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ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS
DE UMA LAVANDERIA:
DETERMINAÇÃO DA CURVA DE
APRENDIZAGEM DO PROCESSO
PRODUTIVO
Adryano Veras Araujo (UFPI )
Yana Pereira da Silva (UFPI )
Mercelandia Alves dos Santos Lima (UFPI )
Luis Henrique dos Santos Silva Sousa (UFPI )
Devido à competitividade existente no atual cenário da economia, o
estudo de tempos e movimentos (ETM) associado à curva de
aprendizagem, contribui na determinação dos custos e tempos
necessários para execução de operações do processo produutivo.
Assim, este artigo tem como objetivo, através da aplicação do ETM,
determinar a curva de aprendizagem para o processo de passadoria
em uma lavanderia. Para tal, foram calculados o tempo padrão, a
capacidade produtiva e a curva de aprendizagem. Feito isto, os
resultados obtidos foram analisados, e partir deles foram sugeridos
propostas de melhorias para execução da operação em estudo, com o
intuito de aumentar a produtividade deste setor.
Palavras-chave: Curva de aprendizagem. Lavanderia. Tempos e
movimentos.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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1. Introdução
No atual cenário da economia as atividades que envolvem o desempenho de uma empresa em
satisfazer sua demanda atual e futura são de responsabilidade da administração da produção.
Sabendo disso, para conseguir obter resultados eficientes nessa área, se faz necessária a
criação de medidas que promovam um equilíbrio adequado entre capacidade e demanda.
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
Tendo em vista a importância desse equilíbrio, as empresas passaram a buscar técnicas e
métodos para potencializar a capacidade produtiva de suas operações. Posto isto, com esses
métodos, além de identificar a subutilização dos fatores produtivos, também é almejada a
detecção dos gargalos produtivos que limitam a capacidade total de uma empresa (BLATI;
KELENCY; CORDEIRO, 2010).
Existem diversas formas de se analisar a capacidade de uma empresa, e uma delas é por
intermédio do Estudo de Tempos e Movimentos (ETM), pois este método contribui com a
eficiência da produção a partir da determinação dos tempos de realização das atividades, para
assim, determinar um método ideal, padronizar as tarefas, treinar os colaboradores que irão
executar as operações, e assim reduzir os tempos de trabalho e otimizar a produção (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
Através do ETM é possível estimar a curva de aprendizagem. Esta curva apresenta a redução
nos tempos de trabalho à medida que o operador se especializa na tarefa, ocasionando em uma
diminuição dos custos e nos tempos de operações. Portanto, quanto menor é o tempo gasto na
execução de uma operação, menor será o número de mão de obra necessária (PEINADO;
GRAEML, 2007).
Em razão do exposto, este trabalho tem como objetivo determinar a curva de aprendizagem
em uma lavanderia, focando-se no setor de passagem das roupas, denominado passadoria.
Esta análise é baseada nas premissas do estudo de tempos e movimentos, para contribuir no
melhor desempenho e na eficiência do processo das atividades da lavanderia.
2. Referencial teórico
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2.1 Estudo de tempos e movimentos
As empresas buscam cada vez mais alcançar novos métodos e meios de se ganhar vantagens
competitivas em diversos âmbitos de uma organização. Uma forma de atingir esses objetivos
é através de análises nos processos e nas execuções das tarefas.
Santos et al. (2015) afirmam que em todas as atividades que exigem trabalho manual, se faz
necessário realizar medidas de avaliação das operações a serem executadas, com o intuito de
alcançar um método de realização desse trabalho da forma mais racional possível.
Diante dessa crescente necessidade de criação de um método preferido para otimizar e
potencializar as operações de trabalho manual, surgiu assim o estudo de tempos e
movimentos, idealizado por Frederick Taylor e o casal Frank e Lillian Gilbreth (PEINADO;
GRAEML, 2007).
De acordo com a ótica de Barnes (1977) o estudo de tempos e movimentos pode ser
compreendido como um estudo sistemático de trabalho que foi desenvolvido com o objetivo
de determinar o método de atividade ideal, ou o que mais se aproxima do ideal, a partir da
padronização do trabalho determinado pelo ritmo de produção de um operador experiente
exercendo suas atividades em condições normais de trabalho.
Pra concepção de um ETM, conforme a literatura levantada é essencial para análise das
cronometragens, a determinação do tempo normal (TN) e tempo padrão (TP) de operação, que
podem ser obtidas por meio das seguintes fórmulas:
TN = TC x RT (1)
TP =TN x Ft (2)
Onde o RT é o ritmo, ou seja, a velocidade do operador durante a execução da atividade, pelo
qual é determinado pelo analista que estiver realizando as cronometragens, onde o mesmo
compara a velocidade do operador em observação com o ritmo que ele julga ser normal. O Ft
é o fator de tolerância, no qual é determinado através de amostragem do trabalho, a fim de
identificar o tempo necessário de cada tolerância, seja tolerância pessoal, fadiga ou de espera.
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Conforme Peinado e Graeml (2007), o número de cronometragens a ser realizado para o
estudo de tempos é definido com base na seguinte fórmula:
(3)
Onde:
Z= coeficiente de distribuição normal.
N= número de observações necessárias.
Er = Erro.
p= Proporção da atividade estudada no conjunto de todas as atividades.
Barnes (1977) acrescenta que no estudo de tempos e movimentos se dar por intermédio da
seleção da melhor maneira de desempenhar uma tarefa, formando o método preferido de
organização e distribuição do trabalho, para assim, eliminar os movimentos improdutivos e
reduzir os custos de processamento.
Outro ponto levantado pelo autor supracitado, sobre ETM nos sistemas produtivos, que ao
reduzir o tempo gasto nas atividades de mão de obra, isso promove um aumento da
capacidade produtiva da organização que consegue implantar e dominar esse método.
2.2 Curva de aprendizagem
Segundo Teplitz (1991) a curva de aprendizagem na produção industrial teve início na década
de 20, logo após a Primeira Guerra Mundial, onde inicialmente, foi empregada na indústria
bélica com o intuito de tornar a produção mais eficiente. Em 1936, na década de 30, T. P.
Wright, baseado em seus estudos na aeronáutica, apontou como o custo da mão-de-obra
diminuía, com o passar do tempo, em uma produção repetitiva de montagem de um avião.
Em 1881, Frederick Taylor embora tenha iniciado seus estudos basicamente pela divisão das
tarefas, também fez o uso do fenômeno de aprendizagem, em que o operário ao executar
várias vezes determinada atividade, tornava-se mais ágil e eficiente gradativamente
(BARNES, 1977).
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De acordo com Peinado e Graeml (2007) a curva de aprendizagem é uma representação
gráfica da redução de custo à medida que os operadores adquirem habilidade e aumentam o
volume total de elementos processados em um mesmo período de tempo.
A curva de aprendizagem utiliza de representações matemáticas com o objetivo de avaliar o
desempenho de um trabalhador, ao longo do tempo, quando submetido a uma tarefa repetitiva
(ANZANELLO; FOGLIATTO, 2004).
Assim, conforme Peinado e Graeml (2007, p.125), o cálculo da curva de aprendizagem é
representado pela seguinte fórmula:
(4)
Onde:
Tn = tempo para fazer a enésima unidade;
T1 = tempo para fazer a primeira unidade;
n = número da unidade produzida;
b = quociente entre o logaritmo natural do percentual de aprendizagem e o logaritmo natural
de 2.
Conforme os autores supracitados, a curva de aprendizagem pode ser aplicada nas
organizações para diversas finalidades. Essa forma matemática contribui para realizar
estimativas de melhoria contribuindo para o planejamento da real necessidade de mão-de-
obra.
De acordo com Leite (2002), onde existir a melhoria contínua, as curvas de aprendizagem
estarão presentes. Estas, por sua vez, podem ser empregadas em várias atividades
profissionais, como por exemplo, na construção civil, educação física, medicina e diversos
setores industriais.
No que se refere ao setor de serviços, o conceito de curva de aprendizagem também pode ser
aplicado. Jacobs e Chase (2009) comprovam em seus estudos, realizado em um restaurante,
onde um trabalhador acumulava experiência quando passou a servir diariamente o dobro da
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quantidade de hambúrgueres que servia anteriormente, e com isso, conseguiu-se obter um
número maior de vendas e gerando redução de tempo de operação e custos.
Barnes (1977) afirma que a habilidade necessária para efetuar certos trabalhos manuais
dependerá da forma exata que determinados movimentos são executados, e cita um exemplo
de treinamento em um laboratório com operadores que realizam uma atividade de montagem,
onde é possível determinar a curva de aprendizagem desses operadores.
Peinado e Graeml (2007, p.124) afirmam que “a cada vez que o número de repetições é
dobrado, ocorre um declínio percentual constante no tempo de execução da tarefa”. Dessa
forma, a determinação da curva de aprendizagem pode ser obtida pela equação abaixo.
(5)
Onde:
Tn = tempo para fazer a enésima unidade;
T1 = tempo para fazer a primeira unidade;
X = número de proporções realizadas.
3. Metodologia
Se tratando dos objetivos da pesquisa, esta é caracterizada como descritiva, visto que possui o
intuito de identificar e obter informações sobre as características de uma determinada questão,
com a finalidade de descrever o objeto de estudo e os problemas relacionados (TERRIONI;
MELLO, 2012).
Em relação à natureza, ela é classificada como aplicada, já que se procura gerar
conhecimentos para uma aplicação prática e voltada para solução de problemas
específicos. Quanto à abordagem, esta é considerada como quantitativa, no qual envolve a
tradução em números, opiniões e informações, a fim classificá-las e analisá-las, o que requer
coleta e analise de dados numéricos e interpretações dos mesmos (SILVA; MENEZES,
2005, KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010).
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No que se refere à coleta de dados, esta foi realizada por meio de visitas à empresa com a
finalidade de observar, na prática, o fluxo das atividades desenvolvidas e identificar os
aspectos que influenciam todo o processo produtivo. Assim, a técnica utilizada para
levantamento dos dados necessários foi composta por entrevistas não estruturadas, onde há a
liberdade de posicionar as perguntas conforme for a necessidade, além do uso da
documentação direta (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010 ; GIL, 2002).
Para a realização da pesquisa, houve realização de cronometragens, no qual se fez uso de um
quadro de acompanhamento e um cronômetro. Portanto, no que tange a população do estudo,
esta é composta apenas pela funcionária que trabalha no setor de passadoria, e em relação à
amostra, essa é definida pela camisa de manga longa, por ser o gargalo da atividade e o
modelo de roupa escolhida para análise.
4. Resultados
4.1 Realização das análises
Sabe-se que no setor de lavanderia existe uma vasta diversificação em relação aos tipos de
tecidos e de roupas, assim como também nas etapas do processo de lavagem e cada modelo
que compõe o setor. Assim, este estudo teve como foco a atividade que assume mais tempo na
sua realização, ou seja, o gargalo da produção.
Tabela 1 – Setor de passadoria
Médias por peça na passadoria
Item Tempo médio por
peça em minutos
% da carga horária
diária por peça
Camisa "gola polo" 10 2,1%
Camisa manga curta 15 3,1%
Camisa manga longa 30 6, 2%
Camiseta 10 2,1%
Calça social 20 4,1%
Calça jeans 10 2,1%
Bermuda 10 2,1%
Blusa simples 10 2,1%
Fonte: autoria própria
Os tempos médios de produção por peça foram obtidos por cronometragens realizadas na
empresa, na qual foi possível identificar que o item mais solicitado para o serviço de
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passadoria é a camisa manga longa, assim como a que demanda mais tempo para realizar a
atividade. Sabendo disso, foi cronometrado um tempo médio de 30 minutos para concepção
dessa atividade, assim como mostra a Tabela 1, comprovando que este é o gargalo da
produção.
Portanto, de acordo com as medições de tempos levantadas, o item “gargalo” corresponde a
6,2% da carga horária diária da operadora, ou seja, essa porcentagem mostra o tempo gasto
por peça pelo funcionário durante seu turno de trabalho.
4.2 Processo de passadoria
O setor da passadoria é composto por: operadora, mesa, ferro e outros pequenos utensílios que
compõem a máquina de passar. Conforme é mostrado na Figura 1.
Figura 1- Máquina de passar
Fonte: autoria própria
Antes de solicitar o setor de passadoria, inicialmente as peças de roupas transitam pelo
processo de lavagem e secagem. Em seguida são direcionadas para a máquina de passar, onde
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são processadas pela funcionária do setor. As etapas do processo produtivo do item em
estudo, camisa manga longa, são representadas pelo gráfico fluxograma do processo a seguir:
Quadro 1- Fluxograma do processo da operação
GRÁFICO DO FLUXO DO PROCESSO
Símbolos
Análise ou operação
To
tais
9 Rotina: Atual
Transporte 2
Inspeção 1 Setor: Passadoria
Espera 0
Armazenamento 1
Ordem Símbolos Setor Descrição dos passos
1
Retirar as peças da máquina e
colocar no cesto.
2
Levar o cesto para perto da
mesa de passar.
3
Colocar a camisa na mesa e
borrifar amaciante na gola.
4
Passar a gola dos dois lados.
5
Colocar o punho da camisa no
"braço" da mesa e borrifar
amaciante.
6
Passar os punhos.
7
Passar mangas.
8
Passar os dois lados da parte
superior da camisa.
9
Passar os dois lados da parte
inferior da camisa.
10
Inspecionar a camisa.
11
Colocar a camisa no cabide.
12
Levar camisa para a máquina
de embalagem.
13
Armazenar a camisa.
Fonte: autoria própria
4.3 Estudo dos tempos na lavanderia
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O processo de coleta de dados se sucedeu durante 17 dias, considerando que cada dia
realizou-se três cronometragens, para ao final, tirar uma média do desempenho do dia
investigado. Com a finalidade de chegar a esta conclusão, inicialmente foi determinado o
número “N”, pelo qual significa a quantidade de observações mínimas necessárias para se
aplicar o estudo conforme a curva de aprendizagem.
A fim de efetuar o cálculo do número N de observações para representar com veracidade a
amostra da pesquisa, utilizou-se a fórmula (3), conforme a literatura de Peinado e Graeml
(2007).
Na realização desse cálculo, considerou-se um nível de confiança de 90% (Z=1,65), de acordo
com a tabela do coeficiente de distribuição normal, e uma margem de erro de 20%, uma vez
que as cronometragens ocorreram em um mesmo turno, podendo haver variação no
desempenho da operação de acordo com o período de trabalho.
Levando em consideração as informações disponibilizadas pela administração da lavanderia,
pelo qual admitia que a operadora consumia cerca de 80% do seu tempo de trabalho dedicada
ao setor de passadoria, com o item de camisa manga longa, o resultado da quantidade mínima
de observações necessárias por meio da aplicação da fórmula é de 17 cronometragens. A
seguir, tem-se a demonstração do cálculo realizado.
Logo, a quantidade de cronometragens para análises desse estudo ocorreram em dezessete
dias, porém, realizadas cinquenta e uma vezes, pelo fato da média diária de três
cronometragens da operação de passar as camisas sociais manga longa, a fim de obter um
resultado mais expressivo e confiável.
O procedimento foi dividido em cinco operações básicas: passar a gola; passar punho, passar
manga, passar parte superior da camisa (acabamento) e finalização. Para dar início à
cronoanálise foi realizada a cronometragem de três peças com o propósito de efetuar o cálculo
do tempo normal.
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4.3.1 Início do estudo (cenário 1)
A Tabela 2 mostra a média dos tempos cronometrados obtidos e seu tempo total de acordo
com a quantidade realizada na fase inicial do estudo.
Tabela 2 – Tempo médio Cronometrado
Operação Tempo Cronometrado (min) Quant. Tempo Total
Passar a gola 1,95 1 1,95
Passar punho 3,8 2 7,6
Passar manga 5,01 2 10,02
Acabamento 4,32 2 8,64
Finalização 2,27 1 2,27
Total (min) 30,48
Fonte: autoria própria
Logo após, para determinação do tempo normal e tempo padrão, foram aplicadas as fórmulas
(1) e (2) considerado um ritmo (RT) de 90%, no qual foi determinado pelo analista através de
comparação da velocidade observada e a que considera normal segundo seu próprio conceito.
E como um operador não trabalha sem interrupções, é necessário determinar um fator de
tolerância (Ft) de acordo com as condições do local de trabalho.
Segundo Peinado e Graeml (2007) o tempo médio que o operador deve ter durante sua
jornada de trabalho para necessidades pessoais está entre 2% a 5% e a tolerância para alívio
da fadiga é determinado pela empresa em 10%, assim totalizando um Ft para o estudo de
115%, como mostra a Tabela 3.
Tabela 3 – Tempos Padrão
Tempo
Cronometrado Ritmo
Tempo
Normal
Fator
Tolerância
Tempo
Padrão
Cenário 1 30,48 0,9 27,43 1,15 31,55 Fonte: autoria própria
4.3.2 Após 17 dias (cenário 2)
A Tabela 4 mostra a média dos tempos cronometrados obtidos e seu tempo total de acordo
com a quantidade realizada após 17 dias.
Tabela 4 – Tempo médio cronometrado
Operação Tempo Cronometrado (min) Quant. Tempo Total
Passar a gola 0,72 1 0,72
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Passar punho 1,28 2 2,56
Passar manga 2,87 2 5,74
Acabamento 1,6 2 3,2
Finalização 1,8 1 1,8
Total (min) 14,02
Fonte: autoria própria
Da mesma forma, para o cálculo do tempo padrão e tempo normal foram utilizadas as
fórmulas anteriores, onde considerou-se também um ritmo de 90% e um fator tolerância de
115%, como mostra a Tabela 5.
Tabela 5 – Tempos Padrão
Tempo
Cronometrado Ritmo
Tempo
Normal
Fator
Tolerância
Tempo
Padrão
Cenário 2 14,02 0,9 12,62 1,15 14,51 Fonte: autoria própria
Através dos tempos padrão alcançados foi possível realizar um comparativo da capacidade
produtiva entre o primeiro e segundo cenário. A capacidade é obtida através da divisão do
tempo total de trabalho pelo tempo padrão do método que se quer obter a capacidade.
Considerando os tempos estudados, o cenário 1 obteve capacidade produtiva de 10,23
peças/dia, contudo, após 17 dias obteve-se uma capacidade de 21,5 peças/dia no cenário 2.
Logo, é possível afirmar que a funcionária adquire habilidades com o passar tempo, tendo em
vista que há uma maior rapidez na realização da atividade de passar as camisas.
4.4 Curva de aprendizagem
Visto que a funcionária adquiriu maior agilidade com o tempo, pois quanto mais familiarizada
a funcionária estiver com a sequência dos movimentos e com o manuseio dos materiais e
ferramentas, maior habilidade terá e menor será o tempo gasto por peça.
Os dados coletados durante o estudo serviram como base para a construção da curva de
aprendizagem. Assim, é possível estimar a curva através da média dos quocientes dos valores
contidos no Quadro 2.
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Quadro 2 – Acompanhamento diário dos tempos de processo
Dias de
produção Tempo de processo
1 30, 48
2 30, 26
3 29, 50
4 29, 23
5 29, 09
6 28, 38
7 27, 39
8 27,22
9 26,42
10 24,39
11 22,34
12 19, 58
13 17,34
14 16, 33
15 15, 54
16 14, 21
17 14,02 Fonte: autoria própria
Mediante os tempos obtidos na cronometragem e demonstrados no quadro 2, foi elaborado a
curva de aprendizagem que ilustra a evolução do desempennho da operadora responsável do
setor de passadoria, como mostra a Figura 2.
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Figura 2 – Curva de aprendizagem na atividade da passadoria
Fonte: autoria própria
De acordo com a análise da curva de aprendizagem obtida, pode-se concluir que a evolução
da colaboradora ocorre conforme uma curva de 81%, caracterizando seu nível cognitivo de
aprendizagem. Porém, caso a operadora continue nesse ritmo, sem influência de treinamentos
ou atividades que promovam melhor capacitação de suas operações, será necessário 1.947
repetições da atividade de passagem das camisas manga longa, para que se atinja o tempo
padrão denominado esperado pela administração da lavanderia, pelo qual representa 3
minutos para executar tal atividade.
Essa projeção de 1.947 repetições para que a operadora consiga obter as habilidades
necessárias para executar a tarefa estudada em 3 minutos, foi obtida pela interpretação das
fórmulas (4) e (5) e com o auxílio do software Microsoft Excel.
5 Conclusão
Mediante ao contexto da competitividade atual, em que empresas carecem desempenhar bem
suas atividades para conquistar a preferência no mercado, faz mais do que necessário realizar
observações diretas e acompanhamento de cada operação, com o intuito de se obter o controle
da produtividade por meio de dados e informações obtidas pelas técnicas de cronoanálise e
pela curva de aprendizagem.
Com os dados levantados pela cronometragem foi possível perceber o desempenho da
operação realizada pelo operador, no qual estava muito abaixo do esperado, conforme o
tempo estipulado para concluir tal atividade, ou seja, o TP determinado pela empresa.
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Dessa forma, com a determinação dos tempos na atividade de passadoria, é possível um maior
monitoramento dessa atividade, contribuindo para melhoria dos processos como um todo,
uma vez que se obtêm os tempos médios de atividade de cada peça, assim como da camisa
manga longa.
A curva de aprendizagem mostra-se relevante para o estudo em razão de identificar o impacto
que uma atividade pode gerar nos custos e na produtividade da empresa. Desse modo,
conclui-se que a atividade da passadoria se tratando nas passagens de camisas sociais eram as
atividades mais dispendiosas, pois demandavam maior tempo para serem executadas, devido à
falta de habilidades da colaboradora.
5.1 Sugestões
Diante dos resultados obtidos, recomenda-se inicialmente o acréscimo de outra máquina de
passagem de roupa, assim como a contratação de uma nova funcionária específica para
atividade, possibilitando que a empresa possa desempenhar suas atribuições com folga sem
perder muito tempo nessa etapa de suas operações.
Outra sugestão possível de elaborar na pesquisa é o incentivo para realização de treinamentos,
para contribuir no grau da adaptação física a atividade do trabalho, assim como a redução do
tempo necessário para adquirir habilidade esperada e sedimentar à operação.
E a terceira e última sugestão é promover estímulos e condições adequadas de trabalho para
que não haja pedidos de demissões, pois além de comprometer as atividades, afeta juntamente
com os custos de treinamentos para o novo funcionário. Desacelera a produção e compromete
a capacidade produtiva, podendo assim resultar na insatisfação do cliente, pois a empresa não
seria capaz de atender os prazos de sua demanda.
REFERÊNCIAS
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lotes de tamanho variável a equipes de trabalhadores. In: XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
Florianópolis, nov., 2004. Anais… Florianópolis. 2004.
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BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 6 ed. São Paulo: Edgar
Blücher, 1977.
BLATI, A. C; KELENCY, L. G; CORDEIRO, R. W. L. Balanceamento de operações: aplicação da ferramenta
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Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: atlas, v. 3, 2002.
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2002. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)–Programa de Pós-Graduação em
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Curitiba: UnicenP, 2007
SANTOS, A. C.; MENDONÇA. L. A.; BARROS, D. M.; BARROS, J. M.; PEIXOTO, M. V. ESTUDO DE
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