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Etapas da Filosofia Antiga A classificação da Filosofia Antiga em etapas tem um sentido meramente didático, pois é um assunto carregado da intencionalidade de quem faz a categorização. Por isso, é muito importante não confundir o mapa com o território: o fato de narrarmos um período em etapas não significa que elas de fato aconteceram de forma tão ordenada como aparacem nos nossos esquemas. Mas vamos a elas. O primeiro período é chamado de Naturalista, pois caracterizou-se pela busca da Physis e pela problemática do Cosmos, do mundo ordenado. Para os pensadores de então, o oposto de Cosmos(ordem) é o Caos (desordem). Tal período se situa entre os séculos VI e V a.C., onde se sucederam os jônicos, os pitagóricos, os eleatas, os pluralistas e os ecléticos. O segundo período, chamado Humanista, é aquele em que as questões se deslocam da Physis para o Sujeito Humano. Seu início é por volta do século IV a.C., no momento em que surgem os sofistas, que deslocam a discussão filosófica para as questões ligadas à linguagem e à prática política. É o momento em que Sócrates (470-399 a.C.) recebe o oráculo de Delfos, que diz “conhece-te a ti mesmo”. A partir desse momento, a Filosofia vai se ocupar muito mais das condições do conhecimento do que com o seu “objeto” de conhecimento, a Physis. O terceiro período é o das grandes sínteses realizadas por Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). Eles deram organicidade e sistematização aos grandes problemas tematizados pela Filosofia: a moral, a ética, a política, a natureza e as condições do conhecimento da verdade. O quarto período é chamado de Helenismo, nascido num processo de decadência da grande filosofia de Platão e Aristóteles. Na verdade, trata- se de uma crise da cidade-estado grega. É o período de expansão do império de Alexandre Magno, quando a Grécia se tornou a grande potência do mundo antigo. É nesse período que florescem as correntes do cinismo, do estoicismo, do ceticismo e do ecletismo. O quinto período, chamado do Pensamento Religioso, caracteriza-se pelo encontro do pensamento grego de cunho platônico com a religião cristã e com os judeus da diáspora. Há realmente um renascimento religioso e um

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Etapas da Filosofia Antiga

A classificação da Filosofia Antiga em etapas tem um sentido meramente didático, pois

é um assunto carregado da intencionalidade de quem faz a categorização. Por isso, é

muito importante não confundir o mapa com o território: o fato de narrarmos um

período em etapas não significa que elas de fato aconteceram de forma tão ordenada

como aparacem nos nossos esquemas. Mas vamos a elas.

O primeiro período é chamado de Naturalista, pois caracterizou-se pela busca

da Physis e pela problemática do Cosmos, do mundo ordenado.  Para os pensadores de

então, o oposto de Cosmos(ordem) é o Caos (desordem). Tal período se situa entre os

séculos VI e V a.C., onde se sucederam os jônicos, os pitagóricos, os eleatas, os

pluralistas e os ecléticos.

O segundo período, chamado Humanista, é aquele em que as questões se deslocam

da Physis para o Sujeito Humano. Seu início é por volta do século IV a.C., no momento

em que surgem os sofistas, que deslocam a discussão filosófica para as questões

ligadas à linguagem e à prática política. É o momento em que Sócrates (470-399 a.C.)

recebe o oráculo de Delfos, que diz “conhece-te a ti mesmo”. A partir desse momento, a

Filosofia vai se ocupar muito mais das condições do conhecimento do que com o seu

“objeto” de conhecimento, a Physis.

O terceiro período é o das grandes sínteses realizadas por Platão (428-347 a.C.) e

Aristóteles (384-322 a.C.). Eles deram organicidade e sistematização aos grandes

problemas tematizados pela Filosofia: a moral, a ética, a política, a natureza e as

condições do conhecimento da verdade.

O quarto período é chamado de Helenismo, nascido num processo de decadência da

grande filosofia de Platão e Aristóteles. Na verdade, trata-se de uma crise da cidade-

estado grega. É o período de expansão do império de Alexandre Magno, quando a

Grécia se tornou a grande potência do mundo antigo. É nesse período que florescem as

correntes do cinismo, do estoicismo, do ceticismo e do ecletismo.

O quinto período, chamado do Pensamento Religioso, caracteriza-se pelo encontro do

pensamento grego de cunho platônico com a religião cristã e com os judeus da

diáspora. Há realmente um renascimento religioso e um reflorescimento do platonismo

que vai influenciar vários grupos que surgem em vários pontos do império grego.

Finalmente, o sexto período é aquele em que já se notam tentativas de síntese entre a

filosofia grega (platonismo) e a religião cristã. Tal síntese significou a busca de formular

racionalmente os dogmas da fé cristã, fazendo nascer uma nova ciência chamada

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Teologia, que nada mais é que a tentativa de explicar a fé pela razão. O pensador judeu

Fílon de Alexandria foi o primeiro a tentar uma articulação entre o Antigo Testamento e

o pensamento grego. Marcou, assim, o fim da Filosofia Antiga e o início da Filosofia

Medieval, que será marcada pela busca religiosa.

Resumo da Filosofia Moderna

O conhecimento filosófico não poderá nunca ser avaliado como uma demonstração da verdade absoluta. A filosofia real sempre buscará superar o saber atual, indo portanto de encontro ao desconhecido. A filosofia acaba criticando todos e tudo e por este motivo, pode ser vista como perigosa pelos possuidores do poder.

O nascimento da filosofia

Por volta do século VI a.C., se deu o nascimento da filosofia, no que conhecemos como Grécia antiga, mais especificamente nas ilhas do mar do Egeu. Podemos entender como filosofia em seu pleno significado, amizade ou amor pela sabedoria. O filósofo então, seria o sábio. Nesse primeiro momento, se considerava a sabedoria o conhecer algo de maneira racional e, ao mesmo tempo, a partir desse conhecimento, a busca por uma vida melhor. Além disso, ela também pode ser definida como uma maneira particular de tentativa e de busca pela compreensão e de interpretação, racional, rigorosa ou sistema, de tudo o que existe.

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Leia Mais A dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais

A Filosofia de Rousseau A Filosofia Grega

A importância da mulher na sociedade A organização do sentido e do pensado

O ato de filosofar se iniciou com o espanto, com o maravilhar-se com algo. Essa sensação de estranhamento produzida no momento em que nos deparamos com algo novo, que não compreendemos ou que nos ameaça de alguma forma, nos leva a questionar a maneira corriqueira e habitual com a qual vinhamos vivendo e pensando até então. Estranhamento produzido e vivenciado ante o desconhecido, o inexplicável que se defronta e que se arremessa contra o conjunto petrificado de certezas que foram acumulados no cotidiano no trato com os seres e objetos existentes, ou seja, o senso comum. Nesse momento, o senso comum será problematizado, questionado, quanto ao seu papel de ordenamento da vida do dia a dia, legitimação de posições de poder e de sustentação de nossas certezas e crenças mais evidentes.

Podemos definir o senso comum como o conjunto de representações e de verdades estabelecidas que os homens, em um determinador lugar e momento, vão construindo com o objetivo de explica o mundo em que vivem. Tais verdades, que foram emprestadas de gerações passadas, que não se submetem à crítica racional, alimentam hábitos, crenças, comportamentos e tradições, não apenas do conhecimento, mas também da melhoria das condições de vida da própria comunidade.

A filosofia não nega anteriormente a qualquer reflexão, todos os elementos que constituem o senso comum. No entanto, não deixará de realizar uma severa e profunda crítica desses mesmos elementos construtivos. A filosofia nasceu exatamente do confronto entre o que era considerado até então como verdadeiro e o que nascerá enquanto produto de reflexão crítica.

O impulso filosófico não descansa nunca, não se acomoda, e está satisfeito em contemplar a própria carcaça, sempre igual a si mesma. Nunca está satisfeito com as conquistas do passo e, nem bem adquire algo novo em termos de conhecimento, já passa a questioná-lo, querendo ir sempre mais e mais adiante de si mesmo. Devorador implacável de novos sentidos e significados, o espírito filosófico não interromperá jamais o seu movimento e fluxo. Caçador de si mesmo, não se detém ante dificuldades ameaçadoras ou obstáculos considerados intransponíveis.

A maneira natural imediata, de pensar e de agir dos seres humanos não é sistematicamente reflexiva. Enquanto nenhum problema se apresenta, continua a pensar em si mesmo e no mundo. Os obstáculos são vistos como as dificuldades e os problemas novos que colocam outras questões ao pensamento e também à ação prática dos homens.

No plano mais imediato e cotidiano, ideias, atitudes, valores e crenças, tomados de empréstimos de nossos antepassados, nos servem muito bem, mesmo que não testados ou questionados quanto à sua validade, alcance a natureza. Mas no momento em que nos deparamos com um problema novo ou com uma antiga dificuldade que se apresente em outra forma, todo esse conjunto de representações que tomamos sem refletir de diversas e desconhecidas fontes já não nos atende mais. Daí então o espanto, a perplexidade, a necessidade de se

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superar o estágio atual do seu entendimento para de maneira menos ou mais rigorosa, perspicaz e satisfatória, explicar o novo com o qual está em confronto.

Filosofia moderna

Chamamos de filosofia moderna toda a filosofia que foi desenvolvida durante os séculos XV até o século XIX, começando na época do Renascimento. Esta chamada filosofia moderna se divide em quatro partes, a saber: Filosofia de Renascimento, Filosofia do século XVII, Filosofia do século XVIII e Filosofia do século XIX.

Na Filosofia do Renascimento encontramos a renovação da civilização clássica, bem como o seuaprendizado, caracterizando-se como o período das Reformas religiosas até o início da Idade Moderna.

A Filosofia do século XVII é conhecida como idade da razão e considerada como uma visão prévia do princípio da filosofia moderna. Na Filosofia do século XVIII aconteceu em alguns países americanos e na Europa e se referia ao movimento intelectual do Iluminismo, defendendo com a base primária da autoridade, a razão. Na Filosofia do século XIX, surgiu um novo efeito, uma nova revolução, que veio para exercer um novo efeito dramático.

SÓCRATES E PLATÃO:UM CONFRONTO ENTRE DOIS

MODOS DE ENTENDER A FILOSOFIASócrates viveu em Atenas no século V a.C. É considerado o pai do racionalismo ocidental. Nada escreveu em vida. Tudo que sabemos dele foi graças a seu discípulo Platão. Ao contrário dos primeiros filósofos gregos, que se preocupavam com os problemas da natureza, Sócrates rendeu homenagem aos problemas morais. Apesar disso, suas idéias foram assimiladas pelas ciências do mundo ocidental. Foi com ele que a civilização ocidental aprendeu que a ciência (epistême) só tem sentido se é fundamentada em verdades universais. A verdade deve ter validade em qualquer lugar, em qualquer tempo e para qualquer indivíduo. Graças a ele que a civilização ocidental começou a valorizar a razão, a verdade e o conceito.        Sócrates era filho de uma parteira e ensinava filosofia em praça pública. Ele usava uma túnica, costumava caminhar descalço e não tinha o hábito de tomar banho. Ficava as vezes horas parado, imóvel, filosofando sobre algum problema. Dizia que filosofava a serviço de Deus e do cuidado da alma. A filosofia era para ele uma forma de espiritualismo. Ao questionar valores, modos de ser e pensar Sócrates encontrou muitos inimigos. Por isso foi condenado à morte. Foi acusado de corromper os jovens de Atenas e de questionar os deuses da cidade. A história de sua condenação foi contada por seu discípulo Platão no famoso livro “A apologia de Sócrates”. Este livro descreve a defesa de Sócrates diante do tribunal de Atenas.       Por meio de perguntas Sócrates interpelava os trausentes em praça pública e ali discutia os mais diversos assuntos: O que é o bem? O que é a justiça? O que é a virtude? Toda sua filosofia estava a serviço do conhecimento do homem e de sua vida moral. Seu espiritualismo afirmava-se no “conheça-te a ti mesmo”. Essa mensagem estava escrita no templo de Apolo. O conhecimento de si mesmo implicava o conhecimento de nossas ações, de nossos desejos e de nossa vida

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moral. Para ele, a sabedoria consistia em vencer a si mesmo e a ignorância em ser vencido por si mesmo. Sua indagação principal era sobre “a justa vida” e o “viver bem”. Uma vez lhe perguntaram qual lhe parecia a melhor tarefa para o homem. Ele sem rodeios respondeu: viver bem. Mas viver bem para Sócrates não era viver dos prazeres e da ociosidade, mas viver da contemplação do conhecimento e do cuidado de si. Por toda parte Sócrates ia persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo, a beleza e a riqueza. Dizia que devemos nos preocupar mais com a alma para que ela seja quanto possível melhor. Ele identificava a virtude com o conhecimento. Afirma que ninguém faz o mal porque quer, mas por ignorância. Ninguém erra voluntariamente. Somente o ignorante não é virtuoso. Todo homem que conhece o bem é virtuoso. Ser virtuoso para Sócrates é conhecer as causas e o fim das ações permitindo uma vida moral e virtuosa em direção a idéia de bem. Por isso, ele defendia a idéia de que a melhor forma de se viver era cultivando o próprio desenvolvimento ao invés de buscar os prazeres e os bens materiais. É necessário se conhecer melhor para ser feliz. “Conheça-te a ti mesmo”, essa frase emblemática é o fundamento de toda felicidade aqui na terra. Sócrates aconselhava seus discípulos a se autoconhecerem, pois somente assim as pessoas sairiam da caverna, das trevas de seus espíritos para alcançarem a luz, a verdade e a felicidade. Quando nos conhecemos dificilmente agimos por impulso, dificilmente somos dominados por nossas paixões, mais resolvidos e determinados somos em nossos objetivos. Conhecer a si mesmo significava que devemos nos ocupar menos com as coisas desse mundo, como riquezas, fama e poder, e nos preocuparmos mais com o cultivo de si, cultivando o conhecimento para contemplar o bem, o belo e a verdade. Somente assim seremos felizes.

Notas de esclarecimento:

*O uso dos diálogos na obras de Platão tem a função de resgatar as discussões que eram criadas nas praças, casas e demais lugares da cidade. Os embates criados pelos gregos através dos diálogos eram prezados tanto por Sócrates quanto para Platão, pois através destes diálogos acreditava-se que se alcançaria um conhecimento comum que pudesse ser partilhado por todos.

** “Só sei que nada sei”. Sócrates propõe com essa frase não trazer o conhecimento e nem mesmo criá-lo. Mas sim encontrar caminhos no que já existe, esclarecendo problemas e trazendo outros, para assim chegar a um denominador comum.

***Sofística: Na medida em que se dão conta da ‘mágica’ do discurso, cria-se uma especialização dessa arte dando maior capacidade de persuasão aos que possuem o ‘dom’ da palavra. Isto gera conseqüências para a justiça, pois os que podem melhor argumentar podem manipular as pessoas de acordo com seus interesses.