Fichamento Capítulo III Estruturalismo e Semiótica EAGLETON

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  • 8/18/2019 Fichamento Capítulo III Estruturalismo e Semiótica EAGLETON

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA  –  UNEBDEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIA

    CAMPUS XVIII –  LETRAS

    KÉLLY SANTOS MUNIZ DA COSTA

    FICHAMENTO DE CITAÇÃO

    EUNÁPOLIS-BA2014

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    EAGLETON, Terry. Estruturalismo e Semiótica. In: EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. 6º Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

    Capítulo III - Estruturalismo e Semiótica 

    “Fr ye achava que a crítica se encontrava em meio a uma confusão lamentavelmente poucocientífica e precisava ser devidamente ordenada […] necessitava urgentemente de disciplinaoferecida por um sistema objetivo […] afirmou Frye tal sistema era formado pela próprialiteratura”. (p. 125-126)

    “Para estabelecer o seu sistema literário […] Frye precisava, em primeiro lugar, eliminar os juízos de valor, já que eles não passam de manifestações subjetivas. Quando analisamos aliteratura, falamos de literatura; quando a avaliamos, estamos falando de nós mesmos. Osistema deve também expulsar qualquer história que não seja literária […] A vantagem da

    teoria de Frye, portanto, é manter a literatura livre da contaminação da história, ao estilo da Nova Crítica, vendo-a como uma reciclagem ecológica fechada de textos, mas ao contrario da Nova Crítica, vendo na literatura um  substantivo da história, com todo o âmbito global e asestruturas coletivas da própria história […] Para que o sistema sobreviva, ele deve ser mantidorigorosamente fechado: nada que lhe seja externo deve nele se infiltrar […] Frye insiste emque a literatura é uma “estrutura verbal autônoma”, totalmente isolada de qualquer referênciaalém de si mesma, um reino fechado e voltado para dentro, que “possui vida e realidade emum sistema de relações verbais” […] A literatura não era uma forma de se conhecer arealidade, mas uma espécie de sonho utópico coletivo que existiu durante toda história, aexpressão dos desejos humanos fundamentais que dão origem à própria civilização, mas quenunca são plenamente satisfeitos por ela. A literatura não deve ser vista como a auto-expressão de autores isolados […] ela nasce do sujeito coletivo da raça humana, razão p elaqual materializa os “arquétipos” os figuras de significação universal”. (p. 126-128)

    “A obra de Frye ressalta raízes utópicas da literatura porque é marcada por um profundo medodo social real, uma aversão à própria história. Na literatura, e somente nela, é possívelafastarem-se as “externalidades” sórdidas da linguagem referencial e descobrir um lares piritual […] A história é, para Frye, uma servidão e um determinismo, e a literaturacontinua sendo o único lugar onde se pode ser livre”. (p. 128)

    “[…] Frye oferece a literatura como uma versão deslocada da religião. A literatura torna-se

    um paliativo essencial para a falência da ideologia religiosa, e nos proporciona vários mitosque têm relevância para a vida social”. (p. 128-129)

    “[…] Como Frye, o estruturalismo também tende a reduzir  os fenômenos individuais a merosexemplos dessas leis. Mas o estruturalismo propriamente dito encerra uma doutrina que nãoexistia em Frye: a convicção de que as unidades individuais de qualquer sistema só temsignificado em virtude de suas relações mútuas […] As imagens não têm um significado“substancial”, apenas um significado “relacional”. Para explicá-las, não precisamos sair do

     poema”. (p. 129-130)

    “O estruturalismo literário floresceu na década de 1960 como uma tentativa de aplicar à

    literatura os métodos e interpretações do fundador da lingüística estrutural moderna,Ferdinand Saussure”. (p. 132)

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    “De um modo geral, o estruturalismo é uma tentativa de aplicar essa teoria lingüística a outrosobjetos e atividades que não a própria linguagem […] O estruturalismo, como disse FredericJameson, é uma tentativa de “repensar tudo em termos lingüísticos”. É um sintoma do fato deque a linguagem, com seus problemas, mistérios e implicações, tornou-se tanto um paradigmacomo uma obsessão para a vida intelectual do séc. XX”. (p. 133-134)

    “As opiniões lingüísticas de Saussure influenciaram os formalistas russos, embora o em siformalismo não seja exatamente um estruturalismo”. (p. 134)

    “A influência de Jakobson pode ser percebida em toda parte do formalismo, no estruturalismotcheco e na lingüística moderna. Ele contribuiu para a poética, por ele considerada parte docampo da lingüística, formulando a noção de que a linguagem poética consistia acima de tudode uma certa relação autoconsciente da linguagem para consigo mesma”. (p. 134-135)

    “Jakobson também ressalta a distinção, implícita em Saussure, entre o metafórico e ometonímico. Na metáfora, um signo é trocado  por outro porque ele é, de alguma forma,

    semelhante a ele: “paixão” transforma-se em “chama”. Na metonímia, um signo é assiciado aoutro: “asa” é associado a “avião” porque é parte dele, “céu” com “avião”  devido àcontigüidade física […] Na poesia, porém, nossa atenção se volta para as “equivalências” no

     processo de combinação das palavras, bem como na sua seleção […] É por isso que Jakobson pôde dizer, numa famosa definição, que “a função poética projeta o princípio da equivalenciado eixo de seleção para o eixo de combinação” […] Algumas formas literárias –   a prosarealista, por exemplo  –   tendem a ser metonímicas ligando os signos pelas suas associaçõesentre si”. (p. 135-136)

    “A escola lingüística de Praga  –   Jakobson, Jan Mukarovsky, Felix Vodika e outros  –  representou uma espécie de formalismo para o estrutur alismo […] Os poemas podem servistos como “estruturas funcionais”, nos quais os significantes e os significados sãogovernados por um conjunto de relações, complexo e único […] Mas a obra literária ainda erarelacionada com o mundo pelo conceito formalista da “desfamiliarização” […] Não admitindoa linguagem, estamos também transformando a nossa consciência”. (p. 136-137)

    “[…] Segundo Jan Mukarovsky, a obra de arte só é vista como tal em contraposição ao panode fundo mais geral das significações, só como um “desvio” sistemático da norma lingüística[…] Mukarovsky distingue entre “artifício material” que é o livro físico, a pintura ou aescultura em si, e o “objeto artístico”, que só existe na interpretação humana desse fatofísico”. (p. 137)

    “[…]  Lotman vê o texto poético como um sistema estratificado no qual a significação sóexiste contextualmente, governada por séries de semelhanças e oposições […] Na poesia, é anatureza do significante, os padrões de som e ritmo criados pelas marcas nas páginas, quedeterminam o que é significado […] A poesia possui um mínimo de “redundância” […] masainda assim consegue produzir uma série mais rica de mensagens do que qualquer outra formade linguagem. Os poemas são ruins quando não carregam informação suficiente pois, comoobserva Lotman observa, “informação é beleza”. Todo texto literário é feito de um número de“sistemas”  […] e obtém seus efeitos através dos choques e tensões constantes entre essessistemas. (p. 139)

    “Para Lotman, o texto poético é, portanto, um “sistema de sistemas”, uma relação de relações[…] Até mesmo a ausência de silêncios pode ter significação: […] como Lotman o chama,

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     pode ser uma unidade de significação tão efetiva como qualquer outra. A obra literária, naverdade, está constantemente gerando e violando expectativas”. (p. 140-141)

    “Apesar dessa riqueza verbal única, Lotman não considera que a poesia ou a literatura possamser definidas pelas suas propriedades lingüísticas inerentes. O significado do texto não é

    apenas uma questão interna […] Sua significação também é relativa ao “horizonte deexpectativas” do leitor […] O recurso poético do indivíduo pode ser a sua fala cotidiana deoutro”. (p. 141)

    “[…]  O que a semiótica representa, na verdade, é a crítica literária transfigurada pelalingüística estrutural […] Os mitos eram uma espécie de linguagem: podiam ser decompostosem unidades individuais (“mitemas”) […] As regras que governavam essas combinações

     podiam ser consideradas, então, como uma espécie de gramática […] Uma conseqüência doestruturalismo, portanto, é a “descentralização” do sujeito individual, que deixa de serconsiderado como a fonte ou a finalidade de significado”. (p. 142-143)

    “A narratologia consiste na generalização desse modelo além dos “textos” não escritos damitologia tribal, para outros tipos de histórias […] o estruturalismo não só repensa tudo, destavez como linguagem, mas o faz como se a linguagem fosse seu tema”. (p. 143-144)

    “[…] Em seu  Discours narratif  (1972), Genette estabelece uma distinção na narrativa entrerécit , pelo qual entende a ordem dos acontecimentos do texto; historie, que é a seqüência naqual esses acontecimentos ocorreram “realmente”, como podemos deduzir o próprio texto; enarration, que se relaciona com o próprio ato de narrar ”. (p. ) 

    “[…] O significado não era uma experiência privada em uma ocorrência ordenadadivinamente: era produto de certos sistemas comuns de significação […] O significado nãoera “natural” […] a maneira pela qual interpretamos nosso mundo é função das línguas quetemos a nossa disposição […] O significado não era algo de que todos os homens

     partilhassem intuitivamente […] o significado que podíamos articular dependia, sobretudo, daescrita ou da fala que possíamos”. (p. ) 

    “O estruturalismo escandalizou o mundo literário com sua indiferença pelo indivíduo, suaabordagem clínica dos mistérios da literatura, e sua incompatibilidade clara com o sensocomum. O fato de que o estruturalismo ofende o senso comum foi sempre um ponto ao seufavor ”. (p. 148)

    “[…] o estruturalismo era espantosamente não-histórico: as leis da mente que ele dizia isolar[…] agiam em um nível de generalidade bastante distante das diferenças concretas da históriahumana […] O estruturalismo e a fenomenologia, por mais diferentes que sejam quanto aaspectos centrais, nascem ambos do ato irônico de afastar o mundo material a fim deesclarecer melhor a consciência que dele temos”. (p. ) 

    “Mas não se tratava apenas do afastar algo tão geral quanto o “mundo”: tratava-se dedescobrir uma nesga de certeza em um mundo onde a certeza parecia ser difícil de serencontrada”. (p. 150)

    “O estruturalismo rompeu com a crítica literária convencional de muitas maneiras, ao mesmo

    tempo em que continuou hipotecado a ela também de muitas outras maneiras […]A críticatradicional por vezes reduzira a obra literária a pouco mais do que uma janela para a psique do

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    autor; o estruturalismo parecia fazer dela uma janela para a mente universal […] O texto era,na realidade, apenas uma “cópia” dessa estrutura profunda, e a crítica estruturalista era umacópia dessa cópia”. (p. 153-154)

    “ No momento mesmo em que o estruturalismo afastava o objeto real, afastava também o

    sujeito humano. De fato, este duplo movimento define o projeto estruturalista […] Para podertransmitir uma mensagem, era necessário que essa mensagem já estivesse revestida de, econstituída pela linguagem. No início era o Verbo”. (p. 154-155)

    “O abando do estruturalismo […] foi em parte uma passagem da “linguagem” para odiscurso”. (p. 158)

    “[…] a relação entre linguagem e a subjetividade humana é concordar com os estruturalistas,evitando aquilo que pode ser chamado de falácia “humanista” (p. 165)

    “[…] O estruturalismo é, entre outras coisas, mais uma de malfadadas tentativas da teoria

    literária de substituir a religião por alguma coisa que tenha a mesma eficiência: nesse caso, amoderna religião da ciência” (p. 167)

    “Alguns argumentos estruturalistas parecem supor que o crítico identifica os códigos“adequados” à decifração do texto e em seguida os aplica, de sorte que os códigos do texto eos códigos do leitor convergem gradativamente para um conhecimento unitário […] Os textosliterários são „produtores de códigos‟ e „transgressores de códigos‟, bem como „confirmadoresde códigos‟: eles podem nos ensinar novas maneiras de ler, e não apenas reforçar as jáexistentes. O leitor „ideal‟ ou „competente‟ é uma concepção estática: ele tende a obscurecer averdade de que todos os julgamentos de „competência‟ são cultural e ideologicamente

    relativos, e que toda leitura envolve a mobilização de pressupostos extraliterários para cujamensuração a „competência‟ absurdamente inadequado” (p. 171). 

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    UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA  –  UNEB

    DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIACAMPUS XVIII –  LETRAS

    ALEXANDRA OLIVEIRA DIAS

    FICHAMENTO DE CITAÇÃO

    EUNÁPOLIS-BA2014