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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
CHRISTIANA ALMEIDA SALVADOR
ESTUDO SOBRE FATORES SENSORIAIS,
COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO COMUM À CÁRIE DENTÁRIA E À OBESIDADE EM ESCOLARES DO
MUNICÍPIO DE PATO BRANCO - PR
Londrina 2007
CHRISTIANA ALMEIDA SALVADOR
ESTUDO SOBRE FATORES SENSORIAIS, COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO COMUM À CÁRIE DENTÁRIA E À OBESIDADE EM ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO – PR
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia.
Orientadora: Profa. Dra. Sandra Mara Maciel
Londrina 2007
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação
Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Salvador, Christiana. S173e Estudo sobre fatores sensoriais, comportamentais e sociais de
risco comum a cárie dentária e a obesidade em escolares do Município de Pato Branco-Pr / Christiana Salvador. Londrina : [s.n], 2007.
x; 95p. Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística Preventiva.
Universidade Norte do Paraná. Orientadora: Profª Dr. Sandra Mara Maciel 1- Odontologia - dissertação de mestrado – UNOPAR 2-
Cárie dentária 3- Sensibilidade - paladar 4- Fatores de risco 5- Escolares 6- Obesidade I- Maciel, Sandra Mara, orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 616.314-089.27/.28
CHRISTIANA ALMEIDA SALVADOR
Filiação José Avacir Salvador Maria da Luz Almeida Salvador Naturalidade Pato Branco - PR Nascimento 20 de Novembro de 1975 1994 – 1998 Graduação em Odontologia - UTP:
Universidade TUIUTI do Paraná – PR 2000 – 2001 Especialização em Odontopediatria, na
ABO/PR 2002 – 2004 Especialização em Saúde Pública, na
Faculdade de Pato Branco - FADEP 2006 - 2008 Curso de Pós-Graduação na área de
Dentística, nível Mestrado, na Universidade Norte do Paraná - UNOPAR
Associações ABO - Associação Brasileira de Odontologia
CHRISTIANA ALMEIDA SALVADOR
ESTUDO SOBRE OS FATORES SENSORIAIS,
COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO COMUM À CÁRIE DENTÁRIA E À OBESIDADE EM ESCOLARES DO
MUNICÍPIO DE PATO BRANCO - PR
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Drª. Simone Tetu Moysés Profª. Drª. Cássia Cilene Dezan Garbelini Profª. Drª. Sandra Mara Maciel
Londrina, 11 de dezembro de 2007
6 6
Dedico este trabalho aos meus pais, Avacir e
Maria, e ao meu namorado, André, por se
constituírem diferentemente enquanto
pessoas, igualmente belos e admiráveis em
sua essência, estímulos que me impulsionaram
a buscar vida nova a cada dia. Agradeço por
terem aceitado se privar da minha companhia,
concedendo a mim a oportunidade de me
realizar ainda mais.
AGRADECIMENTOS
À Profª. Drª. Sandra Mara Maciel pela orientação dedicada;
À banca examinadora pelo intercâmbio de idéias, sugestões e discussões
construtivas durante a qualificação e defesa desta dissertação;
Aos professores e colegas do mestrado pelo conhecimento adquirido e pela
amizade;
À família Sementes Guerra, por todo apoio incondicional de cada funcionário desta
empresa, sempre prestativos e acolhedores. Aos seus diretores, Sr. Fernando Guerra e Ricardo Guerra, pela confiança em mim depositada;
A todos que fazem parte do Instituto Prosdócimo Guerra, representado pelas mais
de 1.300 crianças que compõe o coral e seus responsáveis, 26 pais colaboradores
na organização dos ensaios, motoristas de ônibus, e pelos mais dedicados Kellyn,
Rodrigo e Pasquina;
Ao Instituto Filadélfia e às alunas do curso de THD do pelo carinho e dedicação;
A todas as 24 pessoas que foram meus olhos, ouvidos e mãos durante a coleta de
dados pela compreensão, doação e carinho;
À Secretaria Municipal de Educação, e a cada diretor escolar, por prontamente
permitirem o acesso às escolas municipais;
E a todos os colegas, amigos, familiares e pacientes que partilharam deste período
da minha vida, pelo incentivo e paciência.
Por terem contribuído na realização desta Dissertação.
Muito Obrigada!
88
AGRADECIMENTOS
À Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, representada pelo Chanceler, Sr. Marco Antônio Laffranchi e pela Reitora, Profª. Elisabeth Bueno Laffranchi;
À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, representada pelo Prof. Dr. Hélio Hiroshi Suguimoto;
Ao Centro de Ciências Biológicas Saúde, representado pelo Prof. Ruy Moreira da Costa Filho;
À Coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelo Prof. Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter;
A todos os funcionários da UNOPAR;
Por terem contribuído na realização desta Dissertação.
Muito Obrigada!
9 9
SALVADOR, Christiana Almeida. Estudo sobre fatores sensoriais, comportamentais e sociais de risco comum à cárie dentária e à obesidade em escolares do Município de Pato Branco – PR. 2007. 93f. Dissertação (Mestrado em Odontologia) Universidade Norte do Paraná, Londrina.
RESUMO
O objetivo da presente pesquisa foi avaliar possíveis influências da sensibilidade paladar ao amargo, da preferência paladar ao doce e de alguns fatores comportamentais e sociais na ocorrência da cárie dentária e da obesidade em escolares. Foram examinados trezentos e oitenta e cinco escolares com idades entre 6 e 15 anos, da rede pública de ensino, de ambos os gêneros, de Pato Branco-Pr. As condições bucais foram avaliadas, utilizando-se os índices ceo-d (dentes decíduos cariados, com extração indicada e obturados) e o índice CPO-D (dentes permanentes cariados, perdidos e obturados), adotando-se os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS,1997). O estado nutricional foi diagnosticado por meio de critérios antropométricos (peso e estatura), adotando-se como padrões de referência os valores propostos pelo National Center for Health Statistics - NCHS (OMS, 1983). A determinação da preferência ao doce foi conduzida de acordo com o método descrito por Land e Sphepherd (1984) e a do limiar ao paladar amargo, segundo o método proposto por Sodré (1999). As características sóciodemográficas e comportamentais foram obtidas por entrevistas pessoais com os escolares. de Os dados foram processados com o auxílio do pacote estatístico SPSS, versão 13.0. Altos níveis de preferência ao doce foram identificados, já que a maioria dos escolares (68,6%) preferiu as soluções de sacarose mais.concentradas. O excesso de peso foi registrado em 24,4 % deles. Os exames bucais mostraram que 59,4 % e 56,6 % se encontravam ‘livres de cárie’, respectivamente, nas dentições decídua e permanente. Baixos níveis de cárie foram observados (ceo-d=1,79 e CPO-D=1,23). Associaram-se à experiência/ severidade de cárie em ambas as dentições: gênero, idade do escolar e consumo de refrigerante; na dentição permanente: escolaridade e idade materna, hábito de beliscar, prática de escovação, motivo e tempo da última visita ao dentista; e na decídua: apenas a relação conjugal. Foram considerados indicadores de risco à obesidade: idade dos escolares e presença de alguém com excesso de peso na família. Entre as crianças e adolescentes obesos, registrou-se a menor severidade de cárie (p < 0,05) e o maior percentual de sensíveis ao paladar amargo (p < 0,05). Não foi detectada associação estatisticamente significante entre preferência paladar ao doce, sensibilidade paladar ao amargo e cárie. Estes achados evidenciam que para o controle dos fatores de risco associados à obesidade e à cárie dentária junto à população estudada, o desenvolvimento de políticas integradas de saúde se faz necessário. Palavras-chave: cárie dentária - obesidade – fatores de risco – sensibilidade paladar – escolares.
SALVADOR, Christiana Almeida. Study on sensorial, behavioral and social common risk factors to dental caries and obesity in schoolchildren from Pato Branco- PR. 2007. 93f. Dissertação (Mestrado em Odontologia) Universidade Norte do Paraná, Londrina.
ABSTRACT
The aim of the present research was to evaluate possible influences of the bitter taste sensitivity, the sweet taste preference and some behavioral and social factors in the occurrence of dental caries and obesity in schoolchildren. Three hundred and eighty-five students aged 6 to 15 years, of both genders, from public schools were examined in Pato Branco-Pr. Oral health conditions were measured by the dmf-t (decayed, missing and filled deciduous teeth) and the DMF-T (Decayed, Missing and Filled Permanent Teeth) indexes, according to the World Health Organization criteria (WHO, 1997). The nutritional state was evaluated through anthropometric measures (weight and height), following the National Center for Health Statistics – NCHS (WHO, 1983) patterns. The sweet preference was measured following the method described by Land & Sphepherd (1984) and the bitter taste threshold, using the method proposed by Sodre (1999). The behavioral and socio- demographic characteristics were assessed by personal interviews with the schoolchildren. Data was analyzed using the Statistical Program of Social Science – SPSS, 13.0 version. High levels of sweet preference were identified, as the majority of the schoolchildren (68.6%) preferred the sucrose solutions more concentrated. The overweight was registered in 24.4% of them. The oral examination showed that 59.4 % and 56.6 %, were ‘caries-free’, respectively, in the primary and the permanent dentition. Low caries levels were observed (dmf-t=1.79 and DMF-T=1.23). Factors associated to dental caries experience/ severity in both dentitions were: gender, schoolchildren age and soft drinks consumption; in the permanent dentition: maternal age and instruction, between meal eating habit, tooth brushing and reason and time of the last visit to the dentist; and, in the primary dentition: only the marital status. The schoolchildren age and the presence of an overweight person in the family were considered as risk indicators for obesity. The lowest caries severity (p<0.05) and the highest rates of bitter tasters (p<0.05) were registered among the overweight children and adolescents. No statistic significant association among sweet taste preference, bitter taste sensitivity and dental caries was detected. These findings highlight that in order to control the risk factors associated to obesity and dental caries in the studied population the development of health integrated policies is necessary. Key – words: dental caries - obesity - risk factors - taste sensitivity - schoolchildren.
11
LISTA DE TABELAS TABELA 1 Soluções-teste de feniltiocarbamida – PTC em mM/l (1:2). 55
TABELA 2 Características sócio-demográficas dos escolares de ensino fundamental de Pato Branco – PR (N= 385).
57
TABELA 3 Comportamentos alimentares entre os escolares de ensino fundamental de Pato Branco- PR (N=385).
58
TABELA 4 Comportamentos em saúde bucal e prática de esporte entre os escolares de ensino fundamental de Pato Branco- PR (N=385).
59
TABELA 5 Experiência de cárie e estado nutricional entre os escolares de ensino fundamental de Pato Branco- PR (N=385).
59
TABELA 6 Severidade de cárie na dentição decídua (N=350) e na dentição permanente (N=376) em escolares de Pato Branco – PR.
60
TABELA 7 Relação entre a experiência de cárie nas dentições decídua (N=350) e permanente (N=376) e os indicadores sócio-demográficos dos escolares de Pato Branco.
60
TABELA 8 Relação entre a experiência de cárie nas dentições decídua (N=350) e permanente (N=376) e os indicadores comportamentais dos escolares de Pato Branco.
61
TABELA 9 Relação entre severidade de cárie e indicadores sócio-demográficos dos escolares de Pato Branco (N=385).
62
TABELA 10 Relação entre severidade de cárie e indicadores comportamentais dos escolares de Pato Branco (N=385).
63
TABELA 11 Relação entre a experiência e a severidade de cárie e o estado nutricional dos escolares de Pato Branco (N=385).
63
TABELA 12 Relação entre o estado nutricional e os indicadores sócio-demográficos de escolares de Pato Branco- PR (N=385).
64
TABELA 13 Sensibilidade ao amargo, preferência ao doce e estado nutricional na sub amostra de escolares de Pato Branco –PR. (N=105).
65
TABELA 14 Relação entre experiência/ severidade de cárie na dentição decídua e preferência ao doce, sensibilidade ao amargo e estado nutricional na sub amostra de escolares de Pato Branco – PR (N=98).
65
TABELA 15 Relação entre experiência/ severidade de cárie na dentição permanente e preferência ao doce, sensibilidade ao amargo e estado nutricional na sub amostra de escolares de Pato Branco
66
12
- PR (N=104).
TABELA 16 Relação entre preferência paladar ao doce, sensibilidade paladar ao amargo e estado nutricional na sub amostra de escolares de Pato Branco –PR (N=105).
66
13
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Fórmula para cálculo da amostra total de escolares (1ª. Fase) 49
QUADRO 2 Fórmula para cálculo da sub amostra de escolares (2ª Fase). 54
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADA American Dental Association – Associação Americana de
Odontologia
ceo-d Dentes cariados, com extração indicada e obturados na dentição decídua.
CPO-D Dentes cariados, perdidos e obturados na dentição permanente.
‘c’ Componente cariado do índice ceo-d.
‘C’ Componente cariado do índice CPO-D.
‘O’ Componente obturado do índice CPO-D
‘P’ Componente perdido do índice CPO-D.
CPO-S Superfícies cariadas, perdidas e obturadas na dentição permanente.
DCNT Doenças crônicas não transmissíveis
GPCRs Proteínas receptoras gustativas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IHOs Índice de Higiene Oral simplificado
IMC Índice de Massa Corporal
ISG Índice de Sangramento Gengival
OMS Organização Mundial de Saúde
PROP 6-n-propiltiouracil
PTC feniltiocarbamida
TRCs Células receptoras gustativas
T2R Receptor ao paladar amargo
15
LISTA DE SÍMBOLOS
Kg Quilogramas
M Molar
N número amostral
P Nível de significância
R Coeficiente de correlação
16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 21
2.1 REVENDO FATORES COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO À CÁRIE.................. 21 2.2 REVENDO FATORES COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO À OBESIDADE ......... 27 2.3 ENTENDENDO OS FATORES SENSORIAIS............................................................. 31 2.4 ENTENDENDO OS FATORES DE RISCO COMUM À CÁRIE E À OBESIDADE................. 42
3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 47 3.1 GERAL ........................................................................................................... 47 3.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................. 47 4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 48
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO.............................................................................. 48 4.1.1 Localização geográfica do estudo .................................................... 48 4.1.2 População de estudo.......................................................................... 48 4.1.3 Procedimentos preliminares.............................................................. 49
4.2 COLETA DE DADOS 1ª.FASE ............................................................................. 50 4.2.1 Avaliação das condições bucais ...................................................... 51 4.2.2 Avaliação do estado nutricional ....................................................... 51 4.2.3 Identificação de características sócio-demográficas e de comportamentos alimentares ...........................................................
52
4.3 COLETA DE DADOS 2ª.FASE ............................................................................. 53 4.3.1 Determinação do limiar gustativo (PTC) .......................................... 54 4.3.2 Determinação da Preferência paladar ao doce ................................ 55
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 56 5 RESULTADOS .................................................................................................. 57 6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 67 7 CONCLUSÕES ................................................................................................. 76 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 77 ANEXOS................................................................................................................. 88
17
1 INTRODUÇÃO
Apesar da melhora substancial nos níveis de saúde bucal, alguns problemas
globais ainda persistem, tanto nos países em desenvolvimento como nos
desenvolvidos, entre eles, destaca-se a cárie dentária. Considerando-se que a
saúde bucal precária tem um efeito profundo na saúde geral e qualidade de vida das
pessoas, esta doença se constitui em um problema considerável de saúde pública
no mundo todo (PETERSEN et al., 2005).
O último estudo epidemiológico sobre as condições de saúde bucal da
população brasileira (BRASIL, 2004b) demonstrou que aos 5 anos as crianças
possuíam em média cerca de três dentes decíduos com experiência de cárie (ceo-d
= 2,8), estando 40% livres dessa doença. Aos 12 anos de idade apresentavam o
mesmo valor médio de dentes permanentes com história de cárie (CPO-D =2,8),
cerca de 70% destas possuindo pelo menos um dente permanente afetado. Apesar
destes resultados expressarem que foi atingida a meta estabelecida pela
Organização Mundial de Saúde e pela Federação Dentária Internacional (FDI, 1982)
para o ano 2000 (CPOD ≤ 3, aos 12 anos), grandes diversidades regionais para
todas as idades foram observadas e a análise por porte populacional revelou
condições mais desfavoráveis em municípios com populações menores.
A situação se agrava na faixa dos 15 a 19 anos de idade, havendo elevação
do índice médio de cárie para 6,2 e do percentual de adolescentes com história de
cárie para cerca de 90%. Além disso, 14,4% destes apresentaram perda de pelo
menos um dente (BRASIL, 2004b).
Apesar do declínio do CPO-D em escolares brasileiros, aproximadamente
uma redução de 62% entre 1980 e 2003, uma pequena faixa desta população (20%)
passou a concentrar cerca de 60% da doença. Ademais, convém ressaltar que o
percentual relativo ao componente 'C' permaneceu inalterado (NARVAI et al., 2006).
Entre os múltiplos fatores relacionados ao desenvolvimento da cárie
dentária, o papel central ocupado pela dieta é inquestionável (ZERO, 2004).
Evidências convincentes mostram que o açúcar é o principal fator alimentar
associado à cárie dentária (MOYNIHAN, 2005) e que, portanto, o controle da
ingestão do mesmo é importante para prevenção desta doença bucal.
18
O nível aceitável para consumo de açúcar em países desenvolvidos deve
ser abaixo de 15 Kg per capita / ano, sendo esse valor o máximo aceitável para o
não desenvolvimento de cárie, havendo água fluoretada, disponibilidade de cremes
dentais fluoretados e boa cobertura odontológica; para países em desenvolvimento,
que muitas vezes não têm acesso nem a água tratada, este deve ser menor ainda,
em torno de 10 Kg per capita/ ano (FREIRE, CANNON, SHEIHAM, 1994).
Entretanto, no Brasil a estimativa de consumo é de 50 Kg per capita/ ano
(SHEIHAM, 1983).
Ainda há que se mencionar que o consumo não é só questão de escolha
individual, mas faz parte de um contexto que engloba condição socioeconômica,
exclusão social e qualidade de informação disponível; a aceitação ao doce também
se correlaciona com a natureza, onde a doçura indica que as frutas estão maduras e
prontas para o consumo. Destacando-se, ainda, a importância da indústria
açucareira nos primeiros séculos do regime colonial brasileiro (BRASIL, 2006).
Adicionalmente, com a urbanização e o desenvolvimento econômico,
percebe-se o fenômeno da transição alimentar, com a redução do consumo de
carboidratos complexos e fibras; passando-se a dar preferência a alimentos de
origem animal, açúcares e alimentos refinados (WHO, 2003). Há evidências que,
entre a população brasileira, o consumo de açúcar esteja se deslocando para o
consumo de refrigerantes, sucos e bebidas adoçadas, cuja oferta aumentou nos
últimos anos em torno de 400% (BRASIL, 2004a).
Além dos hábitos alimentares familiares, o consumo de alimentos adoçados
sofre influência de uma série de fatores biológicos, psicológicos, culturais, sociais e
ambientais entre eles da preferência paladar ao doce (MACIEL et al., 2001). O nível
de sensibilidade paladar, também, pode exercer um importante papel na quantidade
e freqüência do consumo de carboidratos (ANLIKER et al., 1991).
As crianças apresentam uma resposta de prazer inata ao paladar doce, e
rejeitam o amargo (TATZER et al., 1985). A sensibilidade para o paladar doce e
amargo é uma característica hereditária que pode ser modulada em função da maior
exposição ou não a itens alimentícios contendo açúcar (DREWNOWISKI et al.,
2001).
Existem variações de sensibilidade ao paladar em seres humanos, variações
estas fenotípicas que são de origem genética (KALMUS, 1971; DREWNOWSKI,
1990). A sensibilidade geneticamente mediada para o gosto amargo de
19
Feniltiocarbamida (PTC) e 6-n-Propiltiouracila (PROP) tem sido associada com a
sensibilidade aumentada para outras combinações de doces e amargos (YEOMANS
et al., 2007).
Furquim (2006), utilizando-se dos métodos do PTC e do limiar ao doce,
observou associação entre a severidade de cárie e a insensibilidade ao amargo.
Constatou também existência de correlação forte entre as sensibilidades ao doce e
ao amargo. Pelo fato de o método do PTC ter se mostrado eficaz e ser de mais fácil
aplicação, a autora apontou o mesmo como um possível marcador genético para
algumas das principais doenças crônicas relacionadas à dieta, entre elas, a cárie.
A literatura específica tem apontado que há maior prevalência da cárie entre
crianças insensíveis ao paladar amargo (LIN, 2003; RUPESH, NAYAK, 2006). De
acordo com a análise dos autores, as crianças insensíveis podem ter consumo mais
freqüente e de maiores concentrações de açúcar comparadas às sensíveis, estando,
portanto, mais susceptíveis à cárie dentária.
Estudos recentes têm também investigado a relação entre a preferência
paladar ao doce e a ocorrência de cárie (MACIEL, MARCENES, SHEIHAM, 2001;
NOVAIS et al., 2004; LANZA , 2006). Maciel, Marcenes e Sheiham (2001) não
encontraram associação entre a preferência ao doce e cárie, embora 76,5% das
crianças preferiram as concentrações mais açucaradas de chá (0,6 e 0,9M). Lanza
(2006) não observou relação significante entre cárie e preferência, apesar da maioria
(70,7%) das crianças com experiência de cárie ter preferido as soluções mais doces
(0,6 e 0,9M). Já, NOVAIS et al. (2004) constataram correlação positiva entre a
escolha do suco mais doce (0,59M) e maiores valores de CPO-D e ceo-d.
Ainda em seu estudo, Lanza (2006) observou entre as crianças que
preferiram as maiores concentrações de sacarose maior prevalência de obesidade,
e também maior severidade de cárie entre os desnutridos e obesos.
A obesidade, as doenças dela decorrentes e a cárie dentária têm no hábito
alimentar um importante componente etiológico comum. Sendo assim, alguns dos
hábitos relacionados à obesidade podem, também, determinar uma maior
prevalência à cárie dentária, já que tanto a quantidade quanto a freqüência da
ingestão de sacarose são importantes fatores envolvidos em sua etiologia
(TRAEBERT et al., 2004).
A prevalência de obesidade vem crescendo consideravelmente em países
desenvolvidos, e já atinge os países em desenvolvimento, muito em função do alto
20
consumo de açúcares e gorduras, e do sedentarismo. No Brasil, o sobrepeso atinge
em torno de 19% dos escolares de escolas públicas (DUTRA et al.; MOREIRA,
ROSENBLATT, SEVERO, 2006; CAMPOS et al., 2007). Convêm salientar que este
quadro pode ser determinante de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis
na maturidade.
Na moderna Saúde Pública, a abordagem do Fator de Risco Comum (FRC)
é a ideal para controlar aqueles riscos comuns ao maior número de doenças
crônicas. A base racional da mesma é que a promoção de saúde geral, através do
controle de um número pequeno de fatores de risco, pode ter um grande impacto em
um número grande de doenças e a um custo menor que abordagens para doenças
específicas. Desta forma, ao se trabalhar com o fator de risco comum “dieta”, além
da prevenção de enfermidades como as doenças cardíacas, o câncer e o acidente
vascular cerebral, está se prevenindo e controlando a cárie dentária e a obesidade
(SHEIHAM, 2001).
Diante do exposto e considerando que são escassos os trabalhos
relacionando fatores de risco comum à cárie e a outras doenças crônicas, o presente
estudo se propôs a avaliar possíveis influências de fatores sensoriais,
comportamentais e sociais na ocorrência tanto da cárie, como da obesidade entre
crianças e adolescentes.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 REVENDO FATORES COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO A CÁRIE
Globalmente tem ocorrido declínio da cárie dentária, havendo grupos de
adolescentes sem a experiência da doença (SHEIHAM, 2001). Porém, os dados do
último levantamento sobre as condições de saúde bucal da população brasileira
(BRASIL, 2004b) revelaram que, aos 15 anos, o índice CPO-D praticamente
duplicou em relação àquele registrado aos 12 anos de idade. Burt (2005) atenta
para a polarização da doença, alegando que 20% da população mundial aos 15
anos detêm 60% da prevalência mundial. Tal fato pode ser explicado pelas
características peculiares deste período de vida. Os adolescentes apresentam
hábitos nutricionais pobres, com alto consumo de carboidratos refinados e
refrigerantes; pouca prioridade a higiene bucal e têm suas visitas ao dentista
freqüentemente adiadas (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRIC DENTISTRY,
2004).
O Estudo de ‘Vipeholm’, realizado na Suécia, comprovou que a introdução
de sacarose na dieta aumentava a incidência de cárie, sendo a prevalência maior
quando o açúcar era consumido entre as refeições e quando a textura do alimento
favorecia sua retenção na cavidade bucal (GUSTAFSSON, 1954).
Por décadas, para compreensão da dinâmica do processo carioso, utilizou-
se a tríade proposta por Keys, que representa a interação entre o hospedeiro, a
microbiota e a dieta. Entretanto, o padrão da lesão de cárie modificou. Da mesma
forma mudaram os conceitos de saúde e doença, as necessidades e expectativas
dos indivíduos; foram introduzidos novos métodos de cuidados bucais; e houve
inovação na prática clínica, nas tecnologias e nos materiais (SHEIHAM, 2001).
A sacarose ainda é o açúcar mais comum na dieta humana e potencialmente
o mais cariogênico, favorecendo a aderência e colonização de microrganismos na
placa bacteriana (THYLSTRUP, FEJERSKOV, 1995). A maioria dos microrganismos
da cavidade oral utiliza estes açúcares como fonte de energia para suas atividades
biológicas. Os carboidratos concorrem para o desenvolvimento das lesões cariosas
pelo fornecimento de substrato para a produção de polímero extracelular e excreção
22
de ácidos orgânicos, resultando em desmineralização dos tecidos dentais duros
(NONAKA et al., 2005).
Maltz et al. (2005) ilustram o modelo proposto por Fejerskov e Manji,
correlacionando o biofilme dental aos seus determinantes biológicos e
socioeconômicos responsáveis pelo desenvolvimento da cárie dental. Onde o fator
etiológico primário referiu-se a presença de bactérias na superfície dentária; os
fatores determinantes foram relacionados ao pH salivar, o qual pode ser modificado
de acordo com a composição da placa e da saliva, pela velocidade da capacidade
tampão, a própria composição / freqüência da dieta e a presença de fluoretos; e
como fatores modificadores citam as condições socioeconômicas e
comportamentais.
O preditor mais significativo no desenvolvimento da doença cárie é a sua
história passada e as suas variáveis sociodemográficas (OLIVEIRA, PEREIRA,
SALIBA, 2005), havendo evidências que pessoas com saúde bucal precária
pertencem a grupos de baixo poder socioeconômico (THOMSON et al.; ZERO,
2004). A condição econômica envolve um conjunto de fatores que dizem respeito ao
acesso a serviços de saúde, nível educacional, estilo de vida, condições de higiene,
moradia e acesso a produtos. Havendo contribuição das instituições públicas para o
alto consumo calórico de baixo valor nutricional (ALBON, 2005).
Convém deixar claro que a abordagem da dieta faz-se diferente da
abordagem nutricional. A dieta se relaciona aos hábitos alimentares individuais,
voluntários e conscientes. Cada pessoa tem uma dieta específica (saudável ou não).
Por outro lado, a nutrição se refere a um processo biológico, involuntário e
inconsciente, em que os seres vivos, utilizando-se de alimentos, assimilam
nutrientes para realização de suas funções vitais. Consideram-se nutrientes: as
proteínas, os carboidratos, as gorduras, as vitaminas e os sais minerais.
Aquino e Philippi (2006) analisaram o consumo infantil de alimentos
industrializados em relação a renda familiar per capita, baseados no inquérito
familiar. Verificaram que a renda influenciou o consumo de alguns alimentos
industrializados. Crianças de maior renda familiar consumiram mais leite em pó
modificado e iogurte, contribuindo para a adequação da dieta, mas também de
achocolatados, chocolates e refrigerantes, os quais determinaram um consumo
energético alto e inadequado. A ingestão de açúcar foi inversa à renda.
23
Adair et al. (2004) examinaram a extensão das atitudes paternas sobre o
comportamento de seus filhos quanto ao controle do açúcar entre as refeições. As
crianças tinham entre 3 e 4 anos, eram procedentes de 17 países (27 localidades)
que pertenciam a um consórcio internacional de estudo, sendo que a amostra
contou com 100 crianças de cada localidade, sendo que 50% deveriam ser 'livres de
cárie' e 50% apresentar ceo-d ≥ 3. Entre os hábitos constataram que apenas 20%
das crianças não utilizavam mamadeiras, não comiam doces ou chocolates
diariamente. Pais escandinavos possuíam as melhores condutas e os chineses eram
os que menos interferiam no comportamento dos filhos, independente da
experiência de cárie.
Gueiros e Silva (2003) estudaram a associação entre cárie e dieta alimentar
em dois grupos de escolares, aos 6 e aos 12 anos de idade, ambos de baixo nível
socioeconômico, embora com diferentes níveis de atenção odontológica. O ceo-d
médio aos 6 anos foi de 5,93, e o CPO-D médio aos 12 anos foi de 5,7; praticamente
o dobro da média nacional de 1996 (3,06). O componente 'C' - cariado -foi
responsável por 91% do valor do índice CPO-D. Constataram também, alto consumo
de carboidratos e alimentos cariogênicos aos 12 anos.
Pine et al. (2004) contrastaram a saúde bucal e suas desigualdades
oriundas dos comportamentos alimentares. Avaliaram crianças entre 3 e 4 anos de
17 países (27 localidades) que pertenciam a um consórcio internacional de estudo já
citado, sendo que a amostra contou com 100 crianças de cada localidade. Países
como o Paquistão (91%), o México (88%), a Escócia (79%) e a Itália (73%) têm
como norma cultural adicionar açúcar aos alimentos. O ceo-d médio foi de 6,1.
Consideraram como preditores da cárie: a idade que se inicia a higiene dental
(menor susceptibilidade quando o hábito era instalado precocemente), a ingestão
noturna de sacarose (os que não têm o hábito possuíam menor probabilidade de
serem 'livres de cárie') e o poder aquisitivo dos pais (relação inversa à cárie).
Marshall et al. (2007a) observaram a relação entre o consumo de açúcar e a
doença cárie em 634 crianças com idade entre 4,5 e 6,9 anos. Crianças com
experiência de cárie tinham pais jovens, de menor nível educacional e menor renda,
apesar do consumo similar de açúcar. A cariogenicidade do açúcar foi associada a
sua composição veicular, freqüência e tempo de exposição.
Gushi et al. (2005a) avaliaram a cárie dentária segundo as variáveis: idade,
gênero, etnia e fluoretação das águas de abastecimento público em adolescentes de
24
15 a 19 anos (N= 1.825). A prevalência de cárie foi de 90,4% e o CPO-D médio de
6,44, porém 71,26% destes corresponderam ao componente 'O' (obturado). O
gênero masculino apresentou maior porcentagem de dentes cariados e perdidos, já
o feminino maior percentual de dentes obturados. Não houve diferença estatística
entre severidade e fluoretação da água de abastecimento, todavia encontraram um
maior percentual de 'livres de cárie' e um menor percentual do componente 'C' nos
adolescentes que residiam em municípios com água fluoretada.
Thomson et al. (2004) avaliaram as condições bucais de adultos e
relacionaram as condições socioeconômicas que estes tinham na infância. O estudo
longitudinal avaliou exames comparativos aos 5 e aos 26 anos (N= 789). A água de
abastecimento pública fluoretada não fazia parte da realidade de 12,5% da
população aos 26 anos, contrários a 29,8% que sempre a utilizaram. A prevalência,
a severidade e o componente 'C' foram inversamente associados às condições
socioeconômicas. Houve diferença significativa entre o ceo-d aos 5 anos e o CPO-D
aos 26 anos, sendo que o ceo-d > 4 aos 5 anos foi relacionado ao componente 'P' –
perdido – e a uma maior destruição periodontal, confirmando que a experiência de
cárie na infância foi fator preditor a experiência da doença na vida adulta.
A cárie também foi avaliada segundo os fatores socioeconômicos, os hábitos
de higiene bucal e a autodefinição da doença por David et al. (2005), em escolares
da Índia de 12 anos de idade (N= 838). Os resultados foram alarmantes: 60% das
crianças nunca tinham ido ao dentista, 12% nunca tinham escovado os dentes, 19%
apresentaram falhas nos hábitos de higiene, 50% consumiam doces diariamente e
27% nunca tinham usado pasta fluoretada. Entretanto, a prevalência de cárie foi de
27% e o CPO-D médio foi de 0,5 (DP= 0,9), sendo o componente 'C' responsável
por 91% deste índice. A prevalência foi maior em crianças que residiam na zona
urbana, que já tinham ido ao dentista, que não escovavam os dentes e consumiam
doces diariamente.
Outro estudo, na comunidade do Vietnã-Recife, verificou a freqüência de
cárie e seus principais fatores relacionados - renda familiar, higiene bucal, dieta e
atenção odontológica - em crianças de 6 a 12 anos. Encontraram relação inversa
entre renda e CPO-D (entre 4 e 8 para uma renda de até dois salários mínimos). A
higienização não interferiu no CPO-D, a não ser quando a mãe auxiliou na
escovação. O consumo de doces (99,2%) prevaleceu no lanche escolar (GALINDO
et al., 2005).
25
Gushi et al. (2005b) investigaram os fatores sócio-econômicos e o acesso
aos cuidados bucais associados à cárie em adolescentes (N= 1825) do Estado de
São Paulo. O teste Quiquadrado mostrou associação significante entre severidade
de cárie e as variáveis: anos de estudo do adolescente, tipo de escola, condições de
moradia (casa própria ou não), renda familiar, carro, visita ao dentista, tipos de
cuidado e razão para ir ao dentista. Adolescentes que não estudavam ou eram
atendidos nas escolas públicas, tanto quanto os que possuíam baixa renda familiar,
tiveram maior risco de desenvolver cárie. Existiu associação entre os fatores
socioeconômicos e experiência de cárie e, no entanto, observaram ausência de
prevenção entre estes adolescentes.
Rihs et al. (2005) determinaram a relação entre nível socioeconômico e
cárie, verificando a prevalência, a severidade e a necessidade de tratamento em
escolares (N= 546) entre 7 e 12 anos de idade. O ceo-d médio encontrado na escola
pública foi de 1,78, enquanto na particular foi de 1,17; e o CPO-D médio foi de 1,27
e 0,73 respectivamente. Houve diferença significante entre experiência de cárie e
nível socioeconômico (49,3% 'livres de cárie' nas escolas particulares); assim como
os comportamentos de saúde bucal, que eram negligenciados por alunos de escolas
públicas.
Outro estudo de grande extensão documentou a experiência de cárie
segundo os fatores geográficos de moradores de 250 cidades brasileiras (N= 34.550
crianças). Constataram contrastes na distribuição de cárie, sendo que no sul e no
sudeste foram observados os menores índices CPO-D, as melhores condições de
higiene dental e maior porcentagem de crianças 'livres de cárie'. Apresentaram maior
severidade da doença: moradores da zona rural (sem água fluoretada e com difícil
acesso ao tratamento odontológico), estudantes do gênero feminino de escolas
públicas (pela cronologia adiantada de erupção) e negros (não relacionado a fatores
biológicos, mas a discrepância socioeconômica). Estados com alto Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) apresentaram alto índice de cuidados bucais e
tratamento bucal com maior eqüidade (ANTUNES et al., 2006).
Peres et al. (2005) investigaram a relação entre cárie e as condições sociais
em crianças de 6 anos de idade (N= 359), sendo este parte constituinte de um
estudo longitudinal realizado em Pelotas – RS. O ceo-d médio foi de 3,29, 97%
destes se referiam ao componente 'c'. Incluíram apenas crianças que apresentavam
baixa (ceo-d ≤1) ou alta (ceo-d ≥4) severidade de cárie. Os indicadores sociais foram
26
significativamente associados a cárie, exceto a suplementação com flúor. A
prevalência de cárie foi associada à renda, à educação paterna e ao trabalho regular
da mãe durante a gestação. E, também associada aos determinantes
comportamentais: hábitos de escovar os dentes (maior prevalência entre os que
escovavam menos de três vezes ao dia), uso do fio dental (maior entre os que não
tinham o hábito) e comer doces entre as refeições (maior entre os que mais
consumiam). Entretanto, a cárie não foi associada ao consumo de medicamentos.
Hamasha et al. (2006) incluíram os hábitos de saúde bucal paternos, o
consumo de refrigerantes, a higiene bucal e as visitas ao dentista na avaliação da
associação entre cárie e os determinantes socioeconômicos. Avaliaram 198
crianças, de 3 a 7 anos e de 7 a 11 anos, que se enquadravam quanto ao nível
socioeconômico em baixo e alto, correlacionado ao nível de escolaridade dos pais.
Encontraram alto consumo de refrigerantes entre os considerados de baixa renda.
Houve associação entre as visitas ao dentista e a renda (visitas precoces em
crianças de maior poder aquisitivo). A média de dentes cariados foi
significativamente maior aos 9 anos de idade em crianças de baixo nível
socioeconômico. O componente 'P' (perdido) foi também associado à renda.
As condições socioeconômicas foram contrastadas às prevalências de
gengivite, cárie e fluorose em escolares de 12 anos em Porto Alegre – RS (MALTZ,
BARBACHAN E SILVA, 2001). A renda de até dois salários mínimos representava
52,4% das famílias. Houve associação inversa entre nível de instrução dos pais e
Índice de sangramento gengival (ISG) e severidade de cárie, sendo que também
houve associação com a prevalência de cárie. Alunos da rede pública apresentaram
maior prevalência (27,5% ‘livres de cárie’), maior ISG e menor freqüência de
fluorose. Houve predomínio de superfícies cariadas nos alunos de escolas públicas,
e de superfícies obturadas nos alunos de escolas particulares. Aos 12 anos, 71,2 %
já tinham utilizado o flúor, sendo que 76,4% pela aplicação tópica profissional. 50%
dos alunos visitavam o dentista regularmente, embora 12% nunca tinham ido a um.
27
2.2 REVENDO FATORES COMPORTAMENTAIS E SOCIAIS DE RISCO A OBESIDADE
O aumento no consumo de alimentos industrializados, ricos em gordura,
açúcar e sal, associados ao menor gasto energético diário explicam a tendência do
sobrepeso e da obesidade na população brasileira, assim como de outras doenças
crônicas não transmissíveis associadas. Soma-se a isto o alto consumo de
refrigerantes que, pelos efeitos fisiológicos da ingestão e da saciedade serem
diferentes, promovem um balanço energético maior (BRASIL, 2006).
Paralelamente, em conseqüência dos hábitos alimentares inapropriados, a
obesidade praticamente triplicou entre os adolescentes americanos (PALMER,
2005), onde a prevalência é de 11% para a obesidade e de 14% para o sobrepeso
na faixa etária entre 6 e 17 anos (SCHWARTZ, PUHL, 2003). Entretanto, a epidemia
não está restrita a países desenvolvidos (TOUGER, 2006).
A obesidade é, em 95% dos casos, resultante do maior consumo energético,
e apenas 5% possuem causas endógenas (FISBERG, 2006). Consideram-se
indicadores de sobrepeso e obesidade infantil: o nível de escolaridade dos pais,
renda per capita, escola que a criança freqüenta e o sedentarismo (OLIVEIRA et al.,
2003).
O primeiro inquérito de grande porte nacional sobre desnutrição e
obesidade, realizado pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) em
1989, foi discutido por Mondini e Monteiro (1998). Neste inquérito participaram
mulheres entre 18-64 anos (N= 15.669), homens entre 20-64 anos (N= 14.235) e
crianças de 6 a 35 meses (N= 3.641). Observou-se maior percentual de desnutridos
entre as crianças (13,1%), embora 8,5% destas tenham sido consideradas obesas;
nos adultos a prevalência de obesidade foi de 15%, sendo maior no gênero feminino
(20%). A prevalência de desnutrição foi inversa à renda. E a obesidade, todavia,
apresentou prevalência aumentada na população com melhores condições
socioeconômicas.
Abrantes, Lamounier e Colosimo (2002) basearam-se no inquérito domiciliar
realizado pelo IBGE, entre 1996 e 1997 nas regiões sudeste e nordeste do Brasil,
para avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de 7 a 9 anos (N=
3.317) e adolescentes entre 10 e 14 anos (N= 3.943). Não encontraram diferença
significativa entre o gênero nas duas faixas etária, todavia existiram diferenças entre
28
as regiões estudadas. A prevalência de sobrepeso dos adolescentes foi quase o
dobro no sudeste (12,2%) da encontrada no nordeste (6,9%), e embora
apresentando percentuais menores para a obesidade, os dados ainda se mostraram
superiores no sudeste (7,2%), sendo que no nordeste foi de 2,4%. Entre as crianças
de 7 a 9 anos a prevalência também se mostrou maior no sudeste (12,4%) do que
no nordeste (5,6%).
O mesmo inquérito mencionado foi utilizado por Magalhães e Mendonça
(2003) para avaliar a prevalência de obesidade em adolescentes de 15 a 19 anos
(N= 1.881). A prevalência de sobrepeso foi de 8,45% no nordeste e 11,53% no
sudeste. Foram considerados indicadores de risco para essa faixa etária: gênero
(maior prevalência feminina) e a renda per capita (maior prevalência de sobrepeso
no gênero masculino quanto maior a renda).
Recentemente, um estudo realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde
(BRASIL, 2007) em adultos de 27 capitais brasileiras, mostrou haver relação entre o
nível de escolaridade e o excesso de peso, mencionando diferença entre os
gêneros: no masculino, a obesidade aumentou discretamente e no feminino o
excesso de peso diminuiu intensamente com a escolaridade. Este estudo apontou
como indicadores de risco à obesidade os fatores genéticos, ambientais e de estilo
de vida, onde se incluem os hábitos alimentares e o sedentarismo.
Um estudo transversal observou a influência de determinantes
socioeconômicos e do estilo de vida paternos na alimentação de seus filhos, com
idade entre 2 e 24 anos (N= 3.534). Encontrou alta porcentagem de alimentação
inadequada, principalmente nas cidades menores. O consumo de vegetais foi
reduzido, e nas maiores cidades houve um consumo reduzido também de frutas; o
nível de educação materno foi inversamente associado a estes fatores. O tempo de
televisão superior a duas horas ao dia das crianças foi negativamente associado a
hábitos saudáveis paternos, havendo aumento da ingestão de lanches gordurosos e
doces pelas mesmas. Este consumo também esteve associado ao menor nível de
educação, menor nível socioeconômico dos pais, e menor consumo de vegetais
(ARACENTA et al., 2003).
Ronque et al. (2005) avaliaram a prevalência de sobrepeso e obesidade em
escolares de 7 a 10 anos de alto nível socioeconômico em Londrina – PR (N= 511).
Os escolares apresentaram prevalência em torno de 19% e 14% para sobrepeso e
obesidade respectivamente. Não houve associação significativa para o sobrepeso
29
com gênero ou faixa etária; já para a obesidade, houve maior percentual de meninos
obesos (17,5%) na faixa etária entre 9 e 10 anos. Mencionaram o nível
socioeconômico como forte indicador de risco.
O estado nutricional também foi avaliado em escolares de 10 a 19 anos (N=
1158) matriculados em escolas, públicas e particulares, de Fortaleza - CE, e
verificado a presença de associação destes dados à renda, ao gênero e à faixa
etária. Houve dois subgrupos segundo a faixa etária: 10-14 anos (fase das
mudanças púberes) e 15- 19 anos (fase de termino de crescimento). A prevalência
de sobrepeso (acima de 85 percentis) foi de 19,5%, sendo maior em alunos de
escolas particulares. Não houve diferenças significativas entre gênero e idade nas
escolas públicas, já nas particulares houve maior prevalência entre os 10-14 anos
(24,7%) e no gênero masculino (42,6%) (CAMPOS et al., 2007).
Mondini et al. (2007) avaliaram a prevalência de sobrepeso e sua
associação com fatores sócio-ambientais em escolares ingressantes no ensino
fundamental público de uma cidade paulista (N= 1.010). Neste estudo o termo
‘sobrepeso’ incluiu crianças com sobrepeso e obesas. A prevalência de sobrepeso
foi de 17% (10,8% sobrepeso e 6,2% obesidade). O consumo de alimentos
considerados saudáveis foi maior entre as crianças na zona urbana (1/3 da dieta),
do contrário, os alimentos ‘não saudáveis’ apresentaram consumo similar pelas
crianças tanto na zona urbana quanto na rural. Foram considerados indicadores de
risco: mães obesas, freqüência elevada de consumo de alimentos ‘não saudáveis’,
tempo de televisão superior a quatro horas e disponibilidade de óleo per capita.
A dieta inadequada é um dos fatores de risco associados ao estilo de vida
que podem levar a obesidade. Em função disto, Nobre et al. (2006) avaliaram a
prevalência do risco cardiovascular associado à obesidade e ao estilo de vida de
escolares matriculados entre a 5ª e a 8ª série do ensino fundamental de duas
regiões centrais da cidade de São Paulo (N= 2.125). O percentual de sobrepeso e
obesos foi de 24%. Houve maior tendência de obesidade nas escolas privadas
(6,7%), não sendo diferença estatisticamente significante. A maioria da população
tinha hábitos inadequados (53,3%), entre eles relacionaram a adição de sal à
comida preparada, o menor consumo de frutas e laticínios, adicionados ao maior
consumo de refrigerantes, gorduras e salgadinhos.
Barbosa et al. (2005) apontaram para importância dos hábitos adquiridos no
período de 02 a 06 anos para o padrão alimentar futuro da criança, por este motivo
30
avaliaram o consumo alimentar destas no ambiente institucional e no fim de semana.
Reportaram que, apesar da dieta de fim de semana ser mais inadequada, o
consumo de açúcar, no ambiente institucional foi 03 vezes maior que o
recomendado para essa faixa etária. Este aumento, segundo os autores, pode estar
associado ao aumento do consumo de refrescos industrializados, refrigerantes,
balas e açúcar em adição, vindo a contribuir para uma maior prevalência de
obesidade, cárie e doenças cardiovasculares.
Carmo et al. (2006) descreveram as práticas alimentares em relação à
ingestão energética, à distribuição de macro-nutrientes na dieta e ao número de
porções consumidas de doces, refrigerantes e bebidas com adição de açúcar de
adolescentes matriculados em escolas da rede pública da cidade de Piracicaba –
SP. Entrevistaram 390 escolares com idade média de 12 anos. A ingestão
energética esteve acima dos valores propostos para 83,8% dos adolescentes, e
apenas 6,2% estavam em conformidade. Foi constatado consumo elevado de doces,
em média 3,8 porções diárias, sendo que 78,2% ultrapassaram as duas porções
recomendadas. O consumo médio diário de refrigerantes foi de 230 ml e de bebidas
açucaradas foi de 550 ml, contribuindo para o consumo de doces.
Bismark-Nasr, Frutuoso e Gambardella (2006) avaliaram a dieta alimentar,
incluindo os lanches, de adolescentes (N= 128) de classe média urbana da cidade
de São Paulo - SP. Com base no questionário recordatório – 24 horas - constatou-se
que 78% dos adolescentes faziam três refeições diárias. As recomendações
energéticas diárias foram alcançadas por 74% dos meninos e 81,3% das meninas,
entretanto as proteínas e os lipídios apresentaram consumo superior ao
recomendado pela OMS. Os lanches corresponderam a 30,5% e 34,1% do valor
energético consumido pelos meninos e meninas respectivamente; sendo o
refrigerante responsável por 8,6% e 10,3% do consumo energético diário das
meninas e meninos obesos respectivamente.
Hallal et al. (2006) verificaram o sedentarismo e fatores de risco associados
em adolescentes entre 10 e 12 anos de Pelotas / RS (N= 4.452). O IMC médio foi
de 18,6 Kg/m2 (DP = 3,6). O sedentarismo teve alta prevalência (58,2%),
considerando menos de 300 minutos de atividade física semanal. O hábito de
atividade física foi associado ao nível sócio-econômico elevado, ao sexo feminino,
ao IMC do adolescente e ao tempo de televisão diário; sendo estes de risco aos
transtornos alimentares.
31
2.3 ENTENDENDO OS FATORES SENSORIAIS
O paladar é o sistema sensitivo que avalia a qualidade dos alimentos
ingeridos e é composto por células receptoras gustativas (TRCs), capazes de
detectar a grande variedade de substâncias químicas ingeridas. Os órgãos
periféricos do gosto são denominados botões gustativos, os quais são compostos
por células gustativas que estão presentes na língua (2/3 delas) e em menor número
no palato e orofaringe. Estes botões são corpos neurosensíveis no epitélio papilar,
em número de 3.000 a 10.000 na cavidade oral de adultos, compostos por 50 a 100
células agrupadas numa estrutura esférica, que contêm uma proteína específica
para o gosto denominada ‘gusteducina G’. Na superfície lingual são expressas em
papilas fungiformes, foliáceas e circunvaladas. A inervação destes botões gustativos
é de responsabilidade do Nervo Facial (Corda do Tímpano e Nervo Petroso Maior
inervam os 2/3 anteriores da língua e o palato), do Nervo Glossofaríngeo (inerva as
papilas foliadas e circunvaladas do 1/3 posterior lingual) e do Nervo Vago (inerva
botões gustativos da Epiglote). As TRCs possuem microvilosidades em sua
superfície onde se encontram as proteínas receptoras gustativas que detectam os
estímulos e participam da transdução, denominados GPCRs (MARGOLSKEE, 2002;
KIM et al., 2004; BACHMANOV, BEAUCHAMP, 2007).
Entende-se por sensações primárias da gustação: o doce, o salgado, o
amargo, o azedo e o umami (relacionado ao paladar dominante em comida que
contém L-Glutamato). Sendo que os dois primeiros são os sabores relacionados à
nutrição, indicando a presença de hidratos de carbono nos alimentos, enquanto que
o amargo e o azedo são relacionados a toxicidade dos alimentos (CHUNG et al.,
1964; CATALANOTTO, GAULIN-KREMER, SHAW, 1979; GENT, BARTOSHUK,
1983; DREWNOWSKI, ROCK, 1995; MARGOLSKEE, 2002; SCHWARTZ, PUHL,
2003; KIM et al., 2004; JIANG et al.; MENNELLA, PEPINO, REED, 2005; RUPESH,
NAYAK, 2006; BACHMANOV, BEAUCHAMP, 2007). Estas sensações são
transmitidas em áreas específicas na cavidade bucal. O doce e o salgado
relacionam-se na ponta da língua (papilas fungiformes), o azedo e o amargo nas
laterais (papilas foliáceas) e, ainda, na parte posterior desta e no palato mole o
amargo (papilas circunvaladas).
32
Nilsson e Holm (1983) investigaram a preferência paladar e a experiência de
cárie em 100 adolescentes de 15 anos, sendo que 50 deles apresentavam CPO-D >
15 e os outros 50 com CPO-D < 4, em igual proporção de gênero. O gosto doce foi
indicado por todos os sujeitos, exceto os insensíveis. O ponto inicial para detecção
da sacarose foi de 15,6 mΜ/l, independente da severidade de cárie. Os meninos
apresentaram tendência a preferir a solução mais doce e também apresentaram
maiores índices de CPO-D, entretanto não houve correlação significativa entre a
preferência paladar ao doce e a severidade da doença cárie.
Catalanotto, Gaulin-Kremer e Shaw (1979) avaliaram a preferência paladar
ao doce e a experiência de cárie em crianças entre 7 e 15 anos. O CPO-D médio
encontrado foi 9. Não observaram relação entre a preferência ao doce e a
experiência de cárie, podendo os fatores sociodemográficos ser fator confundidor.
Looy e Weingarten (1992) aplicaram o teste de preferência ao doce e de
percepção sensorial das diferentes concentrações de sacarose pura. Dividiram a
pesquisa em três experiências. Na primeira avaliaram 66 universitários, entre 18 e
44 anos de ambos os gêneros, quanto à correlação do gostar ou não de doces e a
expressão facial. Filmaram as reações faciais após a aplicação do teste de
preferência ao doce (concentrações: 0,05; 0,1; 0,21; 0,42; 0,83), e posteriormente
aplicaram um questionário de aceitação ou rejeição a solução. A expressão facial foi
coerente com a opção 'não gostar de doces' (86%), o que aconteceu para apenas
40% dos que responderam 'gostar de doces'. A segunda experiência será
mencionada adiante. A terceira experiência observou como os que relatam gostar ou
não gostar de doces percebem as diferentes concentrações de sacarose.
Participaram 48 voluntários com idade média de 20 anos, observaram associação
entre gostar de doces e a percepção mais aguçada das diferentes concentrações. O
gostar ou não de doces é um importante diferencial nas diferenças sensitivas ao
doce, sendo importante mecanismo de codificação de estímulos gustatórios,
consumo e preferências alimentares.
Jamel et al. (1996), sabendo disso, aplicaram o teste de preferência ao doce
na população do Iraque para verificar os impactos da urbanização no consumo do
açúcar. Participaram 4.152 pessoas com idade entre 6-7, 11-12, 14-15, 20-30 anos,
pertencentes à zona urbana e rural, sendo que ainda houve um subgrupo segundo o
nível de escolaridade paterna. Houve diferenças significantes entre o consumo de
xícaras de chá diárias, sendo maior na população urbana (3 xícaras/ dia), onde o
33
nível de educação foi correlacionado negativamente a este. O consumo de açúcar
foi proporcional ao consumo de xícaras de chá diárias; a população urbana
consumiu mais (62,3g / dia). O consumo aumentou com a idade e foi maior no
gênero feminino, embora estes achados não tenham sido significativos. 82,8% dos
moradores urbanos preferiram a solução mais doce (0,59M), enquanto os moradores
da zona rural preferiram as soluções menos açucaradas (0,15M e 0,29M). Quanto
maior a escolaridade paterna maior o consumo de açúcar, 90,8% dos mais
instruídos preferiram a solução mais doce (0,59M).
Jamel et al. (1997), ainda mencionando a população iraquiana segundo seus
subgrupos, avaliaram a correlação entre preferência ao doce, o consumo de chá
açucarado e a cárie. Mencionaram haver correlação significante em todos os grupos
entre CPO-D e preferência ao doce. Nenhum ‘livre de cárie’ escolheu a solução mais
doce (0,59 M); entretanto, esta solução foi a preferida por 34% dos que
apresentavam CPO-D entre 1 e 3, 63% dos com índice entre 4 e 6, 86% dos com
índice entre 7 e 10, e 100% dos que possuíam CPO-D > 10. Os ‘livres de cárie’
habitualmente consumiam menos de uma colher e meia de açúcar por dia para
adoçar o chá, já os que possuíam CPO-D > 20 consumiam mais de 4,4 colheres ao
dia. Observaram, então, correlação entre a severidade da doença cárie e a
quantidade / freqüência de açúcar consumido.
Tomita et al. (1999) avaliaram a preferência ao sabor doce em pré-
escolares, de 4 a 6 anos, provenientes de vários extratos socioeconômicos de Bauru
– SP (N= 572). Encontraram associação significativa entre a preferência ao doce e
nível socioeconômico (a solução mais doce – 0,59M – foi preferida entre os de
menor renda). A prevalência de cárie apresentou tendência crescente com a idade
em todos os grupos, sendo que o percentual de 'livres de cárie' foi significativamente
menor entre os de menor renda. Não houve associação entre a preferência ao doce
e a experiência de cárie, visto que a solução mais doce foi a escolha da maioria dos
'livres de cárie'.
Maciel, Marcenes e Sheiham (2001) observaram a relação entre a
preferência ao doce, níveis de Streptococcus mutans e prevalência / severidade de
cárie em pré-escolares de 4 e 5 anos de baixo nível social através do teste `Sweet
Preference Inventory' modificado (concentrações de 0,075 M, 0,15M, 0,3M, 0,6M e
0,9M). O ceo-d médio foi de 4,25 (componente ‘c’ = 3,56), 34,9% eram ‘livres de
cárie' e um alto nível de microrganismos foi encontrado na maioria das crianças
34
(76,5%). Não houve correlação entre a preferência ao doce e as características
socioeconômicas, contudo as soluções mais adocicadas (0,6 e 0,9M) foram
preferidas pela maioria (76,5%). A regressão linear mostrou que o gênero, pais
separados, hábito de comer alimentos açucarados entre as refeições, hábito de não
escovar os dentes e altos níveis de microrganismos foram associados à cárie dental,
e não a preferência ao doce.
A relação entre preferência paladar ao doce e a experiência de cárie em
pares de mãe-criança de baixo nível socioeconômico foi também avaliado por Maciel
et al. (2001). Participaram crianças entre 4 e 5 anos, atendidas no serviço público de
Maringá – PR. Foram analisados 255 pares, sendo a idade média das mães de 30
anos, baixo nível de escolaridade (61,2%) e renda média de 4,4 salários mínimos. O
ceo-d médio foi de 4,2 (DP = 6,1), sendo o maior responsável o componente ‘c’ (3,5).
Entre as mães o CPO-S médio foi de 59,1 (DP= 40,9). Houve correlação entre o
CPO-S materno e o ceo-d da criança. O estado marital e o gênero da criança
apresentaram associação significativa com a experiência de cárie. A preferência da
mãe (42% preferiram as soluções de 0,6 e 0,9M) foi correlacionada
significativamente a preferência da criança (67,5% preferiram as mais doces
também). A preferência também foi associada à renda familiar. Entretanto, não
houve associação significativa entre a preferência ao doce e a experiência de cárie
nas crianças.
Novais et al. (2004) avaliaram o teste de preferência em crianças entre 7 e
10 anos (N= 51), destas 58% apresentavam higiene bucal regular. O índice ceo-d
médio foi de 3,02 e CPO-D médio de 1,94. A maioria (69%) preferiu as soluções
mais açucaradas (0,44 e 0,59M), entretanto não encontraram associação
significativa entre esta escolha e a maior severidade de cárie.
Almeida Júnior et al. (2005) avaliaram a correlação entre a preferência ao
doce e a cárie em gestantes (N= 144), de 14 a 44 anos, em Aracajú – SE.
Constataram alto consumo de substâncias gordurosas e lanches ricos em açúcar,
como refrigerantes e doces. Apenas duas gestantes eram 'livres de cárie', o CPO-D
médio foi de 10,4. A maioria das gestantes (45,29%) preferiu as soluções menos
açucaradas (0 e 0,15M) e apenas 8,2% preferiram a mais doce (0,59M). Não
encontraram correlação significativa entre a cárie e a preferência.
Lanza (2006) avaliou os níveis de preferência paladar ao doce e sua relação
com padrões nutricionais e de saúde bucal em pré-escolares de 4 e 5 anos (N= 191)
35
da região urbana de Londrina – PR. Aplicou o teste ‘Sweet Preference Inventory’
modificado (concentrações de 0,075 M, 0,15M, 0,3M, 0,6M e 0,9M). 73,3% das
famílias tinham renda inferior a três salários mínimos mensais (R$ 300,00). A grande
maioria (67,5%) preferiu as soluções de alta concentração de sacarose (0,6 e 0,9M),
embora 63% das meninas tenham preferido as soluções menos açucaradas (0,075M
e 0,15M). Houve associação significativa entre a preferência ao doce e renda para o
gênero masculino, todavia, de uma maneira geral, crianças de maior renda
preferiram as maiores concentrações. A preferência, ainda, foi associada à instrução
materna (filhos de mães instruídas preferiram a solução mais doce). Quanto ao
estado nutricional 74,3% foram consideradas eutróficas, 3,6% obesas e 18,3% em
sobrepeso. Houve maiores proporções de desnutridos e eutróficos no gênero
masculino, e de obesos e com sobrepeso entre as meninas. O excesso de peso foi
associado à escolaridade materna (relação inversa), a renda e idade materna.
Houve maior percentual de crianças obesas que preferiram as soluções mais doces.
48,2% eram ‘livres de cárie’ e o ceo-d médio foi de 1,92 (DP= 1,81). Existiu
associação entre a prevalência de cárie e escolaridade materna (50,5% das crianças
com cárie tinham mães com menor tempo de estudo), e com a renda (quanto maior
a renda aumentou percentual de ‘livres de cárie’). Embora 70,7% dos escolares com
experiência de cárie tenham preferido as soluções mais açucaradas (0,6M e 0,9M),
a maior severidade ocorreu entre os que preferiram a solução intermediária (0,3M).
Não houve associação entre o estado nutricional e a experiência de cárie, contudo
desnutridos e obesos apresentaram maior severidade de cárie.
Oliveira e Rodrigues (2007) contrastaram a experiência de cárie à
preferência ao sabor doce em pares de mães / filhos. Participaram 699 pré-
escolares de 4 anos de idade matriculados em instituições públicas e privadas.
64,9% das crianças eram 'livres de cárie'. A maioria das mães (57,4%) escolheu as
soluções sem açúcar, sendo que seus filhos possuíam gosto semelhante ao seu;
entre as crianças 27,2% preferiram a solução isenta de açúcar (0M) e 50,7% as mais
açucaradas (0,44 e 0,59M). Houve associação significativa entre a experiência de
cárie e a preferência das crianças ao doce ('livres de cárie' preferiram as menores
concentrações de açúcar), sendo a preferência por maiores concentrações fator de
risco à cárie. Houve também associação da experiência de cárie e a instituição de
ensino (75% das crianças com cárie estudavam em estabelecimentos públicos).
36
Já a sensibilidade paladar ao amargo é um fator hereditário. Geralmente
duas são as substâncias utilizadas no teste de sensibilidade: a feniltiocarbamida
(PTC) e o 6-n-propiltiouracila (PROP). Tanto o PROP quanto o PTC são substâncias
utilizadas no tratamento da tireóide, inibindo a formação do hormônio que impede a
incorporação do iodo pelo organismo, não existindo relatos de toxicidade em
humanos. O PTC é considerado um teste rápido, eficiente e útil quando utilizado
para grandes amostras (LAWLESS, 1980).
A habilidade de sentir o amargo é alta em crianças e declina lentamente com
a idade, assim como diminuem o número de papilas gustativas (TEPPER, 1998;
YEOMANS et al., 2007).
Para determinar o padrão de sensibilidade ao amargo há um ponto
considerado inicial, onde a concentração mais baixa da solução teste possa ser
diferenciada da solução de água pura pelo provador. Os sensíveis têm pontos
iniciais muito baixos, e há um modelo aceitável que os sensíveis ainda se dividem
em moderados e supersensíveis (LAWLESS, 1980; TEPPER, 1998; RUPESH,
NAYAK, 2006). Cerca de 15 a 30% da população possuem insensibilidade gustativa,
descrita como a dificuldade de diferenciar concentrações destas substâncias (PTC /
PROP) da água pura (GUYTON, 1992).
Inicialmente cogitava-se um padrão mendeliano, onde os sensíveis
apresentam 1 ou 2 genes dominantes e os insensíveis 2 genes recessivos
(LAWLESS, 1980; GENT, BARTOSHUK, 1983; CARABALLO, REBATO E BASABE,
1984; DREWNOWSKI, ROCK, 1995; KIM et al., 2003). Hoje se sabe que há locus
para percepção do sabor amargo.
Os receptores gustativos (T2R) são organizados no genoma e ligados ao
locus que influenciam a percepção amarga nos seres humanos e nos ratos
(DREWNOWSKI et al., 1998). Essa sensação do amargo é iniciada pelos GPCRs
nas membranas das TCRs e pertencem a família T1 de membro 3 (T1R3). No gene
humano os genes que codificam as proteínas T2R (amargo) residem em três
posições: 14 residem em conjunto no cromossomo 12p13, nove no cromossomo
7q31 e um único reside no 5P15 (KIM et al., 2004); e expressam a proteína
Gusteducina. Assim ao ingerirmos um substância amarga ativa-se a gusteducina
que se dissocia em duas subunidades: α-gusteducina e β-gusteducina. Os
polimorfismos mais comuns são o PAV – alelo sensível ao PTC - e o AVI – alelo
insensível ao PTC (BACHMANOV, BEAUCHAMP, 2007).
37
Estudos sugerem que os sensíveis ao PROP sejam também ao doce
(GENT, BARTOSHUK, 1983; DREWNOWSKI, ROCK, 1995; DREWNOWSKI; MAX
et al., 2001; BACHMANOV, BEAUCHAMP; YEOMANS et al., 2007). A sensação do
gosto doce inicia-se com os receptores pertencentes a família T1R2 e T1R3
(MARGOLSKEE, 2002; KIM et al., 2004; JIANG et al., 2005), apresentando como
polimorfismo homólogo ao SAC (genoma responsável pelo sensação ao doce nos
ratos), o BAC (AL139287 e AC026283), entretanto as variações não esclarecem
hábitos e preferências fisiológicas (MAX et al., 2001; BACHMANOV et al., 2002).
Ainda, Spadaccini et al. (2003) mostram a proteína G16A interagindo e deixando
resíduos numa mutação que diminui a sensibilidade ao doce.
Recentemente sensíveis ao amargo foram associados a baixa aceitabilidade
aos vegetais, cerveja, café e vários queijos. Os fatores do gosto e as preferências
alimentares influenciam os hábitos alimentares e causam impacto na seleção de
uma dieta saudável, podendo até aumentar o risco a doenças crônicas e alguns
tipos de câncer (TEPPER, 1998; DREWNOWSKI et al., 2001; KELLLER, TEPPER,
2004; BACHMANOV, BEAUCHAMP, 2007). Além disso, sensíveis possuem maior
sensibilidade a outros estímulos orais, como os irritantes da pimenta e a sensação
textural das gorduras, havendo sugestão de que estes possuam menor IMC do que
insensíveis (TEPPER, 1998).
Chung et al. (1964) avaliaram os fatores genéticos que poderiam estar
associados a cárie dental em uma população americana (N= 2.821) com condições
socioeconômicas desfavoráveis. Realizaram o teste de sensibilidade ao amargo,
contagem de lactobacilos e grau de consangüinidade. O gênero masculino
apresentou maior índice ceo-d, entretanto o fator pode ser explicado pela esfoliação
precoce dos dentes decíduos pelo gênero feminino. O ceo-d médio encontrado foi
de 2,16, sendo que sensíveis ao PTC apresentavam índice menor (ceo= 0,61).
Houve maior número de insensíveis entre os com experiência de cárie, e relação
positiva entre severidade e o número de lactobacilos na dentição decídua. O índice
CPO-D foi maior nas meninas. Não houve associação significativa do PTC ao CPO-
D, apesar dos sensíveis apresentarem ligeiramente menor índice, mas houve
associação positiva entre número de lactobacilos e CPO-D.
Gent e Bartoshuk (1983) objetivando perceber as diferenças do limiar ao
amargo em sensíveis e insensíveis, avaliaram 20 pessoas entre 20 e 52 anos.
Observaram que os insensíveis possuíam menos receptores gustativos e que a
38
sacarose parece ser menos doce a estes, sendo assim mencionaram que os
insensíveis talvez também possuam menos receptores ao doce.
O trabalho já mencionado de Looy e Weingarten (1992), na 2ª experiência,
correlacionou a sensibilidade ao PROP e a preferência mencionada a doces por 144
universitários (18 a 45 anos) e 72 crianças (7 a 10 anos). Dos adultos 23,6% foram
considerados insensíveis, e quem mencionou não gostar de doces foram
considerados sensíveis ao PROP (inverso não verdadeiro). Já nas crianças 28,3%
são insensíveis e encontraram correlação significante entre não gostar de doces e
sensíveis e entre gostar de doces e insensíveis.
Drewnowski e Rock (1995) exploraram a ligação da preferência paladar
entre a genética, a escolha dos alimentos e os hábitos dietéticos. Relataram haver
relação entre sensibilidade e gênero, sendo as mulheres a maioria das
supersensíveis. Proporções mais elevadas de insensíveis ao PTC se encontram
entre os europeus e os norte americanos. Unidos a experiência dietética prévia,
fatores sócio-culturais, comportamentos e hábitos de saúde podem afetar a
preferência paladar.
Drewnowski, Hederson e Shore (1997) avaliaram 87 mulheres eutróficas
(idade média de 25 anos) quanto à sensibilidade ao PROP, comparando a
preferência de hipoclorito de sódio, sacarose e sacarina com respostas hedônicas
(prazerosas). Não observaram associação significativa entre os diferentes
polimorfismos ao PROP e IMC. Insensíveis distinguem menos as menores
concentrações de sacarose, entretanto as respostas hedônicas a sacarose não são
associadas ao PROP. Também não houve evidências entre preferência paladar ao
doce e o limiar ao PROP.
Ly e Drewnowski (2001) avaliaram as diferenças sensoriais de níveis
diferentes de sensibilidade ao PROP com relação ao leite e ao chocolate; se o nível
de sensibilidade ao PROP e a cafeína seria alterado com a adição de adoçantes
artificiais, e ainda questionaram sobre as escolhas alimentares. Participaram 54
mulheres entre 18 e 30 anos, não fumantes e não medicadas. 33 delas foram
consideradas sensíveis e 21 insensíveis ao PROP. As sensíveis acharam as
soluções de cafeína mais amargas que as insensíveis, sendo assim observaram
maior percentual destas que ingeriam café preto, já as sensíveis preferiam tomá-lo
com creme ou leite. Quando adicionado adoçante ao PROP e a cafeína foi reduzido
a avaliação do amargo pelos sensíveis, demonstrando que o amargo se não
39
rejeitado é geralmente mascarado pela adição de açúcares, gordura e sal neste
grupo.
Mennella, Pepino e Reed (2005) determinaram o genótipo que confere
sensibilidade ao PTC, a relação destes com a idade e o fenótipo, e exploraram como
essas variações genéticas influenciam na preferência a outros estímulos como a
sacarose. O estudo observou 143 crianças de várias nacionalidades, incluindo 21
pares de 2 irmãos e 4 pares de 3 irmãos, com a faixa etária entre 5 e 10 anos. O
teste de sensibilidade ao amargo não foi influenciado pela idade, gênero, raça ou
etnia. Já o teste de preferência paladar ao doce é explicado parcialmente (55%) pela
genética, sofrendo influencia da idade e etnia; crianças preferem concentrações
maiores de sacarose e de cereais adicionados de açúcar que suas mães. A
sensibilidade ao amargo em crianças heterozigotas ocorreu em concentrações mais
baixas do que nos adultos que apresentavam o mesmo genótipo. Mencionaram
ainda que a renda pode alterar o fenótipo, pois açúcares e gorduras são nutrientes
de menor custo.
Rupesh e Nayak (2006) contrastaram a prevalência de cárie aos diferentes
níveis de sensibilidade genética ao amargo e determinaram a qualidade e a
intensidade das preferências pelos alimentos consumidos por cada grupo, em 340
crianças entre 6 e 12 anos de idade. Avaliaram as condições bucais segundo os
índices ceo-d e CPO-D, radiografias bitewing, presença de lesões bucais e índice de
higiene oral simplificado (IHOs). Com relação aos níveis de sensibilidade 19% foram
insensíveis ao PROP, 49% apresentaram sensibilidade média e 32% foram
supersensíveis; meninos predominaram entre os insensíveis e medianos e meninas
entre as supersensíveis. Houve diferença significante no IHOs entre os grupos,
sendo que diminui dos insensíveis para os supersensíveis. Entre os insensíveis,
76% mencionaram preferirem doces e 29% gostos fortes; o mesmo ocorreu para
51% e 9% dos moderados; e 33% e 5% dos supersensíveis, diferenças estas
significativas. A prevalência de cárie também foi significativamente maior entre os
insensíveis, sendo a correlação inversa entre sensibilidade ao PROP e ceo-d / CPO-
D. Entre os irmãos houve componente forte genético para a categoria gosto, sendo
que 61% enquadraram-se na mesma.
Furquim (2006) avaliou a influência do teste de sensibilidade paladar ao
amargo e ao doce na cárie dental em escolares de 11-12 anos, estudantes de
escolas públicas da zona urbana e rural, de Londrina – PR. Encontrou diferença
40
significante entre sensibilidade ao PROP e região onde vivem (71,4% dos
moradores da zona rural foram considerados insensíveis). Houve predominância do
gênero feminino entre os insensíveis e na maior severidade de cárie, sendo esta
significativa na zona urbana. Com relação a sensibilidade ao doce, a maioria dos
que possuíam baixa severidade estavam no grupo dos sensíveis. Os insensíveis ao
doce foram insensíveis ao amargo nas duas regiões, mostrando correlação
significativa entre os dois testes. Frente a isso, o autor sugeriu o teste amargo para
avaliar a sensibilidade, pela facilidade e menor tempo exigido de aplicação, além de
ser confirmado pela expressão facial.
Keller e Tepper (2004) observaram possível correlação entre preferência
paladar, aceitação dos alimentos e IMC em 53 crianças de 5 anos de idade. 66%
foram consideradas sensíveis; 22,5% e 7,5% foram consideradas em sobrepeso e
obesas respectivamente. Encontraram relação entre o limiar ao amargo e IMC
diferente para os gêneros, meninos insensíveis tinham maior IMC e meninas
sensíveis tinham maior IMC. O consumo de proteínas foi mais elevado nos
sensíveis, e os insensíveis consumiam mais açúcares. O limiar materno foi
correlacionado ao limiar da criança (p = 0,12).
Drewnowski, Henderson e Cockroft (2007) analisaram a sensibilidade ao
PROP relacionando preferências alimentares, consumo alimentar e IMC em
mulheres adultas (N=358). Não encontraram correlação significativa entre PROP e
preferência/ freqüência alimentar, contrário a estudos que sugerem um menor
consumo de gorduras, leites e saladas pelos supersensíveis. Contudo,
supersensíveis apresentaram menor consumo energético, embora não houve
evidências de uma dieta com menos fibras, vitamina C, açúcar e gordura. Não houve
associação entre a sensibilidade ao PROP e IMC, mas o consumo de gordura
esteve associado inversamente ao nível de educação.
Hayes e Duffy (2007) avaliaram o fenótipo e sua correlação com a
preferência ao doce e a gordura utilizando o teste de sensibilidade ao PROP,
verificando a densidade das papilas fungiformes e aplicando o teste de preferência a
sacarose (concentrações de 0, 5, 10, e 20 %). Foram avaliadas 79 pessoas, com
idade média de 25 anos. Encontraram associação entre o número de papilas e o
teste PROP, não havendo associação com gênero, apesar das mulheres
apresentarem maior número de papilas. Ainda houve associação entre o PROP e a
41
preferência ao doce; e entre o número de papilas e a preferência (quanto menor a
densidade das papilas maior a concentração de sacarose exigida).
Yeomans et al. (2007) contrastaram a densidade das papilas fungiformes, a
preferência ao doce e preferências alimentares nas diferentes variações de
sensibilidade ao PROP (insensíveis, sensíveis e supersensíveis). Participaram 60
pessoas entre 18 e 41 anos (5 foram consideradas sobrepeso e 3 obesas). Não
observaram diferença significativa entre gênero e IMC à sensibilidade ao PROP.
Houve diferença significativa quanto a percepção da intensidade do PROP (maior
nos supersensíveis). A maioria dos supersensíveis mencionou não gostar de doces,
sendo o inverso verdadeiro. Houve diferenças entre a preferência ao doce e gênero,
homens preferiram as soluções mais doces. Os supersensíveis sentiram mais
intensamente as diferentes concentrações de sacarose.
42
2.4 ENTENDENDO OS FATORES DE RISCO COMUM À CÁRIE E A OBESIDADE
RISCO em epidemiologia significa a probabilidade de que pessoas sadias,
expostas a certas condições, adquiram uma doença. São chamados de fatores e
condições de risco para uma determinada doença as situações ou “causas” que
levam à doença. Estes fatores que estão associados a um risco aumentado de
adoecer são chamados de fatores de risco.
O acúmulo dos recursos biológicos, inerentes e adquiridos, podendo vir a
determinar, além da saúde atual, o potencial de vida futuro, incluindo resistência aos
fatores do meio ambiente, é comumente denominado ‘Health capital’ (THOMSON et
al., 2004). Exemplo disto é o sobrepeso em crianças, que aumenta os riscos de
obesidade na vida adulta, de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e de hipertensão;
induz à maturação precoce e aos problemas ortopédicos; além das seqüelas
psicológicas (MACEK, MITOLA, 2006).
A importância das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no perfil de
saúde da população é de extrema relevância. Devido a isto, vários estudos
epidemiológicos têm comprovado a associação que várias das principais DCNT
mantêm com um conjunto relativamente pequeno de fatores de risco, todos
passíveis de prevenção.
Quando se focam fatores de risco comum a determinadas doenças o
impacto sobre a saúde torna-se maior, o controle mostra-se mais eficaz e os custos
ficam reduzidos. Entre os fatores de risco a DCNT que interagem com a saúde bucal
citam-se: tabagismo; dieta rica em gorduras e açúcares; baixo consumo de fibras,
vegetais e frutas; consumo excessivo de álcool; hábitos de higiene inadequados e
sedentarismo. Apenas atuando sobre estes fatores alcançar-se-á eqüidade nos
problemas referentes à saúde bucal (SHEIHAM, WATT, 2000).
Por sua vez, a pobre saúde oral pode ter um profundo efeito na saúde geral,
relacionando-se a várias DCNT, como a diabetes e a obesidade. Apesar do declínio
da prevalência e severidade da doença cárie, seus impactos são fortemente ligados
a menor renda, onde há inadequado consumo de açúcar e exposição a fluoretos
(PETERSEN et al., 2005).
A OMS (2007) menciona a dieta como um fator de risco comum que, com a
urbanização e globalização, afetou a saúde pública. Entre as DCNT dela
43
decorrentes mencionou a obesidade, o diabetes, as doenças cardiovasculares, o
câncer, a osteoporose e as doenças orais.
Já, Mardis (2001) relata sobre evidências recentes que não relacionam o
consumo adicional de açúcar a DCNT, com exceção da doença cárie que tem o
açúcar como fator de risco independente. Entretanto, o alto consumo de açúcar
pode substituir importantes nutrientes da dieta das crianças, devendo ser reduzido,
com especial indicação aos refrigerantes.
Dados do Ministério da Agricultura norte-americano apontam que 33% do
consumo do açúcar provem dos refrigerantes, não havendo dúvidas que a redução
destes e o aumento de gasto metabólico pela atividade física previnem a obesidade.
Entretanto, os refrigerantes sem açúcar, que praticamente não contem calorias, não
deveriam contribuir para a obesidade, sendo que a ADA menciona a importância do
consumo destas bebidas como fonte de hidratação em pessoas que dificilmente
conseguem ingerir líquidos em quantidades adequadas. E acreditam que o risco à
cárie dentária é insignificante, se não ingeridos em períodos noturnos, em
mamadeiras ou em condições de higiene inadequada (FISBERG, AMANCIO,
LOTTENBERG, 2002)
Freire, Cannon e Sheiham (1994) analisaram as recomendações a respeito
do consumo de açúcares extrínsecos apresentados em revistas internacionais (116
artigos) nos últimos 30 anos (1961-1991) e verificaram a relação estabelecida entre
os açúcares e a prevenção de DCNT. A redução do consumo de açúcar foi orientada
por 84,5% dos artigos, sendo o refrigerante o principal produto a ser reduzido. A
sacarose foi citada como o principal açúcar relacionado a DCNT (59,2%). Antes de
1977 nada tinha sido especificado sobre o consumo de açúcar diário, e a partir daí a
recomendação mais freqüente foi de 10% do total da energia recomendada pela
OMS, tendo cuidado de evitar o intervalo das refeições. Propuseram como substituto
dos açúcares frutas e vegetais, e não recomendavam a utilização de adoçantes. No
Brasil o consumo, segundo o Ministério da Saúde vigente, era de 137g per capita/
dia, muito acima do aceitável (40g per capita/ dia em presença de flúor e 30g per
capita/ dia em ausência de flúor). Concluíram que a redução no consumo dos
açúcares extrínsecos previnem, especialmente, a cárie e a obesidade.
Alterações na dieta como a alta ingestão de gorduras, açúcares e alimentos
refinados aliados ao estilo de vida familiar podem levar a um aumento dos níveis de
44
colesterol, de obesidade e de hipertensão, além da cárie dentária (TRAEBERT et al.,
2004).
Segundo Ximenes (2004), a prevalência de adolescentes com transtornos
alimentares é alta, chegando a 15% nas escolas públicas e 9,5% nas particulares;
colaborando para um aumento do CPO-D, de erosões dentais, de bruxismo e
gengivite.
A desnutrição também pode ser coadjuvante na má formação dental e no
risco a cárie, sendo que se afetar a criança antes do primeiro ano de vida também
haverá atraso na erupção e esfoliação dos dentes decíduos (MOBLEY, 2005).
Os efeitos de outro estado nutricional, a obesidade, sobre o desenvolvimento
dental foram retratados por Hilgers et al. (2006), observando pacientes de 7 a 15
anos (N= 104). Perceberam que o desenvolvimento dental foi acelerado em crianças
em sobrepeso e obesas, ainda diferentemente para os gêneros, já que as meninas
apresentaram idade dental mais precocemente.
A cárie e a obesidade, embora apresentem fatores de risco comum,
apresentam dados conflitantes na literatura. Kantovitz et al. (2006), em sua revisão
sistemática, identificaram 7 artigos referentes a este assunto, no período de 1984 a
2004. Entre estes, dois artigos observaram associação entre obesidade e cárie e
dois mencionaram que a ausência de dentes (componentes perdidos devido a cárie)
pode estar associada a obesidade. Entretanto, verificaram que a qualidade da dieta
foi o fator que mais interferiu nestas DCNT.
Dentro da percepção da importância do padrão alimentar nas DCNT,
Campos e Zuanon (2004) avaliaram o lanche escolar, as condições bucais e a
prevalência de obesidade em 52 crianças entre um e seis anos de uma escola
particular em Araraquara – SP. O ceo-d médio encontrado foi de 0,81; 3,8% das
crianças foram consideradas obesas. Com relação ao lanche houve maior consumo
de bolachas recheadas (33,4%) e refrigerantes (17,5%), seguidos do menor
consumo de frutas (3,2%). Destacaram a importância da educação nutricional para a
manutenção da saúde geral e bucal das crianças.
A associação entre cárie e altura em adolescentes de 13 anos (N= 652) foi o
assunto abordado por Nicolau et al. (2005), correlacionando-os aos fatores
socioeconômicos. A prevalência de cárie foi maior em meninas (21,4%), nos que
vivem na zona rural (38,6%) e naqueles com menor escolaridade paterna (20,8%).
45
Houve associação inversa entre o CPO-D e a estatura dos adolescentes estudados
(p= 0,009).
Macek e Mitola (2006) verificaram a associação entre o IMC e a cárie em
crianças norte-americanas, controlando os fatores socioeconômicos e demográficos.
Houve maior prevalência de cárie na dentição decídua em crianças com sobrepeso,
embora não significante. Entretanto, esta diferença ocorreu quando associados IMC
e severidade da doença cárie na dentição permanente, crianças com sobrepeso
apresentaram menor índice CPO-D do que eutróficas.
Moreira, Rosenblatt e Severo (2006) avaliaram os fatores de risco comum a
cárie e a obesidade em escolares de 12 a 15 anos no Estado da Paraíba. A
prevalência de obesidade nas escolas públicas foi de 17,8%, sendo de 21,7% nas
escolas particulares. A prevalência de cárie, de uma maneira geral, foi de 30% de
obesos e 31% de eutróficos. Entretanto, quando observada a instituição de ensino,
houve menor prevalência tanto de obesos (9%) quanto de eutróficos (9,5%) nas
escolas particulares. Não houve diferença significante entre severidade e estado
nutricional, embora esta foi maior nas escolas públicas (CPO-D médio= 4,27 para os
obesos e de 4,25 para os eutróficos) do que nas particulares (CPO-D médio de 1,90
e 1,91 para obesos e eutróficos respectivamente).
Marshall et al. (2007b) investigaram a provável associação entre cárie e
obesidade e seus principais fatores de risco comum, a dieta e a condição sócio-
econômica. Trata-se de um estudo longitudinal que avaliou crianças (N= 427) da
sexta semana de vida aos 5 anos de idade. Não encontraram relação entre gênero,
ordem de nascimento na família e idade dos pais nem com cárie nem com
obesidade. A experiência de cárie teve relação à renda familiar e ao nível de
educação dos pais, sendo que este também apresentou relação inversa com a
obesidade. Houve relação direta entre IMC e peso materno ao sobrepeso nas
crianças. O consumo de refrigerantes foi inversamente associado a educação
materna e paterna, a idade materna e a renda familiar, sendo associada à cárie e
não à obesidade. A prevalência de cárie foi associada como fator de risco ao
sobrepeso. A análise bivariada sugeriu que o baixo nível sócio-econômico aumentou
o risco a cárie e a obesidade.
Diante dos tópicos revisados e considerando-se que o diagnóstico da cárie
dentária e do excesso de peso e a análise de sua relação com a sensibilidade
paladar ao amargo e a preferência paladar ao doce, assim como com características
46
sociodemográficas e comportamentais de escolares pertencentes a extratos
socioeconômicos menos privilegiados é uma ferramenta importante, ou mesmo o
primeiro passo, para a otimização de futuras ações de controle destes problemas,
justifica-se o presente estudo.
47
3 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL:
Avaliar influências da sensibilidade paladar ao amargo, da preferência
paladar ao doce, de alguns comportamentos alimentares e de
características sócio-demográficas na ocorrência de cárie dentária e de
obesidade em crianças e adolescentes do município de Pato Branco - PR.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Avaliar a experiência e severidade de cárie em escolares de 6 a 15 anos
de idade, do Município de Pato Branco – PR.
Verificar a prevalência de obesidade em escolares de 6 a 15 anos de
idade, do Município de Pato Branco – PR.
Detectar o nível de sensibilidade paladar ao amargo entre escolares de 6
a 15 anos de idade, com/ sem cárie e obesos/ eutróficos, do Município de
Pato Branco – PR.
Determinar a preferência paladar ao doce entre escolares de 6 a 15 anos
de idade, com/ sem cárie e obesos/ eutróficos, do Município de Pato
Branco – PR.
Identificar alguns comportamentos alimentares e características sócio-
demográficas de escolares de 6 a 15 anos de idade, do Município de Pato
Branco – PR.
Analisar associações das variáveis independentes estudadas, tanto com a
experiência/ severidade de cárie, como com a presença de obesidade em
escolares de 6 a 15 anos de idade, do Município de Pato Branco - PR.
48
4 MATERIAL E MÉTODO 4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo observacional transversal conduzido para
investigação de possíveis relações entre características gustativas/ sensoriais,
sócio-demográficas, comportamentais e a ocorrência de cárie e obesidade em
crianças e adolescentes.
4.1.1 Localização geográfica do estudo
Este estudo foi conduzido em Pato Branco-PR, cidade que possui 68.735
habitantes (IBGE, 2004) inseridos nos distintos extratos sociais. A cidade, quando
em estudo, contava com água de abastecimento público fluoretada, e apresentava o
3º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado.
Segundo dados do último levantamento epidemiológico sobre as condições
de saúde bucal da população brasileira, o CPO-D do município na zona urbana era
de 2,14 e na rural, de 4,0. Aos 12 anos, 24,45% e 10,01% das crianças,
encontravam-se ‘livres de cárie’ nas zonas urbana e rural, respectivamente (BRASIL,
2004b).
4.1.2 População de estudo
O universo deste estudo foi constituído por escolares na faixa etária de 06 a
15 anos de idade, de ambos os gêneros, da rede de ensino público, do município de
Pato Branco-PR.
49
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2006) 9.226 escolares do ensino fundamental (6 a 15 anos) se encontravam
matriculados nas 15 escolas estaduais e 26 municipais de Pato Branco, em 2006.
Para o cálculo do tamanho da amostra, foram utilizadas as fórmulas
apresentadas no Quadro 1, tendo sido definido o número amostral mínimo de 384
escolares.
n0 = ___1__ (E0) 2
n = N x_no_ N + no
Sendo: n0 – número dimensionado da amostra E0 – margem de erro de 5% N – Tamanho da população n – tamanho da amostra
QUADRO 1 – Fórmula para cálculo da amostra total.
Para a seleção da população de estudo foi utilizada a técnica de
amostragem não aleatória intencional, onde se optou por trabalhar com escolares
pertencentes ao Coral Sementes Guerra – Instituto Prosdócimo Guerra, que
agregava na ocasião, cerca de 1300 crianças e adolescentes oriundos das diversas
escolas estaduais e municipais de ensino fundamental da cidade. A escolha desta
técnica de amostragem foi decorrente da facilidade de acesso que a pesquisadora
tinha aos ensaios do coral, pois já desenvolvia um projeto educativo junto ao
mesmo, além de presidir o referido instituto no período de desenvolvimento da
pesquisa. Adicionalmente, trabalhar nos ensaios do coral, foi uma maneira
encontrada de não comprometer o rendimento escolar dos participantes, não
utilizando o período regular das aulas. Procurou-se selecionar um número
proporcional de representantes das diferentes escolas.
4.1.3 Procedimentos preliminares
Após a obtenção da autorização oficial da diretoria do Instituto Prosdócimo
Guerra para que a pesquisa fosse conduzida, solicitou-se uma lista contendo os
dados de todos os integrantes do coral (Anexo B).
50
Foram incluídos no estudo os escolares que se encontravam na faixa etária
de 6 a 15 anos, por ocasião da coleta dos dados. Termos de consentimento livre e
esclarecido foram encaminhados aos responsáveis de 460 escolares (Anexo C).
4.2 COLETA DE DADOS – 1ª FASE
A primeira fase da coleta foi precedida por um estudo piloto realizado
durante o primeiro ensaio geral do coral no Teatro Municipal Naura Rigon. Este
estudo preliminar conduzido com 60 escolares, além de ter permitido a avaliação
das dificuldades de ordem logística, possibilitou o treinamento e a calibração dos
membros da equipe nos procedimentos utilizados na avaliação das condições bucais
e do estado nutricional; na aplicação dos testes paladares; e, na aplicação do
questionário.
Depois de detectados e sanados as dúvidas e problemas existentes,
procedeu-se à coleta de dados do estudo principal, também conduzida nos ensaios
gerais do coral.
As crianças eram conduzidas ao ensaio em ônibus procedentes dos diversos
bairros da cidade. Para que a amostra abrangesse todas as escolas foram
estipulados previamente os ônibus que deveriam chegar meia hora antes de cada
ensaio, facilitando a determinação das crianças que participaram do estudo,
salientando que um número semelhante de representantes de cada escola foi
convidado a participar. Cerca de oitenta crianças participavam em cada ensaio,
estas ficavam sentadas nos fundos do teatro, próximas ao saguão onde eram
realizados os exames, estabelecendo-se fila inicial de 15 crianças. Para facilitar o
trabalho organizou-se uma seqüência de atos, começando pela avaliação do estado
nutricional, avaliação das condições bucais e, por último, a aplicação do
questionário.
51
4.2.1 Avaliação das condições bucais
Para avaliação da experiência de cárie foram utilizados os índices ceo-d
(dentes decíduos cariados, com extração indicada e obturados) e CPO-D (dentes
permanentes cariados, perdidos e obturados), seguindo-se os critérios de
diagnóstico definidos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997).
Os exames clínicos foram conduzidos sob luz natural, em condições
ambientes, com o auxílio de espelho clínico, após a limpeza com gaze dos dentes
para remoção de detritos alimentares quando necessário. As avaliações bucais
foram realizadas por um único examinador, após processo de calibração intra-
examinador conduzido no estudo piloto (Concordância percentual= 0,91 e Estatística
Kappa= 0,88). Os registros foram lançados por um único anotador, Técnico em
Higiene Dental (THD), devidamente treinado, em ficha individualizada da criança
(Anexo E).
4.2.2 Avaliação do estado nutricional
A prevalência de obesidade na população estudada foi avaliada pela tomada
de medidas antropométricas de peso e estatura, sendo adotados como padrão de
referência, os valores de estatura em relação à idade e de peso em relação à
estatura, fixados pelo NCHS National Center for Health Statistics (WHO, 1983).
Para que fosse realizada a coleta de dados dentro dos parâmetros exigidos,
recorreu-se a orientações junto à coordenação de Nutrição da UNOPAR e,
posteriormente, solicitou-se auxílio à coordenação de Nutrição da Faculdade de Pato
Branco – FADEP no treinamento dos alunos voluntários. A tomada das medidas
antropométricas foi realizada por dois alunos da FADEP, que trabalharam em dupla,
visando à obtenção de medidas mais fidedignas.
Peso - Os escolares foram pesados em balança antropométrica digital da
marca Plenna, com capacidade para 150 quilos e sensibilidade de 100 gramas. Na
ocasião, apresentaram-se descalços, sem agasalhos e adereços de cabelo.
52
Altura - Para identificar a altura das crianças foi utilizada uma fita métrica de
fibra de vidro afixada à barra de ferro seguindo as recomendações de BABIAK
(1997), denominado estadiometro.
Diagnóstico Nutricional - O diagnóstico nutricional teve como método
inicial o sistema de classificação em percentis, o qual indica a posição de cada
indivíduo em relação à distribuição normal da população de referência (WHO, 1995).
Para o diagnóstico individual do estado nutricional dos escolares entre 6 e 8
anos de idade, foram utilizados os critérios de Waterlow, tendo sido classificados
como eutróficos, aqueles que obtiveram valores de peso/ estatura situados entre os
decis 10 e 90; com baixo peso, os que apresentaram dados inferiores ao decil 10;
com sobrepeso, os que alcançaram valores situados entre os decis 90 e 120; e, com
obesidade, valores superiores ao decil 120 (VASCONCELOS, 2000).
Para a classificação nutricional acima dos 9 anos de idade, foi utilizado o
Índice de Massa Corporal (IMC) para adolescentes, levando-se em consideração o
sexo e a idade. Este foi obtido, dividindo-se o peso em quilos pela altura em metros
ao quadrado (Kg/m2). Considerou-se que os escolares estavam com baixo peso,
quando o valor do IMC estava abaixo do percentil 5; em situação de eutrofia, quando
o valor encontrava-se entre os percentis 5 e 85; com sobrepeso, quando se situava
entre os percentis 85 e 95, e com obesidade, quando o IMC atingira valor igual ou
superior ao percentil 95.
A avaliação nutricional foi realizada por uma estudante de nutrição
devidamente orientada pela coordenadora do curso de Nutrição da UNOPAR. Todos
os registros diagnósticos foram feitos em fichas individualizadas dos escolares
(ANEXO E).
4.2.3 Identificação de características sócio-demográficas e de comportamentos
alimentares
Alunos do curso de formação de Técnicos em Higiene Dental (8 THDs) do
Instituto Filadélfia, previamente treinados, conduziram entrevistas junto às crianças e
adolescentes estudados. Estes utilizaram um questionário semi-estruturado, o qual,
além de incluir questões relativas a aspectos sócio-demográficos, possibilitou a
53
apreensão de informações relativas a seus comportamentos alimentares e de
cuidados com a saúde bucal. Além disso, algumas questões relativas a seus estilos
de vida foram formuladas (Anexo E).
Foram incluídas entre as variáveis sociodemográficas: gênero e idade do
escolar; idade, escolaridade, relação conjugal e trabalho regular da mãe; renda
familiar; tipo de moradia.
Entre as variáveis comportamentais foram abordados: hábito de “beliscar” e
tipo de alimento consumido entre refeições; consumo e freqüência de: açúcar,
refrigerantes, frutas e saladas; prática diária de escovação e uso diário de fio dental,
uso de flúor e modo de utilização; última visita ao dentista: tempo e motivo; prática e
duração de atividade física (esporte).
Adicionalmente, incluiu-se no formulário uma questão sobre a existência de
alguém com excesso de peso na família nuclear do escolar.
4.3 COLETA DE DADOS – 2ª FASE
Para a análise da influência dos fatores sensoriais na ocorrência da cárie e
da obesidade, foram conduzidos os testes de sensibilidade genética ao amargo e de
preferência paladar ao doce em uma sub-amostra da população estudada,
envolvendo escolares com cárie e sem cárie e com excesso de peso/ eutróficos.
Esta sub-amostra foi calculada a partir do N amostral (385), considerando-se
margem de erro (5%) e a prevalência de cárie e obesidade encontrada nesta
população (1ª Fase). O percentual considerando a prevalência de cárie foi de 40,6%
e 43,3% na dentição decídua e permanente respectivamente, e de obesidade foi de
24,4%. O N sugerido, tanto para cárie foi de 23 e para obesidade, foi de 26.
Considerando-se as perdas, trabalhou-se com N= 30, tanto para avaliação da
prevalência/ severidade de cárie quanto para a do estado nutricional (Quadro 2).
A realização desta fase necessitou de autorização da Secretaria Municipal
de Educação (Anexo D), visto maior facilidade de encontrar a amostra, a qual neste
momento foi aleatória.
54
n = (Z)2 x 1- P (E)2 P
Sendo: n – Número dimensionado E – margem de erro de 5% Z – nível de confiabilidade P – Percentual DCNT na população estudada.
QUADRO 2 – Fórmula para cálculo da amostra da 2ª.fase. 4.3.1 Determinação do limiar gustativo (PTC)
O limiar ao paladar amargo foi determinado utilizando o método descrito por
Sodré (1999). As soluções-teste foram diluídas por um fator de 1:2 de acordo com a
tabela 1.
Foram dissolvidos 2,6g de feniltiocarbamida (PTC) em dois litros de água
fervida e resfriada (solução mãe), sendo necessário esperar 3 dias para ocorrer a
completa dissolução. Desta solução mãe foi separado 1 litro e etiquetado com o
número 1. Ao litro restante da solução mãe, acrescentou-se 1 litro de água fervida e
resfriada, separando-se 1 litro e etiquetando-o com o número 2. Ao litro restante da
solução do PTC, foi acrescentado 1 litro de água fervida e resfriada, separado 1 litro
e etiquetado com o número 3. Este procedimento foi repetido entre as soluções 4 e
15. Foi colocado no frasco número 16 apenas água fervida e filtrada. Estas soluções
foram acondicionadas em frascos âmbar. Foram montadas e identificadas todas as
baterias com as soluções de 1 a 16 em pequenos frascos com conta-gotas. Foram
gotejadas 2 gotas da solução 15 sobre a parte posterior da língua da criança. E
anotado se o escolar sentia ou não o paladar amargo, seguindo o mesmo
procedimento para as demais soluções, em ordem decrescente, tendo o cuidado de
gotejar a solução do frasco número 16 após cada teste. Em caso de dúvida com
relação ao sabor amargo, o teste foi repetido.
Para avaliar o limiar gustativo ao amargo, foi calculada a média das
freqüências reconhecidas entre as 15 soluções. Os escolares que reconheceram a
menor diluição, em relação à média, foram considerados insensíveis, enquanto que
os escolares que reconheceram a maior diluição, em relação à média, foram
considerados sensíveis.
55
TABELA 1 – Soluções-teste de feniltiocarbamida – PTC em mM/l (1:2).
No. da Solução Feniltiocarbamida (mM/l)
1 8,50 2 4,25 3 2,125 4 1,062 5 0,53 6 0,265 7 0,132 8 0,066 9 0,033 10 0,016 11 0,0083 12 0,0041 13 0,0020 14 0,0010 15 0,0005
4.3.2 Preferência paladar ao doce
A avaliação da preferência paladar ao doce foi realizada através da
utilização de uma versão modificada do teste Sweet Preference Inventory (Land e
Sphepherd, 1984), onde cinco concentrações diferentes de solução de chá
açucarada: 0,075M; 0,15M; 0,3M; 0,6M e 0,9M foram apreciadas. As soluções foram
preparadas nos dias de avaliação e acondicionadas em cinco jarras, com códigos de
identificação. Quando da realização do teste, cinco copos descartáveis (50ml), com
códigos estrategicamente inseridos, foram distribuídos aleatoriamente sobre uma
bandeja. Foram fornecidas instruções padronizadas, apropriadas à faixa etária dos
escolares. Após todas as soluções terem sido experimentadas, foi solicitado ao
escolar que indicasse aquela de sua maior preferência. Durante o processo do teste,
um pouco de água foi fornecido entre os estímulos. Nos casos de dúvida da criança,
o teste foi repetido, decorrido certo tempo. Os testes foram executados por quatro
pesquisadores, treinados durante o procedimento piloto.
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
Simultaneamente à coleta, os dados foram processados para confecção de
um banco de dados. Foi utilizado o pacote estatístico Statistical Package for Social
56
Science - SPSS (KINNEAR,1997),versão 13.0, com digitação única, propiciando à
pesquisa uma maior fidedignidade e confiabilidade.
Primeiramente foi feita a análise descritiva dos mesmos, obtendo-se as
distribuições absoluta e percentual; a média, mediana, desvio padrão, mínimo e
máximo de cada variável pesquisada. Posteriormente foi conduzida a análise
bivariada para se identificar prováveis relações estatísticas entre as variáveis
independentes (sensoriais, comportamentais e sócio-demográficas) e as
dependentes (experiência/ severidade de cárie e obesidade). Foram utilizados os
testes: Qui-quadrado, Mann Whitney e Kruskall Wallis. O nível de significância foi
fixado em 5%.
Conforme determinação do Conselho Nacional de Saúde, este estudo foi
submetido ao parecer do Comitê Permanente de Ética e Pesquisa envolvendo Seres
Humanos da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR (Anexo A).
57
5 RESULTADOS
Dos escolares convidados a participar, a taxa de resposta obtida foi de 90,6%
(417/460). E, dos 417 escolares que iniciaram o estudo, 32 (7,6%) foram excluídos
pelos seguintes motivos: questionário incompleto (N=9) ou ausência de avaliação
antropométrica (N=23). Desta forma, a amostra final foi composta por 385 crianças.
Na caracterização sócio-demográfica dos mesmos (Tabela 2), pode-se observar que
houve predominância do gênero feminino (68,1%) e da faixa etária de 9 a 11 anos. A
idade média da amostra foi de 10 anos.
TABELA 2 – Características sócio-demográficas dos escolares de ensino fundamental de
Pato Branco – PR (N=385).
Comportamentos N % Gênero da criança
Masculino Feminino
123 262
31,9 68,1
Idade da criança 6 a 8 anos 9 a 11 anos 12 e + anos
100 179 106
26,0 46,5 27,5
Estado Conjugal Com companheiro
Sem companheiro
263 122
68,3 31,7
Idade da mãe 23-33 anos 34-44 anos 45 e + anos
162 169
53
42,2 44,0 13,8
Escolaridade Materna 0 a 4 anos de estudo 5 a 8 anos de estudo
9 e + anos de estudo
172 139 74
44,7 36,1 19,2
Renda Familiar (R$) 0 – 350,00 351,00- 700,00 701,00 e +
106 58 59
27,5 46,8 25,7
No que se refere às suas mães (Tabela 2), estas tinham em média 36 anos,
poucas estando com mais de 45 anos (13,8%). Apresentavam baixa escolaridade
(81%), com a média de 5 anos de estudo. A maioria (68,3%) convivia com
companheiro e trabalhavam regularmente fora de casa (51,7%). Entre as famílias
estudadas, a renda média mensal era de R$ 624,00 (seiscentos e vinte e quatro
reais), salientando-se que 69,9% possuíam casa própria.
58
TABELA 3 – Comportamentos alimentares entre os escolares de ensino fundamental de Pato
Branco- PR (N=385).
Comportamentos N % Habito de beliscar
Não Sim
41 344
10,6 89,4
Consumo de açúcar entre as refeições SIm Não
215 170
55,8 44,2
Consumo de refrigerantes nas refeições Diário Esporádico Raramente/nunca
155 183 47
40,3 47,5 12,2
Consumo de frutas nas refeições Diário Esporádico Raramente
141 95 149
36,6 24,7 38,7
Consumo de salada nas refeições Diário Esporádico Raramente
214 87 84
55,6 22,6 21,8
No questionamento sobre comportamentos alimentares (Tabela 3), a maioria
dos escolares (89,4%) assumiu possuir o hábito de beliscar entre as refeições
principais, tendo citado entre os itens mais consumidos: pão e bolachas salgadas
(37,0%), doces em geral (44,5%) e frutas e leite/derivados (18,0%). Vale destacar
que o consumo diário de açúcar entre as refeições foi mencionado por 55,8% deles.
Já, com relação ao consumo de refrigerantes durante as refeições, este foi relatado
por 40,3%. Apesar de mais da metade (55,6%) ter afirmado comer saladas, apenas
36,6% disseram que comem frutas diariamente.
Com relação aos cuidados com a saúde bucal (Tabela 4), 89,9% das
crianças e adolescentes entrevistados relataram escovar os dentes diariamente,
contudo, apenas 37,9% afirmaram utilizar o fio dental neste período. A utilização de
flúor foi reportada por 87,3% e, segundo 96,7% destes, por meio de bochecho na
escola. Ainda, segundo 44,4% a última visita ao dentista havia ocorrido a menos de
1 ano, salientando que 17,4% disseram que nunca haviam ido. Com relação ao
motivo da última visita, 42,2% alegaram dor/ cárie e apenas 17,2% mencionaram ter
sido rotina. A prática esportiva fazia parte do dia-a-dia de 73,5% dos escolares, em
média 68 minutos semanais.
59
TABELA 4- Comportamentos em saúde bucal e prática de esporte entre os escolares de
ensino fundamental de Pato Branco- PR (N=385).
Comportamentos N % Escovação diária dos dentes
Não Sim
39
346
10,1 89,9
Uso diário de fio dental Não Sim
239 146
62,1 37,9
Motivo da ultima visita Curativo Preventivo
251 66
65,2 17,1
Tempo da última consulta Nunca
- de 1 ano + de 1 ano
68
171 146
17,7 44,4 37,9
Uso de flúor Não Sim
49
336
12,7 87,3
Prática de esporte Não Sim
102 283
26,5 73,5
No que se refere às avaliações bucais e antropométricas (Tabela 5),
focando-se a prevalência de cárie e de obesidade, observou-se que 59,4% dos
escolares encontravam-se ‘livres de cárie’ na dentição decídua e 56,6%, na
permanente; 71,2% foram considerados eutróficos e 8,6% obesos. É importante
destacar que 24,2% estavam com excesso de peso.
TABELA 5 – Experiência de cárie e estado nutricional entre os escolares de ensino
fundamental de Pato Branco- PR (N=385).
Diagnóstico N %
Experiência de cárie na dentição decídua Livre de cárie
Com cárie
208 142
59,4 40,6
Experiência de cárie na dentição permanente Livre de cárie
Com cárie
213 169
56,6 43,4
Estado nutricional Baixo peso Eutrofia Sobrepeso
Obesidade
18 274 60 33
4,7 71,2 15,6 8,6
Conforme apresentado na Tabela 6, o índice ceo-d médio registrado foi de
1,79 (DP= 2,50) e o CPO-D médio, de 1,23 (DP= 1,96). É digno de nota que o
componente 'cariado' predominou tanto na dentição decídua (0,92± 1,59) quanto na
dentição permanente (0,72±1,37).
60
TABELA 6 – Severidade de cárie na dentição decídua (N=350) e na dentição permanente
(N=376) em escolares de Pato Branco – PR.
Dentição decídua Dentição permanente
c ei o ceo-d C P O CPO-D
Média 0,92 0,27 0,60 1,79 0,72 0,06 0,45 1,23 Desvio Padrão 1,59 0,92 1,41 2,50 1,37 0,25 1,05 1,96
Mínimo 0 0 0 0 0 0 0 0
Máximo 8 9 10 11 12 2 7 15
TABELA 7 – Relação entre a experiência de cárie nas dentições decídua (N=350) e
permanente (N=376) e os indicadores sócio-demográficos dos escolares de Pato Branco.
Experiência de cárie Dentição decídua Dentição permanente
‘sem cárie' 'Com cárie' ‘sem cárie' 'Com cárie' Indicadores N (%) N(%) N(%) N(%)
Gênero da criança Masculino Feminino
52(25,0) 156(75,0)
57 (40,1)**
85 (59,9)
79 (37,1) 134 (62,9)
44 (27,0)*
119 (73,0) Idade da criança
6-8 anos 9- 11anos 12 e +
30 (14,4) 88 (42,3) 90 (43,3)
48 (33,8)***
78 (54,9) 16 (11,3)
73 (34,3) 98 (46,0) 42 (19,7)
27 (16,6)***
78 (47,9) 58 (35,5)
Idade Materna 23 a 33 anos 34 a 44 anos 45 e +
79 (38,0) 102 (49,0) 27 (13,03)
67 (47,2) 54 (38,0) 21 (14,8)
98 (46,0) 89 (41,8) 26 (12,2)
64 (39,3) 74 (45,4) 25 (13,6)
Anos de estudo/mãe 0 a 4 anos 5 a 8 anos 9 e + anos
99 (47,6) 72 (34,6) 37 (17,8)
57 (40,1) 55 (38,7) 30 (21,1)
87 (40,8) 78 (36,6) 48 (22,5)
81 (49,7)*
58 (35,6) 24 (14,7)
Estado Conjugal Com companheiro Sem companheiro
132(63,5) 76(36,5)
101 (71,1) 41 (28,9)
147 (69,0) 66 (31,0)
110 (67,5) 53(43,5)
Renda Familiar 0 – 350 reais 301 – 700 reais 701,00 e + reais
61 (29,3) 96 (46,2) 51 (24,5)
36 (25,4) 64 (45,1) 42 (29,6)
61 (28,6) 100 (46,9) 52 (24,4)
42 (25,8) 76 (46,62) 45 (27,6)
Teste Qui- quadrado; *p<0,05 **p<0,01 ***p<0,001
Ao se analisar a relação entre a experiência de cárie e os fatores sócio-
demográficos (Tabela 7) observou-se que houve associação estatística desta com o
gênero e a idade do escolar, em ambas dentições. O gênero feminino registrou as
maiores prevalências da doença: 59,9% e 73,0%; e, a faixa etária de 9 a 11 anos:
54,9% e 47,9%, para as dentições decídua e permanente, respectivamente. Entre as
mães com menor escolaridade, detectou-se a maior parcela de escolares com cárie,
61
relação que foi significativa apenas para dentição permanente (p<0,05). Por outro
lado, apesar da ausência de significância estatística, menores percentuais de filhos
com experiência de cárie nas duas dentições foram observados entre as mães que
não possuíam companheiros.
TABELA 8 – Relação entre a experiência de cárie nas dentições decídua (N=350) e
permanente (N=376) e os indicadores comportamentais dos escolares de Pato Branco.
Experiência de cárie Dentição decídua Dentição permanente
'sem cárie' 'com cárie' ‘sem cárie' 'com cárie' Indicadores N (%) N (%) N (%) N (%)
Refrigerante nas refeições diariamente esporadicamente raramente/nunca
90 (43,3) 86 (41,3) 32 (15,4)
56 (39,4)*
75 (52,8) 11 (7,7)
74 (34,7) 107 (50,2)
32 (15)
78 (47,9)**
71 (43,6) 14 (8,6)
Motivo da visita ao dentista curativo preventivo
137 (79,2) 36 (20,8)
86 (76,8) 26 (23,2)
127 (75,6) 41 (24,4)
115 (82,1) 25 (17,9)
Hábito de beliscar não sim
22 (10,6) 186 (89,4)
16 (11,3) 126 (88,7)
30 (14,1) 183 (85,9)
10 (6,1)**
153 (93,9) Hábito escovação diária
não sim
17 (8,2)
191 (91,8)
16 (11,3) 126 (88,7)
27 (12,7) 186 (87,3)
12 (7,4)
151 (92,6) Última visita – tempo
Nunca foi < 1 ano > 1 ano
35 (16,8) 95 (45,7) 78 (37,5)
30 (21,1) 57 (40,1) 55 (38,7)
47 (22,1) 90 (42,3) 76 (35,7)
21 (12,9) 77 (47,2) 65 (39,9)
Teste Qui- quadrado; *p<0,05 **p<0,01
A experiência de cárie na dentição decídua foi maior entre os que disseram
consumir refrigerantes esporadicamente (52,8%) e, na permanente, entre aqueles
que o faziam diariamente (47,9%), tendo estas associações atingido significância
estatística (Tabela 8). Além disso, apenas na dentição permanente, o hábito de
beliscar entre refeições apresentou associação significante com a experiência de
cárie (p<0,01).
Observa-se na Tabela 9, que o gênero e a idade dos escolares
apresentaram associação significativa com a severidade de cárie em ambas as
dentições. O índice ceo-d foi maior entre os meninos (2,26±2,68) e na faixa etária de
6 a 8 anos (3,77±2,97), enquanto que o índice CPO-D foi maior no gênero feminino
(1,40±2,14) e entre os que tinham 12 ou mais anos (2,34±2,34). O ceo-d , também
apresentou associação com a situação conjugal materna, sendo maior entre filhos
de mães que convivem com companheiro (2,07±2,59). Já o CPO-D, também
62
associou-se à idade e à escolaridade materna, sendo mais severo no grupo de
escolares cujas mães tinham 45 anos ou mais (1,68±2,16) e possuíam entre 5 e 8
anos de estudo (1,94±2,56).
TABELA 9 – Relação entre severidade de cárie e indicadores sócio-demográficos dos
escolares de Pato Branco (N=385).
Severidade De Cárie Indicadores ceod (DP) Valor de p CPOD (DP) Valor de p
Gênero Masculino Feminino
2,26 (2,68) 1,57 (2,38)
0,001***
0.88(1,44) 1,40 (2,14)
0.012*
Idade da criança 6- 8 anos 9- 11 anos 12 e +
3,77 (2,97) 1,61 (2,16) 0,22 (0,58)
0,0001***
0,49 (1,01) 0,99 (1,43) 2,34 (2,79)
0,0001***
Idade materna 23 a 33 anos 34 a 44 anos
45 e +
1,98 (2,41) 1,63 (2,54) 1,70 (2,63)
0,10
0,91 (1,50) 1,40 (2,23) 1,68 (2,16)
0,027*
Instrução da mãe 0 a 4 anos 5 a 8 anos
9 e + anos
1,83 (2,63) 1,94 (2,56) 1,42 (2,02)
0,525
1,36 (1,83) 1,94 (2,56) 1,42 (2,02)
0,024*
Relação conjugal c/ companheiro s/ companheiro
2,07 (2,59) 1,19 (2,18)
0,001***
1,08 (1,85) 1,57 (2,15)
0,066
Renda Familiar 0 – 350,00
351,00 – 700,00 701,00 e +
1,51 (2,26) 1,94 (2,67) 1,81 (2,41)
0,486
1,48 (2,33) 1,10 (1,60) 1,20 (2,11)
0,791
Testes de Mann Whitney e Kruskal Wallis; *p<0,05 **p<0,01 ***p<0,001
Na dentição permanente, como demonstra a Tabela 10, a severidade de
cárie apresentou associação estatística com: consumo de refrigerantes nas
refeições, habito de beliscar, hábito de escovação diária e motivo/ tempo da última
visita dos escolares ao dentista. O Índice CPO-D foi maior entre aqueles que
mencionaram consumo diário de refrigerantes (1,43±2,04), que possuíam o hábito
de beliscar (1,27±1,92), que haviam visitado o dentista há mais de 1 ano (1,42±2,02)
e por motivo curativo (1,50±2,23). Surpreendentemente, foi maior entre os escolares
que relataram escovar os dentes diariamente (1,29±2,02), quando comparado ao
daqueles que afirmaram não escovar (0,72±1,28). Na dentição decídua, o consumo
raro de refrigerantes associou-se ao menor valor do índice de cárie (1,36±2,44).
63
TABELA 10 – Relação entre severidade de cárie e indicadores comportamentais dos
escolares de Pato Branco (N=385). Severidade de Cárie Indicadores
ceod (DP) Valor de p CPOD (DP) Valor de p Refrigerante nas refeições Diariamente Esporadicamente
Raramente/ nunca
1,60 (2,50) 2,06 (2,51) 1,36 (2,44)
0,013*
1,43 (2,04) 1,12 (1,87) 1,02 (2,05)
0,027*
Motivo da visita ao dentista Curativo Preventivo
1,87 (2,59) 1,71 (2,58)
0,689
1,50 (2,23) 0,82 (1,26)
0,028*
Hábito de beliscar não sim
1,98 (2,85) 1,77 (2,46)
0,920
0,88 (2,28) 1,27 (1,92)
0,019*
Hábito de escovação diária Não Sim
2,49 (2,92) 1,71 (2,44)
0,106
0,72 (1,28) 1,29 (2,02)
0,049*
Última visita - tempo Nunca foi < 1 ano > 1 ano
1,47 (1,98) 1,92 (2,62) 1,79 (2,58)
0,642
0,59 (1,05) 1,32 (2,15) 1,42 (2,02)
0,005**
Testes de Mann Whitney e Kruskal Wallis; *p<0,05 **p<0,01
Encontrou-se associação estatística (p<0,01) entre a severidade de cárie e o
estado nutricional da população estudada (Tabela 11), tendo sido registrado o índice
CPO-D mais baixo (0,58±1,69), no grupo de obesos. Ao contrário, na análise da
dentição decídua, os obesos exibiram o índice ceo-d mais alto (2,12±2,66). Entre os
escolares, com presença de cárie em ambas as dentições, taxas menores
receberam o diagnóstico de baixo peso e de obesidade.
TABELA 11 – Relação entre a experiência e a severidade de cárie e o estado nutricional dos escolares de Pato Branco (N=385).
Experiência de cárie Severidade Estado
nutricional s/ cárie N(%)
c/ cárieN(%)
Valor de p
Ceod/ CPO-D(DP)
Valor de p
Den
tição
de
cídu
a Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade
12(5,8) 154(74,0) 25(12,0) 17(8,2)
3(2,1) 95(66,9) 32(22,5) 12(8,5)
0,03*
1,67(2,70) 1,73(2,52) 1,93(2,27) 2,12(2,66)
0,29
Den
tição
pe
rmen
en
Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade
12(5,6) 138(64,8) 36(16,9) 27(12,7)
6(3,7) 128(78,5) 24(14,7) 5(3,1)
0,004**
1,44(2,28) 1,38(2,07) 0,87(1,26) 0,58(1,69)
0,005**
Testes Qui-quadrado e Kruskal Wallis; *p<0,05 **p<0,01
64
Com relação ao diagnóstico nutricional e os indicadores sócio-demográficos
(Tabela 12), houve maior número de crianças com obesidade: no gênero feminino
(72,7%); na faixa etária de 6 a 8 anos (51,4%), sendo esta associação significativa;
entre mães mais jovens (60,6%); entre aquelas que conviviam com companheiros
(84,8%); entre mães que possuíam entre 5 a 8 anos de estudo (51,5%); e, entre
famílias cuja renda familiar variava de R$351,00 a R$750,00. É importante comentar
que os comportamentos alimentares das crianças e adolescentes não apresentaram
associação estatisticamente significante com o estado nutricional dos mesmos.
Contudo, a presença de alguém, com excesso de peso na família, associou-se
significativamente (p< 0,01) às maiores taxas de escolares com excesso de peso
(60,2%).
TABELA 12 - Relação entre o estado nutricional e os indicadores sócio-demográficos de
escolares de Pato Branco- PR (N=385).
Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade Valor de p Indicadores N (%) N(%) N(%) N(%)
Gênero da criança Masculino Feminino
6 (33,3)
12 (66,7)
88 (32,1) 186 (67,9)
20 (33,3) 40 (66,7)
9(27,3) 24(72,7)
0,939
Idade da criança 6 a 8 anos 9 a 11 anos 12 e +
4 (22,2) 7 (38,9) 7 (38,9)
62 (22,6) 132 (48,2) 80 (29,2)
17 (28,3) 28 (46,7) 15 (25,0)
17(51,4) 12(36,4) 4(12,1)
0,021*
Idade Materna 23 a 33 anos 34 a 44 anos 45 e +
5 (27,8)
11 (61,1) 2 (11,1)
114 (41,6) 122 (44,5) 38 (13,9)
24 (40,0) 28 (46,7) 8 (13,3)
20(60,6) 8(24,2) 5(15,2)
0,237
Escolaridade Mãe 0 a 4 anos 5 a 8 anos 9 e + anos
11 (61,1) 6 (33,3) 1 (5,6)
121 (44,2) 99 (36,1) 54 (19,7)
29 (43,3) 17 (28,3) 14 (23,3)
11(33,3) 17(51,5) 5(15,2)
0,235
Estado Marital C/ companheiro S/ companheiro
11 (61,1) 7 (38,9)
182 (66,4) 92 (33,6)
42 (70,0) 18 (30,0)
28(84,8) 5(15,2)
0,162
Renda Familiar 0 – 350,00 351,00 - 750,00 751,00 e +
4 (22,2)
12 (66,7) 2 (11,1)
79 (28,8) 123 (44,9) 72 (26,3)
14 (23,3) 30 (50,0) 16 (26,7)
9(27,3) 15(45,5) 9(27,3)
0,650
Teste Qui-quadrado; *p<0,05
Os testes sensoriais foram conduzidos com 105 crianças/ adolescentes
(Tabela 13), entre os quais alto nível de preferência ao doce foi observado, 68,6%
optaram pelas soluções mais açucaradas (0,6 e 0,9M). Quanto à sensibilidade ao
65
paladar amargo, houve proporcionalidade entre os grupos de insensíveis e de
sensíveis (50%). Nesta sub amostra de escolares, a taxa de obesidade foi de 26,7%.
TABELA 13 – Sensibilidade ao amargo, preferência ao doce e estado nutricional na sub
amostra de escolares de Pato Branco –PR. (N=105).
Variável N %
Sensibilidade ao amargo Insensíveis Sensíveis
53 52
50,5 49,5
Preferência ao doce Baixa Intermediária Alta
14 19 72
13,3 18,1 68,6
Estado nutricional Eutrofia Sobrepeso Obesidade
64 13 28
61,0 12,4 26,7
Na análise da relação entre experiência/ severidade de cárie na dentição
decídua e os testes sensoriais (preferência ao doce e sensibilidade ao amargo), não
foi possível se detectar associação estatística (Tabela 14), todavia foi registrada
menor severidade (1,29±2,19) entre os que preferiram as soluções menos
adocicadas (0,075 e 0,15M) e entre os insensíveis ao amargo (1,51±2,55). Nesta
sub amostra, o índice ceo-d foi maior (2,36±2,81) entre os obesos.
TABELA 14 – Relação entre experiência / severidade de cárie na dentição decídua e a
preferência ao doce, a sensibilidade ao amargo e o estado nutricional na sub amostra de
escolares de Pato Branco – PR. (N=98).
Experiência de cárie1 Severidade2 Indicadores biológicos
Sem cárie
N(%) Com cárie
N(%) ceo-d (DP)
Estado nutricional Eutrofia Sobrepeso Obesidade
41(63,1) 9(13,8)
15 (23,1)
20 (6,06) 4(12,1) 9(27,3)
1,42 (2,32) 0,85 (1,95) 2,36 (2,81)
Preferência ao doce Baixa Intermediária Alta
8 (12,3)
12 (18,5) 45 (69,2)
5 (15,2) 7 (21,2) 21 (63,6)
1,29 (2,19) 1,63 (2,38) 1,65 (2,54)
Sensibilidade PTC Sensíveis Insensíveis
29 (44,6) 36 (55,4)
19 (57,6) 14 (42,4)
1,69 (2,36) 1,51 (2,55)
1Teste Qui-quadrado - n.s. 2Kruskal-Wallis/ Mann Whitney -n.s
66
Da mesma forma, na dentição permanente não foi verificada associação
estatística entre a experiência/ severidade de cárie e os testes sensoriais do paladar
(Tabela 15). O índice CPO-D foi similar entre sensíveis e insensíveis ao amargo,
porém foi maior entre os escolares que apresentaram alta preferência ao doce
(1,07±1,75).
TABELA 15 – Relação entre experiência/ severidade de cárie na dentição permanente e a
preferência ao doce, a sensibilidade ao amargo e o estado nutricional na sub amostra de
escolares de Pato Branco - PR (N=104).
Experiência de cárie Severidade Indicadores biológicos Sem cárie
N(%) Com cárie
N(%) CPO-D ± DP
Estado nutricional Eutrofia Sobrepeso Obesidade
35 (55,6)
6(9,5) 22 (34,9)
29 (70,7)* 7 (17,1) 5 (12,2)
1,05 (1,52) 0,92 (1,03) 0,68 (1,82)
Preferência ao doce Baixa Intermediária Alta
9 (14,3) 12 (19)
42 (66,7)
5 (12,2) 7 (17,1) 29 (17,8)
0,64 (1,00) 0,63 (0,95) 1,07 (1,75)
Sensibilidade PTC Sensíveis Insensíveis
28 (44,4) 35 (55,6)
24 (58,5) 17 (41,5)
0,92 (1,25) 0,94 (1,82)
Teste Qui-quadrado; *p<0,05
Apesar da ausência de associação estatística entre o estado nutricional e os
testes sensoriais realizados (Tabela 16), observou-se maior percentual de obesos
que apresentaram alta preferência ao doce (75%) e que foram considerados
sensíveis ao amargo (53,6%).
TABELA 16 - Relação entre a preferência paladar ao doce, a sensibilidade paladar ao
amargo e o estado nutricional na sub amostra de escolares de Pato Branco –PR (N=105).
Estado nutricional Teste sensorial Eutrofia Sobrepeso Obesidade Valor de p
N (%) N (%) N (%) Preferência ao Doce Baixa Intermediária Alta
6 (9,4)
12 (18,8) 46 (71,9)
4 (30,8) 4 (30,8) 5 (38,5)
4 (14,3) 3 (10,7) 21 (75)
0,102
Sensibilidade PTC sensíveis insensíveis
27 (42,2) 37 (57,8)
10 (76,9) 3 (23,1)
15 (53,6) 13 (46,4)
0,065
Teste Qui-quadrado.
67
6 DISCUSSÃO
Apesar do declínio da cárie, esta ainda é a Doença Crônica Não
Transmissível (DCNT) de maior incidência na infância, geralmente apresentando
maiores prevalências entre as populações de menores condições econômicas
(MARSHALL, 2005).
Comparações diretas da prevalência de cárie observada neste estudo com
dados epidemiológicos reportados em outras investigações tornam-se difíceis,
devido a diferenças, por exemplo, com relação ao local do estudo, época de
realização e faixa etária analisada. Contudo, tendo-se como parâmetros os
resultados do último levantamento brasileiro de abrangência nacional (BRASIL,
2004) e a classificação de severidade de cárie da Organização Mundial de Saúde
(PETERSEN, 2003), podem-se considerar como baixa a prevalência e a severidade
de cárie observadas entre as crianças e adolescentes estudados. Entre os mesmos,
o percentual de ‘livres de cárie’ foi igual a 59,4% e 56,6% nas dentições decídua e
permanente, respectivamente. E, o índice ceo-d médio registrado foi de 1,79 e o
CPO-D médio de 1,23, valores semelhantes aos encontrados por Rihs et al. (2005),
entre escolares de 7 a 12 anos de uma escola pública no interior paulista.
É importante ressaltar que os valores citados acima correspondem à
amostra global, ou seja à faixa etária de 6 a 15 anos e que a média de idade do
grupo estudado era 10 anos. Ao focar-se o sub-grupo com idade igual ou superior a
12 anos, o CPO-D elevou-se para 2,34, ficando muito próximo àquele registrado
para região sul (CPO-D=2,31) e ligeiramente acima do verificado na zona urbana de
Pato Branco (CPO-D=2,14), no levantamento nacional de 2003, para a idade índice
de 12 anos (BRASIL, 2004).
Por serem muitas as variáveis independentes estudadas, visando facilitar a
leitura, optou-se por discuti-las em blocos, seguindo a apresentação das mesmas
nos resultados.
Assim, considerando as variáveis sócio-demográficas, associaram-se à
maior experiência de cárie em ambas as dentições: o gênero e a idade do escolar;
apenas na dentição permanente: a escolaridade e idade materna; e, apenas na
dentição decídua: a relação conjugal da mãe.
68
Quanto à relação da severidade de cárie e o gênero, os estudos são
contraditórios. Há indicações de que o CPO-D é maior no gênero feminino (CHUNG
et al., 1964; ANTUNES et al., 2006; MOREIRA, ROSENBLATT, PASSOS, 2007),
mas, também, de que o é, no masculino (NILSSON, HOLM, 1983). Neste estudo,
entre as meninas foi registrada a maior experiência de cárie nas duas dentições.
Contudo, estas registraram maior severidade da doença que os meninos, apenas na
dentição permanente, sendo os índices CPO-D médios iguais a 1,40 e 0,88,
respectivamente. A constatação de que a severidade de cárie na dentição decídua
foi mais elevada entre os meninos pode ser explicada pelo fato de a esfoliação dos
dentes ocorrer mais precocemente no gênero feminino, havendo redução nos
valores do ceo-d, quando os estudos avaliam idades mais avançadas (GUSHI et al.,
2005a).
A redução do índice ceo-d com o avanço da idade do escolar já era
esperada, pois a esfoliação dos dentes decíduos, e, conseqüente queda deste
índice, configura-se como um processo fisiológico de normalidade. Da mesma
forma, a elevação do índice CPO-D associada ao aumento da idade dos escolares
não causou surpresa, corroborando os dados do levantamento nacional de 2002-
2003 (BRASIL, 2004).
Entre o grupo de mães acima de 45 anos de idade, situaram-se as crianças
e adolescentes com maior severidade de cárie na dentição permanente, que
apresentaram quase o dobro do valor do índice (CPO-D = 1,68) daqueles que
tinham mães mais jovens (CPO-D = 0,91). Esta associação entre o índice CPO-D e
a idade da mãe não foi encontrada por Zardetto (2004). Por outro lado, apesar da
ausência de significância estatística, o ceo-d foi maior em filhos de mães mais
jovens (1,98±2,41), contrário aos achados de Marshall et al. (2007b).
A relação entre condição sócio-econômica, representada pela renda, e cárie
dentária tem sido demonstrada em vários trabalhos, segundo os quais a prevalência
de cárie expressa pelo índice CPO-D, mostra-se significantemente mais severo nas
populações de baixo nível sócio-econômico (PERES, BASTOS, LATORRE, 2000;
ANTUNES et al.; SILVEIRA et al., 2002; BALDANI, VASCONCELOS, ANTUNES,
2004). Os resultados deste estudo não apontaram para esta associação, apesar de
o maior índice (CPO-D = 1,48) ter sido observado entre as famílias de menor renda.
O fato de os próprios escolares fornecerem os dados que compuseram a renda
familiar pode ter afetado esta relação. Segundo Boing, Kovaleski e Antunes (2006) a
69
resposta sobre a renda não é tão confiável quanto a informação sobre escolaridade,
suspeitando-se como possível que indivíduos com baixa renda declarem ganhos
mais elevados e vice-versa. Além disso, é difícil um único entrevistado prestar
informações precisas sobre a renda dos familiares e das pessoas próximas.
Contrariamente, a informação sobre o nível de instrução está sempre
presente na memória das pessoas, de seus parentes e próximos (BOING,
KOVALESKI, ANTUNES, 2006). Neste estudo a maior severidade de cárie dos
escolares (CPO-D = 1,34±2,04) foi registrada entre aqueles cujas mães haviam
concluído até 8 anos de estudos, contrapondo-se ao baixo valor do índice (CPO-D =
0,77±1,55), encontrado entre aquelas que possuíam acima de 9 anos de estudo. Da
mesma forma, a menor prevalência deste agravo (14,7%) também, foi registrada
entre filhos de mães com a maior escolaridade, achados que estão de acordo com
publicações prévias, que reportaram que quanto maior a educação formal da mãe,
menor a prevalência de cárie em seus filhos (MALTZ, BARBACHAN E SILVA, 2001;
PAULETO, PEREIRA, CYRINO, 2004; PERES et al., 2005; MARSHALL et al.;
2007a; OLIVEIRA, RODRIGUES, 2007). Zardetto (2005) constatou que
adolescentes cujas mães tinham o ensino fundamental incompleto apresentavam
3,05 vezes mais chances de terem CPO-D alto, quando comparados a aqueles cujas
mães tinham nível de escolaridade mais alto.
Contrariamente a publicações prévias (HOLT et al., 1996; MACIEL et al.,
2001), encontrou-se que o fato de as mães conviverem com companheiros estava
associado a maior severidade de cárie na dentição decídua da população de estudo.
Entre os comportamentos alimentares e de cuidados com saúde dos
escolares, associaram-se à maior experiência de cárie em ambas as dentições: o
consumo de refrigerantes; e, apenas na dentição permanente: o hábito de beliscar
entre as refeições principais, a prática de escovação diária dos dentes e o tempo e
motivo da última visita ao dentista.
Embora a redução do consumo do açúcar seja uma causa antiga (FREIRE,
CANNON, SHEIHAM, 1994; SHEIHAM, 2001; ADAIR et al., 2004), o alto consumo
do mesmo continua sendo extensivamente relatado na literatura (JAMEL et al.,
1997; ARACENTA et al.; GUEIROS, SILVA, 2003; ADAIR et al.; PINE et al., 2004;
ALMEIDA JUNIOR et al.; BARBOSA et al.; GALINDO et al.; PERES et al.;
PETERSEN et al., 2005; BISMARK-NASR, FRUTUOSO, GAMBARDELLA; CARMO
et al.; NOBRE et al., 2006; MARSHALL et al., 2007a). Em função da disponibilidade
70
de acesso e baixo valor aquisitivo, os carboidratos e doces de uma forma geral são
muito consumidos pela população de baixo nível socioeconômico (AQUINO,
PHILIPPI; SILVEIRA et al., 2002; ARACENTA et al., 2003; TRAEBERT et al., 2004;
ALBON, 2005; HAMASHA et al., 2006; CAMPOS et al., 2007), estando o consumo
dos mesmos, poucas vezes não associado à renda (MARSHALL et al., 2007b).
Evidências convincentes a partir de estudos - experimentais em animais, e
observacionais e de intervenção em humanos - mostram que o açúcar é o principal
fator alimentar associado à cárie dentária (MOYNIHAN, 2005) e que, portanto, o
controle da sua ingestão é importante para prevenção desta doença bucal.
Contrariamente a esta recomendação, o hábito de ingestão de bebidas e alimentos
açucarados entre as refeições estava presente na maioria (89,4%) dos escolares de
Pato Branco, estando associado à maior experiência/ severidade de cárie em seus
dentes permanentes. A associação do hábito de beliscar com maiores índices de
cárie também foi encontrada em outras pesquisas (TRAEBERT et al., 2004; PERES
et al.; MALTZ et al.; MARSHALL, 2005).
Sem dúvidas, a maior exposição ao açúcar e o aumento do consumo de
lanches tem contribuído para um maior risco a esta doença bucal, e há de se citar
entre os vilões da dieta, o alto consumo de refrigerantes (MARSHALL, 2005). A
redução da ingestão de refrigerantes tem sido recomendada por diversos autores
(FREIRE, CANNON, SHEIHAM, 1994; MARDIS, 2001; FISBERG, AMÂNCIO,
LOTTENBERG, 2002), Neste estudo o consumo diário de refrigerantes foi assumido
por 40,3% dos escolares, sendo que nenhuma relatou o consumo dos mesmos sem
açúcar, apontando como razão desta escolha, na maioria das vezes, o menor custo.
Em concordância com outros estudos (MARDIS, 2001; MARSHALL; PERES et al.,
2005; MARSHALL et al., 2007a), os escolares que reportaram maior consumo de
refrigerantes (diariamente) apresentaram maior índice de cárie (CPO-D = 1,43).
Com respeito à variável escovação dentária diária, os resultados foram
intrigantes e de certa forma inesperados. Em contraste com a ausência desta prática
(CPO-D = 0,72), a presença do hábito de escovação dos dentes diariamente
associou-se ao índice de cárie mais elevado (CPO-D = 1,29) na amostra de estudo,
embora esta tenha sido reduzida entre os que não possuíam o hábito de
higienização (N=39), e por isso frágil. Apesar de Antunes, Peres e Mello (2006),
terem relatado um maior percentual de 'livres de cárie' entre os que possuíam
melhor higiene bucal e de ZARDETTO (2005) ter constatado em seu estudo, que a
71
higiene bucal se apresentou como fator de proteção do alto índice CPO-D em
adolescentes, outros autores têm argumentado que este hábito não interfere na
doença (GALINDO et al., 2005; BRUNO-AMBROSIUS et al., 2005). Embora haja
constante incentivo à higiene bucal por parte da mídia e da classe odontológica,
10,1% dos questionados responderam que não escovavam os dentes diariamente,
e, apenas 37,9%, que faziam uso do fio dental. Percentuais insuficientes de higiene
bucal também foram relatados por Petersen et al. (2005).
Concordando com os resultados do SB BRASIL (BRASIL, 2004), que
apontaram que aproximadamente 10% dos brasileiros nunca haviam ido ao dentista,
17,4% das crianças e adolescentes estudados também relataram nunca ter ido.
Entre os que já haviam ido, o maior tempo transcorrido desde a última visita e a
razão desta ter sido curativa (dor e cárie), associaram-se à maior severidade de
cárie, CPOD igual a 1,42 e 1,50, respectivamente. Peres, Bastos e Latorre (2000),
também verificaram que, no grupo de escolares com baixa severidade de cárie, o
motivo de ida ao dentista mais freqüente era “para controle”; tendo sido, em
contrapartida, no grupo com alto índice CPO-D, “para tratamento”. É digno de nota
que o predomínio do componente ‘cariado’, tanto no índice ceo-d médio (51,4%),
como no CPO-D (58,5%), evidencia a necessidade de tratamento odontológico por
parte da população estudada.
Corroborando resultados de estudos similares (SHEIHAM, 2001; MOURA et
al., 2004; BISMARK-NASR, FRUTUOSO, GAMBARDELLA; NOBRE et al., 2006;
CAMPOS et al., 2007), neste estudo, foi encontrada uma proporção preocupante de
crianças e adolescentes com excesso de peso (24%), chamando a atenção o fato de
a maior taxa de obesidade (51,4%) ter sido encontrada entre os mais jovens (6 a 8
anos). Aliás, das variáveis sócio-demográficas estudadas, apenas a idade dos
escolares, apresentou associação significante com o estado nutricional dos mesmos.
Contudo, estando em acordo com estudos que reportaram menor percentual
de crianças com excesso de peso entre as mães mais instruídas (ARACENTA et al.,
2003; BRASIL, 2007), observou-se que o percentual de crianças com excesso de
peso decaiu com a maior escolaridade materna. A tendência de maior prevalência
de obesidade entre as meninas (BISMARK-NASR, FRUTUOSO, GAMBARDELLA;
HALLAL et al.; NOBRE et al., 2006; CAMPOS et al., 2007), também foi observada,
68,8% dos escolares com excesso de peso pertenciam ao gênero feminino.
72
O excesso de peso acontece pela combinação de vários fatores, entre os
quais hábitos alimentares inadequados, mudanças no estilo de vida (SOAR et al.,
2004) e sedentarismo (HALLAL et al., 2006). Neste estudo, apesar de nenhum dos
comportamentos alimentares avaliados ter sido significativamente associado ao
excesso de peso, 100% dos escolares obesos e 86,7% dos que apresentavam
sobrepeso relataram possuir o hábito de beliscar entre as refeições principais. Já, a
prática de esportes apresentou associação significativa com o estado nutricional dos
escolares. Porém, ao contrário do que se poderia esperar, a maioria dos que tinham
sobrepeso (76,7%) e dos obesos (69,7%) afirmaram praticar esporte regularmente.
Uma possível explicação para este fato pode ser a participação dos mesmos em
programas para redução de peso na época da coleta dos dados.
Para Anjos et al. (2003) um dos maiores riscos para a obesidade infantil é a
obesidade dos pais, considerando-se tanto a carga genética, quanto o estilo de vida,
ou seja, pais que apreciam pratos fartos, com preferências por doces, acabam
transmitindo suas preferências alimentares aos filhos. Este fato foi confirmado, pois,
a presença de alguém (geralmente os pais), com excesso de peso na família,
associou-se ao excesso de peso entre os escolares (p < 0,01).
Publicações recentes na literatura focando a relação entre a cárie dentária e
o excesso de peso (sobrepeso e obesidade) têm apresentado resultados
controversos. MOREIRA et al.(2005) reportaram ausência de associação entre a
cárie e a obesidade em adolescentes brasileiros de 12 a 15 anos. Contrariamente,
associação significante entre a severidade de cárie e a obesidade em crianças do
ensino elementar, e adolescentes foi relatada em outros estudos (LARSSON et al.,
1995; WILLERSHAUSEN et al., 2004; BAILLEUL-FORESTIER et al., 2007), os quais
identificaram índices de cárie mais altos entre os obesos.
Analisando os dados de um levantamento nacional realizado nos Estados
Unidos entre 1999-2002, MACEK e MITOLA (2006), não encontraram associação
significativa entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e a prevalência de cárie em
ambas as dentições de crianças e adolescentes de 2 a 17 anos. Contudo,
detectaram que o IMC associou-se inversamente à severidade de cárie na dentição
permanente, aqueles com excesso de peso registraram um índice CPO-D mais
baixo do que os que estavam com o peso normal.
No presente estudo, houve associação estatística entre o estado nutricional
da criança e a prevalência de cárie nas duas dentições. As menores taxas de
73
escolares com presença de cárie, situaram-se nos grupos de baixo peso e de
obesidade. Embora não estatisticamente significante, a maior severidade de cárie na
dentição decídua foi encontrada no grupo de obesos (ceo-d = 2,12).
Por outro lado, de forma não esperada, mas semelhante aos resultados do
estudo americano, encontrou-se associação estatística (p < 0,01) entre o estado
nutricional e a severidade de cárie na dentição permanente, tendo sido registrado
entre os escolares com diagnóstico de obesidade o menor índice CPOD (0,58).
Talvez este menor índice de cárie entre os obesos esteja relacionado a um maior
consumo de alimentos protetores de cárie, como por exemplo produtos ricos em
gordura. Mas, trata-se apenas de uma hipótese, nova investigação, envolvendo o
tipo e a quantidade de alimentos consumidos, deve ser realizada.
Na segunda fase da pesquisa, quando foram introduzidos os testes
paladares, alto nível de preferência ao doce (68,6%) foi observado entre os
escolares. Apesar da ausência de associação estatística, a prevalência de cárie na
dentição decídua foi maior no grupo daqueles que optaram pelas maiores
concentrações de sacarose (0,6 e 0,9), corroborando outros relatos existentes na
literatura (TOMITA et al.,1999; MACIEL et al., 2001; NOVAIS et al., 2004;
FURQUIM, 2005; LANZA, 2006). Da mesma forma, apesar da ausência de
associação significante, observou-se maior severidade de cárie na dentição
permanente (CPO-D = 1,07) no grupo de alta preferência ao doce.
A ausência de associação significante entre a preferência ao doce e a
experiência/ severidade de cárie, também já fora percebida por outros autores
(CATALANOTTO, GAULIN-KREMER, SHAW, 1979; NILSSON, HOLM ,1983;
TOMITA et al., 1999; MACIEL et al., 2001; NOVAIS et al., 2004; ALMEIDA JUNIOR
et al., 2005; LANZA, 2006). Estudos prévios mencionaram que a associação entre
preferência pelo doce e cárie pode ser escondida quando a preferência mais comum
é a alta (JAMEL, SHEIHAM, 1986; JAMEL et al., 1997).
Já com relação à sensibilidade paladar ao amargo, na subamostra de
escolares, foram encontradas proporções similares de insensíveis (50,5%) e
sensíveis (49,5%), diferente dos estudos que mencionaram a proporção de 1/3, de
insensíveis e sensíveis ao teste de sensibilidade ao paladar amargo (LOOY,
WEINGARTEN, 1992; RUPESH, NAYAK, 2006). Não foi encontrada associação
estatisticamente significante entre esta e a experiência/ severidade de cárie em
ambas dentições. Porém, registrou-se maior percentual de sensíveis, tanto na
74
dentição decídua (57,6%), como na permanente (58,5%) que apresentavam história
de cárie. O índice CPO-D foi semelhante entre sensíveis e insensíveis. Resultados
que são contrários aos de Rupesh, Nayak; Furquim; Verma, Sehtty, Hedge (2006),
que demonstraram haver associação entre a insensibilidade ao amargo e a maior
severidade de cárie.
O pequeno tamanho da sub-amostra talvez possa explicar esta
inconsistência nos resultados. Porém, trabalhou-se com a totalidade de obesos (N =
28) diagnosticados na primeira fase do estudo. Embora o número de obesos esteja
aumentando, estes ainda representam um pequeno percentual da população,
tornando difícil a coleta de informações de grupos maiores, especialmente com
idades mais delimitadas (BAILLEUR-FORESTIER et al., 2007). O ideal seria a
condução de estudos multicêntricos para este tipo de investigação.
Evidências sugerem que a obesidade está relacionada à preferência e
ingestão de uma dieta doce e gordurosa, sugerindo que o gostar de doces pode ser
mediado geneticamente (REED et al., 1997). Neste estudo, não houve associação
significativa entre a preferência ao doce e o estado nutricional. Contudo, a maioria
dos obesos (75%) preferiu as soluções mais adocicadas.
Quanto à sensibilidade ao amargo, resultados contraditórios aos da literatura
(KELLER, TEPPER, 2004; DREWNOWSKI; HENDERSON; COCKROFT, 2007)
foram observados, maiores proporções dos escolares com sobrepeso (76,9%) e com
obesidade (53,6%) foram classificados como sensíveis.
Embora a coleta de dados tenha sido realizada, por conveniência
operacional e financeira, entre as crianças e adolescentes do Instituto Prosdócimo
Guerra, os resultados obtidos no presente estudo podem ser considerados
representativos dos escolares do ensino fundamental da rede pública de ensino do
Município de Pato Branco – PR, pois, obrigatoriamente participam das atividades
deste instituto escolares matriculados em escolas públicas do município. Além disso,
preservou-se a proporcionalidade no número de escolares selecionados por cada
unidade de ensino.
Trabalhar com cárie e obesidade em crianças e adolescentes consiste em
retratar o declínio de um problema de saúde pública – a cárie - e a ascensão de
outro – a obesidade. Mesmo que esses apresentem fatores de risco comum,
observar quais são os pontos que favorecem ou desfavorecem a ocorrência de um e
outro é fundamental para se buscar na unidade das ações um maior
75
comprometimento com a saúde como um todo. Ambas, cárie e obesidade, são
doenças multifatoriais, impactadas por comportamentos alimentares. Novas
pesquisas devem ser conduzidas para se explorar a complexa relação triangular
existente entre açúcar, cárie e obesidade.
76
7 CONCLUSÕES
Após a análise dos dados coletados e dentro das limitações do presente
trabalho, pôde-se concluir que:
59,4% e 56,6% eram ‘livres de cárie’ na dentição decídua e permanente
respectivamente;
O índice ceo-d médio foi de 1,79 e o CPO-D de 1,23, sendo considerados
de baixa severidade;
Associaram-se à experiência/ severidade de cárie: gênero, idade do
escolar e consumo de refrigerante em ambas as dentições; escolaridade e
idade materna, hábito de beliscar, prática de escovação, motivo e tempo
da última visita ao dentista na dentição permanente; e, relação conjugal
apenas na decídua;
A prevalência de excesso de peso foi alta (24,4%);
Foram considerados indicadores de risco a obesidade: idade da criança e
presença de alguém com excesso de peso na família;
A preferência ao doce foi alta entre os obesos (75% preferiram as
soluções mais doces);
Entre as crianças e adolescentes obesos registrou-se a menor severidade
de cárie (p< 0,05) e o maior percentual de sensíveis ao paladar amargo
(p< 0,05);
Não foi detectada associação estatisticamente significante entre
preferência paladar ao doce, sensibilidade paladar ao amargo e a cárie
dentária;
77
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Formatado: Português
88
ANEXOS
Formatado: Português
89
ANEXO A Parecer Comitê de Ética
90
ANEXO B
Autorização para pesquisa.
91
ANEXO C Carta de Informação/ Autorização aos Responsáveis
PESQUISA: “Estudo sobre fatores genéticos, comportamentais e sociais de risco
comum à cárie dentária e à obesidade em crianças e adolescentes”.
CARTA DE INFORMAÇÃO AO RESPONSÁVEL Prezada(o) mãe/pai: A Unopar, através de seu Curso de Mestrado em Odontologia, pretende desenvolver
algumas pesquisas junto às crianças entre 07 e 15 anos de idade, participantes do Instituto Prosdócimo Guerra. Estas pesquisas serão úteis para que, em uma etapa posterior, ações de controle da cárie dentária e de problemas nutricionais nas crianças sejam planejadas e desenvolvidas.
Para tanto, serão adotados procedimentos que já foram amplamente utilizados em pesquisas/estudos anteriores e que se mostraram totalmente seguros. Resumidamente, serão realizados:
• O exame clínico da boca da criança: para verificar as condições de seus dentes; • A degustação de 5 soluções de chá para se avaliar o grau de preferência pelo doce. • A degustação de 17 soluções de feniltiocarbamida para se avaliar o grau de
sensibilidade ao amargo. • A tomada de medidas de peso e altura para se avaliar o diagnóstico nutricional da
criança. • E, finalmente, será conduzida uma entrevista com a criança: para se avaliar seus
comportamentos alimentares. Será garantido ao participante: que receba respostas a qualquer pergunta ou
esclarecimento a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa; a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo; a segurança de que não será identificado e que se manterá o caráter confidencial da informação relacionada com sua privacidade. ........................................................................................................................................
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o Sr(a).______________________________________________________________________________, portadora da cédula de identidade no. _______________, após leitura minuciosa da CARTA DE INFORMAÇÃO AO RESPONSÁVEL, devidamente explicada pelo profissional em seus mínimos detalhes, ciente dos procedimentos aos quais seu(a) filho(a)__________________________________, será submetido(a), não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, concordando em participar da pesquisa proposta.
Por estarem de acordo, assinam o presente termo. _______________________ _________________________ Assinatura do responsável Assinatura da Pesquisadora Pato Branco, ____ de _________ de ______
92
ANEXO D Carta de Autorização da Secretaria Municipal de Educação
93
ANEXO E
Ficha cadastral (3p)
NOME:_________________________________________DATA NASC___/___/___
END:__________________________________________BAIRRO: _____________
MÃE ______________________________ IDADE__________ FONE: ___________
ESCOLA EM QUE ESTUDA: ______________________________SÉRIE ________
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA 1. Gênero: ( ) 1 masculino ( ) 2 feminino
2. Idade em anos: _________________________
3. Anos de estudo da mãe: _______________anos
4. Relação conjugal: ( ) 1 com companheiro ( ) 2 sem companheiro
5. Trabalho regular da mãe fora de casa: ( ) 1 Sim ( ) 2 Não
6. Mordia: ( ) 0 não sabe ( ) 1 própria ( ) 2 alugada ( ) 3 cedida
7. Renda familiar: R$ __________________/ mês.
COMPORTAMENTOS EM SAÚDE 8. Possui o hábito de beliscar entre as refeições principais: ( ) 1 Sim ( ) 2 Não
9. O que você come com mais freqüência?_________________________________
___________________________________________________________________
10. Pensando nos alimentos que contem açúcar (doces) diga com que freqüência você os consome:
1. ________ por dia 2. ________ por semana 3. ________ por mês 4. raramente 5. nunca 6. não sabe
11. Com que freqüência você usualmente toma refrigerantes?
1. ________ por dia 2. ________ por semana 3. ________ por mês 4. raramente
94
5. nunca 6. não sabe
12. Com que freqüência você come frutas?
1. ________ por dia 2. ________ por semana 3. ________ por mês 4. raramente 5. nunca 6. não sabe
13. Com que freqüência você come saladas?
1. ________ por dia 2. ________ por semana 3. ________ por mês 4. raramente 5. nunca 6. não sabe
14. Você escova os dentes todos os dias? ( )1 Não ( )2 Sim Quantas vezes? ___
15. Usa fio dental? ( )1 Não ( )2 Sim Quantas vezes? _________
16. Já usou flúor? ( )1 Não ( )2 Sim De que modo? ________________________
17. Qual foi a última vez que foi ao dentista?
0. Nunca foi ao dentista. 1. Menos de 1 ano 2. De 1 e 2 anos 3. 3 ou mais anos 4. Não lembra / não sabe
18. Por quê? Motivo da consulta:
0. Outros 1. Rotina/ manutenção 2. Cárie / dor 3. Problema de gengiva 4. Orto (aparelhos)
19. Você pratica alguma atividade física fora da escola?
( )1 Não ( )2 Sim ____________ min/ semana.
20. Existe alguém ‘gordinho’ na família? Quem? _____________________________
TESTES GUSTATIVOS 20. Preferência paladar ao doce: ________________________
21. Sensibilidade paladar ao amargo: ____________________
95
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
22. Peso ______________________ Kg
23. Altura ____________________m
AVALIAÇÃO BUCAL