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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS ANA CAROLINA BOA FREDERICO JOSÉ NISTAL FRANÇA TÂMARA SUELY FILGUEIRA AMORIM DESCRIÇÃO E IMPORTÂNCIA DO “DELINEAMENTO DA PESQUISA” EM DISSERTAÇÕES E TESES JERÔNIMO MONTEIRO – ES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

ANA CAROLINA BOA

FREDERICO JOSÉ NISTAL FRANÇA

TÂMARA SUELY FILGUEIRA AMORIM

DESCRIÇÃO E IMPORTÂNCIA DO “DELINEAMENTO DA PESQUISA” EM DISSERTAÇÕES E TESES

JERÔNIMO MONTEIRO – ES

JUNHO – 2012

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ANA CAROLINA BOA

FREDERICO JOSÉ NISTAL FRANÇA

TÂMARA SUELY FILGUEIRA AMORIM

DESCRIÇÃO E IMPORTÂNCIA DO “DELINEAMENTO DA PESQUISA” EM DISSERTAÇÕES E TESES

Trabalho apresentado a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo.

JERÔNIMO MONTEIRO – ES

JUNHO - 2012

RESUMO

Para a seleção dos objetivos da pesquisa é necessário escolher os procedimentos metodológicos que serão executados. Realiza-se nessa fase o planejamento da pesquisa. O delineamento da pesquisa é parte inicial do trabalho cientifico, nesta fase é envolvida a esquematização e a coleta de dados e possibilita que novos pesquisadores executem a mesma pesquisa. A execução de um delineamento de pesquisa deve ser realizada compreendendo cinco principais elementos, sendo eles: tipo de pesquisa, amostragem, instrumentos utilizados na coleta de dados, procedimentos utilizados na coleta dos dados e procedimentos para análise e interpretação dos dados. Além dos elementos acima mencionados, deve ser realizada a apresentação esquemática dos procedimentos metodológicos, para facilitar o entendimento da execução da pesquisa.

Palavras-chave: Delineamento da pesquisa. Metodologia. Procedimentos metodológicos.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO12. REVISÃO DE LITERATURA3 2.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA3 2.2. TIPO DE PESQUISA4

2.2.1. Pesquisa bibliográfica4

2.2.2. Pesquisa documental5

2.2.3. Pesquisa experimental6

2.2.4. Pesquisa ex-post facto7

2.2.5. Pesquisa de levantamento (surveis)7

2.2.6. Estudo de campo7

2.2.7. Estudo de caso8

2.3. POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM8

2.3.1. Tipos de amostragem9

2.3.1.1. Amostragem aleatória simples10

2.3.1.2. Amostragem sistemática10

2.3.1.3. Amostragem estratificada11

2.3.1.4. Amostragem por conglomerados12

2.3.1.5. Amostragem por etapas12

2.3.1.6. Amostragem por acessibilidade ou por conveniência13

2.3.1.7. Amostragem por tipicidade ou intencional13

2.3.1.8. Amostragem por cotas13

2.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS14

2.4.1. Questionário14

2.4.2. Entrevista15

2.4.3. Observação15

2.4.4. Análise de conteúdo16

2.5. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS16

2.5.1. Questionário17

2.5.2. Entrevista17

2.5.3. Observação17

2.5.4. Análise de conteúdo18

2.6. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS19

2.7. APRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS PROCEDIMENTOS20

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS21

REFERÊNCIAS23

1. INTRODUÇÃO

Muitas são as metodologias adotadas para a formulação de trabalhos acadêmicos, as quais, geralmente, são apresentadas de acordo com regras características das instituições de ensino. A adoção do delineamento da pesquisa nestas metodologias não é unânime, porém adequada.

O delineamento de pesquisa é uma forma de apresentar aos leitores como a pesquisa foi realizada em âmbito geral, quanto aos procedimentos executados e também torna a execução da metodologia mais fácil ao pesquisador, uma vez que nele são pontuados todos as etapas para a execução da pesquisa.

O referencial teórico não permite que o problema da pesquisa seja colocado em termos de verificação empírica, sendo necessário confrontar a teoria do problema com os dados da realidade, para isso é definido o delineamento da pesquisa (GIL, 1999).

Após determinados os objetivos da pesquisa é necessário que sejam escolhidos os procedimentos metodológicos para que esta seja executada. Nesta fase será realizado o planejamento da pesquisa, ou seja, como ela será realizada (SANTOS, sd).

Para Gil (1999, p.64) o delineamento reflete o “[...] contraste entre a teoria e os fatos e sua forma é a de uma estratégia ou plano geral que determine as operações necessárias para fazê-lo.” e constitui “[...] a etapa em que o pesquisador passa a considerar a aplicação dos métodos discretos, ou seja, daqueles que proporcionem os meios técnicos para a investigação.”.

As “fontes de papel” e as fontes obtidas por meio de informações adquiridas de experimentos ou pessoas formam os dois grupos em que o delineamento da pesquisa é dividido. Em ambos os grupos o ambiente da coleta de dados é considerada e o método pelo qual estes dados foram coletados é o que identifica o tipo de delineamento.

Além de facilitar o entendimento dos procedimentos realizados na pesquisa, o delineamento permite que a pesquisa seja realizada de forma mais concisa. Durante a construção do delineamento da pesquisa é necessário que cinco elementos sejam abordados: tipo de pesquisa, amostragem, instrumentos utilizados na coleta de dados, procedimentos utilizados na coleta dos dados e procedimentos para análise e interpretação dos dados.

O trabalho visa analisar e elucidar o delineamento da pesquisa, por meio de pesquisa bibliográfica e investigação em material publicado e indexado em base de dados, de cunho científico, como em livros, artigos, dissertações, teses, trabalhos apresentados em congressos e disponíveis na rede mundial de computadores (Internet).

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa compreende a parte inicial do trabalho cientifico, é a parte de planejamento da pesquisa e envolve tanto a diagramação quanto a coleta de dados e sua função é possibilitar que novos pesquisadores executem a mesma pesquisa e possam chegar às mesmas conclusões (CALAIS, 2010; GIL, 2002).

Existe diferença entre o delineamento da pesquisa e a delimitação da pesquisa, enquanto o delineamento está relacionado à forma a qual será realizado o trabalho, quanto à metodologia adotada, a delimitação estabelece limites para a pesquisa, sendo esta delimitada em relação a três fatores (MARCONI, LAKATOS, 1999):

a) Ao assunto: selecionando um tópico, a fim de impedir que se torne muito extenso ou muito complexo;

b) À extensão: porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito no qual o fato se desenrola;

c) A uma série de fatores: meios humanos, econômicos e de exiguidade de prazo, que podem restringir o seu campo de ação.

Para Calais (2010, p.82) “a justificativa da importância do delineamento é que um mau início pode redundar em uma pesquisa enviesada.”, ou seja, iniciar a pesquisa de forma errada pode permitir que esta adote direções diferentes das quais o pesquisador espera.

É possível dividir o delineamento em dois grupos, no primeiro a pesquisa é realizada por meio de informações impressas, as chamadas fontes de “papel”, sejam elas livros, revistas, documentos impressos ou eletrônicos, sendo destacadas as pesquisas bibliográfica e documental. Já o segundo grupo se refere a pesquisas realizadas por meio de informações obtidas de pessoas ou experimentos, destacando-se a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa ação e a pesquisa participante (GIL, 2002; SANTOS, sd).

Gil (2002) afirma que esta classificação nem sempre é válida, pois nem todas as pesquisas, devido a suas características particulares, não se encaixam exatamente em um ou outro modelo. Porém, para o autor, na maioria dos casos a pesquisa pode ser classificada com base nesta divisão.

No delineamento da pesquisa é considerado o ambiente em que são coletados os dados e o controle das variáveis envolvidas. Para sua execução é considerado o desenvolvimento da pesquisa, com ênfase nos procedimentos técnicos de coleta e análise de dados (GIL, 2002).

A execução de um delineamento de pesquisa deve ser realizada compreendendo cinco principais elementos, sendo eles: tipo de pesquisa, amostragem, instrumentos utilizados na coleta de dados, procedimentos utilizados na coleta dos dados e procedimentos para análise e interpretação dos dados. É importante ainda que, além dos elementos acima mencionados, seja realizada a apresentação esquemática dos procedimentos metodológicos, de forma a facilitar o entendimento da execução da pesquisa.

2.2. TIPO DE PESQUISA

Nesta etapa o autor deve caracterizar o tipo da pesquisa a ser realizada, ou seja, informar qual o tipo da pesquisa foi adotado para a realização de seu estudo. Além do tipo da pesquisa, a justificativa da adoção deste tipo de pesquisa deve ser informada e uma breve apresentação de seu conceito deve ser apresentada.

Os principais tipos de pesquisa são pesquisa bibliográfica, documental, experimental, ex-post facto, levantamento (surveis), estudo de campo e estudo de caso. O conceito de cada um destes tipos de pesquisa é apresentado abaixo segundo Gil (1999) e Gil (2002).

2.2.1. Pesquisa bibliográfica

É desenvolvida a partir de materiais já elaborados, geralmente livros ou artigos científicos (Figura 1). Parte das demais pesquisas pode ser definhada como bibliográfica, mas em conceito a pesquisa bibliográfica é desenvolvida exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Apresenta como vantagem o fato de permitir ao investigador a cobertura de uma grande gama de fenômenos, maior do que a poderia ser realizada por meio da pesquisa diretamente.

Figura 1 – Materiais utilizados para a execução da pesquisa bibliográfica.

Fonte: Santos (sd).

2.2.2. Pesquisa documental

É semelhante à pesquisa bibliográfica, diferenciando-se quanto a natureza das fontes. Utiliza materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Os documentos utilizados para a realização da pesquisa podem ser divididos em dois tipos, o primeiro é chamado de documentos de primeira mão, os quais não receberam nenhum tratamento analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações, etc. De outra forma, existem os documentos de segunda mão, os quais de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc (Figura 2).

Figura 2 – Materiais utilizados para a execução da pesquisa documental.

Fonte: Santos (sd).

2.2.3. Pesquisa experimental

Esta pesquisa é considerada como o melhor exemplo da científica e “consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.” (GIL, 2002). Nela o pesquisador é denominado agente ativo, diferente das demais nas quais ele é um agente observador.

Para que uma pesquisa seja denominada experimental ela não necessita exclusivamente ser realizada em laboratório, porém é necessário que apresente as seguintes propriedades:

a) Manipulação: ao menos uma das características do objeto estudado deve ser manipulada pelo pesquisador;

b) Controle: Deve ser criado um grupo de controle para a observação do comportamento objeto de estudo;

c) Distribuição aleatória: a distribuição dos elementos, tanto no grupo de controle quanto no grupo experimental, deve ser feita de forma aleatória.

A pesquisa experimental é considerada o mais valioso procedimento para testar hipóteses que estabelecem a relação de causa e efeito entre as variáveis.

2.2.4. Pesquisa ex-post facto

O significado da expressão Ex-Post Facto é “a partir do fato passado”. Nesta pesquisa o estudo é realizado após alterações da variável dependente acontecidas no curso natural dos acontecimentos

Esta pesquisa é caracterizada como uma investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, neste caso são feitas inferências sobre a relação entre as variáveis sem observação direta. As variáveis avaliadas na pesquisa ex-post facto não são mensuráveis, tais como: sexo, classe social, nível intelectual, preconceito, autoritarismo, etc, e os resultados apresentados por meio da análise destas variáveis são sempre críticos e não experimentais.

2.2.5. Pesquisa de levantamento (surveys)

Este tipo de pesquisa é caracterizado pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. As informações são colhidas de um grupo significativo a pesquisa e, mediante análise significativa, se obtém as conclusões correspondentes dos dados coletados.

É uma pesquisa mais adequada a estudos descritivos que a explicativos, não é apropriada ao aprofundamento dos aspectos psicológicos e psicossociais, porém muito eficaz para problemas menos delicados.

2.2.6. Estudo de campo

As pesquisas de campo apresentam semelhança com as pesquisas de levantamento, porém distinguem-se em dois pontos. O levantamento procura ser representativo de um universo enquanto o estudo de campo procura o aprofundamento das questões proposta e menos a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. Em comparação, o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de comparação.

2.2.7. Estudo de caso

É o estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado.

Para Yin (1981 citado por GIL, 1999) “o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência.”.

2.3. POPULAÇÃO OU AMOSTRAGEM

A população ou amostra indica se a pesquisa vai abranger o universo populacional da realidade pesquisada ou apensar uma amostra. É necessário informar os procedimentos e/ou critérios adotados para sua execução e também características gerais da população a ser investigada.

A maioria das pesquisas abrange um universo de elementos grande, sendo impossível considerá-los em sua totalidade. Por esse razão é comum utilizar uma pequena parte dos elementos que compõem o universo.

A pesquisa procura estabelecer generalizações a partir de observações em grupos ou conjuntos de indivíduos chamados população ou universo. A parte que representa a população é denominada de amostra, onde dados serão coletados de uma parte da população e selecionado por critérios que garantam a representatividade (SILVA, sd). A amostragem responde as questões onde fazer e como fazer. Diferente da amostragem, a população é o conjunto total.

Para a seleção correta da amostragem, Gil (1999) define alguns conceitos básicos:

a) Universo ou população: é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características. Geralmente a população é tida como referencia ao total de habitantes de determinado lugar.

b) Amostra: subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população (Figura 3).

Amostras: X1 X2 X3

Figura 3 – Exemplo de amostragem.

Fonte: Babetta (2002).

A diferença entre população e amostra é familiar devido ao senso comum. A palavra “amostra” traz a ideia de “parte de um todo”, ou como uma indicação da totalidade da qual a amostra pertence, como por exemplo, a amostra de um bolo, é simplesmente um pedaço da totalidade do bolo (ARANGO et al, 2008).

A amostragem é uma etapa de grande importância no delineamento da pesquisa, pois é capaz de determinar a validade dos dados obtidos.

2.3.1. Tipos de amostragem

Os tipos de amostragem podem classificados em dois grandes grupos: amostragem probabilística e não probabilística. Os tipos de amostragem probabilística são: aleatória simples, sistemática, estratificada, por conglomerado e por etapas. Dentre os tipos de amostragem não probabilística, os mais comuns são: por acessibilidade, por tipicidade e por cotas.

A amostragem probabilística assegura certa precisão na estimação dos parâmetros da população, reduzindo o erro amostral. De acordo Pocinho (2009) nesse tipo de amostragem cada elemento da população tem uma probabilidade, conhecida e diferente de zero, de ser escolhida.

A amostragem não probabilística é aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo (MATTAR, 2005).

O conceito de cada um destes tipos de amostragem probabilística e amostragem não probabilística são apresentados abaixo segundo Gil (1999).

2.3.1.1. Amostragem aleatória simples

A seleção da amostra é feita de maneira que cada elemento da população tenha igual possibilidade de ser selecionada. No entanto este procedimento nem sempre é o de mais fácil aplicação, pois exige que se atribua a cada elemento da população um número único.

Figura 4 – Exemplo de amostragem aleatória simples.

Fonte: Babetta (2010).

2.3.1.2. Amostragem sistemática

É uma variação de amostragem que requer uma população ordenada. Para a aplicação dessa amostragem é necessário que a população seja ordenada de modo que um de seus elementos possam ser identificados pela posição. Sendo assim, quando os elementos da população estiverem ordenados e a retirada for feita periodicamente, tem-se uma amostragem sistemática.

A principal vantagem desse tipo de amostragem está na facilidade de determinação dos elementos da amostra. Esse tipo de amostragem só é aplicável em casos de uma prévia identificação da posição de cada elemento num sistema.

Figura 5 – Exemplo de amostragem sistemática.

Fonte: Tavares (2010).

2.3.1.3. Amostragem estratificada

A amostragem estratificada caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subproduto da população considerada. Esses subprodutos podem ser delimitados a partir de critérios como sexo, idade ou classe social, em alguns casos esses critérios podem ser combinados.

Esse tipo de amostragem pode ser proporcional, onde a escolha de uma amostra é proporcional à extensão de cada subproduto. A principal vantagem desse tipo de amostragem esta no fato que a mesma permite assegurar a representatividade de acordo com os critérios adotados.

A amostragem estratificada também pode ser não proporcional, a extensão das amostras em relação ao universo. Esse procedimento é adequado para situações em que há o interesse de comparação entre os estratos.

Figura 6 – Ilustração de uma amostra estratificada proporcional.

Fonte: Babetta (2002).

2.3.1.4. Amostragem por conglomerados

Quando a população apresenta uma subdivisão em pequenos grupos faz-se a amostragem por meio de conglomerados, a qual consiste em sortear um número suficiente de conglomerados, cujos elementos constituirão a amostra. Esse tipo de amostragem é indicado em situação em que é difícil a identificação de seus elementos.

A vantagem desse tipo de amostragem é a praticidade e o baixo custo. A população é dividida em diferentes conglomerados (grupos), extraindo amostra apenas de grupos selecionados.

Figura 7 – Amostragem por conglomerados.

Fonte: Babetta (2002).

2.3.1.5. Amostragem por etapas

A amostragem por etapas é utilizada quando a população é constituída por unidades que podem ser distribuídas em diversos estágios. É ideal para pesquisas que uma população cujos elementos se encontram dispersos numa grande área, como um estado ou país.

Figura 8 – Amostragem por etapas.

Fonte: Babetta (2002).

2.3.1.6. Amostragem por acessibilidade ou por conveniência

Constitui no tipo de amostragem menos rigorosa. O pesquisador seleciona os elementos a quem tem acesso, admitindo que estes, de alguma forma, representam o universo. Esse tipo de amostragem é aplicado em estudos exploratórios ou qualitativo, onde não é requerido elevado nível de precisão.

2.3.1.7. Amostragem por tipicidade ou intencional

Os indivíduos da amostragem por tipicidade são selecionados com base nas informações disponíveis, onde esses elementos devem possuir características que os tornem representativos. A vantagem dessa amostragem é o baixo custo. Entretanto, requer prévio conhecimento da população e do subproduto selecionado, pois o pesquisador pode facilmente se equivocar no pré-julgamento.

2.3.1.8. Amostragem por cotas

Dentre as amostragens não probabilísticas, este tipo de amostra é a que apresenta mais rigor. É desenvolvida em três partes:

· Classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes;

· Determinação da proporção da população as ser colocada em cada classe;

· Fixação de cotas para cada observador encarregados de selecionar elementos da população a ser pesquisada de modo que as amostras tenham características que a proporção das classes consideradas.

Esse procedimento geralmente é aplicado em levantamentos de mercado e em previas eleitorais. A principal vantagem é o baixo custo e o fato de conferir alguma estratificação da amostra.

2.4. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

“O instrumento responde à pergunta com quê? Indica o instrumento que será utilizado, bem como a forma como será aplicado na coleta de dados. Cada pesquisa tem sua metodologia e exige técnicas específicas para a obtenção dos dados” (ROVER, 2006).

A coleta de dados é o meio pelo qual as informações sobre as variáveis são coletadas. O instrumento de coleta de dados dependerá do objetivo que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigada.

Segundo Bello (2004), os instrumentos utilizados para a coleta de dados nos levantamentos são questionário, entrevista, técnica da observação e a análise de conteúdo.

2.4.1. Questionário

O questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta de dados. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.

É uma técnica de custo razoável, apresenta as mesmas questões para todas as pessoas, garante o anonimato e pode conter questões para atender as finalidades específicas de uma pesquisa. Aplicada criteriosamente, esta técnica apresenta elevada confiabilidade.

2.4.2. Entrevista

É um método flexível de obtenção de informações qualitativas sobre um projeto. Este método requer um bom planejamento prévio e habilidade do entrevistador para seguir um roteiro de questionário, com possibilidades de introduzir variações que se fizerem necessárias durante sua aplicação.

Em geral, a aplicação de uma entrevista requer um tempo maior do que o de respostas a questionários. Por isso seu custo pode ser elevado, se o número de pessoas a serem entrevistadas for muito grande. Em contrapartida, a entrevista pode fornecer uma quantidade de informações muito maior do que o questionário.

É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela esteja sendo realizadas as informações necessárias não deixem de ser colhidas. As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada.

2.4.3. Observação

Técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou ferramentas que se deseja estudar. A obtenção dos dados e informações sobre um fenômeno pode ocorrer por meio do contato com as pessoas ou uso de instrumentos como câmeras e filmadoras.

2.4.4. Análise de conteúdo

Os documentos como fonte de pesquisa podem ser primárias ou secundárias. As fontes primárias são os documentos que gerarão análises para posterior criação de informações (decretos oficiais, fotografias, cartas, artigos). As fontes secundárias são as obras nas quais as informações já foram elaboradas (livros, apostilas, teses, monografias).

2.5. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os procedimentos utilizados na coleta de dados informam as operações que serão executadas no momento da coleta de dados. São utilizados métodos práticos para unir as informações necessárias para a construção do problema estudado.

Os procedimentos representam a forma como serão realizadas as diversas etapas da pesquisa. Os instrumentos e os procedimentos de coleta de dados na pesquisa são interdependentes (OLIVEIRA, 2008).

Os procedimentos utilizados na coleta de dados são apresentados a seguir segundo Bello (2004).

Figura 9 – Exemplo de entrevista: Censo IBGE 2010.

Fonte: IBGE (2012).

2.5.1. Questionário

É um instrumento baseado em perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. As perguntas dos questionários podem ser:

· Abertas: o informante possui liberdade para expor sobre o que esta sendo abordado;

· Fechadas de duas escolhas: o informante possui apenas duas alternativas e é o tipo de questionário que confere menos liberdade ao informante;

· Fechadas de múltiplas escolhas: este tipo de questionário é mais flexível em relação ao questionário de perguntas fechadas de duas escolhas, pois confere ao informante um número maior de alternativas.

2.5.2. Entrevista

Entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:

· Padronizada ou estruturada: o roteiro (instrumento) é previamente estabelecido de forma estruturada.

· Não-estruturada: confere maior flexibilidade ao entrevistado para explorar as questões de acordo com o andamento da entrevista.

2.5.3. Observação

A observação utiliza os sentidos como instrumento na das informações desejadas. Os tipos de observação são:

· Observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente elaborados. Os instrumentos mais usuais são o olhar a olho nu sem um critério formalizado e instrumento de registro;

· Observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos preestabelecidos. Os instrumentos mais usuais são: um ambiente que sirva de laboratório, um plano de observação, e instrumento de registro;

· Observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa. Neste caso o instrumento mais usual é um plano de registro posterior da observação;

· Observação individual: realizada por um pesquisador. Os instrumentos podem ser: o olhar a olho nu ou em laboratório, planos (critérios) de registros, instrumentos de registro formalizados;

· Observação em equipe: feita por um grupo de pessoas. Normalmente cada membro da equipe foca em um aspecto a ser observado em vários elementos ou cada membro da equipe foca em um elemento levantando o máximo de informações sobre o seu comportamento. Os instrumentos mais usuais são: o olhar a olho nu, planos (critérios) de registros, instrumentos de registro formalizados;

· Observação à vida real: registro de dados à medida que ocorrem. Os instrumentos mais usados são o olhar a olho nu sem, porém com planos (critérios) e instrumentos de registro bem formalizados;

· Observação em laboratório: onde tudo é controlado. Os instrumentos mais usados são: laboratório com equipamentos adequados (câmeras, etc), plano de observação e instrumentos de registro.

2.5.4. Análise de conteúdo

A análise de conteúdo visa descrever como foram coletadas as informações primárias e/ou secundárias. As sugestões dadas pelo autor para a análise do conteúdo são:

· Locais de coleta: determinar com antecedência bibliotecas, instituições, indivíduos e acervos que serão procurados;

· Registro de documentos: copiar os documentos, por meio de xerox, fotografias ou outros meios para que no final da pesquisa não haja perda do material;

· Organização: separar os documentos de acordo com os critérios estabelecidos pela pesquisa.

2.6. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A análise e discussão dos resultados é a etapa em que são analisados e interpretados os dados tabulados e organizados na etapa anterior. A análise deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa (ACADÊMICOS DE ADMINISTRAÇÃO, 2007).

Os autores ainda afirmam que na análise, é possível fazer comparações dos resultados com outros projetos ou situações, envolvendo o uso de tabelas e gráficos, ou, ainda, de estatísticas, idealmente, os resultados são analisados sob orientação dos modelos teóricos (revisão de literatura).

Segundo Santos (2011), a análise dos dados consiste em encontrar um sentido para os dados coletados e em demonstrar como eles respondem ao problema de pesquisa formulado progressivamente.

Na pesquisa experimental se utiliza a análise estatística. O desenvolvimento das técnicas estatísticas tem sido notável sua aplicabilidade na pesquisa experimental tão adequada que não se pode hoje deixar de utilizá-las no processo de análise dos dados (GIL, 2002).

As medidas de posição, também chamadas de medidas de tendência central, representam as características avaliadas pelos valores médios, em torno dos quais tendem concentrar-se todos (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). Tais medidas (média, mediana e moda) possibilitam comparação de série de dados pelo confronto de valores.

Após a coleta de dados e posterior tabulação em um banco de dados, realiza-se a análise descritiva. Esta etapa permite ao pesquisador familiarizar-se com os dados, organizá-los e sintetizá-los de forma a obter as informações necessárias do conjunto de dados para responder as questões que estão sendo investigadas.

A identificação de gráficos e construção dos mesmos baseados nos tipos de informações que serão passadas é de extrema importância na finalização dessa parte informativa e estrutural da Estatística. Os modelos de gráficos a serem construídos e que se destacam como os mais usuais pelos meios de comunicação são os seguintes: gráfico de barras, setores ou pizza, colunas e linha ou segmentos (NOÉ, sd).

Segundo Conceição et. al. (1996) o uso de gráficos é de extrema importância para visualização e entendimento dos dados. Os autores descrevem as principais características dos gráficos de barras, diagrama circular e o histograma.

O gráfico de barras representa os valores da variável no eixo das abscissas e suas frequências ou porcentagens no eixo das ordenadas. Para cada valor da variável desenhamos uma barra com altura correspondendo à sua frequência ou porcentagem. Este tipo de gráfico é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou quantitativas discretas, pois permite investigar a presença de tendência nos dados.

O diagrama circular ou gráfico de pizza, reparte um disco em setores circulares correspondentes às porcentagens de cada valor (calculadas multiplicando-se a frequência relativa por 100). Este tipo de gráfico adapta-se muito bem para as variáveis qualitativas nominais.

O histograma consiste em retângulos contíguos com base nas faixas de valores da variável e com área igual à frequência relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente densidade definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa.

2.7. APRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS PROCEDIMENTOS

De acordo com Fonseca (2006) o esquema “consiste numa representação sintética de um texto, dando uma informação visual e imediata das ideias principais do tema do mesmo [...] e caracteriza-se pelo uso de palavras-chaves ou sintetizadoras ou conforme o tipo de texto, de frases curtas que representam a síntese das ideias que estão sendo esquematizadas.”. A utilização deste tipo de apresentação facilita o entendimento do leitor quanto a forma de execução do trabalho e também facilita ao pesquisador no sequenciamento das etapas a serem realizadas na pesquisa.

Figura 10 – Representação esquemática dos procedimentos metodológicos..

Fonte: Albino (2009).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O delineamento da pesquisa permite que todos os dados necessários para a realização da pesquisa sejam abrangidos, evitando que informações importantes deixem de ser incluídas ou em alguns casos, impede que o autor realize atividades desnecessárias para a pesquisa.

O delineamento facilita a execução da metodologia, permitindo que outros possam utilizar a mesma metodologia ou sugerir modificações na mesma.

Os elementos apresentados pelo delineamento da pesquisa, sendo eles tipo de pesquisa, população ou amostragem, instrumentos e procedimentos utilizados na coleta de dados e procedimentos para a análise de dados, permitem ao autor detalhar a metodologia e possibilitam uma aproximação conceitual sobre o tema da pesquisa, facilitando a compreensão do leitor em relação aos procedimentos realizados durante o estudo.

REFERÊNCIAS

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ALBINO, A. A. Uma abordagem evolucionária do APL moveleiro de Ubá: competitividade e politicas públicas estratificadas. 2009, 160p. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Administração) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2009.

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