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107 Tópico Especial Resumo Os autores objetivaram discutir os fatores etiológicos das más oclusões, expondo o aspecto multifatorial das mesmas, desde que para o desvio da normalidade, participam conjunta- mente as causas hereditárias, as con- gênitas, as adquiridas de ordem geral ou local, assim com os hábitos bucais. O assunto ganha importância ao pro- ver subsídios para que se possa diag- nosticar e remover os fatores causais das más oclusões, prevenindo-as em idades precoces, ou garantindo a es- tabilidade da correção ortodôntica. Ademais, permite o esclarecimento, aos pais, da origem da anormalidade di- agnosticada em seus descendentes. INTRODUÇÃO O capítulo que aborda a etiologia das más oclusões torna-se polêmico, uma vez que toda má oclusão apresenta uma ori- gem multifatorial e não uma única causa específica 18 . Uma interação de vários fa- tores pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento dos maxilares suscitan- do em más oclusões. O conhecimento destes fatores caracteriza o capítulo da etiologia das más oclusões que deve ser de domínio do clínico geral, do odonto- pediatra e do ortodontista. De acordo com vários pesquisado- res 12,15,18 da metade do século, um em cada quatro indivíduos apresentava má oclusão que requeria um tratamento ortodôntico. Atualmente essa incidência tem aumenta- do progressivamente alcançando um nú- mero preocupante para a população. Este fato deve-se principalmente à evolução do homem, na escala filogenética, em relação ao desenvolvimento craniofacial, aos há- bitos alimentares e sociais e à miscigena- ção racial. Segundo a teoria da redução Renato Rodrigues de Almeida* Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin** Márcio Rodrigues de Almeida*** Daniela Gamba Garib**** Patrícia Ciocchi M. Rodrigues de Almeida***** Arnaldo Pinzan****** * Professor Assistente Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor responsável pela Disciplina de Ortodontia e coordenador do curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP; Professor Associado da Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID. ** Mestre em Ortodontia e Especialista em Radiologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professora da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP. *** Especialista e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP ao nível de Graduação e Especialização. **** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professora da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista - UNIP. ***** Aluna de pós-graduação, ao nível de Mestrado, da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. ******Professor Associado Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor Responsável pela Disciplina de Ortodontia da Universidade do Sagrado Coração – USC; Professor Associado da Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID. Palavras-chaves: Etiologia; Má oclusão; Ortodontia. Etiologia das Más Oclusões - Causas Hereditárias e Congênitas, Adquiridas Gerais, Locais e Proximais (Hábitos Bucais) Etiology of Malocclusion - Heredity and Congenital Causes, General and Local Factors and Abnormal Habits Renato R. de Almeida Renata R. de Almeida Pedrin Márcio R. de Almeida Daniela Gamba Garib Patrícia C. M. R. de Almeida Arnaldo Pinzan R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000

Etiologia Das Mas Oclusoes

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107Tpico EspecialResumoOs autores objetivaram discutir osfatores etiolgicos das ms ocluses,expondooaspectomultifatorialdasmesmas, desde que para o desvio danormalidade,participamconjunta-mente as causas hereditrias, as con-gnitas, as adquiridas de ordem geralou local, assim com os hbitos bucais.O assunto ganha importncia ao pro-ver subsdios para que se possa diag-nosticar e remover os fatores causaisdas ms ocluses, prevenindo-as emidades precoces, ou garantindo a es-tabilidadedacorreoortodntica.Ademais, permite o esclarecimento, aospais,daorigemdaanormalidadedi-agnosticada em seus descendentes.INTRODUOO captulo que aborda a etiologia dasms ocluses torna-se polmico, uma vezque toda m ocluso apresenta uma ori-gem multifatorial e no uma nica causaespecfica18. Uma interao de vrios fa-tores pode influenciar o crescimento e odesenvolvimento dos maxilares suscitan-doemmsocluses.Oconhecimentodestesfatorescaracterizaocaptulodaetiologia das ms ocluses que deve serde domnio do clnico geral, do odonto-pediatra e do ortodontista.Deacordocomvriospesquisado-res12,15,18da metade do sculo, um em cadaquatro indivduos apresentava m oclusoque requeria um tratamento ortodntico.Atualmente essa incidncia tem aumenta-do progressivamente alcanando um n-mero preocupante para a populao. Estefato deve-se principalmente evoluo dohomem, na escala filogentica, em relaoao desenvolvimento craniofacial, aos h-bitos alimentares e sociais e miscigena-o racial. Segundo a teoria da reduoRenato Rodrigues de Almeida*Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin**Mrcio Rodrigues de Almeida***Daniela Gamba Garib****Patrcia Ciocchi M. Rodrigues de Almeida*****ArnaldoPinzan******* Professor Assistente Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru USP; Professorresponsvel pela Disciplina de Ortodontia e coordenador do curso de Especializao em Ortodontia daFaculdade de Odontologia de Lins UNIMEP; Professor Associado da Universidade da Cidade de So Paulo UNICID.** Mestre em Ortodontia e Especialista em Radiologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP;Professora da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins UNIMEP.*** Especialista e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP; Professor deOrtodontia da Faculdade de Odontologia de Lins UNIMEP ao nvel de Graduao e Especializao.**** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP; Professora da Disciplina deOrtodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista - UNIP.***** Aluna de ps-graduao, ao nvel de Mestrado, da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade deOdontologia de Bauru - USP.****** Professor Associado Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru USP; ProfessorResponsvel pela Disciplina de Ortodontia da Universidade do Sagrado Corao USC; Professor Associadoda Universidade da Cidade de So Paulo UNICID.Palavras-chaves:Etiologia;Mocluso;Ortodontia.Etiologia das Ms Ocluses - Causas Hereditriase Congnitas, Adquiridas Gerais, Locais eProximais (Hbitos Bucais)Etiology of Malocclusion - Heredity and Congenital Causes, General andLocal Factors and Abnormal HabitsRenatoR.deAl mei daRenataR.deAlmeidaPedrinMrcioR.deAlmeidaDanielaGambaGaribPatrciaC.M.R.deAlmeidaArnaldoPinzanR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000108terminal a face humana perpassa porum processo evolutivo ocorrendo umadiminuio desta, ao mesmo tempoem que o crnio experimenta um au-mento no seu tamanho20,21 (fig. 1).Com a reduo do tamanho da facee dos maxilares o espao para aco-modar todos os dentes torna-se limi-tado, conseqentemente, o ltimo den-te de cada srie tende a desaparecer(terceiros molares, segundos pr-mo-lares e incisivos laterais)13. Isto noocorre repentinamente pois trata-se deum processo delongo e de carter he-reditrio que passa de gerao paragerao onde a primeira apresenta umdente com forma anmala (microdon-tia) e posteriormente alguns de seussucessores j no mais possuiro estedente.A alimentao dos tempos atuaistambm contribui para a involuoda face com conseqente aumento dasms ocluses. No passado, os alimen-tos eram mais duros e fibrosos exi-gindo um grande esforo da muscu-latura facial durante a mastigao.Atualmente apresentam-se pastosos eportanto fceis de serem consumidoscom uma menor participao da mus-culatura facial, comprometendo o cres-cimento e o desenvolvimento daface10,12,18.A abordagem da etiologia da msocluses geralmente classifica todas ascausas em fatores locais ou intrnse-cos e sistmicos ou extrnsecos2. Essaclassificao pode, no entanto, gerardiferentes consideraes acerca deuma m ocluso entre os profissio-nais18. No intuito de explicar as poss-veis causas das ms ocluses, outrasclassificaes foram propostas.A sugerida por GUARDO13 refere-se s causas hereditrias e congni-tas, gerais, locais e s causas proxi-mais (hbitos bucais).SALZMANN23 dividiu os fatoresetiolgicos em pr-natais e ps-nataisobservando uma influncia direta ouno, destes fatores, causadores de mocluso.Posteriormente, MOYERS18 suge-riu uma Equao Ortodntica para ainterpretao da etiologia das msocluses. Essa equao representauma expresso concisa do desenvol-vimento de todas as deformidadesdentofacias.A classificao por ns utilizada as-semelha-se proposta por GUAR-DO13, e neste artigo apresentaremosuma abordagem dos fatores etiolgi-cos hereditrios e congnitos e as cau-sas adquiridas gerais, locais e proxi-mais (hbitos bucais).FATORES HEREDITRIOSA hereditariedade constitui um dosprincipais fatores etiolgicos pr-na-tais das ms ocluses.O padro de crescimento e desen-volvimento sofre forte influncia dosfatores hereditrios. Existem certascaractersticas raciais e familiares quepodem comprometer a morfologiadentofacial de um indivduo10,12. Porexemplo, um jovem pode herdar o ta-manho e a forma dos dentes do pai eo tamanho e a forma dos maxilaresda me, resultando em uma combi-nao harmoniosa ou no entre osossos e os dentes. Entretanto, no possvel prevenir tal combinao in-desejada.Como citado acima, a morfologiadentria obedece um padro genti-co. As anomalias de tamanho dent-rio, representadas pelas macro e mi-crodontias, podem gerar ms oclusescomo apinhamentos29 e diastemas,respectivamente. Na maioria das ve-zes, quando um indivduo apresentadentes maiores (macrodontia) ou me-nores (microdontia) que o normal,muito provavelmente algum da fam-lia tambm ou foi portador desta ano-malia (fig. 2A, B).Entretanto, quando podemos con-siderar um dente de tamanho normalou no? Existem tabelas como as deGRABER11 que mostram as mdiasdos dimetros mesiodistais dos den-FIGURA 2A - Macrodontia do incisivocentral superior direito.FIGURA 2B - Microdontia do incisivolateral superior esquerdo.FIGURA 1 - Evoluo do homem. Ten-dncia retrognata da face.Fonte: MOYERS, R.E.18atuam emsobreproduzindoCausasPerodoTecidosEfeitos Hereditrias Causas dedesenvolvimentode origemdesconhecida Traumatismos Agentes fsicos Hbitos Enfermidades M nutrioContnuo ouIntermitenteDiferentes faixasetriasNeuromusculaturaDentesOssos e Cartila-gensTecidos MolesDisfunoM oclusoDisplasia sseaR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000109presenta significante importncia nadeterminao das caractersticas mor-folgicas e dentofaciais. Os estudos deLUNDSTRM15,16 revelaram que gme-os idnticos geralmente apresentam amesma m ocluso o que no ocorrenecessariamente nos gmeos hetero-zigticos(fig. 4A-T). Isto acontece por-que os gmeos monozigticos apre-sentam essencialmente a mesma com-posio gentica e ento as diferen-as (quando ocorrem) entre eles de-pendem de fatores no genticoscomo os do meio ambiente. Os gme-os heterozigticos, por sua vez, apre-sentam uma disparidade do cdigo ge-ntico de 50% como nos casos de ir-mos fraternos16.tes decduos e permanentes. Contudo,as anomalias de tamanho dentriopor associarem-se hereditariedadeso facilmente diagnosticadas clinica-mente e por meio da histria familiar(anamnese), descartando a necessi-dade de averiguaes em tabelas es-pecficas. As anomalias de forma, queencontram-se intimamente relaciona-das s anomalias de tamanho, tam-bm so determinadas principalmen-te pela herana e interferem direta-mente na ocluso do portador10,12. Aanomalia mais prevalente consiste naforma conide do incisivo lateral su-perior, seguida por outras formasatpicas menos freqentes como den-tes com cspides supranumerrias ouextras, cspide em garra (talon cusp),geminao e fuso (fig. 3A-E).As anomalias de nmero, na suagrande maioria, so de origem here-ditria, porm podem tambm estarassociadas s deformidades congni-tas como a displasia ectodrmica e adisostose cleidocraniana. Diversos au-tores10,13,15 acreditam que os dentes su-pranumerrios e as agenesias dent-rias, alm de apresentarem originari-amente um componente gentico,tambm esto relacionadas aoatavismo e evoluo do homem, res-pectivamente.O papel da hereditariedade no es-tudo das ms ocluses de gmeosidnticos (monozigticos) tambm re-FIGURA 3A - Geminao.FIGURA 3B - Talon cusp ou cspideem garra.ABFIGURA 3C, D - Geminao dentria e aspecto radiogrfico.CDFIGURA 3E - Fuso dos incisivos cen-tral e lateral inferior direito.ER Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000110FIGURA 4 -A,B,F,G - Gmeos Idnticos; C-E,H-J - Vistas intrabucais mostrando a mesma m ocluso.DCEJHIABFGR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000111FIGURA 4 -K,L,P,Q - Gmeos heterozigticos; M-O,R-T - Vistas intrabucais mostrando diferentes ocluses.MNORTKLPQSR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000112FIGURA 5 - Miscigenao racial.Outro fator hereditrio que contri-bui para o desencadeamento de umam ocluso a miscigenao racial.Nas populaes raciais homogneas(grupos geneticamente puros) quaseno se observa m ocluso, enquan-to que nos grupos que apresentamgrande miscigenao racial a preva-lncia de ms ocluses aumenta subs-tancialmente12. Atualmente, observa-se um intenso cruzamento entre asraas branca, negra e amarela con-tribuindo sobremaneira para o au-mento das ms ocluses (fig. 5).O tipo facial hereditrio tambm in-fluencia na determinao das carac-tersticas dentofacias e representa umimportante fator etiolgico de algumasms ocluses. Na populao encon-EFIGURA 6A, B - Paciente Braquifacialapresentando sobremordida profunda.B ACFIGURA 6C, D - Paciente Dolicofacialapresentando mordida aberta.DFIGURA 6E, F - Paciente mesofacial eocluso correspondente.Ftram-se basicamente trs tipos de con-figurao facial: os braquifaciais quepossuem a largura facial predominan-do altura, os dolicofaciais apresen-tando uma predominncia da alturaem relao largura facial e os meso-faciais que representam um grupo comcaractersticas intermedirias entrebraqui e dolicofacial5. Certas ms oclu-ses apresentam-se intimamente re-lacionadas morfologia facial, comoo desenvolvimento de uma mordidaaberta em um indivduo dolicofacial ede uma sobremordida profunda numjovem braquifacial (fig. 6A-F).R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000113As ms ocluses de ordem esque-ltica (Classes II e III) possuem umcomponente gentico na sua etiologia(fig. 7A-D). Na maioria dos casos,quando um indivduo apresenta umam ocluso de Classe III ou II, muitoprovavelmente algum dos seus ante-cedentes tambm a exibiu. Este fatopode ser facilmente comprovado ob-servando-se as fotografias das gera-es anteriores15.FATORES CONGNITOSAs deformidades congnitas,assim como os fatores hereditri-os, tambm constituem uma dascausas etiolgicas pr-natais dasms ocluses, e caracterizam-se porapresentar grande influncia gen-tica. Essas deformidades, agem so-bre o embrio, desde a sua forma-o intra-uterina at o momento donascimento, apresentando mani-festaes clnicas imediatas ou tar-dias27.Dentre as inmeras malformaescongnitas, descreveremos aquelascujas alteraes comprometem prin-cipalmente a cavidade bucal.Fissuras de Lbio e/ou PalatoEste tipo de m formao cong-nita caracteriza-se pela falta de fusoentre os processos palatinos e/ou dossegmentos que formam o lbio su-perior, e comprometem invariavelmen-te a arcada superior em maior ou me-nor extenso de acordo com o tipo defissura24,27.Segundo Vitor Spina as fissuraslbio-palatais classificam-se em 3grupos de acordo com a sua locali-zao tendo como referncia anat-mica o forame incisivo28:Grupo I - Fissuras pr-forame in-cisivo: compreende o grupo dasfissuras que envolve somente o pala-to primrio. Podem variar desde umafissura cicatricial no lbio superior atum rompimento completo do palatoprimrio envolvendo o lbio superior,o rebordo alveolar e o assoalho da fos-sa nasal, terminando na regio doforame incisivo24,27 (fig. 8A-H).FIGURA 8A, B - Fissura pr-forame unilateral esquerda incompleta.ABFIGURA 8C, D - Fissura pr-forame bilateral incompleta.CDFIGURA 8E, F - Fissura pr-forame mediana incompleta.EFACFIGURA 7A, B - Jovem apresentandom ocluso esqueltica de Classe II.BFIGURA 7C, D - Paciente apresentandom ocluso esqueltica de Classe III.DR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000114Podem ainda apresentarem-se: unilaterais:- direita (completa ou incomple-ta);- esquerda (completa ou incom-pleta); bilaterais:- completa;- incompleta; medianas:- completa;- incompleta.Grupo II - Fissuras trans-forame in-cisivo: so as fissuras que englobamo lbio superior e o palato em todosua extenso. Todo indivduo que apre-senta este tipo de fissura possui mocluso24,27 (fig. 9A-D). As fissurasdeste grupo podem ser: unilaterais:- direita;- esquerda; bilateraisGrupo III - Fissuras ps-forame in-cisivo: so as fissuras que menos com-prometem a esttica, uma vez que oenvolvimento anatmico limita-se regio posterior ao forame incisivo, masos problemas funcionais relacionadosa fala so freqentes24,27 (fig. 10A, B).Neste grupo as fissuras podem ser: total (palato duro e mole); parcial (somente palato mole).Ainda segundo a classificao deSPINA28 h um outro grupo que com-preende as fissuras raras da face:Grupo IV - Fissuras raras da face(fig. 11A, B):1 - Fissuras Oblquas;2 - Fissuras Transversais;3 - Fissuras do lbio inferior.No Brasil, a prevalncia de pacien-tes fissurados de 1 para cada 650indivduos24. A literatura demonstra,de forma unnime, que as fissuras depalato so mais freqentes e mais gra-ves (extenso) no sexo feminino. Osdados do Hospital de Reabilitao deAnomalias Craniofaciais, da Univer-sidade de So Paulo, no fazem exce-o ao revelar que, dos pacientes por-tadores de fissura isolada de palato,aproximadamente, 59% so do sexofeminino e 41% do sexo masculino12.FIGURA 8G, H - Fissura pr-forame mediana completa.GHFIGURA 9A, B - Fissura trans-forame unilateral direita.ABFIGURA 9C, D - Fissura trans-forame bilateral.CDFIGURA 10A - Fissura ps-forame in-completa.ABFIGURA 10B - Fissura ps-foramecompleta.FIGURA 11A, B - Fissuras raras da face.ABR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000115Isto se explica pelo dimorfismo sexualem relao ao perodo de fuso dosprocessos palatinos.Baseado em modelos hipotticos defechamento do palato humano, algunsautores7, sugeriram que o palato secun-drio de embries femininos se fechanuma velocidade mais lenta que o deembries masculinos. A elevao e asubseqente fuso dos processospalatinos ocorrem com alguns dias deatraso nos embries femininos. No em-brio masculino, observa-se o fecha-mento do palato secundrio, durante astima semana de vida intra-uterina,enquanto no sexo feminino, este pe-rodo coincide com a metade da oitavasemana de vida intra-uterina. Este re-tardo no tempo de fechamento do pa-FIGURA 12A, B - Jovem portadora de disostose cleidocraniana apresentandohipoplasia da clavcula.BAGFIGURA 12F - Dentes supranumerriosobservados na radiografia panormica;G) Telerradiografia da mesma pacientedenotando a protruso mandibular.FDEFIGURA 12C - Aspecto intrabucal mostrando alterao na seqncia de erupo dos dentes permanentes. D, E - Aspectointrabucal - vistas laterais.Clato secundrio feminino, indica umamaior susceptibilidade, deste sexo, aosagentes teratognicos.DISOSTOSE CLEIDOCRANIANAA disostose cleidocraniana constituiuma deformidade congnita geralente as-sociada hereditariedade, que tambmpode provocar alteraes ao nvel da ca-vidade bucal8,14 (fig. 12A-N). Alm do si-R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000116FIGURA 12H, I - Jovem portador de disostose cleidocraniana apresentando hi-poplasia da clavcula.IHFIGURA 12J - Aspecto intrabucal - vis-ta frontal.JKLFIGURA 12K, L - Aspecto intrabucal - vistas laterais denotando protruso mandi-bular e relao molar de Classe III.MFIGURA 12M - Dentes supranumerriosobservados na radiografia panormica;N) Telerradiografia do mesmo pacientedenotando a protruso mandibular.Nnal clnico mais caracterstico, hipo-plasia da clavcula, os aspectos bucaismais freqentemente observados so: maxila hipoplsica; protruso mandibular; erupo tardia dos dentes per-manentes; dentes supranumerrios; hipoplasia do cemento.R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000117INCONTINNCIA PIGMENTAROU SNDROME DE BLOCH-SULZBERGEREsta sndrome uma doena en-volvendo pele e anexos, de provvelorigem gentica de carter dominan-te relacionada ao cromosso X, portan-to acometendo apenas o sexo femini-no, na infncia. Os sinais e sintomasmais freqentemente observados nes-ta sndrome so: anomalias oculares,BCFIGURA 13B, C - Telerradiografia e ra-diografia panormica mostrando ma-xilares pouco desenvolvidos e presen-a de apenas dois dentes.DISPLASIA ECTODRMICA uma anomalia de carter he-reditrio caracterizada pela falta dedesenvolvimento dos tecidos de ori-gem ectodrmica. Os portadoresdesta anomalia geralmente apre-sentam anormalidades de cabelo,unhas, clios, pele, dentes, face, eglndulas anexas (sebceas esudorparas principalmente) almde apresentarem uma aparncia desenilidade (fig. 13A-F). O fato deter a perspirao comprometida,devido ao nmero reduzido de gln-dulas, leva o paciente hipertermiacom crises febris constantes duran-te a infncia que podem, inclusive,proporcionar comprometimentosneurolgicos. A pele apresenta-semacia, porm fina e ressecada. Ocabelo, os clios e as sobrancelhasencontram-se em nmero reduzi-do19. As principais caractersticasintrabucais e faciais so: ausncia total (agenesia) ouparcial (oligodontia) dos dentes; dimenso vertical reduzida; tero inferior facial reduzido; ausncia de osso alveolar; maxilares pouco desenvolvidos; lbios protuberantes.FIGURA 13F - Aspecto facial de um jo-vem portador de displasia ectodrmicacom tpicas caractersticas da sndrome.Sorriso mostrando prtese dentria.FFIGURA 13A - Aspecto facial de umjovem com displasia ectodrmica e ascaractersticas tpicas da sndrome,como lbios protuberantes.ADFIGURA 13D, E - Aspectos intrabucais mostrando ausncia de osso alveolar epresena de poucos dentes.Eassimetria facial, distrofia nasal,anomalias do couro cabeludo, de-sordens do sistema nervoso e ano-malias dentrias22 (fig. 14A-F).Dentre as anomalias dentriaspode-se destacar: agenesias; anomalias de forma, comodentes conides, dentes geminadosou fusionados e dens in dens;hipoplasia de esmalte.R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000118FIGURA 14C, D - Radiografias periapicais evidenciando anomalias de forma -dens in dens e geminao dentria.CDEFIGURA 14E - Aspecto radiogrfico de-monstrando agenesias dentrias. F)Telerradiografia da paciente.F FFIGURA 14A - Paciente portadora deincontinncia pigmentar apresentandoassimetria facial. B - Aspecto intrabu-cal mostrando hipoplasia e agenesiadentria.BAR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000119CDEFIGURA 15C-E - Vistas intrabucais. Agenesias dentrias evidentes. Prognatismo mandibular e mordida cruzada anterior.SNDROME DE RIEGERA sndrome de Rieger de origemhereditria autossmica dominantedisplsica, caracteriza-se por sinais cl-nicos relacionados s anomalias ocu-lares, umbilicais e dentrias17 (fig.15A-G). Os principais sinais clnicosda sndrome envolvendo a cavidadebucal so: anomalias de forma: talon cuspe dentes conides; anomalia de tamanho: microdon-tia; agenesia total ou parcial; hipoplasia de esmalte; hipolasia maxilar; prognatismo mandibular.FIGURA 15A, B - Paciente com sndrome de Rieger.FGFIGURA 15F, G - Telerradiografia e ra-diografia panormica apresentandoagenesia de vrios dentes, prognatis-mo mandibular e retruso maxilar.CAUSAS ADQUIRIDASAs deformaes adquiridas, quepodem provocar uma m ocluso, ca-racterizam os fatores etilogicos ps-natais. Estes fatores dividem-se emgerais, locais e proximais.GeraisDentre as causas gerais, pode-sedestacar os fatores traumticos, asendocrinopatias, as enfermidades sis-tmicas e os fatores nutricionais.Traumatismos e acidentes: aci-dentes traumticos obsttrico duran-te o parto, quando da utilizao de fr-ceps, podem provocar fratura do cn-dilo e hipoplasia da mandbula. Ostraumatismos envolvendo os dentesdecduos podem provocar a perdaR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000AB120DFIGURA 16C, D - Desvio de irrupo dos incisivos centrais permanentes comoconseqncia de um traumatismo.CFIGURA 16A - A figura mostra a pro-ximidade das razes dos dentesdecduos com os germes dos dentespermanentes. (Van der Linden). B -Traumatismo dos incisivos centrais de-cduos com conseqente inclinao.B AFFIGURA 16E, F - Traumatismo do incisivo central permanente abaixo do pontode contato com conseqente perda de espao uma semana aps o acidente.EHFIGURA 16G, H - Traumatismo de maior gravidade atingindo dentes e osso -vista frontal e aspecto radiogrfico.GJFIGURA 16I, J - Vistas intrabucais laterais.Iprecoce destes ou ainda afetar o ger-me dentrio permanente causandodesvios de irrupo, dilaceraes ra-diculares e defeitos na estrutura den-tria. O tecido cicatricial decorrente dequeimaduras comprometendo a facepode produzir alteraes nas posiesdentrias e ainda deformidade dosmaxilares quando estes encontrarem-se na fase de crescimento e desenvol-vimento10 (fig. 16A-J).Endocrinopatias: dentre os distr-bios endcrinos que afetam direta-mente a cavidade bucal encontram-se aqueles relacionados s glndulastireide, paratireide e hipfise. Os di-versos sinais de distrbio variam deacordo com o excesso ou a carnciade metabolismo dos hormnios pro-duzidos por estas glndulas.Enfermidades sistmicas: as fe-bres agudas, as infeces crnicas, asparalisias cerebrais e as distrofias mus-culares, quando presentes na fase decrescimento e desenvolvimento de umLocaisOs itens que constituem o grupoetiolgico das causas adquiridas locaisrepresentam os fatores mais direta-mente relacionados cavidade bucal etalvez sejam, para os ortodontistas ascausas mais importantes das ms oclu-ses. Portanto devem ser detectadosprecocemente pelo cirurgio-dentista deforma a proporcionar um adequado de-senvolvimento dos arcos dentrios.jovem podem expressar alteraes nacavidade bucal.Fatores nutricionais: SALZMANN23asseverou que uma falha nutritiva nascrianas em crescimento e desenvolvi-mento, provoca um retardo dos centrosde ossificao. Outras pesquisas de-monstraram que a deficincia de vita-minas A, B, C, D, da Riboflavina e doIodo podem contribuir para as ms for-maes esquelticas e dentrias.R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000121BFIGURA 19A, B - Reteno prolongada dos caninos decduos superiores e irrupoectpica dos sucessores permanentes.ACFIGURA 19C - Reteno prolongada doincisivo central superior decduo.DFIGURA 19D - Irrupo ectpica dossegundos pr-molares inferiores comreabsoro anormal das razes dossegundo molares decduosBFIGURA 17A, B - Radiografias panormicas mostrando espaos insuficientespara a irrupo de dentes permanentes.ADFIGURA 17C, D - Radiografias panormica e periapical mostrando falta de espa-os para a irrupo de dentes permanentes por extrao prematura.CBFIGURA 18A, B - Extrao prematura do incisivo central superior direito e dosprimeiros pr-molares permanentes inferiores.AFIGURA 17E - Extrao prematura dos1oe 2o molares decduos com conse-qente perda de espao.EPerda prematura dos dentes dec-duos: os dentes decduos contribuempara fonao, deglutio, mastigaoe esttica adequadas, alm de servi-rem como mantenedores de espaose guias de erupo para os dentes per-manentes. Quando perde-se prema-turamente um dente decduo ocorre orompimento do equilbrio dentrio pro-piciando a mesializao dos dentesposteriores, distalizao dos anterio-res e extruso dos antagonistas. As-sim, faltar espao para a irrupo dealguns dentes permanentes, determi-nando ms ocluses (fig. 17A-E).Perda de dentes permanentes: aocluso dentria caracteriza-se pelaintercuspidao de um dente su-perior com dois inferiores, com ex-ceo dos ltimos dentes superio-res e dos incisivos centrais inferio-res, mantendo, desta forma o equi-lbrio na cavidade bucal. A perdade qualquer um destes dentes pro-voca alteraes no posicionamentodos demais, estabelecendo uma mocluso (fig. 18A, B).Reteno prolongada e reabsor-o anormal dos dentes decduos: areteno prolongada e reabsoroanormal dos dentes decduos criamuma barreira mecnica dificultandoa irrupo do dente sucessor ou des-viando-o para uma posio anormalno arco dentrio. Os possveis fato-res que podem causar esta alteraoesto associados rizlise tardia, anquilose do dente decduo, age-nesia do sucessor permanente e a dis-trbios endcrinos (fig. 19A-D).R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000122DFIGURA 20C, D - Traumatismo do inci-sivo central permanente abaixo do pontode contato com conseqente perda deespao uma semana aps o acidente.CEFFIGURA 20E - Radiografia periapical mos-trando agenesia de segundo pr-molarinferior; F - Radiografia panormica mos-trando agenesia de 14 dentes.BFIGURA 20A - Agenesia dos incisivoslaterais superiores; B - vista oclusal easpecto radiogrfico.AHFIGURA 20 - Vista oclusal e radiografia periapical evidenciando a presena detrs pr-molares.GJFIGURA 20I, J - Supranumerrio im-pedindo a irrupo do incisivo centralsuperior direito com perda de espao- vista frontal e radiografia periapical.IFIGURA 20L, M - Presena de supranu-merrios e conseqentes ms ocluses.LMAnomalias dentrias de nmero:agenesia e supranumerrio-- --- a pre-sena ou a ausncia de um ou maisdentes, quebram o equilbrio do arcodentrio e geralmente contribuem parao estabelecimento de uma m ocluso.A ocorrncia destas anomalias no predizvel, entretanto, os estudos emlinhagens genealgicas de algumas fa-mlias sugerem a influncia de fatoresgenticos3,29 (fig. 20A-M).R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000123BFIGURA 23A, B - Irupo ectpica dos 1os molares permanentes e conseqenteperda de espao.ACFIGURA 23C - Aspecto radiogrfico dareabsoro do 2o molar decduo supe-rior. D - Irrupo ectpica dos 2omola-res permanentes superiores.DAnquilose: a anquilose dentria,encontrada com freqncia entre os6 e 12 anos de idade, possivelmenteadvm de algum tipo de leso, o queocasiona alteraes no ligamento pe-riodontal com formao de uma pon-te ssea unindo o cemento e a lmi-na dura. A anquilose de qualquer den-te decduo pode provocar alm da suareteno, um atraso ou mesmo umairrupo ectpica do sucessor perma-nente2 (fig. 21A-F).Cistos: as patologias como cistose tumores tambm podem ser consi-deradas como fatores etiolgicos dems ocluses principalmente por cau-sarem desvios de erupo dentria (fig.22A-C).Irrupo ectpica dos dentes per-manentes: os primeiros molares per-manentes, principalmente os supe-riores, podem assumir uma trajet-ria de irrupo para mesial, ocasio-BFIGURA 22A, B - Deslocamento do germe do primeiro pr-molar inferior provo-cado por um cisto - radiografias panormica e periapical.ACFIGURA 22C - Deslocamento do ger-me do canino superior esquerdo pro-vocado por um cisto - radiografia pa-normica.BAEDFIGURA 21A-D - Paciente com quatro segundos molares decduos anquilosados.CFFIGURA 21E, F - Radiografias panor-mica e periapical mostrando segundomolar decduo inferior anquilosado, intra-sseo e restaurado com amlgama.R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000124FIGURA 23E, F - Erupo ectpica dos 1os molares permanentes inferiores.FEnando a prematura reabsoro radi-cular e esfoliao dos segundos mola-res decduos adjacentes. Desta manei-ra, o espao para a irrupo dos se-gundos pr-molares ficar reduzida (fig.23A-F).Freio Labial Superior: o freio labialsuperior consiste em uma lmina fibro-sa de tecido conjuntivo, com forma tri-angular. No recm-nascido, este freioestende-se desde o lbio superior atinserir-se na papila lingual, cruzando orebordo alveolar. Durante o desenvol-vimento da ocluso, a insero fibrosado freio paulatinamente desloca-se paraa superfcie vestibular do processoalveolar, alcanando as proximidadesdo limite mucogengival6.A persistncia da insero baixa dofreio labial superior, aps o desenvolvi-mento completo da dentadura perma-nente tem sido apontada como um dosprincipais fatores etiolgicos do diaste-ma interincisivos centrais. No entanto,devemos deixar claro que o diastemasuperior exibe uma etiologia multifato-rial, desde que outros fatores podemdetermin-lo:1 - Agenesia dos incisivos lateraissuperiores;2 - Microdontia dos incisivos late-rais superiores;3 - Discrepncia dente-osso positiva;BFIGURA 24A, B - Microdontia e agenesia dos incisivos laterais superiores e apresena de diastemas interincisivos.AFIGURA 24E, F - Diastemas heredit-rios.EDFIGURA 24C, D - Deglutio com interposio lingual e respectivo diastema.CF4 - Presena do supranumerriomesiodente;5 - Leses patolgicas como cistosna regio interincisvos centrais;6 - Hbitos de suco de dedo, chu-peta, lbio e interposio lingual.GRABER12 enfatizou ainda que napresena de um diastema interincisivoscausado por diversos destes fatores etio-lgicos, o freio labial superior pode man-ter-se inserido por lingual, dificultando aidentificao da real participao da in-sero fibrosa na manuteno do dias-tema. Surge ento a discusso seme-lhante ao ovo e a galinha. Quem veioprimeiro?Deve-se ter em mente que todos es-tes fatores etiolgicos do diastema inte-rincisivos centrais apresentam sua im-portncia ao avaliarmos um pacienteHFIGURA 24G - Insero baixa do freiolabial superior com isquemia da papilapalatina.H - Sutura intermaxilar ter-minada em plano.GR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000125DFIGURA 25C, D - Cries de mamadeira.Cdurante a dentadura permanente. Nosestgios anteriores do desenvolvimen-to da ocluso, dentadura decdua e mis-ta, o diastema interincisivos centralapresenta-se como caracterstica nor-mal e fisiolgica, que segundoTAYLOR12 est presente em 97% dascrianas durante a irrupo dos incisi-vos centrais superiores permanentes.Com a irrupo dos incisivos lateraissuperiores permanentes esta porcen-tagem diminui para 46% e aps a ir-rupo dos caninos superiores perma-nentes, essa prevalncia cai para 7%,e sobre esse nmero que se concen-tram os fatores etiolgicos respons-veis pelo diastema, anteriormente dis-cutido (fig. 24A-H).Cries: as cries dentrias, principal-BFIGURA 25A, B - Primeiros molares permanentes irrompendo na cavidadeprovocada por uma crie na face distal dos segundos molares decduos, respec-tivamente.AFIGURA 27A, B - Equilbrio de foras entre a lngua, os lbios e as bochechassobre os dentes e as estruturas sseas. Fonte: GRABER, T.M.foradolbiofora dalnguaAbucina-dorBlnguaFIGURA 26A, B - Msculos componentes do Mecanismo do Bucinador. Fonte: GRABER,T.M.m.bucinadorm. articula-dor doslbiosrafe ptrigo-mandibulartubrculofarngeom. constrictorsuperior dafaringeBAmente as interproximais, so respons-veis pela reduo do comprimento doarco dentrio, alm de provocarem pormuitas vezes, a extrao prematura dedentes decduos. Ainda hoje, a incidn-cia da crie dentria no nosso pas, amaior responsvel pelo aumento do n-mero de ms ocluses (fig. 25A-D).CAUSAS ADQUIRIDAS PROXI-MAIS - HBITOS BUCAISNa arquitetura da ocluso normal, anatureza considerou os dentes, as ba-ses sseas e a musculatura adjacenteintra e extrabucal, estabelecendo umarelao de interdependncia e equilbrio.Neste contexto, concorrem para o per-feito engrenamento dos arcos dentri-os, alm do correto posicionamento dosdentes e da relao de proporcionalida-de entre maxila e mandbula, a funonormal dos msculos do sistema esto-matogntico, definido por Brodie comoo Mecanismo do Bucinador (fig. 26A,B). Sob esta tica, os dentes ocupamuma posio de equilbrio, corresponden-te ao local onde as foras opostas, pro-venientes da musculatura intrabucal (ln-gua) e extrabucal (bochechas e lbios),neutralizam-e (fig. 27A, B).Considerando-se os conceitos dateoria da Matriz Funcional de Moss,a quebra desse equilbrio muscular, porR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000126AFIGURA 28 - Amamentao materna.AAFIGURA 29A, B - Bico convencional eortodntico, respectivamente. Fonte:GRABER, T.M.11BFIGURA 30A, B - Suco de chupeta econseqente m-ocluso.BFIGURA 31A, B - Suco de polegar econseqente m-ocluso.Bmeio de qualquer funo anormal exer-cida pela musculatura bucal, contribui-r negativamente para o desenvolvi-mento da ocluso. Neste caso, enqua-dram-se os hbitos prolongados de suc-o de dedo e chupeta, o pressiona-mento lingual atpico durante a fala, adeglutio, a postura e a respirao bu-cal, que pela deformidade que suscitamna ocluso, recebem o nome de maushbitos bucais ou hbitos bucais dele-trios.Hbitos de suco de dedo echupetaAinda no ventre da me, o ser hu-mano j comea a exercer a suco dosdedos, lngua e lbios, numa atitudeinstintiva dos mamferos. Quando nas-ce, o beb apresenta a funo de suc-o completamente desenvolvida, e pormeio desta adquirir o nutriente neces-srio para a vida. No entanto, a suc-o no destina-se unicamente fun-o de alimentao, pois constitui tam-bm o meio mais importante pelo quala criana se comunica com o meio ex-terior. A percepo bucal bem desen-volvida nos primeiros anos de vida,proporciona um sentimento de confor-to, segurana e satisfao emocionaldurante o ato de sugar. Por esta razo,na impossibilidade de amamentaomaterna (fig. 28), aconselha-se o usode mamadeiras com bicos ortodnti-cos, pois imitam a anatomia dos sei-os visto que estabelecem uma maior su-perfcie de contato com os lbios e peledo beb (fig. 29A, B). Alm disso, apresena de um orifcio reduzido paraa sada do leite e a pequena espessurado bico exigem que o beb succione demodo muito semelhante amamenta-o no peito4,9.Afora a amamentao, considera-se normal a suco de dedo ou chupetano incio do desenvolvimento infantil, ea oposio dos pais a esse hbito podedeterminar conseqncias psicolgicasnegativas. Normalmente, a medida quea criana comea a desenvolver outrosmeios de comunicao com o meio ex-terno, ela acaba por abandonar espon-taneamente o hbito de suco.A interrupo do hbito de suco,durante a dentadura decdua, favorecea autocorreo de desvios morfolgicosda ocluso que porventura tenham sedesenvolvido precocemente. No entan-to, a persistncia deste hbito a partirdo incio da dentadura mista, com a ir-rupo dos incisivos permanentes, re-presenta anormalidade, pois constituium potente fator etiolgico das ms oclu-ses.O dedo ou a chupeta, durante a suc-o, interpe-se entre os incisivos supe-riores e inferiores, restringindo a irrup-o destes dentes, enquanto os den-R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000127tes posteriores continuam a desenvol-ver-se no sentido vertical. Conseqen-temente, determina-se uma mordidaaberta, quase sempre restrita regioanterior dos arcos dentrios, de for-ma circular e bem circunscrita para ouso da chupeta, (fig. 30A, B) enquantoque para a suco do polegar h umainclinao dos incisivos superiorespara vestibular, surgindo diastemasentre eles, com os incisivos inferioresinclinados para lingual14 (fig. 31A, B).O contato do objeto sugado com opalato desaloja a lngua que se man-tm numa posio mais inferior, afas-tando-se do contato com os dentespstero-superiores. Esta alterao, so-mada fora de suco desempenha-da pelo msculo bucinador, ocasionaCFIGURA 34B, C - Interposio lingual e m ocluso correspondente.BFIGURA 34A - Amgdalas palatinashipertrofiadas.AFIGURA 32 - Representao grfica das alteraes oclusais em crianas com h-bito de suco de dedos ou chupeta. MAA: mordida aberta anterior; MCP: mordi-da cruzada posterior. Fonte: SILVA FILHO, O.G.; GONCALVES, R.M.G.; MAIA, F.A.26MAAMAA + MCPNormalMCPBFIGURA 33A, B - Interposio lingual com mordida aberta anterior e posterior.Aa atresia do arco dentrio superior, cul-minando na mordida cruzada poste-rior uni ou bilateral.Em um levantamento epidemiolgi-co realizado em escolares de Bauru (fig.32), constatou-se que de todas as crian-as com hbitos prolongados de suco,48% apresentavam apenas a mordidaaberta anterior, 6,9% apresentavam ape-nas a mordida cruzada posterior, enquan-to 30,5% exibiam ambas as ms oclu-ses. Estes dados apontam para umgrande vnculo causa-efeito existente en-tre hbito de suco e m ocluso. Noentanto, as restantes 14,6% crianas noapresentavam qualquer tipo de deformi-dade, demonstrando que a instalao dealteraes morfolgicas no depende uni-camente da existncia do hbito, mastambm de sua intensidade, durao efreqncia (Trade de GRABER), assimcomo da susceptibilidade individual de-terminada principalmente pelo padro decrescimento facial26.Pressionamento lingual atpicoA interposio da lngua entre osarcos dentrios durante a fonao, de-glutio e mesmo durante o repousoou postura, constitui uma anormalida-de funcional denominada pressiona-mento lingual atpico. Este hbito bu-cal deletrio relaciona-se com a m oclu-so de mordida aberta anterior de duasmaneiras diferentes: o pressionamen-to lingual pode constituir a causa ou aconseqncia de uma mordida abertaanterior25. No primeiro caso, classifi-cado como pressionamento lingualatpico primrio, uma vez que determi-nou o desenvolvimento da m ocluso.Nestas condies a mordida aberta an-terior exibe um formato mais retangu-lar ou difuso, podendo dela participarno s os incisivos, como tambm osdentes posteriores (fig. 33A, B).Tanto os incisivos superiores comoos inferiores podem apresentar-se in-clinados para vestibular, com diastemasgeneralizados na regio anterior.O pressionamento atpico primriopode advir da presena de amgdalaspalatinas hipertrficas, de distrbiosneuromusculares inerentes a algumassndromes, e da macroglossia.O pressionamento lingual atpicosecundrio, como o prprio nome su-gere, ocorre em adaptao a uma mor-dida aberta criada pelo hbito de suc-o, neste caso, contribuindo apenaspara manter ou agravar a alteraomorfolgica j existente (fig. 34A-C).R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000128BFIGURA 35A, B - Suco e interposio do lbio inferior.ADFIGURA 35C, D - Trespasse horizontal acentuado devido interposio do lbioinferior.CInterposio e Suco LabialDa mesma forma que para a inter-posio lingual, o posicionamento dolbio inferior entre os incisivos pode de-correr de uma alterao morfolgica jestabelecida, sendo executada com oobjetivo de permitir o selamento labialdurante a deglutio. A constncia des-se hbito tambm acaba por prolongara presena da m ocluso. Durante adeglutio atpica, a musculaturahipertnica do msculo mentonianoexerce um forte movimento do lbio in-ferior contra os dentes anteriores damandbula, provocando uma retroincli-nao destes, e sobre os dentes anterio-res do arco superior uma inclinao paravestibular, acentuando o trespasse ho-rizontal j existente. Embora a interpo-sio labial seja, em geral, uma adapta-o funcional s alteraes j existen-tes, realizada durante a deglutio, deve-se salientar que, em alguns casos, odesenvolvimento de um trespasse hori-zontal acentuado pode favorecer a ins-talao de um verdadeiro hbito de su-gar o lbio inferior, que traz tanta satis-fao sensorial ao paciente quanto asuco do dedo4 (fig. 35A-D).Respirao bucalNa normalidade fisiolgica, a respi-rao deve ser realizada predominan-temente via nasal, para que o ar inspi-rado chegue aos pulmes umedecido,aquecido e filtrado. Apenas em momen-tos de maior demanda de oxignio,como durante grandes esforos fsicos,estabelece-se uma respirao mista,nasal e bucal.Porm, diante de obstrues presen-tes ao longo das vias areas, a crianaforosamente passa a respirar atravsde uma via alternativa, a cavidade bu-cal. Os obstculos que impedem ou di-ficultam a respirao nasal podem lo-calizar-se na prpria cavidade nasal,como a hipertrofia dos cornetos, o des-vio de septo nasal, e rinites alrgicasfreqentes; na nasofaringe, a hipertro-fia das tonsilas farngeas ou adenide;ou na bucofaringe, a hipertrofia dastonsilas palatinas ou amgdalas.A respirao bucal exige uma mu-FIGURA 36A, B - Caractersticas faciais de um respirador bucal.BADFIGURA 36C - Ausncia de selamentoe lbios ressecados e partidos. D - Te-lerradiografia mostrando a obstruoda nasofaringe.Cdana na postura para assegurar aabertura de uma via area bucal. Destemodo, a criana permanece com os l-bios entreabertos, com a mandbulaR Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000129REFERNCIAS1 - ALMEIDA, R. R.; URSI, W. J. S. Anterioropen bite. Etiology and treatment. OralHealth, v. 80, no.1, p. 27-31, 1990.2 - ALMEIDA, R. R. et al. Anquilose dedentes decduos. Rev Fac Odont Lins,Lins, v. 3, n.2, p. 6-12. 1990.3 - ALMEIDA, R. R. et al. Supranumerrios- implicaes e procedimentos clnicos.R Dental Press Ortodont Ortop Fa-cial, Maring, v. 2, n. 6, p. 91-108,nov./dez., 1997.4 - ALMEIDA, R. R. et al. Mordida abertaanterior - consideraes e apresentaode um caso clnico. R Dental PressOrtodont Ortop Facial, Maring, v. 3,n. 2, p.17-29, mar./abr. 1998.5 - ALMEIDA, R. R. et al. Ortodontiapreventiva e interceptora: Mito ourealidade?R Dental Press OrtodontOrtop Facial, Maring, v. 4, n. 6, p.87-108, nov./dez. 1999.6 - BRUSOLA, J. A. C. Ortodonciaclinica. Barcelona: Salvat,1988.7 - BURDI, A. R. SILVEY, R. G. 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Mesiodens, macro-dontia e m-ocluso: relato de casoclnico.Rev Fac Odontol Univ SoPaulo, So Paulo, v.2, n.2, p.109-114, 1988.AbstractThe authors aimed to discuss thefactors of malocclusion showing he-redity and congenital causes, thegeneral and local factors and the ab-normal habits. The subject shouldbe considered most important as itpermits to the orthodontists an ac-curate diagnosis providing the pre-vention or interception of malocclu-sions and the stability after orth-odontic treatment.Key-words: Etiology; Malocclusion;Orthodontics.deslocada para baixo e para trs, e a ln-gua repousando mais inferior e anterior-mente, sem contato com a abbada pa-latina. Estas alteraes posturais favore-cem um maior desenvolvimento ntero-inferior da face, assim como a atresia doarco dentrio superior e a mordida aber-ta anterior.Embora a respirao bucal correspon-da a uma alterao funcional, o seu diag-nstico deve basear-se em sinais morfol-gicos, clnicos e radiogrficos, presentes naface e ocluso do paciente. Na anlise facial,a presena da sndrome da face longa (fig.36A-D), caracterizada pela ausncia de se-lamento labial passivo, lbios hipotnicose ressecados, tipo dolicofacial, desequilbrioentre os teros faciais com predominnciada altura facial ntero-inferior, narinas pe-quenas, olheiras e aparncia de cansao,sugere a respirao bucal5.A presena de amgdalas hipertrfi-cas (fig. 34A) e a obstruo da nasofa-ringe pela adenide (fig. 36D), tambmso condies que remetem suspeita derespirao bucal, e portanto, ditam a ne-cessidade de avaliao pelo mdico otor-rinolaringologista.Ressalta-se que mesmo aps a remo-o do obstculo respiratrio, seja por meioscirrgicos ou medicamentosos, a crianapode continuar a respirar pela boca, numaatitude habitual. Neste caso, a terapia fo-noaudiolgica torna-se imprescindvel parao restabelecimento da respirao nasal.AgradecimentoAo Dr. Omar Gabriel da Silva Filho,Professor e Coordenador do Curso deOrtodontia Preventiva e Interceptiva daPROFIS, pela gentil cesso das fotogra-fias sobre fissuras palatinas, pertencen-tes ao acervo do Hospital de Reabilita-o de Anomalias Craniofaciais da Uni-versidade de So Paulo - Bauru.R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maring, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000