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Evidências de vida real sobre FA na prática clínica: decisões de tratamento e considerações www.medscape.org/roundtable/noacs-af-rwe Evidências de vida real sobre FA na prática clínica: decisões de tratamento e considerações A. John Camm, MD: Olá, meu nome é John Camm, sou da St George’s University de Londres. Bem-vindos a esse programa, intitulado “Evidências de vida real sobre fibrilação atrial aplicadas em cuidados clínicos: decisões de tratamento e considerações”. Integrantes do painel Hoje aqui no Encontro da ACC em Orlando, na Flórida, vão se juntar a mim Craig Coleman, professor de Prática Farmacêutica na Escola de Farmácia da University of Connecticut, e Manesh Patel, professor de Medicina do Medical Center da Duke University. E v i d ê n c i a s d e v i d a r e a l s o b r e F A n a p r á t i c a c l í n i c a : d e c i s õ e s d e t r a t a m e n t o e c o n s i d e r a ç õ e s M o d e r a d o r A . J o h n C a m m , M D Professor de Cardiologia Clínica St. George's University de Londres Cardiologista especialista Departamento Cardiotorácico St. George's Hospital Londres, Reino Unido I n t e g r a n t e s d o p a i n e l M a n e s h R . P a t e l , M D Professor de medicina Chefe da Divisão de Cardiologia Departmento de Medicina Centro Médico da Universidade Duke Durham, Carolina do Norte, EUA C r a i g C o l e m a n , P h a r m D Professor de Prática Farmacêutica Departamento de Prática Farmacêutica Universidade de Connecticut Escola de Farmácia Storrs, Connecticut, EUA

Evidências de vida real sobre FA na prática clínica ... · NOACs na prevenção de AVC em FA ... Hoje vamos discutir alguns dados novos que ... com NOACs (anticoagulantes orais

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Evidências de vida real sobre FA na prática clínica: decisões de tratamento e consideraçõeswww.medscape.org/roundtable/noacs-af-rwe

Evidências de vida real sobre FA na prática clínica: decisões de tratamento e considerações

A. John Camm, MD: Olá, meu nome é John Camm, sou da St George’s University de Londres. Bem-vindos a esse programa, intitulado “Evidências de vida real sobre fibrilação atrial aplicadas em cuidados clínicos: decisões de tratamento e considerações”.

Integrantes do painel

Hoje aqui no Encontro da ACC em Orlando, na Flórida, vão se juntar a mim Craig Coleman, professor de Prática Farmacêutica na Escola de Farmácia da University of Connecticut, e Manesh Patel, professor de Medicina do Medical Center da Duke University.

Evidências de vida real sobre FA na prática clínica:

decisões de tratamento e considerações

ModeradorA. John Camm, MDProfessor de Cardiologia ClínicaSt. George's University de LondresCardiologista especialistaDepartamento CardiotorácicoSt. George's HospitalLondres, Reino Unido

Integrantes do painelManesh R. Patel, MDProfessor de medicina Chefe da Divisão de CardiologiaDepartmento de MedicinaCentro Médico da Universidade DukeDurham, Carolina do Norte, EUA

Craig Coleman, PharmD Professor de Prática Farmacêutica Departamento de Prática Farmacêutica Universidade de Connecticut Escola de Farmácia Storrs, Connecticut, EUA

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NOACs na prevenção de AVC em FA

Dr Camm: Sejam bem-vindos todos da plateia. Hoje vamos discutir alguns dados novos que estão aparecendo na área das evidências de vida real. Temos um grande número de evidências sobre a terapia com NOACs (anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina K) geradas por ensaios clínicos de fase III, com 72 mil pacientes nos ensaios clínicos de fase III básicos, que avaliaram esses medicamentos NOAC para fibrilação atrial. No momento também estão se acumulando muitas informações, provenientes de várias fontes, relacionadas ao que está acontecendo com esses medicamentos na prática clínica comum.

Temos a responsabilidade, e de certo modo a obrigação, de examinar esses dados. Por exemplo, é comum que os reguladores precisem conhecer essas informações. Muitas dessas informações estão sendo publicadas pela imprensa, e estamos começando a entender como lidar com isso. Estamos começando a ver cada vez mais que elas exploram áreas que os ensaios clínicos não exploraram. Craig, conte para nós um pouco sobre os diferentes tipos de evidência de vida real, e comece a explicar como podemos tentar entender esses dados.

Definição de evidências de vida real

Craig I. Coleman, PharmD: Evidência de vida real é um termo abrangente que inclui uma variedade de delineamentos de estudos. Em sua forma mais simples, muitas vezes discutimos os estudos clínicos retrospectivos. Eles podem ser estudos que são feitos no seu próprio hospital, usando o prontuário eletrônico do paciente ou uma revisão das fichas médicas, ou até mesmo bases de dados internas do hospital que são mantidas para fins de garantia de qualidade.

Também temos as análises das bases de dados de seguradoras, várias foram feitas recentemente na área de anticoagulação. Essas são grandes bases de dados mantidas pelas empresas de seguro de saúde para assegurar um reembolso apropriado dos serviços prestados por médicos e outros profissionais de cuidados de saúde. É claro que esses dados também podem ser usados para fins de pesquisa. Por último, temos os registros prospectivos e os estudos não intervencionistas de fase IV. Esses são os mais similares a um ensaio clínico randomizado. Claro, eles não têm o componente da randomização, mas têm outros aspectos. Eles são muito similares a um ensaio clínico randomizado.

NOACs na prevenção de AVC na FA

• Um grande número de evidências corrobora a segurança e a eficácia dos NOACs para a prevenção de AVC em pacientes com FA

• As evidências vêm de ensaios clínicos randomizados de grande escala, com >72 mil pacientes

Definição de evidências de vida real

Ensaios clínicos• Critérios rígidos de inclusão

e exclusão• Protocolo rígido de estudo• Taxas de evento

adjudicadas objetivamente

Evidências de vida real

• Estudos clínicos retrospectivos

– PEP, revisão das fichas médicas, base de dados do hospital

• Bases de dados de seguradoras

• Registros prospectivos– Estudos não

intervencionistas de fase IV

Força das

evidências

Forte

Fraca

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Usos das evidências de vida real

Esses estudos de evidências de vida real estão sendo usados por muitas razões diferentes. Uma área em particular, ou mesmo vários países, ou por meio de diferentes organizações, como a ACC, podem ser usadas para iniciativas de melhoria da qualidade.

Nos EUA, por exemplo, a FDA usa evidências de vida real para programas de farmacovigilância para assegurar que os medicamentos tenham um desempenho seguro no contexto de vida real. É claro que podemos fazer uma pesquisa comparativa de efetividade, comparando o medicamento A ao medicamento B, para ver se estamos observando resultados similares com base no que foi previsto nos ensaios clínicos randomizados.

Há algumas coisas que o ensaio clínico randomizado definitivamente não consegue fazer, como examinar os padrões de prescrição na utilização da medicação. Estudos como o GARFIELD e o ORBIT, que eu sei que o Manesh vai discutir daqui a pouco, são ótimos exemplos de evidências de vida real que podem responder perguntas que não poderiam ser respondidas no contexto de um ensaio clínico randomizado. Por último, para cumprir os requisitos de órgãos regulamentadores, como os que você mencionou, temos estudos como o XANTUS ou XALIA, e, nos EUA, estudos de vigilância após a comercialização.

Dr Camm: Acho que você resumiu bem para nós os tipos de evidências de vida real, mas como começar a entender a qualidade dessas evidências? É óbvio que nem todos esses estudos nos dão resultados similares. Entre os leitores há uma preocupação sobre o que tudo isso significa, porque um estudo diz que X é melhor que Y, e outro diz que Y é melhor que X.

Manesh R. Patel, M: Concordo totalmente. Acho que essa é uma questão importante. Como manejar ou fazer uma lista de controle sobre o que está realmente acontecendo como essas evidências de vida real? O que estamos tentando fazer? Outra coisa é que acho que me concentraria apenas no que você acabou de falar, qual é a pergunta que estamos tentando responder?

Dr Coleman: Certamente. Está claro que há muitos aspectos diferentes, como em um ensaio clínico randomizado, ou qualquer delineamento de estudo. Há muitos aspectos diferentes que contribuem para a validade e como devemos interpretá-los e usá-los na prática clínica. Poderíamos elaborar mais, provavelmente até ministrar um curso de pós graduação de como interpretá-los. Da perspectiva do clínico, geralmente há três coisas fundamentais a se fazer que eu gostaria de lembrá-los.

Os estudos específicos podem se encaixar em diversas categorias.

Usos das EVR

Fonte Objetivo

Melhoria da qualidadeO Memorial Sloan Kettering Clinical Pathway examinou a rivaroxabana para TEV relacionado ao câncer na prática diária

Programas de farmacovigilânciaComunicado/análises de segurança da FDA• ex, pioglitazona e câncer de bexiga (usando a base de

dados do Kaiser Permanente do norte da Califórnia)

Pesquisa de efetividade comparada

Usa múltiplas análises de bases de dados de seguradoras para comparar a efetividade dos medicamentos

Padrões de prescrição e uso da medicação

• ORBIT-AF, GARFIELD-AF• Múltiplas análises de bases de dados de seguradoras

Cumprir obrigações regulamentares

• Vigilância de segurança após a comercialização – XANTUS, XALIA

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Avaliação da qualidade das evidências de vida real

A primeira é se fazer a pergunta, os resultados da análise fazem sentido para você, em termos clínicos? Somos clínicos inteligentes, sabemos como examinar os dados, conhecemos nossos estados de doença. Deveríamos conseguir examinar os dados e ver se faz sentido.

Para dar um exemplo, se você lê um estudo, e está pensando em dois anticoagulantes, e parece que os agentes são relativamente similares, assim como sua capacidade de prevenir AVC. Ambos reduzem a hemorragia intracraniana no mesmo grau. De repente, notamos que um medicamento está associado a uma mortalidade maior que o outro. Faça a pergunta: como clínico, com base no que sei sobre fibrilação atrial não valvar, como é que isso acontece? Será mesmo que é o medicamento que está por trás disso, ou será outra coisa? Novamente, depende das suas perguntas, o que estamos realmente perguntando? Se queremos fazer a pergunta: esses medicamentos estão se comportando como deveriam, ou como achávamos que deveriam com base nos ensaios clínicos randomizados? Precisamos fazer essas perguntas.

Dr Camm: Esse é um bom exemplo, examinando os vários estudos com rivaroxabana. Sei que você também está envolvido nessa análise. Se você examinar, acho que são 6 estudos com rivaroxabana, temos taxas de sangramento maior entre 2% ao ano e 20% ao ano.[1]

Dr Patel: Certamente.

Dr Camm: Também vi dados que você apresentou examinando uma única base de dados, usando diferentes algoritmos para avaliar as taxas de sangramento maior, com resultados completamente discrepantes.

Avaliação da qualidade das evidências de vida real: cont. [2,3]

Dr Coleman: Certamente. Esse é o segundo aspecto que eu queria discutir, porque acho que todos os clínicos devem examinar isso. Quando examinamos um estudo de base de dados de seguradora, ou qualquer análise de vida real, é preciso se perguntar, eu confio na definição do desfecho? Obviamente, é nisso que os registros prospectivos, estudos não intervencionistas, é nisso que eles realmente se destacam. Eles têm desfechos predefinidos, resultados adjudicados, similares a um ECR, mas no caso de outros tipos de estudos de vida real, como as bases de dados de seguradoras, que não são nem um pouco raros, precisamos avaliar também a qualidade do desfecho. Ele foi validado? Ele é preciso, em termos da sensibilidade, especificidade, para identificar o desfecho?

Avaliação da qualidade das EVR

Os resultados fazem sentido clinicamente?

• Quais perguntas o estudo tenta responder?

• Como os resultados se comparam ao conhecimento prévio sobre FANV?

a. site do STROBE; b. site do RECORD.

Avaliação da qualidade das EVR (cont.)

Os resultados fazem sentido clinicamente?

• Quais perguntas o estudo tentaresponder?

• Como os resultados se comparam ao conhecimento prévio sobre FANV?

Você confia nos desfechos e nas suas

definições?

• Os desfechos foram validados?

• A base de dados está bem definida?

Os critérios do STROBE[a] e do RECORD[b] oferecem um esquema para avaliar a qualidade dos estudos de vida real.

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Há recomendações. Quando se fala em ensaios clínicos randomizados, falamos do CONSORT, e sobre as coisas que deveríamos estar incluindo no artigo.

Quando se fala em evidências de vida real, temos recomendações, como as do STROBE e do RECORD, para discutir o que precisamos apresentar no artigo. Uma dessas coisas que eles recomendam é que precisamos fornecer informações que comprovem a validade daquele desfecho de evidência de vida real.

Dr Patel: Acho que no primeiro exemplo que você deu, eu acharia que, se eles tinham taxas similares de AVC, mas mortalidade maior, será que é só porque os pacientes mais enfermos estão recebendo uma das terapias? Entendo o segundo exemplo, me preocupa o que o John disse, quando há taxas de sangramento muito variáveis e discordantes, será que o problema é como as medimos, quem medimos e qual o algoritmo usado? Infelizmente, realmente é preciso prestar muita atenção a essas coisas, porque é isso que vamos tentar replicar, o que vimos, ou se estão sendo usadas na prática como deveriam.

Dr Camm: Uma das minhas preocupações, Craig, é que muitas dessas evidências de vida real são obtidas de forma relativamente rápida a partir das bases de dados, e geralmente não há tempo para os pesquisadores escreverem um artigo sobre o que vão fazer. Não há um compromisso com a análise que vai ser feita antes de que seja feita. Sempre se pode imaginar que durante um processo analítico, isso possa variar consideravelmente dependendo dos resultados que estão emergindo da análise. Gostaria muito de ver algo como um artigo, ou pelo menos um registro desses estudos, antes que sejam feitos.

Dr Coleman: Acho que isso é bem justo. Para constar, é possível sim inscrever um estudo observacional, até mesmo uma análise de banco de dados de seguradora, no site de ensaios clínicos clinicaltrials.gov. Acho que é uma ideia excelente, algo que as organizações, revistas, deveriam começar a exigir para ver se acontece mesmo.

Dr Camm: Acho que isso deixaria os clínicos muito mais seguros.

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Avaliação da qualidade das evidências de vida real

Dr Coleman: O terceiro aspecto com o qual todos os clínicos deveriam se preocupar é a validação externa ou potencial de generalização dos resultados do estudo. Para evidências de vida real, geralmente usamos bases de dados dos EUA, da Dinamarca, de Taiwan. Não quero dizer que deveríamos ignorar os dados de fora do seu país, mas certamente observamos que análises similares feitas em países de origem diferentes, por exemplo, registro dos EUA vs. dinamarquês, têm resultados diferentes. John, acredito que seria possível até dizer que no XANTUS você observou resultados diferentes ou padrões de prescrição diferentes entre os vários países.

Dr Patel: Isso está relacionado a práticas locais e provavelmente ao tipo de prática que é importante localmente. Temos que pensar nisso quando pensamos em como cuidamos dos nossos próprios pacientes.

Dr Coleman: Certamente pode afetar os desfechos.

XANTUS[4]

Dr Camm: Posso contar para vocês um pouco sobre as informações recentes do XANTUS. Vocês se lembram do estudo, era um estudo observacional de 1 ano. Era um estudo do tipo não intervencionista, o que significa que não era possível entrar em contato com o médico para dizer que estava fazendo algo errado, porque a ideia era justamente descobrir o que ele estava fazendo e quais as consequências disso. Nesse estudo também estávamos examinando um medicamento em particular, nesse caso a rivaroxabana. O estudo durou um ano.

Avaliação da qualidade das EVR (cont.)

O estudo tem validade externa?

• Os resultados são generalizáveis para a sua população de pacientes?

Os resultados fazem sentido clinicamente?

• Quais perguntas o estudo tentaresponder?

• Como os resultados se comparam ao conhecimento prévio sobre FANV?

Você confia nos desfechos e nas suas

definições?

• Os desfechos foram validados?

• A base de dados está bem definida?

Camm AJ, et al. Vasc Health Risk Manag. 2014;10:425-434.

XANTUS

Objetivo: Coletar dados de vida real sobre eventos adversos em pacientes com FANV tratados com rivaroxabana para determinar o perfil de segurança da rivaroxabana para os vários tipos de perfil de segurança encontrados na prática clínica de rotina

Estudo de fase IV prospectivo, de braço único, observacional e não intervencionista Desfechos primários:

Sangramento maior (definição da ISTH),

óbito geral, qualquer outro evento adverso

Desfechos secundários: AVC e ES

não SNC

População do estudo:

Pacientes com FA não valvar (n=6.000) da

Europa que iniciaram tratamento com

rivaroxabana para prevenir o AVC ou o embolismo sistêmico

não SNC

Pesquisadores coletam dados na visita inicial, na alta do hospital (se aplicável) e trimestralmente3

Visita final 1 anob

Rivaroxabana; decisão sobre a duração do tratamento feita pelo médico

responsável

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XANTUS, XANTUS-EL, XANAP[5-7]

A primeira parte do estudo foi feita na Europa, no Canadá e em Israel, e recrutou cerca de 7 mil pacientes. Posteriormente ele foi ampliado para uma escala global, com países do Pacífico Asiático, em um estudo denominado XANAP, e países do Oriente Médio e da América Latina, em um estudo denominado XANTUS EL. No total, cerca de 16 mil pacientes foram convidados a participar do registro, e quase 11.500 concordaram. Eles foram acompanhados durante um ano.

XANTUS Perfil de tratamento com rivaroxabana[5, 8-10]

Alguns desses pacientes vieram, a maioria, da Europa e do Canadá, e houve algumas contribuições menores de lugares como a América Latina ou a América do Sul. Um número significativo veio da região do Pacífico Asiático. Com isso em mente, é interessante pensar em como os pacientes são tratados nessas diferentes partes do mundo.

Se existe um lugar do mundo onde o tratamento é bem diferente, é no Pacífico Asiático, onde os médicos tendem a usar uma dose menor do medicamento. Eles faziam isso com a varfarina, por exemplo, quando a varfarina era o único anticoagulante disponível. Eles mantinham os pacientes em uma RNI mais baixa. Com os agentes que usamos atualmente, os medicamentos NOAC, eles tendem a usar uma dose mais baixa, não apenas 15 mg de rivaroxabana com também, em muitas partes da Ásia, se houver alguma limitação renal pelo menos, eles chegam a 10 mg de rivaroxabana por dia.

Europa, Israel e CanadáOriente Médio,

Leste Europeu, África e América Latina

Pacífico Asiático

XANTUS[a]

(N = 6784)XANTUS-EL[b]

(N = 2064)XANAP[c]

(N = 2273)

XANAP

XANTUSXANTUS-EL

a. Camm AJ, et al. Eur Heart J. 2016;37:1145-1153; b. ClinicalTrials.gov. NCT01800006; c. ClinicalTrials.gov. NCT01750788.

XANTUS, XANTUS-EL, XANAP

a. Kirchhof P, et al. ESC 2017. Abstract 86691; b. Camm AJ, et al. Eur Heart J. 2016;37:1145-1153. c. Kim YH et al, APHRS 2016. Poster 2-116; d. Turpie AGG, et al. CardioAlex 2017.

XANTUS Perfil de tratamento com rivaroxabana

XANTUS agregado: duração do tratamento (média ± DP) foi de 324,5±117,80 dias, com mediana de 366 dias; persistência no tratamento após 1 ano era de 77,4%.

73,178,8

49,8

80,3

25,120,8

43,8

18,9

1,8 0,56,4

0,80

10

20

30

40

50

60

70

80

90

XANTUS agregado [1] XANTUS [2] XANAP [3] XANTUS-EL [4]

20 mg de rivaroxabana 15 mg de rivaroxabana Outra dose

Paci

ente

s, %

XANTUS agregado[a] XANTUS[b] XANAP[c] X XANTUS-EL[d]

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XANTUS agregado: desfechos globais de segurança[8]

Obviamente isso faz diferença, e estamos começando a examinar esses resultados e ver, por exemplo, que as taxas de AVC são maiores quando essas doses mais baixas de rivaroxabana são usadas. É claro que as taxas de sangramento são menores, em nível correspondente.

Dr Patel: Acho que essa é uma observação importante que vamos discutir um pouco em relação ao ORBIT também. Acho que a observação para muitos desses registros ou dados de vida real é primeiro pensar, esses agentes estão sendo usados da forma como foram estudados? Essa é a principal pergunta.

Dr Camm: Os resultados do XANTUS ao redor do mundo, sem distinção de lugar, foram bastante encorajadores. A taxa de sangramento maior foi de 1,7% ao ano. A taxa de AVC foi de 1%. A taxa de mortalidade foi de 1,9%. Uma das coisas que nos interessava muito é se havia algo que podia ser feito sobre essa taxa de sangramento maior. Examinamos a população do XANTUS, especificamente, para ver quais eram os principais fatores de risco para sangramento.

XANTUS: fatores de risco para sangramento maior[10]

Eles incluíam três fatores de risco que eram obviamente modificáveis: hipertensão não controlada, uso de AINEs, por exemplo, e de outros medicamentos com o potencial de aumentar o sangramento e consumo elevado de álcool. Havia esses três fatores de risco e havia outros que não eram realmente modificáveis. Aproveitamos a oportunidade, com base nos dados do XANTUS, para modelar o efeito do que aconteceria se você reduzisse esses fatores de risco modificáveis e os eliminasse.

*Representa IC de 95%.

Kirchhof P. et al, Eur Heart J. 2017;38:768-679.

XANTUS agregado: desfechos globais de segurança

1,7

1,0

1,9

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Sangramento maior AVC/ES Óbito geral

Taxa

de

inci

dênc

ia(e

vent

os/1

00 p

acie

ntes

-ano

s)

(1,5; 2,0*)

(0,8; 1,2*)

(1,6; 2,2*)

Kirchhof P, et al. ESC 2016.

XANTUSFatores de risco para sangramento maior

45

16

31

50

30

11

0

10

20

30

40

50

60

Fatores de riscomodificáveis

Fatores de risconão modificáveis

Fatores de riscomodificáveis +

não modificáveis

Sem fatores derisco

Popu

laçã

o, %

População global do XANTUSXANTUS População sangr. maior

Fatores de riscoRazão de Risco

(IC de 95%) Valor de P

Hipertensão não controlada: sim vs não

1,79 (1,05; 3,05)

0,034

AP, AINEs ou paracetamol concomitantes: sim vs não

1,80 (1,24; 2,61)

0,002

Álcool: consumo pesado vs abstinência/leve

2,37 (1,24; 4,53)

0,009

Álcool: consumo médio vs abstinência/leve

0,95 (0,62; 1,46)

0,819

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XANTUS: Efeito modelado dos fatores de risco modificáveis[10]

Descobrimos que podíamos reduzir a taxa anual de sangramento maior de cerca de 17% para cerca de 1,7%, bastando apenas eliminar os chamados fatores de risco modificáveis. Isso foi bastante animador.

Dr Patel: Incrível, pode ser difícil de fazer às vezes, mas muito incrível, e deve servir de incentivo. Como vimos a partir de outros dados de ensaios, mesmo nos dados das concentrações de vale, que a distribuição mais ampla do que acontece com um paciente é o sangramento maior. É mais frequente e provavelmente induzido por fatores que não têm nenhuma relação com os agentes, mas muita relação com o que os pacientes fazem.

XANTUS Resultados de acordo com a dosagem[5]

Dr Camm: Com isso em mente, gostaria de falar para vocês de uma outra pequena informação do XANTUS. Estávamos encarando uma situação em que alguns pacientes receberam a dose completa de rivaroxabana, 20 mg, enquanto outros receberam uma dose menor, 15 mg na maioria dos casos. Examinando os pacientes com a menor dose, apenas metade tinha função renal reduzida. A outra metade, claro, estava recebendo a dose completa e estavam recebendo doses altas demais.

Havia algum outro problema também, porque a dose baixa estava associada a uma taxa maior de AVC, o que talvez seja compreensível, mas também a uma taxa maior de sangramento e a uma taxa maior de mortalidade.

*E "típicos" para fatores de risco não modificáveis.Kirchhof P, et al. ESC 2016.

XANTUS Efeito modelado dos fatores de risco modificáveis

XANTUS: Probabilidade prevista de eventos de sangramento maior segundo um modelo multivariável

Probabilidade prevista de eventos de sangramento maior derivados do tratamento

e adjudicados no dia 400

Paciente com todos os fatores de risco modificáveis*

0,162

Paciente com 2 fatores de risco modificáveis*

0,082

Paciente com 1 fator de risco modificável*

0,038

Paciente sem nenhum fator de risco modificável*

0,017

Paciente "típico" para todos os fatores de risco

0,021

2,3

3,1

3,7

1,61,8

1,4

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

AVC/ES/AIT/IM Sangramento maior Mortalidade

Taxa

de

inci

dênc

iaEv

ento

s/10

0 pa

cien

tes-

anos

Dose de 15 mg

Dose de 20 mg

Camm AJ, et al. Eur Heart J. 2016;37:1145-1153.

XANTUSResultados de acordo com a dosagem

28/1.410 79/5.336 39/1.410 86/5.336 46/1.410 69/5.336

Sangramento maior, óbito geral e eventos tromboembólicos ocorreram com taxas maiores de incidência para doses de 15 mg vs. 20 mg

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XANTUS Dosagem inadequada[5]

O alarme começou a soar. Decidimos que seria necessário examinar as características da população que recebeu a dosagem inadequada, fosse ela alta ou baixa. Eram pacientes mais velhos, que tinham muito mais fatores de risco, escores CHA2DS2-VASc mais elevados, escores HAS-BLED mais elevados. Então suspeitamos que as comorbidades subjacentes eram o que estava causando todas essas taxas maiores de evento.

Quando examinamos o risco, descobrimos que, se combinássemos todos esses eventos adversos, a razão de risco era cerca de 50% maior devido à dosagem inadequada. Após corrigir para a comorbidade subjacente, a razão de risco voltava para a linha unitária, o que sugere que não era nem o medicamento nem a dose, de modo geral o problema era a doença em si.

Dr Patel Acho que esse é um ponto fundamental, John. Eu costumo insistir na função renal como fator crítico, mas o que você descreveu é aquele paciente idoso com muitas comorbidades, e que geralmente tem alguma disfunção renal; nesse caso sabemos que a dose deve ser reduzida. Se conseguirmos dosar esses pacientes corretamente para disfunção renal, reproduziremos os achados para essas comorbidades. Sabemos que esses pacientes são de alto risco, e como você demonstrou bem, ao fazer o ajuste, isso foi embora. Acho que a boa notícia do XANTUS é, os médicos estão atentos e a “dosagem inadequada” algumas vezes pode ser necessária para os fatores de risco, mas existem algoritmos para ajudar na prática.

Dr Camm: Falei um pouco sobre o XANTUS, mas sei que você estava envolvido em outro registro prospectivo denominado ORBIT.

Objetivos dos dados de registro

Dr Patel: Preciso dizer que muitos dos meus colegas, Eric Peterson, Jonathan Piccini, e outros, lideraram um grupo nacional de pesquisadores dos Estados Unidos para fazer um registro chamado ORBIT-AF. Após os grandes ensaios clínicos, a ideia do ORBIT e do GARFIELD era encarar o que eu diria que são três questões.

A primeira questão é, estamos tratando os pacientes? Deveríamos primeiro tentar tratar os pacientes? Se você dissesse qual era o primeiro objetivo da maioria, era dizer, existe uma necessidade não atendida de pacientes que não estão recebendo tratamento. Antes de abordar os registros, vou lembrar a vocês que quando esses ensaios começaram, a varfarina era insuperável.

Hoje estamos acomodados pensando que temos ótimas opções mas, em 2005, eu diria que a varfarina era como Mohammed Ali, nunca havia sido derrotada. A ximelagatrana não conseguiu. A aspirina, o clopidogrel não conseguiram. No entanto, houve uma redução

Camm AJ, et al. Eur Heart J. 2016;37:1145-1153.

XANTUSDosagem inadequada

Pacientes mais velhos

Mais fatores de risco

Escores CHA2DS2-VASc mais elevados

Escores HAS-BLED mais

elevados

As decisões de dosagem podem ter

sido tomadas com base em outras

considerações clínicas, além da função renal

reduzida

Objetivos dos dados de registro

Os pacientes estão recebendo o tratamento

recomendado?

Como os clínicos podem alcançar

melhores desfechos para

pacientes tomando varfarina?

Como os clínicos podem usar os

NOACs da forma mais efetiva?

Três perguntas fundamentais

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significativa do AVC. O problema era que 50% dos pacientes não estavam recebendo a terapia.

A primeira opção é, agora que temos novas terapias, podemos tratar os pacientes? A segunda ação era, para todos na varfarina, podemos tratá-los melhor? A terceira era, se vamos usar novos agentes, estamos aprendendo como utilizar esses novos agentes, e podemos usá-los melhor?

Lições dos dados de registro N.° 1[12]

O ponto forte do ORBIT era que seus dados prospectivos foram coletados com relação a desfechos, com tentativa de adjudicá-los de formas similares, e os dados demográficos basais, incluindo a função renal, foram mantidos. O que aprendemos? Infelizmente, assim como no GARFIELD, mais de 50% das pessoas ao redor do mundo não estavam recebendo anticoagulação no início do GARFIELD, na fase 1. No ORBIT, 40 a 45% dos pacientes não estavam recebendo nenhuma anticoagulação embora tivessem um escore CHADS2 ou um escore CHA2DS2-VASc bem dentro do que diríamos ser a faixa terapêutica.

Ao longo do tempo, com informações voltando para os médicos, com as informações clínicas, esse pacientes passaram a receber anticoagulação. Essa taxa subiu significativamente, em 20 a 30%. No mínimo, nos 5 anos desde que começaram a receber as terapias, podemos dizer que é provável que mais AVCs e mortalidade tenham melhorado.

Lições dos dados de registro N.° 2[13]

Algumas lições bem interessantes apareceram como acontece quando fazemos qualquer coisa dessas. Acho que a segunda lição era o mito da estabilidade da varfarina. Quando começamos a fazer isso eu dizia, por que vou colocar meu paciente em outra coisa, quando sempre foi estável na varfarina? Sean Pokorney e colegas fizeram uma análise em que examinaram os valores de RNI nos 6 meses anteriores, valores muito estáveis e bons de RNI, e tentaram prever para os 6 meses seguintes se havia uma probabilidade muito baixa de que os pacientes não teriam uma RNI fora da faixa, não teriam um evento de sangramento.

Dr Camm: Um ponto muito importante, porque os médicos, e pagadores e administradores, insistem que se o paciente estiver estável na varfarina, não precisamos mais nos preocupar. Isso embasa a mentira para esse tipo de premissa.

Dr Patel: Sim, pelo que os médicos já sabiam, o que já sabíamos dos ensaios, nos 6 primeiros meses, 30% dos pacientes começam a parar com a terapia se puderem, porque a varfarina não é bem tolerada. Acho que essa foi a segunda lição.

* Apenas NOAC ou associado a um agente AP.

Steinberg BA, et al. Am Heart J. 2017;194:132-140.

Lições dos dados de registro N.° 1

As taxas de uso de NOAC estão aumentando

• Nos pacientes com FANV recém-diagnosticado, o uso de NOAC aumentou:– GARFIELD-AF = 43%*– ORBIT-AF II = 71%*

Pokorney SD, et al. Am Heart J. 2015;170:141-148.e1.

Lições dos dados de registro N.° 2

O mito do paciente estável com varfarina continua

• ORBIT-AF• Pacientes com FA tomando

varfarina (n = 5210)– 59% na faixa terapêutica

(RNI 2,0; 3;0)– 25% < 2,0– 17% > 3,0

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Lições dos dados de registro N.° 3[14]

A terceira lição é uma recapitulação do que você disse, que infelizmente mesmo com todo o trabalho educativo, todo mundo tende a querer começar com uma dose que talvez não seja a dose aprovada do estudo. Vemos doses menores até em pacientes que não são de maior risco.

A terceira mensagem do ORBIT seria, como a mensagem do XANTUS, que precisávamos tratar mais pacientes, a varfarina não é tão estável quanto parece. De fato, quando você trata um paciente, use qualquer um dos agentes, mas use-os nas doses estudadas, lembrando que para rivaroxabana ela é de 20 mg ou 15 mg com disfunção renal. A maioria dos pacientes do ARISTOTLE recebeu 5 mg. Começamos a ver um pouco de 2,5 tanto no ORBIT quanto em outros dados que vamos discutir.

Dr Camm: Obrigado, Manesh. Craig, sei que você deu uma contribuição durante este encontro sobre a fragilidade dos pacientes e que os dados foram derivados das chamadas evidências de vida real. Você pode fazer uma atualização sobre isso?

NOACs em pacientes frágeis [15]

Dr Coleman: Certamente. Durante a ACC apresentamos uma pesquisa usando a base de dados Market Scanning Claims dos EUA. Usamos dados a partir de 2011 até o final do ano de 2016. Nosso objetivo era examinar pacientes realmente frágeis. Não eram apenas pacientes idosos ou pacientes com função renal diminuída ou pacientes com baixo peso corporal, que é um jeito comum de examinar a fragilidade. Usando um método de validação real para fazer o pareamento, o chamado fenótipo de fragilidade de Fried.

Usamos um instrumento chamado Johns Hopkins Claims-Based Frailty Indicator Score [escore indicador de fragilidade com base em reembolsos do Johns Hopkins]. Com o escore identificamos pacientes com FANV considerados frágeis de acordo com aquele instrumento. Em seguida examinamos pacientes tratados com apixabana, dabigatrana e rivaroxabana, em cada caso eles foram pareados 1 para 1 com pacientes tratados com varfarina para examinar suas eficácias comparadas.

Steinberg BA, et al. J Am Coll Cardiol. 2016;68:2597-2604.

Lições dos dados de registro N.° 3

As dosagens inadequadas continuam

• 1 em cada 8 pacientes da comunidade recebe doses de NOAC inconsistentes com a bula

Martinez BK, et al. JAHA. 2018. No prelo.

NOACs em pacientes frágeis

• Dados do MarketScan dos EUA de nov/2011 a dez/2016 • Pacientes com FANV considerados frágeis de acordo

com a pontuação do Johns Hopkins Claims-Based Frailty Indicator score [escore indicador de fragilidade com base em reembolsos do Johns Hopkins]. Usuários de apixabana, dabigatrana ou rivaroxabana foram pareados individualmente 1:1 com usuários de varfarina por meio de escores de propensão

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NOACs em pacientes frágeis: resultados [15]

Dependendo da análise, entre 2.700 e 5.200 pacientes foram incluídos na análise pareada. Foi feita uma análise separada para apixabana, dabigatrana e rivaroxabana, pareadas com varfarina.

Aos 2 anos, o que demonstramos primeiro é que a rivaroxabana estava associada a um risco menor, estatisticamente significante, de AVC e embolismo sistêmico, cerca de 32%, sem alteração significativa da taxa de risco ou risco de sangramento maior. No mesmo ponto de tempo, nem a apixabana nem a dabigatrana estavam associadas a diferenças significantes, mas estavam associadas a achados globais muito similares ao braço de rivaroxabana vs. varfarina.

Nossa mensagem final geral é que, nessa populações de pacientes frágeis, poderíamos usar DOACs e obter resultados no mínimo iguais, ou similares, de eficácia em relação à varfarina, com segurança no mínimo similar. Mais importante, e acho que isso é algo que você mencionou, Manesh, é que esses geralmente são os pacientes que não seriam tratados. Esses são os 40% que você vê no GARFIELD ou ORBIT, que costumam não receber terapia. Esses pacientes podem ser tratados.

Quando fizemos a apresentação de hoje, uma das perguntas interessantes foi por que você não mostrou nenhuma diferença na taxa de acidente vascular hemorrágico ou hemorragia intracraniana entre terapias, eu achava que esse era o benefício do medicamento? A resposta interessante para essa pergunta é que as taxas continuam a ser relativamente baixas, mesmo nessa população frágil, eles continuam não tendo esses sangramentos potencialmente mortais.

Dr Patel: Para dar mais contexto, no ROCKET havia 14 mil pacientes para identificar uma redução de 50 a 60%. Isso foi um total de 30, 40, 50 casos, entre tantos pacientes. Quando se usam evidências de vida real, mesmo que você tenha feito tudo direitinho, 5.200 pacientes não é suficiente para talvez detectar isso.

Martinez BK, et al. JAHA. 2018. No prelo.

NOACs em pacientes frágeisResultados

• Entre 2.700 e 5.270 pacientes incluídos nas análises pareadas com o escore de propensão de cada NOAC comparado à varfarina

• A rivaroxabana foi associada a um risco significantemente menor de AVC/ES de 32%, sem alterar o risco de sangramento maior (HR = 1,07; IC de 95%: 0,81; 1,32)

• A apixabana e a dabigatrana não foram associadas a diferenças no risco de AVC/ES (HR = 0,78; IC de 95%: 0,46; 1,35; e HR = 0,94; IC de 95%: 0,60; 1,45) nem a diferenças no sangramento maior (HR = 0,72; IC de 95%: 0,49; 1,06; e HR = 0,87; IC de 95%: 0,63; 1,19)

• Não houve diferenças na HIC

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Resumo

Dr Camm: Isso contribui para os dados de que pacientes frágeis não são pacientes que devemos evitar anticoagular. Acho que essa é uma mensagem muito importante. Acho que fizemos uma ótima discussão sobre as evidências de vida real, exatamente o que elas são, que tipos de evidências de vida real existem, e como elas podem ser interpretadas corretamente. Vimos e ouvimos atualizações sobre o registro ORBIT, o registro XANTUS, e o trabalho que você está fazendo especificamente na base de dados do TRUVEN MarketScan.

Obrigado

Acho que fizemos uma análise bem profunda, e gostaria de agradecer muito a você, Craig, e a você, Manesh. Obrigado a todos na plateia.

Resumo

• Grande número de evidências de ensaios clínicos e evidências de vida real apoiam o uso de NOAC na FANV

• As evidências de vida real incluem diversos tipos de delineamentos de estudos

• Os clínicos precisam avaliar a qualidade do delineamento do estudo

– Os critérios STROBE/RECORD oferecem um esquema de avaliação • As lições das evidências de vida real incluem:

– As taxas de uso de NOAC estão aumentando – As dosagens inadequadas continuam– Qualquer agente NOAC é apropriado para a maioria dos pacientes se

forem utilizados nas doses estudadas nos ensaios clínicos– Análises retrospectivas recentes de bases de dados de seguradoras

revelam que mesmo pacientes frágeis podem ser anticoagulados

Obrigado por participar desta atividade.

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Referências

1. Weeda ER, White CM, Peacock WF, et al. Rates of major bleeding with rivaroxaban in real-world studies of nonvalvular atrial fibrillation patients: a meta-analysis. Curr Med Res Opin. 2016;32:1117-1120.

2. STROBE statement: strengthening the reporting of observational studies in epidemiology. https://www.strobe-statement.org/index.php?id=strobe-home. Accessed April 3,2018.

3. RECORD: Reporting of studies conducted using observational routinely-collected data. http://www.record-statement.org/. 2017. Accessed April 3, 2018.

4. Camm AJ, Amarenco P, Haas S, et al. XANTUS: rationale and design of a noninterventional study of rivaroxaban for the prevention of stroke in patients with atrial fibrillation. Vasc Health Risk Manag. 2014;10:425-434.

5. Camm AJ, Amarenco P, Haas S, et al. XANTUS: a real-world, prospective, observational study of patients treated with rivaroxaban for stroke prevention in atrial fibrillation. Eur Heart J. 2016;37:1145-1153.

6. ClinicalTrials.gov. Xarelto for Prevention of Stroke in Patients With Atrial Fibrillation in Latinamerica and EMEA Region (XANTUS-EL). NCT01800006. https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT01800006. Accessed April 3, 2018.

7. ClinicalTrials.gov. Xarelto for Prevention of Stroke in Patients With Atrial Fibrillation in Asia (XANAP). https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT01750788. NCT01750788. Accessed April 3, 2018.

8. Kirchhof P, Radaideh G, Kim YH, et al. Safety analysis of rivaroxaban: a pooled analysis of the global XANTUS programme (real-world, prospective, observational studies for stroke prevention in patients with atrial fibrillation) [abstract P3592]. Eur Heart J. 2017;38:768-769.

9. Kim YH, et al. Presented at: 9th Asia Pacific Heart Rhythm Society; October 12-15, 2016. Poster 2-116.

10. Turpie AGG, et al. presented at CardioAlex 2017, Day 1, Hall A, Session 2.

11. Kirchhof P, Haas S, Amarenco P, et al. Predictors of major bleeding in patients with atrial fibrillation treated with rivaroxaban in XANTUS: findings from a real-world prospective study. Presented at: European Society of Cardiology Congress; August 27-31, 2016; Rome, Italy.

12. Steinberg BA, Gao H, Shrader P, et al. International trends in clinical characteristics and oral anticoagulation treatment for patients with atrial fibrillation: results from the GARFIELD-AF, ORBIT-AF I, and ORBIT-AF II registries. Am Heart J. 2017;194:132-140.

13. Pokorney SD, Simon DN, Thomas L, et al. Patients’ time in therapeutic range on warfarin among US patients with atrial fibrillation: results from ORBIT-AF registry. Am Heart J. 2015;170:141-148.e1.

14. Steinberg BA, Shrader P, Thomas L, et al. Off-label dosing of non-vitamin K antagonist oral anticoagulants and adverse outcomes: the ORBIT-AF II registry. J Am Coll Cardiol. 2016;68:2597-2604.

15. Martinez BK, Sood NA, Bunz TJ, et al. Effectiveness and Safety of Apixaban, Dabigatran and Rivaroxaban Versus Warfarin in Frail Patients with Nonvalvular Atrial Fibrillation. JAHA. 2018. In press.

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Abreviaturas

AINE = anti-inflamatório não esteroide

AIT = ataque isquêmico transitório

AP = antiplaquetário

AVC/ES = acidente vascular cerebral/embolismo sistêmico

CHA2DS2-VASc = insuficiência cardíaca congestiva/disfunção ventricular esquerda, hipertensão, idade ≥75 [dobrado], diabetes, AVC [dobrado] -- doença vascular, idade 65 a 74 e categoria de sexo [feminino] 

ECR = ensaio clínico randomizado

ES = embolismo sistêmico

EVR = evidências de vida real

FA = fibrilação atrial

FANV = fibrilação atrial não valvar

FDA = Food and Drug Administration (EUA)

HAS-BLED = hipertensão modificada, função renal/hepática anormal, AVC, história ou predisposição de sangramento, razão normalizada internacional instável, idoso, medicamentos/álcool concomitantes

HR = razão de risco

IC = insuficiência cardíaca

IM = infarto do miocárdio

ISTH = Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia

NOAC = anticoagulante oral não antagonista da vitamina K

PEP = Prontuário Eletrônico do Paciente

RNI = razão normalizada internacional

SNC = sistema nervoso central

STROBE = Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology [Fortalecendo a divulgação de estudos observacionais em Epidemiologia]

TEV = tromboembolismo venoso

Isenção de responsabilidade

Este documento é apenas para fins educativos. Nenhum crédito será concedido como formação médica contínua (Continuing Medical Education, CME) apenas com a leitura do conteúdo deste documento. Para participar desta atividade, visite: www.medscape.org/roundtable/noacs-af-rwe

Para perguntas relacionadas com o teor desta atividade, entre em contato com o fornecedor desta atividade educativa no endereço: [email protected]

Para suporte técnico, entre em contato com [email protected]

A atividade educacional apresentada acima pode envolver cenários simulados baseados em casos. Os pacientes apresentados nestes cenários são fictícios e nenhuma associação com um paciente real é pretendida ou deve ser pretendida.

O material apresentado aqui não necessariamente reflete as opiniões da Medscape, LLC, ou das empresas que apoiam o programa educacional no site medscape.org. Estes materiais podem discutir produtos terapêuticos que não foram aprovados pela Food and Drug Administration dos EUA e utilizações fora das indicações de medicamentos de produtos aprovados. Um profissional de cuidados de saúde qualificado deve ser consultado antes de usar qualquer produto terapêutico discutido. Os leitores devem verificar todas as informações e dados antes de tratar os pacientes ou empregar quaisquer terapias descritas nesta atividade educacional.

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