Estudo Das Cores nas obras de Ken Akamatsu

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  • 8/18/2019 Estudo Das Cores nas obras de Ken Akamatsu

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    CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA –  UNIARA

    Rachel Alves de Souza da Silva

     Estudo das cores nas Obras de Ken Akamatsu

    DESIGN DIGITAL

    Araraquara

    2015

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    Rachel Alves de Souza da Silva

     Estudo das cores nas Obras de Ken Akamatsu

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à bancaexaminadora do Centro Universitário de Araraquara,como exigência parcial para obtenção do título deBacharel em Design Digital.

    Professor Orientador: Prof. Gabriel Arroyo

    Araraquara2015

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    Banca Examinadora

     _______________________________________

     _______________________________________

     _______________________________________

     Nota: ____ Data: ____ / ____ / _____________

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    DECLARAÇÃO

    Eu, Rachel Alves de Souza da Silva, RG: 37.081.634-1, aluna regularmente matriculada

    no curso de Bacharelado em Design Digital do Centro Universitário de Araraquara, declaro ser

    autora do texto apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, sob o título  Estudo das

    cores nas obras de Ken Akamatsu.

    Afirmo, também, ter seguido as normas da ABNT para as menções e citações de textos

    que não são de minha autoria, bem como não ter utilizado textos de outrem de forma indevida,

    sempre os creditando a seus verdadeiros autores (Lei n. 9.610. 19/02/1998).

    Por meio desta declaração, dou ciência de minha responsabilidade sobre o presente

    trabalho e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos

    direitos autorais e originalidade de conteúdo.

    Araraquara, de de 2015

    Assinatura

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    Dedico este estudo a todos os fãs da cultura nipônica e para todos que

    desejam um mundo mais vivo e colorido.

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    AGRADECIMENTOS 

    Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e paciência para

    completar esta jornada em minha vida.

    Aos meus pais, pelo amor e carinho que tem por mim e pelos meus irmãos.

    Ao Hugo Santos Magalhães, por ter me ajudado na parte de inglês do projeto e por me incentivar sempre.

    Ao Makino, por ter me emprestado os mangás e auxiliado sobre o japonês.

    Ao orientador, por ter aceito o desafio e auxiliado durante o processo.

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    “Sonhos, ilusões, são tudo o que eu tenho.

    Se eu viver sem eles, não terei nada”.

    Keitarô Urashima

    ( Love Hina - Ken Akamatsu)

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    RESUMO

    O presente estudo busca observar o segmento de elementos visuais nos quadrinhos japoneses,

    em especial as cores de cabelos e os possíveis padrões nas personalidades das personagens nas

    histórias. A coleta de informações iniciou-se em blogs e fóruns que discutiam tal semelhança,

     porém, não foi encontrado nenhum trabalho científico sobre o tema específico. Este ineditismo

    serviu de estímulo para buscar compreender estas relações das cores dos cabelos das

     personagens nas histórias em quadrinhos japonesas (mangás) com os seus comportamentos. A

    verificação tem como objetivo identificar a existência de padrões ou não. No entanto, analisar

    todas as obras existentes no mercado editorial se tornaria inviável, sendo assim, para o recorte

    da pesquisa foi escolhido o escritor Ken Akamatsu, que teve duas obras lançadas no Brasil:

     Love Hina em 1998 e Mahou Sensei  Negima! em 2003; e também para a análise o mangá em

    inglês A.I. ga Tomaranai! de 1994. O método de estudo adotado foi a análise comparativa, que

     possibilita a verificação da existência ou não de um padrão de cor relacionado com a

     personalidade entre as obras. As características foram organizadas com todas as personagens

    dos três mangás (uma de cada obra). Primeiramente analisando os três mangás em conjunto, e

    depois, entre os mangás  Love Hina e Negima!.

    Palavras-chaves: Design. Teoria das Cores. Mangá. Ken Akamatsu. Personalidade.

    Comportamento.

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    ABSTRACT

    This study aims to observe the segment of the visual elements in Japanese’s animes, specially

    the hairs’ colors in the animation and the possible pattern in the characters’ personalities in the

    stories. The information gathering started in blogs and forums that discussed this similarity,

    however, did not found any scientific work about the specific theme. This originality served as

    a stimulus to try to understand these relations with characters’ hairs’ colors of the characters in

    Japanese comics (manga) with their behavior. The verification aims to identify the existence ofstandards or not. However, analyze every existing works in editorial market would become

    unviable, for the excerpt of the research was chosen the writer Ken Akamatsu, who had two of

    his works released in Brazil: Love Hina in 1998 and Mahou Sensei Negima! in 2003; and also

    for analysis the manga A.I. ga Tomaranai! in English in 1994. The adopted study’ method was

    the comparative analyses, which enables the verification of whether there is a color pattern or

    not related to the personality among the works. The characteristics have been organized with

    all the characters of the three manga (one at work). First analyzing the three manga together,

    and after, between the manga Love Hina and Negima!.

    Key-words: Design. Theory of Colours. Manga. Ken Akamatsu. Personality. Behavior .

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Primeira capa de A.I. ga Tomaranai! em 1994. ...................................................... 21Figura 2 - Esq. Love Hina, Dir. Negima! ................................................................................ 23Figura 3 - Volume 1 de Ground Defense Force! Mao-chan. .................................................. 26Figura 4 - Capa 01 de UQ Holder! .......................................................................................... 26Figura 5 - Selo de Osamu Tezuka junto com alguns de seus personagens ............................. 28Figura 6 - Página de advertência dos mangás brasileiros ........................................................ 29Figura 7 - Esq. Mangashi, Dir. Tankôbon ............................................................................... 30Figura 8 - Onomatopeias e legendas no mangá Love Hina no Brasil ..................................... 31Figura 9 - Comparação da visão humana com a câmera fotográfica convencional ................ 35Figura 10 - Experimento de Isaac Newton .............................................................................. 35

    Figura 11 - Cores-pigmentos ................................................................................................... 36Figura 12 - Classificação da cor criada por Helmholtz ........................................................... 37Figura 13 - Símbolo de Yin Yang  na China ............................................................................. 39Figura 14 - Personagens de cabelo preto ................................................................................. 42Figura 15 - Personagens de cabelo roxo .................................................................................. 44Figura 16 - Personagens de cabelo marrom ............................................................................ 46Figura 17 - Personagens de cabelo laranja .............................................................................. 48Figura 18 - Personagens de cabelo amarelo ............................................................................ 50Figura 19 - Da Esq. para a Dir. Kikubo Kobe, Mutsumi Otohine e Konoka Konoe.............. 53Figura 20 - Da Esq. Motoko, da Dir. Setsuna. ........................................................................ 56

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Personalidades das personagens de cabelo preto ................................................... 43Tabela 2 - Personalidades das personagens de cabelo roxo .................................................... 45Tabela 3 - Personalidades das personagens de cabelo marrom ............................................... 47Tabela 4 - Personalidades das personagens de cabelo laranja ................................................. 49Tabela 5 - Personalidades das personagens de cabelo amarelo ............................................... 51Tabela 6 - Análise: cabelo preto .............................................................................................. 51Tabela 7 - Análise: cabelo roxo ............................................................................................... 52Tabela 8 - Análise: cabelo marrom .......................................................................................... 53Tabela 9 - Análise: cabelo laranja ........................................................................................... 54Tabela 10 - Análise: cabelo amarelo ....................................................................................... 55

    Tabela 11 - Cabelo Preto ......................................................................................................... 56Tabela 12 - Cabelo Roxo ......................................................................................................... 57Tabela 13 - Cabelo Marrom ..................................................................................................... 58Tabela 14 - Cabelo Laranja...................................................................................................... 58Tabela 15 - Cabelo Amarelo .................................................................................................... 59

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    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

    CAPÍTULO 1: Sobre o projeto realizado............................................................................. 14

    1.1 Apresentação ................................................................................................................... 14

    1.2 Objetivo .......................................................................................................................... 14

    1.3 Justificativa ..................................................................................................................... 14

    1.4 Revisão Bibliográfica...................................................................................................... 15

    1.5 Fundamentação Teórica .................................................................................................. 17

    1.6 Metodologia .................................................................................................................... 20

    1.7 As obras usadas para a análise ........................................................................................ 21

    1.8 Sobre o autor e suas demais obras .................................................................................. 24

    CAPÍTULO 2: Sobre os Mangás  e a Teoria da Cor ............................................................ 27

    2.1 Mangás ............................................................................................................................ 27

    2.1.1 Origem ...................................................................................................................... 27

    2.1.2 Estruturação dos mangás .......................................................................................... 29

    2.1.3 Influência da cultura pop japonesa ........................................................................... 32

    2.2 Teoria da Cor .................................................................................................................. 34

    2.2.1 Percepção fisiológica da cor ..................................................................................... 34

    2.2.2 Classificação da cor .................................................................................................. 35

    2.2.3 Processo cultural da cor............................................................................................ 37

    CAPÍTULO 3: As cores nas obras de Ken Akamatsu ........................................................ 41

    3.1 Sobre as cores e as personagens...................................................................................... 41

    3.1.1 Preto ......................................................................................................................... 41

    3.1.2 Roxo ......................................................................................................................... 44

    3.1.3 Marrom ..................................................................................................................... 45

    3.1.4 Laranja ...................................................................................................................... 47

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    3.1.5 Amarelo .................................................................................................................... 49

    3.2 Análise entre os três mangás .......................................................................................... 51

    3.2.1 Preto ......................................................................................................................... 513.2.2 Roxo ......................................................................................................................... 52

    3.2.3 Marrom ..................................................................................................................... 53

    3.2.4 Laranja ...................................................................................................................... 54

    3.2.5 Amarelo .................................................................................................................... 55

    3.3 Love Hina e Mahou Sensei  Negima! ............................................................................... 55

    3.3.1 Preto ......................................................................................................................... 55

    3.3.2 Roxo ......................................................................................................................... 57

    3.3.3 Marrom ..................................................................................................................... 57

    3.3.4 Laranja ...................................................................................................................... 58

    3.3.5 Amarelo .................................................................................................................... 59

    CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 60

    REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61

    ANEXOS ................................................................................................................................. 64

    ANEXO A ............................................................................................................................. 64

     A.I. ga Tomaranai! ............................................................................................................ 64

     Love Hina .......................................................................................................................... 67

     Mahou Sensei Negima!...................................................................................................... 75

    ANEXO B ............................................................................................................................. 94

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    INTRODUÇÃO 

     Neste projeto, pretende-se verificar se existe padrão de cor com a personalidade das

     personagens das histórias em quadrinhos japonesas (mangás), analisando as capas das obras de

    Ken Akamatsu, sendo escolhida três obras,  A.I. ga Tomaranai!,  Love Hina e  Mahou Sensei

     Negima!.

     No Capítulo 1 apresenta detalhes do objetivo, o porquê da importância de estuda-lo para

    o profissional de comunicação visual e sobre a metodologia adotada para analisar o objeto de

    estudo escolhido. Também expõe sobre as histórias e a vida do escritor e suas demais obras

     publicadas.

     No Capítulo 2 aborda sobre as histórias em quadrinhos nipônicas, o contexto histórico

    de criação e influências para a estrutura do mangá contemporâneo. Fala sobre a estruturação e

    explica as diferenças entre o mangá  e a comic, também disserta sobre a popularização dos

    mangás pelo mundo, a ponto de se tornar a economia base do Japão e a sua influência na

    sociedade brasileira. Também contextualiza sobre as cores, como se dá a construção da cor no

    âmbito cultural, a importância de se conhecer o aspecto fisiológico e as regras de linguagem da

    cor.

     No Capítulo 3, apresenta a análise das personagens e suas cores de cabelos, dissertando

    sobre as simbologias das cores, demostrando as diferenças de sua simbologia no Ocidente e

    Oriente e expondo as personalidades das personagens nas histórias. Por fim, apresenta tabelas

     para analisar os dados coletados, para averiguar se existe ou não padrão de cor com as

     personalidades das personagens.

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    CAPÍTULO 1: Sobre o projeto realizado

    1.1 Apresentação

    As cores têm fundamental importância para a vida humana, mesmo que despercebidas,

    influenciam nossas escolhas e nosso comportamento. As cores se tornaram uma forma de

    comunicação, já que com elas são mais fáceis identificarmos uma marca, produto ou até mesmo

    uma cultura. Seu uso existe desde os primórdios da humanidade, e reproduzir a natureza se

    tornou uma das necessidades básicas do ser humano.

    De acordo com Pauline Wills1, em sua obra O uso da cor no seu dia-a-dia  sobre o

    simbolismo das cores, “não é possível atribuir -lhes nenhum significado absoluto” (1997, p.14),ou seja, em cada cultura a cor tem seu próprio significado e podemos ir além disso, cada

    indivíduo pode interpretá-la da sua própria maneira, já que estamos rodeados por elas e sendo

    influenciados ao todo momento. E, mesmo não podendo conter um significado absoluto, pode-

    se dividir em blocos de significados nos seus diversos ramos de estudos.

    1.2 Objetivo

     Nesta pesquisa, pretende analisar como a cor está ligada à personalidade humana, e para

    representar este tipo de influência de comportamento com as cores, foram escolhidos os mangás 

    (histórias em quadrinhos japonesas), onde encontramos personagens com cores diversificadas

    nas capas, em especial nos cabelos. Para isto, foi escolhido o mangaká (escritor de mangás)

    Ken Akamatsu.

    1.3 

    Justificativa

    De acordo com o livro  Psicodinâmica das Cores em Comunicação  redigido pelos

    autores Modesto Farina, Clotilde Perez e Dorinhos Bastos, que afirmam, “o estudo das cores se

    torna uma necessidade nos cursos de comunicação e comunicação visual” (2011, p.13), e, como

    estamos rodeados por elas no nosso dia-a-dia, influenciando-nos em nossas emoções e

    identificações, estudá-las em um ramo específico para concluir se há um padrão de cores e

    1 Pioneira em integrar a cor com a reflexologia (pratica terapêutica que estimula determinada regiões do corpo para benefícios da saúde).

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    comportamento, torna-se importante, porque aproxima mais o leitor à obra, além de

    compreender como este leitor/telespectador é influenciado e identifica a mesma. E mais, saber

    se o próprio criador criou um padrão para suas obras para poder identificá-las ou se é escolhido

    individualmente, o que para um artista não é recomendado, já que com um padrão o público

    consegue identificar mais facilmente, tornando-se uma marca registrada do artista, mesmo

    sendo pelo uso das cores.

    1.4 Revisão Bibliográfica

     No livro Da Cor à Cor Inexistente (1997), escrito pelo pintor Israel Pedrosa, que aborda

    a teoria cromática, podemos encontrar alguns estudiosos, como Leonardo da Vinci, Isaac

     Newton e Johann Wolfgang Goethe. Esses três foram os que deram maiores contribuições à

    teoria das cores: Da Vinci, no aspecto biológico, com os constantes estudos do corpo humano,

    contribuiu para o entendimento de como vemos as cores (descoberta do cristalino). Newton foi

     para o ramo da física e química, com o estudo da refração da luz no prisma. Já Goethe, no

    aspecto psicológico, através de seus estudos de casos verificou como as cores influenciam os

    seres humanos. Esta pesquisa está mais ligada as ideias de Goethe - a relação psicológica das

     personagens com as cores dos cabelos.

    Encontraremos estudos e seus padrões de cores que podem ser divididos em dois grupos:

    da maneira natural ou criados por nós seres humanos. O natural é o padrão que a própria

    natureza contém. Estamos tão acostumados que nem reparamos em nossas ações ao vermos

    uma fruta com coloração diferente e identificamos que a mesma não está adequada para

    consumo, descartando-a inconscientemente, ou quando vemos algum animal com cor

    chamativa e identificamos que pode ser perigoso nos aproximarmos dele. E os padrões de cores

    criados e definidos pelo ser humano, onde podemos incluir os padrões de trânsito (vermelho –   pare, verde  –  siga, amarelo  –  atenção), padrões que já se enraizaram em nossa sociedade de

    uma forma tal que nem pensamos em seu significado. Conhecer o padrão de cor a ser utilizado

    é fundamental para um profissional da área de comunicação visual. Uma cor inadequada

    colocada em um contexto errado pode prejudicar a imagem de uma marca, trazendo grande

     prejuízo para a empresa. No entanto, aqui será algo mais restrito em relação à cultura nipônica,

    sobre os mangás  que são conhecidos pelos seus personagens de olhos grandes e cabelos

    coloridos.

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     No universo dos quadrinhos americanos podemos encontrar vários estudos em relação

    às cores das obras, como o artigo Análise Comparativa: Homem-Aranha x Batman apresentado

     pelos alunos, Eliane Güntezel e Marcos Tassotti de Publicidade e Propaganda, da Universidade

    de Cruz Alta (UNICRUZ), no congresso de Ciências da Comunicação em Londrina, no ano de

    2011, que trata de uma comparação e análise das capas destas duas histórias por meio da

    semiótica, concluindo-se que as empresas mantiveram um padrão de identidade para suas capas,

     para os leitores identificarem os comics sem dificuldades no meio das demais revistas, além do

     próprio público se identificar com o herói e outros padrões de signos.

    É muito importante manter algum tipo de padrão, não só em benefício da obra, mas

    também, para facilitar a localização do produto desejado nas lojas. Muitas vezes nem lemos o

    que está escrito, vemos e pegamos, tudo por causa de um padrão estabelecido pela empresa,facilitando o acesso do consumidor na hora da compra. Pode-se citar também o artigo

    Watchmen, uma análise de composição cromática da obra: dos quadrinhos ao cinema, 

    apresentado no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada

    (ABRALIC) em 2013, por Filipe Barata Alcântara. Trata-se de uma análise da obra Watchmen 

     –  uma série de história em quadrinhos escrita por Alan Moore2 e ilustrada por Dave Gibbons –  

    comparando as cores nos quadrinhos com sua versão cinematográfica, explicando como há uma

    dificuldade principalmente de aceitação do público que é fã dos quadrinhos quando ocorre ainterpretação para outra mídia, que muitas vezes perde a fidelidade da obra original, mas, para

    agradar tais fãs, o diretor Zack Snyder 3, usou como  storyboard  a própria obra, ocorrendo a

    maior diferença (de acordo com o autor) apenas no uso da saturação das cores na composição

    das cenas. De acordo com Alcântara, “Watchmen  inovou em seus métodos de composição

    cromática”, as cores não foram aplicadas aleatoriamente, nem na obra original e nem na sua

    versão cinematográfica. Nesse artigo vemos o quanto é importante ter o cuidado na escolha das

    cores, mesmo que na história em quadrinhos não haja uma gama infinita de cores, e o cuidado para que a história converse também com a cor, enriquecendo a narrativa.

    Pesquisando mais a fundo, pode-se encontrar alguns estudos já realizados sobre os

    mangás e a cultura nipônica. Um dos trabalhos que mais se insere na temática é o artigo

    Considerações sobre as cores e as estratégias narrativas de Vagabond, apresentado na

    Segunda Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, da escola de Comunicações e

    2 Alan Moore é autor e escritor inglês. ( Imdb: disponível em: http://www.imdb.com/name/nm0600872/. Acesso

    em 02 de outubro de 2015).3 Zack Snyder é diretor, roteirista e produtor de cinema americano, conhecido por trabalhar com filmes de ação eficção cientifica. ( Imdb: disponível: http://www.imdb.com/name/nm0811583/bio?ref_=nm_ov_bio_sm. Acessoem 02 de outubro de 2015).

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    Artes da Universidade de São Paulo, no ano de 2013, pelo Doutor em Comunicação e Cultura

    Contemporânea André da Silva e pelo graduando em Desenho Industrial, Danilo Bittencourt,

    que estudam os efeitos de linguagem que ocorrem quando acontecem as adições das cores no

    mangá Vagabond , sendo muito comum este tipo de edição, principalmente com mangás que

    fazem um sucesso significativo. A adição de cores, além de proporcionar um maior

    entendimento, também faz o leitor e fã daquele mangá se aproximar mais não só da história,

    mas também dos sentimentos do próprio personagem, “entrar ” literalmente no enredo. Muitas

    vezes na versão preto e branco a cena fica confusa, mas quando ocorre a adição das cores,

    muitos detalhes que passavam despercebidos na edição anterior se tornam mais compreensivos.

    O porém da edição em cores é que o custo de produção é bem mais elevado do que em preto e

     branco, tanto que só ocorre este tipo de edição “especial” quando se sabe que haverá um públicosignificativo para consumo e lucro da editora.

    E o artigo Mangá e representação: A mulher pós-feminista em Love Hina, redigido pela

    acadêmica do Curso de Jornalismo, Anita Hoffmann e pela pós-doutora em Ciência da

    Literatura, Níncia Teixeira, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, que fazem uma análise

    do perfil de Naru Narusegawa de  Love Hina, mangá criado por Ken Akamatsu, o qual será

    estudado posteriormente. Nesse artigo, as autoras analisam Narusegawa baseando-se nas teorias

     pós-feministas, como é a posição da mulher na cultura nipônica e como Akamatsu construiu a protagonista feminina, a sua dualidade de personalidade mantendo os princípios orientais da

    mulher obediente e submissa, com o modelo do pós-feminista, da mulher decidida e forte.

    1.5 Fundamentação Teórica

    Para a fundamentação sobre mangás foi utilizado com base nos estudos da professora

    do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Janaina de Paula doEspírito Santo, em seu artigo para obtenção do título de Doutora em História da Universidade

    Federal de Goiás,  Mangás, Segunda Guerra e o Conhecimento Histórico: Diferentes

     Apropriações, onde a autora trabalha falando dos mangás  que retratam a Segunda Guerra

    Mundial como tema para a construção da narrativa, abordando sobre a estruturas dos mangás 

    contemporâneos.

    O trabalho de mestrado em Artes Visuais da Universidade Estadual Paulista (UNESP)

    de Sheila Kiemi Oi, Shôjo Mangá: de Genji Monogatari a Miou Takaya, apresenta o contexto

    histórico dos mangás minuciosamente para retratar sobre o segmento de mangás voltado para

    o público feminino.

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    O estilo gráfico das páginas e dos personagens japoneses passaram a influenciar a arte,a moda, o comportamento e o entretenimento. As histórias em quadrinhos japonesasdeixaram de ser um produto japonês para se tornar um bem de consumo mundial. (2009,

     p. 26)

    O projeto para obtenção do título de Doutora em Educação na Faculdade de Educação

    da Universidade de São Paulo (USP), de Fernanda Silva Noronha,  Animês e mangás: o mito

    vivo e vivido no imaginário infantil . A autora realiza uma análise da primeira temporada do

    mangá  e animê  Naruto  de Masashi Kishimoto, sobre a questão da construção do herói no

    imaginário das crianças e adolescentes, estudantes da escola pública paulistana.

    Tais pesquisas acadêmicas feitas do Ocidente sobre o Oriente assinalam o mangá comoum importante elemento na dinâmica das trocas simbólicas entre o imaginário japonêse o ocidental. Prova disso é que o Japão vem investindo nos mangás como um meio decomunicação importante dentro e fora do país. (2013, p. 16)

    A fundamentação teórica sobre a influência da cor no comportamento humano, base nos

    estudos do livro A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão, escrito pela

    especialista em teoria das cores Eva Heller, onde descreve sua pesquisa de campo com a

     população alemã4 a respeito das cores, analisando quais cores que agradavam e quais não, e o

    que cada cor lembrava, mostrando como a cor mesmo sendo subjetiva, também é universal.

    “Quem trabalha com cores, [...] precisam saber de que forma as cores afetam as pessoas.

    Embora cada um trabalhe com suas cores individualmente, os efeitos devem ser universais”

    (2013, p.17).

    A obra  Da cor à cor inexiste, do pintor Israel Pedrosa, discute o que seria uma cor

    inexistente, mas para isso, explana sobre a cor  –  as suas classificações sobre a luz e a visão.

    Traz um compilado das teorias das cores de Leonardo da Vinci, de Isaac Newton e de Johann

    Wolfgang Goethe. Apresenta também como é o processo da sensação que a cor transmite por

    conta da luz refratada ou refletida, o seu processo psicológico e a simbologia da cor, para por

    fim, classificar o que seria a cor inexistente. Para Pedrosa, “a cor não tem existência material:

    é apenas sensação produzida por certas organizações nervosas provocada pela ação da luz sobre

    o órgão da visão” (2014, p.20).

    Também foi utilizada a obra Psicodinâmica das cores em comunicação, redigida pelos

    Modesto Farina, Clotilde Perez e Dorinhos Bastos, retratando a importância da cor para a

    4 Mesmo sendo a pesquisa realizada na Alemanha, não influencia no estudo aqui proposto, já que no livro elaaborda situações históricas de várias sociedades.

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    19 

     publicidade, explicando desde como somos capazes de visualizar as coisas, processo

    fisiológico, até o aspecto psicológico, finalizando que quando a cor é pensada no anúncio visual

    comunica mais facilmente com o público-alvo. Para eles:

    As cores são uma espécie de código fácil de entender e similar. [...] As cores formamuma linguagem imediata que tem a vantagem de superar muitas barreiras idiomáticascom seus conseguintes problemas de decodificação.Alguns dos efeitos da cor são: dar impacto ao receptor, criar ilusões ópticas, melhorara legibilidade, identificar uma determinada categoria de produto, entre outros (2011,

     p.121).

    A obra do professor da escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

    (USP), Luciano Guimarães,  A cor como informação: a construção biofísica, linguística ecultural da simbologia das cores, que apresenta a cor nos âmbitos dos códigos primários, que

    são os da percepção; dos códigos secundários, que são os da linguagem; e dos códigos

    terciários, que são os culturais, demonstrando como a construção significativa da cor se dá em

    conjunto destes códigos.

    A simbologia das cores dependerá do armazenamento e a transmissão do seu conteúdoque pode, afinal, transpor períodos do seu conteúdo que pode, afinal, transpor períodosde tempos maiores ou ter validade por um período menor, assim como pode variar em

    relação ao repertório compartilhado por aqueles que participam do processo dacomunicação (2000, p.87).

    E a obra do escritor e pensador alemão Johann Wolfgang von Goethe,  Doutrina das

    Cores, onde ele classifica as cores em fisiológicas (da visão, a percepção), físicas (tem origem

    em meios translúcidos ou opacos) e químicas (provém do objeto). Nesse livro, o autor apresenta

    vários exemplos e experiências que explicam porque ocorrem tais fenômenos em relação a

     percepção com as cores e também sobre o seu estudo a respeito da preferência e simbologia da

    cor.

    Cada cor produz um efeito especifico sobre o homem ao revelar sua essência tanto parao olho quanto para o espírito. Conclui-se daí que as cores podem ser utilizadas paracertos fins sensíveis, morais e estéticos (2013, p.191).

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    1.6 Metodologia

    O método de estudo adotado é da análise comparativa, porque possibilita comparar as

     personalidades das personagens identificadas durante a leitura dos mangás, para verificar se háou não padrão de cor do cabelo com a personalidades entre as obras. A análise é das personagens

    que aparecem nas capas dos mangás. Foram analisadas três obras de Akamatsu:  A.I. ga

    Tomaranai! lançado em 1994, Love Hina lançado em 1998, e Mahou Sensei Negima! lançado

    em 2003. A escolha de somente estas três foi por falta de acesso da disponibilidade do mangá 

    na língua portuguesa, sendo que somente duas obras foram lançadas no Brasil.

    Para a análise foram escolhidos cinco personagens com cores diferentes em cada obra,

    mas com cores semelhantes entre as demais obras. Sendo as cores escolhidas: o preto, já que éa cor frequente na sociedade oriental, o roxo, por sempre ser encontrado nos mangás, o marrom,

    mas com um tom mais escuro, que é a cor de cabelo mais comum do ser humano, o laranja, por

    estar presente nos mangás, principalmente nas obras de Akamatsu, e por fim, o amarelo, que

    existe nos cabelos, mas não muito frequente, estando mais concentrado na Europa. Não foram

    escolhidas as cores como rosa, verde e branco para a análise porque, mesmo sendo interessante

    o uso destas cores nos cabelos das personagens, nestas obras escolhidas para análise apenas

     Negima! encontra-se personagens de cabelo cor de rosa e verde, e o branco se torna complicado

     porque em A.I. ga Tomaranai!, o personagem de cabelo branco leva tons azuis, e o personagem

    que se aproximaria seria apenas de Negima!, porque em Love Hina, a personagem leva tons de

    amarelo no branco. Portanto, não se tornaria possível obter uma conclusão mais definitiva do

     padrão de cor com a personalidade das obras.

    Para a análise da existência de padrão entre as personagens de mesma cor de cabelo, as

    características foram organizadas de acordo com a cor de cabelo com todas as personagens de

    mesma cor de cada obra, para depois serem comparadas e assim poder verificar semelhanças

    entre o comportamento das personagens e as cores de seus cabelos.

    O critério para verificação do padrão entre as personagens de mesma cor de cabelo foi

    designado palavras-chaves durante a leitura, portanto, pode ocorrer outras interpretações, já que

    é uma classificação subjetiva. Para uma melhor visualização, foram elaboradas tabelas para

    cada cor de cabelo com as personagens de cada obra e as personalidades identificadas.

    Primeiramente analisando as três histórias em conjunto, e depois, entre os mangás  Love Hina e

     Negima!.

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    1.7 As obras usadas para a análise

     A.I. ga Tomaranai!5 ou  A.I. Love You, Love/I/A.I. Won´t Stop! e em português ficaria

    O amor não para (Figura 1), foi lançado em 1994 pela empresa Shonen Magazine Special e

    lançado pela Tokyopop6 em 2004, contendo 8 volumes. Do gênero Shonen7, ficção científica e

    comédia romântica, sendo classificada para maiores de dezesseis anos.8  Primeira série de

    Akamatsu como autor profissional, conta a história de Hitoshi Kobe que é um jovem

     programador que cria um A.I. ( Artificial Intelligence  - Inteligência Artificial) como mulher

     perfeita, mas em um dia de tempestade este A.I. sai do computador e se materializa, tornando-

    se sua namorada. Mais posteriormente aparecem as demais personagens criadas no computador,

    fazendo com que a vida pacata de Hitoshi se torne uma grande confusão.

    Figura 1 - Primeira capa de A.I. ga Tomaranai! em 1994.

    FONTE: Site da editora Kondasha.9 

    5 Nome em japonês, AIが止まらない! 6 Tokyopop é uma distribuidora de mangás e animês na língua japonesa, inglesa e germânica.Site oficial: http://tokyopop.com/. Acessado em 30 de março de 2015.7 Shonen: mangá para garotos adolescentes.8 THOMPSON, Jason. Manga: The Complete Guide. New York: Del Rey Books, 2007. Palavras-chaves: AILove You; Love Hina; Negima; Ken Akamatsu. 9  Kondasha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063120561. Acesso em 15 de maio de 2015.

    http://tokyopop.com/http://tokyopop.com/

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     Love Hina10, lançado em 1998 pela editora Kodansha por meio de 14 volumes e no

    Brasil pela JBC Mangás em 2005 com 28 volumes e depois, em 2013 na versão japonesa. Do

    gênero Shonen e comédia romântica, sendo indicada para maiores de dezesseis anos. Conta a

    história de Keitarô Urashima que está tentando entrar na Universidade de Tóquio (Toudai) pela

    terceira vez por causa de uma promessa que fez com uma garotinha quando era menor, mas não

    se recorda nada sobre a garota. Expulso de casa, ele vai para a estalagem da avó, na qual ele já

    morou em outra época, porém, esta estalagem se tornou uma pensão feminina. Agora Urashima

    tem que conquistar o coração das moradoras para conseguir uma moradia, além de se esforçar

     para entrar na Toudai e de recordar quem é a garota da promessa.

    Em uma entrevista com Akamatsu sobre o nome da série,  Love Hina é abreviação de

    “Love! Hinata-sou”, traduzido ficaria como: Hinata, Pensão do Amor.11  Love Hina foi o mangá de grande sucesso de Akamatsu, atingindo a marca de 6 milhões de exemplares vendidos.12 

     Mahou Sensei Negima!13 ou apenas Negima! foi lançado em 2003 no Japão, contendo

    38 volumes em sua versão original e na brasileira 76 volumes, lançado em 2006 pela JBC

    Mangás. De gênero Shonen, fantasia, ação e comédia romântica e indicado para maiores de

    dezesseis anos, a história é sobre Negi Springfield, um garoto de 10 anos que quer se tornar um

     Magister Magi (mestre mago) para poder encontrar o Mestre Milenar, seu pai, que desapareceu

    antes dele nascer. Mas, para isso ele terá que lecionar em uma escola de garotas (Mahora) paraconcluir seus estudos. Com muitas confusões e batalhas, Negi terá que concluir seu “estágio”

    sem que ninguém descubra que existem magos e procurar saber se seu pai está mesmo vivo ou

    morto, como todos dizem. De acordo com a JBC Mangás, Negima!,

     No Japão, a expectativa e o investimento feito em cima desse título foram tamanhasque, muito antes da decisão de produzirem o desenho animado, as 31 vozes pra cadauma das alunas do mangá já tinham sido escolhidas para lançar o CD com as falas dos

     personagens. [...] O próprio mangá não foge à regra e, toda vez que sai uma nova edição,

     Negima! está entre os 10 títulos mais vendidos da semana no arquipélago. No começodo ano passado (2005), começou a série animada para a TV. Outro fenômeno de público! A indústria dos games se empolgou e já saíram jogos para o PlayStation2 e para o GameBoy Advance.14 

    10 Nome em japonês, ラブ ひな 11  Mangás  JBC . Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/. Acesso em 04 de março de 2015.12  Editora  JBC . Disponível em:

    http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/. Acesso em 30 de março de 2015.

    13 Nome em japonês,魔法先生ネギま!14 Editora JBC . Disponível:http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/.  Acesso em 31 de março de2015.

    http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/

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     Love Hina e Negima! (Figura 2) foram as únicas obras de Akamatsu lançadas no Brasil.

    Ambas contêm a versão animada. Love Hina em 25 episódios e 5 OVAs (episódios especiais),

    com direção de Yoshiaki Iwasaki15  e exibido no ano 2000. E  Negima!  em 26 episódios e

    diversos OVAs, com direção de Nagisa Mitasai e exibido em 2005, pelo estúdio de animação

     japonesa XEBEC.

    Figura 2 - Esq. Love Hina, Dir. Negima! Volume 01 lançado pela JBC Brasil Mangá. Este volume as capas são iguais da japonesa.

    FONTE: Site JBC Mangás.16 

    15 IMBD. Disponível em:http://www.imdb.com/title/tt0279570/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast. Acesso em 30 de março de 2015.16  Love Hina: Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-01/. Acesso em 15 de maio de 2015. ;

     Negima!: Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/negima-01/. Acesso em 15 de maio de 2015.

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    1.8 Sobre o autor e suas demais obras

     Nasceu em 5 de julho de 1968 em Nagoya, província de Aichi, Japão. Na sua

    adolescência tentou entrar na Toudai, mas fracassou, este trecho da vida dele serviu deinspiração para o enredo de Love Hina. Podemos dizer e até mesmo o criador confirma, ele é o

    Keitarô na vida real. Mais tarde, tornou-se ilustrador na Comiket17, usando o pseudônimo Awa

    Mizuno. Ingressou no curso de literatura na Universidade de Chuo e durante a faculdade ganhou

    dois prêmios na revista Shonen Magazine. Akamatsu também ganhou o cobiçado prêmio 50th

    Shonen Magazine´s Rookie com o mangá  Hito Natsu no Kids Game.18 

    Em suas obras há inspiração de jogos simuladores de romances em que o personagem

    masculino tem uma gama grande de garotas para escolher uma que lhe agrade e do anime Tenchi Muyo, de Hitoshi Okuda; tem influências dos traços de autores como Izumi Matsumoto

    ( Kimagure Orange Road ), Yoshiyuki Sadamoto ( Evangelion) e Yoshihiro Togashi (Yu Yu

     Hakusho e  Hunter X Hunter ). Antes de se tornar um autor profissional, Akamatsu produzia

     fanzines  (revista feita por fã) construindo paródias de obras famosas, com isso pode-se ver

    algumas “homenagens”, como por exemplo, nomes de pessoas famosas em seus personagens.

    ( Idem)

    Sua primeira criação foi o mangá  Hito Natsu no Kids Game em 1993, que o fez ganhar

    o prêmio 50th Shonen Magazine’s Rock  quando ele ainda estava finalizando a faculdade. A

    história se passa nas férias de verão de Shinya Matsumoto que presencia um acidente de carro

    de mãe e filho. O menino é liberado rápido, no entanto a mãe fica internada e impossibilitada

    de cuidar do filho. Posteriormente aparece a irmã do menino que sofreu o acidente, Yuki

    Kirishima, que se torna colega de classe de Matsumoto. Com o desenrolar da história ambos

    acabam se apaixonando.19 

    A segunda criação foi A.I. ga Tomaranai!, mangá estudado nesta pesquisa. A terceira

    obra criada foi  Itsudatte My Santa20 em 1994, é um Oneshot   (história única, não há vários

    volumes). A história se passa na época do Natal contendo apenas dois personagens, a jovem

    Mai que é aprendiz de Papai-Noel e um garoto deprimido chamado Santa (referente a Santa

    17 Comiket: evento que ocorre no Japão, reunindo autores e fãs, dando a possibilidade de divulgar sua produção(animes, mangás e revistas), conhecido como fanzines.18  Mangás  JBC . Disponível em:

    http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/. Acesso em 04 de março de 2015.19 Google Books. Disponível em:http://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=y. 

    Acesso em 04 de março de 2015.20 Em japonês, いつだってMyサンタ. Em português seria Meu Papai Noel para Sempre.

    http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/http://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=yhttp://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=yhttp://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/

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    Claus que é Papai Noel em inglês, em uma tradução livre para o português ficaria apenas Noel)

    que sofria bulling  por causa de seu nome, além de ninguém comemorar seu aniversário, por ser

    na véspera de natal. Passando uma noite com Mai, sua visão a respeito da vida muda,

     percebendo o que é realmente importante.21 Em sua versão animada, contém dois OVAs  - o

     primeiro segue a base do mangá, mas no segundo episódio acontece adição de personagens. Os

    OVAs conseguem-se encontrar legendado em português. A quarta criação, que foi a mangá que

    fez maior sucesso, Love Hina.

    A quinta, Rikujou Boueitai Mao-chan ou Ground Defense Force! Mao-chan22 (Figura

    3) criado em 2002, conta a história de três garotas que defendem o Japão de alienígenas

     bonitinhos.23 Este há a versão animada (possível encontrar legendado em inglês). A sexta é

     Mahou Sensei Negima!. 

    E o mais atual é UQ Holder! (Figura 4), que se passa em uma época que a humanidade

    tem conhecimento sobre a existência da magia e está sofrendo suas consequências (em Negima! 

    nos volumes 15 a 18 retrata uma situação semelhante, com a diferença que queriam expor a

    magia, mas conseguiram voltar ao normal, sem ninguém saber sobre magia usando uma

    máquina do tempo  –  um relógio que misturava tecnologia e magia). Nas primeiras páginas

    ocorre uma introdução com uma das personagens de Negima!, a Evangeline McDowell, que é

    uma vampira muito poderosa e imortal. A história acontece no mesmo universo de Negima! sóque depois de 70 anos, mais precisamente em 2086, contando a história de Tota Konoe que vive

    em um vilarejo que ainda não foi muito influenciado pela magia, mas sonha em sair de lá para

    descobrir o que há na torre da capital. Sua aventura começa quando tenta sair da vila e tem que

    derrotar Evangeline que usa agora o pseudônimo de Yukihime. Ao falhar o rapaz é

    transformado em vampiro para não falecer e assim se uni a uma organização secreta de imortais,

    denominada de UQ-Holders.24 

    Atualmente, Akamatsu está casado com Kanon Akamatsu - que se tornou uma famosacosplayer  (que se fantasia de um personagem) por causa da influência de Akamatsu.25 

    21 AnimeNewsNetwork . Disponível em:http://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980. Acesso em: 04 de março de 201522 Em japonês: 陸上防衛隊まおちゃん. 23 Amazon. Disponível em:http://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDH. Acesso em: 04 de marçode 2015.24 Shonen Magazine. Disponível em:http://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholder. Acesso em 13 de abril de 2015.25 Goodreads. Disponível em:https://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsu. Acesso em 21 de abril de 2015.

    http://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980http://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDHhttp://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholderhttps://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsuhttps://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsuhttp://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholderhttp://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDHhttp://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980

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    Figura 3 - Volume 1 de Ground Defense Force! Mao-chan.

    FONTE: Site da editora Kodansha.26 

    Figura 4 - Capa 01 de UQ Holder! 

    FONTE: Site da editora Kodansha.27 

    26  Kodansha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063632453. Acesso em 15 de maio de 2015.27  Kodansha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063949902. Acesso em 15 de maio de 2015.

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    CAPÍTULO 2: Sobre os Mangás  e a Teoria da Cor

    2.1 Mangás  

    2.1.1 Origem

    Podemos classificar três momentos da história dos mangás. O primeiro, no período

    Heian28, com traços de influência chinesa, desenhados nos emakinomo, os rolos de papeis de

    arroz, que recebeu o título de Chôjû Jinbutsu Giga (Chôjûgiga), com autoria de Tôba Kakuyu29 

    (1053-1140), onde apresentam ilustrações de animais como que se fossem humanos (OI, 2009, p. 36). A segunda fase, no período Edo30, ocorre a impressão, a produção dos livros, essa fase

    se aproxima do atual mangá que conhecemos, enquanto na anterior as artes eram feitas em rolos

    de papeis em que a medida que eram desenrolados mostravam a história, com animais

    desenhados fazendo e agindo como humanos, no período Edo há a inserção de contos e lendas

    folclóricas japonesas.

    Os balões de diálogos nos mangás surgiram por volta do início do século XX, no

    entanto, indícios de uma estrutura similar já podiam ser encontradas em imagens produzidas no período Edo. ( Ibidem, p. 40)

    Após longos anos de isolamento mundial, no final do período Edo, o Japão abriu seus

     portos. Com influência norte-americana, no período Meiji31, o Japão começa a criar o seu

     próprio mercado editorial ( Ibidem, p. 47). O que tempo atrás as histórias retratavam contos e

    situações que o ser humano vivia, neste novo período, com a influência americana, utilizava

    esta arte para criticar e satirizar o governo. Mas, em 1941, na Segunda Guerra Mundial, as

    criações foram impedidas pela censura, sendo a produção utilizada para a propaganda do

    governo ( Ibidem, p. 56); e também foi nesta época que começou a criação de mangás para o

     público infantil.

    28 Período Heian, foi de 794 a 1185, período onde ocorreu grande influências chinesas, sendo a sua capital na épocana atual Kyoto.29 Tôba Kakuyu era monge zen-budista.30 Período Edo, foi de 1603 a 1868, período onde foi proibido o contato dos japoneses com os estrangeiros e dosestrangeiros entrarem no Japão, foi o período mais longo de paz e também surgiu o maior samurai de todos, o

    Miyamoto Musashi, sendo a sua capital na época na atual Tóquio.31 Período Meiji, foi de 1867 a 1902, termino do sistema feudal do Japão e extinção dos samurais, com a aberturados portos o Japão viu como estavam atrasados em relação ao mundo e se modernizaram se tornando uma grande

     potência econômica.

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    Com o fim da Segunda Guerra, o Japão ficou sob a ocupação do governo norte-

    americano, é neste momento que entramos na terceira fase dos mangás, como conhecemos

    atualmente.

    Sob influências de Walt Disney e dos Fleischer Brothers, na década de 1940, o japonês

    mangaká Osamu Tezuka, começa a desenvolver o seu próprio estilo, tornando-se o “Deus do

    mangá” (manga no Kamisama), por conta da sua revolução estrutural nas histórias em

    quadrinhos japonesas. Tezuka, além de inovar a construção dos mangás, ele também animou

    as suas histórias, os animês. Foi no início da década de 1960 que Tezuka realizou seu sonho de

    animar as suas histórias. Como argumenta Oi em sua pesquisa,

    Osamu conseguiu baixar o custo das animações, e novamente realizar uma grandeinovação, adaptar as histórias e os personagens dos mangás  para o meiocinematográfico, em series de animações semanais, com a duração de vinte e seteminutos, estrutura que logo passou a ser adotada por outras emissoras e produtoras deanimação, marcando a introdução dos animês na cultura popular japonesa. (2009, p. 65)

    Osamu Tezuka foi criador de obras como  Astro Boy e  A Princesa e o Cavaleiro que

    ficaram conhecidas mundialmente (Figura 5).

    Figura 5 - Selo de Osamu Tezuka junto com alguns de seus personagens

    FONTE: (http://www.japaoemfoco.com/wp-content/uploads/2011/10/400x262xSelo-Tezuka-Ossamu.jpg.pagespeed.ic.8IxKScUn6j.webp. Acesso em 29 de agosto de 2015)

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    2.1.2 Estruturação dos mangás  

    Para o leitor brasileiro de história em quadrinhos em seu primeiro contato com os

    quadrinhos japoneses poderá estranhar. As editoras brasileiras na primeira página colocam umaadvertência (Figura 6), porque, por mais estranho que pareça a leitura, no Oriente ocorre de trás

     para frente, da direita para a esquerda. Ou seja, o que para a sociedade ocidental é a primeira

     página da história, no mangá será a última.

    Figura 6 - Página de advertência dos mangás brasileiros

    FONTE: (AKAMATSU, Ken. Love Hina vol.09. São Paulo: JBC, 2005)

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    Além do formato da leitura, no Japão a distribuição das histórias é diferente. Cada título

    costuma lançar um capítulo semanalmente em revista específica, aos olhos do Ocidente, estas

    revistas parecem com as listas telefônicas. Além da diversidade de títulos, a sua impressão é de

     baixa qualidade e são feitas com o mesmo papel utilizado em jornais, os mangashi. Mas para o

    leitor que gostou de algum título, para colecionar a história tem o lançamento da história em

    volumes, que são os tankôbon - são menores e com a impressão melhor (Figura 7). Os tankôbon 

    são para colecionar, enquanto o formato mangashi  é para acompanhar a história e depois

    despachar para a reciclagem (OI, 2009, p.32). No Brasil não há o lançamento no formato dos

    mangashi, mas sim dos tankôbon, no entanto, há alguns títulos que a editora opta em lançar

    meio tankôbon, ou seja, se o tankôbon original tem dez capítulos, no Brasil terá apenas cinco

    capítulos por volume. Um exemplo deste tipo de lançamento são o  Love Hina e Negima!, queacabou tendo o dobro dos volumes no lançamento brasileiro em relação ao original japonês.

    Figura 7 - Esq. Mangashi, Dir. Tankôbon 

    FONTE: (do autor)

     No entanto, não é apenas o formato da leitura que se diferencia o mangá dos comics. A

    construção é diferente. Começando pelo layout , nos mangás  contém poucos quadros nas

     páginas podendo ser em diversos formatos, tamanhos e direções (OI, 2009, p. 30), e não há a

    utilização das cores para a dramatização da história ( Ibidem, p. 33). As onomatopeias nos

    mangás  não são apenas complementos iguais como são tratados nos comics  ( Ibidem, p.29).Como apresentado por Oi, “em um quadrinho sem diálogos, os efeitos sonoros indicam a chuva

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    31 

    ou o vento tendem a intensificar a sensação de silêncio”. ( Ibidem, p. 29-30, apud  MOLINÉ,

    2004, p.32). Porém, para a tradução para outro idioma, como o português, se torna um pouco

    complexa, as editoras brasileiras mantêm a escrita original das onomatopeias, colocando dos

    lados o que seriam (como por exemplo snif, buum...) e muitas vezes legendas do que significam

    (Figura 8), mas por conta do trabalho de adaptação que se torna necessário, acaba perdendo o

    significado original (SANTO, 2013, p.10).

    Figura 8 - Onomatopeias e legendas no mangá Love Hina no Brasil

    FONTE: (AKAMATSU, Ken. Love Hina vol.09. São Paulo: JBC, 2005)

    A construção do enredo nos mangás de hoje é diferente em relação aos primórdios do

    mangá. Osamu Tezuka para deixar a história mais dinâmica usou técnicas cinematográficas,

    técnicas como  slow-motion, close-ups e  freezers  nos mangás. Com traçados limpos e

    simplificados torna-se difícil definir os personagens femininos e masculinos, mas a construção

    das personagens com olhos grandes e bocas mais expressivos, faz com que o leitor consiga

    sentir o que se passa com a personagem em relação aos sentimentos (SANTO, 2013, p.10).

    Com base de uma composição equilibrada com o uso do claro e escuro, como apresentada pela

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    32 

    Santo, os “ personagens parceiros e antagonistas têm a sua concepção ligada a esta regra, o que

    significa que, se um tem cabelo claro, outro terá escuro, ou que suas vestimentas terão este

     balanceamento de cor ” (2013, p.10).

    Os mangás tem várias ramificações, sendo classificados por idade, sexo ou gênero. Os

    mais conhecidos são os estilos Shonen, que são mangás voltados para o público masculino

    adolescente, que retratam histórias onde o protagonista tem que se fortalecer e vencer os

    inimigos. Neste estilo encontramos os mangás como Dragon Ball  de Akira Toriyama, Naruto 

    de Masashi Kishimoto, e One Piece de Eiichiro Oda. O estilo Shojo, que são histórias voltadas

     para o público feminino adolescente, este estilo costuma retratar histórias românticas como

    Sailor Moon de Naoko Takeuchi (NORONHA, 2013, p.49). Além destes citados há outros que

    diversifica o público alvo ou o gênero da história, como por exemplo, para o público masculinoadulto é o Seinen e para o feminino o Josei, para o público infantil é o Kodomo. Dos gêneros

    temos Magical girl , que são histórias com garotas com poderes mágicos, Mecha, que são com

    robôs gigantes, Yuri, que representa as histórias de amor entre meninas e Yaoi, que é o amor

    entre meninos, o Harém, que são histórias onde o personagem masculino é rodeado por várias

    garotas, o gênero Hentai, que representa os mangás pornográficos e o Ecchi que é um Hentai,

    no entanto mais leve.32  O que se torna interessante nos mangás  é que a obra não precisa

    necessariamente seguir a rigor um determinado gênero, por exemplo, o mangá pode ser Shonen,mas conter garotas mágicas ( Magical girl ) e robôs ( Mechas).

    2.1.3 Influência da cultura pop japonesa 

    De acordo com Oi, “o Ocidente passou a ter contato com os mangás a partir do final da

    década de 1970” (2009, p. 26), no entanto, foram vistos com maus-olhos, por conta das cenas

    de violência e por seus temas sobre sexualidade, sendo interpretados como uma leitura imoral pelos ocidentais. “Esta definição passou a ser exaustivamente divulgada pela mídia no

    Ocidente, gerando preconceito e negatividade para com as histórias em quadrinhos produzidas

    no Japão” ( Ibidem, p. 26). Mesmo com a mídia criticando os mangás, muitos brasileiros vão

    em busca das histórias em quadrinhos japonesas e acabam se interessando sobre a cultura e o

    idioma japonês ( Idem).

    32  Japão Curioso: Disponível em:http://japaocuriosoo.blogspot.com.br/2013/05/momento-otaku-1-conheca-os-varios.html. Acesso em 06 desetembro de 2015.

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    Esse interesse se dá por conta dos mangás  trazerem personagens mais reais,

    apresentando problemas e dificuldades de um ser humano, os personagens precisam vencer seus

    medos, irem trabalhar ou frequentar a escola, tem sonhos e desejos e também fazem escolhas

    erradas. Além da estrutura das construções dos quadros e problemáticas que os personagens

     passam, a narrativa mantém uma continuidade, os personagens crescem com o decorrer da

    história. Por causa dessa realidade somada a ficção, faz com que cada ano cresça o consumo

    das histórias em quadrinhos japonesas no Brasil.

    Como apresentado no artigo de Santo, a pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro no

    ano de 2008, Retratos de Leitura no Brasil , mostrou o interesse pelas histórias em quadrinhos

     para os brasileiros, “sendo o gênero mais lido entre os homens e o sétimo mais lido entre as

    mulheres” (2013, p. 02); e a pesquisa da Divisão de Economia Japonesa que “registraram oaumento crescente e ininterrupto no consumo de mangás  pelo Ocidente” ( Ibidem, p.3).

     No Brasil as editoras responsáveis por trazer as histórias nipônicas são: Panini que se

    iniciou no Brasil em 1989 com sede em São Paulo, atualmente responsável pela publicação das

    revistas em quadrinhos como Turma da Mônica  –  MSP ,  Marvel Comics,  DC Comics, entre

    outras.33 E a Editora Japan Brasil Communication (JBC), fundada em 1995, porém só depois

    de quatro anos a editora entrou na área dos mangás, sendo Sakura Card Captor  do estúdio

    CLAMP, e Samurai X de Nobuhiro Watsuki seus primeiros títulos lançados. Parceira das principais empresas de comunicação do Japão, como: Kodansha, Tezuka Productions, Media

    Works, Kyodo News, Graphic-Sha, entre outras.34 

    Estima-se que a indústria de mangás tenha um lucro anual de sete bilhões de dólaresembora tenha somente há pouco tempo se despertado para o mercado internacional. [...]As exportações de quadrinhos cresceram 300% entre 1992 e 2002, enquanto outrossetores exibiram um crescimento de apenas 15%. Atualmente são produzidas noventa etrês milhões de páginas por ano. Todo o entorno industrial da produção de mangás éavaliado em aproximadamente setecentos bilhões de ienes. (SANTO. 2013, p. 03)

    Por conta da popularidade do mangás e dos animês se criou eventos especiais para estes

     públicos que no Brasil se nomeiam de otaku, que significa “que gosta da cultura nipônica”, no

    entanto a palavra otaku no Japão significa uma pessoa fissurada em determinada coisa a ponto

    de se isolar do mundo (NORONHA, 2013, p.65).

    33  Panini Comics: Disponível em:http://www.paninicomics.com.br/web/guest/who. Acesso em 11 de setembro de 2015.34  Editora JBC : Disponível em:http://www.editorajbc.com.br/jbc/. Acesso em 11 de setembro de 2015.

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    O World Cosplay Summit  (WCS) é o evento dedicado para os fãs de mangás, animês e

     jogos, seu início se deu em 2003 em Nagoya, Japão, reunindo cosplayers do mundo todo para

    o campeonato mundial de cosplay. Este evento vem crescendo anualmente. Atualmente para o

    campeonato já se encontra com mais de vinte países participantes.35 

     No Brasil ocorrem várias convenções que unem o público otaku durante o ano todo,

     porém a maior que ocorre é o Anime Friends, que acontece anualmente em São Paulo capital

    durante uma semana, realizando diversas apresentações e o campeonato de cosplay que define

    quem representará o Brasil no campeonato da WCS ( Ibidem, p.67).

    2.2 Teoria da Cor

    2.2.1 Percepção fisiológica da cor

    Estamos sempre rodeados pelas cores. Quem mora nas cidades encontrará mais os tons

    neutros, como o cinza; o colorido estará nos outdoors; quando vamos para o campo,

    encontramos mais cores, como tons de verdes em uma floresta e o colorido das flores, pássaros

    e animais.

    Para podermos enxergar toda a beleza das cores é necessário ter a presença da luz, semela será só por meio de artefatos tecnológicos. A luz atingi o objeto que reflete estes raios, assim

     podemos enxergá-lo (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p.27).

     Nossos olhos são espécie de câmara óptica, seguem o princípio da câmara obscura e se

     parecem com uma câmera fotográfica convencional (Figura 9). Nossos olhos capturam a

    imagem invertida e ela se endireita no nosso cérebro ( Ibidem, p.28). Composto por várias lentes,

    faz com que os raios luminosos sejam levados mais para o interior. A estrutura do olho é

     bastante complexa, como a retina, que contém cento e trinta milhões de células receptoras

    sensíveis a luz, sendo responsável por receber a imagem e transmitir para o centro visual.

    Formada por células como os bastonetes, que são sensíveis a luz e a qualquer mudança dela, e

     pelos cones, que são responsáveis pela visão da cor e dos detalhes ( Ibidem, p.33).

    35 World Cosplay Summit : Disponível em:http://www.worldcosplaysummit.jp/en/about/. Acesso em 11 de setembro de 2015.

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    Figura 9 - Comparação da visão humana com a câmera fotográfica convencional

    FONTE: (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p.28)

    2.2.2 Classificação da cor

    Os estímulos causados pelas sensações cromáticas são:

    - as cores-luz, ou luz colorida, são cores que provém da luz solar. Com o estudo

    de Isaac Newton (Figura 10) sobre os fenômenos luminosos onde ao colocar um prisma

    e fazer o raio de luz passar, surgem as cores do espectro (vermelho, laranja, amarelo,

    verde, azul, anil e violeta), e com um segundo prisma, retornava a luz branca original

    (PEDROSA, 2014, p.60).

    Figura 10 - Experimento de Isaac Newton

    FONTE: (PEDROSA, 2014, p.60)

    - as cores-pigmento (Figura 11), são as substâncias corantes (como vermelho,

    amarelo e azul, que são consideradas cores primárias, porque não podem ser criadas pela

    mistura de outras cores, e o laranja, verde e violeta, que são consideradas cores

    secundárias, por derivarem da mistura de duas cores primárias), classificadas por Goethe

    como cores químicas, que são as que podemos criar. Elas absorvem, refratam e refletem

    os raios luminosos ( Ibidem, p.20-21).

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    Figura 11 - Cores-pigmentos

    FONTE: (PEDROSA, 2014, p. 23)

    Além da classificação de cores-luz e pigmento, as cores também podem ser divididas

    em cores quentes e frias, dadas por conta da sensação de proximidade (quentes) e

    distanciamento (frias). Entre outros aspectos, como apresentado por Guimarães (2000, p.34)

    uma das definições das cores criada por Hermann von Helmholtz36, que foi retomada por Albert

    Munsell37 no Livro da Cor , de 1905, onde classifica a cor em três características (Figura 12):

    1. Matiz, que é a coloração, onde se determina o comprimento da onda;

    2. Valor, que é a luminosidade, quanto a cor se aproxima do preto e do branco;

    3. Croma, que é o grau de pureza da cor, ou também conhecido como a saturação dacor;

    36 Hermann von Helmholtz, cientista e filósofo alemão, fez contribuições fundamentais para a fisiologia, ópticaentre outros. Conhecido pela sua declaração da lei da conservação da energia. (Disponível em:http://global.britannica.com/biography/Hermann-von-Helmholtz. Acesso em 16 de julho de 2015).37 Albert Munsell, artista e renomeado como professor pela escola “Normal Art School” em Boston, conhecidaatualmente como “Massachusetts College of Art and Design” ou “MassArt”. Inventou o fotômetro e o cavalete de

    artista. Ele se dedicou ensinando sobre as influências que envolve a teoria cientifica das cores, usada como baseaté hoje. (Disponível em:http://munsell.com/about-munsell-color/munsell-color-company-history/albert-h-munsell/. Acesso em 16 de julhode 2015.

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    Figura 12 - Classificação da cor criada por Helmholtz

    FONTE: (PEDROSA, 2014, p. 212)

    2.2.3 Processo cultural da cor

    A construção simbólica da cor vem da vivência do ser humano com ela, tanto quealgumas cores, por conta da dificuldade de sua produção, acabavam sendo utilizadas pela alta

    aristocracia, como por exemplo, a púrpura e o vermelho, e com isso se construía um significado

    em cima da cor, o de poder. Além disso, construía em relação de como que achava determinada

    cor na natureza, como o amarelo, por conta do sol, interpretava a cor algo que é alegre e

    revigorante. De acordo com Farina, “desde a Antiguidade, o homem tem dado um significado

     psicológico às cores e, a rigor, não tem havido diferença interpretativa no decorrer dos tempos” 

    (2011, p.96).A nomenclatura de cada cor tem relação ao conhecimento e percepção de cada povo,

    como explicado por Guimarães no capítulo sobre a classificação cultural das cores (2000,

     p.100), a percepção da cor para uma população que vive numa região árida será diferente de

    uma que se encontra em um território mais tropical, com uma vasta floresta, e do que vive no

    Alasca, já que a gama de cores de cada lugar é diferente, enquanto um verá mais tons de amarelo

    e laranja, o outro verá tons mais de verde, e o outro tons de branco, e com isso cada um criará

    diversos nomes para cada tonalidade que visualizar. Mas dificilmente a pessoa que vive no

    Alasca, por exemplo, identificará todas as cores que a população que vive no território mais

    tropical identificou, e vice-versa. A nomeação de cada cor se dá também pelo repertório do

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    indivíduo, se ele souber como foi produzida aquela cor ou de onde veio, colocará na

    nomenclatura, como por exemplo, azul da Prússia e vermelho-cádmio.

    Mas muitos não sabem a origem de cada cor, conhecendo apenas algumas cores como

    vermelho, azul, amarelo, laranja e verde, acabam colocando na nomeação da cor algo como

    vermelho-azulado, verde-amarelado, para dizer que a primeira cor falada é a que predomina,

    mas a segunda também aparece.

    A preferência de cada cor também está ligada na percepção de cada um, o que se pode

     perceber que na sociedade europeia a cor idealizada acaba sendo o branco, tanto que Goethe

    afirma, “o homem branco é o mais belo” (GOETHE, 2013, p.143), mas ele é alemão, e a cor de

     pele que predomina naquela região é o branco, enquanto na China, eles idealizam a cor amarela,

     por conta da cor da pele daquele povo (HELLER, 2013, p.97), e o preto acaba tendo outrosignificado na população africana ( Ibidem, p.145). O que se pode perceber é que o ser humano

    idealiza a cor perfeita em relação à cor da pele. Tanto que os significados destas cores acabam

    se alterando. O branco, enquanto na Europa e para os ocidentais, simboliza a luz, a vida e o

     bem, na China e orientais é a morte, o fim, o nada (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p. 97).

    Enquanto no Ocidente o amarelo tem um lado negativo, como representação da inveja,

    do ciúme, da avareza e do egoísmo, na China o amarelo é sempre bom, não importando a

    composição (HELLER, 2013, p.98). Podemos visualizar esta diferença na coloração do símbolode Yin e Yang  (Figura 13), enquanto no Ocidente é em preto e branco, no Oriente é preto e

    amarelo.

    Para os chineses o branco não é a cor complementar do preto, além de Yin  e Yang  

    representar o masculino e o feminino, o preto e o branco para eles são cores femininas. Os

    europeus não concordam com isso, tanto que a população ocidental sempre vê o Yin e Yang  em

     preto e branco. Mesmo as cores sendo adaptadas para cada contexto, na questão simbólica

    continuam igual. Yin  e Yang  representam os opostos, se na Europa conservasse a coloraçãochinesa do símbolo, seu significado não faria sentido para os ocidentais.

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    Figura 13 - Símbolo de Yin e Yang  na China

    FONTE: (HELLER, 2013)

    Mas para ocorrer esta construção simbólica da cor é necessário ocorrer a construção do

    código primário e secundário apresentado por Guimarães, “a cor é um dos elementos da sintaxe

    da linguagem visual, que ela é determinada pelos códigos primários e organizada sob as regras

    de composição dos códigos secundários” (2000, p.85).

    Sendo que o código primário é da percepção do indivíduo, aspecto fisiológico,

    responsável pelo órgão da visão, o olho, e é transmitido hereditariamente. De acordo com

    Pedrosa esta percepção altera de pessoa para pessoa. Isto ocorre porque a percepção está ligada

    ao estado fisiológico e psíquico do ser humano, além de outros fatores, como o uso de drogas

    que pode motivar uma “hipersensibilidade à cor ”  (PEDROSA, 2014, p.87). O código

    secundário é o código da linguagem, este não tem relação com a genética, e sim, com como são

    feitos os registros e as transmissões dos signos, criando um repertório com o código primário,

    a percepção, com as regras do código secundário, e com isso “passa a constituir o que

    conhecemos superficialmente como linguagem das cores” (GUIMARÃES, 2000, p. 53). 

    Porém, para todo este entendimento foi com base na experiência que se percebeu a

    influência da cor para o ser humano, como argumenta Goethe, “a experiência nos ensina que

    cores distintas proporcionam estados de ânimo específicos” (2013, p. 166), e ele explica sobre

     preferência em usar determinada cor por um povo, como os franceses, que de acordo com

    Goethe, os franceses “amam cores intensas”, porque são “povos calorosos” ( Ibidem, p. 177), eargumenta que “o caráter da cor da roupa tem a ver com o caráter da pessoa” ( Ibidem, p. 178).

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    O que se pode perceber é que a cor é uma linguagem que mesmo que nós, seres humanos,

    coloquemos códigos fixos não é possível limitá-la apenas em códigos, como Goethe diz, a cor

    nos faz ter “estados de espírito” ( Ibidem, p. 177), sensações e também está relacionada a

    convivência social. Como argumenta Pedrosa, “a variedade de significados de cada cor, ao

    longo dos tempos, está intimamente ligada ao nível de desenvolvimento social e cultural das

    sociedades que os criam” (2014, p. 110). 

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    CAPÍTULO 3: As cores nas obras de Ken Akamatsu

    3.1 Sobre as cores e as personagens

    3.1.1 Preto 

    O preto é uma cor ou não? Este é um questionamento frequente que se encontra no

    estudo das cores, principalmente esta. O que se pode concluir é que depende do que se esteja

    retratado. Se for em cor-pigmento, preto é cor, sendo até mesmo a mistura de todas as cores,

    mesmo sendo teoricamente, como é afirmado por Pedrosa:

    Teoricamente, o preto representa a soma das cores-pigmentos na mistura que produz asíntese subtrativa, mas o que se denomina preto nessa síntese é, a rigor, um cinza escuro,também chamado cinza-neutro, por não ser influenciado preponderamente por nenhumacor (2014, p.132).

    Mas quando se trata de cor-luz, preto se torna a ausência da luz, quem se sobressai é o

     branco, sendo este a mistura de todas as cores.

     Na sociedade ocidental o preto é considerado uma cor masculina, quando se adiciona o

     preto em qualquer cor esta se torna suja, mais escura e seu significado se torna negativo, mesmo

    que a cor primária não contenha significados negativos, ao contrário do seu oposto, o branco,

    que ao ser adicionado a outra cor, o seu significado se torna positivo, chegando a anular o

    significado negativo da cor.

    O preto é a cor da individualidade e da elegância, quem usa vestimentas desta cor, negou

    as demais cores e o desejo de chamar a atenção, mostrando que o seu interior é mais importante,

    não sendo necessário mostrar para o exterior (HELLER, 2013, p.141).

    O preto é a cor que está presente na sociedade oriental e ocidental, mas principalmente

    na oriental em seus cabelos escuros e nos mangás, que por serem impressos em preto e branco

    todas as cores que não são claras, como marrom, roxo e azul acabam se tornando em preto na

    história, tanto que se a personagem não aparecer na capa ou em uma ilustração colorida do autor

    não tem como definir corretamente que cor é o cabelo. 

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    Figura 14 - Personagens de cabelo preto

    FONTE: (A.I. ga Tomaranai! Vol. 08(novo); Love Hina Vol. 05; Mahou Sensei Negima! Vol.06.)

    Além de ser a cor predominante dos mangás, pode-se ver a valorização da cultura

    nipônica neles, principalmente as estudadas aqui. Em Love Hina, Motoko Aoyama (Figura 14

     –  centro) vem de uma família de samurais com o estilo Shinmei38, ela tem que se tornar forte

     para herdar o estilo da família, já que sua irmã mais velha não pode herdar porque se casou, e

    quando se casa perde este direito. Por conta da sua irmã ter largado o estilo para ter uma vida

    de dona de casa, Motoko cria o sentimento negativo a respeito dos homens, pensando que foi

    culpa dos homens ter “roubado” a irmã dela, já que ela gostava muito da irmã. Motoko é uma

    representação clássica da cultura japonesa, focando nos samurais, desde a cor do cabelo preto

    até as vestimentas e as suas atitudes na história.

    Em  Negima!  a representação da cultura japonesa está na personagem Setsuna

    Sakurazaki (Figura 14  –   direita), que também é samurai, mas esta, além de ter um estilo

    específico da família, ela tem que proteger a Konoka (Seção 3.1.3). Setsuna foi colocada nesta

    responsabilidade desde pequena, tanto que Konoka cria um carinho por ela, chegando a não

    entender quando ela a abandona. Setsuna se distanciou por conta de um acidente que ocorreu

    com Konoka, ela não aceita por ser tão fraca ao ponto de não ter conseguido protegê-la, nãoentendendo que ambas eram muito pequenas, mas mesmo assim, Setsuna protegia Konoka a

    distância, mas sempre sozinha. Setsuna e Motoko são bem parecidas, além de ambas serem de

    uma família com um estilo de samurai, são dedicadas, mas inseguras com os seus sentimentos,

    ambas têm uma evolução na história, compreendendo que elas podem ter o estilo, serem fortes

    e proteger quem elas amam, mas também serem felizes, terem amigos e serem garotas comuns.

    Das obras analisadas, a mais diferente é de A.I. ga Tomaranai!, Toni ou Twenty (Figura

    14 –  esquerda), é um A.I. ( Artificial Intelligence - Inteligência Artificial) de número vinte, a

    38 Shinmei: Uma arte marcial de Kyoto. (AKAMATSU, 2007, p.84.)

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     primeira A.I. com forma mais atraente que Hitoshi Kobe consegue criar, mas com um pequeno

     problema, ela só tinha duas configurações, romântica ou hostil. Hitoshi fica muito decepcionado

    consigo mesmo porque ele queria uma namorada amável, algo que Twenty não era, tanto que

    ele a desativa. Porém quando ela cria vida e descobre que foi substituída por Thirty (Seção

    3.1.5), Twenty fica com muito ciúmes, faz de tudo para prejudicar Thirty, mas descobre que ela

    é muito amável, então decide ajudá-la a evoluir no namoro com Hitoshi. No primeiro

    lançamento do mangá, Twenty aparecia nas capas com o cabelo preto, no relançamento da obra,

    nas primeiras capas, ela aparece com o cabelo comprido de cor marrom escuro, no entanto

    quando ela corta o cabelo aparece com cor preto novamente.

    Este mangá é complexo, lembra Love Hina, mas como se fosse um protótipo, quando a

    história continha uma problemática, Akamatsu dava um fim para ela muito rápido, contendomuitos festivais de praias, que acaba se tornando repetitivo. A problemática principal se perde

    (se é que pode considerar que tinha uma), muitos acontecimentos ficam perdidos.

    Por parecer um protótipo de  Love Hina, Twenty se parece com duas personagens, a

    Mitsune que é amiga de Naru Narusegawa (Seção 3.1.4) e a tia de Keitarô, Haruka. Mitsune foi

    apelida de Kitsune (raposa) por ser astuta e esperta, sempre querendo tirar vantagem e cuidar

    da vida das moradoras da pensão. Já Haruka é a mais velha que aparece na pensão, sempre

    séria. Twenty lembra Haruka e Mitsune porque depois que chega a/o Forty (Seção 3.1.4), elaadota uma postura mais materna, mas sem deixar de dar “ pentelho” onde não era chamada.

    As personalidades das personagens de cabelo preto encontradas durante a leitura podem-

    se visualizar na tabela a seguir:

    Tabela 1 - Personalidades das personagens de cabelo preto

    Obras Personagem Personalidades

     A.I. ga Tomaranai!  Twenty Arteira; Autoritária;

    Dominadora; Egoísta; Esnobe;Festeira; Malvada; Safada;

     Love Hina  Motoko Aoyama Dedicada; Determinada; Forte;Insegura com os sentimentos;Perfeccionista; Séria; Tímida;

     Mahou Sensei Negima!  Setsuna Sakurazaki Fria; Insegura com os

    sentimentos; Protetora; Séria;Tímida

    FONTE: (do autor)

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    3.1.2 Roxo 

    Violeta, roxo, lilás ou púrpura, não importa como se nomeia, a cor a ser estudada aqui

    é a mistura do azul com o vermelho, sendo identificada em quarenta e um tons no livro  A

     psicologia das cores de Eva Heller (2013, p.192), esta podendo ter tons mais para o azul ou

     para o vermelho. Esta cor é a mais ambígua das cores, já que em sua composição contém dois

    opostos. Como argumenta Heller:

    Em nenhuma outra cor se unem qualidades tão opostas como no violeta: é a união dovermelho e do azul, do masculino e do feminino, da sensualidade e da espiritualidade.A união dos opostos é o que determina a simbologia da cor violeta ( Ibidem, p.193).

    Considerada como cor feminina. Simboliza a devoção e a fé, já que os sacerdotes autilizavam. Do poder, por causa do custo elevado de sua produção na Idade Média, sendo assim,

    utilizada apenas pela realeza (WILLS, 1997, p.45). Simboliza também a saudade, ciúmes,

    magia, calma, dignidade, variando de acordo com o tom.

    O violeta não é uma cor comum de se encontrar na natureza, e mesmo quando

    encontrada, como por exemplo, a flor violeta, há de diversas cores (HELLER, 2013, p.200). No

    cabelo não existe naturalmente, só por tingimento, nos mangás dificilmente não achará uma

     personagem que tenha algum tom desta cor na história, mas raramente elas são as protagonistas.

    Figura 15 - Personagens de cabelo roxo

    FONTE: ( A.I. ga Tomaranai! Vol. 08 (novo); Love Hina Vol. 06; Mahou Sensei Negima! Vol. 15.)

    Para representar esta cor nas obras de Ken Akamatsu foi selecionado, de  A.I. ga

    Tomaranai!, Yayoi Kobe (Figura 15 –  esquerda), irmã de Hitoshi Kobe, mora com os pais nos

    Estados Unidos, mas vem para o Japão determinada em buscar o irmão. Constrói A.I.s como

    Hitoshi, mas de menor magnitude. Ela é uma personagem finalizadora, como a irmã de Keitarô,

    Kanako, que também tem o cabelo desta cor ( Love Hina volume 11 e 12) (AKAMATSU, 2007,

     p. 130-131).

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    Para Love Hina a escolhida é a Shinobu Maehara (Figura 16 –  centro), é uma das mais

    novas da pensão Hinata. Excelente cozinheira, mas bastante tímida, com a convivência dos

    moradores da pensão ela consegue vencer as suas dificuldades conseguindo no final entrar até

    na faculdade. Em Negima! a escolhida foi Nodoka Miyazaka (Figura 16  –  direita), ou garota

    dos livros, já que ela cuida da biblioteca da instituição. Tímida igual Shinobu, quando conhece

    o protagonista cria um carinho por ele. No final Nodoka mostrou ser uma ótima amiga, pois

    não seria por um garoto de dez anos que iria