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ANTÔNIO ACACIO DE MELO NETO
ESTUDO DA RETRAÇÃO EM ARGAMASSA
COM CIMENTO DE ESCÓRIA ATIVADA
Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de
São Paulo para obtenção de
Título de Mestre em Engenharia.
São Paulo 2002
ANTÔNIO ACACIO DE MELO NETO
ESTUDO DA RETRAÇÃO EM ARGAMASSA
COM CIMENTO DE ESCÓRIA ATIVADA
Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de Título de Mestre em Engenharia.
Área de concentração: Engenharia de Construção Civil e Urbana
Orientador: Profo Wellington Longuini Repette
São Paulo 2002
Melo Neto, Antônio Acacio de Estudo da retração em argamassa com cimento de escória
ativada / Antônio Acacio de Melo Neto - São Paulo, 2002. 161p. Dissertação (Mestrado)-Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana. 1. Cimento de escória 2. Retração 3. Escória de alto forno
4. Ativação alcalina I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana II.t.
Aos meus pais e à minha família,
Agradeço todo amor, investimento e carinho dedicados a mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família que me apoiou e incentivou financeiramente quando pensava que era loucura sair de Recife para São Paulo para fazer um teste, vocês confiaram na minha capacidade mais do que eu mesmo. Tenham certeza de que eu só estou aqui por vocês. Agradeço às minhas avós, Anunciada, Leninha e Heloisa e ao meu avô Alcides que moveram mundos e fundos para que eu chegasse até este trabalho. Agradeço a meus tios Lula, Petrônio, Sílvio, Glauco, Manuel, Josué Antônio, Amauri, Alcidinho, Moura, Mamede, Josué Henrique, Jorge e às minhas tias Sandra, Dulce, Vera, Auxiliadora, Olga, Manuela, Fatinha, Margarida, Ayne, Tânia, Julia, Lucia, Tereza e à toda família, tenho que parar por aqui senão vou gastar umas dez páginas!
Agradeço ao Profo Dro Wellington Repette pela orientação precisa e ensinamentos sobre como fazer pesquisa de qualidade, com contribuição decisiva no andamento do programa experimental. Agradeço à Profa Dra Maria Alba Cincotto pela orientação, paciência e dedicação a este trabalho, com contribuições importantes na escrita e análise dos resultados.
Aos meus colegas da POLI-Pernambuco, importantes para a minha formação e amigos para todas as horas. Agradeço a Carlos Wellington e a todo pessoal do Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco � ITEP, onde realizei a iniciação científica.
Agradeço a Aluízio Caldas que com sua amizade e coração abriu as portas da sua casa para mim quando cheguei a São Paulo, Flávio pela amizade e solidariedade constante e a toda Republica Pernambucana instalada na POLI-USP. Aos companheiros de início de curso, Carine, Maira e Marcelo. Este último junto com Evandro e Narbal, companheiros de república.
Agradeço à Profa Dra Sílvia Selmo pela conduta ética e empenho decisivo nos momentos difíceis, ao Profo Dro Paulo Helene pela atenção e ajuda quando precisei e aos professores Vanderley John, Antônio Figueiredo, Kai Uemoto, Neide Sato, Ubiraci e a todos os professores das disciplinas que cursei.
Agradeço aos colegas, Pedro Kopschitz (conselheiro e amigo), Rolando Ramirez (estatístico de plantão), Alexandre Gigante, Artemária, Rubiane, Luís Otávio, Fabrício, Nelson Diaz, Yoakim Galego, Rita, Ângelo, Willian, Rogério Santovito, Hudson Gracie, Érica, Luciana Alves, Claudia de Jesus, Maria Cristiana, Daniel Japonês, Sergio Rodovalho, Eduardo Ohashi, Julio Lindo, Charles, Eliana, Yêda, Claudia Oliveira e como tenho certeza que fiz mais amigos do que posso lembrar na hora de escrever este parágrafo, agradeço a você que está lendo e seu nome não está aí.
Aos meus amigos Sergio Ângulo, Leonardo Miranda, Tomás e Leonardo Grilo, responsáveis diretos pela minha participação em eventos sócio-culturais em São Paulo, Ribeirão Preto, Cabo Frio e onde mais tiver festas para ir.
Agradeço aos funcionários, João (grande ajudante na hora da moldagem dos corpos-de-prova, não gosta que chame ele de vovô), Dorval (prestativo e competente na hora de resolver problemas, além de animar e organizar nossas festas), Mario (colaboração imprescindível na realização do programa experimental, não sei como me agüentou!), Engrácia (séria candidata ao ministério de fazenda), Reginaldo (organização e zelo pelo laboratório), Adilson, Renata, Fátima (secretaria), Cristina, Patrícia, Edson, Paulinho, Léo, Regina, Fátima (biblioteca), Eduardo (estagiário). Agradeço aos demais departamentos: PEF, PHD e PTR.
Agradeço a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo � Fapesp, pela concessão de recursos de auxílio à pesquisa e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior � CAPES pela bolsa de mestrado. Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho
i
SUMÁRIO
Lista de figuras Lista de tabelas Resumo Abstract
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................... 4
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 5
1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................... 5
2. CIMENTO DE ESCÓRIA 6
2.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 6
2.2 HISTÓRICO DAS PESQUISAS PRECEDENTES NO BRASIL............................................... 7
2.3 CARACTERÍSTICAS DA ESCÓRIA DE ALTO-FORNO GRANULADA ................................ 8
2.4 ATIVAÇÃO DA ESCÓRIA ................................................................................................. 9
2.5 HIDRATAÇÃO DOS CIMENTOS DE ESCÓRIA ................................................................ 11
2.6 CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA DE CIMENTO DE ESCÓRIA................................ 12 2.6.1 NO ESTADO FRESCO 12
2.6.2 NO ESTADO ENDURECIDO 13
2.6.2.1 Resistência à compressão e à tração 13
2.6.2.2 Porosidade 14
2.6.2.3 Durabilidade 16
3. RETRAÇÃO DO CIMENTO DE ESCÓRIA 18
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 18
3.2 DEFINIÇÕES.................................................................................................................. 18 3.2.1 A ÁGUA NA ESTRUTURA DO CIMENTO HIDRATADO 18
3.2.2 MECANISMOS ASSOCIADOS À PERDA OU GANHO DE ÁGUA 19
3.2.2.1 Mecanismo de tensão ou depressão capilar 20
3.2.2.2 Mecanismo de variação da pressão de separação 22
ii
3.2.2.3 Mecanismo de variação da tensão superficial 23
3.2.3 RETRAÇÃO: TIPOS E MECANISMOS 23
3.3 ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL E NO EXTERIOR................................................... 26
3.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA RETRAÇÃO DO CIMENTO DE ESCÓRIA.................. 30 3.4.1 MICROESTRUTURA 30
3.4.2 TIPO E TEOR DE ATIVADOR 34
3.4.3 FINURA DA ESCÓRIA 35
3.4.4 POROSIDADE 35
3.4.5 CURA E CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO 35
3.5 COMENTÁRIOS............................................................................................................. 38
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 40
4.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA EXPERIMENTAL .............................................................. 40 4.1.1 VARIÁVEIS 41
4.1.1.1 Tipo e concentração dos ativadores 41
4.1.1.2 Dosagem das argamassas 41
4.1.1.3 Cimento portland de referência 42
4.1.1.4 Condições de cura e exposição 42
4.1.2 PROPRIEDADES ESTUDADAS 43
4.2 MATERIAIS EMPREGADOS........................................................................................... 44 4.2.1 ESCÓRIA DE ALTO-FORNO 44
4.2.2 CIMENTO PORTLAND 44
4.2.3 AREIA 45
4.2.4 ATIVADORES 45
4.2.4.1 Silicato de sódio e hidróxido de sódio 45
4.2.4.2 Cal hidratada 46
4.2.4.3 Gipsita 46
4.3 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS......................... 47 4.3.1 DOSAGEM E MOLDAGEM DAS ARGAMASSAS 47
4.3.2 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DILATAÇÃO TÉRMICA 47
4.3.2.1 Procedimento de ensaio 47
iii
4.3.2.2 Resultados 48
4.3.3 VARIAÇÃO DE TEMPERATURA 49
4.3.3.1 Procedimento de ensaio 49
4.3.3.2 Resultados 50
4.3.4 RETRAÇÃO POR SECAGEM 51
4.3.4.1 Procedimento de ensaio 51
4.3.4.2 Resultados 52
4.3.5 RETRAÇÃO AUTÓGENA 53
4.3.5.1 Resultados 54
4.3.6 RESISTÊNCIAS À COMPRESSÃO E À TRAÇÃO NA FLEXÃO E MÓDULO DE
ELASTICIDADE 54
4.3.6.1 Procedimento de ensaio 55
4.3.6.2 Resultados 57
4.3.7 CALOR DE HIDRATAÇÃO 60
4.3.7.1 Procedimento de ensaio 60
4.3.7.2 Resultados 60
4.3.8 ANÁLISE POR TERMOGRAVIMETRIA 62
4.3.8.1 Procedimento de ensaio 62
4.3.8.2 Resultados 64
4.3.9 POROSIMETRIA 67
4.3.9.1 Procedimento de ensaio 67
4.3.9.2 Resultados 68
4.3.10 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) 72
4.3.10.1 Procedimento de ensaio 73
4.3.10.2 Resultados 73
4.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS......................................................... 76
4.5 COMENTÁRIOS............................................................................................................. 76
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 77
5.1 TERMOGRAVIMETRIA.................................................................................................. 77 5.1.1 METODOLOGIA APLICADA NA ANÁLISE 77
5.1.2 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 77
5.1.3 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 83
iv
5.2 CALOR DE HIDRATAÇÃO ............................................................................................. 86 5.2.1 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 86
5.2.2 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 87
5.3 POROSIDADE ................................................................................................................ 88 5.3.1 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 88
5.3.2 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 93
5.3.3 POROSIDADE VERSUS TERMOGRAVIMETRIA 94
5.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO, À TRAÇÃO E MÓDULO DE ELASTICIDADE................ 95 5.4.1 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 95
5.4.1.1 Resistência à compressão 95
5.4.1.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade 96
5.4.2 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 96
5.4.2.1 Resistência à compressão 96
5.4.2.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade 98
5.4.3 EFEITO DO TIPO DE CURA 98
5.4.3.1 Resistência à compressão 98
5.4.3.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade 101
5.4.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO VERSUS POROSIDADE E TERMOGRAVIMETRIA 101
5.4.5 COMENTÁRIOS 103
5.5 RETRAÇÃO AUTÓGENA.............................................................................................. 105 5.5.1 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 105
5.5.2 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 109
5.5.3 RETRAÇÃO AUTÓGENA VERSUS POROSIDADE, CALOR DE HIDRATAÇÃO E PERDA
DE MASSA (TGA) 111
5.5.4 COMENTÁRIOS 115
5.6 RETRAÇÃO POR SECAGEM ........................................................................................ 116 5.6.1 EFEITO DO TIPO DE ATIVADOR 116
5.6.2 EFEITO DO TEOR DE ATIVADOR 119
5.6.3 RETRAÇÃO POR SECAGEM VERSUS VARIAÇÃO DE MASSA E POROSIDADE 120
5.6.4 RETRAÇÃO POR SECAGEM VERSUS RETRAÇÃO AUTÓGENA 129
5.6.5 COMENTÁRIOS 132
v
6. CONCLUSÕES 134
6.1 TERMOGRAVIMETRIA E DIFRAÇÃO DE RAIOS X ...................................................... 134
6.2 CALOR DE HIDRATAÇÃO ........................................................................................... 134
6.3 POROSIDADE .............................................................................................................. 135
6.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E À TRAÇÃO E MÓDULO DE ELASTICIDADE............ 135
6.5 RETRAÇÃO AUTÓGENA.............................................................................................. 136
6.6 RETRAÇÃO POR SECAGEM ........................................................................................ 137
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 138
6.8 PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS................................................................. 139
ANEXO A 141
ANEXO B 145
ANEXO C 148
ANEXO D 150
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 157
vi
LISTA DE FIGURAS
Fig. 2.1 Difratograma de raios X (Cuα ) da escória de alto forno (CINCOTTO et al.,1992).................. 8 Fig. 2.2 Distribuição acumulativa de poros em pasta de cimento de escória ativado com silicato de sódio em pó (AASP) e em pasta de cimento portland comum (OPCP), aos 3, 7, 28 e 56 dias. água/aglom = 0,50 (COLLINS; SANJAYAN, 2000c). ........................................................................ 15 Fig. 2.3 Porcentagem de mesoporos (a) e de macroporos (b) de acordo com a classificação da International Union of Pure and Applied Chemistry � IUPAC para pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio em pó (AASP) e em pasta de cimento portland comum (OPCP), aos 3, 7, 28 e 56 dias. água/aglom = 0,50 (COLLINS; SANJAYAN, 2000c)................................................................. 16 Fig. 3.1 Representação esquemática da adsorção da água em um capilar de pasta de cimento (BAZANT, 1972, apud YOUNG, 1988). ............................................................................................. 22 Fig. 3.2 Retração por secagem em concretos com escória ativada com 3% NaOH (AA GS), concretos com 30% de cimento portland e 70% de escória (GS+PC) e concretos com apenas cimento de portland (PC). Relação água/aglomerante: 0,35; cura submersa em água (T=40ºC) por 3 semanas (HÄKKINEN, 1992). ........................................................................................................................... 27 Fig. 3.3 Retração por secagem em concretos de escória ativada com silicato de sódio (AASC) (Ms=0,75 e 4% de Na2O) e concretos com cimento comum (OPCC); água/aglom=0,5; cura em câmara seca (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).................................................................................... 29 Fig. 3.4 Perda de massa em concretos de escória ativada com silicato de sódio (AASC) (Ms=0,75 e 4% de Na2O) e concretos com cimento portland comum (OPCC) ; água/aglom=0,5; cura em câmara seca (COLLINS; SANJAYAN, 2000c). ............................................................................................... 29 Fig. 3.5 Características da morfologia dos produtos hidratados com 1 dia de idade e uma relação água/aglomerante de 0,40. a) pasta de cimento de escória ativada e b) pasta de cimento portland comum (HÄKKINEN, 1992)................................................................................................................ 30 Fig. 3.6 Imagens de elétrons secundários por microscopia eletrônica de varredura de pasta após duas horas, água/aglomerante = 0,29: a) escória ativada e b) cimento portland comum (KUTTI, 1992)..... 31 Fig. 3.7 Imagens de elétrons secundários por microscopia eletrônica de varredura de pasta de escória após dois meses, água/aglomerante = 0,29: a) aumento de 10.000 vezes e b) aumento de 30.000 vezes (KUTTI, 1992). .................................................................................................................................... 32 Fig. 3.8 a) e b) micrografias de elétrons secundários em superfície de fratura em pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (5% de Na2O e Ms = 1,7).c) O ponto P7 indica local onde foi realizado a microanálise por EDS (SILVA, 1998). .............................................................................. 33 Fig. 3.9 Retração por secagem, após sete dias em cura submersa seguida pela exposição a 23ºC e 50% U.R. (COLLINS; SANJAYAN, 1999b). .............................................................................................. 37 Fig. 3.10 Retração por secagem, cura ambiente a 23ºC e 50% de umidade relativa a partir de 1 dia (COLLINS; SANJAYAN, 1999b)........................................................................................................ 37 Fig. 3.11 Retração com cura selada a 23ºC (COLLINS; SANJAYAN, 1999b). .................................. 38 Fig. 4.1 Esquema do procedimento de realização do ensaio de determinação do coeficiente de dilatação linear...................................................................................................................................... 48 Fig. 4.2 Corpos-de-prova e posicionamento dos termopares................................................................ 50 Fig. 4.3 Variação da temperatura das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, desmoldagem após 6 horas, 50% U.R. e 24ºC. ....................................................... 50 Fig. 4.4 Variação da temperatura das argamassas de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C) e ativada com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom=0,48, desmoldagem após 24 horas, 50% U.R. e 24ºC........................................................................................................... 51
vii
Fig. 4.5 Retração por secagem das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 52 Fig. 4.6 Variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 53 Fig. 4.7 Retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 54 Fig. 4.8 Ensaio de resistência à tração na flexão, de acordo com a BS EN 196 (1995). Detalhe da ruptura do corpo-de-prova para reaproveitamento em outros ensaios. ................................................. 55 Fig. 4.9 Ensaio de resistência à compressão de acordo com a BS EN 196 (1995). .............................. 56 Fig. 4.10 Ensaio de módulo de deformação. Detalhe do posicionamento dos extensômetros no corpo-de-prova................................................................................................................................................ 56 Fig. 4.11 Resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC................................................................................................................................. 57 Fig. 4.12 Resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 57 Fig. 4.13 Resistência à tração na flexão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC................................................................................................................................. 58 Fig. 4.14 Resistência à tração na flexão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 58 Fig. 4.15 Módulo de elasticidade das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC................................................................................................................................. 59 Fig. 4.16 Módulo de elasticidade das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................... 59 Fig. 4.17 Evolução acumulativa do calor de hidratação das pastas cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. ........... 61 Fig. 4.18 Evolução da taxa de liberação do calor de hidratação das pastas cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. ... 61 Fig. 4.19 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS).água/aglom= 0,48....................................................................................................................... 64
viii
Fig. 4.20 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS). água/aglom = 0,48. ............................................................................................................................... 64 Fig. 4.21 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS). água/aglom = 0,48. ............................................................................................................................... 65 Fig. 4.22 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N). água/aglom = 0,48. ............................................................................................................................... 65 Fig. 4.23 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom = 0,48. ............... 66 Fig. 4.24 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C). água/aglom = 0,48. ...................................................................................................................... 66 Fig. 4.25 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom = 0,48......................................................................................................... 67 Fig. 4.26 Evolução da porosidade acumulada das pastas de cimento 4NS (a), 3NS (b) e 2NS (c). água/glom=0,48. ................................................................................................................................... 69 Fig. 4.27 Evolução da porosidade acumulada das pastas de cimento 5N (a), ARI (b), 5C (c) e 2CG (d). água/glom=0,48. ................................................................................................................................... 70 Fig. 4.28 Evolução do incremento da porosidade das pastas de cimento 4NS (a), 3NS (b) e 2NS (c). água/glom=0,48. ................................................................................................................................... 71 Fig. 4.29 Evolução do incremento da porosidade das pastas de cimento 5N (a), ARI (b), 5C (c) e 2CG (d). água/glom=0,48. ............................................................................................................................ 72 Fig. 4.30 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS) aos 28 dias). a/glom=0,48. ............................................................................................................................... 74 Fig. 4.31 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS) aos 28 dias. água/glom=0,48............................................................................................................................ 74 Fig. 4.32 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N) aos 28 dias. água/glom=0,48............................................................................................................................ 75 Fig. 4.33 Difratograma da pasta de cimento portland ARI aos 28 dias. água/glom=0,48. ................... 75 Fig. 5.1 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. .................................. 79 Fig. 5.2 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. .................................. 79 Fig. 5.3 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. .................................. 80 Fig. 5.4 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. ................................ 80 Fig. 5.5 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. ........................................................................ 81 Fig. 5.6 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min................................. 81 Fig. 5.7 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. .............. 82 Fig. 5.8 Gráfico comparativo aos 28 dias da derivada da curva de perda de massa (TG) das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min. ................... 83 Fig. 5.9 Influência do teor de Na2O na evolução da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48. ................. 84
ix
Fig. 5.10 Influência do teor de Na2O na evolução da perda de massa (TG) entre 300ºC e 500ºC das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48. ................. 84 Fig. 5.11 Influência do teor de Na2O no calor acumulado das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48..................................................................................... 87 Fig. 5.12 Volume da porosidade total, de macroporos e de mesoporos das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS, 2NS). água/aglom=0,48. .................................................... 89 Fig. 5.13 Volume da porosidade total, de macroporos e de mesoporos da pasta de cimento de escória ativada: com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C) e com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48............................................... 90 Fig. 5.14 Gráfico comparativo da porosidade acumulada aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48........................................................................................................ 91 Fig. 5.15 Gráfico comparativo do incremento da porosidade aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.......................................................................................... 91 Fig. 5.16 Gráfico comparativo da porosidade acumulada aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.......................................................................................... 92 Fig. 5.17 Gráfico comparativo do incremento da porosidade aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com hidróxido de cálcio (5C) e com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom= 0,48. ................................................................................................................................ 92 Fig. 5.18 Influência do teor de Na2O na porosidade total e nos mesoporos das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48. .................................................... 93 Fig. 5.19 Correlação linear entre a evolução do volume de mesoporos e a perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48. ................................................................................................................................. 94 Fig. 5.20 Influência do teor de Na2O na resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC. ..................... 98 Fig. 5.21 Influência do tipo de cura na resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativadas com silicato de sódio, com hidróxido de sódio, com hidróxido de cálcio, com hidróxido de cálcio mais gipsita e da argamassa de cimento portland. água/aglom= 0,48, desmoldadas após 6 horas e colocadas na câmara úmida (100% U.R. e 24ºC) e em câmara seca (50% U.R. e 24ºC)................. 100 Fig. 5.22 Correlação linear entre a evolução da resistência à compressão e da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). ... 102 Fig. 5.23 Correlação entre a evolução da resistência à compressão e da porcentagem de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS)............................................. 103 Fig. 5.24 Gráfico comparativo da evolução da retração autógena e da taxa de retração das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. ................................................................................................................................................... 108 Fig. 5.25 Gráfico comparativo da evolução da retração autógena e da taxa de retração da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. .......................................................... 109 Fig. 5.26 Evolução da taxa de retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio. água/aglom= 0,48. .................................................................................................. 110 Fig. 5.27 Influência do teor de Na2O na retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48............................................................... 111 Fig. 5.28 Gráfico comparativo entre a evolução da retração autógena, do calor de hidratação (H), da perda de massa (TGA) e da quantidade de mesoporos (P) das misturas de escória ativada com silicato de sódio (Ms=1,7)............................................................................................................................... 112
x
Fig. 5.29 Correlação entre a evolução da retração autógena e do calor liberado para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS). ........................................................................... 113 Fig. 5.30 Correlação entre a evolução da retração autógena e da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). ........................ 114 Fig. 5.31 Correlação entre a evolução da retração autógena e da porcentagem de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS)................................................ 114 Fig. 5.32 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da taxa de retração das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................. 117 Fig. 5.33 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da taxa de retração da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. .................................... 118 Fig. 5.34 Influência do teor de Na2O na retração por secagem das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. ................................. 120 Fig. 5.35 Retração por secagem versus a variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. .................. 121 Fig. 5.36 Retração por secagem versus a variação de massa da argamassa com cimento portland. água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................... 122 Fig. 5.37 Apresentação simultânea do gráfico da evolução da retração por secagem e do gráfico da respectiva variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................... 123 Fig. 5.38 Gráfico comparativo da evolução da taxa de variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio e da argamassa de cimento portland. água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC......................................................................................................................................... 124 Fig. 5.39 Gráfico comparativo da evolução da taxa de retração por secagem e de variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................... 125 Fig. 5.40 Gráfico comparativo da evolução da taxa de retração por secagem e de variação de massa da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. .................................... 126 Fig. 5.41 Primeira Retração - Correlação entre a evolução da retração por secagem e da variação de massa para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC................................................................................................................................. 128 Fig. 5.42 Segunda Retração - Correlação entre a evolução da retração por secagem e da variação de massa para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS) e para a mistura de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC. .......................................................... 128 Fig. 5.43 Correlação entre a evolução da retração por secagem e do volume de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom= 0,48. ................ 129 Fig. 5.44 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da retração autógena da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48. ................................................................ 130 Fig. 5.45 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom= 0,48............................................................................................................................................................. 131
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LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Composição dos cimentos utilizados e a simbologia adotada. _____________________ 41 Tabela 4.2 Resumo do programa experimental _________________________________________ 43 Tabela 4.3 Composição química da escória, método IPT * (OLIVEIRA, 2000) ________________ 44 Tabela 4.4 Características do cimento CPV-ARI, CIMINAS. ______________________________ 45 Tabela 4.5 Composição química do silicato de sódio e do hidróxido de sódio, dados fornecidos pelo fabricantes (% em massa). _________________________________________________________ 46 Tabela 4.6 Composição química da cal hidratada (OLIVEIRA, 2000) _______________________ 46 Tabela 4.7 Composição química da gipsita (OLIVEIRA, 2000) ____________________________ 46 Tabela 4.8 Coeficiente de dilatação linear das argamassas ensaiadas, todas com uma relação água/aglomerante igual a 0,48. ______________________________________________________ 49
xii
ESTUDO DA RETRAÇÃO EM ARGAMASSA DE CIMENTO DE
ESCÓRIA1
Antônio Acacio de Melo Neto
RESUMO O uso de escória de alto forno como aglomerante alternativo ao cimento portland tem sido objeto de vários estudos no Brasil e no exterior. Além de representar vantagens ao meio ambiente por ser um resíduo, a escória apresenta boas possibilidades de emprego, principalmente pelo baixo custo e por suas vantagens técnicas das quais se destacam a elevada resistência mecânica, a boa durabilidade em meios agressivos, o baixo calor de hidratação. No entanto, o emprego deste material carece de estudos detalhados da retração, muito superior à do cimento portland. Este trabalho teve como objetivo estudar a cinética das retrações autógena e por secagem não restringidas do cimento de escória ativada em função, principalmente, do tipo e teor de ativadores empregados. Para a retração autógena, o corpo-de-prova foi selado com papel alumínio protegido internamente com plástico. As medidas estenderam-se de 6 horas até 112 dias. O fenômeno da retração também foi analisado com base nos resultados dos ensaios de porosimetria, calorimetria, termogravimetria e difração de raios X. Foram empregados como ativadores: silicato de sódio, cal hidratada + gipsita, cal hidratada e hidróxido de sódio. Como referência foi adotado o cimento portland da alta resistência inicial CPV-ARI. De acordo com os resultados obtidos, a ativação da escória com silicato de sódio apresentou retração por secagem e autógena superior à apresentada pelos demais ativadores e pelo cimento portland. A maior parte dessa retração medida ocorre até os 7 dias. A retração por secagem ocorre em dois estágios: o primeiro logo após a desmoldagem e o segundo a partir do início da formação dos produtos hidratados. O início da retração autógena coincide com o segundo estágio da retração por secagem. Com base nos ensaios de microestrutura, são determinantes para a elevada retração do cimento de escória ativada com silicato de sódio: a baixa porosidade, caracterizada pela predominância quase total de mesoporos; o elevado grau de hidratação e natureza dos produtos hidratados, com predominância quase total de silicato cálcio hidratado (C-S-H). Na ativação com cal e com cal mais gipsita, a composição diferente dos produtos hidratados (baixa formação de C-S-H e presença significativa de fases aluminato e sulfoluminato, respectivamente) altera a porosidade e a retração, principalmente a autógena que apresenta valores inferiores à do cimento portland. A ativação com hidróxido sódio é caracterizada pela elevada retração autógena e baixa formação de C-S-H, com presença significativa de fases aluminato.
1 Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PCC/USP), sob orientação do Prof. Dr. Wellington Longuini Repette.
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SHRINKAGE OF ALKALI-ACTIVATED SLAG2
Antônio Acacio de Melo Neto
ABSTRACT The use of ground granulated blast furnace slag (BFS) as an alternative binder to portland cement has been the subject of numerous studies in Brazil and other countries. Because BFS is a residue, its use benefits the environment. Furthermore, BFS cement is less costly and shows technical advantages if compared with normal portland cement, namely the higher strength, good durability in aggressive environments, and low heat of hydration. On the other hand, the high shrinkage of BSF cement is often indicated as one of the major limiting aspects for its use. The objective of this research was to study the development of unrestrained autogenous and drying shrinkage of BSF cement as function, mainly, of the chemical activator types and dosages. Autogenous shrinkage was measured in fully aluminum foil and plastic sheet wrapped specimens. Measurements were taken from 6 hours up to 112 days. Shrinkage was also analyzed in conjunction with mercury posorimetry, conduction calorimetry, thermogravimetric analysis and X-ray diffraction tests. Activators used were sodium silicate, hydrated lime + gypsite, hydrated lime and sodium hydroxide. High early strength portland cement was used as reference. The results showed that autogenous and drying shrinkage were larger when BFS was activated with sodium silicate. Most of the shrinkage occurs before 7 days of hydration. Drying shrinkage occurs in two phases: the first phase immediately after demolding, and the second phase concurrently with the formation of the hydrated products. Autogenous shrinkage coincides with the second phase of the drying shrinkage. Based on microstructure analysis, determining factors could be identified that respond for the high shrinkage of sodium silicate activated BFS cement: low porosity, mostly mesopores; high degree of hydration and chemical nature of the hydrated products, essentially calcium silicate hydrate - C-S-H. Activation with hydrated lime and hydrated lime plus dehydrated calcium results low amounts of C-S-H and significant quantities of aluminate and sulphoaluminate phases, respectively. Porosity and shrinkage, mainly autogenous, are lower than that verified for portland cement mixtures. Activation with sodium hydroxide causes high autogenous shrinkage, small amounts of C-S-H and significant quantities of aluminate phases.
2 Master of Science Thesis submitted to the Engineering Civil Construction Department of the São Paulo University Polythecnical School (PCC/USP), under supervision of Prof. Dr. Wellington Longuini Repette.
PPCCCC -- UUSSPP
1
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho está inserido na linha de pesquisa do Departamento de Construção
Civil-PCC da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que enfoca o
reaproveitamento de resíduos na Construção Civil. O resíduo estudado é a escória
granulada de alto-forno, subproduto da Indústria Siderúrgica, visando sua aplicação
como um cimento hidráulico. Nesta etapa, aborda-se o fenômeno da retração.
A escória de alto forno granulada, proveniente do resíduo da produção de ferro gusa,
tem sido empregada como adição na produção de cimentos portland, em substituição
a parte do clínquer. Desta forma, reduz-se o consumo de energia na produção do
cimento e minimiza-se o custo referente à disposição da escória. No Brasil, estima-se
que a indústria de cimento utiliza somente 50% do volume disponível; o excedente
acarreta custos elevados de disposição e estocagem para a Indústria Siderúrgica
(SILVA et al., 1996), além de ser um risco para o meio ambiente, principalmente
quanto à contaminação dos lençóis freáticos. O aumento do emprego da escória nos
materiais de construção representa vantagens técnicas e ambientais, e o
desenvolvimento de cimentos cujo único aglomerante é a escória implicaria no maior
consumo deste resíduo. Além disso, o elevado volume de produção de escória no
Brasil, aproximadamente 9 milhões de toneladas (IBS, 2002) 1, propicia a viabilidade
econômica do desenvolvimento de um cimento de escória2 de alto-forno.
O cimento de escória é composto de uma escória básica3 (ou ácida) e um ativador,
espécie química capaz de acelerar as reações de hidratação, isto é, a evolução do seu
endurecimento4. A produção de um cimento de escória de alto-forno tem como
vantagens sobre a produção do cimento portland: economia de energia de produção,
1 Estima-se que 1 tonelada de ferro gusa resulta em 300 kg de escória granulada de alto-forno. 2 A expressão cimento de escória identifica cimento de escória sem clínquer. Em contraposição à expressão cimento portland com escória identifica o cimento portland com adição de escória (JOHN, 1995). 3 A escória é dita básica quando apresenta uma relação CaO/SiO2 superior a 1, caso contrário, a escória é dita ácida. 4 Endurecimento tem o significado de ganho de resistência mecânica, objetivo visado no seu emprego como aglomerante.
2
menor consumo de recursos naturais não renováveis e a redução do volume de
resíduo siderúrgico acumulado (JOHN, 1995).
Principalmente nos países do leste europeu, o uso da escória ativada como
aglomerante é bastante difundido. Na Rússia (antiga União Soviética) e na Polônia,
GLUKHOVSKY (1994) e KRIVENKO (1994) relataram inúmeras aplicações
realizadas desde 1964, como o emprego em tubulações, lajes e fundações.
A exploração comercial da escória pela indústria de cimento, embora relevante, não
desmotivou o desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de seu aproveitamento
como aglomerante sob outras formas. Exemplos são os estudos realizados por
CINCOTTO; JOHN (1990), JOHN (1995), SILVA (1998), OLIVEIRA (2000), entre
outros. Em 1996, um estudo foi iniciado para o desenvolvimento de painéis pré-
moldados leves de cimentos de escória reforçados com fibra de vidro E5-GRS (E-
glass reinforced slag cement), para utilização em paredes internas e externas, fruto de
uma parceria entre a Universidade de São Paulo, a Companhia Siderúrgica de
Tubarão e a empresa Owens Corning contando com incentivos da lei 8661/1993 e
financiamento parcial da FINEP, através do FINEP-TEC (SILVA et al. 1996).
A reciclagem e utilização de resíduos pela indústria da construção civil são
considerados uma linha de pesquisa de importância relevante na atualidade,
testemunhada pela divulgação em publicações, Seminários, Workshops e
Congressos. Motivam este interesse, a busca por um desenvolvimento sustentável e a
preservação do meio ambiente. Em setores industriais, a falta de matéria-prima e a
demanda pela aplicação de subprodutos e resíduos industriais resulta no surgimento
de novas tecnologias e produtos (TALLING; BRANDSTETR, 1989).
O CaO, obtido de rochas carbonáticas, é o principal constituinte do clínquer,. A
transformação térmica do carbonato e a clinquerização consomem grande quantidade
de combustível e de energia. Como o cimento portland é um dos materiais mais
fabricados no mundo, resulta em uma fonte que aumenta significativamente a
quantidade de dióxido de carbono na atmosfera (ROY et al., 2000). Por exemplo, o
processo de produção de uma tonelada de cimento portland gera uma tonelada de
5 Fibra de vidro produzida com o vidro do tipo E (elétrico), apresenta elevada resistividade elétrica.
3
CO2 (ROY, 1999). Assim, a utilização da escória como um aglomerante é uma
alternativa econômica e ambientalmente interessante.
Além dos benefícios econômicos e ambientais, o cimento de escória apresenta outras
vantagens em comparação ao cimento portland: superior resistência à compressão,
embora dependa do tipo de ativador, durabilidade em ambientes agressivos (SHI;
STEGEMANN, 2000), baixo calor de hidratação, entre outras. Porém, a falta de
conhecimento sobre o material faz com que seu uso ainda seja bastante reduzido
(WANG; SCRIVENER, 1995). GLUKHOVSKY et al. (1980) já ressaltavam os
benefícios do uso do cimento de escória, tais como um menor custo por um produto
de elevado desempenho e durabilidade.
Os cimentos de escória têm uma característica importante quando se pensa na sua
utilização em aplicações práticas, pois, de acordo com o tipo e teor de ativador,
podem ser obtidos cimentos com características bastante distintas. Isto permite
adequar o cimento de escória de acordo com o seu emprego. JOHN (1995) ressalta
que esta característica de poder atender necessidades especificas é uma importante
vantagem competitiva.
ROY (1999) aponta alguns fatores que podem aumentar as oportunidades de uso do
cimento de escória: o conhecimento substancial de suas propriedades e mecanismos
de hidratação; bom desempenho em várias aplicações e menor impacto ambiental, se
comparado ao cimento portland comum.
Em contrapartida, o mesmo autor cita necessidades atuais de pesquisa e limitações ao
uso destes materiais, como:
��Normalização para difundir o uso deste material, como por exemplo, normas de
desempenho que não devem ser necessariamente baseadas nas de cimento
portland.
��Desenvolvimento de uma base de dados que torne o uso e a previsão do
comportamento do material mais confiável.
��Os mecanismos das reações de hidratação ainda necessitam de um entendimento
que permita evidenciar a eficiência de diferentes sistemas de ativação.
4
��Necessidade de estudos adicionais sobre o processamento da matéria prima,
relacionando o efeito de diferentes processos de obtenção do material no seu
desempenho quando aplicado.
��Aplicação de outras técnicas de caracterização6.
O estudo aqui proposto é mais uma contribuição ao tema pesquisado em trabalhos
realizados anteriormente no Departamento de Construção Civil por JOHN (1995),
SILVA (1998) e OLIVEIRA (2000).
1.1 JUSTIFICATIVA
Estudos realizados no projeto E-GRS evidenciaram a necessidade pesquisas mais
aprofundadas sobre a retração nos cimentos de escória, já citada por TAYLOR
(1997) como uma das principais características negativas deste tipo de cimento,
juntamente com a perda rápida do índice de consistência, observada por SECO DE
LA GARZA apud JOHN (1995). O controle da retração do cimento de escória é
determinante para a sua aplicação, já que ela pode causar fissuração e danos às peças
executadas com este tipo de cimento.
Sabe-se que a retração do cimento de escória é elevada se comparada à do cimento
portland, no entanto, faltam conhecimentos aprofundados sobre o seu
comportamento, a sua intensidade, a idade em que ela é mais intensa, o papel da
retração autógena e o efeito do teor de ativador. Isto limita os procedimentos
utilizados para amenizar a retração, como a cura úmida e, atualmente, o uso de
aditivos compensadores (REPETTE et al., 1998) e redutores de retração
(FOLLIARD; BERKE, 1997).
Descrever o comportamento da retração do cimento de escória, de modo a fornecer
parâmetros para aplicação de métodos que a amenizem, justificou assim a realização
desta pesquisa.
6 A ressonância nuclear magnética (NMR) é uma técnica que recentemente está sendo empregada na caracterização de sistemas inorgânicos complexos, como os produtos de hidratação do cimento.
5
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos visados foram os seguintes:
��Caracterização do comportamento do fenômeno da retração livre, no estado
endurecido, em argamassa com cimento de escória ativada com silicato de sódio,
hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio e hidróxido de cálcio mais gipsita,
comparada ao do cimento portland.
��Determinar a influência dos tipos e teores de ativadores na retração, bem como no
desenvolvimento do módulo de deformação, resistências à compressão e à tração e
calor de hidratação.
��Analisar a influência do tipo e teor de ativador nas propriedades químicas e na
microestrutura, correlacionado-as com a retração.
��Contribuir para o estabelecimento de uma metodologia de estudo da retração.
1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
No primeiro capítulo, apresenta-se a introdução, justificativa e objetivos do trabalho.
O segundo capítulo trata da revisão bibliográfica sobre o cimento de escória. Estudos
importantes para o entendimento da retração do cimento de escória também fazem
parte deste capítulo.
No terceiro capítulo, apresenta-se a revisão bibliográfica sobre os fundamentos para
a ocorrência da retração em pastas de cimento e os estudos da retração de cimento de
escória, ressaltando-se os fatores que potencialmente influenciam no seu
desenvolvimento.
No quarto capítulo descreve-se o programa experimental, materiais e métodos
utilizados neste estudo, e apresenta-se os resultados experimentais obtidos.
No quinto capítulo, apresenta-se a discussão dos resultados, com a análise da
influência do tipo e teor de ativador.
As conclusões estão dispostas no sexto capítulo, assim como propostas para
pesquisas futuras. No final do trabalho, encontram-se os anexos com os
procedimentos detalhados de ensaio (anexo A, B e C), a análise estatística (anexo D),
e as referências bibliográficas utilizadas neste estudo.
6
2. CIMENTO DE ESCÓRIA
2.1 INTRODUÇÃO
Na literatura internacional, o cimento de escória ativada com álcalis é conhecido
como cimento de escória álcali-ativada (do inglês �alkali-activated slag cement�).
WANG et al. (1995) definem o cimento de escória como sendo composto de escória
moída e uma espécie química alcalina, que podem ser hidróxidos alcalinos (ROH),
sais não silicosos de ácidos fracos como carbonato, sulfeto e fluoreto (R2CO3, R2S,
RF) ou sais silicosos do tipo R2O·(n)SiO2, onde R é um metal alcalino, Na, K ou Li.
A ativação da escória com álcalis é conhecida desde 1940, através de estudo
realizado por PURDON (1940), na Bélgica, que utilizou escórias com composições
variadas ativadas com hidróxido de sódio. No entanto, foi em Kiev, ex-União
Soviética, a partir da década de 50, onde inúmeros estudos sobre o cimento de
escória, cujo principal ativador era o silicato de sódio, possibilitaram um grande
número de aplicações práticas e um acúmulo de experiência na produção e operação
de estruturas de concreto com este material (GLUKHOVSKY et al. 1980). Os
ativadores mais tradicionais e antigos utilizados são o cimento portland, hidróxido de
cálcio e o sulfato de cálcio.
GLUKHOVSKY (1994) compara o cimento de escória ativada por álcalis com
cimentos utilizados em construções históricas como pirâmides e templos romanos.
No estudo, ele deduz que assim como os aglomerantes empregados em construções
históricas, o cimento de escória apresenta uma durabilidade maior em razão da
microestrutura de seus compostos hidratados ser mais estável, assemelhando-se a
rochas naturais existentes na crosta terrestre. Em razão dessa semelhança o autor
denomina este aglomerante de �solo cimento� (do inglês �soil cements�), pois
assemelha-se a uma rocha natural e ao cimento por ser cimentante. É consensual que
para uma melhor resistência mecânica e outras propriedades, o silicato de sódio
mostra-se como o ativador de melhor desempenho.
Trabalhos precedentes (TALLING; BRANDSTETR, 1989; GLUKHOVSKY, 1994;
KRIVENKO, 1994; JOHN, 1995; WANG, 1995; SILVA, 1998; OLIVEIRA, 2000)
7
apresentam revisão bibliográfica recente sobre este tema. Os pontos básicos
referentes ao cimento de escória são apresentados a seguir.
2.2 HISTÓRICO DAS PESQUISAS PRECEDENTES NO BRASIL
Estudos sobre a ativação da escória no Brasil foram iniciados no IPT - Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo no inicio da década de 80, cujos
resultados estão relatados no boletim 65 (CINCOTTO et al. 1992). Nesse estudo, a
escória de alto-forno moída foi ativada com hidróxido de sódio ou com cal hidratada.
A pesquisa sobre escória avançou em duas frentes:
a) O uso da escória como aglomerante, comandada pelo IPT, sem clínquer;
b) O uso da escória como adição ao cimento portland, comandada pela Associação
Brasileira de Cimento Portland � ABCP (BATTAGIN; ESPER, 1988)
As pesquisas realizadas no IPT entre o ano de 1984 e início dos anos 90,
(CINCOTTO et al., 1986; CINCOTTO; JOHN, 1990) concentraram-se na ativação
de escória com cal e gipsita, objetivando a produção de matriz cimentícia com baixa
alcalinidade, ao contrário do cimento portland, para viabilizar a reciclagem de fibras
vegetais residuais, como as de coco e de sisal, na produção de materiais compósitos.
O estudo da ativação de escória com silicato de sódio foi iniciado por JOHN (1995)
em sua tese de doutorado e marcou a entrada da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo � EPUSP nesta linha de pesquisa. Já em 1996, juntamente com a CST
(Companhia Siderúrgica de Tubarão) e a Owens Corning, a EPUSP iniciou o projeto
E-GRS para o desenvolvimento de painéis de cimento de escória reforçados com
fibra de vidro E. Deste projeto resultaram: o estudo do efeito da cura térmica sobre o
cimento de escória e o estabelecimento de parâmetros de cura ótimos para cada um
dos ativadores utilizados (cal hidratada, cal hidratada+gipsita, hidróxido de sódio,
cimento portland e silicato de sódio) (SILVA, 1998); o estudo da composição da
água do poro de cimentos de escória, parâmetro influente na durabilidade da fibra de
vidro em presença do cimento de escória (OLIVEIRA, 2000).
8
2.3 CARACTERÍSTICAS DA ESCÓRIA DE ALTO-FORNO GRANULADA
A escória de alto forno granulada é um material vítreo formado quando a escória de
alto forno fundida é rapidamente esfriada, processo denominado granulação. A
reatividade da escória depende de algumas características, tais como: finura, em
geral, a escória é utilizada com uma finura entre 250 m2/kg e 700 m2/kg (TALLING;
BRANDSTETR, 1989); composição química, constituída, em sua maioria, de SiO2,
CaO, MgO e Al2O3 e uma relação CaO/SiO2 na faixa de 1,14 a 1,33 (CINCOTTO et
al. 1992; SONG; JENNINGS, 1999); e teor de fase vítrea, em média, 95%
(CINCOTTO et al. 1992).
O teor de fase vítrea comanda a reatividade da escória de alto forno. Esta fase pode
ser estimada por contagem da fração cristalina por microscopia óptica ou por
difração de raios X, onde este material apresenta um halo vítreo na proximidade de
30º (2θ), conforme a Fig. 2.1.
Fig. 2.1 Difratograma de raios X (Cuα ) da escória de alto forno (CINCOTTO et al.,1992)
O esfriamento brusco impede a organização de uma estrutura cristalina, retendo
energia na estrutura atômica da fase vítrea. Quando a escória é esfriada lentamente é
em grande parte cristalina e quase não apresenta propriedade aglomerante
(SMOLCZYK, 1980).
Outro parâmetro para avaliação do comportamento da escória como aglomerante é o
módulo ou índice de hidraulicidade, ou ainda módulo de basicidade, que consiste na
relação entre óxidos, entre eles CaO, MgO e SiO2 presentes na escória. Alguns
autores observaram correlação entre este índice e as propriedades mecânicas, porém
restritas ao cimento e à escória empregados no estudo. ZACHARIESEN apud JOHN
(1995) estabelece que o módulo de hidraulicidade é a relação entre elementos
9
modificadores de cadeia e formadores de cadeia, no qual o módulo mais elementar é
o que relaciona a quantidade de CaO e SiO2.
A perda de reatividade da escória é um grande problema para as indústrias de
cimento no Brasil. Existe um grande acúmulo de escória por parte das indústrias
cimenteiras e como elas compram mais escória do que usam, acaba ocorrendo um
armazenamento por períodos longos, podendo afetar o comportamento da escória,
através da perda de reatividade (PECCHIO; BATTAGIN, 1999). Esta influência é
mais sentida nos casos em que a escória é utilizada como adição ao cimento portland.
No uso da escória como aglomerante, sem clínquer, um período de armazenamento
longo afeta menos o comportamento do cimento resultante (TALLING;
BRANDSTETR, 1989). Portanto, a possibilidade de um armazenamento longo,
quando comparado ao cimento portland comum, torna-se uma importante
característica do cimento de escória ativada com álcalis, pois a perda de estabilidade
ou de reatividade afetará pouco o seu desempenho se comparado ao que ocorre com
o cimento portland.
2.4 ATIVAÇÃO DA ESCÓRIA
A ativação química da escória é a mais usual, empregando-se quantidades
relativamente pequenas de espécies químicas, em massa. Segundo REGOURD
(1980), a ativação ainda pode ser obtida através do aumento de temperatura,
denominada ativação térmica. Apesar de ser assim designada, não ocorre uma
�ativação térmica� propriamente dita, mas sim aceleração da cinética da reação de
hidratação.
Os principais tipos de ativação química, geralmente nomeados segundo as espécies
químicas empregadas, são:
��Ativação por álcalis: utilizam-se hidróxidos alcalinos (ROH), sais não silicosos
de ácidos fracos (R2CO3, R2S, RF) ou sais silicosos do tipo R2O·(n)SiO2, onde R
é um metal alcalino (Na, K ou Li). O hidróxido de sódio (NaOH), o silicato de
sódio (Na2O·xSiO2·nH2O) são os compostos químicos mais utilizados na ativação
alcalina da escória. REGOURD (1980) inclui neste tipo de ativação, a ativação
10
com cal hidratada (Ca(OH)2), denominada ativação cálcica por JOHN et al.
(1994).
��Ativação por sulfatos alcalinos: os sulfatos alcalinos também têm a propriedade
de ativar a escória de alto forno, pois propiciam a elevação do pH do meio. Como
exemplo de um sulfato alcalino utilizado, tem-se o sulfato de sódio
(PARAMESWARAN; CHATTERJEE, 1986). Os sulfatos de cálcio são
utilizados como espécie química complementar para a ativação da escória, pois
não eleva o pH significativamente.
��Ativação mista: muitos dos ativadores citados são utilizados em conjunto, sendo
esta combinação denominada de ativação mista por REGOURD (1980). Em
geral, a espécie química mais utilizada quando da ativação com cal hidratada é o
sulfato de cálcio, provavelmente com o intuito de acelerar o início da pega do
cimento de escória ativada. Outra combinação seria a ativação da escória com
silicato de sódio junto com a cal hidratada que neste caso teria o papel de retardar
o início de pega, que é rápido neste tipo de cimento. Outras espécies químicas
também utilizadas essencialmente junto com outros tipos de ativadores são: a
gipsita (Ca2SO4·2H2O), o fosfogesso7, o hemidrato (Ca2SO4·0,5H2O) e a anidrita
(Ca2SO4) (REGOURD, 1980).
A preferência no uso de álcalis na ativação da escória se dá em razão de sua
capacidade de elevar o pH do meio que, como citado no item sobre hidratação da
escória, é o fator preponderante para uma evolução satisfatória das reações de
hidratação. Segundo VOINOVITCH et al. (1980), o pH a ser atingido
necessariamente deve ser maior do que 12,6.
7 Subproduto obtido durante a produção do ácido fosfórico, com formula química idêntica à gipsita, porém que contém impurezas como o fósforo (ANTUNES, 1999).
11
2.5 HIDRATAÇÃO DOS CIMENTOS DE ESCÓRIA
Quando a escória entra em contato com a água começa a dissolver-se, mas uma
película superficial é formada rapidamente sobre os grãos. Esta película é deficiente
em Ca2+ e inibe o avanço da reação de hidratação; para que a reação continue, é
necessário que o pH seja mantido em valor alto (VOINOVITCH et al., 1980).
No cimento portland, a dissolução do clínquer é por ataque hidrolítico (ação das
moléculas de água), sendo a alcalinidade mantida pelo hidróxido de cálcio e álcalis
liberados. A escória pode ser ativada se houver um suprimento de íons OH�, pois sua
dissolução se dá por ataque hidroxílico (ataque pelos íons OH�). Entre outras fontes
de ativador podem ser citados: o hidróxido de sódio, silicato de sódio, cal hidratada,
(TAYLOR, 1997; JOHN, 1995). Os produtos hidratados do cimento de escória são
principalmente C-S-H (I)8, AFm9 e hidrotalcita10, enquanto o cimento portland são
C-S-H e Ca(OH)2 (ROY, 1999; ROY et al., 2000).
A hidratação da escória foi um dos temas discutidos no 7th. International Congress on
the Chemistry of Cements, realizado em Paris, 1980. Discutiu-se a estrutura da
escória e a hidratação do cimento de escória, assim como a hidratação da escória
quando usada como adição ao cimento portland. A ativação da escória e o papel do
ativador na hidratação foram discutidos principalmente com relação ao uso da cal
hidratada, do hidróxido de sódio e da gipsita como ativadores. Das discussões do
tema por pesquisadores de renome como REGOURD, VON EUW, DRON,
SMOLCZYK, entre outros, consolidaram-se os seguintes conceitos sobre a
hidratação do cimento de escória, aceitos e difundidos atualmente (WANG;
SCRIVENER, 1995):
8 No cimento portland é encontrado geralmente nas primeiras idade e tem morfologia fibrilar (DIAMOND apud TAYLOR, 1997) 9 Monosulfoaluminato de cálcio hidratado, cuja fórmula geral é [Ca2(Al,Fe)(OH)6].X.xH2O, onde X é um ânion mono negativo ou meio ânion dinegativo, via de regra OH -, CO3 2- ou SO4 2- (TAYLOR, 1997). 10 A hidrotalcita propriamente dita é um mineral natural com fórmula igual a Mg6Al2CO3(OH)16·4H2O e tem estrutura baseada em camadas de brucita intercaladas por moléculas de água e íons de CO3
-2 (WANG; SCRIVENER, 1995).
12
a) Formação dos produtos hidratados por dissolução e precipitação nas
primeiras idades;
b) Em idades avançadas pode ocorrer por mecanismo �solid-state� (seria a
formação de produtos numa fase sólido-sólido, algo semelhante a uma reação
topoquímica).
RICHARDSON; CABRERA (2000) comparam a natureza do C-S-H formado no
cimento de escória com o formado em sistemas envolvendo C3S, demonstrando que a
morfologia dos produtos hidratados da camada externa (�outer-shell�) do cimento de
escória é diferente dos sistemas envolvendo C3S, passando de uma morfologia
fibrilar para uma morfologia semelhante a folículas (�foil-like�).
WANG et al. (1995) realizaram estudo em pastas de cimento de escória ativada com
hidróxido de sódio e silicato de sódio (�waterglass�). Concluíram que o C-S-H
formado em cimento de escória ativada apresenta baixa relação Ca/Si, entre 1 e 1,2,
enquanto pastas de cimento portland apresentam relação entre 1,5 e 1,8.
SHI; DAY (1996), em estudo por calorimetria de condução para análise de fatores
que afetam a hidratação inicial do cimento de escória ativado com três tipos de
ativadores (hidróxido de sódio, silicato de sódio e carbonato de sódio), mostram que
o aumento na concentração de Na2O, quando se utiliza o silicato de sódio, encurta o
período de indução e aumenta a taxa de evolução do calor de hidratação. O aumento
da relação água/aglomerante prolonga o período de indução e retarda a evolução do
calor de hidratação. O cimento de escória ativada com hidróxido de sódio ou com
carbonato de sódio tem taxa de evolução do calor de hidratação e calor acumulado
menores do que o cimento portland. Com silicato de sódio, teor de Na2O igual a 6%,
a taxa de evolução do calor de hidratação é equivalente à do cimento portland. Com
teor de 8% de Na2O, a taxa de evolução é maior.
2.6 CARACTERÍSTICAS DA ARGAMASSA DE CIMENTO DE ESCÓRIA
2.6.1 No estado fresco
É consensual a excelente fluidez inicial do concreto ou argamassa com cimento de
escória ativado com silicato de sódio, porém a perda de fluidez ocorre rapidamente.
13
COLLINS; SANJAYAN (1999a) demonstraram este fato em um estudo de concretos
de escória ativada por silicato de sódio (Ms=0,75 e 4% de Na2O) com e sem a adição
de materiais finos, como a sílica ativa e a cinza volante, onde o concreto com escória
ativada e adição de sílica ativa apresentou maiores abatimentos no ensaio com tronco
de cone.
O cimento de escória ativado com silicato de sódio apresenta início de pega rápido,
mas que, segundo TALLING; BRANDSTETR (1989), uma mistura contínua poderia
retardar o início de pega. Ressalta-se que faltam estudos conclusivos que
possibilitem afirmar a eficiência desta prática. Esse fenômeno pode-se dar em razão
da formação de produto da reação entre Ca2+ dissolvido da superfície do grão de
escória e os ânions ou grupos aniônicos dos ativadores (SHI et al., 1992).
WANG et al. (1995) sugerem que em cimentos de escória ativada com silicato de
sódio, o início de pega em torno de 15 minutos se dá em razão da formação conjunta
de C-S-H e de um gel rico em sílica. Percebe-se que ainda faltam estudos detalhados
sobre o mecanismo de endurecimento e de pega no cimento de escória ativada com
silicato de sódio. O aumento do teor de SiO2 e do módulo de sílica são fatores
determinantes para que ocorra um rápido início de pega, relatado exaustivamente por
vários autores.
2.6.2 No estado endurecido
2.6.2.1 Resistência à compressão e à tração
JIMÉNEZ et al. (1999) desenvolveram um estudo amplo sobre o desempenho quanto
a resistência à compressão e à tração de argamassa de escória ativada, onde foram
analisados vários fatores: finura da escória, temperatura de cura, concentração do
ativador e natureza do ativador. Os autores construíram um arranjo fatorial, variando
os níveis de cada um dos fatores: finura da escória (450 m2/kg e 900 m2/kg),
temperatura de cura (25 ºC e 45 ºC), concentração do ativador (3% e 4% de Na2O) e
natureza do ativador (silicato de sódio, hidróxido de sódio ou carbonato de sódio). Os
ensaios de resistência à compressão e à tração na flexão foram realizados aos 3, 7,
28, 90 e 180 dias. Em todas as idades, o nível de relevância para a resistência à
14
compressão foi nesta ordem: natureza do ativador > concentração do ativador >
finura da escória. As argamassas de escória ativada com silicato de sódio
apresentaram os maiores resultados, enquanto as argamassas ativadas com hidróxido
de sódio apresentam os resultados menores. Na resistência à tração na flexão o nível
de relevância foi distinto e dependente da idade. Até os 28 dias, a importância dos
fatores foi na seguinte ordem: natureza do ativador, concentração do ativador, finura
da escória e temperatura de cura. Para idades superiores a 28 dias, a cura passa a ser
o segundo fator de maior relevância.
O tipo de cura é de fundamental importância para o desenvolvimento das
propriedades mecânicas de concretos ou argamassas confeccionados com cimento de
escória ativada silicato de sódio, principalmente a cura úmida. A falta de cura úmida
pode ocasionar a perda de até 17,2% da resistência à compressão aos 28 dias e de até
53,5% aos 365 dias neste tipo de ativação (COLLINS; SANJAYAN, 2001).
SHI et al. (1992) afirmam que a zona de transição de concretos com cimento de
escória ativada é diferente da observada em concretos de cimento portland, em razão
do cimento de escória não ter grande quantidade de sulfoaluminatos e Ca(OH)2.
Estas duas espécies químicas seriam o principal fator para a existência de uma zona
de transição menos resistente em concretos de cimento portland, ficando implícito
por parte dos autores que seria uma das possíveis razões para a elevada resistência
mecânica da escória ativada com silicato de sódio.
2.6.2.2 Porosidade
É consensual a existência de uma correlação entre a porosidade e as propriedades
mecânicas do cimento portland. Em seus estudos, SHI (1996) indica que argamassas
com escória ativada com silicato de sódio apresentam, em geral, maior resistência e
menor porosidade, sendo a porosidade aos 3 dias menor do que a porosidade de uma
argamassa de cimento portland aos 90 dias. Enquanto a argamassa de cimento
portland apresentou distribuição contínua do volume de poros na faixa de 5 nm a
1200 nm, a argamassa de escória ativada com silicato de sódio teve distribuição
contínua na faixa de 10 nm a 200 nm, com a maior parte dos poros contidos até o
valor de 10 nm.
15
Estes resultados foram confirmados por OLIVEIRA (2000), em estudo de pastas de
cimento de escória ativada com silicato de sódio (2% de Na2O e Ms= 1,7 e 5% de
Na2O e Ms=1,5) e de pastas de cimento portland (tipo ARI). As pastas com cimento
portland tiveram a maior parte de seus poros compreendida na faixa de 10 nm e
100 nm enquanto as pastas com cimento de escória ativada com silicato de sódio, 5%
de Na2O (Ms=1,5), tiveram a maior parte de seu poros abaixo de 10 nm. Ressalta-se
que os autores utilizaram a porosimetria por intrusão de mercúrio que não detecta
diâmetros abaixo de 3 nm.
A Fig. 2.2 mostra a distribuição acumulativa de poros para pastas de cimento de
escória ativada com silicato de sódio em pó e de cimento portland comum
(COLLINS; SANJAYAN, 2000c). Pode-se observar um maior refinamento11 de
poros da pasta de escória do que na pasta de cimento.
Poro
sida
de (%
)
Log. Raio do Poro (nm)
Fig. 2.2 Distribuição acumulativa de poros em pasta de cimento de escória ativado com silicato de sódio em pó (AASP) e em pasta de cimento portland comum (OPCP), aos 3, 7, 28 e 56 dias. água/aglom = 0,50 (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).
Utilizando dados publicados por COLLINS; SANJAYAN (2000c), foi construída a
Fig. 2.3, que mostra que a proporção de mesoporos da pasta de escória ativada é
maior, em qualquer idade, do que na pasta de cimento portland.
11 Deslocamento da concentração de poros de uma faixa com diâmetros de poros maiores para uma faixa com diâmetros menores.
16
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
3 7 28 56Idade (dias)
Mes
opor
os %
AASP OCPC
(a)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
3 7 28 56Idade (dias)
Mac
ropo
ros %
AASP OPCP
(b)
Fig. 2.3 Porcentagem de mesoporos (a) e de macroporos (b) de acordo com a classificação da International Union of Pure and Applied Chemistry – IUPAC para pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio em pó (AASP) e em pasta de cimento portland comum (OPCP), aos 3, 7, 28 e 56 dias. água/aglom = 0,50 (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).
SHI (1996) utilizou modelos que correlacionam a porosidade total com a resistência
à compressão, consagrados para o cimento portland, para argamassas de cimento de
escória ativada com silicato de sódio, com hidróxido de sódio ou com carbonato de
sódio. Foram obtidas correlações significativas, porem pouco se sabe o porquê desta
distribuição de poros tão distinta da distribuição do cimento portland. Em geral,
pastas de escória ativada com álcalis possuem mais mesoporos12 e poucos
macroporos em relação à pasta de cimento portland, contribuindo assim para uma
baixa permeabilidade de compósitos com cimento de escória (WANG et al., 1995).
2.6.2.3 Durabilidade
A reação álcali � agregado é um dos fenômenos que pode afetar a durabilidade de
compósitos com cimento de escória ativada, principalmente no caso em que o
ativador utilizado é o silicato de sódio ou hidróxido de sódio. BAKHAREV et al.
(2001) realizaram estudo em concretos com cimento de escória ativada com silicato
de sódio (Ms = 0,75 e 4% de Na2O), no qual os corpos-de-prova foram
confeccionados com agregados não reativos e agregados reativos e monitorados por
18 meses quanto à sua variação de comprimento. Os autores verificaram que, quando
12 Os poros são classificados em três categorias de acordo com o diâmetro (Ø): microporos Ø<2nm; mesoporos 2< Ø <50 nm e macroporos Ø>50 nm (IUPAC, 1997).
17
comparado com o concreto com cimento portland e agregado reativo, o concreto com
escória ativada e agregado reativo apresentava uma expansão significativa,
evidenciando a reação álcali-agregado. GIFFORD; GILLOTT (1995) apresentam
dados que confirma esta susceptibilidade à reação álcali-agregado.
O cimento de escória ativada com silicato de sódio apresenta boa proteção à
armadura, pois sua fase liquida na estrutura endurecida é fortemente básica (pH em
torno de 12). Outro fator que contribui para esta vantagem é a baixa difusão de íons
cloreto em razão da baixa porosidade da escória ativada com silicato de sódio
(WANG et al., 1995).
SHI; STEGEMANN (2000) apresentam resultados da resistência à lixiviação ácida
de diferentes aglomerantes em ácido acético e ácido nítrico, onde a pasta de escória
ativada com silicato de sódio apresentou maior resistência quando comparada com a
pasta de cimento portland. Este comportamento foi justificado pelos autores como
sendo em razão do teor de cal mais baixo no cimento de escória, ocasionando menor
lixiviação. No cimento portland, a dissolução de Ca(OH)2, sulfoaluminatos e a
descalcificação do C-S-H (que tem uma elevada relação C/S, entre 1,5 e 1,8,
comparado ao C-S-H do cimento de escória, com uma relação em torno de 1) incorre
na formação de uma camada porosa, diminuindo a resistência e acelerando a
lixiviação da pasta.
A eflorescência é um dos problemas freqüentes em concretos e argamassas com
cimento de escória ativada, principalmente quando se utilizam ativadores com Na2O.
A lixiviação dos álcalis livres com a evaporação da água é o fenômeno que dá
origem à eflorescência (WANG et al., 1995).
KRIVENKO (1994) afirma que os produtos hidratados formados em cimentos
tradicionais não são encontrados na natureza e que este fato contribui para a
instabilidade e uma durabilidade não tão elevada. Os cimentos de escória ativada
com álcalis, ao contrário, formam produtos hidratados análogos a produtos
hidratados e anidros estáveis, estes originalmente formados na crosta terrestre no
processo de formação de rochas e minerais. O autor define os cimentos de escória
como �geocimentos�.
18
3. RETRAÇÃO DO CIMENTO DE ESCÓRIA
3.1 INTRODUÇÃO
O cimento de escória é um aglomerante que possui características e comportamento
distintos do cimento portland, com destaque para sua elevada retração. Este capítulo
tem como objetivo reunir conhecimentos sobre o fenômeno da retração no cimento
de escória, embasando o programa experimental e a análise dos resultados obtidos
segundo a metodologia proposta. São definidos os conceitos básicos relativos à
retração, necessários para o entendimento do fenômeno, e é apresentado um
levantamento dos estudos sobre a retração do cimento de escória, enfatizando os
fatores que mais contribuem para sua ocorrência.
3.2 DEFINIÇÕES
3.2.1 A água na estrutura do cimento hidratado
Antes da apresentação dos principais conceitos sobre retração, é importante definir as
condições em que se encontra a água nas misturas cimentícias, no estado fresco e
endurecido, em razão do seu importante papel nos mecanismos responsáveis pelas
deformações observadas em laboratório e em obra.
A matriz cimentícia do cimento de escória é composta principalmente por silicato de
cálcio hidratado (C-S-H) e vazios, que podem estar saturados, secos ou parcialmente
preenchidos por água. A movimentação da água presente faz com que se tenha uma
deformação da estrutura do cimento hidratado, a qual irá depender da forma como a
água está ligada e do tipo de poro em que a água está contida.
Os poros na estrutura do cimento hidratado são basicamente classificados em poros
de gel e poros capilares (YOUNG, 1988). Os poros de gel são os poros da estrutura
interna do C-S-H e têm diâmetro compreendido na faixa13 denominada dos
microporos (Ø<2nm); já os poros capilares correspondem aos formados pelos vazios
13 Os poros podem ser classificados em três categorias de acordo com o diâmetro (Ø): microporos Ø<2nm; mesoporos 2< Ø <50 nm e macroporos Ø>50 nm (IUPAC, 1997).
19
intergranulares (BUIL; OLLIVIER, 1992) e têm diâmetro compreendido na faixa de
mesoporos e macroporos (respectivamente, 2< Ø <50 nm e Ø>50 nm). Os tipos de
água são classificados em função do diâmetro dos poros em que ela se localiza e da
sua dificuldade de remoção, sendo atualmente classificada em:
�� Água quimicamente combinada: é a água retida nos produtos hidratados do
aglomerante, removida apenas em temperaturas acima de 100ºC.
�� Água interlamelar: é a água que ocupa os espaços entre as camadas internas da
estrutura do C-S-H, removida quando em ambiente com umidade relativa em
torno ou abaixo de 11% de umidade (TAYLOR, 1997).
�� Água adsorvida: é a água que em razão da força de atração molecular permanece
fisicamente retida na superfície dos produtos sólidos do aglomerante, presente
nos microporos e nos mesoporos.
�� Água capilar: é a água contida nos maiores poros capilares, especificamente na
faixa de macroporos, também denominada água livre em razão da baixa tensão
superficial. Sua remoção não implica na variação de volume.
3.2.2 Mecanismos associados à perda ou ganho de água
A variação dimensional das peças produzidas com cimento, em razão da perda ou
ganho de água ou de variação térmica foi bastante estudada e descrita por POWERS
(1968) com base em leis da termodinâmica. Ressalta-se que o autor utilizou cimento
portland na pesquisa.
É comum separar a atuação dos mecanismos que explicam o efeito movimentação da
água conforme a faixa de umidade (XI; JENNINGS, 1989). Outros fatores
importantes para diferenciação entre os mecanismos atuantes são: a porosidade, a
microestrutura da fração sólida do material e a forma com que a água contida está
ligada a esta fração sólida. Os principais mecanismos causadores da retração são
apresentados a seguir.
20
3.2.2.1 Mecanismo de tensão ou depressão capilar
A água condensada no interior do poro capilar está sujeita a uma pressão de
confinamento, principalmente na faixa de mesoporos. O mecanismo que provoca a
deformação quando da perda desta água, quer seja para o ambiente ou para a
formação de produtos hidratados, está fundamentado no efeito físico da retração por
depressão capilar.
A pressão do líquido que se encontra dentro de capilares é denominada pressão
capilar. A tensão superficial e o raio de curvatura da superfície formada pelo líquido
(menisco) são parâmetros com os quais se calcula a pressão capilar, de acordo com a
Equação de Laplace.
��
�
�
��
�
�+=
21R1
R1 σcP Eq.( 3.1 )
Onde:
PC = Pressão capilar;
σ = Tensão superficial;
R1 e R2 = São os raios de curvatura do menisco nas direções ortogonais.
A pressão capilar exerce uma força de atração (Fa) entre as paredes do capilar ou
entre duas partículas separadas por um líquido que preenche o capilar. Em um
ambiente com umidade relativa igual a 100%, tem-se uma pressão de vapor
saturante14 em equilíbrio com a pressão capilar. Quando o material poroso é exposto
a um ambiente com umidade relativa15 abaixo de 100%, ocorre desequilíbrio entre a
pressão de vapor parcial13 e a pressão capilar, causando evaporação do líquido que
forma o menisco para que seja atingido um equilíbrio (QUAGLIANO;
14 É a pressão exercida pela máxima quantidade de vapor de água contido no ar a uma determinada temperatura. 15 Quando a quantidade de vapor de água não é suficiente para saturar o ar, a pressão é dita pressão parcial de vapor. A umidade relativa nada mais é do que a razão entre a pressão parcial de vapor (p) e a pressão de vapor saturante (po), expressa em porcentagem.
21
VALLARINO, 1985). A pressão capilar de equilíbrio é expressa pela equação de
Kelvin.
���
����
�⋅=
0ppln
RTρMpa
cV Eq.( 3.2 )
Onde:
pC = pressão capilar;
MV = massa de um mol de água;
ρa = densidade da água; R = constante geral dos gases perfeitos;
T = temperatura;
0pp = umidade relativa15.
Com a evaporação da água em ambientes com umidade relativa abaixo de 100%,
ocorre a diminuição do raio do menisco até ser atingida a pressão de equilíbrio, como
estabelecido pela equação de Kelvin. De acordo com a equação de Laplace, a
diminuição do raio do menisco provocará um aumento da pressão capilar e,
conseqüentemente, da força de atração entre as partículas, manifestada pela retração
do material (WITTMANN, 1982; YOUNG, 1988; BASTOS, 2001).
Há um estágio limite onde a resistência à tração da água é excedida, não sendo mais
possível existir o menisco. YOUNG (1988) sugere que a pressão capilar só é
significativa em poros com diâmetro abaixo de 35 nm, atingindo um valor máximo
em poros em torno de 2,5 nm em ambiente com umidade relativa entre 40% e 50%.
XI; JENNINGS (1989) confirmam que o estágio limite é atingido para poros com
2,5 nm, em ambiente com 40% de umidade relativa.
22
3.2.2.2 Mecanismo de variação da pressão de separação16
Com a secagem progressiva do material poroso, ocorre a formação de meniscos em
poros capilares, no entanto, admite-se que neste mesmo poro existem superfícies
sólidas muito mais próximas do que o admitido pela teoria de depressão capilar.
Neste caso, uma tensão normal resulta das camadas de água adsorvidas sobre as duas
superfícies formadas pelo estreitamento do poro (Fig. 3.1), impedindo que haja uma
maior aproximação entre as superfícies sólidas (XI; JENNINGS, 1989). Esta tensão é
designada pressão de separação.
Fig. 3.1 Representação esquemática da adsorção da água em um capilar de pasta de cimento (BAZANT, 1972, apud YOUNG, 1988).
Em virtude do estabelecimento do equilíbrio com a umidade relativa, a água sai do
capilar e há diminuição da espessura das camadas de água adsorvida. Isto resulta na
diminuição da tensão de separação e, conseqüentemente, resulta em retração. Apesar
de estar relacionado à perda de água em poros capilares em ambientes com umidade
relativa acima de 50% (WITTMANN, 1982), o mecanismo de variação da pressão de
separação também é considerado como a principal causa da retração em razão da
16 Na literatura nacional, freqüentemente se encontra este mecanismo denominado como pressão de desligamento, o que seria uma tradução literal da expressão em inglês, disjoining pressure. Esta denominação também se deve à explicação do mecanismo ser baseada na adsorção de água de acordo com o modelo de Munich. Neste estudo, adotou-se o termo pressão de separação por descrever de uma forma mais adequada o mecanismo do fenômeno da dessorção.
Água capilar
Vapor de água (com ar)
2,63
nm
Água adsorvidaTensão normal
23
perda da água interlamelar, o que seria uma contradição, pois a perda desta água
somente ocorre em ambiente com umidade relativa inferior a 11% (TAYLOR, 1997).
3.2.2.3 Mecanismo de variação da tensão superficial
A tensão superficial resulta do desequilíbrio de forças na superfície dos materiais,
decorrente de cargas não neutralizadas presentes na superfície. O desequilíbrio destas
forças resulta em tensões de tração na superfície livre ou na interface entre dois
materiais; sendo a interface sólido-líquido, a tensão superficial provoca a compressão
do sólido.
Quando ocorre a adsorção de um filme de água na superfície de um sólido, as
moléculas de água são capazes de neutralizar, em alguma extensão as forças
presentes na superfície sólida, reduzindo o nível de energia superficial do sólido. Em
um material poroso, com umidade abaixo de 40%, a secagem progressiva reduz o
filme de água adsorvida à superfície das partículas sólidas e, por conseqüência,
aumenta a tensão superficial entre a água e a superfície sólida. Isto provoca uma
compressão da superfície sólida que se manifesta por uma contração da massa. Como
os materiais cimentícios em geral têm uma grande área específica, a diminuição da
umidade relativa aumenta a tensão superficial na interface sólido � líquido, que pode
resultar em uma retração significativa do material. Alguns aditivos redutores de
retração agem diminuindo a tensão superficial da água, obtendo com isto deformação
por retração menor.
3.2.3 Retração: tipos e mecanismos
Existem dificuldades no entendimento do fenômeno da retração em razão da
complexidade dos diferentes mecanismos atuantes e de fatores que podem
influenciar o fenômeno. Com base nas descrições dos mecanismos associados à
perda de água, pode-se resumir que no decorrer da secagem do material ocorre:
• Perda da água capilar contida nos poros de maior diâmetro (macroporos), porém
sem atingir valores significativos de tensão capilar;
• Início da formação de meniscos na faixa de mesoporos e do conseqüente
aumento da tensão capilar. Ao mesmo tempo, a difusão da água contida em poros
24
com diâmetro menor, porém conectados, também provoca uma variação da
pressão de separação;
• Em ambientes com umidade relativa baixa, os diâmetros de poros pequenos (40%
de umidade relativa e 2,5 nm), atingem um estágio onde não é possível existir o
menisco. A partir desse instante, a variação dimensional se dá em razão da
variação de tensão superficial da água adsorvida na superfície sólida e da
variação da pressão de desligamento da água interlamelar do C-S-H.
Em geral, vários mecanismos podem atuar causando deformação volumétrica,
porém, pode-se simplificá-los para exemplificar a deformação no cimento hidratado:
ε = εrs + εf + εra + ε∆t + εc Eq.( 3.3)
Onde:
ε = deformação total
εrs = deformação resultante da retração por secagem
εf = deformação resultante da fluência
εra = deformação resultante da retração autógena
ε∆t = deformação resultante da variação de temperatura
εc = deformação resultante da carbonatação
A deformação resultante da fluência e nem o grau de restrição da peça foram objetos
desta pesquisa, optou-se pelo estudo em peças livre de restrições. O grau de restrição
da peça é importante quando analisado o surgimento de tensões em razão de
deformações ocorridas na peça.
As retrações em materiais cimentícios podem ser classificadas nos seguintes tipos:
�� Retração plástica: ocorre antes do fim de pega, ainda no estado fresco através da
evaporação rápida inicial da água de amassamento, pela superfície exposta da
mistura cimentícia, resultando em fissuração superficial, facilmente observável.
�� Retração por secagem: acontece depois do fim da pega do cimento e ocorre
devido à redução dimensional causada pela evaporação da água de poro da
25
mistura cimentícia. Em um ambiente com umidade abaixo de 100%, na pasta de
cimento dá-se à perda de água e a conseqüente retração (POWERS, 1968).
�� Retração química: diminuição dimensional em razão do volume de produtos
hidratados ser inferior ao volume de produtos anidros. Também denominada de
contração Le Chatelier, autor da descoberta do fenômeno.
�� Retração autógena: definida como a mudança de volume sob temperatura
constante, e sem perda de umidade da mistura cimentícia para o meio ambiente, é
causada pela redução da umidade relativa no interior dos poros em decorrência da
evolução da hidratação do cimento (POWERS, 1968). Neste tipo de retração,
ocorre o consumo da água dos capilares em razão das reações de hidratação
resultando na retração do material. Este mecanismo também é conhecido como
auto-secagem. TAZAWA et al. (2000) sugere que o resultado macroscópico da
retração autógena é soma da retração química mais o efeito físico da auto-
secagem, que seria a retração por depressão capilar.
�� Retração ou contração térmica: A reação entre o cimento e a água é exotérmica,
gerando calor, liberado para o ambiente, sendo parte deste calor liberado nas
idades iniciais quando a mistura cimentícia ainda é suscetível a deformações; em
grandes volumes parte deste calor é acumulada ocasionando uma expansão
térmica. Quando a taxa de hidratação diminui, a temperatura diminui e, como
conseqüência, tem-se a retração térmica ou contração térmica, que pode causar
sérios danos a determinadas estruturas (WITTMANN, 1982).
A retração por secagem e a retração autógena são causadas, principalmente, pelo
mesmo mecanismo de tensão capilar. A causa da retração por secagem é a perda da
umidade para o ambiente e a retração autógena para as reações de hidratação.
Parte da retração pode ser considerada reversível, retornando a valores mais
próximos das dimensões originais (MEHTA, MONTEIRO, 1994). Geralmente, esta
recuperação se dá através de um molhamento da peça. Porém, a maior parte da
retração não é recuperada com o molhamento, sendo esta parte denominada de
retração irreversível, provavelmente em razão de mudanças na estrutura do C-S-H
durante o período de secagem (MEHTA, MONTEIRO, 1994).
26
3.3 ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL E NO EXTERIOR
No Brasil, um dos estudos pioneiros sobre cimento de escória foi o realizado por
TEZUKA et al. (1984). A escória de alto-forno moída foi ativada com hidróxido de
sódio e com cal hidratada. Os autores concluíram que as argamassas ativadas com cal
hidratada tiveram retração maior do que as argamassas ativadas com hidróxido de
sódio e ambas tiveram retração maior do que as argamassas de cimento portland;
porém não aprofundaram os estudos para descobrirem as possíveis causas da retração
elevada nas argamassas ativadas.
JOHN (1995) ressaltou dentro de vários itens de sua tese, a necessidade de se estudar
de maneira mais aprofundada a retração dos cimentos de escória ativada. Pelos dados
disponíveis não foi possível correlacionar a distribuição de poros com a retração por
secagem, propondo que características da microestrutura do C-S-H, tais como o grau
de polimerização e a elevada superfície específica poderiam vir a explicar a elevada
retração deste tipo de cimento. JIANG et al. (1997), em estudo realizado em
argamassas de escória ativada com silicato de sódio ou hidróxido de sódio,
confirmaram a retração elevada da escória ativada com silicato de sódio.
ANDERSSON; GRAM (1988) realizaram estudo sobre as propriedades dos cimentos
de escória, obtidos por ativação com hidróxido de sódio, com carbonato de sódio e
com silicato de sódio. A retração foi analisada com muitas variações de teores de
ativadores. Os autores concluíram que a retração em argamassa de escória ativada
com silicato de sódio curadas ao ambiente foi quase 3 vezes maior do que em
argamassas com cimento portland.
HÄKKINEN (1992) estudou a tendência à fissuração em corpos-de-prova
(40x40x160 mm) de concretos com cimento de escória álcali-ativada. Como ativador
alcalino foi utilizado somente o hidróxido de sódio (NaOH) no teor de 3% da massa
de escória. O outro ativador utilizado foi o cimento portland de alta resistência
inicial, numa relação de 70% de escória e 30% de cimento, e como mistura de
referência foi confeccionado um traço com 100% de cimento portland de alta
resistência inicial. Foi observado que a retração do concreto com cimento de escória
ativada com 3% de NaOH continua a crescer ao longo do tempo, atingindo valores
27
maiores do que o concreto com cimento portland e o concreto com adição de 70% de
escória (Fig. 3.2).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 30 60 90 120 150 180 210Idade (dias)
Ret
raçã
o m
m/m
m (1
0 -6)
PC GS+PC AA GS
Fig. 3.2 Retração por secagem em concretos com escória ativada com 3% NaOH (AA GS), concretos com 30% de cimento portland e 70% de escória (GS+PC) e concretos com apenas cimento de portland (PC). Relação água/aglomerante: 0,35; cura submersa em água (T=40ºC) por 3 semanas (HÄKKINEN, 1992).
KUTTI (1992) realizou estudo mais aprofundado sobre o efeito da microestrutura
dos cimentos de escória ativada com hidróxido de sódio na retração. O autor
concluiu que a formação de um gel rico em sílica é a principal causa da retração e
que a mesma é substancial.
Diversos autores (KUKKO; MANNONEN, 1982; ANDERSSON; GRAM, 1988;
HÄKKINEN, 1992; WANG et al., 1995; TAYLOR, 1997; BAKHAREV et al. 1999;
COLLINS; SANJAYAN, 1999a) confirmam que a retração em cimentos de escoria
ativada é bem maior do que nos cimentos portland comuns. Porém, poucos detalham
de maneira aprofundada o comportamento da retração, faltando apresentar dados
como a perda de massa, fundamental para se correlacionar dados de retração por
secagem com a hidratação. Posteriormente, COLLINS; SANJAYAN (2000c)
discutem essa relação.
As pesquisas mais recentes sobre o cimento de escória ativada foram realizadas na
Austrália, no Departamento de Engenharia Civil e de Engenharia dos Materiais da
Universidade de Monash. Esse grupo de pesquisa produziu vários trabalhos sobre o
cimento de escória ativada, a maioria com a metodologia baseada no comportamento
do material aplicado (estudos simulados em lajes e vigas), observação do
comportamento e tentativa de solução dos problemas do material. Os relatos dos
estudos iniciais do grupo de pesquisa australiano (BAKHAREV et al., 1999;
28
COLLINS; SANJAYAN, 1999a; COLLINS; SANJAYAN, 1999b) mostraram-se
bastante confusos, em muitos dos quais faltavam informações17 básicas para uma boa
análise, tais como: teores de ativador, dosagem das argamassas, perda de massa,
tempo de cura, entre outras.
Este grupo realizou vários estudos com objetivo de solucionar o problema da
retração, porém a falta de uma caracterização do comportamento da retração e de
uma sistemática adequada dos estudos parece ter dificultado o entendimento do
fenômeno. No entanto, cabe ressaltar a importância de se aproveitar essas
experiências no que diz respeito a resultados obtidos em concretos e em aplicações
práticas. A base de toda metodologia e materiais utilizados pelo grupo foi baseada no
trabalho realizado por COLLINS; SANJAYAN (1999a). Em vários trabalhos
subseqüentes foi utilizada a mesma metodologia e materiais, variando-se detalhes
que pretendiam solucionar o problema da retração.
COLLINS; SANJAYAN (1999b) estudaram concretos de cimento de escória ativada
com silicato de sódio (Ms=0,75 e 4% de Na2O), utilizando agregado poroso saturado
como meio de reduzir a retração por secagem, pois a água contida no agregado
poroso funcionaria como uma cura interna do concreto, diminuindo a retração por
secagem. Os resultados obtidos foram bons quanto à diminuição da retração por
secagem do cimento de escória ativado, porém a retração continuava
significantemente maior do que a retração no concreto com cimento portland
comum. É possível que isto seja decorrente da maior retração autógena do cimento
de escória ativada quando comparada à do concreto de cimento portland.
Em um dos poucos trabalhos que apresentam a perda de massa, COLLINS;
SANJAYAN (2000c) verificaram que o concreto com cimento portland teve uma
perda de massa maior que o concreto com escória ativada (Fig. 3.4), porém este
último teve retração maior (Fig. 3.3). Os autores concluíram que a perda de massa
não é inteiramente responsável pela elevada retração do concreto com cimento de
escória. Realmente, fica evidente que a perda de água não explica a retração elevada
do cimento de escória ativada com silicato de sódio. Estudos anteriores
17 Algumas informações foram obtidas por meio de comunicação via e-mail diretamente com os autores.
29
(WITTMANM, 1982; YOUNG, 1988) mostram que a distribuição dos poros e as
características do C-S-H têm uma influência crítica na retração por secagem,
podendo elucidar determinados aspectos do comportamento da retração.
Ret
raçã
o po
r se
cage
m
10 �
6 mm
/mm
Idade (dias)
Fig. 3.3 Retração por secagem em concretos de escória ativada com silicato de sódio (AASC) (Ms=0,75 e 4% de Na2O) e concretos com cimento comum (OPCC); água/aglom=0,5; cura em câmara seca (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).
Perd
a de
mas
sa (%
)
Idade (dias)
Fig. 3.4 Perda de massa em concretos de escória ativada com silicato de sódio (AASC) (Ms=0,75 e 4% de Na2O) e concretos com cimento portland comum (OPCC) ; água/aglom=0,5; cura em câmara seca (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).
Ainda neste estudo, os autores verificaram que a retração do cimento de escória é
realmente elevada, pois mesmo em concretos com quantidade significativa de
agregado e, conseqüentemente, quantidade menor de pasta, foi verificada uma
retração quase 4 vezes superior a do concreto com cimento portland normal.
Em resumo, pode-se dizer que apesar de ser apontado como um dos pontos negativos
do cimento de escória, nota-se que existem poucos estudos sistêmicos sobre sua
retração. Como descrito anteriormente, com diferentes tipos e teores de ativador têm-
se cimentos com características distintas, fazendo com que estudos realizados sobre a
30
retração do cimento de escória sejam difíceis de ser comparados devido ao grande
número de combinações de ativadores.
3.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA RETRAÇÃO DO CIMENTO DE ESCÓRIA
São vários os fatores que podem influenciar a retração do cimento de escória. Neste
capítulo são apresentados alguns dos mais importantes. Porém, é importante ressaltar
que muitos dos fatores aqui analisados individualmente podem interagir e influenciar
conjuntamente a retração.
3.4.1 Microestrutura
A influência da microestrutura sobre a retração foi proposta por HÄKKINEN (1992)
que estudou a escória ativada com hidróxido de sódio, 3% da massa de escória.
Concluiu que a tendência à fissuração do concreto de escória álcali-ativado pode ser
devido à baixa capacidade de deformação da estrutura granular pela falta de produto
hidratado com morfologia fibrosa. Segundo a autora, a principal diferença entre a
morfologia dos produtos formados no cimento de escória e o cimento portland, é que
na escória ativada, formam-se produtos de hidratação com textura lisa e granular
(Fig. 3.5 a), faltando o produto hidratado com morfologia fibrosa, característica dos
cimentos portland (Fig. 3.5 b). Nas primeiras idades, quando a resistência da matriz
ainda é baixa, podem ser formadas microfissuras devido às deformações geradas pelo
endurecimento, ocorrendo a diminuição das fissuras com o passar da idade e,
conseqüentemente, aumento da resistência da matriz.
a) b)
Fig. 3.5 Características da morfologia dos produtos hidratados com 1 dia de idade e uma relação água/aglomerante de 0,40. a) pasta de cimento de escória ativada e b) pasta de cimento portland comum (HÄKKINEN, 1992).
31
Apesar de não estar contido no escopo do trabalho, a autora, supõe algumas razões
para que os produtos hidratados do cimento de escória álcali-ativada tenham a
morfologia do tipo granular e falta de material do tipo fibroso. Uma das razões seria
a porcentagem de cálcio mais baixa comparada ao cimento portland ou a baixa
cristalização dos produtos hidratados. No entanto, o estudo não embasa estas
suposições com ensaios específicos ou outros estudos, necessitando-se de afirmações
mais concretas sobre a influência da microestrutura na retração.
KUTTI (1992) realizou a sua pesquisa com pastas de escória ativada com 8% de
hidróxido de sódio, não com o objetivo de analisar a composição dos produtos
hidratados, mas de observar a microestrutura em diferentes estágios de hidratação, ao
microscópio eletrônico de varredura. A relação água/aglomerante foi igual a 0,29
tanto para as pastas de cimento de escória quanto para as pastas de referência feitas,
de cimento portland comum.
Na Fig. 3.6, tem-se uma pasta de cimento de escória e uma pasta de cimento portland
após duas horas. Pode-se observar que os produtos precipitados na pasta de escória
têm uma forma globular e volumosa e cobrem praticamente toda a superfície dos
grãos de escória, enquanto na pasta de cimento portland, a precipitação não é tão
uniforme sobre a superfície dos grãos, parecendo prevalecer em determinadas fases
do grão. Os produtos precipitados na pasta de cimento portland têm aparência
estratificada e menor tamanho do que os produtos precipitados na pasta de escória.
a) b)
Fig. 3.6 Imagens de elétrons secundários por microscopia eletrônica de varredura de pasta após duas horas, água/aglomerante = 0,29: a) escória ativada e b) cimento portland comum (KUTTI, 1992).
32
Na Fig. 3.7, apresenta-se imagens de pastas de escória ativada após dois meses, onde
pode-se identificar duas fases: uma mais globular e volumosa, formando uma massa
continua; e outra com características irregulares e mais porosa, assemelhando-se à
fase C-S-H do cimento portland hidratado. Às observações do autor, acrescenta-se
que essa morfologia é típica de relações água/aglomerante baixas. Este estudo é
citado por vários autores, como base para a explicação da retração elevada do
cimento de escória ativada com silicato de sódio, mesmo sem apresentar resultados
com este tipo de ativador.
a) b)
Fig. 3.7 Imagens de elétrons secundários por microscopia eletrônica de varredura de pasta de escória após dois meses, água/aglomerante = 0,29: a) aumento de 10.000 vezes e b) aumento de 30.000 vezes (KUTTI, 1992).
De acordo com GLUKHOVSKY et al. apud KUTTI (1992), a fase inicial formada
nos cimentos de escória álcali-ativada é rica em silicatos hidratados e ácido silícico.
O ácido silícico pode polimerizar-se na solução alcalina, resultando em gel de sílica
em poucos minutos. O autor define o gel de sílica como sendo um material amorfo,
descrito como uma rígida rede tridimensional constituída por partículas coloidais de
sílica. O gel de sílica é instável e começa a retrair, liberando espontaneamente água
de sua massa. Durante o processo de sinérese18, uma parte líquida retida pelo gel é
expelida, remanescendo ainda um teor alto, em torno de 90%. Essa quantidade alta
de água contida no gel de sílica pode ser perdida com o tempo, gerando uma retração
contínua e uma quebra progressiva das ligações partícula-partícula da estrutura. Essa
retração é considerada pelo autor como essencialmente irreversível.
18 Exsudação de líquido de um gel, no sentido químico.
33
As características da deformação da sílica gel correspondem às encontradas na fase
gel presente em cimentos de escória ativada, indicando que o gel formado no
primeiro estágio de hidratação seja um tipo de sílica gel. Este gel rico em sílica,
formado nas primeiras idades, é volumoso, contínuo e contém uma grande
quantidade de água. Por não estar firmemente combinada é perdida em quantidades
consideráveis ao longo do tempo, o que resulta em fissuras dentro do gel (KUTTI,
1992).
SILVA (1998) em trabalho com cimento de escória ativada com silicato de sódio
(5% de Na2O e Ms = 1,7) também apresenta algumas imagens obtidas por
microscopia eletrônica de varredura (MEV) e identifica a existência de um gel rico
em sílica de acordo com microanálise por EDS (espectrometria de dispersão de
energia). Na Fig. 3.8, observam-se os produtos hidratados com morfologia amorfa,
caracterizando um gel, o qual, de acordo com a microanálise por EDS, é rico em
sílica.
a) b)
c)
Fig. 3.8 a) e b) micrografias de elétrons secundários em superfície de fratura em pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (5% de Na2O e Ms = 1,7).c) O ponto P7 indica local onde foi realizado a microanálise por EDS (SILVA, 1998).
Como conclusão sobre a influência da microestrutura na retração, pode-se afirmar
que existe a necessidade de estudos mais incisivos para confirmar se realmente o gel
34
rico em sílica é determinante para a retração do cimento de escória. Questiona-se
também a existência do gel rico em sílica e do seu papel na retração quando da
ativação com o silicato de sódio, pois na maior parte dos estudos citados
anteriormente, é empregado o hidróxido de sódio como ativador. Em estudos
realizados com cimento de escoria ativada com silicato de sódio, observou-se a maior
retração deste quando comparado ao cimento portland, porém a mistura com cimento
de escória apresentou menor perda de água do que o cimento portland (COLLINS;
SANJAYAN, 2000c). Portanto, é questionável que a perda de água de um gel rico
em sílica seja a principal causa de retração do cimento de escória, necessitando-se de
estudos que correlacionem a perda de água com a estrutura porosa formada.
3.4.2 Tipo e teor de ativador
Parece ser consensual que misturas de escória ativada com silicato de sódio
apresentam retração por secagem bem maior do que misturas ativadas com outros
ativadores, porém esta retração varia bastante de acordo com a concentração de Na2O
e SiO2. JOHN (1995) verificou que as misturas ativadas apenas com silicato de sódio
(Ms=1,48 e 5% de Na2O) apresentaram uma retração maior do que as outras misturas
ativadas com hidróxido (5%) de sódio ou com cal hidratada (5%). Segundo a análise,
o autor atribui esses resultados à influência do teor de SiO2, mas observa que esta
influência não é significante após 42 dias. Admite também que a retração tem uma
taxa maior nas misturas com SiO2, mas que isto não deve ser interpretado como uma
tendência maior à fissuração resultante dos esforços de retração, pois estas
argamassas possuem resistência mecânica elevada. No entanto, não foi objetivo do
estudo descrever a cinética da retração por secagem desde das primeiras idades, tanto
que os corpos-de-prova foram submetidos à cura úmida durante 16 dias, perdendo
grande parte do comportamento.
De modo geral, o cimento de escória ativada com hidróxido de sódio apresenta
retração por secagem menor do que o cimento ativado com silicato de sódio. Quando
se utiliza a cal hidratada como ativador tem-se uma retração por secagem levemente
maior do que quando se utiliza o hidróxido de sódio. Um dado importante verificado
por JOHN (1995) foi que a adição de cal hidratada reduz de maneira significativa a
35
retração das misturas com silicato de sódio, porém, nas misturas ativadas apenas com
cal hidratada, o aumento no teor de cal hidratada provoca aumento na retração.
3.4.3 Finura da escória
TEZUKA et al. (1984) comparam a retração em argamassas de escórias com
diferentes finuras: 400, 600 e 900 m2/kg, todas com a/aglo=0,48, e dois tipos de
ativadores: hidróxido de sódio e cal hidratada tanto nas argamassas ativadas com cal
hidratada como nas argamassas ativadas com hidróxido de sódio. Quanto maior a
finura da escória, maior a retração por secagem. ANDERSSON; GRAM (1988)
confirmam o aumento retração por secagem com o aumento da finura da escória,
provavelmente em razão do maior refinamento de poros.
3.4.4 Porosidade
Discutindo os resultados da retração, JOHN (1995) tentou correlacionar os resultados
da porosimetria com a retração por secagem, pois a porosidade total está associada à
retração e a uma quantidade maior de poros, em uma determinada faixa (abaixo de
30 nm). No entanto, mesmo confirmando que as misturas ativadas com silicato de
sódio tiveram volume maior de poros na faixa (mesoporos) que pode causar uma
retração maior, o autor não conseguiu obter uma correlação significativa.
A distribuição de poros tem uma importante influência na retração, pois de acordo
com o raio do poro, a pressão de desligamento ou a movimentação da água podem
fazer com que se tenha um aumento da retração (COLLINS; SANJAYAN, 2000c).
3.4.5 Cura e condições de exposição
YONGDE; YAO (2000) comprovaram que existe um grande efeito da cura sobre o
desenvolvimento da resistência à compressão e da retração do cimento de escória.
Corpos-de-prova (4x4x16 cm) curados em água a 20ºC apresentaram maiores
resistências e uma retração menor. COLLINS; SANJAYAN (2000a) também
confirmam que a cura melhora de maneira significativa o desempenho quanto à
retração do cimento de escória.
36
ANDERSSON; GRAM (1988), em estudo sobre cimento de escória ativada com
silicato de sódio ou hidróxido de sódio ou carbonato de sódio, determinaram a
retração em corpos-de-prova (4x4x16 cm) de argamassa após 7, 14, 21, 35, 63, 119 e
231 dias em ambiente com temperatura de 20ºC e 80% de umidade, chegando à
conclusão que a ativação com o silicato de sódio apresenta retração por secagem
maior do que à dos demais ativadores. Porém, não seria esta conclusão a mais
interessante a ser extraída deste estudo, e sim que a condição de exposição e
metodologia adotada antes do início das leituras de variação linear de comprimento
prejudicaram a caracterização do comportamento da retração. Os autores realizaram
as leituras iniciais de 1 a 3 dias após a desmoldagem, retornaram a medir apenas aos
7 dias, não acompanhando a retração entre 3 e 7 dias. TEZUKA et al. (1984) e JOHN
(1995) também adotaram o mesmo procedimento similar de leitura da variação linear
de comprimento.
O acompanhamento da retração nas primeiras idades é de suma importância,
principalmente no caso do cimento de escória ativada com álcalis, pois a retração é
acentuada logo após a desmoldagem (MELO NETO et al., 2001). COLLINS;
SANJAYAN (2000b) também ressaltam que se não for feita uma análise dos
procedimentos usados por outros pesquisadores, não se tem como comparar
resultados publicados de maneira satisfatória, e que a caracterização do
comportamento da retração após um tempo de cura úmida de 7 ou 28 dias também
dificulta a análise, pois grande parte da retração já terá ocorrido. O que se tem são
valores pontuais, não se tendo informações sobre a evolução do fenômeno.
COLLINS; SANJAYAN (1999b) relatam a tentativa de solucionar o problema da
retração com um tipo de cura denominada �interna�, com a substituição do agregado
graúdo normal do concreto de escória ativada com silicato de sódio por um agregado
poroso saturado com água, no caso uma escória de alto forno resfriada. A água
absorvida pelo agregado supriria a água perdida por evaporação, diminuindo a
retração por secagem. A retração foi determinada em corpos-de-prova (75x75x285
mm) de concreto com uma relação água/aglomerante igual a 0,50 sob três condições
de exposição: exposta, selada e de acordo com a norma australiana AS1012, parte 13
(sete dias em cura submersa seguida de exposição à 23ºC e 50% U.R.).
37
Seguindo a mesma tendência observada em pastas e argamassas, o concreto de
escória ativada com silicato de sódio (AAS-Basalt) (Ms=0,75 e 4% de Na2O)
apresentou maior retração comparado ao concreto feito com cimento portland
comum (OPC-Basalt) nas condições da AS1012. O concreto de escória ativada com
silicato de sódio (Ms=0,75 e 4% de Na2O) e com agregado graúdo poroso saturado
(AAS-BFS) apresentou retração significantemente menor, mas aos 56 dias ainda foi
17% maior do que no concreto feito com cimento comum (Fig. 3.9).
Ret
raçã
o po
r se
cage
m
10 �
6 mm
/mm
Idade (dias)
Fig. 3.9 Retração por secagem, após sete dias em cura submersa seguida pela exposição a 23ºC e 50% U.R. (COLLINS; SANJAYAN, 1999b).
Com exposição imediatamente após a desmoldagem à temperatura de 23ºC e
50% U.R. todas as misturas apresentaram maior retração por secagem do que na
condição proposta pela normalização australiana. Porém, é importante ressaltar que a
retração por secagem do concreto de escória ativada com silicato de sódio foi 19%
menor com a utilização de agregado graúdo poroso, conforme ilustrado na Fig. 3.10.
Ret
raçã
o po
r se
cage
m
10 �
6 mm
/mm
Idade (dias)
Fig. 3.10 Retração por secagem, cura ambiente a 23ºC e 50% de umidade relativa a partir de 1 dia (COLLINS; SANJAYAN, 1999b).
Com os corpos-de-prova selados, pode-se notar que existe uma diferença quase
desprezível entre a retração dos concretos com agregado graúdo poroso e com
38
agregado normal. Este comportamento é estranho, pois mesmo selado o agregado
poroso saturado deveria suprir á água, que nesse caso seria perdida apenas para as
reações de hidratação. No entanto, o comportamento foi praticamente igual, tendo os
dois uma retração bem maior do que no concreto confeccionado com cimento
portland comum. R
etra
ção
por
seca
gem
10
�6 m
m/m
m
Idade (dias)Fig. 3.11 Retração com cura selada a 23ºC (COLLINS; SANJAYAN, 1999b).
Para KUTTI (1992), a retração por secagem é considerável tanto em umidade normal
como em umidades altas. Com relação ao comportamento de retração do cimento de
escória, o autor também relata que: a cura úmida inicial não impede a retração;
enquanto os cimentos de escória álcali-ativada apresentaram uma retração
significante, o cimento portland comum apresenta uma expansão; a porção
irreversível da retração, em razão da secagem inicial, foi maior do que no cimento
portland. A falta de cura aumenta de maneira significativa o número de microfissuras
em argamassa de cimento de escória ativada (COLLINS; SANJAYAN, 2001) e,
conseqüentemente, a resistência à compressão.
3.5 COMENTÁRIOS
Com base nesta revisão bibliográfica, pode-se chegar às seguintes conclusões:
• A retração em corpos-de-prova ou componentes de cimento de escória ativada é
significantemente maior do que em elementos com cimento portland.
• O mecanismo que comanda o fenômeno da retração em cimentos de escória
ativada não é apenas a perda de água ou o efeito químico da hidratação, existindo
evidências de que a natureza dos produtos hidratados pode também ser
responsável pela elevada retração deste tipo de cimento.
39
• Desses dados levantados, conclui-se que há necessidade de estudos mais
sistemáticos e detalhados da evolução do fenômeno, que possam servir como
base de melhor conhecimento do desempenho desse material. O que motivou o
presente estudo, segundo os objetivo citados no item 1.2.
• Lacunas no conhecimento do cimento de escória dificultam a difusão de sua
utilização como material de construção civil.
40
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA EXPERIMENTAL
Este programa experimental foi elaborado com o objetivo de caracterizar o
comportamento da retração livre em argamassa de cimento de escória ativada. Os
ensaios para determinação do comportamento da evolução da retração por secagem e
autógena foram definidos como tema central do programa experimental, sendo a sua
análise apoiada na determinação da cinética das reações de hidratação, natureza e
quantidade dos produtos hidratados formados e porosidade. Complementam esses
ensaios a caracterização de propriedades mecânicas.
De acordo com a natureza do produto hidratado e sua quantificação, pode-se analisar
o comportamento das propriedades estudadas nesta pesquisa. A difração por raios X
identifica a natureza dos produtos hidratados, auxiliando a análise da
termogravimetria. Por esta técnica são identificados e quantificados os principais
compostos, com base na perda de massa correspondente a eventos que ocorrem
durante o aquecimento de 25ºC a 1000ºC. O ensaio de calorimetria permite
acompanhar a cinética das reações de hidratação, determinante para a melhor
compreensão do comportamento das propriedades estudadas. A porosidade,
determinada por intrusão de mercúrio, é conseqüente à evolução das reações e
produtos formados; como discutido no capítulo 3, o volume de poros em
determinadas faixas de diâmetro relaciona-se com a retração por secagem e
autógena.
Os ensaios mecânicos para determinação da resistência à compressão e à tração e
módulo de elasticidade foram previstos por serem parâmetros fundamentais para uma
futura análise das tensões geradas pela retração, além da resistência à compressão ser
um importante indicador de desempenho.
Este trabalho está inserido no contexto de trabalhos anteriores e integra uma série de
trabalhos realizados no Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica da
USP. Por isto, dando prosseguimento aos trabalhos desta linha de pesquisa, algumas
41
das variáveis adotadas foram extraídas de estudos anteriores de JOHN (1995),
SILVA (1998) e OLIVEIRA (2000).
4.1.1 Variáveis
4.1.1.1 Tipo e concentração dos ativadores
Foram utilizados quatro tipos de ativadores: hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio e
gipsita mais hidróxido de cálcio e o silicato de sódio em três níveis de concentração
de Na2O e SiO2, mantido o módulo de sílica (SiO2/Na2O) igual a 1,7.
A Tabela 4.1 apresenta os tipos de ativadores aplicados, suas concentrações em
relação a massa de aglomerante e a simbologia adotada para cada cimento deste
estudo.
Tabela 4.1 Composição dos cimentos utilizados e a simbologia adotada.
Ativador Cimento
Tipo Teor (% massa) Módulo de sílica
Simbologia
Silicato de sódio 2,5% Na2O+4,25% SiO2 1,7 2NS Silicato de sódio 3,5% Na2O+5,95% SiO2 1,7 3NS Silicato de sódio 4,5% Na2O+7,65% SiO2 1,7 4NS
Hidróxido de sódio 5% Na2O ------ 5N
Cal hidratada + Gipsita
2% Ca(OH)2 + 6% CaSO4 2H2O ------ 2CG
Escória de
Alto-forno
Cal hidratada 5% Ca(OH)2 ------ 5C Cimento portland ------ ------ ------ ARI
4.1.1.2 Dosagem das argamassas
Foi empregada a proporção 1:2:0,48 dos materiais aglomerante : agregado : água, em
massa. Adequado às condições de moldagem e sem exsudação de água elevada.
Neste estudo foi considerado que o aglomerante corresponde à soma da massa de
escória mais a parte sólida do ativador.
42
4.1.1.3 Cimento portland de referência
Como referência foi adotado o cimento portland CPV-ARI � ABNT NBR 5733/91 �
Cimento Portland de alta resistência inicial, pois apresenta finura mais próxima do
cimento de escória, menor teor de adições (OLIVEIRA, 2000) e, principalmente, a
possibilidade de desmoldagem na mesma idade do cimento de escória ativada com
silicato de sódio ou hidróxido de sódio, ou seja, após 6 horas.
4.1.1.4 Condições de cura e exposição
Para os ensaios de retração por secagem, retração autógena, resistências à
compressão e à tração e módulo de elasticidade, os corpos-de-prova foram
desmoldados após 6 horas e estocados em uma câmara seca (T=24ºC, U.R.= 50%).
Este procedimento permite o detalhamento da evolução do comportamento da
retração, fornece parâmetros para uma possível aplicação de aditivos redutores ou
compensadores de retração e a vantagem da rápida desmoldagem dos corpos-de-
prova. Não foi utilizada a cura úmida para o ensaio de retração, pois ela encobre
grande parte da retração que ocorre nas primeiras idades (MELO NETO et al., 2001).
As misturas de cimento de escória ativada com cal hidratada (5C) e ativada com
gipsita mais cal hidratada (2CG) não apresentaram resistência mecânica suficiente
para permitir a desmoldagem após 6 horas. Estas misturas foram desmoldadas após
24 horas e estocadas em câmara seca.
Em todas as misturas, além da cura seca, foi também aplicada a cura úmida (T=24ºC,
U.R.=100%) para realização dos ensaios de resistências à compressão e à tração na
flexão e módulo de elasticidade, visando a análise da influência da cura nessas
propriedades. A condição de exposição foi mantida antes da aplicação da cura úmida,
desmoldagem após 24 horas para as misturas 5C e 2CG, e desmoldagem após 6 horas
para as demais.
43
4.1.2 Propriedades estudadas
Foram estudadas as seguintes propriedades, cujos detalhes estão resumidos na Tabela
4.2.
a) Resistências à compressão (Rc) e à tração na flexão (Rf) e o módulo de
deformação (Md) aos 1, 3, 7, 14, 21, 28 e 56 dias de idade;
b) Retração por secagem (Rs) e retração autógena (Ra) a 6, 8, 10, 12 horas e aos 1,
2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35, 42, 56 e 112 dias;
c) Coeficiente de dilatação linear (Cd).
Para possibilitar a compreensão do comportamento das propriedades citadas, foram
realizados os seguintes ensaios:
a) Porosimetria por intrusão de mercúrio (P);
b) Análise por termogravimetria (TG);
c) Determinação da variação de temperatura (T) com auxílio de termopares;
d) Calor de hidratação(Ch) pelo calorímetro de condução.
Tabela 4.2 Resumo do programa experimental
Condição de exposição e cura Temperatura = 24ºC Tipo de
cimento Desmoldagem Tipo de
Cura Umidade Ensaios e propriedades
Após 6 h seca 50%
• Retração por secagem e retração autógena 1 • Resistências à compressão e à tração e módulo de
elasticidade 2 • Calor de hidratação, variação da temperatura e coeficiente de
dilatação linear. • Porosidade e termogravimetria 3
2NS 5N
ARI 3NS 4NS
Após 6 h úmida 100% • Resistências à compressão e à tração e módulo de elasticidade 2
Após 24 h seca 50%
• Retração por secagem e retração autógena 5 • Resistências à compressão e à tração e módulo de
elasticidade 2 • Calor de hidratação, variação da temperatura e coeficiente de
dilatação linear. • Porosidade e termogravimetria 4
2CG 5C
Após 24 h úmida 100% • Resistências à compressão e à tração e módulo de elasticidade 2
1 Leituras a 6, 8, 10, 12 horas e aos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35, 42, 56 e 112 dias. 2 Aos 1, 3, 7, 14, 21, 28 e 56 dias. 3 A 6, 8, 10, 12 horas e aos 1, 2, 3, 7, 14 e 28 dias. 4 Aos 1, 2, 3, 7, 14 e 28 dias. 5 Leituras aos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35, 42, 56 e 112 dias.
44
4.2 MATERIAIS EMPREGADOS
O material utilizado na realização deste programa experimental foi o mesmo
utilizado por OLIVEIRA (2000) em sua tese de doutorado. Portanto, a caracterização
apresentada a seguir foi extraída desta autora, com exceção do cimento portland
CPV-ARI e do silicato de sódio que pertencem aos mesmos fabricantes, mas são de
lotes diferentes.
4.2.1 Escória de alto-forno
Para utilização neste trabalho, lotes de 14 Kg de escória de alto-forno granulada
foram previamente moídos em moinho de bolas, com o controle da finura através do
tempo de moagem. Admitiu-se um intervalo de variação da finura de 500 ± 50 m2/kg
medida pelo permeabilímetro de Blaine (NBR NM 76/98), sendo descartados os lotes
que apresentaram a finura acima deste intervalo. O conjunto de lotes com a finura
especificada foram misturados em homogeneizador. A escória, proveniente da
Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), apresentou um teor de fração vítrea igual
a 99,5% por contagem ao microscópio óptico e é classificada como sendo básica,
pois a relação CaO/SiO2 é igual a 1,3 (>1). A Tabela 4.3 apresenta a composição da
escória.
Tabela 4.3 Composição química da escória, método IPT * (OLIVEIRA, 2000)
Determinação Teor em massa (%) Determinação Teor em massa (%) PF 1,67 MgO 7,46
SiO2 33,78 SO3 0,15 Al2O3 13,11 Na2O 0,16 Fe2O3 0,51 K2O 0,32 CaO 42,47 S 2 - 1,14 RI 0,53 Cão livre 0,1
CO2 1,18 * Não existe método normalizado.
4.2.2 Cimento portland
Foi utilizado um cimento Portland CPV-ARI da marca comercial CIMINAS
fabricado pelo grupo Holcim. A caracterização química, física e mecânica fornecida
pelo fabricantes é apresentada na Tabela 4.4. Observa-se que o cimento empregado
45
apresenta alta resistência inicial e início e fim de pega compatíveis com a
necessidade de desmoldagem após 6 horas.
Tabela 4.4 Características do cimento CPV-ARI, CIMINAS.
Composição Química Características Físicas
Determinação Método NBR Teor (%) Resistência à compressão
(NBR 7215/96)
Área especifica (NM 76/98) 461,8 m2/kg
SiO2 9203/85 19,45 Al2O3 9203/85 4,86
1 dia � 29,2 MPa
Fe2O3 9203/85 3,12 CaO 9203/85 64,44
3 dias � 42,6 MPa
Início de Pega (NBR 11581/91)
138 minutos
MgO 9203/85 0,62 SO3 5745/89 2,94
7 dias � 46,9 MPa
K2O 5747/89 0,70 PF (1000ºC) 5743/89 2,92
28 dias � 56,1 MPa
Fim de pega (NBR 11581/91)
200 minutos
4.2.3 Areia
A areia utilizada foi preparada para este trabalho e consta de uma proporção em
massa das quatro frações da Areia Normal Brasileira, produzida pelo IPT, de acordo
com a norma NBR 7214 (1982) - Areia Normal para Ensaio de Cimento. A
utilização de areia padronizada economizou tempo no preparo das argamassas e
garantiu a eliminação de uma variável. A areia foi preparada nas seguintes
proporções:
�� 25% em massa da Fração grossa: 2,4 mm < material retido < 1,2 mm
�� 25% em massa da Fração média grossa: 1,2 mm < material retido < 0,6 mm
�� 25% em massa da Fração média fina: 0,6 mm < material retido < 0,3 mm
�� 25% em massa da Fração fina: 0,3 mm < material retido < 0,15 mm
4.2.4 Ativadores
4.2.4.1 Silicato de sódio e hidróxido de sódio
O silicato de sódio foi fornecido pela Ineos Sílicas Brasil Ltda com um módulo de
sílica (relação SiO2/Na2O, em massa) igual a 3,3. Para corrigir este módulo com o
46
intuito de obter-se o valor fixado igual a 1,7, foi adicionada solução de hidróxido de
sódio, cujo procedimento de preparo está detalhado no item 4.3.1. As características
do silicato de sódio e do hidróxido de sódio estão apresentadas na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 Composição química do silicato de sódio e do hidróxido de sódio, dados fornecidos pelo fabricantes (% em massa).
Elemento químico Silicato de sódio (%) Hidróxido de sódio (%) Na2O 8,73 77,50 SiO2 28,77 ------- H2O 62,50 22,50
4.2.4.2 Cal hidratada
Foi utilizada cal hidratada tipo CHI � ABNT NBR 7175/92 � Cal hidratada para
argamassas, da marca comercial ICAL, cuja composição química é apresentada na
Tabela 4.6.
Tabela 4.6 Composição química da cal hidratada (OLIVEIRA, 2000)
Composto Teor (%) Composto Teor (%) Ca(OH)2 91,00 SiO2 1,50 Mg(OH)2 0,56 Al2O3+ Fe2O3 0,89
CaSO4 0,49 Água livre 0,36 CaCO3 5,60 Óxidos totais na base não volátil 92,00
4.2.4.3 Gipsita
A gipsita utilizada é originária da região de Araripina, Estado de Pernambuco, e sua
composição é apresentada na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 Composição química da gipsita (OLIVEIRA, 2000)
Composto Teor (%) Composto Teor (%) CaSO4.2H2O 88,9 MgCO3 0,42
CaSO4 7,12 MgO 0,16 CaCO3 1,54 SiO2+Al2O3+Fe2O3 0,84
47
4.3 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.3.1 Dosagem e moldagem das argamassas
As argamassas foram preparadas em laboratório (T=24ºC) com a proporção em
massa igual a 1:2:0,48 (aglomerante: areia: água). As argamassas ativadas com
silicato de sódio ou hidróxido de sódio tiveram as soluções de ativadores dosados em
massa com relação à massa de aglomerante (escória + ativador). No cálculo foi
utilizada apenas a parte sólida do ativador, ou seja, foram utilizadas apenas as
concentrações de Na2O e SiO2 fornecidas pelo fabricante. A quantidade de água de
composição dos ativadores foi considerada como parte da água total de mistura. O
procedimento detalhado do preparo das soluções de ativadores está descrito no
Anexo C.
Na etapa de moldagem dos corpos-de-prova, as misturas preparadas com o silicato de
sódio ou com hidróxido de sódio como ativador apresentaram características auto-
nivelantes, bastando verter a argamassa nos moldes, necessitando-se de pouca
vibração para o adensamento. Na moldagem das argamassas de cimento portland, de
cimento de escória ativada com cal hidratada ou com cal hidratada e gipsita, ao
contrário, foi necessário a aplicação de vibração durante a moldagem.
Como relatado por vários autores (WANG et al., 1995; JOHN, 1995; SILVA, 1998;
BAKHAREV et al., 1999), os cimentos de escória ativada com silicato de sódio têm
uma rápida perda de trabalhabilidade. Já os cimentos ativados com hidróxido de
sódio têm grande perda, porém não tão rápida quanto os ativados com silicato de
sódio. Como exemplo, pode-se citar a argamassa 4NS que apresentou rápido
endurecimento, e já aos 12 minutos não podia ser acomodada às formas.
4.3.2 Determinação do coeficiente de dilatação térmica
4.3.2.1 Procedimento de ensaio
Foram moldados corpos-de-prova prismáticos (25x25x285 mm) que aos seis dias de
idade recebiam uma camada de parafina, para impedir ou minimizar a perda de
48
umidade durante a realização do ensaio, sendo a determinação do coeficiente de
dilatação linear de todas as misturas realizada aos 7 dias.
Os corpos-de-prova foram colocados em uma câmara climática fabricada pela
Thermotron-modelo SM-3.5S com controle digital de temperatura (± 0,1ºC) e
umidade relativa (± 1%). Ao lado, foi colocado o equipamento de ensaio de retração
(Anexo A) para determinação da variação linear. Após a leitura do comprimento
inicial, o corpo-de-prova foi colocado na câmara climática a 20ºC e 50% de umidade
relativa. A cada 5 minutos, o corpo-de-prova era retirado da câmara climática para a
leitura, realizada rapidamente (≈10s), e colocado novamente na câmara climática
Seguiu-se esse procedimento até medida constante19 do comprimento do corpo-de-
prova. Mantendo a umidade constante, a temperatura foi elevada de acordo com a
Fig. 4.1 e as leituras realizadas até a estabilização do comprimento do corpo-de-
prova. Com as variações de comprimento, obtidas para cada patamar de temperatura,
foi construído o gráfico da deformação versus variação de temperatura. A inclinação
da reta obtida através de regressão linear é o coeficiente de dilatação linear (Fig. 4.1).
Tempo (minutos)
Tem
pera
tura
ºC
20º
25º
30º
35º
Y = Coeficiente de dilatação . X + B
Temperatura ºC
Def
orm
ação
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
Fig. 4.1 Esquema do procedimento de realização do ensaio de determinação do coeficiente de dilatação linear.
4.3.2.2 Resultados
Na Tabela 4.8, apresenta-se a média aritmética do coeficiente de dilatação obtida
pelo ensaio em dois corpos-de-prova.
19 Foi realizado um estudo exploratório com realização da leitura do comprimento a cada 5 minutos durante 30 minutos, constatando a constância de comprimento após 15 minutos em todas as temperaturas estudadas.
49
Tabela 4.8 Coeficiente de dilatação linear das argamassas ensaiadas, todas com uma relação água/aglomerante igual a 0,48.
Tipo de cimento Coeficiente de dilatação (10-6 mm/ºC) 4NS 12,095 3NS 12,290 2NS 10,170 5N 11,432 ARI 11,120 5C 13,227
2CG 13,110
4.3.3 Variação de temperatura
A variação de temperatura dos corpos-de-prova é um importante parâmetro no estudo
da retração, pois, juntamente com a retração por secagem e retração autógena, causa
deformação em concretos e argamassas. Durante a hidratação, o calor gerado pode
provocar uma contração ou expansão térmica e, para compreender melhor o
fenômeno da retração, faz-se necessário corrigir dos valores obtidos no ensaio de
retração por secagem e autógena a deformação causada.
4.3.3.1 Procedimento de ensaio
Para a determinação da variação de temperatura foram utilizados termopares do tipo
T20 aclopados a um sistema de aquisição de dados fabricado pela Datataker-modelo
DT800 com precisão de 0,1ºC, com o registro de temperatura realizado a cada 5
minutos, durante 72 horas. O ensaio foi realizado em corpos-de-prova prismáticos
(25x25x285 mm) estocados em câmara seca. Dois termopares foram inseridos em
cada corpo-de-prova, conforme ilustra a Fig. 4.2, imediatamente após a moldagem.
20 Termopar constituído por dois fios, um de cobre e o outro de constantan, com uma amplitude de medição de -200ºC a 399ºC.
50
Fig. 4.2 Corpos-de-prova e posicionamento dos termopares.
4.3.3.2 Resultados
As curvas de evolução da variação da temperatura para as diferentes misturas estão
apresentadas nas Fig. 4.3 e Fig. 4.4, juntamente com a indicação dos momentos da
desmoldagem.
22
23
24
25
26
27
28
29
0 10 20 30 40 50 60 70 80Tempo (horas)
Tem
pera
tura
ºC
4NS 3NS 2NS 5N ARI Desm
Fig. 4.3 Variação da temperatura das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, desmoldagem após 6 horas, 50% U.R. e 24ºC.
51
22
23
24
25
26
27
28
0 10 20 30 40 50 60 70 80Tempo (horas)
Tem
pera
tura
ºC
5C 2CG Desmoldagem
Fig. 4.4 Variação da temperatura das argamassas de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C) e ativada com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom=0,48, desmoldagem após 24 horas, 50% U.R. e 24ºC.
4.3.4 Retração por secagem
Foi estudada a retração por secagem em corpos-de-prova prismáticos (25x25x285
mm) com idades de 6, 8, 10, 12 horas e 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35, 42, 56
e 112 dias com o objetivo de caracterizar o seu comportamento no estado livre. A
variação de temperatura foi medida e a deformação causada corrigida dos resultados
obtidos.
4.3.4.1 Procedimento de ensaio
A norma ASTM C 490 (1997) foi utilizada como referência para a realização do
experimento. Segundo esta norma, a temperatura do laboratório deve ser mantida
entre 20 e 27,5 °C e a umidade relativa não deve estar abaixo de 50 %. A temperatura
da água de amassamento deve ser de (23 ± 2) °C. Foi aplicada cura em câmara seca
(T=24ºC, U.R.=50%) logo após a desmoldagem. A variação de massa foi medida em
balança de precisão de 0,01g antes de realizar a leitura da retração. A balança
utilizada teve a sua precisão aferida com pesos padrão de calibração, sendo adequada
ao nível de precisão desejada para o ensaio.
52
Foram moldados 9 corpos-de-prova de 25x25x285 mm para cada tipo de cimento,
este número elevado de corpos-de-prova deve-se à grande variabilidade de resultados
deste ensaio e à grande possibilidade de quebra dos corpos-de-prova durante a
desmoldagem. O procedimento detalhado de ensaio está descrito no Anexo A.
4.3.4.2 Resultados
As curvas da retração por secagem para cada composição de cimento utilizada, cuja
simbologia e dosagem está descrita na Tabela 4.1, estão apresentadas na Fig. 4.5.
Cada curva apresenta a média aritmética da retração dos resultados obtidos (o
número corpos-de-prova variou entre 4 e 9 em razão da quebra de parte deles durante
a desmoldagem). Apresenta-se, também, o intervalo de confiança normal de 95% ao
redor da média, estimado pelo valor da média adicionado e subtraído de 1,96 vezes o
seu desvio padrão. Na Fig. 4.6 estão apresentadas as curvas de variação de massa
obtidas no momento da realização da leitura da retração.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 20 40 60 80 100 120Idade (dias)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.5 Retração por secagem das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
53
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
0 20 40 60 80 100 120Idade (dias)
Var
iaçã
o de
Mas
sa %
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.6 Variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
4.3.5 Retração autógena
Apesar de poucas referências normativas a respeito da determinação da retração
autógena em argamassas e concretos, pode-se utilizar o mesmo método de ensaio
para determinação da retração por secagem, mas sem perda de umidade. Neste
trabalho foi estudada a retração autógena nas idades de 6, 8, 10, 12 horas e 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 9, 11, 14, 21, 28, 35, 42, 56 e 112 dias. A deformação decorrente da variação
de temperatura foi descontada dos valores obtidos no ensaio da retração.
Foi utilizado papel alumínio revestido com uma fita plástica para a vedação dos
corpos-de-prova prismáticos (25x25x285 mm), sendo esta garantida através do
controle da pesagem da massa em balança com precisão de 0,01g antes de realizar a
leitura da retração. A perda de massa ocorreu, mas pode ser considerada não
significativa, pois alcançou no máximo 0,2% aos 56 dias em uma das misturas,
enquanto sem vedação atingiu 11% aos 56 dias. O procedimento detalhado do ensaio
está descrito no Anexo B.
54
4.3.5.1 Resultados
Na Fig. 4.7 estão apresentadas as curvas de evolução da retração autógena das
misturas estudadas. Cada curva apresenta a média aritmética da retração dos
resultados obtidos (o número corpos-de-prova variou entre 4 e 9 em razão da quebra
durante a desmoldagem). Apresenta-se, também, o intervalo de confiança normal de
95% ao redor da média.
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 20 40 60 80 100 120
Idade (dias)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
- 6 )
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.7 Retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
4.3.6 Resistências à compressão e à tração na flexão e Módulo de elasticidade
As propriedades mecânicas foram avaliadas em corpos-de-prova prismáticos (4 x 4 x
16 cm). Foi utilizada a prensa hidráulica fabricada pela Shimadzu-modelo UH-200A
com célula de carga de 20 toneladas para o ensaio de resistência à compressão e a
prensa hidráulica fabricada pela Emic-modelo DL10000 com célula de carga de 10
toneladas para o ensaio de resistência à tração na flexão e módulo de elasticidade.
55
4.3.6.1 Procedimento de ensaio
Foram confeccionados 6 corpos-de-prova de 4 x 4 x 16 (cm) para cada tipo de
argamassa, sendo 3 corpos-de-prova submetidos a cura úmida (T=24ºC, U.R.=100%)
e 3 corpos-de-prova submetidos a cura seca (T=24ºC, U.R.=50%), com
desmoldagem após 6 horas (misturas 4NS, 3NS, 2NS, 5N e ARI) e após 24 horas
(misturas 5C e 2CG). Esta variação da condição de cura permite analisar a influência
da cura nas propriedades citadas e possibilita a correlação entre a retração e as
propriedades mecânicas nas mesmas condições de cura e exposição. Primeiramente
foi realizado o ensaio de resistência a tração com aplicação da carga (2400 N/s)
perpendicularmente ao sentido da maior dimensão do corpo-de-prova, no ponto
central, de acordo com a BS EN � 196 parte 1 (1995). Como o corpo-de-prova é bi-
apoiado, ele romper-se-á em duas metades, como pode ser visualizado na Fig. 4.8.
Fig. 4.8 Ensaio de resistência à tração na flexão, de acordo com a BS EN 196 (1995). Detalhe da ruptura do corpo-de-prova para reaproveitamento em outros ensaios.
A resistência à tração na flexão foi calculada utilizando o valor da carga de ruptura
de acordo a equação 4.1.
3f bLF3R ⋅⋅= Eq.( 4.1 )
Onde: Rf = Resistência à tração na flexão. F = Carga aplicada no meio do corpo-de-prova até a ruptura. L = Distância entre os dois apoios. b = Seção transversal do corpo-de-prova.
Com as duas metades restantes foram realizados os ensaios de resistência à
compressão e módulo de elasticidade. O ensaio de resistência à compressão foi
56
realizado de acordo BS EN 196 (Fig. 4.9) utilizando uma velocidade de
carregamento igual a 2400 N/s.
Fig. 4.9 Ensaio de resistência à compressão de acordo com a BS EN 196 (1995).
A determinação do módulo de elasticidade não é especificada na BS EN 196, mas foi
feita uma analogia a NBR 7190/96 � Projeto de estruturas de madeira, assim como
MIRANDA (2000). Foram aplicados (2400 N/s) dois ciclos a 10% e 50% da carga
limite de ruptura estimada a partir dos resultados obtidos na resistência à
compressão. As deformações foram obtidas com dois extensômetros acoplados (Fig.
4.10) ao corpo-de-prova, com distância base dos extensômetros igual a 16 mm. O
cálculo do módulo de elasticidade foi realizado com base na curva tensão-
deformação, sendo o módulo secante determinado entre 10% e 50% da carga limite
de ruptura.
Fig. 4.10 Ensaio de módulo de deformação. Detalhe do posicionamento dos extensômetros no corpo-de-prova.
57
4.3.6.2 Resultados
As curvas de resistência à compressão das argamassas submetidas à cura úmida estão
apresentadas na Fig. 4.11 e à cura seca na Fig. 4.12. Cada curva apresenta a média
aritmética da resistência à compressão obtida pelo ensaio de 3 corpos-de-prova.
0
20
40
60
80
100
120
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Res
istên
cia
à co
mpr
essã
o (M
Pa)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.11 Resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Res
istên
cia
à co
mpr
essã
o (M
Pa)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.12 Resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
58
Nas Fig. 4.13 e Fig. 4.14 estão apresentados, respectivamente, os resultados de
resistência à tração na flexão com aplicação de cura úmida e cura seca das misturas
estudadas. Cada curva apresenta a média aritmética da resistência à tração obtida
pelo ensaio de 3 corpos-de-prova. Os corpos-de-prova da mistura 2NS que seriam
ensaiados aos 56 dias foram perdidos em razão de problemas técnicos na prensa.
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Res
istên
cia
à tr
ação
(MPa
)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.13 Resistência à tração na flexão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC.
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Res
istên
cia
à tr
ação
(MPa
)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.14 Resistência à tração na flexão das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
59
As curvas de módulo de elasticidade das argamassas submetidas à cura úmida estão
apresentadas na Fig. 4.15 e à cura seca na Fig. 4.16. Cada curva apresenta a média
aritmética da resistência à compressão obtida pelo ensaio de 3 corpos-de-prova. Os
corpos-de-prova da mistura 2NS e 5N que seriam ensaiados aos 56 dias foram
perdidos em razão de problemas técnicos na prensa.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Mód
ulo
de e
last
icid
ade
(GPa
)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.15 Módulo de elasticidade das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC.
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40 50 60Idade (dias)
Mód
ulo
de e
last
icid
ade
(GPa
)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.16 Módulo de elasticidade das argamassas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
60
4.3.7 Calor de hidratação
O calor de hidratação foi determinado pelo calorímetro de condução. O perfil da
curva permite acompanhar a formação dos compostos hidratados e a conseqüente
evolução da temperatura. A calorimetria de condução permite, também, a
determinação do calor total liberado. Para este ensaio, foi utilizado o calorímetro
JAF96 da Wexham Developments com procedimento de ensaio baseado no descrito
por SILVA (1998).
4.3.7.1 Procedimento de ensaio
O ensaio foi realizado simultaneamente em duas amostras da cada tipo de cimento
em porta-amostra diferentes, sendo a aquisição de dados registrada a cada 3 minutos
em computador. Para este ensaio foram preparados 20 gramas de pasta com relação
água/aglomerante igual a 0,48, misturadas manualmente em um saco plástico durante
3 minutos. Após a mistura, o saco plástico contendo a amostra foi colocado dentro do
porta-amostra grande, o qual foi colocado no calorímetro (cilindro de acrílico com os
sensores). O conjunto foi inserido dentro do sistema de banho principal, que mantém
a água em temperatura constante, previamente estabilizado e iniciou-se a aquisição
de dados.
Este método garante o molhamento completo da amostra, porém não permite a
obtenção do pico de molhamento, pois a aquisição de dados inicia-se 5 minutos após
a mistura. Para a obtenção do pico de molhamento, o ensaio deve ser realizado por
injeção de água diretamente na amostra, dentro do calorímetro. Porém, este
procedimento não garante que a injeção de água foi suficiente para molhar por
completo a amostra.
4.3.7.2 Resultados
As curvas de evolução acumulativa do calor de hidratação e da taxa de liberação do
calor de hidratação para as diferentes misturas estão apresentadas, respectivamente
na Fig. 4.17 e Fig. 4.18. Cada curva apresenta a média aritmética de 2 amostras
ensaiadas simultaneamente.
61
0
50
100
150
200
250
300
0 12 24 36 48 60 72 84Tempo (horas)
Cal
or a
cum
ulad
o (k
J/kg
)
4NS 2CG 3NS 2NS 5N ARI 5C
Fig. 4.17 Evolução acumulativa do calor de hidratação das pastas cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48.
02468
101214161820
0 12 24 36 48 60 72 84Tempo (horas)
dQ/d
T (k
J/kg
.h)
4NS 3NS 2NS 5N ARI 5C 2CG
Fig. 4.18 Evolução da taxa de liberação do calor de hidratação das pastas cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48.
62
4.3.8 Análise por termogravimetria
O ensaio foi realizado em equipamento da marca NETSZCH modelo TG 209-C,
adquirido especialmente para este estudo, que permite realização simultânea da
análise termogravimétrica e termodiferencial em uma amostra.
4.3.8.1 Procedimento de ensaio
O ensaio foi realizado em pastas com relação água/aglomerante igual a 0,48. A
mistura dos materiais para cada tipo de cimento foi realizada em uma única vez e, em
seguida, utilizando sacos plásticos como molde, foram confeccionados os corpos-de-
prova. Após a moldagem, os corpos-de-prova foram estocados em dessecadores
contendo sílica gel, sob vácuo, até a idade estabelecida para a interrupção da
hidratação. Na idade estabelecida, o corpo-de-prova foi imerso em nitrogênio líquido
a uma temperatura em torno de �180ºC, ocorrendo um congelamento instantâneo da
água livre, interrompendo a hidratação.
Após o congelamento, a amostra foi seccionada em pedaços, em almofariz e
acondicionada em tubos plásticos com tampa. As amostras congeladas foram levadas
ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT para serem liofilizadas. A
liofilização21 consiste na aplicação de baixa pressão (0,25 x 10-4 torr) e baixa
temperatura (� 60ºC)22, seguida de aumento gradual e lento da temperatura durante
24 horas até 20ºC, o qual proporciona a secagem da amostra por meio da sublimação
da água. Este método garante que, durante a secagem, a água presente na amostra
não passará para o estado líquido antes de evaporar, ou seja, a amostra não irá
hidratar durante a sua secagem, estabelecendo o controle e uniformização do grau de
hidratação para todas as amostras.
Outra vantagem da liofilização é proporcionar a secagem de amostras e ao mesmo
tempo estabelecer atmosfera com umidade relativa inferior a 11%, condição
21 A liofilização também é denominada internacionalmente de Freeze drying. 22 A pressão e a temperatura aplicados estão bem abaixo das medidas referentes ao ponto triplo da água (0,01ºC e 4,58 torr) que é o ponto onde existe equilíbrio entre sólido, líquido e vapor. Em temperaturas e pressões abaixo desse ponto, apenas é possível a passagem do estado sólido para estado de vapor (sublimação).
63
importante para o preparo de amostras destinadas ao ensaio de termogravimetria.
Pois, como afirma TAYLOR (1997), uma amostra somente quando exposta a
umidades inferiores a 11% perde a água interlamelar da estrutura do C-S-H, ou seja,
a perda de massa determinada durante o aquecimento será em razão apenas da água
quimicamente combinada dos produtos hidratados.
O método mais usual para interrupção da hidratação é a imersão em álcool
isopropílico anidro, porém existem evidências de que este método afeta o ensaio de
termogravimetria, pois a remoção do mesmo da estrutura do C-S-H é difícil,
causando interferência na curva de perda de massa (TAYLOR, 1997).
Após a liofilização, as amostras foram colocadas em dessecadores a vácuo contendo
sílica gel, evitando a absorção de umidade, e hidróxido de bário que retem o CO2 do
ar contido no dessecador, evitando a carbonatação. Antes do ensaio, a amostra foi
moída em almofariz e peneirada. Foram utilizadas peneiras com aberturas da malha
de 150 µm e 75 µm, utilizando no ensaio apenas a fração retida na 150 µm e passante
na 75 µm.
A termogravimetria foi realizada com o aquecimento (taxa de 10ºC/min) de uma
amostra em pó, da pasta, com cerca de 30 mg estocada em temperatura ambiente
(26ºC). Foi aplicado fluxo do gás de nitrogênio de 30 ml/min para manutenção de
atmosfera inerte. A temperatura inicial do forno foi mantida, através de banho termo-
regulador de água, em 26ºC e o aquecimento foi iniciado imediatamente após a
inserção da amostra no seu interior. Optou-se não esperar o equilíbrio entre a
temperatura da amostra e do forno, pois os dois se encontravam em temperaturas
semelhantes.
64
4.3.8.2 Resultados
Nas Fig. 4.19 a Fig. 4.25 são apresentados os resultados do ensaio de
termogravimetria para cada mistura em várias idades, onde o eixo das ordenadas é a
perda de massa (%) e o eixo das abscissas é a temperatura (ºC).
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
80
85
90
95
100
TG /%
28d14d9d7d3d1d12h10h6h
4NS
Fig. 4.19 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS).água/aglom= 0,48.
0 200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
82
84
86
88
90
92
94
96
98
100
TG /%
28d14d
7d3d2d1d
12h
8h10h
3NS
Fig. 4.20 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS). água/aglom = 0,48.
65
0 200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
84
86
88
90
92
94
96
98
100
TG /%
14d28d
7d3d
2d12h
6h
10h8h
2NS
Fig. 4.21 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS). água/aglom = 0,48.
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
80
85
90
95
100
TG /%
28d14d
7d
12h
6h8h
2d3d
1d
5N
Fig. 4.22 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N). água/aglom = 0,48.
66
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
75
80
85
90
95
100
TG /%
6h8h
10h12h1d2d3d7d
14d28d
ARI
Fig. 4.23 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom = 0,48.
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
88
90
92
94
96
98
100
TG /%
1d2d3d7d
14d28d
5C
Fig. 4.24 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C). água/aglom = 0,48.
67
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
84
86
88
90
92
94
96
98
100
TG /%
1d2d3d
14d28d
7d
2CG
Fig. 4.25 Perda de massa (TG/%) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom = 0,48.
4.3.9 Porosimetria
A distribuição e tamanho dos poros foram obtidos através do método de intrusão por
mercúrio, utilizando-se um equipamento da marca Micromeritics, modelo Autopore
III 9410, que detecta um diâmetro mínimo de 3 x 10 � 9 m (3 nm).
4.3.9.1 Procedimento de ensaio
Foram utilizadas amostras de pasta em pedaços, as mesmas preparadas para o ensaio
de termogravimetria (item 4.3.8.1). Para o cálculo do diâmetro do poro, assumiu-se
que os poros têm formato cilíndrico, tensão superficial do mercúrio igual a 0,485
N/mm2, densidade mercúrio igual a 13,5413 g/cm3, e o ângulo de contato entre o
mercúrio e sólido igual a 130º.
Em geral, os resultados do ensaio de porosimetria são expressos em termos de
volume de intrusão de mercúrio por grama de amostra (ml/g), mas para isto é preciso
uniformizar bastante o tamanho e a massa da amostra. Neste estudo, optou-se pela
determinação do volume da amostra que elimina a necessidade de padronização
68
rigorosa das dimensões da amostra e ainda permite apresentar os resultados em
termos de porcentagem. Este procedimento acrescenta maior confiabilidade nos
ensaios, pois elimina parte dos erros causados no preparo da amostra.
Para o cálculo da porosidade em porcentagem, faz-se necessária à determinação do
volume da amostra e do volume de mercúrio que penetra na amostra. O equipamento
permite a determinação da referência que é o volume de mercúrio necessário para
preencher o porta-amostra vazio. Com isto, o equipamento pode calcular a diferença
entre o volume de mercúrio que preenche o porta-amostra vazio e o volume de
mercúrio com a amostra após a aplicação da baixa pressão (25 psi), assumindo não
ser significativa a penetração de mercúrio na amostra sob baixa pressão. A diferença
de volume de mercúrio nas duas condições foi considerado como sendo o volume da
amostra.
4.3.9.2 Resultados
Nas Fig. 4.26 e Fig. 4.27 são apresentados os resultados da evolução da porosidade
acumulada para cada mistura. A evolução do incremento da porosidade está
apresentada na Fig. 4.28 e na Fig. 4.29. Em algumas misturas, os resultados das
primeiras idades foram apresentados em gráfico separado para diminuir o número de
curvas no mesmo gráfico.
69
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
2h 6h 8h 10h 12h
4NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 9 d 14 d 28 d
4NS
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
2h 6h 8h 10h 12h
3NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
3NS
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
6h 8h 10h 12h
2NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
2NS
Fig. 4.26 Evolução da porosidade acumulada das pastas de cimento 4NS (a), 3NS (b) e 2NS (c). água/glom=0,48.
a)
b)
c)
70
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
6h 8h 10h 12h
5N
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
Mesoporos
5N
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
6h 8h 10h 12h
ARI
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
ARI
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 28 d
5C
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
2CG
Fig. 4.27 Evolução da porosidade acumulada das pastas de cimento 5N (a), ARI (b), 5C (c) e 2CG (d). água/glom=0,48.
a)
b)
c) d)
71
0%
3%
5%
8%
10%
13%
15%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
2h 6h 8h 10h 12h
4NS
0%
3%
5%
8%
10%
13%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 9 d 14 d 28 d
4NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
2h 6h 8h 10h 12h
3NS
0%
3%
5%
8%
10%
13%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
3NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
6h 8h 10h 12h
2NS
0%
3%
5%
8%
10%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
2NS
Fig. 4.28 Evolução do incremento da porosidade das pastas de cimento 4NS (a), 3NS (b) e 2NS (c). água/glom=0,48.
a)
b)
c)
72
0%
3%
5%
8%
10%
13%
15%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
6h 8h 10h 12h
5N
0%
3%
5%
8%
10%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
5N
0%
3%
5%
8%
10%
13%
15%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
6h 8h 10h 12h
ARI
0%
3%
5%
8%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
ARI
0%
3%
5%
8%
10%
13%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 14 d 28 d
2CG
0%
3%
5%
8%
10%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosi
dade
(%)
1d 2 d 3 d 7 d 28 d
5C
Fig. 4.29 Evolução do incremento da porosidade das pastas de cimento 5N (a), ARI (b), 5C (c) e 2CG (d). água/glom=0,48.
4.3.10 Difração de raios X (DRX)
Este ensaio foi realizado com o objetivo de se identificar os compostos hidratados
relativos às transformações observadas nos ensaios de termogravimetria. Estudos
anteriores (JOHN, 1995; SILVA, 1998; OLIVEIRA, 2000) apresentam difratogramas
de misturas semelhantes às estudadas neste trabalho. Portanto, foram ensaiadas
apenas as misturas que não foram objeto de estudos anteriores ou que apresentavam
a)
b)
c) d)
73
dúvidas provenientes do ensaio de termogravimetria. Para cada mistura escolhida foi
realizada apenas uma determinação, aos 28 dias. Foi utilizado um difratômetro
Philips, modelo MPD 1880 (radiação Cu α, varredura com passo de 0,02 ( 2Θ ) com
tempo de coleta de 1s por passo).
4.3.10.1 Procedimento de ensaio
As amostras foram obtidas através do mesmo procedimento empregado para a
análise por termogravimetria, descrito no item 4.3.8.1. A pasta em pó foi prensada
manualmente formando as pastilhas necessárias para o ensaio. A identificação das
fases cristalinas foi obtida por comparação do difratograma da amostra com o banco
de dados do ICDD - International Centre for Diffraction Data realizada
automaticamente pelo programa computacional do difratômetro. As fases também
foram identificadas com base em TAYLOR (1997), JOHN (1995), SILVA (1998) e
OLIVEIRA (2000).
4.3.10.2 Resultados
Nas Fig. 4.30 a Fig. 4.33 estão apresentados os resultados da difração de raios X,
com a identificação dos principais compostos das pastas 2NS, 3NS, 5N e ARI.
Foram identificadas as fases: aluminatos hidratados (AFm ou etringita), hidrotalcita,
C-S-H e hidróxido de cálcio. As misturas 2CG e 5C foram ensaiadas por OLIVEIRA
(2000) e a mistura 4NS por JOHN (1995). Algumas fases identificadas têm um
símbolo de interrogação ao lado, pois houve dúvida quanto à natureza do composto.
74
0 10 20 30 40 50 60 702Θ
2NS
�
�
�
�?
� C-S-H� Aluminatos hidratados
ou hidrotalcita
Fig. 4.30 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS) aos 28 dias). a/glom=0,48.
0 10 20 30 40 50 60 702Θ
�
�
��
3NS� C-S-H� Aluminatos hidratados
ou hidrotalcita
Fig. 4.31 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS) aos 28 dias. água/glom=0,48.
75
0 10 20 30 40 50 60 70
� ��
�
?
�
�
�
�
5N
ΘΘΘΘ2
� C-S-H� Aluminatos hidratados
ou hidrotalcita
Fig. 4.32 Difratograma da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N) aos 28 dias. água/glom=0,48.
0 10 20 30 40 50 60 70
�
�
�
�
�
�
ARI
?
ΘΘΘΘ2
�?
� C-S-H� Aluminatos hidratados� Hidróxido de cálcio
Fig. 4.33 Difratograma da pasta de cimento portland ARI aos 28 dias. água/glom=0,48.
76
4.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS
Para a análise estatística dos resultados foram utilizados os programas
computacionais �Statistica for Window� versão 5.0 e �Minitab� versão 13, e a
análise de variância (ANOVA) para verificar a significância estatística do efeito das
diferentes variáveis no parâmetro medido.
Na maioria das propriedades estudadas foram considerados duas variáveis ou fatores
principais: tipo de cimento e idade, sendo realizada a ANOVA � dois fatores para
analise do efeito combinado. A variável �tipo de cimento� apresentou sete níveis:
2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C e 2CG, enquanto a variável �idade� apresentou
número de níveis diferentes para cada propriedade estudada. Além da ANOVA, o
teste Duncan de comparação múltipla de médias também foi aplicado, pois permite
distinguir quais níveis são diferentes estatisticamente entre si.
Regressões lineares foram utilizadas para correlacionar algumas propriedades,
principalmente no caso da ativação com silicato de sódio que teve uma variação de
teores com arranjo fatorial. Todo o projeto experimental foi realizado e analisado
com base em MONTGOMERY (2000). Em todas as análises realizadas, as hipóteses
sobre a homogeneidade de variância e a normalidade dos dados foram testadas, e
considerados significativos os resultados com nível de significância igual ou superior
a 95% (teste de Duncan com p<0,05). Os resultados da análise estão apresentados no
Anexo D.
4.5 COMENTÁRIOS
Na elaboração do programa experimental, notou-se a falta de procedimentos
detalhados de determinados ensaios e de uma metodologia completa sobre o estudo
do comportamento da retração. Isto motivou um maior detalhamento dos
procedimentos dos ensaios realizados que poderão servir como base de estudos
posteriores.
77
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 TERMOGRAVIMETRIA
5.1.1 Metodologia aplicada na análise
Os resultados da termogravimetria apresentados no item 4.3.8, ilustram a perda de
massa que ocorre durante o aquecimento, em temperaturas características, não
perfeitamente distinguidas. Assim, é interessante efetuar a derivada dos resultados
(item 5.1.2). Com isto, pode-se identificar os produtos hidratados de acordo com o
pico de temperatura característico a cada evento. A identificação dos compostos foi
realizada cruzando dados do levantamento bibliográfico (TAYLOR, 1997) com os
resultados dos ensaios de difração de raios X. Praticamente não existem resultados
sobre termogravimetria de cimentos de escória ativada, porém a identificação dos
seus produtos hidratados por meio de outras técnicas realizadas por outros autores
(item 2.5), permitiu a análise dos resultados obtidos.
Um dos objetivos é relacionar a natureza dos produtos hidratados com determinadas
propriedades do cimento de escória, principalmente a retração. No entanto,
determinados produtos hidratados têm uma perda de massa simultânea, dificultando a
separação da perda de massa para cada composto individualmente. O produto
hidratado de maior interesse neste estudo é o C-S-H, cuja perda de massa por
desidratação ocorre de 50ºC a 500ºC (TAYLOR, 1997), sendo a maior parte até
220ºC. Portanto, para a análise de todas as misturas estudadas foi adotada uma faixa
de temperatura fixa de 30ºC até 220ºC para o C-S-H, sendo a perda de massa
quantificada em porcentagem. Nessa faixa ocorre também a desidratação de
aluminatos e sulfoaluminatos.
5.1.2 Efeito do tipo de ativador
As Fig. 5.1 a Fig. 5.7 apresentam a derivada da curva de perda de massa das misturas
estudadas. Inicialmente, observa-se a adequação da faixa de temperatura adotada
(item 5.1.1) para quantificação do C-S-H, pois em todas as misturas o primeiro pico
ocorreu dentro da faixa especificada (30ºC a 220ºC). Nas misturas de cimento de
78
escória ativada com silicato de sódio são identificados três picos, sendo o primeiro
relacionado à perda de água do C-S-H, o segundo em razão da perda de água das
fases aluminato hidratadas (hidrotalcita, AFm) e o terceiro relacionado à
decomposição de carbonatos. Este último, pode referir-se à carbonatação ocorrida
durante a estocagem do corpo-de-prova ou da escória anidra moída. Ressalta-se a
ausência do pico característico da portlandita (entre 400º e 500ºC) nas misturas
ativadas com silicato de sódio, com hidróxido de sódio e com hidróxido de cálcio
mais gipsita, diferente da mistura de cimento portland hidratado.
A mistura de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C) e a mistura de cimento
portland (ARI) apresentam, além do pico do C-S-H, picos característicos referentes à
perda de água da portlandita e da decomposição de carbonato, sendo este último
relacionado com a presença de carbonatos existentes no material anidro (carbonato
de cálcio na mistura 5C e filler calcário na mistura ARI) ou em razão da
carbonatação durante a estocagem da amostra. A mistura de cimento portland (ARI)
apresenta um ombro (entre 130ºC e 200ºC) junto ao pico principal do C-S-H em
razão da presença de fases sulfoaluminatos, mais nítido a partir da idade de 1 dia. A
mistura 5N também apresenta um ombro (entre 130ºC e 200ºC) junto ao pico
principal do C-S-H e, como mostra o resultado da difração de raios X (Fig. 4.32),
este pico pode ser atribuído às fases aluminato presente em quantidades
significativas. Este ombro indica a sobreposição de duas transformações químicas: a
desidratação do C-S-H e a desidratação das fases aluminato, o que dificulta a
separação dos fenômenos e, conseqüentemente, a determinação da quantidade de
silicato de cálcio hidratado (C-S-H).
A provável explicação para este pico aparecer na mistura de escória ativada com
hidróxido de sódio e ser ausente na mistura ativada com silicato de sódio é que o
hidróxido de sódio eleva a alcalinidade do meio garantindo a dissolução da escória,
porém não existem íons silicato suficiente para a formação de quantidade
significativa de C-S-H como na misturas ativadas com silicato de sódio. Resta, então,
aos íons de cálcio a combinação com íons aluminato, formando fases aluminato
hidratados, como identificado por difração de raios X. Entende-se que a formação
dos produtos hidratados é um fenômeno bastante complexo que envolve outras
reações, sendo discutido apenas a formação dos produtos hidratados principais.
79
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
DTG /(%/min)
28d14d9d7d3d1d12h10h6h
4NS
Fig. 5.1 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
0 200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
DTG /(%/min)
28d14d
7d3d2d1d
12h
8h10h
3NS
Fig. 5.2 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (3NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
80
0 200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-0.900
-0.800
-0.700
-0.600
-0.500
-0.400
-0.300
-0.200
-0.100
0
DTG /(%/min)
14d28d
7d3d2d
12h
6h
10h
8h
2NS
Fig. 5.3 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com silicato de sódio (2NS). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-0.900
-0.800
-0.700
-0.600
-0.500
-0.400
-0.300
-0.200
-0.100
0
DTG /(%/min)
28d14d
7d
12h
6h8h
2d3d
1d
5N
Fig. 5.4 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio (5N). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
81
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
DTG /(%/min)
6h8h
10h12h1d2d3d7d
14d28d
ARI
Fig. 5.5 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-0.400
-0.350
-0.300
-0.250
-0.200
-0.150
-0.100
-0.050
0
DTG /(%/min)
1d2d3d7d
14d28d
5C
Fig. 5.6 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio (5C). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
82
200 400 600 800 1000 1200Temperature /°C
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
DTG /(%/min)
1d2d3d
14d28d
7d
2CG
Fig. 5.7 Derivada da curva de perda de massa (DTG) da pasta de cimento de escória ativada com hidróxido de cálcio e gipsita (2CG). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
A mistura 2CG apresenta grande perda de massa entre 30ºC e 220ºC, sendo aos 28
dias, menor apenas do que na mistura 4NS. Considerando que a temperatura de
transformação da etringita é 120ºC (TAYLOR, 1997), conclui-se ser este o
composto, identificado por difração de raios X (OLIVEIRA, 2000), que apresenta
maior contribuição para a perda de massa, não descartando a possibilidade da
contribuição do C-S-H. Coerente com este resultado, esta mistura foi a que
apresentou os piores resultados de resistência à compressão, juntamente com a
mistura 2NS.
Na Fig. 5.8, apresenta-se a derivada das curvas de perda de massa das misturas de
escória ativada com silicato de sódio, com hidróxido de sódio e da mistura de
cimento portland. Observa-se que aos 28 dias a intensidade do pico relativo ao C-S-
H da mistura de escória ativada com o maior teor de silicato de sódio (4NS) é maior
do que nas demais misturas. Na análise da resistência à compressão (item 5.4) fica
evidente a correlação entre a perda de massa relativa ao C-S-H e a resistência à
compressão. O fato do C-S-H e parte dos aluminatos desidratarem na mesma faixa de
temperatura, dificulta a análise para as misturas estudadas, com exceção das misturas
de escória ativada com silicato de sódio, pois têm como principal composto o C-S-H.
83
100 200 300 400 500 600 700 800 900Temperature /°C
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
DTG /(%/min)
4NS3NS2NS
5NARI
Fig. 5.8 Gráfico comparativo aos 28 dias da derivada da curva de perda de massa (TG) das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48. Taxa de aquecimento de 10ºC/min.
Ainda na Fig. 5.8, pode-se observar a maior intensidade do pico relacionado a
hidrotalcita, perda de massa entre 300ºC e 500ºC (TAYLOR, 1997), da mistura 5N
quando comparada as misturas de escória ativada com silicato de sódio (2NS, 3NS e
4NS).
Pode-se afirmar que as misturas de escória ativada com silicato de sódio apresentam
maior grau de hidratação, confirmado pela maior quantidade de C-S-H, o qual
constitui a maior parte dos produtos hidratados deste tipo de cimento. A ativada com
hidróxido de sódio (5N) foi a que apresentou maior quantidade de fases aluminato e
hidrotalcita. A portlandita foi observada na mistura de escória ativada com hidróxido
de cálcio e, em quantidade significativa, na mistura de cimento portland.
5.1.3 Efeito do teor de ativador
Na Fig. 5.9, apresenta-se a evolução da perda de massa referente ao C-S-H de acordo
com o teor de Na2O (a influência do teor SiO2 é matematicamente igual, pois foi
utilizada uma proporção constante entre os dois compostos), observando-se o
aumento da perda de massa com o aumento do teor de sódio. Pode-se afirmar que a
formação de C-S-H é dependente da dissolução da escória, proporcionada pelo
84
aumento da alcalinidade do meio e pela maior disponibilidade de íons silicato,
fornecidos pelo ativador.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 5 10 15 20 25 30Idade (dias)
TG
A -
Perd
a de
mas
sa e
ntre
30º
C e
22
0ºC
(%)
4,5% Na2O 3,5% Na2O 2,5% Na2O
Fig. 5.9 Influência do teor de Na2O na evolução da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48.
Conforme ilustrado nas Fig. 5.1, Fig. 5.2 e Fig. 5.3, a intensidade do pico referente à
hidrotalcita parece diminuir com o aumento do teor de ativador, porém a perda de
massa não apresentou variação significativa com o aumento do teor de ativador (Fig.
5.10). Pode-se concluir que o ativador não influencia a reação de hidratação do
magnésio presente na escória.
0
1
2
3
4
0 5 10 15 20 25 30Idade (dias)
TG
- Pe
rda
de m
assa
ent
re 3
00ºC
e
500º
C (%
)
4,5% Na2O 3,5% Na2O 2,5% Na2O
Fig. 5.10 Influência do teor de Na2O na evolução da perda de massa (TG) entre 300ºC e 500ºC das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48.
85
Como conclusão, pode-se afirmar que o aumento do teor de silicato de sódio,
mantido o módulo de sílica, proporciona um maior grau de hidratação, comprovado
pelo aumento da quantidade de C-S-H. Com base no perfil das curvas de perda de
massa, obtidas na termogravimetria, confirma-se a presença do C-S-H como o
principal e majoritário produto hidratado do cimento de escória ativada com silicato
de sódio, com presença minoritária de fases aluminato, provavelmente hidrotalcita.
86
5.2 CALOR DE HIDRATAÇÃO
5.2.1 Efeito do tipo de ativador
A ativação da escória com hidróxido de sódio (5N) proporcionou a maior liberação
de calor entre todos os ativadores utilizados, sendo esta liberação caracterizada pela
alta taxa nas primeiras horas, com um pico único de intensidade máxima em torno de
3 horas. Como as argamassas preparadas com este tipo de ativador não apresentaram
resultados elevados de resistência à compressão e os resultados da termogravimetria
e da difração de raios X indicam a existência de quantidades significativas de
aluminato hidratados, este pico pode ser atribuído à formação do C-S-H em conjunto
com as fases aluminatos. Para as demais misturas, a evolução da taxa de liberação foi
caracterizada por um período de indução seguido pelo pico de formação dos produtos
hidratados.
O período de indução do cimento de escória ativada com silicato de sódio foi o mais
longo observado. A intensidade do pico de formação dos produtos hidratados foi
menor do que no cimento portland (ARI) e no cimento de escória ativada com
hidróxido de sódio (5N). A formação de quantidades significativas de fases
aluminato nas misturas 5N e ARI, compostos que liberam maior quantidade de calor,
justifica esse comportamento. Com relação às misturas contendo cal, a 2CG teve
maior liberação de calor do que a 5C (Fig. 4.17) em razão da formação de etringita,
presença confirmada por difração de raios X (OLIVEIRA, 2000).
A mistura de cimento portland apresentou um ombro antes do pico de formação do
C-S-H que, de acordo com a difração de raios X, pode ser atribuído a formação de
sulfoaluminatos (Fig. 4.18).
As misturas de escória ativada apresentaram uma liberação total de calor bem menor
quando comparadas ao cimento portland (Fig. 4.17). Ressalta-se que este cimento
não contem adições e apresenta finura Blaine elevada. Os resultados confirmam que
um cimento de escória ativada com desempenho quanto à resistência semelhante
(3NS) ou superior (4NS) a um cimento portland pode ser obtido com uma liberação
de calor menor.
87
5.2.2 Efeito do teor de ativador
Dentre as argamassas de escória ativada com silicato sódio, quanto maior o teor de
silicato de sódio, mais cedo se tem o pico de formação dos produtos hidratados e
maior é sua intensidade. Tem-se em ordem decrescente de velocidade de hidratação:
4NS, 3NS e 2NS (Fig. 4.18), confirmada pela taxa liberada e calor acumulado.
A concentração de sódio tem grande influência na formação dos produtos hidratados,
garantindo a continuidade da dissolução do grão de escória. Após ou durante a
dissolução, a quantidade de íons silicato torna-se importante para a formação do C-S-
H. Portanto, o teor de ativador interfere diretamente nas reações de hidratação e,
conseqüentemente, na liberação de calor. Esta influência pode ser constatada na Fig.
5.11, onde ao aumento do teor de ativador corresponde o aumento na liberação de
calor.
0
20
40
60
80
100
120
140
0 20 40 60 80Idade (horas)
Cal
or a
cum
ulad
o (K
J/K
g)
4,5% Na2O 3,5% Na2O 2,5% Na2O
Fig. 5.11 Influência do teor de Na2O no calor acumulado das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48.
Como conclusão, pode-se afirmar que o aumento do teor de ativador, mantido
módulo de sílica igual a 1,7, diminui o período de indução e aumenta a intensidade
do pico de formação dos produtos hidratados. A possível explicação é a maior
velocidade, grau de hidratação e volume de produtos hidratados proporcionado pela
elevação da alcalinidade e da quantidade de íons silicato com o aumento do teor de
ativador.
88
5.3 POROSIDADE
Nas Fig. 4.26 e Fig. 4.27, observa-se uma mudança sensível na distribuição dos
poros, pois o perfil dos resultados obtidos nas primeiras idades (6, 8, 10 e 12 horas) é
caracterizado pelo crescimento brusco da porosidade em torno da faixa de diâmetros
1000 nm e 10000 nm, o que difere completamente diferente dos resultados obtidos
das idades subseqüentes, principalmente nas misturas de escória ativada com silicato
de sódio (4NS, 3NS e 2NS). Esta mudança pode ser atribuída ao aumento da
resistência da matriz porosa com a evolução da hidratação, confirmada pela
coincidência com a idade em que ocorre o início da formação dos produtos
hidratados, determinado pela calorimetria (itens 4.3.7 e 4.3.8). Uma vez que os dados
obtidos com baixa resistência podem comprometer a interpretação global, algumas
análises foram feitas com base nos resultados obtidos apenas a partir da idade em que
a amostra apresentou resistência.
O diâmetro do poro no qual a água está sendo perdida é um parâmetro fundamental
na análise da retração e, como no capítulo 3, a faixa de porosidade responsável pela
maior parte da retração é a de mesoporos. Levando em conta a importância da faixa
de porosidade, a análise dos resultados teve como critério a determinação do volume
total de poros e o das faixas de mesoporos (2< Ø <50 nm) e macroporos (Ø>50 nm).
5.3.1 Efeito do tipo de ativador
As misturas de cimento de escória ativada com silicato de sódio apresentaram
volume menor de poros do que as misturas com os demais ativadores. Em qualquer
idade, tanto a mistura 4NS quanto a 3NS apresentam uma porosidade total menor do
que a mistura ARI, que por sua vez apresenta uma porosidade total semelhante à
mistura 2NS. A porosidade das misturas ativadas com silicato de sódio tem uma
característica marcante: a freqüência de poros está localizada quase que totalmente
na faixa de mesoporos. Esta característica difere totalmente das demais, pois têm
freqüência de poros distribuída entre a faixa de mesoporos e a de macroporos. Em
função do tempo de hidratação, a variação da porosidade total e da freqüência de
poros das misturas estão apresentadas nas Fig. 5.12 e Fig. 5.13.
89
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
10h 12h 1d 2d 3d 7d 9d 14d 28dIdade (horas, dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos
4NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1d 2d 3d 7d 14d 28dIdade (dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos3NS
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
2d 3d 7d 14d 28dIdade (dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos
2NS
Fig. 5.12 Volume da porosidade total, de macroporos e de mesoporos das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS, 2NS). água/aglom=0,48.
90
Fig. 5.13 Volume da porosidade total, de macroporos e de mesoporos da pasta de cimento de escória ativada: com hidróxido de sódio (5N), com hidróxido de cálcio (5C) e com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48
Observa-se que o refinamento dos poros ao longo do tempo é maior para a escória
ativada com silicato de sódio. Outro parâmetro de comparação da porosidade das
misturas estudadas, pode ser observado na Fig. 5.14. Aos 28dias, a escória ativada
com silicato de sódio tem seu diâmetro limite23 localizado na faixa de mesoporos,
enquanto nas misturas 5N e ARI, esse diâmetro está localizado na faixa de
macroporos. Quando se constrói o gráfico do incremento24 do volume de poros (Fig.
5.15), observa-se claramente que a escória ativada com silicato de sódio tem a maior
23 SATO (1998) define o diâmetro limite como a menor dimensão de poro acima da qual se estabelece uma trajetória de poros conectados de uma extremidade a outra da amostra, determinado pela inflexão na curva de porosidade acumulada. O diâmetro limite é freqüentemente citado como parâmetro de durabilidade, pois a conectividade dos poros influencia a entrada de agentes agressivos em concreto e argamassas, portanto um diâmetro limite menor significa maior dificuldade de entrada dos agentes agressivos. 24 O incremento da porosidade em um poro de determinado diâmetro é o aumento relativo à porosidade medida no diâmetro determinado imediatamente anterior, sendo a soma dos incrementos igual à porosidade total.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
10h 12h 1d 2d 3d 7d 14d 28dIdade (horas, dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos5N
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1d 2d 3d 7d 28dIdade (dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos
5C
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1d 2d 3d 7d 14d 28dIdade (dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos2CG
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
10h 12h 1d 2d 3d 7d 14d 28dIdade (horas, dias)
Vol
ume
(%)
Porosidade total Macroporos Mesoporos
ARI
91
parte de seu volume, situado na faixa de mesoporos, fator importante na durabilidade
e desempenho mecânico deste tipo de cimento. Este comportamento é similar para as
demais idades.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
4NS 3NS 2NS 5N ARI
Mesoporos
Fig. 5.14 Gráfico comparativo da porosidade acumulada aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosid
ade
(%)
4NS 3NS 2NS 5N ARI
Mesoporos
Fig. 5.15 Gráfico comparativo do incremento da porosidade aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.
92
Quando a comparação é feita entre as misturas 5C e 2CG, observa-se que aos 28 dias
o diâmetro limite de ambas está localizado fora da faixa de mesoporos (Fig. 5.16),
mas a mistura 5C apresenta maior freqüência de poros na faixa de mesoporos (Fig.
5.17) que pode ser determinante nas propriedades estudadas, principalmente na
resistência à compressão e retração.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Poro
sidad
e ac
umul
ada
(%)
5C 2CG ARI
Mesoporos
Fig. 5.16 Gráfico comparativo da porosidade acumulada aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com hidróxido de cálcio (5C), com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG) e da pasta de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
1 10 100 1000 10000 100000 1000000Diâmetro do poro (nm)
Incr
emen
to d
a po
rosid
ade
(%)
5C 2CG ARI
Mesoporos
Fig. 5.17 Gráfico comparativo do incremento da porosidade aos 28 dias das pastas de cimento de escória ativada: com hidróxido de cálcio (5C) e com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG). água/aglom= 0,48.
93
Como conclusão do efeito do tipo de ativador, pode-se afirmar que as misturas
ativadas com silicato de sódio apresentam menor porosidade e maior refinamento dos
poros ao longo do tempo, estando a porosidade localizada em sua maioria na faixa de
mesoporos. As demais misturas apresentaram maior volume de poros distribuído
entre as faixas de mesoporos e macroporos.
5.3.2 Efeito do teor de ativador
Para módulo de sílica mantido igual a 1,7, o teor de ativador tem uma influência
significativa na porosidade. Com o aumento do teor de ativador, observa-se maior
refinamento dos poros (Fig. 5.14), assim como o deslocamento do diâmetro limite
para valores menores. A mistura 4NS apresentou porosidade total menor do que as
misturas 3NS e 2NS e, também, um refinamento tão intenso que parte da sua
porosidade não pode ser quantificada, pois supõe-se que esteja em poros abaixo do
diâmetro de 3 nm, a partir do qual não se consegue efetuar a intrusão de mercúrio
(Fig. 5.15).
Se considerado o teor de Na2O, observa-se que o seu aumento incorre na diminuição
da porosidade total e do volume de mesoporos (Fig. 5.18). Não foi possível realizar o
ensaio da mistura 2NS com 1 dia de idade. Para cada idade ensaiada foi realizada a
correlação linear dos valores obtidos da porosidade total e do volume de mesoporos
com o teor de Na2O, observando-se coeficiente de correlação linear sempre superior
a 90%.
15
20
25
30
35
40
45
50
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Teor de Na2O (%)
Por
osid
ade
tota
l (%
)
1d 2d 3d 7d 14d 28d
05
101520
253035
4045
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Teor de Na2O (%)
Mes
opor
os (%
)
1d 2d 3d 7d 14d 28d
Fig. 5.18 Influência do teor de Na2O na porosidade total e nos mesoporos das pastas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48.
94
Analisando individualmente cada mistura de cimento de escória ativada com silicato
de sódio (Fig. 5.12), observa-se que a porosidade total variou dentro de uma faixa
estreita, porém o volume de mesoporos aumentou à custa da diminuição de
macroporos, efeito nítido da evolução da hidratação. Na mistura 4NS, o incremento
da porosidade é mais lento e durou até os 28 dias de idade.
5.3.3 Porosidade versus termogravimetria
Mantida a relação água/aglomerante, a estrutura porosa da matriz depende do volume
de C-S-H formado. No cimento de escória ativada com silicato de sódio, a natureza
dos produtos hidratados proporciona maior evidência da correlação entre quantidade
de C-S-H e o volume de poros (Fig. 5.19) em razão da predominância desse
composto. Nas outras misturas estudadas, a presença de outros compostos hidratados
não evidencia esta correlação.
y = 3,3563x - 23,81R2 = 0,9812
y = 4,8878x - 18,788R2 = 0,9531
y = 7,8756x - 22,373R2 = 0,8473
0
10
20
30
40
50
60
0 5 10 15 20TGA - Perda de massa entre 30ºC e 220ºC (%)
Vol
ume
de m
esop
oros
(%)
4NS 3NS 2NS
Fig. 5.19 Correlação linear entre a evolução do volume de mesoporos e a perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48.
95
5.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO, À TRAÇÃO E MÓDULO DE ELASTICIDADE
5.4.1 Efeito do tipo de ativador
5.4.1.1 Resistência à compressão
De acordo com os resultados da Análise de Variância - ANOVA (Tabela D.1, anexo
D), a variação do tipo de ativador possui efeito estatisticamente muito significativo,
mas que depende da interação com os demais fatores: tipo de cura e idade.
Dentre os ativadores utilizados, o silicato de sódio foi o que apresentou a maior
resistência à compressão, sendo a mistura 4NS estatisticamente maior a partir de 3
dias de idade do que as demais misturas (Tabela D. 2, anexo D). A argamassa 2NS
foi a que apresentou a menor resistência à compressão. A justificativa para estes
resultados está na natureza e quantidade de C-S-H formado, analisado no item 5.4.4.
A argamassa 5C apresentou resistência à compressão superior à argamassa 2CG e a
5N; não havendo diferença estatisticamente significativa na maior parte das idades
estudadas (de 1 dia até os 14dias e aos 56 dias) entre as duas últimas.
A resistência à compressão da mistura 5C foi maior do que a 2CG, no entanto, a
última apresenta maior perda de massa na faixa referente ao C-S-H, conforme
mostram os resultados de termogravimetria (item 4.3.8). Isto pode ser explicado pela
natureza dos produtos hidratados: os principais produtos hidratados para a mistura
5C são o C-S-H e a portlandita, enquanto para a 2CG, o C-S-H e a etringita, esta
última em quantidade significativa em razão da hidratação da gipsita e da cal
hidratada. Portanto, na mistura 2CG a perda de massa na faixa de 30ºC e 220 é
atribuída à desidratação do C-S-H e da etringita.
De modo geral, a resistência à compressão da escória ativada com silicato de sódio
foi maior do que a do cimento portland, o que possivelmente está relacionado com as
características da porosidade e da natureza dos produtos hidratados deste tipo de
cimento.
96
5.4.1.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade
O tipo de ativador apresentou influência estatisticamente menor na resistência à
tração do que a observada na resistência à compressão. Dentre todas as misturas, até
os 7dias, a ARI apresentou os resultados mais elevados, enquanto a 2NS apresentou
os piores resultados. A partir dessa idade, de acordo com a análise estatística (Tabela
D. 6, anexo D), não há diferença entre as misturas 4NS e ARI até os 21dias. A
resistência à tração final (56 dias) das misturas ARI, 4NS e 3NS são estatisticamente
iguais.
A ativação com hidróxido de cálcio mais gipsita (2CG) apresentou resultados
estatisticamente iguais à ativação com hidróxido de sódio (5N) e com hidróxido de
cálcio (5C) em várias idades (Tabela D. 6, anexo D). De acordo com a Fig. 4.13 e a
análise estatística, pode-se afirmar que os resultados da resistência à tração, com cura
úmida, não variaram muito em função do tipo de ativador, não tanto quanto a
variação observada na resistência à compressão.
Entre as propriedades mecânicas estudadas, o módulo de elasticidade foi a que
apresentou menor influência do tipo de ativador (Tabela D.9, anexo D), o que pode
ser explicado pela variabilidade elevada dos resultados obtidos neste ensaio. Esta
baixa influência pode ser confirmada pela igualdade estatística dos resultados, a
partir de 3 dias de idade, das misturas 4NS, 3NS e ARI (Tabela D. 10, anexo D). As
misturas 2NS, 5N, 5C e 2CG apresentam, em várias idades, resultados
estatisticamente iguais. Esta análise pode ser ilustrada na Fig. 4.15, com a
visualização dos dois grupos de misturas (4NS-3NS-ARI e 2NS-5N-5C-2CG) com
resultados semelhantes.
5.4.2 Efeito do teor de ativador
5.4.2.1 Resistência à compressão
Para o módulo de sílica igual a 1,7, o teor de ativador influencia significativamente a
resistência à compressão. A argamassa 4NS apresenta elevada resistência à
compressão inicial, estatisticamente igual à argamassa com cimento portland ARI até
3 dias de idade. A partir desta idade, a mistura 4NS apresenta valores
97
estatisticamente superiores a todas as argamassas estudadas, tendo inclusive uma
resistência a partir dos 3 dias de idade em torno de 1,5 vezes maior do que a
argamassa ARI, alcançando uma resistência final aos 56 dias de 102 MPa contra 75
MPa da argamassa ARI.
A argamassa 3NS apresentou resistência à compressão a 1 dia quase nula, crescendo
para 37 MPa aos 3 dias, e resistência final aos 56 dias igual à alcançada pela
argamassa de cimento portland ARI (75 MPa). Esta igualdade de resistência à
compressão é comprovada estatisticamente pela comparação das médias (Tabela D.
2, anexo D), também aos 14, 21 e 56 dias. A resistência nula com 1 dia e o
crescimento rápido aos 3 dias pode ser explicada pela curva de evolução do calor de
hidratação, com o início de formação de produtos hidratados com 24 horas e
intensidade máxima com 32 horas (Fig. 4.18).
A argamassa 2NS apresentou valores nulos até os 7 dias de idade em função do
aparecimento tardio do pico de formação dos produtos hidratados, com início em
torno de 48 horas, e alcançando uma máxima intensidade com 60 horas (Fig. 4.18).
Outro fator que pode ter prejudicado o desempenho desta argamassa é a velocidade
de carregamento utilizada no ensaio de resistência à compressão que foi especificada
para argamassas com resistências à compressão elevadas. Considerando-se que a
argamassa 2NS foi a que apresentou a menor resistência à compressão, a velocidade
de carregamento pode ter induzido a ruptura precoce dos corpos-de-prova.
Confirmando os dados da termogravimetria, observa-se na Fig. 5.20 o crescimento
da resistência à compressão com o teor de Na2O. O coeficiente de correlação linear
entre os resultados da resistência à compressão e o teor de Na2O foi igual ou superior
a 92%, exceto com 1 dia de idade (77%).
98
0
20
40
60
80
100
120
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Teor de Na2O (%)
Res
ist. c
ompr
essã
o (M
Pa)
1d 3d 7d 14d 28d 56d
Fig. 5.20 Influência do teor de Na2O na resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48, 100% U.R. e 24ºC.
A mistura 2NS apresentou os piores resultados, indicando que a eficiência da
ativação da escória com silicato de sódio é dependente de um teor adequado de
adição, para atingir um desempenho mecânico desejado. Isto com o módulo de sílica
igual a 1,7.
5.4.2.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade
O aumento de teor de ativador incorreu no aumento da resistência à tração, porém as
misturas 4NS e 3NS apresentaram resultados próximos (Fig. 4.13), sendo a
resistência final aos 28 e 56 dias estatisticamente iguais (Tabela D. 6, anexo D).
Com relação aos resultados de módulo de elasticidade, as duas misturas são
estatisticamente iguais em qualquer idade, porém a variação do teor de ativador foi
significativa quando as mesmas são comparadas com a mistura 2NS, em qualquer
idade. No entanto, esta análise pode ter sido prejudicada pela grande variabilidade
dos resultados obtidos.
5.4.3 Efeito do tipo de cura
5.4.3.1 Resistência à compressão
Os corpos-de-prova para resistência à compressão foram submetidos a dois tipos de
cura: úmida (100% U.R. e 24ºC) e seca (50% U.R. e 24ºC), cujos resultados estão
99
apresentados na Fig. 5.21. De acordo com os resultados da ANOVA (Tabela D.1,
anexo D), a variação do tipo de cura possui efeito estatisticamente significativo e
uma interação também muito significativa com o tipo de ativador. As misturas 2NS,
5N e 2CG não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os
resultados da resistência à compressão com aplicação de cura úmida e cura seca na
maior parte das idades ensaiadas (Tabela D. 4, anexo D), indicando que o tipo de
cura não apresentou efeito no desempenho dessas misturas. As misturas 4NS, 3NS,
ARI e 5C apresentaram diferenças estatisticamente significantes em praticamente
todas as idades, indicando que a ausência de cura úmida nestes tipos de cimento é
prejudicial.
De acordo com os resultados obtidos, as misturas de cimento de escória ativada com
silicato de sódio são mais prejudicadas pela ausência de cura úmida, principalmente
quanto à sua resistência final. Exemplificando, a resistência à compressão, aos 28
dias, da mistura 4NS foi reduzida em 47% e da mistura 3NS em 59%. A mistura 2NS
não foi afetada pela ausência de cura úmida, mas a sua baixa resistência nas
primeiras idades pode ter prejudicado a análise. A argamassa de cimento portland
(ARI) teve redução menor, de 23%, considerada significativa.
A acentuada redução na resistência à compressão por falta de cura úmida permite
concluir que a hidratação da escória ativada com silicato de sódio é mais prejudicada
do que o cimento portland pela falta de água. Esta maior necessidade de água da
escória ativada com silicato de sódio deve refletir-se acentuadamente na retração
autógena.
100
0
20
40
60
80
100
120
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
4NS
0
20
40
60
80
100
120
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
3NS
0
5
10
15
20
25
30
35
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
2NS
0
5
10
15
20
25
30
35
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
5N
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
5C
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
2CG
0
20
40
60
80
100
120
1 3 7 14 21 28 56Idade (dias)
Res
ist. à
com
pres
são
(MPa
)
Cura seca Cura úmida
ARI
Fig. 5.21 Influência do tipo de cura na resistência à compressão das argamassas de cimento de escória ativadas com silicato de sódio, com hidróxido de sódio, com hidróxido de cálcio, com hidróxido de cálcio mais gipsita e da argamassa de cimento portland. água/aglom= 0,48, desmoldadas após 6 horas e colocadas na câmara úmida (100% U.R. e 24ºC) e em câmara seca (50% U.R. e 24ºC).
101
O comportamento da resistência à compressão da mistura 5N foi distinto das demais
misturas, pois os resultados sem cura foram estatisticamente iguais aos resultados
com cura úmida em qualquer idade (Tabela D. 4, anexo D). A cinética de hidratação
é diferente, indicado pela calorimetria: a qual detecta um único pico de formação de
produtos hidratados em poucas horas (Fig. 4.18), sem o período de indução. Isto
pode explicar o desempenho similar da mistura com cura seca e com cura úmida.
Independentemente do tipo de cura, o momento da formação dos produtos hidratados
ocorre em uma fase em que a mistura tem água disponível em quantidade suficiente
para garantir a hidratação sem a necessidade de cura úmida. Nas outras misturas, a
existência do período de indução facilita a perda de água livre para o ambiente
durante a cura seca, prejudicando a hidratação.
Com base nos resultados, pode-se afirmar que a aplicação de cura úmida é
fundamental para a hidratação do cimento de escória ativada com silicato de sódio,
em razão da redução significativa da resistência à compressão. O falta de cura é
menos prejudicial para as demais misturas, porém ainda essencial para o
desenvolvimento adequado da resistência e das propriedades de durabilidade.
5.4.3.2 Resistência à tração e módulo de elasticidade
Com a aplicação de cura seca, a mistura de cimento portland (ARI) foi a única que
não apresentou efeito significativo estatisticamente, comparada à cura úmida, tanto
para a resistência à tração como para o módulo de elasticidade (Tabela D. 8 e Tabela
D. 12, anexo D).
As demais misturas apresentaram forte efeito da ausência de cura úmida, com quedas
significativas nas misturas de cimento de escória ativada com silicato de sódio. Este
comportamento mais uma vez ratifica a maior necessidade de cura úmida do cimento
de escória ativado com silicato de sódio quando comparado ao cimento portland e à
outros tipo de ativadores, conforme relatado por ANDERSSON; GRAM (1988).
5.4.4 Resistência à compressão versus porosidade e termogravimetria
O aumento do teor de silicato de sódio (MS=1,7) implica no progressivo
encurtamento do início da formação do pico dos produtos hidratados, explicando
102
porque a argamassa 4NS apresenta uma resistência inicial elevada quando
comparada às argamassas 3NS e 2NS. Os resultados da termogravimetria
demonstram que o aumento do teor de silicato de sódio incorre em uma quantidade
maior de produtos hidratados na faixa específica do C-S-H e, conseqüentemente, em
maior resistência à compressão. A correlação linear entre a resistência à compressão
e a perda de massa referente ao C-S-H nas idades estudadas é apresentada na Fig.
5.22. As composições 4NS e 3NS apresentam uma boa correlação entre as
propriedades estudadas, no entanto a correlação para a composição 2NS não
apresenta um valor próximo ao obtidos nas outras misturas. A dificuldade de ganho
de resistência desta mistura talvez tenha prejudicado a correlação, pois até os 7 dias
de idade ainda apresentava valores nulos (Fig. 4.11).
y = 11,226x - 59,49R2 = 0,9257
y = 12,181x - 57,187R2 = 0,9789
y = 6,4041x - 38,431R2 = 0,771
0
20
40
60
80
100
120
6 7 8 9 10 11 12 13 14TGA - Perda de massa entre 30ºC e 220ºC (%)
Res
ist.
com
pres
são
(MPa
)
4NS 3NS 2NS
Fig. 5.22 Correlação linear entre a evolução da resistência à compressão e da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS).
A porosidade é fator determinante na resistência à compressão, porém a correlação
entre as duas propriedades não explica totalmente a elevada resistência à compressão
do cimento de escória ativada com silicato de sódio quando comparado com o
cimento portland. No entanto, uma correlação matemática que não seja significativa
não impede que a baixa porosidade de misturas cimentícias de escória ativada com
silicato de sódio seja uma explicação coerente da elevada resistência da mesma,
ainda mais quando os resultados do ensaio de porosimetria evidenciam que a
porosidade destes cimentos é constituída em sua quase totalidade por mesoporos.
103
Esta distribuição da porosidade característica difere das misturas de escória que
utilizam outros ativadores e da mistura de cimento portland, pois estas apresentam
maior distribuição entre os volumes de mesoporos e de macroporos (item 5.1).
Conforme ilustrado na Fig. 5.23, o coeficiente de correlação linear para a mistura
4NS é em torno de 96%, enquanto na mistura 3NS ela é em torno de 77%. Uma
explicação para esta correlação mais baixa da 3NS é a baixa taxa de aumento do
volume de mesoporos com evolução da idade. Enquanto na 4NS, observa-se
claramente o crescimento maior do volume de mesoporos (Fig. 5.12). A ausência de
resistência nas primeiras idades da mistura 2NS impede esta avaliação (dispõe-se de
baixo número de resultados para realizar uma correlação significativa).
y = 3,272x + 19,914R2 = 0,9584
y = 4,9385x - 74,1R2 = 0,7736
0
20
40
60
80
100
120
0 10 20 30 40
Volume de mesoporos (%)
Res
ist. c
ompr
essã
o (M
Pa)
4NS 3NS
Fig. 5.23 Correlação entre a evolução da resistência à compressão e da porcentagem de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS).
5.4.5 Comentários
É consensual o melhor desempenho da resistência à compressão do cimento de
escória ativada com silicato de sódio quando comparado ao cimento portland e aos
demais tipos de ativadores. Com base nos resultados de termogravimetria e
porosimetria, pode-se supor que a elevada resistência deste tipo de cimento é devido
ao elevado grau de hidratação e a porosidade característica. Porém, sua necessidade
de cura úmida é mais forte do que para as demais misturas.
104
Com relação ao módulo de elasticidade e à resistência à tração, observou-se uma
similaridade entre a mistura de escória ativada com o maior teor de silicato de sódio
(4NS) e a mistura de cimento portland (ARI), atingindo resultados elevados em
ambas as propriedades. Assim como na resistência à compressão, a ausência de cura
úmida prejudicou mais o cimento de escória ativada com silicato de sódio do que o
cimento portland.
Mantido o módulo de sílica igual a 1,7, a variação do teor de ativador teve um efeito
significativo na variação da resistência à compressão, com o aumento do teor de
ativador incorrendo no aumento da resistência à compressão. Este efeito não foi tão
significativo na resistência à tração e no módulo de elasticidade.
105
5.5 RETRAÇÃO AUTÓGENA
5.5.1 Efeito do tipo de ativador
Em geral, as argamassas confeccionadas com escória ativada com silicato de sódio
apresentaram retração autógena superior à da argamassa de cimento portland ARI
(item 4.3.5.1). Esta afirmação também é baseada na análise estatística (Tabela D. 16,
anexo D), pois a retração da mistura de cimento portland é estatisticamente menor
das misturas de escória ativada com silicato de sódio nas seguintes idades: a partir de
3 dias quando comparada à mistura 2NS, de 1 dia comparada à mistura 3NS, e de 10
horas comparada à mistura 4NS.
É importante ressaltar que a magnitude da retração autógena final (112 dias) da
mistura 4NS foi em torno de 4,5 vezes superior à retração da mistura ARI, o que
permite afirmar que o cimento de escória ativada com silicato de sódio apresenta
uma elevada retração autógena quando comparado ao cimento portland ARI; a
retração autógena da mistura 3NS foi 3,9 vezes maior, e da mistura 2NS foi 3,6 vezes
maior.
A mistura 2CG foi a que apresentou a menor retração autógena final (112 dias),
apresentando apenas resultados estatisticamente iguais aos da mistura 5C a partir de
2 dias de idade até 35 dias, e aos da mistura ARI nas primeiras idades (Tabela D. 16,
anexo D). A mistura 5C apresentou retração autógena estatisticamente igual à
observada na mistura ARI dos 9 dias até a última leitura aos 112 dias.
Cabe uma discussão sobre o método de ensaio para determinação da retração
autógena. BUIL; BARON (1980) descrevem a retração autógena em cimento
portland, observada do estado fresco até o endurecido, como sendo dividida em três
estágios distintos e sucessivos: inicialmente tem-se uma primeira retração em razão
da deformação plástica da mistura, seguida por uma expansão e uma segunda
retração. Os autores discutem o porquê da diferença entre o ensaio realizado com
medidas unidimensionais25 e o ensaio com medidas volumétricas26, pois o último
25 Ensaio realizado em corpos-de-prova semelhantes aos utilizados neste estudo, com a medição da variação de comprimento linear.
106
método não apresenta nenhuma expansão. Sugerem que a expansão que ocorre
quando se utiliza o ensaio unidimensional decorra da reabsorção da água de
amassamento e da compressão causada pelo peso de parte da pasta sobre uma parte
ainda fraca.
A reabsorção da água de amassamento ou o aumento do volume aparente do corpo-
de-prova causado pela formação dos produtos hidratados (DÉTRICHÉ apud
BASTOS, 2001) parece ser uma explicação mais coerente do que o efeito do peso
próprio do corpo-de-prova, dados a dimensão e o volume reduzidos do mesmo. Os
autores sugerem que, para minimizar efeitos os externos sobre o fenômeno da
retração autógena medida no estado fresco, o ensaio unidimensional seja considerado
representativo apenas para as deformações observadas a partir das horas seguintes ao
início de pega.
A ocorrência da expansão, também, poderia ser decorrente de reações entre o
aluminato tricálcico (C3A) e a gipsita, mais comum no cimento portland
(DÉTRICHÉ apud BASTOS, 2001). Outra explicação para expansão seria o
aumento de temperatura em razão das reações de hidratação, porém, mesmo com
todos os gráficos corrigidos da deformação decorrente do calor gerado, ainda se
observa a expansão em algumas misturas. Além do que os resultados da medida de
temperatura mostram que a quantidade de calor gerada não foi significativa, em
razão das dimensões do corpo-de-prova.
A evolução da retração pode ser melhor visualizada, principalmente nas primeiras
idades, através da taxa de retração, que corresponde à relação da variação da
retração e o tempo transcorrido correspondente ao intervalo de leitura. As Fig. 5.24 e
Fig. 5.25 apresentam a evolução e a taxa de retração autógena para as misturas de
escória ativada com silicato de sódio e para a mistura de cimento portland. Sabe-se
que o mecanismo de hidratação é o mesmo para as três misturas, não havendo
interferência da concentração de sódio ou sílicato (item 4.3.7). No entanto, a cinética
é diferente, afetando o tempo de indução e a intensidade da reação. Observa-se
claramente que o comportamento da retração autógena está dividido em dois
26 Os autores não descrevem o método de ensaio para determinação da retração volumétrica.
107
estágios: antes e depois do início da formação dos produtos hidratados, determinado
pela evolução do calor após o período de indução. Após o início da formação dos
produtos hidratados, todas as misturas apresentaram retração que pode ser atribuída à
retração química e ao efeito físico da auto-secagem durante a formação dos produtos
hidratados.
O que diferencia os perfis é o período anterior ao início da formação dos produtos
hidratados. Sendo o fim do período de indução o mais rápido para mistura 4NS,
nenhum fenômeno pode ser observado antes do início da medida de retração. Para a
mistura 3NS e 2NS há uma expansão que antecede a formação dos produtos
hidratados. Como a reação da 2NS é a mais lenta, o ensaio detectou um primeiro pico
de retração.
A reabsorção da água presente na mistura é a provável explicação para a expansão
observada nas misturas de cimento de escória ativada com silicato de sódio e de
cimento portland, pois a idade da ocorrência da expansão seguiu o mesmo
comportamento em todas: imediatamente anterior ao início da formação dos
produtos hidratado determinado pela calorimetria de condução, indicando que
ocorre a reabsorção da água de amassamento pelas reações de hidratação. Somadas
às hipóteses anteriormente aventadas para o cimento de escória, no caso do cimento
portland (ARI) a formação de quantidades significativas de sulfoaluminatos, cuja
presença é confirmada pela difração de raios X (item 4.3.10) e pela termogravimetria
(item 5.1), também pode ter contribuído para a ligeira expansão.
108
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
- 6 )
0
15
30
45
60
75
90
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração autógena Taxa de retração
4NSFormação dos produtos hidratados
-1000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
- 6 )
-20
-16
-12
-8
-4
0
4
8
12
16
20
24
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração autógena Taxa de Retração
3NS
Formação dos produtos hidratados
-200
0
200
400
600
800
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
- 6 )
-15
0
15
30
45
60
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração autógena Taxa de Retração
2NS
Formação dos produtos hidratados
Fig. 5.24 Gráfico comparativo da evolução da retração autógena e da taxa de retração das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
109
-100
-50
0
50
100
150
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
- 6 )
-15
-8
0
8
15
23
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração autógena Taxa de Retração
ARI
Formação dos produtos hidratados
Fig. 5.25 Gráfico comparativo da evolução da retração autógena e da taxa de retração da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
De acordo com os resultados obtidos, pode-se afirmar que a retração autógena do
cimento de escória ativada com silicato de sódio é maior do que no cimento portland
e nas demais misturas com outros ativadores. Como discutido, a cinética da
hidratação é determinante para a descrição do comportamento da retração autógena.
5.5.2 Efeito do teor de ativador
Como discutido ao longo deste capítulo, o teor de ativador tem grande influência nas
propriedades mecânicas, na porosidade e no grau de hidratação que são fatores
determinantes no comportamento da retração autógena. O aumento do teor de
ativador incorreu no aumento na retração autógena, pois causou a diminuição da
porosidade total e o aumento da quantidade de mesoporos que são relacionados
diretamente com o efeito físico da auto-secagem. Além de proporcionar o aumento
do grau de hidratação, ou seja, o aumento da quantidade de produtos hidratados
causando maior retração química. Com respeito à evolução da retração autógena do
cimento de escória ativada com silicato de sódio, observa-se na Fig. 5.26 que a maior
parte da retração autógena ocorre até 7 dias de idade, representando cerca de 75% da
retração final (112 dias) da mistura 4NS, 59% da mistura 3NS e 32% da mistura
2NS.
110
-40
-20
0
20
40
60
80
100
6h 8h 10h
12h 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 9d 11d
14d
21d
28d
35d
42d
56d
112d
Idade
Tax
. ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10
-6 )/
h
4NS 3NS 2NS
Fig. 5.26 Evolução da taxa de retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio. água/aglom= 0,48.
A retração autógena da mistura 4NS foi maior do que a observada nas misturas 2NS
e 3NS, estatisticamente diferente a partir da idade de 12 horas (Tabela D. 16,
anexo D), alcançando em torno de 2900 mm/mm (x 10-6) aos 112 dias. A retração
autógena das misturas 2NS e 3NS é estatisticamente diferente a partir de 1 dia de
idade, apesar de ambas apresentarem retração autógena similar aos 112 dias, em
torno de 1800 mm/mm (x 10-6). Exemplificando a intensidade da retração autógena
da escória ativada com silicato de sódio: a retração observada na mistura de cimento
portland alcançou em torno de 500 mm/mm (x 10-6) aos 112 dias.
Na Fig. 5.27, apresenta-se a influência do teor de sódio na retração autógena. Para
cada idade ensaiada foi realizada a correlação entre os resultados obtidos da retração
autógena e o teor de Na2O, sendo sempre obtido um coeficiente de correlação linear
igual ou superior a 97%, exceto para um dia de idade, que foi de 64%. Como
discutido anteriormente, o efeito sinérgico do aumento da alcalinidade proporcionado
pelo sódio com disponibilidade de íons silicato é um fator fundamental no aumento
do grau de hidratação. Conclui-se que o aumento do teor de ativador, mantido o
módulo igual a 1,7, causa o aumento da magnitude da retração autógena e da sua
velocidade.
111
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Teor de Na2O (%)
Ret
. Aut
ógen
a m
m/m
m (x
10 - 6
)
1d 2d 3d 7d 14d 28d 56d 112d
Fig. 5.27 Influência do teor de Na2O na retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom= 0,48.
5.5.3 Retração autógena versus porosidade, calor de hidratação e perda de massa (TGA)
Na Fig. 5.28 estão apresentados simultaneamente as evoluções da retração autógena,
do calor de hidratação e da porcentagem de mesoporos das misturas de escória
ativada com silicato de sódio. Observa-se claramente que o perfil da curva de
evolução da retração autógena é bastante semelhante ao perfil das outras
propriedades apresentadas, principalmente quando comparado com a curva de
evolução do calor liberado. Isto pode ser razoavelmente explicado com base no
conceito da retração autógena, pois a curva de liberação de calor indica o início da
formação dos produtos hidratados, ou seja, o início da retração química e do efeito
físico da auto-secagem com o consumo de água.
112
2h 6h 8h 10h 12h 1d 2d 3d 7d 14d 28d
Idade (horas, dias)
0
600
1200
1800
2400
3000R
etra
o au
tge
na m
m/m
m x
(10E
-6)
0
30
60
90
120
150H(kJ/kg)
4
6
8
10
12
14TGA(%)
0
8
16
24
32
40P(%)4NS
2h 6h 8h 10h 12h 1d 2d 3d 7d 14d 28d
Idade (horas, dias)
-600
0
600
1200
1800
2400
3000
Ret
rao
aut
gena
mm
/mm
x (1
0E-6
)
0
30
60
90
120
150H(kJ/kg)
4
6
8
10
12
14TGA(%)
0
8
16
24
32
40P(%)3NS
2h 6h 8h 10h 12h 1d 2d 3d 7d 14d 28d
Idade (horas, dias)
-600
0
600
1200
1800
2400
3000
Ret
rao
aut
gena
mm
/mm
x (1
0E-6
)
0
30
60
90
120
150H(kJ/kg)
2
4
6
8
10
12
14TGA(%)
0
8
16
24
32
40P(%)2NS
Fig. 5.28 Gráfico comparativo entre a evolução da retração autógena, do calor de hidratação (H), da perda de massa (TGA) e da quantidade de mesoporos (P) das misturas de escória ativada com silicato de sódio (Ms=1,7).
Retração autógenaCalor de hidratação (H)Perda de massa (TGA)Mesoporos (P)
Retração autógenaCalor de hidratação (H)Perda de massa (TGA)Mesoporos (P)
Retração autógenaCalor de hidratação (H)Perda de massa (TGA)Mesoporos (P)
113
Em razão da predominância quase que total de C-S-H no seu produto hidratado,
observa-se que a magnitude da retração autógena do cimento de escória ativado com
silicato de sódio tem uma boa correlação com a magnitude do calor liberado, pois
seria a formação do C-S-H o principal responsável por esta liberação de calor. Isto
realmente se confirma para as misturas 3NS e 4NS, obtendo-se ótimos coeficientes
de correlação linear até os 3 dias de idade (Fig. 5.29). O início tardio da formação
dos produtos hidratados, em torno de 2 dias, impossibilitou realizar a correlação para
a mistura 2NS.
y = 15,956x - 223,68R2 = 0,9973
y = 8,0182x - 154,45R2 = 0,9946
-2000
200400600800
10001200140016001800
0 50 100 150Calor liberado acumulado (kJ/kg)
Ret
. aut
ógen
a m
m/m
m (x
10 - 6
)
4NS 3NS
Fig. 5.29 Correlação entre a evolução da retração autógena e do calor liberado para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS).
Confirmando que a semelhança entre os perfis das curvas apresentadas na Fig. 5.28
não é uma mera coincidência, observa-se (Fig. 5.30) a boa correlação linear entre a
quantidade de produtos hidratados (perda de massa TG) e a retração autógena das
misturas 4NS e 2NS. A correlação observada na mistura 3NS também pode ser
considerada boa (85%). Foram correlacionados apenas os valores a partir da idade
em que ocorreu o início da formação dos produtos hidratados: 12 horas na mistura
4NS, 1 dia na mistura 3NS e 2 dias na mistura 2NS.
114
y = 340,11x - 2044,3R2 = 0,9155
y = 327,17x - 1889R2 = 0,8478
y = 355,84x - 1923,1R2 = 0,9194
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 3 6 9 12 15TGA - Perda de massa entre 30ºC e 220ºC (%)
Ret
. Aut
ógen
a m
m/m
m (x
10 - 6
) 4NS 3NS 2NS
Fig. 5.30 Correlação entre a evolução da retração autógena e da perda de massa (TGA) entre 30ºC e 220ºC para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS).
Observa-se na Fig. 5.31 que correlação linear entre o volume de mesoporos e a
retração autógena da mistura 4NS foi muito boa (98%), razoável para a mistura 3NS
(76%) e ruim para a mistura 2NS (46%). Supõe-se que esta �ordem� crescente (2NS,
3NS e 4NS), não é por acaso e indica o maior ou menor efeito físico da auto-secagem
na retração autógena. Simplificadamente, pode-se dividir a retração autógena em
duas partes: a retração química e o efeito físico da auto-secagem, porém, separar os
efeitos não foi objetivo desta pesquisa.
y = 100,75x + 376,02R2 = 0,9222 y = 164,42x - 3219,6
R2 = 0,7306
y = 70,82x - 1921,8R2 = 0,4619
-1500
-500
500
1500
2500
3500
4500
0 10 20 30 40 50Volume de mesporos (%)
Ret
. Aut
ógen
a m
m/m
m (x
10 - 6
)
4NS 3NS 2NS
Fig. 5.31 Correlação entre a evolução da retração autógena e da porcentagem de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS).
115
5.5.4 Comentários
A retração autógena da escória ativada com silicato de sódio é elevada quando
comparada aos demais ativadores e ao cimento portland. Isto indica que a aplicação
de cura úmida pode diminuir a retração por secagem, mas a parcela referente à
retração autógena ainda seria elevada. Com a caracterização do comportamento da
retração autógena da escória ativada com silicato de sódio realizada nesta pesquisa,
pode-se afirmar que sua maior parte ocorre nas primeiras idades e que a partir de 7
dias de idade sua taxa de crescimento diminui consideravelmente. O conhecimento
gerado fornece parâmetros de desempenho para métodos que podem vir a ser
utilizados para controlá-la, como: extensão e intensidade da retração, e a natureza do
fenômeno.
A elevada retração autógena da escória ativada pode ser relacionada ao elevado grau
de hidratação proporcionado pelo silicato de sódio e volume de C-S-H. Esta
característica interfere significativamente na retração causada pela auto-secagem e na
retração química, pois têm como conseqüências menor volume de poros, constituído
majoritariamente por mesoporos; e maior volume de produtos hidratados.
116
5.6 RETRAÇÃO POR SECAGEM
5.6.1 Efeito do tipo de ativador
Em geral, as argamassas confeccionadas com escória ativada apresentaram uma
retração por secagem superior à retração da argamassa de cimento portland (item
4.3.4.2). Dentre os ativadores utilizados, o silicato de sódio foi o que apresentou os
maiores resultados de retração por secagem, sendo a mistura 4NS estatisticamente
superior à todas misturas em qualquer idade (Tabela D. 14, anexo D).
Com base na análise estatística (Tabela D. 14, anexo D) e ilustrado na Fig. 4.5, pode-
se afirmar que a retração por secagem da mistura de cimento portland é menor entre
todas as misturas, estatisticamente diferente da mistura 5N a partir de 14 dias e da
mistura 2CG a partir de 35 dias. Como as misturas 5C e 2CG apresentaram retração
por secagem final (112 dias) maior do que a observada na mistura ARI e retração
autógena similar ou menor (item 5.5), supõe-se que a ativação não foi tão eficiente
quando comparada com os demais ativadores, confirmado pelos resultados de
resistência à compressão (item 4.3.6). Supõe-se que grande parte da água presente
nas argamassas 2CG e 5C não estava quimicamente combinada aos produtos de
hidratação, sendo perdida para o ambiente e, conseqüentemente, causando a retração
por secagem. A escória ativada com hidróxido de cálcio (5C) apresentou elevada
retração, menor apenas do que as misturas 4NS e 3NS, porém não existe diferença
estatística, aos 112 dias, com a mistura 5N (Tabela D. 14, anexo D). Esta afirmação é
ilustrada na Fig. 4.5. Pode-se afirmar, quanto à influência do tipo de ativador, que a
magnitude da retração por secagem aos 112 dias das misturas estudadas cresce de
acordo com a seguinte ordem: 2CG<2NS<5N<5C<3NS<4NS.
De acordo com as Fig. 5.32 e Fig. 5.33, observa-se que a retração por secagem das
misturas de escória ativada com silicato de sódio e da mistura de cimento portland
apresenta dois estágios diferentes, claramente identificados pela presença de dois
picos na curva de evolução da taxa de retração por secagem. A argamassa de cimento
de escória ativada com hidróxido de sódio apresentou apenas um pico na curva de
evolução da taxa de retração por secagem.
117
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
0
40
80
120
160
200
240
280
320
360
400
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração por secagem Taxa de retração
4NS
Formação dos produtos hidratados
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
0
20
40
60
80
100
120
Tax
a m
m/m
m (x
10 -
6 )/h
Retração por secagem Taxa de Retração
3NS
Formação dos produtos hidratados
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração por secagem Taxa de Retração
2NS
Formação dos produtos hidratados
Fig. 5.32 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da taxa de retração das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
118
-300
-150
0
150
300
450
600
750
0 1 2 3 4 5 6 7
Idade (dias)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
-6
-3
0
3
6
9
12
15
Tax
a m
m/m
m (x
10
- 6)/h
Retração secagem Taxa de Retração
ARIFormação dos produtos hidratados
Fig. 5.33 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da taxa de retração da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
Pode-se afirmar que a retração por secagem das misturas estudadas apresenta um
pico inicial de retração e segundo pico de retração. Neste estudo, denominaremos os
dois picos de primeira retração e segunda retração. A intensidade do pico da
primeira retração e da segunda retração, a expansão, a ausência de dois picos na
mistura 5N são questões relacionadas à cinética da hidratação e à microestrutura de
cada uma das misturas. Analisando as Fig. 5.32 e Fig. 5.33, observa-se, assim como
na retração autógena, que a passagem entre a primeira e a segunda retração coincide
exatamente com o início da formação dos compostos hidratados determinado pela
calorimetria. É provável que a expansão observada na retração autógena contribua
para diminuição, até mesmo para a expansão, observada entre a primeira e segunda
retração.
Isto explica a presença de apenas um pico na mistura 5N, pois de acordo com a
calorimetria esta mistura apresenta um início de formação dos produtos hidratados
em poucas horas (3h), antes do início do ensaio de retração que foi realizado 6 horas
após a moldagem. As misturas 5C e 2CG também não apresentam dois picos no
gráfico de evolução da taxa de retração, muito provavelmente em razão da realização
do ensaio de retração 1 dia após a moldagem.
A primeira retração possivelmente está relacionada à deformação causada pela saída
da água, presente nos capilares grandes (macroporos), imediatamente após a
119
desmoldagem. Isto pode ser confirmado pela porcentagem elevada de perda de água
logo após a desmoldagem, observada na análise da variação de massa (item 5.6.3).
Com a evolução da hidratação ocorre a segunda retração, marcada pela mudança no
comportamento da curva de retração, pois a água estaria sendo perdida em poros
capilares menores (mesoporos). Nesta etapa há também contribuição significativa da
retração autógena, pois como discutido no item 5.5, apresenta maior intensidade após
o início da formação dos produtos hidratados.
A caracterização do comportamento da retração por secagem desde as primeiras
idades tem grande importância prática para: o desenvolvimento de aditivos redutores
e compensadores de retração; a seleção do procedimento de cura a ser utilizado; e de
outros procedimentos que a reduzem, pois fornece parâmetros sobre a forma de
atuação necessária para amenizar o primeiro e/ou segundo pico de retração.
5.6.2 Efeito do teor de ativador
Assim como na retração autógena, o teor de ativador tem grande influência na
retração por secagem. O aumento do teor de silicato de sódio (MS=1,7) incorre no
aumento da retração por secagem, isto em razão do aumento da retração autógena e
da deformação causada pela perda de água para o ambiente.
A mistura 4NS, com maior teor de SiO2 e Na2O, apresentou retração por secagem
significativamente maior do que as misturas com teores menores, estatisticamente
diferente em todas as idades (Tabela D. 14, anexo D). Ressalta-se que a retração por
secagem final (112 dias) da mistura 4NS foi em torno de 8 vezes superior à da
mistura ARI, quantificando a elevada retração do cimento de escória ativada
registrada em literatura. Mesmo a mistura 3NS teve retração por secagem em torno
de 6 vezes superior à da mistura com cimento portland (ARI).
A Fig. 5.34 apresenta a influência do teor de sódio para cada idade ensaiada, sendo o
coeficiente de correlação linear entre os resultados da retração por secagem e o teor
de Na2O obtido igual ou superior a 92%, exceto para um dia de idade, que foi de
72%. Conforme discutido no item 5.6.1, o início da segunda retração ocorre
correspondentemente ao início da formação dos produtos hidratados. Portanto, como
o aumento do teor de ativador incorre na diminuição do período de indução (item
120
5.2), pode-se observar na Fig. 5.32 que a diminuição do teor de ativador retarda o
início da segunda retração.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Teor de Na2O (%)
Ret
. Sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
1d 2d 3d 7d 14d 28d 56d 112d
Fig. 5.34 Influência do teor de Na2O na retração por secagem das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (MS=1,7). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
5.6.3 Retração por secagem versus variação de massa e porosidade
Conforme discutido no Capítulo 3, a perda da água presente nos poros para o
ambiente é a causa da retração por secagem. Por isto, é importante analisar a
existência da correlação entre a retração e a variação de massa medidas nas idades
estabelecidas. A Fig. 5.35 apresenta o gráfico da retração por secagem versus a
variação de massa para as misturas de cimento de escória ativada com silicato de
sódio (4NS, 3NS e 2NS) com a indicação da extensão da primeira retração e da
segunda retração. Observa-se que à medida que o teor de ativador aumenta, mais
rápido é o início da segunda retração.
121
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
2NS
2 dias
1a ret. 2a ret.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
3NS
1 dia
1a ret. 2a ret.
0100020003000400050006000700080009000
10000
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
4NS
12 horas
1a ret. 2a ret.
Fig. 5.35 Retração por secagem versus a variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
122
0
200
400
600
800
1000
1200
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
ARI
12 horas
1a ret. 2a ret.
Fig. 5.36 Retração por secagem versus a variação de massa da argamassa com cimento portland. água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
As misturas 2NS e ARI apresentam aumento de massa, observado mais claramente
na mistura ARI (Fig. 5.36). No caso da argamassa com cimento portland (ARI), é
provável que tenha ocorrido a carbonatação da portlandita, provocando o aumento de
massa a partir dos 14 dias de idade (Fig. 5.36). Já na mistura de cimento de escória
ativada com o menor teor de silicato de sódio (2NS), é provável que, em razão do seu
baixo grau de hidratação, tenha ocorrido a carbonatação dos álcalis não
combinados27.
É interessante ressaltar que a maior parte da primeira retração ocorre entre a primeira
(6h) e a segunda (8h) leitura (Fig. 5.32 e Fig. 5.33), provavelmente causada pela
perda de água dos poros capilares grandes (macroporos) imediatamente após a
desmoldagem. Em seguida, exceto na mistura 4NS, observa-se a estabilização da
retração, apesar da amostra perder quantidade significativa de água.
Analisando as Fig. 4.5 e Fig. 4.6 simultaneamente (Fig. 5.37), confirma-se a situação
observada por COLLINS; SANJAYAN (2000c) em estudo realizado com concreto
(item 3.3) de cimento de escória ativada com silicato de sódio, o qual, apesar de
apresentar maior retração por secagem, tem perda de massa menor do que o concreto
com cimento portland comum. Segundo os autores, esse resultado indica que o
27 Foi constatada uma deposição a partir de 3 dias de idade de um material com cor branca sobre os corpos-de-prova da mistura 2NS, solúvel em ácido clorídrico diluído com efervescência, indicando tratar-se de um carbonato.
123
fenômeno da elevada retração por secagem no cimento de escória ativada não é
inteiramente quantificado pela variação de massa. Realmente, a elevada retração do
cimento de escória não pode ser inteiramente atribuída à variação de massa, pois
como analisado no item 5.5, a retração autógena também é elevada quando
comparada ao cimento portland. Na Fig. 5.37, observa-se também que o aumento do
teor de ativador causa o aumento da retração, porém o comportamento é oposto
quando se analisa a variação de massa, ou seja, o aumento do teor de ativador incorre
em uma perda de água menor, discutida a seguir.
0
2000
4000
6000
8000
10000
0 20 40 60 80 100 120Idade (dias)
Ret
. Sec
. mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
4NS 3NS 2NS 5N ARI
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
0 20 40 60 80 100 120Idade (dias)
Var
iaçã
o de
Mas
sa %
4NS 3NS 2NS 5N ARI
Fig. 5.37 Apresentação simultânea do gráfico da evolução da retração por secagem e do gráfico da respectiva variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS), com hidróxido de sódio (5N) e da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
Na Fig. 5.38, apresenta-se a taxa de variação de massa das misturas de escória
ativada com silicato de sódio e da mistura de cimento portland. Conclui-se que o
perfil da curva da taxa de variação de massa nas primeiras idades é idêntico para as
misturas apresentadas. Este comportamento indica que a dinâmica de evaporação da
água é a mesma, o que pode ser atribuído às condições de temperatura (24ºC) e
umidade relativa (50%) constantes durante a realização do ensaio.
O que diferencia é a intensidade com que ocorre a perda de água, sendo a mistura
4NS a que apresenta a menor intensidade de perda de água. A intensidade da perda
de água depende de um conjunto de características da mistura no momento da perda
de água, principalmente a cinética de hidratação, a natureza dos produtos hidratados
e a estrutura porosa.
124
A perda de água imediatamente após a desmoldagem, referente ao primeiro pico
(Fig. 5.38), foi igual estatisticamente para todas as misturas (Tabela D. 18, anexo D).
Isto indica que a perda de água após a desmoldagem independe do tipo de cimento e
é um ponto crítico que pode ser amenizado com cura úmida.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Tax
a de
var
iaçã
o de
mas
sa (%
/h)
4NS 3NS 2NS ARI
Fig. 5.38 Gráfico comparativo da evolução da taxa de variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio e da argamassa de cimento portland. água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
Nas Fig. 5.39 e Fig. 5.40, compara-se a evolução da taxa de retração por secagem e
da taxa de variação de massa. O perfil das duas curvas é igual para a mistura 4NS, ou
seja, a perda de água inicial após a desmoldagem causa a primeira retração e depois,
juntamente com a retração autógena, contribui para a segunda retração observada.
Isto comprova o porquê dessa mistura ter perdido menos água do que as demais após
a desmoldagem, pois como a dinâmica da perda de água é igual, o que diferenciou
foi a maior dificuldade de evaporação em razão da baixa porosidade e o elevado
consumo por parte das reações de hidratação.
125
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Tax
a de
ret
raçã
o
mm
/mm
(x 1
0 -6
)/h
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
Tax
a (%
/h)
Retração por secagem Variação de massa
2NS
0
15
30
45
60
75
90
105
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Tax
a de
ret
raçã
o
mm
/mm
(x 1
0 -6
)/h
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
Tax
a (%
/h)
Retração por secagem Variação de massa
3NS
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Tax
a de
ret
raçã
o
mm
/mm
(x 1
0 -6
)/h
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
Tax
a (%
/h)
Retração por secagem Variação de massa
4NS
Fig. 5.39 Gráfico comparativo da evolução da taxa de retração por secagem e de variação de massa das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS;3NS; 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
126
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
0 1 2 3 4 5 6 7Idade (dias)
Tax
a de
ret
raçã
o
mm
/mm
(x 1
0 -6
)/h
-0,09
-0,06
-0,03
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
0,15
Tax
a (%
/h)
Retração por secagem Variação de massa
ARI
Fig. 5.40 Gráfico comparativo da evolução da taxa de retração por secagem e de variação de massa da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
A mistura de cimento portland também apresentou similaridade entre o perfil da
curva da taxa de retração por secagem e de variação de massa. No entanto, observa-
se que a retração por secagem foi bem menor do que na mistura 4NS, porém a perda
de água, tanto a total (Fig. 4.6) como a taxa (Fig. 5.38), foi maior. A provável
explicação é a contribuição da elevada retração autógena da mistura 4NS (item
5.5.2), além da diferença de porosidade entre as duas: a mistura 4NS apresenta
menor porosidade e maior volume de mesoporos, enquanto a mistura ARI apresenta
maior porosidade e menor volume de mesoporos (item 5.3).
Nas misturas 3NS e 2NS, apenas o perfil da curva da primeira retração coincide com
o perfil da curva de variação de massa (Fig. 5.39). Na mistura 2NS, logo após a
primeira retração, como a dinâmica da perda de água não se altera e o período de
indução dessa mistura é maior, ocorre a perda de água sem que haja retração
significativa. Como a segunda retração tem início correspondente ao início da
formação dos produtos hidratados e, para esta mistura, a maior parte da água já foi
perdida, pode-se atribuir grande influência da retração autógena na natureza da
segunda retração da mistura 2NS. Isto pode ser confirmado comparando a magnitude
da retração por secagem e da retração autógena (item 5.6.4, Fig. 5.45).
A mistura 3NS apresentou período de indução menor do que a mistura 2NS, 1dia
contra 2 dias. Isto fez com que a perda de água ocorresse em grande parte, de 1 dia
127
até 3 dias, junto com a hidratação dessa mistura, ou seja, juntamente com o
refinamento da porosidade e da retração autógena. A maior dificuldade para
evaporação e o consumo de água pela hidratação explica a menor perda de água
quando comparada à mistura 2NS e resultado similar ao da mistura ARI.
Com base na análise do comportamento da retração por secagem (ilustrado na Fig.
5.35), foi realizada a correlação linear entre a variação de massa e a retração por
secagem da primeira (Fig. 5.41) e da segunda (Fig. 5.42) retração. A expansão que
ocorreu nas primeiras idades para a mistura ARI e o aumento de massa a partir de 3
dias para a mistura 2NS, impossibilitou realizar a correlação da primeira e da
segunda retração, respectivamente.
De acordo com a Fig. 5.41, a correlação entre a primeira retração e a perda de massa
é constatada para a escória ativada com silicato de sódio, indicando que a retração
que ocorre imediatamente após a desmoldagem é causada pela perda de água.
A segunda retração também está relacionada com a perda de massa, além da retração
autógena. Observa-se que a mistura 4NS apresenta bom coeficiente de correlação
linear (95%) entre a retração por secagem e a variação de massa referente ao período
de duração da segunda retração. A mistura 3NS também apresenta um ótimo
coeficiente de correlação (98%), fornecendo indícios da contribuição da perda de
água na segunda retração.
Assim como a mistura 2NS, a mistura de cimento portland (ARI) também apresentou
aumento de massa, porém realizando a correlação apenas dos resultados até a idade
em que teve inicio o aumento de massa (14 dias), observa-se que existe boa
correlação linear (95%) entre a variação da retração por secagem e a variação de
massa referente ao período de duração da segunda retração.
128
y = 82291x + 1111,7R2 = 0,9957
y = 9354,1x + 250,34R2 = 0,983
y = 12306x + 396,9R2 = 0,8754
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0% 1% 2% 3% 4% 5%Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
3NS 4NS 2NS
Fig. 5.41 Primeira Retração - Correlação entre a evolução da retração por secagem e da variação de massa para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
y = 39025x + 6039R2 = 0,9503
y = 282162x - 19467R2 = 0,9756
y = 29086x - 1284,7R2 = 0,948
0100020003000400050006000700080009000
10000
4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%Variação de Massa (%)
Ret
. sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
4NS 3NS ARI
Fig. 5.42 Segunda Retração - Correlação entre a evolução da retração por secagem e da variação de massa para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS e 3NS) e para a mistura de cimento portland (ARI). água/aglom=0,48, 50% U.R. e 24ºC.
A mistura 5N não apresenta dois estágios de retração, tendo o estágio único uma
correlação exponencial forte (r2 = 0,96) entre a variação da massa e a retração por
secagem. As misturas 2CG e 5C também não apresentaram dois estágios de retração
129
(item 5.6.1), com o estágio único apresentando boa correlação exponencial entre a
variação da massa e a retração por secagem (r2 =99% para ambas).
A Fig. 5.43 apresenta a correlação entre a quantidade de mesoporos e a retração por
secagem, a partir da idade em que se inicia a formação dos produtos hidratados
(período equivalente à segunda retração), onde se verifica a importância da
porosidade no fenômeno de retração.
y = 103,61x + 6382,8R2 = 0,7877
y = 1151,9x - 24070R2 = 0,8447
y = 63,603x - 1004,3R2 = 0,6054
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 10 20 30 40 50Volume de mesporos (%)
Ret
. Sec
agem
mm
/mm
(x 1
0 - 6
)
4NS 3NS 2NS
Fig. 5.43 Correlação entre a evolução da retração por secagem e do volume de mesoporos para as misturas de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom= 0,48.
Pode-se afirmar que retração por secagem, principalmente no primeiro estágio, está
correlacionada à variação de massa. A dinâmica da perda de água é idêntica em todas
as misturas, porém a intensidade dessa perda depende da cinética de hidratação, do
grau de hidratação e da porosidade. A segunda retração é causada pelo efeito
sinérgico da retração autógena e da retração por perda de água.
5.6.4 Retração por secagem versus retração autógena
É importante ter o conhecimento da contribuição da retração autógena para a retração
por secagem, embora seja discutível afirmar que a retração autógena, medida
isoladamente, tenha o mesmo comportamento durante o ensaio da retração por
secagem. Ressalta-se, portanto, que se trata de uma simplificação para análise.
130
As Fig. 5.44 e Fig. 5.45 apresentam, para cada mistura, a evolução da retração por
secagem e da retração autógena. Observa-se que a retração por secagem da mistura
4NS apresenta um período inicial sem que ocorra retração autógena, período
referente à primeira retração. Com o início da formação dos produtos hidratados (12
horas), inicia-se de forma mais significativa a retração autógena. Assumindo a
simplificação proposta, a retração autógena representa, aos 28 dias, 30% da retração
por secagem. Na mistura 3NS, a retração autógena inicia-se ao 2 dias de idade,
representando, aos 28 dias, 30% da retração por secagem.
A mistura 2NS apresentou comportamento distinto das demais misturas de escória
ativada com silicato de sódio, pois a retração autógena representa, aos 28 dias, 72%
e, aos 112 dias, 90% da retração por secagem, porcentagens bem maiores do que as
observadas nas misturas 3NS e 4NS. Na mistura de cimento portland (ARI), a
retração autógena representa, aos 28 dias, 32% da retração por secagem (Fig. 5.44).
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
8h 10h
12h 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 9d 11d
14d
21d
28d
35d
42d
56d
Idade (horas, dias)
mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
Retração autógena Retração por secagem
ARI
Fig. 5.44 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da retração autógena da argamassa de cimento portland (ARI). água/aglom= 0,48.
131
0100020003000400050006000700080009000
10000
8h 10h
12h 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 9d 11d
14d
21d
28d
35d
42d
56d
112d
Idade (horas, dias)
mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
Retração autógena Retração por secagem4NS
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8h 10h
12h 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 9d 11d
14d
21d
28d
35d
42d
56d
112d
Idade (horas, dias)
mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
Retração autógena Retração por secagem3NS
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
8h 10h
12h 1d 2d 3d 4d 5d 6d 7d 9d 11d
14d
21d
28d
35d
42d
56d
112d
Idade (horas, dias)
mm
/mm
(x 1
0 - 6 )
Retração autógena Retração por secagem2NS
Fig. 5.45 Gráfico comparativo da evolução da retração por secagem e da retração autógena das argamassas de cimento de escória ativada com silicato de sódio (4NS, 3NS e 2NS). água/aglom= 0,48.
132
Pode-se concluir que a retração autógena é parcela considerável da retração por
secagem, assumindo a simplificação proposta no início deste item. Porém, ressalta-se
que a retração por secagem é bem maior do que a retração autógena, indicando que a
perda de água prevalece sobre a retração química mais a auto-secagem. É importante
deixar claro que está análise só pode ser feita com corpos-de-prova de mesma
dimensão, já que as parcelas de autógena na secagem são dependentes da forma e
volume do corpo-de-prova.
5.6.5 Comentários
Nota-se que a magnitude da retração por secagem observada neste estudo foi bem
maior do que em outros estudos (COLLINS; SANJAYAN, 2000c; HÄKKINEN,
1992). Em muitos deles, a metodologia adotada não caracteriza de forma completa o
comportamento, por exemplo, com aplicação de cura úmida por um tempo
prolongado, o que �mascara� o fenômeno, e a realização de estudos em concretos.
Não se critica aqui os procedimentos empregados pelos autores citados, mas julga-se
serem mais indicados para uma segunda etapa do desenvolvimento da pesquisa. Com
o conhecimento detalhado do fenômeno, os métodos para amenizar a retração seriam
selecionados de forma mais objetiva, incluindo, por exemplo, a cura úmida. Para a
comparação e estudo do comportamento da retração é interessante observar o
fenômeno com o mínimo possível de interferências externas e a partir das primeiras
idades, deixando claro que deve existir viabilidade técnica e econômica nos métodos
empregados para atingir este objetivo.
Com a caracterização da evolução da microestrutura e da retração nas idades iniciais
foi possível avançar no entendimento do fenômeno da retração em cimento de
escória, obtendo-se as correlações com a natureza da hidratação e dos produtos
hidratados formados.
Esta pesquisa vai facilitar o emprego dos aditivos expansores e redutores de retração,
além de procedimentos de cura adequados a cada tipo de cimento de escória. É de
grande importância o conhecimento da cinética e fenômenos desencadeadores das
retrações para o desenvolvimento e uso de aditivos expansores à base de
sulfoaluminatos (REPETTE; MAILVAGANAM, 1999). O desenvolvimento de
aditivos expansores está avançando significativamente (REPETTE et al., 1998),
133
porém ainda não há difusão significativa no Brasil, existindo espaço para o seu
desenvolvimento e aplicação para combater a retração.
Os aditivos redutores também são empregados em várias partes do mundo
(FOLLIARD; BERKE, 1997; COLLINS; SANJAYAN, 2000b) e, com a recente
introdução do produto, é provável que pesquisas sejam necessárias para avaliar o seu
desempenho nas condições especificas existentes no Brasil.
134
6. CONCLUSÕES
6.1 TERMOGRAVIMETRIA E DIFRAÇÃO DE RAIOS X
De acordo com a difração de raios X, o C-S-H é o principal produto hidratado dos
diferentes tipos de cimento estudados, ao lado da portlandita e de fases aluminato,
em quantidade significativa, enquanto no cimento de escória ele é o predominante.
Esse resultado é confirmado pela análise por termogravimetria, onde se observa para
as misturas de cimento de escória ativada com silicato de sódio um pico de perda de
massa entre 30ºC e 220ºC, característico da desidratação do C-S-H. Já na mistura de
cimento portland e na mistura de cimento de escória ativada com hidróxido de sódio,
o pico referente ao C-S-H apresenta um ombro referente à perda de água de fases
aluminato. Nas misturas de cimento de escória ativada com silicato de sódio,
observa-se também a presença de um pico relacionado à hidrotalcita (entre 300ºC e
500ºC), produto da hidratação do magnésio.
A escória ativada com silicato de sódio foi a que apresentou maior quantidade de
silicato de cálcio hidratado (C-S-H), tendo elevado grau de hidratação. O aumento da
quantidade de C-S-H com o aumento do teor de ativador, indica que a elevação da
alcalinidade e da quantidade de íons silicato fornecidos pelo ativador é fundamental
para a evolução da hidratação; é um fator determinante no seu desempenho, pois
influencia propriedades como a resistência à compressão, a retração e a porosidade.
6.2 CALOR DE HIDRATAÇÃO
A determinação da cinética de hidratação pela calorimetria foi fundamental nesta
pesquisa, pois, além de confirmar a menor liberação de calor do cimento de escória,
dados sobre o início da formação dos produtos hidratados explicaram bem a cinética
da retração por secagem e autógena.
A mistura com cimento portland foi a que apresentou maior liberação de calor,
principalmente em razão da formação de sulfoaluminatos. A escória ativada com
hidróxido de sódio apresentou taxa de liberação de calor nas primeiras horas, sem
período de indução. A escória ativada com cal hidratada mais gipsita (2CG) e com
135
cal hidratada (5C) apresentaram comportamento similar, com maior liberação de
calor da primeira, possivelmente em razão da formação de sulfoaluminatos. As duas
misturas apresentaram baixa intensidade do pico de formação dos produtos
hidratados, porém uma prolongada liberação de calor, similar à da mistura 3NS e
maior do que a 2NS.
Dentre as misturas de escória ativada com silicato de sódio, o aumento do teor de
ativador causou a diminuição do período de indução e aumento da intensidade do
pico de formação dos produtos hidratados.
6.3 POROSIDADE
A porosidade do cimento de escória ativada com silicato de sódio é caracterizada
pela freqüência de poros quase que na totalidade localizada na faixa de mesoporos,
diferenciando-se totalmente dos demais ativadores e do cimento portland, que têm
freqüência de poros distribuída entre as faixas de mesoporos e macroporos.
O cimento de escória ativada com silicato de sódio apresenta também a menor
porosidade total e a maior proporção de mesoporos, relacionada ao teor de ativador.
Esta característica é explicada pelo elevado grau de hidratação e pela presença
predominante de C-S-H nos produtos hidratados. Como exemplo, aos 28 dias a
mistura ativada com o maior teor de silicato de sódio (4NS) apresenta 25% de
porosidade total, 90% na faixa de mesoporos (isto é 22,5% do total), contra um total
de 33% da mistura de cimento portland com 57% na faixa de mesoporos (isto é
18,8% do total).
6.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E À TRAÇÃO E MÓDULO DE ELASTICIDADE
Nas três propriedades, o desempenho do cimento de escória ativada com silicato de
sódio foi excelente. A resistência à compressão aumentou com o teor de ativador
para todas as idades. O teor intermediário de ativador (3NS) apresentou resistência à
compressão aos 56 dias similar à do cimento portland. Exemplificando a importância
do teor de silicato de sódio, a mistura com menor teor (2NS) apresentou resistências
inferior às demais misturas, em razão do baixo grau e velocidade de hidratação. As
136
resistências à compressão, em todas as idades, das misturas de escória ativada com
cal hidratada mais gipsita (2CG) e com cal hidratada (5C) foram menores do que a
do cimento portland, explicada pela baixa ativação proporcionada.
Com base na termogravimetria e nos resultados de porosimetria e difração de raios
X, pode-se afirmar que a elevada resistência à compressão da escória ativada com
silicato de sódio deve-se ao maior grau de hidratação, à baixa porosidade e,
principalmente, à natureza dos produtos hidratados, com predominância do C-S-H.
Em geral, foi constatada a correlação entre a resistência à compressão e a perda de
massa entre 30º e 220ºC referente ao C-S-H, obtida pela termogravimetria. A
presença significativa de outros compostos hidratados, principalmente aluminatos
hidratados, prejudicou a análise para as demais misturas, pois também perdem massa
na faixa referente ao C-S-H. A correlação entre a resistência à compressão e a
porosidade foi também constatada, neste caso, com base no volume de mesoporos.
Com relação à influência da cura, conclui-se que o cimento de escória ativada com
silicato de sódio é mais prejudicado pela ausência de cura úmida do que as demais
misturas. Sem cura úmida, a ativação com o maior teor de silicato de sódio (4NS)
apresenta redução da resistência à compressão em cerca de 47% (aos 28 dias).
A resistência à tração e o módulo de elasticidade apresentaram menor influência da
composição da mistura, sendo os resultados da escória ativada com silicato de sódio
similares aos obtidos com cimento portland. Ressalta-se que, ainda assim, os
resultados podem ser considerados excelentes, pois o cimento portland de referência
é o de maior classe de resistência existente no Brasil. Assim como na resistência à
compressão, a ausência de cura úmida prejudicou mais a escória ativada com silicato
de sódio.
6.5 RETRAÇÃO AUTÓGENA
O método proposto para determinação da retração autógena mostrou-se eficiente,
permitindo a realização de leituras nas primeiras idades, otimizando o ensaio e,
principalmente, sem perda significativa de massa do corpo-de-prova.
A retração autógena do cimento de escória ativada com silicato de sódio é bem maior
do que nas demais misturas, e cerca de 4 vezes superior à do cimento portland.
137
Confirmando as afirmações de que a retração autógena é definida como resultante da
retração química e da auto-secagem com a hidratação, foi observada uma relação
direta com a formação dos produtos hidratados. Contribuiu para esta conclusão, o
detalhamento do comportamento da retração logo após as 6 horas, tempo mínimo que
possibilitou a desmoldagem. Assim, foi possível comparar esse resultado com o da
cinética da hidratação determinado pela calorimetria. Todas as misturas apresentaram
similaridade entre o início da retração autógena e o da formação dos produtos
hidratados determinada pela calorimetria. Em geral, após o pico máximo de retração
autógena, há decréscimo da taxa de retração após os 7 dias de idade.
Com relação à escória ativada com silicato de sódio, o aumento do teor de ativador
causou o aumento proporcional da retração autógena. Como discutido anteriormente,
o aumento do teor de ativador causa o aumento do grau de hidratação, do volume de
C-S-H e diminuição da porosidade. São fatores que influenciam diretamente os dois
principais mecanismos da retração autógena: a retração química e o efeito físico da
auto-secagem. Foi constatada a relação entre a retração autógena e a perda de massa
entre 30º e 220ºC referente ao C-S-H, obtida pela termogravimetria.
6.6 RETRAÇÃO POR SECAGEM
Confirmando a discussão de vários autores, a retração por secagem do cimento de
escória é maior do que a apresentada pelo cimento portland, ocorrendo grande parte
até os 7 dias de idade. Fixando-se a idade de hidratação de 112 dias, a ordem
decrescente de valores de retração é a seguinte: 4NS>3NS>5C>5N>2NS>2CG>ARI.
Com o detalhamento do comportamento da retração por secagem, por leituras
realizadas nas primeiras horas e nos primeiros dias, pode-se analisar a evolução da
taxa de retração das misturas estudadas. São identificados dois picos, denominados
de primeira e segunda retração. A primeira retração é atribuída à perda de água
imediatamente após a desmoldagem. A segunda retração tem seu início
correspondente à formação dos produtos hidratados e é atribuída ao efeito sinérgico
da retração autógena e da deformação causada pela perda de água para o ambiente.
A dinâmica da perda de água foi igual para todas as misturas estudadas, em razão da
constância de temperatura (24ºC) e umidade relativa (50%). Os perfis da curva de
138
taxa de variação de massa são similares, durante o período de 3 dias, apresentando
dois picos: o primeiro devido à desmoldagem e o segundo à evolução da secagem
propriamente dita.
O que diferencia o perfil da curva de variação de massa é a intensidade do segundo
pico, sendo em ordem decrescente 2NS>3NS>ARI>4NS. Como a dinâmica da perda
de água mostrou-se independente da mistura, conclui-se que a intensidade da perda
de água depende do grau de hidratação e da porosidade durante os primeiros três
dias. O grau de hidratação fornece indícios do consumo de água pela hidratação e a
porosidade indica a dificuldade que a água tem de ser perdida para o ambiente. Isto
explica o porquê da mistura 4NS apresentar maior retração por secagem e menor
perda de massa, pois devido à elevada velocidade e grau de hidratação ocorre grande
consumo de água e o intenso refinamento da porosidade que dificulta a saída da
água. A mistura 2NS apresentou maior perda de água em razão do início tardio da
formação dos produtos hidratados (2 dias), ou seja, existe pouca água quimicamente
combinada (não evaporável) e a quantidade elevada de água livre é perdida para o
ambiente.
Assim como na retração autógena, o aumento do teor de silicato de sódio tem como
conseqüência o aumento da retração por secagem. A retração por secagem do
cimento de escória ativada com silicato de sódio é bem maior do que à do cimento
portland, sendo necessárias medidas para minimizá-la sob devem ser tomadas sob o
risco de ocorrer fissuração das peças confeccionadas com cimento de escória.
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cinética das reações de hidratação e natureza dos produtos hidratados explicam as
características positivas do cimento de escória ativada com silicato de sódio, como a
elevada resistência mecânica. Mas, são também responsáveis por características
negativas como a elevada retração.
Com o conhecimento gerado nesta pesquisa, contribuiu-se para o melhor
entendimento da natureza e cinética da retração cimento de escória. Com isso, esta
pesquisa fornece parâmetros para o estudo da utilização de aditivos redutores ou
139
compensadores de retração, já que dependem da idade em que ocorre a retração, sua
intensidade e natureza.
Para o melhor uso do cimento de escória ativada é necessário solucionar o problema
da elevada retração, pois o mesmo mostrou-se promissor no emprego de materiais de
construção. Ajustes nas formas de cura, dosagens de ativadores, utilização de
aditivos compensadores e redutores de retração, poderiam contribuir para a maior
utilização deste cimento. É muito promissor o seu emprego em pré-moldados,
habitações, habitações populares com aplicação de concreto celular, pisos industriais,
pavimentos, entre outros.
6.8 PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS
- Estudo da retração química do cimento de escória ativada, para com isso definir a
sua contribuição na retração autógena.
- Avaliação dos métodos empregados para determinação da retração autógena.
- Estudo da retração restringida do cimento de escória para a definição da propensão
à fissuração.
- Definição de modelos matemáticos da retração do cimento de escória, junto com
parâmetros termodinâmicos para a utilização em projetos de componentes com
estes cimentos.
- Estudo da retração no estado fresco em corpo-de-prova sem restrição.
- Aplicação de aditivos redutores e compensadores de retração, como meio de
amenizar a retração, principalmente a retração por secagem.
- Estudar aplicações práticas do cimento de escória, aplicando os conhecimentos
desenvolvidos em trabalhos anteriores para viabilizar e otimizar o seu uso.
- Estudo da aplicação de aditivos retardadores de início de pega, com o intuito de
aumentar a trabalhabilidade do cimento de escória ativada com silicato de sódio,
- Estudo da dosagem específica de concretos com cimento de escória ativada com
silicato de sódio, com ênfase na produção de concretos de baixo consumo de
140
cimento de escória, mas com desempenho equivalente a concretos de maior
consumo de cimento portland.
- Desenvolvimento de projetos em conjunto com outras áreas da engenharia ou de
outra ciência, visando a difusão e aplicação do conhecimento gerado.
141
ANEXO A
Retração por Secagem
a) Procedimento
Os moldes utilizados para medir a retração em argamassa estão apresentados na Fig.
A.1.
Fig. A.1 Moldes para medida de retração de argamassas (NBR 8490/84)
142
Antes da execução da moldagem dos corpos-de-prova, deve-se passar desmoldante28
na fôrma e colocar os pinos de medida, tomando-se o devido cuidado de mantê-los
limpos e sem óleo, pois isto pode interferir na aderência do mesmo na argamassa.
A distância interna livre entre os pinos, de acordo com a NBR 8490/84 e ASTM C
490/97, deve ser de (250,0 ± 2,5) mm. Na realidade, esta distância não é facilmente
alcançada, porque o pino pode ficar demasiadamente apertado no apoio, e ao
desenroscá-lo, pode haver a quebrar dos corpos-de-prova durante a operação de
desmoldagem. A distância adotada de 256,35 mm mostrou-se mais adequada.
b) Condições de cura
Todas as argamassas de escória ativada com silicato de sódio ou hidróxido de sódio e
as argamassas de cimento portland foram desmoldadas após 6 horas e colocadas na
câmara seca (24 + 1 ºC e 50% U.R.) conforme a Fig. A.2. É importante apoiar os
corpos-de-prova, de modo que haja circulação de ar em todas as faces do mesmo.
Fig. A.2 Detalhe da câmara seca e da estocagem dos corpos-de-prova.
c) Aferição do equipamento e verificação de variação do comprimento
As leituras são feitas, nas diversas idades previstas, com o corpo-de-prova encaixado
verticalmente numa base metálica, dotada de um relógio comparador preso a ela, de
acordo com a Fig. A.3. Imediatamente antes de cada leitura, é realizada a pesagem
do corpo-de-prova, com precisão de décimos de miligrama.
28 Como o mecanismo da retração por secagem é a perda de água, recomenda-se não usar óleo como desmoldante, pois pode haver alguma interferência no mecanismo de perda de água. Pode-se utilizar um desmoldante à base de água.
143
Fig. A.3 Equipamento de verificação da variação de comprimento (pórtico e barra de referência).
Zera-se o micrômetro graduado ou digital com a barra de referência. A barra deverá
ser posta sempre no mesmo sentido no procedimento de aferição, ou seja, com a
marca de referência para cima, conforme ilustra a Fig. A.3. Este procedimento deve
ser aplicado a cada série de medições realizada.
As medidas iniciais do comprimento (Li) dos corpos-de-prova foram realizadas
tendo-se o cuidado de colocar as barras sempre em um mesmo sentido (pode-se fazer
indicação por meio de uma seta no corpo-de-prova). Em seguida, gira-se a barra
sobre o eixo e registra-se a menor medida indicada pelo micrômetro (Fig. A.4).
Pode-se, alternadamente, utilizar a maior medida, o importante é sempre manter o
mesmo procedimento. Este giro do corpo-de-prova é essencial para que o erro devido
à excentricidade do corpo-de-prova seja minimizado. Após a leitura foi realizada a
pesagem do corpo-de-prova, determinando a variação de massa.
Fig. A.4 Realização da leitura da variação de comprimento em um corpo-de-prova devidamente identificado.
144
d) Cálculo da variação de comprimento
O cálculo da variação de comprimento dos corpos-de-prova é realizado através da
seguinte equação:
100 x G
)L (L L ixi −= Eq.( A.1 )
Onde: Li � leitura inicial do comprimento do corpo-de-prova (mm);
Lxi � demais leituras do comprimento, feitas em intervalos de tempo pré-
determinados (mm);
G = distância interna livre entre os pinos (256,35 mm � valor adotado).
Este cálculo fornece a medida da variação de comprimento linear em porcentagem,
contudo, esta unidade de medida dificulta a análise dos resultados. Neste estudo,
adotou-se a utilização da unidade de microdeformação (do inglês �microstrain�),
definida por MEHTA; MONTEIRO (1994) como mm/mm x 10 �6. Atualmente, esta
unidade é a mais utilizada internacionalmente, facilitando a comparação e análise de
resultados de outros trabalhos realizados.
e) Cuidados especiais com o ensaio de retração por secagem
��������Antes de realizar as medidas iniciais dos corpos-de-prova, os pinos e o local de
encaixe do equipamento devem estar isentos de materiais pulverulentos e de resíduos
de argamassa.
��������Equipamento deve ser ajustado de acordo com o comprimento dos corpos-de-
prova.
��������Dependendo do tipo de argamassa, deve-se tomar cuidado com a desmoldagem e
o manuseio dos corpos-de-prova, pois os mesmos podem não ter resistência
suficiente para realizar esta operação, resultando na sua quebra.
��������Deve-se selar as laterais dos moldes para evitar a perda de material e assim que
os corpos-de-prova forem moldados, colocar um vidro sobre os mesmos para evitar a
perda de água para o meio ambiente antes da desmoldagem.
145
ANEXO B
Retração Autógena
A ASTM C 684-99 - Standard Test Method for Making, Accelerated Curing, and
Testing Concrete Compression Test Specimens, prescreve resumidamente a cura
autógena, onde os corpos-de-prova são envolvidos com papel alumínio não
permitindo a perda da água de amassamento. Ela não enfoca especificamente o
ensaio de retração. O papel alumínio é o principal material utilizado para vedar os
corpos-de-prova, devido a sua maleabilidade permitir que ele se adapte aos mais
diversos formatos.
Neste estudo, inicialmente foram utilizados os mesmos procedimentos do ensaio de
retração por secagem, número e dimensões dos corpos-de-prova, etc. Para garantir a
vedação dos corpos-de-prova, antes da moldagem foram cortados os pedaços de
papel alumínio e colocados na fôrma, sobre os quais foram moldadas as argamassas.
As argamassas eram moldadas dentro do papel alumínio que estava dentro da fôrma.
Após a moldagem, o topo do molde foi vedado com fita adesiva de alumínio, como
ilustra a Fig. B.1. Na desmoldagem, os corpos-de-prova também receberam um
acabamento com a fita adesiva alumínio, de modo que houvesse uma melhor
vedação, de acordo com a Fig. B.1. No início do estudo foi realizado um estudo
exploratório de modo a otimizar este processo e garantir uma boa vedação dos
corpos-de-prova, a qual era controlada com a pesagem dos corpos-de-prova.
Fig. B.1 Moldagem dos corpos-de-prova para o ensaio de retração autógena
Ao longo da etapa de moldagem dos corpos-de-prova, verificou-se que é muito
difícil garantir que não haja nenhuma perda de massa e acredita-se que esta deva ser
146
uma dificuldade comum a muitos pesquisadores. Caso houvesse uma norma que
especificasse o ensaio, poderia se informar o quanto se pode perder de massa sem
que haja invalidação do ensaio. A perda de massa ocorreu, mas foi relativamente
pequena, atingindo no máximo 0,2% aos 56 dias. De acordo com dados obtidos no
estudo exploratório foi estabelecido que a perda de massa no ensaio de retração
autógena aos 28 dias não poderia ultrapassar 5% da perda de massa verificada no
ensaio de retração por secagem na mesma idade, caso contrário, o corpo-de-prova
deveria ser desprezado.
Neste estudo exploratório, também foi verificada a inadequação do papel alumínio à
esta pesquisa, pois quando da moldagem da argamassa de escória ativada com 5% de
cal hidratada (5C) notou-se o excessivo aparecimento de bolhas de ar na interface
entre o papel alumínio e a argamassa. Este fato ocorreu devido à reação entre os
álcalis da argamassa e o alumínio do papel, gerando gás hidrogênio. Esta reação é
muito utilizada em aditivos incorporadores de ar. Na Fig. B.2, pode-se observar a
degradação do papel alumínio e a grande incorporação de ar.
Este fenômeno foi mais intenso na argamassa de escória ativada com cal hidratada,
mas também ocorreu, com menor intensidade, nas argamassas ativadas com silicato
de sódio ou com hidróxido de sódio. Deste modo, este fato inviabilizou a utilização
do papel alumínio.
Fig. B.2 Detalhes da reação entre a argamassa e papel alumínio
Como solução para o problema da reação do papel alumínio com as argamassas,
optou-se pelo revestimento do papel alumínio com uma fita adesiva plástica,
isolando a argamassa do mesmo e aproveitando sua maleabilidade. Após a
desmoldagem os corpos-de-prova recebiam um acabamento com a fita adesiva
147
plástica, de modo que houvesse uma melhor vedação, como pode ser observado na
Fig. B.3.
Fig. B.3 Moldagem dos corpos-de-prova para o ensaio de retração autógena, utilizando a fita adesiva plástica.
Os procedimentos para realização das leituras e do cálculo da variação de
comprimento são os mesmos descritos (Anexo A) para a retração por secagem.
148
ANEXO C
Preparo das Soluções Ativadoras
Define-se como aglomerante, a escória de alto forno mais a parte sólida do ativador.
Neste estudo, a proporção de materiais utilizada foi de 1:2:0,48 (aglomerante :
agregado : água, em massa). Como exemplo é apresentado o cálculo de uma
argamassa de cimento de escória ativada com silicato de sódio
a) Ajuste do Módulo de sílica (Ms = SiO2/ Na2O)
O silicato de sódio foi fornecido com módulo de sílica igual a 3,3 e o hidróxido de
sódio em escamas, ambos detalhados quanto ao percentual de sólidos (conforme a
Tabela 4.5). Para obtenção do módulo de sílica desejado, igual a 1,7, foi adicionada
solução de hidróxido de sódio. A quantidade é calculada com base no percentual de
sólidos fornecido pelo fabricante, pois o hidróxido de sódio fornecido em escamas
contém água na sua composição. Para garantir uma dissolução efetiva do hidróxido
de sódio, o mesmo foi dissolvido em água 24 horas antes do ensaio, mantido
protegido do contato com o ar. A quantidade de solução a adicionar depende do teor
de SiO2 fixado, sendo esse valor o ponto de partida para o cálculo. O volume de água
também deve ser ajustado, levando em conta tanto os teores de água do silicato de
sódio como o da soda. Um exemplo de cálculo é apresentado em seguida.
b) Dosagem de uma argamassa de cimento de escória (1:2:0,48) ativada com
silicato de sódio(Ms=1,7, 4,5%Na2O e 7,65% SiO2)
Supondo uma massa de aglomerante (Magl) igual a 1000 gramas, tem-se:
Massa de areia (Mar) = 1000 g x 2 = 2000 g
Massa de SiO2 (Msi) = Magl x 7,65% = 1000g x 7,65/100 = 76,50 g de SiO2
Como o silicato de sódio é fornecido com um percentual de SiO2 especificado como
igual 28,77% e 8,73% de Na2O, calcula-se a quantidade de silicato de sódio
necessária para garantir que se tenha 76,50 g de SiO2.
Massa de silicato de sódio (Mss) = Msi/28,77% =76,50g / (28,77/100) = 265,90 g de
silicato de sódio
Massa de Na2O (Mna) = Magl x 4,5% = 1000g x 4,5/100 = 45,00 g de Na2O
149
No entanto, a massa de silicato de sódio dosada para obter 7,65% de SiO2 também
tem a espécie química Na2O em sua composição (8,73%) e esta tem que ser
descontada da massa calculada para 4,5% de Na2O.
Mnacorrigida = Mna – Mss x 8,73% = 45,00g-265,90g x (8,73/100) = 21,79 g de Na2O
Como o hidróxido de sódio é fornecido com um percentual de Na2O especificado
como igual 77,50% e com 22,50% de H2O, calcula-se a quantidade de hidróxido de
sódio necessária para garantir que se tenha 21,79 g de Na2O.
Massa de hidróxido de sódio (Mhs) = Mnacorrigida /77,50% =21,79g / (77,50/100) =
28,11 g de hidróxido de sódio
Massa de escória (Mesc) = Magl - Msi -Mna = 1000g –76,50g –45g = 878,50 g de
escória
Massa de água (MH2O) = 1000g x 0,48 = 480 g de água
Porém, o silicato de sódio e o hidróxido de sódio têm água em sua composição que
precisa ser descontada para obter a quantidade de água correta.
MH2Ocorrigida = MH2O – Mhs x 22,50% - Mss x 62,50%
MH2Ocorrigida = 480g – 28,11 x (22,50/100) – 265,90 x (62,50/100) =307,49 g de
água
Portanto, para a dosagem de uma argamassa de cimento de escória (1:2:0,48) ativada
com silicato de sódio(Ms=1,7, 4,5%Na2O e 7,65% SiO2), tem-se:
2000 gramas de areia
878,50 gramas de escória
307,49 gramas de água
265,90 gramas de silicato de sódio (Ms=3,3)
28,11 gramas de hidróxido de sódio
Para a ativação apenas com hidróxido de sódio, o cálculo segue a mesma seqüência,
porém, sem a parte que envolve o silicato de sódio. A dosagem quando se utiliza o
hidróxido de cálcio ou gipsita + hidróxido de cálcio é calculada da forma tradicional,
teores em massa.
150
ANEXO D
Análise estatística
Antes da Análise de Variância, foi verificada a normalidade dos resultados por meio
de teste qualitativo em papel normal e a homogeneidade de variâncias.
Resistência à compressão
Tabela D.1 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento, da idade e tipo de cura na resistência à compressão. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (1d, 3d, 7d, 14d, 21d, 28d, 56d) 3 - Tipo de cura (seca U.R.=50% ou úmida U.R.=100%)
Efeito Grau de liberdade Média dos quadrados F Nível de significância 1 6 17677,59 3649,62 0,00E+00 2 6 4476,22 924,14 0,00E+00 3 1 7468,06 1541,81 0,00E+00 12 36 199,46 41,18 0,00E+00 13 6 1224,36 252,77 0,00E+00 23 6 502,64 103,77 0,00E+00 123 36 108,12 22,32 0,00E+00 Erro 189 4,8437 Total 286 Ob: Significativos os resultados com nível de significância igual ou superior a 95%
Tabela D. 2 Resistência à compressão com aplicação de cura úmida. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 4NS 5N 21d
ARI 14d, 21d, 56d 1d, 3d
5C 1d, 21d 1d 3d
2CG 14d, 28d 1d até 14d e 56d 3d
151
Tabela D. 3 Resistência à compressão com aplicação de cura seca. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 4NS 5N 56d
ARI 14d, 21d, 56d
5C 1d, 14d 1d 3d, 7d, 14d 2CG 14d 1d até 14d 3d até 56d
Tabela D. 4 A influência do tipo de cura (úmida ou seca) na resistência à compressão. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG
2NS 1d, 3d, 14d, 56d
3NS 1d 4NS 5N 1d até 56d ARI 1d 5C 1d, 3d
2CG 1d até 28d
Resistência à tração na flexão
Tabela D.5 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento, da idade e tipo de cura na resistência à tração. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (1d, 3d, 7d, 14d, 21d, 28d, 56d) 3 - Tipo de cura (seca U.R.=50% ou úmida U.R.=100%)
Efeito Grau de liberdade Média dos quadrados F Nível de significância 1 6 597,01 2746,02 0,00E+00 2 6 1092,64 5025,70 0,00E+00 3 1 599,58 2757,81 0,00E+00
12 36 473,85 2179,51 0,00E+00 13 6 25,36 116,65 0,00E+00 23 6 19,23 88,47 0,00E+00 123 36 2,97 13,66 0,00E+00 Erro 187 0,2174
Total 284
152
Tabela D. 6 Resistência à tração com aplicação de cura úmida. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 4NS 3d, 28d, 56d 5N 21d
ARI 28d, 56d 7d até 21d, 56d
5C 1d 1d, 14d, 21d 3d, 21d 28d
2CG 14d, 21d 1d, 3d, 7d, 21d, 28d 3d até 21d,
56d
Tabela D. 7 Resistência à tração com aplicação de cura seca. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 4NS 28d 3d ate 21d 5N 3d 14d 3d até 56d ARI 1d
5C 1d, 7d, 21d, 28d 1d 14d até 56d 14d até 56d
2CG 21d, 28d 3d até 14d 7d até 56d 1d até 56d 14d até 56d
Tabela D. 8 A influência do tipo de cura (úmida ou seca) na resistência à tração. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 1d, 3d, 56d 3NS 1d 4NS 5N 1d ARI 21d até 56d 5C 1d
2CG 1d
153
Módulo de elasticidade
Tabela D.9 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento, da idade e tipo de cura no módulo de elasticidade. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (1d, 3d, 7d, 14d, 21d, 28d, 56d) 3 - Tipo de cura (seca U.R.=50% ou úmida U.R.=100%)
Efeito Grau de liberdade Média dos quadrados F Nível de significância 1 6 4280,38 565,88 0,00E+00 2 6 4302,83 568,85 0,00E+00 3 1 4648,34 614,53 0,00E+00
12 36 1498,59 198,12 0,00E+00 13 6 215,56 28,50 1,14E-22 23 6 394,19 52,11 0,00E+00 123 36 277,04 36,63 0,00E+00 Erro 152 7,5641 Total 249
Tabela D. 10 Módulo de elasticidade com aplicação de cura úmida. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 4NS 3d até 56d 5N 14d até 28d ARI 3d até 56d 3d até 56d 1d 5C 14d até 28d 56d 3d até 28d 28d, 56d
2CG 14d até 28d 1d, 3d, 21d 1d até 28d 7d até 56d 1d até 28d
Tabela D. 11 Módulo de elasticidade com aplicação de cura seca. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 21d, 28d 4NS 21d, 28d 3d até 56d
5N 21d, 28d 3d até 56d 1d até 14d, 28d, 56d
ARI 3d 1d, 3d 1d
5C 14d até 28d 3d até 28d 3d até 56d 3d, 14d até 56d
2CG 21d, 28d 7d até 56d 1d até 56d 1d, 7d até 56d 1d, 3d 7d até 21d,
56d
154
Tabela D. 12 A influência do tipo de cura (úmida ou seca) no módulo de elasticidade. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 21d, 28d 3NS 1d 4NS 1d 5N 1d até 28d
ARI 1d, 7d até 56d
5C 3d até 21d 2CG
Retração por secagem
Tabela D.13 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento e da idade na retração por secagem. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (8h, 10h, 12h, 1d, 2d, 3d, 4d, 5d, 6d, 7d, 9d, 11d, 14d, 21d, 28d, 35d, 42d, 56d, 112d)
gl MQ F valor-p 1 6 536306784 7732,02 0,00E+00 2 18 43919416 633,19 0,00E+00 12 108 4643921 66,95 0,00E+00 Erro 683 69362 Total 815
Tabela D. 14 Diferença entre as médias da retração por secagem das misturas estudadas. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 8h até 1d 4NS 5N 21d, 28d 8h até 1d ARI 2d 8h até 14d 5C 2d até 4d 2d, 112d 2d
2CG 35d até 112d 2d até 14d 2d até 35d 2d
155
Retração autógena
Tabela D.15 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento e da idade na retração autógena. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (8h, 10h, 12h, 1d, 2d, 3d, 4d, 5d, 6d, 7d, 9d, 11d, 14d, 21d, 28d, 35d, 42d, 56d, 112d)
gl MQ F valor-p 1 6 34929988 4858,44 0,00E+00 2 18 4682960 651,36 0,00E+00 12 108 614316 85,45 0,00E+00 Erro 665 7190 Total 797
Tabela D. 16 Diferença entre as médias da retração autógena das misturas estudadas. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 8h, 1d 4NS 8h até 12h 8h, 10h
5N 8h até 1d e 3d 8h até 1d 8h, 10h
ARI 8h, 10h, 1d, 3d 10h até 1d 8h, 10h 10h até 7d
5C 2d, 3d, 6d 2d e 9d até 112d
2CG 2d 2d 2d até 5d e 7d 2d até 35d
Variação de massa
Tabela D.17 Resumo da ANOVA da influência do tipo de cimento e da idade na variação de massa. O asterisco indica influência não significativa.
1 - Tipo de cimento (2NS, 3NS, 4NS, 5N, ARI, 5C, 2CG) 2 - Idade (8h, 10h, 12h, 1d, 2d, 3d, 4d, 5d, 6d, 7d, 9d, 11d, 14d, 21d, 28d, 35d, 42d, 56d, 112d)
gl MQ F valor-p 1 6 13305 2300382720 0,00E+00 2 18 5791 1001208768,00 0,00E+00 12 108 2829 489026048,00 0,00E+00 Erro 683 5,78E-06 Total 815
156
Tabela D. 18 Diferença entre as médias da variação de massa das misturas estudadas. São indicadas as idades onde não houve diferença significativa.
Diferença entre médias (Post hoc Comparisons) Teste de Duncan (as diferenças marcadas não são significantes com nível de significância igual ou superior a 95%)
Grupos 2NS 3NS 4NS 5N ARI 5C 2CG 2NS 3NS 8h até 12h 4NS 8h até 12h 8h até 12h 5N 8h 8h 8h
ARI 8h até 12h 8h até 1d 8h até 12h e 35d até 56d
8h
5C 21d até 112d
2d 5d até 7d
2CG 7d, 9d 14d
157
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