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ESTUDO DO PASSADO E SENTIDO PARA A VIDA
Desafios na construção de um ensino de História com significado para a vida do aluno
Marcos Henrique de Lima
Resumo
Este artigo busca expor os resultados e algumas reflexões sobre a execução do minicurso
Tráfico negreiro e o escravismo africano no Brasil aos alunos dos 7os anos A, B e C em uma
escola estadual localizada na cidade de Assis (SP). Para tanto, a presente exposição se encontra
dividida em uma introdução, uma conclusão e mais duas partes: A proposta inicial... e O modo
como o minicurso se concretizou..., sendo essa última composta por cinco tópicos os quais
tratam sobre cada uma das etapas desenvolvidas do trabalho. Muito mais do que colocar dados
de maneira mecânica e irreflexiva, a proposta principal para esse texto está em traçar
considerações sobre alguns desafios no ensino de História presentes nos dias de hoje a partir
das experiências vividas em um estágio de iniciação à docência por um aluno no último ano da
sua graduação, somado a um aporte teórico consultado antes, durante e depois desse processo.
Palavras-chave: Escravidão, Racismo, Sentido para a vida, Educação, História.
1 Considerações Iniciais
O presente artigo possui por objetivo apresentar os resultados da aplicação do minicurso
Tráfico negreiro e o escravismo africano no Brasil para os alunos dos 7os anos A, B e C de uma
escola estadual localizada na cidade de Assis (SP). A proposta central do projeto elaborado para
este fim consistia basicamente em abordar as condições de transporte dos africanos, o modo de
vida que tinham como escravos tanto na zona rural como na urbana e os métodos de resistência
utilizados por eles – com a ênfase em quilombos – no intuito de relacionar todas essas questões
com a temática do racismo e dos vários tipos de escravidão vigentes nos dias de hoje em meio
à cultura brasileira.
Para bem atingir tais objetivos, dividimos a presente exposição em duas partes. A
primeira delas, A proposta inicial..., trata do cronograma original elaborado para o minicurso e
das alterações sofridas devido à algumas demandas oriundas da aplicação inicial das aulas. Já
a segunda parte, O modo como o minicurso se concretizou..., enfoca em uma análise mais atenta
a alguns aspectos do ensino de História, especialmente no cotidiano do referido minicurso.
Logo de antemão, já pode ser adiantado que devido aos limites dos quais dispomos neste
texto e ao curto período de duração do minicurso – apenas 12 aulas por turma, três semanas –
tornou-se inviável o desenvolvimento mais aprofundado da temática proposta e mesmo a
correção de algumas defasagens que os alunos tiveram, isso se deu em decorrências das
2
demandas que o (a) professor (a) responsável pelas turmas possuía em relação ao currículo
estadual à ser cumprido no decorrer do bimestre. Além disso, por conta desses empecilhos, nos
é claro também existência de certas limitações em se apresentar possibilidades consistentes de
soluções para os problemas e dificuldades apontados.
Dadas essas considerações, não deixamos de ressaltar o fato de que mesmo com todos
os limites destacados a aplicação deste minicurso não deixou de ser uma experiência
significativa na medida em que está permitindo muitas reflexões e aprendizagens sobre o ensino
de História, acarretando em diversos questionamentos, ainda sem respostas, até o presente
momento os quais sempre nos lembram a necessidade do constante aperfeiçoamento, necessário
para o exercício da profissão docente.
2 A proposta inicial...
Partindo da ideia do historiador, pedagogo e filósofo Jörn Rüsen (2010, p. 74) de que
“A ‘competência narrativa’ se entende aqui como a habilidade para narrar uma história pela
qual a vida prática recebe uma orientação no tempo” e partindo do fato de que o racismo e
algumas formas ilegais de escravidão ainda são recorrentes em nosso meio, o projeto de
minicurso intitulado Tráfico negreiro e o escravismo africano no Brasil1 veio no sentido de
permitir ao estudantes dos 7os anos A, B e C refletirem sobre diversas questões em torno da
escravidão negra que existiu no Brasil e relacioná-la com o racismo e, em menor escala, com
outras formas de trabalho forçado que subsistem até os dias de hoje.
Também é importante ressaltar a opção de um trabalho o qual privilegiasse a análise de
imagens por considerarmos que
A dimensão estética da cultura histórica se apresenta aos seres humanos em
suas construções artísticas. A literatura, o teatro, o cinema, a arquitetura, as
tradições populares representam aspectos da experiência humana e são
portadoras de significados e sentidos. Seus autores sejam indivíduos, grupos
ou instituições geram, com suas criações, formas de pensar e vivenciar o
cotidiano. Aqueles que recebem essa produção cultural as percebem,
interpretam, trazem à memória o que pode alimentar suas convicções de
orientação na vida. A cultura histórica representa em sua dimensão estética, a
beleza da produção cultural da humanidade (ALVES, 2013, p. 66).
Assim, acreditamos que usando de tal metodologia seria possível realizar um minicurso
no qual, parafraseando as ideias de Koselleck (2006, p. 213), a tenção entre o espaço de
1 Além disso, um outro elemento determinante na escolha da abordagem de tal temática está no fato de que ela
pertence ao currículo estadual de ensino para os 7os anos. Assim sendo, buscou-se mesclar a possibilidade de um
ensino de História com sentido para a vida prática, sem deixar de lado o atendimento às demandas curriculares.
3
experiência e o horizonte de expectativa suscitasse nos estudantes novas soluções, perspectivas
e reflexões para a questão do racismo e da escravidão em suas formas mais diversas ainda
presentes em nosso meio.
Consideramos também que “as imagens visuais são elementos ativos nos processos de
ensino e aprendizagem da História” (MAUAD, 2015, p. 86) e quando relacionada com a
produção escrita “se tornaram atualmente elementos centrais dos debates em torno de novas
formas de ensinar” (SILVA, 2010, p. 173), por isso fizemos a opção por um projeto que
propiciasse aos alunos uma análise crítica de imagens – Anexos F e G. Ademais, para
embasamento teórico dos alunos sobre escravidão recorremos ao livro didático já utilizado por
eles: Projeto Mosaico: História – Anexo E.
Tendo essas considerações e algumas outras de menor importância em mente que serão
desdobradas posteriormente, foi possível elaborar um cronograma de estudos a ser aplicado nas
três turmas, o qual vêm reproduzido abaixo.
Conteúdo programático para este mini-curso
Aula (s)
prevista (s) Conteúdo (s) abordado (s)
1ª aula Coleta de conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema do minicurso
2ª a 7ª aulas Embasamento teórico sobre tráfico negreiro, escravidão e quilombo
8ª aula Embasamento teórico sobre análise de imagens
9ª e 10ª aulas Análise de algumas imagens sobre o tráfico negreiro, escravidão e quilombo
11ª e 12ª
aulas Aplicação de questões avaliativas sobre conteúdos tratados neste minicurso
Apesar de todo o preparo, nem tudo aquilo que foi executado saiu conforme o
programado. Mesmo com todas as tentativas de dialogar e trazer os conteúdos programados
para a realidade dos estudantes não foi possível fazer com que eles de fato dessem a devida
atenção aos mesmos. Os educandos até interagiam nos primeiros debates, porém nas aulas
seguintes afirmavam não lembrar de mais nada do que foi tratado e consequentemente era
necessário a repetição de tudo aquilo o que já havia sido tratado, por conta disso optou-se pela
utilização de questionários – Atividades 1 e 2 do Anexo D – os quais foram realizados a partir
de consultas ao livro didático e explicações dadas pelo docente.
Foi incluído também a exibição do documentário A Rota do Escravo: A alma da
resistência2 – Anexo E – e a confecção, por parte dos educandos, de textos reflexivos sobre a
2 A escolha deste filme/documentário se deu pelo fato dele conseguir sintetizar de modo simples, interessante e
sem deixar de ser atrativo todas as propostas do minicurso. Ele se caracteriza por oferecer dados históricos reais
4
temática abordada no intuito de que tal trabalho também ajudasse a mobilizar operações mentais
que conduzissem o aluno a elaborarem sua consciência histórica (ABUD, 2003, p. 183).
Posteriormente as três atividades foram corrigidas e registradas em tabelas – Anexos A, B e C
– para que o professor (a) titular das aulas usasse tais dados na composição da média bimestral
dos alunos3 e também para serem utilizadas na composição do presente artigo.
Além disso, optou-se por excluir a aula separada de embasamento teórico de análise de
imagens para que tal conteúdo fosse trabalhado no exato momento em que as imagens proposta
– Anexos F – estivessem sendo analisadas e de modo paralelo a elas, pois infelizmente era
nítido a inutilidade de tratar tal conteúdo antes, dado o fato de que eles com certeza alegariam
não lembrar de nada posteriormente, mesmo pedindo a realização de anotações nos cadernos.
Tais modificações foram feira no intuito de tentar fazer com o conteúdo fosse
devidamente assimilado, refletido, questionado e possivelmente aplicado na vivência cotidiana
deles. Sabe-se que tal metodologia – reduzindo o espaço para debate e fazendo com que quase
tudo seja escrito no caderno – não se caracteriza por ser das mais atrativas e eficientes, porém
devido ao tempo limitado deste minicurso, somado ao fato de que os alunos estão acostumados
a realizar atividades e dar a devida atenção a elas apenas quando são avaliados, esta foi a única
saída encontrada para solucionar rapidamente, ainda que parcialmente, os problemas
diagnosticados inicialmente.
Diante do tal panorama aqui brevemente descrito, abaixo segue o cronograma que se
concretizou na realização do minicurso proposto inicialmente.
Conteúdo efetivado na execução deste mini-curso
Aula (s) Conteúdo (s) abordado (s)
1ª aula Coleta de conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema do minicurso
2ª a 6ª aulas Embasamento teórico sobre tráfico negreiro, escravidão e quilombo
7ª e 8ª aula Exibição do filme (documentário): A Rota do Escravo: A alma da resistência
– confecção de textos de análise do conteúdo assistido
9ª e 10ª aulas Análise de algumas imagens sobre o tráfico negreiro, escravidão e quilombo
(com embasamento teórico levado pelo professor e discutido com os alunos)
11ª e 12ª
aulas Aplicação de questões avaliativas sobre conteúdos tratados neste minicurso
juntamente com relatos fictícios de negros e senhores de escravos os quais possibilitam ao estudante “sentir mais
de perto” – através de sons, imagens e falas – a vida difícil que havia no período colonial. O embasamento teórico
para análise de fontes audiovisual não foi muito trabalhado neste caso, pois além deste não ser o foco do momento,
no semestre anterior tal conteúdo já havia sido abordado na análise de trechos do filme Lutero (2003) em uma
aula-oficina. 3 O fato de tais questões possuírem peso na média bimestral dos estudantes infelizmente acabou sendo um dos
poucos motivadores responsáveis por fazer com que as atividades fossem realizadas.
5
3 O modo como o minicurso se concretizou...
Para oferecer um parecer geral sobre a prática do minicurso, este capítulo encontra-se
dividido em cinco partes referentes a cada uma das etapas estabelecidas no cronograma final
do projeto. Apesar da escolha dessa divisão, é importante ressaltar que as consequências da
aplicação disso tudo são resultados do conjunto todo de aulas, porém para termos um olhar mais
atento optamos por tal divisão sem deixar de lado a necessidade iminente de diálogo entre elas
para análises mais significativas de todo o processo.
3.1 A coleta de conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema do minicurso
A primeira etapa do minicurso consistiu na aplicação de cinco perguntas – Questões
para coleta de conhecimentos prévios do Anexo D – realizadas em duplas pelos estudantes com
o intuito de medir basicamente quais eram os conhecimentos acumulados sobre o assunto que
eles possuíam antes mesmo das aulas serem aplicadas. Como é mostrado nos gráficos a seguir,
nas três turmas ao menos 80% dos alunos realizaram as atividades, sendo que no 7º ano A, essa
taxa de 3% refere-se apenas a um indivíduo, ou seja, quase todos realizaram a atividade proposta
e alguns dos que não a fizeram fora por motivo de ausência na referida aula.
Apesar dos altos índices de realização das questões, infelizmente não ocorridos nas
atividades de embasamento teórico, a qualidade do conteúdo colocado era muito baixa, em um
primeiro momento podemos pressupor que isso ocorreu pelo fato dos alunos nunca terem tido
contato com aquele assunto, todavia tal hipótese cai por terra no momento seguinte no qual os
97%
3%
7º ano A
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que não fizerama atividade
83%
17%
7º ano B
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que fizeram nãoa atividade
85%
15%
7º ano C
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que não fizerama atividade
6
introduzi ao assunto da escravidão através de um diálogo em que eles trouxeram algumas
contribuições significativas que não estavam presentes em suas respostas iniciais.
Provavelmente essa falta de comprometimento com as respostas colocadas nesse
questionário tenha ocorrido devido ao fato deles saberem a impossibilidade de considerar as
respostas como erradas, por elas terem sido colocadas antes de qualquer introdução ao assunto.
Além disso, é importante ressaltar que, no geral, dentre as respostas colocadas, os alunos
não possuíam quase nenhum conhecimento sobre a escravidão no Brasil, limitando-se a
afirmações como: “negros apanhavam muito”, “escravos trabalham demais” e “negro não
comia bem”. Sobre a relação entre a escravidão e o racismo dos dias de hoje todos foram
unanimes em responder que não sabiam relacionar um assunto ao outro e na questão da relação
do uso de imagens para se aprender história, as resposta se limitaram a duas: “não sei” ou
“imagens permitem ver com as coisas eram antigamente”.
Diante desse panorama, podemos constatar a necessidade de um trabalho complexo para
de fato conseguir fazer com que os estudantes não só compreendam o assunto, mas também o
relacionem com a vida prática deles. No diálogo tratado a pouco, temáticas como escravidão
nos dias de hoje, algumas notícias sobre casos de racismo ou mesmo novelas que abordassem
alguns desses temas foram apontadas por eles, porém em um primeiro momento a maioria
acreditava que tais apontamentos não tivessem relação com as aulas de História, pois não eram
“coisas velhas” ou de “tempos muito antigo”, como se tudo o que acontece hoje fosse totalmente
desvinculado do passado, talvez por isso tais respostas não aparecessem nas questões.
3.2 O embasamento teórico sobre tráfico negreiro, escravidão e quilombo
Tendo em vista todos esses apontamentos que os educandos fizeram sobre a temática,
iniciamos o embasamento teórico. A primeira aula se caracterizou por ser uma conversa na qual
os conhecimentos dos alunos eram mesclados com informações científicas sobre escravidão.
Foi bem complexo conseguir fazer ligações significativas sobre escravidão, racismo e assuntos
afins com o cotidiano dos alunos.
Nas três salas nas quais foram aplicadas esse minicurso uma grande parte deles eram
unanimes em dizer que se sentiam “escravizados” nas suas casas por serem obrigados a fazerem
alguns serviços domésticos básicos. A partir disso, foi possível fazer algumas comparações
entre esse tipo de “escravidão” e todo o sofrimento dos negros somado as conexões feitas às
respostas colocadas nas questões da aula anterior. Além disso, alguns estudantes apontaram
7
alguns ocorridos vistos na mídia, como a telenovela “Salve Jorge” e a questão do tráfico de
mulheres, o caso de racismo da jornalista Maju Coltinho, o caso da banana jogada no campo de
futebol para o jogador Daniel Alves, entre outros.
Apesar disso tudo, essa primeira aula de embasamento, caracterizada mais pelo diálogo,
não foi tão eficaz como aparentou em um primeiro momento. No encontro seguinte os
estudantes diziam não lembrar de nada o que havia sido conversado e faziam com que o docente
constantemente tivesse de repetir o assunto abordado anteriormente dificultando assim o
andamento das aulas.
Então, conversando com o (a) professor (a) titular das turmas ficou decidido que seriam
aplicadas atividades – Atividades 1 e 2 do Anexo D – as quais seriam corrigidas e conferidas
pelo estagiário para compor a nota final dos discentes, conforme já fora indicado no capítulo A
proposta inicial... deste artigo. Para responderem a tais questionários recorremos ao livro já
utilizado por eles: Projeto Mosaico: História – Anexo E.
Assim, entre questões copiadas da lousa e respondidas no caderno com o apoio do livro
didático e das explicações do docente seguiram as quatro aulas seguinte de embasamento
teórico. Acreditamos que esse não seja o método mais adequado, mas devido aos limites de
tempo e às demandas curriculares não foi possível encontrar, naquele momento, solução mais
rápida e eficiente. Nos gráficos abaixo temos uma síntese dos resultados obtidos desta etapa do
minicurso.
14%
43%
43%
7º ano AAlunos que fizeramuma atividade
Alunos que fizeram asduas atividades
Alunos que não fizeramnenhuma atividade
28%
46%
26%
7º ano BAlunos que fizeramuma atividade
Alunos que fizeram asduas atividades
Alunos que não fizeramnenhuma atividade
45%50%
5%
7º ano CAlunos que fizeramuma atividade
Alunos que fizeram asduas atividades
Alunos que não fizeramnenhuma atividade
8
Como é visível nos dados expostos acima, nas três turmas quase metade dos estudantes
realizaram todas as atividades. Apenas o 7º ano A teve um grande percentual de não adesão e
tanto no 7º ano B como no C houve uma quantidade significativa de alunos fizeram metade dos
conteúdos propostos.
Em relação à qualidade das respostas apresentadas tem-se resultados não tão animadores
quanto a adesão. Se por um lado muitos realizaram as atividades por outro os meios usados para
isso não foram os mais adequados. As conversas paralelas foram constantes no decorrer dessa
etapa e quando o docente corrigia as questões para vista-las se deparava com cópias de trechos
do livro didático ou do caderno dos colegas sem a preocupação de selecionar as informações
mais relevantes e quase sempre com respostas curtas, sem reflexão.
No geral, foi visível que basicamente os estudantes até entenderam os conteúdos
minimamente, porém não houve um despertamento significativos do senso crítico de modo que
levassem a reflexões mais profundas que acarretassem a um entendimento dos problemas
relacionados ao racismo e às formas atuais de escravidão.
3.3 Exibição do filme (documentário): A Rota do Escravo: A alma da resistência
Terminada a etapa de embasamento teórico a partir da leitura e análise de textos, como
dito anteriormente, recorremos à exibição de um documentário com duração um pouco maior
do que 34 min. Assim, levando-se em conta os instrumentos que os estudantes já possuíam de
análise crítica de elementos audiovisuais como fonte histórica o docente conduziu um breve
debate sobre as temáticas presentes no documentário, as quais nitidamente conversam com todo
o conteúdo abordado até o momento e, em seguida, foi pedido para eles produzirem um texto
com reflexões sobre todo o conteúdo.
Como pode ser observado nos três gráficos abaixo, em todos os 7os anos a maior parte
dos alunos aderiram as atividades com exceção do 7º ano A. Além disso, fizeram pontuações
pertinentes e significativas sobre o documentário chegando inclusive a fazerem relações com
exemplos práticos do cotidiano deles, retomando alguns diálogos das aulas anteriores.
É interessante notar que, nesse caso, ainda houve situações nas quais eles limitaram a
copiar anotações do caderno ou mesmo a reproduzirem o material de algum colega,
principalmente aqueles grupos que insistiram em ficar com conversas paralelas durante a
exibição do documentário, todavia, a maior parte dos estudantes que entregaram a atividade
não reagiram desse modo.
9
3.4 A análise de algumas imagens sobre o tráfico negreiro, escravidão e quilombo
Concluída então a etapa de embasamento teórico sobre a temática da escravidão e
conteúdos afins, chegamos finalmente no momento da análise das imagens propriamente ditas
– Anexo F. Para tanto, durante duas aulas seguidas fora usadas as informações constantes no
Anexo G as quais eram apresentadas aos estudantes e discutidas conforme as imagens eram
reproduzidas em uma televisão.
Apesar de algumas conversas paralelas, de modo geral, nas três turmas, os estudantes
predominantemente se mostraram interessados nos conteúdos mostrados, faziam anotações nos
cadernos e ofereciam diversas contribuições ao fazerem observações relacionando os conteúdos
mostrados com alguma experiência vivida em seus cotidianos, com os materiais tratados nas
aulas anteriores ou mesmo tirando dúvidas sobre algum aspecto que não haviam compreendido.
É importante ressaltar que todo o trabalho de embasamento teórico realizado até o
momento possuía por objetivo fazer com que os estudantes desnaturalizassem seus olhares em
relação às imagens que viam, por conta disso, as informações constantes no Anexo G foram
importantes na medida em que quando foram debatidas possibilitam aos estudantes perceberem
que as pinturas, gravuras e mesmo as fotos expressavam também um pouco do olhar de que as
produziu e não apenas a realidade “verdadeira” (MAUAD, 2015).
Outro ponto interessante de se destacar, é o fato de que em duas turmas – 7os anos A e
C – após o trabalho com as imagens houve tempo hábil para a aplicação de um jogo com
54%46%
7º ano A
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que não fizerama atividade
74%
26%
7º ano B
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que não fizerama atividade
86%
14%
7º ano C
Alunos que fizeram aatividade
Alunos que não fizerama atividade
10
perguntas sobre as temáticas abordadas no minicurso. Para tanto, os alunos foram divididos em
dois grupos – um de meninos e outro de meninas – e eles recebiam o tempo de um minuto para
organizarem uma resposta para a pergunta feita pelo docente, ganhou a equipe que obteve mais
pontos. O interessante disso tudo é que, devido ao “espírito competitivo” deles, foi possível
fazer com que eles revisassem uma boa parte de todo o conteúdo.
No caso do 7º ano C não foi viável a aplicação deste jogo, porém isso não se fez
necessário devido ao fato de eles terem se envolvido mais nas análises das imagens, com
diversos apontamentos e dúvidas acarretando um enriquecimento significativo dos debates
realizados na aula.
3.5 A aplicação de questões avaliativas sobre os conteúdos tratados neste minicurso
Nessa última etapa foi aplicada uma atividade avaliativa – Questões finais do Anexo D
– no intuito de diagnosticar, ainda que minimamente, quais foram os efeitos produzidos do
minicurso do ponto de vista teórico. Além dos dados obtidos dessa avaliação, buscou-se
também estar sempre atento as reações dos estudantes durante a aplicação do minicurso.
Para tanto, assim como na atividade de coleta de conhecimentos prévios, novamente os
alunos foram reunidos em duplas no intuito de poderem debater com o colega antes de
escreverem as respostas. Além disso, para que tivessem maior tempo optou-se por lhes entregar
as questões impressas evitando assim a necessidade de escrevê-las na lousa. Também foram
entregues miniaturas em preto e branco – Anexo F – das imagens trabalhadas anteriormente
para facilitar a rememoração.
Como podemos observar nos gráficos abaixo, nos 7os anos A e C mais da metade dos
alunos da sala acertaram a maioria das questões pedidas e houve também uma qualidade
expressiva de faltas nas duas turmas. Já o 7º ano B o número de alunos que tiveram desempenho
baixo foi maior e ocorreu apenas uma falta.
23%
63%
14%
7º ano A
Alunos que acertaram menos dametade das questões
Alunos que acertam metade oumais da metade das questões
Ausentes
71%
26%3%
7º ano B
Alunos que acertaram menosda metade das questões
Alunos que acertam metade oumais da metade das questões
Ausentes
11
Além desses dados, há algumas considerações que precisam ser feitas especialmente
sobre as duas últimas questões feitas aos alunos, as quais não pediam análise direta de nenhuma
imagem, mas cobravam conhecimentos gerais trabalhos durante todo o minicurso, isso porque
nas demais perguntas os estudantes, de modo geral, não apresentaram grandes dificuldades em
observar, comparar e lembrarem de informações para respondê-las. Na verdade, o principal
fator que dificultou a apresentação de respostas mais elaboradas foram as conversas paralelas
as quais dispersaram os alunos e atrasaram o andamento das atividades, acarretando respostas
curtas e incompletas devido “à falta de tempo” para responder as questões.
Na questão “A partir de tudo o que foi trabalhado nas aulas e das imagens estudadas fale
sobre a importância dos escravos negros para a formação do Brasil?” a maioria dos educandos
não soube formular uma resposta que englobasse ao menos alguns aspectos econômicos e
culturais concomitantemente. Na maior parte dos casos houve resposta curta e diretas, tais
como: “umbanda e candomblé”; “capoeira”; “eles trabalhavam e enriqueciam seus donos”;
“eles aumentaram o número de pessoas no Brasil”; entre outras.
E finalmente, em relação à pergunta “Imagens são reproduções fiéis da realidade?” no
geral, a grande maioria entendeu que na verdade elas são representações influenciadas pelo
olhar de quem fez o registro, porém quase todos ainda apresentam dificuldades de interpretarem
aspectos básicos, mesmo após as duas aulas com análise de imagens. Infelizmente, ainda que
em menor quantidade, continuaram existindo aqueles que acreditavam nas representações
pictóricas como sendo representações fiéis da realidade, para esses casos o (a) docente titular
das turmas se prontificou a realizar novas abordagens sobre essa temática em outro momento
oportuno nas aulas até o final do ano letivo.
4 Considerações Finais
Diante de tudo o que expomos no decorrer deste artigo, fica-nos nítido que alguns
objetivos do minicurso não foram totalmente atingidos, mas de algum modo nenhum deles ficou
10%
71%
19%
7º ano C
Alunos que acertaram menosda metade das questões
Alunos que acertam metade oumais da metade das questões
Ausentes
12
completamente à margem do ocorrido na prática. Provavelmente, por conta da pouca
experiência que ainda possuo como docente e mesmo pelos diversos limites aqui apresentados
muitos dos problemas diagnosticados não puderam ser corrigidos neste momento, todavia as
experiências aqui colocadas não deixam de serem significativas na medida em que permitem
reflexões no intuito de se buscar novos métodos para tentar evitar esses e outros problemas do
cotidiano escolar.
Concordamos como Pinheiro, Rocha e Bellusci (2017, p. 72) quando afirmam que
A autoridade dos pais e professores é considerada como coerção contra as
crianças, porém, a retirada da responsabilidade do adulto pode ocasionar uma
“falsa liberdade”, deixando-as sujeitas a si mesmas, para serem facilmente
influenciadas pela mídia. Assim, é preciso considerar que a criança está em
desenvolvimento, preparando-se para a condição adulta, por isso, a autoridade
deve ser vista como guia que conduz.
Entretanto, entendemos que essa “condução” não deve delimitar um caminho especifico
para o estudante seguir, pelo contrário, a construção do conhecimento em História deve
proporcionar a possibilidade de se perceber o sentido para a vida do aluno e a utilidade que tal
aprendizado pode proporcionar mostrando as diversas possibilidades de interpretação do fato,
não se limitando apenas ao preparo para os vestibulares e exames avaliativos em geral.
Um ponto constantemente repetido neste artigo é o fato de que as conversas paralelas
atrapalharam em muito o aprendizado dos discentes. Possivelmente uma solução para isso seria
o trabalho com uma abordagem responsável por se aproximar ainda mais da realidade deles,
porém o pouco contato direto com eles e falta de tempo viável para a reelaboração mais
aprofundada do minicurso dificultou que se conseguisse buscar mais instrumentos que
possibilitasse essa aproximação.
Além disso, a falta de colaboração dos responsáveis legais deles também se mostra como
um grande impecílio. Muitos dos próprios alunos afirmam que o cansaço, a ausência de tempo
disponível e mesmo o desinteresse por parte dos “mais velhos” em relação aos estudos de seus
filhos e/ou netos é um dos justificadores para essa falta de interação com as aulas.
No caso do minicurso aqui tratado e também das mais variadas realidades educacionais
vemos a possibilidade de, seguindo as pesquisas de Bueno (2007, p. 485), usar das ferramentas
etnográficas como instrumentos de investigação no intuito de nos apropriarmos de conceitos,
metodologias de corrente e diversos pesquisadores no intuito de repensarmos meios para a
concretização da construção do conhecimento em História.
13
Referências Bibliográficas
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utilização de filmes no ensino. História. São Paulo, 22 (1), 2003, p. 183-193.
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história e educação histórica. História & Ensino. Londrina, v. 19, n. 1, p. 49-69, jan./jun.
2013, p. 49-69.
BUENO, Belmira Amélia de Barros Oliveira. Entre a Antropologia e a História: uma
perspectiva para a etnografia educacional. Perspectiva, Florianópolis, v. 25, n. 2, p. 471-501,
jul./dez. 2007.
KOSELLECK, Reinhardt. “Espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”: duas
categorias históricas. In: KOSELLECK, Reinhardt. Futuro Passado: contribuição à
semântica dos tempos históricos. RJ: Contraponto Editora; Editora PUC Rio, 2006, p. 305-
327.
MAUAD, Ana Maria. Usos e funções da fotografia pública no conhecimento histórico
escolar. Hist. Educ. [Online], Porto Alegre, v. 19, n. 47, set./dez., 2015, p. 81-108.
PINHEIRO, Adriene de Jesus; ROCHA, Aline Cardinale; BELLUSCI, Selma. Logoterapia e
sua contribuição para a Educação. Educação, Batatais, v. 7, n. 1, p. 59-75, jan./jun. 2017.
RÜSEN, Jörn. O desenvolvimento da competência narrativa na aprendizagem histórica: uma
hipótese ontogenética relativa à consciência moral. In: RÜSEN, Jörn. Jörn Rüsen e o ensino
de história. Curitiba: Editora UFPR, 2010, p. 51-77.
SILVA, Edlene Oliveira. Relação entre imagens e textos no ensino de história. SÆculum –
Revista de História [22], João Pessoa, jan./ jun. 2010, p. 173-188.
14
ANEXOS
Anexo A – Resultado das atividades aplicadas aos alunos (7º ano A)
Atividades realizadas pelos alunos do 7º ano A
Nº. do(a)
aluno(a)
Coleta de
conhecimentos
prévios
Atividades
no caderno 1
Atividades
no caderno 2
Reflexões
sobre vídeo
(no caderno)
Questões
finais
1 OK NF NF NF 4
2 OK OK OK OK 7
3 OK OK OK OK 7,5
4 OK F NF NF 7
5 OK OK OK OK 5
6 NF F OK OK 4
7 OK NF NF NF F
8 OK OK OK OK 6
9 OK NF NF OK 3
10 OK OK OK OK 5,5
11 OK OK OK OK 8,5
12 OK NF NF OK F
13 OK F NF NF F
14 OK NF OK NF 6
15 OK NF NF NF 6,5
16 OK OK OK OK 7
17 OK F NF NF 2,5
18 T T T T T
19 OK OK OK OK F
20 OK OK OK OK 8,5
21 OK F NF NF 6
22 OK NF NF NF 3
23 OK OK NF F 7,5
24 OK NF NF NF 2,5
25 OK F F F F
26 OK NF NF NF 3,5
27 OK OK NF OK 5
28 OK OK OK OK 4,5
29 OK OK NF NF 4,5
30 T T T T T
31 OK OK OK NF 7
32 OK OK OK OK 6
33 OK NF NF OK 6
34 OK OK OK OK 5,5
35 OK OK OK OK 7
36 OK NF NF NF 3,5
37 OK OK OK OK 5,5 Legenda
OK: Atividade entregue T: Transferido
NF: Não fez F: Faltou
Obs: nas “Questões finais” foram colocados a quantidade acertos que os alunos tiveram em um total de
9 questões.
15
Anexo B – Resultado das atividades aplicadas aos alunos (7º ano B)
Atividades realizadas pelos alunos do 7º ano B
Nº. do(a)
aluno(a)
Coleta de
conhecimentos
prévios
Atividades
no caderno 1
Atividades
no caderno 2
Reflexões
sobre vídeo
(no caderno)
Questões
finais
1 F NF OK OK 4
2 T T T T T
3 OK OK F OK 7
4 OK OK OK OK 7
5 F OK OK OK F
6 OK OK OK OK 5,5
7 OK OK OK OK 5,5
8 OK NF OK NF 8
9 NF NF NF NF 8
10 OK NF NF OK 6
11 OK NF NF NF 3,5
12 OK NF NF OK 5,5
13 OK OK OK OK 7,5
14 NF NF NF OK 6
15 OK F F OK 4
16 OK F NF NF 5,5
17 OK OK OK OK 7,5
18 OK F OK OK 7
19 OK OK OK OK 8
20 OK OK NF OK 4
21 OK OK OK OK 5,5
22 OK OK NF OK 5
23 OK F OK OK 3,5
24 OK OK OK OK 4
25 OK NF OK OK 4
26 OK OK OK NF 5
27 NF NF NF NF 4
28 OK OK OK OK 8,5
29 OK OK NF OK 5,5
30 OK OK OK OK 8,5
31 OK OK OK OK 7
32 OK OK OK OK 7,5
33 OK F NF NF 4
34 OK OK OK OK 5
35 OK OK OK NF 5
36 NF OK NF NF 7,5 Legenda
OK: Atividade entregue T: Transferido
NF: Não fez F: Faltou
Obs: nas “Questões finais” foram colocados a quantidade acertos que os alunos tiveram em um total de
9 questões.
16
Anexo C – Resultado das atividades aplicadas aos alunos (7º ano C)
Atividades realizadas pelos alunos do 7º ano C
Nº. do(a)
aluno(a)
Coleta de
conhecimentos
prévios
Atividades
no caderno 1
Atividades
no caderno 2
Reflexões
sobre vídeo
(no caderno)
Questões
finais
1 OK NF OK NF F
2 OK OK NF OK 4,5
3 OK OK OK OK 7
4 T T T T T
5 OK NF OK OK 5
6 OK OK OK OK 5,5
7 OK NF OK OK 4,5
8 OK OK OK OK F
9 OK NF OK OK 3,5
10 OK OK OK OK 7
11 OK OK OK OK 5,5
12 F NF OK OK 3,5
13 OK NF OK OK 5
14 OK OK OK OK 8,5
15 F NF OK NF F
16 F NF OK OK F
17 OK OK OK OK 5
18 OK OK OK NF 4,5
19 OK NF OK OK 4,5
20 OK NF NF OK 5
21 OK OK OK OK 8,5
22 OK OK OK OK 5 Legenda
OK: Atividade entregue T: Transferido
NF: Não fez F: Faltou
Obs: nas “Questões finais” foram colocados a quantidade acertos que os alunos tiveram em um total de
9 questões.
17
Anexo D – Questões respondidas pelos alunos (Questões para coleta de conhecimentos
prévios; Atividades no caderno 1 e 2 e; Questões finais com os resultados tabulados nos
Anexos A, B e C)
Questões para coleta de conhecimentos prévios
1. Você sabe o que é escravidão? Sabe quando ela surgiu no Brasil?
2. Você sabe o que é tráfico negreiro? Qual é a importância dele para o Brasil?
3. Você sabe o que é um quilombo? Escreva tudo o que souber.
4. Qual é a relação entre o antigo sistema escravista e o atual racismo presente no Brasil?
5. Você conhece a importância do uso de imagens para se aprender história?
Atividades 1:
1. Descreva como era a escravidão na África até a chegada dos europeus no século XV.
2. Para que serviam a rota transaariana e a rota oriental?
3. Entre os séculos VII e XVI foram capturados aproximadamente quantos escravos? Para
onde eles eram levados?
4. Descreva algumas das características da escravidão doméstica.
5. Como ocorria a incorporação de escravos nas famílias?
6. Quando a escravidão doméstica pequena a conviver com um comércio mais forte de
escravos?
7. O que a exploração por parte dos portugueses trouxe de novo no sistema escravista
africano?
8. O que é o escambo?
9. Quais eram os destinos dos escravos no novo mundo?
10. Em qual período o comércio de escravos transatlântico foi maior?
Atividades 2:
1. Qual o meio de transporte usado para levar os africanos escravizados até a América
portuguesa? Quanto tempo poderia dura uma viagem dessas? Descreva as condições de
transporte.
2. Qual foi o território que mais recebeu escravos?
3. Aproximadamente durante quanto tempo foi utilizada a mão de obra escrava? Em quais
atividades econômicas?
4. Quais eram as três principais vantagens do uso da mão de negra africana?
5. Como os escravos eram distribuídos aos chegarem nos portos brasileiros?
6. Quais eram as principais expressões culturais e de resistência dos africanos
escravizados? Cite algumas festas que ocorriam no Brasil colonial.
7. Defina o que é um quilombo. Cite os mais conhecidos do Brasil.
8. Destaque informações importantes sobre o Quilombo de Palmares. Qual foi a
importância de Zumbi para esse quilombo?
Questões Finais:
Levando-se em conta todo o conteúdo estudado nas aulas sobre tráfico negreiro,
escravidão e quilombos, os métodos para análise crítica de imagens e as imagens analisadas,
responda as questões abaixo:
1. A partir da análise das imagens 1, 2, 3 e 4, escreva em que condições ocorriam o tráfico
de escravos em navios negreiro.
2. Considerando as imagens 5, 6 e 8 procure explicar o que acontecia com os escravos
quando desobedeciam a seus donos.
18
3. Diante das imagens 7 e 8, fale um pouco sobre os trabalhos que os escravos faziam.
4. Observando novamente as imagens 7 e 8 aponte as principais diferenças entre os
escravos rurais e os urbanos.
5. Observando as imagens 9, 10 e 11, explique o que significava para um negro estar em
um quilombo.
6. Considerando a imagem 12 e as outras sobre comunidades quilombolas, aponte as
principais diferenças entre os quilombos antigos e os poucos que ainda existe nos dias
de hoje.
7. O que essas imagens revelam sobre as vestimentas usadas pelos escravos no período
colonial?
8. A partir de tudo o que foi trabalhado nas aulas e das imagens estudadas fale sobre a
importância dos escravos negros para a formação do Brasil?
9. Imagens são reproduções fiéis da realidade?
19
Anexo E – Material bibliográfico usado durante as aulas
Livro didático:
VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Capítulo 14: Escravidão, tráfico negreiro e
práticas de resistência. In: VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
Mosaico: História: Anos finais: Ensino Fundamental: 7º ano. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2015,
p. 278-297.
Filme (documentário):
A ROTA do Escravo: A alma da resistência. Direção: Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Trad.: Centro de Informação das Nações Unidas
para o Brasil (UNIC Rio), 2013, 35 min. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=HbreAbZhN4Q>. Acesso em: 03 de outubro de 2019.
20
Anexo F – Imagens analisadas com os alunos para a resolução das questões finais
Imagem 1 – Retrato de um interior de navio
negreiro (1830)
Imagem 2 – Gravura de interior de um navio
negreiro (1830)
Imagem 3 – Escravos em navios negreiros Imagem 4 – Plano do navio negreiro britânico
Brookes (1788)
Imagem 5 – Escravo sendo castigado Imagem 6 – Escravo sendo açoitado
21
Imagem 7 – Escravos em fazenda de café
brasileira (1985)
Imagem 8 - Escravos domésticos no Brasil em
1820
Imagem 9 – Quilombo dos Palmares (1630) Imagem 10 – Casa de negros (1835)
Imagem 11 – A guerra dos Palmares (1955) Imagem 12 – Comunidade quilombola de Curiaú
(2008)
22
Anexo G – Material Teórico para Análise das imagens presentes no Anexo F
Sobre análise de imagens:
• Foco na análise histórica e não artística das obras;
• Lembrar que uma imagem possui o ponto de vista (ideologia) de seu autor;
• Imagens são apenas parte da realidade;
• Imagens podem ser manipuladas/adulteradas;
• Imagens podem “enganar” nossa visão;
• Nome da obra;
• Autoria;
• Ano de publicação (é o mesmo em que o fato retratado na obra ocorreu?);
• Importância de se entender qual é a técnica aplicada pelo autor para compor a imagem
(natureza visual);
• Local onde a obra se encontra armazenada (procedência).
As imagens:
Imagem 1
• Nome da obra: Navio Negreiro
✓ Representa o poema épico "Navio Negreiro", do poeta Castro Alves (poema que
exalta os africanos e crítica a escravidão).
✓ Desenvolvimento do movimento abolicionista, apoiado por muitos intelectuais.
• Ano de publicação: 1830.
• Autor: Johann Moritz Rugendas (29 de março de 1802 — 29 de maio de 1858)
✓ Nasceu em uma família de artistas em Augsburgo;
✓ Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do
desenho;
✓ Pintor Alemão;
✓ Viajou pelo Brasil durante a primeira metade do século XIX por 3 anos (passou pelo
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e
Espírito Santo);
✓ Pintava povos e costumes que ele mesmo observava.
• Técnica aplicada (natureza visual): Gravura.
• Procedência: Museu Itaú Cultural.
Imagem 2
• Nome da obra: Os compartimentos de um navio negreiro
• Ano de publicação: 1830.
• Autor: não encontrado.
• Técnica aplicada (natureza visual): Gravura.
• Procedência: publicada no livro Notices of Brazil in 1828 and 1829, de R. Washl.
Domínio público, Arquivo Nacional – Ministério da Justiça.
Imagem 3
• Nome da obra: Escravos em navios negreiros
• Ano de publicação: Sem data.
• Autor: Não encontrado.
• Técnica aplicada (natureza visual): digital.
23
• Procedência: conteúdo criado para divulgação em material didático.
Imagem 4
• Nome da obra: Plano do navio negreiro britânico Brookes
✓ Imagem amplamente utilizada em campanhas abolicionistas nos EUA e é a mais
famosa reprodução esquemática desse tipo de embarcação. Segundo o esquema, o
navio comportava 450 escravos como “carga”, contudo costumava carregar
regularmente entre 600 a 700 cativos em condições deploráveis.
• Ano de publicação: 1788.
• Autor: não encontrado.
• Técnica aplicada (natureza visual): desenho.
• Procedência: não encontrado.
Imagem 5
• Nome da obra: Escravo sendo castigado
• Ano de publicação: Sem data.
• Autor: Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
✓ Foi um pintor, desenhista e professor francês.
✓ Debret, vez muitas obras em homenagem à Napoleão (Rei da França).
✓ Integrou a Missão Artística Francesa (1817), que fundou, no Rio de Janeiro, uma
academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes, onde
lecionou.
❖ Missão Artística Francesa, isto é, uma expedição de artistas que veio para o
Brasil em 1817 amparada por D. João VI, que havia elevado o Brasil à condição
de Reino Unido, em 1808, e aqui residia.
✓ De volta à França (1831) publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-
1839), documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no
início do século XIX.
✓ A primeira bandeira da história do Brasil independente é uma de suas obras mais
importantes
✓ Uma de suas obras serviu como base para definir as cores e formas geométricas da
atual bandeira do Brasil, adotada em 19 de novembro de 1889.
• Técnica aplicada (natureza visual): aquarela sobre papel – transição entre o
neoclassicismo e o romantismo.
• Procedência: em um dos volumes de “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”.
Imagem 6
• Nome da obra: Escravo sendo açoitado
• Ano de publicação: Sem data.
• Autor: Johann Moritz Rugendas.
✓ Mesmo da imagem 1.
• Técnica aplicada (natureza visual): Gravura.
• Procedência: Museu Itaú Cultural.
Imagem 7
• Nome da obra: Escravos em fazenda de café brasileira
• Ano de publicação: 1985.
24
• Autor: Marc Ferrez (Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1843 — Rio de Janeiro, 12 de
janeiro de 1923).
✓ Descendente de franceses.
✓ Atuou durante o Império e as primeiras décadas da República, entre os anos 1860 e
1922.
✓ Apesar de ter feito um grande trabalho por todo o país, suas obras mais importantes
são fotografias feitas no Rio de Janeiro.
✓ Além de fotógrafo, foi comerciante de equipamentos e materiais fotográficos,
mantendo o estabelecimento comercial Casa Marc Ferrez.
✓ A partir de 1905, juntamente com os filhos Julio e Luciano Ferrez, dedicou-se aos
negócios em torno do cinema, tornando-se dono do Cinema Pathé e distribuidor de
filmes e equipamentos cinematográficos.
• Técnica aplicada (natureza visual): Foto em preto e branco.
• Procedência: Lago, Bia Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no
Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
Imagem 8
• Nome da obra: Escravos domésticos no Brasil
• Ano de publicação: 1820.
• Autor: Jean-Baptiste Debret.
✓ Mesmo da imagem 5.
• Técnica aplicada (natureza visual): aquarela sobre papel – transição entre o
neoclassicismo e o romantismo.
• Procedência: Museus Castro Maya - IPHAN/MinC (Rio de Janeiro, RJ).
Imagem 9
• Nome da obra: Quilombo dos Palmares
• Ano de publicação: 1630.
• Autor: Zacharias Wagener (Dresden, Alemanha 1614 - Amsterdã, Holanda 1668).
✓ Funcionário público, ilustrador, comerciante, membro do Tribunal de Justiça,
explorador de Deshima (posto de comércio holandês localizado no Japão) e único
governador alemão da Dutch Cape Colony (colônia no sul da África).
✓ Transfere-se para Recife como soldado da Companhia das Índias Ocidentais por
volta de 1634 onde permanece até 1641.
✓ O comentário do próprio Wagener sobre essa obra vale a pena ser transcrito:
“Quando os escravos têm executado por semanas inteiras sua penosa tarefa, lhes é
permitido festejar o domingo como desejam; estes, em grande número, em certos
lugares e com toda sorte de curvos saltos, tambores e pífaros, dançam de manhã até
a noite, todos de forma desordenada entre si, homens e mulheres, jovens e velhos;
enquanto isso, os restantes bebem uma bebida forte e preparada com açúcar, a que
chamam garapa; consomem assim o dia santo em um perpétuo dançar, ao ponto de
muitas vezes não se reconhecerem, tão surdos e imundos que ficam”.
• Técnica aplicada (natureza visual): pintura.
• Procedência: Livro: Brasil holandês (vol. II) – Cristina Ferrão & José Paulo Monteiro
Soares (Editores).
Imagem 10
• Nome da obra: Casa de negros
25
• Ano de publicação: 1835.
• Autor: Johann Moritz Rugendas
✓ Mesmo da imagem 1.
• Técnica aplicada (natureza visual): Gravura.
• Procedência: Itaú Cultural.
Imagem 11
• Nome da obra: A guerra dos Palmares
• Ano de publicação: 1955.
• Autor: Manuel Vítor (São Paulo, 9 de agosto de 1927 — São Paulo, 26 de março de
1995).
✓ Pintor, desenhista, ilustrador, cartunista e professor.
✓ Aos quinze anos, já havia decidido que sua vida profissional estaria ligada às artes.
✓ Estudou nos EUA, devido à ausência de cursos no Brasil.
✓ Estudou na mesma escola que Anita Malfatti.
✓ Teve aulas com artistas mundialmente reconhecidos.
✓ Foi o primeiro pintor brasileiro a realizar pintas com óleo.
✓ Foi pioneiro em levar desenhos para a televisão esboçando-os ao vivo (1953).
✓ Foi ilustrador e Diretor de Arte na agência de publicidade CIN e sócio fundador da
Escola Panamericana de Arte -EPA
✓ Ilustrou diversos livros de Monteiro Lobato.
• Técnica aplicada (natureza visual): Óleo (tinta).
• Procedência: não encontrado.
Imagem 12
• Nome da obra: Comunidade quilombola de Curiaú (Amapá)
• Ano de publicação: 2008.
• Autor: Wilson Dias.
✓ Nada encontrado.
• Técnica aplicada (natureza visual): Fotografia.
• Procedência: Site da Agência Brasil.