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REVISÃO UEL Aristóteles, Ética a Nicômaco, trad. Vicenzo Cocco, São Paulo: Abril Cultural, “Os pensadores”, 1979. Livro I – Esquema geral da primeira parte do texto – Livro I, capítulos 1-6 Introdução: Capítulos 1 e 2. Cap. 1: Definição de bem (finalidade): geral e particular. Distinção de três classes de ciência. Distinção entre fins próprios e fins subordinados. Cap. 2: Definição de sumo bem ou sim último ou supremo. Definição da ciência pelo sumo bem: a política. Definição da política como ciência do sumo bem. Este é o objeto da investigação do livro Ética a Nicômaco. Desenvolvimento: Capítulos 3 a 5. Cap. 3: Explicitação de que, dado o objeto da ciência prática, ou seja, a ação bela e justa, a investigação não é nem técnica nem teórica. Distinção entre o que é por natureza e o que por convenção; explicação da convencionalidade do bem. Deliberação como condição e natureza do juízo prático. Estabelecimento das condições da deliberação: experiência e instrução. Distinção entre paixão e racionalidade como causa das ações. Cap. 4. Desenvolvimento da explicação sobre a convencionalidade do bem. Definição da felicidade como sumo bem. Estabelecimento de três candidatos a bem supremo ou felicidade: prazer, honra e riqueza. Cap. 5. Argumentação que estabelece que tais candidatos são falsos, por dois fatores: são fins intermediários, são paixões. Classificação de três tipos e teórica. Bestial é vida das paixões, teórica a contemplativa, prática a deliberativa. Conclusão: capítulo 6. Polêmica com Platão. O objetivo é argumentar que, dado o que foi estabelecido sobre o bem, a teoria das formas ou da Ideia de bem platônica é falsa. Esquema geral da segunda parte do texto – Livro I, capítulos 7-9 Introdução: Capítulo 7. Retomada dos capítulos anteriores. A ciência prática é uma investigação, isto é, deliberativa, o que quer dizer: uma busca de princípios e de concordância opinativa. Possui uma parte teórica (princípio) e uma parte técnica (utilidade). Execução dessas duas partes da ciência prática, isto é: comparação dos princípios elegidos com as opiniões célebres. Variedade de fins; identidade entre fim e bem; distinção entre fins subordinados e fim em si mesmo; excelência ou perfectibilidade como essência do fim em mesmo; identificação entre fim em si mesmo ou bem supremo e a felicidade. Felicidade como fim em si mesmo: excelência e autossuficiência. Excelência ou perfeição como realização de função. Variedade de funções e função peculiar ao homem. A função, ou seja, a finalidade, própria ao homem é sua felicidade. Curso Saber Rua Montese, n° 76 Telefone: (43) 3326-1212 1 Curso Saber DATA: 24.09. 2013 PROFESSOR: GLAUBER KLEIN MATÉRIA:

Ética a Nicômaco e Meditações, Esquemas e Exercícios

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Page 1: Ética a Nicômaco e Meditações, Esquemas e Exercícios

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Aristóteles, Ética a Nicômaco, trad. Vicenzo Cocco, São Paulo: Abril Cultural, “Os pensadores”, 1979.

Livro I – Esquema geral da primeira parte do texto – Livro I, capítulos 1-6

Introdução: Capítulos 1 e 2.Cap. 1: Definição de bem (finalidade): geral e particular. Distinção de três classes de ciência. Distinção entre fins

próprios e fins subordinados.Cap. 2: Definição de sumo bem ou sim último ou supremo.

Definição da ciência pelo sumo bem: a política. Definição da política como ciência do sumo bem. Este é o objeto da

investigação do livro Ética a Nicômaco.Desenvolvimento: Capítulos 3 a 5.

Cap. 3: Explicitação de que, dado o objeto da ciência prática, ou seja, a ação bela e justa, a investigação não é nem

técnica nem teórica. Distinção entre o que é por natureza e o que por convenção; explicação da convencionalidade do

bem. Deliberação como condição e natureza do juízo prático. Estabelecimento das condições da deliberação: experiência

e instrução. Distinção entre paixão e racionalidade como causa das ações.

Cap. 4. Desenvolvimento da explicação sobre a convencionalidade do bem. Definição da felicidade como sumo bem. Estabelecimento de três candidatos a bem

supremo ou felicidade: prazer, honra e riqueza. Cap. 5. Argumentação que estabelece que tais candidatos

são falsos, por dois fatores: são fins intermediários, são paixões. Classificação de três tipos principais de vida:

bestial, prática e teórica. Bestial é vida das paixões, teórica a contemplativa, prática a deliberativa.

Conclusão: capítulo 6. Polêmica com Platão. O objetivo é argumentar que, dado o que foi estabelecido sobre o bem, a teoria das formas ou da

Ideia de bem platônica é falsa.

Esquema geral da segunda parte do texto – Livro I, capítulos 7-9

Introdução: Capítulo 7.Retomada dos capítulos anteriores. A ciência prática é uma

investigação, isto é, deliberativa, o que quer dizer: uma busca de princípios e de concordância opinativa. Possui uma

parte teórica (princípio) e uma parte técnica (utilidade).Execução dessas duas partes da ciência prática, isto é:

comparação dos princípios elegidos com as opiniões célebres. Variedade de fins; identidade entre fim e bem;

distinção entre fins subordinados e fim em si mesmo; excelência ou perfectibilidade como essência do fim em

mesmo; identificação entre fim em si mesmo ou bem supremo e a felicidade.

Felicidade como fim em si mesmo: excelência e autossuficiência. Excelência ou perfeição como realização de função. Variedade de funções e função peculiar ao homem.

A função, ou seja, a finalidade, própria ao homem é sua felicidade. Função: finalidade: felicidade: atividade; a

perfeição humana é a ação virtuosa.Desenvolvimento: Capítulo 8.

Revista dos princípios (retomados e apresentados no capítulo 7) a partir das opiniões célebres. Opiniões célebres:

a felicidade é (1) a virtude, (2) a sabedoria prática, (3) a sabedoria filosófica, (4) as características anteriores

acompanhadas de prazer, (5) a prosperidade exterior. Resultado da opinião de Aristóteles: (a) a felicidade não é a virtude, mas a ação virtuosa, (b) a felicidade não é o prazer,

mas é um prazer excelente, último e autossuficiente: as ações belas e boas, (c) a felicidade depende da

prosperidade exterior, esta está associada à boa fortuna.Conclusão: capítulo 9.

As possibilidades de aquisição da felicidade: boa fortuna, educação, hábito e acaso. A noção de boa fortuna como condição da ação virtuosa: dádiva (deliberação) divina; excelência divina da ação virtuosa. Educação, hábito e

acaso: Educação como condição da racionalidade da ação virtuosa. Hábito como assimilação da ordenação natural,

regulada. Acaso como irracionalidade, portanto, como eminentemente não virtuosa e contrária à felicidade.

“Ademais, já que o termo ‘bem’ tem tantas acepções quanto ‘ser’ (...), obviamente ele não pode ser algo universal, presente em todos os casos e único, pois então ele não poderia ter sido predicado de todas as categorias, mas somente de uma. Além disto, já que há uma ciência única das coisas correspondentes a cada Forma, teria de haver uma única ciência de todos os bens; mas o fato é que há muitas ciências, mesmo das coisas compreendidas em uma categoria única — por exemplo, a da oportunidade, pois a oportunidade na guerra é estudada pela estratégia, e na doença pela medicina, e a moderação quanto aos alimentos é estudada na medicina e nos exercícios atléticos pela ciência da educação física. Poder-se-ia perguntar o que se quer dizer precisamente com ‘um homem em si’, se (e este é o caso) a noção de homem é a mesma e uma só em ‘um homem em si’ e em um determinado homem. Na verdade, enquanto eles são homens não diferem em coisa alguma, e sendo assim, o ‘bem em si’ e determinados bens não diferirão enquanto eles foram bons. Tampouco o ‘bem em si’ será melhor por ser eterno, porquanto aquilo que dura mais não é mais branco do que o efêmero.” (Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 6, 1096a-1096b)

01 - Por que, segundo Aristóteles, é um equívoco pensar o bem como algo universal e eterno?

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DATA: 24.09. 2013 PROFESSOR: GLAUBER KLEIN MATÉRIA: FILOSOFIA

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02 - Algumas linhas antes da passagem acima, Aristóteles emprega a palavra “relativo” para se referir ao que existe por derivação e acidente. Nesse sentido, defender a existência de “um homem em si” e de “um bem em si” é o mesmo que admitir que tanto homens quanto bens existiriam apenas como algo relativo? Por quê?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

03 - Apesar de criticar acima a noção de “um bem em si”, universal e eterno, Aristóteles defenderá a seguir a necessidade de um bem supremo e autossuficiente. De que modo a noção de utilidade, contida na tese de que não se pode “praticar belas ações sem os instrumentos próprios”, contribui para desfazer essa aparente contradição na filosofia aristotélica?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

"Se há, então, para as ações que praticamos, alguma finalidade que desejamos por si mesma, sendo tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos tudo por causa de algo mais (se fosse assim, o processo prosseguiria até o infinito, de tal forma que nosso desejo seria vazio e vão), evidentemente tal finalidade deve ser o bem e o melhor dos bens. Não terá então uma grande influência sobre a vida o conhecimento deste bem? Não deveremos, como arqueiros que visam a um alvo, ter maiores probabilidades de atingir assim o que nos é mais conveniente? Sendo assim, cumpre-nos tentar determinar, mesmo sumariamente, o que é este bem, e de que ciências ou atividades ele é o objeto. Aparentemente ele é o objeto da ciência mais imperativa e predominante sobre tudo. Parece que ela é a ciência política". (Aristóteles, Ética a Nicômaco,1094a18-28). 01- Com base em que razões Aristóteles afirma que aparentemente o melhor dos bens é o objeto da ciência mais imperativa e predominante sobre tudo? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________02 - Que razões Aristóteles alega para justificar a afirmação de que a ciência mais imperativa e predominante sobre tudo parece ser a ciência política?________________________________________________________________________________________________________________

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O conceito de phrónesis – do verbo phroneo significa ‘compreender’. Em tradução para o latim, o termo mais preciso seria providentia, significando antecipar ou prever. Para antecipar algo, é necessário memória e compreensão. Estas duas características estão reunidas na palavra prudentia, forma concisa de providentia. Seu significado também pode ser entendido por oposição a hybris, ou seja, desmesura, exagero.

O processo de procura do meio-termo é uma espécie de investigação (EN 1112b 20-28) ou análise (EN 1112a 16-17). Esta investigação é acerca do que e como deve (ou não deve) ser feito ⎯ ou acerca do que é melhor, do que é virtuoso fazer ⎯ em uma determinada circunstância, diferentemente da investigação teórica, a qual diz respeito não ao que deve ser feito, mas ao que é verdade, e é própria das ciências teóricas. Quando investigamos acerca do que deve ser feito em uma determinada circunstância, estamos a realizar uma deliberação (Cf. EN, VI, cap. 9), e o resultado da deliberação é a escolha de uma ação (EN 1113a 3-9). A forma “investigativa” da deliberação, a qual compõe-se basicamente da análise dos detalhes circunstanciais relevantes para o caso em questão e de uma escolha resultante desta análise, ambos orientados pelo intuito de realizar ações virtuosas, mostra que a deliberação é uma espécie de raciocínio, isto é, uma articulação de sentidos que obedece um princípio racional. Portanto, a escolha de uma ação é algo que envolve um princípio racional (EN 1112a 16-18). Trata-se de um princípio racional prático, e, portanto, deliberar é raciocinar de um modo prático. Agora, se ser virtuoso em si mesmo é realizar ações virtuosas em si mesmas, se realizar ações virtuosas em si mesmas é, entre outras coisas, realizar ações voluntárias que são o resultado de uma deliberação que visa o meio-termo, e se deliberar é realizar uma espécie de raciocínio, segue-se que saber raciocinar de modo deliberativo ou prático é uma condição necessária para que alguém seja em si mesmo virtuoso; portanto, é uma condição necessária par que alguém seja feliz. Sendo assim, além de necessitar ter virtudes morais, o homem feliz necessita ter virtudes intelectuais.

EXERCÍCIOS“A vida parece ser comum até às próprias plantas, mas agora estamos procurando o que é peculiar ao homem. Excluamos, portanto, a vida de nutrição e crescimento. A seguir há uma vida de percepção, mas essa também parece ser comum ao cavalo, ao boi e a todos os animais. Resta, pois, a vida ativa do elemento que tem um princípio racional; desta, uma parte tem tal princípio no sentido de ser-lhe obediente, e a outra no sentido de possuí-lo e de exercer o pensamento. E, como a vida do “elemento racional” também tem dois significados, devemos esclarecer aqui que nos referimos à vida no sentido de atividade; pois esta parece ser a acepção mais própria do termo.” (Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 7, 1098a)1. Por que, para Aristóteles, é razão, peculiaridade humana, e não o que o homem tem em comum com os demais seres, o que torna possível a vida ética?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual a relação entre o que Aristóteles chama no trecho acima de “vida no sentido de atividade” e sua concepção de virtude.

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________“Ora, se a função do homem é que uma atividade da alma que segue ou que implica um princípio racional, e se dizemos que “um tal-e-tal” e “um bom tal-e-tal” têm uma função que é a mesma em espécie (por exemplo, um tocador de lira e um bom tocador de lira, e assim em todos os casos, sem maiores discriminações, sendo acrescentada ao nome da função a eminência com respeito à bondade – pois a função de um tocador de lira é tocar lira, e a de um bom tocador de lira é fazê-lo bem); se realmente assim é [e afirmamos ser a função do homem uma certa espécie de vida, e esta vida uma atividade ou ações da alma que implicam um princípio racional; e acrescentamos que a função de um bom homem é uma boa e nobre realização das mesmas; e se qualquer ação é bem realizada quando está de acordo com a excelência que lhe é própria; se realmente assim é], o bem do homem nos aparece como uma atividade da alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais completa. Mas é preciso ajuntar “numa vida completa”. Porquanto uma andorinha não faz verão, nem um dia tampouco; e da mesma forma um dia, ou um breve espaço de tempo, não faz um homem feliz e venturoso.” (Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 7, 1098A)1. Qual a relação entre o que Aristóteles chama de “atividade da alma” e sua concepção de virtude._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. De acordo com o final do trecho acima citado e seu conhecimento sobre a Ética a Nicômaco, explique qual a relação entre a noção grega de ethos e exigência de que a virtude seja avaliada “numa vida completa”.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________“Ora, que devemos agir de acordo com a regra justa é um princípio comumente aceito, que nós encamparemos. Mais tarde 33 havemos de nos ocupar dele, examinando o que seja a regra justa e como se relaciona com as outras virtudes. Uma coisa, porém, deve ser assentada de antemão, e é que todo esse tratamento de assuntos de conduta se fará em linhas gerais e não de maneira precisa. Desde o princípio 34 fizemos ver que as explicações que buscamos devem estar de acordo com os respectivos assuntos. Tal como se passa no que se refere à saúde, as questões de conduta e do que é bom para nós não têm nenhuma fixidez. Sendo essa a natureza da explicação geral, a dos casos particulares será ainda mais carente de exatidão, pois não há arte ou preceito que os abranja a todos, mas as próprias pessoas atuantes devem considerar, em cada caso, o que é mais apropriado à ocasião, como também sucede na arte da navegação e na medicina.”(Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 7, 1103a)

1. Por que a ética, como a navegação e a medicina, não possibilita um conhecimento perfeito, como a lógica, mas se faz “em linhas gerais”? Explique a diferença destes dois modos de conhecimento.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Por que Aristóteles explica um princípio ético comparando-o com outras ciências?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“A resposta à pergunta que estamos fazendo é também evidente pela definição da felicidade, por quando dissemos que ela é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie. Do demais bens, alguns devem necessariamente estar presentes como condições prévias da felicidade, e outros são naturalmente cooperantes e úteis como instrumentos. E isto, como é de ver concorda com o que dissemos no princípio, isto é, que o objetivo da vida política é o melhor dos fins, e essa ciência dedica o melhor de seus esforços a fazer com que os cidadãos sejam bons e capazes de nobres ações. Ê natural, portanto, que não chamemos feliz nem ao boi, nem ao cavalo nem a qualquer outro animal, visto que nenhum deles pode participar de tal atividade. Pelo mesmo motivo, um menino tampouco é feliz, pois que, devido à sua idade, ainda não é capaz de tais atos; e os meninos a quem chamamos felizes estão simplesmente sendo congratulados por causa das esperanças que neles depositamos. Porque, como dissemos, há necessidade não só de uma virtude completa mas também de uma vida completa, já que muitas mudanças ocorrem na vida, e eventualidades de toda sorte: o mais próspero pode ser vítima de grandes infortúnios na velhice, como se conta de Príamo no Ciclo Troiano; e a quem experimentou tais vicissitudes e terminou miseravelmente ninguém chama feliz.” (Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 7, 1099b)

1. Explique a relação que há, para Aristóteles, entre a política e/ou a ética com a felicidade. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________2. Segundo o trecho citado, não apenas os animais, mas também o ser humano enquanto está em sua infância, não podem ser ditos felizes, por quê?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3. Explique porque apenas o cidadão completo pode ser dito feliz.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Esquema geralIntrodução – pp. 23-24. Neutralidade, objetividade e espírito aberto: o ideal de ciência e seu uso político. Distinção entre atividade científica e cientista individual. A anterioridade de um modelo em relação à pesquisa e à produção de resultados científicos. A comunidade científica: adesão prévia (preconceito) a um paradigma, resistência a inovações. Método e preconceito. Preconceito como norma e condição de produção científica. Desenvolvimento – pp. 25-29. Dogmatismo das ciências maduras. Dogma ou preconceito: “uma maneira particular de ver o mundo e praticar a ciência”. Adesão a um “quase dogma”, o paradigma: definição de problemas e soluções – conceito de quebra-cabeça. A prática dogmática evidencia os próprios limites do paradigma. O paradigma permite unidade ao “conjunto de padrões, instrumentos e técnicas”. A educação ou pedagogia cientifica: o manual: problemas, conceitos e soluções padronizados. Uso de exercícios repetitivos para formação rápida de quadros mentais. Manual: transmissão de um paradigma. Unidade absoluta do paradigma: exclusividade e totalidade. Paradigma e concepção progressista-linear da ciência.Conclusão – pp. 30-32. Desenvolvimento inicial e ciência madura. Períodos pré e paradigmático. Desenvolvimento inicial: multiplicidade de pontos de vista, ou de prática sem predeterminação de unidade diretriz; parcialidade de métodos e resultados; construções ad hoc.

Exercícios“Embora o preconceito e a resistência às inovações possam muito facilmente por um freio ao progresso cientifico, a sua onipresença é, porém, sintomática como característica requerida para que a investigação tenha continuidade e vitalidade. Características desse tipo, tomadas coletivamente, eu classifico como o dogmatismo das ciências maduras, e nas páginas que se seguem tentarei precisar alguns dos seus aspectos. A educação científica "semeia" o que a comunidade cientifica, com dificuldade, alcançou até aí – uma adesão profunda a uma maneira particular de ver o mundo e praticar a ciência. Tal adesão pode ser, e é, de tempos em tempos, substituída por outra, mas nunca pode ser facilmente abandonada. E, enquanto característica da comunidade dos praticantes profissionais, tal adesão mostra-se fundamental, em dois aspectos, para a investigação produtiva. Definindo para cada cientista individual os problemas suscetíveis a serem analisados é ao mesmo tempo a natureza das soluções aceitáveis para eles, a adesão é de fato um elemento necessário à investigação. Normalmente o cientista é um solucionador de quebra-cabeças como um jogador de xadrez, e a adesão induzida pela educação é o que lhe dá as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausência delas, ele não seria um físico, um químico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado.” (p. 25)Questão 1 Com base no texto e em seus conhecimento sobrea teoria de Kuhn, explique a relação entre dogmatismo e educação científica._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Questão 2 A educação científica é feita por meio de manuais. Como e por que tal gênero de material didático diferencia-se de outros?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Questão 3 O cientista não possui espírito aberto, tampouco é um explorador da natureza, mas ao contrário é um solucionador de quebra-cabeças. Explique essa metáfora, relacionando-a ao conceito de paradigma._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Esquema geralp. 35 – O período pré-paradigmático: disputa inter-escolas, proliferação de pontos de vista, indefinição de objetivos, fundamentos teóricos e metodológicos. Passagem para o período paradigmático: aceitação plena de um único paradigma, responsável pela unidade de regras e objetivos, assim como modelo de solução ou produção de resultados significativos dentro de uma ciência.p. 36 – Exemplificação do período de aceitação de um paradigma, o da eletricidade, a parti do qual se segue o período de ciência normal, definida pela resistência a disputas teóricas e aplicação sistemática do paradigma elegido.p. 37 – Explicação do paradigma de Franklin para explicação do conjunto dos fenômenos elétricos.p. 38 – O paradigma determina o surgimento de uma comunidade científica , cuja atividade é a padrão da ciência madura: unidade de método, propósito e padrão de produtividade.Atividade científica caracterizada como produção de resultados a partir do paradigma, que contém virtualmente uma eficácia inesgotável.p. 39 – O período de ciência normal não é definitivo, pois o desenvolvimento das ciências maduras comporta períodos de crise, quando as anomalias na aplicação do paradigma tornam-se generalizados, seguidos de episódios revolucionários, nos quais há mudança de paradigma.A mudança de paradigma é estrutural nos desenvolvimento das ciências maduras, porém o paradigma substituído não passa a ser falso, mas ineficiente para resolver anomalias. p. 40 – Possibilidade de, nos episódios revolucionários, ressurgir modelos pré-paradigmáticos ou retomada de uma paradigma já rejeitado.pp. 41-42 – Retomada da tese de que a ciência madura, a despeito de inevitavelmente passar por períodos de crise e de episódios revolucionários, ou seja, de mudança de paradigma, é definida em sua atividade normal ou regular como baseada em um único paradigma, que define, limita, orienta e sistematiza a atividade científica.p. 43 – Exemplo de conservação de paridade.

ExercíciosTexto 1: “O fim dos debates inter-escolas pôs fim a constante reavaliação dos fundamentos; a convicção de estarem a seguir o caminho correto dava coragem aos teóricos da eletricidade para se lançarem em trabalhos de maior envergadura, mais exatos e esotéricos. Liberto das preocupações gerais levantadas com os fenômenos elétricos, o novo grupo agora unido podia orientar-se para

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fenômenos elétricos selecionados e estuda-los com muito mais pormenor, concebendo aparelhagem especializada para seu trabalho e utilizando-a com uma persistência e um grau de sistematização desconhecidas dos anteriores teóricos da eletricidade.” (p. 36) Texto 2: “Pelo contrario, o historiador com frequência tem de reconhecer que, com a rejeição da perspectiva proposta por dada escola pré-paradigmática, uma comunidade cientifica rejeitou o embrião de uma importante ideia científica a que seria forçada a voltar mais tarde. Mas está longe de ser óbvio que a profissão atrasou o desenvolvimento científico com esse procedimento. (...) teriam a astronomia e a dinâmica avançado mais depressa se os cientistas tivessem reconhecido que tanto Ptolomeu como Copérnico tinham escolhido processos igualmente legítimos para descrever a posição da Terra? Tal posição foi, de fato, sugerida durante o séc. XVII e foi depois confirmada pela teoria da relatividade. Mas até lá ela foi, juntamente com a astronomia de Ptolomeu, vigorosamente rejeitada, vindo à tona de novo só no fim do sec. XIX quando, pela primeira vez, se relacionava concretamente aos problemas insolúveis postos pela prática usual da física não-relativista.” (p. 40)Questão 1 Diversamente às Humanidades, Artes e Ciências Sociais, as Ciências da Natureza possuem uma distinção bem clara entre o períodos de definição de bases teóricas, métodos e comunidade científica . Explique.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Questão 2 Kuhn argumenta que modelos e paradigmas rejeitados podem tornar a ser paradigmas, isso não significa, porém, que a rejeição anterior foi errada. Desenvolve seu argumento neste sentido.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Questão 3 O primeiro texto afirma a necessidade de superação do período pré-paradigmático e dos períodos de crise para sucesso das ciências; o segundo texto, porém, afirma que modelos e paradigmas rejeitados costumam guardar soluções valiosas e, muitas vezes, retomadas pelas ciência maduras. Fim das disputas sobre bases teóricas e revisão e retomada dessas bases. Explique esta relação.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

DESCARTES - MEDITAÇÕESEsquema geralA) §§ 1-3: o princípio da dúvida hiperbólica;B) §§3-13: argumentos que estendem e radicalizam a dúvida.(§3): argumento dos erros dos sentidos;(§§4-9): argumento do sonho;(§§9-13): argumento que estende a duvida ao valor objetivodas essências matemáticas, em duas etapas:

- o Deus enganador;- o Gênio Maligno.Exercícios § 10 – “Haverá talvez aqui pessoas que preferirão negar a existência de um Deus tão poderoso a acreditar que todas as outras coisas são incertas. Mas não lhes resistamos no momento e suponhamos, em favor delas, que tudo quanto aqui é dito de um Deus seja uma fábula. Todavia, de qualquer maneira que suponham ter eu chegado ao estado e ao ser que possuo, quer o atribuam a algum destino ou fatalidade, quer o refiram ao acaso, quer queiram que isto ocorra por uma contínua série e conexão das coisas, é certo que, já que falhar e enganar-se é uma espécie de imperfeição, quanto menos poderoso for o autor a que atribuírem minha origem tanto mais será provável que eu seja de tal modo imperfeito que me engane sempre. Razões às quais nada tenho a responder, mas sou obrigado a confessar que, de todas as opiniões que recebi outrora em minha crença como verdadeiras, não há nenhuma da qual não possa duvidar atualmente, não por alguma inconsideração ou leviandade, mas por razões muito fones e maduramente consideradas: de sorte que é necessário que interrompa e suspenda doravante meu juízo sobre tais pensamentos, e que não mais lhes dê crédito, como faria com as coisas que me parecem evidentemente falsas, se desejo encontrar algo de constante e de seguro nas ciências”. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________§ 11 - “Mas não basta ter feito tais considerações, é preciso ainda que cuide de lembrar-me delas; pois essas antigas e ordinárias opiniões ainda me voltam amiúde ao pensamento, dando-lhes a longa e familiar convivência que tiveram comigo o direito de ocupar meu espírito mau grado meu e de tornarem-se quase que senhoras de minha crença. E jamais perderei o costume de aquiescer a isso e de confiar nelas, enquanto as considerar como são efetivamente, ou seja, como duvidosas de alguma maneira, como acabamos de mostrar, e todavia muito prováveis, de sorte que se tem muito mais razão em acreditar nelas do que em negá-las. Eis por que penso que me utilizarei delas mais prudentemente se, tomando partido contrário, empregar todos os meus cuidados em enganar-me a mim mesmo, fingindo que todos esses pensamentos são falsos e imaginários; até que, tendo de tal modo sopesado meus prejuízos, eles não possam inclinar minha opinião mais para um lado do que para o outro, e meu juízo não mais seja doravante dominado por maus usos e desviado do reto caminho que pode conduzi-lo ao conhecimento da verdade. Pois estou seguro de que, apesar disso, não pode haver perigo nem erro nesta via e de que não poderia hoje aceder demasiado à minha desconfiança, posto que não se trata no momento de agir, mas somente de meditar e de conhecer”.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________________________________________§ 12 – “Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, «mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado [firme] a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________§ 13 – “Mas esse desígnio é árduo e trabalhoso e certa preguiça arrasta-me insensivelmente para o ritmo de minha vida ordinária. E, assim como um escravo que gozava de uma liberdade imaginária, quando começa a suspeitar de que sua liberdade é apenas um sonho, teme ser despertado e conspira com essas ilusões agradáveis para ser mais longamente enganado, assim eu reincido insensivelmente por mim mesmo em minhas antigas opiniões e evito despertar dessa sonolência, de medo de que as vigílias laboriosas que se sucederiam à tranqüilidade de tal repouso, em vez de me propiciarem alguma luz ou alguma clareza no conhecimento da verdade, não fossem suficientes para esclarecer as trevas das dificuldades que acabam de ser agitadas”.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Agora, pois, que meu espírito está livre de todos os cuidados, e que consegui um repouso assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me persuade de que não devo menos cuidadosamente impedir-me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis, do que às que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. E, para isso, não é necessário que examine cada uma em particular, o que seria um

trabalho infinito; mas, visto que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas as minhas antigas opiniões estavam apoiadas”.(Descartes, Meditações, Meditação Primeira, § 2).

1. Qual é o princípio exposto por Descartes no trecho acima. Explique-o, identificando os passos da argumentação.

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“Todavia, devo aqui considerar que sou homem e, por conseguinte, que tenho o costume de dormir e de representar, em meus sonhos, as mesmas coisas, ou algumas vezes menos verossímeis, que esses insensatos em vigília. Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, queestava vestido, que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? Parece-me agora que não é com olhos adormecidos que contemplo este papel; que esta cabeça que eu mexo não está dormente; que é com desígnio e propósito deliberado que estendo esta mão e que a sinto: o que ocorre no sono não parece ser tão claro nem tão distinto quanto tudo isso. Mas, pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tãomanifestamente que não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal que é quase capaz de me persuadir de que estou dormindo”.

(Descartes, Meditações, Meditação Primeira, § 5)2. Por que o argumento do sonho, exposto acima, é

necessário? Em que sentido e em que medida ele radicaliza a dúvida?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________“Todavia, há muito que tenho no meu espírito certa opinião6 de que há um Deus que tudo pode e por quem fui criado e produzido tal como sou. Ora, quem me poderá assegurar que esse Deus não tenha feito com que não haja nenhuma terra, nenhum céu, nenhum corpo extenso, nenhuma figura, nenhumagrandeza, nenhum lugar e que, não obstante, eu tenha os sentimentos de todas essas coisas e que tudo isso não me pareça existir de maneira diferente daquela que eu vejo? E, mesmo, como julgo que algumas vezes os outros se enganam até nas coisas que eles acreditam saber com maior certeza, pode ocorrer que Deus tenha desejado que eu me engane todas as vezes em que faço a adição de dois mais três, ou em que enumero os lados de um quadrado, ou em que julgo alguma coisa ainda mais fácil, se é que se pode imaginar algo mais fácil do que isso. Mas pode ser que Deus não tenha querido que eu seja decepcionado desta maneira, pois ele é considerado soberanamente bom. Todavia, se repugnasse à sua bondade fazer-me de tal modo que eu me enganasse sempre, pareceria também ser-lhe contrário permitir que eu me engane algumas vezes e, no entanto, não posso duvidar de que ele mo permita.”(Descartes, Meditações, Meditação Primeira, § 9).

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3. Neste trecho, Descarte apresenta e pondera sobre a hipótese do deus enganador? Qual a função e as partes do argumento.

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Esquema geral§§1-9: da natureza do espírito humano.§§1-4: conquista da primeira certeza:

(§§ 1-3): procura de uma primeira certeza;(§4): "Eu sou, eu existo"

§§5-9: reflexão sobre esta primeira certeza e conquista da segunda:

(§ § 5-8): quem sou eu, eu que estou certo que sou? Uma coisa pensante. Determinação da essência do Eu;

(§9): descrição da "coisa pensante" e distinção entre o pensamento (atributo principal desta substância) e suas outras faculdades.

§§ 10-16: Exame do pedaço de cera;§§ 17-19: A terceira evidência.

Exercícios“Mas eu, o que sou eu, agora que suponho que há alguém que é extremamente poderoso e, se ouso dizê-lo, malicioso e ardiloso, que emprega todas as suas forças e toda a sua indústria em enganar-me? Posso estar certo de possuir a menor de todas as coisas que atribuí há pouco à natureza corpórea? Detenho-me em pensar nisto. Com atenção, passo e repasso todas essas coisas em meu espírito, e não encontro nenhuma que possa dizer que exista em mim. Não é necessário que me demore a enumerá-las. Passemos, pois, aos atributos da alma e vejamos se há alguns que existam em mim. Os primeiros são alimentar-me e caminhar; mas, se é verdade que não possuo corpo algum, é verdade também que não posso nem caminhar nem alimentar-me. Um outro é sentir; mas não se pode também sentir sem o corpo; além do que, pensei sentir outrora muitas coisas, durante o sono, as quais reconheci, ao despertar, não ter sentido efetivamente. Um outro é pensar; e verifico aqui que o pensamento é um atributo que me pertence; só ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo: isto é certo; mas por quanto tempo? A saber, por todo o tempo em que eu penso; pois poderia, talvez, ocorrer que, se eu deixasse de pensar, deixaria ao mesmo tempo de ser ou de existir. Nada admito agora que não seja necessariamente verdadeiro: nada sou, pois, falando precisamente, senão uma coisa que pensa, isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão, que são termos cuja significação me era anteriormente desconhecida. Ora, eu sou uma coisa verdadeira e verdadeiramente existente; mas que coisa? (...) Eu não sou essa reunião de membros que se chama o corpo humano; não sou um ar tênue e penetrante, disseminado por todos esses membros; não sou um vento, um sopro, um vapor, nem algo que posso fingir e imaginar, posto que supus que tudo isso não era nada e que, sem mudar essa suposição, verifico que não deixo de estar seguro de que sou alguma coisa.” (Descartes, Meditações, Meditação Segunda, § 7) 01 - No texto acima, Descartes emprega um tradicional procedimento filosófico, que consiste em identificar as coisas por meio de seus atributos. Por meio desse procedimento, ele identifica duas espécies de coisas (substâncias). Quais são essas duas espécies de coisas (substâncias) assim identificadas e quais os principais atributos de cada uma delas? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 02 - No texto acima, Descartes refere-se a “alguém que é extremamente poderoso (...) malicioso e ardiloso” e que emprega todas as suas forças para nos enganar. Mas Descartes jamais afirma que esse gênio maligno verdadeiramente exista. Para o argumento que ele está desenvolvendo, basta a mera possibilidade da sua existência. Qual o papel da mera possibilidade da existência desse gênio maligno no argumento de Descartes? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

03 - Para Descartes, o que é mais fácil conhecer: nosso espírito ou o que lhe é exterior? Por que um e não o outro?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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