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Sobre a relação entre faticidade e verdade na obra de Frege
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O objetivo do texto é mostrar que a noção de que o fato é um
pensamento verdadeiro é coerente com o cerne do projeto filosófico de
Gottlob Frege. Para isso, primeiro exporei seu argumento contra o
psicologismo tal qual publicado em seu artigo póstumo Lógica; depois, como
esse antipsicologismo pode ser compreendido em termos de um
antiempirismo; por último, um breve comentário acerca da importância desta
noção no contexto da própria execução da Conceitografia.
Lógica, escrito em 1897, foi uma das tentativas de Frege de escrever
uma cartilha sobre lógica. O único resultado em vida deste esforço foi a
publicação conjunta de uma série de três artigos – Pensamento, Negação e
Pensamentos Compostos – publicados em 1918/19. Lógica foi publicado
apenas em 1969, na coleção Escritos Póstumos. O artigo é composto de
quatro partes, as duas últimas nomeadas Negação e Pensamentos
Compostos; as duas primeiras partes, Introdução e Separando o Pensamento
de suas Armadilhas, são consideradas rascunhos de Pensamento; ambos
discorrem sobre os mesmos assuntos – A impossibilidade de se definir o
termo “verdade”, o tratamento de indexicais e a distinção entre ideia
(Vorstellung) e pensamento (Gedanke). Minha escolha pela sua obra
póstuma, menos lida é que aqui o argumento é apresentado de maneira mais
conveniente a se tratar as ciências empíricas de maneira geral,
diferentemente de outras obras nas quais o psicologismo é apresentado no
contexto da matemática1.
Frege foi hostil ao psicologismo durante toda sua obra. Podemos
compreender por psicologismo a noção de que não há claras separações
entre a psicologia e a lógica, com precedência epistêmica da psicologia; ou
seja, que através do desenvolvimento da psicologia chegaríamos ao
1 Falo aqui dos argumentos contra Mill nos Fundamentos da Aritmética, dos argumentos expostos nas Leis Básicas da Aritmética contra a lógica psicológica e contra a noção de verdade como consenso tal como defendida por Benno Erdmann, e da crítica a Filosofia da Aritmética de Husserl em resenha de 1984. Nós podemos ver argumentos contra o psicologismo em quase toda a bibliografia de Frege. Nenhum deles se contraporá de nenhuma maneira ao argumento aqui apresentado.
conhecimento das leis lógicas e, por conseguinte, da própria natureza da
verdade, objeto de estudo da lógica.
Psicologia e lógica são ciências que tem objetos distintos. A psicologia
lida com as ideias (Vorstellung), pertencentes ao nosso mundo interno,
pessoal. Elas são subjetivas e portanto inacessíveis. Eu não posso sentir sua
dor, ter as mesmas sensações, memórias, imaginações. A lógica, por outro
lado, se interessa pelo pensamento (Gedanke). O pensamento não deve ser
entendido como algo interno, privado, exclusivo da nossa mente, mas algo
que possui existência objetiva, alheia ao nosso existir.2 O pensamento é o
sentido (Sinn) expresso por uma sentença assertórica.
Uma das primeiras tarefas necessárias a lógica é a separação desta
daquilo que é psicológico. Frege diz que não é possível pensar sem que
tenhamos imagens, ideias, mas devemos conseguir separar aquilo que
pertence ao mundo interior e aquilo que é lógico. Os lógicos de sua época
ainda carregavam coisas que não pertenciam a lógica em seus escritos e
análises, como, por exemplo, a distinção entre sujeito e predicado.
Em primeiro lugar, o objeto do profissional da lógica não é a análise da
linguagem comum (e nem deve ser). Um mesmo pensamento pode estar
escrito de diversas formas distintas e ainda assim ser o mesmo. As “roupas”
que esse pensamento veste pode muitas vezes confundir o lógico, fazer com
que ele creia que certo componente gramatical – uma mudança entre voz
ativa e voz passiva, ou diferenças gramaticais entre idiomas por exemplo –
altere a estrutura do pensamento. Se todas as alterações entre uma versão e
outra da escrita das sentenças forem salva veritate, conservamos então
aquilo que é próprio do pensamento em questão. Tal qual o físico não deve
se preocupar com a composição química do corpo ao fazer um tratado de
mecânica geral, o lógico não precisa examinar exaustivamente cada
2 A questão da objetividade foi tema da apresentação anterior: não discorrerei em detalhes sobre o tema, mas pontuarei alguns itens que acho importantes acerca do assunto durante o texto, se necessário; cabe aqui fazê-lo pela primeira vez: a noção de objetividade em Frege deve ser compreendida com fundo epistemológico, através de sua teoria do juízo – um pensamento é objetivo pois pode ser compreendido por todos. Me oponho assim a uma visão platônica realista de Gedanke, com sentido ontológico forte. Eu não usarei no texto a palavra “pensamento” com outro sentido que não seja esse.
vocábulo de uma oração para tratar de assuntos concernentes ao
pensamento; ele deve ter como missão se livrar das amarras da linguagem.
Alguém pode responder: precisamos estudar as leis da gramática para
assim sabermos como o homem realmente pensa. Ora, os estudos das
regras gramaticais e de outros idiomas são muito úteis, mas apenas para que
possamos ver de que diferentes formas podem aparecer as sentenças e
saibamos distinguir melhor a aparência da sentença do cerne da mesma;
muitas das dificuldades da lógica são oriundas da imperfeição da linguagem.
Mas a lógica não depende dela, e não é objetivo da lógica compreender
como o homem realmente pensa: Se assim fosse, então a lógica seria
apenas uma subdisciplina da psicologia. Seria semelhante a dizer que fazer
astronomia é a mesma coisa que elaborar uma teoria psicofísica de como
alguém vê pelo telescópio. Essa concepção nos leva a uma teoria idealista
do conhecimento – as regras gramáticais, os pensamentos, todos fariam
parte da psicologia, porque eles nos seriam do jeito que são porque
pensamos neles assim. Desta maneira, todos seriam ideias e toda ligação
possível com o que é objetivo estaria rompida, pois todo ato de cognição
ocorre quando fazemos juízos.
O psicologismo fisiológico é o exemplo mais marcante de idealismo,
pois ele parte de uma postura realista. Através do conhecimento dos
neurônios, gânglios nervosos e impulsos elétricos se desenvolve maior
inteligibilidade sobre os processos de produção de ideias, e isso não é
nenhum problema para a ciência. Mas a partir do ponto em que tentamos
tratar do pensamento e do juízo a partir de observações de natureza
fisiológica, caímos na mais extrema forma de idealismo. Nervos e gânglios
deixam de ser objetivos e se tornam ideias de nervos e ideias de gânglios, já
que é o proprio processo do qual fazem parte que os produz. E se mesmo
assim concebermos que isso pode ser verdade, então pode ser verdade que
os fantasmas na mente de um esquizofrênico existem realmente, porque tudo
não seria nada mais que um processo. A verdade não seria nada mais que
um processo mental fabricado por meu sistema nervoso. Um fantasma na
minha mente não se contradiz com o fantasma da sua mente, ambos então
certos e estão verdadeiros. A noção de verdade seria tal qual a de beleza,
dependente de dados subjetivos.
A verdade não é como a beleza. A beleza admite gradação, a verdade
não. Posso achar que certa pintura é mais bela que outra, mas considerando
ambas belas; se dois pensamentos são verdadeiros, elas são igualmente
verdadeiros. O que é verdadeiro independe do nosso reconhecimento do
fato, mas o belo só é belo para aquele que o acha. Não há disputa ou
contradição necessárias no campo da beleza: gosto não se discute3. Mesmo
quando tentamos tratar de questões estéticas de maneira objetiva, há sempre
conexão forte com o que há de dado subjetivo na beleza: a rosa é bonita para
certos seres humanos, podemos dizer, mas caso eles não existissem, a rosa
não teria como ser tratada como bonita. Nada é belo em si mesmo, mas
apenas no contexto da experiência de alguém. Já a lei da gravidade é
verdadeira ou não independentemente de que alguém saiba ou não de sua
existência ou mesmo se não houvesse nenhum humano na terra. As coisas
são verdadeiras nelas mesmas, não verdadeiras para mim; quando nos
engajamos numa disputa argumentativa, consideramos que pode haver
apenas um lado verdadeiro em dois oradores de discursos opostos, e
consideramos que é esse exercício argumentativo que nos levará a saber
qual desses discursos é verdadeiro, não o que o orador “pensa” ou acredita.
A associação da ideia visual de uma rosa com a ideia de seu delicado
aroma, com as ideias auditivas da palavra rosa e aroma, com as ideias
motoras associadas a expressão dessas palavras e mais e mais associações
de ideias até a mais complexa das ideias não resulta em nenhum
pensamento. Uma combinação de ideias ainda é uma ideia. A lei da
gravidade não depende de nada que aconteça na minha mente ou de como
mudo minhas opiniões. Entender, aceitar, compreender a lei da gravidade é
um processo mental, mas não pode ser entendido através de um ponto de
vista puramente psicológico. Existe algo aí que não é psicológico e essa
coisa em questão é o pensamento. Como isso ocorre? Frege mesmo
concorda que isso é algo misterioso, mas que os dados mentais não devem
incomodar o lógico. As questões de como nós mentalmente alcançamos a
verdade ou de porque aceitamos algo como verdadeiro não é de interesse do
3 De gustibus non disputandum. Neste parágrafo apresento o argumento sobre a estética aos moldes de Frege. É certo que não há consenso sobre o assunto na história da Filosofia.
lógico, mas as leis da verdade sim. Podemos entender essas leis como
prescrições para nosso exercício em busca da verdade: devemos estar
atentos a elas caso não queiramos falhar. O ato de pensar não está sempre
de acordo com as leis da lógica, da mesma maneira que o comportamento de
um ser humano não está sempre de acordo com as leis de seu país.
Dizer que a justificação de uma lei lógica é fundamentada numa
determinação empírica dos princípios psicofísicos da consciência do ser
humano comum é o mesmo que dizer que a lei kepleriana do movimento dos
planetas se aplica a maioria deles, ou aos planetas “normais”. Aqueles que
não seguirem a norma devem ser reprimidos como crianças para que no
futuro se portem como planetas normais. Nos pautar por questões de
normalidade ou maioria é gravemente equivocado: o homem comum, não
treinado no rigor matemático, pode achar anormal ou antinatural uma
explicação altamente rigorosa de um teorema. O maior dos gênios seria
aquele que alcançasse a mais completa mediocridade. Além disso, se não há
distinção entre os fundamentos de justificação de uma convicção e as causas
que o produziram, não há diferença entre uma superstição e uma descoberta
científica, pois todos são dependentes dos mesmos fatores psicológicos.
Se as leis da lógica são de cunho psicológico, podemos dizer que a
verdade é passível de ser mudada com o tempo, da mesma forma que uma
gramática pode se alterar com o correr de décadas. Poderíamos dizer que
“todo objeto é idêntico a si mesmo” é uma regra válida no tempo atual, com
exceção de em talvez duas ou três tribos primitivas ainda desconhecidas.
Porém, se uma lei é verdadeira, mesmo que ela seja psicológica, ela deve
ser sempre verdadeira, eternamente verdadeira. As leis da verdade, assim
como todos os pensamentos, são sempre verdadeiras se verdadeiras e
sempre falsas se falsas, não importa em que tempo estivermos. Podemos
dizer que certo faraó do Egito morreu de tuberculose, mesmo que na data
não se soubesse sequer da existência do bacilo de Koch.
Por último, podemos entender que leis psicológicas podem se referir a
composição química do cérebro ou a sua estrutura anatômica. Leis lógicas
não podem se referir a essas características, pois seria absurdo. Se Hebe
Camargo morreu ou não independe do tamanho do cérebro ou da quantidade
de fósforo nele presente, por exemplo.
As ideias, incomunicáveis por natureza, não podem ser comparadas
com o que há de real. Como dito em Sobre o Sentido e a Referência: “Se
duas pessoas imaginam a mesma coisa, cada uma ainda tem sua própria
ideia. É as vezes possivel estabelecer diferenças entre ideias, ou mesmo
sensações, entre diferentes homens; mas uma comparação exata não é
possível, pois não podemos ter ambas as ideias juntas em uma mesma
consciência4. De acordo com as notas de Carnap sobre o curso oferecido por
Frege em 1910, “a verdade não pode ser definida como a comparação de
uma ideia com o real, pois algo que é subjetivo não pode ser comparado com
algo objetivo. A verdade não pode ser definida, analisada, reduzida (a
nada)”5. Não é possivel corresponder uma ideia à realidade, dada a sua
incomunicabilidade. Posso apontar uma estrela cadente e dizer que minha
ideia corresponde a aquele pedaço de realidade, mas se há compreensão
mútua do que é minha ideia, então estou transformando algo que é subjetivo
em objetivo. Pode-se ter uma ideia da ideia que tive, uma ilustração mental
de uma estrela cadente por exemplo, mas nunca a minha ideia, já que ela
pertence somente a mim.
Resta a comparação entre duas entidades objetivas, portanto: o
pensamento e a realidade. Porém, Frege nos afirma que o fato é um
pensamento verdadeiro. Como exemplo de pensamentos dados por Frege
estão “leis da natureza, leis matemáticas, fatos históricos”6. É estranho
pensar que fatos são eles mesmos os portadores de verdade. Suporia-se que
eles fossem os eventos que atestariam a verdade de uma proposição ou
enunciado, por exemplo. Mas como compararíamos pensamentos ao mundo
dos objetos físicos? De que maneira isso poderia seria feito?
Os correlatos dos fatos possíveis são, na melhor das hipóteses,
nossas ideias e representações. O que nos resta à comparação, além dos
pensamentos acessados, são nossas sensações, memórias, imaginações,
todas elas pertencentes ao mundo interno, das ideias. “Como saber que o
nome “Lua” tem um Bedeutung ?” pergunta o idealista. Frege não responde
4 Frege Reader, p. 1555 Sluga, Truth and the Imperfection of Language, p. 56 Posthumous Writings, p. 131
apontando para a Lua, não pede para que o cético veja ou sinta a Lua. Diz
apenas que pressupomos que haja um Bedeutung, e que esse Bedeutung
não é a ideia de lua, mas a Lua mesma. Olho agora pela janela de casa o
céu, e digo: eu vejo a lua neste momento. O sentido expresso por essa
sentença assertórica é objetivo, então não pode ser comparado com nada
subjetivo, com minhas sensações, para que se ateste sua verdade. Não
depende de minhas sensações a verdade ou falsidade desse enunciado.
“Sensações, sentimentos, humores, inclinações, desejos”7 são coisas que
nós temos, que precisam de um portador, pertencem a um certo mundo
interno. Elas são ideias.
O fato não pode ser um truth-maker porque a comparação de
proposições com eventos seria a comparação de algo objetivo, o
“pensamento” (proposição), com algo subjetivo, nossas ideias e sentidos
(aquilo que “percebemos” como evento). Deve-se apartar o psicológico do
lógico, e as questões sobre a verdade pertencem a esfera do lógico, não do
psicológico. O psicológico é subjetivo, inacessível, não-compartilhável,
enquanto o mundo objetivo é algo compartilhado por todos. As leis da lógica
não são leis empíricas gerais da racionalidade humana - como crê o
materialismo naturalista, linha de pensamento predominante entre os
cientistas e pensadores da época.
É ao cientista materialista que Frege fará sua admoestação. “Facts,
facts, facts, cries the scientist if he wants to bring home the necessity of a firm
foundation. What is a fact? A fact is a thought that is true”8. Esse cientista
naturalista mantém a tese de que seres humanos são seres sensórios, e que
seu conhecimento vem a partir da percepção sensória da realidade e não de
construções especulativas conceituais. Os caminhos que as ciências
tomavam a época de Frege levavam a um psicologismo fisiológico, uma
espécie de ultra empirismo a qual o filósofo se voltou contra.9 Czolbe, o
7 Frege Reader, p. 1348 Frege Reader, p. 3429 Sluga foi o responsável por apontar, através de uma reconstrução histórica, que as teses fregeanas eram contra o naturalismo materialista alemão, e não contra o idealismo hegeliano, como dizia Dummett em Frege: Philosophy of Language. No prefácio a segunda edição de seu livro, Dummett faz uma nota apontando que que a crítica está “aparentemente correta”.
filósofo com a teoria epistemológica mais sofisticada da tradição naturalista,
dizia que o dado fundamental “é a percepção sensória. (…) Psicologia é a
ciência fundamental, não a lógica, não o pensamento especulativo”10. Essa
psicologia é fisiológica: “Qualidades sensórias de visão e som, paladar, olfato
e temperatura (…) são apenas movimentos no sistema nervoso. (…) A
consciência é apenas um movimento reflexivo das fibras do cérebro. (…) O
que chamamos associação de ideias é apenas um caso de ressonância no
cérebro. (…) A alma ou self é apenas a soma destas atividades psicológico-
fisiológicas”.11 Conceitos, juízos e inferências não se dão por comparação ou
abstração, mas por necessidade física, devido a estrutura molecular do
cérebro.
O empirismo surge da dificuldade de se perceber que, “apesar de
nossos juízos serem causalmente determinados, nem todas essas causas
são justificações. Como uma direção empirista da filosofia falha em
considerar essa distinção, se conclui que todo nosso conhecimento é
empírico, por causa da causalidade empírica de nosso pensar (thinking)”12.
Em Pensamento, Frege já aponta desde o início que o empirismo deve ser
evitado como regra fundamental: “qualquer coisa que os sentidos possam
perceber é excluído do reino das coisas sobre as quais surge a questão da
verdade”13. Ele exemplifica: “O Sol nasceu é reconhecido por nós como
verdadeiro com base em nossas impressões sensoriais, mas o Sol nasceu
não é um objeto emitindo raios que alcançam meus olhos, não é uma coisa
visível como o Sol.” 14
Não devemos, da mesma maneira, acreditar que o conhecimento
surge a partir da soma das experiências dos indivíduos. Frege se opõe a
aqueles que “reconhecem a indução como único processo de inferência (e
mesmo aqueles que vêem não como inferência, mas como hábito)”15,
afirmando que a indução “pode ser justificada apenas por meio das
10 Sluga, Frege, p. 2911 idem12 Logic, p.213 Frege Reader, p. 32814 idem15 Frege Reader, p. 91
proposições gerais da aritmética”16
Como o cientista pode então alcançar os fatos verdadeiros com o rigor
necessário de uma ciência? Através da utilização da conceitografia. Iniciando
através da conceitografia a dedução de pensamentos a partir de verdades
lógicas, teremos a conservação da verdade desta para a aritmética, que nos
fornecerá as bases da teoria da probabilidade - e assim de uma teoria da
indução - levantando as bases fundamentais das ciências empíricas. Para
isso a conceitografia foi criada: como lingua characteristica das ciências, para
que nela não se confunda o lógico, aquilo que diz respeito a verdade, com o
psicológico.
O cientista pede por fatos para garantir a verdade de suas
proposições, pois ainda padece das confusões empiristas. É através da
utilização da linguagem formalizada própria para seus propósitos, a
conceitografia, que a ciência alcançará os fatos - sua firme fundação - pois
verá com claridade suas deduções, sem os problemas gerados pela
linguagem comum. Nesta linguagem, predicados de verdade serão
desnecessários, pois ela é conservada em todas as deduções. A
conceitografia dará sustentação para uma fundamentação mais clara da
matemática, e consequentemente uma teoria das probabilidades que servirá
como sustentação das ciências empíricas.
Bibliografia
FREGE, Gottlob, The Frege Reader, ed. M. Beaney, Blackwell, 1997.
_____, Foundations of Arithmetic, tr. de J.L. Austin, Blackwell, 1953
_____, Posthumous Writings, tr. de P. Long, R. White e R. Hargreaves,
Oxford, 1979.
SLUGA, Hans, Gottlob Frege, Routledge, 1980.
_____, Truth and the Imperfection of Language, In:Grazer
Philosophische Studien, vol. 75, Rodopi, 2007
16 Foundations of Arithmetic. pp 16-17