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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA RITA DE CÁSSIA LEMOS DE OLIVEIRA LIMA FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO Alagoinhas Bahia 2011

FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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RITA DE CÁSSIA LEMOS DE OLIVEIRA LIMA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

RITA DE CÁSSIA LEMOS DE OLIVEIRA LIMA

FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA

NATAÇÃO

Alagoinhas – Bahia 2011

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RITA DE CÁSSIA LEMOS DE OLIVEIRA LIMA

FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA

NATAÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus II, Alagoinhas, como requisito parcial para a obtenção de grau de Licenciatura em Educação Física. Orientação: Prof. Dr. Maurício Maltez Ribeiro Co-orientador: Prof. Dr. Francisco Gondim Pitanga.

Alagoinhas – Bahia 2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que desejam

conhecer um pouco mais sobre a Natação, e a todos os

que são apaixonados por este esporte Fantástico!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente ao Divino Pai Eterno por estar ao meu lado em todos

os momentos da minha vida, sejam eles de alegria/tristeza, coragem/medo,

força/fraqueza, segurança/insegurança, sempre me ajudando a superar as

dificuldades encontradas e ultrapassar os obstáculos colocados em meu caminho,

provando por diversas vezes que nele nós podemos confiar basta acreditar!

A minha família que não somente faz parte da minha vida, mas que é a minha

vida, por tudo o que já fizeram e fazem por mim. Aos meus pais, pelo amor,

dedicação, educação, ensinamentos, apoio, incentivo, compreensão, paciência... A

minha amada irmã, sempre compreensiva, atenciosa, carinhosa e engraçada que eu

sempre pude contar. Aos meus sobrinhos que apesar de novinhos (7, 5 e 2

aninhos), sem saber, me transmitiam força nos momentos difíceis, através dos

abraços apertados, carinhos triplicados, sorrisos sinceros e suas brincadeiras, as

quais tanto me divertiam e me distraíam.

Ao meu namorado Sérgio que se empenhou em me ajudar em tudo o que

fosse preciso, além de me dar atenção, amor e carinho, transmitindo tranqüilidade

quando me encontrava quase entrando em "curto circuito" no período de execução

da monografia.

Ao meu orientador Maurício Maltez, agradeço de coração, pela dedicação,

empenho, atenção, prontidão, comprometimento, competência, humildade,

responsabilidade, rapidez em sanar as minhas dúvidas, sempre presente mesmo

durante a greve, me auxiliando enormemente na execução de todo o TCC.

A todos os professores que contribuíram para a minha formação acadêmica:

Luiz Carlos Rocha, Cézar Leiro, Ubiratan Menezes, Francisco Pitanga, Diana Tigre,

Magdalânia Cauby, Eduardo Sá, Nélia Bispo, Normando Carneiro, Gregório Benfica,

Ana Simon, Gleide Sacramento, Mônica Benfica, Valter Abrantes, Maurício Maltez,

Martha Benevides, Neuber Leite, Alan Rocha e Viviane Viana.

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À Cíntia, minha companheira do Projeto EPAF – Educar para a Atividade

Física - que me ensinou tudo sobre a tabulação de dados da pesquisa, além de

estar sempre disposta a auxiliar no que eu precisasse.

A professora Mônica Benfica, que apesar de não ser minha orientadora e não

ter obrigação/responsabilidade nenhuma em relação à minha monografia fez

algumas correções e considerações para o melhoramento do trabalho.

Agradeço do fundo do meu coração à minha querida Ana Rita, professora de

Língua Portuguesa, que desde a execução do projeto de pesquisa corrige meus

trabalhos.

Aos professores Valter Abrantes e Maurício Maltez coordenadores do EPAF

(Educar Para Atividade Física), os quais tenho imensa admiração, que

proporcionaram um maior aprendizado na área de grupos especiais através da

experiência de quase dois anos nesse projeto de extensão.

Tive a honra de ser aluna de várias disciplinas, dentre elas a de TCC, e ser

co-orientanda do professor Pós Dr. José Francisco Gondim Pitanga, a ele os meus

sinceros agradecimentos.

A todos os colegas da graduação, em especial a equipe do "paredão" Izandra,

Ariane, Janilma, Shirlei, Silas, Guilherme e às amigas inseparáveis: Arissandra

Célia, Juliana Correia, Milena Carneiro e Tatiane Miranda pela amizade e

experiências compartilhadas.

OBRIGADA A TODOS!!!

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"Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que

fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo

avanço."

Gabriela Mistral

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo identificar os fatores que influenciam na permanência de indivíduos na prática da natação e para este propósito foram escolhidos os dois clubes mais antigos da cidade de Alagoinhas-Ba, os quais oferecem esse desporto. O presente estudo constituiu-se a partir de uma abordagem quantitativa, utilizando a pesquisa direta de campo e empregou-se o método descritivo e exploratório. A amostra deste estudo foi composta por 42 indivíduos de ambos os gêneros e sem distinção de faixa etária, com uma média de idade de 25,69 ± 13,64 anos. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se as fichas de matrícula do mês de janeiro de 2010 a janeiro de 2011 e o questionário IDAPRAN classificado como estruturado. A análise de dados foi feita a partir das estatísticas descritivas, utilizando o software da Microssoft Office Excel 2007. Os objetos de estudo foram atividade física e exercício físico, fatores que influenciam a prática da atividade física, níveis de atividade física, história, caracterísiticas e benefícios da natação. De acordo com os resultados obtidos, ficou evidenciado que a maioria é do sexo masculino com 83% e feminino apenas 17%; a faixa etária predominante é de adultos (31 a 59 anos) e crianças (5 a 12 anos), com 35% e 28% respectivamente. Com relação ao estado civil, 76% eram solteiros e 19% casados. Referente ao grau de instrução, 26% tinha o ensino fundamental incompleto e 24% o nível superior completo. Dentre as profissões, 41% eram estudantes e 17% professores. Quanto à idade que tinham quando iniciaram a prática da natação, 26% tinham de 7 a 12 anos e 17% de 13 a 19 anos; sendo que 43% praticam o esporte a mais de 2 anos, 36% a mais que 2 meses e menos que 6 meses. Os principais motivos de adesão foram melhorar o condicionamento físico com 28% e indicação médica com 26%; e os fatores que influenciaram na permanência no esporte foram melhorar o condicionamento físico com 95%, seguido da sensação de bem estar e por ser uma atividade física saudável com 93%. Através dos resultados expostos, constatou-se que os fatores influenciadores tanto de iniciação à prática da natação como os de permanência no esporte, estão vinculados à saúde e bem estar e para a obtenção de uma melhor qualidade de vida. Portanto, conclui-se que os motivos de adesão se justificaram após algum tempo de permanência na atividade e se intensificaram por conseqüência de uma percepção satisfatória diante dos objetivos que vem sendo adquiridos, estimulando os indivíduos a se manterem no esporte, usufruindo dos benefícios esperados e atingidos.

Palavras–chave: Atividade física, permanência, natação.

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ABSTRACT

This study aimed to identify factors that influence the persistence of individuals in the practice of swimming and were chosen for this purpose both the city's oldest clubs in Alagoinhas, Bahia, which offer this sport. This study was based from a quantitative approach, using the lookup field and the method we used descriptive and exploratory. The sample was composed of 42 individuals of both genders and irrespective of age, with a mean age of 25.69 ± 13.64 years. As an instrument of data collection we used the registration records of January 2010 to January 2011 and classified as IDAPRAN structured questionnaire. Data analysis was made from the descriptive statistics, using the software Microssoft Office Excel 2007. The subjects were physical activity and exercise, factors that influence physical activity, physical activity levels, history, and characteristics make the benefits of swimming. According to the results obtained, it was evident that the majority are males with female only 83% and 17%, is the predominant age group of adults (31 to 59 years) and children (5-12 years) with 35% and 28% respectively. With regard to marital status, 76% were single and 19% married. Concerning the level of education 26% had incomplete primary education and 24% college graduates. Among the professions, 41% were students and teachers 17%. As for the age they were when they began the practice of swimming, 26% had 7 to 12 years and 17% from 13 to 19 years, and 43% practice the sport for more than two years, more than 36% and less than 2 months 6 months. The main reasons for compliance were improved physical conditioning with 28% and 26% with medical indication, and that influenced fatoores remaining on sports improve fitness were 95%, followed by a feeling of well being and for being a physical activity healthy 93%. Through the results presented, it was found that the factors influencing both the initiation as the sport of swimming to stay in the sport, are linked to health and wellness and to obtain a better quality of life. Therefore, we conclude that the reasons for membership are justified after some time spent in the activity and intensified by the perception of a satisfactory result on the objectives that have been acquired, encouraging individuals to remain in the sport, enjoys the benefits expected and achieved.

Keywords: Physical activity, stay, swimming.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACRA - Associação Cultural e Recreativa de Alagoinhas

AF- Atividade física

BA- Bahia

CBDA- Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDAPRAN- Instrumento Diagnóstico de Adesão à Prática da Natação

OMS - Organização Mundial de Saúde

UEFS - Universidade de Feira de Santana

UNEB- Universidade do Estado da Bahia

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Características quanto ao gênero dos alunos.

GRÁFICO 2: Características conforme a faixa etária dos alunos.

GRÁFICO 3: Características conforme o estado civil dos alunos praticantes da

natação.

GRÁFICO 4: Características conforme o grau de instrução.

GRÁFICO 5: Características conforme as profissões dos alunos.

GRÁFICO 6: Características conforme a idade em que os alunos iniciaram a prática

da natação.

GRÁFICO 7: Percentuais de quanto tempo os alunos praticam natação.

GRÁFICO 8: Percentuais dos estágios de comportamento em relação à atividade

física.

GRÁFICO 9: Percentuais dos cinco principais motivos de adesão a prática da

natação.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Percentuais do Nível de Importância das opções listadas, de acordo

com o perfil e a percepção dos alunos para justificar o porquê continuam

(permanecem) praticando natação.

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ________________________________________________ 13

2 OBJETIVOS __________________________________________________18

2.1 Objetivo geral ________________________________________________18

2.3 Objetivos específicos __________________________________________ 18

3 REFERENCIAL TEÓRICO _______________________________________19

3.1 Atividade física e exercício físico_________________________________19

3.2 Fatores que influenciam a prática da atividade física _________________ 22

3.3 Níveis de atividade física ______________________________________ 27

3.4 História da natação __________________________________________ 29

3.5 Características da natação _____________________________________34

3.6 Benefícios da natação ________________________________________ 37

4 METODOLOGIA ______________________________________________ 39

4.1 Modelo do estudo ____________________________________________39

4.2 Amostra ___________________________________________________40

4.3 Local do estudo _____________________________________________40

4.4 Características dos clubes _____________________________________41

4.5 Funcionamento dos clubes ____________________________________ 42

4.6 Instrumento de medida _______________________________________ 42

4.7 Coleta de dados _____________________________________________43

4.8 Análise dos dados ___________________________________________ 43

Page 13: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO __________________________________ 45

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________ 68

REFERÊNCIAS

ANEXOS

ANEXO A: Termo de Autorização dos Clubes - I

ANEXO B: Termo de Autorização dos Clubes – II

ANEXO C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

ANEXO D: Questionário (IDAPRAN)

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1 INTRODUÇÃO

O corpo humano está constantemente em ação e isso se deve a todos os

seus órgãos trabalharem em conjunto e numa completa sintonia para mantê-lo

funcionando perfeitamente, mas o seu bom funcionamento depende de alguns

cuidados essenciais como: uma boa alimentação, prática de atividades físicas,

higiene, descanso, entre outros. Nosso corpo se desenvolveu com o movimento, o

qual só é possível devido à ação de contração dos músculos que têm uma tarefa

imensamente complicada, pois exige estímulos variados tanto para esforços muito

grandes como correr, quanto para movimentos "finos" e delicados como o dos dedos

um cirurgião, por exemplo.

Entretanto, "devido à insuficiente utilização diária dos músculos do corpo,

temos este importantíssimo sistema corporal atrofiando", diminuindo a flexibilidade, a

força, a capacidade cardiorrespiratória, a resistência e podendo sofrer lesões mais

facilmente, ou seja, "quando não são colocados para trabalhar durante muito tempo

entram em falência, enfraquecendo-os", tanto que, além de acarretar os problemas

citados, as articulações ficam endurecidas, tornando atividades simples algo difícil e

cansativo, isso pode ser facilmente visualizado nos idosos, por exemplo, que devido

a algumas patologias necessitam ficar muito tempo parados, afetando diretamente

os movimentos (MENDES1, 2010).

Diante deste cenário, faz-se necessário mudar esse estilo de vida onde se

utiliza cada vez menos as habilidades corporais, adicionando a prática de atividades

físicas no cotidiano e fazendo dela um hábito de fundamental importância para

manter ou obter uma melhor qualidade de vida. A aderência a uma atividade física

ou a um esporte que, segundo Saba (2001, p. 39), "é a manutenção da prática por

longos períodos de tempo como parte da rotina dos indivíduos", seria o ideal para

mudar essa maneira de viver, no entanto, vários fatores estão associados à

permanência de tal prática.

1 Disponível em: <http://www.corposaudavel.com.br/atividade-fisica/127-cinesiologia-a-importancia-

dos-movimentos> MENDES, Aluísio Menin. Cinesiologia - A Importância dos Movimentos.

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As transformações aceleradas proporcionadas à humanidade através do

avanço da ciência e da tecnologia exercem uma influência fortíssima no

comportamento dos indivíduos, consequência das facilidades e confortos da vida

moderna, pelo fato de tornar as atividades diárias bem mais simples, diminuindo o

gasto de tempo que é bastante positivo na agitação dos dias atuais. Porém, essa “lei

do mínimo esforço substitui o duro trabalho dos nossos músculos", fazendo com que

tenhamos uma enorme tendência ao sedentarismo, ou seja, a uma vida pouco/nada

ativa fisicamente (MENDES, 2011).

Nos últimos anos, estudos demonstraram que "o sedentarismo é algo que o

ser humano não está habituado" e é nesta adaptação onde mora o perigo, pois o

corpo tem uma enorme capacidade de se adaptar tanto aos estresses físicos

proporcionados pelos exercícios, e com isso melhorar suas funções; como também à

inatividade física, que é um fator decisivo no desenvolvimento de doenças

degenerativas como: obesidade, colesterol, hipertensão arterial, doenças

cardiovasculares, diabetes tipo II, etc (BASTO2, 2009).

O crescente discurso veiculado pelas mídias sobre saúde e pelos médicos em

suas consultas e recomendações demonstra que uma atividade física regular de

intensidade moderada é extremamente importante por exercer uma ação positiva

sobre todo o corpo, trazendo benefícios não só físicos como fisiológicos, psíquicos e

sociais, ou seja, a saúde e a atividade física estão completamente interligadas, não

há como separar uma da outra.

Diante da necessidade de se trabalhar o corpo por inteiro de forma adequada

e equilibrada, sugere-se a prática de um esporte bastante completo – já comprovado

em diversas pesquisas - que trabalha todos os músculos do corpo e desenvolve

diversas habilidades como: coordenação, equilíbrio, força, resistência, flexibilidade,

além de ser extremamente benéfico ao sistema cardiovascular e respiratório.

Esse esporte tão "poderoso" é a natação. Uma atividade que o praticante ao

dominar os estilos dos nados (crawl, costas, peito e borboleta) estará trabalhando

toda a musculatura do corpo e, ao mesmo tempo, relaxando, pois alivia as tensões

2 Disponível em: <http://joaobastotreinopersonalizado.blogspot.com/2009/02/os-ultimos-anos-

demonstraram-que-o.html> BASTO, João. Treino personalizado: Um conceito de qualidade de vida.

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diárias, ajuda na recuperação e reabilitação de lesões, como também na redução da

gordura corporal quando praticada na intensidade correta.

A natação é um esporte bastante indicado pelos médicos, fisioterapeutas e

professores de Educação Física por auxiliar na melhoria de diversas patologias, pois

proporciona inúmeros benefícios físicos, fisiológicos, psicológicos e sociais. É um

esporte fascinante, principalmente para aqueles que já o dominam, mas um tanto

difícil para os que estão iniciando devido a diversos fatores: como o de estar inserido

em um novo ambiente com características bem diferentes daquelas que estamos

acostumados fora da água, exigindo novas adaptações ao meio líquido como: a

respiração, a adaptação óculo-visual, a flutuação e o deslize para, a partir daí, iniciar

exercícios de coordenação da propulsão de pernas, braços e respiração

simultaneamente.

Para iniciar qualquer atividade física, exercício físico ou esporte, geralmente é

preciso de algum motivo, uma razão ou um objetivo a ser alcançado. E algo que

determina essa atitude é a motivação, uma força interior, um desejo que conduzirá e

intensificará os objetivos do indivíduo. Entretanto, a permanência em determinada

atividade depende, além da motivação, de perseverança, persistência e de uma

necessidade física, fisiológica ou psicológica, motivos ainda mais fortes para que

essa seqüência seja dada.

Referente a isto, podemos notar que, em nosso país, os estudos que

acompanham o envolvimento da população com a prática regular da natação são

insuficientes. Diante desta carência de informações, o objeto de estudo da presente

pesquisa, ou seja, as questões que orientam essa investigação são: O que é

atividade física e exercício físico? Quais os fatores que influenciam na prática da

atividade física? Quais as características e os benefícios do esporte natação?

Em busca de responder estes questionamentos, foi utilizada como abordagem

Metodológica, nesta investigação, a Pesquisa Direta de Campo do tipo quantitativa –

descritiva, em dois clubes situados na cidade de Alagoinhas – Bahia, onde foram

aplicados questionários a todos os alunos de todas as faixas etárias que praticam

natação.

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Para tanto, o referencial teórico deste estudo foi subdividido em seis capítulos, os

quais abordam: 1. Atividade física e exercício físico, definindo e diferenciando cada

uma dessas práticas; 2. Fatores que influenciam a prática da atividade física, falando

sobre motivos, motivação, auto-motivação, determinantes da permanência em um

programa de atividade física e suas variáveis. 3. Níveis de atividade física, trazendo

os estágios de mudança de comportamento dos indivíduos em relação à prática de

exercícios. 4. História da Natação, contando alguns fatos ocorridos no passado; 5.

Caracterísiticas da Natação, informando como esse esporte se constitui; 6.

Benefícios da Natação, trazendo as vantagens de se praticar regularmente esta

atividade.

A metodologia mostra todo caminho percorrido para a execução da pesquisa,

a amostra, os procedimentos e instrumentos utilizados. O item, Resultados e

Discussão, dedicou-se à apresentação dos dados coletados, estabelecendo uma

ligação com resultados de outros estudos feitos na área e com a revisão de

literatura. E para finalizar, as Considerações Finais, expõem os fatores que

influenciaram na permanência de indivíduos na prática da natação, a partir dos

resultados encontrados e dos pressupostos teóricos que embasam o estudo,

indicando, também, algumas sugestões de mudança da realidade encontrada e de

pesquisas futuras.

Podemos presumir que a permanência na atividade física, em geral, deve-se

a fatores de maior importância/intensidade e/ou grandeza em relação àqueles

motivos iniciais de adesão, e com relação à natação há um agravante maior, por ser

um esporte não acessível a todos, exigindo certa estabilidade financeira para dar

continuidade à sua prática.

Como futura professora de Educação Física, tenho como projeto profissional

atuar nessa área e, mais especificamente, com a natação, espero poder contribuir

para a manutenção e melhoria da saúde física e psicológica, como também na

reabilitação física daqueles que optarem por este esporte.

Portanto, este estudo traz informações valiosas para subsidiar a captação de

novos alunos e colaborar na redução de abandonos do esporte na medida em que

se conhecem as necessidades, as dificuldades e o que mais agrada e/ou

desagradam os mesmos, podendo auxiliar tanto os donos de espaços onde

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oferecem a natação quanto os professores que poderão avaliar sua metodologia de

ensino, criando maneiras de tornar seu trabalho mais atrativo e dinâmico (já que a

natação tem características um tanto monótonas, para alguns, por ser um esporte

individual de exercícios repetitivos até que se alcance a técnica dos nados). Ao

mesmo tempo, pode ser uma referência em como lidar com as diversas situações ou

problemas que eventualmente poderão ocorrer no decorrer das aulas. Essa, talvez,

seja uma forma de se chegar a uma das raízes do problema (a desistência) e dela

extrair possibilidades de mudança criando maneiras de suprir as necessidades que,

possivelmente, serão encontradas e aprimorando assim a qualidade do serviço

ofertado.

Diante do exposto, configura-se como problema de investigação a seguinte

questão: Quais os Fatores que Influenciam na Permanência de Indivíduos na Prática

da Natação?

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar os fatores que influenciam na permanência dos indivíduos na

prática da natação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o perfil dos indivíduos praticantes do esporte natação.

Identificar os motivos que levam os indivíduos a procurarem a natação como

prática de atividade física.

Identificar o tempo de permanência dos indivíduos na prática da natação.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO

Atualmente é possível visualizar um maior número de pessoas praticando

alguma atividade física, seja ela realizada em instalações esportivas, espaços

privados ou mesmo aqueles realizados em contato direto com a natureza,

demonstrando uma crescente conscientização e conhecimento da importância e dos

benefícios adquiridos a partir da adoção de um estilo de vida ativo, independente da

idade, para uma maior e melhor qualidade de vida.

Segundo Gonzáles e Fensterseifer (2010 apud CASPERSEN et al, 1985), a

atividade física (AF) é entendida como qualquer movimento corporal produzido pelos

músculos esqueléticos do qual resultam em consumos energéticos.

E também pode ser definida como:

Um comportamento humano complexo, com componentes e determinantes de ordem biológica psicossociocultural, podendo ser exemplificada por esportes, exercícios físicos, danças e outras atividades de lazer, locomoção e ocupação profissional. (PITANGA, 5ª ed. p.16).

Gonzáles e Fensterseifer (2010 apud Mc ARDLE et al 2000) consideram

ainda, que a “AF exerce efeito profundo sobre o consumo de energia humana”,

independente do sistema orgânico envolvido. Nesse contexto, na maioria das vezes,

AF é compreendida como uma prática relevante e significativa para o benefício da

saúde.

A humanidade tem acompanhado e, grande parte dela, tem se beneficiado

com os admiráveis progressos da vida atual, no entanto, as facilidades ocorridas

devido ao avanço científico e tecnológico (elevadores, controles, internet, portões

que se abrem automaticamente, etc) substituíram a força humana, principalmente na

execução de atividades rotineiras que dependiam basicamente do esforço físico.

Page 21: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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Essas facilidades que nos favorecem no sentido de diminuir o gasto de

tempo, pela lógica, sobraria mais tempo para cuidar de nós mesmos. No entanto, a

correria diária em busca da independência financeira, de aperfeiçoamento intelectual

devido à competitividade no trabalho, a instabilidade no emprego, sem falar nos

problemas com família, filhos, casa, trânsito, acabam tomando todo nosso tempo

nos deixando tão cansados que vamos descuidando do nosso corpo como um todo,

tornando-nos cada vez mais sedentários e estressados. Este acúmulo de coisas vai

ditar nossas escolhas, atitudes e hábitos pessoais tendo um impacto positivo ou

negativo em nossa saúde.

Quanto mais sedentárias, apressadas, estressadas e debilitadas pelo modo de vida moderno, mais as pessoas procuram um idílio de paz e saúde, que lhes é traduzido pela prática de exercício físico (SABA, 2001, p. 49).

Considerada como a doença do século, o sedentarismo está diretamente

associado ao comportamento cotidiano decorrente dos confortos da vida atual, ou

seja, a falta e/ou ausência e/ou diminuição de atividades físicas ou esportivas. Vale

ressaltar que essa inatividade física é mais prevalente em mulheres, idosos,

indivíduos de baixo nível sócio-econômico e incapacitados. A partir da adolescência,

as pessoas tendem a diminuir, de forma progressiva o nível de atividade física.

Existem diversas indicações para que os indivíduos sedentários possam adotar uma

mudança de hábitos de acordo com as possibilidades, limitações ou conveniências

de cada um, optando por uma vida fisicamente mais ativa e saudável.

Neste sentido, Gonzáles e Fensterseifer (2010 apud POLLOCK et al, 1995)

recomendam AF para melhorar e manter a saúde e as capacidades físicas,

cardiorrespiratórias e músculo-esqueléticas, com ênfase na prevenção de doenças

crônicas degenerativas. De fato, há consenso de existência sobre a relação entre

saúde e AF; no entanto é, reconhecidamente, complexa e também contraditória,

devido às influências sofridas não só da natureza atlética, mas de fatores

socioeconômicos e culturais.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prática de AF regular

reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular

cerebral, câncer de cólon e mama, e diabetes tipo II. Atua na prevenção ou redução

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da hipertensão arterial, previne o ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade),

auxilia na prevenção ou redução da osteoporose, promove bem-estar, reduz o

estresse, a ansiedade e a depressão. Especialmente em crianças e jovens, a AF

interage positivamente com as estratégias para adoção de uma dieta saudável,

desestimula o uso do tabaco, do álcool, das drogas, reduz a violência e promove a

integração social.

O exercício físico é a subcategoria de AF planejada, estruturada e repetitiva,

com o objetivo de ganhar e manter desempenho físico (GONÇALVES, et al, 1997);

também é utilizada, entre outras finalidades, para estética, saúde, doença,

reabilitação, treinamento, recreação e desenvolvimento motor e psíquico. Os

exercícios físicos são constituídos de atividades programadas com ritmo e

intensidade corretas, dias predeterminados entre exercício e descanso, orientados

por um professor de Educação Física, que é de suma importância, pois é ele que irá

elaborar um programa de treinamento, respeitando a individualidade biológica de

cada aluno.

Para Nahas (2003), o exercício físico é uma das formas de AF planejada,

estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, de

habilidades motoras ou a reabilitação orgânico-funcional, as quais incluem,

geralmente, atividades de níveis moderados a intensos podendo ser de natureza

dinâmica ou estática. De acordo com Saba (2001, p. 3), o que diferencia

basicamente a AF do exercício físico é a intencionalidade e sistematicidade do

movimento que apresenta este último.

O ideal para a saúde é que a AF se torne um hábito desde a infância ou

mesmo na adolescência, com incentivo dos familiares e a participação nas aulas de

Educação Física na escola para não haver dificuldades de integrá-la à vida adulta.

Infelizmente a natação ainda é um esporte pouco difundido no ambiente escolar,

principalmente em se tratando de instituições públicas de ensino.

Estudos apontam que crianças e adolescentes que se mantêm fisicamente

ativos, apresentam menor probabilidade de se tornarem adultos sedentários,

obtendo então melhor qualidade de vida, pois a mudança de hábitos e atitudes já

estabelecidos na fase adulta representa uma tarefa bastante complexa e, muitas

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22

vezes, os resultados são insatisfatórios (ALVES et al, 2005; BRACCO et al, 2003;

BARUKI et al, 2006).

Indivíduos fisicamente ativos experimentam melhor desempenho no trabalho e/ou na escola, adquirem melhores hábitos nutricionais, apresentam menores índices de aquisição de hábitos nocivos à saúde como tabagismo, alcoolismo e utilização de outras drogas, sendo assim menos sujeitos ao estresse (SALLIS; PATE; HASKELL apud BRACCO et al, 2001, p.46).

Sendo assim, é fundamental estimular precocemente a AF nessa faixa etária,

para a promoção e/ou manutenção da saúde e prevenção de diversas doenças

crônicas não transmissíveis, ou seja, não infecciosas, originadas a partir da

inatividade física.

3.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA

Motivos e motivação para iniciar uma AF e/ou exercícios físicos não faltam, o

difícil é permanecer com a mesma empolgação de antes. Os objetivos esperados

geralmente não chegam tão facilmente e rapidamente como gostaríamos, pois além

de gerarem um estresse ao corpo, que não está habituado a essa nova rotina de

exercícios, causam cansaço e um pouco de dor nas regiões exercitadas; e por essa

razão muitas pessoas desistem em um curto período de tempo.

Magill (1984) se refere à motivação como a causa de um comportamento,

definindo-a como alguma força interior, um impulso ou uma intenção, que leva a

pessoa a fazer algo ou agir de certa forma de modo a atingir seus objetivos, e um

dos componentes mais importantes nesse processo são os motivos, ou seja, as

necessidades a serem satisfeitas pelo indivíduo. Para Tresca (2000), o processo

motivacional, que se dá de forma intrínseca, também é uma função incentivadora da

aprendizagem, e os motivos irão encaminhar as informações percebidas

direcionando o comportamento à determinado propósito.

Sobre este aspecto, Saba (2001, p. 66) acredita que:

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23

Hábitos anteriores de prática de exercícios criam um sentimento de familiaridade, o que impõe ao praticante autoconfiança e auto-motivação para a prática atual. E estes são sentimentos essenciais para a assiduidade na prática de exercício físico, conduzindo o indivíduo mais facilmente aos patamares de manutenção e aderência.

A automotivação é a capacidade de motivar a si próprio de modo a encontrar

razões e força suficientes para realizar alguma atividade "impulsionado pelas

crenças pessoais, sem grande dependência de incentivos externos como aparência,

saúde ou reconhecimento social" e sem a necessidade de serem influenciados a

fazê-lo por outra pessoa, não desistindo do seu objetivo (SABA, 2001). Segundo

Sallis & Owen (1999) e Dishman (1993), a automotivação tem sido

significativamente associada à participação em AF, tanto no lazer e tempo livre

como em programas supervisionados.

Saba (2001) afirma ainda que a auto-confiança é resultado de um

comportamento menos crítico em relação a si mesmo e à atividade, além da

segurança que se tem na realização da mesma.

De acordo com Thomas (1983), o motivo e a motivação indicam uma

"construção hipotética", isto é, um fenômeno que não pode ser reconhecido e

medido diretamente, por ser incerto, mas que se supõe efetivo, ou seja, real e

seguro, baseado nas observações de comportamento e na teoria do

comportamento. Podemos dizer então que a motivação está diretamente relacionada

e influenciada pelos motivos.

A permanência em um programa de AF é algo mais complicado porque o

indivíduo precisa além dos motivos, continuar motivado e perseverante para

alcançar o objetivo a que se propôs no início. Manter-se na atividade, então, requer

força de vontade, disciplina, gostar e ter prazer na atividade escolhida. Estudos

mostram “que os fatores que influenciam mais poderosamente a adesão inicial são

muito provavelmente diferentes daqueles que afetam a manutenção da atividade

uma vez que iniciada” (ACSM,1994, p.334).

O termo aderência pode ser relacionado com muitos objetivos e implica que

as pessoas decidam-se a se comprometer com planos de mudança de hábitos e

Page 25: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

24

reações a estímulos (BRAWLEY; CULOS-REED, 2000). De acordo com Saba,

(2001, p. 61) aderência é comprometer-se 'abraçar uma idéia', ligando-se a ela de

forma permanente ou ao menos duradoura, criando condições para que a prática da

atividade proposta seja continuada de forma prazerosa e produtiva. O mesmo autor

destaca que não basta que o indivíduo inicie a prática, é preciso que ele se

mantenha praticando, isso é aderência (SABA, 2001).

Sobre este aspecto, há uma polêmica entre autores com relação à melhor

terminologia para estudar a entrada e permanência do indivíduo em um progarama

de exercícios físicos. As palavras mais utilizadas na literatura são adesão e

aderência que podem significar a entrada e manutenção, respectivamente (SABA,

2011; ANDREOTTI & OKUMA, 2003; SANTOS & KINIJNIK, 2005). Estas palavras

são originadas de duas palavras latinas formadas a partir do mesmo verbo latino,

"adhaerere" que significa aderir. Alguns autores consideram estas palavras como

sinônimas (PIERIN & MION JR., 2004), pois está explícita em ambas, a idéia de

ligação, união e aprovação, segundo definições encontradas em dicionários de

língua portuguesa.

Baseado nisso, utilizou-se algumas vezes o termo adesão indicando a

entrada do indivíduo em determinada prática de AF, e aderência será utilizada para

se referir a um indivíduo que desenvolveu o hábito da prática de exercícios,

alcançando o estágio de permanência por longos períodos de tempo.

A respeito do tema supracitado, o estudo realizado por Okuma (1997) salienta

que pesquisas e estudos sobre aderência a programas de AF vêm crescendo

bastante, aumentando o interesse de pesquisadores das diferentes áreas de

conhecimento. Desta maneira, é relevante a realização de pesquisas em relação ao

tema, devido à valorização dada à AF nos dias atuais, ao desejo de obter

informações a respeito, e até mesmo dicas do que é preciso sentir, ter e fazer para

dar continuidade a uma atividade que traz inúmeros benefícios, melhorando

bastante a qualidade de vida dos seres humanos.

A relação da aderência com a AF é entendida como a opção pela

permanência em um programa de AF. Nesse sentido é dependente de algumas

variáveis, classificadas por:

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25

Martin et al (2000) em individuais, atléticas, interpessoais e ambientais considerando as duas primeiras como as principais. Sallis et al (1997) identificam também componentes interpessoais, sociais, ambientais, e diretrizes públicas variáveis, mas enfatizam os efeitos difusos do ambiente onde as pessoas vivem. Anderssen e Wold (1992) dão importância aos fatores sociais e ambientais, pois os agentes e as situações socializadoras podem interferir mais no aumento da participação nas atividades físicas do que os atributos sociais (GONZÁLEZ e FENSTERSEIFER, 2008, p. 19).

De fato, todas essas variáveis descritas pelos autores exercem enorme

influência na mudança do estilo de vida das pessoas que desejam permanecer

praticando exercícios físicos por períodos prolongados. Algumas influenciam mais

que outras, dependendo das características individuais de cada ser humano,

podendo ser facilmente identificado através de indivíduos que já vivenciaram ou

estão vivenciando esta experiência.

Pitanga (2004) descreve os determinantes da AF em quatro categorias:

Variáveis demográficas: (idade, sexo, nível sócio-econômico, grau de instrução);

Variáveis cognitivas: (percepção de barreiras, intenção para o exercício, distúrbios de humor, percepção sobre a saúde, auto-eficácia, percepção do esforço);

Variáveis ambientais: (clima, facilidade de acesso aos locais apropriados);

Suporte social: (família e amigos).

Os fatores determinantes da aderência à AF dependem dos motivos que

influenciam o comportamento do praticante ininterruptamente, são eles: o prazer; a

escolha da AF; a sensação de satisfação; o bem-estar físico e psicológico; o

histórico de atividade; a autoconfiança (dificuldade do exercício); a auto-motivação

(crenças pessoais); fatores psicológicos; manutenção e/ou recuperação da saúde;

estética; família, amigos e colegas (companhias); o ambiente em que se constitui; e

a mídia que possui um poder incrível na formação de opinião pública devido às suas

características de instantaneidade e simultaneidade as quais influenciam

diretamente nos processos educativos, cognitivos, percepções, maneiras de pensar

e agir.

Page 27: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

26

Sobre este aspecto, Saba (2001, p. 69), traz que:

A mídia é certamente um elemento de influência no aspecto psicológico dos indivíduos. São vendidos, maciçamente, padrões de saúde, qualidade de vida e bem-estar em todos os meios de comunicação. [...] é a principal impulsionadora do "corpo sadio e belo" como objeto de desejo, inserido em um estilo de vida saudável. [...] Basta uma olhada rápida nos jornais, revistas e, principalmente, na programação televisiva para saber que "exercitar-se" tornou-se um padrão de comportamento. As pessoas magras, com a musculatura desenvolvida, bronzeadas e felizes constituem o modelo. O modelo chamado atualmente de corpo definido.

A estética tem sido alvo de grande preocupação, determinando, muitas vezes,

à procura por centros especializados como as academias de ginástica - que

prometem deixar os "corpos perfeitos" - e até mesmo outros tipos de exercícios ou

esportes em busca da tão sonhada beleza física. No entanto, estudos realizados

revelam que este não tem sido o principal motivo de adesão (entrada) e aderência

(permanência) em determinada prática, mas sim a busca de uma melhor qualidade

de vida de forma geral, pois parecem estar cientes de que a mudança de hábitos e o

comprometimento com uma AF constante trarão, indiscutivelmente, diversos

benefícios gerados de dentro pra fora, e como conseqüência disto, a estética

também será favorecida.

Okuma (1994) defende que "[...] para obter benefícios à saúde, como sentir-

se bem, controlar o peso, melhorar a aparência e reduzir o estresse, são os

principais fatores que levam determinado indivíduo a permanecer em um programa

de exercícios físicos regulares". As influências sociais da família e amigos são,

também, de extrema importância à manutenção de AF, pois este suporte social

incentiva o praticante a manter o interesse em continuar fisicamente ativo.

(DISHMAN, 1998).

A percepção de uma ameaça à saúde leva muitos indivíduos a relacionarem a

prática de exercícios físicos a um provável bem estar. Andreotti e Okuma (2003)

citam ainda que, para Dishman, a recomendação médica para a prática de

exercícios físicos estimula consideravelmente a entrada nos programas

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27

principalmente para idosos. Esta, muitas vezes, ou, se não, na maioria delas, é um

dos fatores determinantes de aderência à AF.

De acordo com a análise de Saba (2001), aulas mal ministradas podem

impedir a manutenção e a permanência no exercício físico. Essa posição é também

compartilhada por Berger Mclnman, pois os dois autores apresentam dados

confirmando que os indivíduos que recebem pouca atenção do corpo técnico tendem

a desistir duas vezes mais do que aqueles que recebem uma atenção maior.

Em se tratando dos professores de Educação Física, é importante considerar

que a competência profissional está diretamente associada ao bom relacionamento

entre as partes, à metodologia aplicada, à criatividade para ensinar fazendo da

aprendizagem um momento prazeroso; na capacidade de se auto-avaliar

constantemente questionando sobre seus métodos, exercícios e planejamento das

aulas, tentando elaborar estratégias de mudança para melhorar seu trabalho de

maneira a motivar, ajudar e orientar adequadamente os participantes,

proporcionando uma permanência satisfatória por parte dos indivíduos, sejam eles

crianças, jovens, adultos ou idosos.

3.3 NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA

De acordo com a literatura, para que ocorra uma mudança de comportamento

rumo à permanência em determinada AF, o indivíduo passa por um processo de

desenvolvimento, envolvendo cinco estágios diferentes, os quais se baseiam em

diferentes teorias e modelos teóricos. Prochaska, Diclemente e Norcross (1992),

desenvolveram o modelo chamado de Transteórico para descrever os diferentes

estágios envolvidos na aquisição e manutenção de um comportamento.

Segundo Lessa (1999), o estilo de vida "inclui hábitos e comportamentos

auto-determinados, adquiridos social ou culturalmente de modo individual ou em

grupos [...]". Quando se trata de um estilo de vida, pressupõe-se que o indivíduo

tenha controle sobre suas ações as quais podem ser prejudiciais ou benéficas à

saúde (LESSA, 1999; MINAYO; HARTZ & BUSS, 2000).

Page 29: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

28

Desta forma, à medida que os indivíduos avaliam a informação sobre a

necessidade, os benefícios adquiridos e a importância que a prática regular de

exercícios representa em suas vidas, comprometendo-se em tomar atitudes que

fortaleçam sua intenção de modificar-se, no sentido de atingir a meta e adotar ou

alterar um comportamento específico, estará progredindo perante os níveis de AF

(U.S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVISES et al, 1999).

Martins (2000) reuniu e adequou os estágios de mudança do modelo

Transteórico para a AF, da seguinte forma:

Pré-contemplação: "nem pensei nisso ainda". É o estágio de maior

resistência à mudança de comportamento, pois além de não ter intenção de

praticar AF nem pensam em realizá-la;

Contemplação: "eu penso, mas ainda não deu pra começar". Pode-se

permanecer neste estágio por muito tempo, mesmo tendo vontade de

modificar o seu comportamento, sabem da importância e até planejam iniciar

alguma AF, mas ainda não executam;

Preparação: "ainda estou me preparando"; o indivíduo coloca-se pronto para

iniciar a prática de AF ou a realiza sem regularidade. Nesse estágio

acontecem pequenas mudanças de comportamento;

Ação: "estou fazendo, mas ontem não deu pra fazer". Nesse estágio ocorrem

mudanças nítidas e positivas de comportamento, é o momento em que a

pessoa está empenhada em mudar e adquirir um estilo de vida regularmente

ativo o esforço para superar problemas é decisivo, embora a mudança ainda

não seja permanente (menor que seis meses);

Manutenção: "estou fazendo e sinto falta quando não faço"; nesse estágio o

indivíduo conseguiu permanecer na prática de AF regular por mais de seis

meses e incorporou-a como um hábito, pois têm consciência dos benefícios

dos exercícios, além de prazer e satisfação psicológica decorrente da prática.

Todos nós passamos por alguns ou todos esses estágios em nossas vidas.

Há pessoas que não passam do primeiro, outras chegam até o último, e isso

depende de querer realmente mudar os hábitos que possam comprometer o estado

de saúde, gostar do que faz e ter persistência em sua prática.

Page 30: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

29

3.4 HISTÓRIA DA NATAÇÃO

Desde o surgimento da vida na terra, o homem já possuía inúmeras

habilidades e uma tendência natural de realizar ações espontâneas, alheias à razão,

dependendo da necessidade as quais utilizavam como meio de subsistência e para

se manterem vivos. Com o passar do tempo, foi necessário, dentre muitas outras

coisas, aprender a nadar, ou seja, lançar-se no meio líquido e nele se deslocar,

efetuando movimentos de braços e pernas, simultaneamente, para se proteger de

animais ferozes como também de ir à busca de alimentos quando não havia mais

recursos naturais nos lugares onde viviam.

O homem teria aprendido a sustentar-se e locomover-se observando os

animais, daí o estilo conhecido como "nado cachorrinho" executado com a cabeça

fora d'água e batimentos de braços (com angulação próxima de 90 graus) e pernas

em leve flexão (realizando um movimento parecido com o pedalar).

É difícil especificar com exatidão a data em que o homem começou a dedicar-

se à natação. Segundo Catteau & Garoff (1990), a origem se confunde com a da

própria humanidade, referindo-se à necessidade de sua prática para subsistência e

sobrevivência. Citam em sua obra, que o homem raramente entrou em contato com

a água por medo, geralmente isso acontecia por necessidade ou, às vezes, por

prazer.

A natação é uma atividade que pode ser utilizada tanto em balneários, pesca,

exercício, desporto, como também pode ser útil, recreativa e ter fins terapêuticos, de

reabilitação de atrofias musculares e no tratamento de problemas respiratórios.

Bonacelli (2004) relata que, no século XIII a.C., japoneses e chineses praticavam

exercícios físicos aquáticos como práticas médicas, aos moldes das hidroterapias e

das massagens.

De acordo com a Grande Enciclopédia Delta Larousse (1973), os Romanos,

por volta de 310 a.C., já tinham o hábito de nadar nos lagos e nos rios e foi no

mesmo período que surgiram as piscinas dentro dos balneários. Na Grécia, na

mesma época, as piscinas se localizavam dentro dos ginásios e, conta à história que

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os povos germanos mergulhavam seus filhos em águas geladas para que os

mesmos ganhassem resistência.

Não há registros quanto à origem da prática da natação sem finalidade

esportiva, ou seja, de competição e alto rendimento. Pinturas rupestres datadas de

9000 a.C. revelam que as origens dessa prática se confundem com as da civilização

(CATTEAU & GAROFF, 1990).

Os primeiros grandes nadadores de que se tem notícia foram os assírios,

egípcios, ameríndios e os fenícios considerados excelentes navegadores, cujos

barcos precisavam ser tripulados por pessoas que nadassem bem, a fim de que

pudessem superar os problemas surgidos durante as longas viagens

(ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL, 1981, p. 8013).

Nessa época, o ato de nadar não tinha intenções de competição, e sim

utilitárias (sobrevivência) e de socialização. Este fato pode ser comprovado pela

natação não constar no programa dos Jogos Olímpicos Antigos. No decorrer da

Idade Média, a natação foi contestada pelo fato de as pessoas terem que se despir,

expondo o corpo, atitude essa desaprovada pela igreja na época (LEWIN, 1978

apud RUBIO, 2004).

Ao compararmos este fato com as atitudes atuais, percebe-se uma total

oposição de idéias e costumes de grande parte da população que vive sem pudor

algum, querendo mais é se mostrar mesmo. Em compensação, muitas pessoas

ainda ficam receosas e inibidas ao iniciar a prática da natação por causa da

vestimenta obrigatória, apesar de serem compostas, não expondo exageradamente

o corpo.

A importância da natação como meio de alcançar a beleza física e

conseqüentemente o desenvolvimento harmonioso do corpo, só veio a ser

reconhecida pelos gregos; a ponto de Platão afirmar que o homem que não sabia

nadar não era bem educado (MIRADOR, 1981).

Acredita-se que nesse período a natação já era praticada como competição esportiva e para os melhores nadadores eram construídas estátuas, uma das quais se encontra na Escola de Belas Artes em París. O esporte era incluído, também, no

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31

treinamento de guerreiros e os bons nadadores formavam um corpo de destruição das defesas inimigas, localizadas em portos, como fazem os homens-rãs na era moderna (NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA, 1998, p. 259).

Wilke (1990) relata que durante a Idade Média, a prática da natação foi

restrita à nobreza e aos militares. Afirma que Nikolaus Wynmann, um professor

alemão de lingüística, escreveu, em latim, no ano de 1538, o primeiro livro sobre

natação, “O Nadador ou o diálogo sobre a arte de Nadar”, o qual foi reeditado em

1968 pelo Instituto Nacional de Educação Física de Madri. Wynmann destacava que

o homem não dominava naturalmente a "arte de nadar" e, portanto, necessitava de

um mestre que o orientasse, devido aos perigos do afogamento. Partia do

pressuposto de que o homem só seria capaz de se manter na superfície, caso

realizasse movimentos específicos para a sua sustentação, os quais eram

inicialmente aprendidos em terra e depois repetidos na água. Por medidas de

segurança, todos os alunos usavam cintas de junco quando se exercitavam na água

(WILKE, 1990).

Catteau & Garoff (1990) afirmam que a origem da pedagogia da natação se

deu, inicialmente, através do ensino da natação para os militares.

A aprendizagem da natação era realizada dentro de um modelo mecanicista, detalhista e metodista que visava mais o plano técnico do que o pedagógico, devido principalmente ao fato de a aprendizagem ter sido iniciada e supervisionada pelos técnicos (LIMA, 2006, p. 11).

Em Roma, a natação também constituía um método de preparação física do

povo, os quais praticavam em magníficas termas, edifícios suntuosos onde estavam

localizadas as piscinas, de tamanho variável, sendo mais comuns as de 100 m de

comprimento por 25 m de largura. Essas termas enormes eram obrigatoriamente

utilizadas pelos jovens de ambos os sexos, pois a natação era uma das disciplinas

do sistema educacional dos romanos, e aqueles que não sabiam ler ou nadar eram

considerados ignorantes (BARSA, 1998).

Page 33: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

32

Com a queda do Império Romano e a chegada do Cristianismo, a prática da

natação se desvalorizou até, praticamente, desaparecer durante toda a Idade Média.

Chegou-se a temer, nessa época, que a natação ajudasse a disseminar epidemias.

No Renascimento, algumas dessas falsas noções começaram a cair em descrédito.

Surgiram então, em muitos países, piscinas públicas, a primeira das quais foi

construída em Paris, no reinado de Luís XIV (BARSA, 1998).

Muitos dos estilos de nados desenvolvidos a partir das primeiras competições

Esportivas realizadas, no século XIX, basearam-se no estilo de natação dos

indígenas da América e da Austrália.

A natação começou a ser difundida como esporte na Europa, a partir da

primeira metade do século XIX. Antes do advento das competições quando ainda

não era bem aceita pela aristocracia, principalmente na Inglaterra, que custou a

adotar uma opinião a ela favorável, há registros de proezas individuais como a de

Lord Byron, que em 1910, para convencer nobreza da necessidade de praticar esse

esporte, atravessou a nado o estreito de Dardanelos, percorrendo 1.960m em pouco

mais de uma hora. Repetiu a façanha em 1818, dessa vez, na Itália, ao nadar 10 km

em quatro horas. No Reino Unido, causou sensação o feito do capitão Web, que foi

o primeiro a atravessar o canal da Mancha, em 1875, em 21h45minutos (BARSA,

1998, p. 259).

Foi ainda no Reino Unido, onde já havia, desde 1837, estabelecimentos

balneários e piscinas para a prática da natação, que se realizaram as primeiras

competições esportivas com participação de outros países. Instituiu-se o primeiro

campeonato nacional em 1877. Após as primeiras disputas internacionais, o esporte

difundiu-se na América e no resto da Europa.

Em 1893, o inglês John Arthur Trudgen, com base nas observações feitas

junto aos indígenas da América do Sul, apresentou o estilo Trudgen como um dos

mais rápidos dos já utilizados, e sua prática foi bem aceita. O Trudgen é uma

maneira de nadar semelhante à dos répteis, onde as pernas eram apenas

estabilizadoras da posição horizontal e praticamente não se moviam (MIRADOR,

1981). "A batida de pernas evoluiu, porém, Frederick Cavill observou que os

indígenas australianos nadavam agitando as pernas perpendicularmente à superfície

Page 34: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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da água. Seu filho Richard Cavill, em 1902, adotou o estilo (crawl australiano) e

bateu o recorde mundial das cem jardas em 1900" (BARSA, 1998, p. 259).

Na França, as competições começaram em 1899, com a participação de

nadadores ingleses e australianos. A partir de então, a natação difundiu-se em todo

o mundo (BARSA, 1998, p. 259).

A Federação Internacional de Natação (FINA), responsável por administrar

competições internacionais nos desportos aquáticos, foi fundada em 19 de julho de

1908, em Londres, no final dos Jogos Olímpicos de Verão realizados neste mesmo

ano pelas federações belga, britânica, dinamarquesa, finlandesa, francesa, alemã,

húngara e sueca. Sua rede fica em Lausanne na Suíssa.

Os estilos de nados foram se aperfeiçoando e evoluindo no decorrer dos

tempos. Atualmente, a natação é praticada em quatro estilos, sendo eles o crawl

(comumente chamado de nado livre) o mais rápido de todos; costas, em que a

batida de pernas é semelhante à do crawl; peito, o mais lento dos estilos e

golfinho/borboleta, que surgiu como uma variação do nado de peito. Nas provas de

nado livre, os nadadores podem escolher qualquer um dos estilos, mas quase

sempre optam pelo crawl, por ser o mais rápido.

A natação surgiu no Brasil como esporte em 1898, quando o Clube de Natação e Regatas, no Rio de Janeiro, realizou o primeiro campeonato brasileiro. A competição constituiu-se de uma única prova, de 1500m nado livre, disputada apenas por homens e realizada no trecho situado entre a Fortaleza Villegagnon e a praia de Santa Luzia. A partir de 1913, o campeonato brasileiro passou a ser promovido pela Federação Brasileira das Sociedades de Remo, sob a denominação de "concursos aquáticos", na enseada de Botafogo. O esporte passou a ser controlado, em 1914, pela Confederação Brasileira de Desportos, responsável a partir de então pela organização das competições em âmbito nacional (BARSA; 1998, p. 260 e 261).

Atualmente, a responsável por organizar as competições oficiais das cinco

modalidades Olímpicas (natação, nado sincronizado, pólo aquático, saltos

ornamentais e maratona aquática) é a Confederação Brasileira de Desportos

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Aquáticos (CBDA), que surgiu em 1988 a partir da antiga Confederação Brasileira de

Natação.

A primeira piscina de competição foi inaugurada em 1919, no Fluminense

Futebol Clube do Rio de Janeiro. "Somente quatro anos mais tarde, em 1923, os

paulistas que competiam no Rio Tietê, construíram sua piscina, na Associação

Atlética São Paulo "(MIRADOR, 1981, p. 8014).

O grande nome da natação nesse período foi Abraão Saliture, vencedor de

vários campeonatos (1901, a 1906 e 1909 a 1920). Somente a partir de 1935 as

mulheres entraram oficialmente nas competições. Destacaram-se inicialmente Maria

Lenk, vencedora de todas as provas realizadas nesse ano e Piedade Coutinho,

vencedora do campeonato de 1941(BARSA, 1998, p. 261).

O Brasil projetou-se internacionalmente com alguns nadadores que obtiveram

marcas mundiais: Maria Lenk, recordista mundial nas provas de 2300 e 400m, nado

de peito em 1939; Manuel do Santos, que em 1961, no Rio de Janeiro, nadou os

100m nado livre em 53s6, recorde mundial até 1964; José Sílvio Fiolo, em 1968

estabeleceu a marca mundial 1min06s4 para os 100m nado de peito; e Ricardo

Prado, que se tornou em 1984 recordista mundial dos 400m medley, com

4min19s78. Na década de 1990, uma geração de nadadores brasileiros, entre eles

Gustavo Borges, Fernando Scherer, Rogério Romero, Daniela Lavagnino, Adriana

Pereira, Patrícia Amorim e Ana Azevedo, quebrou recordes sul-americanos e

mundiais (BARSA, 1998, p. 261).

3.5 CARACTERÍSTICAS DA NATAÇÃO

Natação é o ato de mover-se na água por impulso próprio, com movimentos

combinados de braços e pernas (BARSA, 1998, p. 258). Outro conceito que a

Enciclopédia Mirador Internacional (1981) traz é que a natação é o ato de auto-

propulsão e auto-sustentação na água, para o que se exige a conjugação de boas

condições físicas e psicológicas.

Page 36: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

35

Considerada o exercício físico mais perfeito, tem inclusive transcendido seu aspecto esportivo para ser utilizada também como terapêutica. Pela importância de que se reveste na vida do homem comum, como meio de defesa contra afogamentos, não são poucos os que se batem pela sua inclusão como disciplina obrigatória nas escolas (MIRADOR, 1981, p. 8013).

Sites da internet, dentre os quais não podem ser considerados "fidedígnos"

para serem mencionados numa pesquisa desse porte, mas que por se aproximarem

bastante das definições anteriores, traz informações que as complementam quando

afirmam que nadar é a capacidade do homem e de outros animais de se deslocar no

meio líquido através de movimentos simultâneos de braços, pernas e respiração,

geralmente sem ajuda artificial.

A natação é um esporte aeróbio, individual de exercícios repetitivos, no qual

muitas pessoas acham/pensam que é praticado apenas por atletas de alto

rendimento com finalidades específicas de competição, pois é bastante distante da

realidade da maioria da população por ser realizado em piscinas particulares com

custos mensais, além de não ser tão divulgado pela mídia quanto o futebol, a não

ser em épocas de olimpíadas.

Porém, hoje em dia, ela está bem mais acessível que antigamente, podendo

ser praticada por qualquer pessoa de todas as faixas etárias, desde bebês a adultos

da 3ª idade, respeitando os níveis de habilidade individuais (iniciante, intermediário e

avançado), também pode ser praticada como esporte competitivo, terapia ou

simplesmente como uma forma de relaxamento para aliviar o estresse do dia-a-dia,

ou seja, tudo que o brasileiro precisa nos dias atuais.

Segundo o Jornal Folha do Oeste3 de 22 de dezembro de 2010, a natação

pode ser encarada como um desporto de competição, um "recurso" utilizado em

diversos tratamentos e tipos de terapias, ou apenas como uma forma de reduzir as

tensões diárias, sendo também uma ótima forma de vencer o sedentarismo. A água,

"matéria-prima" da natação, detém características relaxantes e melhora as funções

3 Disponível em <http://www.adjorisc.com.br/jornais/folhadooeste/impressa/cadernos-especiais/mais-

vida/natac-o-um-esporte-ao-alcance-de-todos-1.582906> FOLHA DO OESTE. Natação: um esporte ao alcance de todos. Santa Catarina, 22 dez. 2010. Cadernos Especiais.

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36

orgânicas, sendo desprovida de efeitos agressivos. Desta maneira, em qualquer

circunstância, idade, sexo ou profissão, salvo em situações de desaconselhamento

médico, todas as pessoas podem praticar natação, com grandes benefícios para a

saúde.

A natação é um esporte que exige bastante disciplina, força de vontade,

determinação e persistência para se aprender os quatro estilos de nados, por isso é

preciso que o professor seja bastante cauteloso, principalmente com alunos

iniciantes, sejam eles, crianças, jovens, adultos ou idosos; adotando uma

metodologia de ensino que respeite as limitações e os medos dos mesmos,

passando o máximo de confiança e segurança e, ao mesmo tempo, estando atento

para não queimar as etapas da seqüência pedagógica que são extremamente

importantes no aprendizado; pensando em exercícios educativos que conduzam as

adaptações ao meio líquido, a adaptação respiratória, a adaptação óculo-visual, a

flutuação e o deslize, para, a partir daí, iniciar as técnicas dos nados crawl, costas,

peito e borboleta/golfinho.

Quando o aluno aprende os movimentos dos estilos, como coordenação dos movimentos da perna, braços e respiração específica, inicia o aperfeiçoamento da técnica e a melhora do condicionamento físico. Durante a fase do aprendizado, os alunos pouco melhoram sua condição fisiológica, por exemplo, aeróbia. A partir do aperfeiçoamento é que acontece significativa melhora (LIMA, 2006, p. 50).

Neste período, muitas pessoas podem se desinteressar, desestimularem-se e

até desistir do esporte, especialmente aqueles que têm mais dificuldade e

permanecem durante alguns meses sem apresentar evolução nos movimentos,

demorando mais tempo para conseguir se adequar às necessidades mencionadas.

Embora o aprendizado da natação seja aparentemente difícil, a conquista do

sentimento de segurança tem como conseqüência um maior relaxamento, tornando

as próximas etapas mais fáceis pelo fato da água:

[...] apresentar propriedades que facilitam a locomoção sem grande esforço, pois a sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase total da força da gravidade podem, aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando, dessa forma, maior facilidade na execução dos

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37

movimentos que em terra seriam muito mais difíceis ou impossíveis de serem realizados sem auxílio (COSTA apud CAMPION, 2000, p. 79).

Este é um fator determinante na escolha desse esporte, pois essas são

características fundamentais para a indicação de médicos e fisioterapeutas. Há

algum tempo atrás, a recomendação médica para diversas patologias era de se ficar

em repouso absoluto, com o tempo perceberam que seus pacientes, ao ficarem

parados sem se exercitar durante certo período, apresentavam inúmeras

dificuldades em se movimentar e realizar atividades simples do cotidiano. A partir daí

foram realizados diversos estudos em relação a este assunto, os quais confirmaram

que fazer atividades físicas supervisionadas por profissionais da área de saúde

podem de fato melhorar, amenizar ou pelo menos manter a condição física atual

desses pacientes.

É necessário salientar a existência de doenças ou quadros clínicos em que

ainda é terminantemente proibida a execução de exercícios, daí a importância de se

passar por uma avaliação médica antes de iniciar qualquer AF ou esporte, pois só

ele poderá dizer quais as limitações de cada indivíduo.

3.6 BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO

Os benefícios adquiridos através da natação são inúmeros. Essa talvez seja a

razão maior de aderência a este esporte, pois ao nadar todos os quatro estilos de

nados (crawl, costas, peito e borboleta) a pessoa estará trabalhando todos os

grupamentos musculares e, ao mesmo tempo, auxiliando na redução da gordura

corporal, aliviando tensões, além de ser um esporte excelente na recuperação de

lesões devido ao fato da água amortecer os impactos, ou seja, o risco de sofrer

lesões para quem pratica natação é quase nulo.

Atualmente a natação é uma das atividades físicas mais recomendadas não somente aos portadores de asma brônquica, devido ao seu ótimo poder de fortificar e tonificar os músculos das vias respiratórias, mas também por sua

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contribuição no aspecto neuromotor, sendo que cabe aos professores alertarem aos pais quanto a possíveis problemas neurológicos, auxiliando na prevenção e tratamento (LIMA, 2006, p. 13).

O mesmo autor afirma que outro fator importante desse esporte é a faixa

etária, pois é uma das atividades físicas que as pessoas podem praticar, com

mínimas restrições, desde o nascimento até o fim da vida. Sabe-se de nadadores

centenários que ainda participam de eventos masters. No Brasil encontramos o

exemplo da nadadora Maria Lenk que aos 85 anos, demonstrando alegria,

motivação, e tenacidade, participa de campeonatos de mastrs e está sempre na

borda da piscina com seu material, pronta para dar umas braçadas, seja entregando

prêmios no Troféu Brasil ou em qualquer piscina ao redor do mundo.

A natação diminui o risco de incidência de doença cardiovascular, reduz a

freqüência cardíaca, estimula a circulação sanguínea, aumenta a autoestima,

retarda o envelhecimento, além de ser um dos grandes aliados no combate ao

estresse, pois a enorme concentração necessária para conciliar respiração e

movimentos leva a uma sublimação das tensões e a um distanciamento dos

problemas do quotidiano.

A natação leva ainda ao exercício de todas as articulações, potência, agilidade e promove a lubrificação destas, contribuindo para o alívio das dores resultantes das artroses. Patologias como a fibromialgia têm na natação uma calma dos sintomas dolorosos, à semelhança de outras que impliquem padecimentos relacionados com a dor. Em acréscimo, a natação ajuda a queimar calorias (podendo chegar à 600 por hora) e colabora na definição da silhueta. Aperfeiçoa, também, a coordenação motora e ativa a memória, na medida em que garante uma excelente oxigenação cerebral. (JORNAL FOLHA DO OESTE, 2010).

É importante ressaltar que para obter todos estes resultados é necessário, em

primeiro lugar, ser perseverante na prática regular da atividade, não desistindo

diante das dificuldades que, por ventura, ocorram, pois no caso da natação, é com a

repetição dos exercícios que adquirimos a técnica de nadar os quatro estilos e após

estas etapas mais complicadas é que o indivíduo irá usufruir dos benefícios

proporcionados por ela.

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39

4 METODOLOGIA

4.1 Modelo do Estudo

O presente estudo constituiu-se a partir de uma abordagem quantitativa que

com base em Minayo (2007); Lakatos et al (1986) "consideram que tudo pode ser

quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para

classificá-las e analisá-las, exigindo o uso de recursos e de técnicas estatísticas

(média, desvio padrão, percentuais, etc.)".

Utilizou-se o tipo de pesquisa direta de campo, que se caracteriza pela busca

de dados diretamente da fonte de origem, àquelas em que as condições de controle

das variáveis modificam com o ambiente e interferem na resposta. Empregou-se o

método descritivo, que tem como características observar, registrar, analisar,

descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando

descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com

outros fatores. (MATTOS; ROSEETTO JR. E BLECHER, 2004)

A forma de estudo pode ser classificada como exploratória e descritiva, que

de acordo com Mattos et al (2004, p.15 apud CERVO; BERVIAN, 2002) além de ter

a finalidade de familiarizar-se com o fenômeno e obter uma nova percepção a seu

respeito, descobrindo assim novas idéias em relação ao objeto de estudo, ao

mesmo tempo descreve as características, propriedades ou relações existentes no

grupo ou da realidade em que foi realizada a pesquisa.

Este estudo procurou identificar os fatores que influenciam na permanência

de indivíduos na prática da natação, em dois clubes mais antigos da cidade de

Alagoinhas – Bahia que oferecem este esporte, os quais foram escolhidos devido à

experiência de seis anos consecutivos entre aprendizado, prática do esporte e

estágio durante certo período. O conhecimento dos funcionários dos clubes também

influenciou na escolha, por facilitar na acessibilidade e na permissão de fazer a

pesquisa.

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40

Inicialmente foi enviado um ofício solicitando a autorização (ANEXO A) e

apoio das direções dos clubes e dos seus respectivos professores de natação, para

a realização da pesquisa, explicando os objetivos da mesma e como seria a

aplicação dos questionários. Logo após a permissão da direção, foram coletados os

dados, primeiramente fazendo um levantamento dos alunos matriculados no mês de

janeiro de 2010 a janeiro de 2011 em seus devidos arquivos.

Para a concretização dessa investigação, antes de serem aplicados os

questionários, foram dados a todos os alunos entrevistados, o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO B), informando o tema e o objetivo do

estudo, respeitando os direitos de terem suas identidades preservadas, de receber

esclarecimentos relacionados à pesquisa, e de se retirarem a qualquer momento

deixando de participar do estudo.

4.2 Amostra

A amostra deste estudo foi composta por 42 indivíduos de ambos os gêneros,

sendo eles crianças, adolescentes, jovens e adultos de todas as faixas etárias, com

média de idade de 25,69 ± 13,84 anos; freqüentadores de dois clubes da cidade da

Alagoinhas-Bahia, praticantes do desporto natação com assiduidade de 2 a 3 vezes

semanais, em sua maioria.

4.3 Local do Estudo

Os clubes investigados estão situados na cidade de Alagoinhas, a 119 km de

Salvador, capital da Bahia, a qual possui uma área de unidade territorial de 752,389

Km ², densidade demográfica de 188,66 (hab./Km ²) e tem uma população estimada

de acordo com o censo do IBGE do ano de 2011 de 141.949 habitantes, sendo

67.212 homens e 74.737 mulheres. Na supracitada cidade, encontram-se várias

faculdades privadas e o segundo maior campus universitário da UNEB

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41

(Universidade do Estado da Bahia), Campus II, oferecendo sete cursos, dentre eles

o de Licenciatura em Educação Física.

4.4 Características dos Clubes

Os dois clubes escolhidos para a realização deste estudo são os mais antigos

da cidade, sendo o clube ACRA (Associação Cultural e Recreativa de Alagoinhas),

antigo "Clube Social" com 90 anos no mercado, fundado em 7 de dezembro de

1921, através de um grupo de amigos que realizavam bailes carnavalescos num

espaço situado na Central de Abastecimento, os quais fizeram tanto sucesso que o

local ficou pequeno, época em que compraram o terreno onde atualmente é o clube

– Rua Marechal Deodoro, 326, Centro – e aos poucos compraram os terrenos ao

lado até virar o que é hoje a Associação Cultural e Recreativa de Alagoinhas. Possui

um salão social e um palco, academia de ginástica e musculação, uma piscina

olímpica e uma quadra poli–esportiva.

O Tênis Clube de Alagoinhas foi fundado em 01 de outubro de 1958, ou seja,

tem 53 anos. Em 12 de outubro de 1959, recebeu como doação um terreno de 3200

m², na Rua Professora Maria Feijó, nº 33, Centro. Possui um salão social e um

palco, onde são realizados vários eventos, um salão de jogos, onde acontecem as

aulas de dança de salão e forró, uma piscina de adulto com 24m comprimento por

12m de largura e outra de criança, onde acontecem às aulas de natação,

hidroginástica e sessões de fisioterapia com profissionais qualificados na área,

possui ainda uma quadra poli-esportiva, onde são realizadas aulas de Educação

Física de alguns colégios da região e uma sala para Associação de futebol de mesa,

(AFMA) fundada no ano de 1965.

Page 43: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

42

4.5 Funcionamento dos Clubes

No clube ACRA, as aulas acontecem de segunda a sexta-feira, no turno

vespertino, das 16 às 20 horas; e nos dias de terça, quarta e quinta-feira, no turno

matutino, das 6 às 7 horas. O atual professor de natação é formado em Educação

Física pela UEFS. As matrículas são mensais, com a escolha de fazer aulas de

natação de uma a cinco vezes na semana, tendo um preço para cada opção dessas.

O clube também dá a alternativa de fazer a quantidade de dias que o aluno quiser e

tiver disponibilidade de tempo sem pagar a matrícula mensal, pagando apenas a

diária, facilitando a prática do esporte para àqueles que não podem fazer o mês

inteiro.

No Tênis Clube há apenas uma opção de praticar natação. As matrículas são

mensais com três aulas semanais em dias alternados, ou seja, efetua-se o

pagamento e faz o mês inteiro. Os professores atuais são formados em Educação

Física pelas universidades – UNEB Campus II e UEFS. Os sócios têm desconto na

mensalidade, podendo usufruir da piscina aos finais de semana com seus

convidados, apresentando sua carteirinha.

4.6 Instrumento de Medida

Utilizaram-se como instrumento de coleta de dados, as fichas dos alunos

matriculados no mês de janeiro de 2010 a janeiro de 2011, nos arquivos das

secretarias dos clubes; além de um Questionário (IDAPRAN - Instrumento

Diagnóstico de Adesão à Prática da Natação), classificado como estruturado,

contendo dezesseis perguntas fechadas com alternativas determinadas, sendo que

três delas eram abertas, no caso de as opções dadas não

contemplarem/representassem os reais motivos de adesão (entrada) e permanência

na prática da natação.

De acordo com Cervo e Bervian (2002), o questionário é a forma mais

utilizada para coletar dados, possibilitando medir com exatidão o que se deseja

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43

desde que as questões estejam claras para que o informante responda com

precisão, evitando dúvidas.

O instrumento foi validado e pré-testado anteriormente à coleta dos dados, no

intuito de identificar possíveis problemas de linguagem, de estrutura lógica ou

quaisquer outros fatores que pudessem prejudicar o entendimento dos mesmos.

4.7 Coleta de Dados

Como forma de coleta de dados, utilizou-se um questionário com todos os alunos

que foram encontrados freqüentando as aulas de natação, abordados antes de

iniciar a atividade, quando chegavam mais cedo e se disponibilizavam a responder

naquele momento ou após terminarem a aula. Os questionários foram respondidos

individualmente sob a supervisão direta do pesquisador para quaisquer

esclarecimentos. É necessário destacar que todas as respostas foram efetivadas

pelos alunos exceto uma aluna que tinha apenas 5 anos e sua mãe respondeu por

ela enquanto a mesma nadava. Estes dados foram colhidos durante todo o mês de

maio de 2011 e analisados em julho deste mesmo ano.

4.8 Análise dos Dados

A análise de dados foi feita a partir das estatísticas descritivas (média, desvio

padrão e percentual), utilizando o software da Microssoft Office Excel 2007 na

construção dos gráficos e da tabela, cujos dados foram apresentados em forma de

percentagem.

É importante ressaltar que na questão nº 10, sobre a proximidade de suas

casas ao local da prática, não houve nenhum parâmetro específico de análise, a

forma de resposta foi aleatória, ou seja, os alunos respondiam conforme achavam.

Na questão de nº 11 foi utilizado como critério de análise a seleção dos 5

principais motivos de adesão à prática da natação mais votados pelos entrevistados,

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dentre as 16 frases listadas, onde os mesmos deveriam colocar o nº 1 para o

principal motivo, o nº 2 para o segundo principal motivo e o nº 3 para o terceiro

principal motivo em ordem de importância.

Na última questão, também foram selecionadas pelo orientador da pesquisa,

as 19 justificativas, dentre as 32 listadas na tabela, mais relevantes para este estudo

sobre a permanência de indivíduos na prática da natação.

Page 46: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados identificados nesta pesquisa foram analisados e discutidos

neste capítulo através das respostas obtidas pelo questionário IDAPRAN, aplicados

no mês de maio de 2011, nos dois clubes da cidade de Alagoinhas - Bahia, para

todos os alunos que praticam o desporto Natação.

No levantamento do número de matriculas feitas no período de janeiro de

2010 à janeiro de 2011, verificou-se que 146 alunos foram matriculados no clube

ACRA e apenas 49 alunos foram matriculados no Tênis Clube.

Para iniciar, apresentaremos as principais características dos entrevistados;

assim, verificou-se que, conforme demonstrado no gráfico nº 1, a maioria é do sexo

masculino, demonstrando que os homens estão mais envolvidos com a prática da

natação do que as mulheres ou ainda parecem ter mais tempo livre para tal

propósito.

Gráfico 1: Características quanto ao gênero dos alunos.

Alguns estudos (COUSINS & KEATING, 1995; KING et al, 1992;

VERTINSKY, 1995) encontraram níveis de AF auto-gerida mais baixos entre as

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mulheres do que entre os homens, particularmente em indivíduos mais jovens,

persistindo as diferenças para adultos mais velhos, apesar de menos acentuadas.

Parece que as diferenças entre os sexos são mais evidentes para atividades de alta

intensidade e são menores para níveis moderados de atividade (COUSINS &

KEATING, 1995).

De acordo com o gráfico nº 2, os entrevistados tinham faixa etária de 5 a 54

anos, sendo eles crianças, adolescentes, jovens e adultos, com média de idade de

25,69 ± 13,84 anos.

Gráfico 2: Características conforme a faixa etária dos alunos.

Não foi encontrado nenhum idoso praticando este esporte durante todo o

período da pesquisa de campo, mas isso não quer dizer que pessoas com faixa

etária acima de 60 anos não façam natação, essa pode não ser a AF mais

procurada por eles, entretanto, em se tratando do meio aquático, a hidroginástica

parece ser mais apreciada, escolhida e praticada por idosos. As atividades mais

recomendadas por médicos para essa faixa etária são os exercícios na água:

hidroginástica e a natação. Exercícios ideais para pessoas que possuem problemas

ósseos, como osteoporose e artrose, porque na água são reduzidos os efeitos da

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gravidade sobre as estruturas ósseas e articulares, diminuindo os desgastes e o

impacto, que podem causar fraturas.

De acordo com uma pesquisa realizada pela prefeitura de Curitiba, os idosos

praticam mais AF - independente de ser a natação - que os jovens e os adultos.

39,9% das pessoas na faixa da terceira idade praticam AF, contra 21,7% dos demais

adultos, entre 18 e 59 anos. Dentre os motivos, está a maior preocupação com a

saúde e recomendação médica. Segundo Neivo Beraldin, secretário municipal do

Esporte e Lazer, "esta é a primeira pesquisa que quantifica a AF em relação à idade

e ao nível de instrução", um levantamento que ouviu 5.168 adultos e 1.168 idosos

(JORNAL O POVO4, 21 de maio, 2008).

A prática da natação pelas crianças e adolescentes, ainda estudantes,

demonstra o cuidado e o investimento dos pais no desenvolvimento dos mesmos, já

que os benefícios proporcionados são inegáveis como o aumento da resistência

cardiorrespiratória e muscular, melhora na coordenação, no equilíbrio, na agilidade,

na força, na velocidade, desenvolve habilidades psicomotoras como a lateralidade,

as percepções tátil, auditiva e visual, as noções espacial, temporal e de ritmo,

sociabilidade e autoconfiança, além de ser uma medida de segurança, pois prepara

o psicológico e neurológico para o auto-salvamento evitando possíveis acidentes.

Para Costa et al (2004), os pais também têm grande participação na iniciação

de hábitos da AF de seus filhos, levando-os para praticarem esportes e caso não

tenham tempo nos dias úteis, preencha os finais de semana com jogos e

brincadeiras que exijam a participação ativa da criança.

Sobre este aspecto, Dishman (1998) discorre que as influências sociais da

família e amigos são, também, de extrema importância à manutenção da atividade

física, pois este suporte social incentiva o praticante a manter o interesse em

continuar fisicamente ativo.

4 Disponível em <http://portaldoenvelhecimento.org.br/noticias/artigos/idosos-fazem-mais-atividade-

fisica-do-que-jovens-e-adultos.html> JORNAL O POVO. Idosos fazem mais atividade física do que jovens e adultos. 21 maio, 2008.

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Conforme pode ser obervado no gráfico nº 3, com relação ao estado civil dos

entrevistados o percentual maior foi de solteiros, seguido dos casados, separados e

divorciados.

Gráfico 3: Características conforme o estado civil dos alunos praticantes da

natação.

Por serem solteiros, na maioria das vezes, os indivíduos possuem mais

disponibilidade de tempo para se cuidarem, pois têm menos responsabilidades e

menos gastos, ficando mais fácil a permanência em qualquer modalidade esportiva.

Neste estudo foram identificados 16 solteiros, dentre os 32 registrados, que aderiram

à natação, três praticam de 6 meses a 1 ano, treze a mais de 2 anos, os quais dois

com 11 e 15 anos de prática, este último se constitui no atleta que começou a

praticar natação aos dois anos de idade, estando atualmente com 17 anos.

Para os indivíduos casados, geralmente é mais difícil iniciar e dar

continuidade à prática da natação devido às inúmeras responsabilidades com filhos,

escola, trabalho, mas existem aqueles que conseguem administrar bem tudo isso, o

que depende também e, principalmente, no caso da natação, de se ter uma boa

condição financeira, o que é o caso de 5 dos nossos entrevistados que apesar de

serem casados permanecem praticando esse desporto, sendo que um deles pratica

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de 6 meses até 1 ano, outro a mais de 2 anos, outros dois a 11 anos e outro a 10

anos.

Friis et al (2003) também verificaram que idosos viúvos, divorciados e

solteiros tendem a participar mais de AF e de caminhadas do que os casados. Para

eles, o idoso casado dificilmente se engaja na AF se o cônjuge não estiver

envolvido, criando assim uma barreira para a prática regular de exercícios físicos.

Referente ao grau de instrução, a maior parte está cursando o Ensino

Fundamental, seguido do Nível Superior Completo, Ensino Médio Completo, Ensino

Fundamental Completo, Nível Superior Incompleto, Ensino Médio Completo e a

minoria fez Pós Graduação.

O gráfico nº 4 demonstra que todos os entrevistados possuem algum grau de

escolarização, seja ela a educação básica, formada pela educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio, como também educação superior.

Gráfico 4: Características conforme o grau de instrução.

Este é um dado interessante, pois podemos observar e concluir que a

ausência de indivíduos com baixo ou nenhum nível de escolaridade se dá pelo fato

de não terem acesso a conhecimentos básicos, seus trabalhos/empregos tendem a

Page 51: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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ser mal ou pouco remunerados, não permitindo a prática desta modalidade, a qual –

nesta cidade - só existe em locais privados. Diversos autores afirmam que os

maiores níveis de escolaridade e os maiores níveis sócio econômico têm maior

probabilidade de se engajar regularmente em exercícios físicos do que os com

menor nível escolar e de renda.

Saba (2001, p.45) afirma que o nível de informação é fundamental, pois a

relação entre AF e saúde quase sempre depende do conhecimento da importância e

necessidade da exercitação física para a qualidade de vida e seu prolongamento.

O nível de escolaridade também apresenta resultados controversos. Franklin

(1998) citado por Saba (2001), sustenta que os praticantes devem ser educados

quanto ao exercício físico para que ocorra a aderência, independente do nível de

educação formal. Dishman (1994) aponta correlação positiva entre o grau de

escolarização e adesão ao exercício físico. Andreotti e Okuma (2003), mostram

dados de países como o Canadá, Austrália e Estados Unidos onde grupos com

maior grau de instrução são de 1,5 a 3,1 vezes mais ativos do que aqueles com

nível mais baixo de instrução. Entretanto, Santos e Kinijnik (2005) apresentam, como

resultado de pesquisa, que a prática de exercícios físicos parece não estar vinculada

ao grau de instrução.

De acordo com o gráfico nº 5, as profissões dos entrevistados variaram

bastante, desde estudantes, como professores, técnicos de diferentes setores,

administradores, engenheiros, eletricista e auxiliar de coordenador, como mostra o

gráfico a seguir:

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Gráfico 5: Características conforme as profissões dos alunos.

Percebe-se pela maioria das profissões que são pessoas de classe média, ou

seja, com boa condição financeira, facilitando tanto a entrada (adesão) como a

permanência (aderência) a esta AF, já que este é um item dificultador para a maioria

da população, pois não há lugares públicos nem mesmo escolas oferecendo esta

modalidade esportiva na cidade, pelo custo bastante alto com a construção, limpeza

e manutenção das piscinas. Tahara et al (2003), citam que o alto preço das

mensalidades é uma das dificuldades encontradas para a prática regular de

exercícios físicos, o que não foi o caso dos alunos entrevistados.

A ocupação profissional também é um fator que determina a adesão e a

aderência, podendo facilitar e em algumas situações interferir nesse processo. Para

Dishman (1994), há evidências de que a estrutura ou organização do emprego

influencia o tempo disponível para a prática de exercícios, pois existem profissões

que exigem demais dos indivíduos não dando tempo para praticarem atividades

físicas ou mesmo deixando-os tão cansados a ponto de não terem disposição para

este fim, além dos horários em que as aulas de natação acontecem, muitas vezes,

não serem flexíveis o bastante para que os indivíduos possam ingressar.

Page 53: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

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Pierin e Mion Jr (2004) e Okuma (1994) também afirmam que a ocupação

profissional pode estar relacionada com a adesão a exercícios físicos, na medida em

que oportuniza os mesmos a participarem mediante ao pagamento das

mensalidades. Dishman (1994) relaciona a adesão ao exercício físico com a renda

dos indivíduos onde grupos de baixa renda têm inatividade reforçada, justamente

pelo fato de não poderem pagar por um esporte como a natação que só é oferecido

em espaços privados.

Realmente, não se pode deixar de levar em conta o nível sócio-econômico, o

nível educacional, a esfera das opções desenvolvidas por um indivíduo, com base

nos referenciais que possui. Certamente o padrão de vida é fator preponderante

para o início das atividades físicas, sua manutenção ou seu abandono (SABA, 2001,

p. 44).

Segundo estudos disponíveis, no que se refere à população adulta, parece

que operáros, grupos com baixo grau de instrução e baixo nível sócio-econômico,

grupos de faixas etárias mais elevadas, e indivíduos com alto risco de doenças

coronarianas são relativamente inativos em seu tempo livre e têm pouca

probabilidade de participarem de programas supervisionados de AF.

No gráfico nº 6, observa-se que quanto à idade que tinham quando iniciaram

a prática da natação, a maior parte tinha de 7 a 12 anos, seguido dos de 13 a 19

anos; dos de 6 anos; de 33 a 39 anos; 26 a 32 anos; 40 a 45 anos; 20 a 25 anos e

nenhum acima de 46 anos.

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Gráfico 6: Características conforme a idade em que os alunos iniciaram a

prática da natação.

Verificou-se que a grande maioria inicia a prática da natação ainda quando

crianças, seguido dos adolescentes e adultos. Segundo a literatura, um dos

principais fatores de influência no processo de adesão e aderência é o envolvimento

do praticante com os exercícios físicos e esportes em seu histórico pessoal.

Dishman (1994) cita que o passado relacionado com a prática de exercícios físicos

tem grande influência e relevância no prognóstico de atividades futuras. Andreotti e

Okuma (2003) afirmam que pessoas ativas no passado tendem a aderir com

facilidade à prática de exercícios físicos.

Quanto ao horário da prática deste esporte pode-se identificar que 60% faz

aulas no turno vespertino, 26% no noturno, 12% no matutino e 2% no

vespertino/noturno. O horário/turno escolhido para a realização da atividade é um

fator que depende da disponibilidade de tempo que cada um tem, de modo a não

interferir em outros compromissos ou obrigações diárias.

Não existe um horário determinado para praticar exercícios, pois existem

indivíduos que se sentem mais dispostos no período da manhã, outros no período

da tarde e outros no período da noite, mas no fim do dia, na maioria das vezes,

Page 55: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

54

nossa disposição para praticar exercícios diminui pelo fato de estarmos mais

cansados com todos os afazeres realizados durante o dia.

Realizar a prática de exercício físico pela manhã parece ser o ideal, pelo fato

de o corpo estar descansado após algumas horas de sono, além da temperatura do

ambiente estar mais favorável à execução do mesmo (isso em se tratando de climas

mais quentes), proporcionando mais disposição durante o dia inteiro. Isso não

significa que o indivíduo não deva realizá-lo ao meio dia, por exemplo, mas desde

que se tomem os devidos cuidados como usar o protetor solar, beber bastante água

para evitar uma possível desidratação e usar roupas e calçados adequados e

confortáveis para a prática, pois se trata de um horário em que a temperatura está

bem mais elevada. Nosso corpo se adequa às mais diferentes situações, por isso é

melhor se exercitar, seja lá qual for o horário, do que não se exercitar.

Ao questionarmos a quanto tempo, mais ou menos, os alunos entrevistados

fazem natação, quase a metade respondeu a mais de 2 anos, e logo após os itens

mais votados foram: mais de 2 meses e menos que 6 meses, de 6 meses a 1 ano e

menos de 2 meses, respectivamente.

Gráfico 7: Percentuais de quanto tempo os alunos praticam natação.

Os indivíduos que praticam de 3 a 6 meses ainda estão começando a

pereceber os benefícios proporcionados pela atividade, já os 12% que praticam de 6

Page 56: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

55

meses a 1 ano e os 43% que fazem a mais de dois anos podem afirmar/confirmar

sobre essas melhorias podendo ser uma das causas de permanência na

modalidade.

Pela análise do tempo de atividade, sugere-se que a maior parte dos

indivíduos encontram-se no estágio de manutenção, pois conseguiram permanecer

na prática de atividade física regular por mais de seis meses, incorporando-a como

um hábito; seguido do estágio de ação, onde houve mudanças nítidas e positivas de

comportamento, embora ainda não sejam permanentes, são aqueles com o tempo

de permanência menor que seis meses, e nenhum deles está no estágio de pré-

contemplação, contemplação e preparação como demonstra o gráfico nº 7.

Gráfico 8: Percentuais dos estágios de comportamento em relação à atividade

física.

No mês de maio, quando foram coletados estes dados 60% dos participantes

faziam aulas de natação 3 vezes por semana, 33% duas vezes, 5% quatro vezes e

Page 57: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

56

2% cinco ou mais vezes na semana; 88% deles com duração média de 60 minutos a

aula e 12% com duração de 50 minutos. Basicamente, a recomendação dos

profissionais de educação física é praticar uma AF por pelo menos três vezes na

semana de no mínimo 30 minutos a uma hora, e isso é o que a maioria dos

entrevistados está fazendo.

As características da AF em si, como a frequência e duração das seções e

intensidade da atividade, têm mostrado grande importância para a prática a longo

prazo, incluindo as características do programa desde sua organização até a relação

professor-aluno (OKUMA, 1997).

Quanto ao transporte utilizado para se deslocar até o clube, 43% vinha

andando, 35% vinha de carro, 12% de ônibus, 5% de moto e 5% carro/moto. Com

base nestes resultados, percebe-se que a maioria utiliza algum meio de transporte

mesmo aqueles que consideram morar ou trabalhar perto do local da prática.

Os entrevistados que utilizam veículos próprios ou pagos, por um lado é

bastante prático, porque o gasto de tempo é reduzido e chega-se bem mais rápido,

dando a possibilidade de praticar o esporte mesmo quando o tempo é curto, como é

o caso de alguns dos entrevistados, geralmente os professores, que saíam das

instituições de ensino e iam rapidamente até o clube fazer a aula de natação e ao

terminar voltavam imediatamente, dando continuidade aos seus trabalhos. Esse é

um fator positivo, se comparado aos indivíduos que vão andando, pois estes, muitas

vezes, por não terem tempo disponível dificulta, principalmente, a permanência dos

mesmos no esporte. Ao mesmo tempo, essa facilidade tira a possibilidade de

estarem utilizando ainda mais o esforço físico, o qual pode ser considerado como

um prévio aquecimento do corpo antes iniciar a aula se beneficiando ainda mais por

estar fazendo dois tipos de exercícios a caminhada e a natação.

A percepção do tempo disponível é outro fator determinante para a adesão e

principalmente para a aderência. Sobre este aspecto, Saba (2001, p. 81) destaca

que a literatura específica diz que esse fator está fortemente ligado à aderência. Há

quem afirme ser essa a razão prevalecente da desistência e da adoção de um estilo

de vida sedentário. Okuma (1997), citado por Saba (2001, p. 81), aponta que a

percepção de tempo está mais associada à manutenção do que a adesão.

Page 58: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

57

A décima pergunta do questionário indagava se o local da prática era longe

ou perto de casa, mas é importante salientar que não foi utilizado nenhum parâmetro

específico para analisar esses dados. Os entrevistados colocavam de forma

aleatória, assinalando o que achavam; então 36% respondeu perto, 33% longe, 19%

muito perto e 12% muito longe; alguns dos que apontaram esta última opção

moravam em outra cidade.

Morar ou trabalhar perto do local da prática esportiva realmente facilita tanto a

entrada como a permanência nos programas de AF; morar longe, por sua vez, é um

dos motivos alegados que dificulta essa tomada de atitude e mudança de

comportamento. Aqueles indivíduos que moram muito longe - como é o caso de um

entrevistado - e ainda caminham certa distância até chegar ao clube, pela sua

atitude, subentende-se que o mesmo tem bastante força de vontade, motivo e

motivação para este propósito.

Na questão seguinte, foram listadas 16 frases as quais os entrevistados

teriam que colocar o número 1 para o principal motivo de adesão (inicio) à prática da

natação, 2 para o segundo principal motivo e 3 para o terceiro principal motivo em

ordem de importância. Assim, foi utilizado como critério a seleção dos 5 motivos

mais votados, o que pode ser observado no gráfico nº 8.

Page 59: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

58

Gráfico 9: Percentuais dos cinco principais motivos de adesão a prática da

natação.

Percebe-se, então, que os principais motivos que levaram os entrevistados a

iniciarem a prática da natação foram: em 1º lugar, melhorar o condicionamento

físico; seguido da indicação médica; da preocupação com a saúde e sua devida

manutenção; da sensação de bem estar físico e mental, e por último, pelo

prazer/gostar de realizar a atividade.

Segundo a sociedade mundial de fisiologia do exercício, melhorar o

condicionamento físico é treinar as 10 capacidades ou aptidões físicas através de

adaptações neurológicas e/ou orgânicas. São elas: resistência cardiorrespiratória,

resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação,

agilidade, equilíbrio e precisão. Quanto mais competente em cada uma delas, mais

condicionado você está, ou seja, um bom programa de treinamento deve conter

exercícios que desenvolvam uma adaptação em cada uma dessas aptidões. O

condicionamento físico pode ser medido pela capacidade de desempenhar bem

determinada tarefa, podendo ser verificado através da comparação de como a

mesma tarefa/atividade era feita antes da realização de um treinamento ou até

mesmo comparado a outros indivíduos.

Page 60: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

59

Apesar destes resultados não serem tão semelhantes, podem ser

comparados aos da pesquisa de Alves, Junger, et al (2007), os quais criaram e

utilizaram este instrumento de investigação, o questionário IDAPRAN, com

adolescentes frequentadores de três escolas de natação no estado do Rio de

Janeiro. Nele, os motivos iniciais de adesão que obtiveram melhor pontuação foram

as opções: porque eu sempre gostei de fazer natação; porque meus pais ou

responsáveis decidiram que era importante eu praticar natação; porque o médico me

aconselhou; para melhorar meu condicionamento físico e por último porque eu não

sabia nadar.

O estudo de Freire e Schwartz (2005), no qual foram analisadas 40 pessoas

com faixa etária entre 14 e 65 anos matriculados no curso de natação, revelou que

40% das respostas em relação à procura pelas atividades aquáticas foram

relacionadas aos aspectos da saúde (ajudar na saúde, entrar em forma, disposição,

emagrecer, condicionamento físico, qualidade de vida, sedentarismo) e por ser

considerada uma atividade de baixo impacto; seguido por 22% de motivos

relacionados aos aspectos psicológicos e 22% de motivos ligados ao aprendizado

do esporte e, por último, somente 11% de motivos relacionados aos aspectos

ligados ao prazer e 5% relativos ao relacionamento humano.

Ortega e Silveira (2010), em sua investigação que contou com a participação

de 13 alunos idosos com idades de 60 a 80 anos, praticantes da modalidade de

hidroginástica na cidade de Pelotas, concluiu que a recomendação médica para a

manutenção e melhora na qualidade de vida foi o motivo principal de adesão à

prática da hidroginástica, logo em seguida, veio à influência de amigos, parentes e

vizinhos e o professor considerado como fundamental para o sucesso da adesão à

AF.

Segundo Dishman (1993), há um consenso de que as variáveis conhecidas

que determinam maior ou menor grau de fixação das pessoas aos programas de AF

podem ser categorizadas como fatores pessoais passados e presentes, fatores

ambientais ou situacionais passados e presentes, fatores comportamentais e fatores

relativos ao programa de AF.

Page 61: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

60

Em termos de adesão inicial, os determinantes pessoais exercem grande

influência sobre esse comportamento, além de que permitem traçar um perfil dos

praticantes de AFs. De acordo com Dishman (1998), aspectos sócio-demográficos

são fatores que favorecem à identificação de pessoas que provavelmente terão

maior resistência para participarem programas de AF e, assim, tornam–se alvos para

intervenções.

Ao questionar se os entrevistados participam de Competições Oficiais da

Federação de Natação na Condição de Atleta, 95% marcou não e 5% marcou sim,

ficando evidente que nos clubes estudados quase não há indivíduos motivados ou

com objetivos de serem atletas.

Em seguida, foram listadas várias frases que geralmente as pessoas

respondem para justificar o porquê continuam/permanecem praticando natação, as

quais eles deveriam assinalar o nível de importância que cada uma representa em

suas opiniões. Assim, foram selecionados pelos orientadores dessa pesquisa, os

itens com maior relevância para o estudo e os resultados podem ser visualizados na

tabela nº 1.

Tabela 1: Percentuais do Nível de Importância das opções listadas, de acordo

com o perfil e a percepção dos alunos para justificar o porquê continuam

(permanecem) praticando natação.

Eu continuo praticando natação

porque (...)

Muito

importante

Mais ou

menos

importante

Nada

importante

Preciso tratar de uma doença que eu

tenho. 38% 12% 50%

A temperatura da água é agradável. 19% 43% 38%

O local que eu pratico natação é

perto da minha casa. 31% 48% 21%

Page 62: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

61

Gosto de fazer atividades físicas

individuais. 45% 26% 29%

Deixa o corpo bonito. 50% 40% 10%

Gosto de fazer novas amizades. 57% 33% 10%

As aulas são bem organizadas. 64% 26% 10%

Utilizo recursos e materiais legais

durante as aulas. 52% 26% 22%

O meu professor de Educação Física

me incentiva. 83% 10% 7%

O professor está sempre criando e

ensinando algo diferente. 83% 12% 5%

Os(as) funcionários(as) do clube são

educados e atenciosos. 78% 17% 5%

Quero ser um atleta. 24% 33% 43%

Posso vencer e ganhar medalhas,

troféus e outras recompensas. 26% 14% 60%

Adoro fazer atividades na água. 74% 24% 2%

Melhora a minha auto-estima. 74% 14% 12%

Evita problemas de coluna,

respiratórios e/ou cardiovasculares 86% 7% 7%

É uma atividade física saudável. 93% 7% 0%

Me faz sentir bem. 93% 7% 0%

Page 63: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

62

Melhora a minha condição física. 95% 3% 2%

A opção de se recuperar de uma lesão/doença foi considerada sem

importância pela metade dos entrevistados, confirmando que a maioria não tem

como objetivo a recuperação/reabilitação de doenças, isso de certa forma pode ser

considerada uma boa notícia.

A temperatura da água, mesmo em se tratando de piscinas não aquecidas, e

a proximidade do local da prática não foram avaliadas como fatores muito

importantes para permanecerem praticando natação. Indivíduos que já têm certo

tempo praticando natação estão mais adaptados ao meio líquido, conseqüentemente

não sentem ou não consideram a temperatura da água ser tão importante para a sua

permanência no esporte, mesmo nos períodos de clima mais frio.

Em relação à proximidade do local da prática, Okuma (1994) afirma que além

da distância ao local de prática, a conveniência dos horários também é um fator

importante. Aponta que a percepção de tempo está mais associada à aderência do

que a adesão. A literatura específica apresenta esse fator fortemente ligado à

desistência ou também a adoção de um estilo de vida sedentário. Dishman (1994),

citado por Saba (2001), levanta dúvida quanto à falta de tempo ser um determinante

ambiental ou simplesmente reflexo da baixa habilidade comportamental do indivíduo,

como não saber administrar melhor o tempo. Citam ainda que o pretexto da falta de

tempo possa indicar falta de interesse, envolvimento ou motivação com os

exercícios físicos.

Segundo Saba (2001), horários e locais flexíveis podem ser a solução para

este fator e acredita ainda que a distância, o preço, e a acessibilidade são fatores

fundamentais para a adoção de um comportamento não sedentário. Alguns

trabalhos mais recentes de Dishman, Berger e Mclnman estão de acordo com essa

afirmativa porque os mesmos consideram a distância ao local da prática e a

conveniência dos horários como fatores principais ligados à desistência, pois podem

ser entendidos como barreiras à prática.

Page 64: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

63

Os alunos entrevistados não deram muita importância ao valor das

mensalidades para permanecerem praticando natação, sinal de que os mesmos têm

uma condição financeira satisfatória e não precisam se preocupar com este fator.

Os itens: fazer atividades físicas individuais e fazer novas amizades tiveram

boa pontuação em relação à importância, mas nada muito acentuado. Shepard

(1991), citado por Saba (2001), verificou que atividades em grupo apresentam maior

aderência que as individuais. Também relatou que pessoas extrovertidas tendem à

prática em grupo enquanto que as introvertidas à individual. Com relação às

amizades, Saba (2001) coloca que na realização do exercício, a companhia de

colegas que tenham para si os mesmos objetivos auxilia na permanência de todos.

Devido aos padrões corporais pré-determinados pela sociedade e pelas

mídias, esperava-se que o fato da natação deixar o corpo bonito tivesse um maior

percentual de votação em nível de importância, o resultado indica que a estética é

considerada muito importante para 50% dos participantes, 40% avaliou este item

como mais ou menos importante e para 10% dos que compunham a amostra

investigada, este é um fator que não exerce nenhuma influência sobre eles. Isso

demonstra que a beleza física, para o grupo entrevistado, não é prioridade como se

pensava.

Sobre este aspecto, Saba (2001) afirma que com o aumento do tempo de

prática, os benfícios psicológicos passam a preponderar sobre os valores estéticos,

contribuindo para maior adesão. Sabe-se que mesmo tendo outros objetivos que

não os da estética com relação à natação, é obvio que a melhora da aparência

física, por consequência da prática, estimula/motiva ainda mais os indivíduos a

continuarem praticando o desporto.

A organização nas aulas, a utilização de recursos/materiais, o incentivo do

professor, como também a maneira de ensinar e a criatividade do mesmo também

foram bastante votadas, mostrando que tanto o professor como a metodologia

utilizada nas aulas são considerados motivos fundamentais para os praticantes

permanecerem no esporte.

Desenvolver um bom trabalho é se empenhar para que os alunos alcancem

os seus objetivos perante a prática da modalidade, de modo a se sentirem satisfeitos

Page 65: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

64

e motivados a continuar e não apenas para obter mais alunos (SABA, 2001). Se, por

um lado, o atrativo estético leva uma quantidade enorme de pessoas aos centros

especializados, por outro, é preciso que a linha pedagógica, por eles adotada,

exerça a sedução necessária para a manutenção do exercício físico por parte da

população (SABA, 2001, p. 57).

No estudo de Freire e Schwartz (2005), verificou-se a importância da inserção

de atividades lúdicas em meio líquido, devido à reivindicação de maior tempo para a

prática como sendo o fator decisivo na manutenção/continuidade em atividades

aquáticas.

Verificou-se também, que os entrevistados adoram fazer atividades no meio

aquático. Segundo Saba (2001), duas características importantes para a

permanência na prática de exercícios físicos são o prazer e a sensação de

satisfação. O prazer encontrado em sua prática garante continuidade

desencadeando o processo de interesse crescente, mesmo que o exercício ainda

não esteja levando a condição de bem-estar completa. A sensação de satisfação

proporciona conforto em relação à aparência pessoal, oferecendo segurança

durante o exercício.

Saba (2001, p. 77 apud WANKEL, 1993) considera importante essa

apreciação definindo-a como uma emoção positiva, um estado afetivo positivo, que

também envolve uma dimensão cognitiva quanto à percepção do sucesso no uso

das próprias habilidades, no confronto com os desafios do meio ambiente.

Fica claro que o percentual maior de entrevistados, 78%, considera muito

importante o fato dos funcionários das instituições que oferecem a natação serem

educados e atenciosos para com os mesmos; 17% avaliam como mais ou menos

importante e apenas 5% acha que este item não influencia em nada a sua

permanência no desporto. Algumas pessoas dizem que não se importam, mas na

realidade ninguém gosta de ser mal tratado, mal recebido ou mal atendido, pois isso

afasta/afugenta as pessoas de modo geral. Baseado nesta lógica, Saba (2001)

afirma que, no âmbito dos centros especializados, funcionários e profissionais

motivados e incentivadores produzem um efeito positivo no processo evolutivo rumo

à manutenção e à aderência.

Page 66: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

65

Foi constatado que a maioria não dá importância, ou melhor, não têm

finalidades de ser atleta e muito menos de ganhar medalhas, troféus e outras

recompensas. Estes dados mostram que tanto os motivos de adesão (entrada)

quanto os de permanência não são para o esporte de alto rendimento. Praticar um

esporte de alto rendimento exige esforço físico em demasiado, pois os atletas são

submetidos a situações de "sofrimento" por causa dos treinamentos exagerados,

infelizmente, após certo tempo de prática eles vão apresentando diversos tipos de

patologias (articulares, musculares, etc) decorrentes desse tipo de treino.

Melhorar a auto-estima e evitar problemas de coluna, respiratórios e

cardiovasculares também foi bastante votado. Com relação à auto-estima é possível

afirmar que os aspectos estéticos, ou seja, a satisfação com o corpo é essencial à

elevação da mesma.

A prática regular de AF é um recurso importante para manter o equilíbrio

emocional. De acordo com o psiquiatra Maurício Lima, os efeitos psicológicos são

grandes: alivia o estresse, melhora a memória, diminui a insegurança e a ansiedade.

Praticar exercícios, por si só, é excelente para a saúde do organismo, mas os

ganhos de quem deixa o sedentarismo são maiores ainda e geram impactos, não só

na estética e no bem-estar físico como também no sistema nervoso.

Ainda segundo o especialista, trata-se de um efeito dominó, a saúde melhora

e os benefícios se expandem para o restante do corpo. Ao praticar exercícios físicos,

além de fatores químicos do cérebro, como o aumento dos níveis de serotonina

(neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar) e a melhora do fluxo

sanguíneo, se exercitar pode ajudar a resolver e até mesmo eliminar vilões que

jogam a autoestima para baixo. A falta de confiança em si mesmo diminui com

exercícios que exigem desafios como é o caso da natação. O indivíduo pode extrair

uma série de ganhos pessoais e aumentar a qualidade de vida, explica.

A indicação médica de se praticar natação para evitar ou para melhorar

problemas de coluna, respiratórios e cardiovasculares é indiscutível, mas é

importante ressaltar que o nado borboleta não é indicado para pessoas que têm

problemas na coluna, porque força em demasiado essa parte do corpo. O mesmo

vale para o nado peito. Para quem sofre com esses problemas, o ideal é o nado

crawl, que previne e ajuda a corrigir problemas posturais, sendo coadjuvante nos

Page 67: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

66

tratamentos de lombalgia (dor na região lombar); seguido pelo estilo costas. A

supervisão de um professor de Educação Física na prática do esporte é

fundamental.

O fato da natação ser uma AF saudável e a sensação de bem estar

proporcionados foram os itens mais votados pelos praticantes, em relação às

opções anteriores, exercendo grande influência sobre a permanência na natação.

Melhorar a condição física foi o fator quase que unânime em nível de

importância para permanência na prática da natação, evidenciando que os

indivíduos estão realmente mais preocupados com o nível de condicionamento físico

e não apenas com indicações médicas ou a estética. Através dos resultados

expostos, constatou-se que os fatores influenciadores tanto de iniciação à prática da

natação como os de permanência no esporte, estão vinculados à saúde e bem estar

para a obtenção de uma melhor qualidade de vida. Portanto, conclui-se que os

motivos de adesão se justificaram após algum tempo de permanência na atividade e

se intensificaram por conseqüência de uma percepção satisfatória diante dos

objetivos que vem sendo adquiridos, estimulando os indivíduos a se manterem no

esporte, usufruindo dos benefícios esperados e atingidos.

È relevante salientar os motivos que os entrevistados incluíram na última

questão, caso a listagem não contemplasse o que realmente consideravam

importante para justificar sua permanência na prática da natação. Assim, oito

pessoas colocaram as seguintes respostas:

Emagrecer e melhorar meu condicionamento físico;

Melhorar o aprendizado de natação;

A profissão exige;

Porque gosto da natação;

Aprender todos os estilos de nados e me tornar um nadador famoso;

Uma metodologia criativa e interessante;

Prazer e necessidades especiais;

Prevenir a piora de uma doença.

Page 68: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

67

Os resultados do estudo de Krutzmann e Pol (2007) condizem com os da

presente pesquisa, pois os mesmos identificaram que dentre os aspectos

motivacionais que levam indivíduos acima de 60 anos a praticarem e aderirem a

prática da hidroginástica, destacou-se com maiores percentuais: a melhora do

condicionamento físico; ajudar a controlar e evitar doenças; o convívio em um

ambiente alegre; a melhora no condicionamento cardiorrespiratório e o

emagrecimento.

Ortega e Silveira (2010), por sua vez, concluíram que a manutenção da

prática de hidroginástica está relacionada com o bem estar gerado pela atividade,

seja no âmbito físico, psicológico-emocional, como também as amizades geradas

que foram também apontadas como fundamentais para motivar a participação no

programa de AF. Ao comparar estas investigações com os resultados da presente

pesquisa, é possível perceber que há semelhanças entre elas, apesar dos aspectos

metodológicos que orientam a realização das pesquisas, serem diferentes.

Durante todo o mês de maio de 2011, quando foi realizada e concluída a

coleta de dados, houve algumas limitações no que diz respeito ao número de

alunos, que diminuiu bastante devido à baixa temperatura do clima e o fato das

piscinas não serem aquecidas. Este fator fez com que muitos deles parassem de

freqüentar as aulas e outros trancassem suas matrículas. Outro fato importante para

mencionar é que não foi encontrado nenhum idoso praticando natação no período

em que foi realizada a pesquisa, e por esse motivo não participaram da mesma.

Page 69: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

68

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo identificar os fatores que influenciam na

permanência de indivíduos na prática da natação e para isso foi escolhido os dois

clubes mais antigos da cidade de Alagoinhas-Bahia que oferecem esse desporto

para a realização da pesquisa. Assim, foi aplicado um questionário estruturado

(IDAPRAN) com todos os alunos, sem distinção de idade, que estavam

freqüentando as aulas de natação, nos três turnos, durante todo mês de maio de

2011.

De acordo com os resultados obtidos, podemos descrever as principais

características dos praticantes de natação, os quais a maioria é do sexo masculino,

com predomínio do estado civil solteiro. Em relação à idade, os dados são bastante

heterogêneos tendo um percentual maior de adultos seguido das crianças. Grande

parte dos entrevistados estava cursando o Ensino Fundamental ou tinham o Nível

Superior Completo; em se tratando das profissões, a maioria eram estudantes,

seguido de professores e técnicos de diversas áreas.

Quanto à idade em que iniciaram a prática da natação, a maior parte foi entre

a infância e adolescência. Ficando evidente que o tempo de prática dos alunos é

acima de dois anos e acima de dois meses, respectivamente e se encontram nos

melhores níveis de AF o de manutenção e ação.

Os principais motivos de adesão à natação foram melhorar o

condicionamento físico, aconselhamento médico e evitar problemas de saúde.

Dentre as principais justificativas de permanência no esporte, destaca-se a melhora

do condicionamento físico que foi quase unânime, em seguida, por ser uma AF

saudável e com igual porcentagem a sensação de bem estar; logo depois o fato de a

natação evitar problemas de coluna, respiratórios e/ou cardiovasculares também se

apresentou como um forte motivo de permanência.

Considerando os resultados deste estudo, é possível concluir que os fatores

influenciadores da permanência de indivíduos na prática da natação são

praticamente os mesmos que os de iniciação no esporte, sendo que os motivos de

adesão se justificaram, após algum tempo de permanência na atividade, e se

Page 70: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

69

intensificaram por conseqüência de uma percepção satisfatória diante dos objetivos

que vem sendo adquiridos, estimulando os indivíduos a se manterem no esporte,

usufruindo dos benefícios esperados e atingidos.

A identificação desses fatores é bastante proveitosa, na medida em que,

conhecendo o que realmente é importante para os alunos, aponta o caminho a ser

percorrido, possibilitando além de avaliar o trabalho pedagógico, já que o mesmo foi

considerado fundamental para a permanência no esporte; ajuda na criação de

estratégias para aperfeiçoá-lo em busca de atender as necessidades e finalidades

dos alunos, contribuindo assim para que os mesmos se comprometam com a

atividade, fazendo dela um hábito e conseqüentemente melhorando a qualidade de

vida.

Faz-se necessários outros estudos dessa natureza, como a investigação dos

motivos de desistência/abandono da natação, além da identificação de quanto o

clima (inverno, água fria) pode influenciar no processo de permanência nesse

esporte, porque, em diferentes realidades e em diferentes tempos, serão

encontrados outros resultados que deverão ser valorizados e priorizados para

melhorar a qualidade do serviço ofertado, buscando aumentar o número de

praticantes desse esporte.

Page 71: FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO E A PERMANÊNCIA DE INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA NATAÇÃO

70

REFERÊNCIAS

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75

ANEXOS

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C

UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Projeto de Pesquisa

O curso de Licenciatura em Educação Física da UNEB, por meio das

respostas deste questionário, pretende elaborar a pesquisa titulada: “Fatores que

Influenciam na Permanência de Indivíduos na Prática da Natação”.

Os dados coletados com esta pesquisa visam identificar os fatores que influenciam

na permanência de indivíduos na prática da natação, para criar maneiras de suprir

as necessidades que possivelmente serão encontradas, subsidiar na captação de

novos alunos e colaborar na redução de abandonos do esporte.

Os resultados da pesquisa serão divulgados. Entretanto, a identidade dos

participantes será preservada.

Termo de Consentimento

Após ler, receber explicações sobre a pesquisa e ter meus direitos de:

1. Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento relacionados à pesquisa;

2. Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo;

3. Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações

relacionadas à privacidade.

Tendo recebido as informações acima e ciente dos meus direitos, concordo

em participar voluntariamente da pesquisa.

Alagoinhas, _____ de maio de 2011.

__________________________________ ___________________________

Assinatura da participante Assinatura do pesquisador

Endereço do pesquisador: Rua Alameda das Acácias, 46 – Santa Terezinha.

Alagoinhas-BA. Telefone para contato: (75) 3181-5405

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ANEXO D

QUESTIONÁRIO

Instrumento de Diagnóstico da Adesão à Prática da Natação (IDAPRAN)

1. Nome: ______________________________________________________

2. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

3. Estado Civil: ( )solteiro ( )casado ( )separado ( )divorciado ( )viúvo

4. Idade: ______ anos

5. Profissão: ___________________________________________________

6. Grau de Instrução:

( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino fundamental incompleto

( ) Ensino médio completo ( ) Ensino médio incompleto

( ) Nível superior completo ( ) Nível superior incompleto ( ) Pós graduação

7. Quantos anos você tinha quando começou a fazer aulas de natação?

( )até 6 anos ( )7 a 12 anos ( )13 a 19 anos ( )20 a 25 anos

( )26 a 32 anos ( )33 a 39 anos ( )40 a 45 anos ( )mais de 46 anos

8. Horário que pratica:

( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno

9. Há quanto tempo, mais ou menos, você pratica natação?

( ) menos de 2 meses ( ) mais de 2 meses e menos que 6 meses

( ) 6 meses até 1 ano ( ) mais de 1 ano e menos que 2 anos ( ) mais de 2

anos

10. Atualmente, quantas vezes por semana você pratica natação?

( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) 4 vezes ( ) 5 ou mais vezes

11. Qual a duração média da aula?

( ) 0:30 minutos ( ) 0:40 minutos ( ) 0:50 minutos ( ) > 0:60 minutos

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12. Como você vai para a natação?

( ) de carro ( ) de ônibus ( ) andando ( ) de bicicleta

Escreva outra resposta se o seu caso for diferente das afirmações acima.

___________________________________________________________________

13. O lugar onde você pratica natação é:

( ) muito longe de casa ( ) longe de casa ( ) perto de casa ( ) muito perto

de casa

14. Quais os principais motivos que te levaram a praticar natação (escolha

no máximo três motivos, colocando o número “1” para o principal

motivo, “2” para o segundo motivo em ordem de importância, e “3” para

o terceiro principal motivo.

Eu comecei a praticar natação (...)

( ) porque era a única atividade física que tinha perto da minha casa/local de

trabalho/local de estudo.

( ) porque meus pais ou responsáveis decidiram que era importante eu praticar

natação.

( ) porque o médico me aconselhou.

( ) porque eu não sabia nadar.

( ) porque eu queria ser um atleta de natação.

( ) porque eu queria ter um corpo bonito.

( ) porque eu queria ou precisava emagrecer.

( ) para melhorar meu condicionamento físico (eu vivia cansado ou me cansava

facilmente).

( ) porque eu sempre gostei de fazer natação.

( ) pela possibilidade de estar em companhia dos meus amigos e fazer novas

amizades.

( ) porque a mensalidade era mais adequada/acessível às minhas possibilidades de

pagamento (ou se for o caso dos meus pais ou responsáveis).

( ) para evitar problemas de saúde.

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( ) porque eu queria aprender uma nova atividade física.

( ) porque as pessoas que praticam natação são mais valorizadas.

( ) porque a natação é um tipo de atividade física que possibilita diferentes

desafios.

( ) porque eu queria me sentir bem físico e emocionalmente.

Escreva outro(s) motivo(s) se o seu caso for diferente das afirmações acima:

___________________________________________________________________

15- Atualmente você participa de competições oficiais da federação de natação

na condição de atleta?

( ) sim ( ) não

16. A seguir, listamos várias frases que as pessoas, geralmente respondem para

justificar o porquê continuam praticando natação. Leia atentamente cada

uma das frases e assinale o nível de importância que cada uma delas tem

para justificar o porquê você continua praticando natação.

Eu continuo praticando natação

porque (...)

Muito

importante

Mais ou

menos

importante

Nada

importante

A temperatura da água é agradável.

As aulas são bem organizadas.

Deixa o corpo “sarado”.

Quero ser um atleta.

È muito desafiante.

É uma atividade física que

proporciona situações desafiantes.

É uma atividade física saudável.

Adoro fazer atividades na água.

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Fico mais resistente, forte e veloz.

Utilizo recursos e materiais legais

durante as aulas.

Evita ficar doente.

Evita problemas de coluna,

respiratórios e/ou cardiovasculares

Gosto de competir.

Gosto de fazer atividades físicas

individuais.

Gosto de fazer novas amizades.

Gosto do(a) meu(minha) professor(a)

Me dá muita disposição.

Me dá satisfação.

Me diverte.

Me faz sentir bem.

Melhora a minha condição física.

Melhora a minha auto-estima.

O horário da aula não interfere nos

meus outros compromissos.

O local é muito bonito e agradável

O local que eu pratico natação é perto

da minha casa.

O local que eu pratico natação possui

facilidades de acesso.

Os(as) funcionários(as) do clube são

educados e atenciosos.

O meu professor de Educação Física

me incentiva.

O professor está sempre criando e

ensinando algo diferente.

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O valor da mensalidade não é muito

caro.

O(a) professor(a) é atencioso(a)

comigo.

O(a) professor(a) é paciente comigo.

Os meus amigos me incentivam.

Posso vencer e ganhar medalhas,

troféus e outras recompensas.

Preciso tratar de uma doença que eu

tenho.

Preenche meu tempo de forma

prazerosa.

Quero participar de campeonatos da

Federação da Natação.

Deixa o corpo bonito.

Sou muito elogiado por praticar esta

atividade física.

Tem muita gente legal praticando.

Tenho desconto na mensalidade.

Tenho que me recuperar de uma

lesão/doença.

17. Caso haja necessidade, o espaço a seguir é para incluir quaisquer outros

motivos não contemplados na listagem anterior que você considera „muito

importante‟ para justificar o porquê você continua praticando natação.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________