1
FILOSOFIA INFANTIL Eu o observava pacientemente. O andar pausado, passos trocados a esmo. Em sua face reconhecia a indiferença. Questionava-me se, em sua cabeça, perguntas como: “o que fazem aqui?”, “o que querem de mim?” ou “qual é a graça?” o bombardeavam. Nunca saberei. Distraio-me... Em meus devaneios. Ao retornar, vejo que encarava-me. São olhos profundos, sinceros. Há algo que querem me dizer. Não! Parecem su-pli-car “ei, me tire daqui”. Instantaneamente, tenho dificuldade em enxergá-lo com clareza. Uma espessa lágrima escorre de meu olho direito. Ninguém nota. Gostaria de dizer-lhe que está tudo bem, que poderei ajudá-lo, tirá-lo dali. Mas sou apenas uma criança. Distraio-me novamente. Agora, observo as pessoas e, principalmente, os adultos ao meu redor. Todos sorriem. Alguns o apontam aos seus filhos e dizem coisas a seu respeito. Muitas inverdades. Não compreendo. A injustiça é, pois, o que me destrói. A alguns metros, ouço a voz grave de meu pai, chamando-me. Não quero ir. Não quero ... Veja mais no arquivo original postado anteriormente

Filo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O texto fala sobre a visão infantil diante do trágio cotidiano de animais enjaulados em zoológicos.

Citation preview

Page 1: Filo

FILOSOFIA INFANTIL

Eu o observava pacientemente. O andar pausado, passos trocados a esmo. Em sua face reconhecia a indiferença. Questionava-me se, em sua cabeça, perguntas como: “o que fazem aqui?”, “o que querem de mim?” ou “qual é a graça?” o bombardeavam. Nunca saberei.

Distraio-me... Em meus devaneios.

Ao retornar, vejo que encarava-me. São olhos profundos, sinceros. Há algo que querem me dizer. Não! Parecem su-pli-car “ei, me tire daqui”. Instantaneamente, tenho dificuldade em enxergá-lo com clareza. Uma espessa lágrima escorre de meu olho direito. Ninguém nota. Gostaria de dizer-lhe que está tudo bem, que poderei ajudá-lo, tirá-lo dali. Mas sou apenas uma criança.

Distraio-me novamente. Agora, observo as pessoas e, principalmente, os adultos ao meu redor. Todos sorriem. Alguns o apontam aos seus filhos e dizem coisas a seu respeito. Muitas inverdades. Não compreendo. A injustiça é, pois, o que me destrói.

A alguns metros, ouço a voz grave de meu pai, chamando-me. Não quero ir. Não quero

...

Veja mais no arquivo original postado anteriormente