150
7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03 http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 1/150 CURSO DE TEOLOGIA MÓDULO 3 DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO - PNEUMATOLOGIA  DOUTRINA DO PECADO - HAMARTIOLOGIA  DOUTRINA DO HOMEM ANTROPOLOGIA  DOUTRINA DA SALVAÇÃO - SOTERIOLOGIA  ESPIRITUALIDADE ( matériasuplementar ) R ? faculdade teológica betesda 1 Moldando vocacionados $

Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 1/150

C U R S O DE T E O L O G IAMÓDULO 3

DO UTR INA DO ESP ÍR ITO SANTO - PNEUMA TOLOG IA  DOU TR INA DO PECADO - HAM ART IOLOG IA  DO U TR IN A DO H O M EM AN TRO P O L O G IA  

DO UTR INA DA SALVAÇÃO - SOT ERIOLO GIA  ESP IR ITUAL IDADE (matériasuplementar )

R ? faculdade teológica betesda1 Mol dando vocacionados

$

Page 2: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 2/150

CURSO DE TEOLOGIA

MÓDULO 3

DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO ■PNEUMATOLOGIA 

DOUTRINA DO PECADO - HAMARTIOLOGIA 

DOUTRINA DO HOMEM - ANTROPOLOGIA 

DOUTRINA DA SALVAÇÃO - SOTERIOLOGIA 

ESPIRITUALIDADE (matéria suplementar»

? faculdade teológica betesda•5 Moldando vocacionadosI

Page 3: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 3/150

Copy r igh t © 20 07 by Ed i to r a Be tesda

faculdade

teológicabetesda Moldando vocacionados

Diretor-presidenteLucian Benigno

Diretor-executivoSezar Cavalcante

Diretor-teológicoElias Soares de Moraes

Diretor-pedagógicoMárcio Falcão

Secretário-executivoJamierson Oliveira

TesoureiraElisete C aldeira

Corpo docenteProf. César Ferreira, Bacharel em Teologia

Prof. José Nílton, Mestre em TeologiaProf. Márcio Falcão, Bacharel em Direito

Prof. Mauro Peliegrini, Bacharel em TeologiaProf. Marcelo Ferreira, Bacharelando em Teologia

Professores convidadosLUIZ WESLEY, Ph.D em Estudos IntercuIturais e

Pós-doutor em Teologia Prática e Práxis ReligiosaGABRIELE GREGGERSEN, Ph.D em Filosofia ePós-doutora em História das Mentalidades

MARIA LEONARDO, Ph.D em Teologia e Antropologia CulturalLUCIAN BENIGNO, Bacharel em Grego e Mestrando em Hebraico

BÁRBARA BURNS, Doutora em MissiologiaCÉSAR MARQUES, Mestre em Teologia Prática e Ph.D em Eclesiologia

MÁRCIO REDONDO, Ph.D em História e Doutor em TeologiaARIOVALDO RAMOS, Th.B. em Teologia e Filosofia

Todas as referências bíblicas foram extraídas da Versão Almeida Revista e Atualizada, Edição de 1995 da Sociedade Bíblica do Brasil.Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Coordenação editorialJamierson O liveira

Projeto gráfico de capa e mioloValdinei Gomes

RevisãoPaulo César 

Todos os direi tos desta obra em l íngua portuguesa reservados por:

editorabetesda

Rua Dr. Zuquim, 72 - Santana - São Paulo/SP - CEP02035-020 Fone: 3798-1252

• www.faculdadebetesda.com.br / [email protected] 

Page 4: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 4/150

APRESENTACAO“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6.3).

O conhecimento sobre Deus não é apenas uma possibilidade, mas também um direito de todos os homens. ABíblia Sagrada nos ensina que Deus, graciosamente, revela-se ao homem, convidando a todos a experimentarem

sua bendita graça.

Com essa visão, e sob o lema “Moldando vocacionados”, a FTB FACULDADE TEOLÓGICA BETESDA,uma instituição interdenominacional filiada às principais entidades da classe, oferece os seguintes cursos:

• FUNDAMENTAL EM TEOLOGIA (1 ano em média) · GREGO E HEBRAICO (6 meses)• INTERMEDIÁRIO EM TEOLOGIA (2 anos em média) · ARQUEOLOGIA BÍBLICA (6 meses)• BACHAREL EM TEOLOGIA (3 anos em média) · MISSÕES TRANSCULTURAIS (6 meses)• APOLOGÉTIC A CRISTÃ (1 ano)

Afim de ajudar no aperfeiçoamento de todos os envolvidos e na expansão do reino de Deus, conforme Efésios4.12, o objetivo da FTB é a formação integral do aluno, lapidando seus talentos e capacitando-o ao exercício

 pleno das funções ministeriais.

PROPOSTAPara a FTB, o conceito de formação teológica é mais amplo. Entendemos que não é possível obter uma boa

formação teológica sem antes passar pela formação do caráter e pelo desenvolvimento de um relacionamento pessoal com Deus.

Dessa forma, estamos preocupados não apenas com os aspectos acadêmicos, mas antes trabalhamos profundamente a reflexão e aplicação prática de todo 0 aprendizado teórico/doutrinário.

Foi com esse pensamento que preparamos a nossa Grade Geral de Disciplinas dos níveis FUNDAMENTAL,INTERMEDIÁRIO e BACHAREL (ver p. 6 e 7), com matérias teológicas teóricas e práticas, vivênciacotidiana como cristão e o dia-a-dia do ministério e da igreja. Para isso contamos com professores preparados,na sua maioria pastores de igrejas, estágios supervisionados integrando plenamente 0  aluno com as igrejas ea comunidade, plantão de assistência ao aluno, aulas presenciais com professores convidados, ampliando em

muito o rendimento do aluno, entre outros recursos.

MÉTODO ADOTADOO ensino à distância. Em meio ao corre-corre da vida moderna, a modalidade do estudo à distância é um

recurso que vem sendo utilizado com grande sucesso em todo o mundo pelas melhores universidades. E foi paraatender à realidade de milhares de cristãos no Brasil, que gostariam de ter formação teológica com a comodidadede estudar em casa, que a FTB adotou esse modelo prático e eficiente de ensino.

Aulas presenciais. Com o objetivo de criar uma interação entre alunos e professores, a FTB promove uma aulaespecial (INTENSIVÃO) por mês, com renomados teólogos brasileiros e internacionais. Cada aluno será informado comantecedência sobre a agenda e o local dessas aulas. Através do nosso site: www.faculdadeteologicabetesda.com.br  e do

nosso Programa “Crescendo na Fé” (Rádio Musical FM 105,7).

Page 5: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 5/150

Os módulos. O Plano de Educação à Distância da FTB é contemplado em 13 MÓDULOS bimestrais,e cada modulo corresponde a um livro de alta qualidade gráfica e de conteúdo, com cinco disciplinas,sendo quatro tradiciona is e uma especial, voltada à prática da teologia e da vi da cristã, totalizando 65DISCIPLINAS, algo inovador e que revela a seriedade com que a FTB trata a formação dos seus alunos

(ver infográfico na p 6 e 7 ),  OBS: Caro aluno, você deve permanecer obrigatoriamente 2 meses (no mínimo) em cada módulo. Terminando antes desse prazo, mínimo programado pela nossa diretoria pedagógica, busque leituras adicionais para o seu enriquecimento. Xo final de cada matéria há uma lista de obras interessantes como sugestão de leitura!

A avaliação. Ao final de cada módulo, o aluno deverá ser aprovado pelo Corpo Docente da FTB. quantoao seu aproveitamento das respectivas matérias, por meio de AVALIAÇÕES TEÓRICAS (Prova DissertativaIndividual), que deverão ser respondidas e enviadas para a secretaria da escola ou entregues à coordenação emalguma aula presencial (ver final de cada matéria). A NOTA MÍNIMA PARA SER APROVADO É 7.0.

Ao final de cada capítulo há algumas perguntas de recapitulação. Não há necessidade de nos enviar.

O estágio. Preocupada com a prática e a fixação do conhecimento do aluno, a FTB exige um ESTAGIOPRÁTICO SUPERVISIONADO. Nesse estágio, cabe ao aluno, em parceria com a sua igreja, ministrar umaaula, estudo ou pregação a um grupo de irmãos, com a presença de um dos líderes locais, que assinará a Carta deEstágio (ver modelo na p. 171 e 172).

O suporte. Buscando atender aos seus alunos da melhor forma possível, a FTB disponibiliza uma centraltelefônica, a sala on-line do site da faculdade na Internet, além de 0 aluno também poder agendar uma consultateológica pessoal com um dos nossos docentes. Para isso basta o aluno ligar para a secretaria da FTB.

A formação. Para qualquer curso concluído, a FTB fornece CERTIFICADO e/ou DIPLOMA, sem nenhumônus para o aluno, além de um HISTÓRICO ESCOLAR, devidamente preenchido com as notas obtidas.

Os pré-requisitos. Para estudar na FTB é necessário preencher alguns requisitos básicos:

• CURSO FUNDAMENTAL DE TEOLOGIA - Ser alfabetizado• CURSO INTERMEDIÁRIO DE TEOLOGIA - Ser alfabetizado• CURSO BACHAREL EM TEOLOGIA - Ter 2oGrau completo ou completar até o término dos estudos na FTB

Dicas. Ao final de cada matéria há uma lista das obras consultadas. Vale a pena você adquirir essas e outrasobras de referência, ampliando assim 0 seu conhecimento.

Além disso, visite 0 site da FTB. Nele você encontrará um ambiente totalmente voltado ao suporte do alunoe muitos artigos e informações complementares para sua formação.

• Visite 0 site: www.facuIdadebetesda.com.br

A Editora Betesda, mantenedora da FTB, possui muitos livros e materiais. Na condição de alunomatriculado, você pode desfrutar de vantagens exclusivas. Consulte nosso atendimento.

• Visite 0 site: www.editorabetesda.com.br

Outra dica valiosa que deixamos para você é a revista POVOS, a melhor revista evangélica do Brasil, euma das melhores do mundo na proposta editorial que apresenta. A revista POVOS cobre temas ligadosà atualidade, passando pela teologia, missões, apologética e curiosidades. Faça sua assinatura!

• Visite 0  site: www.revistapovos.com.br

Page 6: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 6/150

NÚCLEOS PRESENCIAISAlém do modelo à distância, no qual já contamos com mais de 5 mil alunos, incluindo os cursos teológicos

e de línguas bíblicas, a FTB oferece cursos presenciais, tanto em sua sede. na capital paulista, bem como emoutros núcleos regionais. Se você preferir, estude conosco em sala de aula nos seguintes cursos: Curso deTeologia (Fundamental, Intermediário e Bacharel) - Curso de Línguas Bíblicas (Grego e Hebraico) - Curso deArqueologia Bíblica - Curso de Apologética Cristã - Curso de Missões Transculturais.

PARCERIAS FIRMADASVisando a troca de informações e experiências, a FTB tem firmadas algumas parcerias estratégicas

que proporcionam ao aluno e docentes grandes vantagens de acesso ao conhecimento. Algumas delas são:AGIR (Agência de Informações Religiosas); CFT (Conselho Federal de Teólogos); AMTB (Associação deMissões Transculturais Brasileiras); APMB (Associação de Professores de Missões do Brasil); CACP (CentroApologético Cristão de Pesquisas); JETRO (Instituto Jetro de Liderança); entre outros, tais como Conselhos

de Pastores e Convenções Denominacionais.

CONFISSÃO DOUTRINÁRIAA FTB professa a fé cristã alicerçada fundamentalmente nas Escrituras Sagradas (Bíblia), como se segue:

• Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, divinamente inspirada e sem erro quando escrita em suaforma original, sendo a única regra de fé e de prática do cristão (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).

• Cremos em um só Deus Eterno que subsiste em uma Trindade de Pessoas: Pai. Filho e Espírito Santo(Jo 15. 26), as quais são co-eternas e de igual dignidade e poder (Mt 3.16, 17).

• Cremos na divindade do Filho de Deus, na sua encarnação, no seu nascimento virginal (Lc 1.35), nasua morte expiatória (Ef 1.7), na sua ressurreição, bem como em sua ascensão e intercessào como nossoúnico mediador (Hb 7.25).

• Cremos na justificação somente pela fé (At 10.43; Rm3.24. 10.13).• Cremos na obra do Espírito Santo para a regeneração e para a santificação (Hb 9.14 ).• Cremos que a verdadeira Igreja - 0 corpo de Cristo (Ef 1.23) - é formada por todos aqueles que confiam

em Cristo como seu Salvador, somente pela fé (Ef 2.8, 9; 1Co 12.13). cuja responsabilidade e privilégioé proclamar o Evangelho até os confins da Terra (Mt 28.19. 20).

• Cremos na imortalidade da alma, na segunda vinda do Senhor (Tt 2.13), na ressurreição do corpo,no julgamento do mundo por Jesus Cristo, na bem-aventurança dos justos e na punição dos ímpios(1 Co 15.25-27).

Page 7: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 7/150

CONHEÇA A GRADE

MÓDULO I

1. Doutrina de Deus - Teologia2. Doutrina da Bíblia

- Bibliologia3. Geografia Bíblica4. Panorama do Antigo

Testamento5. Metodologia Científica

(Matéria suplementar)

NÍVEL FUNDAMENTAL

5 LIVROS DIDÁTICOS

•TAMANHO 21 CM X 27,5 CM

Obs.: Contendo Infográficos eilustrações

MODULO VI

1. Língua Portuguesa2. Gestão Ministerial3. Cosmovisão Cristã4. Arqueologia Bíblica I5. Práticas Devocionais

(Matéria suplementar)

NIVEL i ntermed iár io

4 LIVROS DIDÁTICOS+ 5 MÓDULOS DO FUNDAMENTAL

•TAMANHO 21 CM X 27,5 CM

Obs.: Contendo Infográficos eilustrações

MODULO X

1. Filosofia geral2. Sociologia3. Didática4. Exegese Bíblica I5. Cidadania

(Matéria suplementar)

NIVEL BACHAREL

4 LIVROS DIDÁTICOS+ 9 MÓDULOS DO FUNDAMENTALE INTERMEDIÁRIO

•TAMANHO 21 CM X 27,5 CM

Obs.: Contendo Infográficos eilustrações

VANTAGENS EXCLUSIVAS AO ALUNO FTB:• As s i s tênc ia in teg ra l do coord ena dor do cur so , tanto  

pe la In ternet quanto por te le fone ou pes soa lmente;

• E s t á g i o s s u p e r v i s i o n a d o s n a s ig r e j a s , a f im  d e q u e d e s e n v o l v a m e l h o r s u a s h a b i l id a d e s e  c o n h e c i m e n t o s ;

• Ma tér ia s sup lem entare s de p rá t icas m in i ster ia is . Com i s so , será capac i tado para v iver 0  d ia a d ia  da igreja local ;

• M e n s a l m e n t e , t e r á a u la s in t e n s i v a s p r e s e n c i a i s c o m p r o f e s s o r e s r e n o m a d o s ;

Page 8: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 8/150

CURRICULAR DA FTB

MÓDULO V

1. Doutrina de Missões- Missiologia

2. Evangelismo Estratégico3. Hermenêutica I4. Homilética5. Vida Familiar

(Matéria suplementar)

MÓDULO IV

1. História da Igreja I2. Doutrina da Igreja3. Escatologia4. Heresiologia I5. Louvor e Adoração

(Matéria suplementar)

MÓDULO III

1. Doutrina do EspíritoSanto - Pneumatologia

2. Doutrina do Pecado-Hamartiologia

3. Doutrina do Homem -Antropologia

4. Doutrina da Salvação -Soteriologia

5. Espiritualidade(Matéria suplementar)

MÓDULO II

1. Doutrina de Cristo -Cristologia

2. História de Israel3. Doutrina dos Anjos -

Angelologia4. Panorama do Novo

Testamento5. Práticas Litúrgicas

(Matéria suplementar)

MÓDULO IX

1. Liderança Cristã2. Língua Grega I3. Apologética Cristã4. Aconselhamento Pastoral5. Planejamento da vida

(Matéria suplementar)

MÓDULO VIII

1. Teologia do AntigoTestamento

2. Teologia do NovoTestamento

3. Hermenêutica II4. Missões Transculturais5. Estratégias de Comunicação

(Matéria suplementar)

MÓDULO VII

1. História da Igreja II2. Ética Cristã3. Heresiologia II4. Língua Hebraica I5. Ministério Infantil

(Matéria suplementar)

MÓDULO XIII

1. História da Igreja Brasileira2. Filosofia Teológica3. Exegese Bíblica II4. TCC-Trabalho de

Conclusão do Curso

5. Direito(Matéria suplementar)

MÓDULO XII

1. Filosofia Teológica2. História de Missões3. Pedagogia Geral4. Religiões Comparadas5. Meio Ambiente

(Matéria suplementar)

MÓDULO XI

1. História da igreja III2. Arqueologia Bíblica II3. Língua Hebraica II4. Língua Grega II5. Política

(Matéria suplementar)

• A g r a d e d e m a t é r i a s m a i s c o m p l e t a d o B r a s il , a m p l i a n d o a s s i m o s s e u s c o n h e c i m e n t o s ;

• D i p l o m a d e c o n c l u s ã o d e c a r á t e r  i n t e r d e n o m i n a c i o n a l e c o m 0  r e s p a l d o d a s  p r i n c i p a i s i g r e j a s e v a n g é l i c a s b r a s i l e ir a s .

• C a r t e i r i n h a F u n c i o n a l d e E s t u d a n t e , p o r m e i o d a  q u a l t e r á d e s c o n t o d e a t é 5 0 % e m e n t r a d a s d e  p r o g r a m a s c u l t u r a i s e l i v r a r i a s ;

• A u l a s d e r e f o r ç o e m n o s s o s p r o g ra m a s d e r á d io e  T V e e m n o s s o s it e n a i n t e r n e t ;

Page 9: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 9/150

PNEUMATOLOGIADoutrina do Espirito Santot a - ,. . . : * —  

  ............   . · * ' ' / .

 ׳ -* ̂ — '!UiW * '   .... ’ * ** ^״***·-

Page 10: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 10/150

SUMARIOINTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 13

1. DEFINIÇÃO DA DOUTRINA............................................................................................................. 14

2. O ESPÍRITO SANTO......................................................................................................................................162.1 SUA NATUREZA.......................................................................................................................................162.2 ATRIBUTOS DO ESPÍRITO SANTO ....................................................................................................16

3. OS NOMES DO ESPÍRITO DE DEUS................................................................................................ 193.1 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DESCREVEM SUA PRÓPRIA PESSOA ................................193.2 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUA RELAÇÃO COM DEUS....................203.3 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUA RELAÇÃO COM O FILHO DE DEUS..203.4 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUA RELAÇÃO COM OS HOMENS............21

4. OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO ....................................................................................................23

5. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO ............................................................................................................... 25

5.1 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO À PALAVRA.........................................................255.2 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO MU ND O ........................................................255.2.1 EM RELAÇÃO AO MUNDO MATERIAL...................................................................................255.2.2 EM RELAÇÃO À HUMANIDADE COMO UM TODO.............................................................26

5.3 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JE SU S................................................................265.4 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AOS CRENTE S..................................................26

6. BATISMO COM O ESPIRITO SANTO .................................................................................................... 286.1 TERMINOLOGIA ................................................................................................................................... 296.2 ALGUMAS POSIÇÕES ........................................................................................................................ 296.3 EVIDÊNCIAS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO ................................................................29

6.4 O QUE NÃO É O BATISMO COM O ESPÍRITO SA NTO ..................................................................306.5 PARA QUEM É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO ................................................................31

7. DONS ESPIRITUAIS.......................................................................................................................... 327.1 PALAVRAS REVELADORAS ..............................................................................................................327.2 CLASSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS ................................................................................... 32

7.2.1 DONS DE ENSINO E PREGAÇÃO ..............................................................................................337.2.2 DONS DE PO DER.......................................................................................................................... 337.2.3 DONS DE ADORAÇÃO.................................................................................................................35

8. FRUTO DO ESPÍRITO SANTO..................................................................................................................... 37

40REFERÊNCIAS

Page 11: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 11/150

MÓDULO J IPNEUMATOLOGIA

I N T R O D U Ç Ã OMuito erro e confusão existem em nossos dias no tocante à personalidade, às operações e às manifestações do

Espírito Santo. Eruditos conscientes, mas equivocados, têm sustentado pontos de vista errôneos a respeito dessadoutrina. É vital para a fé de todo cristão que o ensino bíblico sobre 0 Espírito Santo seja visto em sua verdadeiraluz e mantido em suas corretas proporções.

O estudo da pessoa do Espírito Santo se reveste de importância devido a quem Ele é e o que Ele fez e continuafazendo em prol dos fiéis. Por meio de sua obra, o Espírito Santo se mantém ativo em todas as áreas da vida.Ele é 0 Criador, juntamente com o Pai e o Filho, e também trabalha na providência, na natureza, na política, nos

talentos humanos, na salvação e no crescimento espiritual.O Espírito Santo inspirou a Bíblia e, agora, ilumina a nossa mente, para que possamos entendê-la. Sua vinda

ao mundo foi tão necessária para a nossa salvação quanto foi a vinda de Cristo. Sem o Espírito, a nossa religiãoé vazia e não temos prova da nossa salvação (Rm 8.9).

Os nomes e os títulos do Espírito Santo nos revelam muita coisa a respeito de quem é o Deus Espírito Santo.Embora 0  nome Espírito Santo não ocorra no Antigo Testamento, vários títulos equivalentes são usados. O

 problema teológico da personalidade do Espírito Santo gira em tomo da revelação e compreensão progressivase da maneira como 0  leitor abordar a natureza da Bíblia. O Espírito Santo, como membro da Trindade, conformerevela 0 Novo Testamento, não aparece na Bíblia hebraica. Mesmo assim, 0 fato de a doutrina do Espírito Santo nãoestar plenamente revelada na Bíblia hebraica, isso não altera a realidade da existência e da obra do Espírito Santonos tempos do Antigo Testamento. Suas atividades e manifestações eram esporádicas, específicas e em temposdistintos, com um fim especial: a libertação do povo de Deus em tempos de crise (Jz 7.12; 11.29; 14.19; 15.14).

 Na dispensação da graça, no Novo Testamento, suas atividades se concretizam de maneira direta e contínua por meio da Igreja. No Antigo Testamento, 0 Espírito Santo se manifestava por circunstâncias especiais. No NovoTestamento, Ele veio para fazer morada no coração dos crentes e enchê-los do seu poder. Sobre isso escreveu oapóstolo Paulo: “Não sabeis que 0 nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente deDeus, e que não sois de vós mesmos?” (1C0 6.19).

Desta forma, toma-se essencial à fé de todo cristão estudar 0  que ensina a Bíblia sobre o Espírito Santo e asua obra, conforme revelados nas Escrituras e experimentados na vida da Igreja hoje.

13CURSO DE TEOLOG IA

Page 12: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 12/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

DEFINIÇÃO DA DOUTRINA

*A. palavra pneum atologia é formada por dois vocábulos gregos: πνεύμα { p n e u m a ) e λόγος (l o g o s ).A prim eira, em seu sentido primário, denota 44vento” (cognato de p n e o , 44respirar, soprar”) e, neste casoem especial, 44esp írito” , que, assim como o vento, é invisível , imateria l e poderoso. O significado dasegunda é: 44estudo, doutrina” .

A pneumatologia estuda, de forma sistemática, tudo o que se refere à pessoa do Espírito Santo, quefoi chamado por Jesus de Consolador.

Ao se referirem ao Espírito Santo, os escritores inspirados se valeram de dois termos no idiomaorigina;: י ר   (r u a c h ), no hebraico, e πνεύμα ( p n e u m a ), no grego. Entretanto, essas palavras sãousadas nas Escrituras tanto no sentido literal quanto figurado. A primeira, r u a c h , ocorre 378 vezes,e 0  contexto em que se encontra é que dará sentido aos seus diversos significados. Dependendo docontexto, pode denotar 44respiração” , 44o ar para resp ira r” , conforme aparece no seguinte texto: t4E os

 jumen tos monteses se põem nos lugares altos , sorvem o vento como os dragões; desfalecem os seusolhos, porquanto não há erva” (Jr 14.6). Quando a pessoa volta a respirar, é reavivada: 44Então, oSenhor fendeu a caverna que estava em Lei; e saiu dela água, e bebeu; e 0  seu espírito [respiração]tornou, e reviveu ...” (Jz 15.19). Pode, também, representar 44fala” ou 44respiração da boca” : 44Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército de les” (SI 33.6).

Além disso, a palavra é usada para dar ênfase na qualidade invisível, intangível e passageira do

44ar”, como está escrito: 44Lembra-te de que a minha vida é um sopro; os meus olhos não tornarão a vero bem” (Jó 7.7).

Vento. Esse é 0 seu outro sentido. E podemos ver isso nas palavras de Jó, quando disse: 44Até quandofalarás tais coisas? E até quando as palavras da tua boca serão qual vento impetuoso?” (Jó 8.2).

Pode descrever 0  elemento de vida no homem, o seu espírito: 44Tudo o que tiriha fôlego de espíntode vida em seus narizes, tudo o que havia no seco, morreu” (Gn 7.22).

A palavra r u a c h   foi usada pela primeira vez nas Escrituras para se referir ao Espírito de Deus, aterceira pessoa da Trindade: 44A terra, porém , estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face doabismo, e 0  Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1.2). E é justamente nesse sentido queiremos usá-la neste estudo.

A Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento hebraico) transliterou o vocábulo r u a c h  em seu correspondente grego,  p n e u m a , cujos significados são os mesmos. Entretanto, é importanteao estudante saber que a manifestação do Espírito Santo no Antigo Testamento é diferente de suamanifestação no Novo Testamento, por isso os doutrinadores dessa disciplina tiveram de dividi-la emdois períodos distintos: a doutrina do Espírito Santo no Antigo Testamento e a doutrina do LspiritoSanto no Novo Testamento.

 No Antigo Testamento, as atividades e as manifestações do Espírito Santo eram esporádicas,específicas e em ocasiões distintas, com um objetivo especial: a libertação do povo de Deus em temposde crise (Jz 7.12; 11.29; 14.19; 15.14). Na época de Jesus, conhecida como dispensação da graça,quando o Novo Testamento foi escrito, as atividades do Espírito Santo se concretizam de maneiradireta e contínua por meio da Igreja.

CURSO DE TEOLOGIAík 

Page 13: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 13/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

 No Antigo Testamento, 0 Espírito Santo se manifestava em circunstâncias especiais. Já no Novo, Eleveio para fazer morada no coração dos cristãos e enchê-los do seu poder, tal como Jesus havia predito:“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, oEspírito da verdade, que 0 mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós 0  conheceis,

 porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.16,17).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 11. Quais são os sentidos da palavra hebraica r u a c h l  

2. Qual o termo grego correspondente a ruach  usado pela Septuaginta?3. Como era a manifestação do Espírito Santo no Antigo Testamento?4. Como é a manifestação do Espírito Santo no Novo Testamento?

15CURSO DE TEOLO GIA

Page 14: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 14/150

MÓDULO J IPNEUMATOLOGIA

0 ESPIRITO SANTOEmbora o estudo da doutrina do Espírito Santo seja um dos mais empolgantes, é, ao mesmo tempo, um dos

mais divergentes no cenário cristão. O Espírito Santo é o supremo edificador, age na perspectiva de promover aunidade desde a dimensão da matéria física (da qual é o sustentador) até a vida espiritual da Igreja (da qual é ounificador), mas sua doutrina tem sido, como já falamos, ponto de discórdias.

Desde longas datas até os dias atuais, existem muitos erros e confusão em relação à personalidade, operaçõese manifestações do Espírito Santo. Eruditos conscientes, mas equivocados, têm sustentado pontos de vistaserrôneos a respeito dessa doutrina. No entanto, mesmo essa história - tão dividida em nome daquele que veio

 para unir - não nos permite negar a realidade de que o Espírito Santo tem agido em toda a história da Igreja. Porisso, é vital, para a fé de todo crente, estudar o que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo e a sua obra, conformerevelados nas Escrituras.

Vivemos no período em que a obra do Espírito Santo é mais proeminente que a dos outros membros daTrindade. A obra do Pai foi mais evidente no período do Antigo Testamento. A do Filho foi evidente desde ocomeço do seu ministério até sua ascensão. Agora, vivemos na 4‘era do Espírito”, mas isso não quer dizer quenenhum dos outros membros da Trindade não possa atuar.

A questão, portanto, não é saber como podemos possuir mais do Espírito Santo para que possamos realizar onosso trabalho. Pelo contrário, devemos saber como é que o Espírito Santo pode possuir mais de nós para realizara sua obra de transformação do mundo.

2.1 SUA NATUREZAQuem é o Espírito Santo? Com respeito à sua natureza, Ele é uma pessoa ou um mero poder? E se Ele é uma

 pessoa, é criado ou divino? Finito ou infinito? As Escrituras, e somente as Escrituras, podem responder a estas perguntas. Portanto, não devemos tomar uma parte isolada da Bíblia para construirmos uma doutrina, pois textofora de contexto gera pretexto.

As Escrituras ensinam claramente que o Espírito Santo é Deus porque sua natureza é divina. Ele é identificadocomo a terceira pessoa da Trindade, igual ao Pai e ao Filho. E eterno, onipotente, onisciente e onipresente (Mt28.19). Várias referências ao Espírito Santo são intercambiáveis com referências a Deus. Jesus, na conversa queteve com a mulher samaritana, falou sobre a natureza essencial de Deus ao afirmar que Deus é espírito. Ora, se

Deus é Espírito, e o Espírito Santo é o Espírito de Deus (1C0 2.11), com a mesma natureza divina, resta-nosafirmar que o Espírito Santo é Deus. Considerando o que a Bíblia expõe sobre a natureza do Espírito Santo, ficaevidente que Ele não é simplesmente uma influência, como alguns crêem e ensinam erroneamente.

2.2 ATRIBUTOS DO ESPÍRITO SANTOSegundo o dicionário Aurélio, atributos são: “característica, qualitativa ou quantitativa, que identifica um

membro de um conjunto observado”.1De acordo com esta definição, podemos dizer que os atributos do EspíritoSanto são aquelas características distintivas da sua natureza. Strong diz: “Chamamo lo atributos porque somoscompelidos a atribuí-los a Deus como qualidades ou poderes fundamentais ao seu ser a fim de dar um relatoracional de alguns fatos constantes nas auto-revelações de Deus”.12

1FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. São Paulo: Positivo, 2004.

2STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 1, 2003, p. 364.

CURSO DE TEOLOG IA16

Page 15: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 15/150

MÓDULO 3 i PNEU M ATO LOG IA

Os atributos do Espírito Santo são suas perfeições. inseparáveis de sua natureza, que condicionam seu caráter.Há certos atributos que pertencem somente a Deus.3 Mas esses atributos divinos são conferidos também aoEspírito Santo. Vejamos os atributos da divindade no Espírito Santo, conforme revelados nas Escrituras:

a) É onipotente (Zc 4.6; Rm 15.19)

 b) É onipresente (SI 139.7,8)c) É onisciente (1C0 2.10,11)d) É eterno (Hb 9.14)e) É criador (Jó 26.13; 33.4; SI 104.30)f) É a verdade (1 Jo 5.6)g) É 0 Senhor da Igreja (At 20.28)h) É chamado de Yahweh (Jz 15.14 com 16.20; Êx 17.7 com Hb 3.7-9)i) Dá vida eterna (G1 6.8)

 j) É o santificador dos fiéis (Rm 15.16; lPe 1.2)k) Habita nos fiéis (Jo 14.17; Rm 8.11; 1Co 3.16; 6.19; 2Tm 1.14)

Como o Espírito Santo não é Deus se é eterno, onisciente, onipotente e onipresente? E, também, sublime,santo e glorioso como o Pai e o Filho. Por esses atributos, fica evidente que o Espírito Santo de fato é Deus e,também, uma pessoa.

Historicamente, os arianos, os sabelianos e os socinianos consideravam 0 Espírito Santo uma força que vemde Deus. Mas esses grupos sempre foram considerados heréticos pela Igreja. Quando atribuímos personalidadeao Espírito Santo, verificamos que Ele não é uma força ou influência exercida por Deus, mas um ser pessoal einteligente, com vontade e determinação própria.

A grande confusão reside no fato de a maioria das pessoas não saber distinguir o que é ser uma pessoa e possuir um corpo. Quando falamos que o Espírito é uma pessoa, alguns, de forma errada, interpretam que Ele,

 por ser uma pessoa, deveria, necessariamente, possuir uma forma corpórea. E consenso entre os cristãos queDeus Pai seja uma pessoa, embora as Escrituras afirmem que ninguém jamais 0 viu (Jo 1.18; 1T 6.16). Se Deus éuma pessoa, mesmo que não tenha sido visto, logo, uma pessoa não precisa, necessariamente, possuir um corpo,desde que possua atributos de uma pessoa. Como o Espírito Santo possui todos os atributos de uma pessoa,apesar de não ser visível, logo, Ele é uma pessoa.

Fica evidente que o Espírito Santo é uma pessoa pelas atribuições que a Palavra de Deus lhe confere e que só podem ser praticadas por pessoas. Vejamos:

O Espírito santo fala: “Pois não serão vocês que estarão falando, mas 0 Espírito do Pai de vocês falará porintermédio de vocês״ (Mt 10.20; At 8.39; 10.19,20; 13.2; Ap 2.7).

O Espírito Santo sonda as coisas profundas de Deus Pai: "O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo ascoisas mais profundas de D e u s1 ) .(C0 2.10״

O Espírito Santo ensina: '4Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e dasautoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora oEspírito Santo lhes ensinará 0 que deverão dizer ״  (Lc 12.12; Jo 14.26: 1C0 2.13).

O Espírito Santo conduz e guia: 44Mas quando o Espírito da verdade vier. ele os guiará a toda a verdade. Nãofalará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir" (Jo 16.13; Rm 8.14).

O Espírito Santo intercede: 44Da mesma forma, o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos comoorar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece aintenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus’' (Rm 8.26,27).

O Espírito Santo dispensa dons: 44A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de

9Veja no Módulo 1, Os atributos de Deus, cap. 5.

17CURSO DE TEOLOG IA

Page 16: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 16/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder paraoperar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda aoutro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele asdistribui individualmente, a cada um, como quer’' (1C0 12.7-11).

O Espírito Santo chama homens para 0 seu serviço: “Enquanto adoravam 0 Senhor e jejuavam, disse oEspírito Santo: Separem-me Bamabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado . (At 13.2; 20.28)״

O Espírito Santo se entristece: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com 0 qual vocês foram selados para 0 dia da redenção״ (Ef 4.30).

O Espírito Santo dá ordens: “Paulo e seus companheiros viajaram pela região da Frigia e da Galácia, tendosido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na província da Ásia. Quando chegaram à fronteira daMísia, tentaram entrar na Bitínia, mas 0 Espírito de Jesus os impediu״  (At 16.6,7).

O Espírito Santo ama: “Recomendo-lhes, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito,que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor ״  (Rm 15.30).

O Espírito Santo pode ser resistido: “Povo rebelde, obstinado! De coração e de ouvidos! Vocês são iguais

aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!״ (At 7.51).O Espírito Santo fortalece as igrejas; “A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria,

edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número . (At 9.31)״Como pessoa, um ser deve ter certos atributos. Por exemplo: conhecimento de coisas e fatos; sentimentos,

como alegria, ira, prazer e tristeza; e vontade para determinar quais serão suas atitudes em relação a esses

sentimentos.Assim, não restam dúvidas de que o Espírito Santo não é uma entidade sem personalidade, e muito menos um

objeto inanimado ou um poder desconhecido que possa ser usado. Ele é, de fato, uma pessoa!

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 21. Explique a natureza do Espírito Santo?2. Cite cinco atributos de Deus que também são conferidos ao Espírito Santo?3. Qual é a diferença entre ser uma pessoa e possuir um corpo?4. Quais são as atribuições que a Palavra de Deus faz ao Espírito Santo que só podem ser praticadas por pessoas?

CURSO DE TEOLO GIA18

Page 17: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 17/150

MÓDULO 3 I PNEU MA TOLOG IA

OS NOMES DO ESPÍRITO DE DEUSO nome atribuído à pessoa é um dos principais direitos incluídos na categoria de direitos personalíssimos

ou da personalidade em nosso Código Civil. Todos, quando nascem, recebem um nome que não tiveram aoportunidade de escolher. Em geral, conservaremos esse nome como marca distintiva dentro da sociedade, comoalgo que nos rotula no meio em que vivemos, até a morte. Todavia, após a morte, 0  nome da pessoa continuasendo lembrado e tendo influência.

O nome é uma forma de individualizaçào do homem na sociedade. A utilidade do nome é tão notória que elenão é empregado apenas para denominar pessoas, mas, também, firmas, navios, aeronaves, ruas, praças, cidades,etc. Afinal, o nome, é 0 substantivo que distingue as coisas que nos cercam. O nome de uma pessoa a distinguedas demais. E pelo nome que a pessoa se torna conhecida no seio da família e na sociedade em que vive. Trata-seda manifestação mais expressiva da personalidade.

Entre os hebreus, a princípio, usava-se um único nome, como. por exemplo, Moisés, Jacó, Ester, entre outros.Mas era costume entre eles acrescentar outra designação (um sobrenome) ao nome primitivo. Devemos noslembrar que 0 próprio Jesus era conhecido como “Jesus de Nazaré״ . O segundo nome, de acordo com o costumedaquela época, era uma referência à profissão ou ao local de nascimento da pessoa. Mas isso quando não estavaligado ao nome do pai. Portanto, para os judeus, os nomes de Deus traziam em si uma revelação de seu caráter,de seus atributos. Não eram simples designações ou identificações, antes, revelam algo da natureza, dos atributosou das obras de Deus.

O mesmo raciocínio se aplica também nomes conferidos ao Espírito Santo. Ou seja, os nomes do EspíritoSanto nos revelam muita coisa a respeito de quem Ele é. Algumas vezes, um de seus nomes é mencionado paraenfatizar sua personalidade e caráter (o Santo Espírito); outras vezes, para enfatizar seu trabalho e poder (oEspírito da Verdade). Todavia, nunca são mencionados como uma força despersonalizada.

Existem muitas passagens nas Santas Escrituras que apresentam 0 Espírito Santo nos mostrando os diversosaspectos divinos de sua pessoa e obra. Assim, precisamos atentar, com mais diligência, para cada revelação queo Espírito Santo dá de si mesmo.

3.1 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DESCREVEM SUA PRÓPRIA PESSOAO Espírito. “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito \ pneuma] \ porque 0 Espírito penetra todas as coisas,

ainda as profundezas de Deus" (1C0 2.10). O termo grego  p n e u m a . aplicado ao Espírito Santo, envolve tanto o pensamento de “fôlego" como o “vento”.

Espírito Santo,  No hebraico: רוקד   - r uac h qode s h ; no grego: πνεύμα άγιος, ( p n e u m a hagios) . 

“E sucedeu que, enquanto Apoio estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores,chegou a Efeso e, achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quandocrestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo" (At 19.1,2). O carátermoral do Espírito é evidente nesse nome. Ele é santo em pessoa e em caráter. Na igreja, este nome é omais usado para o Espírito Santo. “A razão de 0 Espírito ser chamado de santo com mais freqüência que asdemais pessoas da Trindade não é porque Ele seja mais santo que as outras duas, pois a santidade infinitanão admite graus. Ele é assim oficialmente designado porque sua obra é santificar".4 Consequentemente,1

1BANCROFT, E.H. Teologia elementar. São Paulo: Batista Regular, 1995, p. 187.

19CURSO DE TEOLOGIA

Page 18: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 18/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

manifesta-se contra tudo 0  que é abominável aos olhos de Deus. por isso é chamado também de “Espíritode santificação״  (Rm 1.4).

Espírito eterno. “Muito mais 0  sangue de Cristo, que. pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu semmácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!״ (Hb 9.14).

A eternidade é um atributo incomunicável de Deus, portanto, uma característica peculiar da divindade."

3.2 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUA RELAÇÃO COM DEUS

Espírito de Deus. No hebraico: □ ה' ל וא ר  ( ruach E loh im ): no grego: πνεύμα Θέος,  p n e u m a th eos. “Vocêsnão sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em v o c ê s ? 1 ) C0 3.16). Com esses dois״nomes, Espírito e Deus, as Sagradas Escrituras revelam quem Ele é a sua natureza. O primeiro identifica suanatureza (Espírito). O segundo, revela sua divindade.

Espírito de YHWH. No hebraico: ה ו ה י 1 (r u a c h Y H W H ) \  no grego: πνεύμα κύριος,  p n e u m a kyrio s. “OEspírito do Senhor Deus está sobre mim. porque 0 Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados,enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade osalgemados״ (Is 61.1).

Escreve-se, no original em hebraico, { r u a c h Y H W H ) , sendo translíterado em português, para a Bíblia, como“Espírito do Senhor ״ . O Espírito de Yahweh estava ativo na criação, conforme revela Gênesis 1.2, com referênciaao “Espírito de Deus״ .

Espírito do Senhor Deus. “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim. porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados. enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a

 pôr em liberdade os algemados" (Is 61.1). Por meio desse nome. 0 Espírito Santo exerce a soberania de Deus.

Espírito do Deus vivo.  No grego: αλλά πνεύματ ι θεού ζώ ντος, αλλα V p n e u m a Theou) zô n ío s י “Vocês

demonstram que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério, escrita não com tinta, mas com oEspírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações hu m a n o s2 ) .(Co 3.3״

Aqui, o Espírito é apresentado como alguém que escreve ou traça a imagem de Cristo na vida dos cristãos.

3.3 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUARELAÇÃO COM O FILHO DE DEUS

O Espírito de Cristo. No grego: πνεύμα Χριστό ς, (pneuma Chr i s tos ) . “Entretanto, vocês não estão sob 0

domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espíritode Cristo, não pertence a Cristo״ (Rm 8.96). Ter o Espírito de Cristo é ser co-participante de seus sofrimentos.Ele atua na qualidade de emissário de Cristo, infundindo a vida do Salvador na existência do pecador mediantea regeneração (Rm 8.2; 2C0 5.17). A presença do Espírito de Cristo na vida do homem é percebida pela sua

conduta no dia-a-dia.

Espírito de seu Filho. “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração 0 Espírito de seu Filho, queclama: Aba, Pai!״ (G1 4.6). O Espírito de seu Filho testifica a nossa filiação com Deus.5

5 Veja no Módulo 1, “Atributos incomunicáveis”, cap. 5.

CURSO DE TEOLOGIA20

Page 19: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 19/150

MÓDULO 3 I PNEUM ATO LOG IA

Espírito de Jesus. ‘Έ, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregara palavra na Ásia. defrontando Mísia. tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”(At 16.6,7). Por meio desse nome, percebemos a afinidade do Espírito Santo com Jesus.

Espírito de Jesus Cristo. '*Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão doEspírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação” (Fp 1.19). Além de revelar Jesus como o Messias, essenome demonstra seu relacionamento com o Espírito Santo.

3.4 NOMES DO ESPÍRITO SANTO QUE DEMONSTRAM SUA RELAÇÃO COM OS HOMENS

Espírito purificador. "Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa dosangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito purificador ״ (Is 4.4). Este nome denota a limpezaque o Espírito Santo efetua na vida do homem, para que o homem possa ter comunhão com Deus.

Espírito Santo da promessa. *'Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelhoda vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com 0  Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13). OEspírito Santo é o cumprimento da promessa do "outro Consolador” (uma referência ao próprio Espírito Santoque seria derramado) que Jesus havia falado.

Espírito de vida.  No grego: πνεύμ ατος  τής  ζωή$, ' (pneumatos tês zoês j  “Portanto, agora já não hácondenação para os que estão em Cristo Jesus [..], porque, por meio de Cristo Jesus, a lei do espírito de vida melibertou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8.1-2, grifo nosso). O Espírito de vida dá a cada crente, ao nascerde novo, uma vida nova e eterna. Pois 0 Espírito de vida substitui a lei reinante do pecado e da morte pela lei davida. O que estava morto em ofensas e pecados (Ef 2.1; 2Co 5.17), Ele vivifica por meio do novo nascimento.

Espírito de adoção.  No grego: πνεύμα  υιοθεσ ία (pneuma hu io thes ia ) .  *'Porque não recebestes o espíritode escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qualclamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15). Adoção é a “aceitação voluntária e legal de uma criança como filho”.6Éramosescravos do pecado e vivíamos sob o ' espírito de servidão”, todavia, Cristo Jesus nos resgatou e, por conta disso,

tomamo-nos filhos de Deus (Jo 1.12).

Espírito da graça.  No hebraico ΓΤΠ ]Π (ruach chen);  no grego: το πνεύμα τής  χαριτος , ( p n e u m a  

char is ) . *'De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10.29). ABíblia qualifica como apóstatas obstinados todos aqueles que pisam com os pés o Espírito da graça. Pelo Espírito

da graça, é oferecida livremente, a todos os homens, a dádiva do favor divino. Por isso, qualquer acréscimohumano, justiça por obras e melhoramentos adâmicos são abominações para o Espírito Santo.

Espírito da glória.  No grego: δόξης του θεού πνεύμα, ( d o k s ê s t u T h e u )   “Se, pelo nome de Cristo, soisvituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa 0 Espírito da glória de Deus” (lPe 4.14). Glória,neste caso, tem a ver com caráter. Não é um simples resplendor, brilho, fama, celebridade, renome, reputação,coisas típicas da raça humana. Jesus considerou seu sofrimento na crucificação como um momento da sua glória(Jo 12.23-33).

Poderiamos, ainda, falar do Espírito (Mt 22.43); do Espírito da verdade (Jo 14.17; 15.26; 16.13); do Espíritode Deus, o santo (Ef 4.30); do Espírito de glória e de Deus (lPe 4.14); do Espírito de santidade (Rm 4.1); do

‘FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. São Paulo: Positivo, 2004.

21CURSO DE TEOLOGIA

Page 20: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 20/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

Espírito do Senhor (At 8.39); do Espírito da promessa, 0  santo (Ef E l3); do Espírito daquele que dos mortosressuscitou a Jesus (Rm 8.11); do Espírito de Jesus Cristo (Fp 1.19); do Espírito de nosso Deus (1C0 6.11); doEspírito de seu Pai (Gl 4.6); do Espírito Santo (Mt 12.32); e do Espírito (2C0 3.8), entre outros títulos maisrelacionados ao Espírito Santo. Todavia, os nomes do Espírito Santo citados acima nos bastam.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 31. Qual é a importância do nome?2. Qual é a importância do nome para os judeus?3. Cite os nomes do Espírito Santo com relação ao Filho de Deus.4. O que significa o termo “Espírito da graça”?

CURSO DE TEOLOG IA22

Page 21: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 21/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO

A Bíblia é um livro de figuras, símbolos e palavras. Além dos nomes e títulos atribuídos ao Espírito Santo, Eleé mostrado nas Escrituras, de forma específica, por meio de símbolos, para revelar suas características peculiares.Devido à nossa pobreza de linguagem, aprouve a Deus revelar, por meio de símbolos, 0  que de outra maneira

 jamais saberiamos.Os símbolos do Espírito Santo refletem suas múltiplas operações e, de maneira alguma, comprometem sua

 personalidade e sua divindade. As Escrituras utilizam os seguintes símbolos para descrever as diversas operações

do Espírito Santo:

Fogo. “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; nào sou digno de levar as suas sandálias [ou calçado]; ele vos batizará com o Espírito Santoe com fogo” (Mt 3.11).

Vento. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assimé todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8). Jesus usou o vento como símbolo do Espírito Santo. O ventosimboliza a obra regeneradora do Espírito Santo. O vento é invisível, porém, é real, penetrando em todo lugarda terra e, da mesma forma, o Espírito de Deus penetra no mais profundo do nosso ser, a fim de nos vivificar e

 purificar.

Água. “Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tomará a ter sede, mas aquele que beberda água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar paraa vida eterna” (Jo 4.13,14). Esse é um dos mais belos símbolos do Espírito Santo. Da mesma forma que a água éindispensável à vida física, o Espírito também se toma indispensável à vida espiritual. Ele nos refrigera (SI 23.2),nos limpa (Tt 3.5), nos renova e produz frutos em nossa vida (G1 5.22; SI 104.30).

Óleo. “E tomou o anjo que falava comigo, e me despertou, como a um homem que é despertado do seu sono,e me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite no cimo, com as suassete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita

do vaso de azeite, e outra à sua esquerda. E falei e disse ao anjo que falava comigo, dizendo: Senhor meu, que éisto? Então, respondeu o anjo que falava comigo e me disse: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, Senhormeu. E respondeu e me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel. dizendo: Não por força, nem

 por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.1-6). Outro símbolo do Espírito Santoque aparece nas Escrituras é 0 óleo (azeite). O óleo tanto era utilizado nas solenidades de unção e consagraçãode sacerdotes, profetas e reis (Êx 30.30; Lv 8.12; ISml 10.1; 16.13; lRs 13.16) quanto na cura e alívio da pele,alimento e combustível para a iluminação.

23CURSO DE TEOLOG IA

Page 22: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 22/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

Pomba. “E aconteceu que. como todo 0 povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, 0  céuse abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea. como uma pomba; e ouviu-se uma voz docéu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido" (Lc 3.22). A pomba transmite as seguintes

qualidades: mansidão, pureza, amor. inocência e beleza. Essas características não são diferentes daquelas que0

Espírito Santo transmite aos fiéis.

Selo. “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, 0 evangelho da vossa salvação;e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa" (Ef 1.13). Usava-se o selo comosinal de garantia de propriedade, legitimidade, autoridade, segurança ou preservação. Essas característicasexpressam a posição daqueles que foram selados pelo Espírito Santo, ou seja, evidenciam a propriedade divina.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 41. O que os símbolos revelam do Espírito Santo?2. O que significa o “vento", como um dos símbolos do Espírito Santo?3. Cite três símbolos do Espírito Santo estudados neste capítulo?

CURSO DE TEOLOGIA24

Page 23: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 23/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

A obra do Espírito Santo são as obras de Deus. Desde a criação até a consumação dos séculos, a Bíblia mostraa presença do Espírito Santo atuando. O Antigo Testamento enfatiza principalmente a atuação do Deus Pai,os evangelhos enfatizam a obra do Deus Filho e, do dia de Pentecoste até os dias atuais, a ênfase é na atuaçãodo Deus Espírito Santo. Entretanto, sabemos que 0 Espírito Santo também exerceu suas atividades em temposmais remotos, desde o princípio, e por meio de toda a história. Vamos estudar as obras do Espírito Santo em suarelação com a Palavra, com o mundo, com Jesus, com 0 crente e com a Igreja.

5.1 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO À PALAVRAO apóstolo Paulo diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a

correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16). Pedro também confirma esta verdade ao afirmar que “sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamaisqualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos

 pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20,21). Não existe, à luz desse texto, margem para qualquer outra interpretação, o

texto fala por si mesmo.'O homem natural não pode entender as coisas de Deus, isso é fato (1C0 2.14). Em sua carta aos efésios, o

apóstolo Paulo ora pedindo a Deus que os homens recebam 0 espírito de sabedoria, revelação e iluminação, para poderem ter o pleno conhecimento de Deus. Somente 0  Espírito Santo pode iluminar as mentes desfiguradas

 pelo pecado para entenderem os desígnios de Deus, “a fim de poderdes compreender, com todos os santos,qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todoentendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.18,19).

5.2 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO MUNDOO Espírito Santo atuou tanto na criação do universo material quanto no mundo habitado pela humanidade

como um todo.

5.2.1 Em relação ao mundo material No relato da criação, as Escrituras registram sua presença, porém, cada pessoa na divindade é apresentada como

sendo criadora: o Pai - “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez ouniverso” (Hb 1.1,2); o Filho - “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feitose fez” (Jo 1.3); “Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejamtronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.16); oEspírito Santo - “Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra” (SI 104.30).

Estes textos não se contradizem, antes, explicitam a cooperação mútua das três pessoas da Trindade operando

 juntas para realizar a vontade divina.7

7Veja no Módulo 1,” Inspiração das Escrituras”, cap. 6.

25CURSO DE TEOLO GIA

Page 24: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 24/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

5.2.2 Em relação à humanidade como um todoO Espírito Santo convence 0 mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). É Ele quem dá ao homem a

convicção do pecado neste nosso mundo, onde, dia a-dia, as consciências se entorpecem e se cauterizam. Nestemundo, onde certas correntes da psicologia ensinam que os sentimentos de pecado são apenas subprodutos

de condicionamentos, ou seja, das opressões culturais, sociais e religiosas, nada mais. E que não existe nadaabsoluto que possa julgar a conduta e a vida do homem, porque todos os absolutos foram relativizados.

A palavra convencer também carrega o sentido de persuadir, sentenciar, expor e reprovar, todas apropriadas àconduta do homem sem Deus. Portanto, neste mundo sem consciência, somente 0 poder do Espírito Santo podeconvencer do pecado.

5.3 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JESUSDesde 0 nascimento de Jesus até sua ressurreição, o Espírito Santo foi ativo. As Escrituras nos revelam que o

Espírito Santo foi 0 agente da concepção de Jesus: ‘4Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo teenvolverá com a sua sombra; por isso, também 0 ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus״  (Lc

1.35). Foi o Espírito Santo quem proporcionou as excepcionais e milagrosas condições biológicas que permitirama Maria conceber sem jamais ter tido relação sexual.

O milagre do nascimento de Jesus foi um milagre do Espírito Santo.Sua recepção no templo foi preparada pelo Espírito Santo;'4Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de

Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver oCristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo: e. quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazeremcom ele o que a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedirem paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação . (Lc 2.25-30)״

O desenvolvimento e o crescimento do menino Jesus são atribuídos ao Espírito Santo. A Bíblia atribui ao

Espírito Santo o crescimento físico, intelectual e espiritual de Jesus, conforme se percebe na seguinte declaração:44Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele״  (Lc 2.40).Os quatro evangelhos registram, com detalhes, a atuação do Espírito Santo na vida de Jesus. O homem-Deus

foi batizado pelo Espírito (Jo 1.32,33), guiado pelo Espírito (Lc 4.1), ungido pelo Espírito (Lc 4.18; At 10.38),revestido com poder pelo Espírito (Mt 12.27,28), ofereceu a si mesmo como expiação pelo pecado, pelo Espírito(Hb 9.14), foi ressuscitado pelo Espírito (Rm 8.11) e deu mandamentos por intermédio do Espírito (At 1.2).Jesus viveu toda a sua vida terrena dependendo inteiramente do Espírito Santo e a Ele se sujeitou.

5.4 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AOS CRENTESA obra do Espírito Santo é de fundamental importância na vida do crente, pois é Ele quem regenera e

transforma 0  crente em nova criação de Deus, operando por meio do novo nascimento. Sem a presença doEspírito Santo, não há nada novo no coração do homem. Somente o Espírito Santo gera urna nova criatura, oque Nicodemos não entendeu quando Jesus falou com ele, dizendo 44Não te maravilhes de te ter dito: Necessáriovos é nascer de novo״  (Jo 3.7).

A moral social faz surgir moralista; os compromissos cívicos fazem desabrochar um cidadão responsável; areligião faz nascer um filantropo; o amor pela família toma 0 ser humano menos egoísta, porém, nenhuma dessascoisas faz 0 homem nascer de novo.

Outro fator importantíssimo declarado nas Escrituras está relacionado com 0 termo 44penhor ״ . Paulo diz que44depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostesselados com 0 Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança...״ (Ef 1.13,14).

Penhor é um instituto do Direito Civil, no qual alguém deixa algo como garantia de que irá voltar para

resgatar 0 que havia deixado; vai retomar para cumprir a promessa que fora feita. Jesus disse que rogaria ao Pai,e 44ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, 0 Espírito da verdade, que o mundo

CURSO DE TEOLOGIA26

Page 25: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 25/150

MÓDULO 3 I PNEUM ATO LOG IA

não pode receber, porque não o vê. nem 0  conhece: vós o conheceis, porque ele habita convosco e estaráem vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros" (Jo 14.1618  ). Aqui se encontra a figura do

 penhor “voltarei para vós". O Espírito Santo é a garantia absoluta de nossa salvação, bem como de queJesus voltará um dia, ressuscitará os corpos dos que já morreram e glorificará os corpos dos que aindaestiverem vivos. '‘Nisto conhecemos que permanecemos nele. e ele, em nós: em que nos deu do seuEspírito" (1 Jo 4.13).

Além do que já falamos até aqui, o Espírito Santo é a nossa garantia de comunhão com Deus: “Eaquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus. e Deus nele. E nisto conhecemos que ele

 permanece em nós, pelo Espírito que nos deu" (1J0 3.24).E a nossa consolação: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para

sempre convosco" (Jo 14.16).É o nosso intercessor espiritual: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;

 porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, comgemidos inexprimíveis" (Rm 8.26).

E o nosso vínculo vital com Jesus: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele"(Rm 8.9ò).

Ele nos santifica: '‘Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação doEspírito e fé na verdade" (2Ts 2.13).

Ele nos dá alegria: "Porque 0 reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria noEspírito Santo" (Rm 14.17).

Ele dá testemunho de nossa filiação a Deus: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito quesomos filhos de Deus" (Rm 8.16).

Ele nos conduz à imagem de Cristo: “Todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como porespelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo

Senhor. 0  Espírito" (2C0 3.18).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 51. Como foi a obra do Espírito Santo em relação ao mundo?2. Como foi a obra do Espírito Santo em relação a Jesus?3. Descreva, com suas próprias palavras, a obra do Espírito Santo em relação aos crentes.

27CURSO DE TEOLOGIA

Page 26: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 26/150

MÓDULO 3 1PNEU MATO LOG IA

BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

De acordo com o livro de Atos dos apóstolos, no dia da festa de Pentecoste os discípulos estavam reunidos quando“de repente veio do céu um som. como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. Eapareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo. e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheiosdo Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo 0 Espírito lhes concedia que falassem" (At 2.2-4).

Quanto a este evento, não há duvidas de que foi real. Como resultado dessa experiência do Pentecoste,Pedro pregou com tamanha ousadia que cerca de três mil almas se renderam aos pés de Jesus (At 2.41). Emseu discurso, Pedro disse: “E cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos

 pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todosos que ainda estão longe, isto é, para quantos 0 Senhor, nosso Deus chamar” (At 2.38,39).

O apóstolo Pedro identificou a experiência do Pentecoste com o derramamento do Espírito de que fala 0

 profeta Joel: ‘Έ acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossasfilhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servasderramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas defumaça” (J1 2.28-30).

Joel, porta-voz de Deus, afirmou: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne”. Sobre todos os cristãosverdadeiros, indistintamente de serem judeus ou gentios. No Antigo Testamento, 0 Espírito vinha sobre algumas pessoas distintas, e seus carismas (no grego: χα ρίσμα - char i sma   - dom) eram dados a algumas pessoas com

missão específica e em caráter provisório.Já no Novo Testamento, 0 Espírito Santo, juntamente com seus dons. é dado a todos os que creem. A promessa de

Jesus foi: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16).Agora, o Espírito é dado a todos os que crêem e para sempre.Interpretando essas palavras de Pedro, Raimundo de Oliveira concluiu que:

1. A p r o m e s s a é p a r a v ó s ~  os judeus ali presentes, representando os demais compatriotas, isto é, a naçãocom a qual Deus fizera a antiga aliança.

2. Pa ra vossos f i lho s -  os que existiam então e as gerações sucessivas.

3. Pa ra todos os que a inda es tão longe -   isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar - para todosuniversalmente, para os gentios e para qualquer indivíduo que responda à chamada de Deus, por meio doevangelho para a salvação em Cristo.8

Até aqui, tudo tranqüilo, porém, daqui para frente, entraremos em um dos assuntos que têm suscitado inúmerasinterpretações e polêmicas. Existe, atualmente, um número enorme de grupos e perspectivas teológicas sobreo batismo com, em ou no Espírito Santo. Entre as muitas perspectivas sobre esse tema, encontram-se a dosreformados conservadores, a dos reformados abertos, a dos reformados carismáticos, a dos carismáticos de linhanão reformada, a dos católicos carismáticos e a dos protestantes.

Portanto, há de se confessar que não é fácil se pronunciar sobre o tema. Escrever sobre 0  batismo com0  Espírito Santo é, deveras, um empreendimento ousado, impõe um certo risco, uma vez que a própria

8 OLIVEIRA , Raim undo de. As grandes doutrinas da Bíb lia. 9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 129.

CURSO DE TEOLOGIA28

Page 27: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 27/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

noção de batismo é imprecisa e a abordagem desse tema requer 0  estabelecimento de premissas que, emsi mesmas, são bastante discutíveis. Por isso. não se espante 0  leitor em não encontrar, nestas páginas,respostas definitivas para 0  problema.

6.1 TERMINOLOGIAA primeira vez que aparece a expressão "batismo no Espírito Santo“ foi usada por João Batista ao se referir

a Jesus: "E, estando 0  povo em expectação e pensando todos de João, em seu coração, se, porventura, seria oCristo, respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais

 poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias; este vos batizará com 0 EspíritoSanto e com fogo" (Lc 3.15.16).

Lucas retoma a terminologia em Atos 1.5, ao descrever as palavras de Jesus aos seus seguidores: “Porque, naverdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias״ .

Posteriormente, pela terceira vez, registra as palavras do mestre da Galiléia. ao relatar a experiência de Pedro nacasa de Comélio: “João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo״  (At 11.16).

6.2 ALGUMAS POSIÇÕESQuando se fala em batismo com o Espírito Santo entre os evangélicos, 0  que se percebe é que existe pouco

consenso entre eles. Os pentecostais afirmam que o batismo com o Espírito Santo ocorre após a conversão, eque essa experiência resultará em poder espiritual renovado para o exercício do ministério, chamado tambémde “segunda bênção". Outros afirmam que o batismo com o Espírito Santo acontece no momento em que setomaram cristãos. Para outros ainda, hoje em dia não existe mais o batismo com 0 Espírito Santo, tudo terminouno primeiro século, juntamente com o último apóstolo, no período em que estavam estabelecendo igrejas.

Entre os dois primeiros grupos que acreditam no batismo com o Espírito Santo, a diferença se encontra nasterminologias “com" e "no״ . Para o primeiro grupo, 0  batismo “com" o Espírito Santo é um revestimento de poder, com a evidência inicial de novas línguas, conforme o Espírito Santo concede, pela instrumental idade doSenhor Jesus, para que 0 crente ingresse numa vida mais profunda de adoração e de eficiente serviço a Deus (Lc24.29; At 1.8; 10.46; 1C0 14.15,26). Para o segundo grupo, o batismo seria "no” Espírito Santo. Nesse sentido,todos quantos crêem em Cristo e experimentam o novo nascimento são batizados “no" Espírito Santo. Ao passoque o batismo “com״ o Espírito Santo, embora seja para todos os salvos, nem todos são batizados.

6.3 EVIDÊNCIAS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO Não é pacífico entre os cristãos a questão da evidência do batismo com o Espírito Santo. Entretanto, no que

diz respeito às línguas como uma evidência inicial do batismo com o Espírito Santo, as posições são assimdivididas:

a. Falar em outras línguas não é evidência do batismo com o Espírito Santo.

 b. O batismo com o Espírito Santo, às vezes, é evidenciado pelo falar em novas línguas.c. O batismo com o Espírito Santo é sempre acompanhado pela evidência inicial do falar em outras

línguas.

O primeiro ponto de vista afirma que as novas línguas não são uma evidência do batismo com 0  EspíritoSanto. Essa posição é adotada por algumas igrejas evangélicas tradicionais. Nesse segmento, 0  cristão podereceber o batismo com 0 Espírito Santo sem haver a manifestação de falar em outras línguas.

A segunda posição é adotada pelos representantes do movimento carismático, que reconhece a  g lo sso la li a  (ofalar em outras línguas) como uma das evidências do batismo com o Espírito Santo. Chamamos de carismáticosquaisquer grupos (ou pessoas) que remontam sua origem histórica ao movimento da renovação carismática

das décadas de 1960 e 1970 e procuram praticar todos os dons espirituais mencionados no Novo Testamento: profecia, cura, milagres, línguas, interpretação e discernimento de espíritos.

29CURSO DE TEOLO GIA

Page 28: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 28/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

A terceira posição é adotada pelos pentecostais tradicionais e pelos neopentecostais. Sustentam que somentesão batizados com 0 Espírito Santo se houver a manifestação visível do falar em novas línguas. Essa posição éadotada pela igreja Assembléia de Deus em suas mais variadas ramificações.

Entendemos por pentecostais quaisquer denominações ou grupos que remontam sua origem ao reavivamento pentecostal iniciado nos Estados Unidos em 1901 e sustentam as seguintes doutrinas: a) Todos os dons doEspírito Santo mencionados no Novo Testamento continuam operantes hoje; b) O batismo com o Espírito Santoé uma experiência de revestimento de poder subseqüente à conversão e deve ser buscado pelos crentes hoje; c)Quando ocorre o batismo no Espírito Santo, as pessoas falam em línguas como "sinal” de que receberam essaexperiência.

6.4 O QUE NÃO É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTOO batismo com o Espírito Santo não é o novo nascimento. O batismo com o Espírito Santo é uma bênção

subseqüente à obra regeneradora do novo nascimento e distinto dela. A Bíblia mostra que muitos foramgenuinamente salvos sem terem recebido a plenitude do Espírito Santo. Os seguintes relatos bíblicos evidenciam

a distinção:a) Os apóstolos foram convertidos sob o ministério de Jesus (Jo 1.35-50), entretanto, Jesus, ao ressuscitar,

ordenou-lhes que permanecessem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder (Lc 24.49;At 1.13,14; 2.1-4).

 b) Os samaritanos aceitaram o evangelho pela pregação de Filipe (At 8.58,12 ), porém, foram batizadoscom 0 Espírito Santo quando João e Pedro oraram por eles (At 8.14-17).

c) Quando Paulo chegou à cidade de Éfeso, havia alí alguns discípulos, e ele perguntou aos irmãos:"Recebestes, porventura, 0 Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nemmesmo ouvimos que existe o Espírito Santo” (At 19.2). Eram crentes fiéis, mas nem mesmo conheciamo Espírito Santo. Paulo, então, impõem as mãos neles, de modo que foram cheios do Espírito Santo. Fica

evidente que o batismo com 0 Espírito Santo é uma experiência adicional ao novo nascimento.O batismo também não é santificação do crente. A santificação é uma manifestação da graça de Deus

completamente distinta do batismo com o Espírito Santo. Ela é dupla: "a santificação posicionai é, a um sótempo, instantânea e completa, no momento do milagre da nossa regeneração. E a nossa santificação objetiva,4em Cristo’ (Hb 10.10). Também não é a santificação subjetiva e progressiva na nossa vida cristã diária nestemundo (Hb 10.14)”. g

Uma outra idéia que temos percebido é que as pessoas acham que o batismo com 0  Espírito Santo é pormerecimento ou recompensa. Isso porque muitos "testemunham” que, ao receberem o batismo com 0 EspíritoSanto, tomaram-se superiores em espiritualidade e dignos de algum favor especial de Deus. Engano! O próprioapóstolo Paulo responde a essa questão: “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma

nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como estáescrito: Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.9,10). Mas, pela graça de Deus, tudo muda. O mesmo apóstolocaracteriza a condição do homem que se encontra "sob a graça” com as seguintes palavras: "Agora, pois, jánenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Por fim, também declaramos que 0 batismo com o Espírito Santo não é salvação. A salvação é uma milagrosatransformação que se efetua na alma e na vida da pessoa que, pela fé, recebe a Jesus Cristo como Salvador. Suaorigem está na graça de Deus (Rm 3.24; Tt 2.11). Seu fundamento é o sangue de Jesus Cristo (Rm 3.25; 1J0 2.2).Seu meio de recepção ou apropriação é pela fé (At 16.31; Ef 2.8).9

9GILBERTO, Antônio. Verdades pentecostais. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p .60.

CURSO DE TEOLOGIA30

Page 29: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 29/150

MÓDULO 3 I PNEUMATOLOGIA

6.5 PARA QUEM É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTOVamos analisar a profecia para entendermos para quem é o batismo com 0 Espírito Santo: “Diz o Senhor, que

derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terãovisões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espíritonaqueles dias, e profetizarão״  (J1 2.28-30).

Em primeiro lugar, quem promete é o Senhor, ou seja, o próprio Deus, portanto, a procedência da promessaé verdadeira: “Derramarei do meu Espírito״ . Expressões como “caindo sobre״  e “descendo sobre״  são usadas

 para explicitar 0 batismo com 0 Espírito Santo na vida do cristão. Poderiamos parafrasear esse texto sem medode errar dizendo: “Derramarei do meu Espírito sobre toda nação (4toda carne’), independente do sexo (4vossosfilhos e filhas’), independente da idade (4vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos’), independente da posição social (4até sobre os meus servos e sobre as minhas servas’)״ .

A conclusão a que chegamos é que 0  batismo como o Espírito Santo é para todos, em todas as eras, queacreditam em Jesus como Salvador e Senhor.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 61. Qual é a diferença da vinda do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamentos?2. O que significa ser batizado com o Espírito Santo?3. O que significa ser batizado co m  e n o  Espírito Santo? Há diferença?4. Como podemos dividir a evidência do batismo com 0 Espírito Santo?5. Explique, com suas próprias palavras, o que não é ser batizado com o Espírito Santo.6. Para quem é o batismo com o Espírito Santo?

31CURSO DE TEOLOGIA

Page 30: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 30/150

MÓDULO 3 1PNEUM ATO LOGIA

DONS ESPIRITUAIS

O leitor do Novo Testamento é imediatamente confrontado com o batismo com 0  Espírito Santo e,consequentemente, com os dons espirituais. Para ignorá-los. seria preciso evitar os acontecimentos que cercamo início do ministério de Jesus e 0 começo da vida da Igreja.

Além da falta de concordância em relação ao batismo com o Espírito Santo, existem muitas diferençasno tocante aos dons espirituais. Dúvidas inundam a mente e 0  coração de muitos fiéis. Alguns perguntam serealmente 0 Espírito Santo está operando curas miraculosas e profecias, tal como na época dos apóstolos. Outros

questionam se as pessoas poderíam receber o dom de profecia ainda hoje, de modo que Deus realmente lhesrevele algo para transmitir aos outros, ou se esse dom foi confinado aos tempos quando o Novo Testamento aindaestava sendo formado, no século 1° d.C.

Menos consenso ainda existe a respeito da variedade de línguas. Alguns cristãos dizem que é uma ajudavaliosa em sua vida de oração. Outros dizem que é sinal de ter sido batizado com o Espírito. E ainda outros dizemque esse dom não existe atualmente, pois se trata de uma forma de revelação verbal da parte de Deus, que findouquando o Novo Testamento acabou de ser escrito.

7.1 PALAVRAS REVELADORASHá várias referências nas Escrituras sobre o termo “dons". As mais evidentes se encontram em 1Coríntios 7.7;

12.1-14.40; Romanos 12.6-8; Efésios 4.7-16 e 1Pedro 4.10.11.Existem alguns termos no original grego que descrevem a natureza dos dons;•  p n e u m a t ik o s   ou “dom espiritual" (1C0 12.1). Refere-se à manifestação sobrenatural do Espírito

Santo por meio dos dons. Strong diz que ocorre quando “alguém está cheio e é governado peloEspírito de Deus".

• c h a r i s m a   ou “dom da graça'’ (1C0 12.4). Refere-se ao favor que alguém recebe sem qualquer mérito próprio. Está relacionado à graça de Deus.

• d i a k o n i a  ou “ministério" (ICo 12.5). Refere-se ao serviço, trabalho e ministério práticos.

•  p h a n e r o s is   ou "manifestação" (TCo 12.7). Refere-se aos dons que operam na esfera natural, visível.

7.2 CLASSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAISPrimeiramente, deve-se dizer que não há uma lista exaustiva de dons no Novo Testamento. Cada lista

acrescenta algo à outra. Como já falamos, os dons se encontram dispersos nos escritos apostólicos. A primeiralista se encontra em Romanos 12.6-8. A segunda, em ICoríntios 7.7. A terceira, em 1Coríntios 12-14. A quarta,em Efésios 4.7-16. E a quinta em 1Pedro 4.10,11.

As listas são diversas, umas com mais detalhes e outras com menos. Chamamos a atenção para 0 fato de que asEscrituras declararem que todos os dons são c h a r i s m a . mesmo os menos aclamados pela teologia carismática.

Analisaremos os dons da carta do apóstolo Paulo aos coríntios. A terminologia adotada pelos doutrinadores

diverge bastante, porém, todos falam dos mesmos dons. Stanley Horton classifica os dons em "dons de ensino e

CURSO DE TEOLOGIA32

Page 31: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 31/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

 pregação", "dons de curar" e "dons de adoração".1011David Paul Yonggi Cho classifica-os em "dons de revelação,״  dons de poder" e "dons vocais".11״ Gordon Chown. divide os dons em "dons de revelação", "dons de poder" edons de inspiração".1213Claudionor C. de Andrade os classifica em "dons verbais", "dons de inspiração" e "dons״de poder".12

Para este estudo, classificaremos os dons em:a ) D o n s d e e n s in o e p r e g a ç ã o : palavra de sabedoria e palavra de conhecimento.b ) D o n s d e p o d e r ,  cura, operação de milagres, fé, profecia e discernimento de espíritos.c ) D o n s d e a d o r a ç ã o : glossolalia ou variedades de línguas e interpretação de línguas.

7.2.1 Dons de ensino e pregaçãoa) Dom da palavra de sabedoria. "Porque a um é dada, mediante 0 Espirito, a palavra da sabedoria" (1C0 12.8).O que significa isso? Sabedoria é o meio pelo qual podemos, de maneira eficaz, usar o conhecimento, tanto

 para defender 0  evangelho (ser apologista) quanto para poder esclarecer questões controvertidas. Não se trata,aqui, da sabedoria comum, para 0 viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação. "Não depende de

uma habilidade cultural humana de solucionar problemas, pois é uma revelação do conselho divino".1415Este dom diz respeito mais especificamente a um fragmento da sabedoria de Deus que nos é comunicada por

meios sobrenaturais, ou seja, pelo Espírito de Deus. E um dom essencial para 0 governo da Igreja: o pastoreio, aadministração, a liderança, a direção de qualquer atividade na igreja. Stanley Horton foi preciso em sua exposiçãoao afirmar que “porque é uma palavra de sabedoria, fica claro que é concedida apenas 0 suficiente para aquelanecessidade. Esse don não nos enaltece para um novo nível de sabedoria, nem nos torna impossibilitados decometer enganos".1 ''

b) Dom da palavra do conhecimento. “E a outro, segundo 0 mesmo Espírito, a palavra do conhecimento"(1C0 12.86).

Este dom tem sido definido como a revelação sobrenatural de algum fato conhecido apenas por Deus, masque o homem, devido às suas limitações jamais poderia conhecer. Não se trata, aqui. da sabedoria comum, para oviver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e em sua Palavra, e pela oração.Seu teor está além do conhecimento ou da imaginação do homem.

Exemplo desse dom se encontra nas Escrituras quando 0 povo consultava Deus acerca de quem seria o reide Israel: "Tendo Samuel feito chegar todas as tribos, foi indicada por sorte a de Benjamim. Tendo feito chegara tribo de Benjamim pelas suas famílias, foi indicada a família de Matri: e dela foi indicado Saul, filho de Quis.Mas, quando 0 procuraram, não podia ser encontrado. Então, tomaram a perguntar ao Senhor se aquele homemviera ali. Respondeu o Senhor: Está aí escondido entre a bagagem" (ISm 10.2022 )..

7.2.2 dons de podera) Dom de cura. ‘Έ a outro, no mesmo Espírito, dons de curar" (1C0 12.9).

Este dom é concedido a qualquer cristão para a restauração da saúde do corpo, da alma e do espírito, tanto docrente quanto do descrente. “No grego, o dom (curar), como seu efeito, está no plural, o que dá a entender queexiste uma variedade de modos de operação deste dom’’.16A cura faz parte do evangelho da graça, consumado

 por Jesus Cristo na cruz do calvário.

10HORTON, Stanley.Teologia sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 472-3.

11CHO, David Paul Yonggi. Espírit o Santo, meu companheiro. 5a ed. São Paulo: Vida , 1995, p. 115.

12 CHOW N, Gordon. Os dons do Espírito Santo. São Paulo: Vida , 2002, p. 21.

13 ANDRADE, C laudionor de. As verdades centrais da fé cristã. Rio de janeiro: CPAD, 2006, p. 94.

14OLIVEIRA, Raimundo de. As grande s dout rinas da Bíblia. 9° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 200 6, p. 135.15 HORTON, St anley Μ. A doutr ina do Espírit o Santo no Antigo e no Novo Testamento. 7a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004 , p. 294.

16 OLIVEIRA , Ra imundo de. As Grandes Doutrina s da Bíblia . 9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 136.

33CURSO DE TEOLOGIA

Page 32: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 32/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

Há curas que se realizam imediatamente, como no caso do cego de Jerico, e há curas que se realizamgradualmente, como no caso do cego de Betsaida fMc 8,22) e no caso dos leprosos (Lc 17,14). A ordem domestre da Galiiéia foi: '*Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de

graça recebestes, cie graça daí" (Mt 10.8).

b) Dom de operação de milagres. “A outro, operação de milagres" (1C0 12.10).Este dom serve de instrumento para Deus realizar coisas maravilhosas. Operação de milagres é a tradução

do grego Ενέργημα δυναμις { e n e r g e m a d u n a n n s ), literalmente interpretado como “operação de poderessobrenaturais".

Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervém nas leis da natureza, suspendendo temporariamentea ordem habitual observada pelos homens. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contraSatanás e os espíritos malignos

Em Atos 19.11.12, Lucas diz: “£ Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto delevarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas

vítimas, e os espíritos malignos se retiravam״ .Este dom de milagres, que se manifesta com curas extraordinárias, expulsão de demônios, tem relação com

urn poder especial alcançado por meio de uma comunhão muito estreita com Deus.

c) Dom da fé. *'A outro, no mesmo Espírito, a fé" í 1C0 12.9).Este tipo de fé não é a fé salvadora comum (Ef 2.8). E mais do que isso. Trata-se de uma fé sobrenatural, especial,

comunicada pelo Espirito Santo que capacita o crente a realização de coisas extraordinárias e milagrosas. E a féque remove montanhas (Mc 11.22-24) e que. frequentemente, opera em conjunto com outras manifestações doEspírito Santo, tais como: curas e milagres. O crente não a possui, ela somente é manifestada quando surge umanecessidade, de acordo com 3 hora e o lugar que o Espírno Santo determinar.

d) Dom de profecia. *'A outro, profecia1) .(C0 12.10״É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espirito, da profecia

como dom ministerial na igreja, mencionado em Efésios 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedidaa apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros e profetas. Como manifestação do Espirito, a

 profecia está potencialmente disponível a todo cristã; cheio do Espírito Santo (At 2.16,18). Quanto à profecia,como manifestação do Espirito, trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelaçãodiretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (1C0 14.24,25, 29-31).

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, profetizar não é predizer 0  futuro, mas proclamar a vontadede Deus, exortar e levar o povo à retidão, à fidelidade e à paciência. A mensagem profética pode desmascarar

a condição do coração de uma pessoa, tomando manifestos os segredos do coração (1C0 14.25 h ou proveredificação, exortação e consolo (1C0 14.3).Analisemos, com detalhes, cada um desses itens no idioma original:

 E d i fic a r {εποικοδομεω - e p o i k o d o m e ô ) . Significa terminar a estrutura da qual a fundação já foi colocada.Paulo diz que "ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cr is to" ( IC· >3.11)Assim, os cristãos têm o dever de construir algo firme e útil sobre o fundamento, para que “se a obra que: alguémedificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão1) .( Co 3.14״

 E x o r ta r , do grego “παρακάλεω - p a r c tk a l e ô ”.  Significa “chamar alguém de lado״ , “consolar, encorajar efortalecer pela consolação, confortar ״ , “instruir, ensinar ״ . Desse verbo grego, origina-se a palavra  p a ra c k e to ,título conferido ao Espírito Santo, que consola e intercede pelo povo de Deus. Tanto exortar quanto consolar provêm da mesma palavra grega p a ra k a le o .

CURSO DE TEOLOG IA34

Page 33: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 33/150

MÓDULO 3 IPNEUM ATO LOG IA

Portanto, a Igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas aparecerão no seioda igreja (Uo 4.1). Daí, a necessidade de que toda profecia seja julgada quanto a sua autenticidade e conteúdo,conforme recomendação do apóstolo Paulo: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros

 julguem” (1C0 14.29).

e) Dom de discernimento de espíritos. “A outro, discernimento de espíritos” (1C0 12.10).Por meio deste dom, o Espírito Santo revela se certas doutrinas, atitudes e motivações procedem de Deus ou

se têm outra procedência. Vivemos em um mundo cheio de imitações e falsidades, portanto, este dom visa aclarar0 que está por trás das coisas, sejam heresias, más intenções ou motivações ruins.

Gordon Chown chama a atenção ao dizer que “este dom não pode ser confundido, portanto, com perícia psicológica, com a capacidade de analisar caráter, nem com a facilidade de descobrir falhas em nossossemelhantes”.17

7.2.3 dons de adoração

a) Glossolalia ou variedade de línguas. “A outro, variedade de línguas” (1C0 12.10).Derivado do termo grego γλώσσα - glossa, que significa “língua”, como manifestação sobrenatural do

Espírito. Este dom não tem nada a ver com a facilidade de assimilar línguas estrangeiras (poliglotismo); tampoucotem a ver com 0 intelecto.

Essas línguas podem ser humanas, como as que os discípulos falaram no dia de Pentecoste (At 2.46 ), ou uma línguadesconhecida na terra, entendida somente por Deus, conforme declaração do apóstolo Paulo: “Pois quem fala em outralíngua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (1C0 14.2).

A língua falada por meio deste dom não é aprendida, apesar de ser compreensível. Parece que, na maioria doscasos, elas são ininteligíveis. Paulo diz a respeito da inteligibilidade das línguas: “Porque, se eu orar em outralíngua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com 0 espírito, mas

também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente. E, se tu bendisseresapenas em espírito, como dirá 0  indouto o Amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o quedizes; porque tu, de fato, dás bem as graças, mas 0 outro não é edificado” (1C0 14.1417 ).

As mensagens em línguas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo Espírito, para quea congregação conheça 0  conteúdo e o significado da mensagem. Paulo recomenda que “no caso de alguémfalar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto'sucessivamente, e haja queminterprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1C014.27,28). O cristão portador deste dom, ao falar em línguas perante a congregação, não havendo intérprete por

 parte de Deus, deve falar “consigo e com Deus” (1C0 14.4,28). E deve fazer isso em voz baixa.

 b) Dom de interpretação de línguas. “A outro, interpretação de línguas” (1C0 12.10).Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo ao portador deste dom interpretar a mensagem dada em

línguas. Possuir 0 dom de interpretação não significa ter a capacidade lingüística, saber traduzir! Não significafazer um curso para aprender línguas. Não se trata de ser perito em tradução, ou poliglota. Traduzir é uma coisa,interpretar é outra.

A interpretação pode vir por meio de quem entregou a mensagem em línguas, ou de outra pessoa. Quem falaem línguas deve orar para que possa interpretá-las, conforme ensinam as Escrituras (1C0 14.13).

Estes são apenas alguns dons, porém, 0 estudante das Escrituras fará bem em saber que existem outros donsespalhados pelas Escrituras, como, por exemplo, os dons ministeriais no Novo Testamento.

17 CHOWN, Gordon. Os dons do Espírito Santo. São Paulo: Vida, 2002, p. 46.

35CURSO DE TEOLOGIA

Page 34: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 34/150

MÓDULO 3 I PNEUM ATOLOGW

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 7

1) O que é dom?2) Qual é o ciclo que percebemos entre graça e dom?3) Quais são os textos das Escrituras que tratam dos dons espirituais?4) O que significa 0 termo grego p m u m a tik o s l 

5) Cite as diferentes nomenclaturas de pelo menos dois autores com relação à classificação dos dons.6) Em quantas classes se dividem os dons do Espírito Santo, de acordo com o capítulo estudado?7) Cite os dons de ensino e pregação.8) Cite os dons de poder.9) Cite os dons de adoração.10) Defina 0 dom da "palavra de conhecimento”.11) No grego, como pode ser traduzido 0 “dom de operação de milagres”?12) Defina 0 dom de profecia.

CURSO DE TEOLOGI36

Page 35: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 35/150

MÓDULO 3 i PNEUM ATO LOG IA

FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

De acordo com Gálatas 5.22, 0  fruto do Espírito Santo é: amor. alegria, paz. longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio proprio . Pode até parecer coincidência, nove donse nove frutos do Espírito, porém, não é assim. Não obstante os dons e o fruto terem origem no mesmoEspírito, são diferentes entre si.

Os dons são dados, recebidos. O fruto é gerado.Os frutos precedem ao batismo com 0  Espírito Santo, vêm com a conversão.

Os dons vêm pelo desejo de ser revestido.Os dons vêm em estado pleno. Os frutos são desenvolvidos com a caminhada cristãs, de passo em passo, de glória em glória (2C0 3.18).

Outro diferencial é que os dons são distintos, podendo o crente receber um ou mais. O fruto, sendonônuplo, é indivisível, ou seja, é dado ao crente todos de uma só vez.

O fruto do Espírito Santo é um só. mas se manifesta em cada vida, de nove formas diferentese completas. Mas só pode produzir 0  fruto do Espírito aquele que já o recebeu em seu coração. O

 princíp io da frutificaç ão estabelecido por Deus determina que cada planta e árvore produza frutosegundo sua espécie. A frutificação espiritual segue 0  mesmo princípio. Para uma boa colheita,vários fatores influenciam 0  resultado. A escolha de boas sementes, as condições de crescimento edesenvolvimento da planta no reino vegetal dependem da terra em que se plantará. O meio ambienteideal e a limpeza são essenciais para uma farta frutificação. Ocorre 0  mesmo no reino espiritual, navida do crente, na igreja.

Portanto, analisaremos 0  fruto descrito em Gálatas 5.22:

a) Amor. Ao se referir ao amor, o grego utiliza quatro palavras distintas: e r o s   (amor sexual), e s t o r g u e  

(afeto familiar),  f i l e o   (amor entre amigos): ágcipe   (amor puro e duradouro). O amor é manifestado porDeus e originado nele, conform e lemos em João 3.16: *‘Porque Deus amou [αγα ποίω - a g a p c i o ] omundo de tal maneira, que deu 0 seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenhaa vida eterna״ .

O amor ágape surge no crente a partir da Palavra de Deus, depositada em seu coração, levando-o a

um novo nascimento (Jo 15.12,13).O amor em seu conceito mais sublime é a personificação de Deus, porque Deus é amor (1J0 4.8).

“A vida entregue a Cristo expressa às pessoas o tipo de amor que Ele tem por elas. Quando sou umaexpressão de Cristo, meus ouvidos ouvem seus clamores, meus olhos vêem suas necessidades, meus pésme levam a ajudá-las e minhas mãos se estendem para cuidar delas. Deste modo, torno-me canal da vidade C risto18.״

18GILBERTO, Antonio. 0 fruto do Espírito: A plenitude de cristo na vida do crente. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 27.

37CURSO DE TEOLOGIA

Page 36: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 36/150

Page 37: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 37/150

MÓDULO 3 I PNEUM ATO LOGIA

submete, em tudo, ao controle do Espírito, não consegue resistir e neutralizar os desejos de sua natureza pecaminosa. Mas quando 0 Espírito tem esse controle, o cristãos se torna qual solo fértil para o Espírito produz ir o seu bendito fruto.

Estar em Cristo não é somente freqüentar uma igreja, ou cumprir cerimônias religiosas, ou apreender

credos religiosos. Antes, é um compromisso de sua vida com Cristo e um desejo de ser transformadoconforme a sua imagem, pelo poder do Espírito Santo. Logo, andar como Jesus andou só é possível peio

 poder do Espírito Santo. r  Não devemos permitir que os hábitos e atitudes nào-cristàs permaneçam ou sejam formados em nossa vida.

Os hábitos e atitudes ruins podem impedir que nos tomemos o tipo de pessoa que Deus quer que sejamos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 8

E Cite os nove aspectos do fruto do Espírito Santo, de acordo com Gálatas 5.22.2. Defina 0 fruto do amor.3. Quando 0 crente não se submete, em tudo, ao controle do Espírito Santo, o que acontece?

39CURSO DE TEOLO GIA

Page 38: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 38/150

MÓDULO 3 IPNEUMATOLOGIA

REFERÊNCIAS

AGOSTINHO. Santo.  A T r in d a d e .  São Paulo: Editora Paulus. Vol. 7, 1995.ANDRADE, Claudionor de. As v e r d a d e s c e n t r a i s d a f é c r is tã .  Rio de janeiro: CPAD, 2006.AQUINO, Tomás de. Sobre o ens ino (De M agistro) e os sete peca dos Capi tais . São Paulo: Martins Fontes. 2001. __    . S u m a t e o ló g i c a .  São Paulo: Loyola, 2006.AZPITARTE. Eduardo López. C u l p a e p e c a d o .  Rio de Janeiro: Vozes, 2005.BANCROFT. E.H. T e o l o g ia e l e m e n t a r . São Paulo: Editora Batista Regular, 1995.

BATISTA. Paulo Sérgio.  M a n u a l d e r e sp o s ta s b íb li c a s .  São Paulo: Betesda, 2006.BENTHO. Esdras Costa.  H e r m e n ê u t ic a fá c i l e d e s c o m p lic a d a : como interpretar a Bíblia de maneira práticae eficaz. 3a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.BERGSTÉN, Eunco.  In tr o d u ç ã o à te o lo g ia s is te m á tic a .  Rio de Janeiro: CPAD, 1999.BERKHOF. Lotus. Teolog ia s i s t emát i ca .  São Paulo: Luz Para 0  Caminho Publicações, 1996.BETTENSON. H.  D o c u m e n to s d a Ig re ja c r is tã .  3a ed. São Paulo: ASTE, 1998.BRÜNELLL Walter. Curso in tens ivo de t eo log ia .   São Paulo: Ministério IDE, Vol. 1, 1999.CHAMPLÍN, R. N e BENTES. J.M.  Encic lo péd ia de Bíb lia, te olo gia e fi lo sofi a . São Paulo: Candeia. 1995, p. 527.CHAMPLIN, R. N. O N o v o T e s t a m e n t o i n t e r p r e ta d o v e r s í c u lo p o r v e r s í c u lo .   São Paulo: Candeia. 1995.CHÜWN, Gordon. O s d o n s d o E s p í r i to S a n t o .  São Paulo: Editora Vida, 2002.

D1DAQUE. C a t e c i s m o d o s p r i m e i r o s c r i s t ã o s .  5a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1986.DUFFÍELD. Guy P: VAN CLEAVE. Nathaniel M.  F u n d a m e n to s d a te o lo g ia p e n te c o s ta l. São Paulo: EditoraPublicadora Quadrangular. 1991.ERICKSON, Millard J.  In tro d u ç ã o á te o lo g ia s is te m á tic a .  São Paulo: Vida Nova, 1999.FALCAO, Márcio. C o m o c o n h e c e r u m a s e it a . São Paulo: Editora O Arado, 2006.FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. São Paulo:Editora Positivo, 2004.GEISLER, Norman.  E n c ic lo p é d ia d e a p o lo g é t ic a : respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: EditoraVida, 2002.GILBERTO, Antonio. V e rd a d es p e n t e c o s t a i s .   Rio de Janeiro: CPAD, 2006.GRAHAM, Billy. O p o d e r d o E s p í r it o S a n t o . São Paulo: Vida Nova, 2005.GRUNDEM, Wayne.  M a n u a l d e te o lo g ia s is te m á tic a .  São Paulo: Editora Vida, 2001.GRUNDEM, Wayne. Org. C e s s a r a m o s d o n s e s p i r i t u a i s !  São Paulo: Vida, 2003.GRUNDEM, Wayne. T e o l o g ia s i s te m á t i c a : atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2006.HALE, Broadus David.  In tr o d u ç ã o a o e s tu d o d o N o v o T e sta m en to .  São Paulo: Hagnos, 2002.HARRIS, R. Laird. ARCHER JR, Gleason L. WALTKE, Bruce K.  D ic io n á r io in te rn a c io n a l d e te o lo g ia do  

 A n t ig o T es ta m en to .  São Paulo: Vida Nova. 1998.HODGE, Charles. T e o l o g ia s i s t e m á t i c a . São Paulo: Hagnos, 2001.HORTON, Stanley M. T e o l o g ia s i s te m á t i c a .  Rio de Janeiro: CPAD, 1997.HOUSE, Paul R. T e o l o g ia d o A n t ig o T e s t a m e n t o .  São Paulo: Editora Vida, 2005.KEESING, Félix.  A n tr o p o lo g ia c u lt u ra l : a ciência dos costumes. Rio de janeiro: Fundo de Cultura, vol. 1, 1972.

KELLY, J.N.D.  D o u tr in a s ce n tr a is d a f é cri st ã .  São Paulo: Vida Nova, 1994.KENNY, Anthony.  H is tó r ia co n c is a d a fi lo so fi a o c id en ta l.  Lisboa: Temas e Debates, 1999.

CURSO DE TEOLOGIA40

Page 39: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 39/150

MÓDULO 3 ! PNEUM ATO LOG IA

KÜMMEL, Wemer Georg.  In tr o d u çã o ao N o v o T estam ento . 3a ed. Sào Paulo: Paulus, 2004. _______ . Sín tese t eo lóg ica do No vo Tes tamento . 4a ed. São Paulo: Teológica. 2003.LADD. George Eldon. Teologia do Novo Tes tamento. Sào Paulo: Exudus. 1997.LANGSTON, A. B.  E sb o ç o s de te o lo g ia s is te m á tic a . Rio de Janeiro: Juerp. 1999.

MELLO. Luiz Gonzaga de.  A n tro p o lo g ia cu ltura l· ,  iniciação, teoria e temas. 12a ed. Rio de Janeiro: Vozes,2005.MENZIES, William W. e HORTON, Stanley M.  D o u tr in a s b íb li cas . Rio de Janeiro: CPAD, 1999.MOSER. Antônio. O p e c a d o : do descrédito ao aprofundamento. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.MYER, Pearlman. Conhec endo as dou t r inas da B íb l ia . São Paulo: Editora Vida. 1999.OLIVEIRA, Raimundo de.  A s g ra n d es d o u tr in a s d a B íb li a . 9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.RABUSKE, Edvino A. A n tro p o lo g ia f i lo só fi c a . 9a ed. Rio de Janeiro: Vozes. 2003.SILVA, Esequias Soares da. Como responder às Tes temunhas de Jeová .   Vol. 1. São Paulo: Editora Candeia,1995.Silva, Severino Pedro da. O h o m e m :  a natureza humana explicada pela Bíblia. 7a ed. Rio de Janeiro: CPAD,

1997. _______ . A d o u tr in a d a p re d e s ti n a ç ã o . 6a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. _______ . O p e c a d o : sua origem e manifestação. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.SMITH, Joseph Fielding.  D o u tr in a s d e sa lv a ç ã o . Vol. 1. SUD. _______ . E n s in a m e n to s do p r o fe ta J o sep h Sm it h .  SUD.STOTT, John.  A cru z d e C ris to . 1Ia ed. Sào Paulo: Editora Vida, 2006.STRONG, Augustus Hopkins. Teologia s is temát ica . São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003.THIESSEN, Henry Clarence.  P a les tr a s em te o lo g ia s is te m á tic a . São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2006.TOGNINI, Enéas.  B a tis m o no E sp írito Sa n to . São Paulo: Bom Pastor, 1998.TORREY, R. A. et al. O s f u n d a m e n t o s :   a famosa coletânea de textos das verdades bíblicas fundamentais. São

Paulo: Hagnos, 2005.VINE, W.E; UNGER, Merril F; WH1TE JR, William.  D ic io n á r io Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. 5a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.WAGNER, Peter.  P o r qu e crescem os p e n te c o s ta is?   São Paulo: Vida, 1994.

41CURSO DE TEOLOGIA

Page 40: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 40/150

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MODULO III PNEUMATOLOGIA

1. O que significa p n e u m a to lo g io l 

2. Descreva, em breves palavras, seu entendimento sobre o Espírito Santo.

3. Qual é a natureza do Espírito Santo?

4.  O que se entende por atributos? Quais são os atributos do Espírito Santo?

5. Cite três nomes do Espírito Santo que descrevem sua própria pessoa com relação  ״ Deus, a Jesus e aoshomens. Não deixe de citar as referências bíblicas.

6. O que significa 0 “fogo” como símbolo do Espírito Santo0

7. Como o Espírito Santo trabalhou na vida de Jesus?

8. Descreva as posições a respeito do batismo com o Espírito Santo.

9. Qual é a evidência do batismo com o Espírito Santo?

10. Com estão classificados os dons espirituais?

CARO(a) ALUNO(a):

* Envie-nos as suas respostas referentes a cada QUESTÃO acima. Dê preferência por digitá-las em folha de papel sulfite, sendo objetivo(a) e daro(a).

CAIXA POSTAL 12025 · CEP 02013-970 · SÃO PAULO/SP

* Dê preferência, envie-nos as 5 avaliações juntas.

Page 41: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 41/150

Page 42: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 42/150

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 49

1. SURGIMENTO DO PECADO....................................................................................................................501.1 ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO................................................................................................50

2. ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA................................................................................. 53

3. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PECADO.................................................................................... 553.1 PALAVRAS REVELADORAS ............................................................................................................... 55

4. EVANGELHOS .................................................................................................................................57

5. TEOLOGIA PAULINA CONCERNENTE AO PECADO................................................................. 59

6. OS PRIMEIROS ESCRITOS SOBRE O PECADO...........................................................................61

7. CONSEQÜÊNCIAS IMEDIATAS DO PECADO.....................................................................................63

7.1 AFETOU SEU RELACIONAMENTO....................................................................................................637.2 AFETOU SUA NATUREZA ..................................................................................................................637.3 AFETOU SEUS CORPOS.............................................   637.4 AFETOU O MEIO AMBIENTE..............................................................................................................64

8. A UNIVERSALIDADE DO PECADO............................................................................................... 65

9. TEORIA DA IMPUTAÇÃO ............................................................................................................. 669.1 TEORIA PELAGIANA OU TEORIA DA INOCÊNCIA NATURAL DO HOMEM ...........................669.2 TEORIA ARMINIANA OU TEORIA DA DEPRAVAÇÀO VOLUNTARIAMENTE APROPRIADA...679.3 TEORIA FEDERAL OU TEORIA DA CONDENAÇÃO POR PACTO................................................679.4 TEORIA AGOSTINIANA........................................................................................................................ 67

10. REMOÇÃO DO PECADO ...........................................................................................................................69

11. PECADO IMPERDOÁVEL............................................................................................................. 70

71REFERÊNCIAS

Page 43: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 43/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

INTRODUÇÃOToda a Bíblia está centrada no tema da salvação. E um pressuposto básico e irrenunciável presente em

todas as suas páginas. Desde o livro de Gênesis, Deus anunciou o Messias que redimiría o pecado de todosòs seres humanos. A história de Israel se converte dessa maneira no grande gesto salvador. Todos os seusacontecimentos e vicissitudes estão misteriosa e desconcertantemente ordenados para a vinda do Messias.A condição pecadora da humanidade a incapacita para um encontro com Deus, que só é possível pelagratuidade de seu amor e predileção, até a chegada definitiva do Salvador. Uma espera longa e confiante

que manteve de pé o povo escolhido, apesar de não cumprirem com o seu dever de permanecerem fiéis àaliança com o seu Deus. De maneira extraordinária, os fatos vão mostrando a fidelidade inabalável de Deus,que nunca volta atrás em suas promessas.

A vida, a paixão e a morte de Jesus aparecem de forma explícita com este caráter de libertação. E ocumprimento de todos os anúncios feitos anteriormente. Jesus veio nos resgatar da morte, da lei e do pecado. Entregou sua vida para a remissão do pecado do mundo e para tomar possível a nova e definitivaaliança. Sua vida e ensinos são a manifestação deste esplêndido acontecimento. Ele nos revelou o rosto deum Deus misericordioso e disposto a perdoar todas as vezes que for necessário.

A salvação em Jesus é o único meio de realizar o bem conforme 0 padrão divino, entretanto, não excluia liberdade frágil e pouco vigorosa do ser humano. Todos os seres humanos, enquanto peregrinarem poreste mundo, são capazes de optar por Jesus ou de rejeitar sua mensagem e pessoa. E qualquer uma dessas

decisões afeta 0 destino, a vida e 0 futuro do ser humano. Portanto, se o pecado não existisse (como apregoamalguns) ficaria destituído todo o anúncio da revelação. Assim, negar a condição pecadora da humanidade ede todos os membros que a compõem é se rebelar inteiramente contra a boa notícia dos evangelhos.

O único meio de conhecer um pouco mais sobre a natureza do pecado é por meio da revelação que asEscrituras trazem sobre o pecado. A Palavra de Deus, a que nada é comparável, deu a conhecer a índoledeste ato. Conseqüentemente, iremos confrontar os termos bíblicos utilizados com as expressões usadas

 pela tradição cristã.

49

Page 44: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 44/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO RECADO

SURGIMENTO DO PECADO1Os seres humanos não estão acostumados a lidar com assuntos que lhe fogem da razão. E um desses

assuntos está relacionado com a presença e a origem do pecado. A Bíblia, que é a palavra final em questãodoutrinária e espiritual, nos informa que o pecado não ocorreu na terra e sim no céu. O céu foi manchadoantes de a terra ter sido maculada pela sua odiosa presença. Portanto, para que possamos compreendermelhor a realidade e a natureza do pecado, iniciaremos nossa pesquisa trazendo seu começo no Universoe depois seu começo na terra.

1.1 ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSOA existência do pecado é um fato inegável. Ainda que alguns filósofos hindus se refiram ao pecado comqí

“maya” ou ilusão, e os Cientistas Cristãos o chamem de “erro da mente mortal”, o fato é que 0 pecado existe.Todos os homens são pecadores. Não é necessário ensinar o homem a pecar, faz parte de sua natureza desdeos primeiros dias de vida. Ninguém pode examinar sua natureza, nem observar a conduta de seus semelhantes,sem se ver dominado pela convicção de que existe um mal chamado pecado. Sua presença no mundo é umdos problemas mais desconcertantes para a filosofia e para a teologia. Desde longas datas, filósofos, teólogose cientistas têm debatido sobre a origem do pecado. Os filósofos de todos os tempos e de todas as escolas se

viram compelidos a discutir este tema. As teorias filosóficas, no que diz respeito à natureza do pecado, são tãonumerosas quanto as diferentes escolas de filosofia. Muitos, inclusive teólogos, recorrem à razão, ou melhor,à especulação, para definir 0 que é o pecado, porém, a conclusão lógica e evidente não poderia ser outra: este

 problema está além da capacidade humana.Para piorar ainda mais a situação, alguns chegam a imputar a Deus a origem desse mal. Assim, como

teólogos, todos os estudantes das Escrituras devem averiguar se tal fato tem fundamento ou se não passa de umconhecimento especulativo, meramente racional. Partindo desse pressuposto, as Escrituras, palavra final emquestão doutrinária, é explícita sobre 0 que diz a respeito de que tudo quanto Deus criou é motivo de adoração,tanto nos céus quanto na terra. Os vinte e quatro anciãos se prostraram diante daquele que se encontra assentadono trono e o louvaram, dizendo: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porquetodas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.11).

 Num primeiro momento, poderiamos pensar que foi Deus quem criou o pecado, porém, as Escrituras exclueminteiramente tal concepção, quando observadas em seu conjunto, texto e contexto. Por vários motivos, ficadesqualificada essa acusação, porque Deus não poderia pecar, jamais, pois Ele é santo: “... longe de Deus 0

 praticar ele a perversidade, e do Todo-Poderoso o cometer injustiça” (Jó 34.10). Não há injustiça em Deus:“Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade e não há nele injustiça; é

 justo e reto” (Dt 32.4). Deus não pode ser tentado pelo mal e muito menos tenta qualquer homem: “Ninguém,ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguémtenta” (Tg 1.13). O Senhor Deus odeia o pecado: “Porque é abominação ao Senhor, teu Deus, todo aquele que pratica tal injustiça” (Dt 25.16). Diante dos fatos, não há argumento. Considerar Deus autor do pecado seria uma blasfêmia. Os homens podem até acusar Deus e dizer que o pecado foi culpa dele, mas isso não elimina a raizdo problema.

50 CURSO DE TEOLOGIA

Page 45: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 45/150

Page 46: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 46/150

MÓD ULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

capacidade de não pecar”. Ou seja, sua vontade era autônoma. Por cinco vezes, Lúcifer manifesta sua vontade,como está registrada nas palavras acima. O primeiro pecado foi de rebelião contra Deus e total independência

dele. Vejamos:

“Eu subirei ao céu”. É uma referência ao lugar de habitação de Deus.“Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”. Uma referência aos exércitos de anjos.“No monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte” . A Bíblia usa a simbologia em algumas

de suas expressões. No simbolismo bíblico, uma montanha significa um reino, portanto, com essas palavras émanifesto 0 desejo dessa criatura de possuir um reino terreno.

“Subirei acima das mais altas nuvens”. Muitas vezes, Deus manifestou sua glória em meio às nuvens:“Quando Arào falava a toda a congregação dos filhos de Israel, olharam para 0  deserto, e eis que a glória doSenhor apareceu na nuvem” (Êx 16.10). A glória nas Escrituras é, muitas vezes, simbolizada por nuvens. ELúcifer desejou possuir essa glória.

“Semelhante ao Altíssimo”. Esse foi o ponto culminante dos quatros desejo de Lúcifer. Todas essas declaraçõesexpressam independência e oposição a Deus, uma ambição deliberada contra o Senhor.

A conclusão a que chegamos é que a queda desse ser se deu devido à sua revolta deliberada e autodeterminadacontra Deus. Foi sua escolha livre e seus interesses que o levaram a sair da posição para a qual fora criado.Segundo as Escrituras, os resultados dessa queda foram diversos. Vejamos:

1. Satanás e mais um terço dos anjos perderam sua posição de destaque nos céus (Ap 12.9).2. Todos eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza (Mt 10.2; Ef 6.11,12;

Ap 12.9).3. Alguns foram lançados no Tártaro e estão acorrentados até o dia de hoje, sendo reservados para o dia

do juízo (Ap 9.11).4. Alguns permanecem em liberdade e fazem verdadeira oposição à obra dos anjos bons (Ap 12.7-9; Dn

10.12,13,20,21; Jd 9).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 11. Segundo a Bíblia, em que lugar teve início o pecado?2. Como os cientistas cristãos definem o pecado?3. Qual é o significado que Charles Hodge dá ao termo lei?4. Quais são os resultados da queda registrados nas Escrituras?

CURSO DE TEOLOGM!52

Page 47: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 47/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

ORIGEM DO PECADO NA RACA HUMANAOs primeiros capítulos de Gênesis sào os mais ricos em informação sobre a origem do pecado na terra e,

conseqüentemente, da raça humana. Há séculos, Gênesis sempre provocou acalorados debates.Os seres humanos ocupam um lugar singular entre as criaturas. Só eles são feitos à “imagem e semelhança”

de Deus. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha eledomínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobretodos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou;homem e mulher os criou” (Gn 1.26,27).

Ao homem foi ordenado “dominar e subjugar” a terra.Depois de criar os céus, a terra e a raça humana. Deus descansou (Gn 2.1).“O Criador terminou sua tarefa: terra, seres humanos e vida vegetal e animal são todos bons, apropriados

 para suas funções. Os seres humanos expressam a imagem de Deus ao se relacionar com 0 Criador e dominar osanimais e a terra de acordo com 0 mandamento do Senhor. Impecável no projeto, perfeita no propósito, a criaçãoreflete a genialidade e a unidade do Criador”. 2

De forma especial, havia um relacionamento entre Deus e a raça humana recém-criada. O Criador auto-existente,auto-suficiente, transcendente e, ao mesmo tempo, presente e envolvido, pessoalmente cria 0 primeiro homem (Gn2.4-7). A vida do homem procede de Deus e não de um ajuntamento aleatório de células e tecidos. Quando Adãorecebeu o fôlego da vida, tudo já estava preparado para sustentá-lo, em conformidade com Gênesis 1.326 .

Havia, nesta terra, um jardim no qual o homem fora colocado para cultivar e guardar (Gn 2.15,19,20). Emsua ocupação, 0 homem recebe de Deus liberdade total, apenas com uma restrição: não comer “da árvore doconhecimento do bem e do mal; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Ficaclaro, então, que o favor divino não é incondicional, no sentido de que Adão podería fazer o que bem entendessee continuasse desfrutando das bênçãos divinas. Pelo contrário, ele deveria observar a ordem divina para quecontinuasse da maneira como fora criado. Para cumprir a ordem divina, ele deveria confiar na palavra de Deus eacreditar em sua advertência.

Adão estava só. E viu Deus que isso não era bom. Então, 0 Senhor fez cair um pesado sono sobre o homem,de modo que ele adormeceu e, de uma de suas costelas, fez o Senhor Deus a mulher (Gn 2.18,21,22). Com esteato, Deus completa a raça humana. Ou seja, ao formar a mulher a partir do corpo do homem.

Tudo vai muito bem até o final do capitulo 2 de Gênesis. Deus havia criado um mundo ideal para a raça

humana, com um único mandamento proibitivo de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.Os acontecimentos seguintes acabam com esta tranqüilidade. E-nos dito que “a serpente, mais sagaz que

todos os animais selváticos que 0 Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: E assim que Deus disse: Não comereisde toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do frutoda árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.Então, a serpente disse à mulher: E certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdesse vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.1-5).

A serpente, astuta, maliciosa, inicia sua conversa com a mulher, por meio de um questionamento bemdissimulado acerca do único e simples mandamento dado por Deus. Em seguida, ela passa a negar as consequênciasda ordem divina, fundamentando seu ataque ao caráter de Deus.

2 HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vidar 2005, p.79.

53CURSO DE TEOLOGIA

Page 48: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 48/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

Depois de apreciar os argumentos da serpente, a mulher come do fruto que não podería comer e aí faz que 0

marido coma também (Gn 3.6). Essa quebra do mandamento dá início à mais drástica conseqüência para todos que pertencem à raça humana: surge 0 pecado. Tudo começou com a falta de confiança em Deus. Adão e Eva ignoraram

a revelação da verdade e, por conta disso, todos os envolvidos recebem, como conseqüência, o juízo de Deus.A serpente foi condenada a comer do pó da terra até que seja esmagada (Gn 3.14,15). Alguns têm dito, com

assertiva consideração, que aqui foi estabelecido um proto-evangelho. Ou seja, a primeira declaração das boas-novas, pois Deus garante que 0 mal não dominará para sempre.

A mulher recebe dois castigos por suas ações: um físico e outro relacionai. Dores acompanharão 0 parto (Gn3.16) e “teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16).

Para Adão foi-lhe dito que em fadiga obteria seu sustento enquanto vivesse.Mesmo em face da desobediência, Deus age com misericórdia, aparando o casal caído (Gn 3.21), porém,

retira o casal do jardim, a fim de que não comam da árvore da vida (Gn 3.22-24). Daqui para frente, o pecado seespalha rapidamente entre os filhos do primeiro casal.

Deus fizera o homem perfeito, à sua imagem e semelhança, e o colocara num ambiente perfeito, suprindo

cada uma de suas necessidades. Também lhe proporcionou uma companheira. Ambos possuíam livre-arbítrio, porém, era necessário que sua liberdade de escolha fosse testada, a fim de que ficasse demonstrado que os doisnão serviam a Deus por interesse e, dessa forma, fosse evidenciada sua retidão de caráter. Diante de um únicomandamento, o homem poderia ter resistido à tentação, mas, infelizmente, preferiu o contrário.

O prejuízo que Adão e Eva tiveram em sua rebelião contra Deus foi a perda da i m a go D e i que desfrutavam.Essa imagem se constituía de três aspectos: 1) a imagem natural, que lhes conferia a imortalidade, o livre-arbítrio e os sentimentos; 2) a imagem política, que lhes atribuía autoridade para governar 0  reino natural;e, o mais importante: 3) a imagem moral, que lhes impregnava de justiça e santidade verdadeira, que osfaziam semelhantes ao Criador em amor, pureza e integridade. Esse terceiro aspecto também lhes transmitiua capacidade intelectual.

A queda, porém, afetou os três aspectos e a conseqüência disso foi que os dois perderam a imago De i. Todosos aspectos da natureza humana foram contaminados pelo pecado. O amor e o conhecimento de Deus foramsubstituídos pela a alienação e pela falta de desejo de conhecê-lo. A liberdade de escolha se rebelou contra avontade divina em desobediência deliberada. O intelecto se tomou obscuro e insensível.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 21. Porque os seres humanos tem lugar singular entre as criaturas de Deus?2. Qual foi o único mandamento de Deus ao primeiro casal?

3. Qual foi 0 prejuízo que Adão e Eva tiveram devido à sua rebelião contra Deus?

CURSO DE TEOLOGIA54

Page 49: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 49/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PECADO

O pecado sempre esteve presente na história da humanidade. Devido ao caráter salvífico de todas as religiões,ignorar o pecado seria esvaziá-las do cerne de sua mensagem. Isso, no entanto, não significa que o pecado sejaa essência do cristianismo (que não é) ou de qualquer outra religião. Na verdade, o pecado não passa de umasombra. Mas sem o ressalto dessa sombra não seria possível perceber onde se encontra a verdadeira luz, comoanunciou o apóstolo: “A mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, enão há nele treva nenhuma” (1J0 1.5).

Tal como aconteceu com outros fenômenos, 0  pecado também dominou as sociedades e as teologias no passado. Hoje, o que se percebe é que sua imagem sofreu uma mudança profunda em nossa sociedade. A palavra“pecado” está desaparecendo do vocabulário da maioria das pessoas. Atualmente, fala-se em tabu, mancha,desordem, transgressão.

 Nas sociedades primitivas, o pecado aparece como transgressão às regras da comunidade. Nas sociedades politeístas, aparece como infração à ordem do mundo estabelecida pelos deuses, podendo provocar a ira detais divindades. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, encontramos ricos subsídios para percebermos omistério do pecado em toda a sua profundidade e amplitude. É assim que surgem nas Escrituras as concepçõesde pecado como ruptura da aliança, como falta de vigilância e de oposição ao reino, como um mal que se vaiapoderando de todo o ser e de todos os seres.

3.1 PALAVRAS REVELADORAS Na Bíblia, não encontramos um tratado sistemático sobre a doutrina do pecado. As Escrituras foram escritas

em épocas diferentes, por pessoas diferentes. Entretanto, todas inspiradas pelo Espírito de Deus. Sendo assim,faz-se necessário recolher os dados espalhados em seus vários escritos produzidos em épocas diferentes, emcontextos diferentes e em gêneros literários diferentes. Isso, de forma alguma, altera o teor da revelação. Todavia,

 partimos do pressuposto de que as Escrituras foram sendo outorgadas de forma progressiva. Assim sendo, não éde se admirar que, nos textos mais antigos, encontram-se vestígios de uma concepção arcaica do pecado.

O vocabulário na Bíblia para pecado, assim como para qualquer outra realidade humana mais profunda, émuito rico e variado. No Antigo Testamento, existem quatro palavras mais freqüentes e mais significativas queindicam diferentes níveis de profundidade e, até mesmo, tonalidades diferentes com relação ao pecado.

A primeira é א ט - chata, usada nos escritos mais antigos, significando “fa lhar”, “errar o alvo”, eocorre 198 vezes.

A segunda, .1 - avon, que quer dizer: “iniqüidade”, e ocorre 231 vezesעA terceira, שע ר  - rasha, ou seja, “perverso”, e ocorre 250 vezes.A quarta, שע פ   - pesha. Embora seja a menos usada, traduz uma concepção mais profunda e completa,

significando “transgressão”. Esse termo, ainda que aplicado no mundo das relações entre as pessoas e os povos,sua utilização possui, principalmente, conteúdo religioso. É um ir além, fazendo mais do que mandado. É ultrapassaros limites que correspondem a cada qual. É não respeitar o direito dos outros, como uma espécie de violação que seapodera daquilo que não lhe pertence. E mais: tem o mesmo sentido de prevaricação. Ou seja, avançar alargando o passomais do que é permitido, invadir a propriedade de outro (que se empregava na terminologia agrícola).

O Novo Testamento emprega cinco palavras gregas principais para o pecado que, juntas, retratam o seu

aspecto variado, tanto passivo quanto ativo. A mais comum dessas palavras é αμ αρ τία, (gr. hamartia), que

55CURSO DE TEOLOGIA

Page 50: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 50/150

MÓ DULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

descreve o pecado como um ato de não atingir 0 alvo. ou fracasso em alcançar um objetivo. A outra é άδικιο (gr.adikia), que significa "injustiça", ou seja. uma profunda violação da lei e da justiça. Poneria, por sua vez, é o mal

de um tipo vicioso ou degenerado.Os dois termos, amartia e adikia, parecem falar de uma corrupção ou perversão de caráter. As palavras maisfreqüentes são παραβασις (gr. parabasis), com a qual podemos associar παράπτωμα (gr. paraptoma), umasignificando “transgressão", ou seja, ir além do limite estabelecido, e ανομία (gr. anomia), falta de lei , desprezo

e violação da lei, iniqüidade, maldade.Como se pode averiguar, trata-se de um conceito que, por causa de sua riqueza, não pode ser expresso com um

único termo. As diferentes denominações que aparecem na Palavra de Deus são um claro indício dos múltiplos

aspectos que o pecado encerra em seu interior 

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 31. Quais são as palavras que vêm tomando o lugar do termo pecado?2. Quais são as palavras que 0 Antigo Testamento usa para pecado?3. Quais são as palavras que 0 Novo Testamento usa para pecado?4. Qual é o significado, no grego, do termo anomia?

CURSO DE TEO LO(M56

Page 51: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 51/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

EVANGELHOSCada evangelho tem características peculiares ao relatar a vida e ministério de Jesus. O propósito de Mateus

é demonstrar, sem deixar dúvida, que Jesus é o grande Messias, o Filho de Deus, o verdadeiro Rei prometido porDeus e esperado, por muitos anos, pela naçào judaica.

O evangelho de Mateus é marcado pelo anúncio da boa notícia de que "o  reino de Deus está próximo” (4.17e paralelos). Por conta disso, nào é outra a tônica (ou ênfase) das bem-aventuranças (Mt 5; Lc 4.17) e, também,dos discursos sobre missão (Mt 10), dos fins dos tempos (Mt 24), dos milagres (Mt 4.23; Mc 1.21; Lc 4.15).Tudo isso despertava, entre o povos, os arquétipos do Messias esperado, com sua retumbante vitória definitiva

sobre as potências do mal.Mateus conclui que “o povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte

resplandeceu-lhes a luz” (4.16).Mateus interpretou esses acontecimentos históricos a fim de proclamar o que Deus fizera, por intermédio de

seu Filho Jesus, para redimir o homem de sua condição desamparada como pecador. O evangelista mostra queJesus é 0 Messias, o Cristo, que a nação aguardava com ansiedade. Aquilo que o homem não pode fazer por si,Deus fez pelo homem, por meio de seu Filho, Jesus Cristo.

Assim como Mateus, Marcos também é explícito a respeito do bjetivo que apresenta: 4‘Princípio doevangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1.1). O termo evangelho (ευαγγελίου - euaggelion) significava“recompensa pela transmissão da boa-nova”.3 É a boa-nova do que Deus fez em Jesus Cristo (vida, morte,

ressurreição e exaltação de Jesus vistas como um ato poderoso de Deus), de acordo com a promessa do AntigoTestamento, para vencer as forças do mal e salvar o homem de seu pecado, inaugurando, dessa forma, o seu reinoe oferecendo salvação com a chamada ao arrependimento e à fé.

Lucas, por sua vez, é conhecido como o evangelista que mais ressalta a misericórdia para com os pecadores,ressaltando, desse modo, a salvação. É ele quem mais insiste na boa-nova “para os pecadores”. Sim, no plural,

 porque, nesse contexto de Lucas, pecadores são vistos como aqueles que são excluídos pelos doutores da lei.Jesus se senta à mesa com os publicanos e pecadores (Lc 5.27; 19.1-9; Mc 2.14). Age dessa forma porqueressalta nos pecadores uma virtude fundante para a colhida da salvação, ou seja, a humildade (Lc 15.7; 18.13).E, com isso, tansforma-os em verdadeiros destinatários do reino.

 Na parábola do publicano, Jesus declara os pecadores justificados (Lc 18.9-14). Nas parábolas da misercicórdia,chega a compará-los com uma “preciosa moeda”, dignos de serem recebidos com festa, mesmo no céu (Lc 15.1).

Jesus acolhe as prostitutas, permitindo que o toquem e o beijem (Lc 7.36-38; Mcs 2.16). Toma a defesa daquelasmulheres (Jo 8). Por meio das prostitutas, estabelece um novo critério de perdão ilimitado, “porque muito amou”(Lc 7.47). Proclama, em alta voz, que “elas precederão a todos no reino" (Mt 21.31).

 Num primeiro plano, como representantes dos inimigos do reino e da pessoa de Jesus, não vão figurar os pagãos, nem os pecadores públicos, mas justamente os grupos religiosos que dizem acreditar em Deus e oinvocam, mas servem de Deus e da religião para negar o Cristo. Tudo porque esses religiossos não viam ocomportamento de Jesus com bons olhos e, por isso, foram por Ele duramente criticados (Mt 11.19; Lc 7.34;15.1,2; 19.7). Por outro lado, os desprezados, rejeitados e excluídos foram encontrados, porque Jesus “não veio

 para os justos, mas para os pecadores (Lc 5.32; Mt 9.13). O próprio Jesus declarou sua missão ao afirmar queveio “procurar e salvar 0 que estava perdido” (Lc 15.4). Os benefícios são inúmeros: é como o Pai que acolhe ofilho ingrato (Lc 15.20-24); é o credor que veio perdoar a dívida impagável (Lc 8.41-42); perdoa absolutamente

3HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2002, p.77.

57CURSO DE TEOLOGIA

Page 52: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 52/150

MÓ DULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

todos os pecados, até mesmo as blasfêmias, exceto o pecado contra 0 Espírito Santo (Mc 3.28).Portanto, para Jesus, com 0 advento do reino, inicia-se uma era radicalmente nova. Todos têm que se redimir diante

dele e da sua proposta. Ninguém é justificado, mas todos podem encontrar a salvação, na medida em que se reconhecerem

 pecadores e aderirem à sua proposta. Com tudo isso, fica claro que já não é um código religiosos ou moral que define aidentidade do pecador, mas seu relacionamento com o Deus salvador, em Jesus Cristo. Assim, ninguém é justo, todos são pecadores e só podem ser justificados pela gratuidade divina, mas mediante a condição de se reconhecerem pecadores.

David Hale diz que “é interressante observar que a palavra 'salvador’ não aparece em nenhum dos sinópticos,exceto em Lucas (1.47; 2.11). Da mesma maneira, o substantivo 'salvação’ e o adjetivo 'salvo’ são encontradossomente em Lucas, dos sinópticos”.45

Essa salvação, contudo, é para todas as pessoas.O autor do quarto evangelho incluiu uma declaração a repeito do motivo que o levou a escrever o seu texto.

Podemos ver isso na seguinte referência: João 20.31, que diz: "Estes, porém, foram registrados para que creiais queJesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. João francamente declara que eleescreveu para mostrar que Jesus é o Cristo (palavra grega para "Messias”), o Filho de Deus. Esse conhecimento produz

a salvação e assegura a pessoa quanto à vida eterna. "É interessante observar que, dos escritores do Novo Testamento,só João prescreve o termo hebraico ou aramaico Messias (1.41; 4.25), e indica que Cristo traduz esta palavra”?

Dos quatro evenglhos, o de João é o mais profundo e o mais complexo em sua abordagem sobre o pecado. Oautor usa um jogo de contrastes luz-trevas, verdade-mentira, amor-ódio, vida-morte, liberdade-escravidão. Muitomais do que um eventual dualismo, ele evidencia o poder das trevas que se manifesta no pecado. Sua maneirade abordar a questão do pecado é peculiar. Verifica-se uma nítida tendência de falar de pecado (hamartia), nosingular, isso pode ser um indicador de que ele não se procupava tanto com os pecados, no plural. Como oapóstolo Paulo, ele focaliza sua atenção na raiz comum a todos eles.

Portanto, nos evangelhos, a vida, a paixão e a morte de Jesus aparecem de forma explícita e repetida com essecaráter de librrtação. É o cumprimento de todos os anúncios feitos anteriormente. Jesus veio nos resgartar damorte, da lei e do pecado. Entregou sua existência para a remissão dos pecados do mundo e para tomar possívela nova e definitiva aliança, conforme havia predito o profeta:

"Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Nãoconforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquantoeles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmareicom a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coraçãolhas escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cadaum ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz oSenhor. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei (Jr 31.3134 ).

A salvação de Jesus, que possibilita a realização do bem, não exclui a liberdade do ser humano de praticar o mal.Assim, cabe aos seres humanos optarem por Jesus ou rejeitarem sua mensagem e sua pessoa. Uma decisão séria que

afeta, principalmente, 0 nosso relacionamento com Deus e coloca em jogo o nossso destino eterno. Sendo assim, se o pecado não existisse, ficaria destruído todo o anúncio da revelação de Deus. Negar, portanto, a condição pecadora dahumanidade e de cada um dos membros que a compõe é uma grande rebeldia contra a boa-nova dos evangelhos.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 41. Qual é o propósito de Mateus ao escrever seu evangelho?

2. O que significa o termo evangelho?

3. Qual é 0 único evangelho em que aparece a palavra “salvador”?

4. Qual é 0 jogo de contrastes que João usa em seu evangelho para evidenciar 0 poder das trevas?

4 Ibid., p. 125.5 Ibid., p. 162.

CURSO DE TEOLOGIA58

Page 53: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 53/150

MÔDIILO 3 I DOUTRINA DO PECADO

TEOLOGIA PAU LI NA CONCERNENTE AO PECADO

O apóstolo Paulo, valendo-se de um vocabulário amplo, introduz uma variedade de termos que denotam o pecadoou os pecados. E faz isso para denotar e descrever vários pecados pessoais, sensuais, sociais, éticos e religiosos.Em sua eístola aos rmanos, a qual Lutero,ao comentá-la, no prefácio diz: “Esta epístola é o livro principal do NvoTstamento, 0 eangelho em sua forma mais pura. Merece não somente ser conhecida pelos cristãos, individualmente,

 palavra por palavra, mas ser objeto de sua meditação dia-a-dia, como o pão cotidiano da alma”.Paulo usa dez termos gerais para pecado. Vejamos:

1.  Hamartia. Aparece, ao todo, 58 vezes, 43 em Romanos, como o seguinte significado: “errar o alvo”.2.  Hamarteema. Duas vezes, demonstrando 0 pecado como uma ação.3.  Parabasis. Cinco vezes, significando “transgressão”, ou seja, andar literalmente ao longo de uma linha,

mas não exatamente seguindo essa linha.4.  Parapíoma. Quinze vezes, significando “fracasso”, “falha”, “desvio da verdade e da retidão”.5.  Adikia. Doze vezes, significando “injustiça”.6.  Asebeia. Quatro vezes,significando: “impiedade”, “falta de reverência”.7.  Anomia. Seis vezes, com 0 significado de “ilegalidade”.8.  Akatharsia. Nove vezes, com o significado de “impureza”, “falta de pureza”.9.  Parokoee. Quatro vezes, significando “desobediência”.10.  Planee. Qatro vezes, como significado de “errar”, “vagar”.6

Paulo fala das “transgressões” (παραβασις -  p a ra b a s is ) cometidas por uma fraqueza (para as quais Deus semelina com misericórdia) ou por atos que podem ser um forte sinal de um endurecimento que se constitui numobstáculo radical à graça (G1 3.19; Rin 2.23; 4.15; 5.14).

Fala, ainda, do pecado como desobediência (Rm 5.19; 2C0 10.6), como erro voluntário (lTm 6.10; 2Tm 3.13).A preocupação do apóstolo Paulo com as obras da carne que excluem do reino é tão grande que ele faz uma

lista: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já,outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (G1 5.19-21).

Por várias vezes, ele retoma, especificando-as. Assim, na primeira carta aos coríntios, ele diz que “os injustosnão herdarão o reino de Deus. Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados,nem sodoimtas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes. nem roubadores herdarão o reinode D e u s 1 ) C0 6.9,10). Alguns cometiam pecados que os tomavam piores do que os pagãos. “Se alguém não tem״cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e e pior do que 0  descrente” (lTm 5.8).Faia sobre incesto: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entreos gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu proprio pai“ (1C0 5.1 j. Sobre heresias: “E atéimporta que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1C0 11.19).

Em suas cartas, Paulo busca as raízes mais profundas dos pecados. Para tanto, ele privilegia os termos iniqüidade(gr. αμαρτία - hamartia) e impiedade (gr. ασέβεια - asebe ia). Embora genéricos, esses termos indicam faltareconhecimento de Deus (falta de reverência a Deus) e recusa de glorificar 0 Senhor. O apóstolo aponta, também,

6 TORREY, R. A. et al. Os fundamentos: a famosa Coletânea de textos das verdades bíblicas Fundamentais. São Paulo: Hagnos, 2005, p.350.

59CURSO DE TEOLOGIA

Page 54: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 54/150

MÓ DULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

 para outra atitude geradora de pecado, como. por exemplo, a ganância (αισχροκερδή - aischrokerdê): “raiz detodos os males” (lTm 6.10).

Paulo testemunha que o pecado entrou em nossa raça por intermédio da desobediência de Adão: "Portanto,assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passoua todos os homens, porque todos pecaram [...] Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todosos homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens paraa justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tomaram pecadores,assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tomarão justos" (Rm 5.12,1819 ).

Ao contrário dos escritos rabínicos, Paulo afirma que o pecado entrou na raça humana por intermédio de Adãoe não de Eva. E mais: coloca o pecado em nível universal ao dizer que quando Adão pecou, “todos pecaram”(Rm 5.12).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEMCAPÍTULO 51. Quais são os pecados listados pelo apóstolo Paulo que impedem as pessoas de participarem do reino?2. Segundo Paulo, quais são os pecados que tomam os crentes piores do que os pagãos?3. Paulo busca as raízes mais profundas dos pecados. Para isso, quais os termos que ele privilegia?4. Cite cinco termos gregos usados pelo apóstolo Paulo em seus escritos.

CURSO DE TEOLOGl/i60

Page 55: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 55/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

OS PRIMEIROS ESCRITOS SOBRE O PECADOAs primeiras gerações de cristãos, por causa da riqueza bíblica e do testemunho escrito de vários apóstolos,

não desenvolveram uma teologia do pecado. Por esse motivo, os primeiros escritos patrísticos apresentam apenasesboços do pecado.

Clemente de Roma (i102 ), que “viu os apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua״ pregação e ensinamento”, no final do século Ioteve de conter uma rebelião na igreja de Corinto. Ao escrever para essa igreja, depois de elogiá-la, foi obrigado a denunciar uma atitude pecaminosa, que causaria péssimasconseqüências. Os crentes da igreja de Corinto estavam se deixando levar pelo ciúme, pela inveja, pela discórdia.

Para Clemente, aqueles irmãos haviam-se afastado do temor de Deus e se tomaram cegos, comportando-se deuma maneira indigna aos seguidores de Cristo.

Contemporâneo de Clemente de Roma, a Didaquê, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos, adverteque “há dois caminhos: um da vida e outro da morte. A diferença entre ambos é grande. O caminho da morte écheio de 4maldições’. Entre os muitos exemplos de novas fisionomias de pecadores vão figurar os estranhos àdoçura, os perseguidores dos bons, os assassinos de crianças, os sem compaixão com os pobres, os defensoresdos ricos, os juizes iníquos dos pobres...”. 7

Um fato marcante começou a surgir no meio patrístico: os pecados começaram a ganhar valoração de acordocom sua gravidade. Vão surgindo acentos diferentes de acordo com o problema enfrentado. A Didaquê julga que44tentar um profeta que fala pelo espírito” se constitui num pecado imperdoável. Clemente de Roma vai assinalar,como grande pecado, a desobediência à hierarquia da igreja. Cipriano vai caracterizar, como um dos maiores

 pecados, o rompimento da unidade da Igreja. Hipólito de Roma, na sua Tradição Apostólica, além de indicaros pecados que o apóstolo Paulo havia catalogado como excludente do reino, destaca a idolatria e o exercíciode certas profissões. Tertuliano, por sua vez, depois de apontar sete pecados como sendo os mais graves, entreos quais constava a apostasia, estabelece uma lista de pecados que, constantemente, é retomada nos primeirosséculos: idolatria, homicídio e adultério.

Afirma-se que Agostinho de Hipona é o autor da expressão 44pecado original”. Segundo alguns estudiosos, ele é o primeiroe um dos mais importantes teólogos da história a elaborar, de modo sistemático, uma doutrina do pecado original.

O final do século 4oe, sobretudo o século 5o, foi uma época marcada pela apostasia e por muitas heresias,quando Agostinho se confronta com os donatistas e os pelagianos.

Pelágio foi um moralista exigente que acreditava que, embora a maioria dos homens fosse má, eles eram

capazes de se redimirem, caso se esforçassem nesse sentido. Negou totalmente o pecado original. Para ele, o pecado consiste não em herdar a natureza de Adão, mas em seguir seu exemplo, ou seja, que o pecado não residena natureza, mas, sim, na vontade. Segundo acreditava, o que é transmitido é apenas o mau exemplo que todosos homens, desgraçadamente, imitam. Portanto, o homem não necessitava de um dom extraordinário da graça

 para obter sua salvação. Com isso, Pelágio se coloca frontalmente contra o cerne da doutrina do pecado originale provoca uma reação contundente da igreja, sobretudo por intermédio de Agostinho.

Pelágio encontrou em Agostinho seu maior opositor. Agostinho escreveu vários tratados contra essa doutrina,sendo que o mais famosos deles foi De Spiritu et Lietra. O Concilio de Cartago, em 418 d.C., e o de Orange, em429, além de condenarem as teses de Pelágio, vão, ao mesmo tempo, fixar e dar uma formulação mais precisa àtradição apostólica referente ao pecado original.

Foi em meio a esses grandes debates teológicos que surgiu a concepção de pecados mais graves, período em que a

7DIDAQUÊ. Catecismo dos primeiros cristãos. 5a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1986, 1 e 5.

61CURSO DE TEOLOGIA

Page 56: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 56/150

MÓ DULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

Igreja Católica irá desenvolver uma lista dos pecados *'capitais", por entender que todos os demais pecados surgem dagula, da fomicação, da avareza, da tristeza, da ira, da preguiça, da vangloria e do orgulho.

A doutrina dos vícios capitais foi fruto do empenho de organizar a experiência antropológica, cujas origens remontam

a João Cassiano e Gregório Magno, que têm em comum precisamente esse ato de se voltar para a realidade concreta.Ambos tratam de fazer uma tomografia da alma humana e, no que diz respeito aos vícios, surge a doutrina dos pecadoscapitais, que encontra sua máxima profundidade e sua forma acabada no tratamento que confere Tomás.

Os pecados capitais, na enumeração de Tomás, são: vaidade, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e acídia. Hoje, emlugar da vaidade, a Igreja coloca a soberba e, em lugar da acídia, é mais freqüente encontrarmos a preguiça na lista dosvícios capitais. Isto porque a soberba é considerada, por Tomás, como um pecado, por assim dizer, "megacapital”, fora dasérie e, portanto, ele prefere falar em vaidade (inanis gloria, **vangloria”). Já a substituição da acídia pela preguiça parecerealmente um empobrecimento, uma vez que, como veremos, a acídia medieval e os pecados dela derivados propiciamuma clave extraordinária, precisamente para a compreensão do desespero do homem contemporâneo.

Segundo Tomás de Aquino, este nome, vício capital, provém do termo caput: "cabeça”, "líder”, "chefe” (em italiano,ainda hoje, há a derivação: capo, capo-máfia). Nesse sentido, os vícios capitais são sete vícios especiais, que gozam de

uma especial "liderança”. O vício é uma restrição à autêntica liberdade, é um condicionamento para agir mal.8Entre Agostinho e a Reforma Protestante, passou-se um milênio. A escolástica, no que se refere ao pecado original,

dividia-se basicamente em duas escolas: a dos seguidores de Anselmo de Cantuária (1033-1109 d.C.) e a dos quecontinuavam a tradição agostiniana, encabeçada por Pedro Lombardo (1095 -1160). A primeira corrente define o pecadooriginal como “privação da justiça original”; a segunda, coloca o acento sobre a concupiscência. Combinando as duastendências, Tomás de Aquino vai dizer que, materialmente, o pecado original é concupiscência. Formalmente, esse pecadoé privado da justiça original.

A escolástica parecia abordar o pecado original de forma muito superficial para afetar decisivamente a natureza humana.Suas teses eram que, após o pecado de Adão, as faculdades naturais do ser humano e a sua vontade permaneceram íntegras;que o ser humano goza de livre-arbítrio; que 0 ser humano, por forças naturais, pode amar a Deus de todo coração e ao

 próximo como a si mesmo; que o ser humano, enquanto depende dele, pode estar seguro de que Deus lhe dará a graça;que basta a boa intenção para se achegar aos sacramentos.9Para Lutero, o pecado original é a irresistível tendência para o mal, que todos experimentam, mesmo após o batismo.

 Não é a mera transgressão de uma lei, mas uma radical disposição interna para fazer o mal. A condição indispensável paraa justificação é a consciência do pecado. Lutero escreveu um livro, intitulado A escravidão da vontade, em resposta a umdiscurso violento de Erasmo, no qual defendia conceitos pelagianos. Lutero acreditava que Erasmo era "um inimigo deDeus e da religião Cristã”, por causa do ensino que ministrava sobre o pecado original. É bom notar que o Catolicismomedieval, sob a influência de Aquino, adotara um semipelagianismo, mesmo que na antiguidade houvesse rejeitado 0

 pelagianismo puro. Neste sistema, acreditava-se que o homem cooperava com a graça de Deus para a salvação.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 61. Ao escrever para a igreja em Corinto, quais foram os pecados denunciados por Clemente de Roma?2. Qual é a advertência do Didaquê aos cristãos?3. Qual foi o fato marcante que começou a surgir no meio patrístico?4. Quem usou primeiro o termo pecado original?5. Qual é a concepção de Pelágio com relação ao pecado?6. Quais são os sete pecados capitais?7. Quais são os pecados capitais na concepção de Tomás de Aquino?8. Qual é o entendimento de Lutero com relação ao pecado original?

8AQUINO, Tomás de. Sobre 0 ensino (De Magistro) e os sete pecados capitais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.9MOSER, Antônio. 0 pecado: do descrédito ao aprofundamento. Rio de Janeiro: Vozes, 1996, p 61.

CURSO DETEOLOGM62

Page 57: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 57/150

MÓDULO I DOUTRINA DO PECADO

CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS DO PECADO

Quem não gostaria de saber o que teria acontecido se os nossos primeiros pais não tivessem desobedecido aDeus. Entretanto, as Escrituras nada dizem a esse respeito. Sendo assim, faremos bem em evitar investigaçõesteóricas sobre aquilo que Deus não desejou revelar. Podemos imaginar que as conseqüências da obediênciaseriam grandiosas, na direção certa, do mesmo que as conseqüências da desobediência foram negativas, nadireção errada. Partindo da revelação de Deus encontrada nas Escrituras, iremos nos certificar das conseqüênciasdo pecado sobre a vida de Adão e Eva, sua natureza, seus corpos, seu ambiente e sua posteridade.

O livro de Gênesis é a nossa fonte exclusiva de informação acerca desses acontecimentos, portanto, é lá queencontraremos os elementos necessários para a nossa investigação.

 AFETOU SEU RELACIONAMENTO־71Antes da desobediência, Adão e Deus mantinham perfeita comunhão um com o outro; após a queda, esse

relacionamento foi rompido. A primeira reação do casal, após terem transgredido o mandamento explícitode Deus de não comerem da árvore do conhecimento (Gn 2.17), foi a culpa. Após terem seus olhos abertos,Adão e Eva sentiram 0 peso do aborrecimento de Deus. E não só isso. Sabiam que tinham perdido sua posiçãodiante de Deus e, conseqüentemente, eram réus do juízo divino. Portanto, ao invés de buscarem sua comunhãoapós a desobediência, a primeira reação foi se esconder de Deus. Suas consciências culpadas não lhes davamtranqüilidade, por isso tentaram se livrar da responsabilidade. Adão buscou se desculpar dizendo a Deus que foi a

“mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). A mulher, por sua vez, direcionoua culpa para a serpente (Gn 3.13). Ambos tentaram se livrar da responsabilidade atribuindo a culpa a outrem.

7.2 AFETOU SUA NATUREZAAo criar o primeiro ser humano, Deus o fez inocente (ou seja, sem consciência do certo e errado) e santo

(puro). Logo, o homem não possuía uma natureza pecaminosa. Depois da desobediência, um sentimento de culpase apoderou de Adão e Eva, que passaram a sentir vergonha, opróbrio, poluição. A poluição (isto é, a corrupção)é um aspecto que mancha a imagem mais externa e superficial, como se fosse um simples borrão que cai numa

 página em branco.O sentimento de contaminação é bem primitivo e até hoje é utilizado quando se deseja afastar uma criança de

uma ação má e perigosa. O kakos grego, como um oposto ao bom (agathós), está relacionado com a linguagem

infantil do excremento. Quando se quer dissuadir uma criança, para que não pratique uma coisa que não presta,fazemos referência a este conceito. Tudo o que é mau se reveste de um sentido de sujeira, pois qualquer pessoaque se aproxime e toque no que é mau se contamina.

E foi justamente o que ocorreu com Adão e Eva. O pecado operou uma mudança interior profunda e qualitativa.Além de destruir a pureza interior, rompeu, ao mesmo tempo, a comunhão com os outros.

7.3 AFETOU SEUS CORPOSO pecado afetou os seres humanos no mais profundo de sua personalidade, todo o seu ser foi impregnado, até

as suas entranhas mais íntimas. Deus havia dito que “porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gn 2.17). A Bíblia é taxativa ao afirmar que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Entretanto, não se*11

10THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2006, p.181.11Idem, 2006, p.181.

63CURSO DE TEOLOGIA

Page 58: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 58/150

MÓDULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

refere apenas à morte física, que todos os seres humanos estão sujeito. Neste caso, 0  sentido de morte é maisamplo, referindo-se à morte espiritual, física e eterna. Em Adão. todos passaram a experimentar a morte física,tal como disse o apóstolo Paulo: “E Adão, todos morrem“ (1C0 15.22). *O homem foi criado mortal, mas tinha 0

 privilégio de conseguir a imortalidade por meio da árvore da vida. Mas. or ter comido da árvore do conhecimentodo bem e do mal, perdeu sua liberdade de comer da árvore da vida“ .10Outra conseqüência do pecado foi que 0

homem passou a sofrer com as doenças físicas.11

7.4 AFETOU O MEIO AMBIENTEA sentença definitiva foi que “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante

os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rostocomerás o teu pão, até que tomes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tomarás” (Gn .17-19).Esse texto deixa claro que a toda a criação sofreu juntamente as conseqüências do pecado de Adão.

Paulo diz que “a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a

sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade daglória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias atéagora” (Rm 8.20-22).

Provavelmente, no milênio esta maldição será retirada, conforme predisseram os profetas, de modo que asferas selvagens se deitarão com os dóceis animais domésticos (Is 11.6-9; 65.25; Os 2.18).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 71. Quais foram as quatro conseqüências imediatas do pecado?2. Como o pecado afetou o relacionamento com Deus?

3. Como o pecado afetou a natureza do homem?4. Como o pecado afetou seus corpos?5. Como o pecado afetou 0 meio ambiente?

CURSO DETEOLOaj64

Page 59: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 59/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

A UNIVERSALIDADE DO PECADO

A natureza e extensão do mal transmitido à raça humana, bem como a base ou a razão pelas quais osdescendentes de Adão foram envolvidos nas conseqüências negativas de sua transgressão, sempre formammatéria de divergência e discussão. Entretanto, é fato que o pecado de Adão afetou não somente a ele, mastambém a todos os seus descendentes. Logo, todos os seres humanos são pecadores; todos são depravados,culpados e condenáveis.

De acordo com a Bíblia, o pecado não é uma qualidade ou condição da alma que se revelou apenas em

indivíduos excepcionais, como, por exemplo, os ofensores notórios, ou em circunstâncias excepcionais, como, por exemplo, nas primeiras eras da existência humana na terra, entre as raças semidesenvolvidas, ou em terrasonde as artes e as ciências são desconhecidas, ou em comunidades civilizadas, onde o ambiente local é prejudicialà moralidade.

O pecado é uma característica peculiar da raça humana, é algo que se nasce com ele, existe em cada criançanascida de mulher, e não meramente em tempos isolados, mas em todos os tempos, em cada estágio da vida,embora nem sempre se manifestando na mesma forma.

As Escrituras dão testemunho dapecaminosidade de toda a humanidade. O Antigo Testamento afirma; “Porqueà tua vista não há justo nenhum vivente” (SI 143.2). “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estoudo meu pecado?״ (Pv 20.9). Já no Novo Testamento, Paulo é enfático ao declarar que todo homem é pecador eculpado e que a transgressão dos nossos primeiros pais constituiu pecadora a sua posteridade. Segundo Paulo,

“pela desobediência de um só homem, muitos se tomaram pecadores״ í Rm 5.19). de modo que o pecado de Adãoé imputado à toda raça humana, logo “todos morrem em A d ã o 1 ) .(C0 15.22״

 Na epístola aos romanos, o apóstolo argúi que tanto os gentios quanto os judeus se encontram “destituídosda glória de Deus״ , por haverem, todos, se rebelado contra o Senhor, tomando-se igualmente culpáveis diantede Deus (Rm 3.23). Os primeiros, por se entregarem às mais vis abominações: os segundos, por imitarem os

 primeiros.A conclusão a que chegamos é que “o homem é primária e essencialmente um pecador, não devido ao que

faz, mas em razão do que é12.״   No catecismo maior de Westminster, lemos: “Caiu todo o gênero humano na primeira transgressão? O pacto, sendo feito em Adão, como representante, não para si somente, mas para toda asua posteridade, todo o gênero humano, descendendo dele por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele na

 primeira transgressão”.Como Deus pode considerar cada homem responsável por uma natureza depravada, por causa de um pecado

que o próprio homem cometeu, será discutido ao tratarmos da imputação do pecado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 71. De que maneira o Antigo Testamento testemunha sobre a pecaminosidade da raça humana?2. Qual é a conseqüência do pecado imputado a Adão que reflete nos seres humanos?3. O que 0 Catecismo Maior de Westminster declara sobre a pecaminosidade do homem?

12TORREY, R. A. et al. Os fundamentos: a famosa coletânea de textos das verdades bíblicas fundamentais. São Paulo: Hagnos, 2005, p. 363.

65CURSO DE TEOLOGIA

Page 60: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 60/150

MÓ DULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

TEORIA DA IMPUTACÃO

A Sagrada Escritura, em nenhum momento, busca legitimar a realidade do pecado. É pressuposto fundamentalque o pecado é um fato que não pode ser contrariado, nem negado. Entretanto, alguns, por intermédio da falsafilosofia e da ciência materialista, recusam admitir sua existência. Como conseqüência direta dessa negação,muitas teorias têm surgido, parte das quais deve ser considerada como apenas tentativas de se esquivar do

 problema negando os fatos que as Escrituras põem diante de nós. Entre as tentativas de explicar as afirmaçõesdas Escrituras, passamos a analisar algumas teorias que mais parecem merecer atenção.

Antes de mais nada, definiremos o que significa imputação: 64atribuir ou computar alguma coisa a alguém״ . Nosentido teológico e jurídico do termo, imputar 66quer significar o ato pelo qual se declara que alguém, como autor oucausador de uma ação, como efeito, de que é causa, deve responder pelas conseqüências da mesma ação13.״

Imputar pecado, no sentido bíblico e teológico, é imputar a culpa do pecado como obrigação judicial desatisfazer a justiça.

9.1 TEORIA PELAGIANA OU TEORIA DA INOCÊNCIA NATURAL DO HOMEMPelágio foi um monge inglês que, em 409, apregoou em Roma seu sistema doutrinário. Ele dizia basicamente

que toda alma é criada imediatamente por Deus, e inocente, livre das tendências depravadas, e perfeitamente capazde obedecer a Deus, como Adão o foi na criação. O único efeito do pecado de Adão sobre seus descendentes é omau exemplo; de modo algum o pecado corrompeu a natureza humana, a única corrupção da natureza humana

é o habito de pecar que cada indivíduo contrai mediante a persistente transgressão da lei conhecida. Portanto, o pecado de Adão teria atingido somente sua pessoa e não os seus descendentes.

Pelágio encontrou em Agostinho de Hipona seu maior opositor. Agostinho defendia que o pecado original deAdão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído retenha a habilidade para escolher,ele está escravizado ao pecado e não pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia em que a queda de Adãoafetara apenas o próprio Adão, e que Deus exigia das pessoas apenas que vivessem de modo perfeito, tal comoforam criadas.

Agostinho obteve sucesso refutando Pelágio, mas o pelagianismo não morreu. Depois de ser condenado peloConcilio de Cartago, em 418, várias formas do pelagianismo surgiram, periodicamente, através dos séculos. Umdos grandes debates durante a Reforma Protestante versou sobre a natureza e a extensão do pecado original. Oquestionamento entre os estudiosos era: O pecado afetou Adão somente, ou todo o gênero humano? A vontadedo homem decaído é ainda livre ou escravizada ao pecado? Lutero escreveu um livro intitulado A escravidão davontade em resposta a um discurso injurioso de Erasmo, no qual defendia conceitos pelagianos. Lutero acreditavaque Erasmo era 66um inimigo de Deus e da religião Cristã״ por causa do ensino que ministrava sobre o pecadooriginal. No século 18, surgiu uma forma nova e levemente modificada do pelagianismo. Estamos nos referindoao arminianismo. Iremos falar a respeito a seguir.

13SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 24a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

CURSO DE TEOLOG IA66

Page 61: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 61/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

9.2 TEORIA ARMINIANA OU TEORIA DA DEPRAVAÇÃO VOLUNTÁRIA- MENTE APROPRIADA

Jakobus Arminius (1560 - 1609), catedrático da Universidade de Leyden, Sul da Holanda, embora aceitassea doutrina da unidade adâmica da raça, apresentada tanto por Lutero como por Calvino, interpretava-a deforma diferente, que veio a ser conhecida como semipelagianismo. Segundo Armínio, como conseqüência datransgressão de Adão, todos os homens se acham naturalmente destituídos da retidão original. Assim, toda ahumanidade é incapaz, sem a ajuda divina, de obedecer perfeitamente a Deus ou de alcançar a vida eterna.

Strong nos diz que “esta incapacidade é física e intelectual, mas não voluntária. Por isso, em se tratando de justiça, Deus confere a cada indivíduo, desde o raiar da sua consciência, uma influência especial do EspíritoSanto, suficiente para neutralizar o efeito da depravação herdada e tomar possível a obediência, provendo avontade humana de cooperação, que ainda pode praticá-la’’.14

Para Armínio, a tendência do homem para 0  mal pode ser chamada de pecado, mas não envolve culpa oucastigo. Logo, a humanidade não é culpada pelo pecado de Adão. Somente quando o homem consciente evoluntariamente faz uso dessas tendências más é que Deus lhe imputa como pecador.

Interpretando o texto de Romanos 5.12, que diz: “A morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”,esta teoria defende que a morte física e espiritual incidiu sobre todos os homens não como castigo do pecado deAdão, mas porque todos pessoalmente consentem em sua pecaminosidade por meio dos atos de transgressão.

9.3 TEORIA FEDERAL OU TEORIA DA CONDENAÇÃO POR PACTOEsta teoria também foi chamada de “teoria da imputação imediata“, tendo Charles Hodge como seu principal

representante. Segundo esta teoria, Adão foi eleito, por indicação soberana de Deus. o representante de toda araça humana, pelo fato de Deus ter firmado um pacto com Adão. Pelos termos dessa aliança, Deus prometeuconceder vida eterna a Adão e à sua posteridade se ele, por ser "o cabeça” representativo, obedecesse a Deus; do

contrário, como castigo à desobediência, a corrupção e a morte de toda a sua posteridade.Como conseqüência do pecado de Adão, Deus considera todos os seus descendentes pecadores e os condenapor causa da transgressão da Adão. Com o cumprimento dessa sentença de condenação. Deus cria imediatamentecada alma da posteridade de Adão com uma natureza corrupta "que infalivelmente conduz ao pecado, e eiamesmo é pecado”,15por isso denominada de teoria imediata do pecado. Assim os defensores dessa teoria afirmamque a corrupção da sua natureza não é a imputação do pecado de Adão. mas. sim, o seu efeito.

As Escrituras declaram que a ofensa de Adão nos tomou pecadores (Rm 5.19). Portanto, não somos pecadores porque Deus nos trata dessa forma, mas, sim, porque somos pecadores 11a essência.

9.4 TEORIA AGOSTINIANAEmbora receba 0 nome de Agostinho (350-430), são encontrados vestígios nos escritos de Tertuliano, Hilário

e Ambrósio. Com exceção de Zwínglio, todos os demais reformadores defendiam esta teoria, que sustenta queDeus, em virtude da unidade orgânica da raça em Adão, passou o pecado a toda a sua posteridade. Assim, o

 pecado de Adão foi atribuído a todos como algo inerente ao ser, possuidor de uma natureza destituída de amor aDeus e propensa ao mal.

De todas as teorias apresentadas aqui, esta é a mais satisfatória, porque explica a responsabilidade de todoscomo conseqüência da natureza pecaminosa. É a que melhor se adapta às conclusões cientificas e filosóficasmodernas, que dizem que as tendências más são herdadas, que a raça humana veio de um mesmo tronco. E,

 principalmente, por estar em concordância com as Escrituras ao afirmar que o pecado de Adão é a causa e ofundamento da depravação, da culpa e da condenação de toda a raça humana.

,4STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003, p. 215.15Ibid., p. 231.

67CURSO DE TEOLOGIA

Page 62: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 62/150

MÓ DULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 9

1. Por que a Sagrada Escritura, em nenhum momento, busca legitimar a realidade do pecado?2. No sentido teológico e jurídico, o que significa 0  termo imputar?3. O que diz a teoria de Pelágio com relação à imputaçào?4. E a teoria de Armínio, 0 que diz sobre a imputação?5. O que diz a teoria federal a respeito do mesmo assunto?6. E a teoria agostiniana, 0 que tem a dizer?

CURSO DE TEOLOGIA(68

Page 63: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 63/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

REMOÇÃO DO PECADOO perdão do pecado é o cerne das boas-novas. Desde o Gênesis até o Apocalipse, o Deus dos céus anuncia seu

 plano redentor. Deus é santo e justo, misericordioso e gracioso (Êx 34.6), e a Bíblia anuncia que Ele fez plena provisão para harmonizar as reivindicações de clemência e justiça em seu próprio caráter ao enviar ao mundo seuúnico Filho gerado, sobre quem lançou a iniqüidade de todos nós, conforme predissera o profeta: “O Senhor fezcair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.6). E, como Cordeiro de Deus, Jesus, uma vez por todas, veio tirar0 pecado do mundo (Jo 1.29). Assim, toda a obra necessária para reconciliar os homens pecadores foi realizada

 pela morte e ressurreição de Cristo e, desse modo, 0 mundo foi reconciliado com Deus (2C0 5.19). Por meio deJesus Cristo, podemos subjugar não apenas o pecado, mas, também, os efeitos causados pelo pecado.

Os homens, em toda parte, são convidados a se arrepender e a se converter, para que seus pecados possam serapagados (At 3.19). Nada mais é requerido dos homens, para que se tomem livres e completamente justificadosde todas as suas transgressões, do que a fé na propiciação da cruz (Rm 3.25).

As evidências do Novo Testamento sobre o que acabamos de dizer são claras. Ao examiná-las, parece lógicoiniciar com o anúncio do nascimento do Messias. Os nomes que Ele recebeu foram: Jesus (Yahweh, salvação)e Emanuel (Deus conosco). Pois, no seu nascimento e por meio dele, o próprio Deus tinha vindo resgatar o seu

 povo, ou seja, veio salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21-23). O apóstolo Paulo foi categórico ao afirmarque Deus “nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo” e “estava em Cristo reconciliando consigo omundo” (2C0 5.18,19). Foi Cristo e por intermédio dele que Deus estava efetuando a reconciliação, trazendo

a paz pelo sangue da cruz, perdoando todos os nossos pecados, cancelando a dívida que existia contra nós,levando-a, pregando-a na cruz (Cl 2.14,15). Como escreveu John Stott: *O amor divino triunfou sobre a iradivina mediante 0 divino auto-sacrifício. A cruz foi um ato simultâneo de castigo e anistia, severidade e graça,

 justiça e misericórdia”.16Por intermédio de Cristo, tomamo-nos agradáveis a Deus que, mediante a adoção, concedeu-nos todos os

 benefícios de filhos. Antes criaturas, agora somos filhos muito amados e com franco acesso ao trono da graça.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 101. Quais são as evidências no Novo Testamento a respeito da remoção do pecado?2. Quais foram às conseqüências da remoção do pecado?

16STOTT, John. A cruz de Cristo. 11a imp. São Paulo: Vida, 2006, p. 145.

69CURSO DE TEOLOGIA

Page 64: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 64/150

MÓDULO I DOUTRINA DO PECADO

PECADO IMPERDOÁVELA solene advertência de Jesus a respeito de um pecado que nào será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro, é

registrada pelos três evangelhos sinópticos (Mt 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10).Jesus diz:“Por isso, vos declaro; todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra 0 Espirito não

será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra 0 Filho do Homem, ser-lhe á isso perdoado; mas, se alguémfalar contra o Espirito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir (Mt 12.31,32).

O apóstolo João fala de um pecado que não se deve orar por ele (1J0 5.16).Essas passagens, talvez, estejam falando de um mesmo pecado, ou, talvez, de pecados diferentes. Tal pecado,

geralmente, é conhecido como blasfêmia contra o Espirito Santo. Durante séculos, tem havido várias opiniões diferentesa respeito da natureza desse pecado para o qual não há perdão.

Para alguns, esse tipo de pecado podería somente ser cometido pelos contemporâneos de Jesus, durante seu ministérioterreno, Berkhof, Jerônimo e Crisóstomo eram simpatizantes dessa opinião.17

Para outros, esse pecado é a incredulidade que persiste até a hora da morte. Ou seja, aqueles que ouvem falar de Cristoe não se decidem a seu favor e morrem na incredulidade. Agostinho seria o principal expoente dessa teoria.

 No entanto, uma corrente mais moderna defende que esse pecado podería ser cometido somente por uma pessoaregenerada. E o texto bíblico que lança mão para fundamentar seu pensamento é Hebreus 6.4-6; Com isso, está querendoafirmar que a rejeição de Cristo e a perda da salvação ocorrem por parte de um cristão verdadeiro.

A explicação majoritária que melhor se adapta ao texto bíblico defende que esse pecado consistia em rejeição e calúnia(especialmente maliciosa) deliberadas à obra do Espírito Santo e, também, na atribuição dessa obra ao príncipe dastrevas, “isso pressupõe, objetivamente., uma revelação da graça de Deus em Cristo, numa poderosa operação do EspíritoSanto; e, subjetivamente, uma iluminação e convicção intelectual tão fortes e poderosas que impossibilitam uma francanegação da verdade”.18E íbi o que estava acontecendo com os fariseus que, além de verem com seus próprios olhos osmilagres que Jesus operava por intermédio do Espírito Santo, deliberadamente rejeitavam a autoridade e o ensino deJesus, atribuindo-os ao maioral dos demônios (Mt 12.24).

Jesus foi ao âmago da questão ao dizer que “todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casadividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistiráo seu reino?” (Mt 12.25-26).

Ou era Ele da parte de Deus (como diz ser) ou 0 reino das trevas estava dividido. Diante dos fatos, Jesus profere 0

seguinte alerta: “Quem nào é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). Dessa forma, Jesusavisa que não existe neutralidade e, certamente, aqueles que. como os fariseus, opõem-se à sua mensagem são contra Ele.Em seguida, acrescenta: “Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmiacontra o Espírito nào será perdoada" (Mt 12.31).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 111. Como Jerônimo e Crisóstomo entendiam o pecado imperdoável?2. De acordo com a corrente majoritária, o que seria o pecado imperdoável?

17BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. São Paulo: Luz Para 0  Caminho Publicações, 1996, p.254.

18Idem, 1996, p.255

CURSO DETEOLOC70

Page 65: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 65/150

MÓDULO 3 I DOUTRINA DO PECADO

REFERENCIASAGOSTINHO, Santo. A Tr inda de . São Paulo: Editora Paulus. Vol. 7, 1995.ANDRADE, Claudionor de.  A s verd ades centr ais da f é cr is tã . Rio de janeiro: CPAD, 2006.AQUINO, Tomás de. Sobre o ensino (De Magistro) e os sete pec ado s capitais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

 _______. Suma teológica. São Paulo: Loyola, 2006.AZPITARTE, Eduardo López. Culpa epecado . Rio de Janeiro: Vozes, 2005.BANCROFT, E.H. Teologia elementar. São Paulo: Editora Batista Regular, 1995.BATISTA, Paulo Sérgio.  M anual de re sp ost as bíb lica . São Paulo: Betesda, 2006.BENTHO, Esdras Costa.  H erm en êu ti ca fá c i l e desc om pli cada: com o in te rp re ta r a B íb li a de m aneir a p rá ti ca e 

eficaz. 3a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.BERGSTEN, Eurico.  In tr odução à te o lo g ia si ste m áti ca. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.BERKHOF, Louis. Teologia s is temát ica. São Paulo: Luz Para o Cam inho Publ icaçõe s , 1996,BETTENSON. H.  D ocum ento s da Ig re ja Cri stã.   3a ed. São Paulo: ASTE, 1998.BRUNELLI, Walter. Curso intensivo d e teologia. São Paulo: Ministério IDE, Vol. 1, 1999.CHAMPLIN, R. N e BENTES, J.M . Encic lo pédia de B íb lia, teologia e fi lo so fia. São Paulo: Candeia. 1995, p. 52ל.CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo.  São Paulo C andeia, 1995.CHOWN, Gordon. Os dons do Espírito Santo.  São Paulo: Editora Vida, 2002.DIDAQUE. Catecismo dos primeiros cristãos. 5a ed. Rio de Janeiro: Vozes. 1986.

DUFFIELD, Guy P; VAN CLEAVE,  N a th a nie l M. F undam ento s da te o lo gia pe n te cost a   Paulo: EclUoraPublicadora Quadrangular, 1991.ERICKSON, Millard J.  In tr odução ã te o lo gia si st em áti ca .  São Pa ulo: Vida No va, 1999,

FALCAO, Márcio. Como co nhecer uma sei ta . São Paulo: Editora O arado, 2006.FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.  N o vo D ic io nário E le tr ôn ic o A uréli o vers ão 5.0 .  São Paulo: EditoraPositivo, 2004.GEISLER, Norman. Encic lo pédia de ap ologét ic a: re spostas ao s cr ít icos da fé crista. São Paulo: Editora Vida, 2(302,GILBERTO, Antonio. Verdadespentecos tais . Rio de Janeiro: CPAD, 2006.GRAHAM, Billy. O po der do Espír i to Santo. São Paulo: Vida Nova. 2005.GRE1NDEM, Wayne.  M a nua l de te olo gia si st em ática . São Paulo: Editora Vida, 2001.GRUNDEM, Wayne. Org. Cessaram os dons espirituais?  São Paulo: Vida, 2003.

GRUNDEM, Wayne. Teologia sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2006.HALE, Broadus David.  In tr odução ao estudo do N ovo Tes ta m en to .  São Paulo: Hagnos, 2002,HARRIS, R. Laird. ARCHER JR, Gleason L. WALTKE, Bruce K.  D ic io nário in te rnacio nal de te o lo gia do  

 A n ti g o Tes ta men to .  São Paulo: Vida Nova. 1998.HODGE, Charles. Teologia sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.HORTON, Stanley M. Teologia sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.HOUSE, Paul R. Teologia do An tigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2005.KEESING, Félix. Antr opolo g ia cu ltura l: a ciê ncia dos cos tu m es . Rio de janeiro: Fundo de Cultura, vol. 1, 1972.KELLY, J.N.D. D outr in as centr a is da fé cr is tã . São Paulo: Vida Nova, 1994.KENNY, Anthony.  H is tó ri a concis a da fil o so fi a ocid enta l.  Lisboa: Temas e Debates, 1999.

KÜMMEL, Wemer Georg. In tr odução ao N o vo Tes ta men to .

 3a ed. São Paulo: Paulus, 2004. _______ . Síntese teológica do Novo Testamento. 4a ed. São Paulo: Teológica, 2003.

71CURSO DE TEOLOGIA

Page 66: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 66/150

MÓDULO 3 IDOUTRINA DO PECADO

LADD, George Eldon Teologia do Novo Testamento.  Sào Paulo: Exudus, 1997.LANGSTON. A. B. Esb oços de te o lo gia si st em áti ca .  Rio de Janeiro: Juerp, 1999.MELLO. Luiz Gonzaga de. Antr opolo g ia cultura l: inic iaçã o, teoria e temas .  12a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

MENZIES, William W. e HORTON, Stanley M Do utrinas bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.MOSER, Antônio. O pecad o: do descrédi to ao aprofundamento. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.MYER, Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia.  Sào Paulo: Editora Vida, 1999.OUVEIRA. Raimundo de.  A s gra ndes doutr in as da Bíb lia.  9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.RABUSKE, Edvino A.  A n tr opolo g ia f ilosó fi ca.  9a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.SILVA. Esequias Soares da. Como responder às Testemunhas de Jeová. Vol. 1. São Paulo: Editora Candeia, 1995.SILVA, Severino Pedro da. O hom em: a natureza huma na explicada pela Bíblia.  7a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997, ______  . A dou tr in a da p redestinação .  6aed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. _____ . O pecado: sua or igem e mani festação. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.SILVA,  D e P lá cid o e. Voca bulá rio Jurí dic o. 24aed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

SMITH, Joseph Fielding, D outr in as de sa lv ação.

  Vol. 1. SUD. ____  _ 

  . E nsi nam ento s do p ro fe ta Josep h Sm ith.  SUD.STOTT, John. A cru z de Cristo.   1Ia ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistem ática. São Paulo: Fíagnos, Vol. 2, 2003.THIESSEN, Henry Clarence.  P a le st ras em te o lo gia si ste m áti ca . São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2006.TOGNINI, Enéas.  B a ti sm o no E spír it o San to .  São Paulo: Bom Pastor, 1998.TORRE Y, R. A. et al. Os fund am ento s: a famo sa Co letânea de textos das Verdades Bíblicas Fund am entais.  SãoPaulo: Magnos, 2005.VINE, W.E; UNGER, Merril F; WHITE JR, William. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das  

 p a la vra s do A n ti g o e do N ovo Tes tam en tos.   5a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.WAGNER, Peter.  P o r que cre sc em os p e n te c o s ta is? São Paulo: Vida, 1994.

CURSO DE TEOLOGIA72

Page 67: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 67/150

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO III 

HAMARTIOLOGIA1) Por que afirmamos que não foi Deus quem criou o pecado?

2) Quais são as cinco manifestações de vontade de Lúcifer, registradas nas Escrituras, que causaram sua queda?

3) Qual foi 0 prejuízo que Adão e Eva tiveram devido a sua rebelião contra Deus?

4) Quais eram os três aspectos da imagem de Deus no homem?

5) Explique a teologia paulina concernente ao pecado.

6) Quais são os pecados capitais, segundo a concepção católica?

7) Como o pecado afetou o relacionamento com Deus?

8) Qual foi a conseqüência do pecado para o meio ambiente?

9) O pecado é Universal ou não? Explique

10) Faça um breve comentário sobre a teoria pelagiana do pecado, refutando-a segundo as Escrituras.

Page 68: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 68/150

ANTROPOLOGIADou trina do hom em

Page 69: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 69/150

SUMARIO

IN T R O D U Ç Ã O ...........................................................................................................................79

1. D E L IM IT A Ç Ã O D O T E M A .....................................................................................................80

2. C R IA Ç Ã O D O H O M E M ...........................................................................................................81

3. T E O R IA E V O L U C IO N IS T A .................................................................................................... 83

4. H O M E M , C R IA D O À IM A G E M E S E M E L H A N Ç A D E D E U S ................................................84

4.1 A S PE CT O S· E S P E C Í F IC O S D A N O S S A S E M E L H A N Ç A C O M D E U S   .................................... 84

4.1.1 A SP E C T O S F ÍS IC O S ................................................................................................... 84

4.1.2 A SP E C T O S M O R A I S .................................................................................................. 85

4.1.3 A SP E C T O S M E N T A IS .................................................................................................86

4.1.4 A S P E C T O S E S P IR IT U A IS ...........................................................................................86

5. A U N ID A D E D A R A Ç A H U M A N A ...........................................................................................87

6. E L E M E N T O S E S S E N C I A IS D A N A T U R E Z A H U M A N A   ........................................   89

6.1 T R IC O T O M IA ....................................................................................................................90

6.2 D IC O T O M IA ............................................................................................................ 90

6.3 C O R P O ...............................................................................................................................91

6.4 A L M A ................................................................................................................................91

6.4.1 A L M A C O M O P E S S O A E M S I M E S M A ........................................................................92

6.4.2 A L M A C O M O S A N G U E ...........................................................................................92

6.4.3 A L M A C O M O V ID A .................................................................................................92

6.4.4 A L M A C O M O S E N D O IM O R T A L ...............................................................................92

7. O R IG E M D A A L M A ..............................................................................................................947.1 T E O R IA D A P R E E X IS T Ê N C IA ............................................................................................ 94

7.2 T E O R IA D O C R IA C IO N IS M O ............................................................................................. 94

7.3 T E O R IA T R A D U C IA N IS T A .................................................................................................94

96REFERÊNCIAS

Page 70: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 70/150

M Ó D U L O 3 !ANTROPOLOGIA

INTRODUÇÃO“Que é 0 homem?’’, perguntou Jó (Jó 7.17).

“Que é 0 homem?”, perguntou o salmista (SI 8.4).

Não é fácil responder a esta pergunta. Isso porque estamos lidando com a principal criatura da natureza. O  

homem é um ser completamente diferente dos demais. Ele é sem igual no mundo habitado. E o único que reflete,  

que questiona, que tem consciência de si mesmo, que busca uma razão além de si mesmo. De toda a criação de 

Deus, ele é o único que traz em si a imagem e a semelhança de seu Criador, conforme declaram as Escrituras  

(Gn 1.26).Se a resposta fosse simples e óbvia, não teríamos tanta divergência em relação a esta pergunta. As alternativas 

propostas têm sido desde o ser mais evoluído e primitivo até os seres resultantes do cruzamento entre extraterrestres 

e animais terráqueos.. Um ser totalmente igual a qualquer animal ou um ser exatamente igual a Deus tem sido 

algumas das respostas. Filósofos, teólogos, esotéricos, cientistas de todas as disciplinas, têm-se aplicado a 

fornecer uma solução satisfatória, porém, todas não passam de teorias.

Por meio do estudo da antropologia bíblica, abordaremos os assuntos concernentes ao homem de acordo com 

a revelação de Deus encontrada nas Sagradas Escrituras, refutando as contradições que se opõem à Palavra de  

Deus, regra de fé e de prática para todos os cristãos.

Conhecer um pouco da doutrina bíblica e também das doutrinas não-bíblicas a respeito do homem é essencial 

para que possamos compreender o plano de Deus para a salvação do ser humano. Muitas teorias e concepções  

erradas sobre o homem têm sido apresentadas (conforme demonstraremos), porém, todas sem fundamento na  Palavra de Deus. Sendo assim, o nosso alvo é demonstrar, por meio das Escrituras, o que Deus pensa do homem 

e quais são os planos divinos para o ser que, após ter sido criado, Deus disse que era “muito bom” (Gn 1.31).

79CURSO DE TEOLOG IA

Page 71: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 71/150

MÓDULO 3 I ANTROPOLOGIA

DELIMITAÇÃO DO TEMAA definição mais curta de antropologia pode ser tirada do próprio sentido etimológico do termo: anthropos ,

 palavra grega que significa “homem״ , e logia.  outro vocábulo helênico, que significa “estudo” ou "ciência”.Logo, a antropologia é a doutrina do homem. Mas, hoje. o homem não é estudado somente pela antropologia.Muitas são realmente as disciplinas que se ocupam no estudo do homem, por exemplo, a genética, a sociologia,a psicologia, a teologia, entre outras

A teologia antropológica, objeto do nosso estudo, examina o homem em relação a Deus.

 Neste ramo da antropologia, o homem é analisado como criação de Deus, como um pecador afastado deDeus pela desobediência voluntária e como objeto da graça redentora de Deus. Vale ressaltar que o homem foiestudado pela filosofia grega, pela filosofia cristã, pela filosofia moderna e pela filosofia contemporânea. Cadauma dessas escolas apresentou e defendeu pontos de vista diferentes. Mas o cristianismo sempre permaneceuarraigado na revelação das Escrituras quanto à criação do homem. Ou seja, que Deus criou o homem e continuacu idando dele, seja qual for a sua circunstância.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 11. O que significa o termo antropologia?2. Qual é o objeto da teologia antropológica0

CURSO DE TEOLOG IA80

Page 72: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 72/150

MÓDULO3 !ANTROPOLOGIA

CRIACÃO DO HOMEMEnquanto os estudiosos não chegam a um consenso sobre a criação do homem, a Bíblia atribui a origem

do homem a um ato da criação direta de Deus: 4‘Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem deDeus o criou; homem e mulher os criou״  (Gn 1.27). “Então, formou o Senhor Deus o homem do pó daterra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7). Deus fez ohomem do pó da terra, usando o poder da palavra: “façamos!” (Gn 1.26). Duas coisas estão evidentes nesterelato: primeira, o corpo do homem foi formado pela imediata intervenção de Deus. O homem não cresceu;

tampouco foi produzido mediante algum processo de desenvolvimento. Segunda, a alma do homem sederivou do próprio Deus, que soprou no homem “o fôlego da vida”, ou seja, aquela vida que tornou ohomem em um ser vivente, portador da imagem de Deus.

 No original, os termos utilizados, além de revelarem a vontade do Criador, ajudam-nos a caminhar sobre basescomuns do entendimento. O escritor do livro de Gênesis, inspirado pelo Espírito de Deus, usou três palavrashebraicas diferentes nos capítulos 1 e 2 para descrever a criação do homem: bara, definida como “a produção ouexecução de algo novo, raro e maravilhoso”: as ah  significando “formar, construir, preparar, edificar”; q y a t z a r , 

que quer dizer: “formar ou moldar”, como um oleiro, que molda os vasos.Em Gênesis 1.26, Deus disse: “Façamos (a s a h ) o homem...”; em Gênesis 1.27, lemos: “Criou {bara) Deus,

 pois, o homem...” ; em Gênesis 2.7, temos a declaração: “Então formou ( y a tza r) o Senhor Deus ao homem...”.Essas palavras descrevem cada significado do pensamento de Deus. Na referência 1.26, o Senhor Deus fez o

homem existir numa forma determinada, isto é, conforme sua própria imagem e semelhança. Na referência 1.27,Deus construiu o homem como algo novo e maravilhoso em seu propósito. E na referência 2.7, Deus formou emoldou o homem da terra como um oleiro forma um vaso de argila. O profeta Isaías lançou mão dos mesmostermos ao dizer: “... e os que criei {bara) para minha glória, e que formei {asah), e fiz ( y a tz a r )” (Is 43.7).

A declaração da criação do homem por Deus não fica limitada a dois ou três versículos. Pelo contrário, éafirmada através de toda a Bíblia. O primeiro livro bíblico continua afirmando que “no dia em que Deus criouo homem (bara) ,  à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelonome de Adão, no dia em que foram criados” (Gn 5.1,2). Em Gênesis 6.7, temos: “Farei desaparecer da face daterra 0 homem que criei...”. Moisés, relembrando a libertação milagrosa do Egito, disse: “Agora, pois, perguntaaos tempos passados, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma

extremidade do céu até a outra, se sucedeu jamais coisa tamanha como esta ou se se ouviu coisa como esta” (Dt4.32). Ao profeta messiânico foi revelado o propósito da criação do homem: “... e os que criei {bara) para minhaglória, e que formei {asah), e fiz (yatzar)” (Is 43.7).

Os escritores do Novo Testamento são categóricos em dizer que foi Deus quem criou o homem. Aos fiéis deColossos, o apóstolo Paulo disse: “E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,segundo a imagem daquele que o criou...” (Cl 3.10).

Deus não precisava criar o homem, mas o criou para sua própria glória. Esse fato, por si só, garante a relevânciada existência do homem, que surge como um ser que recebeu de Deus cuidados especiais. O fato de Deus tercriado o homem para a sua própria glória indica, com precisão, qual é o propósito do homem enquanto viver:glorificar a Deus! E o homem age dessa forma quando descobre que o seu prazer e a sua alegria dependem de umrelacionamento sincero com Deus. Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo

10.10). Davi descobriu essa grande verdade e declarou: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra,delícias perpetuamente” (SI 16.11). Asafe, levita e músico, compreendeu esse propósito e declarou: “Quem mais

81CURSO DE TEOLOGIA

Page 73: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 73/150

MÓ DULO 3 IANTROPOLOGIA

tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coraçãodesfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre. Os que se afastam de ti, eis que

 perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo” (SI 73.2527 ).

A conclusão a que chegamos é que a plenitude da alegria é encontrada no conhecimento de Deus e no deleitar  se com a excelência do seu caráter.

A compreensão da doutrina da criação do homem traz resultados bastante práticos. Quando o homemreconhece que Deus 0  criou para glorificá-lo, e passa a cumprir esse propósito, então começa a experimentaruma intensidade de alegria no Senhor que antes não conhecia. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todasas coisas. A ele, pois, a glória etemamente. Amém!” (Rm 11.36).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 21. Quais são os dois fatos evidentes na criação do homem?2. Quais são as três palavras hebraicas que o escritor inspirado do livro de Gênesis usou para descrever a

criação do homem?3. Por que Deus criou o homem?4. Quais são os resultados da compreensão da doutrina da criação do homem?

CURSO DE TEOLOGIA82

Page 74: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 74/150

MÓDULO J !ANTROPOLOGIA

TEORIA EVOLUCIONISTAComo acabamos de verificar, a Bíblia ensina claramente que o homem foi uma criação especial de Deus, ou  

seja, que Deus criou cada criatura “conforme a sua espécie” por meio da ordem falada, porém, somente no homem 

Ele soprou seu alento divino. A lgo do próprio Deus foi compartilhado com 0 homem, demonstrando que o homem  

estava destinado a ser especial para o Criador, acima de todas as outras criaturas terrenas.

Embora a Bíblia declare explicitamente que Deus criou o homem (criacionista), no decorrer dos séculos, mais 

precisamente no século passado, vãs filosofias, teorias humanas e falsos ensinos têm procurado mudar o sentido do 

relato bíblico. Como exemplo, destaca-se a teoria evolucionista, concebida e largamente difundida pelo naturalista 

inglês Charles Darwin.Em 1859, Darwin escreveu e publicou 0  livro A o r ig em d a s e sp é c ie s p o r m eio d a se le ç ã o n a tu ra l,  onde afirma 

0 seguinte: “Creio que os animais se derivaram, quando muito, de quatro ou cinco progenitores; e as plantas do  

mesmo ou menor número”. Na mesma página, contudo, ele avança mais e diz: “A analogia me leva a dar um passo 

adiante, ou seja, a crer que todos os animais e plantas se derivam de um único protótipo”. E acrescenta que “todos  

os seres orgânicos, que sempre existiram sobre a terra, podem ter-se originado de uma única forma primordial”.

Segundo Darwin, o meio ambiente seleciona os seres mais aptos e elimina os menos dotados. E a evolução por 

meio da seleção natural. Ou seja, organismos com melhor adaptação ao ambiente tendem a sobreviver e podem  

transmitir suas características genéticas. Os menos adaptados acabam sendo eliminados. Assim, só as características 

que facilitam a sobrevivência são transmitidas aos descendentes. Ao longo das gerações, elas se firmam e identificam 

uma nova espécie. Em todas as espécies, os indivíduos nunca são iguais, exibindo variação que podem ser herdadas. Em determinado ambiente, os indivíduos dotados de variação favoráveis estarão mais capacitados a sobreviver do  

que os que possuem variações desfavoráveis. Assim, as variações favoráveis são transmitidas para os descendentes  

e, acumulando-se com o tempo, dão origem a grandes diferenças. O processo de seleção natural, imposto pelo meio 

ambiente, e prolongado por várias gerações, produz adaptações cada vez mais perfeitas e complexas, determinando, 

dessa forma, um processo de evolução progressiva.

O auge dessa teoria é a afirmação de que o homem e os animais em geral possuem um princípio comum, isto é, 

tanto o homem quanto os animais procedem de um mesmo tronco, e que hoje, homem e animais, são um somatório 

de mutações sofridas no decorrer dos milênios. Portanto, o homem de hoje não era 0 homem do princípio. Com essa 

afirmativa, a teoria evolucionista deu de frente com a Palavra de Deus, que afirma: “Então, formou 0 Senhor Deus o 

homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7).

Mesmo com tamanha oposição às Escrituras, com esse pensamento, Darwin transformou não apenas o aspecto  científico, mas também 0 aspecto filosófico e religioso derivado de sua própria conjectura. Assim, 0 mundo passou a 

conviver com duas afirmações conflitantes: a afirmação da Palavra de Deus, que ensina que o homem foi criado por 

Deus à sua imagem e semelhança, e a afirmação de Charles Darwin, que diz que 0 homem se originou por meio de um 

lento processo de evolução, indo das formas mais simples até as formas mais complexas, tomando-se o que é hoje.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 31. O que Charles Da rwin declarou sobre a origem das espécies?

2. Qual foi o auge da teoria de Darw in?3. Qual foi o resultado da teoria de Darw in para o mundo?

83CURSO DE TEOLOG IA

Page 75: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 75/150

M Ó D U L O 3 !ANTROPOLOGIA

HOMEM, CRIADO A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUSAs Escrituras demonstram a condição original do homem com a seguinte frase: “Façamos o homem à nossa

imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26; 5.1; 9.6; 1C0 11.7; Tg 3.9). A primeira percepção que seobtém do registro bíblico é que, de todas as criaturas que Deus fez, só de uma delas, o homem, diz-se ter sidofeita “à imagem de Deus”, e essa característica o distingue de todo o resto da criação. As palavras hebraicas queexprimem “imagem” (i*selem) e “semelhança” ( demuth) se referem a algo similar, mas não idêntico, e à coisaque representa ou de quem é uma “imagem”.

Esses dois termos foram e continuam sendo objetos de estudos por muitos teólogos, portanto, muitasexplicações têm sido oferecidas. Alguns já cogitaram que a imagem de Deus consiste na capacidade intelectualdo homem. Outros dizem que a imagem de Deus está no poder que o homem tem de tomar decisões morais e fazerescolhas voluntárias. E há aqueles que conceberam que a imagem de Deus era uma referência à pureza moraloriginal do homem ou ao fato de o homem ser constituído de corpo, alma e espírito. Sem falar na explicação quediz que a imagem de Deus está relacionada ao domínio humano sobre a terra e suas criaturas.

Antes de averiguarmos em que de fato consistiu essa imagem e semelhança, é necessário dizer que, como pecado do homem, a imagem de Deus se distorceu, mas não se perdeu. Com a entrada do pecado, o homemdeixou de ser plenamente semelhante a Deus, tal como era antes. Sua pureza moral se perdeu, e seu caráter

 pecaminoso certamente não espelha a santidade de Deus. Seu intelecto foi corrompido pela falsidade e peloengano. Suas palavras já não glorificam continuamente a Deus. A maioria dos seus relacionamentos passou a

ser egoísta. Apesar de tudo isso, o homem não deixou de ser a imagem de Deus, porém, vários aspectos dessaimagem foram distorcidos ou perdidos. Salomão conclui esse nosso pensamento com as precisas e preciosas

 palavras: “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).Portanto, é importante compreender o pleno significado da imagem de Deus, de acordo com as indicações

 bíblicas da natureza de Adão e Eva antes do pecado, quando tudo que Deus criara “era muito bom” (Gn 1.31).

4.1 ASPECTOS ESPECÍFICOS DA NOSSA SEMELHANÇA COM DEUS

4.1.1 Aspectos físicosJesus disse que Deus é Espírito (Jo 4.24), e que um espírito não tem corpo de carne e ossos (Lc 24.39).

Com essas declarações, Jesus elimina qualquer pensamento que implique que Deus tenha um corpo como 0

dos homens. Em Israel, era também proibido conceber ou retratar qualquer pensamento que, de algum modo,sugerisse que Deus tivesse, fisicamente, aparência humana (Êx 20.4; SI 115.3-8; Rm 1.23).

Os primeiros pais da Igreja concordavam plenamente que a imagem de Deus consistia, primordialmente, nascaracterísticas racionais e morais do homem. E, também, em sua capacidade para a santidade. Entretanto, algunsiam além dessa concepção, incluindo, também, as características corporais.

Irineu e Tertuliano distinguiam a imagem da semelhança de Deus, concebendo a primeira como característicascorporais e a segunda como natureza espiritual do homem. Mas Clemente de Alexandria e Orígenes rejeitavamessa idéia. Antes, sustentavam que a imagem indica as características do homem como tal e a semelhança asqualidades, não as essências, do homem, que poderíam ser cultivadas ou perdidas. Atanásio, Ambrósio e Agostinho

 participavam dessa última corrente, que era mantida pelos escolásticos, embora com algumas divergências, etambém pelos reformadores, havendo, todavia, discordância entre Lutero e Calvino.

CURSO DE TEOLOGIA84

Page 76: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 76/150

MÓDULO 3 I ANTROPOLOGIA

A título de refutação, é bom destacar que a imagem e a semelhança de Deus, em nenhum momento, implicam 

que Deus tenha um corpo físico igual ao homem. Atualmente, alguns grupos religiosos, como, por exemplo, os  

mórmons, afirmam que Deus “Pai nos céus passou um dia pela vida e morte”,1que progrediu até se tomar uma  

divindade e, nessa condição, continua possuindo um corpo de carne e osso. Em uma de suas literaturas, está 

escrito que “o próprio Deus já foi como nós somos agora — ele é um homem exaltado, entronizado em céus 

distantes! [...] vou contar-vos como Deus veio a ser Deus. Temos imaginado e suposto que Deus é Deus desde  

todo o sempre. Eu refutarei esta idéia e retirarei o véu, para que possais enxergar”.2Em outra literatura nos é dito 

que “o Pai tem um corpo de came e ossos, tangível, como 0 do homem”.3Para completar, o mormonismo ensina, 

de forma desarrazoada, que Deus tem um pai, um avô, e assim sucessivamente.4

Outro fato importante que os estudantes das Escrituras precisam ficar atentos é que quando a Bíblia menciona  

a mão, os pés, a boca ou os olhos de Deus (como, por exemplo, em Is 59.1), está usando apenas uma linguagem  

antropomórfica, isto é, atribui forma do homem a Deus, de maneira simbólica e não literal, que busca possibilitar  

um entendimento das ações de Deus. Por exemplo, é incorreto dizer, baseado no Salmo 91.4, que Deus tem penas  

e asas. Do contrário, cairemos no erro de comparar 0 Senhor com uma ave.

Por diversas vezes, as Escrituras Sagradas fazem questão de mostrar as diferenças consistentes que existem entre Deus  e 0 homem, afirmando, categoricamente, que Deus não é como o homem (Nm 23.19; I Sm 15.29; SI 50.21; Os 11.9).

4.1.2 Aspectos moraisO homem é um ser moral por natureza, pois a noção de bem e mal afeta todas suas ações. O homem  

possui noções de valores, de certo e errado, conceitos éticos que os diferencia dos animais (que têm pouco ou  

nenhum senso inato de moralidade ou justiça, mas simplesmente reagem ao medo do castigo ou à esperança da 

recompensa).O homem foi criado bom. Todas as suas tendências eram boas, os sentimentos do seu coração se inclinavam  

para Deus, e nisto consistia sua semelhança moral com o Criador. Agostinho disse que, “ao pecar, o homem  

perdeu a justiça e a santidade da verdade. Eis por que a imagem se tomou disforme e sem brilho. O homem a 

recupera ao se renovar e se reformar”.5

Querer se renovar e se reformar é questão de escolha, por isso podemos dizer também que todos somos eticistas 

(especialistas em ética). Todos enfrentamos questões éticas, e todas elas são importantes. A maneira pela qual 

vivemos é importante, pois as nossas escolhas e ações fazem a diferença: valem a eternidade! Es sas características 

tomam os seres humanos responsáveis pelos seus atos perante Deus, que deseja que vivamos de certa maneira 

e desaprova outros estilos de vida que possamos escolher. Somente Deus, de forma plena, é bom, justo, santo,  

misericordioso, honesto, etc. Wayne Grundem sintetizou bem essas semelhanças ao dizer que “quando agimos  

segundo os parâmetros morais d ivinos, a nossa semelhança a Deus se espelha em uma conduta santa e justa perante 

Ele. Mas, por outro lado, a nossa dessemelhança a Deus se revela sempre que pecamos”.6É evidente que quando 

aplicados ao homem, estas características carecem da mesma perfeição que possuem quando aplicadas a Deus.

Um a palavra que se destaca nas Escrituras é consciência. Como ser moral, o homem possui uma consciência moral. O dicionário Aurélio define consciência moral como “a faculdade de distinguir o bem do mal, de que resulta0 sentimento do 

dever ou da interdição de se praticarem determinados atos, e a aprovação ou 0 remorso por havê-los praticado”.7Embora 

a palavra “consciência” não seja encontrada no Antigo Testamento, sua obra é descrita em Levítico 5.3. Já no Novo  

Testamento, a palavra consciência ocorre 31 vezes, com o sentido de boa, fraca, pura, cauterizada, corrompida, maligna e 

purificada. Não há dúvida de que a consciência age mutuamente com 0 intelecto, a emoção e a vontade.

1SMITH, Joseph Fielding. Doutrinas de salvação, vol. 1, SUD, p. 11.

2SMITH, Joseph Fielding. Ensinamentos do profeta Joseph Smith, SUD, p. 336-7.

3DOUTRINAS E CONV ÊNIOS (D&C) 130:22.

, SMITH, Joseph Fielding. Ensinamentos do profeta Joseph Smith, SUD, p. 365.

5AGOSTINHO, Santo. A Trindade. São Paulo: Paulus. vol. 7, 1995, p. 470.‘ GRUN DEM, Wayne. Teologia sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2006 , p.367.

85CURSO DE TEOLOGIA

Page 77: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 77/150

MÓ DULO 3 IANTROPOLOGIA

4.1.3 Aspectos mentaisAo ser criado, 0 homem possuía inteligência suficiente para pensar, raciocinar e falar, ou seja, tirar conclusões

e tomar decisões. Era um ser racional. Nisso, ele difere de todos os animais irracionais.

Segundo Tomás de Aquino, até na condição de ser humano decaído a razão permanece operante. Pelo usoda razão, os humanos têm acesso a uma certa, porém limitada, verdade de Deus. Assim, Tomás acreditavaque a razão humana podia passar da experiência do mundo dos sentidos para uma demonstração da existênciade Deus, bem como para tudo 0  que deve ser verdadeiro sobre Deus, a “causa primeira do mundo”.78 Essemesmo autor declarou que Deus, no seu plano original, não dotou os seres humanos apenas com poderes naturais(especialmente razão e vontade), que para o autor formam a imagem divina, antes, os seres humanos desfrutavamtambém do dom sobrenatural divino da justiça, o que caracterizava a semelhança do homem com Deus.9

4.1.4 Aspectos espirituaisO homem é imortal. Somente o homem recebeu 0 sopro de Deus (Gn 2.7), portanto, tem o espírito imortal,

 por meio do qual pode ter comunhão íntima com Deus. Isso significa que todos os seres humanos possuem vida

espiritual. Além disso, a Bíblia diz que Deus “pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.11). A humanidadenão deixa essa idéia morrer. Pelo contrário, onde quer que se encontre o homem, estará evidente e arraigada emseu coração a crença da imortalidade.

Em toda a Bíblia se percebe 0  plano de Deus de restaurar o homem à sua posição inicial, o que significaque, nesta vida, o homem pode crescer cada vez mais em sua semelhança com Deus. A promessa de Deus

 para seus fiéis é que somos hoje como Adão (sujeitos à morte e ao pecado), porém, seremos como Cristo nofuturo (moralmente puros, jamais sujeitos à morte de novo), tal como está escrito em ICoríntios 15.49: “Assimcomo trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial”. Paulo tambémdiz, com muita propriedade, que “somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem...” (2C03.18). Ao longo desta vida, à medida que crescemos em maturidade cristã, automaticamente aumenta também

a nossa semelhança com Deus. De forma mais específica, isso significa que vamos nos tomando cada vez maissemelhantes a Cristo na nossa vida e no nosso caráter, alcançando o objetivo para o qual o fomos criado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 41. O que distingue o homem das demais criaturas de Deus?2. Quais foram as explicações sobre as palavras “imagem e semelhança”?3. O homem perdeu a imagem de Deus com o pecado?4. Quais são as conseqüências da entrada do pecado na vida do homem?

5. Como Irineu e Tertuliano contemplavam a “imagem e semelhança” no homem?6. O que significa a linguagem antropomórfica usada nas Escrituras?7. Segundo Agostinho, o que aconteceu com o homem depois de pecar?

7FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. São Paulo: Positivo, 2004. CD-ROM.

8AQUINO, Tomás de. Suma teológica: suma contra os Gentios 1.3.23 

. São Paulo: Loyola, 2006.

9Op. cit., 1.93.4-8; 1.95.1.

CURSO DE TEOLOGIA86

Page 78: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 78/150

MÓDULO 3 I ANT ROPO LOG IA

A UNIDADE DA RAÇA HUMANAA Bíblia ensina claramente que toda a raça humana descende de um único casal (Gn 1.27,28; 2.7,22;

3.20; 9.19; At 17.26). Logo, todos são filhos do mesmo pai e têm a mesma natureza. O apóstolo Paulofundamentou sua doutrina com base na unidade orgânica da humanidade e da provisão da salvação paraaqueles que estão em Cristo (Rm 5.12,19; 1C0 15.21,22; Hb 2.16). Esta verdade também constitui a razão

 para a responsabilidade do homem para com seu semelhante (Gn 4.9).Strong cita quatro argumentos, apresentados aqui, que confirmam as declarações das Escrituras com

relação à unidade da raça:

1) A partir da história. Até onde se pode delinear a história das nações e tribos nos dois hemisférios,a evidência aponta para uma única origem e um só ancestral na Ásia Central. Reconhece-se queas nações européias vieram da Ásia em sucessivas ondas migratórias. Os etnólogos modernosgeralmente concordam que as raças de índios da América derivam de fontes mongólicas da ÁsiaOriental, ou da Polinésia ou das ilhas Aleutes.

2) A partir da língua. A filologia comparativa aponta para uma origem comum de todas as maisimportantes línguas e não fornece nenhuma evidência de que as menos importantes também nãosejam derivadas.

3) A partir da psicologia. A existência de características mentais e morais comuns entre as famíliasda humanidade, evidenciadas em máximas comuns, tendências e capacidades na predominânciade tradições semelhantes e na aplicabilidade universal de uma filosofia e religião, explica-se maisfacilmente com base na teoria de uma origem comum.

4) A partir da fisiologia. E juízo comum entre os fisiólogos que o homem é uma só espécie. Asdiferenças que existem entre as variadas famílias da humanidade devem ser consideradas comovariedades desta espécie. Como prova desta afirmação, argumentamos: a) As inúmeras gradaçõesintermediárias que estabelecem conexão entre as assim chamadas raças umas com as outras, b)

A identidade essencial de todas as raças nas características cranianas, osteológicas e dentais, c)A fertilidade de uniões entre indivíduos dos mais diversos tipos e a continuada fertilidade do produto destas un iões.10

O apóstolo Paulo diz com razão que Adão é “0 primeiro homem” (1C0 15.45). Tanto esse texto quantooutros das Escrituras desfazem totalmente as teorias de que, no princípio, tenha havido homens de outrasraças ou de outra procedência, os quais se espalharam pelo mundo. As diferenças que existem entre asraças e os povos: cor, forma do rosto e cabelos, não evidenciam outras origens, pois as mesmas foram produzidas por fatores climáticos e ambientais.

10STRONG, Augustus Hopkíns. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003, p.3742  .

87CURSO DE TEOLOG IA

Page 79: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 79/150

M Ó D U L O 3 ! A N T R O P O L O G I A

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 51. O que a Bíblia diz sobre a unidade da raça?2. Quais são os quatro argumentos apresentados por Strong que demonstram a unidade da raça?3. Quais foram os motivos que provocaram as diferenças que existem entre as raças e os povos, como, p

exemplo, cor, forma do rosto e cabelos?

CURSO DE TEOLOGI88

Page 80: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 80/150

M Ó D U L O 3 ! A N T R O P O L O G I A

ELEMENTOS ESSENCIAS DA NATUREZA HUMANASegundo as Escrituras, na criação “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o

ôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7). Pelo relato bíblico, o homem recebeu um corpoormado do pó da terra e o sopro divino. Como resultado da combinação criativa desses dois elementos, um terrenooutro celestial, o homem se tomou um ser vivo à imagem de Deus. Portanto, é fato pacífico que temos um corposico. A maioria das pessoas (tanto cristãos quanto não-cristãos) sente que também possui uma parte imaterialuma “alma” que sobreviverá após a morte do corpo. Assim, diferente dos anjos, criaturas apenas espirituais

Hb 1.14), o homem é composto de uma parte material (0 corpo) mais a parte imaterial (alma e espírito). Pode se

elacionar tanto com a criação material, porque traz elementos do mundo material em si, como também pode seelacionar com Deus e com as demais realidades espirituais, porque traz elementos espirituais em si mesmo.

O apóstolo Paulo denomina a parte espiritual do ser humano como “homem interior”, que engloba a alma0  espírito (Rm 7.22; 2C0 4.16), em oposição ao homem exterior, que está relacionado aos sentidos. Assim,

em negar corpo físico do homem, que levou a humanidade ao ascetismo e às crenças estranhas no decorrer daistória, e sem negar o lado espiritual do ser humano, que leva o homem ao materialismo, ao cepticismo e aoedonismo, as Escrituras Sagradas assumem a vida do homem sobre a terra como um plano de Deus, ao mesmo

empo em que o insta a buscá-lo.Uma questão tem dividido os estudiosos há longas datas: o homem é um ser duplo ou tríplice? O espírito e a

lma são uma coisa só ou devemos diferenciá-los um do outro? Aqueles que acreditam que a alma e o espírito

ão uma só e mesma coisa são chamados de dicotomistas; os que defendem a separação da alma do espírito sãohamados de tricotomistas.

 No meio filosófico, encontramos uma outra visão diferente dessas que citamos. Segundo a teoria citada, oomem não pode existir, de modo nenhum, separado de um corpo físico, portanto, não pode haver a existênciasolada de nenhuma “alma” depois da morte do corpo. Essa concepção, de que 0 homem é composto de um únicolemento, e de que seu corpo é a própria pessoa, chama-se monismo.11No pensamento monístico, a Bíblia não vêser humano como corpo, alma e espírito, mas simplesmente como pessoa. Essa doutrina entende que os termos

sados para distinguir as partes da natureza humana devem, na realidade, ser compreendidos basicamente comoinônimos, conseqüentemente, ser homem é ser ou possuir um corpo. A idéia de que, de alguma forma, o homemode existir à parte do corpo é impensável. Por conseguinte, não há a menor possibilidade devida pós-morte. A

mortalidade da alma é completamente inaceitável. Diante dessas crenças, não nos interessa, nesse momento,studar o monismo, principalmente porque muitos e muitos textos bíblicos afirmam claramente que a alma e ospírito sobrevivem à morte do corpo (Gn 35.18; SI 3E5; Lc 23.43, 46; At 7.59; Fp 1.23,24; 2C0 5.8; Hb 12.23;

Ap 6.9; 20.4).Devido aos pontos comuns entre a concepção tricotomista e a dicotomista que excedem suas diferenças, nos

eteremos nessas duas concepções.

Cham a-se “monism o” (do grego monos, “um”) as teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo (em metafísica)

u a identidade entre mente e corpo (em filosofia da mente). Opõe-se ao dualismo ou ao pluralismo em geral. As raízes do monismo nalosofia ocidental estão em Parmênides, Platão e Plotino. Spinoza é 0 filósofo monista por excelência, pois defende que existe uma única

oisa, a substância, da qual tudo 0 mais são modos. Hegel defende um monismo semelhante.

89URSO DE TEOLOGIA

Page 81: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 81/150

M Ó D U L O 3 ! A N T R O P O L O G I A

6.1 TRICOTOMIAOs escritores bíblicos, especialmente os do Antigo Testamento, não se preocupavam em distinguir o espírito

da alma, ou vice-versa. A distinção entre esses dois elementos, hoje amplamente divulgada, é decorrente darevelação progressiva de Deus no Novo Testamento. Essa corrente de pensamento, fundamentada nas Escrituras,afirma que o homem consiste de três elementos distintos: corpo, alma e espírito. Daí a denominação tricótomo.

Para os tricotomistas, a alma é uma substância incorpórea e invisível do homem, inseparável do espírito,embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem, consciente, mesmo fora do corpo. A alma é a sededas emoções, dos desejos e das paixões, cuja comunicação com o mundo exterior é manifesta pelo corpo. É a

 partir da alma que o homem sente, experimenta e sofre tudo, por meio dos órgãos sensoriais. É algo inerenteaos seres humanos, e é o centro de sua vida afetiva, volitiva e moral. É a alma que presta contas a Deus dosatos humanos. Já o espírito, também invisível, juntamente com a alma, é chamado de “homem interior”. EuricoBergstén entende que o espírito é “aquela parte do homem que, como uma janela aberta para 0  céu, dá-lhecondições de sentir a realidade de Deus e da sua Palavra”.12

O fundamento bíblico que apóia tal interpretação pode ser visto em Hebreus 4.12: “Porque a palavra de

Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividiralma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” . Nesse texto,encontram-se os três elementos: alma, espírito e as juntas e medulas, que representam o corpo. Outro texto básicoé ITessalonicenses 5.23, que diz: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corposejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

A concepção tricotômica do homem se tomou particularmente difundida entre os pais alexandrinos dos primeiros séculos da Igreja. Embora as formas variem um pouco, 0 tricotomismo é encontrado em Clemente deAlexandria, Orígenes e Gregório de Nissa. Mas foi por intermédio de Agostinho que se deu proeminência a estemodo de ver. Na Idade Média, era objeto de crença comum, e também no período da Reforma.

6.2 DICOTOMIASegundo os advogados dessa concepção, o homem possui uma dupla natureza: um elemento material, o

corpo, e um elemento imaterial, o espírito ou alma. Não há distinção entre espírito e alma, sendo ambos um sóelemento. O corpo é a parte que morre; a alma, por outro lado, é a parte imaterial, a parte que sobrevive à morte.E essa natureza imortal que separa a humanidade de todas as outras criaturas. A definição de Strong, adepto dessadoutrina, define, com precisão, 0 pensamento dicotomista nos seguintes termos:

“Concluímos que a parte imaterial do homem, vista como uma vida individual e consciente, capaz de produzire animar um organismo físico, chama-se quch; vista como um agente racional e moral suscetível de influênciase habitação divina, chama-se pneuma.

“Pneuma é, então, a natureza do homem com os olhos voltados para Deus e capaz de receber e manifestar

o pneuma. Quch é a natureza do homem com os olhos voltados para a terra e tocando o mundo dos sentidos.Pneuma é a parte mais elevada do homem, relacionada com as realidades espirituais ou capaz de tais revelações.Quch é a parte mais elevada do homem, relacionada com o corpo ou capaz de tal relação. Portanto, o homemnão é tricotômico, mas dicotômico, e sua parte imaterial, embora possua dualidade de poderes, tem unidade desubstância”.13

 Nos livros de teologia sistemática, em sua maioria, os argumentos a favor do dicotomismo são, em essência,argumentos contra a concepção tricotomista. Como dizia os filósofos, “no meio está o equilíbrio”, sugerimosos comentários de Meyer Pearlman: “Ambas as opiniões são corretas quando bem compreendidas. O espíritoe a alma representam os dois lados da substância nào-física do homem; ou, em outras palavras, o espírito e aalma representam os dois lados da natureza espiritual. Embora distintos, o espírito e a alma são inseparáveis,

12BERGSTÉN, Eurico. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.157.

13 STRONG, Aug ustu s Hopkins. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003, p. 48

CURSO DE TEOLOGIA90

Page 82: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 82/150

M Ó D U L O 3 ! A N T R O P O L O G I A

o entrosados um no outro”.1415Seria bom reconhecer que, quando necessário, a Bíblia dá aos dois termos umgnificado distinto e, quando nenhuma diferença específica está sendo considerada, a Bíblia dá a entender tantodicotomia (duas partes) como a tricotomia (três partes)”.

6.3 CORPODo lado de fora, somos bastante diferentes no que se refere à cor da pele e dos cabelos, à estrutura física e àura. Intemamente, porém, parecemos verdadeiros gêmeos. Se você pudesse embarcar numa micronave e entrarcorpo humano, como no filme “Viagem insólita”, o que você veria? Centenas de ossos, quilômetros de veias e

lhões de células trabalhando em conjunto para pôr em funcionamento esse ser criado à imagem de Deus.É por meio do corpo que os sentidos se manifestam e tomam ciência da realidade circundante. E pelo corpo que

homem se move em todos os sentidos. O corpo executa as funções comuns da vida, como, por exemplo, comer,rmir, locomover, reproduzir, etc. Esses são os fatores que identificam a vida, isto é, por meio das funções do corpo.A questão do corpo humano afetou até mesmo o campo da filosofia. Platão, considerado um dos maiores

ósofos, em seu livro chamado F é d o n , toma como partida a idéia de que o ser humano é uma alma aprisionada

corpo. Para ele, os verdadeiros filósofos davam pouca atenção aos prazeres do corpo, como os da comida,bebida e do sexo, e vêem no corpo não um auxiliar, mas um obstáculo à demanda do saber. Assim, na visãoatônica, o desprezo pelo corpo físico em si é muito grande. Na verdade, dentro de sua cosmovisão, o corpomano é um estorvo para o homem, um impedimento para o seu progresso. Avançar em direção a Deus significalivrar do corpo, que nada mais é do que uma grande maldição.A Idade Média foi profundamente influenciada pelo platonismo. O movimento monástico, na verdade, iniciou-com homens que abandonavam tudo e iam viver no deserto, castigando seu corpo com privações extremas.

bstinham-se completamente de sexo e consumiam o mínimo de alimento necessário. Além disso, algumaszes, infligiam dores propositais, somente para castigarem o corpo, por causa de sua malignidade inerente.Para o cristianismo, o corpo humano se reveste de fundamental importância, visto os detalhes que as Escrituras

zem ao relatar a criação do primeiro homem: “Então, formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e lheprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7). Este simples ato da criaçãopecial, Deus soprando no homem “o sopro da vida”, distinguiu a humanidade de todas as outras criaturas. Omem foi feito à imagem de Deus. Portanto, o revestimento de pele, músculos e ossos serve de recipiente, umcal de armazenamento para sua imagem. Podemos compreender e até carregar algo do Criador. Não somoseros mortais, fomos criados imortais.

A Bíblia atribui alguns nomes para designar o corpo humano, quanto à transitoriedade de sua existência esição que ocupa no plano eterno de Deus, denominando-o de “casa” (2C0 5.1), “tabemáculo” (2Pe 1.13) e

mplo” (Jo 2.21).

6.4 ALMATanto no hebraico quanto no grego, a palavra “alma” (respectivamente, n e p h e s h   e ψυχή -  p sv c h e )   possui

gnificado vasto e abrangente. Ao buscar o sentido de “alma” na Bíblia, é de extrema importância aplicar regras

hermenêutica.12O significado de um termo está estreitamente ligado ao seu contexto. Em lugares diferentes, a mesma palavra

m sentido diferente. Por isso, não se deve tomar um único texto para se estabelecer um sentido único paraterminado termo. Deve-se tomar sempre as Escrituras como um todo. No Antigo Testamento, a palavra “alma”arece 754 vezes e, no Novo Testamento, 100.16E diz respeito ao princípio da vida, dos animais e dos aspectospirituais e psíquicos, de modo que o texto e o contexto darão o sentido exato da palavra.

MYER, Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 1999, p. 72.

BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz. 3a ed. Rio de Janeiro:

AD, 2005.

SILVA, Esequias Soares da. Como responder às Testemunhas de Jeová. São Paulo: Candeia, Vol. 1, 1995, p. 262.

f lRSO DE TEOLOG IA

Page 83: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 83/150

M Ó D U L O 3 ! A N T R O P O L O G I A

Segundo a definição de Myer Pearlman, a alma fc‘é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpohumano, usando os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais e os órgãos para seexpressar e se comunicar com o mundo exterior*‘.1 Os judeus denominavam esta substância (a alma) de “a sededa percepção, do desejo e do prazer, do desfrutamento”. entre outras coisas.

Vejamos os vários aspectos desse vocábulo na Bíblia. Podemos distinguir pelo menos quatro significadosdiferentes que as Escrituras atribuem ao termo "alma“. Não é honesto estabelecer uma definição rígida edogmática do significado, como acontece em um dicionário, por exemplo.

6.4.1 Alma como pessoa em si mesmaEm alguns casos, o termo se refere a pessoas, tal como lemos em Gênesis 2.7: "Então, formou o Senhor Deus

o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas 0  fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Aexpressão “alma vivente” aqui significa o ser homem, possuidor de vida. Mas os animais, de igual modo, tambémsão chamado de “almas viventes” (Gn 1.20,24,30). A alma dos homens se distingue da alma dos animais. Enquantoa alma do homem é eterna, a alma dos animais é temporal. Os animais vivem apenas enquanto durar 0 corpo.

Outro exemplo se encontra no livro do profeta Ezequiel, que diz: "... a alma que pecar, essa morrerá” (Ez18.4). É evidente que 0  texto se refere ao indivíduo. Como já dissemos, cada caso é um caso. O contexto é quedeterminará 0 sentido exato da palavra.

6.4.2 Alma como sangueA Bíblia também se refere a alma como sangue. Em Levítico 17.11, lemos: “Porque a vida [literalmente a

alma] da carne está no sangue...” . Já em Levítico 17.14, temos: “Porquanto é a alma de toda a carne; o seu sangueé pela sua alma; por isso, tenho dito aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a almade toda a carne é o seu sangue; qualquer que 0 comer será extirpado*’. Nestas duas passagens bíblicas, a palavraalma significa sangue.

A identificação da alma com 0  sangue ocorre pelo simples fato de o sangue circular em todo o corpo, o que possibilita a existência e a manutenção da vida para todos os órgãos vitais do homem. Portanto, o sangue éessencial à vida, “pois o sangue é a vida” (Dt 12.23). Por representar a vida, o derramamento do sangue se tomouo meio de expiaçào do pecado: “Porque a vida da came está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar,

 para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é 0 sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11).

6.4.3 Alma como vidaA alma é, algumas vezes, identificada nas Escrituras apenas como “vida”. Neste aspecto, tanto os animais

quanto os homens possuem alma (do latim: a n i m a ) .  Seguindo essa linha de raciocínio, Aristóteles escreveu umtratado denominado  D a a lm a , onde ele declara que os homens não são os únicos seres que possuem alma ou

 psique; todos os seres vivos a possuem, desde as margaridas e moluscos aos seres mais complexos.1718 Segundoo estagirita, uma alma é simplesmente um princípio de vida. Essa é uma das formas pelas quais a palavra alma pode ser interpretada, porém, isto não significa que, dentro desse conceito de “alma”, não existam distinções,como temos demonstrado até agora.

6.4.4 Alma como sendo imortalA doutrina da imortalidade foi revelada progressivamente nas Escrituras, mais explicitamente no Novo

Testamento. A Bíblia está repleta de textos que mostram que existe uma parte da natureza humana denominadaalma que tem consciência e que sobrevive após a extinção do corpo. Em outras palavras, trata-se de alma no sentidoestrito da palavra.

17MYER, Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 1999, p. 73.

18 KENNY, Anthony. História concisa da filosofia ocidental. Lisboa: Temas e Debates, 1999, p. 110.

CURSO DE TEOLOGIA92

Page 84: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 84/150

MÓ DULO 3 I ANTROPOLOGIA

Os judeus não acreditav am apenas que o homem fora criado do “pó da terra” (Gn 2.7), e que voltaria ao pó (Ec.7), mas também que. na ressurreição dos mortos, o homem seria reconstituído do pó. Esse poder de trazer os

ortos de volta à vida é expresso em várias passagens da Bíblia (Dt 32.39; ISm 2.6; Jó 19.2527 ; SI 49.14,15).O profeta Isaías falou sobre a ressurreição quando escreveu: “Os vossos mortos e também o meu cadáver

verão e ressuscitarão” (Is 26.19). Daniel previu que “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, unsra a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Dn 12.2). A referência “pó da terra” apóia a idéia de

ma ressurreição física. Jesus, em um de seus discursos, disse: “Não temais os que matam o corpo e não podematar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28).sus mostrou, aqui, que Deus pode não só matar o corpo, mas também pode fazer perecer no inferno tanto orpo quanto a alma, o que deixa transparecer a sobrevivência da alma.O apóstolo João, ao escrever o Apocalipse, viu “debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos

r causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo:é quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitambre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda poruco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos, que iam ser mortos,

mo igualmente eles foram” (Ap 6.911 ). No texto em referência, podemos extrair dois ensinamentos: que a alma sobrevive depois da morte e que aindarmanece consciente, ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová e os adventistas do sétimo dia.Algumas vezes, a Bíblia atribui à alma as mesmas sensações do corpo. Mais do que metáforas, essas sensações

monstram certas facetas da alma humana sujeitas às impressões externas. Vejamos:

a) A alma sente cansaço (Mt 11.29). b) A alma é traspassada pela dor como por uma espada (Lc 2.35).c) A alma pode ser comunicada, no sentido de doada, dividida com outros (lTs 2.8).d) Deve ser limpa e purificada (lP e 1.22).

e) Trabalho da alma (Is 53.11).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 61. Quais são os dois elementos que compõem todo o ser humano?

2. O que ensina 0 monismo?3. Qual é o entendimento dos tricótomos sobre a alma e o espírito?4. Em que pai da Igreja primitiva é encontrada a teoria tricotomista?

5. Qual é o entendimento dos dicotomistas sobre a alma e o espírito?6. Qual é a sugestão de Myer Pearlman?7. Qual é a concepção de Platão em relação ao corpo humano?8. Por que, para 0 cristianismo, o corpo se reveste de fundamental importância?9. Quais são os nomes que a Bíblia usa para designar a transitoriedade do corpo humano?

10. Qual é a definição de alma?11. Quais são os quatro significados que as Escrituras dão ao termo alma?

93RSO DE TEOLO GIA

Page 85: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 85/150

M Ó D U L O J I ANT ROPO LOG IA

ORIGEM DA ALMAOutras questões que têm dividido os pesquisadores estão relacionadas à seguinte pergunta: Quando surge

a alma no homem? As almas foram criadas todas de uma única vez ou cada ser que nasce recebe uma? Aalma é transmitida de ser humano para ser humano ou Deus cria cada uma individualmente por ocasião de seunascimento?

Em relação a esse assunto, três teorias têm dividido as opiniões.

7.1 TEORIA DA PREEXISTÊNCIA

De acordo com esta teoria, as almas existem no céu muito antes de os corpos serem concebidos no ventre dasmães. Que Deus, depois de os corpos serem criados, traz a alma à terra, unindo-a ao corpo do bebê, enquantoa criança se desenvolve no útero. Platão, Filo e Orígenes eram partidários dessa idéia. Platão a ensinou paraexplicar o fato de o homem possuir idéias que não poderíam ter surgido dos sentidos. Filo, para explicar 0

aprisionamento da alma no corpo. E Orígenes, para explicar a disparidade das condições em que os homensentram no mundo. Strong diz que Kant, Julius Mueller e Edwards Breecher aceitavam essa teoria para explicara depravação herdada.

Todavia, tal teoria não encontra respaldo na Bíblia, além de conflitar com o ensinamento explícito do apóstoloPaulo de que o pecado e a morte são conseqüências do pecado de Adão.

7.2 TEORIA DO CRIACIONISMODe acordo com essa teoria, Deus cria imediatamente a alma em cada ser humano, unindo-a ao corpo,ou na concepção, ou no nascimento, ou num período intermediário entre a concepção e 0  nascimento. Essateoria considera que somente o corpo se propaga a partir das gerações passadas. O espírito não é criado muitoantes do corpo, como sustentam os defensores da preexistência, mas no momento em que o corpo assume suaindividualidade distinta.

Aristóteles, Ambrósio, Jerônimo, Pelágio e, em tempos mais recentes, Anselmo, Tomás de Aquino e amaioria dos teólogos Católicos Romanos e Reformados são defensores dessa idéia. E todos os que a defendemse fundamentam em certos trechos das Escrituras que se referem a Deus como 0 Criador do espírito humano(Nm 16.22; Ec 12.7; Is 57.16; Zc 12.1; Hb 12.9).

Essa teoria peca ao afirmar que os filhos só herdam dos pais as características do corpo e não as espirituais.E 0  seu erro mais contundente: não explica a tendência que todos os homens possuem para pecar. “Ou Deusdeve ter criado cada alma em condição de pecaminosidade, ou o simples contato da alma com 0 corpo deve tê-lacorrompido. No primeiro caso, Deus é 0 autor direto do pecado. No segundo, Deus é o autor indireto’’.19

Com isso, podemos ver 0 quanto essa teoria é insustentável.

7.3 TEORIA TRADUCIANISTADefende que toda a raça humana foi criada em Adão e que de Adão herdamos tanto a alma quanto o corpo,

 por geração natural, portanto, são transmitidos pelos pais aos filhos. Encontramos vestígios dessa doutrina naIgreja primitiva em Tertuliano, Rufino, Apolinário e Gregário de Nissa. Na Reforma, foi sustentada por Lutero,sendo um legado para as Igrejas Luteranas. Os textos usados para apoiar tal idéia são: Jó 14.4; 15.14; Salmos51.5; 58.3; João 3.6; Efésios 2.3.

 

THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2006, p. 162.

CURSO DE TEO LOGIA94

Page 86: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 86/150

M Ó D U L O 3 ( A N T R O P O L O G I A

Vários argumentos são aduzidos em favor dessa teoria. Segundo alguns, ela favorecida pela descrição bíblica,gundo a qual:

a) Deus soprou uma única vez nas narinas do homem o fôlego da vida e, depois, deixou que o homem

reproduzisse a espécie (Gn 1.28; 2.7); a criação da alma de Eva estava incluída na de Adão, pois asEscrituras dizem que a mulher foi feita do “homem” (1C0 11.8) e nada se diz acerca da criação da suaalma (Gn 2.23); Deus cessou sua obra de criação depois de haver feito 0 homem (Gn 2.2).

b) Recebe apoio da analogia vegetal e animal, em que o aumento numérico é assegurado, não pormultiplicidade de criação imediata, mas pela derivação natural de novos indivíduos a partir de um tronco

 paterno.

c) As características físicas, mentais e espirituais são derivadas de um ancestral humano, transmitidas de pai para filhos.

d) Oferece o melhor fundamento para a explicação da depravação moral e espiritual, que é assunto da almae não do corpo.

Todas esses ensinos foram objetos de controvérsias, por se tratar de uma área do conhecimento desconhecidahomem e, por isso, vistos como teorias, ou seja, meras suposições. Cabe ao estudante buscar bases sólidas nas

crituras para defender sua posição sobre a origem da alma.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 71. O que declara a teoria da preexistência?2. O que declara a teoria do criacionismo?3. O que declara a teoria traducianista?

95RSO DE TEOLOGIA

Page 87: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 87/150

M Ó D U L O 3 !ANTROPOLOGIA

REFERÊNCIASAGOSTINHO, Santo.  A T r in d a d e .  São Paulo: Editora Paulus, vol. 7, 1995.ANDRADE, Claudionor de.  A s v e rd a d e s c e n tr a is d a f é cris tã . Rio de janeiro: CPAD, 2006.AQUINO, Tomás de. Sobre o ens ino  (De Magistro) e os sete pe ca do s capi tais . São Paulo: Martins Fontes, 2001. _______  . Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2006.AZPITARTE, Eduardo López. C u l p a e p e c a d o .  Rio de Janeiro: Vozes, 2005.BANCROFT, E.H. T e o l o g ia e l e m e n t a r . São Paulo: Editora Batista Regular, 1995.

BATISTA, Paulo Sérgio.  M a n u a l d e re sp o s ta s b íb li c a .  São Paulo: Betesda, 2006.BENTHO, Esdras Costa.  H e rm e n ê u tic a fá c i l e d e sc o m p li c a d a :   como interpretar a Bíblia de maneira prática

eficaz. 3a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.BERGSTÉN, Eurico.  In tr o d u ç ã o ã T eo lo g ia S is te m á t ic a .  Rio de Janeiro: CPAD, 1999.BERKHOF, Louis. T e o l o g ia S i s t e m á t i c a . São Paulo: Luz Para o Caminho Publicações, 1996.BETTENSON. H.  D o c u m e n to s d a Ig re ja C ris tã . 3a ed. São Paulo: ASTE, 1998.BRUNELLI, Walter. Curso Intensivo de Teologia. São Paulo: Ministério IDE, Vol. 1, 1999.CHAMPLIN, R. N e BENTES, J.M.  E n c ic lo p é d ia d e B íb l ia , t e o lo g i a e f i lo s o f ia .   São Paulo: Candeia,

1995, p. 527.CHAMPLIN, R. N. O N o v o T e s ta m e n t o i n t e r p re t a d o v e r s íc u l o p o r v e r s íc u l o .   São Paulo: Candeia, 1995.

DIDAQUÊ.C a t e c i s m o d o s p r i m e i r o s c r is t ã o s .

  5a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1986.DUFFIELD, Guy P; VAN CLEAVE, Nathaniel M.  F u n d a m e n to s d a t e o lo g ia p e n te c o s ta l .  São Paulo:

Editora Publicadora Quadrangular, 1991.ERICKSON, Millard J.  I n tr o d u ç ã o à T e o lo g ia S is te m á t ic a .  São Paulo: Vida Nova, 1999.FALCAO, Márcio. C o m o c o n h e c e r u m a s e i t a .   São Paulo: Editora O Arado, 2006.FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. São Paulo:

Editora Positivo, 2004.GEISLER, Norman.  E n c ic lo p é d ia d e a p o lo g é t ic a :   respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Editora

Vida, 2002.GILBERTO, Antonio. V e rd a d es p e n t e c o s t a i s . Rio de Janeiro: CAPD, 2006.GRUNDEM, Wayne.  M a n u a l d e T e o lo g ia S is te m á tic a . São Paulo: Editora Vida, 2001.GRUNDEM, Wayne. T e o l o g i a S i s t e m á t i c a   , atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2006.HALE, Broadus David.  In tro d u ç ã o ao e s tu d o do N o v o T e s ta m e n to . São Paulo: Hagnos, 2002.HARRIS, R. Laird. ARCHER JR, Gleason L. WALTKE. Bruce K.  D ic io n á r io In te r n a c io n a l d e T e o lo g ia do

 A n tig o T e sta m e nto .  São Paulo: Vida Nova. 1998.HODGE, Charles. T e o l o g ia S i s t e m á t i c a . São Paulo: Hagnos. 2001.HORTON, Stanley M. T e o l o g ia S i s t e m á t i c a .  Rio de Janeiro: CPAD, 1997.HOUSE, Paul R. T e o l o g ia d o A n t i g o T e s ta m e n t o . São Paulo: Editora Vida, 2005.KEESING, Félix.  A n tro p o lo g ia c u l tu r a l 

 

 ,  a ciência dos costumes. Rio de janeiro: Fundo de Cultura, vol. 1,

1972.KELLY, J.N.D.  D o u tr in a s c e n tr a is d a f é cr is tã .  São Paulo: Vida Nova, 1994.KENNY, Anthony.  H is tó r ia c o n c is a d a f i lo s o f ia o c id e n ta l.  Lisboa: Temas e Debates, 1999.KÜMMEL, Werner Georg.  In tr o d u ç ã o ao N o v o T es ta m e n to . 3a ed. São Paulo: Paulus, 2004.

CURSO DE TEOLOGI96

Page 88: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 88/150

MÓ DULO 3 I ANTROPOLOG IA

______  . S ín te s e T e o ló g ic a d o N o v o T es tam e nto .  4a ed. São Paulo: Teológica, 2003.ADD, George Eldon. T e o l o g i a d o N o v o T e s t a m e n t o .  São Paulo: Exudus, 1997.ANGSTON, A. B.  E s b o ç o s d e T e o lo g ia S i s t e m á t i c a .   Rio de Janeiro: Juerp, 1999.

MELLO, Luiz Gonzaga de.  A n t r o p o l o g i a c u l tu ra l · ,   iniciação, teoria e temas. 12a ed. Rio de Janeiro:

Vozes, 2005.MENZIES, William W. e HORTON, Stanley M.  D o u t r in a s b í b l i c a s .   Rio de Janeiro: CPAD, 1999.MOSER, Antônio. O p e c a d o : do descrédito ao aprofundamento. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.MYER, Pearlman. C o n h e c e n d o a s d o u t r in a s d a B í b li a .   São Paulo: Editora Vida, 1999.OLIVEIRA, Raimundo de.  A s G r a n d e s d o u t r i n a s d a B íb l i a .   9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.RABUSKE, Edvino A.  A n t r o p o l o g i a f i l o s ó f i c a .   9a ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

ILVA, Esequias Soares da. C o m o r e s p o n d e r à s T e s te m u n h a s d e J e o v á .   Vol. 1. São Paulo: EditoraCandeia, 1995.

ilva, Severino Pedro da. O h o m e m :   a natureza humana explicada pela Bíblia. 7a ed. Rio de Janeiro:CPAD, 1997._______ 

. A d o u t r i n a d a p r e d e s t i n a ç ã o .   6a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005._______ . O p e c a d o :   sua origem e manifestação. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.MITH, Joseph Fielding.  D o u t r i n a s d e s a l v a ç ã o .   Vol. 1. SUD._______ . E n s i n a m e n to s d o p r o f e t a J o s e p h S m ith .   SUD.TOTT, John.  A c r u z d e C r i s t o .   11a ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.TRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003.HIESSEN, Henry Clarence.  P a l e s t r a s e m T e o l o g ia S i s t e m á t i c a .   São Paulo: Imprensa Batista Regular,006.ORREY, R. A. et al. O s fu n d a m e n t o s :  a famosa coletânea de textos das verdades bíblicas Fundamentaisão Paulo: Hagnos, 2005.

VINE, W.E; UNGER, Merril F; WHITE JR, William.  D i c i o n á r i o Vin e:  o significado exegético e expositivoas palavras do Antigo e do Novo Testamentos. 5a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

97URSO DE TEO LOG IA

Page 89: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 89/150

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionadosI

AVALIAÇÃO - MODULO III ANTROPOLOGIA

1) Por que podemos dizer que a antropologia é uma disciplina paradoxal?

2) Como podemos dividir a antropologia, segundo Keesing?

3) O que significa dizer que 46Deus soprou no homem”?

4) Qual é a relevância em Deus ter criado o homem para a sua glória?

5) Faça um breve relato sobre a teoria evolucionista.

6) O que significa o homem ter a imagem e semelhança de Deus?

7) Quais são os argumentos apresentados por Strong para confirmar a unidade da raça?

8) Qual é a diferença entre dicotomia e tricotomia?

9) O que é a 44alma”? Exemplifique com textos bíblicos

10) De todas as teorias sobre a criação da alma, qual a que melhor se relaciona com a Criação? Por quê

Page 90: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 90/150

SOTERIOLOGIAD ou trina da sa lvaç ão

Page 91: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 91/150

SUMARIO

NTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 105

.  DEFINIÇÃO DE TERMO..........................................................................................................106

. A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO.................................................................108

.  VARIEDADE DE TERMOS NO ANTIGO TESTAMENTO........................................................

109

. VARIEDADE DE TERMOS NO NOVO TESTAMENTO..................................................................111

. OS SENTIDOS DA PALAVRA SALVAÇÃO........................................................................................1125.1 S A L V A Ç Ã O F Í S I C A ............................................................................................................. 112

5.2 S A L V A Ç Ã O E S P IR IT U A L .....................................................................................................113

5.3 S A L V A Ç Ã O N O S E N T ID O D E C U R A R .................................................................................113

5.4 S A L V A Ç Ã O F U T U R A ............................................................................................................113

. SALVAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO..................................................................................... 114

. A JUSTIÇA DE DEUS.......................................................................................... ...116

. VIDA E MORTE DE JESUS DE CRISTO........................................................................................... 1178.1 A M O R T E D E C R IS T O F O I U M A S U B S T I T U I Ç Ã O P E L O P E C A D O   ...................................... 117

8.2 A M O R T E D E C R IS T O O F E R E C E U R E D E N Ç Ã O ..................................................................118

8.3 A M O R T E D E C R IS T O E F E T U O U R E C O N C IL IA Ç Ã O ...........................................................119

8.4 A M O R T E D E C R IS T O O F E R E C E U P R O P IA Ç Ã O .................................................................119

8.5 A M O R T E D E C R IST O JU LG O U A N A T U R E Z A P E C A M IN O S A ...........................................120

8.6 A M O R T E D E C R I S T O O F E R E C E A B A S E P A R A A P U R I F IC A Ç Ã O D O P E C A D O D O C R E N T E .... 120

FÉ .............................................................................................................................................................1219.1 A FÉ D E V E A U M E N T A R À M E D ID A Q U E O N O S S O C O N H E C IM E N T O A U M E N T A   .........122

0. GRAÇA....................................................................................................................................................12310.1 A G R A Ç A C O M O P O N TO O P E R A N T E N A S A L V A Ç Ã O   ...................................................... 123

1. REGENERAÇÃO .................................................................................................................................. 12411.1 A R E G E N E R A Ç Ã O É U M A O B R A E X C L U S IV A M E N T E D E D E U S   ..................................... 124

11.2 A R E G E N E R A Ç Ã O V E M A N T E S D A FÉ S A L V ÍF IC A ..........................................................124

11.3 O Q U E N Ã O É R E G E N E R A Ç Ã O ..........................................................................................125

Page 92: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 92/150

12. JUSTIFICAÇÃO....................................................................................................................................12612.1 J U S T IF IC A Ç Ã O IN C L U I U M A D E C L A R A Ç Ã O L E G A L D A PA R TE D E D E U S   ..................... 126

12.2 B E N E F ÍC IO S D A J U S T IF IC A Ç Ã O ...................................................................................... 127

13. EXPIAÇÃO ............................................................................................................................................12813.1 A C A U S A D A E X P IA Ç Ã O .................................................................................................... 128

13.2 O U T R A S C O N C E P Ç Õ E S S O B R E E X P IA Ç Ã O ..................................................................... 130

14. ARREPENDIMENTO ........................................................................................................................... 132

15. SANTIFICAÇÃO................................................................................................................................... 13415.1 O S T R Ê S E S T Á G I O S D A S A N T I F I C A Ç Ã O   .......................................................................... 134

15.2 OS M E IO S D A S A N T IF IC A Ç Ã O ..........................................................................................136

16. ADOÇÃO....................................................................................................................................13816.1 D E F IN IÇ Ã O B ÍB L IC A D A A D O Ç Ã O .................................................................................... 138

16.2 O S P R IV IL É G IO S D A A D O Ç Ã O ...........................................................................................139

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................140

Page 93: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 93/150

M Ó D U L O 3 S O T E R IO L O G I A

INTRODUÇÃOÉ extremamente importante entender corretamente a salvação. A Bíblia coloca um anátema (maldição) sobre

qualquer pessoa (incluindo anjos e pregadores) que pregar um evangelho de salvação diferente daquele ensinadonas Escrituras, como disse o apóstolo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelhoque vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (G1 1.8).

O que, então, é a verdadeira salvação? Como é oferecida? Como se pode obtê-la? Quais são seus benefícios

e bênçãos?A necessidade da humanidade de salvação, e sua provisão por Deus, são as razões mais fundamentais para a

doutrina cristã. O aspecto mais importante da doutrina é proteger a integridade e a fidelidade à verdade da obrade redenção que Deus opera por meio de Cristo. A doutrina da salvação incorpora aspectos de todas as outrasdoutrinas cristãs. Não podemos pregar fielmente o evangelho da salvação se não formos, ao mesmo tempo, fiéisà totalidade das doutrinas cristãs encontradas na Bíblia sobre Deus, Cristo, a Igreja e o futuro, etc.

Pelo estudo da doutrina da salvação, conhecemos as provisões feitas por Deus para “buscar e salvar o que sehavia perdido”. No Antigo Testamento, aparecem “tipos” acerca do Messias e da obra que Ele viria realizar queencontram, no Novo Testamento, seus correspondentes, conferindo coesão e solidez ao relato bíblico.

A morte, o sepultamento, a ressurreição, a ascensão e a exaltação de Cristo, bem como a aplicação dessasprovisões, incluindo o arrependimento, a fé, a justificação, a regeneração, a adoção e a santificação, serão osassuntos tratados neste volume do curso.

105URSO DE TEO LOG IA

Page 94: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 94/150

M ÓDULO 3 I SOTER IOLOGIA

DEFINIÇÃO DE TERMO

Soteriologia é um vocábulo formado por duas palavras gregas: σω τη ρία ( s o te r ia ) e λ ό γ ο ς (lo g o s). A primeirasignifica “salvação”. A segunda, “palavra, discurso ou doutrina”. Até o momento, vimos uma seqüência lógicados fatos. Primeiramente, tratamos da doutrina de Deus, por meio da qual ficou bem visível a santidade de Deus.Depois, estudamos a doutrina de Cristo, em que se destacou 0 propósito de sua missão, ou seja, “buscar e salvaro que se havia perdido” (Lc 19.10). Estudamos, também, a doutrina do homem (antropologia) e a doutrina do

 pecado (hamartiologia). Agora, veremos 0  plano de salvação elaborado nos céus, para encurtar dois imensos

abismos: a pecaminosidade do homem e a santidade de Deus.Deus, pela sua infinita misericórdia, previu tudo 0 que ocorrería com a queda do homem e planejou, com osmínimos detalhes, a salvação necessária. Este plano era “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo,

 porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (IPe 1.20). Assim, ficamos sabendo, pelas Escrituras,que, antes mesmo do primeiro pecado ter sido cometido no Universo, antes da terrível conseqüência gerada

 pelo homem rebelde, que fora feito à imagem e semelhança de Deus, o Senhor proveu um meio de escape dasarmadilhas e condenação do pecado,

Torna-se patente que Deus, desde a eternidade, determinara a redenção da humanidade, portanto, a históriada raça humana, desde 0  tempo da queda até a vinda de Cristo, foi providencialmente arranjada no sentido de

 preparar o caminho da referida salvação.

O plano de salvação por intermédio de Jesus é a boa-nova para todo pecador e todo cristão. São boas-novas para toda a vida e eternidade. Todos precisam dessas boas-novas. E o melhor, qualquer um pode ser transformadoe abençoado por elas. O plano da salvação de Deus é tão simples que o menor entre os filhos dos homens pode entendê-lo o bastante para experimentar seu poder transformador. Esse plano redentor alcança a todos, demodo que “ninguém e tão pecador, tão analfabeto, tão velho, tão cercado de hábitos pecaminosos ou poderesdemoníacos que não possa ter essa salvação. Nada na vida de uma pessoa pode ser tão terrível e ninguém foi t ã o

longe no pecado que não possa voltar a Deus e ser perdoado por Jesus".1Jesus não trouxe ao mundo uma nova doutrina filosófica, nem um projeto de reformas sociais, tampouco a

consciência dos mistérios do além. Jesus transformou pela raiz a própria relação do homem com Deus, mostrandoabertamente a todos a face de Deus. que antes mal podia vislumbrar. A boa notícia de Jesus fala precisamentedesta vocação sublime do homem e da alegria oriunda da união com o Criador.

O ponto central do plano da salvação se encontra na figura de um mediador, alguém que pudesse se colocarentre um Deus ofendido e uma criatura pecadora e sem esperança, o homem. Jó entendeu muito bem a distânciaque existe entre um Deus santo e um pecador miserável e concluiu: “Porque ele não é homem, como eu. a quemeu responda, vindo juntamente ajuizo. Não há entre nos árbitro que ponha a mão sobre nós ambos” (Jó 9.32,33).O que Jó não pôde saber nos podemos! Jesus é esse mediador como está escrito: “Porquanto há um só Deus e umsó Mediador entre Deus e os homens. Cristo Jesus, homem" (lTm 2.5).

Somente alguém que fosse participante da divindade poderia se aproximar de Deus e, ao mesmo tempo, serhomem para poder se aproximar dos pecadores. Jesus tinha essas duas características. Ou seja, Ele possuía umanatureza divina e uma natureza humana. As passagens a seguir deixam claro esta assertiva: “No princípio, erao Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1.1); “Visto, pois, que os filhos têm participação

1DUEWEL, Wesley L. A grande sa lvação de Deus. São Paulo: Cande ia, 1999, p. 12.

CURSO DE TEOLOGIA106

Page 95: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 95/150

M ÓDU LO 3 ISOTERIOLOGIA

comum de came e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aqueleque tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos àescravidão por toda a vida. Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão.Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tomasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e

fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2.14-17).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 11. Qual é o significado da palavra soteriologia?2. Qual é o ponto central da salvação? Por quê?3. Qual é a importância das duas naturezas de Jesus?

107CURSO DE TEO LOGIA

Page 96: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 96/150

M Ó D U L O 3 I SOTERIOLOGI/

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA SALVAÇÃOA doutrina da salvação somente será bem compreendida se tivermos um a clara compreensão da doutrina 

do pecado. Jesus disse que -‘o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Esse é 0  grande 

diferencial do cristianismo: é uma religião de salvação do pecado. Somente pode ser salvo aquele que reconhece 

que é pecador.

Na tentação de Cristo, Satanás procurou roubar a glória do Filho de Deus ao dizer: “Dar-te-ei toda esta  

autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se prostrado  

me adorares, tudo será teu” (Lc 4.6,7). Ele não conseguiu ludibriar Jesus, entretanto, tem roubado do pecador sua 

salvação, dando-lhe uma visão errônea do pecado.

O pecado é o que Deus afirma que é e não aquilo que achamos ser. O pecado fez que a morte de Jesus fosse  

necessária. Não podemos nos de ixar enganar. A s Escrituras afirm am que “o ladrão vem somente para roubar, 

matar e destruir” (Jo 10.10).

Conform e já demonstramos no estudo sobre hamartiologia, 0 pecado começou no céu, com a queda de Satanás 

(Ez 28; Is 14). E, na terra, a partir da desobediência do homem (R m 5.12). O pecado possu i um alto poder de 

destruição, toma impotente o pecador, cega seu entendimento e escraviza todo 0  seu ser.

Para isso, o Filho de Deus se manifestou, para desfazer as obras do diabo (1J0 3.8). Jesus Cristo desceu do  

céu e se tomou homem, como descrevera o apóstolo João: “O Verbo se fez came e habitou entre nós, cheio de  

graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).

Portanto, no estudo da doutrina da salvação analisaremos as provisões feitas por Deus, incluindo a morte,  

o sepultamento, a ressurreição, a ascensão e a exaltação de Cristo, bem como a aplicação dessas provisões, 

incluindo 0 arrependimento, a fé, a justificação, a regeneração, a adoção e a santificação.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 21. Qu al é o grande diferencial do cristian ismo?

2. Qu ais são os assuntos estudados na doutrina da salvação?

CURSO DE TEO LOGIA108

Page 97: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 97/150

M Ó D U L O 3 I SOTER IOLOGIA

VARIEDADE DE TERMOS NO ANTIGO TESTAMENTO

Para alguns, o Antigo Testamento é freqüentemente tratado como se nào passasse de uma coletânea de contoshistóricos que apresenta a história do povo judeu e ilustra os modos e costumes orientais. E útil como fontede história, mas de pouca importância prática quanto ao ensino espiritual.2 Entretanto, o Novo Testamento fazreferências ao Antigo Testamento e nos explica a seu respeito. Assim, podemos dizer que o Novo está contido noAntigo e o Antigo é explicado pelo Novo.

Por conta da inter-relação que existe entre o Novo e o Antigo Testamentos, o estudo do plano de salvação deDeus será analisado a partir das primeiras promessas divinas concernente a um redentor. Descobrimos, por meio

das palavras e ações de Deus, a natureza redentora, e, também, os tipos e as predições específicas daquele queestava por vir. A terminologia empregada no Antigo Testamento hebraico é rica em seu vocabulário para designara salvação. Os escritores inspirados fizeram uso de várias palavras que fazem referência ao conceito geral desalvação em suas diversas aplicações. Os seguintes verbos em sua raiz transmitem a idéia de salvação;

( g a ’al ) - remir, libertar, vingar, agir como parente. “ Se o levita nào resgatar [ga dl]  a casa que vendeu, então,a casa comprada na cidade da sua possessão sairá do poder do comprador, no Jubileu; porque as casas das cidadesdos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel” (Lv 25.33).

{chayah) -   vivificar, reavivar. “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem0  nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para

vivificar [hyx - chayah]  o espírito dos abatidos e vivificar [hyx - chayah]  o coração dos contritos” (is 57.15).

(padah) - resgatar, redimir, livrar. “Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, óDeus, foste resgatar [hdp - p a d a h ]  para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estasgrandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as naçõese seus deuses?” (2Sm 7.23).

(kaphar) -   resgatar, reconciliar, expiar, propiciar. “Perguntou Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vosfaça? E que resgate [rpk - kaphar] vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?” (2Sm 21.3).

(teshu‘ah) - salvação (em sentido espiritual), livramento (geralmente por Deus pela agência humana).“Folguem e em ti se rejubilem todos os que te buscam; os que amam a tua salvação [ηε ςτ - t e s h u d h ]   digamsempre: O Senhor seja magnificado!” (SI 40.16)

(natsal) -  tirar à força, salvar, resgatar, libertar, livrar, saquear. “Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meiodo teu acampamento para te livrar [natsal]   e para entregar-te os teus inimigos; portanto, o teu acampamento serásanto, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti” (Dt 23.14).

2Temos em mão um livro que só pelo título já dá para saber 0 que ele dirá: “A Bíblia não tinha razão”. Contrariando alguns fatos históricosrelatados nas Escrituras, esse livro, como outros que existiram em toda a história, procura desacreditar alguns fatos e eventos registrados

nas Santas Escrituras.

10tCURSO DE TEO LOG IA

Page 98: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 98/150

M ÓDULO 3 ISOTER IOLOGIA

i yasha) -   salvar, ser salvo, ser libertado, libertar, conceder vitória. “Porque eis que tu conceberás e darás àluz um filho sobre cuia cabeça não passará navalha; porquanto 0 menino será nazireu consagrado a Deus desdeo ventre de sua mãe; e ele começará a livrar [rasha] a Israel do poder dos filisteus” (Jz 13.5).

Várias outras palavras são usadas para descrever a salvação, o que faz o termo ser bem conhecido entre oshebreus. O destaque maior vai para essas duas últimas palavras; nat sa l e  ya sh a .  A primeira com o sentido de“salvação física, pessoal ou nacional”,3ocorrendo 212 vezes, mais freqüentemente significando “livrar”. O outrotermo aparecer 354 vezes, sendo a maior concentração nos Salmos (136 vezes) e nos livros proféticos (100vezes). “Mais freqüentemente, porém, tem Deus como sujeito e o povo de Deus como objeto. Ele livrou os seusde todos os tipos de aflição, inclusive de inimigos nacionais e pessoais [...] Por isso, Yahweh é 4Salvador’ (Is43.11,12), 4meu Salvador’ (SI 18.14) e 4minha salvação’ (2Sm 22.3; SI 27.1)”.4

O número de verbos que transmitem a idéia de “salvamento” ou 44salvação”, bem como a freqüência comque ocorrem, indica como a questão permeia o pensamento e a cultura judaica. Segundo Stanley Horton, esses44verbos, incluindo seus muitos significados possíveis, ocorrem mais de 1750 vezes”.5

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 31. Os escritores inspirados fizeram uso de várias palavras que fazem referência ao conceito geral de

salvação. Cite cinco delas.2. Quais são as duas palavras no hebraico que recebem destaque especial quanto à salvação e por quê?

3HORTON, Stanley M. Teologia sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1997, p. 336.

4 Ibid.

5Ibid., p. 716.

CURSO DE TEO LOG IA110

Page 99: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 99/150

M Ó D U L O I SOTERIOLOGIA

VARIEDADE DE TERMOS NO NOVO TESTAMENTOEm relação ao vocábulo 44salvar” , a evidente riqueza lexical do Antigo Testamento não ocorre no Novo, que

emprega, primariamente, a palavra σω ζώ ,  so zô , cujo significado é 44salvar”, 44preservar” ou 44tirar do perigo”. NaSeptuaginta, ( yasha) é traduzida por σω ζω ( s o zo ) em 60% das ocorrências, e σωτηρία ( s o te r ia ) é empregada,principalmente, nos derivados de y a sh a .

S o z o   pode se referir à salvar a pessoa da morte: 44Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor,salva-nos! Perecemos!” (Mt 8.25; At 27.20,31); da enfermidade física: “E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse:Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E, desde aquele instante, a mulher ficou sã” (Mt 9.22; Mc 10.52; Lc17.19; Tg 5.15); da possessão demoníaca: 4Έ algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-lhesambém como fora salvo o endemoninhado” (Lc 8.36); ou da morte que já sobreveio: 44Mas Jesus, ouvindo isto,he disse: Não temas* crê somente, e ela será salva” (Lc 8.50).

Mas, na grande maioria das ocorrências, refere-se à salvação espiritual que Deus providenciou por intermédiode Jesus Cristo: 44Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouvea Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co 1.21; 1Tm 1.15). Refere-se à salvação mediante a fé:44Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Entre os gregos, o termo 44salvador” (gr. oco τη p -  so te r)   era atribuído aos deuses, aos líderes políticos eàqueles que trouxessem honra e benefícios ao povo. Mas na literatura cristã era aplicado somente a Deus:44Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança”lT m 1.1). E também a Jesus Cristo: 44Da descendência deste, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel o

Salvador, que é Jesus” (At 13.23; Fp 3.20).

O substantivo 44salvação” (gr. σωτη ρία -  s o te r ia ) se refere, quase que exclusivamente, à salvaçãoespiritual, que é a possessão presente e futura de todos os cristãos: 4Έ digo isto a vós outros que conheceis oempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no

princípio cremos” (Rm 13.11).

Segundo A. W. Pink, a salvação é quádrupla: 44salvo da penalidade, do poder, da presença e, mais importante,do prazer de pecar”.6

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 41. Quais são as palavras gregas usadas para salvação?2. Quais são os significados que podem ser utilizados para a palavra grega  s o z o ?3. A quem era atribuído o termo salvador entre os gregos?4. Segundo A. W. Pink, quais as conseqüências da salvação?

Vocábulo “salvação” in Bíblia On-line: Módulo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.

11!URSO DE TEO LOG IA

Page 100: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 100/150

M ÓDU LO 3 I SOTERIOLOGIA

OS SENTIDOS DA PALAVRA SALVAÇÃO No Antigo Testamento, a concepção de um salvador é muito nítida. Aquele que trazia um livramento era

conhecido como ‘,salvador’'. A paiavra "salvação” podia ser usada no dia-a-dia sem ênfase teológica, no sentidode livramento: "O sacerdote de Midià tmha sete filhas, as quais vieram a tirar água e encheram os bebedouros para dar de beber ao rebanho de seu pai. Então, vieram os pastores e as enxotaram dali; Moisés, porém, se

levantou, e as defendeu, e deu de beber ao rebanho" (Ex 2.16,17).Todavia, 0  vocábulo “salvação” possui forte significado religioso: “Do Senhor é a salvação, e sobre o teu

 povo, a tua bênção” (Si 3.8).Quando pesquisamos as Escrituras para definir o significado do termo “salvação”, o primeiro tato que percebemos é que o vocábulo é usado em diversos sentidos. Há muitos assuntos que se relacionam com osubstantivo "salvação” ou com o ,verbo salvar”. Nem sempre a palavra é usada para tratar da reconciliação comDeus. A interligação com os deferentes sentidos de “salvação” é porque, na raiz, o significado desta palavra é

"resgatado” ou “libertado”.

5.1 SALVAÇÃO FÍSICAPor várias vezes, Israel estava sendo oprimido por outras nações, o que fazia que a nação fosse à guerra para

vencer e manter sua liberdade. Nesses combates, Israel sempre buscava Deus para obter vitória. Os israelitasacreditavam que o resultado da peleja pertencia a Yahvveh: "Saberá toda esta multidão que o Senhor saiva, nãocom espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (1 Sm 17.47).

A maior demonstração da obra salvífica operada por Deus no Antigo Testamento foi o livramento de Israelda escravidão do Egito: “Assim, o Senhor livrou [  y a sh a ]   Israel, naquele dia, da mão dos egípcios” (Ês 14.30).Esse evento fez que a nação israelita ficasse conhecida como um povo salvo por seu Deus: “Feliz és tu, ó Israel1Quem é como tu? Povo salvo pelo Senhor, escudo que te socorre, espada que te dá alteza. Assim, os teus inimigos

te serão sujeitos, e tu pisarás os seus altos” (Dt 33.29).Esses feitos salvífico passaram a ser um testemunho do senhorio de Yahweh, não apenas para as gerações

futuras, mas, também, para as nações ao redor: "Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes tázer notório

o seu poder” (SI 106.8).Quando estão prestes a entrar na terra prometida, Moisés disse aos libertos: “Ouvi, ó Israel, hoje. vos achegais

à peleja contra os vossos inimigos; que não desfaleça o vosso coração; não tenhais medo, não tremais, nem vosaterrorizeis diante deles, pois o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco a pelejar por vós contra os vossos

inimigos, para vos salvar” (Dt 20.3,4).Já de posse da terra, quando Israel era oprimido por uma das nações ao redor, Deus os livrava por intermédio

de um juiz: “Suscitou 0 Senhor juizes, que os livraram da mão dos que os pilharam” (Jz 2.16). Deus oferecia 0

livramento mediante a atuação do seu Espírito na vida dos juizes, a fim de que os juizes pudessem den otar os

inimigos de Israel. No período da monarquia, os inimigos de Israel eram derrotados por meio de um rei justo ungido e ajudado

 por Yahweh: “Ora, 0 Senhor, um dia antes de Saul chegar, o revelara a Samuel, dizendo: Amanhã a estas horas,te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por príncipe sobre o meu povo de Israel, e ele livrará

o meu povo das mãos dos filisteus; porque atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim. QuandoSamuel viu a Saul, 0 Senhor lhe disse: Eis o homem de quem eu já te falara. Este dominará sobre 0 meu povo”

(ISm 9.15-17).

CURSO DE TEO LOG IA112

Page 101: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 101/150

M ÓDULO 3 ISOTERIOLOGIA

À medida que a nação crescia, tomava-se imperativo que o rei e o povo percebessem que a salvação não vemor intermédio de um exército poderoso, mas por Deus, porque “para 0 Senhor nenhum impedimento há de livrarom muitos ou com poucos’' (ISm 14.6).

Em sua maioria, a salvação alcançada era por meio de agentes humanos. Entretanto, os beneficiados que

ecebiam tamanha ajuda entendiam que “a vitória vem do Senhor” (Pv 20.31). Algumas vezes, porém, Deusealizou seu propósito sem a intervenção humana: “Neste encontro, não tereis de pelejar; tomai posição, ficaiarados e vede o salvamento que o Senhor vos dará, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã,aí-lhes ao encontro, porque o Senhor é convosco” (2Cr 20.17).

Tendo por base que Deus operava salvação por meio de um líder carismático, surgiu o conceito de um futuro salvadorque desempenharia o papel de um rei ungido com o Espírito de Deus: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei aDavi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judáerá salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23.5,6).

5.2 SALVAÇÃO ESPIRITUAL

Outra concepção do verbo “salvar” está ligada ao significado teológico de que Deus salva mediante o perdãodos pecados, transformando o caráter da pessoa: “Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minhaalvação” (SI 51.14).

5.3 SALVAÇÃO NO SENTIDO DE CURAR Em algumas passagens das Escrituras, a palavra “salvar” é paralelo ao termo “curar”, ou seja, a salvação se

oma uma força dinâmica que traz bem-estar emocional e físico: “Cura-me, Senhor, e serei curado, salva-me, eerei salvo; porque tu és o meu louvor” (Jr 17.14).

5.4 SALVAÇÃO FUTURAOs profetas de Deus predisseram um tempo quando a salvação afetará todas as nações e será etema: “Olhai

ara mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22).O profeta Isaías previu que esta salvação viria por intermédio do servo sofredor: “Ele tomou sobre si as

nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a pazstava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada

um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.4-6).Pelo fato de o servo suportar, de forma obediente, o sofrimento, Deus promete: 44[Eu] também te dei como

uz para os gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra” (Is 49.6).Assim, os atos salvíficos no Antigo Testamento caminham na direção do ato final de salvação que incluirá

odas as pessoas que se encontram debaixo da bênção de Deus: “O Senhor desnudou o seu santo braço à vista deodas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus” (Is 52.10).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 51. Qual é a relação da salvação física com o Salvador futuro?2. O que você entende por salvação espiritual?3. Quais são as conseqüências da salvação futura?

113URSO DE TEO LOG IA

Page 102: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 102/150

M ÓDU LO 3 I SOTERIOLOGIA

SALVAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO Nos evangelhos, a salvação vem por meio de Jesus: “Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa,

 pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.910 ).Jesus sabia o motivo de sua encarnação, conhecia a necessidade do homem, por isso pôde afirmar: “O Espíritodo Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertaçãoaos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável doSenhor” (Lc 4.18,19).

A salvação proposta por Jesus requer uma mudança de pensamento (arrependimento), com pesar pelos pecados passados: “Passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”(Mt 4.17). Requer que a receptividade seja como a de uma criança: “Em verdade vos digo: Quem não receber oreino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele” (Lc 18.17; Mc 10.15). E requer a renúncia detudo por causa dele: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meudiscípulo” (Lc 14.33).

Uma vez arrependido, o homem passa a fazer parte da família de Deus, recebendo a filiação divina: “Mas, a todosquantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12).

Em Atos, com a expansão da Igreja, os discípulos de Jesus seguem a mesma diretriz dos evangelhos. O perdão dos pecados, o arrependimento, a conversão e a entrada no reino celestial são elementos da salvação:“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença doSenhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus” (At 3.19,20).

O livro de Atos é essencialmente uma narrativa sobre como o evangelho de arrependimento se propagou entretodas as nações: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outronome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (4.12).

Em suas epístolas, Paulo apresenta o cristianismo como sendo a realização de uma vasta economiade salvação, mistério da sabedoria divina, tendo por objeto a obra de Cristo e o próprio Cristo. Pauloentra efetivamente no cristianismo com a percepção nítida da união intima e pessoal de Cristo comDeus. Esta percepção lhe foi revelada por ocasião de seu chamado. Ele viu Jesus em sua glória, portanto,ressuscitado: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundoo meu evangelho” (2Tm 2.8).

A idéia de salvação está bem difundida nas epístolas paulinas, onde o vocábulo salvação é usado deforma geral, abrangendo, ao mesmo tempo, o passado (a cruz e a ressurreição), o presente, quando nosune à obra de Cristo, e o futuro escatológico.

Para Paulo, a salvação envolve a nossa transformação segundo a imagem de Cristo: “Porquanto aosque de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim deque ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Ainda para esse apóstolo, a salvação possuia plenitude de Cristo: “Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidoscom poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé,estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual

CURSO DE TEOLOGI/114

Page 103: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 103/150

MÓDULO 3 ISOTERIOLOGIA

é a largura, e 0  comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todoentendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.16-19; Cl 2.9,10).

Tudo isso é produzido pela obra do Espírito Santo, que nos modela para sermos “semelhantes a ele, porquehaveremos de vê-lo como ele é” (1J0 3.2).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 61. Quais são os requisitos para receber a salvação oferecida por Deus?2. Como os discípulos de Jesus anunciavam a salvação no livro de Atos?3. De que maneira a idéia de salvação está bem difundida nas epístolas paulinas?

115URSO DE TEO LOG IA

Page 104: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 104/150

M ÓDU LO 3 I SOTER IOLOGIA

A JUSTIÇA DE DEUS Na matéria sobre hamartiologia, vimos que o homem pecou, portanto, a salvação de Deus é baseada no fato

de o homem ter pecado. Se o homem não tivesse pecado, não havería necessidade de salvação. Uma vez que 0

homem pecou, Deus deu primeiramente a lei para mostrar ao próprio homem que ele (0 homem) pecou: “Quediremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido 0  pecado, senão por intermédioda lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião

 pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado” (Rm7.7). A lei de Deus veio ao mundo para que as transgressões humanas abundassem (Rm 5.20).

Desde que o homem pecou, Deus se dispôs a salvá-lo. E, para poder salvar o homem, Deus deveria agir de umamaneira que combinasse e se ajustasse com a sua própria divindade e justiça. Ou seja, o Senhor não podería fazer algo quecontrariasse sua natureza, seu método e sua maneira. Por isso, a salvação é algo que está além da nossa imaginação.

Jesus disse o seguinte: “E esta é a vontade daquele que me enviou, que eu não perca nenhum de todos os queele me deu, mas o ressuscite no último dia. Pois a vontade do meu Pai é que todo aquele que vê o Filho e nele crêtenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.39,40).

Para salvar o homem, Deus agiu modo excelente. Qual é o método, então, usado por Deus para que o homemseja salvo de maneira justa? Que método há que se compare com a dignidade de Deus? E fácil ser salvo, mas édifícil ser salvo justamente. É por isso que a Bíblia fala muito sobre a justiça de Deus.

Muito se tem falado sobre 0 que é a justiça de Deus. A justiça de Deus é o modo de Deus agir. O amor é a

natureza de Deus. A santidade é a disposição de Deus. E glória é o próprio ser de Deus. A justiça, no entanto,é o proceder de Deus. É pela justiça que Deus age. ou seja, os seus métodos são baseados na sua justiça. Umavez que Deus é justo (SI 7.11), Ele não pode salvar o homem meramente conforme o desejo do seu coração. Éverdade que Deus salva o homem porque o ama. Mas tudo o que Deus faz, até mesmo a salvação do homem, érealizado de acordo com a sua justiça, de acordo com o seu próprio proceder, o seu próprio padrão moral.

Sem dúvida nenhuma, Deus é cheio de amor para conosco, e deseja nos salvar, mas Ele também deseja fazer issolegalmente. Veja que coisa: o amor de Deus é limitado por sua justiça. Deus não pode agir contrariamente a si próprio edeclarar, irresponsavelmente, que os nossos pecados estão apagados, que tudo está bem e que podemos nos considerarlivres. Se Deus nos perdoasse de maneira irresponsável, que lei, que justiça e que verdade seria deixada no Universo?

Para Deus, não foi uma questão fácil nos salvar sem violar a sua justiça. O apóstolo Paulo recebeu a revelação

de Deus para nos dizer como foi que Deus tratou especificamente deste problema: “A quem Deus propôs, no seusangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixadoimpunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,

 para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.25,26).Deus enviou Jesus para nos redimir de nossos pecados, sendo Cristo feito a nossa propiciação. Assim, Jesus

resolveu, de uma vez por todas, o problema do pecado. A obra redentora na cruz foi cumprida e a ressurreiçãoconfirmou que a solução é, de fato, verdadeira.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 71. Em que fato se baseou a salvação de Deus?2. O que se entende por justiça de Deus?3. Explique, com suas próprias palavras, porque o amor de Deus é limitado por sua justiça.

CURSO DE TEOLO GIA116

Page 105: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 105/150

M Ó D U L O 3 I SOTERIOLOGIA

VIDA E MORTE DE JESUS CRISTO

Os escritores bíblicos registraram, com precisão, desde 0  nascimento de Cristo até sua ressurreição. AsEscrituras ensinam que o Filho preexistente de Deus se tomou homem: “E o Verbo se fez came e habitou entrenós” (Jo 1.14). Jesus participou da came e do sangue a fim de poder morrer: “Visto, pois, que os filhos têmparticipação comum de came e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte,destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hb 2.14). Cristo veio a este mundo com opropósito preestabelecido de retirar os nossos pecados: “O Filho do homem, que não veio para ser servido, maspara servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28).7

Por meio da encarnação, Jesus cumpriu as profecias a seu respeito: “Porque um menino nos nasceu, um filhose nos deu; 0 governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Paida Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). “O Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e daráà luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). O profeta Miquéias foi preciso ao dizer: “E tu, Belém Efrata,pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá 0 que há de reinar em Israel, e cujasorigens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Um exame cuidadoso do AntigoTestamento revela que o Messias seria um Salvador, e também um rei.

O propósito de todos os propósitos da encarnação de Cristo pode ser visto na seguinte declaração do apóstoloPaulo: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebí: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo asEscrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1C0 15.3). Jesus morreu em

lugar de todos nós, como está escrito: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para simesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2C0 5.15).

Várias são as conseqüências da morte de Cristo, vejamos.

8.1 A MORTE DE CRISTO FOI UMA SUBSTITUIÇÃO PELO PECADOUm dos significados principais da morte de Cristo, sem o qual os demais não teriam qualquer sentido eterno,

é a substituição. Isto significa simplesmente que Cristo morreu no lugar dos pecadores: “Um morreu por todos;logo, todos morreram” (2C0 5.14). Foi por causa da “... entranhável misericórdia de nosso Deus” (Lc 1.78)que Cristo veio. “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou” (Ef 2.4),

manifestou sua graça salvadora (Tt 2.11).

A obra de Jesus foi uma obra de redenção, conforme está escrito: “Ele nos libertou do império das trevas e nostransportou para 0 reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13). Mas0 resultado dessa obra redentora é a substituição. A redenção é a causa e a substituição, 0 resultado. As Escriturasdizem que Jesus “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortospara os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” ( lPe 2.24). E, de igual modo, “Cristo,tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos

que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28).A idéia de substituição era corrente entre os hebreus. O sumo sacerdote devia tomar “como sua oferta pela

culpa, pelo pecado que cometeu [...] do gado miúdo, uma cordeira ou uma cabrita como oferta pelo pecado;assim, o sacerdote, por ele, fará expiação do seu pecado” (Lv 5.6). Mais claro ainda era o ritual do Dia da

7Veja Módulo 2, A humanidade de Cristo, cap. 2.

117CURSO DE TEO LOGIA

Page 106: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 106/150

M ÓDULO 3 I SOTER IOLOGIA

Expiação. O sumo sacerdote devia ‘4tomar dois bodes para oferta”, a fim de expiar os pecados da comunidadeisraelita como um todo (Lv 16.5). Um bode devia ser sacrificado e o seu sangue aspergido, como de costume,ao passo que, sobre a cabeça do bode vivo, o sumo sacerdote devia pôr ambas as mãos e confessar 44todas asiniqüidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do

 bode e enviá-lo-á ao deserto” (Lv 16.21).Esse sacrifício deixava claro que a reconciliação era possível somente por meio de um substituto. Tal

concepção (a substituição) foi ficando cada vez mais clara à medida que Deus concedia mais revelações sobreesse sacrifício. O profeta Isaías foi quem começou a delinear alguém cuja missão abarcaria as nações. E essa

 pessoa, a fim de cumprir tamanha missão, precisaria sofrer, levar o pecado de todos e morrer (Is 53). Não há dúvidas de que o capítulo 53 de Isaías, que descreve, em particular, o sofrimento e a morte do servo,

é aplicado a Jesus. Os escritores do Novo Testamento citam oito versículos específicos cujo cumprimento se dáem Jesus. O versículo 1, que diz: 44Quem creu em nossa pregação?”, é aplicado a Jesus no Novo Testamento,mas precisamente em João 12.38. O texto de Isaías 53.4, que diz: 44Ele tomou sobre si as nossas enfermidadese as nossas dores levou sobre si” se cumpre no ministério de cura de Jesus, conforme registrado em Mateus

8.17. Os textos do versículo 5, onde lemos: 44Pelas suas pisaduras fomos sarados”, e do 6, que diz: 44Andávamosdesgarrados como ovelhas”, têm eco em lPedro 2.22-25), tal como os versículos 9 e 11.

Os versículos 7 e 8 de Isaías 53 falam que ele (Jesus) 44foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; comocordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por

 juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido”, eram os textos que o eunuco etíope lia em sua carruageme levaram Filipe a lhe contar as boas-novas sobre Jesus (At 8.30-35).

À luz da evidência a respeito da natureza expiatória da morte de Cristo, contamos, ainda, com algumas palavras no original grego, usadas pelos escritores sacros, que muito irão nos ajudar a compreender esse assunto.A preposição 44por” é a tradução de υπέρ (,h u p e r  ), que significa 44em favor de” ou 44em benefício de” . Quando a

sua tradução é anti (a n t i), significa 44em lugar de” . A maioria das referências, no entanto, aparece com huper .  Porexemplo: 44Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nósainda pecadores” (Rm 5.8). E também em 44um morreu por todos; logo, todos morreram” (2C0 5.14).

A preposição a n t i aparece somente nos versículos de resgate, como, por exemplo, em Marcos 10 .45:44Pois 0

 próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por [anti - ant i ] 

muitos”. E em 1Timóteo 2.6, que diz: 44O qual a si mesmo se deu em resgate por todos”, onde 44por” é, novamente,h u p e r  , mas a preposição a n t i se encontra substantivo ant i lytron.

É claro que a morte de Cristo foi, ao mesmo tempo, em nosso lugar e em nosso benefício, e não há razão pelaqual h u p e r   não possa incluir ambas as idéias ao ser usada em relação à morte de Cristo.

8.2 A MORTE DE CRISTO OFERECEU REDENÇÃO No Novo Testamento, a doutrina da redenção é edificada sobre três palavras gregas. A primeira delas éλυτροω (lutroo ), geralmente traduzida por 44redimir” . A segunda é άπ ολυτρ ώ σις (.apolu t ros i s ), cuja tradução é44redenção”. E a terceira, da qual derivam essas duas, é λύτρον (<lutron), que significa 44um resgate” ou 44o preçoda soltura”. Lutron era um termo quase técnico no mundo antigo usado para a compra e a libertação de um

escravo.Segundo Strong, o termo lutron ( l u t ron) era usado para 44libertação de muitos da miséria e da penalidade de

seus pecados”. 8Essa idéia de comprar de volta, de resgatar, foi exatamente o que Cristo fez!Voltando à definição dessas palavras, a primeira, λυτρόω {lutroo),  significa 44comprar ou adquirir, ou pagar

um preço por alguma coisa”. É usada, por exemplo, com um sentido cotidiano, comum, na parábola do tesouro

9Vocábulo Resgate in B íblia On-line: Módulo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.

CURSO DE TEO LOGIA118

Page 107: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 107/150

M ÓDU LO 3 I SOTER IOLOGIA

scondido: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado,scondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra [ou seja, redimi] aquele campo” (Mt

13.44). Em relação à nossa salvação, a palavra significa “pagar o preço que o nosso pecado exigiu para queudéssemos ser redimidos”.

A segunda, apolutrwsiv (apolu t ros i s ), é da mesma raiz da primeira. Em português, apolu t ros i s  ganharia oeguinte sentido: “pagar o preço para tirar do mercado”. Assim, a idéia dessa segunda palavra é que a morte

de Cristo, além de pagar o preço do pecado, retirou-nos do mercado de escravos do pecado para nos dar plenaerteza que jamais seremos novamente submetidos à escravidão e às penas do pecado.

A terceira, antilutron (ant i lu t ron ), usada para redenção, é totalmente diferente. Sua tradução é: “o que édado em troca por alguma coisa como preço de sua redenção, resgate”, o que significa que a pessoa resgatada éibertada, e isso no sentido mais completo da palavra. O meio pelo qual esta libertação é obtida é a substituiçãoealizada por Cristo, conforme está escrito em Hebreus 9.12. Em ITimóteo 2.6, lemos: “O qual a si mesmo se

deu em resgate por todos”.A base da redenção base é o sangue de Cristo (Hb 9.12), e o seu resultado é a purificação de um povo zeloso

de boas obras (Tt 2.14). Assim, a doutrina da redenção significa que, devido ao derramamento do sangue deCristo, os crentes foram comprados, libertos da escravidão e postos em plena liberdade.

Quão alto preço Deus pagou para nos libertar!

8.3 A MORTE DE CRISTO EFETUOU RECONCILIAÇÃOReconciliar significa “restaurar um relacionamento, renovar uma amizade”. A necessidade de reconciliação

patente por causa da inimizade entre Deus e o homem, provocada pelo pecado. A reconciliação efetuada pelamorte de Cristo significa que o estado de alienação em relação a Deus em que o homem vive foi mudado, demodo que, agora, o homem pode voltar a ter amizade com Deus. Ou seja, “Deus, que nos reconciliou consigomesmo por meio de Cristo” (2C0 5.18). De acordo com a epístola aos colossenses, isto foi feito por meio

o sangue de Cristo derramado na cruz: “E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,econciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.20).

Um enorme benefício que a reconciliação nos traz é o acesso à sala do trono. O apóstolo Paulo diz que “porle, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.18). Portanto, por meio de Cristo, podemos desfrutaraquele relacionamento com Deus pelo qual nos tomamos aceitáveis a Ele e recebemos a certeza de que Ele noslha com favor.

Assim, reconciliação, paz com Deus, adoção em sua família e acesso à sua presença, todos dão testemunhoo mesmo relacionamento novo a que Deus nos trouxe.

8.4 A MORTE DE CRISTO OFERECEU PROPIAÇÃO

Propiciar significa “apaziguar ou pacificar a sua ira”. Essa concepção é bem peculiar no Antigo Testamento,xemplificada pelas ofertas e sacrifícios ofertados a Deus (Lv 5.6,7,10; 9.7; Nm 15.24). Também é mencionadao Novo Testamento: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra oilho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jô 3.36). “A ira de Deus se revela do céu contra

oda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1.18). “Ninguém vos enganeom palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência"‘ (Ef 5.6).

O Novo Testamento apresenta a morte de Cristo apaziguando a ira de Deus. Paulo diz que Deus o propôs “comoropiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça” (Rm 3.25). João declarou que Cristo é a “propiciaçãoelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1J0 2.2).

119URSO DE TEO LOG IA

Page 108: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 108/150

MÓDULO 3 !SOTERIOLOGIA

8.5 A MORTE DE CRISTO JULGOU A NATUREZA PECAMINOSAA morte de Cristo nos trouxe um benefício importante ao tornar inoperante 0 poder dominador da nossa

natureza pecaminosa (Rm 6.110  ). Embora este conceito nào seja fácil de entender, Paulo diz que a nossaunião com Cristo, pelo batismo, envolve a nossa participação em sua morte, de modo que estamos mortos

 para o pecado.A crucificação do cristão com Cristo significa separação do domínio do pecado sobre sua vida. A pergunta:

“Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda

no pecado, nós os que para ele morremos?״  (Rm 6.12  ). é respondida por Paulo com um enfático "não”. Nacruz de Cristo “foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e nãosirvamos o pecado como escravos“ (Rm 6.6).

A palavra "destruir“, no grego καταργεω (katargeo), não significa aniquilar, pois, se fosse isso. a natureza pecaminosa seria erradicada, um fato que a nossa experiência dificilmente comprovaria. Entretanto, significa,isto sim, tomar ineficaz, inoperante e inativa a natureza pecaminosa. O crente está livre, portanto, para viver uma

vida agradável a Deus. Embora ainda seja possível ouvir e seguir as sugestões do pecado, nunca será possível ao pecado reconquistar o domínio e o controle que possuía antes da conversão.

8.6 A MORTE DE CRISTO OFERECE A BASE PARA A PURIFICAÇÃO DO PECADO DO CRENTE

O sangue (a morte) de Cristo é a base da nossa purificação cotidiana do pecado, conforme escreveu o apóstoloJoão: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue deJesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1J0 1.7). Com estas palavras, torna-se evidente que o sacrifíciodefinitivo de nosso Senhor oferece purificação constante ao crente quando o cristão pecar. A nossa posiçãode membros da família de Deus é mantida pela morte de Cristo. A nossa comunhão familiar é restaurada pela

confissão do pecado.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 81. Qual foi o propósito de Jesus ter vindo à terra? Cite 0 versículo bíblico que trata desse tema.2. Cite as conseqüências da morte de Jesus Cristo.3. Explique a idéia de substituição entre os hebreus.4. Quais são as palavras no original grego usadas pelos escritores sacros que nos ajudam a entender a

substituição?5. A doutrina da redenção é edificada sobre três palavras do Novo Testamento. Quais são elas? Explique-as

6. Qual é 0 sentido da reconciliação efetuada pela morte de Cristo?7. Faça um breve relato da propiaçào.8. O que significa a palavra "destruir” no grego?

CURSO DE TEOLOGIA120

Page 109: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 109/150

M ÓDU LO 3 ISOTER IOLOGIA

A palavra “fé” aparece raramente no An tig o Testamento, apenas em duas únicas ocorrências, sendo que a 

rimeira é um adjetivo (IS m 21.5) e a segunda, um substantivo (Hc 2.4).9

O termo hebraico ( ‘e m u n a h ) transmite a idéia de “firmeza, fidelidade, estabilidade”.10 Ter fé é estar certo 

obre algo, é ter certeza. Fé, no grego, é τπστίς ( p i s t i s ), que transmite 0  sentido de “convicção da verdade de 

go, confiança”. Thiessen faz uma observação e ssencial concernente à fé ao dizer que "as sim como acontece 

om o arrependimento, a fé também não recebe a atenção que merece. Grande importância é dada à conduta; o 

redo da pessoa é considerada com o questão indiferente. No entanto, a vida da pessoa é gove rnada por aquilo em  

ue crê e, na religião, pela pessoa em quem ela crê”.11

A fé ocupa um lugar de destaque na experiência cristã. A s Escrituras dizem que:

a) Somos alvos pela fé: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor 

Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.30,31). “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus  

por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).

b) Somos enriquecidos com 0  Espírito pela fé: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera  

milagres entre vós, porventura, 0 faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? [...] Para que a bênção de 

Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebéssemos, pela fé, o Espírito prometido” 

(G1 3.5,14).

c) Somos santificados pela fé: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da  

potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que 

são santificados pela fé em mim” (At 26.18).

d) Somos guardados pela fé: “Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação  

preparada para revelar-se no último tem po” (l P e 1.5; Rm 11.20; 2C 0 1.24; 1J0 5.4).

e) Somos estabelecidos pela fé: ”... Se o não crerdes, certamente, não permanecereis” (Is 7.9).

f) Somos curados pela fé: “Esse homem ouv ia falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que pos suía  

fé para ser curado, disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava” (At  

14.9,10; Tg 5.15).

g) Andamos pela fé: “Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2C0 5.7).

h) Superamos as dificuldades pela fé: “Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de 

muitas nações, segundo lhe fora dito: Ass im será a tua descendência. E, sem enfraquecer na fé, embora 

levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,  

não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, 

estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir 0 que prometera” (Rm 4.18-21).

No Bíblia Almeida Revista e Corrigida aparecem duas ve ies ( ISa 21.5 e Hc 2.4), enquanto que, na Bíblia Alm eida Revista e Atualizada,

penas uma (Hc 2.4)

Vocábulo Fé in Bíblia On-line: M ódu lo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2 002 . CD-ROM.

THIESSEN, Henry Clarence. Palestra s em teologia sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 200 6, p.254.

121URSO DE TEO LOG IA

Page 110: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 110/150

M ÓDULO 3 I SOTERIOLOGIA

Consideremos o valor da fé no pensamento de Deus:

a) Ele declara que a fé é necessária para agradá-lo: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,  

porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se toma galardoador  

dos que o buscam ” (H b 11.6).

b) Considera a descrença como um grande pecado: “... D o pecado, porque não crêem em m im ” (Jo 16.9; Rm 14.23).

c) Como uma restrição à manifestação de seu poder: “Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar 

uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirou-se da incredulidade deles” (M c 6.5,6).

9· 1A FÉ DEVE AUMENTAR À MEDIDA QUE O NOSSO CONHECIMENTO AUMENTAAo contrário do entendimento comum e secular a respeito da “fé”, a verdadeira fé bíblica não é algo que se  

toma mais forte. Antes, a fé salvífica é coerente com o conhecimento e com o verdadeiro entendimento dos fatos. 

Pau lo diz: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de De us ” (Rm 10.17).

Quando as pessoas têm informações verdadeiras sobre Cristo, tomam-se mais capazes de depositar sua confiança nele. Assim , a fé não é enfraquecida pelo conhecimento. Pelo contrário, por meio de um conhecimento 

verdadeiro, tende a aumentar.

Embora consideremos a fé e o arrependimento como aspectos da conversão no início da vida cristã, é 

importante compreendermos que esses aspectos não se limitam apenas ao começo da caminha cristã. Ao  

contrário, são atitudes da alma que continuam por toda a vida cristã. Jesus ensinou aos discípulos a orarem  

assim: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mt 6.12).  

Esta oração, certamente, quando feita com sinceridade, porque causará uma tristeza diária, por causa do 

pecado e de arrependimento. Do contrário: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos  

nos en ganam os, e a verdade não está em nós. Se confe ssarm os os nos sos pecado s, ele é fiel e justo para nos 

perdoar os pecados e nos purifica r de toda injustiça” (1J0 1.8).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 91. Qual é a idéia de fé no Ant igo Testamento?

2. Cite alguns aspectos que a fé ocupa na experiência cristã.

3. Cite algun s aspectos que a fé ocupa no pensamento de Deus.

4. Co m o a fé é aumentada?

CURSO DE TEO LOG IA122

Page 111: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 111/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOGIA

GRAÇA

A graça é uma palavra usada no No vo Testamento para traduzir o vocábulo grego χαρ Τς (C h a r i s ), que 

gnifica “favor sem recompensa”. O dicionário Webster amplia este conceito e diz que graça é: “Favor, boa  

ntade, misericórdia, tolerância quanto ao pagamento de um débito; amor e favor de Deu s para com o hom em ”. 

mesmo dicionário dá, também, o significado do termo misericórdia: “Deixar de fazer mal a um ofensor, a um  

m igo [...] disposição de perdoar uma ofensa, ser gentil, o poder de perdoar”.

Assim, a graça é 0 favor divino manifestado àquele que não merece. Com esta palavra, os escritores inspirados 

monstram que ninguém é merecedor do favor divino. Pelo pecado herdado de Adão, todos, sem exceção, são  erecedores da condenação. M as Deus não nos paga conforme os nossos merecimentos, pelo contrário, age exatamente 

ferente, conforme podemos ver no texto de Colossenses 2.14, que diz: Havendo riscado o escrito de dívida que havia  

ntra nós nas suas ordenanças, o que nos era contrário, tirou-os do meio de nós, cravando-o na cruz”.

10.1 A GRAÇA COMO PONTO OPERANTE NA SALVAÇÃOEm Efé sios 2.8,9, lemos: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deu s; 

o de obras, para que ninguém se glorie”.

Por esse texto, 0 apóstolo Pau lo nos diz que a salvação é pela graça, um dom gratuito, imerecido, da parte de 

us. Es sa graça opera por meio da fé, de tal maneira que a fé é o instrumento pelo qual a graça opera para nos 

lvar. Para enfatizar que a salvação é um dom de Deus, a Bíblia diz que, desde o começo, somos salvos “pela  

aça”. Sendo assim, entendemos que a salvação não provém de nós mesmos, mas de Deus, é um dom d ivino  

e não depende das obras. Ou seja, não depende daquilo que o homem faz, e muito menos dá espaço para a 

ngloria, “para que ninguém se glorie”.

O homem que se encontra sob a graça de Deus é um homem que tem sido absolvido da pena e do poder do pecado, 

m vencedor do mal em todas as suas formas. E um homem cujos presente e futuro se acham sob o poder e a direção do 

pírito Santo de Deus. “No contexto da doutrina da salvação, a graça divina deve ser abordada sob duplo aspecto:

1) Com o favor imerecido da parte de De us para com todos os pecadores, indistintamente.

2) Co m o poder restringível do pecado, operante na reconciliação do homem com De us e na santificação do 

crente”.12

O apóstolo Paulo caracteriza a condição do homem que se encontra “sob a graça” com as seguintes palavras:  

gora , pois, já nenhum a condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (R m 8.1). De po is de liberto do poder 

pecado, Deus nos concede a oportunidade de sermos repletos de dons da graça, porém, adverte-nos para que 

o recebamos em vão a sua graça (2C0 6.1).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 101. O que significa o termo graça ?

2. Por meio da graça, como De us retribui ao pecador suas ofensas?

3. Qu ais são as conseqüências da graça de De us?

4. Qual é a advertência com relação à graça que encontramos nas Escr ituras?

ANDRADE, Claudionor de. As verdades centrais da fé cristã. Rio de janeiro: CPAD, 2006, p. 215.

123RSO DE TEO LOGIA

Page 112: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 112/150

M ÓDULO 3 I SOTERIOLOGIA

REGENERAÇÃO

A regeneração (0  novo nascimento) é a obra sobrenatural e instantânea do Espírito Santo no coração do  

pecador à medida que ele se arrepende e aceita a Cristo como seu Salvador pessoal. Por esse milagre, o espírito 

do pecador, que estava morto nas transgressões e pecados, é vivificado pelo Espírito Santo, conforme está escrito: 

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos voss os delitos e pecados” (E f 2.1). Ess a nova vida é a natureza divina 

que passa a habitar no crente, mediante 0 poder do Espírito Santo.

Aregeneração significa “nascer de novo em Deus” (Jo 1.13), “nascer do Espírito” (Jo 3.8), “nascer de novo” 

(Jo 3.7). A pessoa se toma uma n ova criatura e todas as coisas se tom am novas, como está escrito: “Se alguém  está em Cristo, é nova criatura; as coisas an tigas já passaram; eis que se fizeram no vas ” (2C0 5.17).

11.1 A REGENERAÇÃO É UMA OBRA EXCLUSIVAMENTE DE DEUSÉ Deus quem dá o nascimento espiritual à pessoa, portanto, 0  novo nascimento é uma obra exclusiva  

de Deu s. Ve mo s isso, por exem plo, quando João fala a respeito daqueles a quem C risto concedeu poder de 

se tornarem filhos de Deus, dizendo que eles “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da 

vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13).

Com o novo nascimento, a pessoa passa a viver para Deus em Cristo: “Considerai-vos mortos para o pecado,  

mas vivos para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6.11). Ou seja, a pessoa sai das trevas para a luz: “Outrora, éreis  

trevas, porém, agora, sois luz no Senhor: andai como filhos da luz” (E f 5.8); passa a experimentar uma paz 

interior que excede todo o entendimento: " A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará 0  vosso 

coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (E f 4.7). O amor de Deus é derramado em seu coração pelo Espírito  

Santo: “Ora, a esperança não confunde, porque 0  amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito 

Santo, que nos foi outorgado" (R m 5.5): passa a viver numa nova dim ensão com relação às coisas espirituais: 

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las. 

porque elas se discernem espiritualmente. M a s o homem espiritual julg a todas as coisas, mas ele mesmo não é 

 ju lgado por ninguém" (1 Co 2.14,15).

O Espírito Santo dá vida ao espírito humano: " 0 que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é 

espírito” (Jo 3.6). A pessoa experimenta uma nova vida de ressurreição: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte 

pelo batismo: para que. como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos  

nós em novidade de vida " (Rm 6.4). H á nova natureza espiritual, como está escrito: “... nos têm sido doadas as suas 

preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos tomeis co-participantes da natureza divina (2Pe 1.4), 

e também vitória sobre 0 pecado: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois 0  que 

permanece nele é a divina semente; ora. esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.9).

11.2 REGENERAÇÃO VEM ANTES DA FÉ SALVÍFICABaseado nos versículos citados acima, podemos definir a regeneração como 0  "ato de Deus de despertar 

a vida espiritual dentro de nós. trazendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual". Por essa definição, é 

natural entender que a regeneração vem antes da fé salvífica. De fato, é essa obra de Deus que nos dá capacidade  

espiritual para que possam os responder ao próprio Deus com fé. Entretanto, quando d izemos que a regeneração 

vem “antes’- da fé salvífica. é importante lembrar que as duas (regeneração e fé) aparecem tão juntas que,  

geralmente, parece que ocorrem ao mesmo tempo. As sim que Deus nos dirige 0 chamado eficaz do evangelho,

CURSO DE TEOLOGIA124

Page 113: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 113/150

MÓDULO 3 ISOTERIOLOGIA

Ele nos regenera, e respondemos com fé e arrependimento a esse chamado. M as da nossa perspectiva é difíc il 

perceber qualquer diferença no tempo em que ocorrem esses dois aspectos, especialmente porque a regeneração 

é uma obra espiritual que não podemos perceber com os o lhos nem mesmo entender com a mente.

11.3 O QUE NÃO É REGENERAÇÃOA regeneração não significa mudança, porque a mudan ça é resultado do esforço próprio e a regeneração 

procede da obra do Esp írito Santo no coração. A mudança opera tão-somente muda a conduta externa, já a 

egeneração muda a natureza moral, ou seja, todo o 46nosso h omem interior se renova de dia em d ia” (2C 0 4.16). 

A mudança se dá por meio de um ato natural, ao contrário da regeneração, que é uma obra sobrenatural da graça  

e do poder de Deus. As Escrituras explicitamente declaram a impossibilidade da salvação somente pela mudança 

externa, como está escrito: 44Quando, porém, se manifestou a ben ignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu 

amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou  

mediante 0 lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de 

Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.46  ).

A lguns acham que o 44batismo das águas” ou 44em águas” transforma espiritualmente e concede o novo 

nascimento, ou purificação espiritual. O batismo é a forma ordenada por Deus de exteriorizar a obra interior da  

graça no coração do crente recém-nascido. É uma declaração do evangelho, portanto, é um anúncio da graça de 

Deus: sua ênfase, como nas palavras de Paulo para Tito, é De us vindo até nós, não que nós façamos algo por ele 

Tt 3.4). Assim, o batismo deve seguir a regeneração.

A regeneração não é nenhuma dessas coisas. 44O vocábulo 4regeneração’ consiste na transformação mora l e 

espiritual do crente, segundo a im agem de Cristo, de tal modo, a produzir um ser moral semelhante a Cristo, no 

im do processo”.13 Co m o descrito no N ov o Testamento, 0 novo nascimento é:

a) Um nascimento: 44Todo aquele que crê que Jesus é o Cr isto é nascido de Deus; e todo aquele que ama 

ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1J0 5.1). O apóstolo João d iz o seguinte: 44Todos  

quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu  

nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de  

Deus” (Jo 1.12,13).

b) Uma purificação: 44Quando, porém, se manifestou a benign idade de Deus, nos so Salvador, e o seu amor  

para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou 

mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por 

meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.4-6).

c) Uma vivificação: 44Porque, assim como, em Adão , todos morrem, assim também todos serão vivific ados 

em Cr isto ” (1C 0 15.22). 44Po is as sim como o Pa i ressuscita e viv ifica os mortos, assim também o Filh o 

vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21).

d) Uma criação: 4Έ , assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as co isas an tigas já passaram; eis que 

se fizeram novas” (2C0 5.17).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 111. O que é a regeneração?

2. A regeneração possui outros nomes. Quais são?

3. Cite exemplos do que não é regeneração.

4. Co m o as Escrituras definem o novo nascimento?

3SILVA, Severino Pedro da. A doutrina da predestinação. 6a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 117.

125URSO DE TEOL OGIA

Page 114: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 114/150

MÓDULO 3 ISOTERIOLOGLA

JUSTIFICAÇÃOA justificação se refere à posição do crente diante de Deus. Por sua natureza, o homem é um transgressor da 

lei de Deus: “Com o está escrito: Nã o há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). N a regeneração, o homem recebe uma  

nova vida e uma nova natureza. Na justificação, uma nova posição.

Justificação é um termo forense que descreve o pecador diante de um tribunal de Deus para receber a sentença  

de condenação devido aos seus delitos. M a s ao ser pronunc iada a sentença, o homem é judicialmente absolvido 

das acusações que lhe pesava, sendo declarado justo por Deus.

Portanto, por justificação, entende-se 0 ato pelo qual De us declara justa a pessoa que a Ele se chega por meio 

da pessoa de Jesus Cristo, como declarou o apóstolo Paulo: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glor ificou” (Rm 8.30).

12.1 JUSTIFICAÇÃO INCLUI UMA DECLARAÇÃO LEGAL DA PARTE DE DEUSO uso do verbo “justificar” nas Escrituras indica que a justificação é uma declaração legal da parte de Deus. 

“Era um processo bem conhecido no mundo antigo. Conferia-se um a pedrinha branca a um homem que sofrerá 

um processo e fora absolvido. E, como prova, levava, então, consigo a pedra para provar que não cometera 0

crime que se lhe imputara”.14

N o Novo Testamento, o verbo “justificar”, no gre go δικά toco (<d i k a i o o), tem uma variedade de significados, 

mas um sentido muito com um é “declarar justo”. Observe que o pecador não é justo, mas é “declarado” justo 

com base em sua fé no sacrifício vicário de Jesus: “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para  

manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; 

tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele 

que tem fé em Jesus” (Rm 3.24-26).

Na declaração legal de justificação da parte de Deus, o Senhor declara especificamente que somos 

 ju stos à sua vista. Is so sig n if ic a que aqueles que foram ju st if ic ados não possuem dív id a ne nh um a a pagar  

pelo pecado, incluindo os pecados do presente, do passado e do futuro, pois, “tendo cancelado o escrito de  

dívida, que era contra nós e que cons tava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, rem oveu-o inteiramente, 

encravando-o na cruz” (Cl 2.14).

Portanto, não existe mais nenhuma acusação ou condenação, como está escrito: “Agora, pois, já nenhuma  condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (R m 8.1). Nes se sentido, ao justificar o pecador, Deus o co loca  

na posição de um justo, ou seja, como se ele nunca tivesse pecado.

14SILVA, Severino Pedro da. A doutr ina da predestinação. 6a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 124.

CURSO DE TEO LOGIA126

Page 115: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 115/150

M Ó D U L O 3 I SOTER IOLOGIA

12.2 BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃOPor meio desta declaração legal, inúmeros benefícios são conferidos à vida do crente justificado, entre os  

uais podemos destacar:

a) O cumprimento da lei

Por meio da justificação, o homem, que jamais conseguiu cumprir a lei de Deus para obter a vida eterna, 

justificado perante Deus, que env iou Jesus Cristo para cumprir a sua lei por nós (M t 5.17). Desse modo, 

or intermédio de Jesus Cristo, “todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser  

ustificados pela lei de M o is és” (A t 13.39).

b) Um novo relacionamento com Deus

Devido ao pecado, havia uma separação entre Deus e o homem, porém, mediante a justificação, mediante  

esus Cristo, essa inimizade foi extinta, ou seja, o relacionamento entre Deus e o homem foi restaurado. Assim: 

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo [...] Logo, muito  

mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.1,9).

c) Um a nova concepção do futuro

Mediante a justificação, o crente tem seus pecados perdoados e a pena de seus pecados revogada, portanto, 

livre da culpa do passado e dos temores futuros. Este processo de justificação traz paz e segurança. “Uma  

ez justificado por Deus, o crente pode saber, nesse exato momento, que é salvo. Ele não precisa esperar até a  

onsum ação dos séculos, para ver se foi 6suficientemente bom ’ para merecer a salvação”.15

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 121. Qu al é o signific ado do termo justificação?

2. O que ocorre com a declaração legal de justificação da parte de Deu s?

3. Qu ais são os benefícios da justificação?

OLIVEIRA, Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblia. 9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 228.

!27URSO DE TEO LOGIA

Page 116: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 116/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOGIA

EXPIACÃOA palavra hebraica (k a p h a r  ) sign ific a “fazer expiação, fazer reconciliação, pur ificar’’.16 N ão é pacífico, 

entre os estudiosos, a extensão desse termo, pelo contrário, é objeto de calorosos debates. A palavra expiação  

é encontrada poucas vezes na Bíblia, mas o seu conceito é assunto principal tanto no Antigo quanto no Novo  

Testamento. Palavras ma is conhecidas, como, por exemplo, reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de 

pecados e perdão, estão diretamente relacionadas com esse tema.

A idéia de expiação é bastante enfatizada no Antig o Testamento. O hom em pecava constantemente e merecia 

a ira justa de Deus, porém, com a interposição do sacrifíc io de sangue, a ira de Deus era afastada. A oferta de 

expiação simbolizava uma troca substitutiva da vida de um animal sacrificado pela vida daquele que a oferecia. 

Era a vida de um inocente no lugar da vida de um culpado. Tal ato só tinha valo r se o pecador colocasse suas mãos  

na cabeça do animal sacrificado, confessando seus pecados: “E porá a mão sobre a cabeça do bode e 0  imolará 

no lugar onde se imola o holocausto, perante 0 Senhor; é oferta pelo pecado” (Lv 4.24). Esse ato era realizado  

pelo sacerdote, tendo como conseqüência o perdão dos pecados e a reconciliação (Lv 4.20). Os sacrifícios assim  

apresentados eram prefigurações do grande e único sacrifício de Jesus Cristo

N o N ov o Testamento, há varias passagens que falam da ira de Deus, ou seja, De us ficando irado com os 

pecadores: “A ira de De us se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade 

pela injustiça” (R m 1.18; G1 3.10; E f 2.3). A Bíbli a expressamente declara que os sofrimentos e a morte de Cristo  

foram v icários, e vicá rios no sentido mais exato do termo. Isto é, Jesus assumiu 0 lugar dos pecadores e a culpa 

dos pecadores foi imputada a Cristo e a punição que os pecadores mereciam foi transferida para Jesus. Po r isso, 

Jesus pode ser chamado de “0 Cordeiro de Deus, que tira 0 pecado do mundo!” (Jo 1.29).

Há várias passagens na Escritura que falam de nossos pecados sendo lançado sobre Cristo e de Cristo levando  

sobre si 0  pecado ou iniqüidade: “Aquele que não conheceu pecado, ele 0 fez pecado por nós” (2C0 5.21; G1 

3.13; Hb 9.28; lPe 2.24). Diante de tamanhas evidências, conforme escreveu Wayne Grúndem, podemos definir  

a expiação dessa forma: “a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter a nossa salvação”.17

13.1 A CAUSA DA EXPIAÇÃOQual foi o motivo que levou Cristo a vir a este mundo e morrer pelos nossos pecados? Para encontrar a 

resposta, devemos pesquisar o assunto sobre algu ma coisa no caráter do próprio Deus. A s Escrituras apontam 

para duas características: 0 amor e a justiça de Deus.

Aqui, temos um problema. Se Deus estivesse disposto a usar todos os meios possíveis para nos salvar, e se  

ignorasse totalmente a questão da justiça, Ele podería dizer a qualquer pessoa: “Pode ir, você está livre”. Se  

Deus dissesse isso, Ele seria um Deus totalmente bom. Deus jamais podería ser assim. Por outro lado, se Deus  

não amasse, seria fácil. Ele simplesmente não se importaria com o homem e o deixaria morrer e perecer quando 

pecasse. M a s D eu s não age assim, porque ama o homem. O problema é que, aqui, 0  pecado e 0 amor de Deus 

estão juntos. Agora, quando a justiça é acrescentada a esses dois aspectos, a salvação se toma mais complexa  

sobre a terra. Se 0 homem não tivesse pecado, tudo estaria bem; e se Deus não nos amasse, também não havería 

problema. Essas três questões: amor, pecado e justiça, não podem coexistir facilmente. O amor é um fato, o 

pecado também, e a justiça uma necessidade.

1‘ HARR IS, R. La ir d; ARCHER JR, Gleason l; WALTKE, Bruce K. Dic ionário inte rnacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida

Nova. 1998, p.743.

' 7GRUN DEM , Wayne. Teologia sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 471.

CURSO DE TEO LOG IA128

Page 117: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 117/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOGIA

A palavra “feitura”, no grego, é πο ίη μα ( p o ie m a ), que significa obra-prima, ou um poema, ou uma obra que 

demonstre as características do seu criador. A salvação que Deus preparou por meio de seu Filho Jesus é essa 

obra-prima. Jesus é capaz de nos salvar de nossos pecados e demonstrar seu amor sem comprometer sua justiça. 

Na cruz, Jesus satisfez sua justiça e, também, demonstrou seu amor.

Os sofrimentos de Jesus se intensificaram à medida que Ele se aproximava da cruz. Ele compartilhou com  os discípulos algo da agonia que estava vivendo quando disse: “A minha alma está profundamente triste até a 

morte” (M t 26.38). Foi especialmente sobre a cruz que os sofrimentos de Jesus por nós atingiram seu clímax, 

pois foi ali que Ele suportou o castigo pelo nosso pecado e morreu em nosso lugar. Por meio das Escrituras,  

podemos perceber que Jesus experimentou quatro diferentes aspectos da dor:

1) Dor física e morteNão precisamos sustentar que Jesus sofreu muita dor física. Seus discípulos registraram, nos evangelhos, sua  

morte e crucificação. Marcos nos informa o seguinte: “Puseram-se alguns a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-  

lhe murros e a dizer-lhe: Profetiza! E os guardas o tomaram a bofetadas” (14.65). Em Mateus, lemos: “Despojando-  

o das vestes, cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na  mão direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo  

nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e o 

vestiram com as suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado” (27.28-31).

Além desses sofrimentos, não podemos esquecer que a morte por crucificação era uma das formas mais  

horríveis de execução que o homem já inventou. Es se tipo de morte é a mais dolorosa e demorada.

2) A dor de carregar 0 pecadoM ais horrível que a dor do sofrimento físico que Jesus suportou foi a dor psico lóg ica de carregar a culpa  

pelo nosso pecado: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôsse mos feitos 

justiça de Deus” (2 C0 5.21). Em nossa própria experiência como cristãos, conhecem os um pouco da angústia  que sentimos quando sabemos que pecamos. O peso da culpa nos oprime o coração, e há um amargo sentimento  

de separação de tudo o que é correto no Universo, uma consciência de algo que, num sentido bem profundo, não 

devia existir. Assim, esse sentimento fez que Jesus entrasse “em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu  

que o seu suor se tomou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc 22.44).

3) AbandonoNo Getsêmani, quando Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, confidenciou-lhes um pouco de sua agonia, 

dizendo: “A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vi giai” (M c 14.34). Esse é o tipo de 

confidência que somente se faz a um amigo muito íntimo e implica em um pedido de apoio na hora de maior  

provação. Entretanto, quando Jesus foi preso, “os discípulos todos, deixando-o, fug iram ” (M t 26.56).Pendurado na cruz, a dor física da crucificação, juntamente com o peso de nossos pecados, foi agravada, pelo 

fato de Jesus ter enfrentado essa dor longe da presença do Pai, a ponto de Ele clamar em alta voz: “Eli, Eli, lamá  

sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (M t 27.46).

4) A dor de suportar a ira de DeusM ais difíc il ainda que esses três aspectos da dor de Jesus foi a dor de suportar sobre si a ira de Deus. Co m o  

Jesus carregava sozinho a culpa de nossos pecados, Deus Pai, o poderoso Criador, o Senhor do Universo,  

derramou sobre Ele a fúria de sua ira: Jesus se tomou objeto do intenso ódio e da vingança contra o pecado que  

Deus tinha guardado com paciência desde o início do mundo.

129CURSO DE TEO LOG IA

Page 118: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 118/150

M ÓDULO 3 I SOTER IOLOGIA

13.2 OUTRAS CONCEPÇÕES ERRÔNEAS DA EXPIAÇÃO.Em contraste com a concepção da substituição penal da exp iação apresentada neste capítulo, vá rios outros 

pontos de vista têm sido defendidos na história da igreja.

a) A teoria do resgate pago a SatanásDe acordo com essa teoria, a morte de Cristo constituiu um resgate pago a Satanás, em cujo poder se 

encontravam todas as almas dos homens, devido ao pecado. E ssa visão foi sustentada por Orígenes (c. 185 - c.254 

d.C.), teólogo de Alexandria e, mais tarde, de Cesaréia. Depois dele, essa visão contou com o apoio de alguns  

outros na história antiga da Igreja. Segundo Russel Norman Champlin, este ensino “dominou o pensamento  

teológico por cerca de mil anos”. 18

b) A teoria da influência moral ou do amor de DeusA teoria da influência moral da expiação sustenta que Deu s não exige o pagamento de um castigo pelo pecado, 

mas que a morte de Cristo era simplesmente um modo pelo qual Deus mostrou o quanto amava os seres humanos 

ao se identificar, até a morte, com o sofrimento deles. Quanto a este conceito, Thiessen diz que “o sofrimento e a morte de Cristo são semelhantes aos do m issioná rio que entra em uma colônia de leprosos, por toda a vida, para 

poder salvar os que ali estão”.19Não há aqui, então, qualquer idé ia de fazer propiciação perante a ira de Deus,  

nem de Cristo morrer como um substituto pelos nossos pecados. Essa concepção foi defendida, pela primeira  

vez, por Pedro Abelardo (10791142   ), teólogo francês. Depois dele, Fausto Socínio despontou como um dos  

maiores expoentes.

c) A teoria do mártir ou do exemploA teoria do exemplo, à semelhança da teoria da influência moral, também nega que a justiça de Deus exija 

castigo pe lo pecado; diz que a morte de Cristo fo i um exemplo a ser seguido, que o único método de reconciliação 

é a melhoria da condição moral do homem. Seu único valor para a humanidade está no exemplo deixado. “Ele  nos redime só com o seu exemplo humano de fidelidade à verdade e o dever tem poderosa influência sobre 0

progresso moral”.20 A teoria do exemplo da expiação foi ensinada pelos socinianos, seguidores de Fausto Socín io 

(15391604   ), teólogo italiano que se estabeleceu na Polônia, em 1578, e atraiu grande número de adeptos.

d) A teoria governamentalEssa teoria sustenta que, em sua morte, Cristo proveu um sofrimento vicário, mas que de forma alguma Ele  

o fez a fim de levar sobre si mesmo o nosso castigo. Afirma que Deus, para manter o respeito por sua lei, deu  

um exemplo de seu ódio ao pecado na morte de Cristo. Dessa forma, Cristo não paga a pena exatamente pelos 

pecados concretos de alguém, mas apenas sofreu para mostrar que quando as leis de Deus são quebradas alguma  

espécie de pena deve ser paga.O problema com essa visão é que ela falha em explicar, de modo adequado, todas as passagens bíblicas que  

falam a respeito de Cristo carregando os no ssos pecados sobre a cruz, em Deus lançando sobre Cristo a iniqüidade 

de nós todos, em Cristo morrendo especificamente pelos nossos pecados e em Cristo sendo a propiciação pelos  

nossos pecados.

Além disso, ela retira o caráter objetivo da expiação por tomar o seu propósito não a satisfação da justiça  

de Deus, mas apenas a influência sobre nós, a fim de nos fazer perceber que Deus tem leis que devem ser 

guardadas. Essa concepção diz, ainda, que não podemos confiar, de modo correto, na obra completa de Cristo

18CHAMPLIN, R. N; BENTES, J.M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia, Vol. 2, 1995, p. 651.

19THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2006, p. 226.

20STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática. São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003, p. 398.

CURSO DE TEO LOG IA130

Page 119: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 119/150

M ÓDU LO 3 ISOTERIOLOGIA

uanto ao perdão dos pecados, pois, de fato, não foram pagos por Ele. Além do mais, ela faz que a conquistafetiva do perdão por nós seja algo que aconteceu na mente do próprio Deus, à parte da morte de Cristo sobre aruz — Deus já havia decidido nos perdoar sem exigir de nós nenhum castigo, então puniu a Cristo apenas paraemonstrar que ainda era o governador moral do Universo.21

Por fim, essa teoria não explica, de maneira adequada, a imutabilidade de Deus e a infinita pureza de suaustiça. Dizer que Deus pode perdoar pecados sem exigir nenhum castigo (a despeito do fato de que, pelasEscrituras, 0 pecado sempre requer 0 cumprimento de uma pena) é subestimar seriamente 0 caráter absoluto daustiça de Deus.

A teoria governamental da expiação foi ensinada pela primeira vez por um teólogo e jurista holandês, HugoGrotius (15831645 ).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 131) Como 0 Antigo Testamento demonstrava a idéia de expiação?2) Quais são os quatro diferentes aspectos de dor que Jesus experimentou?3) O que ensina a teoria do resgate por Satanás? Quem defendia tal idéia?4) O que ensina a teoria do mártir? Quem defendia tal idéia?5) O que ensina a teoria governamental? Quem defendia tal idéia?

GRU NDE M, Wayne. Teologia sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 2 006, p.485.

131URSO DE TEO LOG IA

Page 120: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 120/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOG1A

ARREPENDIMENTO

“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 4.17). Esta foi a primeira mensagem de Jesus.A expressão “arrependei-vos”, no grego μετανοεω (m e t a n o e o ), significa: “mudar a mente para melhor, emendarde coração e com pesar os pecados passados”.22 É uma mudança sincera e completa de opinião e disposição comrespeito ao pecado. O arrependimento era um dos temas centrais nas pregações de Jesus e, também, dos própriosdiscípulos de Jesus. Foi justamente essa a mensagem de João Batista: “Naqueles dias, apareceu João Batista

 pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3,1,2 ).

Em Marcos 1.14,15, está escrito o seguinte: Depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Gaíiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo: “O tempo está cumprido, e 0  reino de Deus está próximo.Arrependei-vos e crede no evangelho” (1 .14 15 ).

A mensagem de Pedro foi: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nomede Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

Paulo disse: “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo la ensinar publicamente etambém de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé emnosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.20,21).

O arrependimento, uma mudança de mente, conforme se conclui de seu sentido mais inteligível, contém trêselementos distintos: o intelectual, o emocional e o volitivo.

a) Elemento intelectual. Envolve uma mudança de pensamento em relação ao pecado, a Deus e a sí proprio.O pecado passa a ser reconhecido não apenas como uma fraqueza, um acontecimento ou um erro, mas,sim, como culpa pessoal. Deus, então, passa a ser concebido como aquele que exige a retidão e o “eu”,culpado diante de Deus.

b) Elemento emocional. E uma mudança de sentimento. O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios pelasegunda vez, disse: “Agora folgo, não porque fostes entristecidos, mas porque fostes entristecidos

 para arrependimento. Pois fostes entristecidos segundo Deus, de maneira que por nós não padecestesdano em coisa alguma. A tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz

 pesar, mas a tristeza do mundo opera a morte” (2C0 7.9,10).Existe uma grande diferença entre a tristeza pelo pecar e 0  sentimento de vergonha. “A pessoa

 pode ficar sim plesmente triste por ter sido apanhada no ato de pecar, não estando verdadeiramentearrependida por causa de seu pecado. Isto seria simples remorso. A tristeza pelo pecado deve serseguida pelo elem ento voluntário’*. 23

c) Elemento volitivo. Como o próprio nome diz, está relacionado com a vontade. Significa uma mudançade vontade e da posição em que se encontra. O arrependimento genuíno está umbilicalmente !!gadocom a vontade: não existe arrependimento sem desejo de se arrepender. Essa idéia é caracterizada pela

 palavra grega μετοίνοια (m e t a n o i a ), que significa: “mudança de mente (de um propósito que se tinhaou de algo que se fez)״ .

22 Vocábulo Arrependimento in Bíblia On-line: Módulo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.

23 DUFFIELD, Guy P; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da teologia pentecostal. São Paulo: Publicadora Quadrangular, Vol. 1 ,19 91 , p. 286.

CURSO DE TEOLOGIA132

Page 121: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 121/150

M ÓDU LO 3 I SOTERIOLOGIA

Um exemplo característico desse sentimento se encontra na história do filho pródigo, que disse: "Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamadoeu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai” (Lc 15.18-20).

Quando o arrependimento se encontra entrelaçado pelos elementos intelectual, emocional e volitivo, resulta em:a) Confissão do pecado: “Então, disse Davi a Deus: Muito pequei em fazer tal coisa; porém, agora, peço-te

que perdoes a iniqüidade de teu servo, porque procedí mui loucamente” (lCr 21.8). “Confesso a minha

iniqüidade; suporto tristeza por causa do meu pecado” (SI 38.18).

b) Abandono do pecado: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas 0 que as confessa e

deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13).

c) Retorna para Deus: “Deixe o perverso 0 seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se aoSenhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 141. O que significa “arrepender-se”?2. Quais são os três elementos do arrependimento?3. Quando o arrependimento se encontra entrelaçado com os elementos intelectual, emocional e volitivo,

resulta em quê?

133CURSO DE TEO LOGIA

Page 122: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 122/150

MÔDIILO 3 ISOTERIOLOG1A

SANTIFICAÇÃO

Os termos “santidade” (hb. q o d e s h )  e “santificação” (gr. αγ ιασμό ς - h a g i a s m o s ) são importantes à experiênciae à doutrina da salvação. Santidade é o termo principal e santificação, o ato ou processo pelo qual algo ou alguémse toma santo.

 No Antigo Testamento, a palavra santificação recebia o sentido de: “consagrar, santificar, preparar, dedicar,ser consagrado, ser santo”.24

Segundo a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, tudo o que se relacionava a Deus era santificado,

 por causa de sua consagração e adoração: a terra (Êx 3.5); o sábado (Gn 2.3; Êx 20.8; 31.14; Ne 13.22); o óleoda santa unção (Êx 37.29); as festas (Lv 23.2); o monte do Senhor (SI 15.1); a aliança (Dn 11.30); a comida (lTm4.5); a oferta (Mt 23.19); o sangue (Hb 10.29); os vasos (2Tm 2.21); o altar (Êx 40.10); o caminho (Is 35.8); acidade (Mt 4.5); os dízimos (Lv 27.32); o jejum (J1 1.14; 2.15); os sacrifícios (Rm 12.1); os primogênitos doshomens e dos seres (Êx 13.2; Dt 15.19), entre outras coisas.

Quando separadas para Deus, todas essas coisas eram consideradas santas, dedicadas a Deus, isoladas dasoutras coisas e pessoas!

Quanto mais o caráter de Deus se revelava, por meio de suas palavras e atos, e também por seus procedimentos para com Israel, a santidade de Deus ganhava mais significado. No Novo Testamento, Jesus deu mais expressão àsantidade e o Espírito Santo, por sua vez, iluminou o seu significado espiritual. Por conta disso, a santidade nãosignificava apenas separação, mas pureza.

15.1 OS TRÊS ESTÁGIOS DA SANTIFICAÇÃOA obra do Espírito Santo na vida do crente é tanto instantânea como gradual. Inclui a obra transformadora do

Espírito no coração do cristão, pela qual o cristão se toma moral e espiritualmente santo, como Deus é santo. Estaé a purificação inicial que ocorre no momento do novo nascimento, conhecida como santificação. Um segundomomento inclui o processo de transformação, quando o Espírito Santo vai convencendo e transformando o crenteà semelhança de Cristo até a glorificação no céu, como está escrito: “E todos nós, com o rosto desvendado,contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própriaimagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2C0 3.18).

a) O ato inicial da santificação No momento em que a pessoa nasce de novo, ocorre uma mudança moral, intelectual e espiritual, definida como

regeneração. Nesse mesmo momento, diz-se que a pessoa foi santificada, tornou-se santa. É a santidade posicionai,ou seja, a santidade de Cristo é atribuída ao crente. Pode ser que ele ainda não seja santo em sua conduta diária, masa santidade de Jesus lhe é imputada quando crê em Cristo. As Escrituras dizem: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus,o qual se nos tomou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1C0 1.30).

A partir do momento em que recebem a salvação, os cristãos são chamados de santos, independente de seusméritos. Paulo, ao escrever aos coríntios, disse: “Á igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados emCristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam 0 nome de nosso Senhor JesusCristo, Senhor deles e nosso” (1C0 1.2; Ef 1.1; Cl 1.2; Hb 10.10; Jd 1,3).

24Vocábulo Santificação in Bíblia On-line: Módulo Avançado 3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.

CURSO DE TEOLOGIA134

Page 123: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 123/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOGIA

Uma leitura da primeira epístola de Paulo aos coríntios evidenciará que aquela igreja estava longe de serperfeita. Seus membros foram chamados de carnais (1C0 3.1,2), além de cometerem inúmeros pecados graves;fomicação, litígios, etc.25

Em meio a tudo isso, a santidade de Cristo lhes fora imputada, porém, não manifestavam a santidade em

suas vidas. Paulo é claro neste ponto ao dizer: 44Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Nãovos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nemavarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós;mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e noEspírito do nosso Deus” (1C0 6.911 ).

A santificação inicial nos purifica da depravação dos pecados perdoados, mas não nos purifica da depravaçãoherdada, adquirida por meio de nossos antepassados: Adão e Eva.

b) O processo de santificaçãoAinda que o Novo Testamento fale sobre um começo definido da santificação, também a vê como um processo

que continua por toda a nossa vida cristã. João escreveu: 44O justo continue na prática da justiça, e o santocontinue a santificar-se” (Ap 22.11).

Segundo escreveu Paulo, os romanos tinham sido libertos do pecado (Rm 6.18) e estavam 44mortos para opecado, mas vivos para Deus” (Rm 6.11). Todavia, por outro lado, o apóstolo reconheceu que o pecado permaneciaainda na vida dos romanos e, por essa razão, escreveu: 44Não reine, portanto, 0 pecado em vosso corpo mortal,para lhe obedecerdes em suas concupiscências. Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado pornstrumentos de iniqüidade, mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos, e o s vossos m e m b r o s a

Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6.12,13).

Aos tessalonicenses, Paulo escreveu: ' 4Devemos sempre dar graças a Deus por vós, i r m ã o s amados peloSenhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do E sp í r i to e f é na verdade”

2Ts 2.13). Entretanto, o apóstolo não deixa de orar pela santificação desses crentes: 44O m e s m o Deus da paz vosantifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e i r r e p r e e n s í v e i s n a vinda denosso Senhor Jesus Cristo” (lTs 5.23). Não há contradição nesses dois textos. De modo a l g u m . P a u l o re c o n h e c e

que os cristãos foram santificados, no sentido de que a santidade de Cristo lhes fora imputada,  p o ré m , d e v e m

desenvolver a santidade até alcançarem a estatura de varão perfeito, porque 4'aquele que c o m e ç o u a b o a obra e m

vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).

c) Santificação completa e finalEmbora sejamos cristãos (Rm 6.12,13; 1J0 1.18), o pecado ainda permanece em nosso coração, por isso '4não

á promessa na Bíblia de que o cristão irá, nesta vida, chegar um dia a ponto de não pecar mais”,26 portanto, aossa santificação nunca se completará nesta vida. O apóstolo João, que experimentou a santificação, sabia quesantificação não nos purifica da depravação herdada, por isso escreveu: 44Se dissermos que não temos pecado

enhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1.8).A santificação completa e final, com a abolição do pecado, dar-se-á de duas maneiras na vida do cristão: pela

morte ou pelo arrebatamento. Será impossível pecar depois de qualquer um desses eventos. Pela morte, o autore Hebreus diz que quando entrarmos nos céus, chegaremos à 44igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a

Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23).Com o arrebatamento, o nosso corpo será glorificado. E o que diz a Bíblia em Filipenses 3.20,21: 44...

Aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igualo corpo da sua glória...”.

5Veja M ódu lo 2, Panorama do Novo Testamento: 1 Coríntios.

6 DUFFIELD, Guy P; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da teologia pentecostal. São Paulo: Publicadora Quadrangular, Vol. 1,1991 , p. 330.

135URSO DE TEO LOG IA

Page 124: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 124/150

MÓDULO 3 I SOT ERIOLO GIA

15.2 OS MEIOS DA SANTIFICAÇÃOA santif icação é uma obra tanto do Deus Trino quanto do homem.

O Deus Pai santifica o crente ao imputar-lhe a santidade de Cristo: **Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, 0 qualse nos tomou, da parte de Deus. sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1C0 1.30). O Deus Pai opera

naquilo que é agradável aos seus olhos: “Ora. 0  Deus da paz, que tomou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso

Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna al iança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cum prirdes

a sua vontade, operando em vós 0  que é agradável diante dele. por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o

sempre. Amém!" (Hb 13.20,21) . O Deus Pai disciplina: “Além disso, t ínhamos os nossos pais segundo a carne,

que nos corr igiam, e os respeitávamo s; não hav emo s de estar em m uito maior subm issão ao Pai espir itual e , então,

viveremos? Pois eles nos corr igiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina

 para apro veit am ento , a fim de se rm os part ic ip ante s da su a sa ntidade” (H b 12 .9 ,10; lP e 5.10) .

O Deus Filho, Jesus Cristo, santif ica o crente por meio do seu sacr if ício, ou seja, Jesus deu a sua vida pelo

crente: “Nessa vontade é que temos sido santif icados, mediante a ofer ta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por

toda s” (Hb 10.10; 13.10; Ef 5.25-27) . Além disso, o Deus Filho, por interméd io do Espír i to, prod uz a santif icaçãono crente: “Pois, tanto o que santif ica como os que são santif icados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não

se envergonha de lhes cham ar i rm ãos” (Hb 2.11).

O Deus Espír i to Santo santif ica o crente ao l ivrá- lo da natureza carnal: “Porque a lei do espír i to de vida, em

Cristo Jesus, te l ivrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2) . O Espír i to Santo mili ta contra a manifestação da

carne: “Porqu e a carne mili ta contra o Espír i to, e o Espír i to, contra a carne, porq ue são o postos en tre si; para que

não façais 0  que, porventura, seja do vosso querer” (G1 5.17) . Somente o Espír i to Santo pode mortif icar a carne:

“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espír i to, mortif icardes os fei tos do

corpo, cer tamente, vivereis” (Rm 8.13) , e produzir o f ruto do Espír i to (G1 5.22,23) .

O pape l que desem penham os na sant i ficação é pass ivo, porque dependem os de D eus para nos sant if ica r (Fp

2.13) , e at ivo, porque nos esforçamos para obedecer a Deus e dar os passos que nos ajudarão a aperfeiçoar a

nossa santif icação (2C0 7.1) .Deus colocou à disposição do crente meios pelos quais, caso esteja disposto, pode alcançar a santif icação.

Vejamos:

a) Pela Palavra: “Santif ica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo,

também eu os envie i ao mundo. E a favor de les eu me sant i fico a mim mesm o, para que e les tam bém se jam

sant i f icados na verdade" ( Jo 17.1719  ) . Davi disse: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar

contra ti” (SI 119.11).

b) Pela fé: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus,

a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santif icados pela fé em m im” (At

26.18). “E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração" (At 15.9).

c)  Pelo sangue de Jesus: “Por isso. foi que também Jesus, para santif icar o povo, pelo seu próprio sangue,

sofreu fora da porta” (Hb 13.12).

d) Pela Trindade:•  Pai. “O m esm o Deu s da paz vos santif ique em tudo; e o vosso esp ír ito, alma e corpo sejam co nservado s

íntegros e ir repreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” ( lTs 5.23) .

• Filho: “Po is, tanto o qu e san tifica [0   contexto se refere a Jesus] como os que são santif icados, todos

vêm de um só. Por isso. é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb 2.11) .

•  Espírito Santo: “Deus vos esco lheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na

verdade” (2Ts 2.13). "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito" (1 Pe 1.2).

CURSO DE TEOLOGIA!36

Page 125: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 125/150

M ÓDU LO 3 I SOTER IOLOGIA

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 151. Que sentidos que o Antigo Testamento dava à palavra santificação?

2. O que se entende por santificação instantânea e gradual?3. Quais são os três estágios da santificação? Explique, em poucas palavras, cada um deles.4. Como a Trindade opera a santificação?5. Quais são os meios que 0 crente possui para se santificar?

137URSO DE TEO LOGIA

Page 126: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 126/150

M ÓDULO 3 I SOTER IOLOGIA

ADOCAOPela regeneração. Deus nos dá uma nova vida espiritual interior. Pela justificação, o direito legal de estar

diante dele. Mas, pela adoção, faz-nos membros de sua família. No direito pátrio, a adoção é urna modalidade artificial de filiação que busca imitar a natural. Daí ser conhecida

também como filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas da manifestação da vontade, conformeo sistema do Código Civil de 1916, ou de sentença judicial, no atual sistema do Estatuto da Criança e Adolescente,

 bem como no novo Código Civil. O ato da adoção faz que uma pessoa passe a gozar do estado de filho de outra pessoa, independentemente do vínculo biológico.

A adoção espiritual (divina) é baseada nesse mesmo princípio, embora seja infinitamente mais abrangenteno seu alcance e finalidade. A palavra adoção é usada exclusivamente pelo apóstolo Paulo em suas epístolas. Otermo grego υιοθεσία (h u i o t h e s i a ) traduzido para “adoção" ocorre somente cinco vezes nas Escrituras.

Uma vez, o termo é aplicado a Israel como nação: “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória,as alianças, a legislação, o culto e as promessas” (Rm 9.4).

Em outra passagem, Paulo a utiliza para se referir à segunda vinda de Cristo: “E não somente ela, mastambém nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção defilhos, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23).

As outras três citações expressam a posição presente na vida do cristão:“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para

resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebéssemos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5).“Nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua

vontade” (Ef 4.5).“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes 0

espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15).

16.1 DEFINIÇÃO BÍBLICA DA ADOÇÃOPodemos dizer que “a adoção é o ato gracioso de Deus, o Pai, pelo qual o pecador arrependido não é apenas perdoado,

 justificado e regenerado [recebe 0 novo nascimento e uma nova vida], mas, também, declarado filho de Deus”.27O apóstolo João menciona a adoção no começo do seu evangelho, nos seguintes termos: “Mas, a todos quantos

o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais nãonasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.12,13).

A plena compreensão e gozo da adoção ocorrerão no arrebatamento da Igreja, quando o Senhor voltar para buscar os que lhe pertencem, como está escrito: “Gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, aredenção do nosso corpo” (Rm 8.23).

27DUEWEL, Wesley L. A grande salvação de Deus. São Paulo: Candeia, 1999, p. 179.

CURSO DE TEOLOGIA138

Page 127: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 127/150

MÓ DULO 3 ISOTERIOLOGIA

16.2 OS PRIVILÉGIOS DA ADOÇÃOAs principais vantagens da filiação são:

a) Filiação celestial. Um dos maiores privilégios provenientes da adoção é a possibilidade de chamar

Deus de Pai. Jesus disse para orarmos assim: 4‘Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9). Por conta disso,compreendemos que “já não somos escravos, porém filhos” (G1 6.7). Portanto, por meio da adoção,dirigimo-nos a Deus não como um escravo se dirige ao seu senhor, mas como um filho se dirige ao pai.Este fato só é possível porque “o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos deDeus” (Rm 8.16).

b) Libertação do medo. “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15).

c) Libertação da escravidão da lei. “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a

fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados aoaio” (G1 3.24,25).

d) Herdeiros e co־herdeiros com Cristo. “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deuse co

 

herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO 16

1. Como o sistema legal pátrio gera o ato da adoção?2. Como o apóstolo Paulo usa a palavra adoção em seus escritos?3. Como podemos definir a adoção bíblica?4. Quais são os privilégios que o adotado por Deus recebe?

mm

139URSO DE TEO LOG IA

Page 128: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 128/150

M ÓDU LO 3 I SOTER IOLOGIA

REFERÊNCIAS

ANDRADE. Claudionor de.  À s v erd a d e s c en tr a is d a f é cri stã . Rio de janeiro: CPAD, 2006.ARCHER JR., Gleason,  M erece c o n fi a n ç a o A n tig o T es ta m e n to ? São Paulo: Vida, 2000.BANCROFT, E, H. Teolog ia e l ementar .  São Paulo: Editora Batista Regular, 1995.BARTLEMAN, Frank.  A h is tó r ia do a v iv a m e n to A zu sa . São Paulo: Worship, 2001.BERGSTEN, Eurico.  In tro d u ç ã o d teo lo g ia s is te m á tic a . Rio de Janeiro: CPAD, 1999.BERKHOF, Louis. Teolog ia s i s t emá t i ca . Campinas: Luz Para o Caminho, 1996.

BETTENSON. H.  D o cu m en to s d a íig re ia cris tã .  3a ed. São Paulo: ASTE, 1998.BOICE, James Monígomery. ( ) a l icerce da au tor ida de b íb li ca . São Paulo: Vida Nova, 1997.BORNKAMM, Günter.  B íb li a . N o v o Testa m ento :  introdução aos seus escritos no quadro da história do

cristianismo, 3a ed. São Paulo: Teológica, 2003.BRUNEELI, Walter. Curso in tens ivo de t eo log ia .  São Paulo: Ministério IDE, vol. 1, 1999.

CARSON, D. A.  A e x e g e se e su a s fa lá c ia s . São Paulo: Vida Nova.CHAMPLIN, R. N. O Nov o Tes tamento in terpre tado ver s í cu lo por ver s í cu lo . São Paulo: Candeia, 1995,CHAMPL1N, R. N.; BENTES, J, M.  E n c ic lop éd ia de B íb lia, te o lo g ia e fi lo so fi a . São Paulo: Candeia, vol. 1. 1995.CEIO, David Paul Yonggi.  E sp ír ito S an to , m e u c o m p a n h e ir o .  5a ed. São Paulo: Vida, 1995.CHOWN, Gordon. Os dons do Esp í r i to San to .  São Paulo: Vida, 2002.

COMFORT, Philip Wesley.  A o r ig e m d a B íb li a . Rio de Janeiro: CPAD, 1998.DOCKERY, David S.  M a n u a l b íb li c o Vida N o v a . São Paulo: Vida Nova, 2001.DRANE, John.  A B íb lia '   fato ou fantasia? São Paulo: Bom Pastor, 1994.DUEWEL, Wesley L.  A g ra n d e sa lv a ç ã o de D e u s .  São Paulo: Candeia, 1999DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M.  F u n d a m e n to s d a te o lo g ia p e n te c o s ta l.  São Paulo;

Quadrangular, 1991.ELLÍSEN, Stanley A. C o n h e ç a m e l h o r o A n t i g o T e s ta m e n t o . São Paulo: Vida, 1999.ERICKSON, Millard J. In tr o d u ç ã o à teo lo g ia s is te m á tic a . São Paulo: Vida Nova, 1999.FALCÃO, Márcio. C o m o c o n h e c e r u m a s e it a . São Paulo: O Arado, 2006.

 _ . M a n u a l de te o lo g ia s is te m á tic a . São Paulo; O Arado, s.d.

FEE, Gordon D.; STUART, Douglas.  E n te n d e s o q u e l ê s l  São Paulo: Vida Nova, 2000.GEISLER, Norman. A i ner rânc ia d a B íb l ia . São Paulo: Vida, 2003.GEISLER, Norman; NIX, William.  In tr o d u ç ã o b íb li ca . São Paulo: Vida, 1997.GEORGE, Timothy. Teolog ia dos r e formadores . São Paulo: Vida Nova, 1994.GILBERTO, Antonio.  A B íb lia a tra v é s d o s s é cu lo s . Rio de Janeiro: CPAD, 1995.GILMER, Thomas L; JACOBS, John; VILELA, Milton. Conco rdância b íblica exaustiva. São Paulo: Vida, 1999, p 65.

GRUNDEM, Wayne.  M a n u a l d e te o lo g ia s is te m á tic a . São Paulo: Vida, 2001.HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L.; WALTKE, Bruce K.  D ic io n á r io in te rn a c io n a l d e te o lo g ia do  

 A n tig o T esta m ento .  São Paulo: Vida Nova, 1998.HEXHAM, Irving.  D ic io n á r io de re li g iõ es e c ren ç a s m o d ern a s . São Paulo: Vida, 2001.HODGE, Charles. Teologia sis temá t ica . São Paulo: Hagnos, 2001.HOFF, Paul. O P e n t a t e u c o . São Paulo: Vida, 1993.

. Os livros his tóricos. São Paulo: Vida, 1996.

CURSO DE TEO LOG IA140

Page 129: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 129/150

M Ó D U L O 3 ISOTERIOLOGIA

HORTON, Stanley M. Teologia s is tem át ica . Rio de Janeiro: CPAD, 1997._______ . O q ue a B íb l ia d i z sobre o Esp í r i to Santo . Rio de janeiro: CPAD, 1994.HOUSE, Paul. Teologia do Ant igo Tes tamento. São Paulo: Vida, 2005.JOSEFO, Flávio.  H is tó r ia d o s hebreu s  (obra completa). Rio de Janeiro: CPAD, 1990.

KELLY, J. N. D.  D o u tr in a s cen tr a is d a f é c ris tã . São Paulo: Vida Nova, 1994.LADD, George Eldon. Teologia do N ovo Tes tamento.  São Paulo: Exudus, 1997.LANGSTON, A. B.  E sb o ç o s d e teo lo g ia s is tem á tica . Rio de Janeiro: Juerp, 1999.MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M.  D o u trin a s b íb li ca s . Rio de Janeiro: CPAD, 1999.MYER, Pearlman. A tra v és d a B íb lia li vro p o r li vro .  São Paulo: Vida, 1996.________ . Conhecendo as doutr inas da B íb lia . São Paulo: Vida, 1999.OLIVEIRA, Raimundo de.  A s g ra n d e s d ou trin a s d a B íb li a . 9a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.PAROSCHI, Wilson. Cr í t i ca t ex tua l do Novo Tes tamento . São Paulo: Vida Nova. 1999.SHANKS, Hershel.  P a r a co m p reen d er os m a n u scrito s do M a r M orto . Rio de Janeiro: Imago, 1993.SILVA, Esequias Soares da. Com o respond er às Tes temunhas de Jeová .  São Paulo: Candeia, Vol. 1,

1995.SILVA, Severino Pedro da. Quem é D eus? Conhecendo m e lhor o Cr iador .  2a ed. Rio de janeiro:CPAD, 1997.________ . A d o u tr in a d a p re d es tin a çã o . 6a ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.STEIN, Robert. Guia bás ico pa ra in te rpre tação da B íb lia . Rio de Janeiro: CPAD, 1999.STRONG, Augustus Hopkins. Teologia s is temá t ica . São Paulo: Hagnos, Vol. 2, 2003.THOMPSON, Frank Charles. Bíblia de referências Thompson. São Paulo: Vida, 1990TONINI, Enéas; BENTES, João Marques. J a n ela s p a r a o N o vo Testa m ento . São Paulo: Louvores doCoração, 1992.________ . O per ío do in terb íb li co . 7a ed. São Paulo: Louvores do Coração, 1992.

WALKER, John.  A Ig re ja do sécu lo XX: a história que não foi contada. São Paulo: Worship, 2001.

141CURSO DE TEO LOG IA

Page 130: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 130/150

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO III SOTERIÒLOGIA) Explique com suas palavras porque o homem precisa de salvação.

) Qual a importância de um mediador na salvação?

) Quais os significados do termo salvação em toda Bíblia?

) Faça um breve comentário da salvação futura,

) Como o apóstolo Paulo difundiu a idéia de salvação?

) Quais as conseqüências da vida e morte de Cristo?

) Como a graça opera para a salvação?

) Porque a regeneração é obra de Deus?

) Quais as conseqüências da justificação?

10) Quais os meios que o crente pode usar para aumentar ainda mais sua santificação?Exemplifique com textos da Bíblia.

Page 131: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 131/150

ESPIRITUALIDADE

Page 132: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 132/150

SUAAÁRIO

NTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 149

. O QUE É ESPIRITUALIDADE..................................................................................................... ,,.,...151

. COMO TUDO COMEÇOU................................................................................................................... 152

. DUAS CLASSES DE PESSOAS.................................................................................... 154

. ESPIRITUALIDADE NA HISTÓRIA ANTIGA......................................................... 1564.1 OR IENTA L........................................................................................... 1564.2 JU DAIC A....................................................................................................................................................... 1564.3 GREGA ......................................................................................................................................... 1564.4 NA IGREJA CRISTÃ .................................................... ............................. ........... .......... ............·····.......157

. CARACTERÍSTICAS DE UMA ESPIRITUALIDADE SADIA ...........................   158

5.1 DESCARTANDO O QUE NÃO É ESPIRITUALIDADE...................................................................... 158

. CRITÉRIOS PARA SE AVALIAR UMA ESPIRITUALIDADE.................................................... .160

. O CAMINHO PARAA VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE.......................................  .162

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................164

Page 133: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 133/150

M ÓDULO 3 IESPIRITUALIDADE

INTRODUÇÃO

Em nossos dias, temos vivenciado uma falsa espiritualidade fundamentada em paradigmas criados pela menteumana. Não somos exper t s  no assunto, entretanto, não precisamos ser um perito para observar que há abuso dosrmos “espiritual” e “espiritualidade”.

Existe uma sólida base bíblico-teológica em favor da autoridade suprema das Escrituras, mas hoje, tal comocontecia no passado, deparamo nos com a mesma tendência de diminuir a autoridade da Palavra. E isso ocorree duas maneiras: por um lado, há a propensão para admitir fontes adicionais ou suplementares de autoridade,ue tendem a usurpar a autoridade da Palavra de Deus. Por outro, há a tendência de limitar a autoridade dascritura Sagrada, negando-a, subjetivando-a ou reduzindo o seu escopo.

Como o nosso assunto é sobre a espiritualidade, percebemos três fontes suplementares usurpadoras ouuplementares da verdadeira espiritualidade, sendo elas: a tradição (degenerada em tradicionalismo), a emoçãodegenerada em emocionalismo) e a razão (degenerada em racionalismo). Sempre que um desses elementos é

ndevidamente enfatizado a vida espiritual é sacrificada.Jesus se deparou com a religião judaica, que havia se tomado em tradicionalismo. Havendo cessado a revelação

e Deus, os judeus, desde a lei escrita, dada a Moisés, produziram uma infinidade de tradições ou interpretaçõesa lei, conhecidas como  M ish n á . Essas tradições foram cuidadosamente preservadas até serem registradas, entres séculos 2oe 4od.C., passando a ser conhecidas como Talmud, e, também, Torá Schebealpe.

O Talmud é considerado o livro mais importante da cultura judaica, por interpretar o conteúdo da lei escrita e,mbém, por suprir suas lacunas. Esse compêndio se tomou tão autoritativo, que os judeus suplantaram a autoridadea lei escrita. Jesus acusou os escribas e os fariseus de sua época dizendo: “Em vão, porém, me honram, ensinandooutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando 0  mandamento de Deus, retendes a tradição dosomens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bemnvalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição, invalidando, assim, a palavra de Deus pelaossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Mc 7.7-9,13).

 Na história sempre se repetiram os mesmo problemas: as tradições nos escritos dos pais da Igreja, nas bulasapais, que degeneraram em tradicionalismo. As tradições eclesiásticas adquiriram autoridade que não possuíam,surpando a autoridade bíblica. Isso não significa, entretanto, que a tradição eclesiástica seja necessariamenteuim. Se a tradição reflete, de fato, o ensino bíblico, ou está de acordo com ele, não sendo considerada normativa

autoritativa), não é má. O problema não está na tradição, mas na sua degeneraçâo, no tradicionalismo, quespiritualiza a tradição, esquecendo-se que os costumes mudam.

Outro elemento incompatível com a espiritualidade é a emoção, quando degenerada em emocionalismo. E isso,uase inevitavelmente, conduz ao misticismo. Na esfera religiosa, freqüentemente é dado um valor exagerado àntuição, ao sentimento, ao convencimento. Quando tal ênfase ocorre, facilmente esse sentimento de convicção,essoal e interno, é explicado misticamente, como sendo uma iluminação espiritual e revelação divina direta,eja por meio do Espírito Santo ou pela instrumentalidade de anjos, sonhos, visões, arrebatamento, etc.

 Não é que Deus não tenha se revelado por esses meios. Ele de fato o fez. O que se está afirmando é que omisticismo copia, forja essas formas reais de revelação, para reivindicar autoridade espiritual que, na verdade,ão é divina, mas humana (quando não, diabólica). Essa tendência não é, de modo algum, nova. Eis as palavras

o Senhor ao profeta Jeremias: “Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; ensinam-os vaidades e falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor [...] Até quando sucederá isso no coração

149URSO DE TEO LOG IA

Page 134: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 134/150

M Ó D U L O 3 (ESPIRITUALIDADE

dos profetas que profetizam mentiras e que são só profetas do engano do seu coração? [...]O profeta que teve umsonho, que conte 0 sonho; e aquele em quem está a minha palavra, que fale a minha palavra, com verdade. Quetem a palha com o trigo? — diz o S enhor’ (Jr 23.16,26,28).

Sempre que tal coisa ocorre, a espiritualidade é ameaçada. O misticismo, como degeneração das emoções(não se pode esquecer que as emoções também foram corrompidas pelo pecado), tende sempre a usurpar averdadeira espiritualidade. Sempre existiram entusiastas que reivindicam autoridade espiritual interior, luzinterior, revelações espirituais adicionais... E essas coisas são uma característica comum nas seitas modernas,como, por exemplo: mormonismo, testemunhas de Jeová, adventismo do sétimo dia, entre outras.

Por fim, a ênfase exagerada na razão tende a usurpar a vida espiritual. O homem, devido à sua natureza pecaminosa, sempre tem resistido a submeter sua razão à autoridade da Palavra de Deus. A tendência é sempreter a razão como fonte suprema da espiritualidade. Essa soberba mental, essa altivez intelectual, tem minado aespiritualidade. O desenvolvimento científico e tecnológico instigou a soberba intelectual do homem. Assim,

 passou-se a acreditar apenas no que se possa ser constatado, comprovado, pela razão e pela lógica. A ciênciase tomou a autoridade suprema, a única regra de fé e prática. O relato bíblico da criação foi desacreditado pelateoria da evolução; os milagres relatados nas Escrituras foram rejeitados como mitos.

Diante de tantos dilemas, somente a atuação do Espírito Santo na alma de uma pessoa, iluminando seucoração e sua mente em trevas, regenerando-a, fazendo-a nova criatura, dissipando as trevas espirituais da suamente, removendo a obscuridade do seu coração, faz que, verdadeiramente, a alma humana desfrute da legítimaespiritualidade ofertada na cmz do Calvário.

O homem natural, em estado de pecado, perdeu a sua capacidade original de compreender as coisas espirituais.Portanto, não pode desfrutar da verdadeira vida que lhe é concedida pelo sacrifício de Cristo, como escreveu 0

apóstolo Paulo: “Se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais 0

deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho daglória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem

resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”(2C0 4.3,4,6).

 Nesse estado, o homem está como um deficiente visual, que não consegue perceber nem mesmo a luz do sol.O testemunho do Espírito não é uma nova luz no coração, mas sua ação. E é justamente por meio dessa ação queo Espírito Santo abre os olhos do pecador, permitindo-lhe reconhecer a verdade que lá estava, mas não podia servista por causa de sua cegueira espiritual.

Que Deus nos ajude em nossa caminhada espiritual.

CURSO DE TEO LOG IA150

Page 135: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 135/150

M Ó D U L O 3 I ESPIRITUALIDADE

O QUE E ESPIRITUALIDADEDefinir ou conceituar espiritualidade nos dias atuais não é nada fácil. Embora seja uma expressão religiosa que,

a princípio, denote o relacionamento de Deus com o ser humano, ela adquiriu, na cultura moderna, um sentidoabstrato, vago e presente em quase todos os segmentos da vida, devido à sua contaminação. A espiritualidade seomou um tema extremamente importante não apenas no “mundo evangélico”, mas, também, entre os empresários,

políticos, etc. Todos conversam sobre o assunto, falam de suas experiências, descrevem seu momento espiritual.O mundo dos negócios já se preocupa com o estado espiritual de seus executivos, oferecendo cursos e palestraspara elevar seu espírito e melhorar seu rendimento profissional. Livros e revistas “especializadas” no assunto

surgem a todo momento. Nota-se que a espiritualidade foi descoberta pelo mundo materialista.Em cada lugar, em cada cultura, encontramos vestígios de espiritualidade. Apropria palavra “espiritualidade”em diversos conceitos na história, na religião, na filosofia, na teologia, no judaísmo, no esoterismo, na auto-

ajuda. Deixando de lado as complicações filosóficas, teológicas e científicas, podemos dizer que espiritualidadesignifica a busca e a própria experiência de comunhão com Deus. À medida que alguém se aproxima de Cristo, aespiritualidade se toma mais intensa e real. Não se trata de ajustamento sociológico ou psicológico, de se sentirbem emocionalmente ou socialmente, mas de um processo de crescimento e transformação. A espiritualidadeda cultura moderna, por ser mais individualista, mudou 0  foco da espiritualidade cristã; ao invés de sermosconvertidos a Cristo, é Cristo que se tem convertido a nós. Perdemos 0 significado da doutrina da i m a g o D e i ,a consciência de que fomos criados por Deus e para Deus, e que somente nele encontramos significado para anossa humanidade corrompida.

Diante desse fato, a espiritualidade não tem absolutamente nada a ver com o que se tem ouvido e visto nosdias atuais. Dizem que uma pessoa é espiritual ou não pelas demonstrações externas. Se alguém em um cultofalar em novas línguas ou diz “glória a Deus”, esta pessoa tem mais chance de ser chamada de espiritual doque qualquer outra que fique calada. Essa espiritualidade superficial dos nossos dias tem suas raízes na falta deconvicção de que o nosso pecado é a mais hedionda rebeldia e traição ao Senhor. O afastamento da culpa peloprecioso sangue de Jesus intensifica o amor. O perdão do pecado que pouco fere a consciência desvaloriza o amorde Deus derramado no coração. Por conta disso, esse pecado, que pouco fere a consciência, não constrange opecador e a espiritualidade, por sua vez, transforma-se em liturgia e rituais vazios.

!51URSO DE TEO LOG IA

Page 136: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 136/150

M Ó D U L O 3 I ESPIRITUALIDADE

COMO TUDO COMECOU

 No início, quando Deus criou o homem , Ele o form ou do pó da terra e, depois, soprou “0  fôlego davida” em suas narinas, como está escrito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprouem seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).

A Bíblia mostra que Deus criou o homem reto, bom e espiritual, mas o homem não era Deus. Ohomem era perfeito como homem, contudo, não era para viver independente de Deus. Criando  o comoum ser totalmente dependente e com vontade, abriria uma porta para o desejo de independência. Foi

aqui, neste terreno, que o pecado tomou forma. A serpente penetrou na área da livre decisão do homeme salientou o seu desejo de ser como Deus. As Escrituras dizem: "Ninguém, sendo tentado, diga: DeDeus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas cada um étentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscênciaconcebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.1315  ).

A cobiça é um desejo intenso. E, nesse desejo, está a matriz do pecado. O pecado é fruto de uma decisãofomentada pela cobiça de ser como Deus. Culpar Deus pelo pecado seria blasfemar contra o caráter deDeus. O pecado é conseqüência de uma decisão intencional e voluntária de um ser moralmente livre eresponsável. Deus fez o homem com a capacidade de deliberação. O pecado é a rejeição deliberada davontade humana à vontade de Deus. Em essência, o pecado é o homem se separando de Deus, em razão

de sua desobediência voluntária.Deus criou o homem e o colocou em um ambiente em que todas as condições lhe eram favoráveis,

livre de qualquer imposição. Somente um ser livre poderia obedecer livremente a qualquer ordenançade Deus, como também desobedecer, com responsabilidade. Deus não precisava criar o homem, porqueDeus não tem necessidade de nada. Somente Deus tem as seid ade ,1 isto é, Ele se satisfaz a si mesmo.Assim, o homem foi criado livre para depender voluntariamente da suficiência de Deus.

Mas o pecado vem exatamente nesta área: causar uma brecha no relacionamento do homem comDeus. O pecado rompeu o relacionamento que havia entre Deus e o homem e, desse modo, deixou deser espiritual, andando segundo os desejos de seu coração, destituído da glória de Deus (Rm 3.23).Quando Adão, como cabeça da raça humana, pecou, a glória de Deus se separou dele e de toda a sua

descendência. Logo após o pecado. Deus proclamou o evangelho, em sua fala com a serpente. Mostrouque uma inimizade perpétua fora estabelecida entre a serpente e a mulher, que entre o descendente daserpente e 0  descendente da mulher haveria um sentimento extremamente hostil. E esse sentimentoacabaria somente com o esmagamento da cabeça da serpente depois dos ferimentos do calcanhar: “E

 porei inim izade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lheferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

O texto bíblico acima fala do conflito entre Satanás e a raça humana contaminada pelo pecado, e deJesus Cristo, a semente da mulher, que veio para a história concretizar a obra salvadora projetada antesda fundação do mundo.

1Asseidade é 0  atributo essencial de Deus que revela sua auto-suficiência. Deus é 0  único que sustenta sua existência própria e que se basta  

a si mesmo.

CURSO DE TEO LOG IA152

Page 137: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 137/150

M ÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

O primeiro sacrifício no Éden aponta para a morte que o cordeiro de Deus sofreria em sua encarnação,fim de tratar da separação causada pelo pecado e da transferência da glória de Deus, que nos fora

mputada pela suficiência de Cristo.Jesus se encarnou neste mundo como representante da humanidade, para reconciliar com Deus 0

r humano, por meio da sua morte na cruz. A cruz é lugar de juízo, onde Deus trata com a naturezacam inosa e com 0 pecador ao mesmo tempo. Assim, a sua morte tem dois aspec tos marcantes . Jesusorreu em nosso benefício, para nos fazer morrer com Ele em sua morte. A morte de Jesus é, ao mesmo

mpo, a sua morte por mim é a minha morte juntamente com Ele.

153URSO DE TEO LOG IA

Page 138: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 138/150

M Ó D U L O 3 !ESPIRITUALIDADE

DUAS CLASSES  DE PESSOAS

Depois que 0 homem deliberadamente pecou contra Deus, as Escrituras dividem os seres humanos, em geral,em duas classes: natural ou carnal e espiritual. Paulo, ao escrever aos coríntios, disse que “o homem natural nãocompreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas sediscernem espiritualmente” (1C0 2.14).

O texto em referência fala de pessoas que não foram regeneradas. O homem natural, no grego ψυχικός( p su c h ik o s ), denota a pessoa governada pelo seu próprio “eu”, ou seja, sua alma está no controle do seu espírito.Rendendo-se às exigências de suas paixões e cobiças, a alma se tomou escrava do corpo de tal forma queo Espírito Santo considera inútil contender pelo lugar de Deus na vida dessa pessoa. Daí, a declaração dasEscrituras: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne” (Gn 6.3).Uma vez que o homem esteja totalmente sob o domínio da came, ele não tem a possibilidade de se liberar,tomou-se escravo da came com suas paixões (Ef 2.3).

Sem impedimento, a came domina totalmente o homem. A pessoa natural não consegue compreender Deus,nem os seus caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou das emoções humanas, como escreveu Judas:“Nos últimos tempos haverá zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios. Estes são os que causamdivisões entre vocês, os quais seguem as tendências da sua própria alma e não tem o Espírito” (Vs.18,19). Ohomem natural é antagônico ao homem espiritual. O espírito, a parte mais nobre do homem, que pode se unira Deus e que deve regular a alma e o corpo, estando sob o domínio da alma, buscará satisfazer seus desejos. Acondição atual do homem é anormal, como escreveu Judas, ou seja, como não tendo a presença do Espírito.

Em 1Coríntios 3.1, o apóstolo Paulo divide todos os cristãos em duas classificações: os espirituais e oscarnais. O homem espiritual, no grego πνευματικός ( p n e u m a t i k o s), denota a pessoa regenerada, ou seja, quetem o Espírito Santo. A partir do momento em que se aceita pela fé a salvação em Cristo, a pessoa é regenerada.

 Nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada (Rm 12.2), toma-se nova criatura (2C0 5.17) e obtém a justiça de Deusmediante a fé em Cristo (Fp 3.9).

A fé em Cristo faz que o crente seja regenerado, porém, a obediência ao Espírito Santo faz que o crente sejaespiritual. Assim como o relacionamento correto com Cristo gera um cristão, o relacionamento adequado com oEspírito Santo também produz um homem espiritual.

Para que uma pessoa possa ter vida espiritual, precisa, primeiramente, reconhecer quem é Jesus e aceitar,

conscientemente, o fato de que Jesus é o salvador da nossa vida perdida. Esse evento é conhecido como “novonascimento”, como Jesus disse a Nicodemos: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo

não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).Por meio do novo nascimento, o homem recebe a própria vida de Deus, entretanto, essa vida precisa ser

desenvolvida, amadurecida e ampliada. O importante, depois de ter nascido espiritualmente, é viver. Há o novonascimento, portanto, há uma vida cristã para ser vivida. A partir desse momento, somente o Espírito Santo podefazer crentes espirituais. É seu trabalho levar os homens à espiritualidade. Nos preparativos do projeto redentorde Deus, a cruz realiza a obra negativa de destruir tudo aquilo que vem de Adão, enquanto que o Espírito Santorealiza a obra positiva de edificar tudo aquilo que vem de Cristo. A cruz toma a espiritualidade possível aoscrentes, mas é o Espírito Santo quem os toma espirituais. O significado de ser espiritual é pertencer ao Espírito

Santo, que fortalece, com poder, 0 espírito humano, a fim de governar 0 homem inteiro.Comumente, depois que uma pessoa nasce de novo, ela pergunta: “O que farei?”. Então, o que acontece? Ela

CURSO DE TEOLOGIA154

Page 139: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 139/150

M ÓDU LO 3 I ESPIRITUALIDADE

cebe uma lista de coisas, geralmente de natureza limitada, que tende sempre para o negativo. Muitas vezes, recebedéia de que, se se abstiver dessas coisas negativas (qualquer que seja a lista no país, localidade e época em que poraso viver), ela será uma pessoa espiritual. Não é verdade. A verdadeira vida cristã, a verdadeira espiritualidade,o é mera questão de evitar os comportamentos negativos. A verdadeira espiritualidade é mais do que se abster

ecanicamente de certa lista exterior de regras, antes, significa viver a vida de Deus que nos foi concedida.A Bíblia diz que, a partir do novo nascimento, passamos da morte para a vida, do reino das trevas para o reino Filho amado de Deus. Tomamo nos, individualmente, filhos de Deus. Mas perceba uma coisa: não há comomeçar a vida espiritual, a não ser pela porta do novo nascimento espiritual, assim como não há outra maneira começar a vida física, a não ser pela porta do nascimento físico. Um homem espiritual é aquele que nasceu água e do Espírito, conseqüentemente, tem todo o seu ser governado pelo homem interior, que sente prazer

lei de Deus (Rm 7.22).Mas, depois de dizer tudo isso sobre o início da vida cristã, precisamos, também, reconhecer que, embora, de

ício, o novo nascimento seja necessário, ele é apenas o começo. Não devemos pensar que, por termos aceitadoCristo como Salvador e sermos cristãos, só exista isso na vida cristã. De certo modo, 0  nascimento físico é a

rte mais importante de nossa vida física, porque não estamos vivos no mundo exterior enquanto não nascemos.or outro lado, esse é o menos importante de todos os aspectos da vida, porque é somente o começo. Depois doscimento, o importante é viver a vida em toda a sua plenitude. Acontece o mesmo com o novo nascimento. Há

m aspecto pelo qual o novo nascimento é a coisa mais importante de nossa vida espiritual, porque somente somosistãos depois que passamos por isso. Logo depois deste ato, o fundamental é que se viva essa nova vida.

O crente carnal é aquele que nasceu de novo e tem a vida de Deus, porém, ao invés de vencer sua carne, elevencido por ela. Ele não se esforça como devia para vencer plenamente sua natureza pecaminosa, ao invés de

sisti-la com firmeza entrega-se a algumas delas.Embora o crente nascido de novo receba a nova vida do Espírito, ele tem residente em si a natureza pecaminosa,

m suas perversas inclinações (Gálatas 5.16-21). Como já dissemos, o espírito de um homem natural está morto,ndo ele dominado por sua alma e corpo. O crente carnal é, portanto, alguém cujo espírito foi vivificado, mas aindague sua alma e corpo para pecar. Para se tomar espiritual, o crente precisa, necessariamente, negar a si mesmoariamente (Mt 16.24; Rm 8.13; Tt 2.11,12), deixar todo impedimento ou pecado (Hb 12.1) e resistir a todas asclinações pecaminosas (Rm 13.14; G1 5.16; lPe 2.11). Pelo poder do Espírito Santo, o próprio crente guerreiantra a natureza pecaminosa e a crucifica, diariamente (G1 5.16-18,24; Rm 8.13,14), além de mortificá-la (Cl 3.5).

ela abnegação e submissão à obra santificadora do Espírito Santo em sua vida, 0 crente em Cristo experimenta abertação do poder da sua natureza pecaminosa e vive como um crente espiritual (Rm 6.13; G1 5.16).

Paulo apresenta a came como uma esfera ou sistema que governa a raça que se originou com Adão. E caracterizadala ambição, desejos e concupiscência (1 Jo 2.16), chegando 0 ponto de impedir o indivíduo de fazer 0 que ele quer.

aulo disse: UA came cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a came; e estes opõem-se um ao outro” (G1 5.17).s desejos da came são contra os desejos do Espírito, não porque a came seja material, mas porque ela determina seusóprios padrões. Não existe uma mínima chance de uma coexistência pacífica entre ambos. ”Os que estão na came

ão podem agradar a Deus” (Rm 8.8). É o veredicto final. Deus só tem satisfação em seu Filho. Fora de Cristo e da suabra, nenhum homem ou obra pode satisfazer a Deus. Ainda que as coisas realizadas pela came possam parecer muitooas, todavia, porque procedem do ego e são feitas por meio da força natural, não podem satisfazer a Deus. O prazeru o desprazer de Deus não está baseado no princípio do bem ou mal. Pelo contrário, Deus remonta à fonte de todas asisas. Uma ação pode ser bastante correta, mas, apesar disso, Deus pergunta: ktQual é a sua origem?”.Os bons atos, feitos naturalmente, sem a necessidade de regeneração, união com Cristo ou dependência do

spírito Santo, não são menos carnais diante de Deus do que a imoralidade, a impureza, a licenciosidade, etc.ortanto, da mesma forma que o crente precisa ser livre do pecado da came, por meio da cmz, também precisar livre da justiça da came, pela mesma cmz, como escreveu Paulo: “E os que são de Cristo crucificaram a came

om as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (G1 5.24).

155URSO DE TEO LOG IA

Page 140: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 140/150

M ÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

ESPIRITUALIDADE 

NA H ISTÓRIA AN TIGAA questão sobre a forma ideal e completa de espiritualidade pode ser justificada pela história, pois diversas e

variadas formas de espiritualidade se manifestaram em diferentes povos como conseqüência da busca do homem pelo sagrado. Assim sendo, analisaremos algumas dessas formas manifestadas na Antiguidade:

4.1 ORIENTALPoderiamos dizer que a mais antiga forma de espiritualidade foi registrada no Oriente. Trata-se de uma

espiritualidade de meditações e arrebatamentos. Ou seja, uma espiritualidade contemplativa, de incursões

 psicanalíticas e desejo imenso de fazer a vida ascender aos níveis e aos nirvanas da percepção absoluta datotalidade do cosmo. O ponto fraco dessa espiritualidade é que ela é intimista, desconectada da realidade,subjetiva, abstrata e com forte reação negativa ao cotidiano e ao ordinário.

A espiritualidade cristã está relacionada com a missão de Deus no mundo em sua obra redentora. Precisa seocupar em dar pão ao faminto, acolher o abandonado, vestir o nu, dar esperança ao enfermo, visitar os que estão

 presos e promover a justiça e a paz. A afirmação cristã da exclusividade de Cristo como único Salvador e Senhor(o que implica em rejeição de todas as outras formas de salvação e reconciliação com Deus) soará, no mínimo,estranha e agressiva à consciência oriental.

4.2 JUDAICA

A espiritualidade judaica era legalista, severa e comportamentalista. O judaísmo desenvolveu uma formasua, uma espécie de subcultura da espiritualidade, que não nascia, não brotava da revelação da Escritura, mas

 produzida por uma mentalidade pragmática comportamentalista.Jesus demonstrou que há uma distância enorme entre a teoria e a prática, pois muitos religiosos (que teriam

de demonstrar a vontade de Deus em suas vidas) não exercitavam a lei de Deus. Citando Deuteronômio 6.5 nostrês evangelhos, Jesus confirmou a centralidade do primeiro mandamento. O amor pelo Senhor foi elevado àmais alta posição entre os deveres espirituais impostos pelo próprio Deus. Envolve todo coração, toda alma, todoentendimento e toda força. Distinto de muitos outros deveres bíblicos, o amor a Deus (que vai além de atos e

 práticas externas) deve ser o componente principal da espiritualidade.

4.3 GREGAO grande legado da espiritualidade grega vem dos filósofos. Por meio deles, a sensibilidade humana aflora.

Familiarizados com os poemas de Homero e Hesíodo, os filósofos gregos foram ensinados a prestar culto aosdeuses gregos como Zeus, Apoio e Afrodite. Os primeiros filósofos foram os primeiros cientistas. Muitos delesforam, também, líderes religiosos.

A princípio, a distinção entre ciência, religião e filosofia não era tão clara como viria a se tomar nos séculos posteriores. Pitágoras, tão conhecido da matemática, devido à sua demonstração de que o quadrado da hipotenusade um triângulo é igual em área à soma dos quadrados dos outros dois lados, fundou uma escola religiosa comum conjunto de regras ascéticas e cerimoniais, onde proibia a ingestão de feijões. Pitágoras ensinou a doutrinada transmigração das almas, por meio da qual, depois da morte, a alma de uma pessoa poderia migrar para um

corpo animal. Por essa razão, ensinava a seus discípulos a se absterem de came.

CURSO DE TEOLOGIA156

Page 141: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 141/150

MÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

Outro filósofo, que misturava a geometria com a religião, foi Tales. Ele se interessava por astronomia, tendoentificado a constelação da Ursa Menor, sublinhando sua utilização para a navegação. Depois de descobrir

omo escrever um triângulo retângulo num círculo, sacrificou um boi aos deuses.Xenófanes, natural de Cólofon (que fica perto da atual Esmima), foi o primeiro filósofo da religião. Diferente

e seus antecessores, ele detestava a religião presente nos poemas de Elomero e Hesíodo, cujas históriasasfemavam, atribuindo aos deuses o roubo, o adultério e todo tipo de comportamento que, entre os seresumanos, seria vergonhoso e condenável. Sendo ele próprio um poeta, atacou ferozmente a teologia homérica emersos satíricos hoje perdidos. Ele mesmo dizia não possuir uma compreensão clara sobre a natureza do divinoo afirmar que “a verdade clara sobre os deuses nenhum homem jamais viu nem nenhum homem irá alguma vezonhecer". Seus pensamentos eram inovadores para uma cultura que estava cercada de muitos deuses.

Afirmava, ainda, que os mitos, as lendas e as fábulas da religião grega eram provenientes da imaginação dosomens. Dizia que os seres humanos têm tendência para representar toda gente e tudo 0 que há em sua imagem.Os etíopes, afirmou Xenófanes, “fazem os seus deuses escuros e de nariz achatado, ao passo que os trácios osazem de cabelo ruivo e olhos azuis. A crença de que os deuses têm um tipo qualquer de forma humana é umntropomorfismo infantil. Se as vacas, os cavalos ou os leões tivessem mãos e pudessem desenhar, os cavalosesenhariam as formas dos deuses semelhantes aos cavalos, e as vacas fariam deuses semelhantes às vacas. Ou

eja, os corpos dos deuses seriam semelhantes aos seus próprios corpos”.2 Numa sociedade que adorava muitos deuses, Xenófanes era um firme monoteísta. Só havia um Deus,

efendia, porque Deus é a mais poderosa de todas as coisas e, se houvesse mais de um. todos teriam de partilharmesmo poder. O monoteísmo de Xenófanes é digno de nota não tanto por causa de sua originalidade, mas

or causa da sua natureza filosófica. Ele ofereceu uma demonstração do seu ponto de vis ta por meio da

rgumentação racional.

4.4 NA IGREJA CRISTÃDepois da espiritualidade oriental, judaica e grega, surge a espiritualidade marcada pelo advento de Jesus

risto. Em Jesus, o abstrato, a razão intangível, porém real, se fez humano, tomando-se matéria, cobrindo-se deame, veia e sangue. Desta forma, 0 abstrato se toma concreto; o material invadido pelo espiritual.

A espiritualidade da Igreja primitiva era íntima, porque não negava, antes, asseverava que qualquer homemode ter um contato com 0  sagrado. Além de ser pessoal, percebemos, pelo livro de Atos dos Apóstolos, que aspiritualidade da Igreja primitiva era carismática, pois havia um convívio natural com o sobrenatural ao mesmoempo em que era social, porque não havia necessitados entre eles, sendo seus bens repartidos no critério da

raternidade e do amor, da justiça e da eqüidade (At 2.44).

KENNY, Anthony. História concisa da filosofia ocidental. Lisboa: Temas e Debates, 1999, p. 24.

157URSO DE TEO LOG IA

Page 142: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 142/150

MÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

CARACTERÍSTICAS DE UMA 

ESPIRITUALIDADE SADIA

A palavra espiritualidade sofreu, hoje, uma contaminação e adquiriu um sentido oposto do original. Dessaforma, falar de espiritualidade num contexto contaminado é difícil, pois temos de iniciar a partir da contaminação,o que não faremos. Começaremos do ponto zero, para tratar do assunto espiritualidade.

Este termo, assim como outros, já foi deturpado pelo “evangelicalismo” brasileiro. A palavra espiritualidade,no termo sagrado, não é a espiritualidade que falamos hoje. Por exemplo, para muitos, quando uma pessoa nãofala em línguas e não profetiza, essa pessoa não é espiritual. Na verdade, essas manifestações não têm nada a vercom espiritualidade, o que evidencia que o termo está contaminado, deturpado, adulterado.

Para falar de espiritualidade, é preciso resgatar 0  sentido básico do termo. E, para isso, é necessário meter amão nesse “mercado espiritual” criado pela modernidade e retirar o termo de lá e restaurá-lo ao seu sentido usual, bíblico e original, uma vez que perdeu sua originalidade, tal como a palavra “evangélico” está perdendo.

Encontramos, em nossos dias, dois extremos radicais quanto ao tema espiritualidade: o primeiro cai no ridículodo evangelicalismo brasileiro e deturpa tal conceito; 0 segundo espiritualiza demais. Portanto, precisamos resgataro sentido da palavra espiritualidade. Focalizaremos a espiritualidade pessoal porque é dela que descendem asdemais espiritualidades, ou seja, tudo começa na vida pessoal.

5.1 DESCARTANDO O QUE NÃO É ESPIRITUALIDADEDevido ao contexto em que vivemos, descartaremos o que não é espiritualidade para chegarmos à verdadeira

espiritualidade. Não é espiritualidade o abuso dos dons espirituais disponíveis para a Igreja. O termo profetaestá sendo usado e abusado hoje. Na busca de prestígio, de poder, de  s ta tu s , alguns estão fazendo miséria emnome de Deus. O apóstolo Paulo, ao escrever aos coríntios, disse que eles eram “santificados em Cristo Jesus,chamados santos” (1C0  1.2), possuidores de todos os dons espirituais ( 1C0  1.7), entretanto, conclui que eramcarnais: “Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Comleite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda soiscarnais...” (1C0 3.1-3). Fica evidente que possuir dons espirituais não é sinônimo de espiritualidade.

Outra coisa que não é espiritualidade é 0 estereótipo evangélico presente em quase todas as igrejas no Brasil. Não é espiritualidade o que vestimos. Não há espiritualidade na roupa, no tipo de corte do cabelo, etc. Criam-seuma lista do que pode e o que não pode. Muitas vezes, tal lista é até bem-intencionada, mas a pressão do mundo

é tanta que, devido ao zelo de guardar alguém da contaminação, cria-se uma pessoa despreparada, vulnerável,fraca, que não suporta o primeiro solavanco da vida. Isso também não tem a ver com espiritualidade, pois não é otipo de roupa que faz que a pessoa seja mais espiritual. Antes, é a maneira como a pessoa se comporta que defineo seu nível de espiritualidade para com Deus. Não é o tipo de temo, de gravata, mas são as horas, os momentosde intimidade e comunhão com Jesus que determinam a espiritualidade de uma pessoa.

A espiritualidade não é a busca por uma vida monástica, isenta de amigos e sorrisos. Ser espiritual não é viversolitário, isso não tem nenhuma ligação com espiritualidade. Cultive amizade, tenha amigos, de preferênciaamigos que falem a verdade, mesmo que doa. Em Provérbios está escrito 0 seguinte: “Fiéis são as feridas feitas

 pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos” (Pv 27.6). A igreja evangélica brasileira vive ummomento similar ao encontrado nos caixas eletrônicos, que dizem: “Não revele sua senha a ninguém”, e essa

 política reflete no meio evangélico. Os crentes não têm amigos, não contam suas necessidades a ninguém. Aamizade é instrumento de cura. Muitas vezes, precisamos de alguém para conversar, desabafar. O processo

CURSO DE TEOLOGIA158

Page 143: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 143/150

MÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

icoterapêutico da cura começa com a fala. Se não temos com quem falar, a crise cresce, avoluma. Paulo disse:Eu fiquei só”. Jesus, no Getsêmani, disse: “Minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai”Mc 14.34).

A amizade é instrumento de cura. O ser humano precisa de amigos.

 Na vida moderna, ser espiritual está relacionado com duas coisas: sensibilidade e disponibilidade. Quandotendermos esses dois termos, ficará mais fácil ser uma pessoa espiritual. Moisés é um exemplo de espiritualidade.

m Êxodo 3.2-6, lemos: “Apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou,eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei estaande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os teuspatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus debraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus”.

Deus conversa com Moisés. Ser sensível é estar pronto para identificar a voz de Deus no seu dia-a-dia. Deusla com pessoas comuns, e quem é espiritual ouve a voz de Deus. A sensibilidade deve fazer parte da vida de

m homem espiritual. Deus não espera que sejamos exper t s   em Bíblia, exímios conhecedores, doutores, masnsíveis. Portanto, ser espiritual é ser sensível à presença de Deus.

O segundo requisito, ser disponível, é estar pronto para obedecer à voz de Deus. Deus mandou M oisésMoisés recusou por algumas vezes, mas foi. Agora, Moisés estava pronto para desempenhar o chamado Deus.Estar disponível significa deixar tudo para cumprir a vontade de Deus. O apóstolo Paulo entendeu o que

gnifica ser disponível, a ponto de deixar tudo para conhecer a excelência do poder de Deus. Se for para oangelho ser enaltecido e o nome de Jesus engrandecido, precisamos estar disponíveis para Deus. Ser espiritual, mundo moderno, envolve, essencialmente, esses dois elementos: ser sensível e estar disponível. Não é só sernsível, ser tocado, o cristão precisa, também, aceitar a vontade de Deus. Estar disponível é ser sensível para

uvir a voz e, depois, estar pronto para atender ao chamado de Deus. Somente com sensibilidade e disponibilidadederemos sentir, entender e obedecer à voz de Deus.

15fRSO DE TEOLOGIA

Page 144: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 144/150

M ÓDULO 3 I ESPIRITUALIDADE

CRITÉRIOS PARA SE AVALIAR  UMA ESPIRITUALIDADE

O parâmetro para se avaliar a verdadeira espiritualidade é a própria pessoa de Jesus. Partindo desta ótica, o que nosespanta é que Jesus nunca pronunciou, uma única vez, nos quatro evangelhos, a palavra “espiritual”. Esse chavão não

 passou por sua boca, por uma razão muito simples: para Jesus, não havia espiritualidade, mas, sim, vida.Sobre a vida, Jesus falou muito, e o tempo todo, mas sobre espiritualidade, não. Não era em vão que Jesus

falava sobre a vida, afinal, todos estavam mortos em seus pecados e delitos. Portanto, era necessário que Jesusresolvesse primeiro o âmago da questão ao invés de seus acessórios. Foi 0 que Ele fez. O Senhor Jesus veio e

tomou a natureza humana sobre Ele para que pudesse ser julgado no lugar da humanidade.Isenta de pecado, sua santa natureza humana podería, portanto, fazer expiação, por meio da morte, pela

humanidade pecaminosa. Jesus morreu como substituto, sofreu toda a penalidade do pecado e ofereceu sua própria vida para resgatar o homem. Conseqüentemente, quem quer que creia em Jesus não será mais julgado,como está escrito: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que meenviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (J05.24).

A diferença é que, enquanto os seres humanos buscam ter uma vida espiritual, para Jesus, a espiritualidadeera vida. Por isso, quando Jesus se refere à vida está, em verdade, falando de espiritualidade. Porque não é

 possível existir qualquer espiritualidade sem que haja primeiramente a vida. Assim, a espiritualidade verdadeirasó é possível em Cristo. Só se começa a vivenciar a genuína espiritualidade quando se aceita, conscientemente,

que Jesus é 0  Salvador do mundo. Quando isso acontece, ou seja, uma aceitação consciente, começa, então, 0

discipulado centrado na cruz.Em Lucas 9.31, relato sobre a transfiguração, vemos Moisés e Elias, “os quais apareceram com glória e

falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém”. A cruz é o tema e o centro da espiritualidade.Isso porque somente por meio da cruz o propósito eterno de Deus, referente a seu Filho e à Igreja, pode serrealizado. O Senhor Jesus foi levantado na cruz para dar vida espiritual aos homens. O apóstolo Paulo entendeuo propósito da cruz e disse aos coríntios: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e estecrucificado” (ICos 2.2). A vida desse apóstolo é uma manifestação clara da vida que provém cruz. O apóstoloPaulo não somente prega a cruz, mas também a vive. A cruz que ele proclama é a que ele vive diariamente, a ponto de declarar: “Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que

agora vivo na carne vivo a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).Em outro texto, pôde dizer: “Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,

 pela qual 0 mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6.14).A cruz deve fazer sua obra mais profunda em nossa vida diária, para que possamos ter experiências reais de

vitória, e também de sofrimentos. A obra da cruz tem como finalidade nos desobstruir de tudo o que pertence aAdão. É a ordem natural para que possamos receber e desenvolver a vida espiritual. Isso fica evidente quando 0

mestre da Galiléia disse: “Na verdade, na verdade vos digo que, se 0 grão de trigo, caindo na terra, não morrer,fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua

vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.24,25).O original grego usa duas palavras diferentes para o termo “vida” aqui mencionado. A saber: a palavra ψυχή

{psyche) , referindo-se à vida da alma ou à vida natural; e ζωή (zoe) , que significa “a vida do espírito” ou “a vidasobrenatural”. Portanto, 0 que o Senhor está realmente dizendo aqui é: “Quem ama a sua própria vida da alma,

CURSO DE TEO LOG IA160

Page 145: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 145/150

MÓDULO 3 I SOTERIOLOGIA

erde a vida do espírito; mas aquele que odeia a sua vida da alma neste mundo, preservará a vida do espírito paravida eterna”.

A vida da alma é a vida natural. É ela quem conserva a vida da carne, faz parte da vida do homem natural.s talentos naturais pertencem à vida da alma: vontade, emoções, pensamento, entre outros. Essas coisas, quedas as pessoas naturais possuem em comum, são acessórias da vida da alma. A inteligência, o raciocínio, aoqüência, a afeição e a capacidade pertencem à vida da alma. A vida do espírito é a vida de Deus, é uma vida

specialmente dada àqueles que creram na obra consumada na cruz de Jesus Cristo.

161URSO DE TEO LOG IA

Page 146: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 146/150

M Ó DU LO 3 !ESPIR ITUALIDADE

O CAMINHO PARA A VERD AD EIRA  

ESPIRITUALIDADE

 Nascemos neste mundo com uma vida condenada à morte. Não nascemos para viver. Nascemos, sim, paramorrer. O pecado transtornou a história do homem e impôs o governo da morte. Somos uma raça sentenciada. Amorte é o fantasma da existência. O pecado e a morte andam de mãos dadas causando infelicidade em todas as

 pessoas. Ninguém está isento dessa tirania, como escreveu o apóstolo Paulo: “Assim como por um só homementrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquetodos pecaram” (Rm 5.12).

Mas Deus, em sua infinita misericórdia, providenciou em Cristo um escape para todos os que nele crêem, comoestá escrito: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assimtambém, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18).

A ofensa de Adão recaiu na condenação de todos, e esse único ato de justiça, conforme apontado no textoacima, refere-se ao ato da crucificação de Cristo que, pela graça, foi executado em favor de todos, para que todoaquele que crê receba, também pela graça, a plena justificação que produz vida.

O pecado não foi um acontecimento imprevisto nem a cruz um fato improvisado. Deus não ficou perplexocom o surgimento do pecado nem inventou a cruz como uma alternativa de percurso. Sabemos, pelas Escrituras,que tudo está plenamente sob o controle do Deus Altíssimo, e que não há causalidade nos seus planos.

A cruz não foi um acidente na vida de Jesus e não é um simples incidente teórico na experiência dos cristãos.

 Na mesma cruz em que o Filho de Deus foi imolado, foram sacrificados todos os que nele foram incluídos.Quando o Senhor Jesus foi crucificado, Ele não apenas morreu pelos pecadores, abrindo um vivo caminho paraque o homem obtivesse a vida eterna e se achegasse a Deus, mas também morreu com os pecadores sobre a cruz.Se a eficácia da cruz fosse meramente no aspecto da substituição, de modo que os pecadores tivessem a vidaeterna e fossem salvos da perdição, a maneira da salvação de Deus não seria completa.

Por exemplo, uma pessoa que é salva por crer em Jesus Cristo ainda vive neste mundo e sofre muitas tentações.Apesar de haver recebido a salvação, ela ainda não está livre do pecado nesta vida. Não tem o poder de vencero pecado. Portanto, em sua salvação o Senhor Jesus teve de realizar esses dois aspectos: salvar o homem da

 punição do pecado e salvar o homem do poder do pecado. Foi isso que aconteceu quando o Senhor Jesus morreu pelos pecadores na cruz. Ele libertou o homem da punição do pecado (do eterno fogo do inferno) e, também, do poder do pecado (o velho homem está morto; já não é um escravo do pecado).

A cruz de Cristo tem conseqüências mais abrangentes e envolve outros aspectos além dos históricos. Não foisomente Jesus quem morreu naquela cruz. Ela não é a cruz tão-somente de um homem da história, já que Jesusera 0  representante universal da humanidade. Assim, como todos pecaram em Adão, assim também em Cristotodos podem receber os efeitos desta morte compartilhada.

Algumas pessoas entendem apenas um lado da mensagem da cruz, apenas o lado substitutivo, a crucificaçãodo Senhor Jesus, sem dar a menor importância à crucificação do pecador. Mas a mesma Escritura que destacaa morte de Cristo pelos pecadores ressalta a morte dos pecadores juntamente com Cristo, como está escrito:“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” (Rm 6.3).“Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhançada sua ressurreição” (Rm 6.5). “Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm6.8). “Foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamoso pecado como escravos” (Rm 6.6).

CURSO DE TEO LOG IA162

Page 147: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 147/150

MÓDULO3 !ESPIRITUALIDADE

Essa “co-crucificação” é um fato consumado. O crente deve se considerar morto — não morrendo — para ocado, dependendo do Espírito de Deus para que esse fato tenha efeito em seu viver. Permanecendo na posição

morto para o pecado”, o crente vê o domínio do pecado quebrado. E na posição “viver para Deus” em Cristous, o crente entende que é uma nova criatura (2C0 5.17), por meio da qual desabrocha a vida espiritual.

A obra da cruz toca no âmago do problema humano: o pecado. Por meio da crucificação de Cristo, Deusrdoa perfeitamente os nossos pecados, e faz isso de tal forma como se eles jamais tivessem sido cometidos.lo sangue da sua cruz, Deus apaga as transgressões e cancela a culpa. Retira a condenação e transfere antidade.

E muito importante que os filhos de Deus entendam claramente esses dois aspectos da cruz em sua ordemrreta. Pois, se o crente imagina estar no caminho da conformidade na morte sem haver entendido primeiramenteque é a morte para o pecado, ele nunca obterá vitória sobre o pecado, nem qualquer sinal de vitória em sua vida,rtanto, continuará morto, sem vida espiritual.

163RSO DE TEO LOG IA

Page 148: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 148/150

M Ó DU LO 3 !ESPIR ITUALIDADE

REFERÊNCIAS

HUGHES, R. Kent.  D is c ip l in a s d o h o m e m c r is tã o .   Rio de Janeiro: CPAD, 2005. NEE, Watchman. O h o m e m e s p ir i tu a l . Vol. 1. Minas Gerais: Parousia, 1994. __________. O h o m e m e s p i ri tu a l . Vol. 2. Minas Gerais: Parousia, 1986.CHAMPLIN, R. N; BENTES, J.M.  E n c ic lo p é d ia d e B íb li a , te o lo g ia e f i lo s o f ia .   São Paulo: Candeia, 1995.LEWIS, Jessie Penn. A c r u z : o caminho para o reino. Minas Gerais: CCC, 2000.

CURSO DE TEO LO GIA164

Page 149: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 149/150

faculdade teológica betesdaMoldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO III 

SPIRITUALIDADE

Como as Escrituras dividem as pessoas depois do pecado?

Quem é o crente carnal?

Na vida moderna, ser espiritual tem a ver com duas coisas. Quais são elas?

Qual é a finalidade da obra da cruz?

O pecado não foi um acontecimento imprevisto. A cruz não foi improvisada. Por quê?

Page 150: Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

7/26/2019 Faculdade Betesda-Curso de Teologia-BÁSICO-MÓDULO 03

http://slidepdf.com/reader/full/faculdade-betesda-curso-de-teologia-basico-modulo-03 150/150

“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6.3)

0  c o n h e c i m e n t o s o b r e D e u s n ã o é a p e n a s u m a p o s s ib i li d a d e , m a s t am b é m u m d i r e i to d e t o d o s o s h o m e n s .A B í b l i a S a g r a d a n o s e n s i n a q u e D e u s , g r a c i o s a m e n t e , r e v e l a - s e a o h o m e m , c o n v i d a n d o

a t o d o s a e x p e r i m e n t a r e m s u a b e n d i t a g r a ç a .

Com e ssa v isão, e sob 0 lema “M oldando vo cac iona dos”, a FTB (Fa culdade Teológica Betesda), um a inst ituiçãointerdeno m inac íonal f i l iada às pr inc ipais entidades da c lasse, oferece os seguinte s cursos:

• F U N D A M E N T A L• I NTE RME D I Á R I O E• B A C H A R E L E M T E O L O G I A

A f i m d e a j u d a r n o a p e r f e i ç o a m e n t o d e t o d o s o s e n v o l v i d o s n a e x p a n s ã o d o r e i n o d e D e u s , c o n f o r m eE f é s i o s 4.12, 0 o b j e t i v o d a F T B é a f o r m a ç ã o i n t e g r a l d o a l u n o , l a p i d a n d o s e u s t a l e n t o s e 0 c a p a c i t a n d o

a o e x e r c í c i o p l e n o d a s f u n ç õ e s m i n i s t e r i a i s .

Você fo i chamado para l iderar 0 povo de Deus? Você está d isposto a servir a Igreja de Cr is to? Você sonha em dar asua v ida em pro l de mis sões t ranscu l tura is ? A FTB é 0 me lho r centro de t re inam ento para você. E s tude conosco e

descubra tudo 0 que D eus pode fazer com você e po r seu interméd io !