respetivos revestimentos foram analisados por microscopia ótica.
3.2.4. Estudo da Dispersão de Nanotubos de Carbono em Solução Aquosa
de SDS
O estudo consistiu na determinação das condições ótimas para dispersar CNTs
puros e funcionalizados em solução aquosa de SDS. Sendo assim foram estudados os
seguintes parâmetros:
Métodos de dispersão mecânicos;
Tempo de dispersão;
Concentração de SDS.
Figura 3. 6: Sonda de Ultra-
sons.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
38
Para o primeiro parâmetro indicado foram preparadas dispersões aquosas de
SDS/CNT de 7 ml com 1mg/ml de nanotubos e 2,8 mg/ml de SDS. Para o banho e a
sonda de ultra-sons, as misturas foram sujeitas a tempos de dispersão distintos, 5, 15,
30 e 45 minutos. O procedimento foi repetido duas vezes para ambos os ultra-sons.
O segundo e o terceiro parâmetro foram estudados em simultâneo após a
selecção do método de dispersão mecânico mais eficaz.
Para avaliar o efeito da concentração de SDS foram preparadas cinco soluções
aquosas de SDS de 50 ml com concentrações iguais a 0,5 mg/ml, 1 mg/ml, 1,5 mg/ml,
2,5 mg/ml e 3,5 mg/ml. Esta etapa consistiu na pesagem de SDS correspondente a
cada concentração, na medição de 50 mL de água destilada através de um balão
volumétrico de 50 mL e a dissolução do SDS na água destilada com o auxílio do banho
de ultra-sons.
Para cada concentração foram experimentados quatro tempos de dispersão,
nomeadamente 5, 15, 30 e 45 minutos.
Para cada condição efetuou-se a pesagem de CNTs correspondente a uma
concentração igual a 1 mg/ml. Para os CNTs funcionalizados, antes da pesagem foram
efetuadas correções das massas. Estas consistiram na realização da análise
termogravimétrica (TGA) para determinar a percentagem de funcionalização, em
massa, e posteriormente o cálculo da massa necessária de CNTs funcionalizados para
obter a porção de CNTs desejada.
Após a preparação das dispersões aquosas de SDS/CNT para as diferentes
condições estas foram submetidas à sonda de ultra-sons. Posteriormente as amostras
foram centrifugadas a 8000 rpm durante 30 minutos para promover a deposição dos
aglomerados presentes na solução. Com uma pipeta automática foi retirado um 1 ml
da solução estável (sem aglomerados de grande dimensão) e posteriormente diluída
com um fator de 1:100. As dispersões foram analisadas por espectroscopia de UV-
visível.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
39
Para três das condições estudadas, retirou-se mais 1 ml para determinar a
concentração de CNTs puros e funcionalizados após a centrifugação para posterior
aplicação da Lei de Lambert-Beer. O procedimento consistiu na colocação das
amostras em frascos para posteriormente evaporar a água com o auxílio de uma placa
de aquecimento a 100 °C e de uma estufa de vácuo a 100 °C para extrair na totalidade
a água. A medição das massas efectuou-se por análise termogravimétrica através da
determinação do resíduo de CNTs após o ensaio.
A tabela 3.2 apresenta as condições estudadas referidas anteriormente.
Tabela 3. 2: Condições do estudo da dispersão de CNTs em solução aquosa de SDS.
3.2.5. Processamento dos Revestimentos de Poliuretano com Nanotubos
de Carbono
O processamento dos compósitos consistiu nas seguintes etapas,
I. Dispersar os CNTs puros e funcionalizados em solução aquosa de SDS com o
auxílio da sonda de ultra-sons;
II. Evaporar a água da dispersão através de uma placa de aquecimento a 100 °C;
III. Misturar a dispersão aquosa de poliuretano e os CNTs com a sonda de ultra-
sons.
Tipo de
CNTs
Tempos de dispersão
(min)
Concentrações de SDS
(mg/ml)
Técnica de
caracterização
Puro 4, 15, 30 e 45 0,5, 1, 1,5, 2,5 e 3,5 UV-visível
F 230 4, 15, 30 e 45 1, 1,5 e 2,5 UV-visível
F 180 4, 15, 30 e 45 1, 1,5 e 2,5 UV-visível
Puro 45 1,5 TGA
F 230 15 1,5 TGA
F 180 45 1,5 TGA
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
40
A concentração de CNTs em massa foi variada para os três tipos de nanotubos,
nomeadamente 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5%. Após a dispersão dos CNTs na PUD foram
obtidos os revestimentos pelo processo apresentado anteriormente na figura 3.2 e
caracterizados. A tabela 3.3 apresenta as condições de processamento e as técnicas de
caracterização usadas.
Tabela 3. 3: Condições de processamento e técnicas de caracterização dos compósitos.
Dispersão aquosa de SDS/CNT
Dispersão
aquosa de
PU/SDS/CNT
Revestimento
de
PU/SDS/CNT
Tipo
de
CNTs
% em
massa
de CNTs
Tempo
dispersão
(min)
Razão
CNT:SDS
Mecanismo
de
dispersão
mecânico
Mecanismo
de dispersão
mecânico
Técnicas de
caracterização
Puro 0,1 e 0,5 45 1:1,5 Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
MO
SEM
TGA
Condutividade
elétrica
Tração
F
230 0,1 e 0,5 45 1:1
Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
F
180 0,1 e 0,5 45 1:1,5
Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
Puro 1, 1,5 45 1:2,5 Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
F
230 1, 1,5 45 1:1,5
Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
F
180 1, 1,5 45 1:2,5
Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
Puro 1,5 45 1:3,5 Sonda de
Ultra-sons
Sonda de
Ultra-sons
Condutividade
elétrica
Puro 1,5 45 1:3,5 Sonda de
Ultra-sons
Misturador
Mecânico
Condutividade
elétrica
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
41
3.3. Técnicas de Caracterização Utilizadas
3.3.1. Análise Termogravimétrica (TGA)
A análise termogravimétrica (TGA do inglês Thermal Gravimetric Analysis) é
uma técnica que mede as variações da massa de uma amostra em função do tempo
e/ou temperatura. A massa da amostra é continuamente monitorizada à medida que
aumenta a temperatura a uma taxa constante, ou através de uma série de passos.
É usada para determinar as características de materiais que apresentam perda
ou ganho de massa devido à decomposição, à oxidação ou à perda de compostos
voláteis (como a humidade). Os resultados são apresentados com a temperatura no
eixo do X e a perda de massa em percentagem no eixo do Y. Para interpretações mais
aprofundadas é traçada a primeira derivada (dm/dt) para determinar os pontos de
inflexão.
O TGA tem sido muito utilizado para avaliar a estabilidade térmica de polímeros
e os seus nanocompósitos. Num determinado intervalo de temperaturas, se o material
for termicamente estável não ocorrerá variação da massa. O polímero decompõe-se a
partir de uma determinada temperatura, observando-se um ou mais passos de perda
de massa, dependendo do mecanismo de degradação térmica do polímero. [72]
Esta técnica também pode ser utilizada para estimar a pureza dos nanotubos de
carbono ou a presença de grupos funcionais ligados às suas paredes. Os CNTs têm,
geralmente, temperaturas de decomposição mais elevadas que o carbono amorfo e
que as moléculas adsorvidas ou ligadas covalentemente à sua superfície. [73]
Condições experimentais
Os ensaios foram efetuados no equipamento TA Q500 da TA instruments. As
amostras dos compósitos PU/SDS/CNT foram aquecidas de 40 a 600 °C, a uma
velocidade de 10°C/min sob um fluxo constante de azoto. As amostras dos nanotubos
de carbono com SDS foram aquecidas de 100 a 600 °C.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
42
3.3.2. Constante Dielétrica
A capacidade de um condensador de placas paralelas é diretamente
proporcional à parte real da constante dielétrica, ε’, e é descrita pela equação 3.1 [74],
(3.1)
onde A é a área do elétrodo, d a distância entre os elétrodos e ε0 a constante dielétrica
do vácuo com valor igual a 8,85x10-12 F/m.
A constante dielétrica, ε, é uma grandeza complexa que depende da frequência
(ω) e escreve-se do seguinte modo [74],
(3.2)
onde ε” é a parte imaginária da constante dielétrica.
A parte real é a constante dielétrica determinada através da equação 3.1 e
relaciona-se com a energia armazenada. A parte imaginária representa as perdas
energéticas do dielétrico à medida que os dipolos tentam seguir o campo. A constante
dielétrica imaginária obtém-se por meio do fator de perdas, tan δ, apresentada na
equação 3.3 [75],
(3.3)
A condutividade elétrica, σ, de um material em corrente alternada (AC) é dada
pela seguinte equação [75],
(3.4)
Condições Experimentais
Como a amostra é um revestimento, de alguns micrómetros de espessura e não
condutora, foi necessário depositar elétrodos para formar um condensador de placas
paralelas com o intuito de obter um elétrodo com uma área fixa e com boa aderência
ao compósito. Os elétrodos de 5 mm de diâmetro foram depositados manualmente
com laca de prata com o uso de um molde metálico. As amostras foram medidas com
o equipamento QuadTech 1920 Precision LRC Meter. As frequências variaram entre 20
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
43
Hz e 1 MHz à temperatura e pressão ambiente. Na realização das medidas a voltagem
aplicada foi de 1 V.
3.3.3. Espectroscopia de UV-visível
Espectroscopia de UV-visível é utilizada para obter o espetro de absorção de
compostos orgânicos e inorgânicos. A região ultravioleta do espetro é geralmente
considerada na faixa de 200 a 400 nm, e a região do visível entre 400 e 800 nm. A
absorção da radiação ultravioleta ou visível excita os eletrões da molécula, dando
origem às chamadas transições eletrónicas. Nesas transições, os eletrões de valência
são promovidos do seu estado fundamental para estados de energia mais alta (estado
excitado). O pico de absorção pode ser correlacionado com o tipo de ligação que existe
na espécie estudada.
A Lei de Lambert-Beer é o princípio da espectroscopia de absorção que permite
de um modo quantitativo determinar a concentração de substâncias em solução que
absorvem radiação. A absorvância, A, da solução a analisar é diretamente proporcional
ao caminho percorrido pelo feixe de luz, l (largura da célula que contém a solução, em
cm), à absortividade mássica ou molar, α ou ε, respetivamente, e à concentração
mássica ou molar da molécula, c, como a equação 3.5 apresenta [76],
(3.5)
Condições experimentais
As análises foram efetuadas num espectrofotómetro UV-240 1 PC, da
Shimadzu. Foram utilizadas células retangulares de quartzo de um 1 cm do percurso
ótico. A análise foi realizada de 600 a 200 nm.
As dispersões aquosas de SDS/CNT foram diluídas com um fator de 1:100 para
que absorvância máxima obtida fosse inferior a 1, pois é uma das condições da
aplicabilidade da Lei de Lambert-Beer para o posterior cálculo da concentração
(condição em que a relação entre A e c é linear).
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
44
Inicialmente foram colocadas as duas células no espectrofotómetro com
solução aquosa de SDS para obter uma linha de base. Posteriormente a solução de
uma das células foi substituída pela dispersão aquosa de SDS/CNT para obter o
espectro de absorvância.
3.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR)
A espectroscopia de infravermelho (FTIR do inglês Fourier Transform Infrared
Spectroscopy), tem por base os movimentos relativos dos átomos numa molécula, isto
é, as suas vibrações. Assim, esta espectroscopia deteta a radiação que é absorvida
pelas ligações químicas moleculares, ou seja, pelos diferentes modos vibracionais
dessas ligações. [77]
Um espetro de infravermelho consiste no conjunto de picos de absorção que
correspondem às ligações dos átomos que constituem o material. Dificilmente dois
compostos diferentes produzem exactamente o mesmo espectro de IV, pois cada
composto é uma combinação única de átomos. [77]
A espectroscopia de infravermelho pode ser utilizada na caracterização de
polímeros pois o espectro fornece diretamente informações sobre a sua composição
química, sendo cada espectro característico de cada polímero. [77]
O avanço da espectroscopia de infravermelho como técnica de análise
quantitativa está associado à aplicação da Transformada de Fourier: através do cálculo
da Transformada de Fourier, a informação de um interferograma é descodificada,
como se pode observar na figura 3.7, originando o espetro de IV. [77]
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
45
Condições experimentais
A análise foi realizada num espectrómetro de infravermelho FT-IR 4100 da Jasco
Analytical instruments.
Os espetros de infravermelho foram obtidos para os filmes de poliuretano. Os
espectros foram adquiridos entre 600 e 4000 cm-1, utilizando refletância total
atenuada (ATR do inglês Attenuated total reflectance).
3.3.5. Ensaio de Tração
O ensaio de tração é amplamente utilizado para avaliar a resistência mecânica
dos materiais. O ensaio consiste na aplicação de uma deformação a velocidade
constante, sobre uma amostra (provete), medindo a força necessária para deformar o
provete até à rotura.
A partir do ensaio, o valor de tensão (σ) é calculado dividindo a força (F)
aplicada na direcção axial pela área de secção transversal da amostra (A), que é
medida antes da execução do ensaio, como expressa a equação 3.6 [68]. As unidades
da tensão são N/m2, igual ao Pa, ou N/mm2, igual ao MPa.
(3.6)
Figura 3. 7: Espetro de Infravermelho antes e depois da aplicação da
transformada de Fourier. [78]
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
46
Os valores da deformação (ε), que é adimensional, são calculados utilizando a equação
3.7 [68], onde l é o comprimento da amostra instantâneo e l0 é o comprimento inicial.
(3.7)
A curva tensão-deformação fornece dados quantitativos sobre características
mecânicas em tração dos materiais, como a tensão de cedência, tensão de rotura e
módulo de elasticidade. O módulo de Young (E), normalmente expresso em Pascal,
pode ser calculado pela Lei de Hooke expressa pela equação 3.8, e corresponde à
tangente na origem da curva tensão-deformação. [68] A tensão de cedência
corresponde à tensão à qual o material se deforma plasticamente. Pelo tipo de curva
obtida também é possível concluir se é um material dúctil ou frágil.
(3.8)
Condições experimentais
O ensaio foi realizado na máquina universal de ensaios mecânicos Zwick/Roell
Z005. A velocidade do ensaio foi 50 mm/min.
As amostras testadas foram filmes retangulares com 10 mm de largura e 30
mm de comprimento. As espessuras variaram entre 0,04 e 0,07 mm. Para que os filmes
não escorregassem das garras ao longo do ensaio e para facilitar a colocação da
amostra entre as garras sem as danificar, estes foram colocados em molduras de
papel. A figura 3.8 esquematiza a moldura com o filme.
A preparação da amostra consiste na colagem das extremidades do
revestimento entre duas molduras de papel. A marca de posicionamento facilita a
colocação do revestimento no centro da moldura. Após a colocação da amostra entre
as garras e antes de iniciar o ensaio a moldura é cortada nas marcas de corte.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
47
3.3.6. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM)
O SEM (do inglês Scanning Electron Microscope) é um dos mais versáteis
instrumentos para a observação e análise das características microestruturais de
materiais sólidos. Esta técnica pode estar associada à técnica de espectroscopia
dispersiva de Raios-X (EDS), que permite uma análise semi-quantitativa dos elementos
químicos na superfície dos materiais. A conjugação das técnicas SEM/EDS permite
obter imagens tridimensionais da amostra, e mapas de composição dos elementos à
superfície da amostra
O princípio de funcionamento baseia-se na incidência de um feixe de electrões
na superfície da amostra. Da interação do feixe eletrónico com a amostra resulta a
emissão de diversos tipos de radiação e electrões, entre os quais os electrões
secundários (ES) utilizados na formulação da imagem da amostra. Os electrões
retrodifundidos (ER) permitem a distinção, na amostra, de regiões de átomos leves e
pesados.
Para as amostras poderem ser caracterizadas por SEM têm de apresentar boa
condutividade elétrica superficial. A não existência de condutividade superficial leva à
necessidade de deposição de filmes finos metálicos.
Esta técnica é muito utilizada para avaliar a microestrutura dos
nanocompósitos poliméricos e a interface dos nanotubos de carbono com a matriz.
Moldura de papel
Revestimento
Marca de corte
Marca de posicionamento
da amostra
20 mm
10 mm
30 mm
20 mm
Figura 3. 8: Representação esquemática da moldura de papel com
o filme para tração.
Capítulo 3 – Procedimento Experimental
48
Condições experimentais
O equipamento utilizado foi o NanoSEM - FEI Nova 200 (FEG/SEM) do SEMAT.
Análise dos revestimentos de PU/CNT puros e funcionalizados,
A preparação das amostras consistiu na imersão dos revestimentos em azoto
líquido e de seguida a fratura frágil dos mesmos. Após a colocação das amostras nos
suportes para SEM foram depositados filmes finos de ouro por sputtering.
Análise dos CNTs, puros e funcionalizados, com e sem SDS
A preparação consistiu na imersão de grelhas de cobre revestidas com carbono nas
diferentes dispersões aquosas de CNTs e posterior evaporação da água com
aproximação das grelhas a uma placa de aquecimento. Estas grelhas são as
normalmente usadas na análise por microscopia eletrónica de transmissão.
3.3.7. Microscopia Ótica
A microscopia ótica é uma técnica muito utilizada para avaliar o grau de
aglomeração de nanotubos de carbono e a distribuição dos mesmos na matriz
polimérica.
Condições experimentais
A análise dos revestimentos de PU/SDS/CNT foi efetuada por um microscópio
ótico de transmissão Olympus. Utilizando a máquina digital Leica e o software Leica
Application Suite foram obtidas as imagens dos mesmos. Foi utlizada a ocular de 2,5
vezes e as objetivas de 10 e 20 vezes.
As amostras para microscopia consistiram em lamelas de vidro revestidas com
o compósito. A preparação consistiu no espalhamento das diferentes dispersões
aquosas de PU/SDS/CNT nas lamelas, com espessura controlada, e posterior formação
do revestimento por evaporação da água à temperatura ambiente.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO 4.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
51
4.1. Caracterização da Dispersão Aquosa de Poliuretano
Na tabela 4.1 são apresentadas as massas das amostras da dispersão aquosa de
poliuretano e as respetivas percentagens do poliuretano presentes na PUD estudada.
Tabela 4. 1: Massa dos constituintes da PUD.
Massa ± 0,0001 (g) Teor de sólidos (%)
Amostra PUD PUD Água PU PU
1 0,3846 0,2450 0,1396 36,3
2 0,3937 0,2511 0,1426 36,2
3 0,3616 0,2296 0,1320 36,5
Como se pode verificar pela tabela 4.1, a dispersão aquosa de poliuretano
contém 36,3 ± 0,2 % de poliuretano. A percentagem de poliuretano obtida é baixa e
está na gama de percentagens de sólidos, 35%-40%, geralmente usada em PUDs para
revestimentos. A elevada quantidade de água explica a evaporação lenta e
consequentemente o elevado tempo necessário para a formação do filme. A espessura
do filme está diretamente relacionada com a percentagem de sólidos, logo os filmes
apresentarão uma espessura significativamente inferior à espessura inicial da PUD
devido à baixa percentagem de poliuretano.
O pH da dispersão aquosa de poliuretano estudada é igual a 8. O pH depende
diretamente do teor de aminas livres existentes na PUD, que geralmente reflete a
eficiência da extensão da cadeia. Segundo a literatura o pH ideal está entre 7-8 e
valores de pH superiores significa que estão presentes aminas por reagir na dispersão.
[10]
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
52
4.2. Caracterização do Revestimento de Poliuretano
4.2.1. Processamento do revestimento
Após a produção dos revestimentos nos diferentes substratos, pelo método
apresentado na figura 3.2, estes foram retirados cuidadosamente do substrato. Os
filmes apresentaram menor adesão ao teflon e ao polietileno, sendo assim possível
retirá-los sem danificar. A figura 4.1 apresenta os filmes obtidos com o uso do teflon e
do polietileno, respetivamente.
O substrato escolhido para o processamento dos compósitos foi o PE. O teflon
foi excluído devido à textura presente no filme da folha de teflon.
4.2.2. FTIR
A figura 4.2 apresenta a reação de poliadição entre o isocianato e o poliol e
estrutura química do poliuretano resultante.
Figura 4. 2: Reação de formação do poliuretano.
Figura 4. 1: Filmes obtidos com o uso do A) teflon e do
B) PE como substratos.
A B
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
53
A figura 4.3 apresenta o espetro de FTIR do filme de poliuretano com as suas
bandas de absorção características assinaladas.
Na tabela 4.2 estão identificadas as bandas típicas do poliuretano.
Banda Freq. (cm-1) Grupo
1 3330 Vibração de estiramento do N-H [79-85]
2 2920 Vibração de estiramento simétrico do C-H de grupos CH2 [80-81]
3 2850 Vibração de estiramento assimétrico do C-H de grupos de CH2
[80, 81]
4 1727 Vibração de estiramento do C=O [80-85]
5 1529 Vibração de flexão do N-H/estiramento C-N, da Amida II [80-82]
6 1462 Vibração de flexão do CH2 [80-82]
7 1381 Vibração de flexão do C-H de grupos CH3 [80, 81]
8-10 1237-1031 Vibração de estiramento do C-O-C [80, 81, 83]
Tabela 4. 2: Bandas de absorção de IV características do espetro de FTIR do PU.
Figura 4. 3: Espetro de FTIR filme de PU.
1
2
3
5
4
6
8
7
9
10
11
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
54
A reação de formação do poliuretano (figura 4.2) é confirmada pela ausência do grupo
NCO, a 2270-2265 cm-1, e pela presença do grupo NH a 3330 cm-1. [80, 84, 85] O facto
de o espetro de IV não apresentar a banda correspondente aos grupos NCO, do
isocianato, significa que estes reagiram todos com os grupos hidroxilo do poliol. A
elevada intensidade da banda a 1727 cm-1 deve-se à presença do grupo C=O nos
segmentos de uretano. O espetro mostra também que não existem aromáticos nos
grupos R e R’ do PU.
4.2.3. Análise Termogravimétrica (TGA)
A figura 4.4 apresenta a curva de TGA e a derivada da curva, obtidas para o
filme poliuretano.
Pela análise do gráfico verifica-se a primeira perda de massa de
aproximadamente 1% a 122 °C correspondente à água residual presente no filme. A
decomposição térmica do poliuretano é um processo complexo e heterogéneo e
consiste em várias reações de decomposição. A degradação térmica do PU é
caracterizada por um primeiro passo de degradação envolvendo uma pequena perda
de massa, de aproximadamente 7 %, a cerca de 260 °C, e por um passo de degradação
Figura 4. 4: Curva de TGA obtida para o filme de PU.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
55
extensa, constituído por dois processos consecutivos, o primeiro próximo de 300 °C e o
segundo a 353 °C, perdendo nestes dois processos cerca de 80 % da sua massa inicial.
4.2.4. Ensaio de Tração
A figura 4.5 apresenta uma curva tensão-deformação do filme de poliuretano.
A tabela 4.3 apresenta as principais características de tração do filme de
poliuretano. Os valores apresentados são obtidos a partir das curvas tensão-
deformação, e representam a média de cinco ensaios.
Tabela 4. 3: Propriedades mecânicas obtidas para o filme de PU.
Como se pode verificar pela curva obtida o filme apresenta um comportamento
dúctil. O módulo de elasticidade elevado e a baixa deformação de cedência significam
que o filme possui baixa elasticidade, ou seja, possui uma reduzida capacidade de
Módulo de
Young
(MPa)
Tensão de
cedência
(MPa)
Deformação de
cedência
(%)
Tensão de
rotura
(MPa)
Deformação de
rotura
(%)
344 ± 25 18,2 ± 0,4 6,9 ± 0,3 18,6 ± 0,6 215 ± 10
Figura 4. 5: Curva de tensão-deformação obtida para o filme de PU.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
56
deformação não permanente. A deformação à rotura dos filmes de poliuretano variam
muito, dependendo da composição, podendo atingir os 1000 % [14, 66], contudo a
deformação de rotura obtida neste estudo é relativamente elevada. A tensão de
cedência não é muito elevada.
4.3. Influência dos Métodos de Dispersão Mecânicos na Dispersão de
Nanotubos de Carbono
4.3.1. Misturador Mecânico de Rotação
A figura 4.6 mostra a evolução da dispersão dos CNTs puros na PUD com o
tempo de dispersão a 600 rpm.
Com o aumento do tempo de mistura verifica-se o aumento da dispersão dos
CNTs na PUD. No entanto, como se pode observar na imagem correspondente a 60
minutos, a dispersão final não é homogénea e consequentemente o grau de
aglomeração dos CNTs é ainda elevado. Ao resultado obtido estão associadas as
elevadas forças de Van der Waals entre os CNTs superiores à energia fornecida pelo
misturador mecânico pois permaneceram aglomerados após o processo de mistura e
devido às características hidrofóbicas dos CNTs.
A figura 4.7 apresenta a influência do SDS na dispersão dos CNTs puros na PUD
para diferentes tempos e velocidades de dispersão.
Figura 4. 6: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do tempo com velocidade igual a
600 rpm no misturador mecânico de rotação.
Tempo (minutos)
0 30 15 45 60
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
57
Antes da mistura da PUD com os CNTs, estes foram dispersos em solução
aquosa de SDS durante 45 minutos com o misturador mecânico. Como se pode
verificar pelas imagens correspondentes a 0 minutos para ambas as velocidades, a
dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS apresenta melhores resultados para a
velocidade igual a 600 rpm. Verifica-se uma melhoria da dispersão com o aumento da
velocidade. Em relação ao tempo de dispersão, pelas imagens correspondentes a 30 e
60 minutos, para ambas as velocidades, não se verificam alterações significativas na
homogeneidade da dispersão. Com a análise da figura 4.7, é possível concluir que o
uso do SDS promove claramente a dispersão dos CNTs em meio aquoso.
Na figura 4.8 é ilustrada a estabilidade das dispersões aquosas de
PUD/SDS/CNT após 1 e 24 horas de repouso. Como se pode verificar nas imagens
apresentadas a estabilidade diminui ao longo do tempo ocorrendo a deposição dos
CNTs e a separação da solução aquosa de SDS da PUD. A estabilidade é inferior para a
velocidade mais baixa devido à inferior dispersão e desaglomeração dos CNTs e
consequentemente à reduzida adsorção do SDS na superfície dos CNTs que permite a
reaglomeração dos CNTs.
Figura 4. 7: Influência do SDS na dispersão de CNTs na PUD com o misturador
mecânico de rotação.
Vel
oci
dad
e (r
pm
)
30
0 60
0
Tempo (minutos)
0 30 15 60
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
58
4.3.2. Banho de Ultra-sons
A figura 4.9 apresenta a evolução da dispersão dos CNTs puros na PUD ao longo
do tempo.
Com o aumento do tempo de ultra-sons, aumenta a dispersão e a distribuição
dos CNTs na PUD, mas não o suficiente para obter uma dispersão homogénea, como se
Tempo (minutos)
0 30 15 45
Figura 4. 9: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do
tempo, no banho de ultra-sons.
Figura 4. 8: Estabilidade das dispersões de PU/SDS/CNT
para diferentes velocidades.
Vel
oci
dad
e (r
pm
)
30
0 60
0
Tempo de repouso (horas)
0 24
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
59
pode observar na imagem correspondente a 45 minutos. A figura 4.10 exibe a
presença de aglomerados de grande dimensão na dispersão durante 45 minutos.
A dispersão foi finalizada a 45 minutos devido à formação do filme ao longo do
tempo, figura 4.11. Este fenómeno deve-se ao aumento da temperatura da dispersão
derivado da energia fornecida pelo ultra-sons e consequentemente à evaporação da
água da PUD.
A figura 4.12 apresenta a influência do SDS na dispersão dos CNTs puros na
PUD com o auxílio do banho de ultra-sons.
Figura 4. 11: Revestimento formado durante a
dispersão no banho de ultra-sons.
Figura 4. 10: Presença de aglomerados ao fim
de 45 minutos de banho de ultra-sons.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
60
Após a dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS durante 30 minutos com
o auxílio do banho de ultra-sons, foi introduzida a PUD e misturada durante 15
minutos. Como se pode verificar a dispersão aquosa de PUD/SDS/CNT ficou
homogénea evidenciando a eficácia do SDS. A estabilidade da dispersão foi verificada
após 24 horas de repouso não apresentado deposição de CNTs, figura 4.13.
Tempo de repouso (horas)
0 24
Figura 4. 13: Estabilidade das dispersões de
PU/SDS/CNT.
Figura 4. 12: Influência do SDS na dispersão de CNTs
na PUD com o banho de ultra-sons.
Tempo (minutos)
0 15
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
61
4.3.3. Sonda de Ultra-sons
A figura 4.14 apresenta a evolução da dispersão dos CNTs puros na PUD ao
longo do tempo.
Como se pode observar nas imagens apresentadas o grau de dispersão
aumenta com o aumento da energia fornecida pela sonda de ultra-sons. Verifica-se
uma melhoria significativa da desaglomeração para 45 minutos de mistura e para 60
minutos a dispersão aquosa de PUD/CNT apresenta uma uniformidade significativa.
A dispersão dos CNTs na PUD com a sonda de ultra-sons foi efetuada num
banho de gelo para evitar a formação do filme com o aumento da temperatura. A
figura 4.15 apresenta a ponta da sonda de ultra-sons com filme formado após 45
minutos de mistura sem o uso do banho de gelo.
Tempo (minutos)
0 15 30 45 60
Figura 4. 14: Evolução da dispersão de CNTs na PUD ao longo do tempo,
na sonda de ultra-sons.
Figura 4. 15: Revestimento formado durante
a dispersão na sonda de ultra-sons
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
62
A figura 4.16 apresenta a influência do SDS na dispersão dos CNTs puros na
PUD.
Após a dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS durante 30 minutos com
o auxílio da sonda de ultra-sons, foi introduzida a PUD e misturada durante 15
minutos. Como se pode verificar a dispersão aquosa de PUD/SDS/CNT ocorreu com
eficácia ficando uniforme. A dispersão dos CNTs na solução aquosa de SDS foi eficiente
como se pode observar na imagem correspondente a 0 minutos e indispensável para
promover a dispersão dos CNTs na PUD em 15 minutos. A estabilidade da dispersão foi
verificada após 24 horas de repouso não apresentado deposição de CNTs.
Em geral, as dispersões mais eficientes foram obtidas para as misturas
realizadas em ambos os equipamentos de ultra-sons, com e sem SDS pois a energia
fornecida pelos ultra-sons é muito superior à do misturador mecânico e a necessária
para quebrar as fortes ligações de Van der Waals e consequentemente promover a
desaglomeração dos CNTs. Verifica-se que o SDS influencia positivamente a dispersão
dos CNTs em meio aquoso usando qualquer tipo de equipamento.
Tempo (minutos)
0 15
Figura 4. 16: Influência do SDS na dispersão de CNTs na
PUD com a sonda de ultra-sons.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
63
4.3.4. Microscopia Ótica
A figura 4.17 apresenta as imagens de microscopia ótica dos filmes compósitos
obtidos pelo misturador mecânico.
Como se pode verificar pelas imagens A e B, o tamanho dos aglomerados
diminui significativamente com o aumento da velocidade de rotação. Para ambas as
velocidades, observa-se a eficiência do SDS na dispersão dos CNTs em meio aquoso. A
melhor condição conseguida pelo misturador mecânico corresponde ao filme obtido
após 45 minutos de dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS e posteriormente a
mistura com a PUD durante 60 minutos.
A figura 4.18 apresenta a imagem de microscopia ótica do revestimento de
PU/SDS/CNT obtido pelo banho de ultrasons.
Figura 4. 17: Imagens de microscopia ótica: A) sem SDS, 300 rpm, 1 h; B) com SDS, 300 rpm, 1h; C)
sem SDS, 600 rpm, 1 h; D) com SDS, 600 rpm, 1 h
A B
C D
50 µm
50 µm 50 µm
50 µm
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
64
A imagem de microscopia demonstra que a dispersão dos CNTs é homogénea
estando ausentes aglomerados de grande dimensão. Mais uma vez o efeito positivo do
SDS é observado. Devido à má dispersão dos CNTs na PUD sem o uso do SDS, não foi
processado o respetivo revestimento.
A figura 4.19 apresenta as imagens de microscopia ótica dos filmes de PU/CNT
com e sem SDS obtidos pela sonda de ultrasons.
Verifica-se que a desaglomeração dos CNTs é inferior no filme sem SDS,
apresentando aglomerados com dimensões superiores a 50 µm. O filme com SDS é
uniforme e não apresenta aglomerados, devido ao uso do SDS.
Figura 4. 18: Imagem de microscopia ótica do revestimento de
PU/SDS/CNT obtido pelo banho de ultra-sons.
Figura 4. 19: Imagens de microscopia ótica: A) sem SDS, 1 h; B) com SDS, 15 min.
A B
50 µm 50 µm
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
65
Dos equipamentos estudados, a sonda de ultra-sons é o que apresenta os
melhores resultados, sendo o revestimento obtido o mais homogéneo.
4.4. Estudo da Dispersão de Nanotubos de Carbono em Solução Aquosa
de SDS
4.4.1. Método de Dispersão Mecânico
O estudo anterior permitiu concluir que, para promover a desaglomeração e a
separação dos CNTs em tubos individuais é necessário utilizar os ultra-sons porque o
misturador mecânico não fornece energia suficiente para superar a energia de ligação
de Van der Waals entre os CNTs. Após a dispersão dos CNTs em solução aquosa de SDS
com a sonda e o banho de ultra-sons, as suspensões foram caracterizadas por
espectroscopia de UV-visível.
O uso da espectroscopia de UV-visível permite avaliar o grau de dispersão de
CNTs em solução aquosa de SDS. É possível estabelecer uma relação entre a
quantidade de CNTs individualmente dispersos com a intensidade de absorção, ou seja
quanto maior o valor de absorção, a um comprimento de onda associado aos CNTs,
maior é a quantidade de CNTs individuais na solução.
A figura 4.20 apresenta os espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos
CNTs em solução aquosa de SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes
tempos de dispersão. As dispersões foram efetuadas com o banho de ultra-sons, e o
procedimento foi repetido para avaliar a reprodutibilidade do processo.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
66
Os espetros apresentados correspondem às dispersões de CNTs efetuadas em
condições iguais. Para ambos os espetros, o pico de absorvância a 260 nm
correspondente a 5 minutos de dispersão, é aproximadamente 0,1. Os outros tempos
de dispersão apresentam valores de absorvância diferentes para os dois ensaios. No
gráfico A, a absorção máxima corresponde à dispersão de 30 minutos e no gráfico B
corresponde à dispersão de 45 minutos. O valor de absorção obtido para 45 minutos
apresentado no gráfico A é semelhante à dispersão de 5 minutos e muito inferior ao
Figura 4. 20: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução aquosa
de SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes tempos de dispersão no banho
de ultra-sons. A e B são os resultados dos dois ensaios.
B
A
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
67
valor obtido no gráfico B. A figura 4.21 expõe as imagens correspondentes às
dispersões de 45 minutos para ambos os ensaios.
Como se pode verificar as dispersões obtidas para a mesma condição
apresentam um grau de desaglomeração dos CNTs muito distinto, daí a discrepância
no valor da absorção.
Os resultados obtidos podem estar relacionados com o reduzido volume da
amostra relativamente à dimensão do banho de ultra-sons, figura 4.22.
O banho de ultra-sons possui uma potência igual a 100 W que é distribuída
aleatoriamente pela água presente no banho, sendo a energia fornecida distribuída de
forma não uniforme pelo volume do banho. Como a amostra ocupa um reduzido
volume do banho, apenas recebe uma determinada quantidade de energia, muito
Figura 4. 22: Amostra de PUD no banho de ultra-sons.
Figura 4. 21: Imagens correspondentes às dispersões de 45 minutos com razão
CNT:SDS igual a 1:1,5. Imagem à A corresponde ao espetro A e B ao espetro B.
A B
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
68
inferior à energia total que o banho consegue fornecer. O facto da distribuição de
energia ser aleatória e variável de ponto para ponto justifica os diferentes resultados
obtidos para as dispersões com as mesmas condições.
Sendo assim, o banho de ultra-sons não é um equipamento adequado para
amostras com volumes muito inferiores ao do banho, pois os resultados obtidos não
são reprodutíveis.
A figura 4.23 apresenta os espectros de UV-visível obtidos para a dispersão dos
CNTs em solução aquosa de SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes
tempos de dispersão usando a sonda de ultra-sons. O procedimento foi repetido para
avaliar a reprodutibilidade do processo.
A
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
69
Como se pode observar, os espetros apresentam o mesmo comportamento,
isto é, a absortividade aumenta com o aumento do tempo de dispersão, sendo assim
um processo reprodutível. A diferença dos valores de absorção obtidos para as
mesmas condições pode estar associada ao erro experimental, desde o processo de
preparação das dispersões até à análise por espectroscopia de UV-visível, como por
exemplo a pesagem dos CNTs ou a diluição. É possível verificar que os valores de
absorção obtidos para a sonda de ultra-sons são superiores aos do banho, sendo a
potência da sonda, 10 W, inferior ao banho. Este fenómeno deve-se ao facto da sonda
atuar no interior da amostra, sendo toda a energia concentrada na ponta da sonda e
transmitida para a dispersão.
De acordo com os resultados apresentados é possível concluir que a sonda de
ultra-sons é o método de dispersão mais apropriado para avaliar a influência da
concentração de SDS e do tempo de mistura na dispersão de CNTs em solução aquosa
de SDS.
Figura 4. 23: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução
aquosa de SDS com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5 para diferentes tempos de
dispersão na sonda de ultra-sons. A e B são os dois resultados obtidos
B
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
70
4.4.2. Concentração de SDS e Tempo de Dispersão
A figura 4.24 apresenta os espetros correspondentes às dispersões de CNTs
puros em solução aquosa de SDS com diferentes tempos de dispersão e com
diferentes razões CNT:SDS, nomeadamente 1:0; 1:0,5, 1:1, 1:1,5, 1:2,5 e 1:3,5.
Figura 4. 24: Espetros de UV-visível obtidos para a dispersão dos CNTs em solução aquosa de
SDS para diferentes razões CNT:SDS mencionadas nos gráficos.
1:1,5 1:1
1:0,5 1:0
1:2,5 1:3,5
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
71
Os valores da absorvância máxima correspondente a 260 nm foram medidos e
encontram-se representados na figura 4.25, em função da energia fornecida pela
sonda de ultra-sons, para os CNTs puros. Sem e com SDS.
A energia fornecida foi calculada pela equação 4.1.
(4.1)
Onde P é a potência em watts, E é a energia em Joule e t é o tempo em segundos.
Na tabela 4.4 são apresentadas as energias correspondentes aos diferentes
tempos estudados, sendo a potência igual a 10 W.
Tabela 4. 4: Conversão do tempo em energia fornecida pelo ultra-som.
Tempo (s) 300 900 1800 2700
Energia (J) 3000 9000 18000 27000
Figura 4. 25: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de ultra-
sons para os CNTs puros sem e com SDS para diferentes concentrações de SDS.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
72
Analisando a figura 4.25 verifica-se que na ausência do SDS a absorvância é
praticamente nula independentemente da energia fornecida. No final das dispersões
sem SDS os CNTs encontravam-se dispersos e distribuídos na água mas devido às
fortes ligações Van der Waals e às características hidrofóbicas, estes têm tendência a
reaglomerar e posteriormente a depositar. A figura 4.26 apresenta as dispersões sem
SDS antes e depois da centrifugação, que demonstra o que foi mencionado
anteriormente.
Para a razão CNT:SDS igual 1:0,5 verifica-se um aumento da absorvância
relativamente à razão 1:0. A variação da absorvância ao longo do tempo é mínima, o
que significa que a concentração de SDS é baixa e não é suficiente para revestir e
separar os CNTs exfoliados pela sonda de ultra-sons. Após a centrifugação, os CNTs
que não estão totalmente revestidos pelas moléculas de SDS ou que não têm SDS
suficiente na sua superfície para contrariar as forças de Van der Waals, tendem a
reaglomerar.
Para concentrações de SDS iguais ou superiores a 1 mg/ml observa-se um
aumento significativo da absorvância com o aumento da energia fornecida à dispersão.
Ou seja, à medida que os aglomerados são exfoliados, as moléculas de SDS são
adsorvidas na superfície dos CNTs separando-os em tubos individuais. O aumento da
absorvância significa que há uma maior concentração de CNT em suspensão, o que é
conseguido devido ao SDS ser suficiente para revestir os CNTs. Na figura 4.27 são
Figura 4. 26: Imagens das dispersões de CNTs puros em solução
aquosa sem SDS antes e depois da centrifugação, respetivamente
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
73
apresentadas as dispersões com razão CNT:SDS igual a 1:1 e a 1:1:1,5 para os
diferentes tempos.
No gráfico da figura 4.25 também se pode verificar que existem valores de
absorvância que coincidem para diferentes condições. Por exemplo, 5 minutos de
dispersão para a razão 1:2,5 e 45 minutos de dispersão para a razão 1:1 apresentam
uma absorvância muito semelhante. Como a concentração de SDS presente na solução
é superior, a adsorção é mais rápida e permite desaglomerar CNTs em menos tempo.
A adsorção de SDS atinge um limite para concentrações iguais ou superiores a
2,5 mg/mL. A figura 4.28 apresenta o gráfico da absorvância em função da
concentração de SDS que explica a afirmação anterior.
Figura 4. 27: Imagens das dispersões com razão CNT:SDS igual a 1:1 (topo)
e a 1:1,5 (abaixo) para os diferentes tempos de dispersão.
Tempo (minutos)
0 30 15 45
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
74
Como se pode verificar para qualquer tempo de dispersão a absorvância
aumenta significativamente até 1,5 mg/ml de SDS. A partir de 1,5 mg/mL o aumento
da absorção é menos considerável. No gráfico é apresentada a concentração crítica de
formação de micelas (CMC) [48, 49] e é possível verificar que a partir dessa
concentração a absorção atinge um patamar. Este fenómeno está relacionado com a
formação de micelas na solução, ou seja para concentrações iguais ou superiores à
CMC não ocorre adsorção das moléculas de SDS na superfície dos CNTs, pois estas
tendem a unir-se e a formar micelas, não contribuindo assim para a desaglomeração
dos CNTs. Para concentrações iguais a 3,5 mg/mL verifica-se uma ligeira diminuição do
valor da absorção devido ao excesso de SDS. Este acontecimento está relacionado com
a floculação dos CNTs [31], isto é os CNTs reaglomeram através da interação das
moléculas de SDS adsorvidas na superfície dos diferentes CNTs.
A figura 4.29 apresenta o gráfico da absorvância em função da energia
fornecida pela sonda de ultra-sons para o estudo semelhante ao descrito
anteriormente, mas realizados com os CNTs funcionalizados a 230 °C.
Figura 4. 28: Gráfico da absorvância em função da concentração de SDS para os CNTs puros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
75
Como se pode verificar a absorvância aumenta ligeiramente com a energia
fornecida, mas com o aumento da concentração de SDS não se verificam alterações
significativas. Na ausência de SDS a absorvância é nula o que demonstra a reduzida
afinidade da funcionalização com a água.
Os CNTs funcionalizados a 230 °C apresentam um comportamento distinto dos
CNTs puros na adsorção das moléculas de SDS. Este comportamento está associado à
presença da funcionalização, isto é, os grupos funcionais ligados covalentemente à
superfície dos CNTs limitam a adsorção do SDS.
A figura 4.30 apresenta o gráfico da absorvância em função da energia
fornecida pela sonda de ultra-sons para os CNTs funcionalizados a 180 °C.
Figura 4. 29: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de
ultra-sons para os CNTs F 230.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
76
Pela análise da figura 4.30 verifica-se que comportamento dos CNTs
funcionalizados a 180 °C é muito semelhante aos CNTs puros. Isto é, um aumento da
absorvância com o aumento da concentração de SDS e da energia fornecida. Os
valores de absorção relativamente mais baixos devem-se à funcionalização. Na
ausência de SDS a absorvância é nula, o que demonstra a reduzida afinidade da
funcionalização com a água.
A diferença entre os dois tipos de CNTs funcionalizados na adsorção de SDS
está relacionada com a concentração de grupos funcionais presentes na superfície dos
CNTs. Segundo a análise de XPS efetuada para ambos os CNTs, os funcionalizados a
230 °C contêm um maior número de átomos de azoto (N) à superfície dos CNTs do que
os funcionalizados a 180 °C [71]. Assim, é possível concluir que quanto maior a
concentração de grupos funcionais, mais obstáculos se encontram na superfície dos
CNTs, reduzindo a capacidade para adsorver SDS. A tabela 4.5 apresenta os valores da
razão N:C para ambos os CNTs funcionalizados.
Figura 4. 30: Gráfico da absorvância em função da energia fornecida pela sonda de
ultra-sons para os CNTs F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
77
Tabela 4. 5: Valores da razão N:C para os CNTs F 230 e F 180 e as respetivas estruturas. [71]
Tipo de funcionalização Estrutura do grupo funcional % de N
relativamente ao C superficial
1,3-cicloadição dipolar a 230 °C
3,6
1,3-cicloadição dipolar a 180 °C
1,8
4.4.2.1. Lei de Lambert-Beer
Neste capítulo serão apresentadas as concentrações de CNTs encontrados nas
dispersões estáveis de CNTs puros e funcionalizados em solução aquosa de SDS,
usando a lei de Lambert-Beer. Para tal é necessário determinar a constante de
absortividade mássica, o que permitirá determinar a concentração de CNTs presentes
na dispersão analisada por espectroscopia de UV-visível, após a centrifugação.
Após a centrifugação das dispersões, os aglomerados de maior dimensão
depositaram alterando a concentração inicial, sendo assim necessário determinar a
concentração real. A figura 4.31 apresenta as curvas de TGA dos CNTs puros e
funcionalizados com SDS, do SDS e dos CNTs funcionalizados.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
78
Pelas curvas obtidas é possível determinar a percentagem em massa dos CNTs
que corresponde ao resíduo. Contudo a percentagem de resíduo que se observa nas
curvas de TGA não corresponde apenas aos CNTs, contém também resíduo de SDS.
Como se pode verificar o SDS apresenta um resíduo de 26,76 % em massa. Sendo
assim, para determinar a massa de CNTs no resíduo, relacionou-se a percentagem de
CNTs, de SDS e de funcionalização para os casos de CNTs funcionalizados, e resolveu-se
os sistemas de equações.
Na tabela 4.6 são apresentados os resultados obtidos pelas curvas de TGA.
Tabela 4. 6: Massa do resíduo obtido após o ensaio de TGA.
Massa inicial Massa de Resíduo
mg % mg
CNTs puros + SDS 1,9370 47,99 0,92976
CNTs F 230 + SDS 1,6590 34,97 0,58015
CNTs F 180 + SDS 1,9140 45,87 0,87795
Figura 4. 31: Curvas de TGA do SDS e dos CNTs estudados com e sem SDS.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
79
De seguida são apresentados os sistemas de equações para os CNTs puros e
funcionalizados com SDS. Onde x corresponde à massa de CNTs, y corresponde à
massa de SDS e z corresponde à massa de funcionalização, todas elas em mg.
Nanotubos de Carbono Puros
A primeira equação corresponde à massa inicial da amostra analisada que
contém CNTs e SDS. A segunda equação corresponde à massa do resíduo, composta
pelos CNTs e pelo resíduo de SDS igual a 26,76 % do SDS inicial.
Nanotubos de Carbono Funcionalizados a 230 °C
A primeira equação corresponde à massa inicial da amostra analisada que
contém CNTs, funcionalização e SDS. A segunda equação corresponde à massa do
resíduo, composta pelos CNTs e pelo resíduo de SDS igual a 26,76 % do SDS inicial. E a
terceira equação indica a massa de funcionalização presente na amostra, sendo a
funcionalização igual a 8,16 % da massa de CNTs (figura 4.31).
Nanotubos de Carbono Funcionalizados a 180 °C
A primeira equação corresponde à massa inicial da amostra analisada que
contém CNTs, funcionalização e SDS. A segunda equação corresponde à massa do
resíduo, composta pelos CNTs e pelo resíduo de SDS igual a 26,76 % do SDS inicial. E a
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
80
terceira equação indica a massa de funcionalização presente na amostra, sendo a
funcionalização igual a 12,7 % da massa de CNTs (figura 4.31).
A tabela 4.7 apresenta a concentração real de CNTs presente na dispersão após
a centrifugação.
Tabela 4. 7: Concentração real de CNTs presentes na dispersão após a centrifugação.
Concentração inicial CNTs (mg/ml)
(antes da dispersão em solução aquosa
de SDS)
Concentração CNTs (mg/ml)
(após a dispersão em solução aquosa
de SDS)
Concentração de CNTs (mg/ml)
(após a diluição com fator 1:100)
CNTs Puros 1 0,5615 5,615x10-3
CNTs Funcionalizados a
230 °C 1 0,1917 1,917x10-3
CNTs Funcionalizados a
180 °C 1 0,5236 5,236x10-3
Uma vez conhecida a concentração de CNTs é possível determinar a constante
de absortividade mássica através do declive da reta obtida pelo gráfico da absorvância
em função da concentração. A partir dos 5 ml iniciais de cada solução, foram
efectuadas diluições sucessivas adicionando 0,5 ml de água destilada com uma pipeta
automática de volume ajustável. De cada vez que se adicionou 0,5ml de água
destilada, foi obtido o espetro de UV- Visível da solução resultante. Os 5 ml iniciais
foram retirados da dispersão diluída com um fator de 1:100.
A figura 4.32 apresenta os espetros de UV-visível das sucessivas diluições da
dispersão de CNTs puros em solução aquosa de SDS.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
81
A figura 4.33 apresenta os espetros de UV-visível das sucessivas diluições da
dispersão de CNTs funcionalizados a 230 °C em solução aquosa de SDS.
Figura 4. 32: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de
CNTs puros em solução aquosa de SDS.
Figura 4. 33: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de
CNTs funcionalizados a 230 °C em solução aquosa de SDS
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
82
A figura 4.34 apresenta os espetros de UV-visível das sucessivas diluições da
dispersão de CNTs funcionalizados a 180 °C em solução aquosa de SDS.
A partir dos espectros obtidos e das concentrações calculadas anteriormente
(Tabela 4.7) foram traçadas as retas que representam a variação da absorvância a 260
nm e 500 nm com a concentração de CNTs. A figura 4.35 apresenta as retas obtidas
para cada tipo de CNTS para os comprimentos de onda 260 e 500 nm.
Figura 4. 34: Espetros de UV-visível obtidos das sucessivas diluições da dispersão de
CNTs funcionalizados a 180 °C em solução aquosa de SDS.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
83
Verifica-se através do gráfico que todas as dispersões apresentam declives
semelhantes e um comportamento linear, de acordo com a lei de Lambert-Beer.
De acordo com a lei de Lambert-Beer, a absortividade mássica (α’) é igual à
divisão entre o declive da reta e a largura da célula (l) igual a 1 cm. A tabela 4.8
apresenta os valores experimentais da absortividade mássica obtidos, assim como o
valor da absortividade mássica encontrada na literatura para CNTs puros.
Tabela 4. 8: Valores experimentais da absortividade mássica obtidos e o valor da absortividade
mássica encontrada na literatura para CNTs puros.
α’ a 260 nm
(ml.mg-1.m-1) α’ a 500 nm
(ml.mg-1.m-1)
α’ref a 500 nm (ml.mg-1.m-1)
[39]
CNTs Puros 13758 5610 4600
CNTs Funcionalizados a 230 °C
13693 5655 -
CNTs Funcionalizados a 180 °C
12338 5071 -
Figura 4. 35: Variação da absorvância a 260 nm e 500 nm com a concentração de CNTs.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
84
A absortividade mássica representa a capacidade de absorção num
determinado comprimento de onda. Como se pode verificar na tabela 4.8, a
absortividade mássica é maior para 260 nm do que para 500 nm o que significa que a
absorção máxima dos CNTs é para 260 nm.
O valor de referência diz respeito a MWCNTs dispersos em solução aquosa. Os
valores experimentais estão na mesma ordem de grandeza que o valor reportado na
referência [39]. A diferença pode estar relacionada com as características dos CNTs,
como as dimensões, a pureza, o método de síntese, entre outras. Os valores de
absortividade mássica obtidos para os diferentes tipos de CNTs são semelhantes.
Verifica-se que o valor diminui para os CNTs funcionalizados em relação aos puros. A
diferença pode estar relacionada com as modificações dos CNTs promovidas pela
funcionalização.
Uma vez obtida a absortividade mássica é possível calcular a concentração de
CNTs em função da absorvância máxima obtida para cada condição estudada. A figura
4.36 apresenta a concentração, calculada pela Lei de Lambert-Beer, para todas as
condições estudadas.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
85
Após a realização do estudo foi possível definir as condições ótimas para
dispersar os CNTs em solução aquosa de SDS e posteriormente processar os filmes de
PU com CNTs puros e funcionalizados.
Para os CNTs puros, verifica-se que com a razão CNT:SDS igual a 1:1,5 e com 45
minutos de ultra-sons é possível desaglomerar e estabilizar com eficácia
aproximadamente 57 % da concentração inicial de CNTs. Para a concentração de SDS
igual a 2,5 mg/ml e 45 minutos de ultra-sons obtém-se cerca de 66 % de CNTs. Ou seja,
um aumento de 9% de CNTs necessita de um aumento de 1mg/ml de SDS. Sendo
Figura 4. 36: Concentração de CNTs para todas as condições estudadas.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
86
assim, considerou-se que as condições ótimas para dispersar CNTs puros em meio
aquoso são 45 minutos de ultra-sons com uma razão CNT:SDS igual a 1:1,5. Embora a
concentração de SDS igual a 2,5 mg/ml dê origem a uma concentração de CNTs mais
elevada, não é um aumento que justifique a utilização de uma concentração elevada e
superior à concentração crítica de formação de micelas.
Para os CNTs funcionalizados a 230 °C, a concentração de CNTs não aumenta
com a concentração de SDS sendo assim a concentração escolhida igual a 1 mg/ml.
Como se pode verificar a concentração de CNTs aumenta com o tempo de ultra-sons,
sendo as concentrações de CNTs mais elevadas correspondentes às dispersões de 45
minutos. Concluindo, foram consideradas as condições ótimas para dispersar CNTs
funcionalizados a 230 °C 45 minutos de ultra-sons e a razão CNT:SDS igual a 1:1.
Os CNTs funcionalizados a 180 °C apresentam um comportamento muito
semelhante aos CNTs puros. Sendo assim as condições ótimas escolhidas foram 45
minutos de ultra-sons e 1,5 mg/ml de SDS, pelas mesmas razões que foram
apresentadas anteriormente para os CNTs puros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
87
4.4.3. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM)
A figura 4.37 apresenta as imagens obtidas para os CNTs puros dispersos em
solução aquosa durante 45 minutos de sonda de ultra-sons sem e com SDS de
concentração igual a 1,5 mg/ml.
Como se pode observar, na ausência do SDS os CNTs encontram-se
aglomerados após a aplicação da sonda de ultra-sons formando aglomerados de
grande dimensão. Com SDS, os CNTs mantêm-se desaglomerados. Na imagem
correspondente aos CNTs com SDS é indicado o diâmetro do CNT igual a 17,7 nm. O
diâmetro dos CNTs puros está entre 7 e 10 nm [Tabela 3.1] o que significa que a
diferença entre os diâmetros referidos corresponde ao revestimento de SDS na
superfície dos CNTs.
A figura 4.38 apresenta as imagens obtidas para os CNTs F 180 dispersos em
solução aquosa durante 45 minutos de sonda de ultra-sons sem e com SDS de
concentração igual a 1,5 mg/ml.
Figura 4. 37: Imagens de SEM obtidas para CNTs puros dispersos em solução aquosa
durante 45 minutos de sonda de ultra-sons sem (à esquerda) e com SDS de concentração
igual a 1,5 mg/ml (à direita).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
88
Para os CNTs F 180 verifica-se o mesmo comportamento indicado para os CNTs
puros, embora estes CNTs funcionalizados aparentem menor tendência para
aglomerar mesmo na ausência de SDS, relativamente aos CNTs puros.
Figura 4. 38: Imagens de SEM obtidas para CNTs F 180 dispersos em solução aquosa durante 45
minutos de sonda de ultra-sons sem (à esquerda) e com SDS de concentração igual a 1,5 mg/ml (à
direita).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
89
4.4.4. Estabilidade das Dispersões Aquosas de SDS/CNT
A figura 4.39 apresenta os gráficos de absorvância em função da energia
fornecida dos CNTs puros e funcionalizados dispersos em solução aquosa de SDS com
as respetivas razões CNT:SDS escolhidas anteriormente, para 0, 2 e 4 semanas de
repouso.
Pela análise dos gráficos verifica-se que as dispersões mais estáveis após 2
semanas de repouso são as dos CNTs funcionalizados, apresentando uma diminuição
da absorvância pouco significativa. Após 4 semanas, observa-se que as dispersões
menos estáveis são as dos CNTs puros. A diminuição da absorvância está relacionada
com a deposição dos CNTs que reaglomeram ao longo do tempo e promove a redução
da concentração de CNTs em solução estável. Na figura 4.40 é apresentado uma
dispersão de CNTs puros de 45 minutos após 4 semanas de repouso.
Figura 4. 39: Gráficos de absorvância em função da energia fornecida dos CNTs puros (à esquerda), F
230 (no centro) e F 180 (à direita) dispersos em solução aquosa de SDS com as respetivas razões
CNT:SDS escolhidas anteriormente, para 0, 2 e 4 semanas de repouso
Figura 4. 40: Aglomerados depositados na solução de
SDS/CNTs puros de 45 minutos de ultra-sons após 4 semanas
de repouso
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
90
4.5. Caracterização dos revestimentos de Poliuretano com Nanotubos de
Carbono
4.5.1. Microscopia Ótica
A figura 4.41 apresenta as imagens obtidas para os revestimentos de PU com
0,1 % de CNTs para os três tipos de CNTs estudados.
Como se pode observar os CNTs funcionalizados a 230 °C (imagem B)
apresentam aglomerados de pequena de dimensão, inferior a 10 µm, uniformemente
distribuídos na matriz. Os CNTs puros e funcionalizados a 180 °C (imagens A e C,
respetivamente) apresentam uma microestrutura homogénea com aglomerados de
A B
C
Figura 4. 41: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com 0,1 %
de CNTs: A) puros, B) F 230 e C) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
91
pequena dimensão mas em menor quantidade. As imagens apresentadas condizem
com os resultados obtidos anteriormente no capítulo 4.4.
A figura 4.42 apresenta as imagens obtidas para os revestimentos de PU com
0,5 % de CNTs para os três tipos de CNTs estudados.
Pelos resultados obtidos verifica-se novamente que o número e o tamanho dos
aglomerados presentes são superiores para os CNTs funcionalizados 230 °C.
A figura 4.43 apresenta a imagem obtida para o revestimento de PU com 1 %
de CNTs puros.
A B
C
Figura 4. 42: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com
0,5 % de CNTs: A) puros, B) F 230 e C) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
92
Como se pode verificar a dispersão dos CNTs não ocorreu eficazmente, estando
presentes aglomerados com dimensões iguais e superiores a 50 µm. Conclui-se assim
que as condições ótimas definidas anteriormente são eficazes para percentagens de
CNTs inferiores a 1 % mas não para percentagens iguais ou superiores a 1 %.
Com o intuito de melhorar a dispersão de CNTs em quantidades elevadas foram
processados e analisados filmes de PU com 1 % de CNTs previamente dispersos em
solução aquosa de SDS durante 45 minutos de ultra-sons e com uma razão CNT:SDS
igual 1:2,5 para os CNTs puros e funcionalizados a 180 °C e 1:1,5 para os CNTs
funcionalizados a 230 °C. A figura 4.44 apresenta as imagens obtidas para os
revestimentos de PU com 1 % de CNTs para os três tipos de CNTs estudados.
A B
Figura 4. 43: Imagem de microscopia ótica obtida para o
filmes de PU com 1 % de CNTs puros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
93
Para os CNTs puros (imagem A) verifica-se que o aumenta da concentração de
SDS promoveu significativamente a diminuição do tamanho dos aglomerados. Em
geral, o numero e o tamanho dos aglomerados aumentou relativamente às
percentagens inferiores.
A figura 4.45 apresenta as imagens obtidas para os revestimentos de PU com
1,5 % de CNTs para os três tipos de CNTs estudados.
C
A B
C
Figura 4. 44: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com
1 % de CNTs: A) puros, B) F 230 e C) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
94
Observa-se um aumento significativo do tamanho dos aglomerados para os três
tipos de CNTs relativamente às percentagens anteriores.
Após a análise das imagens obtidas por microscopia ótica, é possível concluir
que a razão CNT:SDS depende da percentagem de CNTs, ou seja para percentagens de
CNTs inferiores a 1%, a razão 1:1,5 para os puros e funcionalizados a 180 °C e a razão
1:1 para os funcionalizados a 230 °C são adequadas e permitem obter revestimentos
homogéneos. Para percentagens iguais ou superiores a 1 % são fundamentais
concentrações de SDS superiores, sendo para os puros e funcionalizados a 180 °C
necessário uma razão 1:2,5 e para os funcionalizados a 230 °C uma razão de 1:1,5.
4.5.2. Microscopia Eletrónica de Varrimento (SEM)
Com o intuito de avaliar a influência dos CNTs na morfologia do revestimento
de PU e a interação dos CNTs com a matriz, os nanocompósitos foram analisados por
microscopia eletrónica de varrimento (SEM).
A figura 4.46 apresenta as imagens com ampliação igual a 15 000 vezes obtidas
da superfície fraturada os revestimentos sem e com 0,5 % de CNTs puros e
funcionalizados.
C
Figura 4. 45: Imagens de microscopia ótica obtidas para os filmes de PU com
1,5 % de CNTs: A) puros, B) F 230 e C) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
95
As imagens correspondentes os filmes com 0,5 % de CNTs puros e
funcionalizados a 180 °C não apresentam aglomerados e pela uniformidade do
compósito é possível concluir que os CNTs estão bem distribuídos e dispersos na
matriz. O revestimento com 0,5 % de CNTs funcionalizados a 230 °C apresenta uma
distribuição e dispersão dos CNTs heterogénea, estando presentes aglomerados e
CNTs individualmente dispersos em determinados pontos, consequentemente a
estrutura do compósito é mais irregular relativamente aos outros compósitos.
Em relação à morfologia do PU, não se verificam alterações significativas. As
irregularidades na superfície de fratura que se observam nos filmes podem estar
relacionadas com a preparação da amostra.
A
C D
B
Figura 4. 46: Imagens de SEM obtidas para os filmes de PU A) sem CNTs e
com 0,5 % de CNTs: B) puros, C) F 230 e D) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
96
A figura 4.47 apresenta as imagens com ampliação igual a 50 000 vezes obtidas
da superfície de fratura dos filmes sem e com 0,5 % de CNTs puros e funcionalizados.
A interação dos CNTs com o poliuretano pode ser avaliada pelo comprimento
dos CNTs, presentes no compósito, que está fora da matriz, o chamado pull out. Como
se pode observar na figura 4.47 os CNTs puros são os que têm menor interação com a
matriz. Ambos os tipos de CNTs funcionalizados possuem maior interação com o
poliuretano, relativamente aos CNTs puros.
A
C D
B
Figura 4. 47: Imagens de SEM obtidas para os filmes de PU A) sem CNTs e
com 0,5 % de CNTs: B) puros, C) F 230 e D) F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
97
4.5.3. Análise Termogravimétrica (TGA)
A figura 4.48 apresenta as curvas de TGA dos materiais utilizados no
processamento dos filmes de PU com CNTs puros e funcionalizados para a posterior
análise dos compósitos.
Figura 4. 48: Curvas de TGA do PU, SDS, PU+SDS, CNT Puro, CNT F 230 e
CNT F 180.
386 °C
285 °C
238 °C
312 °C
353 °C
399 °C
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
98
Como se pode observar na figura 4.48, a estabilidade térmica do PU é alterada
pelo SDS uma vez que a degradação do PU com SDS inicia-se a uma temperatura mais
baixa.
A figura 4.49 apresenta as curvas de TGA e as respetivas derivadas, obtidas para
os filmes de PU sem e com SDS e sem e com 0,1 %, 0,5 %, 1 % e 1,5 % de CNTs puros e
0,15 %, 0,75 %,2,5 % e 3,75 % de SDS, respetivamente.
Como se pode observar na figura 4.49 os compósitos apresentam um
comportamento distinto do filme de PU e semelhante ao filme de PU com SDS. A
perda de massa até aos 120 °C está associada à evaporação da água residual presente
nas amostras. Verifica-se que a degradação dos compósitos e do filme de PU com SDS
se inicia a uma temperatura ligeiramente mais baixa, entre 230 °C e 240 °C,
relativamente ao PU. Este facto deve-se à degradação do SDS, que como se pode
verificar na curva de TGA na figura 4.48 apresenta o pico da derivada a 238 °C.
Também se pode verificar que a curva de TGA do SDS apresenta um resíduo de SDS até
Figura 4. 49: Curvas de TGA e as respetivas derivadas obtidas para os filmes com e sem
CNTs puros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
99
550 °C. O comportamento do filme de PU com SDS pode estar relacionado com a
interação do resíduo de SDS com o produto da degradação do PU à medida que
aumenta a temperatura.
A tabela 4.9 apresenta as temperaturas dos picos da derivada correspondente
ao primeiro e ao segundo processo de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT
puros e do PU com SDS.
Tabela 4. 9: Temperaturas dos picos da derivada correspondentes ao primeiro e ao segundo processo
de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT puros e do PU com SDS.
PU + SDS PU+0,1%CNT
+0,15%SDS
PU+0,5%CNT
+0,75%SDS
PU+1%CNT
+2,5%SDS
PU+1,5%CNT
+3,75%SDS
Tem
per
atu
ra
(°C
)
T 1 311,88 309,65 310,46 308,35 309,05
T 2 398,76 405,19 406,78 408,20 404,61
A tabela 4.10 apresenta a massa de resíduo correspondente aos compósitos de
PU/SDS/CNT puros e do filme de PU com SDS.
Tabela 4. 10: Massa de resíduo correspondente aos compósitos de PU/SDS/CNT puros e do PU com
SDS.
PU + SDS
PU+0,1%CNT
+0,15%SDS
PU+0,5%CNT
+0,75%SDS
PU+1%CNT
+2,5%SDS
PU+1,5%CNT
+3,75%SDS
Massa de resíduo (%)
4,433 4,541 4,717 6,677 7,039
Verifica-se que a percentagem de resíduo aumenta com a percentagem de
CNTs relativamente ao filme de PU com SDS.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
100
A figura 4.50 apresenta as curvas de TGA e as respetivas derivadas, obtidas para
os filmes de PU sem e com SDS e sem e com 1 % de CNTs puros, 1 % F 230 e 1 % F180 e
2,5 %, 1,5 % e 2,5 % SDS, respetivamente.
Verifica-se que o segundo processo de degradação dos revestimentos de PU
com CNTs funcionalizados ocorre a temperaturas intermédias, podendo estar
relacionado com a degradação dos grupos funcionais. A tabela 4.11 apresenta as
temperaturas dos picos da derivada correspondente ao primeiro e ao segundo
processo de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT com 1 % de CNTs puros e
funcionalizados e do PU com SDS.
Figura 4. 50: Curvas de TGA e as respetivas derivadas obtidas para os filmes com 1 % de
CNTs puros e funcionalizados.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
101
Tabela 4. 11: Temperaturas dos picos da derivada correspondentes ao primeiro e ao segundo
processo de degradação dos compósitos de PU/SDS/CNT puros e funcionalizados e do PU com SDS.
A tabela 4.12 apresenta a massa de resíduo correspondente aos compósitos de
PU/SDS/CNT com 1 % de CNTs puros e funcionalizados e do filme de PU com SDS.
Como se pode verificar as massas apresentadas são semelhantes. Sendo a
massa menor correspondente ao compósito de CNTs funcionalizados a 230 °C que
foram dispersos com uma concentração de SDS inferior aos restantes compósitos.
PU + SDS PU+1%CNT P
+2,5%SDS
PU+1%CNT F230
+1,5%SDS
PU+1%CNT F180
+2,5%SDS
Tem
per
atu
ra
(°C
)
T 1 311,88 308,35 314,70 306,23
T 2 398,76 408,20 400,17 385,06
PU + SDS
PU+1%CNT P +2,5%SDS
PU+1%CNT F230 +1,5%SDS
PU+1%CNT F180 +2,5%SDS
Massa de resíduo (%)
4,433 6,677 6,512 7,009
Tabela 4. 12: Massa de resíduo correspondente às amostras analisadas
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
102
4.5.4. Constante Dielétrica e Condutividade Elétrica
A figura 4.51 apresenta a variação da constante dielétrica em função da
frequência para os filmes com CNTs puros para várias concentrações.
O comportamento da constante dielétrica em função da frequência é similar
para o PU e o compósito com 0,1 % de CNTs e distinto para os compósitos com
percentagens mais elevadas. O valor desta aumenta com o aumento da concentração
de CNTs, atingindo um valor de ε’’≈ 1000, para a frequência de 1 KHz, no compósito
com 1,5 % de CNTs. Para a concentração mais baixa, 0,1 %, a constante dieléctrica do
compósito tem um valor próximo do polímero.
A figura 4.52 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) em função da frequência, para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs
puros.
Figura 4. 51: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com
0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% CNTs puros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
103
A figura 4.53 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) a 1kHz em função da percentagem em massa de CNTs puros.
Figura 4. 52: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC)
em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de
CNTs puros.
Figura 4. 53: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em
função da percentagem em massa de CNTs puros
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
104
Como se pode verificar a condutividade elétrica do compósito aumenta com a
percentagem de CNTs. A condutividade mais elevada corresponde ao compósito com
1,5 % de CNTs, apresentando um valor igual a 1x10-5 S/m, sendo quatro ordens de
grandeza superior à condutividade do polímero.
A figura 4.54 apresenta a constante dielétrica em função da frequência para os
filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs funcionalizados a 230 °C.
O comportamento da constante dielétrica em função da frequência é
semelhante para os compósitos com diferentes concentrações. O compósito com 0,1
% de CNT F230 apresenta valores muito próximos do PU e os compósitos com 0,5 % e
1 % de CNT F230 têm uma constante dielétrica semelhante e superior aos anteriores.
Para a concentração mais elevada, 1,5 % de CNT F230, a constante dieléctrica do
compósito tem um valor próximo de 10.
A figura 4.55 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) em função da frequência, para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs
F 230.
Figura 4. 54: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%,
0,5%, 1% e 1,5% CNTs F 230.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
105
A figura 4.56 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) a 1kHz em função da percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 230 °C.
Figura 4. 55: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs F 230.
Figura 4. 56: condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em
função da percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 230 °C.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
106
A condutividade elétrica para os compósitos com CNTs funcionalizados a 230 °C
aumenta uma ordem de grandeza para percentagens superiores a 0,1 % em massa
relativamente ao polímero. O maior valor encontra-se para o compósito com 0,5 % de
CNT F230 e é igual a aproximadamente 7x10-8 S/m. A variação da condutividade
elétrica dos compósitos com a percentagem de CNTs F230 pode estar relacionada com
a dispersão dos CNTs no polímero. Ou seja, o facto de os CNTs F 230 não estarem
uniformemente distribuídos, assim como a presença de aglomerados, diminui a
probabilidade da formação da rede de CNTs que possibilita a percolação e assim a
condução elétrica ao longo do revestimento.
A condutividade elétrica destes compósitos é inferior à dos compósitos com
CNT puros (figura 4.53). Isto pode estar relacionado com a dispersão, sendo que esta é
mais homogénea para os CNTs puros.
A figura 4.57 apresenta a constante dielétrica em função da frequência para os
filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs funcionalizados a 180 °C.
O comportamento da constante dielétrica em função da frequência é similar ao
dos compósitos com CNTs puros. O valor desta aumenta com o aumento da
Figura 4. 57: Constante dielétrica em função da frequência para os filmes com 0%, 0,1%,
0,5%, 1% e 1,5% CNTs F 180.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
107
concentração de CNTs, atingindo um valor próximo de ε’’≈ 100, para 1KHz, no
compósito com 1,5 % de CNTs.
A figura 4.58 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) em função da frequência, para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs
F 180.
A figura 4.59 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) a 1kHz em função da percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 180 °C.
Figura 4. 58: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência para os filmes com 0%, 0,1%, 0,5%, 1% e 1,5% de CNTs F 180.
Figura 4. 59: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) a 1kHz em
função da percentagem em massa de CNTs funcionalizados a 180 °C.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
108
Como se pode verificar a condutividade elétrica do compósito aumenta com a
percentagem de CNTs. A condutividade mais elevada corresponde ao compósito com
1,5 % de CNTs, apresentando um valor igual a 8x10-7 S/m, sendo duas ordens de
grandeza superior à condutividade do polímero. Os valores inferiores aos dos
compósitos com CNTs puros podem estar associados à dispersão.
A figura 4.60 apresenta a condutividade elétrica obtida por corrente alternada
(σAC) em função da frequência dos revestimentos com CNTs puros processados em
diferentes condições indicadas na tabela 4.12.
Na tabela 4.13 são apresentadas as condições de processamento dos diferentes
filmes com 1,5 % de CNTs puros.
Tabela 4. 13: Condições de processamento dos diferentes revestimentos com 1,5 % de CNTs puros.
1 2 3
Razão CNT:SDS 1:2,5 1:3,5 1:2,5
Método de mistura dos CNTs
na PUD Ultra-sons Ultra-sons
Misturador mecânico
Figura 4. 60: Condutividade elétrica obtida por corrente alternada (σAC) em função da
frequência, para os filmes com CNTs puros processados em diferentes condições
indicadas na tabela 4.12.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
109
Comparando os compósitos 1 e 2, verifica-se que com o aumento da
concentração de SDS, a condutividade elétrica diminui, pois o compósito 1 apresenta
valores superiores. Os resultados obtidos devem-se ao facto dos CNTs no compósito 2
possuírem uma elevada quantidade de moléculas de SDS a revesti-los dificultando o
contacto entre eles e consequentemente a percolação [60].
Em relação aos compósitos 1 e 3, embora sejam constituídos pela mesma
percentagem de CNTs e a mesma concentração de SDS, verifica-se que possuem
comportamentos distintos. A condutividade elétrica é superior para o compósito 3
apresentando para 1000 Hz um valor de 1x10-3, seis ordens de grandeza maior que o
polímero e duas ordens de grandeza maior que o compósito 1. Os resultados obtidos
podem dever-se ao facto do misturador mecânico de rotação fornecer uma densidade
de energia inferior à energia necessária para promover a quebra dos CNTs ao passo
que os ultra-sons podem induzir a quebra dos CNTs e diminuir a razão de aspeto [33].
A diminuição da razão de aspeto reduz a probabilidade dos CNTs se tocarem entre si e
formarem uma rede de condução, para determinada concentração, exigindo uma
concentração superior de CNTs para atingir um efeito elétrico semelhante.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
110
4.5.5. Ensaio de Tração
A figura 4.61 apresenta as curvas de tensão-deformação obtidas para os filmes
com 0 %, 0,1 %, 0,5 %, 1 % e 1,5 % de CNTs puros, de CNTs funcionalizados a 230 °C e
de CNTs funcionalizados a 180 °C, respetivamente.
.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
111
Pela análise dos gráficos verifica-se que o comportamento dúctil do PU se
mantém para os compósitos. Para cada tipo de CNTs, a tensão de cedência diminui
com o aumento da percentagem de CNTs e para cada percentagem, o comportamento
dos compósitos é semelhante para os diferentes tipos de CNTs. Nas imagens obtidas
por microscopia ótica observou-se o aumento dos aglomerados nos compósitos com o
aumento da percentagem de CNTs, razão que justifica a diminuição da tensão de
cedência pois os aglomerados são pontos preferenciais para a rotura do compósito.
Sendo os resultados obtidos semelhantes para os CNTs puros e funcionalizados é
possível concluir que a funcionalização não beneficia a interação dos CNTs com o
polímero pois uma boa interação promoveria a transferência da tensão externa
aplicada aos compósitos para os CNTs e assim melhorar a resistência mecânica dos
compósitos. A percentagem de deformação até à rotura, em geral, aumentou.
Associados aos resultados apresentados estão os defeitos promovidos pelo
processamento e a preparação das amostras para o ensaio de tração, que influenciam
a resistência mecânica dos compósitos ocultando as propriedades mecânicas dos
mesmos.
Figura 4. 61: Curvas de tensão-deformação obtidas para os revestimentos com CNTs
puros (superior), funcionalizados a 230 °C (centro) e funcionalizados a 180 °C (inferior).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
112
A tabela 4.14 apresenta as propriedades mecânicas, do poliuretano e dos
compósitos, obtidas a partir das curvas tensão-deformação apresentadas
anteriormente na figura 4.61.
Tabela 4. 14: Propriedades mecânicas do poliuretano e dos seus compósitos.
Módulo de Young
(MPa)
Tensão de
cedência (MPa)
Deformação de
rutura (%)
PU 344 ± 25 18,15 ± 0,40 215 ± 10
PU + 0,1%CNT Puro 255 ± 18 13,89 ± 0,52 159 ± 13
PU + 0,5%CNT Puro 223 ± 22 12,36 ± 0,29 119 ± 9
PU + 1%CNT Puro 132 ± 34 7,48 ± 0,36 252 ± 8
PU + 1,5%CNT Puro 83 ± 17 4,58 ± 0,39 255 ± 9
PU + 0,1%CNT F230 216 ± 20 13,71 ± 0,52 245 ± 15
PU + 0,5%CNT F230 218 ± 15 13,11 ± 0,70 244 ± 13
PU + 1%CNT F230 114 ± 27 7,03 ± 0,48 259 ± 11
PU + 1,5%CNT F230 109 ± 20 7,81 ± 0,38 266 ± 13
PU + 0,1%CNT F180 215 ± 21 13,92 ± 0,62 244 ± 8
PU + 0,5%CNT F180 217 ± 37 13,17 ± 0,65 247 ± 12
PU + 1%CNT F180 128 ± 38 8,23 ± 0,98 206 ± 4
PU + 1,5%CNT F180 88 ± 7 6,86 ± 0,57 196 ± 21
CONCLUSÃO
Conclusão
115
Com o primeiro estudo realizado verificou-se que os diferentes métodos de
dispersão mecânicos, nomeadamente o banho de ultra-sons, a sonda de ultra-sons e o
misturador mecânico de rotação elevada, promovem diferentes graus de dispersão
dos CNTs. Observou-se que a dispersão dos CNTs é favorecida com o uso da sonda de
ultra-sons devido à elevada energia localizada fornecida à mistura. Nesta etapa
também foi concluído que é necessário o uso do SDS para promover a dispersão de
CNTs em meio aquoso, independentemente do método de dispersão mecânico.
Com a segunda etapa deste trabalho determinaram-se por espectroscopia de
UV-visível as condições ótimas de dispersão de CNTs puros e funcionalizados em
solução aquosa de SDS. Verificou-se que os CNTs puros apresentam maior capacidade
de adsorção de SDS na superfície e que a desaglomeração dos CNTs aumenta com a
energia fornecida pela sonda de ultra-sons e com a concentração de SDS até atingir a
concentração crítica de formação de micelas. Os CNTs funcionalizados a 180 °C
apresentam um comportamento muito semelhante aos CNTs puros, enquanto a
variação da dispersão dos CNTs funcionalizados a 230 °C é menos significativa com o
aumento da concentração de SDS devido à elevada concentração de grupos funcionais
presentes na superfície destes CNTs, sendo aproximadamente o dobro relativamente à
concentração de grupos funcionais à superfície dos CNTs funcionalizados a 180 °C.
Foram identificadas as condições ótimas de dispersão: para os CNTs puros e
funcionalizados a 180 °C, foi encontrada a razão ótima de CNT:SDS igual a 1:1,5 e 45
minutos de sonda de ultra-sons, e para os CNTs funcionalizados a 230 °C, a razão
óptima de CNT:SDS foi igual a 1:1 e 45 minutos de ultra-sons. Foram preparadas
suspensões estáveis com diluição controlada que permitiram o uso da Lei de Lambert-
Beer para determinar as concentrações dos diferentes tipos de CNTs nas suspensões.
Verificou-se que, para as condições de dispersão escolhidas, após a centrifugação, a
concentração de CNTs puros é igual a 0,57 mg/ml, a dos CNTs funcionalizados a 230 °C
igual a 0,3 mg/ml, e a dos CNTs funcionalizados a 180 °C igual a 0,58 mg/ml. Verificou-
se que as dispersões dos diferentes tipos de CNTs para as condições ótimas escolhidas
apresentam uma estabilidade significativa ao longo do tempo.
A terceira e última etapa deste trabalho consistiu na produção e caracterização
dos filmes de PU com CNTs puros e funcionalizados.
Conclusão
116
Pelas imagens de microscopia ótica obtidas para os diferentes compósitos
processados verificou-se que as condições ótimas de dispersão de CNTs em solução
aquosa de SDS são aplicáveis com sucesso para concentrações de CNTs baixas como
0,1 % e 0,5 % em massa. São necessárias razões CNT:SDS maiores para produzir
suspensões estáveis com concentrações iguais ou superiores a 1 % em massa de CNTs.
As imagens obtidas para os compósitos com baixas concentrações de CNTs puros e
funcionalizados confirmam os resultados obtidos por espectroscopia de UV-visível,
observando-se um maior número de aglomerados nos caso dos CNTs funcionalizados a
230 °C.
As imagens obtidas por SEM permitiram observar a presença de CNTs
individualmente dispersos e distribuídos uniformemente no compósito, para o caso
dos CNTs puros e funcionalizados a 180 °C. No caso dos CNTs funcionalizados a 230 °C
identifica-se a presença de aglomerados com dimensões significativas. Pela análise de
SEM também é possível avaliar a interação dos diferentes tipos de CNTs com o
poliuretano. Os CNTs puros são os que apresentam a menor interação com a matriz
pois observa-se um elevado número de CNTs arrancados da matriz, mostrando um
efeito de pull-out que é menos evidente para os compósitos com CNTs funcionalizados.
A análise de TGA dos compósitos com diferentes tipos de CNTs mostrou que
ocorreu a alteração da estabilidade térmica do PU na presença do SDS. Em geral,
verifica-se que a degradação do compósito é antecipada pela degradação do SDS a 238
°C. Para os CNTs puros, a massa de resíduo que corresponde aos CNTs, ao resíduo de
PU e ao resíduo de SDS, aumenta com o aumento da percentagem de CNTs. As massas
de resíduo obtidas para os compósitos de 1 % de CNTs puros e funcionalizados
apresentam valores distintos devido às concentrações de SDS usadas. Isto é, os CNTs
funcionalizados a 230 °C apresentaram um resíduo ligeiramente inferior aos outros
tipos de CNTs devido à concentração de SDS inferior relativamente aos restantes
compósitos de 1 % de CNTs.
O valor da constante dielétrica aumentou significativamente, de ε’’~1 do PU
para ε’’~1000 para o compósito de PU com 1,5 % de CNTs puros. Para os compósitos
com CNTs funcionalizados a 230 °C não se verificaram alterações significativas com o
Conclusão
117
aumento da concentração de CNTs. No caso dos CNTs funcionalizados a 180 °C ocorreu
um aumento da constante dielétrica de ε’’~1 para ε’’~100. Para os CNTs puros e
funcionalizados a 180 °C verifica-se que, com o aumento da concentração de CNTs,
aumenta a constante dieléctrica do compósito e aumenta a condutividade elétrica. No
caso dos CNTs puros, a condutividade elétrica aumenta 4 ordens de grandeza, e com
os CNTs funcionalizados a 180 °C ocorre um aumento de 2 ordens de grandeza
relativamente ao poliuretano.
As melhores propriedades elétricas, isto é a maior condutividade elétrica foi
obtida pelo compósito processado pelo misturador mecânico de rotação.
As propriedades mecânicas, em geral, diminuíram com o aumento da
concentração de CNTs puros e funcionalizados devido ao aumento do número e da
dimensão dos aglomerados, apresentado nas imagens obtidas por microscopia ótica. A
fraca interação dos CNTs com o poliuretano, que se observa nas imagens obtidas por
SEM, não permitiu a melhoria das propriedades mecânicas do PU com o reforço dos
CNTs.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia
121
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ANEXOS
Anexos
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Anexo 1