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NASCI COM PASSAPORTE DE TURISTA E OUTRAS FOTOGRAFIAS de Afonso de Burnay 20 de setembro de 2014 | 29 de março de 2015

Exposição de Fotografia “Nasci com Passaporte de Turista e Outras Fotografias”, de Afonso de Burnay

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20 de setembro de 2014 a 22 de fevereiro de 2015 Fábrica das Palavras – Biblioteca Municipal, Vila Franca de Xira

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Page 1: Exposição de Fotografia “Nasci com Passaporte de Turista e Outras Fotografias”, de Afonso de Burnay

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E X P O S I Ç Ã O

26 de abril a 6 de julho’14Museu do Neo-Real ismo

Vila Franca de Xira

NASCI COM PASSAPORTE DE TURISTA E OUTRAS FOTOGRAFIASde Afonso de Burnay

20 de setembro de 2014 | 29 de março de 2015

Page 2: Exposição de Fotografia “Nasci com Passaporte de Turista e Outras Fotografias”, de Afonso de Burnay

2 “Nasci com Passaporte de Turista e Outras Fotografias”Fotografia de Afonso de Burnay 20 de setembro de 2014 a 29 de março de 2015

Exposição integrada na programação da BF14 – 13.ª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira

EXPOSIÇÃOOrganização e ProduçãoCâmara Municipal de Vila Franca de Xira | Pelouro da CulturaDepartamento de Educação e Cultura | Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Setor de Ação CulturalSeleção de excertos da obra de Alves Redol | Fátima Faria Roque

Vice-PresidenteFernando Paulo Ferreira2014

Coordenação GeralFátima Faria Roque

ComunicaçãoDivisão de Informação e Relações Públicas | Setor de Comunicação, Protocolo e Relações Públicas

Conceção GráficaDivisão de Informação e Relações Públicas | Setor de Design e Produção Gráfica

MontagemDepartamento de Educação e Cultura | Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Setor de Ação Cultural

JORNALEdiçãoCâmara Municipal de Vila Franca de Xira | Pelouro da CulturaDepartamento de Educação e Cultura | Divisão de Cultura, Turismo, Património e Museus Setor de Ação Cultural

Vice-PresidenteFernando Paulo Ferreira2014

Coordenação GeralFátima Faria Roque

Imagens e TextosCâmara Municipal de Vila Franca de XiraAfonso de BurnayMaria José García(escreve de acordo com a antiga ortografia)

ComunicaçãoDivisão de Informação e Relações Públicas | Setor de Comunicação, Protocolo e Relações Públicas

Conceção GráficaDivisão de Informação e Relações Públicas | Setor de Design e Produção Gráfica

ImpressãoTiragem: 500 exemplaresDivisão de Informação e Relações Públicas | Tipografia Municipal

Fábrica das Palavras | Biblioteca Municipal de Vila Franca de XiraLargo Mário Magalhães Infante (Cais de Vila Franca de Xira), 2600-187 Vila Franca de Xira3ª, 4ª e 5ª feira, das 11h às 13h e das 14h às 19h, 6ª feira, 14h às 18h e das 19h às 22h, sábado, das 14h às 18h, domingo, 10h às 13h e das 14h às 18h, encerra às 2as feiras e feriados

Setor de Ação Cultural263 285 [email protected] 271 [email protected]

Apoio

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Afonso de Burnay foi o artista convidado pelo Município de Vila Franca de Xira para apresentar a primeira exposição da agora inaugurada “Fábrica das Palavras”, espaço que, mais do que uma Biblioteca, pretende ser um Centro Cultural aberto à multidisciplinaridade cultural e artística.

Basta-nos olhar para as suas fotografias, para constatar que abrimos com chave de ouro a nossa programação de exposições.

Espanhol, português, francês, Burnay tem em si um pouco de cada uma destas culturas. Talvez esta multiculturalidade explique o gosto pela viagem, o fascínio do seu olhar curioso e inquieto.

Afonso de Burnay poderia ser um fotógrafo de viagens, mas é, sobretudo, um recoletor de memórias e de vivências. Através da sua objetiva, revela-se um exímio contador de histórias, tal como o foi através das palavras o autor que homenageia com o título da sua exposição: o vila-franquense Alves Redol.

E é assim, que cada uma das trinta e quatro fotografias que integra esta mostra conta uma história. Seja a história por trás dos rostos que as habitam; do património edificado, cuja imponência, beleza e exotismo não nos deixam indiferentes; ou da exuberância da paisagem natural.

Estas histórias, vividas e captadas pelo seu autor no seu percurso ao longo do Rio Mekong, um dos maiores do mundo, de Laos até ao Camboja, no sudeste asiático, estão impregnadas de religiosidade, misticismo e emoção e, estamos certos, não deixarão ninguém indiferente.

A Afonso de Burnay, agradecemos ter aceite o nosso convite, proporcionando-nos assim a oportunidade de compartilhar esta experiência verdadeiramente única.

O Presidente da Câmara Municipal Alberto Mesquita

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“Nasci com passaporte de turista e outras fotos” é o título da exposição, homenagem prestada ao célebre escritor de Vila Franca de Xira, Alves Redol (do livro: “Nasci com passaporte de turista e outros contos”), um dos fundadores do Neorrealismo português. Intitular assim esta exposição quer ser um sentir com o qual se identifica este lugar, no Ribatejo, e um agradecimento a um Vila-franquense ilustre, cuja obra e narrativa foi comprometida com as transformações do mundo.

“Nasci com passaporte de turista e outras fotos”, é uma frase que contém oito palavras, como são oito os Forcados de Vila Franca a brilhar na pega, como exemplo a dinastia Faria, familiares descendentes diretos de Alves Redol. Mas não é para os touros que hoje soam clarines y timbales, mas para as fotos. De Afonso Burnay, que no ruedo da vida viajou até ao Oriente, para elevar a sua condição de curioso e observador à categoria artística em fotografias que partilham com este lugar, um rio e um mundo.

As imagens como as palavras, são possibilidade da linguagem, uma língua que desperta a luz e cria um universo visual, o rio é um livro que dá vida. O processo criativo é duplo: regista a realidade e transforma-a. A palavra fotografia faz-se com dois vocábulos gregos: foto (luz) e grafia (escrita) o resto é descoberta.

A origem dos livros está na imagem, com uma palavra já se faz um livro. Uma foto é mais que mil palavras. A matéria é focar o enquadramento, clarear o tempo, amadurecer as sombras. Tecer luz. Em Afonso Burnay a forma de estar coincide com a forma de ver. A disposição não é só ir ao lugar, mas inventá-lo, dizer o instante, ver a trama, construir um conto e testemunhá-lo na foto. Um conto chinês que não é ficção, nem chinês.

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Altos muros de água, torres altas Águas de repente negras contra nada, Algumas de repente brancas, deslumbradas

Octavio Paz

Com a sinceridade pontual do branco e do preto, Afonso Burnay atravessa os lugares a toda cor, um turista com bilhete de retorno eterno, cuja impostura é disparar para conservar o sonho do lugar, sempre inédito sempre irrepetível.

Paisagens sem mistério porque são puro espírito, crença.

Fé em não apressar a viagem como não se apressa o rio porque sabe que o mar o virá procurar. Rios que partilham com a vida a mesma escolha: fluir. Assim o Mekong veio ao Tejo com paciência milenária, cúmplice voluntário Ulisses. Unidos na mesma melancolia de lágrimas nas coisas, nas árvores, na água, o mortal comove a alma.

Movimento inanimado

Quem pudesse como tu, a vez quieta e em marcha, cantar sempre o mesmo verso mas com distinta água.

Gerardo Diego

I.

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Ao tempo rio e como passageiro à Ítaca, o autor detém-se na feira para admirar a bela mercadoria, os perfumes e as pedras preciosas.

II.

Retrata os mercados como paisagens ordenadas de coisas, lugares de encontro concentrados, pedaços de realidade visível que desvelam realidades invisíveis, objetos nos lugares que se amontoam no tempo e não no espaço. Alguidares empilhados que são a memória de tudo o que se acumula, ser tudo o que está atrás das latas. Mercearias e lugares. As patas das aves depositadas no recipiente são oferenda de realidade. Homens e mulheres atores improvisados do grande teatro que é o habitat do mercado onde tudo parece adquirir uma ordem, também na cabeça do fotógrafo.

Como se vivessem os vivos só As pessoas não falam mas a palavra está Como peixe na água Desafogada normalidade.

Uma fotografia escreve John Berger “ao mesmo tempo que regista o que foi visto, sempre e em virtude da sua natureza remete ao que não se vê”.

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III.

Vida que se torna irreal, o fotógrafo narrador, duas meninas fora do enquadramento, saem ao encontro no momento decisivo quando a ficção começa. O fotógrafo dispara certeiro. Precipitam-se presenças Roland Barthes aponta-nos para vermos aquilo que está para além do detalhe dentro da imagem, um lampejo.

Uma luz que revela o que o olho vê de modo nítido quando deixa de pensar, quando descobre que o friso do limiar provém da ordem das coisas nos lugares do mercado, aperfeiçoam no bordado das ramas das árvores.

Assim como o mestre chinês necessitou de décadas de estudo e de contemplação para fixar o perfil da asa do pássaro em pleno voo, o tremer da rama refletida na água. Filigrana pura

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IV.

Renda. Tudo se ordena por si só.

Paisagens que se expõem se exibem se explicam para se tornarem visíveis. Imagens que não representam a realidade, apresentam-na, tornam presente o que está: vidas marcadas com o dom de quem ama a viagem, desfruta do que faz.

E como o rio permanece sem ser o mesmo. Dizer com Heráclito, os olhos são testemunhas mais fiéis do que os ouvidos. E contradizê-lo: as imagens soam, o som é seu sentido: tom, entoação, altura, tempo

“Dir-te-ia: Não te apresses: também a água deste rio é vagarosa, como o tempo que os teus dedos suspendem, antes de virar cada página.»

Nuno Júdice “Tempo Fluvial”

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A fotografia de Afonso Burnay coincide com a experiência, as imagens trazem-nos a sítios remotos de luz, onde, como alguém disse, “cada dia amanhece todo o tempo”, onde o olhar e o sonhar se fundem em retratos relâmpagos de quotidianidade.

V.

O frontispício do templo aproxima-nos da noção do retrato porque este não tem de ser um rosto. O retratista não é só quem se fixa na aparência de alguém, mas aquele que fixa a sua própria aparência em algo. É por isto que o templo desvenda um mundo interior, o sagrado que há dentro dos homens.

Vemos as coisas no instante no que a nuance não se torna óbvia e assim a imagem invade por completo o nosso olhar até nos absorver dentro dela Exilio interior

É o autor que olha e se olha para revelar o centro do seu infinito mundo Gira-gira o carrossel bizantino Ao contrário das horas Tiovivo, estou vivo!

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VI.

Claridade. Cheio de voo e transparência a paisagem, iluminada pela natureza, como se a natureza não fosse melhor do que a arte, o rio aproxima o olhar do espetador, aproxima-se com a rapidez do movimento das nuvens, sereno e avassalador, a paisagem.

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VII.

Estas imagens leem-se porque são linguagem. Cartier-Bresson disse: “fazer fotos não é nada. Só olhar, isso é tudo”. A fotografia já estava lá quando o autor a captou. A travessia permitiu a revelação. Para contradizer o esquecimento.

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VIII.

Afonso Burnay acredita firmemente que a viagem é a tarefa mais bela do mundo, e as fotografias instantes de redenção possível, emoção na qual renascer, com a certeza de que o caminho continua...

María José García

Setembro 2014

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Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

www.cm-vfxira.pt

Fábrica das Palavras - Largo Mário Magalhães Infante - Cais de Vila Franca de Xira - 2600-187 Vila Franca de Xira - 38º 57’ 7,44’’ N . 8º 59’ 17,78’’ W

Exposição integrada na programação da BF14 Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira