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ESTUDO DO MICROCLIMA URBANO EM CUIABA/MT
RESUMO
O presente trabalho aborda as diferenças climáticas entre as cidades de Cuiabá
e Chapada dos Guimarães, ambas situadas no estado de Mato Grosso. Além
disso, este artigo apresenta a provável causa dessas diferenças e a proporção
das mesmas a partir de um estudo climático baseado no ano de 2008. No estudo
apresentamos que apesar de Cuiabá e Chapada dos Guimarães estarem sob
influência das mesmas massas atmosféricas regionais apresentam temperaturas
(mínima, media e máximas), umidade do ar, e índices pluviométricos com
diferenças perceptíveis. Na realização da pesquisa, inicialmente somos levados
a induzir que a altitude é o um fator de forte influência. Parte dos estudos foi
realizada com dados meteorológicos do aeroporto de Cuiabá e outra parte dos
estudos realizados em 2008 por Schreiner sobre a cidade de Chapada dos
Guimarães. A qual, no ano de 2008, apresentou temperaturas: mínimas que por
muitas vezes ao ano esteve abaixo dos 15°C, médias que não passaram dos
23°C e máximas que chegaram a 30°C. Porém, Cuiabá no mesmo período
apresentou temperaturas: mínimas que chegou a 16ºC uma vez no ano, médias
que estavam na casa dos 27°C e máximas de 36°C. Estas diferenças estiveram
presentes em todos os fenômenos climáticos ocorridos no ano de 2008 em
Cuiabá e Chapada dos Guimarães-MT. Porém, o que se percebeu foi que,
durante estabilidades atmosféricas as diferenças da força desses fenômenos
foram menores. Portanto, no ano de 2008, Cuiabá apresentou temperaturas
mais elevadas que Chapada dos Guimarães, em média 4°. Tendo a altitude
como fator de influência para este fato.
Palavra Chave: Fenômenos Climáticos, Clima Cuiabá, Comparações entre Cuiabá e
Chapada dos Guimarães.
2
INTRODUÇÃO
A história de Cuiabá inicia no século XVII, com Manoel de Campos Bicudo,
um bandeirante paulista. Manoel de Campos Bicudo e seu grupo, foram o
primeiro s bandeirantes a chegaram na região do estado de Mato Grosso.
Durante a sua passagem ele fundou o primeiro povoado da região, onde o rio
Coxipó deságua no Cuiabá, e batiza o povoado de São Gonçalo.
Em 1718, Pascoal Moreira Cabral chega a região, que agora estava
abandonada, buscando índios. Nessa busca, ele e os bandeirantes que o
acompanhavam entraram em confronto com os índios coxipónes, aonde os
índios saem vitoriosos. Com sua derrota, os bandeirantes vão embora, e no
caminho de voltam acabam encontrando ouro, abandonando, assim, a captura
dos índios e passam a se dedicar ao garimpo.
Em 1719, Pascoal Moreira foi eleito como comandante da região de
Cuiabá. E em 8 de abril de 1719, Pascoal assina a ata da fundação de Cuiabá,
num lugar conhecido como forquilha, às margens do rio Coxipó, aonde garantia
os direitos pela descoberta do oura à Capitania de São Paulo. Assim, logo a
notícia se espalhou, e pessoas de todo o Brasil migraram para a região em busca
do ouro.
Pouco tempo depois, foi descoberto ouro às margens do córrego da
Prainha, quantidade maior inclusive do que a do rio coxipó. Assim, o fluxo e
migração de pessoas se tornou muito intensa, e em 1723, a igreja matriz foi
erguida, sendo dedicada ao Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
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O capitão-general governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo César
de Menezes, chega à Cuiabá em 1726, representando o Reino de Portugal. E
em 1º de janeiro de 1727, Cuiabá é elevada à categoria de Vila, com o nome de
vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
No entanto, o ouro não tinha a abundancia esperada, e logo começou a
chegar no fim. E Cuiabá teve um êxodo muito grande de sua população. Grandes
esforços foram feitos para tentar evitar esse êxodo. Em 17 de setembro de 1818
Cuiabá foi elevada à condição de cidade e em 28 de agosto de 1835 tornou-se
capital da província de Mato Grosso. Entretanto, tais mudanças não foram
suficientes para que a população retornasse ou até continuasse em Cuiabá.
Na Guerra do Paraguai (1864 - 1870), Mato Grosso teve várias cidades
invadidas, porém, a capital ficou livre das batalhas. E então, após a guerra, e o
retorno da navegação pelas bacias dos rios Paraguai, Cuiabá e Paraná, o
município volta a crescer. Com a economia baseado na produção de cana-de-
açúcar e no extrativismo.
Porém, esse crescimento não dura muito, e a cidade fica estagnada
novamente, até 1930. Pois, o isolamento da região com o resto do Brasil foi
quebrado, com a criação de rodovias que ligavam Cuiabá com Goiás e São
Paulo, e a aviação comercial.
Com a transferência da Capital Federal e o programa de povoamento do
interior do país, Cuiabá teve uma explosão de crescimento a partir da década de
1950. E em 1970 e 1980, o crescimento era tanto, que os serviços e a
infraestrutura não conseguiram acompanhar o ritmo.
Logo depois, o agronegócio cresceu no estado, e Cuiabá passou a se
modernizar e a industrializar-se, tendo o turismo como uma opção rentável de
lucro.
4
O município abriga uma população de aproximadamente 570 mil
habitantes, já a população da conurbação (Cuiabá – Várzea Grande) chega a
aproximadamente 820 mil habitantes, e o colar metropolitano quase 1 milhão de
habitantes. Assim, Cuiabá se faz uma pequena metrópole no coração do Brasil.
As áreas urbanas se caracterizam pela alta concentração populacional em
espaços relativamente reduzidos. Segundo o IBGE (2011) aproximadamente
85% da população brasileira vive em cidades, deve-se ainda considerar que
segundo a Embrapa (2005) o Brasil apresenta apenas 0,25% de seu território
ocupado por uso do solo efetivamente urbano. Esses dados destacam além da
alta concentração de pessoas em espaços reduzidos, a importância dos
processos de planejamento urbano, pois diversos autores relacionam a
qualidade ambiental à adequada gestão do uso do solo. Nesse sentido os
processos de planejamento e a gestão do espaço urbano ganham ainda mais
importância, pois estão diretamente relacionados a qualidade ambiental urbana.
Entretanto os processos de planejamento urbano historicamente
estiveram vinculados às premissas sociais e sobretudo econômicas, deixam de
lado as questões relativas ao ambiente urbano ou mais especificamente às
características físicas do sítio sobre o qual as cidades vão se desenvolvendo.
Nos últimos anos sugiram leis obrigando que alguns elementos do sítio urbano
fossem incorporados aos processos de planejamento, como a hidrografia, a
geomorfologia, a geologia, a vegetação através das áreas de preservação
permanente. Porém ainda hoje não se observa processos de planejamento
urbano que considerem de maneira clara e objetiva as características físicas do
ambiente urbano como elemento fundamente para a gestão territorial das
cidades.
Segundo Mendonça (2003)
O clima constitui-se numa das dimensões do
ambiente urbano e seu estudo tem oferecido importantes
contribuições ao equacionamento da questão ambiental
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das cidades. As condições climáticas destas áreas,
entendidas como clima urbano, são derivadas da alteração
da paisagem natural e da sua substituição por um ambiente
construído, palco de intensas atividades humanas.
(MENDONÇA, 2003, p. 93)
Segundo Amorim (2000), cabe ao geógrafo interessado no tema e que vê
a cidade como fato geográfico, a tarefa de contribuir para a solução de problemas
de qualidade ambiental urbana, uma vez que o clima urbano constitui importante
componente de sua qualidade ambiental.
Sendo assim, este plano de trabalho se propõe a estudar a realidade
urbana de Cuiabá, tal como sua posição no relevo, altitude, tipo de vegetação,
umidade, e uso do solo, e ao estudar os elementos do clima acredita-se que será
possível contribuir para a realização de processos de planejamento urbano mais
adequados ao ambiente dessa localidade.
O objetivo deste plano de trabalho é investigar o clima urbano através do
sensoriamento remoto, pois essa ferramenta permite a sistematização de
informações em áreas que ainda não existem estações de superfície. Além
desse fato tem-se como objetivo tecer correlações entre a área urbana de
Chapada dos Guimarães, e Cuiabá. Essas duas áreas urbanas apresentam
características distintas em relação ao seu tamanho, dinâmica climática, forma
e orientação do relevo. Dessa maneira pretende-se aprofundar o conhecimento
do clima urbano dessas duas localidades, bem como contribuir com as atividades
de gestão e planejamento nessas áreas.
Assim, buscou-se reconhecer, através da bibliografia disponível,
as diferenças existentes entre as duas áreas; sistematizar dados do meio físico,
populacional e sobre a estrutura urbana para a produção de cartas e mapas que
caracterizem tais áreas; analisar o mapeamento geoambiental e urbano dessas
localidades; elaborar cartas de temperatura da superfície através de imagens
termais; compor um banco de cartas da temperatura da superfície de modo que
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seja possível analisar as mudanças ocorridas ao longo dos anos, bem como
diferenciações espaciais entre as duas áreas; por fim pretende-se realizar
propostas capazes de contribuir com o planejamento e gestão desses espaços.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Gilda Tomasini Maitelli discute que “o tamanho do efeito urbano é de difícil
mensuração.” E acredita que o ideal, era que as medições das características
climáticas locais fossem feitas antes da urbanização. Assim, as modificações
sofridas poderiam ser comparadas e explicadas. Porém, como isso é raro de
acontecer, acaba-se comparando uma área urbanizada com uma rural, por
exemplo.
SILVA FILHO (2004) discute que os grandes centros urbanos, são áreas
com um excedente de pessoas, e com um grande déficit na vegetação. Sendo,
ainda, nos centros urbanos aonde se localiza grande concentração de atividade
humana, serviços, meios de transportes, pavimentação, prédios, entre outras
atividades que lutam contra a vegetação.
A climatologia exerce um grande papel na questão ambiental, tendo em
vista que tem como tema abordado o clima e mudanças climáticas.
Os estudos sobre clima urbano, foram desenvolvidos no Brasil nas
décadas de 1960 e 1970. Esses estudos analisavam efeitos como as chuvas e
a poluição, mas deixava de lada os efeitos causados na população.
Monteiro(1976), o precursor dos estudos climáticos urbanos no Brasil,
destaca a importância do estudo de climatologia urbana e propõe uma análise
dinâmica, baseando-se nas interrelações espaço e tempo. Além disso, o autor
desenvolve uma teoria adaptada ás condições das cidades brasileiras, pois até
aquele momento as teorias existentes pertenciam a lugares com outras
realidades
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Monteiro(1976) considera o clima urbano como um sistema aberto e
dinâmico. Composto por fatores que comunicam entre si, que são: o
termodinâmico, o físico-químico e o hidrométrico.
O termodinâmico tem como destaque os estudos sobre as ilhas de
calor, e frescor urbano; conforto e desconforto térmico da população e inversão
térmica. O físico-químico trata da dinâmica do ar com a cidade, analisando,
assim, as chuvas acidas, poluição do ar, e inversão térmica. E por fim, o
hidrométrico estuda as precipitações e seus impactos, como enchentes e
inundações nas cidades.
Assim, de acordo com Mauro (2013) o que temos é um sistema resultante
das interações das atividades urbanas com a atmosfera local.
Conti e Furlan (2001) estudaram a evolução da temperatura média da
cidade de São Paulo, sendo o estudo mais bem realizado. Nos resultados
constataram que em 1920 São Paulo tinha uma temperatura média de 17,7 °C,
enquanto hoje, início do século XXI apresenta uma temperatura média em torno
dos 19°C
Com o crescente e continuo desenvolvimento da industrialização no
mundo, as malhas urbanas só tendem a crescer. Com isso, as populações
desses locais sofrem constantemente com as ilhas de calor, inversões térmicas
e enchentes.
Lombardo (1985) foi à pioneira na identificação da ilha de calor na cidade
de São Paulo. Ela constatou que nas áreas mais densamente construídas e
poluídas, se comparadas ao seu entorno, era até 10° C mais quente
Em estudos realizados por Monteiro et al. (1990) sobre ilhas de calor na
cidade de Florianópolis/SC., constatou-se um aumento da temperatura do ar na
parte central da cidade, aonde existe maior concentração de edificações e menor
áreas verdes.
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A pesquisadora Maitelli e Zamparoni foi a pioneira na pesquisa sobre
climas urbanos em Mato Grosso. Maitelli (1991) utilizando transectos moveis,
analisou a distribuição horizontal da temperatura e humidade relativa do ar. A fim
de obter relações entre os elementos climáticos e o uso do solo urbano.
Resultados mostraram a formação de ilha de calor na área central da cidade,
aonde a noite fazia uma diferença de até 2,5°C com o entorno.
Maitelli (1994), ao dar continuidade e aprofundamento aos seus estudos
de 1991, investigou os efeitos da urbanização na temperatura e umidade do ar
em Cuiabá em um novo estudo, intitulado de “Uma Abordagem Tridimensional
de Clima Urbano em Área Tropical de Cuiabá/MT”. Os resultados mostraram
que, na estação chuvosa, nos dias sem chuva, as diferenças de temperatura
chegavam até 2,5°C durante a noite, e até 2°C no período diurno. No entanto,
no período de seca as diferenças eram maiores, indo de 3°C durante o dia, para
até 5°C durante a noite. Assim, é durante a estação seca e no período noturno
que ocorrem as maiores diferenças térmicas.
Em estudos realizados por Maitelli (1997), aonde a autora faz um estudo
comparativo entre as cidades de Chapada dos Guimaraes e Cuiabá, utilizando
estações climatológicas convencionais. Constata-se que a cidade de Cuiabá era
em média 6°C mais quente que Chapada dos Guimaraes, e esta tinha uma
umidade relativa do ar 15% maior que o de Cuiabá
Costa (1999) realizou um estudo sobre a influência de uma área
densamente arborizada, o parque Mae Bonifácio, e outra densamente construída
e antropizada, o centro de Cuiabá/MT. Os resultados mostraram uma diferença
de temperatura entre as duas áreas de até 7°C no período noturno.
Santos (2002) procurou identificar as principais causas das
enchentes ocorridas na área urbana de Cuiabá nos últimos anos. O autor
elaborou o balanço hídrico, para saber a disponibilidade hídrica entre 1971 a
2000. E elaborou um mapa de uso e ocupação dos solos. Seus estudos
mostraram que, com loteamento populares, assentamentos em áreas de risco,
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canalização de córregos, lixo nos corpos hídricos e desmatamento e
assoreamento as margens dos canais, contribuíram para que houvesse
enchentes.
Pinho (2003) estudou a evolução da ilha de calor em Cuiabá de
1990 a 2002. Constatou uma evolução da ilha de calor, aonde a maior diferença
foi de 5,7°C durante a noite. Comparando com os resultados de Maitelli
(1992,1994) concluiu que houve um aumento de 0,7°C na ilha de calor.
Martins (2005) investigou os efeitos do uso do solo no aquecimento do ar
em Cuiabá/MT. Comparando dois condomínios, construídos com materiais e
estruturas diferenciados, o autor conclui que a utilização de técnicas e matérias
adequados podem auxiliar na questão do conforto térmico, mesmo em climas
rigorosos.
Schreiner (2009) em sua pesquisa, intitulada "Clima e altitude em cidades
tropicais - O exemplo de Chapada dos Guimarães e uma comparação com
Cuiabá”, estuda a relação entre o clima, altitude e uso do solo nessas cidades.
Durante a pesquisa, medidas climatológicas em locais fixos evidenciavam uma
forte influência da altitude como reguladora térmica. No entanto, outro modelo
de medição mostrou que o uso do solo era o fator regulador do aquecimento e
da umidade do ar. Assim, após um aprofundamento em sua pesquisa, a autora
evidencia que nas áreas poucos construídas apresentavam diferença de até
4,7°C dos locais aonde o uso do solo era mais intenso, e as áreas verdes eram
menores, confirmando-se assim que o uso do solo era o fator regulador,
contribuindo para a produção de microclimas com características diferenciadas.
3.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Cuiabá se localiza nas coordenadas 56°06'05",55 O; 15°35'56",80 S.
Fazendo limite com os municípios de Chapada dos Guimarães, Campo Verde,
Várzea Grande, Jangada, Santo Antônio do Leverger, e Acorizal. E é
considerada o centro geodésico da América do Sul.
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Possui uma cobertura vegetal predominante de cerrado, e, próximo aos
córregos encontramos vegetação de mata ciliar. Por conta do seu crescimento
abrupto, Cuiabá cresceu desordenadamente. Acumulado às obras que vem
ocorrendo na cidade atualmente, temos como resultado, a retirada de boa parte
da vegetação nativa, que deu lugares a prédios, casas, e comercio. E vemos
seus rios e córregos, com alguns que cortam a cidade, sendo canalizados, para
ampliar as ruas e estradas.
O relevo Cuiabano é formado por um conjunto de terras baixas, de 80 a
300m, tendo em seu entorno relevos mais elevados, entre 300 a 600m. Por conta
de sua baixa altitude, sofre um forte aquecimento superficial.
Cuiabá é caracterizada como Unidade Megatérmica Subúmida.
Apresentando, assim, um clima com grandes períodos de secas, entre os meses
de abril a novembro, e um período chuvoso mais curto, que vai de dezembro a
março.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
De início, foi feito uma longa e detalhada leitura em livros, artigos e
websites sobre as cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães e feito. Sobre
a vegetação, a hidrografia, geologia, relevo, clima, história e diversos outros
fatores que podiam ajudar na construção do presente artigo. Depois, foram feitos
resumos e fichamentos para facilitar na construção do artigo e na identificação
das referências.
Após isso, foi realizado diversos cursos e participações em seminários
sobre ArcGis, e software de Geoprocessamento, para caso fosse necessário a
utilização desses equipamentos não houvesse nenhum tipo de atraso devido a
não saber utilizar o equipamento.
11
Por fim, foi necessário reler tudo o que se havia anotado, e iniciar o
processo de construção do artigo. E a confecção de tabelas e gráficos para
auxiliar na explicação de dados como temperatura e precipitação.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Chapada dos Guimarães é uma cidade de pequeno porte localizada nas
coordenadas 56º02’15” O; 15º37’53” S e 54º54’25” O; 14º46’53” S, apresentando
um relevo com 600 aos 900 metros de altitude e uma extensa superfície
relativamente plana.
Por conta da sua elevada altitude possui um clima mais frio comparada à
Cuiabá, com temperaturas médias anuais que variam entre 21 a 23°C, e índices
pluviométricos anuais de 1700 a 2100mm, apresentando poucos períodos de
seca.
Cuiabá se localiza nas coordenadas 56°06'05",55 O; 15°35'56",80 S, com
um relevo formada por um conjunto de terras baixas, aonde a sua altitude não
passa dos 300m.
Possui temperaturas elevadas, com a temperatura máxima anual
chegando quase a 35°C. O índice pluviométrico anual sofre uma variação grande
durante os anos, mas mantem uma média de1200 a 1400, esses dados podem
ser conferidos na figura 1
12
5.1 VARIAÇÕES CLIMÁTICAS EM CHAPADA DOS GUIMARÃES
Devido a carência que Chapada dos Guimarães possui em não ter uma
estação meteorológica, alguns dos dados aqui apresentados foram obtidos a
partir da pesquisa de Simone Schreiner feita em 2008, “Clima e altitude em
cidades tropicais – o exemplo de Chapada dos Guimarães e uma comparação
com Cuiabá – MT”.
De acordo com os dados de Schreiner (2009), em Chapada dos
Guimarães, o primeiro trimestre, que são os meses de janeiro, fevereiro e março,
é caracterizado como um período de chuvas intensas, com temperaturas
variando de 17 a 29°C.
O segundo trimestre, abril, maio e junho, identifica-se um período de
transição entre o período chuvoso e o seco. Apresentando uma amplitude maior
da temperatura média, que variou de 10 a 30°C.
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Temperatura x Precipitação
Precipitação total Maxima Media Minima
Figura 1-Ttabela da temperatura x precipitação dos anos de 1980 à 2013 em Cuiabá-MT. Apresenta uma regularidade
na temperatura e nos índices pluviométricos, com pequenas variações em alguns anos.
13
No terceiro trimestre, que vai de julho a setembro, é onde temos o período
mais seco, com as temperaturas mais altas do ano e as maiores amplitudes
térmicas, com variações de 9 a 33°C.
Por fim, no último trimestre, que corresponde aos meses de outubro,
novembro e dezembro, temos uma segunda fase de transição, porém, agora é
do período seco para o chuvoso. Assim, a variação da temperatura foi menos
abrupta, variou entre 16°C e 34°C.
Todos esses dados podem ser conferidos na figura 2, onde utilizou-se
uma imagem do trabalho de Schreiner (2009), aonde a autora apresenta uma
Figura 2- Distribuição de frequência da temperatura média do ar em 2008. Em Chapada dos Guimarães. Feita por Simone
Schreiner.
14
sequência de tabelas com a frequência e a temperatura do ar (°C) em cada
trimestre do ano de 2008, em Chapada dos Guimarães.
Ainda com os estudos de Schreiner (2009), constatou-se que Chapada
dos Guimarães apresentou um regime pluviométrico típico de cidades tropicais,
aonde os maiores períodos de chuva ocorrem no verão, e seca no inverno.
Assim, observando a figura 3, no ano de 2008, durante os meses de
janeiro a outubro, Chapada dos Guimarães teve uma precipitação total de
1364,8mm. Tendo janeiro como o mês mais chuvoso, e os meses de julho e
agosto os mais secos, sem ocorrência de chuvas.
5.2
VARIAÇÕES CLIMÁTICAS EM CUIABÁ
Devido ao vazio de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
sobre dados climáticos de Cuiabá no ano de 2008, foram usados os dados do
banco de dados climatológicos do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA).
A partir desses dados foram montados uma sequência de tabelas com as
temperaturas médias mensais de Cuiabá, divididas de forma trimestral, para
melhor comparação com os dados de Chapada dos Guimarães, no mesmo
período do ano.
Figura 3 - Totais mensais de precipitação em Chapada dos Guimarães –MT, em 2008.
Feita por Simone Schreiner.
15
Da mesma forma como Chapada dos Guimarães, é no primeiro trimestre
que, em Cuiabá, a precipitação ocorre com intensidade. Com temperaturas
medias mensais variando de 26 a 27°C, em 2008.
No segundo trimestre, Cuiabá passa por uma transição, saindo de um
período chuvoso e entrando em um período seco. Assim, as chuvas tornam-se
cada vez mais escassas. Nesse período as temperaturas medias chegam a
quase 27°C, e julho é tido como o mês mais frio. Assim, esse trimestre é
caracterizado com variações entre mínima e máxima que variam de 16 a 34°C.
É durante o terceiro trimestre que Cuiabá tem os períodos mais secos e
quentes do ano. Apresentando medias de 28ºC, e máxima de 36°C. Nesse
trimestre a ocorrência de chuvas é muita rara.
Por fim, no último trimestre do ano, que corresponde aos meses de
outubro, novembro e dezembro, temos uma transição entre o período seco e a
chuva, com a volta das chuvas, intensas a cada mês que passa. Apresentando
temperaturas medias entre 27 e 28,5°C.
Figura 4- Distribuição da temperatura média do ar em 2008. Em Cuiabá.
16
Além dos dados de temperatura, foi montado um gráfico com os valores
totais mensais de precipitação em Cuiabá, figura 5. Como se pode observar,
durante os meses de janeiro a março, e excepcionalmente em 2008, em abril,
Cuiabá teve grandes volumes pluviométricos, enquanto que de maio a setembro
é caracterizado por um período de seca, principalmente porque é nessa época
do ano que as massas de ar seco no centro do Brasil inibem a formação de
chuva. E por fim, em outubro as chuvas voltam novamente, período chuvoso que
deve durar até meados de março do ano seguinte.
Assim, após a apresentação desses resultados, podemos concluir uma
comparação entre as cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães.
Apesar de ambas as cidades situarem-se em latitudes semelhantes, estão
posicionadas em altitudes diferentes e possuem relevos distintos.
17
Chapada dos Guimarães, uma cidade de pequeno porte, com uma
população de aproximadamente 17 mil habitantes, com altitudes medias de 800
metros e situada na borda do Planalto dos Guimarães.
Já Cuiabá, com seus mais de 570 mil habitantes, está há uma altura média
de 160 metros, localizado na baixada cuiabana.
As duas cidades são muito diferentes, porém, como estão próximas se
encontram sob o domínio das mesmas massas atmosféricas regionais. No
entanto, elas apresentam temperaturas (mínima, media e máximas), umidade do
ar, índices pluviométricos com uma diferença perceptível. Levando a induzir que
a altitude é o um fator de forte influência.
Chapada dos Guimarães, no ano de 2008, apresentou temperaturas:
mínimas que por muitas vezes ao ano esteve abaixo dos 15°C, médias que não
passaram dos 23°C e máximas que chegaram a 30°C.
Porém, Cuiabá no mesmo período apresentou temperaturas: mínimas que
chegou a 16ºC uma vez no ano, médias que estavam na casa dos 27°C e
máximas de 36°C.
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150
200
250
300
350
400
450
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 5 - Totais mensais de precipitação em Cuiabá –MT, em 2008.
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Estas diferenças estiveram presentes em todos os fenômenos climáticos
ocorridos no ano de 2008 em Cuiabá e Chapada dos Guimarães-MT. Porém, o
que se percebeu foi que, durante estabilidades atmosféricas as diferenças da
força desses fenômenos foram menores.
Portanto, no ano de 2008, Cuiabá apresentou temperaturas mais
elevadas que Chapada dos Guimarães, em média 4°. Tendo a altitude como
fator de influência para este fato.
Assim, como Pinho(2008) destaca em seus estudos, a fraca ventilação,
temperaturas elevadas o ano todo, e a localização geográfica que a cidade de
Cuiabá se encontram, são fatores naturais que contribuem para o maior
aquecimento da cidade, facilitando a criação de ilhas urbanas.
Desse modo, Chapada dos Guimarães fica em grande vantagem, pois
como Schreiner (2008) aborda a cidade possui um uso do solo, uma estrutura
urbana mais simples e menos densa que Cuiabá e a maior presença da
vegetação. Todos esses fatores, aliados ao relevo mais elevado, contribuem
para um clima mais agradável em Chapada dos Guimarães.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cuiabá e Chapada dos Guimarães sempre tiverem inúmeros laços de
conexões, e um deste é a ida e vinda de pessoas, que muitas vezes saiam de
Cuiabá a procura de um lugar mais fresco para poder morar ou apenas passar o
fim de semana.
Porém, o fato de que ambas as cidades estarem tão perto mas possuírem
climas tão diferentes muitas vezes intrigava as pessoas que faziam esse trajeto,
e muitas outras também.
Assim, o presente artigo possibilita a todos, compreender os motivos que
levam essas cidades a terem tamanhas diversidades climáticas enquanto que
estão tão próximas, tendo 35 Km de distância em linha reta.
19
Além disso, tende a contribuir para que haja uma maior compreensão de
como os fenômenos climáticos afetam a vida das pessoas nessas cidades. Pois,
são responsáveis por questões como a do conforto climático, ou de desastres,
como enchentes.
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRANDÃO, A. M. P. M. O clima urbano da cidade do Rio de Janeiro. 1996.
Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Geografia Física,
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São Paulo. In ZAVANTTINI, João Afonso. Estudos do Clima no Brasil. Campinas,
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