10
 APOSTILA DE FILOSOFIA BÁSICA Profº César O essencial para que você saiba o que você é!! Pensar é causar!! SENSO COMUM FILOSOFIA - não crítico - Recebido por herança cultural “crenças silenciosas” - Formado pelas “representações simbólicas , os conhecimentos, as crenças e os sistemas de valores, isto é, o conjunto de normas que orientam a vida em sociedade - exercício do pensamento racional e, portanto, crítico; - procura fundamentar suas certezas em razões que possam ser compreendidas/refutadas; - interroga os pressupostos de nossas crenças cotidianas MITO FILOSOFIA - baseando-se no pensamento simbólico, é uma tentativa de explicar a realidade. - são encontrados em todas as sociedades “primitivas”; - recorre ao sagrado para explicar o que existe; - refere-se à realidade vivida pelo povo que o conta; - oralidade poeta/sacerdote; - é sagrado e precisa de intermediários sagrados; - baseando-se no pensamento racional, respeita as regras/leis fundamentais da razão (por exemplo, a Lógica) para explicar a realidade. - originou-se a partir de “um certo grau de desenvolvimento” verificado na Grécia antiga - recorre à razão para formular suas explicações; - pergunta pelo o que é a realidade vivida; - utiliza-se da escrita e da geometria, além da oralidade qualquer pessoa letrada pode exerce-la; - por princípio, é acessível a todos visto que todos são racionais;   Surgimento da Filosofia Condições históricas - Desenvolvimento marítimo novas descobertas e conhecimento de uma outra realidade que leva à contestação dos mitos - Invenção da escrita (Fenícios) – dessacralizada; - estimula o espírito crítico; - distanciamento do vivido; - Uso da moeda (Lídios) / Invenção do calendário abstração dos valores de uso - Surge a lei escrita da Polis – o saber passa a ser objeto de discussão.  Atitude Filosófica:  - Tomar distância da vida cotidiana para indagar o que são as crenças que alimentam silenciosamente a nossa existência; não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos, sem antes havê-los investigado e compreendido . RACIONALISMO EMPIRISMO -O Racionalismo é uma corrente que defende que a origem do conhecimento é a razão. -Os racionalistas acreditam que só a razão pode levar a um conhecimento rigoroso. -Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a experiência devido à sua falta de rigor. -Os racionalistas possuem uma visão otimista da razão  porque acreditam que ela possibili ta o conheciment o humano. - O Empirismo defende que a origem do conhecimento é a experiência (os sentidos). - Os empiristas duvidam (e até negam) que a razão possa conduzir ao conhecimento.

Filosofia-Básica

Embed Size (px)

DESCRIPTION

f

Citation preview

  • APOSTILA DE FILOSOFIA BSICA

    Prof Csar O essencial para que voc saiba o que voc !! Pensar causar!!

    SENSO COMUM FILOSOFIA - no crtico - Recebido por herana cultural crenas silenciosas - Formado pelas representaes simblicas, os conhecimentos, as crenas e os sistemas de valores, isto , o conjunto de normas que orientam a vida em sociedade

    - exerccio do pensamento racional e, portanto, crtico; - procura fundamentar suas certezas em razes que possam ser compreendidas/refutadas; - interroga os pressupostos de nossas crenas cotidianas

    MITO FILOSOFIA - baseando-se no pensamento simblico, uma tentativa de explicar a realidade. - so encontrados em todas as sociedades primitivas; - recorre ao sagrado para explicar o que existe; - refere-se realidade vivida pelo povo que o conta; - oralidade poeta/sacerdote; - sagrado e precisa de intermedirios sagrados;

    - baseando-se no pensamento racional, respeita as regras/leis fundamentais da razo (por exemplo, a Lgica) para explicar a realidade. - originou-se a partir de um certo grau de desenvolvimento verificado na Grcia antiga - recorre razo para formular suas explicaes; - pergunta pelo o que a realidade vivida; - utiliza-se da escrita e da geometria, alm da oralidade qualquer pessoa letrada pode exerce-la; - por princpio, acessvel a todos visto que todos so racionais;

    Surgimento da Filosofia Condies histricas

    - Desenvolvimento martimo novas descobertas e conhecimento de uma outra realidade que leva contestao dos mitos - Inveno da escrita (Fencios) dessacralizada; - estimula o esprito crtico; - distanciamento do vivido; - Uso da moeda (Ldios) / Inveno do calendrio abstrao dos valores de uso - Surge a lei escrita da Polis o saber passa a ser objeto de discusso.

    Atitude Filosfica: - Tomar distncia da vida cotidiana para indagar o que so as crenas que alimentam silenciosamente a nossa existncia; no aceitar como bvias e evidentes as coisas, as idias, os fatos, as situaes, os valores, os comportamentos, sem antes hav-los investigado e compreendido.

    RACIONALISMO EMPIRISMO -O Racionalismo uma corrente que defende que a origem do conhecimento a razo. -Os racionalistas acreditam que s a razo pode levar a um conhecimento rigoroso. -Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a experincia devido sua falta de rigor. -Os racionalistas possuem uma viso otimista da razo porque acreditam que ela possibilita o conhecimento humano.

    - O Empirismo defende que a origem do conhecimento a experincia (os sentidos). - Os empiristas duvidam (e at negam) que a razo possa conduzir ao conhecimento.

  • DESCARTES (1596-1650) HUME (1711-1776) -Para mostrar que a razo pode atingir um conhecimento verdadeiro, Descartes cria um mtodo. -Este mtodo tem como objetivo a obteno de uma verdade indiscutvel. -De entre as regras do mtodo, pode destacar-se a regra da evidncia. -Esta regra diz-nos para no aceitarmos como verdadeiro tudo que possa deixar dvidas. -A dvida , portanto, um elemento muito importante do mtodo. -Recusando tudo que possa suscitar incerteza, a dvida afirma-se como um modo de evitar o erro. -A dvida um instrumento da razo na busca da verdade. -A dvida procura impedir a razo de considerar verdadeiros conhecimentos que no merecem esse nome. -Descartes vai aplicar a dvida a tudo que possa causar incerteza, nomeadamente: as informaes dos sentidos; as nossas opinies, crenas e juzos precipitados; as realidades fsicas e corpreas e, duma maneira geral, tudo que julgamos real; os conhecimentos matemticos; tambm Deus submetido prova rigorosa da dvida, uma vez que Descartes coloca a hiptese de Deus poder ser enganador ou um gnio do mal. - Torna-se quase impossvel acreditar que a razo humana pode alcanar conhecimentos verdadeiros. No entanto, h uma sada.

    -Hume realizou uma investigao sobre a origem, possibilidade e limites do conhecimento. -Este autor pensa que a capacidade cognitiva da razo humana limitada e que no existe nenhum fundamento objetivo para o conhecimento. -O empirismo de David Hume ope-se, portanto, ao racionalismo de Descartes. -Segundo Hume, todo o conhecimento deriva da experincia. -Para este filsofo escocs, todas as nossas idias tm origem nas impresses dos sentidos. -Segundo Hume, o conhecimento constitudo por impresses e ideias. -As impresses englobam as sensaes, as emoes e as paixes. -As impresses possuem um elevado grau de fora e vivacidade, porque correspondem a uma experincia presente ou atual. -As impresses so a base, a origem, o ponto de partida dos conhecimentos. -As idias so as representaes ou imagens das impresses no pensamento. -As idias so memrias ou imagens enfraquecidas das impresses no pensamento. -As idias so menos vivas e intensas do que as impresses, j que estas so a causa das idias. -No pode existir idia sem uma impresso prvia. -No h conhecimento fora dos limites impostos pelas impresses.

    O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO) -A dvida ir conduzir a razo a uma primeira verdade incontestvel. -Mesmo que se duvide ao mximo, no se pode duvidar da existncia daquele que duvida. -A dvida um ato do pensamento e no pode acontecer sem um autor. -Chegamos ento primeira verdade: penso, logo, existo (cogito ergo sum). -Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta que, para duvidar, tem que existir. -A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critrios da clareza e distino. -A verdade eu penso, logo, existo uma evidncia. Trata-se de um conhecimento claro e distinto que ir servir de modelo para todas as verdades que a razo possa alcanar. -Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exerccio da razo e no dos sentidos. -Descartes mostrou que a razo, s por si, capaz de produzir conhecimentos verdadeiros, pois ela alcanou uma verdade inquestionvel. -Mas apesar da razo ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda no est excluda a hiptese do Deus enganador. -Descartes considera fundamental demonstrar a existncia de Deus, um Deus que traga segurana e seja garantia das verdades.

    CONHECIMENTO DE RELAOES DE IDIAS E CONHECIMENTO DE FATOS -Para Hume, o conhecimento de relao de idias consiste em estabelecer relaes entre as idias que fazem parte de uma afirmao ou de um pensamento. -Podemos relacionar idias sem recorrer experincia, embora todas as idias derivem das impresses sensveis. -O conhecimento de relaes de idias independente dos fatos e, segundo Hume, no nos d novas informaes. -Este tipo de conhecimento est principalmente ligado lgica e matemtica. -Segundo Hume, o conhecimento humano tambm se refere a fatos, experincia. -Este conhecimento relativo aos fatos baseia-se na experincia sensvel e nos proporcionado pelas nossas impresses. -A verdade ou falsidade de um conhecimento de fatos s pode ser determinada atravs do confronto com a experincia, isto , a posteriori.

  • A IMPORTNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A QUESTO DOS ERROS DO SER HUMANO -Descartes considera que termos a percepo que existimos no chega para a fundamentao do conhecimento. -Para Descartes, essencial descobrir a causa de o nosso pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da existncia do sujeito pensante. -Descartes parte das idias que esto presentes no sujeito para provar a existncia de Deus. -As idias que qualquer indivduo possui so de trs tipos: adventcias, factcias e inatas. -Uma das idias inatas que todos ns temos na mente a idia de perfeio. esta idia que Descartes vai usar como ponto de partida para as provas da existncia de Deus. -Descartes apresenta trs provas: 1 prova: sendo Deus perfeito, tem que existir. No possvel conceber Deus como perfeio e no existente. 2 prova: a causa da idia de perfeito no pode ser o ser pensante porque este imperfeito. A idia de perfeio s pode ter sido criada por algo perfeito, Deus. 3 prova: o ser pensante no pode ter sido o criador de si prprio, pois se tivesse sido ter-se-ia criado perfeito. S a perfeio divina pode ter sido a criadora dor ser imperfeito e finito que o homem e de toda a realidade. -Deus, sendo perfeito, no pode ser enganador. Enquanto perfeio, Deus garantia da verdade das nossas idias claras e distintas (por exemplo: 2+2=4 ou penso,logo, existo). -Se Deus perfeito e criador do homem e da realidade, ento tambm o criador das verdades incontestveis e o fundamento da certeza. -Segundo Descartes, Deus que garante a adequao entre o pensamento evidente (verdadeiro) e a realidade, conferindo assim validade ao conhecimento. -Deus a perfeio, ou seja, o bem, a virtude, a eternidade, logo, no poder ser o autor do mal nem responsvel pelos nossos erros. -Se Deus no existisse e no fosse perfeito, no teramos a garantia da verdade dos conhecimentos produzidos pela razo, nem teramos a garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a uma evidncia, isto , a uma verdade incontestvel. Se Deus no enganador, ento as nossas evidncias racionais so absolutamente verdadeiras. -Se Deus no existisse, para Descartes, seria o caos e nunca poderamos ter a garantia do funcionamento coerente da nossa razo nem ter noo de como se tornou possvel a nossa existncia. -Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade, quando esta se sobrepe razo. -Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos como evidentes afirmaes que o no so, logo, Deus no responsvel pelos nossos erros mas garantia das verdades alcanadas pela razo humana.

    O PROBLEMA DA CAUSALIDADE -Hume diz-nos que todas as idias derivam de impresses sensveis. -Assim, do que no h impresso sensvel no h conhecimento. -Deste modo, no podemos dizer que tenhamos conhecimento a priori da causa de um acontecimento, ou de um fato. -Embora tendo conscincia da importncia que o princpio de causalidade teve na histria da humanidade, Hume vai submet-la a uma crtica rigorosa. -Segundo David Hume, o nosso conhecimento dos fatos restringe-se s impresses atuais e s recordaes de impresses passadas. -Assim, se no dispomos de impresses relativas ao que acontecer no futuro, tambm no possumos o conhecimento dos fatos futuros. -No podemos dizer o que acontece no futuro porque um fato futuro ainda no aconteceu. -Contudo, h muitos fatos que esperamos que se verifiquem no futuro. Por exemplo, esperamos que um papel se queime se o atirarmos ao fogo. -Esta certeza que julgamos ter (que o papel se queima), tem por base a noo de causa (ns realizamos uma inferncia causal), ou seja, atribumos ao fogo a causa de o papel se queimar. -Sucede que, segundo Hume, no dispomos de qualquer impresso da idia de causalidade necessria entre os fenmenos. -Hume afirma que s a partir da experincia que se pode conhecer a relao entre a causa e o efeito. -Para o autor escocs, no se pode ultrapassar o que a experincia nos permite. -A experincia , pois, a nica fonte de validade dos conhecimentos de fatos. Quer dizer que s podemos ter um conhecimento a posteriori. -A nica coisa que sabemos que entre dois fenmenos se verificou, no passado, uma sucesso constante, ou seja, que a seguir a um determinado fato ocorreu sempre um mesmo fato. -Para D. Hume, o hbito que nos leva a inferir uma relao de causa e efeito entre dois fenmenos. -Se no passado ocorreu sempre um determinado fato a seguir a outro, ento ns esperamos que no presente e no futuro tambm ocorra assim. -O hbito e o costume permitem-nos partir de experincias passadas e presentes em direo ao futuro. -Por isso, o nosso conhecimento de fatos futuros no um conhecimento rigoroso, apenas uma convico que se baseia num princpio psicolgico: o hbito. -O hbito , no entanto, um guia importante na vida prtica e no dia-a-dia. -Uma vez que ainda no vivemos o futuro, o hbito permite-nos esperar o que poder acontecer e leva-nos a ter prudncia e cuidado, ou boas expectativas. -Enquanto seres humanos, temos vontade (e adaptamo-nos idia) de que o futuro seja previsvel e, portanto, controlvel.

    reas da Filosofia > Epistemologia = Filosofia da Cincia / Epistemologia Teoria do Conhecimento

  • REAS DA FILOSOFIA

    Nos 26 sculos em que se desenvolveu a reflexo filosfica, ela foi feita em alguns campos ou em torno de alguns tipos de questes, entre os quais, principalmente: Ontologia ou metafsica: conhecimento dos princpios e fundamentos ltimos de toda a realidade, de todos os seres. Lgica: conhecimento das formas e regras gerais do pensamento correto e verdadeiro, independentemente dos contedos pensados; regras e critrios que determinam a forma dos discursos ou dos argumentos tanto para a demonstrao cientfica verdadeira como para os discursos no-cientficos; regras para a verificao da verdade ou falsidade de um pensamento ou de um discurso etc. Epistemologia ou filosofia da cincia: anlise crtica das cincias, tanto as cincias exatas ou matemticas quanto as naturais e as humanas; avaliao dos mtodos e resultados da cincia; compatibilidades e incompatibilidades entre as cincias; formas de relaes entre as cincias etc. Teoria do conhecimento: estudo das diferentes modalidades de conhecimento humano: o conhecimento sensorial ou sensao e percepo; a memria e a imaginao; o conhecimento intelectual; a idia de verdade e falsidade; a idia de iluso e realidade; formas de conhecer o espao e o tempo; formas de conhecer relaes; conhecimento ingnuo e conhecimento cientfico; diferena entre conhecimento cientfico e filosfico etc. tica: estudo dos valores morais (as virtudes), da relao entre vontade e paixo, vontade e razo; finalidades e valores da ao moral; idias de liberdade, responsabilidade, dever, obrigao etc. Filosofia poltica: estudo sobre a natureza do poder e da autoridade; idia de direito, lei, justia, dominao, violncia; formas dos regimes polticos e suas fundamentaes; nascimento e formas do Estado; idias autoritrias, conservadoras, revolucionrias e libertrias; teorias da revoluo e reforma; anlise e crtica das ideologias. Filosofia da histria: estudo sobre a dimenso temporal da existncia humana como existncia sociopoltica e cultural; teorias do progresso, da evoluo e teorias da descontinuidade histrica; significado das diferenas culturais e histricas, suas razes e conseqncias. Filosofia da arte ou esttica: estudo das formas de arte, do trabalho artstico; idia de obra de arte e de criao; relao entre matria e forma nas artes; relao entre arte e sociedade, arte e poltica, arte e tica. Filosofia da linguagem: a linguagem como manifestao da humanidade do homem; signos, significaes; a comunicao; passagem da linguagem oral escrita, da linguagem cotidiana filosfica, literria, cientfica; diferentes modalidades de linguagem como diferentes formas de expresso e comunicao.

    A FILOSOFIA E A CINCIA

    No sculo XVII, atravs da revoluo metodolgica iniciada por Galileu, as cincias particulares comeam a delimitar seu campo especfico de pesquisa. Pouco a pouco, desde esse perodo at os tempos atuais, cincias como a fsica, astronomia, qumica, biologia, psicologia, sociologia, economia etc. se especializam e investigam recortes do real. Apesar dessa separao entre o objeto da filosofia e das cincias, o filosofo continua tratando da mesma realidade apropriada pelas cincias, uma vez que jamais renuncia a considerar o seu objeto do ponto de vista da totalidade. Na filosofia, um problema nunca examinado de modo parcial, mas sempre relacionando cada aspecto com os outros do contexto em que est inserido.

    CINCIA FILOSOFIA tende cada vez mais para a especializao

    quer superar a fragmentao do real, buscando estabelecer o elo entre as diversas formas do saber e do agir

    como aborda seu objeto: se a fsica e a qumica se denominam cincias e usam determinado mtodo, no da alada do prprio fsico ou do qumico saber o que cincia, o que distingue esse conhecimento de outros, o que mtodo, qual a sua validade, e assim por diante

    como aborda seu objeto: em todos os setores do conhecimento e da ao, a filosofia est presente como reflexo crtica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir

    os resultados das investigaes cientficas e a sua verificabilidade permitem uniformidade de concluses e, com isso, a cincia adquire maior objetividade

    o filsofo parte da experincia vivida e vai alm dessa constatao, no v apenas como , mas como deveria ser.

    a cincia trabalha com juzos de realidade, j que de uma forma ou de outra pretende mostrar como os fenmenos ocorrem, quais as suas relaes e, conseqentemente, como prev-los

    a filosofia tambm faz juzos de valor, alm de dizer o que , porque assim, qual a finalidade de ser assim, ou como poderia ou deveria ser. Por exemplo, discute o que e qual o valor do mtodo cientfico, ou quais as conseqncias ticas de um experimento. A filosofia julga o valor do conhecimento e da ao, sai em busca do significado: filosofar dar sentido experincia

  • KANT - A CRTICA DA RAZO PURA E A UNIO DO EMPRICO E RACIONAL

    Para Kant, o conhecimento no reflete o objeto exterior, mas o prprio esprito que constri o objeto de seu saber.

    O conhecimento constitudo de MATRIA e FORMA: todo conhecimento constitudo pela forma a priori do esprito e

    pela matria fornecida pela experincia sensvel.

    MATRIAS

    as coisas

    FORMAS

    esto no sujeito que conhece - no possvel conhecer as coisas como elas so em-si; - conhecemos apenas os fenmenos (o que aparece) das coisas

    - as formas da nossa sensibilidade so a priori (anteriores a qualquer experincia) - as formas da nossa sensibilidade so as condies para a experincia - o tempo e o espao so as formas da nossa percepo/sensibilidade (so as formas que o sujeito pe nas coisas) intuio

    o tempo e o espao no existem como realidade externa, so antes formas que o sujeito pe nas coisas

    o mundo dos fenmenos s existe na medida em que aparece para ns

    O conhecimento organizado por categorias do nosso entendimento: por exemplo, quando observamos a natureza e

    afirmamos que uma coisa isto, ou tal coisa causa de outra ou isto existe, temos de um lado, coisas que percebemos

    pelos sentidos, mas, de outro, algo que lhes escapa, isto , as categorias de substncia (o que a coisa), causalidade e

    existncia. Essas trs categorias (e outras mais) no vm da experincia, mas so postas pelo prprio sujeito cognoscente.

    Kant diz que o nosso conhecimento experimental composto do que recebemos por impresses e do que nossa prpria

    faculdade de conhecer de si mesma tira por ocasio de tais impresses.

    Se dizemos do entendimento que ele o poder de reconduzir os fenmenos unidade atravs das regras, deve-se dizer

    da razo que ela a faculdade de reconduzir unidade as regras do entendimento atravs dos princpios. Portanto ela jamais se

    relaciona imediatamente nem com a experincia, nem com um objeto qualquer, mas com o entendimento, a fim de fornecer a

    priori e por conceitos aos variados conhecimentos dessa faculdade uma unidade que se pode chamar racional e que

    inteiramente diferente da que o entendimento pode fornecer.

    Imanuel Kant Crtica da Razo Pura

    RAZO PURA x RAZO PRTICA:

    Para Kant, h possibilidade do conhecimento cientfico est baseada no uso da Razo pura (na aplicao das categorias do

    entendimento) para a compreenso dos fenmenos pois a natureza determinada por leis que podem ser conhecidas pelo

    uso regrado de nosso entendimento. Desde que haja determinao (que a coisa exista somente, necessariamente, daquela

    maneira e no possa mudar) possvel alcanar/construir o conhecimento.

    As situaes onde as coisas no so determinadas, ou seja, as situaes onde haja liberdade e as coisas podem,

    contingentemente, ser de uma maneiro ou de qualquer outra no podem ser regidas pelo entendimento no podem gerar

    uma cincia e esto sob o domnio da razo prtica.

  • A primeira Revoluo Cientfica Cincia Moderna: caractersticas e procedimentos

    A segunda Revoluo Cientfica: Os questionamentos da Filosofia da Cincia

    Primeira Revoluo Cientfica Sculo XVI/XVII MTODO CINCIA

    MODERNA

    CARACTERSTICAS DA CINCIA MODERNA - determinao de um objeto especfico - mtodo que possibilita o controle do conhecimento - especializao: cada cincia se torna uma cincia particular - generalizao: ao descobrir regularidades as enuncia em leis - objetividade: possvel verificar as concluses da pesquisa; o racional eliminaria o emocional - linguagem rigorosa: o que permite a objetividade - utiliza instrumentos que tornam a cincia mais rigorosa, precisa e objetiva

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DA CINCIA MODERNA O PROCEDIMENTO QUESTES ENVOLVIDAS

    Observao - a observao cientfica rigorosa, precisa, metdica e, portanto, orientada para a explicao dos fatos; - quando nossos sentidos no so suficientes, h necessidade do uso de instrumentos (microscpio, telescpio, sismgrafo, balana, termmetro) que emprestam maior rigor observao, como tambm a tornam mais objetiva, porque quantificam o que est sendo observado. Por exemplo, mais rigorosa a indicao de temperatura no termmetro do que a percebida pela nossa pele.

    - h uma inteno que dirige nosso olhar: A observao cientfica no uma simples observao de fatos. Que fatos? Quando observamos, j organizamos as inmeras informaes caoticamente recebidas e privilegiamos alguns aspectos. - Quando se trata do olhar de um cientista, este se acha muito mais contaminado por pressupostos que lhe permitem ver o que o leigo no percebe. Se olhamos uma lmina ao microscpio, quando muito percebemos cores e formas. Precisamos estar de posse de uma teoria para aprender a ver

    Hiptese - hiptese a explicao provisria dos fenmenos observados - h vrios tipos de raciocnio usados pelo cientista ao formular a hiptese: a induo - trata-se da generalizao de casos diferentes e particulares. o raciocnio hipottico-dedutivo - quando formulada uma hiptese e verifica-se as conseqncias que so tiradas dela a analogia - quando so estabelecidas relaes de semelhana entre fenmenos - a hiptese, para ser cientfica, deve ser passvel de verificao

    - Pode ser verificada diretamente na natureza em muitos casos (desde que as condies sejam propcias a esta verificao) mas noutras situaes exige que se faa a experimentao.

    Experimentao - o estudo dos fenmenos em condies que foram determinadas pelo experimentador; uma observao provocada para fim de controle da hiptese - se faz em condies privilegiadas: podem-se repetir os fenmenos; variar as condies de experincia; tornar mais lentos os fenmenos muito rpidos ou simplificar os fenmenos

    - Nem sempre a experimentao simples ou vivel - Os limites da experimentao tambm se encontram na sua impossibilidade de princpio em ser exaustiva, sempre podendo ser desmentida posteriormente por novas observaes - uma hiptese confirmada experimentalmente no impossibilita a existncia de outra hiptese explicativa que poderia ser igualmente comprovada experimentalmente para explicar o mesmo fenmeno

  • Generalizao - as anlises dos fenmenos nos levam a formulao de leis, que so enunciados que descrevem regularidades ou normas, relaes constantes entre fenmenos. -a s leis podem ser de dois tipos: as generalizaes empricas e as leis tericas. - as generalizaes empricas (ou leis particulares) so inferidas da observao de alguns casos particulares. - as leis tericas ou teorias propriamente ditas so leis mais gerais e abrangentes que renem as diversas leis particulares sob uma perspectiva mais ampla

    - As teorias se alternam, se completam ou se desmentem, so ultrapassadas; a cincia no um conhecimento certo, infalvel, ou seja, as teorias no so o reflexo do real; de maneira alguma se pode ainda sustentar que elas so o conhecimento preciso da verdade dos fenmenos

    Segunda Revoluo Cientfica (sculos XIX/XX): geometrias no-euclidanas / irracionalismo /

    relatividade / constatao de no-regularidades (p. ex.: a teoria do caos) O que ocorre no incio do sculo (XX) uma necessidade de reavaliao do conceito de cincia, dos

    critrios de certeza, da relao entre cincia e realidade, da validade dos modelos cientficos.

  • Popper e o problema da Induo: Verificao X Falsificao As teorias cientficas devem ser sujeitas falseabilidade (falsificao).

    Contudo, s reconhecerei um sistema como emprico ou cientfico se ele for passvel de comprovao pela experincia. Essas consideraes sugerem que deva ser tomado como critrio de demarcao, no h verificabilidade, mas a falseabilidade de um

    sistema. A VERDADE

    a reelaborao cientfica decorre do fato de ter havido uma mudana no conceito filosfico-cientfico da verdade.

    CONCEPO TRADICIONAL CONCEPO COMO COERNCIA INTERNA - foi considerada durante muitos sculos como a correspondncia exata entre uma idia ou um conceito e a realidade - o falso acontecia quando uma ideia no correspondia coisa que deveria representar .

    - no sculo XIX, foi proposta uma teoria da verdade como coerncia interna entre conceitos - o falso a perda da coerncia de uma teoria, a existncia de contradies entre seus princpios ou entre estes e alguns de seus conceitos .

    Popper afirma que as mudanas cientficas so uma consequencia da concepo da verdade como coerncia terica. E prope que uma teoria cientfica seja avaliada pela possibilidade de ser falsa ou falsificada.

    Uma teoria cientfica boa, diz Popper, quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os princpios e os conceitos em que se baseava. Assim, o valor de uma teoria no se mede por sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsa. A falseabilidade seria o critrio de avaliao das teorias cientficas e garantiria a idia de progresso cientfico, pois a mesma teoria que vai sendo corrigida por fatos novos que a falsificam.

    Para Popper, o cientista tem como tarefa a formulao de enunciados ou sistemas de enunciados, como tambm a verificao de todos os seus postulados, isso vale tanto para o cientista terico como tambm para o experimenta. As cincias empricas ento na mira de fogo do filsofo.

    VERIFICAO FALSEABILIDADE - o critrio de verdade das leis/teorias cientficas; - as idias (hipteses) obtidas pela observao emprica dos fenmenos devem, antes de tornarem-se leis/teorias, ser expostas verificao emprica e, assim, confirmadas; - as leis/teorias formuladas que se revelarem contraditas na verificao devero ser descartadas como falsas.

    - o critrio de verdade das leis/teorias cientficas; - as idias (hipteses/leis/teorias) obtidas pela observao emprica dos fenmenos devem, sempre, ser expostas verificao emprica e, assim, confirmadas ou reformuladas; - sempre que a teoria resistir falsificao ela ser tida como verdade cientfica;

    INDUO A FALSEABILIDADE / FALSIFICAO - Para o indutivismo, enunciados singulares ou particulares levaria necessariamente a verdades gerais ou universais. - O problema da induo para Hume, como tambm para Popper a ausncia de necessariedade das relaes entre os enunciados particulares e enunciados universais. A induo s pode garantir comprovao que enunciados particulares leva a enunciados universais apenas no presente, mas no pode garantir que sempre ser assim.

    - Popper rejeita o indutivismo como forma de se fazer cincia, mas admite certo grau de confiabilidade, ou seja, inferncias indutivas so inferncias provveis. - A falseabilidade como critrio de demarcao entre o que cincia e o que no para Popper ser a soluo do problema da induo tal como colocado por Hume.

    Foi com Popper que a cincia encontrou seus limites de forma mais definida. Na tica de Popper a cincia produz teorias falseveis, que s podero ser validadas enquanto no forem refutadas. Para Popper um enunciado cientfico s tem validade enquanto outro no o contradiga, em outras palavras, no h para Popper, enunciados tidos cientficos, definitivos, isto quer dizer que todo enunciado deve ser submetido a teste, como tambm em princpio, passivo de refutao pelo falseamento.

    A falseabilidade o critrio de demarcao cientfica proposto por Popper. Uma teoria para ser cientificamente aceita precisa ser criticada, exposta a crticas de todos os tipos, e, sobretudo resistir firme s crticas.

    Este carter falseador de uma teoria verdadeiramente cientfica corrobora com a atividade crtica, permitindo o avano do conhecimento cientfico, garantindo assim a eterna permanncia do exerccio crtico-cientfico.

    Para Popper, as teorias cientficas so construtos humanos, isto , convices subjetivas, conjecturas provisrias sujeitas a reconstrues e, sobretudo, presa a pressuposies.

  • A VISO DE CINCIA EM KUHN A Estrutura das Revolues Cientficas (1962)

    Kuhn percebeu que a concepo de cincia tradicional no se ajustava ao modo pelo qual a cincia real nasce e se desenvolve ao longo do tempo

    O termo paradigma tem uma acepo bastante elstica no texto original de Kuhn, e no podemos aqui adentrar as sutilezas de seu significado. Em seu sentido usual, pr-kuhniano, o termo significa exemplo, modelo. Assim, amo, amas, ama, amamos, amais, amam um paradigma da conjugao do indicativo presente dos verbos regulares da Lngua Portuguesa terminados em ar.

    Kuhn percebeu que a transio para a maturidade, para a fase cientfica, de uma disciplina envolve o reconhecimento, por parte dos pesquisadores, de uma realizao cientfica exemplar, que defina de maneira mais ou menos clara os principais pontos de divergncia da fase pr-paradigmtica.

    O conhecimento de um paradigma , em parte, tcito, adquirido pela exposio direta ao modo de fazer cincia determinado pelo paradigma.

    Um paradigma representa como que um mapa a ser usado pelos cientistas na explorao da Natureza. As pesquisas firmemente assentadas nas teorias, mtodos e exemplos de um paradigma so chamadas por Kuhn de cincia normal. Essas pesquisas visam, principalmente, a extenso do conhecimento dos fatos que o paradigma identifica como particularmente significativos, bem como o aperfeioamento do ajuste da teoria aos fatos pela articulao posterior da teoria e pela observao mais precisa dos fenmenos.

    Kuhn entende a cincia normal como uma atividade de resoluo de quebra-cabeas (puzzles), j que, como eles, ela se desenvolve segundo regras relativamente bem definidas. S que na cincia os quebra-cabeas nos so apresentados pela Natureza. Ao longo da explorao de um paradigma pode ocorrer que alguns desses quebra-cabeas se mostrem de difcil soluo. O dever do cientista insistir no emprego das regras e princpios paradigmticos fundamentais o quanto possa. Utilizando a analogia, no vale, por exemplo, cortar um canto de uma pea do quebra-cabea para que se encaixe em uma determinada posio. Quando quebra-cabeas sem soluo a que Kuhn denomina anomalias se multiplicam, resistem por longos perodos aos melhores esforos dos melhores cientistas, e incidem sobre reas vitais da teoria paradigmtica, chegou o tempo de considerar a substituio do prprio paradigma. Nestas situaes de crise, membros mais ousados e criativos da comunidade cientfica propem alternativas de paradigmas. Perdida a confiana no paradigma vigente, tais alternativas comeam a ser levadas a srio por um nmero crescente de cientistas. Instala-se um perodo de discusses e divergncias sobre os fundamentos da cincia que lembra um pouco o que ocorreu na fase pr-paradigmtica. A diferena bsica que mesmo durante a crise o paradigma at ento adotado no abandonado, enquanto no surgir um outro que se revele superior a ele em praticamente todos os aspectos.

    Quando um novo paradigma vem a substituir o antigo, ocorre aquilo que Kuhn chama de revoluo cientfica.

    FASES DA HISTRIA CIENTFICA NAS CINCIAS EXISTEM PARADIGMAS (MODELOS) METODOLGICOS, TERICOS, ETC.

    o mundo muito complexo para ser estudado sem uma meta, o paradigma fornece esta meta e por isso o pesquisador deixa de ser um explorador do desconhecido e passa a desenvolver todos os esforos para alcanar e concretizar o conhecimento apenas vislumbrado.

    Mas os paradigmas no so eternos, eles se esgotam quando os problemas insolutos aumentam, avolumam-se sem haver nenhuma perspectiva de enquadr-los no esquema

    FASE PR-PARADIGMTICA FASE PARADIGMTICA - h vrias tentativas e vrios esforos em diferentes direes.

    - o paradigma passa a merecer o consenso dos demais pelos resultados obtidos e pela soluo de grande parte dos enigmas de que se procurava a chave.

    - o perodo da disperso intelectual: cada cientista trabalha por sua conta, envolto num mundo conceitual s seu: ele tem perante si verdadeiros enigmas que reclamam uma soluo, at que ser possvel encontrar um paradigma, isto , uma teoria associada a certas aplicaes padro.

    - um cientista ser considerado tal, somente quando vinculado a um paradigma pr-estabelecido. - obtido o consenso da comunidade, a cincia paradigmtica ou assim chamada normal passa a ser objeto de estudo em escolas e universidades e o sucesso obtido na soluo dos problemas e a grande harmonia de opinies em torno da teoria desencorajam quaisquer possibilidades de surgirem objees e de haver posies crticas a respeito dela.

    cincia normal

    nova revolu-o

    fase pr-paradigmtica

    crise

    revoluo

    nova cincia normal

    nova crise

    ESTRU-TURA

    ABERTA!