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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA FERNANDA PERINI GUSMÃO Bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

FERNANDA PERINI GUSMÃO

Bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis

Lorena

2013

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FERNANDA PERINI GUSMÃO

Bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Escola de Engenharia

de Lorena - Universidade de São Paulo

como requisito parcial para a

conclusão de Graduação do Curso de

Engenharia Bioquímica.

Orientador: Profª Drª Maria Bernadete

de Medeiros

Lorena

2013

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Serviço de Biblioteca Escola de Engenharia de Lorena

Gusmão, Fernanda Perini

Bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis / Fernanda Perini Gusmão;

Orientadora Maria Bernadete de Medeiros.—Lorena, 2013.

42 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de

Graduação de Engenharia Bioquímica - Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo.

1. Controle biológico. 2. Bacillus thuringiensis. 3. Proteínas Cry. 4.

Processos fermentativos. I. Medeiros, Maria Bernadete de, Orient.

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Dedico este trabalho aos meus

pais, Fernando e Magali, pelo

amor incondicional e por não

medirem esforços para que eu

pudesse realizar mais este

sonho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus.

À minha família, que sempre me apoiou e me deu estrutura para buscar meus

sonhos, especialmente meus pais, Fernando e Magali, e minha irmã Rafaela.

Ao meu namorado, Bruno, pela amizade, amor, companheirismo, incentivo,

paciência e apoio durante todos os momentos, tanto os bons quanto os ruins.

Muito obrigada por estar ao meu lado sempre!

À Dra. Maria Bernadete de Medeiros, minha orientadora, pelo carinho, atenção,

ensinamentos e conselhos. Pela dedicação e empenho durante a realização deste

trabalho.

À Ana Valéria, Ana Laura, Beatriz, Clarice e Juliana, pela amizade sincera, pelos

conselhos, pela paciência e momentos de alegria, que foram fundamentais para a

minha formação e o desenvolvimento deste trabalho.

À Andressa, Gabriella, Inara, Marcela, Renan e Vanessa, amigos de uma vida

inteira.

À Cláudia, Eleonora, Éryka, Fernanda e Ludmila, com vocês esse 5 anos

passaram muito rápido, e a graduação foi muito mais divertida.

A todos os professores da Universidade de São Paulo que contribuíram para a

minha formação.

E a todos que de algum modo colaboraram no meu desenvolvimento e formação.

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“Ninguém é tão grande que não possa

aprender, nem tão pequeno que não

possa ensinar.”

Esopo

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GUSMÃO, Fernanda Perini. Bioinseticidas à base de Bacillus thuringiensis/ Fernanda Perini Gusmão; Orientadora Maria Bernadete de Medeiros – Lorena, 2013. 42p (Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação de Engenharia Bioquímica – Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo).

RESUMO

Nos processos agrícolas, o controle de insetos é realizado, em sua maioria, por

inseticidas químicos sintéticos; cujos efeitos acumulativos ocasionam grandes

prejuízos ambientais e à saúde humana, destacando-se ainda a rápida seleção de

insetos resistentes. O controle biológico utilizando bioinseticidas é uma alternativa

eficiente, principalmente devido a sua alta especificidade, baixa toxicidade,

moderado efeito residual ao meio ambiente e não causam resistência aos insetos

alvos. A bactéria mais utilizada na síntese desses produtos é o Bacillus

thuringiensis, uma bactéria aeróbia, Gram-positiva, formadora de endósporo que

possui como característica principal a presença de inclusões cristalinas

denominadas delta-endotoxinas ou proteínas Cry. Essas proteínas podem ser

altamente tóxicas para insetos susceptíveis, entretanto não apresentam atividade

para outros organismos. Após ingestão da proteína pelo inseto, os cristais são

solubilizados no intestino médio, sob condições alcalinas, liberando protoxinas

que, em presença de enzimas digestivas, são convertidas em polipeptídeos

denominados δ-endotoxinas. Estas endotoxinas atravessam a membrana

peritrófica, ligam-se a receptores específicos localizados na membrana das

células do intestino médio, interferindo no gradiente iônico e balanço osmótico e

formando poros que aumentam a permeabilidade da membrana. O aumento na

absorção de água causa lise celular e eventual ruptura e desintegração das

células do intestino médio.

Palavras-chave: Controle biológico, Bacillus thuringiensis, proteínas Cry, processo

fermentativo.

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ABSTRACT

In agriculturist processes, the insect control is accomplished, in most cases,

by chemical products of which accumulative effects cause huge damage to

environment and human health, also outstanding the fast selection of resistant

insects. The biological control through biopesticides is an efficient alternative

mainly due to its high specifically, lack of resistance on target insects, low toxicity

and low residual effect in the environment. The most used bacteria in the

synthesis of these products is the Bacillus thuringiensis, a Gram-positive bacteria,

which produces spores that are characterized by the presence of crystalline

inclusions denominated delta-endotoxine or Cry proteins. These proteins can be

highly toxic for susceptible insects and do not present activity for other organisms.

After ingestion of the protein by the insect, the middle intestine turns the crystal

soluble, under alkaline conditions, releasing protoxins that, in presence of

digestive enzymes, are converted into polypeptides named δ-endotoxins. These

endotoxins go through the peritrophic membrane, bind themselves to specific

receptors located in the membrane of cell of middle intestine, interfering in the

ionic gradient and osmotic balance, forming pores that increase the membrane

permeability. Increase in the absorption of water causes cellular burst and

eventual rupture and disintegration of the middle intestine cell.

Key-words: biological control, Bacillus thuringiensis, Cry proteins,

fermentative process.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Microscopia eletrônica de varredura de Bacillus thuringiensis..............14

Figura 2. Diagrama esquemático da esporulação em Bacillus thuringiensis .....15

Figura 3. Microscopia eletrônica de B. thuringiensis mostrando: (A) cristais, (B)

esporos..................................................................................................................16

Figura 4. : Cristal de cepas de Bacillus thuringiensis. (A) Forma bipiramidal da

cepa 344; (B) forma cubóide da cepa 1644...........................................................17

Figura 5. Representação esquemática da estrutura geral das δ- endotoxinas.....17

Figura 6. Esquema representativo do modo de ação das proteínas Cry de Bt....20

Figura 7. Produção comercial de Bt......................................................................26

Figura 8. Variação das UFC (unidades formadora de colônia) em relação aos

fatores que influenciam na quantidade de oxigênio dissolvido no meio de

fermentação...........................................................................................................29

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Exemplos de produtos biotecnológicos à base de δ-endotoxina de

Bacillus thuringiensis ...........................................................................................22

Tabela 2. Exemplos de plantas transgênicas expressando genes cry de Bacillus

thuringiensis ..........................................................................................................23

Tabela 3. Principais ingredientes utilizados em meios de cultivo de Bacillus

thuringiensis e suas concentrações .....................................................................27

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SUMÁRIO

1. Objetivos..................................................................................................12

2. Introdução................................................................................................13

3. Bacillus thuringiensis...............................................................................14

3.1 Toxinas produzidas por Bacillus thuringiensis...................................18

3.2 Mecanismo de ação das proteínas Cry.............................................18

4. Processos biotecnológicos utilizando Bacillus thuringiensis......................21

5. Melhoramento de Bacillus thuringiensis.....................................................22

6. Plantas transgênicas..................................................................................23

7. Resistência às proteínas Cry.....................................................................24

8. Produção Comercial...................................................................................25

8.1 Fontes de carbono e nitrogênio.........................................................26

8.2 Sais minerais......................................................................................27

8.3 Temperatura e pH.............................................................................28

8.4 Oxigênio.............................................................................................28

8.5 Processo Fermentativo.......................................................................29

8.6 Separação das Toxinas......................................................................30

8.7 Ensaio e Formulação..........................................................................31

9. Conclusão....................................................................................................33

10. Referências.................................................................................................35

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1. Objetivos

1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo reunir informações a respeito da

produção industrial de bioinseticidas a partir da bactéria Bacillus thuringiensis,

bem como o seu modo de ação nos insetos-alvo.

1.2 Objetivo específico

Sistemática e descrição das principais características morfológicas e

fisiológicas da bactéria entomopatogênicas, B. thuringiensis;

Cinética da síntese do bioinseticida que é associada ao processo de

esporulação da célula;

Atividade entomopatogênica do B. thurigiensis que é atribuída à

presença da proteína Cry do cristal protéico;

Modelo de ação da proteína Cry no organismo do inseto-alvo;

Descrição dos diferentes tipos de toxinas produzidas por B.

thuringiensis;

Produção industrial, por processo biotecnológico, da proteína Cry por

B. thuringiensis.

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2. Introdução

Atualmente é intensa a utilização de agrotóxicos nos processos agrícolas. A

justificativa para o seu uso indiscriminado é atender a crescente demanda da

produção de alimentos. O controle de insetos nocivos ou não à agricultura é

realizado na sua maioria, por inseticidas sintéticos. O problema é que esses

produtos podem causar danos ao homem e ao meio ambiente, contaminando

alimentos, solo e aquíferos, além de favorecem uma rápida seleção natural de

insetos resistentes.

Uma alternativa para esses problemas é a utilização de bioinseticidas. As

vantagens do uso desses produtos são a menor toxicidade e o fato de causarem

danos somente ao inseto específico, excluindo os pássaros e mamíferos. Além

disso, os bioinseticidas podem ser utilizados em pequenas concentrações e

possuem decomposição rápida. Como consequência utiliza-se menos agrotóxico,

o que causa um baixo impacto ambiental.

Devido à alta eficiência na redução da quantidade da praga alvo e

especificidade (BRAVO et al., 2007), a utilização dos inseticidas de origem

microbiana, como substitutos aos produtos químicos, tem se tornado uma

alternativa viável para o controle de insetos-pragas das principais culturas

(PARDO-LÓPEZ et al., 2013).

As bactérias entomopatogênicas das espécies Bacillus sphaericus e B.

thuringiensis são utilizadas no controle de insetos (AZEVEDO, 1998). Atualmente

a linhagem B. thuringiensis (Bt), com ampla ação inseticida, é a mais utilizada,

existindo diversas formulações disponíveis no mercado (CASIDA; QUISTAD,

1998).

Essa bactéria é responsável por mais de 90% dos bioinseticidas disponíveis

no mercado internacional (POLANCZYK; ALVES, 2003). Estima–se que sejam

aplicados, aproximadamente 1,3 x 104 toneladas por ano de bioinseticidas, à base

de B. thuringiensis (HANSEN; SALAMITOU, 2000). Para o controle de insetos e

vetores de doenças, o grande mercado dessa bactéria está na África (NARDO;

CAPALBO, 1998). Os maiores produtores de pesticidas biológicos utilizando a

linhagem B. thuringiensis são Estados Unidos e Canadá, que respondem por

cerca de 50% da produção mundial (TAMEZ-GUERRA et al., 2001).

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Atualmente, no Brasil, existe quatorze formulações comerciais à base de B.

thuringiensis disponíveis no mercado. As principais limitações no comércio são o

elevado custo de produção, a concorrência com os produtos químicos e a

escassez de investimento dos setores público e privado no desenvolvimento e

formulações de novos produtos. Destaca-se que o mercado nacional é carente de

competitividade, considerando que a maioria dos produtos é importada. Espera-se

que com o lançamento de produtos nacionais tão efetivos quanto os importados,

os custos globais sejam reduzidos, favorecendo a ampliação do mercado interno

(POLANCZYK, 2004).

3. Bacillus thuringiensis

Conforme Rabinovich (1997) B. thuringiensis é uma bactéria Gram-positiva,

aeróbia facultativa, mesófila e quimioheterotrófica. Possui forma de bastonete

com dimensões que se aproximam de 1,1 µm por 4,0 µm de comprimento, sendo

capaz de se movimentar por meio de flagelos peritríqueos. Quando em condições

desfavoráveis a fisiologia celular, desenvolve um ciclo de esporulação típico do

gênero Bacillus, com endósporo de morfologia elipsoidal, que, localizam-se na

região central ou paracentral da célula (SERAFINI et al., 2002).

Figura 1: Bacillus thuringiensis. Micrografia obtida através de uma microscopia eletrônica de varredura em um aumento de 10.000 vezes. (LIU et al.,1994)

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As bactérias formadoras de endósporos pertencem em sua maioria à família

Bacillacea, incluindo cinco gêneros: Bacillus, Sporolactobacillus, Clostridium,

Desulfotomaculum e Sporosarcina. O gênero aeróbio Bacillus é o maior, seguido

pelo anaeróbio Clostridium. (LIU et al., 1994)

A cinética da síntese dos endósporos é resumida de acordo com as fases de

esporulação convencionais: estágio I - formação do filamento axial, estágio II -

formação do septo do pré-esporo; estágio III – invaginação da membrana e

citoplasma e formação do pré-esporo; estágios IV a VI - formação de exoesporo,

parede celular primordial, córtex, capa dos esporos acompanhadas da

transformação do nucleóide, e estágio VII - maturação de esporos e lise dos

esporângios. Para B. thuringiensis um evento adicional, que não ocorre

normalmente em outros bacilos, é a formação de um cristal parasporal proteico,

que é visível na fase III de esporulação e, algumas vezes é acompanhada por

uma inclusão ovóide de função desconhecida. (BECHTEL; BULLA, 1976).

Figura 2: Diagrama esquemático da esporulação em Bacillus thuringiensis (BECHTEL; BULLA,1976)

A atividade entomopatogênica do B. thuringiensis é devido à presença de

inclusões cristalinas denominadas delta–endotoxinas ou proteínas Cry, que são

sintetizadas durante o processo de esporulação da célula, tendo início na fase III

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e conclusão no final da esporulação. O cristal é identificado no compartimento da

célula mãe e corresponde a aproximadamente 25% do peso seco da célula

(AGAISSE; LERECLUS, 1995) (Figura 3). Estas inclusões cristalinas contêm uma

ou mais proteínas Cry, com um amplo espectro de ação, que apresenta atividade

para as seguintes ordens de insetos Lepidoptera, Diptera, Hymenoptera,

Coleoptera como também para os nematóides, ácaros e protozoários (SCHNEPF

et al., 1998).

Figura 3: Microscopia eletrônica de B. thuringiensis mostrando: (A) cristais, (B) endósporos (LIMA, 2010)

Estas toxinas são codificadas por genes Cry e sua toxicidade está ligada à

região N-terminal das cadeias polipeptídicas, enquanto a porção C-terminal

determina a forma da estrutura do cristal (LI et al.,1991). O cristal proteico pode

apresentar as seguintes formas: bipiramidal, esféricos, retangulares, cubóides e

irregulares (Figura 4). Os cristais bipiramidais apresentam uma maior frequência

de toxicidade do que os outros tipos. (TYRELL et al., 1981).

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Figura 4: Morfologia dos Cristais da linhagem de Bacillus thuringiensis. (A) Bipiramidal da

cepa 344; (B) Cubóide da cepa 1644 (VALICENTE; SOUZA, 2004).

A porção amino-terminal contém até cinco blocos altamente conservados,

distribuídos em três domínios claramente definidos: o domínio I, equipado para a

formação de poros em membranas; o domínio II, que aparentemente confere a

especificidade de ligação aos receptores celulares e o domínio III, que participa

principalmente da manutenção da estrutura das moléculas (Figura 5) (SERAFINI

et al., 2002).

Figura 5: Representação esquemática da estrutura geral das δ-endotoxinas, evidenciando a posição dos blocos conservados na extensão da proteína e os domínios presentes na porção N-terminal (SERAFINI et al., 2002).

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3.1 Toxinas Produzidas por Bacillus thuringiensis

A bactéria B. thuringiensis produz além das proteínas Cry, várias toxinas

com diferentes atividades inseticidas dentre as quais a α e β – exotoxina.

A α–exotoxina é uma enzima com atividade citolítica que age sobre os

fosfolipídeos presentes na membrana celular dos insetos. É termolábil, solúvel em

água, sendo altamente tóxica para alguns insetos. Também conhecida como

fosfolipase C, lecitinase ou fosfatidilcolina fosfohidrolase (HANSEN; SALAMITOU,

2000).

A β-exotoxina, também chamada de Thuringiensina, é produzida durante a

fase vegetativa da célula e secretada no meio de cultura. É termolábil, com baixa

massa molecular. Existem dois tipos de β–exotoxinas: a toxina tipo I que é um

análogo de ATP, composto por adenina, ribose, glicose e ácido fosfoalárico

(FARKAS et al., 1969). Sua atividade tóxica está relacionada com a inibição da

RNA polimerase através da competição com ATP, apresentando um amplo

espectro de toxicidade para várias ordens de insetos, ácaros, nematóides como

também vertebrados, provocando efeitos teratogênicos e mutagênicos (HANSEN;

SALAMITOU, 2000). A toxina do tipo II é um análogo de UTP, sendo mais tóxica

do que a do tipo I, principalmente para insetos da ordem Coleoptera (LEVINSON

et al., 1990). Devido a sua alta toxicidade aos mamíferos, um dos critérios

indispensáveis em alguns países para a produção comercial é a seleção de

linhagens de B. thuringiensis, que não produzam essa toxina (McCLINTOCK et

al., 1995).

3.2 Mecanismo de ação das proteínas CRY

Após ingestão do complexo do B. thuringiensis pela larva do inseto

susceptível, os cristais são solubilizados no intestino médio sob condição de um

pH alcalino, verifica-se a liberação das protoxinas que, em presença de algumas

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enzimas digestivas, são convertidas no mínimo em 4 ou mais polipeptídeos

tóxicos denominados de δ-endotoxinas.

As δ-endotoxinas ativas ligam-se com exclusividade e com elevada afinidade

a receptores específicos do epitélio do intestino. Essas identidades são fatores

decisivos para a toxicidade e especificidade das δ-endotoxinas produzidas por B.

thuringiensis (SERAFINI et al., 2002).

Na fase seguinte, as toxinas hidrolisadas atravessam a membrana

peritrófica, ligam-se a receptores específicos localizados na membrana apical das

células colunares do intestino médio, interferindo no gradiente iônico e balanço

osmótico da membrana apical e formando poros que aumentam a permeabilidade

da membrana. O aumento na absorção de água causa lise celular e eventual

ruptura e desintegração das células do intestino médio (COPPING; MENN, 2000).

Uma vez que o funcionamento do intestino médio é interrompido, ocorre uma

redução do pH do fluído intestinal conjuntamente com uma liberação de

nutrientes, os quais criam condições para a germinação dos endósporos de B.

thuringiensis e para a multiplicação de suas células vegetativas. Este, por sua

vez, invade os tecidos larvais do inseto que, eventualmente, interrompe sua

alimentação e consequentemente ocorre a morte celular. (MONNERAT; BRAVO,

2000). A Figura 6 apresenta um esquema do modo de ação da delta-endotoxina

produzida por B. thuringiensis ao ser ingerida por um inseto na forma larval.

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Figura 6: Modo de ação da proteína Cry. (a) Liberação da protoxina a partir do cristal proteico, e

modificações ocasionadas por meio das proteases no intestino. (b) Inserção das moléculas da toxina ativa na

membrana. (c) Agregação e formação do poro, mostrando uma seção transversal do poro. (d) Formação do

poro hexagonal que provoca um fluxo de água e cátions, bem como uma perda de ATP, resultando em um

desequilíbrio e lise celular. (PRESCOTT et al., 2005)

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Knowles (1994) descreve em quatro etapas a ação de B. thuringiensis sobre

os insetos:

1. Aumento da absorção de glicose e início dos sintomas histopatológicos (1-5

minutos);

2. Paralisia do intestino médio, cessa a alimentação, membrana apical

permeável, aumento do volume e formação de vesículas nas células,

aumento do pH da hemolinfa e redução do pH do lúmen (5-10 minutos);

3. Aumento do fluxo e concentração de K+ da hemolinfa, diminuição do

transporte de glicose e leucina para a hemolinfa, colapso metabólico

celular (10-30 minutos);

4. Lise celular e ruptura da membrana basal, paralisia geral ocorre em 1 a 7

horas; morte por falta de alimento ou septicemia (1-3 dias)

4. Processos biotecnológicos utilizando Bacillus thuringiensis

A intensa utilização do B. thuringiensis se deve a inúmeras vantagens

oferecidas por esses produtos, como: métodos bem estabelecidos de produção

em fermentadores, utilização dos mesmos equipamentos usados para aplicação

de inseticidas químicos, baixo custo para o desenvolvimento de produtos,

inocuidade a mamíferos, amplo espectro de ação com alta especificidade e

reduzida seleção de resistência em insetos.

Baixa persistência do cristal no meio ambiente, a necessidade de aplicações

recorrentes e a incapacidade de acesso a determinadas partes da planta são

algumas desvantagens do uso do Bt no controle biológico. Para superá-las, a

utilização de diferentes processos biotecnológicos visa aumentar o espectro

altamente específico das linhagens de B. thuringiensis, possibilitando o controle

de um número maior de espécies a partir de um único produto formulado,

prolongar a persistência da bactéria no campo, reduzindo o número de novas

aplicações, desenvolver estratégias para superar uma possível seleção de insetos

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resistentes, dentre outras (SERAFINI et al., 2002). Na Tabela 1 estão listados

alguns exemplos desses produtos.

Tabela 1 – Exemplos de produtos biotecnológicos à base de δ-endotoxina de Bacillus thuringiensis, com linhagens de Bt modificadas (SERAFINI et al., 2002).

Produto EMPRESA Inseto-alvo

Condor

Cutlass

Raven

Ecogen

Ecogen

Ecogen

Larvas de Lepidópteros

Larvas de Lepidópteros

Larvas de Coleópteros

5. Melhoramento de Bacillus thuringiensis

O desenvolvimento de linhagens modificadas geneticamente com atividade

otimizada contra um dado inseto-alvo ou com um espectro de atividade mais

amplo, teve inicio com o processo de conjugação (SERAFINI et al., 2002).

Posteriormente, o melhoramento de linhagens de B. thuringiensis se deu

pelo desenvolvimento de métodos eficientes de transformação por eletroporação

(LERECLUS et al., 1989) e otimização de vetores (ARANTES; LERECLUS, 1991;

LERECLUS; ARANTES,1992), o que permitiu o aproveitamento da grande

diversidade de genes Cry, introduzindo novos genes numa única linhagem,

permitindo a expansão do espectro de controle, bem como o melhoramento da

atividade inseticida pela ação sinérgica entre algumas proteínas. (SERAFINI et

al., 2002).

O desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante, a clonagem e o

sequenciamento de diversos genes Cry, a determinação da estrutura e do modo

de ação das δ-endotoxinas permitiram a manipulação das proteínas Cry, para um

aumento na toxicidade. Alterações nos domínios, utilizando a técnica de

mutagênese dirigida, geraram aumentos na toxicidade de até 32 vezes

(RAJAMOHAN et al., 1996). Os resultados mais interessantes foram conseguidos

alterando-se os domínios I e II, por meio de mutações simples ou múltiplas, com

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consequências no aumento da eficiência como também na irreversibilidade da

ligação da toxina aos receptores de membrana do intestino do inseto. (SERAFINI

et al., 2002).

6. Plantas transgênicas

A obtenção de plantas transgênicas resistentes a insetos, conferida pela

presença dos genes Cry, é uma tecnologia recente, cuja utilização se apresenta

como uma alternativa para o controle de insetos nocivos, oferecendo

especificidade ao inseto-alvo, apresentando biodegradação rápida, independência

das condições meteorológicas, proteção a tecidos inacessíveis ao controle

convencional, e redução da quantidade de toxina no meio ambiente. (SERAFINI

et al., 2002).

Atualmente, existem mais de 20 espécies de plantas expressando genes Cry

de B. thuringiensis, sendo que alguns exemplos estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Exemplos de plantas transgênicas expressando genes Cry de Bacillus thuringiensis

Proteína Cristal Insetos-alvo Plantas transformadas

Cry1A; Cry1B;

Cry1C, Cry1H

Lepidópteros Álamo, alfafa, algodão,

arabidopsis, arroz, batata,

brócolis, maçã, milho, pêra,

repolho, soja, tabaco, tomate,

videira

Cry2Aa Lepidópteros Algodão, milho

Cry3A Coleópteros Batata, tabaco

Cry6A Coleópteros Alfafa

Cry9C Lepidópteros Milho

Não - especificada Pêra, cana-de-açucar

Fonte: USDA/APHIS Biotechnology Permit Database (http://www.aphis.usda.gov/bbep/bp/)

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Uma estratégia que otimiza a segurança dessas plantas é o uso de

promotores que induzem a expressão dos genes Cry somente nas regiões da

planta que são susceptíveis aos insetos-alvo como, por exemplo, promotores

específicos de floema para genes Cry, que codificam proteínas tóxicas a insetos

sugadores de floema, como é o caso dos afídios. (SERAFINI et al., 2002). A

inserção de genes Cry de B. thuringiensis, no DNA nuclear de plantas, leva a

baixos níveis de expressão, principalmente pelas diferenças consideráveis

existentes entre os sistemas de expressão gênica dos organismos procariontes e

os das plantas.

Atualmente, a maioria das plantas transgênicas contendo genes Cry

apresenta genes de resistência a antibióticos para a seleção, ou seja, que

permitem a separação das células, portanto os genes de interesse daquelas não-

transformadas.

A obtenção de plantas transgênicas vem evoluindo no sentido de serem

produzidas plantas mais efetivas no controle das espécies-alvo, com maior

espectro de atividade para o controle não só da praga principal, mas também, das

pragas secundárias e plantas capacitadas a contornar possíveis resistências dos

insetos. (SERAFINI et al., 2002).

7. Resistência às proteínas Cry

Após anos da utilização de produtos à base de endósporos e cristais de B.

thuringiensis como bioinseticidas, insetos resistentes foram detectados somente

em algumas populações de Plutella xylostella, apresentando um aumento de

resistência de, no máximo, 30 vezes (TABASHNIK et al., 1994).

Os mecanismos de resistência podem envolver a não ligação da toxina aos

receptores da BBMV (Brush Border Membrane Vesicles), incapacidade de criar

poros na membrana do epitélio e a sua baixa eficiência pela rápida reparação dos

danos causados pela toxina nas células infectadas (FERRÉ; RIE, 2002;

MACHADO; FIUZA, 2010).

Em estudos realizados em laboratório, sob intensa pressão de seleção,

foram obtidos altos níveis de resistência a diferentes toxinas de B. thuringiensis. A

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utilização dessa técnica é importante para permitir o estudo de mecanismos de

resistência e para promover estratégias para superá-la antes mesmo que ela

apareça no campo. Entretanto, a resistência obtida em laboratório não é

comparável à obtida na natureza, pois populações de insetos mantidas em

laboratório são geneticamente isoladas, tendo menor variabilidade do que as

populações naturais. No campo, podem ocorrer fatores que contra-selecionam os

insetos resistentes, como: fertilidade, viabilidade e diluição do gene da resistência

por cruzamento com insetos susceptíveis, além da ocorrência de inimigos naturais

que podem retardar o aparecimento de insetos resistentes (SERAFINI et al.,

2002).

8. Produção industrial

A aplicação de patógenos como inseticidas requer grandes quantidades do

agente ativo, consequentemente, sua produção deve ser relativamente fácil. A

produção depende do microrganismo entomopatogênico se desenvolver em meio

artificial ou não. Se ele crescer em meio artificial (in vitro) poderá ser produzido

em larga escala, utilizando-se as modernas técnicas de fermentação. Por outro

lado, se o patógeno se reproduzir apenas in vivo, faz-se necessário o hospedeiro

vivo, ou um organismo alternativo para multiplicação (PARRA, 1986).

A bactéria Bacillus thuringiensis cresce em diferentes meios de cultura em

escala de bancada. Com a produção industrial em massa, altas densidades

celulares foram produzidas com taxas de esporulação de mais de 90%

(BERNHARD; UTZ, 1993). As principais etapas para a produção de B.

thuringiensis são: seleção da linhagem, estocagem, processo fermentativo,

recuperação do princípio ativo (endósporos e cristais), formulação e análise da

qualidade do produto (MORAES et al. 2001; COUCH, 2000).

Segundo Dulmage (1989), é devido a mudanças nos nutrientes do meio e

nas condições de cultivo que se obtém o incremento na quantidade de delta-

endotoxina no meio. É importante entender que a quantidade de delta-endotoxina

é independente do número de endósporos. Contagens de endósporos apenas

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indicam o crescimento do bacilo, a única maneira de quantificar a delta-

endotoxina é através da técnica de bioensaios (DULMAGE, 1989).

Pode-se esquematizar a produção industrial de B. thuringiensis por processo

submerso ou semi-sólido, conforme o seguinte diagrama:

Figura 7: As etapas da produção comercial de B. thuringiensis. (LIMA et al., 2001)

8.1 Fontes de carbono e nitrogênio

Nos cultivos com B. thuringiensis há necessidade de altos níveis de carbono,

nitrogênio e oxigênio. A fonte de carbono além de ser utilizada como substrato

para a síntese de compostos celulares é uma fonte de energia. Com o aumento

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da concentração de carbono aumenta a biomassa e a quantidade de cristal, mas

não interfere nas atividades biológicas. Já a mudança da fonte de carbono

propicia alterações nas velocidades de formação de toxinas e mudanças nas

principais características bioativas do B. thuringiensis (LIMA et al., 2001). O

nitrogênio é requerido principalmente para síntese dos aminoácidos das proteínas

como também dos ácidos nucléicos.

Para a produção de B. thuringiensis, fatores como viabilidade e custo são

importantes para a seleção de um meio de produção em escala industrial.

Portanto, matérias-primas como farelo de soja, água de maceração de milho

(milhocina), melaço, farelo de semente de algodão, farelo de feijão, caseína e

farinha de peixe são utilizados (BERNHARD; UTZ, 1993). Couch (2000) cita os

principais componentes e suas concentrações utilizadas no cultivo de B.

thuringiensis na América do Norte (Tabela 3).

Tabela 3. Principais componentes utilizados em meios de cultivo de Bacillus thuringiensis e suas concentrações (COUCH, 2000)

8.2 Sais minerais

São necessários também sais inorgânicos para o crescimento de bactérias,

tais como cálcio, zinco, manganês e magnésio. O balanço adequado de sais

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minerais auxilia no equilíbrio do pH do meio de fermentação, o que é de extrema

importância na produção e posterior recuperação e estabilidade da toxina, ou

produto final desejado (DULMAGE, 1993). O cálcio, segundo Dulmage; Rhodes

(1973) é necessário para a termoestabilidade dos endósporos de B. thuringiensis,

enquanto que o manganês é requerido para a esporulação.

Sikdar et al. (1991), estudando o efeito de alguns minerais sobre o

crescimento de B. thuringiensis, verificaram que as concentrações ótimas de

minerais para o crescimento e produção de endotoxinas são diferentes, não

havendo relação entre crescimento celular e produção de toxina. Entre os

elementos estudados (potássio, magnésio, cálcio, ferro, cobre e molibdênio),

apenas o molibdênio provocou inibição.

8.3 Temperatura e pH

Segundo Bernhard (1993), o Bacillus thuringiensis tem seu crescimento

ocorrendo na faixa de pH entre 5,5 a 8,5, sendo a faixa ótima entre 6,5 e 7,5. A

temperatura ideal para o crescimento de Bt é entre 26°C e 37°C (LIMA et al.,

2001), tendo a capacidade de crescer numa faixa de 15°C até 45°C.

8.4 Oxigênio

Avignone-Rossa et al. (1992) observaram a influência do oxigênio sobre a

formação de endotoxinas de Bt. Apesar da esporulação e síntese de endotoxinas

serem ambas intensamente afetadas pelo suprimento de O2, uma vez iniciada a

esporulação ela será completada, mesmo que o fornecimento de oxigênio seja

interrompido. Entretanto, a síntese de endotoxina é afetada por tal interrupção e

apenas uma fração do rendimento esperado será atingida. Assim, o oxigênio deve

ser continuamente suprido se for desejado atingir um alto rendimento.

Tianjian et al. (1993) demonstra a influência dos diversos fatores que

promovem a dissolução do oxigênio no meio de fermentação. A figura 8 mostra

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essas relações e sua influência sobre a concentração de células no meio

fermentado.

Figura 8: Relação entre UFC (unidades formadora de colônia) e cada um dos quatro fatores que influenciam na quantidade de oxigênio dissolvido no meio de fermentação. (TIANJIAN et al.,

1993)

8.5 Processo fermentativo

A maneira mais comum de produção de B. thuringiensis é por fermentação

submersa descontínua, também conhecida como processo em batelada. Nesta

fermentação, um recipiente contendo meio de cultura líquido é inoculado com o

microrganismo, não havendo acréscimo ou retirada significativa do meio

fermentado. Portanto, ocorre todo o desenvolvimento da cultura, sendo retirado o

produto apenas no final do processo. Em geral, as proteínas Cry de B.

thuringiensis são formadas no fim da fermentação, quando as condições do meio

se tornam desfavoráveis, sendo o processo em batelada satisfatório para tal

produção (MORAES et al. 2001).

Outro processo que vêm sendo bastante explorado é o processo de cultivo

em estado sólido (CES), que é o processo de cultivo no qual o microrganismo

cresce na ausência de água livre no meio de cultura. Água livre é a água não

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absorvida pelo substrato sólido devido à sua saturação, sendo, portanto, mais

uma função do poder de absorção deste do que do conteúdo de umidade contido

no meio. Para a maioria dos substratos, a presença de água livre é evidente

quando alcançado um teor de 80% de umidade (HESSELTINE, 1972; LONSANE

et al, 1985).

Conforme Cannel; Moo-Young (1980), o processo CES apresenta uma série

de características extremamente interessantes e vantajosas, quando comparado

com o clássico processo de cultivo submerso (CS): redução do volume de meio

por massa de substratos sem perda no rendimento do produto, com consequente

redução do espaço ocupado pelo equipamento, composições dos meios de

fermentação normalmente simples, baixo consumo de energia, baixo custo das

instalações e tratamentos finais simplificados. Contudo, há a necessidade de

volumes relativamente grandes de inóculo, pouca disponibilidade de dados de

engenharia para ampliação de escala e difícil acompanhamento e controle do

processo de cultivo devido à heterogeneidade da massa sólida.

8.6 Separação das toxinas

Ao final da fermentação, a cultura de B. thuringiensis apresenta em média 6

a 8% de sólidos, sendo que os endósporos e cristais podem corresponder até a

metade deste total. Há vários métodos que podem ser utilizados para a

recuperação destes cristais e esporos, sendo a centrifugação e a micro-filtração

os mais comuns. É importante ressaltar que tais processos permitem a

recuperação principalmente das proteínas Cry. Muitas outras toxinas que podem

contribuir para a toxicidade final do produto são perdidas. Atualmente novas

técnicas de recuperação e/ou concentração do produto estão sendo

desenvolvidas para complementar as mais utilizadas, destacando-se: a liofilização

e a flotação (BRAR et al., 2006; COUCH, 2000).

Qualquer que seja a forma de separação desejada ou possível, ela

envolverá etapas de purificação e concentração do mosto fermentado, uma vez

que este contém água, remanescente do meio de cultura (sólidos e material

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dissolvido), fragmentos celulares, os endósporos e cristais. Essa separação é

outra etapa crítica no desenvolvimento do processo produtivo, pois nela a

potência do produto pode ser reduzida, caso o desenho aplicado à separação não

seja adequado (BRYANT, 1994).

8.7 Ensaio e Formulação

Os produtos de Bt poderão conter três princípios ativos (endósporo, cristal e

exotoxina) necessitando de biotestes: contagem de endósporos (método

presuntivo) e bioensaios com insetos (conclusivo), para determinar a potência do

produto. A contagem de endósporos ou de cristais como único método, não tem

relação com a atividade da toxina, uma vez que o processo de obtenção pode

modificar a atividade dos componentes tóxicos (HEIMPEL; ANGUS, 1963).

O meio fermentado deve ser estabilizado antes de ser utilizado, de forma a

não perder a potência. Assim, a remoção de fragmentos celulares e compostos

intermediários da fermentação que podem “desativar” o composto tóxico, é feita

através de lavagens e centrifugações sucessivas da biomassa com soluções de

pH controlado (entre 7 e 8) permitindo a limpeza e estabilização das unidades

tóxicas. Ao mesmo tempo, a redução do líquido em que esteve suspensa a

biomassa, aumenta a potência do caldo total. O controle de qualidade é vital

durante esse procedimento, pois minimiza variações inevitáveis que podem

ocorrer com o processo biológico (BRYANT, 1994).

De acordo com normas nacionais e internacionais (TOMPKINS et al, 1990;

NARDO et al, 1995), um pesticida para ser registrado necessita apresentar

resultado oficial de dosagem de ingrediente ativo. Nos Estados Unidos

estabeleceu-se em 1971 o uso de Unidades Internacionais (UI) para expressar a

potência dos produtos à base de Bt, sendo para isso necessária uma preparação

padrão. A primeira preparação fornecida pelo Instituto Pasteur, na França foi

designada E-61, continha B. thuringiensis, e sua potência verificada em bioensaio

contra Trichoplusia ni, foi atribuído o valor arbitrário de 1000 UI/mg.

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Os bioensaios de padronização podem ser realizados segundo protocolos da

Organização Mundial de Saúde (OMS) ou do Departamento de Agricultura dos

Estados Unidos (USDA). Com o surgimento de variedades ativas contra outros

insetos, as normas de registro estão sendo revisadas, sendo que se observa nos

rótulos atualmente as Unidades Internacionais acompanhadas da % em peso do

ingrediente ativo (esporo + cristal) (TOMPKINS et al. 1990; DULMAGE, et al.

1990).

Existe a impossibilidade de se ter inseto padrão internacional, por

dificuldades da legislação de alguns países que exigem quarentena. Por outro

lado, é questionável se é melhor usar um inseto teste ou vários, a fim de se obter

uma útil complementação de informações. Além, disso para se obter resultados

reprodutivos, é necessário ter uniformidade dos insetos (idade e peso), constância

de fatores climáticos e quantidade de alimento administrado.

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9. Conclusão

Com o crescimento do conceito de sustentabilidade, o uso de bioinseticidas

tem sido cada vez mais uma alternativa ao uso de inseticidas químicos. Menor

toxicidade, especificidade ao inseto-alvo, rápida decomposição, baixo impacto

ambiental e o fato de não causarem danos a pássaros e mamíferos são algumas

das vantagens desses produtos.

Bacillus thuringiensis é o microrganismo mais utilizado na produção de

bioinseticidas. Trata-se de uma bactéria Gram-positiva, aeróbia facultativa,

mesófila e quimioheterotrofica. Possui forma de bastonetes e, quando em

condições desfavoráveis desenvolve um ciclo de esporulação. O que diferencia o

ciclo de esporulação do Bt das demais bactérias formadoras de endósporo é a

síntese de um cristal proteico que contêm a proteína Cry que, por sua vez, é

responsável pela atividade inseticida do Bt.

O cristal proteico, uma vez ingerido pela larva do inseto susceptível, é

hidrolisado, em condições alcalinas, no intestino médio, liberando protoxinas que

em presença de enzimas digestivas, são convertidas em delta-endotoxinas. Essas

toxinas se ligam a receptores específicos na membrana das células do intestino,

interferindo no gradiente iônico e balanço osmótico da membrana apical e

formando poros que aumentam a permeabilidade da membrana. O aumento na

absorção de água causa lise celular e eventual ruptura e desintegração das

células do intestino médio, levando o inseto à morte.

As inúmeras vantagens do uso de bioinseticidas levaram ao interesse na sua

produção em escala industrial. As principais etapas para a produção de B.

thuringiensis são: seleção da linhagem, estocagem, processo fermentativo,

recuperação do princípio ativo (endósporos e cristais), formulação e análise da

qualidade do produto. A maneira mais comum de produção de B. thuringiensis é

por fermentação submersa descontínua, também conhecida como processo em

batelada. Geralmente, as proteínas Cry são formadas no fim da fermentação,

quando as condições do meio se tornam desfavoráveis e levam à formação do

endósporo. Dessa forma, o processo em batelada é satisfatório para a produção.

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Outro processo bastante explorado é o processo de cultivo em estado sólido,

que é o processo de cultivo no qual o microrganismo cresce na ausência de água

livre no meio de cultura.

Para a produção de Bt são necessários altos níveis de carbono, nitrogênio e

oxigênio. A fonte de carbono além de ser utilizada como substrato para a síntese

de compostos celulares é uma fonte de energia. O nitrogênio, por sua vez, é

requerido principalmente para síntese dos aminoácidos das proteínas como

também dos ácidos nucléicos. Os valores ideais de temperatura e pH variam na

faixa de 26 a 37ºC e 6,5 a 7,5, respectivamente.

Apesar das inúmeras vantagens do uso de bioinseticidas em relação aos

inseticidas químicos, o Brasil ainda não é um grande produtor desses produtos.

Isso é decorrente do elevado custo de produção, a concorrência com os

inseticidas químicos e a escassez de investimento dos setores público e privado

no desenvolvimento e formulações de novos produtos. Destacando-se ainda que

o mercado nacional é carente de competitividade, considerando que a maioria dos

bioinseticidas são importados. Para reverter essa situação, espera-se um maior

investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte dos setores públicos e

privados, resultando no lançamento de produtos nacionais tão efetivos quanto os

importados, dessa forma os custos globais serão reduzidos, favorecendo a

ampliação do mercado interno. Assim, o Brasil poderá fazer frente aos grandes

produtores como Estados Unidos e Canadá, que respondem por cerca de 50% da

produção mundial.

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