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FENELON, Déa Ribeiro. “A formação do profissional em História e a realidade do ensino”. In Tempos Históricos. Vol. 12 (1º semestre de 2008), pp.23-35. Para Fenelon, o profissional da História deve assumir uma responsabilidade social e política com o momento vivido. Romper com essa maneira tradicional de ensinar sendo produtor e não um simples reprodutor de concepções ultrapassadas. Já que a história está classificada como ciência de concepção do saber/conhecimento, cabe à História, então, o estudo do passado. Essa concepção, que é definida por uma realidade social, domina grande parte do nosso mundo acadêmico. As instituições acadêmicas fortaleceram-se com o desenvolvimento do método científico, já que a partir daí dissociava-se a produção de conhecimento da realidade social. A autora faz também um pequeno aparado da atividade prática do historiador, que neste contexto resume-se a investigar, juntar fatos, que aparentemente são inquestionáveis, visto que comprovados pelos documentos, e organizá-los cronologicamente ou em torno de conceitos. E diz que, caso permitamos que isso aconteça, a história estará exercendo uma forma única de pensar, uma tradição, onde a Universidade é sempre onde se gera este saber. “E assim a ciência que se produz neste espaço social está circunscrita a ele, começa e acaba nele, produzida,

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fichamento do artigo: a formação do professor de história e a realidade do ensino.

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FENELON, Da Ribeiro. A formao do profissional em Histria e a realidade do ensino. In Tempos Histricos. Vol. 12 (1 semestre de 2008), pp.23-35.

Para Fenelon, o profissional da Histria deve assumir uma responsabilidade social e poltica com o momento vivido. Romper com essa maneira tradicional de ensinar sendo produtor e no um simples reprodutor de concepes ultrapassadas. J que a histria est classificada como cincia de concepo do saber/conhecimento, cabe Histria, ento, o estudo do passado. Essa concepo, que definida por uma realidade social, domina grande parte do nosso mundo acadmico. As instituies acadmicas fortaleceram-se com o desenvolvimento do mtodo cientfico, j que a partir da dissociava-se a produo de conhecimento da realidade social.A autora faz tambm um pequeno aparado da atividade prtica do historiador, que neste contexto resume-se a investigar, juntar fatos, que aparentemente so inquestionveis, visto que comprovados pelos documentos, e organiz-los cronologicamente ou em torno de conceitos. E diz que, caso permitamos que isso acontea, a histria estar exercendo uma forma nica de pensar, uma tradio, onde a Universidade sempre onde se gera este saber. E assim a cincia que se produz neste espao social est circunscrita a ele, comea e acaba nele, produzida, consumida e criticada, revista e analisada dentro de um circulo social cada vez mais fechado (p. 25/26).O historiador torna-se distante do social e o conhecimento fica visto apenas como algo intelectual, usado apenas para formao desses profissionais que, por sua vez, levaro as mesmas concepes e ideias. Fenelon diz que o que se busca de um historiador a vulgarizao do conhecimento. Porm, enquanto lecionador no faz mais do que desenvolver nos alunos um mito de memria nacional. fala-se de uma Histria morta, na qual as pessoas no se reconhecem nem se identificam e o passado apenas uma memria nacional a ser exaltada. (p. 32).Comentando sobre os cursos de Histria, a autora diz que em sua maioria so livrescos. Os professores apenas lidam com o processo histrico, cada um sua maneira, sem esclarecer o porqu de sua posio. Quase nunca se recorre prtica, mesmo que atravs dela seja possvel aprender a problematizar e questionar o escrito, permitindo ao aluno sua identificao social. preciso dizer que, na maioria das vezes, a nica relao possvel que os alunos conseguem estabelecer a de causa e consequncia, sem nenhuma percepo de relaes ou de mediaes. O acontecimento torna-se causa e consequncia de outro (p. 30). Como resultado desse estilo de formao, o profissional da Histria recm-formado no est preparado pra enfrentar a sala de aula. A autora descreve o desenvolver da disciplina histrica e as dificuldades que so enfrentadas no ambiente escolar ao lecionar, essas so pauta de reclamao entre professores. Aponta tambm que necessria uma incluso dos alunos na formulao da aula, para que esses tenham melhor proveito dela. Comenta sobre a prtica de comercializao do ensino, que muitas Universidades privadas exercem, onde se explora professor e aluno com o nico objetivo de vender um certificado em troca de um lucro exorbitante. As instituies privadas que ainda do devido valor ao ensino acabam por mergulhar em crises financeiras. E diversos fatores que influenciam fortemente no ensino da disciplina histrica. Basicamente estamos discutindo o que estamos fazendo com o ensino da histria dentro de todas estas limitaes. (p. 29).Fenelon finaliza, ento, dizendo que o historiador trabalha com o passado e no pratica o presente, foge a sua vista que no presente tambm se constri Histria e que a Histria que ele estuda aplica-se no contexto atual. Essa Histria em que se trabalha est pronta, no se v necessidade de explor-la e atualiz-la, tudo muito absoluto e verdadeiro. O aluno no colocado em frente ao problema para tentar resolv-lo, apenas l sobre o que j foi resolvido.A autora acredita que, para fazer avanar a histria enquanto cincia, necessrio realizar pesquisa e produo, no apenas coletar dados ou organiz-los cronologicamente, mas ter contato direto com as fontes, problematizar e posicionar o estudado no presente. a Histria uma experincia que deve ser tambm concretizada no cotidiano, porque a partir dela que construiremos o hoje e o futuro. (p. 35).