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8/18/2019 Estudo Das Cores nas obras de Ken Akamatsu
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA
Rachel Alves de Souza da Silva
Estudo das cores nas Obras de Ken Akamatsu
DESIGN DIGITAL
Araraquara
2015
8/18/2019 Estudo Das Cores nas obras de Ken Akamatsu
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Rachel Alves de Souza da Silva
Estudo das cores nas Obras de Ken Akamatsu
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à bancaexaminadora do Centro Universitário de Araraquara,como exigência parcial para obtenção do título deBacharel em Design Digital.
Professor Orientador: Prof. Gabriel Arroyo
Araraquara2015
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Banca Examinadora
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_______________________________________
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Nota: ____ Data: ____ / ____ / _____________
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DECLARAÇÃO
Eu, Rachel Alves de Souza da Silva, RG: 37.081.634-1, aluna regularmente matriculada
no curso de Bacharelado em Design Digital do Centro Universitário de Araraquara, declaro ser
autora do texto apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, sob o título Estudo das
cores nas obras de Ken Akamatsu.
Afirmo, também, ter seguido as normas da ABNT para as menções e citações de textos
que não são de minha autoria, bem como não ter utilizado textos de outrem de forma indevida,
sempre os creditando a seus verdadeiros autores (Lei n. 9.610. 19/02/1998).
Por meio desta declaração, dou ciência de minha responsabilidade sobre o presente
trabalho e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos
direitos autorais e originalidade de conteúdo.
Araraquara, de de 2015
Assinatura
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Dedico este estudo a todos os fãs da cultura nipônica e para todos que
desejam um mundo mais vivo e colorido.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e paciência para
completar esta jornada em minha vida.
Aos meus pais, pelo amor e carinho que tem por mim e pelos meus irmãos.
Ao Hugo Santos Magalhães, por ter me ajudado na parte de inglês do projeto e por me incentivar sempre.
Ao Makino, por ter me emprestado os mangás e auxiliado sobre o japonês.
Ao orientador, por ter aceito o desafio e auxiliado durante o processo.
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“Sonhos, ilusões, são tudo o que eu tenho.
Se eu viver sem eles, não terei nada”.
Keitarô Urashima
( Love Hina - Ken Akamatsu)
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RESUMO
O presente estudo busca observar o segmento de elementos visuais nos quadrinhos japoneses,
em especial as cores de cabelos e os possíveis padrões nas personalidades das personagens nas
histórias. A coleta de informações iniciou-se em blogs e fóruns que discutiam tal semelhança,
porém, não foi encontrado nenhum trabalho científico sobre o tema específico. Este ineditismo
serviu de estímulo para buscar compreender estas relações das cores dos cabelos das
personagens nas histórias em quadrinhos japonesas (mangás) com os seus comportamentos. A
verificação tem como objetivo identificar a existência de padrões ou não. No entanto, analisar
todas as obras existentes no mercado editorial se tornaria inviável, sendo assim, para o recorte
da pesquisa foi escolhido o escritor Ken Akamatsu, que teve duas obras lançadas no Brasil:
Love Hina em 1998 e Mahou Sensei Negima! em 2003; e também para a análise o mangá em
inglês A.I. ga Tomaranai! de 1994. O método de estudo adotado foi a análise comparativa, que
possibilita a verificação da existência ou não de um padrão de cor relacionado com a
personalidade entre as obras. As características foram organizadas com todas as personagens
dos três mangás (uma de cada obra). Primeiramente analisando os três mangás em conjunto, e
depois, entre os mangás Love Hina e Negima!.
Palavras-chaves: Design. Teoria das Cores. Mangá. Ken Akamatsu. Personalidade.
Comportamento.
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ABSTRACT
This study aims to observe the segment of the visual elements in Japanese’s animes, specially
the hairs’ colors in the animation and the possible pattern in the characters’ personalities in the
stories. The information gathering started in blogs and forums that discussed this similarity,
however, did not found any scientific work about the specific theme. This originality served as
a stimulus to try to understand these relations with characters’ hairs’ colors of the characters in
Japanese comics (manga) with their behavior. The verification aims to identify the existence ofstandards or not. However, analyze every existing works in editorial market would become
unviable, for the excerpt of the research was chosen the writer Ken Akamatsu, who had two of
his works released in Brazil: Love Hina in 1998 and Mahou Sensei Negima! in 2003; and also
for analysis the manga A.I. ga Tomaranai! in English in 1994. The adopted study’ method was
the comparative analyses, which enables the verification of whether there is a color pattern or
not related to the personality among the works. The characteristics have been organized with
all the characters of the three manga (one at work). First analyzing the three manga together,
and after, between the manga Love Hina and Negima!.
Key-words: Design. Theory of Colours. Manga. Ken Akamatsu. Personality. Behavior .
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Primeira capa de A.I. ga Tomaranai! em 1994. ...................................................... 21Figura 2 - Esq. Love Hina, Dir. Negima! ................................................................................ 23Figura 3 - Volume 1 de Ground Defense Force! Mao-chan. .................................................. 26Figura 4 - Capa 01 de UQ Holder! .......................................................................................... 26Figura 5 - Selo de Osamu Tezuka junto com alguns de seus personagens ............................. 28Figura 6 - Página de advertência dos mangás brasileiros ........................................................ 29Figura 7 - Esq. Mangashi, Dir. Tankôbon ............................................................................... 30Figura 8 - Onomatopeias e legendas no mangá Love Hina no Brasil ..................................... 31Figura 9 - Comparação da visão humana com a câmera fotográfica convencional ................ 35Figura 10 - Experimento de Isaac Newton .............................................................................. 35
Figura 11 - Cores-pigmentos ................................................................................................... 36Figura 12 - Classificação da cor criada por Helmholtz ........................................................... 37Figura 13 - Símbolo de Yin Yang na China ............................................................................. 39Figura 14 - Personagens de cabelo preto ................................................................................. 42Figura 15 - Personagens de cabelo roxo .................................................................................. 44Figura 16 - Personagens de cabelo marrom ............................................................................ 46Figura 17 - Personagens de cabelo laranja .............................................................................. 48Figura 18 - Personagens de cabelo amarelo ............................................................................ 50Figura 19 - Da Esq. para a Dir. Kikubo Kobe, Mutsumi Otohine e Konoka Konoe.............. 53Figura 20 - Da Esq. Motoko, da Dir. Setsuna. ........................................................................ 56
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Personalidades das personagens de cabelo preto ................................................... 43Tabela 2 - Personalidades das personagens de cabelo roxo .................................................... 45Tabela 3 - Personalidades das personagens de cabelo marrom ............................................... 47Tabela 4 - Personalidades das personagens de cabelo laranja ................................................. 49Tabela 5 - Personalidades das personagens de cabelo amarelo ............................................... 51Tabela 6 - Análise: cabelo preto .............................................................................................. 51Tabela 7 - Análise: cabelo roxo ............................................................................................... 52Tabela 8 - Análise: cabelo marrom .......................................................................................... 53Tabela 9 - Análise: cabelo laranja ........................................................................................... 54Tabela 10 - Análise: cabelo amarelo ....................................................................................... 55
Tabela 11 - Cabelo Preto ......................................................................................................... 56Tabela 12 - Cabelo Roxo ......................................................................................................... 57Tabela 13 - Cabelo Marrom ..................................................................................................... 58Tabela 14 - Cabelo Laranja...................................................................................................... 58Tabela 15 - Cabelo Amarelo .................................................................................................... 59
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 1: Sobre o projeto realizado............................................................................. 14
1.1 Apresentação ................................................................................................................... 14
1.2 Objetivo .......................................................................................................................... 14
1.3 Justificativa ..................................................................................................................... 14
1.4 Revisão Bibliográfica...................................................................................................... 15
1.5 Fundamentação Teórica .................................................................................................. 17
1.6 Metodologia .................................................................................................................... 20
1.7 As obras usadas para a análise ........................................................................................ 21
1.8 Sobre o autor e suas demais obras .................................................................................. 24
CAPÍTULO 2: Sobre os Mangás e a Teoria da Cor ............................................................ 27
2.1 Mangás ............................................................................................................................ 27
2.1.1 Origem ...................................................................................................................... 27
2.1.2 Estruturação dos mangás .......................................................................................... 29
2.1.3 Influência da cultura pop japonesa ........................................................................... 32
2.2 Teoria da Cor .................................................................................................................. 34
2.2.1 Percepção fisiológica da cor ..................................................................................... 34
2.2.2 Classificação da cor .................................................................................................. 35
2.2.3 Processo cultural da cor............................................................................................ 37
CAPÍTULO 3: As cores nas obras de Ken Akamatsu ........................................................ 41
3.1 Sobre as cores e as personagens...................................................................................... 41
3.1.1 Preto ......................................................................................................................... 41
3.1.2 Roxo ......................................................................................................................... 44
3.1.3 Marrom ..................................................................................................................... 45
3.1.4 Laranja ...................................................................................................................... 47
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3.1.5 Amarelo .................................................................................................................... 49
3.2 Análise entre os três mangás .......................................................................................... 51
3.2.1 Preto ......................................................................................................................... 513.2.2 Roxo ......................................................................................................................... 52
3.2.3 Marrom ..................................................................................................................... 53
3.2.4 Laranja ...................................................................................................................... 54
3.2.5 Amarelo .................................................................................................................... 55
3.3 Love Hina e Mahou Sensei Negima! ............................................................................... 55
3.3.1 Preto ......................................................................................................................... 55
3.3.2 Roxo ......................................................................................................................... 57
3.3.3 Marrom ..................................................................................................................... 57
3.3.4 Laranja ...................................................................................................................... 58
3.3.5 Amarelo .................................................................................................................... 59
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61
ANEXOS ................................................................................................................................. 64
ANEXO A ............................................................................................................................. 64
A.I. ga Tomaranai! ............................................................................................................ 64
Love Hina .......................................................................................................................... 67
Mahou Sensei Negima!...................................................................................................... 75
ANEXO B ............................................................................................................................. 94
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INTRODUÇÃO
Neste projeto, pretende-se verificar se existe padrão de cor com a personalidade das
personagens das histórias em quadrinhos japonesas (mangás), analisando as capas das obras de
Ken Akamatsu, sendo escolhida três obras, A.I. ga Tomaranai!, Love Hina e Mahou Sensei
Negima!.
No Capítulo 1 apresenta detalhes do objetivo, o porquê da importância de estuda-lo para
o profissional de comunicação visual e sobre a metodologia adotada para analisar o objeto de
estudo escolhido. Também expõe sobre as histórias e a vida do escritor e suas demais obras
publicadas.
No Capítulo 2 aborda sobre as histórias em quadrinhos nipônicas, o contexto histórico
de criação e influências para a estrutura do mangá contemporâneo. Fala sobre a estruturação e
explica as diferenças entre o mangá e a comic, também disserta sobre a popularização dos
mangás pelo mundo, a ponto de se tornar a economia base do Japão e a sua influência na
sociedade brasileira. Também contextualiza sobre as cores, como se dá a construção da cor no
âmbito cultural, a importância de se conhecer o aspecto fisiológico e as regras de linguagem da
cor.
No Capítulo 3, apresenta a análise das personagens e suas cores de cabelos, dissertando
sobre as simbologias das cores, demostrando as diferenças de sua simbologia no Ocidente e
Oriente e expondo as personalidades das personagens nas histórias. Por fim, apresenta tabelas
para analisar os dados coletados, para averiguar se existe ou não padrão de cor com as
personalidades das personagens.
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CAPÍTULO 1: Sobre o projeto realizado
1.1 Apresentação
As cores têm fundamental importância para a vida humana, mesmo que despercebidas,
influenciam nossas escolhas e nosso comportamento. As cores se tornaram uma forma de
comunicação, já que com elas são mais fáceis identificarmos uma marca, produto ou até mesmo
uma cultura. Seu uso existe desde os primórdios da humanidade, e reproduzir a natureza se
tornou uma das necessidades básicas do ser humano.
De acordo com Pauline Wills1, em sua obra O uso da cor no seu dia-a-dia sobre o
simbolismo das cores, “não é possível atribuir -lhes nenhum significado absoluto” (1997, p.14),ou seja, em cada cultura a cor tem seu próprio significado e podemos ir além disso, cada
indivíduo pode interpretá-la da sua própria maneira, já que estamos rodeados por elas e sendo
influenciados ao todo momento. E, mesmo não podendo conter um significado absoluto, pode-
se dividir em blocos de significados nos seus diversos ramos de estudos.
1.2 Objetivo
Nesta pesquisa, pretende analisar como a cor está ligada à personalidade humana, e para
representar este tipo de influência de comportamento com as cores, foram escolhidos os mangás
(histórias em quadrinhos japonesas), onde encontramos personagens com cores diversificadas
nas capas, em especial nos cabelos. Para isto, foi escolhido o mangaká (escritor de mangás)
Ken Akamatsu.
1.3
Justificativa
De acordo com o livro Psicodinâmica das Cores em Comunicação redigido pelos
autores Modesto Farina, Clotilde Perez e Dorinhos Bastos, que afirmam, “o estudo das cores se
torna uma necessidade nos cursos de comunicação e comunicação visual” (2011, p.13), e, como
estamos rodeados por elas no nosso dia-a-dia, influenciando-nos em nossas emoções e
identificações, estudá-las em um ramo específico para concluir se há um padrão de cores e
1 Pioneira em integrar a cor com a reflexologia (pratica terapêutica que estimula determinada regiões do corpo para benefícios da saúde).
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comportamento, torna-se importante, porque aproxima mais o leitor à obra, além de
compreender como este leitor/telespectador é influenciado e identifica a mesma. E mais, saber
se o próprio criador criou um padrão para suas obras para poder identificá-las ou se é escolhido
individualmente, o que para um artista não é recomendado, já que com um padrão o público
consegue identificar mais facilmente, tornando-se uma marca registrada do artista, mesmo
sendo pelo uso das cores.
1.4 Revisão Bibliográfica
No livro Da Cor à Cor Inexistente (1997), escrito pelo pintor Israel Pedrosa, que aborda
a teoria cromática, podemos encontrar alguns estudiosos, como Leonardo da Vinci, Isaac
Newton e Johann Wolfgang Goethe. Esses três foram os que deram maiores contribuições à
teoria das cores: Da Vinci, no aspecto biológico, com os constantes estudos do corpo humano,
contribuiu para o entendimento de como vemos as cores (descoberta do cristalino). Newton foi
para o ramo da física e química, com o estudo da refração da luz no prisma. Já Goethe, no
aspecto psicológico, através de seus estudos de casos verificou como as cores influenciam os
seres humanos. Esta pesquisa está mais ligada as ideias de Goethe - a relação psicológica das
personagens com as cores dos cabelos.
Encontraremos estudos e seus padrões de cores que podem ser divididos em dois grupos:
da maneira natural ou criados por nós seres humanos. O natural é o padrão que a própria
natureza contém. Estamos tão acostumados que nem reparamos em nossas ações ao vermos
uma fruta com coloração diferente e identificamos que a mesma não está adequada para
consumo, descartando-a inconscientemente, ou quando vemos algum animal com cor
chamativa e identificamos que pode ser perigoso nos aproximarmos dele. E os padrões de cores
criados e definidos pelo ser humano, onde podemos incluir os padrões de trânsito (vermelho – pare, verde – siga, amarelo – atenção), padrões que já se enraizaram em nossa sociedade de
uma forma tal que nem pensamos em seu significado. Conhecer o padrão de cor a ser utilizado
é fundamental para um profissional da área de comunicação visual. Uma cor inadequada
colocada em um contexto errado pode prejudicar a imagem de uma marca, trazendo grande
prejuízo para a empresa. No entanto, aqui será algo mais restrito em relação à cultura nipônica,
sobre os mangás que são conhecidos pelos seus personagens de olhos grandes e cabelos
coloridos.
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No universo dos quadrinhos americanos podemos encontrar vários estudos em relação
às cores das obras, como o artigo Análise Comparativa: Homem-Aranha x Batman apresentado
pelos alunos, Eliane Güntezel e Marcos Tassotti de Publicidade e Propaganda, da Universidade
de Cruz Alta (UNICRUZ), no congresso de Ciências da Comunicação em Londrina, no ano de
2011, que trata de uma comparação e análise das capas destas duas histórias por meio da
semiótica, concluindo-se que as empresas mantiveram um padrão de identidade para suas capas,
para os leitores identificarem os comics sem dificuldades no meio das demais revistas, além do
próprio público se identificar com o herói e outros padrões de signos.
É muito importante manter algum tipo de padrão, não só em benefício da obra, mas
também, para facilitar a localização do produto desejado nas lojas. Muitas vezes nem lemos o
que está escrito, vemos e pegamos, tudo por causa de um padrão estabelecido pela empresa,facilitando o acesso do consumidor na hora da compra. Pode-se citar também o artigo
Watchmen, uma análise de composição cromática da obra: dos quadrinhos ao cinema,
apresentado no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada
(ABRALIC) em 2013, por Filipe Barata Alcântara. Trata-se de uma análise da obra Watchmen
– uma série de história em quadrinhos escrita por Alan Moore2 e ilustrada por Dave Gibbons –
comparando as cores nos quadrinhos com sua versão cinematográfica, explicando como há uma
dificuldade principalmente de aceitação do público que é fã dos quadrinhos quando ocorre ainterpretação para outra mídia, que muitas vezes perde a fidelidade da obra original, mas, para
agradar tais fãs, o diretor Zack Snyder 3, usou como storyboard a própria obra, ocorrendo a
maior diferença (de acordo com o autor) apenas no uso da saturação das cores na composição
das cenas. De acordo com Alcântara, “Watchmen inovou em seus métodos de composição
cromática”, as cores não foram aplicadas aleatoriamente, nem na obra original e nem na sua
versão cinematográfica. Nesse artigo vemos o quanto é importante ter o cuidado na escolha das
cores, mesmo que na história em quadrinhos não haja uma gama infinita de cores, e o cuidado para que a história converse também com a cor, enriquecendo a narrativa.
Pesquisando mais a fundo, pode-se encontrar alguns estudos já realizados sobre os
mangás e a cultura nipônica. Um dos trabalhos que mais se insere na temática é o artigo
Considerações sobre as cores e as estratégias narrativas de Vagabond, apresentado na
Segunda Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, da escola de Comunicações e
2 Alan Moore é autor e escritor inglês. ( Imdb: disponível em: http://www.imdb.com/name/nm0600872/. Acesso
em 02 de outubro de 2015).3 Zack Snyder é diretor, roteirista e produtor de cinema americano, conhecido por trabalhar com filmes de ação eficção cientifica. ( Imdb: disponível: http://www.imdb.com/name/nm0811583/bio?ref_=nm_ov_bio_sm. Acessoem 02 de outubro de 2015).
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Artes da Universidade de São Paulo, no ano de 2013, pelo Doutor em Comunicação e Cultura
Contemporânea André da Silva e pelo graduando em Desenho Industrial, Danilo Bittencourt,
que estudam os efeitos de linguagem que ocorrem quando acontecem as adições das cores no
mangá Vagabond , sendo muito comum este tipo de edição, principalmente com mangás que
fazem um sucesso significativo. A adição de cores, além de proporcionar um maior
entendimento, também faz o leitor e fã daquele mangá se aproximar mais não só da história,
mas também dos sentimentos do próprio personagem, “entrar ” literalmente no enredo. Muitas
vezes na versão preto e branco a cena fica confusa, mas quando ocorre a adição das cores,
muitos detalhes que passavam despercebidos na edição anterior se tornam mais compreensivos.
O porém da edição em cores é que o custo de produção é bem mais elevado do que em preto e
branco, tanto que só ocorre este tipo de edição “especial” quando se sabe que haverá um públicosignificativo para consumo e lucro da editora.
E o artigo Mangá e representação: A mulher pós-feminista em Love Hina, redigido pela
acadêmica do Curso de Jornalismo, Anita Hoffmann e pela pós-doutora em Ciência da
Literatura, Níncia Teixeira, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, que fazem uma análise
do perfil de Naru Narusegawa de Love Hina, mangá criado por Ken Akamatsu, o qual será
estudado posteriormente. Nesse artigo, as autoras analisam Narusegawa baseando-se nas teorias
pós-feministas, como é a posição da mulher na cultura nipônica e como Akamatsu construiu a protagonista feminina, a sua dualidade de personalidade mantendo os princípios orientais da
mulher obediente e submissa, com o modelo do pós-feminista, da mulher decidida e forte.
1.5 Fundamentação Teórica
Para a fundamentação sobre mangás foi utilizado com base nos estudos da professora
do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Janaina de Paula doEspírito Santo, em seu artigo para obtenção do título de Doutora em História da Universidade
Federal de Goiás, Mangás, Segunda Guerra e o Conhecimento Histórico: Diferentes
Apropriações, onde a autora trabalha falando dos mangás que retratam a Segunda Guerra
Mundial como tema para a construção da narrativa, abordando sobre a estruturas dos mangás
contemporâneos.
O trabalho de mestrado em Artes Visuais da Universidade Estadual Paulista (UNESP)
de Sheila Kiemi Oi, Shôjo Mangá: de Genji Monogatari a Miou Takaya, apresenta o contexto
histórico dos mangás minuciosamente para retratar sobre o segmento de mangás voltado para
o público feminino.
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O estilo gráfico das páginas e dos personagens japoneses passaram a influenciar a arte,a moda, o comportamento e o entretenimento. As histórias em quadrinhos japonesasdeixaram de ser um produto japonês para se tornar um bem de consumo mundial. (2009,
p. 26)
O projeto para obtenção do título de Doutora em Educação na Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo (USP), de Fernanda Silva Noronha, Animês e mangás: o mito
vivo e vivido no imaginário infantil . A autora realiza uma análise da primeira temporada do
mangá e animê Naruto de Masashi Kishimoto, sobre a questão da construção do herói no
imaginário das crianças e adolescentes, estudantes da escola pública paulistana.
Tais pesquisas acadêmicas feitas do Ocidente sobre o Oriente assinalam o mangá comoum importante elemento na dinâmica das trocas simbólicas entre o imaginário japonêse o ocidental. Prova disso é que o Japão vem investindo nos mangás como um meio decomunicação importante dentro e fora do país. (2013, p. 16)
A fundamentação teórica sobre a influência da cor no comportamento humano, base nos
estudos do livro A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão, escrito pela
especialista em teoria das cores Eva Heller, onde descreve sua pesquisa de campo com a
população alemã4 a respeito das cores, analisando quais cores que agradavam e quais não, e o
que cada cor lembrava, mostrando como a cor mesmo sendo subjetiva, também é universal.
“Quem trabalha com cores, [...] precisam saber de que forma as cores afetam as pessoas.
Embora cada um trabalhe com suas cores individualmente, os efeitos devem ser universais”
(2013, p.17).
A obra Da cor à cor inexiste, do pintor Israel Pedrosa, discute o que seria uma cor
inexistente, mas para isso, explana sobre a cor – as suas classificações sobre a luz e a visão.
Traz um compilado das teorias das cores de Leonardo da Vinci, de Isaac Newton e de Johann
Wolfgang Goethe. Apresenta também como é o processo da sensação que a cor transmite por
conta da luz refratada ou refletida, o seu processo psicológico e a simbologia da cor, para por
fim, classificar o que seria a cor inexistente. Para Pedrosa, “a cor não tem existência material:
é apenas sensação produzida por certas organizações nervosas provocada pela ação da luz sobre
o órgão da visão” (2014, p.20).
Também foi utilizada a obra Psicodinâmica das cores em comunicação, redigida pelos
Modesto Farina, Clotilde Perez e Dorinhos Bastos, retratando a importância da cor para a
4 Mesmo sendo a pesquisa realizada na Alemanha, não influencia no estudo aqui proposto, já que no livro elaaborda situações históricas de várias sociedades.
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publicidade, explicando desde como somos capazes de visualizar as coisas, processo
fisiológico, até o aspecto psicológico, finalizando que quando a cor é pensada no anúncio visual
comunica mais facilmente com o público-alvo. Para eles:
As cores são uma espécie de código fácil de entender e similar. [...] As cores formamuma linguagem imediata que tem a vantagem de superar muitas barreiras idiomáticascom seus conseguintes problemas de decodificação.Alguns dos efeitos da cor são: dar impacto ao receptor, criar ilusões ópticas, melhorara legibilidade, identificar uma determinada categoria de produto, entre outros (2011,
p.121).
A obra do professor da escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo
(USP), Luciano Guimarães, A cor como informação: a construção biofísica, linguística ecultural da simbologia das cores, que apresenta a cor nos âmbitos dos códigos primários, que
são os da percepção; dos códigos secundários, que são os da linguagem; e dos códigos
terciários, que são os culturais, demonstrando como a construção significativa da cor se dá em
conjunto destes códigos.
A simbologia das cores dependerá do armazenamento e a transmissão do seu conteúdoque pode, afinal, transpor períodos do seu conteúdo que pode, afinal, transpor períodosde tempos maiores ou ter validade por um período menor, assim como pode variar em
relação ao repertório compartilhado por aqueles que participam do processo dacomunicação (2000, p.87).
E a obra do escritor e pensador alemão Johann Wolfgang von Goethe, Doutrina das
Cores, onde ele classifica as cores em fisiológicas (da visão, a percepção), físicas (tem origem
em meios translúcidos ou opacos) e químicas (provém do objeto). Nesse livro, o autor apresenta
vários exemplos e experiências que explicam porque ocorrem tais fenômenos em relação a
percepção com as cores e também sobre o seu estudo a respeito da preferência e simbologia da
cor.
Cada cor produz um efeito especifico sobre o homem ao revelar sua essência tanto parao olho quanto para o espírito. Conclui-se daí que as cores podem ser utilizadas paracertos fins sensíveis, morais e estéticos (2013, p.191).
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1.6 Metodologia
O método de estudo adotado é da análise comparativa, porque possibilita comparar as
personalidades das personagens identificadas durante a leitura dos mangás, para verificar se háou não padrão de cor do cabelo com a personalidades entre as obras. A análise é das personagens
que aparecem nas capas dos mangás. Foram analisadas três obras de Akamatsu: A.I. ga
Tomaranai! lançado em 1994, Love Hina lançado em 1998, e Mahou Sensei Negima! lançado
em 2003. A escolha de somente estas três foi por falta de acesso da disponibilidade do mangá
na língua portuguesa, sendo que somente duas obras foram lançadas no Brasil.
Para a análise foram escolhidos cinco personagens com cores diferentes em cada obra,
mas com cores semelhantes entre as demais obras. Sendo as cores escolhidas: o preto, já que éa cor frequente na sociedade oriental, o roxo, por sempre ser encontrado nos mangás, o marrom,
mas com um tom mais escuro, que é a cor de cabelo mais comum do ser humano, o laranja, por
estar presente nos mangás, principalmente nas obras de Akamatsu, e por fim, o amarelo, que
existe nos cabelos, mas não muito frequente, estando mais concentrado na Europa. Não foram
escolhidas as cores como rosa, verde e branco para a análise porque, mesmo sendo interessante
o uso destas cores nos cabelos das personagens, nestas obras escolhidas para análise apenas
Negima! encontra-se personagens de cabelo cor de rosa e verde, e o branco se torna complicado
porque em A.I. ga Tomaranai!, o personagem de cabelo branco leva tons azuis, e o personagem
que se aproximaria seria apenas de Negima!, porque em Love Hina, a personagem leva tons de
amarelo no branco. Portanto, não se tornaria possível obter uma conclusão mais definitiva do
padrão de cor com a personalidade das obras.
Para a análise da existência de padrão entre as personagens de mesma cor de cabelo, as
características foram organizadas de acordo com a cor de cabelo com todas as personagens de
mesma cor de cada obra, para depois serem comparadas e assim poder verificar semelhanças
entre o comportamento das personagens e as cores de seus cabelos.
O critério para verificação do padrão entre as personagens de mesma cor de cabelo foi
designado palavras-chaves durante a leitura, portanto, pode ocorrer outras interpretações, já que
é uma classificação subjetiva. Para uma melhor visualização, foram elaboradas tabelas para
cada cor de cabelo com as personagens de cada obra e as personalidades identificadas.
Primeiramente analisando as três histórias em conjunto, e depois, entre os mangás Love Hina e
Negima!.
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1.7 As obras usadas para a análise
A.I. ga Tomaranai!5 ou A.I. Love You, Love/I/A.I. Won´t Stop! e em português ficaria
O amor não para (Figura 1), foi lançado em 1994 pela empresa Shonen Magazine Special e
lançado pela Tokyopop6 em 2004, contendo 8 volumes. Do gênero Shonen7, ficção científica e
comédia romântica, sendo classificada para maiores de dezesseis anos.8 Primeira série de
Akamatsu como autor profissional, conta a história de Hitoshi Kobe que é um jovem
programador que cria um A.I. ( Artificial Intelligence - Inteligência Artificial) como mulher
perfeita, mas em um dia de tempestade este A.I. sai do computador e se materializa, tornando-
se sua namorada. Mais posteriormente aparecem as demais personagens criadas no computador,
fazendo com que a vida pacata de Hitoshi se torne uma grande confusão.
Figura 1 - Primeira capa de A.I. ga Tomaranai! em 1994.
FONTE: Site da editora Kondasha.9
5 Nome em japonês, AIが止まらない! 6 Tokyopop é uma distribuidora de mangás e animês na língua japonesa, inglesa e germânica.Site oficial: http://tokyopop.com/. Acessado em 30 de março de 2015.7 Shonen: mangá para garotos adolescentes.8 THOMPSON, Jason. Manga: The Complete Guide. New York: Del Rey Books, 2007. Palavras-chaves: AILove You; Love Hina; Negima; Ken Akamatsu. 9 Kondasha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063120561. Acesso em 15 de maio de 2015.
http://tokyopop.com/http://tokyopop.com/
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Love Hina10, lançado em 1998 pela editora Kodansha por meio de 14 volumes e no
Brasil pela JBC Mangás em 2005 com 28 volumes e depois, em 2013 na versão japonesa. Do
gênero Shonen e comédia romântica, sendo indicada para maiores de dezesseis anos. Conta a
história de Keitarô Urashima que está tentando entrar na Universidade de Tóquio (Toudai) pela
terceira vez por causa de uma promessa que fez com uma garotinha quando era menor, mas não
se recorda nada sobre a garota. Expulso de casa, ele vai para a estalagem da avó, na qual ele já
morou em outra época, porém, esta estalagem se tornou uma pensão feminina. Agora Urashima
tem que conquistar o coração das moradoras para conseguir uma moradia, além de se esforçar
para entrar na Toudai e de recordar quem é a garota da promessa.
Em uma entrevista com Akamatsu sobre o nome da série, Love Hina é abreviação de
“Love! Hinata-sou”, traduzido ficaria como: Hinata, Pensão do Amor.11 Love Hina foi o mangá de grande sucesso de Akamatsu, atingindo a marca de 6 milhões de exemplares vendidos.12
Mahou Sensei Negima!13 ou apenas Negima! foi lançado em 2003 no Japão, contendo
38 volumes em sua versão original e na brasileira 76 volumes, lançado em 2006 pela JBC
Mangás. De gênero Shonen, fantasia, ação e comédia romântica e indicado para maiores de
dezesseis anos, a história é sobre Negi Springfield, um garoto de 10 anos que quer se tornar um
Magister Magi (mestre mago) para poder encontrar o Mestre Milenar, seu pai, que desapareceu
antes dele nascer. Mas, para isso ele terá que lecionar em uma escola de garotas (Mahora) paraconcluir seus estudos. Com muitas confusões e batalhas, Negi terá que concluir seu “estágio”
sem que ninguém descubra que existem magos e procurar saber se seu pai está mesmo vivo ou
morto, como todos dizem. De acordo com a JBC Mangás, Negima!,
No Japão, a expectativa e o investimento feito em cima desse título foram tamanhasque, muito antes da decisão de produzirem o desenho animado, as 31 vozes pra cadauma das alunas do mangá já tinham sido escolhidas para lançar o CD com as falas dos
personagens. [...] O próprio mangá não foge à regra e, toda vez que sai uma nova edição,
Negima! está entre os 10 títulos mais vendidos da semana no arquipélago. No começodo ano passado (2005), começou a série animada para a TV. Outro fenômeno de público! A indústria dos games se empolgou e já saíram jogos para o PlayStation2 e para o GameBoy Advance.14
10 Nome em japonês, ラブ ひな 11 Mangás JBC . Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/. Acesso em 04 de março de 2015.12 Editora JBC . Disponível em:
http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/. Acesso em 30 de março de 2015.
13 Nome em japonês,魔法先生ネギま!14 Editora JBC . Disponível:http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/. Acesso em 31 de março de2015.
http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/http://www.editorajbc.com.br/2006/01/20/negima-e-o-novo-manga-da-editora-jbc/http://www.editorajbc.com.br/2013/04/05/love-hina-esta-de-volta/http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/
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Love Hina e Negima! (Figura 2) foram as únicas obras de Akamatsu lançadas no Brasil.
Ambas contêm a versão animada. Love Hina em 25 episódios e 5 OVAs (episódios especiais),
com direção de Yoshiaki Iwasaki15 e exibido no ano 2000. E Negima! em 26 episódios e
diversos OVAs, com direção de Nagisa Mitasai e exibido em 2005, pelo estúdio de animação
japonesa XEBEC.
Figura 2 - Esq. Love Hina, Dir. Negima! Volume 01 lançado pela JBC Brasil Mangá. Este volume as capas são iguais da japonesa.
FONTE: Site JBC Mangás.16
15 IMBD. Disponível em:http://www.imdb.com/title/tt0279570/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast. Acesso em 30 de março de 2015.16 Love Hina: Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-01/. Acesso em 15 de maio de 2015. ;
Negima!: Disponível em:http://mangasjbc.uol.com.br/negima-01/. Acesso em 15 de maio de 2015.
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1.8 Sobre o autor e suas demais obras
Nasceu em 5 de julho de 1968 em Nagoya, província de Aichi, Japão. Na sua
adolescência tentou entrar na Toudai, mas fracassou, este trecho da vida dele serviu deinspiração para o enredo de Love Hina. Podemos dizer e até mesmo o criador confirma, ele é o
Keitarô na vida real. Mais tarde, tornou-se ilustrador na Comiket17, usando o pseudônimo Awa
Mizuno. Ingressou no curso de literatura na Universidade de Chuo e durante a faculdade ganhou
dois prêmios na revista Shonen Magazine. Akamatsu também ganhou o cobiçado prêmio 50th
Shonen Magazine´s Rookie com o mangá Hito Natsu no Kids Game.18
Em suas obras há inspiração de jogos simuladores de romances em que o personagem
masculino tem uma gama grande de garotas para escolher uma que lhe agrade e do anime Tenchi Muyo, de Hitoshi Okuda; tem influências dos traços de autores como Izumi Matsumoto
( Kimagure Orange Road ), Yoshiyuki Sadamoto ( Evangelion) e Yoshihiro Togashi (Yu Yu
Hakusho e Hunter X Hunter ). Antes de se tornar um autor profissional, Akamatsu produzia
fanzines (revista feita por fã) construindo paródias de obras famosas, com isso pode-se ver
algumas “homenagens”, como por exemplo, nomes de pessoas famosas em seus personagens.
( Idem)
Sua primeira criação foi o mangá Hito Natsu no Kids Game em 1993, que o fez ganhar
o prêmio 50th Shonen Magazine’s Rock quando ele ainda estava finalizando a faculdade. A
história se passa nas férias de verão de Shinya Matsumoto que presencia um acidente de carro
de mãe e filho. O menino é liberado rápido, no entanto a mãe fica internada e impossibilitada
de cuidar do filho. Posteriormente aparece a irmã do menino que sofreu o acidente, Yuki
Kirishima, que se torna colega de classe de Matsumoto. Com o desenrolar da história ambos
acabam se apaixonando.19
A segunda criação foi A.I. ga Tomaranai!, mangá estudado nesta pesquisa. A terceira
obra criada foi Itsudatte My Santa20 em 1994, é um Oneshot (história única, não há vários
volumes). A história se passa na época do Natal contendo apenas dois personagens, a jovem
Mai que é aprendiz de Papai-Noel e um garoto deprimido chamado Santa (referente a Santa
17 Comiket: evento que ocorre no Japão, reunindo autores e fãs, dando a possibilidade de divulgar sua produção(animes, mangás e revistas), conhecido como fanzines.18 Mangás JBC . Disponível em:
http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/. Acesso em 04 de março de 2015.19 Google Books. Disponível em:http://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=y.
Acesso em 04 de março de 2015.20 Em japonês, いつだってMyサンタ. Em português seria Meu Papai Noel para Sempre.
http://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/http://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=yhttp://books.google.com.br/books/about/Hito_Natsu_No_Kids_Game.html?id=y9ZhXwAACAAJ&redir_esc=yhttp://mangasjbc.uol.com.br/love-hina-autor/
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Claus que é Papai Noel em inglês, em uma tradução livre para o português ficaria apenas Noel)
que sofria bulling por causa de seu nome, além de ninguém comemorar seu aniversário, por ser
na véspera de natal. Passando uma noite com Mai, sua visão a respeito da vida muda,
percebendo o que é realmente importante.21 Em sua versão animada, contém dois OVAs - o
primeiro segue a base do mangá, mas no segundo episódio acontece adição de personagens. Os
OVAs conseguem-se encontrar legendado em português. A quarta criação, que foi a mangá que
fez maior sucesso, Love Hina.
A quinta, Rikujou Boueitai Mao-chan ou Ground Defense Force! Mao-chan22 (Figura
3) criado em 2002, conta a história de três garotas que defendem o Japão de alienígenas
bonitinhos.23 Este há a versão animada (possível encontrar legendado em inglês). A sexta é
Mahou Sensei Negima!.
E o mais atual é UQ Holder! (Figura 4), que se passa em uma época que a humanidade
tem conhecimento sobre a existência da magia e está sofrendo suas consequências (em Negima!
nos volumes 15 a 18 retrata uma situação semelhante, com a diferença que queriam expor a
magia, mas conseguiram voltar ao normal, sem ninguém saber sobre magia usando uma
máquina do tempo – um relógio que misturava tecnologia e magia). Nas primeiras páginas
ocorre uma introdução com uma das personagens de Negima!, a Evangeline McDowell, que é
uma vampira muito poderosa e imortal. A história acontece no mesmo universo de Negima! sóque depois de 70 anos, mais precisamente em 2086, contando a história de Tota Konoe que vive
em um vilarejo que ainda não foi muito influenciado pela magia, mas sonha em sair de lá para
descobrir o que há na torre da capital. Sua aventura começa quando tenta sair da vila e tem que
derrotar Evangeline que usa agora o pseudônimo de Yukihime. Ao falhar o rapaz é
transformado em vampiro para não falecer e assim se uni a uma organização secreta de imortais,
denominada de UQ-Holders.24
Atualmente, Akamatsu está casado com Kanon Akamatsu - que se tornou uma famosacosplayer (que se fantasia de um personagem) por causa da influência de Akamatsu.25
21 AnimeNewsNetwork . Disponível em:http://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980. Acesso em: 04 de março de 201522 Em japonês: 陸上防衛隊まおちゃん. 23 Amazon. Disponível em:http://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDH. Acesso em: 04 de marçode 2015.24 Shonen Magazine. Disponível em:http://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholder. Acesso em 13 de abril de 2015.25 Goodreads. Disponível em:https://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsu. Acesso em 21 de abril de 2015.
http://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980http://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDHhttp://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholderhttps://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsuhttps://www.goodreads.com/author/show/82969.Ken_Akamatsuhttp://www.shonenmagazine.com/smaga/uqholderhttp://www.amazon.com/Mao-Chan-Volume-Artist-Not-Provided/dp/B0000BWVDHhttp://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/manga.php?id=5980
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Figura 3 - Volume 1 de Ground Defense Force! Mao-chan.
FONTE: Site da editora Kodansha.26
Figura 4 - Capa 01 de UQ Holder!
FONTE: Site da editora Kodansha.27
26 Kodansha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063632453. Acesso em 15 de maio de 2015.27 Kodansha. Disponível em:http://kc.kodansha.co.jp/product?isbn=9784063949902. Acesso em 15 de maio de 2015.
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CAPÍTULO 2: Sobre os Mangás e a Teoria da Cor
2.1 Mangás
2.1.1 Origem
Podemos classificar três momentos da história dos mangás. O primeiro, no período
Heian28, com traços de influência chinesa, desenhados nos emakinomo, os rolos de papeis de
arroz, que recebeu o título de Chôjû Jinbutsu Giga (Chôjûgiga), com autoria de Tôba Kakuyu29
(1053-1140), onde apresentam ilustrações de animais como que se fossem humanos (OI, 2009, p. 36). A segunda fase, no período Edo30, ocorre a impressão, a produção dos livros, essa fase
se aproxima do atual mangá que conhecemos, enquanto na anterior as artes eram feitas em rolos
de papeis em que a medida que eram desenrolados mostravam a história, com animais
desenhados fazendo e agindo como humanos, no período Edo há a inserção de contos e lendas
folclóricas japonesas.
Os balões de diálogos nos mangás surgiram por volta do início do século XX, no
entanto, indícios de uma estrutura similar já podiam ser encontradas em imagens produzidas no período Edo. ( Ibidem, p. 40)
Após longos anos de isolamento mundial, no final do período Edo, o Japão abriu seus
portos. Com influência norte-americana, no período Meiji31, o Japão começa a criar o seu
próprio mercado editorial ( Ibidem, p. 47). O que tempo atrás as histórias retratavam contos e
situações que o ser humano vivia, neste novo período, com a influência americana, utilizava
esta arte para criticar e satirizar o governo. Mas, em 1941, na Segunda Guerra Mundial, as
criações foram impedidas pela censura, sendo a produção utilizada para a propaganda do
governo ( Ibidem, p. 56); e também foi nesta época que começou a criação de mangás para o
público infantil.
28 Período Heian, foi de 794 a 1185, período onde ocorreu grande influências chinesas, sendo a sua capital na épocana atual Kyoto.29 Tôba Kakuyu era monge zen-budista.30 Período Edo, foi de 1603 a 1868, período onde foi proibido o contato dos japoneses com os estrangeiros e dosestrangeiros entrarem no Japão, foi o período mais longo de paz e também surgiu o maior samurai de todos, o
Miyamoto Musashi, sendo a sua capital na época na atual Tóquio.31 Período Meiji, foi de 1867 a 1902, termino do sistema feudal do Japão e extinção dos samurais, com a aberturados portos o Japão viu como estavam atrasados em relação ao mundo e se modernizaram se tornando uma grande
potência econômica.
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Com o fim da Segunda Guerra, o Japão ficou sob a ocupação do governo norte-
americano, é neste momento que entramos na terceira fase dos mangás, como conhecemos
atualmente.
Sob influências de Walt Disney e dos Fleischer Brothers, na década de 1940, o japonês
mangaká Osamu Tezuka, começa a desenvolver o seu próprio estilo, tornando-se o “Deus do
mangá” (manga no Kamisama), por conta da sua revolução estrutural nas histórias em
quadrinhos japonesas. Tezuka, além de inovar a construção dos mangás, ele também animou
as suas histórias, os animês. Foi no início da década de 1960 que Tezuka realizou seu sonho de
animar as suas histórias. Como argumenta Oi em sua pesquisa,
Osamu conseguiu baixar o custo das animações, e novamente realizar uma grandeinovação, adaptar as histórias e os personagens dos mangás para o meiocinematográfico, em series de animações semanais, com a duração de vinte e seteminutos, estrutura que logo passou a ser adotada por outras emissoras e produtoras deanimação, marcando a introdução dos animês na cultura popular japonesa. (2009, p. 65)
Osamu Tezuka foi criador de obras como Astro Boy e A Princesa e o Cavaleiro que
ficaram conhecidas mundialmente (Figura 5).
Figura 5 - Selo de Osamu Tezuka junto com alguns de seus personagens
FONTE: (http://www.japaoemfoco.com/wp-content/uploads/2011/10/400x262xSelo-Tezuka-Ossamu.jpg.pagespeed.ic.8IxKScUn6j.webp. Acesso em 29 de agosto de 2015)
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2.1.2 Estruturação dos mangás
Para o leitor brasileiro de história em quadrinhos em seu primeiro contato com os
quadrinhos japoneses poderá estranhar. As editoras brasileiras na primeira página colocam umaadvertência (Figura 6), porque, por mais estranho que pareça a leitura, no Oriente ocorre de trás
para frente, da direita para a esquerda. Ou seja, o que para a sociedade ocidental é a primeira
página da história, no mangá será a última.
Figura 6 - Página de advertência dos mangás brasileiros
FONTE: (AKAMATSU, Ken. Love Hina vol.09. São Paulo: JBC, 2005)
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Além do formato da leitura, no Japão a distribuição das histórias é diferente. Cada título
costuma lançar um capítulo semanalmente em revista específica, aos olhos do Ocidente, estas
revistas parecem com as listas telefônicas. Além da diversidade de títulos, a sua impressão é de
baixa qualidade e são feitas com o mesmo papel utilizado em jornais, os mangashi. Mas para o
leitor que gostou de algum título, para colecionar a história tem o lançamento da história em
volumes, que são os tankôbon - são menores e com a impressão melhor (Figura 7). Os tankôbon
são para colecionar, enquanto o formato mangashi é para acompanhar a história e depois
despachar para a reciclagem (OI, 2009, p.32). No Brasil não há o lançamento no formato dos
mangashi, mas sim dos tankôbon, no entanto, há alguns títulos que a editora opta em lançar
meio tankôbon, ou seja, se o tankôbon original tem dez capítulos, no Brasil terá apenas cinco
capítulos por volume. Um exemplo deste tipo de lançamento são o Love Hina e Negima!, queacabou tendo o dobro dos volumes no lançamento brasileiro em relação ao original japonês.
Figura 7 - Esq. Mangashi, Dir. Tankôbon
FONTE: (do autor)
No entanto, não é apenas o formato da leitura que se diferencia o mangá dos comics. A
construção é diferente. Começando pelo layout , nos mangás contém poucos quadros nas
páginas podendo ser em diversos formatos, tamanhos e direções (OI, 2009, p. 30), e não há a
utilização das cores para a dramatização da história ( Ibidem, p. 33). As onomatopeias nos
mangás não são apenas complementos iguais como são tratados nos comics ( Ibidem, p.29).Como apresentado por Oi, “em um quadrinho sem diálogos, os efeitos sonoros indicam a chuva
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ou o vento tendem a intensificar a sensação de silêncio”. ( Ibidem, p. 29-30, apud MOLINÉ,
2004, p.32). Porém, para a tradução para outro idioma, como o português, se torna um pouco
complexa, as editoras brasileiras mantêm a escrita original das onomatopeias, colocando dos
lados o que seriam (como por exemplo snif, buum...) e muitas vezes legendas do que significam
(Figura 8), mas por conta do trabalho de adaptação que se torna necessário, acaba perdendo o
significado original (SANTO, 2013, p.10).
Figura 8 - Onomatopeias e legendas no mangá Love Hina no Brasil
FONTE: (AKAMATSU, Ken. Love Hina vol.09. São Paulo: JBC, 2005)
A construção do enredo nos mangás de hoje é diferente em relação aos primórdios do
mangá. Osamu Tezuka para deixar a história mais dinâmica usou técnicas cinematográficas,
técnicas como slow-motion, close-ups e freezers nos mangás. Com traçados limpos e
simplificados torna-se difícil definir os personagens femininos e masculinos, mas a construção
das personagens com olhos grandes e bocas mais expressivos, faz com que o leitor consiga
sentir o que se passa com a personagem em relação aos sentimentos (SANTO, 2013, p.10).
Com base de uma composição equilibrada com o uso do claro e escuro, como apresentada pela
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Santo, os “ personagens parceiros e antagonistas têm a sua concepção ligada a esta regra, o que
significa que, se um tem cabelo claro, outro terá escuro, ou que suas vestimentas terão este
balanceamento de cor ” (2013, p.10).
Os mangás tem várias ramificações, sendo classificados por idade, sexo ou gênero. Os
mais conhecidos são os estilos Shonen, que são mangás voltados para o público masculino
adolescente, que retratam histórias onde o protagonista tem que se fortalecer e vencer os
inimigos. Neste estilo encontramos os mangás como Dragon Ball de Akira Toriyama, Naruto
de Masashi Kishimoto, e One Piece de Eiichiro Oda. O estilo Shojo, que são histórias voltadas
para o público feminino adolescente, este estilo costuma retratar histórias românticas como
Sailor Moon de Naoko Takeuchi (NORONHA, 2013, p.49). Além destes citados há outros que
diversifica o público alvo ou o gênero da história, como por exemplo, para o público masculinoadulto é o Seinen e para o feminino o Josei, para o público infantil é o Kodomo. Dos gêneros
temos Magical girl , que são histórias com garotas com poderes mágicos, Mecha, que são com
robôs gigantes, Yuri, que representa as histórias de amor entre meninas e Yaoi, que é o amor
entre meninos, o Harém, que são histórias onde o personagem masculino é rodeado por várias
garotas, o gênero Hentai, que representa os mangás pornográficos e o Ecchi que é um Hentai,
no entanto mais leve.32 O que se torna interessante nos mangás é que a obra não precisa
necessariamente seguir a rigor um determinado gênero, por exemplo, o mangá pode ser Shonen,mas conter garotas mágicas ( Magical girl ) e robôs ( Mechas).
2.1.3 Influência da cultura pop japonesa
De acordo com Oi, “o Ocidente passou a ter contato com os mangás a partir do final da
década de 1970” (2009, p. 26), no entanto, foram vistos com maus-olhos, por conta das cenas
de violência e por seus temas sobre sexualidade, sendo interpretados como uma leitura imoral pelos ocidentais. “Esta definição passou a ser exaustivamente divulgada pela mídia no
Ocidente, gerando preconceito e negatividade para com as histórias em quadrinhos produzidas
no Japão” ( Ibidem, p. 26). Mesmo com a mídia criticando os mangás, muitos brasileiros vão
em busca das histórias em quadrinhos japonesas e acabam se interessando sobre a cultura e o
idioma japonês ( Idem).
32 Japão Curioso: Disponível em:http://japaocuriosoo.blogspot.com.br/2013/05/momento-otaku-1-conheca-os-varios.html. Acesso em 06 desetembro de 2015.
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Esse interesse se dá por conta dos mangás trazerem personagens mais reais,
apresentando problemas e dificuldades de um ser humano, os personagens precisam vencer seus
medos, irem trabalhar ou frequentar a escola, tem sonhos e desejos e também fazem escolhas
erradas. Além da estrutura das construções dos quadros e problemáticas que os personagens
passam, a narrativa mantém uma continuidade, os personagens crescem com o decorrer da
história. Por causa dessa realidade somada a ficção, faz com que cada ano cresça o consumo
das histórias em quadrinhos japonesas no Brasil.
Como apresentado no artigo de Santo, a pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro no
ano de 2008, Retratos de Leitura no Brasil , mostrou o interesse pelas histórias em quadrinhos
para os brasileiros, “sendo o gênero mais lido entre os homens e o sétimo mais lido entre as
mulheres” (2013, p. 02); e a pesquisa da Divisão de Economia Japonesa que “registraram oaumento crescente e ininterrupto no consumo de mangás pelo Ocidente” ( Ibidem, p.3).
No Brasil as editoras responsáveis por trazer as histórias nipônicas são: Panini que se
iniciou no Brasil em 1989 com sede em São Paulo, atualmente responsável pela publicação das
revistas em quadrinhos como Turma da Mônica – MSP , Marvel Comics, DC Comics, entre
outras.33 E a Editora Japan Brasil Communication (JBC), fundada em 1995, porém só depois
de quatro anos a editora entrou na área dos mangás, sendo Sakura Card Captor do estúdio
CLAMP, e Samurai X de Nobuhiro Watsuki seus primeiros títulos lançados. Parceira das principais empresas de comunicação do Japão, como: Kodansha, Tezuka Productions, Media
Works, Kyodo News, Graphic-Sha, entre outras.34
Estima-se que a indústria de mangás tenha um lucro anual de sete bilhões de dólaresembora tenha somente há pouco tempo se despertado para o mercado internacional. [...]As exportações de quadrinhos cresceram 300% entre 1992 e 2002, enquanto outrossetores exibiram um crescimento de apenas 15%. Atualmente são produzidas noventa etrês milhões de páginas por ano. Todo o entorno industrial da produção de mangás éavaliado em aproximadamente setecentos bilhões de ienes. (SANTO. 2013, p. 03)
Por conta da popularidade do mangás e dos animês se criou eventos especiais para estes
públicos que no Brasil se nomeiam de otaku, que significa “que gosta da cultura nipônica”, no
entanto a palavra otaku no Japão significa uma pessoa fissurada em determinada coisa a ponto
de se isolar do mundo (NORONHA, 2013, p.65).
33 Panini Comics: Disponível em:http://www.paninicomics.com.br/web/guest/who. Acesso em 11 de setembro de 2015.34 Editora JBC : Disponível em:http://www.editorajbc.com.br/jbc/. Acesso em 11 de setembro de 2015.
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34
O World Cosplay Summit (WCS) é o evento dedicado para os fãs de mangás, animês e
jogos, seu início se deu em 2003 em Nagoya, Japão, reunindo cosplayers do mundo todo para
o campeonato mundial de cosplay. Este evento vem crescendo anualmente. Atualmente para o
campeonato já se encontra com mais de vinte países participantes.35
No Brasil ocorrem várias convenções que unem o público otaku durante o ano todo,
porém a maior que ocorre é o Anime Friends, que acontece anualmente em São Paulo capital
durante uma semana, realizando diversas apresentações e o campeonato de cosplay que define
quem representará o Brasil no campeonato da WCS ( Ibidem, p.67).
2.2 Teoria da Cor
2.2.1 Percepção fisiológica da cor
Estamos sempre rodeados pelas cores. Quem mora nas cidades encontrará mais os tons
neutros, como o cinza; o colorido estará nos outdoors; quando vamos para o campo,
encontramos mais cores, como tons de verdes em uma floresta e o colorido das flores, pássaros
e animais.
Para podermos enxergar toda a beleza das cores é necessário ter a presença da luz, semela será só por meio de artefatos tecnológicos. A luz atingi o objeto que reflete estes raios, assim
podemos enxergá-lo (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p.27).
Nossos olhos são espécie de câmara óptica, seguem o princípio da câmara obscura e se
parecem com uma câmera fotográfica convencional (Figura 9). Nossos olhos capturam a
imagem invertida e ela se endireita no nosso cérebro ( Ibidem, p.28). Composto por várias lentes,
faz com que os raios luminosos sejam levados mais para o interior. A estrutura do olho é
bastante complexa, como a retina, que contém cento e trinta milhões de células receptoras
sensíveis a luz, sendo responsável por receber a imagem e transmitir para o centro visual.
Formada por células como os bastonetes, que são sensíveis a luz e a qualquer mudança dela, e
pelos cones, que são responsáveis pela visão da cor e dos detalhes ( Ibidem, p.33).
35 World Cosplay Summit : Disponível em:http://www.worldcosplaysummit.jp/en/about/. Acesso em 11 de setembro de 2015.
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Figura 9 - Comparação da visão humana com a câmera fotográfica convencional
FONTE: (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p.28)
2.2.2 Classificação da cor
Os estímulos causados pelas sensações cromáticas são:
- as cores-luz, ou luz colorida, são cores que provém da luz solar. Com o estudo
de Isaac Newton (Figura 10) sobre os fenômenos luminosos onde ao colocar um prisma
e fazer o raio de luz passar, surgem as cores do espectro (vermelho, laranja, amarelo,
verde, azul, anil e violeta), e com um segundo prisma, retornava a luz branca original
(PEDROSA, 2014, p.60).
Figura 10 - Experimento de Isaac Newton
FONTE: (PEDROSA, 2014, p.60)
- as cores-pigmento (Figura 11), são as substâncias corantes (como vermelho,
amarelo e azul, que são consideradas cores primárias, porque não podem ser criadas pela
mistura de outras cores, e o laranja, verde e violeta, que são consideradas cores
secundárias, por derivarem da mistura de duas cores primárias), classificadas por Goethe
como cores químicas, que são as que podemos criar. Elas absorvem, refratam e refletem
os raios luminosos ( Ibidem, p.20-21).
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Figura 11 - Cores-pigmentos
FONTE: (PEDROSA, 2014, p. 23)
Além da classificação de cores-luz e pigmento, as cores também podem ser divididas
em cores quentes e frias, dadas por conta da sensação de proximidade (quentes) e
distanciamento (frias). Entre outros aspectos, como apresentado por Guimarães (2000, p.34)
uma das definições das cores criada por Hermann von Helmholtz36, que foi retomada por Albert
Munsell37 no Livro da Cor , de 1905, onde classifica a cor em três características (Figura 12):
1. Matiz, que é a coloração, onde se determina o comprimento da onda;
2. Valor, que é a luminosidade, quanto a cor se aproxima do preto e do branco;
3. Croma, que é o grau de pureza da cor, ou também conhecido como a saturação dacor;
36 Hermann von Helmholtz, cientista e filósofo alemão, fez contribuições fundamentais para a fisiologia, ópticaentre outros. Conhecido pela sua declaração da lei da conservação da energia. (Disponível em:http://global.britannica.com/biography/Hermann-von-Helmholtz. Acesso em 16 de julho de 2015).37 Albert Munsell, artista e renomeado como professor pela escola “Normal Art School” em Boston, conhecidaatualmente como “Massachusetts College of Art and Design” ou “MassArt”. Inventou o fotômetro e o cavalete de
artista. Ele se dedicou ensinando sobre as influências que envolve a teoria cientifica das cores, usada como baseaté hoje. (Disponível em:http://munsell.com/about-munsell-color/munsell-color-company-history/albert-h-munsell/. Acesso em 16 de julhode 2015.
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Figura 12 - Classificação da cor criada por Helmholtz
FONTE: (PEDROSA, 2014, p. 212)
2.2.3 Processo cultural da cor
A construção simbólica da cor vem da vivência do ser humano com ela, tanto quealgumas cores, por conta da dificuldade de sua produção, acabavam sendo utilizadas pela alta
aristocracia, como por exemplo, a púrpura e o vermelho, e com isso se construía um significado
em cima da cor, o de poder. Além disso, construía em relação de como que achava determinada
cor na natureza, como o amarelo, por conta do sol, interpretava a cor algo que é alegre e
revigorante. De acordo com Farina, “desde a Antiguidade, o homem tem dado um significado
psicológico às cores e, a rigor, não tem havido diferença interpretativa no decorrer dos tempos”
(2011, p.96).A nomenclatura de cada cor tem relação ao conhecimento e percepção de cada povo,
como explicado por Guimarães no capítulo sobre a classificação cultural das cores (2000,
p.100), a percepção da cor para uma população que vive numa região árida será diferente de
uma que se encontra em um território mais tropical, com uma vasta floresta, e do que vive no
Alasca, já que a gama de cores de cada lugar é diferente, enquanto um verá mais tons de amarelo
e laranja, o outro verá tons mais de verde, e o outro tons de branco, e com isso cada um criará
diversos nomes para cada tonalidade que visualizar. Mas dificilmente a pessoa que vive no
Alasca, por exemplo, identificará todas as cores que a população que vive no território mais
tropical identificou, e vice-versa. A nomeação de cada cor se dá também pelo repertório do
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indivíduo, se ele souber como foi produzida aquela cor ou de onde veio, colocará na
nomenclatura, como por exemplo, azul da Prússia e vermelho-cádmio.
Mas muitos não sabem a origem de cada cor, conhecendo apenas algumas cores como
vermelho, azul, amarelo, laranja e verde, acabam colocando na nomeação da cor algo como
vermelho-azulado, verde-amarelado, para dizer que a primeira cor falada é a que predomina,
mas a segunda também aparece.
A preferência de cada cor também está ligada na percepção de cada um, o que se pode
perceber que na sociedade europeia a cor idealizada acaba sendo o branco, tanto que Goethe
afirma, “o homem branco é o mais belo” (GOETHE, 2013, p.143), mas ele é alemão, e a cor de
pele que predomina naquela região é o branco, enquanto na China, eles idealizam a cor amarela,
por conta da cor da pele daquele povo (HELLER, 2013, p.97), e o preto acaba tendo outrosignificado na população africana ( Ibidem, p.145). O que se pode perceber é que o ser humano
idealiza a cor perfeita em relação à cor da pele. Tanto que os significados destas cores acabam
se alterando. O branco, enquanto na Europa e para os ocidentais, simboliza a luz, a vida e o
bem, na China e orientais é a morte, o fim, o nada (FARINA, PEREZ, BASTOS, 2011, p. 97).
Enquanto no Ocidente o amarelo tem um lado negativo, como representação da inveja,
do ciúme, da avareza e do egoísmo, na China o amarelo é sempre bom, não importando a
composição (HELLER, 2013, p.98). Podemos visualizar esta diferença na coloração do símbolode Yin e Yang (Figura 13), enquanto no Ocidente é em preto e branco, no Oriente é preto e
amarelo.
Para os chineses o branco não é a cor complementar do preto, além de Yin e Yang
representar o masculino e o feminino, o preto e o branco para eles são cores femininas. Os
europeus não concordam com isso, tanto que a população ocidental sempre vê o Yin e Yang em
preto e branco. Mesmo as cores sendo adaptadas para cada contexto, na questão simbólica
continuam igual. Yin e Yang representam os opostos, se na Europa conservasse a coloraçãochinesa do símbolo, seu significado não faria sentido para os ocidentais.
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Figura 13 - Símbolo de Yin e Yang na China
FONTE: (HELLER, 2013)
Mas para ocorrer esta construção simbólica da cor é necessário ocorrer a construção do
código primário e secundário apresentado por Guimarães, “a cor é um dos elementos da sintaxe
da linguagem visual, que ela é determinada pelos códigos primários e organizada sob as regras
de composição dos códigos secundários” (2000, p.85).
Sendo que o código primário é da percepção do indivíduo, aspecto fisiológico,
responsável pelo órgão da visão, o olho, e é transmitido hereditariamente. De acordo com
Pedrosa esta percepção altera de pessoa para pessoa. Isto ocorre porque a percepção está ligada
ao estado fisiológico e psíquico do ser humano, além de outros fatores, como o uso de drogas
que pode motivar uma “hipersensibilidade à cor ” (PEDROSA, 2014, p.87). O código
secundário é o código da linguagem, este não tem relação com a genética, e sim, com como são
feitos os registros e as transmissões dos signos, criando um repertório com o código primário,
a percepção, com as regras do código secundário, e com isso “passa a constituir o que
conhecemos superficialmente como linguagem das cores” (GUIMARÃES, 2000, p. 53).
Porém, para todo este entendimento foi com base na experiência que se percebeu a
influência da cor para o ser humano, como argumenta Goethe, “a experiência nos ensina que
cores distintas proporcionam estados de ânimo específicos” (2013, p. 166), e ele explica sobre
preferência em usar determinada cor por um povo, como os franceses, que de acordo com
Goethe, os franceses “amam cores intensas”, porque são “povos calorosos” ( Ibidem, p. 177), eargumenta que “o caráter da cor da roupa tem a ver com o caráter da pessoa” ( Ibidem, p. 178).
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O que se pode perceber é que a cor é uma linguagem que mesmo que nós, seres humanos,
coloquemos códigos fixos não é possível limitá-la apenas em códigos, como Goethe diz, a cor
nos faz ter “estados de espírito” ( Ibidem, p. 177), sensações e também está relacionada a
convivência social. Como argumenta Pedrosa, “a variedade de significados de cada cor, ao
longo dos tempos, está intimamente ligada ao nível de desenvolvimento social e cultural das
sociedades que os criam” (2014, p. 110).
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CAPÍTULO 3: As cores nas obras de Ken Akamatsu
3.1 Sobre as cores e as personagens
3.1.1 Preto
O preto é uma cor ou não? Este é um questionamento frequente que se encontra no
estudo das cores, principalmente esta. O que se pode concluir é que depende do que se esteja
retratado. Se for em cor-pigmento, preto é cor, sendo até mesmo a mistura de todas as cores,
mesmo sendo teoricamente, como é afirmado por Pedrosa:
Teoricamente, o preto representa a soma das cores-pigmentos na mistura que produz asíntese subtrativa, mas o que se denomina preto nessa síntese é, a rigor, um cinza escuro,também chamado cinza-neutro, por não ser influenciado preponderamente por nenhumacor (2014, p.132).
Mas quando se trata de cor-luz, preto se torna a ausência da luz, quem se sobressai é o
branco, sendo este a mistura de todas as cores.
Na sociedade ocidental o preto é considerado uma cor masculina, quando se adiciona o
preto em qualquer cor esta se torna suja, mais escura e seu significado se torna negativo, mesmo
que a cor primária não contenha significados negativos, ao contrário do seu oposto, o branco,
que ao ser adicionado a outra cor, o seu significado se torna positivo, chegando a anular o
significado negativo da cor.
O preto é a cor da individualidade e da elegância, quem usa vestimentas desta cor, negou
as demais cores e o desejo de chamar a atenção, mostrando que o seu interior é mais importante,
não sendo necessário mostrar para o exterior (HELLER, 2013, p.141).
O preto é a cor que está presente na sociedade oriental e ocidental, mas principalmente
na oriental em seus cabelos escuros e nos mangás, que por serem impressos em preto e branco
todas as cores que não são claras, como marrom, roxo e azul acabam se tornando em preto na
história, tanto que se a personagem não aparecer na capa ou em uma ilustração colorida do autor
não tem como definir corretamente que cor é o cabelo.
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Figura 14 - Personagens de cabelo preto
FONTE: (A.I. ga Tomaranai! Vol. 08(novo); Love Hina Vol. 05; Mahou Sensei Negima! Vol.06.)
Além de ser a cor predominante dos mangás, pode-se ver a valorização da cultura
nipônica neles, principalmente as estudadas aqui. Em Love Hina, Motoko Aoyama (Figura 14
– centro) vem de uma família de samurais com o estilo Shinmei38, ela tem que se tornar forte
para herdar o estilo da família, já que sua irmã mais velha não pode herdar porque se casou, e
quando se casa perde este direito. Por conta da sua irmã ter largado o estilo para ter uma vida
de dona de casa, Motoko cria o sentimento negativo a respeito dos homens, pensando que foi
culpa dos homens ter “roubado” a irmã dela, já que ela gostava muito da irmã. Motoko é uma
representação clássica da cultura japonesa, focando nos samurais, desde a cor do cabelo preto
até as vestimentas e as suas atitudes na história.
Em Negima! a representação da cultura japonesa está na personagem Setsuna
Sakurazaki (Figura 14 – direita), que também é samurai, mas esta, além de ter um estilo
específico da família, ela tem que proteger a Konoka (Seção 3.1.3). Setsuna foi colocada nesta
responsabilidade desde pequena, tanto que Konoka cria um carinho por ela, chegando a não
entender quando ela a abandona. Setsuna se distanciou por conta de um acidente que ocorreu
com Konoka, ela não aceita por ser tão fraca ao ponto de não ter conseguido protegê-la, nãoentendendo que ambas eram muito pequenas, mas mesmo assim, Setsuna protegia Konoka a
distância, mas sempre sozinha. Setsuna e Motoko são bem parecidas, além de ambas serem de
uma família com um estilo de samurai, são dedicadas, mas inseguras com os seus sentimentos,
ambas têm uma evolução na história, compreendendo que elas podem ter o estilo, serem fortes
e proteger quem elas amam, mas também serem felizes, terem amigos e serem garotas comuns.
Das obras analisadas, a mais diferente é de A.I. ga Tomaranai!, Toni ou Twenty (Figura
14 – esquerda), é um A.I. ( Artificial Intelligence - Inteligência Artificial) de número vinte, a
38 Shinmei: Uma arte marcial de Kyoto. (AKAMATSU, 2007, p.84.)
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primeira A.I. com forma mais atraente que Hitoshi Kobe consegue criar, mas com um pequeno
problema, ela só tinha duas configurações, romântica ou hostil. Hitoshi fica muito decepcionado
consigo mesmo porque ele queria uma namorada amável, algo que Twenty não era, tanto que
ele a desativa. Porém quando ela cria vida e descobre que foi substituída por Thirty (Seção
3.1.5), Twenty fica com muito ciúmes, faz de tudo para prejudicar Thirty, mas descobre que ela
é muito amável, então decide ajudá-la a evoluir no namoro com Hitoshi. No primeiro
lançamento do mangá, Twenty aparecia nas capas com o cabelo preto, no relançamento da obra,
nas primeiras capas, ela aparece com o cabelo comprido de cor marrom escuro, no entanto
quando ela corta o cabelo aparece com cor preto novamente.
Este mangá é complexo, lembra Love Hina, mas como se fosse um protótipo, quando a
história continha uma problemática, Akamatsu dava um fim para ela muito rápido, contendomuitos festivais de praias, que acaba se tornando repetitivo. A problemática principal se perde
(se é que pode considerar que tinha uma), muitos acontecimentos ficam perdidos.
Por parecer um protótipo de Love Hina, Twenty se parece com duas personagens, a
Mitsune que é amiga de Naru Narusegawa (Seção 3.1.4) e a tia de Keitarô, Haruka. Mitsune foi
apelida de Kitsune (raposa) por ser astuta e esperta, sempre querendo tirar vantagem e cuidar
da vida das moradoras da pensão. Já Haruka é a mais velha que aparece na pensão, sempre
séria. Twenty lembra Haruka e Mitsune porque depois que chega a/o Forty (Seção 3.1.4), elaadota uma postura mais materna, mas sem deixar de dar “ pentelho” onde não era chamada.
As personalidades das personagens de cabelo preto encontradas durante a leitura podem-
se visualizar na tabela a seguir:
Tabela 1 - Personalidades das personagens de cabelo preto
Obras Personagem Personalidades
A.I. ga Tomaranai! Twenty Arteira; Autoritária;
Dominadora; Egoísta; Esnobe;Festeira; Malvada; Safada;
Love Hina Motoko Aoyama Dedicada; Determinada; Forte;Insegura com os sentimentos;Perfeccionista; Séria; Tímida;
Mahou Sensei Negima! Setsuna Sakurazaki Fria; Insegura com os
sentimentos; Protetora; Séria;Tímida
FONTE: (do autor)
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3.1.2 Roxo
Violeta, roxo, lilás ou púrpura, não importa como se nomeia, a cor a ser estudada aqui
é a mistura do azul com o vermelho, sendo identificada em quarenta e um tons no livro A
psicologia das cores de Eva Heller (2013, p.192), esta podendo ter tons mais para o azul ou
para o vermelho. Esta cor é a mais ambígua das cores, já que em sua composição contém dois
opostos. Como argumenta Heller:
Em nenhuma outra cor se unem qualidades tão opostas como no violeta: é a união dovermelho e do azul, do masculino e do feminino, da sensualidade e da espiritualidade.A união dos opostos é o que determina a simbologia da cor violeta ( Ibidem, p.193).
Considerada como cor feminina. Simboliza a devoção e a fé, já que os sacerdotes autilizavam. Do poder, por causa do custo elevado de sua produção na Idade Média, sendo assim,
utilizada apenas pela realeza (WILLS, 1997, p.45). Simboliza também a saudade, ciúmes,
magia, calma, dignidade, variando de acordo com o tom.
O violeta não é uma cor comum de se encontrar na natureza, e mesmo quando
encontrada, como por exemplo, a flor violeta, há de diversas cores (HELLER, 2013, p.200). No
cabelo não existe naturalmente, só por tingimento, nos mangás dificilmente não achará uma
personagem que tenha algum tom desta cor na história, mas raramente elas são as protagonistas.
Figura 15 - Personagens de cabelo roxo
FONTE: ( A.I. ga Tomaranai! Vol. 08 (novo); Love Hina Vol. 06; Mahou Sensei Negima! Vol. 15.)
Para representar esta cor nas obras de Ken Akamatsu foi selecionado, de A.I. ga
Tomaranai!, Yayoi Kobe (Figura 15 – esquerda), irmã de Hitoshi Kobe, mora com os pais nos
Estados Unidos, mas vem para o Japão determinada em buscar o irmão. Constrói A.I.s como
Hitoshi, mas de menor magnitude. Ela é uma personagem finalizadora, como a irmã de Keitarô,
Kanako, que também tem o cabelo desta cor ( Love Hina volume 11 e 12) (AKAMATSU, 2007,
p. 130-131).
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Para Love Hina a escolhida é a Shinobu Maehara (Figura 16 – centro), é uma das mais
novas da pensão Hinata. Excelente cozinheira, mas bastante tímida, com a convivência dos
moradores da pensão ela consegue vencer as suas dificuldades conseguindo no final entrar até
na faculdade. Em Negima! a escolhida foi Nodoka Miyazaka (Figura 16 – direita), ou garota
dos livros, já que ela cuida da biblioteca da instituição. Tímida igual Shinobu, quando conhece
o protagonista cria um carinho por ele. No final Nodoka mostrou ser uma ótima amiga, pois
não seria por um garoto de dez anos que iria