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EVOLUÇÃO TECTONO-ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO
CUIABÁ NO ALINHAMENTO CANGAS-POCONÉ, BAIXADA
CUIABANA, MATO GROSSO.
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Reitor
Paulo Speller
Vice-Reitor
Elias Alves de Andrade
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Marinêz Isaac Marques
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
Diretor
Carlos Antonio Dornellas
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
Chefe
João Batista de Matos
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geociências
Rúbia Ribeiro Viana
iii
iv
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N.03
EVOLUÇÃO TECTONO-ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO CUIABÁ NO ALINHAMENTO CANGAS-POCONÉ, BAIXADA CUIABANA, MATO
GROSSO.
Cláudia do Couto Tokashiki
Orientador
Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Departamento de
Recursos Minerais da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial à obtenção
do Título de Mestre em Geologia.
CUIABÁ
2008
v
Universidade Federal de Mato Grosso – http://ufmt.brInstituto de Ciências Exatas e da Terra – http://ufmt.brCurso de Geologia – http://ufmt.brDepartamento de Recursos Minerais – http://ufmt.brPrograma de Pós-Graduação em Geociências – [email protected] Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó78.060-900 – Cuiabá, Mato GrossoFone: (65) 3615-8000 – Fax: (65) 3628-1219 – e-mail: – http://ufmt.br
Os direitos de tradução e reprodução são reservados.Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiadaou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas dedireito autoral.
Depósito Legal na Biblioteca NacionalEdição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação – SISBIB –Universidade Federal de Mato Grosso
Tokashiki, Cláudia do CoutoEvolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no alinhamento Cangas-Poconé, Baixada Cuiabana,
MatoGrosso. [manuscrito]. / Cláudia do Couto Tokashiki – 2008
Orientador: Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Geociências.
Área de Concentração: Sedimentologia e Estratigrafia1. Geologia – Dissertação. 2. Evolução tectono-estratigráfica – Dissertação. 3. Grupo Cuiabá. 4. Alinhamento Cangas-Poconé. I. Universidade Federal de Mato Grosso. Departamento de Geologia. II. Título.
CDU: .....
vi
Dedicatória
Dedico esse trabalho à minha mãe,
Ana, sempre guerreira e amiga,
como reconhecimento de todo apoio e incentivo
em todos os anos da minha vida.
Em memória do meu pai e meu irmão, que onde quer que estejam estão sempre torcendo por mim.
vii
viii
AgradecimentosAgradeço primeiramente a Deus, pelos cuidados desde antes do meu nascimento e pelo
discernimento por mais esta conquista.À minha família, minha mãe Ana Tokashiki; minhas irmãs Sandra e Adriana Tokashiki; minha
tia Hissako Nagassawa e meu marido Fernando pelos constantes incentivos e compreensão no desenvolvimento deste trabalho e aos meus sobrinhos Renan, Marquinhos e Rafael, sempre me alegrando e me ajudando a continuar, mesmo nas fases mais difíceis. Sem se esquecer de minha avó Sebastiana, minha tia Nilta e meu primo e futuro geólogo Newton Diego.
Ao orientador, Dr. Gerson Souza Saes, por todo o tempo concedido em trabalhos de campo e laboratório, indicando qual caminho a tomar e sendo sempre compreensivo e paciente para comigo.
À COOPERPOCONÉ, representados pelos geólogos André Molina e José Maria Gorjão Luz pelo apoio financeiro, liberação dos testemunhos de sondagem e acompanhamento na etapa de campo. Acompanhamentos extensivos ao Sr. Jonas Gimenez e sua irmã Selma pela gentileza no auxílio das atividades de campo.
Aos discentes Bruno Vasconcelos e Daniel pela ajuda em trabalhos de campo, e em especial ao Bruno pela descrição de testemunhos e microfotos, sempre muito prestativo e disposto a ajudar.
Aos técnicos: Vera, Benedito, Reginaldo, Nunes, França e Adriano pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.
Aos colegas de mestrado Elisa, Marcos, Sergio, Rosilene, Alessandra, Ana Lucia, Elaine, Jamil, Edevaldo e Gisele, minha imensa gratidão pelas sugestões, discussões e companheirismo.
Ao Prof. Ms Jacson, por todas as dicas e auxílios.A Chapleau Exploração Mineral Ltda, um agradecimento especial aos geólogos Ian Gendal,
Carlos Ulema, Elvio Schelle e Alex Raab, pelos ensinamentos, paciência e dedicação, obtive excelentes dicas e aprendi muito com eles, o que muito me ajudou no desenvolvimento dessa dissertação. E aos grandes amigos que conquistei na empresa, como o Paulo (Grilo), um grande irmão que sempre esteve do meu lado e também outras pessoas maravilhosas como Marnie, Graci, Miguel e Reni.
À amiga e colega de profissão Fabiana, uma pessoa muito especial que sempre me ajudou, seja numa dica ou numa palavra amiga, sempre presente nesses longos anos de vida acadêmica e profissional.
À coordenadora da Pós-graduação Prof. Dr. Rúbia Ribeiro Viana pela enorme dedicação sempre dispensada a mim, desde a inscrição à finalização deste trabalho.
Ao Almeida, pela gentileza e contribuição de bibliografias enviadas.A todos os professores e cursistas do mestrado, só tenho a agradecer por todo o empenho em
nos auxiliar na construção do nosso conhecimento.À banca examinadora, Prof. Dr. Amarildo Salinas Ruiz e Alexandre Perinotto, por terem
aceito meu convite e por toda as contribuições, com correções, dicas e elogios ao meu trabalho.Ao funcionário da TECGEO e amigo Carlos Eduardo pelo auxilio nos mapas, sempre muito
prestativo.Aos amigos que deixei em Nova Canaã do Norte, os quais em palavras ditas ou não, sempre
me incentivaram a encarar a dura vida de geóloga de campo.Finalmente, a todos que contribuíram direta ou indiretamente com a conclusão deste.Muitíssimo obrigada a todos.
ix
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SumárioAgradecimentos............................................................................................................................... ixSumário............................................................................................................................................ xiLista de Figuras............................................................................................................................... xiiiResumo............................................................................................................................................. xvCapítulo 1
Introdução1. Contexto Geológico Regional........................................................................................ 12. Estratigrafia do Grupo Cuiabá..................................................................................... 1
Capítulo 2Artigo
Resumo................................................................................................................................ 5Abstract............................................................................................................................... 61. Introdução...................................................................................................................... 72. Contexto Geológico Regional........................................................................................ 83. Estratigrafia do Grupo Cuiabá..................................................................................... 104. Tectônica do Grupo Cuiabá.......................................................................................... 145. Geologia do alinhamento Cangas/Poconé.................................................................... 15
5.1. Fácies sedimentares........................................................................................... 185.1.a. (Meta) conglomerados+arenitos+pelitos gradacionais..................... 195.1.b. Meta-ritmitos arenopelíticos com clastos caídos............................... 215.1.c. Metadiamictitos maciços...................................................................... 225.1.d. Contexto deposicional.......................................................................... 24
5.2. Petrografia......................................................................................................... 256. Conclusões..................................................................................................................... 28Referências bibliográficas................................................................................................. 31Anexos................................................................................................................................. 35Ficha de aprovação............................................................................................................ 39
xi
xii
Lista de FigurasFigura 2.1 - Mapa geológico da Faixa Paraguai em MT, MS e Bolívia e seção estrutural
esquemática (A-B) entre Cuiabá e Mirassol d’Oeste (Alvarenga 1988)................................ 10Figura 2.2 - Comparação entre as colunas estratigráficas propostas para o Grupo Cuiabá e
subdivisão adotada neste trabalho........................................................................................... 11Figura 2.3 – Carta estratigráfica da Faixa Paraguai adotada neste trabalho para a região da
Baixada Cuiabana. Os números correspondem às sub-unidades de Luz et al. (1980). 1 e 2 – Filitos intercalando filitos grafitosos, mármores e metagrauvacas; 3 e 5 – Metaconglomerados, metarenitos e filitos gradacionais, metarcóseos e quartzitos; 4) Metadiamictitos (Engenho) e ritmitos areno-pelíticos com “dropstones” (Cangas); 6, 7 e 8 – Filitos, metadiamictitos, quartzitos (Mata-Mata) e mármores (Guia).................................. 14
Figura 2.4 – Esboço geológico de parte da Baixada Cuiabana, destacando a área do alinhamento Cangas/Poconé (adaptado de Luz et al. 1980 e Alvarenga 1988)........................................... 16
Figura 2.5 – Imagem da região aurífera de Cangas, destacando-se a orientação NE do Alinhamento Cangas-Poconé (controle estratigráfico?) e a orientação NW das cavas de garimpos.................................................................................................................................. 17
Figura 2.6 – Meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos caídos do Membro Cangas em cavas de garimpos na região de Cangas: A) Padrão recumbente (R) das dobras D1 afetadas por redobramento co-axial D2; B) Estrutura monoclinal com baixo mergulho para SE; C) Detalhe da estrutura rítmica; D) Filão de quartzo aurífero com orientação transversal à estrutura regional..................................................................................................................... 18
Figura 2.7 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-05 mostrando o predomínio das fácies de metaconglomerados+metarenitos+filitos em ciclos granodecrescentes e variações da porcentagem dos principais óxidos.................................................................................... 20
Figura 2.8 – Principais litofácies no testemunho de sondagem FPO-05: A) metapelitos laminados; B) Metaconglomerados com abundantes clastos de rocha carbonática; C) Metarenitos laminados; D) Metaconglomerados deformados em zonas de alto strain; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos com aspecto nodular....................................................................................................................................
20
Figura 2.9 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-10, mostrando o predomínio dos meta-ritmitos com clastos caídos e metadiamictitos maciços e porcentagens dos principais óxidos...................................................................................................................................... 21
Figura 2.10 – Principais litofácies do testemunho de sondagem FPO-10: A, C, H, E - Meta-ritmitos areno-pelíticos com textura mosqueada; B) Metadiamictitos com abundantes clastos de rocha carbonática; D,G) Níveis de magnetititos interestratificados com (meta) ritmitos/diamictitos; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos magnéticos com clasto isolado de granito........................................................... 22
Figura 2.11 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-03, caracterizado por intercalações de diamictitos maciços, laminados e ciclos gradacionais de metaconglomerados, metarenitos, metapelitos e porcentagens dos principais óxidos............ 23
Figura 2.12 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-08 mostrando o predomínio de diamictitos maciços, laminados, intercalações das fácies de metaconglomerados+metarenitos+filitos, e variações dos principais óxidos ........................ 24
Figura 2.13 – Modelo deposicional esquemático das principais litofácies da Formação Acorizal no alinhamento Cangas/Poconé (Modificado de Freitas 2003).............................................. 25
Figura 2.14 – Fotomicrografias dos metassedimentos da Fm. Acorizal no testemunho de sondagem FPO-05: A) Porfiroclasto de rocha carbonática em matriz lepidoblástica com sericita, quartzo e óxido de Fe; B) Alternância de bandas sericíticas e bandas ricas em óxido de Fe em filito ferruginoso; C) Porfiroclasto de plagioclásio e de rocha carbonática (seta) na matriz de metaconglomerado; D) Blastese de biotita na matriz de metaconglomerado (seta); E) Níveis de biotita sin-cinemática alternando níveis quartzosos e sericíticos; F) Porfiroblasto de óxido de Fe, mostrando pré-existência em relação à clivagem metamórfica; G) Porfiroclasto de rocha carbonática e preenchimento de fraturas por carbonato hidrotermal ...................................................................................................... 27
xiii
xiv
Resumo
A margem sudeste do Cráton Amazônico teve sua evolução ligada à dispersão do Supercontinente Rodínia nos primórdios do Neoproterozóico (<1.0Ga), constituindo a partir de então o cenário para o desenvolvimento de uma bacia de margem passiva, na qual se acumularam milhares de metros de sedimentos hoje reconhecidos como componentes do Grupo Cuiabá. Sua área de exposição se estende milhares de km² na denominada Baixada Cuiabana e sua estratigrafia tem sido estudada desde os trabalhos pioneiros de Evans (1894). Almeida concedeu grande contribuição para o estudo do Grupo Cuiabá, sendo o primeiro a fazer reconhecimentos na Faixa Paraguai e algum tempo depois foi Alvarenga (1988), quem propôs a divisão desta faixa em zonas estruturais e unidades litoestratigráficas. Este trabalho é o resultado da execução de seções regionais, estudo de cavas de garimpos e testemunhos de sondagem de rochas do Grupo Cuiabá na região da Baixada Cuiabana. Foi possível propor a subdivisão do Grupo Cuiabá em unidades litoestratigráficas (formações) e nestas a individualização de unidades menores (Membros), ambas denominadas na tentativa de resgatar as denominações e seções clássicas da literatura sobre a Faixa Paraguai. Estas formações foram denominadas da base para o topo como: Campina de Pedras, Acorizal e Coxipó. Na região compreendida entre Cangas e Poconé a porção média da Formação Acorizal é composta por uma associação de litofácies que inclui meta-ritmitos grossos e finos e diamictitos aqui denominada Membro Cangas. A interpretação faciológica desta unidade indica um contexto deposicional de contato geleira-oceano, com os processos deposicionais regidos por correntes torrenciais geradas em túneis sub-glaciais, desenvolvendo leques sub-aquosos (debris apron) passando distalmente a ambiente marinho raso com clastos caídos a partir de icebergs. Nesta área o Grupo Cuiabá foi submetido à intensa deformação como dobras recumbentes, metamorfizado na Fácies Xistos Verdes (Zona da Biotita) e alterado por fluidos hidrotermais ricos em sulfeto, carbonato, e sericita concomitantes ao alojamento dos veios de quartzo aurífero. O alojamento preferencial da mineralização aurífera ao longo do Alinhamento Cangas-Poconé deu-se à baixa permeabilidade das encaixantes, sua posição estrutural de baixo ângulo e retrabalhamento de terrenos granito-greenstone da borda SE do Cráton Amazônico.
xv
Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
CAPÍTULO 1INTRODUÇÃO
1. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
O Conde Francis de Castelnau (1857) foi o primeiro a registrar a ocorrência de ardósias
fortemente inclinadas no vale do Rio Miranda (MS), mas coube a Evans (1894), constatar a existência de
estruturas dobradas nas regiões da Província Serrana e Baixada Cuiabana e a primeira descrição dessas
rochas sob o nome de Cuyaba Slates, entretanto, a individualização como unidade litoestratigráfica, se
deve a Almeida, que em 1964, individualizou os Grupos Jangada e Cuiabá, quando também reconheceu a
faixa de dobramentos marginal ao Cráton, propondo a designação Geossinclíneo Paraguai para agrupar as
três zonas estruturais que a compõe: a zona da Baixada do Alto Paraguai, da Província Serrana e Baixada
Cuiabana. O referido autor, em 1965, descreveu a geotectônica do centro-oeste mato-grossense, e a
definiu como uma entidade tectônica brasiliana, que se estende em direção ao Baixo Tocantins e Araguaia,
e utilizou pela primeira vez o termo Faixa de Dobramentos Paraguai-Araguaia.
Hasui et al.(1980), tendo como base os discordantes padrões geocronológicos e as fortes
diferenças estruturais e de composição litológica apresentadas pelos segmentos Paraguai e Araguaia,
sugeriram a individualização de duas faixas móveis marginais ao Cráton Amazônico: a leste, a Faixa de
Dobramentos Araguaia e a sudeste, nos estados de MT, MS e no Paraguai, a Faixa de Dobramentos
Paraguai.
Almeida (1984) fez uma síntese completa sobre essa unidade geotectônica e foi a mais importante
síntese sobre a geologia do Cinturão Paraguai, onde o autor identificou três zonas estruturais adjacentes -
as Brasilides Metamórficas, as Brasilides Não-metamórficas e as Coberturas Brasilianas - que retratam
uma clara polaridade metamórfica e estrutural em direção ao Cráton Amazônico.
Del’Rey Silva (1990), considerando os dados estruturais obtidos em uma análise estrutural
detalhada, realizada em algumas áreas da região de Cuiabá, sugeriu para a Faixa Paraguai, uma evolução
tectônica controlada por cinturões de cavalgamento do tipo película delgada (thin-skinned), explicando
através de back-thrusting, a vergência centrípeta que caracteriza essa faixa móvel.
2. ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ
Almeida (1964) detalhou a composição litológica do Grupo Cuiabá, reconhecendo vários tipos de
rochas, constituídas de metassedimentos detríticos, predominantemente pelíticos, mas com importante
desenvolvimento local de quartzitos, metagrauvacas e subsidiariamente metaconglomerados, atribuindo
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Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
suas características sedimentares a um depósito acumulado em ambiente tectonicamente ativo,
provavelmente todo marinho e não vulcânico. Observou ainda “que as camadas de quartzitos devem
representar épocas de moderada quietude enquanto que as seqüências cíclicas de metagrauvacas e filitos,
qualquer que seja sua origem representam máxima inquietação tectônica da bacia sedimentar”.
Almeida (1965) ao relacionar o posicionamento estratigráfico do Grupo Cuiabá, afirma que
constitui de uma seqüência interrompida de materiais acumulados num mesmo ortogeossinclíneo. Em
relação ao posicionamento estratigráfico da Série Cuiabá, enfatizou que esta é certamente anterior a
Formação Puga e ao Grupo Corumbá, dos quais deve separar-se por discordância angular.
Luz et al. (1980 a e b), trabalhando em escala de semi-detalhe no Projeto Coxipó, apresentou a
seguinte subdivisão para o Grupo Cuiabá:
* Subunidade 1 – Aflora no núcleo da Branquianticlinório de Bento Gomes, em uma região totalmente
arrasada, localizada a NE do município de Poconé, próximo ao vilarejo de Chumbo, cobrindo uma
superfície de aproximadamente 100 km2. Esse pacote representa a unidade basal do grupo, possuindo uma
espessura mínima em torno de 300m, sendo observado apenas o seu contato superior com a subunidade 2,
que se dá de forma gradacional. Dentre os tipos litológicos que compõem esta subunidade destacam-se os
filitos sericíticos de cor cinza-claro, com intercalações de filitos e metarenitos um pouco grafitosos. Em
meio a esta litologia é raro encontrar-se veios de quartzo hidrotermal. Essas rochas acham-se intensamente
dobradas, fraturadas e foliadas.
* Subunidade 2 - Localizada no município de Poconé, situa-se no flanco NW do Branquianticlinório de
Bento Gomes. Ocorre na fazenda denominada Buriti dos Brancos e sua adjacências em uma área de
aproximadamente 180 km2. O contato superior com a subunidade 3 dá-se de forma gradacional, podendo
também ser observados contatos tectônicos, por falhas normais, inversas e de empurrão. Estima-se para
essa subunidade uma espessura ao redor de 350m. Os litotipos mais observáveis nessa subunidade são os
metarenitos arcosianos verde-escuro a preto, filitos cinza-escuro, localmente grafitosos e lentes de
mármore calcítico, sendo que os metarenitos arcosianos constituem a variedade predominante deste
pacote. Intercalado a essa seqüência, ocorrem finas camadas de metarenitos calcíticos. É observável nesta
subunidade uma foliação metamórfica incipiente. Os veios de quartzo são raros, sendo que quando se
apresentam, preenchem planos de fraturas, cuja direção oscila em torno de N40º / 60ºW.
* Subunidade 3 – Observável especialmente na Serra Descida do Buriti e Descida do Mundo Novo no
trecho da estrada Sete Porcos a Poconé, ocupando uma superfície de aproximadamente 1.750 km². Aflora
formando grande estrutura de anticlinório/sinclinório e o contato com as rochas que lhe estão sotopostas é
do tipo gradacional, ocorrendo também falhamento normal, inverso e de empurrão. É a subunidade que
mais fornece elementos estruturais e litológicos, tais como a existência de estratificações originais plano-
2
Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
paralelas, diferenças marcantes de cotas e mergulhos das camadas bem definidos. Litologicamente é
composta de filitos, filitos conglomeráticos, metaconglomerados, metarcóseos, metarenitos, localmente
ferruginosos, lentes de filitos calcíferos, além de níveis de hematita no topo. As rochas dessa subunidade
apresentam-se meso e microdobradas em estilo simétrico, assimétrico, isoclinal e recumbente.
* Subunidade 4 – Localiza-se na região de Jangada e suas adjacências, ocupando uma superfície de 100
km2. As rochas dessa subunidade afloram geralmente nas abas de sinclinais. Litologicamente constitui-se
de metaparaconglomerados de cores cinza escuro a cinza esverdeado com tonalidades rosadas, arroxeadas
e avermelhadas e possuem raras intercalações de filitos e metarenitos. Os veios de quartzo estão quase
ausentes nesta subunidade.
* Subunidade 5 – Distribui-se por toda área do projeto, abrangendo uma área de 1.100 km2. Suas rochas
afloram nos núcleos e abas de grandes estruturas regionais, representadas por anticlinórios e sinclinórios e
em faixas delimitadas por falhas de empurrão de direção geral N45o E. O contato com as rochas que lhe
estão sotopostas é transicional e, em certos locais, esta subunidade faz contato direto com a subunidade 7.
Observam-se também contatos bruscos de natureza tectônica através de falhas inversas ou de empurrão,
colocando essa subunidade em contato direto com as subunidades 3, 4 e 7. Litologicamente a subunidade
em epígrafe é constituída por filitos e filitos sericíticos, metarcóseo, metamicroconglomerados e
subordinadamente quartzitos.
* Subunidade 6 - Ocorre na porção oriental do projeto e geralmente se caracteriza como uma faixa de
transição entre as subunidades 5 e 7 cobrindo uma área em torno de 300 km2. Dispõe-se nas abas de
grandes estruturas representadas por anticlinório e sinclinório, com eixo de direção aproximadamente
N40º/60ºE. Encontra-se em um elevado estágio de arrasamento e é constituída por filitos conglomeráticos
com intercalações subordinadas de metarenitos, quartzitos e mármore.
* Subunidade 7 - Ocorre no extremo noroeste do projeto, compreendendo uma área ao redor de 270 km2.
Litologicamente constitui-se quase que totalmente por metaparaconglomerados petromíticos, existindo
raras intercalações de filitos e metarenitos.
As diferentes colunas estratigráficas propostas para a Faixa Paraguai mostram que existem
inúmeras controvérsias sobre a sua estratigrafia (Alvarenga 1984). Segundo este autor, duas interpretações
estratigráficas e estruturais maiores foram propostas:
1) Presença de duas grandes unidades estruturais e estratigráficas, onde as rochas da zona interna (Grupo
Cuiabá), mais fortemente metamorfisadas e dobradas, são consideradas como mais antigas que aquelas das
formações Diamantino, Raizama, Araras, Puga e Bauxi que constituem a zona externa da faixa e a
3
Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
cobertura cratônica (Figueiredo & Olivatti 1974, Ribeiro Filho & Figueiredo 1974, Ribeiro Filho et al.
1975, Schobbenhaus Filho & Oliva 1975, Luz et al. 1980, Barros et al. 1982, Almeida 1984, entre outros).
2) Depósitos parcialmente contemporâneos entre as formações Puga e Bauxi e os metassedimentos da
zona interna da faixa (Grupo Cuiabá). A maioria das unidades litoestratigráficas se distribui em fácies
diferentes, nos três domínios estruturais individualizados. Assim, por exemplo, a unidade estratigráfica
inferior está representada pelas formações Puga e Bauxi, delgadas e sub-horizontais na zona de cobertura
cratônica, e mais espessas e dobradas na zona externa da faixa, passando ao Grupo Cuiabá, espesso,
tectonizado e metamorfisado dentro do domínio interno da faixa (Alvarenga 1988, Alvarenga &
Trompette 1992, Alvarenga & Saes 1992). Esta interpretação admite que a estratigrafia da Faixa Paraguai
seja composta por: Unidade Inferior, Unidade Média Turbidítica/Glaciogenética, Unidade Média
Carbonatada e Unidade Superior (Grupo Alto Paraguai).
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Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
CAPÍTULO 2ARTIGO
EVOLUÇÃO TECTONO-ESTRATIGRÁFICA DO GRUPO CUIABÁ NO
ALINHAMENTO CANGAS-POCONÉ, BAIXADA CUIABANA, MATO GROSSO.
CLÁUDIA DO COUTO TOKASHIKI - Programa de Pós-graduação em Geociências–UFMT- Av.
Fernando Corrêa da Costa, s/n Bairro Coxipó – [email protected] – 78060-900 – Cuiabá-MT.
GERSON SOUZA SAES - Departamento de Recursos Minerais-UFMT-PPGEC - Av. Fernando Corrêa da
Costa, s/n Bairro Coxipó – [email protected] – 78060-900 – Cuiabá-MT.
Resumo
O Grupo Cuiabá compreende uma espessa pilha metassedimentar acumulada na margem sudeste
do Cráton Amazônico e afetado pelo Ciclo Orogênico Brasiliano-Panafricano (~600 Ma). O estudo de
afloramentos, cavas abertas para exploração de ouro e testemunhos de sondagem no Alinhamento Cangas-
Poconé forneceram a base para propor uma divisão litoestratigráfica do Grupo Cuiabá em formações
Campina de Pedras, Acorizal e Coxipó. Ao longo desse alinhamento é reconhecida uma associação de
fácies com predomínio de meta-ritmitos com dropstones, com uma forte assinatura magnética,
denominada aqui como Membro Cangas na porção média da Formação Acorizal, possuindo uma provável
crono-correlação com o Membro Engenho depositado sob influência glacial. Esta litofácies ocorre
associada com (meta) conglomerados, arenitos e pelitos e horizontes subordinados de diamictitos maciços.
Esta sucessão é sugestiva de acumulação em ambiente marinho influenciado por glaciação. Os meta-
ritmitos são interpretados como depositados durante um longo período de glaciação, elevação eustática do
nível do mar e liberação de clastos grossos de massas de gelo flutuantes (icebergs). A pilha sedimentar foi
afetada pelo metamorfismo regional em fácies xistos verdes e alcançando Zona da Biotita, deformada em
dobras recumbentes e submetida à intensa atividade hidrotermal durante as últimas fases de deformação,
com remobilização de veios de quartzo, sericitização, sulfetação e fluidos carregando ouro. A
mineralização aurífera é considerada como o produto de uma combinação de fatores, todos contribuindo
para o trapeamento do fluxo dos fluidos hidrotermais, tais como a baixa permeabilidade de rochas
encaixantes, a posição estrutural transversal à trajetória do fluxo hidrotermal e o retrabalhamento de um
embasamento granito-greenstone fértil na borda sudeste do Cráton Amazônico.
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Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
Abstract
The Cuiabá Group comprises a thick metasedimentary pile accumulated at the southeastern
margin of Amazon Craton and affected by the Brasiliano-Panafrican Orogenic Cycle (~600Ma). The study
of outcrops, open pits for gold explorations and drilling cores at Cangas-Poconé Alignment provides the
basis for proposing a lithostratigraphic division of the Cuiabá Group into the Campina de Pedras, Acorizal
and Coxipó formations. Along this alignment is recognized a facies association with predominance of
meta-rhythimites with dropstones, with a very strong magnetic signature denominated here as Cangas
Member on the midlle portion of the Acorizal Formation, encompassing a probable chronocorrelation with
the glacially influenced Engenho Member. These lithofacies occur associated with (meta) conglomerates,
sandstones and pellites and subordinated horizons of massive diamictites. This sucession is suggestive of
accumulation on a glacially influenced marine setting. The meta-rhythimites are interpreted as deposited
during a long period of deglaciation, eustatic rise of sea level and liberation of coarse clasts from floating
icemasses (icebergs). The sedimentary pile was affected by regional metamorphism at greenschist facies
and reaching the Biotite Zone, deformed in recumbent folds and submitted to intense hydrothermal
activity during the last phases of deformation, with remobilization of quartz veins, sericitization,
sulfetation and gold bearing fluids. The gold mineralization is supposed like the product of a combination
of diverse factors, all contributing to the trapping of hydrothermal fluid flow, such as the very low
permeability of host rocks, it’s structural transverse position to the hydrothermal fluid flow path and a
reworking of a fertile granite-greeenstone basement terrain on the southeastern border of Amazon Craton.
Palavras chave: Neoproterozóico; Faixa Paraguai; Grupo Cuiabá; Ouro
Key words: Neoproterozoic, Paraguai Belt, Cuiabá Group, Gold
6
Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO
Há muito tempo nota-se o grande interesse despertado pelas rochas que compõem o Grupo
Cuiabá, haja vista a farta literatura, iniciada no século XIX com o Conde Francis de Castelnau (1857) e
Evans (1894). Estudos posteriores foram realizados por Almeida (1948, 1954, 1964, 1965, 1974, 1984,
1985), Vieira (1965), Figueiredo et al. (1974), Ribeiro Filho et al. (1975), Olivatti (1976), Luz et al.
(1980), Barros et al. (1982), Alvarenga (1984 e 1988), Alvarenga & Saes (1992), Alvarenga & Trompette
(1993), assim como monografias de conclusão do curso de Geologia da UFMT, (Freitas 2003) e (Leão e
Dall´Oglio 2008), dissertação de mestrado (Silva, 1999), tese de doutoramento (Alvarenga, 1990) e
relatórios de pesquisas realizadas por empresas de mineração interessadas em avaliar o potencial aurífero
da região da Baixada Cuiabana.
O Grupo Cuiabá é constituído por metassedimentos clásticos com pequena contribuição química e
vulcânica, afetado por várias fases de deformações e metamorfisado na fácies xistos verdes.
O presente trabalho tem como objetivo o estudo litoestratigráfico e tectônico do Grupo Cuiabá no
trecho compreendido entre a cidade de Poconé e o distrito de Cangas, assim denominado Alinhamento
Cangas-Poconé, orientado N40°E e hospedeiro das principais mineralizações da Província Aurífera da
Baixada Cuiabana (Paes de Barros et al. 1998) (Fig. 1). As informações compiladas da literatura, aliadas
ao levantamento de seções geológicas regionais, lograram a reconstituição do empilhamento estratigráfico
original, a identificação e interpretação das principais fácies sedimentares e o estabelecimento de unidades
e superfícies de correlação para a parte intermediária do Grupo Cuiabá na região. Foram estudados 04
(quatro) testemunhos contínuos de sondagens realizadas nas proximidades de Poconé e Cangas,
totalizando cerca de 800m de amostragem de sub-superfície, sendo enfocadas as principais estruturas
primárias e associações litológicas, com registro fotográfico e seleção de amostras para estudos
petrográficos (seções delgadas) e geoquímicos, sendo o método utilizado para análise química a difração
de raio X e fusão, ambos realizados pelo laboratório LAMUT/DRM/UFMT. Estes estudos visaram à
identificação das paragêneses minerais e composição química ligadas aos protólitos sedimentares, ao
metamorfismo regional e ao intenso hidrotermalismo que atuou na área.
Os resultados alcançados permitiram a identificação de três unidades estratigráficas principais no
conjunto metassedimentar, separadas entre si por importantes quebras no regime deposicional preservado
(discordâncias?) e que podem ser propostas como unidades litoestratigráficas formais: as formações
Campina de Pedras (Freitas, 2003), Acorizal (Almeida, 1964) e Coxipó (Guimarães e Almeida, 1972). As
unidades reconhecidas possuem caráter de seqüências estratigráficas, podendo ser subdivididas em outras
de menor hierarquia com o reconhecimento de ciclos de afogamento e superfícies de erosão interna as
unidades maiores e foram nomeadas com o propósito de resgatar, embora com modificações,
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Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
denominações e seções tipo clássicas e consagradas, notadamente aquelas de Almeida (1964). É proposta
a denominação de Membro Cangas da Formação Acorizal para o espesso pacote de meta-ritmitos
ferruginosos com clastos caídos que encerra as principais acumulações auríferas no Alinhamento Cangas
Poconé e é sugerida a existência de forte controle litológico para as mesmas, em adição ao controle
estrutural já amplamente discutido em trabalhos anteriores (Paes de Barros 1998, Silva 1999, Silva et al.
2002, 2006, entre outros).
2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Os cinturões orogênicos do Ciclo Brasiliano-Pan-Africano (~600 Ma) marcam uma das mais
importantes feições tectônicas do embasamento pré-cambriano do território brasileiro. A Faixa Paraguai-
Araguaia como definida originalmente por Almeida (1965), constitui um cinturão de dobramentos de
destaque na região central do continente sul-americano, bordejando o leste-sudeste do Cráton Amazônico
e o leste do Bloco Rio Apa. A descontinuidade geográfica entre os dois segmentos, além de datações
radiométricas (Hasui et al. 1980), levaram Silva et al. (1974) e Almeida (1974,1984) à subdivisão deste
cinturão em duas unidades: o Cinturão Araguaia/Tocantins, margeando a borda leste do Cráton
Amazônico e o Cinturão Paraguai, ao longo da sua borda sudeste. Almeida (1984) subdividiu a Faixa de
Dobramentos Paraguai em três zonas estruturais: Brasilides Metamórficas, Brasilides não Metamórficas e
Coberturas Brasilianas, renomeadas por Alvarenga (1988) e Alvarenga & Trompete (1992) como Zona
Estrutural Interna, Zona Estrutural Externa e Coberturas Sedimentares de Plataforma, respectivamente.
Alvarenga (1988, 1990) descreve a Faixa Paraguai como um cinturão de dobramentos polifásicos afetado
pelo Ciclo Brasiliano e constituído por metassedimentos dobrados e metamorfisados, que em direção ao
Cráton Amazônico passam progressivamente a coberturas sedimentares em parte contemporâneas e
estruturalmente onduladas, falhadas, mas não metamorfisadas. São características gerais da Faixa
Paraguai, a forma de um grande arco convexo para o Cráton Amazônico, a intensa deformação linear,
presença de falhas inversas e empurrões, dobramento isoclinal e recumbente, escassez de vulcanismo e
presença de plutões graníticos em suas zonas internas (Almeida 1984, Alvarenga 1990, Alvarenga &
Trompette 1993).
Um ramo da Faixa Paraguai se estende desde Corumbá através da Bolívia com direção WNW-
ESSE, sendo conhecido como Cinturão Tucavaca (Litherland et al. 1986). Este se apresenta como uma
grande estrutura sinclinal na Bolívia, recentemente interpretado como um aulacógeno, em contraste com
as concepções que consideravam a existência de um cinturão dobrado Brasiliano-Pan-Africano distinto,
isolando o Cráton Amazônico do Bloco Rio Apa (Trompette 1994) (Fig. 1). O contexto geodinâmico da
Faixa Paraguai ainda é tema controverso. Almeida (1984) sugere que as características litológicas,
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Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
estruturais e metamórficas do Grupo Cuiabá são compatíveis com bacia do tipo miogeossinclinal,
possivelmente passando a condições eugeossinclinais na área hoje oculta sob a Bacia do Paraná.
Alvarenga & Trompette (1992) admitem uma evolução lateral da sedimentação do Grupo Cuiabá e seus
equivalentes cratônicos, compatível com o desenvolvimento de uma margem passiva na borda oeste de um
oceano brasiliano, ou acumulação em borda de um aulacógeno/rift continental. Contudo, conforme já
assinalado por Almeida (1984), o limite arqueado da faixa (convexo para o antepaís cratônico a oeste),
parece incompatível com a presença de descontinuidade crustal importante entre as duas unidades
geotectônicas, resultando improvável a segunda hipótese aventada por aqueles autores.
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Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
Figura 2.1 - Mapa geológico da Faixa Paraguai em MT, MS e Bolívia e seção estrutural esquemática (A-B) entre Cuiabá e Mirassol d´Oeste (Alvarenga, 1988). O retângulo a
sudoeste de Cuiabá assinala a área estudada.
3. ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ
Almeida (1948) descreveu a Série Cuiabá como composta por metassedimentos de baixo grau
metamórfico, predominantemente filitos com intercalações de quartzitos, ambos cortados por veios de
quartzo “ligados à intrusão granítica de São Vicente”. Almeida (1965), ainda identificou na Faixa
Paraguai três estágios tectono-estratigráficos: inferior, médio e superior, referentes às variações dos
processos de sedimentação influenciados pela evolução miogeossinclinal. O referido autor ainda reportou 10
Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
as rochas do Grupo Cuiabá, como sendo de depósitos de flysch, originados por correntes de turbidez
relacionadas com deslizamentos submarinhos havidos nos fundos instáveis do geossinclineo.
Guimarães & Almeida (1972) reconheceram cinco conjuntos de rochas separáveis e empilhadas
estratigraficamente dentro do Grupo Cuiabá, sendo da base para o topo: metaconglomerados e quartzitos;
filitos e filitos ardosianos; quartzitos; metagrauvacas e metarcóseos, englobados no Grupo Cuiabá
indiferenciado; metassedimentos periglaciais denominados de Formação Coxipó.
Segundo Alvarenga (1984, 1990) e Alvarenga & Saes (1992), a Faixa Paraguai pode ser dividida
em quatro grandes grupos cronoestratigráficos: Seqüência Inferior, Seqüência Média Glácio-marinha
Turbidítica, Seqüência Média Carbonatada e Seqüência Superior. Estes autores verificaram os aspectos
sedimentológicos presentes nas zonas externa e interna da faixa, mostrando a existência de uma passagem
gradual de um ambiente glácio-marinho com correntes de turbidez para um ambiente essencialmente
turbidítico em sua zona mais interna, na região de São Vicente (Fig. 2).
Figura 2.2 - Comparação entre as colunas estratigráficas propostas por vários autores para o Grupo Cuiabá e a subdivisão adotada neste trabalho.
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Tokashiki, C.C. 2008. Evolução tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento Cangas-Poconé/MT.______________________________________________________________________________________________
Luz et al. (1980) evocam a existência de dois ambientes deposicionais distintos para o Grupo
Cuiabá: as subunidades 1, 2, 3, 5 e 6 sugerem “ambiente marinho onde as instabilidades tectônicas deram
origem a correntes de turbidez, e conseqüentes fluxos de lamas. Os turbiditos assim depositados
apresentam intercalações de rochas carbonáticas, características dos períodos de quiescência tectônica. E
que a fácies conglomerática seja o produto de fluxo de detritos, ocasionado por correntes de turbidez,
enquanto que o material pelítico evidenciaria períodos de quiescência. Já as subunidades 4 e 7 têm sido
consideradas como tilitos (Almeida 1965; Hennies 1966) e por outros (Viera 1965) como “pebbly-
mudstones”, sugestivos de ambiente marinho em clima frio. Luz et al. (1980) sugeriram para as
subunidades 4 e 7 um ambiente glácio-marinho, possivelmente associado a grandes massas de gelo
flutuantes”.
Na porção leste da faixa (Nova Xavantina, Barra do Garças/MT e Bom Jardim e Cocalinho/GO)
o Grupo Cuiabá consiste de rochas metassedimentares finas (filitos) e quartzitos associados. Rochas
vulcânicas máficas, sedimentos químicos (formações ferríferas bandadas e chert) e camadas de filitos
carbonosos limitadas por uma zona de cisalhamento, são relacionados ao Grupo Cuiabá nas cercanias de
Nova Xavantina, na área do Garimpo Araés. Esta associação encontra-se sotoposta e foi desmembrada do
Grupo Cuiabá tendo sido denominada Seqüência Metavulcanossedimentar Nova Xavantina por Pinho
(1990) e interpretada como uma fase embrionária de abertura de fundo oceânico na Faixa Paraguai ou uma
bacia do tipo retroarco: Lacerda Filho et al. (2004). Martinelli et al. (1997) e Martinelli (1998) adotam a
mesma interpretação estratigráfica, tendo Martinelli & Batista (2003) renomeado esta unidade como
Seqüência Metavulcanossedimentar dos Araés, constituída da base para o topo de uma Associação
Metavulcânica (metabasaltos, metatufos, xistos, metandesitos e lápili-tufos); Associação Química
(formações ferríferas bandadas, filitos carbonosos e metacherts); Associação Clástica (metassiltitos,
metargilitos e quartzitos).
No núcleo da Antiforme do Bento Gomes em Poconé foi denominada a Unidade Campina de
Pedras em referência ao vilarejo situado no flanco NW da antiforme (Freitas, 2003). É constituída da base
para o topo por espessa (> 2.000m) seqüência deposicional granocrescente de filitos, filitos grafitosos,
intercalações de metarenitos com ciclos de Bouma incompletos, mármores calcíticos e metagrauvacas
feldspáticas, que sugere fortemente um contexto deposicional de lagos profundos, em clima tropical a
semi-árido, assoreados por deltas que carreavam detritos do Cráton Amazônico expostos nas ombreiras de
bacias tipo rift, instaladas nos primórdios da fragmentação do Supercontinente Rodínia (<1,0Ga) (Unrug
1997, Brito Neves 1999). Esta seqüência está separada das subunidades sobrepostas por contato brusco e
notável mudança litológica, configurando importante quebra no regime deposicional e climático,
provavelmente envolvendo discordância estratigráfica (como a que separa os sedimentos lacustres da Fase
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Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
Rift daqueles da Fase Drift das bacias cretácicas da margem atlântica da América), atualmente mascarada
pela intensa deformação de ambos os conjuntos.
A coluna estratigráfica apresentada neste trabalho é proposta como uma tentativa de resgate das
denominações e seções tipo clássicas da literatura geológica sobre a Faixa Paraguai (Fig. 3). Neste
trabalho optou-se na escolha pela bibliografia de Luz et al (1980), para que fosse feita a correlação das
unidades, fato esse por apresentar uma subdivisão bem clara e detalhada, o que demonstrou um importante
passo na evolução do conhecimento geológico do Grupo Cuiabá:
A Formação Campina de Pedras é adotada segundo o conceito de Freitas (2003) englobando as
subunidades 1 e 2 de Luz et al. (1980), correspondendo à Unidade Inferior de Alvarenga (1988). A
Formação Acorizal (Almeida, 1964) está correlacionada com as subunidades 3, 4 e 5 de Luz et al.(1980) e
à Fácies Intermediária da Unidade Média Turbidítica Glacio-marinha de Alvarenga (1988). Empresta o
nome da cidade situada a cerca de 70km a norte de Cuiabá, denominação esta anteriormente adotada por
Almeida (1964) como unidade basal do Grupo Jangada, abrigando ainda as formações Engenho, Bauxi e
Marzagão. É composta predominantemente por depósitos gradacionais rítmicos de (meta)
conglomerados+arenitos+pelitos, com intercalações subordinadas de meta-ritmitos com clastos caídos,
quartzitos e metadiamictitos maciços. Os metadiamictitos são variados quanto ao seu aspecto, destacando-
se um nível marcante pela coloração cinza-arroxeada da sua matriz, que se estende desde Jangada, onde
apresenta espessura estimada de cerca de 300m, até próximo ao trevo de Sete Porcos na BR-070, onde
possui espessuras da ordem de alguns metros, desaparecendo por completo nos arredores de Cuiabá e
Poconé. Este nível de metadiamictitos foi registrado por Almeida (1964), que lhe atribuiu à denominação
de Formação Engenho (aqui redefinida como Membro Engenho), constituinte do Grupo Jangada e
individualizado por Luz et al. (1980) como subunidade 4. Os meta-ritmitos com clastos caídos do
alinhamento Cangas-Poconé são aqui denominados de Membro Cangas e interpretados como variação
faciológica cronocorrelata do Membro Engenho, em virtude da sua posição estratigráfica (contato entre as
subunidades 3 e 5 de Luz et al. 1980) e conspícuo caráter glaciogênico de ambas. A Formação Acorizal
recobre a Unidade Campina de Pedras em aparente discordância e representa a pilha sedimentar glácio-
marinha acumulada em uma margem continental do tipo Atlântico, documentando os depósitos da fase
drift da evolução tectônica da Margem Paraguai. A Formação Coxipó (Guimarães e Almeida 1972) é
composta predominantemente de filitos conglomeráticos, metarenitos, quartzitos, mármores e
metadiamictitos petromíticos, ressaltando-se uma considerável variação litológica em toda a sua extensão.
Corresponde parcialmente à Formação Marzagão de Almeida (1964), às subunidades 6 e 7 de Luz et al.
(1980) e à Fácies Proximal da Unidade Turbidítica Glácio-marinha de Alvarenga (1988). Abriga também
o Membro Guia (mármores calcíticos e dolomíticos aflorantes na Sinclinal da Guia) e os quartzitos que
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formam o alinhamento de serras que se estende da Serra de São Vicente até Barão de Melgaço (Membro
Mata-Mata) (Fig.3).
Figura 2.3 – Carta estratigráfica da Faixa Paraguai para a região da Baixada Cuiabana. Os números correspondem às subunidades de Luz et al. (1980). 1 e 2 – Filitos intercalando filitos grafitosos, mármores e metagrauvacas; 3 e 5 – Metaconglomerados, metarenitos e filitos gradacionais, metarcóseos e quartzitos; 4 – Metadiamictitos (Engenho) e meta-ritmitos arenopelíticos com clastos caídos (Cangas); 6, 7 e 8 – Filitos, metadiamictitos, quartzitos (Mata-Mata) e mármores (Guia).
4. TECTÔNICA DO GRUPO CUIABÁ
As feições estruturais observadas nas rochas do Grupo Cuiabá na Baixada Cuiabana, em escala
micro, meso e macroscópica permitiram caracterizar com base em critérios de superposição, o efeito de
quatro fases de deformação. Dentre as estruturas identificadas na área, destaca-se a foliação principal que
ao longo de uma seção de NW para SE, varia de mergulho íngreme para SE, passando por vertical, até
alcançar mergulho para NW. Esta variação parece estar acompanhada de um aumento na intensidade da
deformação de NW para SE e mudança da orientação da lineação de estiramento. Com base na variação
da atitude da foliação principal a área é dividida em dois domínios para facilitar a descrição de suas
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Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
estruturas: Domínio NW (DNW), onde a foliação Sn mergulha para SE, e Domínio SE (DSE) no qual a
foliação mergulha para NW (Silva 1999). O exame das rochas do Grupo Cuiabá é dificultado pelo alto
grau de alteração, visto que a maior parte dos afloramentos está alterada ou encoberta, ora por uma capa
de laterita, ora por sedimentos recentes, sendo extremamente rara a exposição de rocha sã.
Para Luz et al. (1980) a deformação da faixa móvel foi de natureza polifásica, originando três
fases de deformação holomórfica em escala regional nos metassedimentos do Grupo Cuiabá. A primeira,
além de dobrar as rochas desse grupo, provocou o metamorfismo regional de fácies xistos verdes, com
conseqüente segregação de veios de quartzo que se alojaram paralelamente à foliação S1. A segunda fase,
originou dobras isoclinais assimétricas e recumbentes, envolvendo os acamamentos transpostos, e as
dobras intrafoliais, e também formação de nova foliação S2 superimposta à primeira. Finalmente a terceira
fase manifestou-se fundamentalmente nas seqüências plásticas, que localmente chegam a transpor a
foliação S2, formando uma clivagem de crenulação pronunciada e um novo elemento planar S3.
5. GEOLOGIA DO ALINHAMENTO CANGAS-POCONÉ
Na região de Cangas-Poconé o Grupo Cuiabá está representado pelas subunidades 3, 4 e 5 (Luz et
al. 1980), Fácies Intermediária da Unidade Média Turbidítica Glácio-marinha de Alvarenga (1988) ou
Formação Acorizal (Almeida 1964 e este estudo) (Fig. 4). Os dados obtidos em cavas de garimpos e
testemunhos de sondagem confirmam a presença das sucessões rítmicas em várias escalas da Formação
Acorizal (Unidade Ribeirão Figueira, Freitas 2003). A imagem de satélite da figura 5 indica um controle
estrutural para as mineralizações auríferas, vinculadas aos filões de direção NW (direção das cavas),
porém distribuídas ao longo de uma estreita faixa de direção NE, coincidente com a área de ocorrência do
Membro Cangas, fato sugestivo de forte controle estratigráfico na precipitação dos fluidos hidrotermais.
A macroestruturação do alinhamento Cangas-Poconé, difere substancialmente das demais regiões
de ocorrência do Grupo Cuiabá, sendo caracterizada por grandes dobras recumbentes, com a foliação
plano axial S1 normalmente paralela à estratificação primária e mergulhando com baixos ângulos para SE
(Fig. 6), comportamento anômalo este já documentado por diversos autores (Pires et al. 1986, Silva et al.
2006, Leão & Dall’Oglio 2008).
Estudos geofísicos realizados na área demonstraram a presença de uma zona linear NE com fortes
anomalias de suscetibilidade magnética e condutividade elétrica, coincidentes com a zona mineralizada,
denominada de Zona Magnética e atribuída por Leão & Dall’Oglio (2008) à presença de filitos
magnetíticos em sub-superfície.
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Figura 2.4 – Esboço geológico de parte da Baixada Cuiabana, destacando a área do alinhamento Cangas/Poconé (modificado de Luz et al.1980 e Alvarenga 1988).
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C A N G A S
2,5 k m
N
Figura 2.5 – Imagem da região aurífera de Cangas, destacando-se a orientação NE do Alinhamento Cangas Poconé (controle estratigráfico?) e a orientação NW das cavas de garimpos.
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S50E
S40ES40EA B
DC
R S1S2
Figura 2.6 – Meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos caídos do Membro Cangas em cavas de garimpos na região de Cangas: A)Padrão recumbente (R) das dobras D1 afetadas por redobramento co-axial D2; B)Estrutura monoclinal com baixo mergulho para SE; C)Detalhe da estrutura rítmica; D)Filão de quartzo aurífero com orientação transversal à estrutura regional.
5.1. Fácies sedimentares
O estudo de cavas de garimpos, raros afloramentos e descrição dos testemunhos de sondagem 3,
5, 8 e 10 (Fig. 4) permitiram a identificação de uma associação de três litofácies sedimentares principais,
geneticamente relacionadas e que fornecem elementos de apoio para a proposição de um modelo
deposicional deste intervalo estratigráfico do Grupo Cuiabá: i) (meta) conglomerados+arenitos+pelitos em
ciclos métricos granodecrescentes; ii) meta-ritmitos arenopelíticos com clastos caídos; iii) metadiamictitos
maciços. Ressaltando que os perfis abaixo descritos podem não apresentar o real empilhamento
estratigráfico, visto que a região apresenta dobras recumbentes, possibilitando desta forma possíveis
repetições de camadas.
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5.1.a. (Meta) conglomerados+arenitos+pelitos gradacionais
Esta litofácies é registrada em sub-superfície em todos os testemunhos estudados, especialmente
no furo FPO-5 (Fig. 7) no qual é a unidade dominante, raramente é observada em cavas. É caracterizada
pela alternância rítmica de conglomerados polimíticos, clasto-sustentados, maciços, passando
superiormente em contato gradacional, para arenitos maciços ou laminados e culminando com espessos
pacotes de pelitos, maciços e mais raros, finamente laminados (Fig. 8). Os clastos maiores têm naturezas
diversas, incluindo seixos de granito, gnaisse, quartzito, metabásica e rocha carbonática. Apresentam
variados graus de deformação, desde horizontes com a forma original dos clastos preservada (Fig. 8-B e
E) até zonas de alto strain, com seixos estirados e sombras de pressão bem desenvolvidas (Fig. 8-D). Os
metapelitos apresentam intervalos calcíferos, textura mosqueada conferida por fenoblastos de óxido de
ferro e aspecto nodular (Fig. 8-F). Os teores dos principais óxidos mostram pequenas variações, à exceção
do intervalo de 30,5m correspondente a um veio de quartzo sulfetado, se refletindo nos teores mais altos
de sílica, ferro e potassio. O horizonte analisado aos 98m corresponde a filitos laminados magnetíticos
com o conseqüente enriquecimento em alumina e ferro. As características desta litofácies permitem sua
correlação com as Fácies Intermediárias da Unidade Média Turbidítica Glaciogenética de Alvarenga
(1988), conforme documentadas nas proximidades de Acorizal e detalhadamente descrita por Freitas
(2003) como componente principal da Unidade Ribeirão Figueira no flanco NW da Antiforme do Bento
Gomes. Ambos os autores admitem sua origem a partir de materiais glaciais retrabalhados por correntes
de turbidez.
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Figura 2.7 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-05 mostrando o predomínio da fácies metaconglomerados+metarenitos+filitos em ciclos granodecrescentes e variações da porcentagem dos principais óxidos.
Figura 2.8 – Principais litofácies no testemunho de sondagem FPO-05: A) Metapelitos laminados; B) Metaconglomerados com abundantes clastos de rocha carbonática; C) Metarenitos laminados; D) Metaconglomerados deformados em zonas de alto strain; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos com aspecto nodular.
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5.1.b. Meta-ritmitos arenopelíticos com clastos caídos
Esta litofácies apresenta-se em todas as cavas de garimpo ao longo do Alinhamento Cangas-
Poconé, além das grandes espessuras amostradas nos testemunhos FPO-3,8 e 10 (Figs. 9,10,11 e12). É
essencialmente constituída por delgadas (~3cm) intercalações de finas lâminas de metapelitos escuros
(não raro carbonosos e ferruginosos) e lâminas de metarenitos finos de cores claras (amarelo, cinza, rosa).
Apresentam em geral poucos clastos caídos, que podem variar de centimétricos a métricos e incluem
fragmentos diversos, predominando os clastos de rochas plutônicas ácidas (granitos e gnaisses). Na
sondagem FPO-10, cerca de 10km a sudoeste de Cangas (Fig. 4) esta litofácies intercala níveis delgados
de metadiamictitos maciços, arroxeados e com abundantes clastos angulosos de rocha granítica e
carbonática (Fig. 10-B). Os meta-ritmitos apresentam aspecto mosqueado, conferido por porfiroblastos de
óxido de ferro, em geral limonitizados, níveis calcíferos e outros ricos em hematita e magnetita (Figs. 9 e
10). Os níveis ricos em magnetita e hematita são detectados pela análise química dos principais óxidos,
apresentando teores de Fe2O3 de até ~50% em algumas amostras (Figs. 9, 11 e 12).
Figura 2.9 - Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-10, mostrando o predomínio dos meta-ritmitos com clastos caídos e metadiamictitos maciços e porcentagens dos principais óxidos.
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Figura 2.10 – Principais litofácies do testemunho de sondagem FPO-10: A, C, H, E - Meta-ritmitos areno-pelíticos com textura mosqueada; B) Metadiamictitos com abundantes clastos de rocha carbonática; D,G) Níveis de magnetititos interestratificados com (meta) ritmitos/diamictitos; E) Estrutura gradacional entre metaconglomerados e metarenitos; F) Metapelitos magnéticos com clasto isolado de granito.
5.1.c. Metadiamictitos maciços
Os metadiamictitos são observados como litofácies subordinadas no testemunho FPO-10, e FPO-
05, porém ocorrendo em aproximadamente igual proporção aos diamictitos laminados nos testemunhos
FPO-03 e 08. Os contatos com as demais fácies são abruptos e consistem de rochas com abundante matriz
de coloração arroxeada, conteúdo variável de clastos de rocha carbonática, granitos e quartzitos, angulosos
e dispersos na matriz areno-silto-argilosa. (Figs. 9, 10, 11 e 12).
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Figura 2.11 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-03, caracterizado por intercalações de diamictitos maciços, laminados e ciclos gradacionais de metaconglomerados, metarenitos, metapelitos e porcentagens dos principais óxidos.
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Figura 2.12 – Perfil litológico do testemunho de sondagem FPO-08 mostrando o predomínio de diamictitos maciços, laminados, intercalações das fácies de metaconglomerados+metarenitos+filitos, e variações dos principais óxidos
5.1.d. Contexto deposicional
Os meta-ritmitos grossos (metaconglomerados+arenitos+pelitos) são interpretados como
acumulações torrenciais em debris aprons na desembocadura de túneis sub-glaciais (subaqueous glacial
outwash) no contato geleira-oceano. Os espessos horizontes de metapelitos associados estão
provavelmente relacionados à decantação de detritos finos colocados em suspensão pelas águas doces de
fusão (Fig. 13). Os meta-ritmitos areno-pelíticos com clastos caídos podem representar os depósitos
distais dos meta-ritmitos grossos ou alternativamente, períodos de recrudescimento do recuo das geleiras,
com subida do nível do mar. Os níveis enriquecidos em óxidos de ferro podem representar precipitação do
metal durante os períodos de deglaciação, elevação eustática do nível do mar e liberação pelas geleiras de
águas frias ricas em O2 dissolvido. As camadas de diamictitos maciços são consideradas como depósitos
de fluxos gravitacionais subaquosos, escorregamentos (slumps), fluxos de massa ou fluxos de detritos em
declives submarinos (Coussot & Meunier 1996, Eyles &Eyles), resultando na ressedimentação de uma
área fonte heterolítica constituída por uma variedade de fácies de cascalho, areia e lama. A Formação Port
Askaig na Escócia (Aumad & Eyles 2006) e o Grupo Rapitan nas Montanhas MacKenzie no Alaska
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(Narbone & Aitken 1995) podem ser considerados exemplos análogos dos depósitos glácio-marinhos do
Grupo Cuiabá na região do Alinhamento Cangas-Poconé.
Figura 2.13 – Modelo deposicional esquemático das principais litofácies da Formação Acorizal no alinhamento Cangas/Poconé (Modificado de Freitas 2003).
5.2. Petrografia
Os componentes petrográficos observados nos metapsamitos e metapsefitos mostram a tendência
composicional fortemente híbrida arcoseana e lítica sedimentar destas rochas, tais como a presença de
clastos de granitos, gnaisses e feldspatos, metabásicas, rochas areníticas e carbonáticas (Figs. 14-A e C),
demonstrando sua derivação a partir de um embasamento granito-gnáissico (Cráton Amazônico),
recoberto por unidades (meta?) sedimentares. Estas rochas revelam ainda uma natureza texturalmente
imatura, com grãos angulosos e matriz argilosa recristalizada como muscovita e biotita.
As texturas observadas foram do tipo palimpséstica (blastopsefítica-psamítica), na qual é ainda
possível reconhecer uma distribuição bimodal do tamanho dos grãos, a moda principal na faixa de 0,4mm
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e uma moda secundária com seixos de em média de 4cm. Textura glanoblástica e lepidoblástica são
comuns, com as palhetas de micas e óxidos de ferro orientados segundo S1 redobradas pela crenulação,
com discreto desenvolvimento de recristalização ao longo do seu plano axial. Em algumas amostras
verifica-se textura oftalmítica com sombras de pressão nas extremidades dos porfiroclastos e o
desenvolvimento de franjas de biotita e muscovita ou quartzo nas extremidades menores dos porfiroclastos
(Fig. 14-A e B)
A paragênese metamórfica, constituída por biotita–muscovita–Kfeldspato–plagioclásio–quartzo
indica condições compatíveis com a Fácies Xistos Verdes, Zona da Biotita (Fig. 14-D e E) e o grau de
alteração por hidrotermalismo é evidenciado pela presença de sericita+magnetita+pirita+carbonatos (Fig
14-G). Os níveis caracterizados por aspecto mosqueado apresentam abundantes porfiroblastos de óxido de
ferro sin-cinemáticos, transpostos pela foliação principal S1 (Fig. 14-F).
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A
F
G
E
DC
B
1mm
1mm
4mm
1mm1mm
1mm
0,5mm
Figura 2.14 – Fotomicrografias dos metassedimentos da Fm. Acorizal no testemunho de sondagem FPO-05: A)Porfiroclasto de rocha carbonática em matriz lepidoblástica com sericita, quartzo e óxido de Fe; B)Alternância de bandas sericíticas e bandas ricas em óxido de Fe em filito ferruginoso; C)Porfiroclasto de plagioclásio e de rocha carbonática (seta) na matriz de metaconglomerado; D)Blastese de biotita na matriz de metaconglomerado (seta); E Níveis de biotita sin-cinemática alternando níveis quartzosos e sericíticos; F)Porfiroblasto de óxido de Fe, mostrando pré-existência em relação à clivagem metamórfica; G)Porfiroclasto de rocha carbonática e preenchimento de fraturas por carbonato hidrotermal.
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6. CONCLUSÕES
O estudo permitiu propor a subdivisão do Grupo Cuiabá em unidades litoestratigráficas formais
(formações), cujas denominações foram resgatadas com modificações de seções tipo e descrições clássicas
da literatura sobre a Faixa Paraguai, as formações Campina de Pedras, Acorizal e Coxipó. A Formação
Campina de Pedras registra os primeiros estágios da evolução tectono-estratigráfica da Margem Passiva
Paraguai após o início da dispersão do Supercontinente Rodínia. Nesta fase são implantados sistemas de
rifts na borda SE do Cráton Amazônico, onde se acumularam sedimentos continentais lacustres, ricos em
carbono orgânico. As metagrauvacas do topo da sucessão representam a progradação de lobos deltáicos
assoreando a bacia lacustre ao final do soerguimento e erosão das ombreiras dos rifts. A Formação
Acorizal corresponde às subunidades 3, 4 e 5 de Luz et al. (1980), consistindo de meta-ritmitos em
diferentes escalas, associados a metadiamictitos. Por sua importância econômica foi individualizada uma
associação de fácies sedimentares na porção intermediária da Formação Acorizal, denominada Membro
Cangas. É composta por meta-ritmitos grossos e finos, intercalando metadiamictitos maciços, com fortes
evidências de sedimentação influenciada por glaciação. A litofácies de diamictitos laminados corresponde
à Zona Magnética de Leão & Dall’Oglio (2008), marcada por níveis de magnetititos, resultado do possível
aumento do O2 dissolvido na água do mar durante períodos de deglaciação, hipótese corroborada pela
presença de clastos caídos a partir de massas de gelo flutuantes (icebergs). A deposição da Formação
Acorizal no Alinhamento Cangas-Poconé se deu em ambiente glácio-marinho, mostrando a existência de
uma passagem gradual de um ambiente proximal na desembocadura de túneis sub-glaciais até distal em
condições de mar aberto, com deposição de ritmitos finos com clastos caídos, movimentos de massa sub-
aquosos e chuva de material fino colocado em suspensão pela água doce da fusão das geleiras, esta
responsável pelas grandes espessuras de metapelitos maciços. O estudo petrográfico revelou a
proveniência dos detritos a partir de áreas fontes plutônicas (granitos, gnaisses, metabásicas) e
supracrustais (quartzitos e rochas carbonáticas), além da imaturidade textural-mineralógica dos protólitos,
reforçando a interpretação de clima glacial. O metamorfismo é de Baixo Grau (Fácies Xistos Verdes)
localmente atingindo a Zona da Biotita e a alteração hidrotermal é caracterizada por sulfetação,
sericitização e carbonatação acompanhando o alojamento dos veios de quartzo aurífero. A macroestrutura
do Alinhamento Cangas-Poconé difere do conjunto da deformação do Grupo Cuiabá na região,
apresentando-se como um front de cavalgamentos e dobras recumbentes com foliação plano axial S1
apresentando baixos mergulhos para SE. A localização preferencial da mineralização na Fácies Cangas
sugere o resultado da combinação de diferentes fatores para a efetividade do trapeamento dos fluidos
hidrotermais sulfetados e auríferos: i)a baixa permeabilidade dos ritmitos; ii)disposição estrutural das
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Geologia Regional e Recursos Minerais, Vol. 1, 39 p.______________________________________________________________________________________________
barreiras de permeabilidade S0 e S1 em alto ângulo com relação à trajetória de migração dos fluidos;
iii)presença de níveis ferruginosos funcionando como catalizadores da precipitação dos metais em solução
no fluido. A presença de abundantes clastos de rochas plutônicas e metabásicas sugere fortemente que os
fluidos hidrotermais foram gerados durante a Orogênese Brasiliana pelo retrabalhamento térmico de um
substrato fértil, aqui representado pelo Cráton Amazônico, seus granitos e seqüências metavulcano-
sedimentares como o Greenstone Belt do Alto Jauru.
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Anexos
Amostras FPO 05-24 FPO 05-31 FPO 05-31,3 FPO 05-98Óxidos % % % %SiO2 58.401 60.225 89.917 59.782Al2O3 18.360 18.436 5.368 19.038K2O 6.467 6.278 1.414 5.753Fe2O3 6.624 11.605 2.185 11.259MgO 3.403 1.679 0.281 2.315CaO 4.521 0.113 0.396TiO2 0.552 0.317 0.086 0.497SeO2 0.009 Au2O 0.006 Na2O 0.282SO3 0.245 0.068 0.280 0.050SrO 0.024 0.001 0.005MnO 0.755 0.153 0.182 0.193Cs2O 0.140 BaO 0.252 0.832 0.230P2O5 0.283 0.098 0.058ZrO2 0.021 0.034 0.005 0.033As2O3 0.026V2O5 0.071 0.018Rb2O 0.018 0.023 0.004 0.018NiO 0.003 WO3 0.033 0.031 0.113 CuO 0.007 0.009 0.004 0.019ZnO 0.015 0.013 0.005 0.012Y2O3 0.005 0.004 0.003Cr2O3 0.010 0.005 0.011NbO 0.002 0.002
Anexo 1 – Análises Químicas de amostras do Testemunho de Sondagem FPO 05
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Amostras FPO 10-22,5 FPO 10-31,15Óxidos % %SiO2 33.872 60.954Al2O3 13.198 18.915K2O 2.474 3.538Fe2O3 47.265 13.562MgO 1.065 1.816CaO 0.334 TiO2 0.815 0.567Na2O 0.371 0.110SO3 0.018 0.194SrO 0.004 0.005MnO 0.117 0.172P2O5 0.344 0.113ZrO2 0.021 0.033V2O5 0.021 CuO 0.011 0.010ZnO 0.016 0.009Y2O3 0.007Cr2O3 0.052
Anexo 2 – Análises Químicas de amostras do Testemunho de Sondagem FPO 10
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Amostras FPO 03-50,9 FPO 03-162,15 FPO 03-182Óxidos % % %SiO2 29.488 52.485 63.264Al2O3 17.882 17.877K2O 5.414 5.016Fe2O3 36.900 9.910 7.745MgO 5.303 4.444CaO 7.059 0.366TiO2 0.823 0.741SO3 0.184 0.242 SrO 2.821 0.039 0.004MnO 0.369 0.032P2O5 23.489 0.441 0.173ZrO2 3.124 0.039 0.061Rb2O 1.521 0.019 0.012CuO 2.658 0.008 0.010ZnO 0.010 0.008Y2O3 0.005 0.005Cr2O3 0.009
Anexo 3 – Análises Químicas de amostras do Testemunho de Sondagem FPO 03
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Amostras FPO 08-60,4 FPO 08-80,25 FPO 08-105,7Óxidos % % %SiO2 68.089 53.315 49.939Al2O3 18.475 17.025 19.602K2O 4.492 4.398 7.867Fe2O3 4.140 8.247 13.712MgO 3.153 6.354 4.566CaO 0.564 8.589 2.235TiO2 0.512 0.840 0.785SO3 0.204 0.066 0.558SrO 0.034 0.007MnO 0.146 0.569 0.177BaO 0.097 0.376P2O5 0.073 0.455 0.091ZrO2 0.032 0.033 0.033Rb2O 0.013 0.017 0.021WO3 0.021 CuO 0.006 0.013 ZnO 0.004 0.009 0.009Y2O3 0.009 0.006Cr2O3 0.006 0.011NbO 0.003 0.004
Anexo 4 – Análises Químicas de amostras do Testemunho de Sondagem FPO-08
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Ficha de aprovação
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO: Evolução Tectono-estratigráfica do Grupo Cuiabá no Alinhamento
Cangas-Poconé, Baixada Cuiabana, Mato Grosso.
AUTOR: Cláudia do Couto Tokashiki
ORIENTADOR: Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Aprovada em 30/06/2008.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Prof. Dr. Amarildo Salinas Ruiz (Interno)
Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto (Externo)
Cuiabá, 30/06/2008.
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