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SERVIÇO SOCIAL
___________________________________________________________________________
ANDRESSA DE SOUZA ORLANDINI
CAPS I DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR:
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO DOS
USUÁRIOS DE TRANSTORNO MENTAL COM ESQUIZOFRENIA
___________________________________________________________________________
TOLEDO – PR
2017
ANDRESSA DE SOUZA ORLANDINI
CAPS I DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR:
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO DOS
USUÁRIOS DE TRANSTORNO MENTAL COM ESQUIZOFRENIA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo.
TOLEDO – PR
2017
ANDRESSA DE SOUZA ORLANDINI
CAPS I DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR:
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO DOS
USUÁRIOS DE TRANSTORNO MENTAL COM ESQUIZOFRENIA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________ Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
____________________________________________
Profa. Ms. Ana Carolina Becker Nisiide Universidade Estadual do Oeste do Paraná
____________________________________________
Profa. Ms. Ester Taube Toretta
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 14 de fevereiro de 2017.
Dedico este trabalho ao meu pai Altair, minha
mãe Aurea, minha irmã gêmea e agora colega
de profissão Alessandra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ser presença fundamental para meu viver, e
por ser tão sábio em seus planos, pois, “Deus nos surpreende sempre, rompe os nossos
esquemas, põe em crise os nossos projetos e nos diz: confia em Mim, não tenhas medo,
deixa-te surpreender, sai de ti mesmo e segue-Me” (Papa Francisco).
A minha irmã gêmea Alessandra e colega de profissão, por ser minha parceira e
amiga de vida, por todos os momentos vividos, e pelos incentivos quando a caminhada se
tornou difícil, me motivando e acreditando que “grandes coisas estão por vir, grandes coisas
irão acontecer” em nossas vidas. Amo muito você, e agradeço por tudo que fez e faz por
mim.
Ao meu pai Altair e minha mãe Aurea, por serem os maiores incentivadores e
motivadores aos estudos, por estarem presentes em todos os momentos, transmitindo amor e
dedicação mesmo na correria e compromissos do dia a dia. Amo incondicionalmente vocês.
Aos meus avós, Amélia, Ataides, Izainda, Orlando e também bisavó Amélia, ambos
pela torcida e apoio aos estudos, uns mais próximos, outros por telefonemas e outros mais
distantes, mas que em nenhum momento deixaram de estarem presentes, amos vocês.
Também agradeço aos demais tios, tias, primas e primos que acompanharam este processo.
A todos os amigas(os) de graduação e demais colegas de turma, pelos momentos
vividos de aprendizado durante os anos de universidade, e claro, por todos os amigos que a
vida proporcionou, em que cada um na sua particularidade é importante para mim e torceu
por essa realização, pois acredito que verdadeiras amizades são presentes de Deus.
A minha Supervisora de Campo do Estágio Supervisionado em Serviço Social I e II,
Assistente Social do Instituto Federal do Paraná (IFPR) campus de Assis Chateaubriand,
Thaís Scane por aceitar me supervisionar, sendo assim, a primeira estagiária de Serviço
Social da instituição, agradeço por todos os ensinamentos.
A minha Supervisora Acadêmica do Estágio Supervisionado em Serviço Social I e II
Profª Dra. Cristiane Sander, agradeço pelo acompanhamento, trocas de experiências e
aprendizados.
Aos usuários e familiares do CAPS I que aceitaram participar desta pesquisa, sendo
sujeitos fundamentais para esta construção com significativas contribuições, e também, aos
profissionais da instituição que se mostraram dispostos a colaborar para este trabalho, em
especial agradeço a Assistente Social Ana Rosa Salvalagio.
A minha orientadora de TCC, Profª Ms. Ane Bárbara Voidelo, por todos os
ensinamentos e sugestões para melhor construir e finalizar este trabalho. Também as
docentes que aceitaram compor minha banca examinadora, Profª Ms. Ana Carolina Becker
Nisiide e Profª Ms. Ester Taube Toretta agradeço por todas as contribuições e
compartilhamentos de conhecimentos, todas foram essenciais para a finalização desta etapa
de formação.
Por fim, agradeço a todos que fizeram parte desse processo de graduação,
acreditando que há uma nova caminhada a se percorrer e conquistar.
OBRIGADA!!!
Tua Família
Percebe e entende que os melhores amigos
São aqueles que estão em casa, esperando por ti
Acredita nos momentos mais difíceis da vida
Eles sempre estarão por perto pois só sabem te amar
E se por acaso a dor chegar, ao teu lado vão estar
Pra te acolher e te amparar.
Pois, não há nada como um lar
Tua família volta pra ela
Tua família te ama e te espera.
Para ao teu lado sempre estar
Tua família volta pra ela
Tua família te ama e te espera
Para ao teu lado sempre estar
(Tua família).
As vezes muitas pedras surgem pelo caminho
Mas em casa alguém feliz te espera, pra te amar
Não, não deixe que a fraqueza tire a sua visão
Que um desejo engane o teu coração
Pois só Deus não é ilusão
E se por a caso a dor chegar, ao teu lado vão estar
Pra te acolher e te amparar
Pois não há nada como o lar.
Tua família volta pra ela
Tua família te ama e te espera
Para ao teu lado sempre estar
Tua família volta pra ela
Tua família te ama e te espera
Para ao teu lado sempre estar
(Tua família)
Tua família
Nossa família
(Banda: Anjos de Resgate / Compositor: Dalvimar)
ORLANDINI, Andressa de Souza. CAPS I de Assis Chateaubriand – PR: a influência da
família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais
Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo-PR, 2017, 73 p.
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Cursos (TCC) aborda a temática “CAPS I de Assis
Chateaubriand – PR: a influência da família no processo de tratamento dos usuários de
transtorno mental com esquizofrenia” e se propõe a responder a seguinte problemática: “Qual
a influência da família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com
esquizofrenia do CAPS I de Assis Chateaubriand – PR?”. Desta forma, esta pesquisa é fruto
de indagações e interesse pessoal, por acompanhar o resultado da pesquisa de Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) realizado em 2016 pela pesquisadora Alessandra de Souza
Orlandini nesta instituição, que teve como enfoque compreender a percepção dos usuários
sobre o processo de reabilitação psicossocial. A partir da leitura desse TCC que levantou
questões sobre a família surgiu a curiosidade de estudar a influência da mesma no processo de
tratamento dos usuários, com recorte no tratamento de esquizofrenia. Quanto aos objetivos
específicos, foram elencados os seguintes: Apreender o contexto histórico da inserção da
família no processo de tratamento dos usuários com esquizofrenia; Compreender o trabalho
desenvolvido com as famílias dos usuários com esquizofrenia do CAPS I; Analisar a
influência das famílias para o processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com
esquizofrenia do CAPS I. Ao referir-se a metodologia, os instrumentais escolhidos para a
abordagem do objeto de estudo são: pesquisa bibliográfica para compreender a temática
central, pesquisa de campo, através da técnica da entrevista semiestruturada, utilizando da
abordagem qualitativa para análise dos dados, e pesquisa documental por meio do cadastro
online dos usuários. A pesquisa é composta por um universo de 4 (quatro) famílias e 4
(quatro) usuários que sejam de primeiro grau e que moram na mesma residência, sendo o
usuário do CAPS I com esquizofrenia, tendo todos suas identidades preservadas, utilizando o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para realizar as entrevistas. Contudo,
analisou-se que a família possui grande influência no processo de tratamento de seus
membros, pois é grande incentivadora, sendo primordial inseri-la nas atividades institucionais
para que seja protagonista juntamente com os usuários, com o intuito de em conjunto com a
equipe busquem avanços, novas propostas e melhores intervenções para o tratamento da
esquizofrenia, ou seja, esta pesquisa possibilitou aprimorar os conhecimentos no âmbito da
Política de Saúde Mental e o envolvimento da família.
Palavra chaves: Família; Esquizofrenia; Tratamento.
LISTA DE SIGLAS
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CAPS I Centro de Atenção Psicossocial I
CF Constituição da República Federativa do Brasil de
1988
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
CID Classificação e Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde
CNSM Conferência Nacional de Saúde Mental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS Ministério da Saúde
PR Paraná
SUS Sistema Único de Saúde
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 10
1 CONTEXTO HISTÓRICO DA SAÚDE MENTAL E SEU SUPORTE PARA O
TRATAMENTO........................................................................................................................
13
1.1 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL..................................................................... 13
1.2 CONFERÊNCIAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL..................................................... 16
1.3 A SAÚDE MENTAL NO PLANO DE SAÚDE NACIONAL, ESTADUAL E
MUNICIPAL...............................................................................................................................
18
2 A FAMÍLIA E O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL........................................................ 22
2.1 A FAMÍLIA E O USUÁRIO COM ESQUIZOFRENIA: SEUS ARRANJOS E
INFLUÊNCIA PARA O PROCESSO DE TRATAMENTO......................................................
22
2.1.1 Caracterização do Portador de Transtorno Mental com Esquizofrenia..................... 29
2.2 CAPS I: AÇÕES DE SAÚDE MENTAL REALIZADAS COM A FAMÍLIA E O
USUÁRIO....................................................................................................................................
31
3 A INFLUÊNCIA DAS FAMÍLIAS PARA O PROCESSO DE TRATAMENTO DOS
USUÁRIOS DE TRANSTORNO MENTAL COM ESQUIZOFRENIA DO CAPS I........
35
3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS NA PESQUISA......................... 35
3.2 O CAPS I DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR................................................................. 38
3.3 ANÁLISE DA PESQUISA COM AS FAMÍLIAS............................................................... 41
3.4 ANÁLISE DA PESQUISA COM OS USUÁRIOS.............................................................. 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 58
APÊNDICES.............................................................................................................................. 63
APÊNDICE A - Formulário de entrevista com familiar.............................................................. 64
APÊNDICE B - Formulário de entrevista com usuário............................................................... 65
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).................................... 66
ANEXOS..................................................................................................................................... 68
ANEXO A - Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo.................................... 69
ANEXO B – Parecer Consubstanciado do CEP.......................................................................... 70
10
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) possui como propósito abordar a
influência que a família exerce na vida dos usuários com esquizofrenia do Centro de Atenção
Psicossocial I (CAPS I) de Assis Chateaubriand no decorrer do tratamento oferecido pela
instituição, na área da saúde mental.
Esse serviço especializado na área da saúde, tem em sua equipe, profissionais que
executam a política de saúde mental, assim Pereira (2000) apresenta que em suas intervenções
devem levantar possibilidades de incluir aqueles que convivem diariamente com o portador de
transtorno mental, apresentando respaldo através das atividades desenvolvidas pela
instituição. E também, que o usuário e sua família ao conviverem em comunidade possam
fortalecer seus vínculos sociais para que sejam suporte no tratamento.
Assim, Santos e Capocci (2003) ao abordarem a esquizofrenia apresentam que os
cuidados devem ser constantes por parte dos familiares no decorrer do tratamento de seus
membros que possuem essa doença, pois os mesmos dependem de maiores auxílios e
acompanhamentos tanto de sua família quanto dos serviços especializados em saúde mental.
Esta pesquisa surgiu pelo interesse pessoal e pela inquietação por acompanhar o
resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) realizado em 2016 pela pesquisadora
Alessandra de Souza Orlandini nesta instituição, que teve como enfoque compreender a
percepção dos usuários sobre o processo de reabilitação psicossocial. A partir da leitura desse
TCC, instigou a curiosidade em estudar a influência da família no processo de tratamento dos
usuários, com recorte no tratamento de esquizofrenia no CAPS I do município. Desta forma,
analisar a realidade que envolve as famílias entrevistadas, perante seu envolvimento no
processo de tratamento dos usuários, e como os mesmos compreendem a influência que vem a
rebater com os cuidados perante a doença.
Sendo assim, observa-se que ao longo da história a família vem mudando sua
composição, sendo que a mesma é composta por uma unidade de pessoas em interação e
vivências próprias, ou seja, segundo Simionato e Oliveira (2003) é um conjunto formado por
várias pessoas com características partilhadas entre si, sejam em seus valores, costumes,
interesses ou sentimentos.
Neste contexto, o questionamento sobre a temática central foi: “Qual a influência da
família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do
CAPS I de Assis Chateaubriand – PR?”. Desta forma, para responder ao propósito da
pesquisa elencou-se os seguintes objetivos específicos: apreender o contexto histórico da
inserção da família no processo de tratamento dos usuários com esquizofrenia, compreender o
11
trabalho desenvolvido com as famílias dos usuários com esquizofrenia do CAPS I e analisar a
influência das famílias para o processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com
esquizofrenia do CAPS I.
Quanto à metodologia para este trabalho, para abordar e conceituar o objeto de estudo
foi utilizada a pesquisa bibliográfica através dos autores: Amarante (2007); Amazonas (2003);
Barchizago (2007); Bilac (2000); Bôas e Sousa (2011); Carvalho (2000); CFESS (2010);
Deslandes (2002); Fonseca (2007); Gil (2009); Laing (1971); Leme (2013); Lima e Mioto
(2007); Machado (2013); Melman (2008); Merhy (2007); Minayo (1994); Minayo e
Deslandes (2010); Neto, Shirakawa e Barros (1999); Nicacio (2013); Pereira (2000); Prado
(1981); Reboli e kruger (2013); Roldão e Moreira (2007); Rosa (2009); Rosa (2000);
Salvalagio e Fernandes (2014); Salvalagio e Fernandes (2013); Santin e Klafke (2011); Santos
e Capocci (2003); Sarti (2000); Schneider e Valle (1996); Silva e Rosa (2014); Simionato e
Oliveira (2003); Szymanski (2000); Vasconcelos (2000); e ainda, os dados do IBGE,
Ministério da Saúde, Constituição Federal de 1988 e algumas legislações. Destaca-se que
produções científicas referentes a família e a doença esquizofrenia, ainda são escassas no
acervo da biblioteca da Universidade, e também a disponibilidade de livros destas áreas, em
específico, no campus de Toledo.
Assim sendo, para que esta pesquisa atinja seus objetivos propostos dividiu-se em três
capítulos este trabalho, ou seja, o primeiro capítulo abordará referências bibliográficas sobre a
reforma psiquiátrica no Brasil de forma breve, as conferências nacionais de saúde mental
juntamente com os planos de saúde nacional, estadual e municipal, bem como a função do
CAPS, enquanto trabalho e tratamento ofertado por se tratar de um serviço especializado no
campo da saúde mental.
O segundo capítulo contemplará o conceito de família e suas múltiplas configurações
de forma breve, entendendo que a mesma possui características que lhe são próprias e que
rebatem no processo de tratamento referente a influência que há na relação entre usuários e
familiares, que após a desinstitucionalização psiquiátrica procurou-se envolver os seus
sujeitos nessa rede de cuidados.
Na sequência, o terceiro e último capítulo inicia apresentando os procedimentos
metodológicos que foram utilizados durante toda a pesquisa, e na sequência informações
sobre o CAPS I implantado no município estudado. Desta maneira, com o propósito de
compreender a influência das famílias para o processo de tratamento dos usuários de
transtorno mental com esquizofrenia do Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) de Assis
12
Chateaubriand – PR as análises dos dados coletados se dividiram em dois tópicos (familiares
e usuários) usando da abordagem qualitativa para análise dos mesmos.
Este trabalho por fim, finaliza-se com as considerações finais, as referências, os
apêndices e os anexos, sendo o TCC requisito parcial para receber o grau de bacharelado em
Serviço Social pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Sendo assim,
esta pesquisa será inovadora, pois até o presente momento ainda são poucos os estudos com
este enfoque nas famílias que acompanham o processo de tratamento de seus membros, ainda
mais em se tratando da esquizofrenia, em específico. Contudo, possuirá relevância social,
contribuindo também para o município, a comunidade acadêmica interessada nessa temática e
aos usuários do CAPS I.
13
1 CONTEXTO HISTÓRICO DA SAÚDE MENTAL E SEU SUPORTE PARA O
TRATAMENTO
Ao considerar o objetivo central desta pesquisa que é compreender a influência da
família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do
CAPS I de Assis Chateaubriand – PR, parte-se pela fundamentação teórica que envolve o
objeto de estudo.
Neste primeiro capítulo serão apresentadas bibliografias que abordam sobre a reforma
psiquiátrica no Brasil, as conferências nacionais de saúde mental e os planos de saúde
nacional, estadual e municipal. Por fim, o papel do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
com relação ao trabalho e tratamento que o mesmo desenvolve por ser um serviço específico
em saúde mental.
1.1 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
A reforma psiquiátrica foi um marco ao se tratar do campo da saúde mental no Brasil,
pois foi o momento em que instaurou-se o movimento sanitário, por meados da década de 70,
em que visava alterações nas formas que eram gerenciadas a saúde, na busca de progressos
quanto ao modelo de atendimento, gestão, e práticas na ânsia de avanços quanto a maneira
asilar de tratamento.
Isto é, foi um processo,
Político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de
diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal,
estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde,
nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos
mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do
imaginário social e da opinião pública. Compreendida como um conjunto de
transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no
cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais
que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses,
tensões, conflitos e desafios. (BRASIL, 2005, p. 6).
Portanto, a reforma psiquiátrica aconteceu através do movimento que os trabalhadores
em saúde mental mobilizaram, isto é, os profissionais, familiares, associações dentre outros se
movimentaram contra as internações psiquiátricas que ocorriam. O movimento sanitário
passou por campos de lutas, e neste período começaram a denunciar as violências ocorridas
dentro dos manicômios às pessoas com transtornos mentais. (BRASIL, 2005).
14
Desta forma, o movimento da reforma psiquiátrica, para as autoras Reboli e Kruger
(2013) ocorreu por meio de quatro relevantes Conferências Nacionais de Saúde Mental1 que
lhe deram suporte e tiveram grande participação da sociedade, ou seja,
[...] representantes desta área, como usuários, familiares, trabalhadores e
intelectuais tem tido inserção significativa nos espaços gerais de participação
social da saúde como nos Conselhos Locais, nos Conselhos e Conferencias
de Saúde nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Para além dos espaços
institucionalizados de participação dos representantes da saúde mental junto
a gestão, pode-se considerar que a área da saúde mental, no âmbito da saúde
pública, é a área que mais possui associações e organizações de seus
usuários, familiares e trabalhadores. (REBOLI; KRUGER, 2013, p. 8).
Neste entendimento Vasconcelos (2000) aborda que a assistência psiquiátrica
primeiramente teve como propósito “transformar internamente o asilo e o hospital
psiquiátrico, na tentativa de humanizá-los e de torna-los terapêuticos e mais eficazes na
recuperação da população internada.” (VASCONCELOS, 2000, p. 38). A
desinstitucionalização teve como proposta central,
Uma mudança completa do paradigma de saber em saúde mental e, do ponto
de vista assistencial, na constatação de que o hospital psiquiátrico tradicional
é definitivamente antiterapêutico, e que a estratégia de conversão do sistema
de cuidado deve partir da substituição radical do hospital por um amplo rol
de serviços abertos e comunitários, capazes de assistir o usuário desde a crise
aguda e as demandas de cuidado psicológico até as necessidades mais
amplas de caráter social. (VASCONCELOS, 2000, p. 39).
Assim sendo, com a Constituição de 1988, que garante o direito a saúde a todos,
possuindo o Estado o dever de sua efetivação, sendo através do Art. 196 “[...] garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”. (BRASIL, 2016b, s.p.).
E por meio da Lei 10.216 de 06 de abril de 20012, esta que tem como propósito
proteger os direitos das pessoas portadoras de transtorno mental, direcionando o modelo de
assistência em saúde mental. Apresentando no Art. 2 seus direitos a,
1
I Conferência Nacional de Saúde Mental (1987); II Conferência Nacional de Saúde Mental (1992); III
Conferência Nacional de Saúde Mental (2001); IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial (2010).
(REBOLI; KRUGER, 2013, p. 9). 2 Conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica e também como Lei Paulo Delgado, este que é um político
brasileiro que elaborou o projeto desta lei, que visa um novo modelo de tratamento aos portadores de transtornos
mentais no Brasil.
15
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas
necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse
exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela
inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra
qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas
informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer
tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII
- receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos
invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços
comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001, s. p.).
Abordar essa mudança em relação a saúde mental quanto sua forma de assistência,
evidencia-se os novos modelos que surgiram para substituir os antigos hospitais psiquiátricos.
Ou seja, em seu Art. 3° aborda que,
É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde
mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a
qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores
de transtornos mentais. (BRASIL, 2001, s. p.).
Desta forma, esta lei também evidencia a atribuição do governo para efetivar esta
política de saúde mental em prol de um suporte a todos que utilizam destes serviços. E neste
sentido conforme Fonseca (2007), a Lei da Reforma Psiquiátrica trouxe um novo horizonte ao
se tratar da saúde mental e significou décadas de mobilizações antimanicomial, no qual houve
o questionamento das intervenções psiquiátricas “que condenava ao exílio social involuntário
e ao cárcere privado pessoas no gozo pleno de seus direitos de cidadão” (FONSECA, 2007, p.
39), possibilitando avanços aos portadores de transtorno mental assegurando seus direitos no
campo da saúde mental a partir desta lei.
Assim sendo, é de forma gradativa que o antigo sistema hospitalocêntrico será
substituído por novos modelos de atenção em saúde mental, visando garantir os cuidados
necessários àqueles que sofrem de transtorno mental, por meio de,
[...] uma rede integrada de variados serviços assistenciais de atenção
sanitária e social, tais como ambulatórios, emergências psiquiátricas em
hospitais gerais, leitos ou unidades de internação psiquiátrica em hospitais
gerais, hospitais-dia, hospitais-noite, centros de convivência, centros
comunitários, centros de atenção psicossocial, centros residenciais de
cuidados intensivos, lares abrigados, pensões públicas comunitárias, oficinas
de atividades construtivas e similares. (PARANÁ, 1995, p. 1).
16
Portanto, a reforma psiquiátrica para Roldão e Moreira (2007) no Brasil, ainda vem
sendo efetivada por meio de ações realizadas pelo movimento da luta antimanicomial, este
que é “composto por muitos usuários dos serviços e seus familiares, profissionais da área da
saúde, setores da sociedade civil e do poder público, sensibilizados com o desprezo, o
descuido e a falta de dignidade com que a sociedade tratou esta parcela da população.”
(ROLDÃO; MOREIRA, 2007, p. 69 e 70). Isto é, garantindo os direitos e humanizando os
tratamentos voltados para os usuários da política de saúde mental, através de todas as
legislações em saúde que subsidiam tais intervenções e também conferências nacionais de
saúde mental no Brasil, estas, que são importantes para discutir e levantar novas propostas.
1.2 CONFERÊNCIAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL
No Brasil aconteceram 4 (quatro) Conferências Nacionais de Saúde Mental, num
momento relevante para a história e para a psiquiatria, pois são encontros que possibilitam
reflexões e discussões por parte de toda a sociedade envolvida objetivando pensar melhorias
no atendimento da população usuária desses serviços.
Ou seja, “a história das Conferências demonstra que esses espaços têm se constituído
como locus privilegiado para análises e deliberações que se refletem em significativos
avanços para o desenvolvimento da Política de Saúde Mental no Brasil” (CFESS, 2010, p. 1).
Neste caso, a I CNSM3 aconteceu no Rio de Janeiro em 1987, no qual possuiu em sua
realização 3 (três) temas básicos discutidos, que foram: “I - Economia, Sociedade e Estado:
impactos sobre saúde e doença mental; II - Reforma sanitária e reorganização da assistência à
saúde mental; III - Cidadania e doença mental: direitos, deveres e Legislação do doente
mental”. Assim sendo, conforme CFESS (2010), este momento foi para enfatizar o portador
enquanto um sujeito possuidor de direitos, e de repensar a forma de atendimento dos hospitais
psiquiátricos visando enfrentar seus impasses para melhor atender os usuários de saúde
mental. (BRASIL, 1988, p.3).
Já no ano de 1992 em Brasília realizou-se a II CNSM4, que foi uma conferência que se
constituiu pela participação de vários sujeitos de distintos setores, isto é, discutiram as
seguintes temáticas: Rede de atenção em saúde mental; Transformação e cumprimento de leis;
e Direito à atenção e direito à cidadania. (BRASIL, 1994).
3 [...] esta I Conferência foi realizada no contexto dos princípios e diretrizes da 8ª Conferência Nacional de
Saúde, marco histórico no campo da saúde e da construção do Sistema Único de Saúde. (BRASIL, 2002b, p. 13). 4 [...] já dentro de um avanço mais significativo na implementação do SUS, significou uma ampla mobilização
nas suas diversas etapas municipais, estaduais e nacional, contando também com uma participação expressiva de
usuários e familiares, pela primeira vez na nossa história [...]. (BRASIL, 2002b, p. 13 e 14).
17
Assim sendo,
Esta edição da CNSM se tornou inspiração para toda a legislação posterior
em relação à reversão do modelo de atenção em Saúde Mental, apontando
para a necessidade do desenvolvimento de práticas que estimulassem o
potencial dos indivíduos com sofrimento psíquico; a definição da equipe de
saúde como necessariamente multiprofissional; a importância da
participação mais efetiva dos auxiliares e atendentes nas práticas
terapêuticas; o respeito e escuta dos diferentes saberes, inclusive dos
usuários, e a necessidade de implicação de toda a equipe no processo de
mudança cultural do entendimento da saúde/doença mental. (CFESS, 2010,
p. 1).
Anos posteriores sugerindo apreciar o processo da reforma psiquiátrica, estipularam
percursos novos para efetivá-la, assim decidiu-se os temas e como se organizaria a realização
da III CNSM no ano de 2001 em Brasília, em que
[...] o tema central das discussões estava solidamente vinculado ao tema
mundial proposto pela Organização Mundial da Saúde para o ano de 2001,
“Cuidar, sim. Excluir, não”, afirmativo de uma ética e de uma direção
fundamentais para o campo da atenção psiquiátrica e em saúde mental. Por
outro lado, encontrava-se também vinculado a um tema local, presente no
título, “Efetivando a Reforma Psiquiátrica, com Acesso, Qualidade,
Humanização e Controle Social”, indicativo de sua organicidade com a
construção de um Sistema Único de Saúde - público, democrático, de amplo
acesso, eficaz, construtor de cidadania e com controle social [...].Assim
definidos os termos do debate, foram os seguintes os subtemas que o
organizaram: financiamento; recursos humanos; controle social, e
acessibilidade, direitos e cidadania. (BRASIL, 2002b, p. 14-15).
Desta forma, esta conferência também foi marcada conforme CFESS (2010) pelo
período em que se aprovou a Lei 10.216/2001 que assegura os direitos das pessoas que
possuem transtorno mental, isto é, “ressaltou os direitos de cidadania do portador de
transtorno mental; a necessidade de políticas que fomentassem sua autonomia [...]” (CFESS,
2010, p. 2).
Por fim, a IV CNSM aconteceu em 2010 em Brasília, contou com a presença de vários
participantes, sendo a mesma intersetorial. Esta conferência teve como tema,
[...] “Saúde Mental direito e compromisso de todos: consolidar avanços e
enfrentar desafios”- permitiu a convocação não só dos setores diretamente
envolvidos com as políticas públicas, mas também de todos aqueles que têm
indagações e propostas a fazer sobre o vasto tema da saúde mental. A
convocação da intersetorialidade, de fato, foi um avanço radical em relação
às conferências anteriores, e atendeu às exigências reais e concretas que a
mudança do modelo de atenção trouxe para todos [...]. (BRASIL, 2010, p.
7).
18
Compreender o que foi o modelo asilar e superá-lo, para assim, concretizar a reforma
psiquiátrica, exige proporcionar relações entre quem trabalha na saúde, os usuários dos
serviços e seus familiares, isto é, nortear um atendimento que seja acolhedor fortalecido nos
vínculos que impeça a reprodução das intervenções que eram realizadas nos manicômios.
(BRASIL, 2010).
Desta forma, destacou-se a importância de que os serviços substitutivos fossem
modelos humanizados, e que contassem com a presença de todos os envolvidos,
principalmente das pessoas que fazem uso dos serviços pensando “na elaboração e condução
dos seus projetos terapêuticos, fortalecendo o “protagonismo social”, no sentido de
desenvolver autonomia e autodeterminação”. (BRASIL, 2010, p. 63). Assim sendo, também
requer possibilitar inserir os familiares para que os mesmos participem dessa construção
juntamente com a rede de serviços.
Com essa perspectiva, a IV Conferência Nacional de Saúde Mental –
Intersetorial (IV CNSM – I) ratifica a necessidade de criação de políticas
intersetoriais e de potencialização de ações que garantam: o atendimento, a
capacitação, a informação, o suporte às famílias e aos cuidadores dos
usuários, envolvendo todos os atores no processo terapêutico; e o
acolhimento na rede de serviços de saúde mental e nos diferentes serviços
que compõem a rede – por exemplo, Centro de Referência Especializado de
Assistência Social, Centro de Referência da Assistência Social, Atenção
Primária, Educação – compartilhando e multiplicando o cuidado em saúde
mental, fortalecendo a co-responsabilidade, o compromisso com o
tratamento, e resgatando o protagonismo de todos os atores. (BRASIL, 2010,
p. 63).
Portanto, todas as CNSM foram importantes para a discussão na área da saúde mental,
pois possibilitou envolvimento da população nos seus variados setores, sendo fundamentais
para se pensar democraticamente novas políticas em prol do direito de todos os envolvidos,
avançando quanto à antiga forma de atendimento. (BRASIL, 2002b).
1.3 A SAÚDE MENTAL NO PLANO DE SAÚDE NACIONAL, ESTADUAL E
MUNICIPAL
Para compreender como a saúde mental está estruturada é fundamental analisar como
a mesma está posta num plano maior que lhe ofereça suportes necessários para sua efetivação.
Isto é, o Plano Nacional de Saúde estudado se,
19
[...] constitui‐se no instrumento central de planejamento para o período de
2016 a 2019. Ele orienta a implementação de todas as iniciativas de gestão
no Sistema Único de Saúde (SUS), explicitando os compromissos setoriais
de governo, além de refletir, a partir da análise situacional, as necessidades
de saúde da população e a capacidade de oferta pública de ações, serviços e
produtos para o seu atendimento. (BRASIL, 2016a, p. 3).
Desta forma, o plano é resultado de várias discussões, com o intuito de efetivar tal
política, para que assim busque sua “ampliação e qualificação do acesso universal, em tempo
oportuno, contribuindo para a melhoria das condições de saúde, promoção da equidade e da
qualidade de vida dos brasileiros” (BRASIL, 2016a, p. 3).
No país, a saúde mental é compreendida como uma área de serviço e atendimento
àqueles que possuem algum transtorno mental, e assim deve-se procurar efetivar a atenção
adequada aos mesmos. Assim, o Sistema Único de Saúde para subsidiar tais intervenções
dispõe de “[...] uma rede de serviços e equipamentos variados, tais como os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de
Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III)”.
(BRASIL, 2016a, p. 41). Também referente aos Centros de Atenção Psicossociais no Brasil
no período de 2011 até 2014, os mesmos ultrapassaram de 1.701 para 2.209, resultando em
um acréscimo de 29,86%. (BRASIL, 2016a).
Portanto, quanto aos objetivos e metas do plano nacional de saúde, ao referir-se a
saúde mental estabelece que visa comprometer-se as intervenções frente aos usuários
portadores de transtornos mentais, buscando expandir a rede de cuidados, com o propósito de
diminuir as antigas internações psiquiátricas, substituindo aos novos dispositivos de
atendimento. (BRASIL, 2016a).
É apontado através da Secretaria de Estado da Saúde e do Conselho Estadual de Saúde
as respectivas ações, metas e diretrizes no âmbito da saúde pública do estado um plano que
subsidiará entre os anos de 2016 até 2019 todas as atividades ao se tratar da rede de saúde.
Isto é, “[...] têm a função de qualificar o atendimento a todos os paranaenses, mas também de
estimular o cidadão paranaense a ser agente de sua própria saúde ao adotar hábitos saudáveis
de vida e atitudes preventivas. (PARANÁ, 2016, p. 13).
Desta forma, o plano de saúde,
[...] é o instrumento central de planejamento para definição e implementação
das prioridades no âmbito da saúde de cada esfera da gestão do SUS para o
período de quatro anos. Reflete as necessidades de saúde da população e as
peculiaridades próprias de cada esfera, explicita os compromissos do
governo para o setor Saúde e configura-se como base para execução,
20
acompanhamento e avaliação da gestão do Sistema de Saúde. (PARANÁ,
2016, p. 15).
No campo da saúde mental, estabelece a necessidade de implantação de uma rede de
atenção que realize suas intervenções em base territorial, com suporte também intersetorial
com intuito de diminuir qualquer sofrimento por aqueles que possuem algum transtorno
mental. Dentre várias diretrizes e ações apresentadas pelo plano estadual, destaca-se que a
importância de um “[...] Plano de Cuidados realizado em conjunto com o usuário e familiares
possibilita uma maior vinculação aos profissionais e ao serviço, promovendo uma
corresponsabilização de todos os envolvidos”. (PARANÁ, 2016, p. 130). Assim,
A manutenção das ações de sensibilização e qualificação da APS5 em saúde
mental é de suma importância, uma vez que ainda há muito
desconhecimento e receio por parte dos profissionais da APS em relação ao
cuidado a ser oferecido às pessoas em sofrimento mental e seus familiares.
E, ainda, faz-se necessária a desconstrução da lógica de que o cuidado em
saúde mental é exclusivo da Atenção Especializada, pois esse cuidado é de
responsabilidade compartilhada entre todos os níveis de atenção. (PARANÁ,
2016, p. 130).
Sendo assim, pensar a saúde mental é importante buscar o envolvimento de não
somente os gestores e trabalhadores da saúde, mas também de todos os níveis de atendimento,
os familiares e comunidade com o intuito de efetivar um cuidado que respeite o sujeito
independente de sua patologia.
Desta forma, ao se tratar do município de Assis Chateaubriand6 – PR quanto ao seu
plano municipal de saúde, o mesmo que foi elaborado no ano de 2013 para ser executado
entre os anos de 2014 a 2017 (PARANÁ, 2013),
Em 2012 a Saúde Mental realizou 8.101 (oito mil cento um) atendimentos,
com média de 675 (seiscentos setenta cinco) atendidos por mês. Foram
disponibilizados 624.106 (seiscentos vinte quatro mil cento seis) unidades de
medicamentos, número este inferior ao ano anterior 822.477 (oitocentos
vinte dois quatrocentos setenta sete unidades). Além disso, foram realizadas
277 (duzentas setenta sete) consultas de psiquiatria. Além do atendimento de
740 atendimentos psicológicos (em média 61 pacientes/mês) também foram
realizados 21 (vinte e um) internamentos em Hospitais de referência na área,
abrangendo psiquiatria, álcool e drogas. (PARANÁ, 2013, p. 24).
5 Atenção Primária à Saúde.
6 [...]compõe-se de dois distritos: Bragantina e Encantado do Oeste e conta com os seguintes patrimônios: Terra
Nova do Piquiri, Nice, Engenheiro Azaury, São Pedro do Piquiri, Silveirópolis, Alto Alegre e São Cosme e
Damião. (PARANÁ, 2013, p. 6).
21
Isto é, o plano de saúde de Assis Chateaubriand consta de informações básicas
referente a área da saúde mental, considerando escasso ainda tais informações e possíveis
intervenções nesta área da saúde. No entanto, analisou-se que tanto o plano municipal de
saúde, quanto o projeto terapêutico do CAPS I foram elaborados no ano 2013, ano que estava
sendo implantada a instituição pensando na melhoria do atendimento prestado a todos que
utilizam de tal serviço especializado, tendo como suporte o “[...] diagnóstico situacional da
saúde mental no município de Assis Chateaubriand e partindo da solicitação da equipe técnica
e gestores [...]”. (SALVALAGIO; FERNANDES, 2013, p. 12). Pois, antes de se implantar o
Centro de Atenção Psicossocial, os serviços e encaminhamentos eram ofertados no posto de
saúde central, desta forma, para futuras elaborações do plano espera-se mais informações e
direcionamentos frente ao serviço, agora especializado, que está sendo ofertado em espaço
específico, e também demais atividades desenvolvidas aos usuários e familiares da instituição.
Portanto, o próximo capítulo abordará sobre a família e o cuidado na área da saúde
mental, entendendo como a esquizofrenia se caracteriza, tendo os CAPS como fundamentais
serviços de acolhimento para o usuário de transtorno mental e também de sua família, para
que assim, possibilite a reabilitação dos usuários por meio de atividades que potencializem
suas capacidades e criatividades.
22
2 A FAMÍLIA E O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Neste segundo capítulo será abordado brevemente o conceito de família dentro de suas
configurações, entendendo suas formas variadas de organização, com práticas, valores e
crenças que são próprias de cada uma delas. Ou seja, a família e o cuidado em saúde mental
ao tratar-se da influência no processo de tratamento, pois a desinstitucionalização psiquiátrica
teve como propósito buscar o envolvimento da família neste processo, criando uma rede que
proporcione melhores possibilidades e formas de cuidado.
Também foi caracterizada desta maneira, no caso aqui estudado, a esquizofrenia como
um transtorno mental, e as ações no âmbito da saúde realizadas nos CAPS para as famílias e
os usuários.
2.1 A FAMÍLIA E O USUÁRIO COM ESQUIZOFRENIA: SEUS ARRANJOS E
INFLUÊNCIA PARA O PROCESSO DE TRATAMENTO
Abordar o conceito de família nos dias atuais requer reflexões variadas de como as
mesmas evoluíram, e estão se modificando. Primeiramente, para o avanço do estudo precisa-
se compreender o significado do termo, assim
A palavra FAMÍLIA, no sentido popular e nos dicionários, significa pessoas
aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a
mãe e os filhos. Ou ainda, pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem,
estirpe ou admitidos por adoção. (PRADO, 1981, p. 7).
Neste entendimento Prado (1981) expõe que, a família é entidade que pertence a todos,
porém, para algumas pessoas defini-la, é difícil, ainda mais no que se refere ao seu conceito
exatamente, indo além das definições de livros. Ao buscar definir família, depara-se com
diversos tipos e a mesma, apesar dos momentos de crise e de sua evolução, tende a manifestar
até os dias de hoje a grande capacidade de buscar a sobrevivência, e porque não também, de
adaptar-se sendo que perdura por diversos aspectos.
Portanto, ainda de acordo com Prado (1981), a família não é um simples fenômeno
natural, mas sim uma instituição social que varia e dispõe de variedades de formas e
finalidades em determinada época e lugar, conforme se observa o grupo social. Ou seja, o
fator social que prevalece sobre o fator natural. Como toda instituição social, a família dispõe
de aspectos positivos, enquanto núcleo afetivo, de solidariedade e apoio. Mas também há os
aspectos negativos, como forma de imposição normativa através de leis, costumes e usos, que
23
envolvem formas e finalidades rígidas, tornando-se muitas vezes, elemento que coage
socialmente, que gera conflitos e ambiguidades.
A família também conforme a mesma autora, não é apenas um tecido fundamental de
relações, mas também, é uma união de papéis que são definidos socialmente. A forma como a
família organiza a sua vida depende dos costumes e usos que através da sociedade se espera
de um pai, de uma mãe, dos filhos, enfim de todos os seus membros. Isto é, “[...] a família
brasileira representa a principal instituição balizadora das relações sociais, da construção da
identidade pessoal, bem como espaço de solidariedade e reprodução material e ideológica.”
(ROSA, 2000, p. 263).
Ao relacionar a família em suas expectativas no coletivo, Carvalho (2000) nos diz que
a mesma ainda se encontra em idealizações impregnadas. A expectativa maior é que a família
gere os cuidados devidos, a proteção, o aprendizado através da afetividade, a construção de
identidade e demais relações de vínculos aos quais seus membros pertençam, promovendo
assim uma melhor qualidade de vida para os mesmos e a efetivação da inclusão social na
comunidade, sociedade em que habitem.
Porém, muitas vezes, essas expectativas estão postas como possibilidades e não
garantias. O contexto em que vive a família pode ser de forma fortalecedora ou destruidora de
suas possibilidades e potencialidades, ou seja,
É preciso olhar a família no seu movimento. (...) este movimento de
organização-reorganização torna visível a conversão de arranjos familiares
entre si, bem como reforça a necessidade de se acabar com qualquer estigma
sobre as formas familiares diferenciadas. Evitando a naturalização da
família, precisamos compreendê-la como grupo social cujos movimentos de
organização-desorganização-reorganização mantêm estreita relação com
contexto sócio-cultural. (AFONSO; FIGUEIRAS, 1995 apud CARVALHO,
2000, p. 14).
O início da vida para o desenvolvimento emocional segundo Szymanski (2000), é uma
descoberta crucial, que focaliza a família posteriormente como lócus potencial de que a
mesma é produtora de pessoas saudáveis, com estável emocional, de forma feliz e equilibrada,
ou também pode gerar inseguranças, desequilíbrios e assim demais problemas na questão de
comportamento. Ao interpretar as inter-relações que no contexto da estrutura passaram a ser
feitas por um determinado tipo de família, esta ao se afastar desse modelo de estrutura era
denominada de “desestruturada” ou até mesmo “incompleta”, tornando assim como foco a
estrutura da família e não mais a qualidade que nela possuía referente às suas inter-relações.
24
De modo particular, cada família de acordo com Szymanski (2000), se emociona, e
assim vão criando uma forma própria de “cultura” familiar, com códigos próprios, com
arranjos que lhe são próprios para interpretar e se comunicar, com seus jogos, regras e ritos. E
que, no dia a dia tais significados não são expressados, pois o que se tem são ações que são
explicadas em um contexto de emoções que se entrelaçam com o labirinto dos códigos
particulares, culturais e familiares. Tais sentimentos e intepretações causam atitudes que vão
formar um contexto cuja trama estrutura o universo familiar.
As mudanças atualmente ocorridas na família conforme Sarti (2000), estão
relacionadas ao sentido da tradição em sua perda. A sociedade em que vivemos aborda uma
tradição abandonada como em nenhuma outra época da história. O amor, o casamento, a
família, a sexualidade e o trabalho estão sendo vividos de forma preestabelecidos, passando a
serem concebidos como segmento de projeto que a individualidade necessita, e que adquire,
cada vez mais, maior importância. A família é uma esfera social que apresenta diferença
complementar em relação a marido e mulher, quanto entre pais e filhos. A lógica que há no
caráter relacional da família se dá em sua própria constituição.
A família ao ser analisada quanto a sua influência no processo de tratamento do
usuário de transtorno mental, deve levar em conta o contexto da Reforma Psiquiátrica que
aconteceu por volta dos anos de 1970, que culminou em novas formas de atendimentos, não
excludentes como anteriormente. Isto é, a perspectiva da desinstitucionalização diz respeito a,
Lutar por mudanças na correlação de poder nas relações familiares, nos
âmbitos sociais, nos lugares de trabalho, nos serviços sanitários e nas
instituições de controle social. Nesse sentido, a reforma psiquiátrica tem
como eixo central as relações sociais voltadas para ações de ruptura do
preconceito e dos mecanismos de exclusão, tendo como horizonte a
concretude da reprodução social do usuário com liberdade e o
reconhecimento dos seus direitos civis, políticos e sociais. (ROTELLI et al.,
2001 apud MACHADO, 2013, p. 141).
Neste entendimento, ao abordar a esquizofrenia7 no âmbito familiar é necessário
buscar a compreensão desta doença e o processo de tratamento, é essencial que o usuário
possua aceitação para que haja uma melhor efetivação do tratamento, ou seja, “o portador
deve ser comunicado de sua doença, suas características e seu diagnóstico” (NETO;
SHIRAKAWA; BARROS, 1999, p. 39), assim sendo, a família e o portador deste transtorno
mental devem possuir orientação e interlocução com a equipe de tratamento.
7 De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID),
a esquizofrenia se enquadra: CID 10 - F 20-29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes.
(BRASIL, 2008).
25
É muito importante que o portador de esquizofrenia seja conscientizado da
doença e das etapas de tratamento. A aceitação da doença é fundamental
para o sucesso do tratamento. O portador deve ser comunicado de sua
doença, suas características e seu diagnóstico. Apenas deve se escolher o
momento adequado para essa comunicação. (NETO; SHIRAKAWA;
BARROS, 1999, p. 39).
A família que em seu meio possui um membro portador com transtorno mental,
apresenta um acúmulo de responsabilidades dentro de sua residência, quanto aos cuidados no
tratamento. Compreendendo que,
Devido ao preconceito ainda existente na sociedade contra portadores de
transtorno mental e ao pouco conhecimento sobre a doença mental, há uma
tendência dos familiares a se isolarem do ambiente social, afastando-se de
amigos e de outros familiares, não comparecendo a festas e eventos. Tal
situação pode ser observada com mais profundidade naquele familiar que
fica diretamente responsável pelo cuidado do portador de transtorno metal
[...]. (PEREIRA, 2000, p. 254).
Isto é, os profissionais da política de saúde mental em sua atuação devem trabalhar em
conjunto com a família com intuito de superar os obstáculos que se apresentam com quem
convive com esses usuários, propiciando apoio por parte dos serviços especializados no
campo da saúde mental. E neste sentido, quando familiares e usuários se envolvem na
sociedade criando vínculos culturais, de amizade, de trabalho, dentre outros, “[...] não só
constituem importantes bases de apoio ao indivíduo e à família em momentos de crise, como
também impedem o adoecimento, e em determinados casos, a recaída”. (PEREIRA, 2000, p.
255).
Desta maneira, Santos e Capocci (2003) apresentam que pensar usuários com
esquizofrenia e a influência que os mesmos recebem de seus familiares possibilita uma
recuperação mais fácil, o que faz pensar em ações profissionais que envolvam a família no
tratamento, entendo a esquizofrenia como,
Distúrbios caracterizados em geral por uma perturbação fundamental, com
distorções do pensamento e da percepção, e por afetos que são inadequados
ou embotados. A perturbação envolve as funções mais básicas que dão à
pessoa normal o senso de individualidade, unicidade e direção de si mesma.
Os sentimentos, pensamentos e atos mais íntimos são sentidos como
conhecidos ou partilhados por outros e podem ocorrer delírios explicativos,
que figuram forças naturais ou sobrenaturais. (SANTOS; CAPOCCI, 2003,
p. 13).
Sendo assim, são sintomas que as pessoas possuem por uma desorganização, seja ela
total ou parcial, da sua personalidade que modifica sua realidade, e que ocasiona alucinações,
26
ilusões ou delírios no indivíduo, conforme Santos e Capocci (2003). Apesar de numa família
haver conflitos, segundo Prado (1981) ela se torna “única” ao tratar do papel que ela possui
para o desenvolvimento da sociabilidade, afetividade e bem-estar físico dos indivíduos. No
entanto,
A história da humanidade vem confirmando ser a Família um espaço de
convivência, crescimento e amadurecimento humano, matriz do processo
socializante e referencial de vida e de valores éticos dos seus componentes,
inclusive na dinâmica dos novos arranjos estruturais propiciadores de
vínculos complexos, diversificados e indefinidos. Sob a ótica antropológica a
Família revela-se como símbolo de apoio dos seus integrantes, transmissora
de valores e critérios de orientação de conduta, que entrelaça redes de
pessoas, vertical e/ou horizontalmente, agregando afetividade ao núcleo que
define a união dos seus integrantes. (LÔBO, 2009 apud BÔAS; SOUSA,
2011, p. 193).
Assim sendo, conforme Santos e Capocci (2003) pensar a doença esquizofrenia e a
influência que as famílias possuem na vida de seus membros com este transtorno mental,
tende a acarretar uma maior dedicação e acompanhamento, pois requer cuidado constante,
porque a pessoa com esquizofrenia se torna mais dependente, isto é, os membros familiares se
tornam fundamentais na busca de serviços especializados em saúde e participação no processo
de tratamento.
De acordo com Szymanski (2000), é necessário compreender que ao se tratar do
mundo familiar, nele se encontra presente formas variadas em sua organização, onde são
postas crenças, valores e práticas, que no decorrer da vida acontecem formas alternativas de se
buscar. Porém, não se deve desconsiderar que essas múltiplas manifestações pertencem a uma
forma que seja única quando se tratam de comunicação, interpretação e emoção entre os
membros envolvidos de uma determinada família.
Normalmente é a família ou outras pessoas próximas do usuário que reconhecem o
transtorno mental, pois Rosa (2000) aborda que isto acontece pelas mudanças de
comportamento que o mesmo apresenta. E conviver com uma pessoa enferma pode causar
conflitos no quesito emocional da família, devido a sobrecarga que o cuidado requer, o
estigma perante a sociedade, e “[...] apresenta sentimentos de proteção simultâneos com
sentimentos de rejeição, cuja ambiguidade constitui fonte de angústia. Toda as questões que
circunscrevem essa patologia manifestam-se nas exigências específicas por cuidados [...]”
(ROSA, 2000, p. 271).
27
Geralmente, as famílias chegam aos serviços psiquiátricos angustiadas,
estressadas, com aguçado sentimento de culpa, sem compreender o
transtorno mental e sem saber como lidar cotidiana e praticamente com as
questões que este coloca, e com seus recursos materiais e psicossociais
saturados e/ou esgotados. (ROSA, 2000, p. 280).
Torna-se um desafio qualquer conceito geral de família quanto a sua variedade
histórica, pois a generalização do termo ao mesmo tempo designa historicamente grupo e
instituições tão diferentes, finaliza as diversas formas de relação entre reprodução e esferas da
vida social. A família pode ser uma instituição fundada na reprodução cotidiana entre os seres
humanos, ao mesmo tempo, que possui algumas limitações em suas esferas, também há novas
relações que são estabelecidas entre elas (ROSA, 2000).
Não se trata apenas do fato de que as estruturas familiares parece obedecer a
modelos diversos que, por sua vez, respondem a solicitações diferenciais da
sociedade, através do desenvolvimento e manutenção de nexos bastantes
distintos, ou com a esfera do trabalho, ou com o Estado, ou com o consumo,
ou, ainda, pela forma como estes modelos desenvolvem uma dimensão
cultural propriamente dita. O que parece mais importante é que a uma
comparação entre os estudos de família realizados no Brasil permite também
uma reflexão um pouco mais aprofundada sobre quais seriam as relações
significativas e que níveis de autonomia, em relação à sociedade inclusiva,
seriam possíveis à família, como estrutura de reprodução humana, nos
diferentes grupos sociais. (BILAC, 2000, p. 33).
As mudanças que atualmente existem nas esferas familiares segundo Sarti (2000),
acontecem como projeto que emancipa e institui os novos padrões de comportamento, que só
foram possíveis na maneira que as realidades externas à família afetaram de maneira decisiva
a vida social desta esfera, pois a família não se encontra como uma totalidade de forma
homogênea, e sim um universo diferenciado de mudanças, e alterações que de modo diverso
atinge cada relação e cada parte da estrutura familiar.
Assim sendo, Melman (2008) aborda que o movimento da reforma psiquiátrica e a
desospitalização significaram aos portadores de transtorno mental uma outra maneira para
tratamento, por meio de serviços fora dos hospitais ou seja, a área da saúde mental e os
familiares precisaram repensar suas relações. Isto é,
As famílias se viram estimuladas e pressionadas a voltar a assumir a
responsabilidade pelo cuidado de seus membros doentes. A presença do
usuário na comunidade demandava a criação de dispositivos terapêuticos
mais complexos e eficazes para enfrentar necessidades mais complexas e
abrangentes da existência cotidiana dos pacientes psiquiátricos no espaço
social. (MELMAN, 2008, p. 61).
28
Neste entendimento, ainda de acordo com o autor, ao se fechar os hospitais
psiquiátricos e seus leitos acarretou aos profissionais de saúde mental a importância de fazer
com que os pacientes pudessem ter um retorno à comunidade. Desta maneira,
Os técnicos foram impelidos a uma reflexão e a uma revisão de suas teorias e
práticas. A nova situação impunha desenvolver estudos que passassem a
investigar novos cenários, organizados em torno da interação dos atores
envolvidos: usuários, familiares, técnicos e o restante da sociedade.
(MELMAN, 2008, p. 61).
Desta forma, a família, ao possuir um membro portador de transtorno mental enfrenta
a mesma alteração, por muitas vezes demandar ao familiar o cuidado e acompanhamento de
seus entes, ou seja, pode apresentar uma sobrecarga, como “[...] os encargos econômicos,
físicos e emocionais a que os familiares estão submetidos e o quanto a convivência com um
paciente representa em peso material, subjetivo, organizativo e social.” (MELMAN, 2008, p.
79).
O conhecimento desse quadro de sobrecarga por parte dos profissionais de
saúde sugere que as intervenções terapêuticas levem em consideração essa
realidade. Ajudar os familiares na interação e na gestão da vida cotidiana dos
pacientes alivia o peso dos encargos, facilita o processo de estabelecimento
de uma cooperação, diminui os fatores estressantes ativadores de situações
de crise, estimula a criação de possibilidades participativas, melhorando a
qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas. (MELMAN, 2008, p. 80).
No que diz respeito ao cuidado em saúde mental e a família como sujeito de
intervenção, Melman (2008) enfatiza que não se pode evidenciar somente a convivência dos
sujeitos com transtorno mental no âmbito familiar, mas considerar também as relações sociais
que estão em torno das pessoas em sua rede social, isto é, “o uso operacional do conceito de
rede social8 inscreve o indivíduo e sua família em um determinado território social e favorece
que os operadores de saúde mental ampliem seu território de intervenção” (MELMAN, 2008,
p. 86), mobilizando ações terapêuticas relevantes para o processo de tratamento, pois os
serviços de saúde são partes constitutivas também dessa rede. Sendo assim,
[...] A multiplicidade de pessoas e relações que compõem uma instituição
pode gerar um grande mercado de possibilidades para a tessitura de uma
rede maior, mais forte, com mais nós, capaz de gerar mais possibilidades,
mais suporte afetivo e material, melhorando a qualidade de vida de todas as
pessoas participantes do processo. (MELMAN, 2008, p. 87).
8 [...] incluem todo o conjunto de vínculos interpessoais significativos do sujeito: família, amigos, relações de
trabalho, de estudo, vínculos na comunidade, vínculos coletivos, sociais e políticos. (MELMAN, 2008, p. 86).
29
Portanto, pensar no cuidado em esquizofrenia conforme Neto, Shirakawa e Barros
(1999) esta que é uma doença crônica, é buscar compreender que lidar com um transtorno
mental de longa duração precisa saber conviver com a doença, e mais que isso, “[...] é preciso
igualmente aprender a melhor forma de conviver com médicos e medicamentos, com
terapeutas e com o sistema de saúde como um todo” (NETO; SHIRAKAWA; BARROS,
1999, p. 49). Ou seja, para que profissionais e serviços que estão envolvidos com esta política
de atuação, possam compreender o que caracteriza o transtorno mental abordado e assim,
realizar intervenções eficazes para o tratamento por meio de uma rede de cuidados.
2.1.1 Caracterização do Portador de Transtorno Mental com Esquizofrenia
Abordar a esquizofrenia, devem-se levar em conta várias questões, pois este transtorno
mental é um dentre tantos outros transtornos mentais, que sofrem estigmas e preconceitos
pelas pessoas por não terem informações adequadas quanto a sua definição e sintomas. Isto é,
a “esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza por uma desorganização de diversos
processos mentais, levando o portador a apresentar vários sintomas” (NETO; SHIRAKAWA;
BARROS, 1999, p. 13).
Não se conhece ainda exatamente sua causa, para que se possa defini-la de maneira
detalhada, porém seus sintomas são diversos, o que possibilita oportunizar um diagnóstico
mais claro para apresentar um tratamento mais eficaz. De acordo Neto, Shirakawa e Barros
(1999) abordam que a esquizofrenia se apresenta de maneira divergente em cada pessoa, e
pelo grau que a doença se manifesta em cada portador, possibilita analisar que os sintomas
não se apresentam da mesma maneira em cada indivíduo, desta forma, não sendo necessário a
manifestação de todos os sintomas da esquizofrenia para classifica-la como tal.
A psiquiatria clínica de acordo Kolb (1976) apud Schneider e Valle (1996),
Denomina o esquizofrênico sintomaticamente, enquadrando-o como tal pelas
reações ditas esquizofrênicas, que são reconhecidas devido a um
comportamento estranho e bizarro que se manifesta pela insociabilidade,
pela desconfiança ou por períodos de destrutividade impulsiva e emotividade
imatura e exagerada e, muitas vezes, com direção ambivalente e
consideradas inadequadas pelo observador. (KOLB, 1976 apud
SCHNEIDER; VALLE, 1996, p. 6).
Assim sendo, os sintomas da esquizofrenia podem ser caracterizados como,
30
Delírios, são crenças, idéias ou pensamentos falsos que não correspondem à
realidade [...]; Alucinações, são percepções irreais dos órgãos dos sentidos
[...], o portador conta que está “ouvindo vozes” de pessoas quando não há
ninguém por perto; Alterações do pensamento, há uma perda da sequência
lógica do pensamento [...]; Alterações da afetividade, [...] alguns portadores
têm uma diminuição dessa capacidade de expressar suas emoções,
mostrando-se indiferentes às diversas situações do cotidiano; Diminuição da
motivação, [...] pode ocorrer uma diminuição da vontade, havendo apatia,
desânimo ou desinteresse [...]; Sintomas motores, alguns portadores
apresentam alterações motoras, principalmente durante a fase aguda da
doença [...]; Autismo, [...] é uma volta para si mesmo, passando a pessoa a
viver dentro de um mundo próprio fantasioso [...]; Ambivalência, a pessoa
mostra-se dividida entre dois sentimentos ou vontades opostos [...]; Auto-
referência, [...] acha que os fatos corriqueiros, que ocorrem a sua volta no
dia-a-dia, se referem especificamente a ela [...]; Alterações da cognição, [...]
dificuldade na compreensão de conhecimentos complexos, abstratos, além
de dificuldades para ficar atento e memorizar o que estão observando.
(NETO; SHIRAKAWA; BARROS, 1999, p. 15-18, grifo nosso).
Isto é, diagnosticar a doença só é possível quando o médico dialoga com o portador de
transtorno mental e também com as pessoas que convivem com ele, obtendo assim as
informações para fazer seu diagnóstico. Ainda de acordo com Neto, Shirakawa e Barros
(1999), a esquizofrenia teve seu conceito e descrição desde o começo do século XX, através
de pesquisas para descobrir sua causa, que chegaram a analisar que a mesma não se tratava de
uma doença, e sim de um problema advindo da questão emocional e também social. Porém,
apenas a partir da década de 1970, através de tecnologias mais avançadas, que estudavam o
cérebro humano de maneira mais especifica e detalhada, que foi constatado o que hoje em dia
se caracteriza, ou seja, que a esquizofrenia é considerada uma doença do cérebro com
apresentações psíquicas.
Portanto, pensar um portador de transtorno mental com esquizofrenia é entender que o
mesmo apresenta um mundo próprio, específico, e que ao analisa-lo o grande desafio é não
usar de preconceitos. Pois, os
Preconceitos quase sempre alimentados e revividos, mesmo porque, embora
fora do surto esquizofrênico, o indivíduo, uma vez assim denominado,
carrega consigo o rótulo da doença. E é preciso que superemos tais
preconceitos em busca de outros caminhos que nos levem a uma
compreensão global do existir humano, com todas as suas variações e
sofrimentos. (SPANOUDIS, 1977 apud SCHNEIDER; VALLE, 1996, p.
12).
Contudo, cada portador que vivencia esta doença tem seu modo próprio de existência,
e com o devido tratamento a mesma pode ser controlada, para que o portador de esquizofrenia
31
possa obter avanços quanto a sua saúde e também qualidade de vida, e assim, pensar ações
que envolvam a família e o usuário dentro dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
2.2 CAPS I: AÇÕES DE SAÚDE MENTAL REALIZADAS COM A FAMÍLIA E O
USUÁRIO
Ao analisar a influência da família na vida dos usuários portadores de transtornos
mentais é importante compreender os novos dispositivos de atendimento em saúde mental, no
caso aqui estudado o CAPS9, enfatizado pelo Ministério da Saúde como,
Um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com
transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja
severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de
cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor da vida.
(BRASIL, 2004, p. 13).
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), portanto, é uma instituição de meio aberto
e comunitário, integrado à rede que constitui o Sistema Único de Saúde (SUS)10
, sendo
considerado um espaço para tratamento, ou seja, o CAPS11
tem como objetivo realizar
atendimento, acompanhamento, e assim, promover aos usuários sua reinserção social,
fortalecendo também seu convívio familiar. Embasado pela Portaria nº 336/GM de 19 de
fevereiro de 2002, que estabelece em seu Art. 1º, “que os Centros de Atenção Psicossocial
poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III,
definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional [...]”.
(BRASIL, 2002a, p. 1).
Por suas ações serem em ambiente aberto, é necessário que seja acolhedor e que esteja
inserido em um bairro, já que suas atividades visam buscar dar respaldo social e assim,
potencializar suas ações, entendendo que o sujeito possui sua cultura, tem uma vida cotidiana
e é provido de histórias. (BRASIL, 2004).
9 Portaria que define e estabelece diretrizes para o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial. Estes
serviços passam a ser categorizados por porte e clientela, recebendo as denominações de CAPS I, CAPS II,
CAPS III, CAPSi e CAPSad. Documento fundamental para gestores e trabalhadores em saúde mental. (BRASIL,
2002a, p.1). 10
Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. (BRASIL,
2016c). 11
O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na cidade de
São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua
Itapeva. (BRASIL, 2004, p. 12).
32
As principais mudanças geradas pela implantação dos novos serviços de
atenção à saúde mental estão relacionadas com a cidadania dos usuários, a
valorização da inserção dos familiares no tratamento e o processo de
desmitificação da loucura junto à comunidade. (SANTIN; KLAFKE, 2011,
p. 148).
Neste entendimento, buscar o incentivo das famílias é um dos objetivos para que as
mesmas estejam presentes no dia a dia dos serviços, pois são os vínculos mais próximos dos
usuários com a sociedade, e são de fundamentais relevâncias para o CAPS, (BRASIL, 2004),
ou seja,
Os familiares podem participar dos CAPS, não somente incentivando o
usuário a se envolver no projeto terapêutico, mas também participando
diretamente das atividades do serviço, tanto internas como nos projetos de
trabalho e ações comunitárias de integração social. Os familiares são
considerados pelos CAPS como parceiros no tratamento. (BRASIL, 2004, p.
29).
Desta maneira, Laing (1971) aborda que, ao conversar sobre famílias, imagina-se que
todos compreendem que as mesmas são identificadas como sendo estruturas de pessoas que
moram juntas, por um determinado tempo, e que por vínculos de parentesco ou matrimônio,
encontram-se ligadas. Isto é,
Quanto mais avançamos no estudo da dinâmica da família, mais difícil se
nos torna discernir em que medida a dinâmica da família é semelhante e
contrastante com a de outros grupos que não designamos por famílias, para
não falarmos já das diferenças entre as diversas famílias. O mesmo acontece
em relação à estrutura (padrões mais ou menos estáveis e duradouros): mais
uma vez, corremos o risco de tentadoras comparações e generalizações.
(LAING, 1971, p. 13).
Contudo, segundo Amazonas; et al (2003), o principal agente responsável por
socializar e reproduzir no indivíduo padrões culturais, é a família, isto é, concentrando assim
possibilidades quando se trata de constituição de pessoas no que diz respeito a cidadãos e
sujeitos, pois em seu meio acontecem as primeiras identificações, levando em conta a
importância da família para essa identidade e responsabilidade das produções de
comportamentos. Assim, abordar o trabalho desenvolvido com as famílias, seja ele coletando
informações ou realizando atendimentos tem por finalidade,
[...] construir a valorização dessa participação como parceria fundamental no
enfrentamento de problemas oriundos do sofrimento do sujeito,
proporcionando espaços de interlocução, integração e orientação,
33
identificando e valorizando cada situação apresentada. (BARCHIZAGO,
2007, p. 206).
Para tanto, Fonseca (2007) apresenta que as equipes dos CAPS ao pensar em
intervenções e também atendimentos “[...] não devem ficar circunscritas às ações
desenvolvidas no interior dos equipamentos, mas podem e devem incluir um conjunto de
ações junto à comunidade, no território [...]”. (FONSECA, 2007, p. 53). Os CAPS já na
compreensão de Merhy (2007), devem realizar suas ações no campo da saúde mental que
proporcione o,
Direito do usuário de ir e vir; Direito do usuário de desejar o cuidado; Oferta
de acolhimento na crise; Atendimento clínico individual e coletivo dos
usuários, nas suas complexas necessidades; Construção de vínculos e
referências, para eles e seus “cuidadores familiares” ou equivalentes;
Geração de alívios nos demandantes; Produção de lógicas de cuidado,
substitutivas e em rede; Matriciamento com o outras complexidades do
sistema de saúde; Geração e oportunização de redes de reabilitação
psicossocial, inclusivas. (MERHY, 2007, p. 56).
Contudo Neto, Shirakawa e Barros (1999) apresentam, que o transtorno mental, em
especial, a esquizofrenia não deve ser encarada como fraqueza ou que os pais deixaram a
desejar na criação de seus filhos, mas que é uma doença, sendo de suma importância entendê-
la para propiciar um melhor tratamento, possibilitando que este usuário possa se reintegrar ao
meu familiar e social, ou seja, para o tratamento nestes casos, a relação entre o portador da
doença, profissionais e os familiares é fundamental.
Ainda de acordo os autores, realizar o tratamento de um portador com esquizofrenia
requer uma equipe multiprofissional para contribuir com os devidos cuidados, isto é,
buscando amenizar as recaídas por meio de abordagens psicossociais, esta que em “sua
utilização é indispensável para a maior parte dos casos, podendo-se afirmar que constituem
parte integrante e indissolúvel dos tratamentos bem-conduzidos”. (NETO; SHIRAKAWA;
BARROS, 1999, p. 33).
Pensar a influência que a família exerce na vida do portador de transtorno mental é
relevante para a conscientização da relação saúde-doença entre os usuários, familiares e
profissionais, entendendo que a orientação aos familiares tende a proporcionar,
Reduzir o custo da doença (por exemplo: uma família bem orientada
contribui para reduzir as possibilidades de recaídas e de reinternações);
Orientar a família sobre o programa medicamentoso e de atividades da vida
diária; Ajudar o portador a colaborar com o tratamento e ir assumindo
responsabilidades dentro do possível; Verificar se está havendo resposta ao
34
tratamento e comunicar as mudanças que surgirem; Estar informado dos
sinais e sintomas precoces de recaídas; Encorajar o portador a tornar-se
independente, para suprir suas necessidades básicas como casa, comida e
dinheiro; Familiares muito exigentes devem ser orientados a ser menos
exigentes; Familiares ausentes, orientados para serem mais participantes.
(NETO; SHIRAKAWA; BARROS, 1999, p. 36).
Sendo assim, a família é parte fundamental no processo de tratamento dos usuários,
isto é “[...] inserida no contexto da Reforma Psiquiátrica, é responsável por mediar o seu ente
familiar que tem transtorno mental com os serviços de saúde, e com os profissionais que
prestam atendimento aos mesmos”. (SILVA; ROSA, 2014, p. 257).
Portanto, o próximo capítulo buscará analisar os procedimentos metodológicos que
foram adotados na pesquisa, e em seguida serão apresentadas as análises realizadas por meio
das entrevistas com os usuários e familiares da instituição, com o propósito de refletir sobre
os objetivos propostos neste trabalho, cujo objetivo geral é “Compreender a influência da
família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do
CAPS I de Assis Chateaubriand – PR”, para assim, entender qual o apoio e participação dos
familiares no tratamento de seus membros, usuários da instituição.
35
3 A INFLUÊNCIA DAS FAMÍLIAS PARA O PROCESSO DE TRATAMENTO DOS
USUÁRIOS DE TRANSTORNO MENTAL COM ESQUIZOFRENIA DO CAPS I
Este capítulo iniciará com a apresentação dos procedimentos metodológicos que foram
adotados na pesquisa, e na sequência, trará informações quanto ao CAPS I de Assis
Chateaubriand – PR. Por fim, serão apresentadas em dois tópicos as análises realizadas
conforme os dados coletados das entrevistas com as famílias e com os usuários, através dos
dados qualitativos, com o propósito de compreender a influência das famílias para o processo
de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do Centro de Atenção
Psicossocial I (CAPS I) de Assis Chateaubriand – PR. Ressaltando que a família é parte
fundante para a formação dos indivíduos, sendo alicerce primordial para o processo de
tratamento dos usuários que usufruem da Política de Saúde Mental.
3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS NA PESQUISA
Para solucionar a problemática “Qual a influência da família no processo de
tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do CAPS I de Assis
Chateaubriand – PR?”, teoricamente fundamentou-se em bibliografias que abordaram a
temática, também buscou-se informações nos relatos das famílias e usuários de transtorno
mental com esquizofrenia do CAPS I, visando entender a realidade existente nessas famílias,
sua importância para o processo de tratamento, e também compreender como se desenvolve o
trabalho de inclusão das famílias aos serviços ofertados na instituição, para que desta forma,
possa-se atingir os objetivos propostos.
Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida
na abordagem da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a
teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do
conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência,
sua capacidade pessoal e sua sensibilidade). A metodologia ocupa um lugar
central no interior das teorias e está referida a elas. [...] Enquanto conjunto
de técnicas, a metodologia deve dispor de um instrumental claro, coerente,
elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da
prática. (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2010, p. 14-15).
A partir da problemática, foi analisado o contexto histórico da inserção da família no
processo de tratamento com intuito da recuperação da saúde do usuário com esquizofrenia.
Desta forma,
36
A rigor qualquer investigação social deveria contemplar uma característica
básica de seu objeto: o aspecto qualitativo. Isso implica considerar sujeito de
estudo: gente, em determinada condição social, pertencente a determinado
grupo social ou classe com suas crenças, valores e significados. Implica
também considerar que o objeto das ciências sociais é complexo,
contraditório, inacabado, e em permanente transformação. (MINAYO, 1994,
p. 22).
A pesquisa foi de abordagem qualitativa12
com pesquisa de campo de caráter
exploratório, sendo que esta possibilitou um olhar geral mais atento para um determinado
fato, isto é, as famílias dos usuários com esquizofrenia que frequentam o CAPS I do
município de Assis Chateaubriand – PR.
O trabalho de natureza exploratória envolve o levantamento bibliográfico, a
entrevista com pessoas que tiveram (ou tem) experiências práticas com o
problema pesquisado, e a análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e ideias para a formulação de abordagens posteriores.
Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento
para o pesquisador acerca do assunto [...]. (GIL, 2009, p. 43).
O referencial teórico foi escrito com base na pesquisa bibliográfica que serviu de
orientação para a compreensão da temática central, sendo esta pesquisa algo que “[...] implica
em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de
estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório [...]”. Com isto, observa-se que foi
indispensável a realização da pesquisa bibliográfica, pois ela proporcionou um
aprofundamento do conhecimento quanto aos sujeitos pesquisados, com intuito de alcançar
uma melhor compreensão quanto a influência das famílias no processo de tratamento de seus
membros que possuem transtorno mental com esquizofrenia. (LIMA; MIOTO, 2007, p. 8).
Contudo, também foi realizada a pesquisa documental, por meio do cadastro dos
usuários do CAPS I, arquivados no sistema de dados online13
do município de Assis
Chateaubriand para selecionar as famílias e seus usuários, e na sequência foi realizada a
pesquisa de campo, através da técnica da entrevista semiestruturada, que melhor se adequou à
pesquisa proposta, pois,
12
Ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das
atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser
humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir
da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2010, p. 21). 13
O Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) de Assis Chateaubriand – PR possui um total de 1.142
prontuários médicos entre Janeiro de 2016 a Junho de 2016, no qual a amostra será feita com 1,0% sendo 4
(quatro) famílias e 4 (quatro) usuários entrevistados.
37
A entrevista aberta ou não-estruturada, onde o informante aborda livremente
o tema proposto; bem como com as estruturadas que pressupõe perguntas
previamente formuladas. Há formas, no entanto, que articulam essas duas
modalidades, caracterizando-se como entrevistas semi-estruturadas.
(DESLANDES, 2002, p. 58).
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o formulário de entrevista
semiestruturada aplicado a todos os membros de 4 (quatro) famílias (Apêndice A) e 4 (quatro)
usuários (Apêndice B) que são de primeiro grau e que moram na mesma residência, cujos os
usuários possuem diagnóstico de esquizofrenia, e todos os sujeitos da pesquisa foram maiores
de 18 (dezoito) anos, podendo variar entre os sexos masculino ou feminino, para assim,
delimitar e buscar analisar a influência da família no processo de tratamento desses usuários
de transtorno mental do CAPS I de Assis Chateaubriand.
Antes da realização das entrevistas, os convites para familiares e usuários foram feitos
por meio de telefonemas, sendo que a realização da entrevista aconteceu na instituição de
acordo com o Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo (Anexo A), que
autorizou a pesquisa. Para execução dos trabalhos foi utilizado o gravador conforme a
permissão de cada entrevistado, sendo sua identidade resguardada e vontade respeitada, e
quando não aceitavam o uso do mesmo, o registro foi feito pela própria pesquisadora. De
acordo com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) (Anexo
B) as entrevistas foram realizadas e após transcritas, sendo identificadas em itálico neste
trabalho, em que substituiu-se os nomes dos entrevistados pela palavra “familiar” e “usuário”
juntamente com um número, e a análise dos dados coletados se dividiram em dois tópicos
(familiar e usuário).
Contudo, a pesquisa foi realizada através da análise qualitativa, histórica e dialética a
respeito da influência que a família possui para o tratamento de esquizofrenia, tendo em vista
que os entrevistados estavam cientes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(Apêndice C) apresentado antes da realização de cada entrevista, respeitando ainda o Código
de Ética do/a Assistente Social. Foram informados também, que após ser apresentada para a
Banca Examinadora será devolvida uma cópia da pesquisa com seus resultados à instituição
CAPS I do município, para que todos os envolvidos tenham acesso, bem como os que se
interessarem pela temática sobre a família no processo de tratamento.
38
3.2 O CAPS I DE ASSIS CHATEAUBRIAND – PR
O Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I)14
é um serviço especializado em saúde
mental, o mesmo está presente em Assis Chateaubriand, que localiza-se na região Oeste do
Paraná e de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) possui
34.027 habitantes no ano de 2015, no município.
A instituição implantou-se com o objetivo de,
Aprimorar a assistência prestada as pessoas com transtornos mentais e
transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas no sentido de
organizar a rede de atenção psicossocial, tendo em vista relatos de
experiências de outros municípios que com a implantação deste serviço,
baseado nos modelos adotados desde a fundação do primeiro CAPS, houve
uma melhora significativa na perspectiva de vida e inclusão social dos
pacientes que frequentam esses serviços. (SALVALAGIO; FERNANDES,
2013, p. 11).
Em Assis Chateaubriand foi no mês de abril de 2014, que começaram as atividades do
CAPS I, através de uma
Residência alocada para este fim, com profissionais de nível médio
(01técnico administrativo, 01 vigia, e 01 zeladora) e superior (01 Assistente
Social, 01 Psicóloga e 01 Enfermeira) transferidos da Secretária Municipal
de Saúde para este serviço e com contratação de um Médico Especialista em
Saúde Mental. O serviço está em processo para Habilitação, para poder
executar todas as atividades previstas na portaria N° 336 de 19/02/2002.
(SALVALAGIO; FERNANDES, 2014, p. 9).
Sua implantação no município ocorreu pela equipe técnica e gestores que sugeriram a
criação do CAPS I pois, diagnosticaram que havia a necessidade de prestar assistência nos
casos de saúde mental, cuja instituição possui como objetivos específicos, de acordo
Salvalagio e Fernandes (2013),
Prestar atendimento em regime de atenção diária; Trabalhar em parceria com
a atenção primária em saúde e os hospitais credenciados pelo SUS;
Implantar e gerenciar as oficinas terapêuticas do CAPS I, promovendo
atendimento multiprofissional eficiente de forma individual e coletiva;
Estimular o desenvolvimento de habilidades motoras e funcionais para a
realização das atividades de vida diária, por meio das oficinas terapêuticas;
Reduzir o índice de internação psiquiátrica e decorrentes do uso
indiscriminado de álcool e drogas; Promover ações intersetoriais buscando
estratégias de melhoria no enfrentamento dos transtornos mentais; Promover
atividades informativas e educativas referente ao sofrimento mental, visando
reduzir o preconceito e a discriminação; Acolher as pessoas com transtornos
14
CAPS I - Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com
população entre 20.000 e 70.000 habitantes. (BRASIL, 2002a).
39
mentais graves e persistentes bem como pessoas com transtornos decorrentes
do uso de álcool e outras drogas através de atendimentos individuais,
coletivos e visitas domiciliares, procurando preservar e fortalecer os laços
familiares e sociais; Oferecer suporte a atenção à saúde mental na rede
básica; Oferecer suporte aos familiares através de reuniões e atendimentos
individuais para subsidiar as dificuldades encontradas com o manejo do
transtorno mental e de transtornos decorrentes do uso de álcool e outras
drogas; Analisar e avaliar semanalmente as atividades desenvolvidas no
CAPS através de reuniões técnicas. (SALVALAGIO; FERNANDES, 2013,
p. 14-15).
A equipe do CAPS I de Assis Chateaubriand, no ano de 2016, está composta por: um
médico especialista em saúde mental, este que atualmente presta seus atendimentos aos
usuários da rede pública municipal em clínica15
particular, porém é no CAPS I que os
usuários retiram a guia com o encaminhamento para consulta. Também, uma assistente social,
uma enfermeira, uma pedagoga, uma psicóloga, uma técnica de enfermagem, uma
profissional de serviços gerais, um guarda, três oficineiros, e uma estagiária de serviço social
(não remunerada) e uma estagiária de enfermagem (remunerada).
As oficinas16
que acontecem na instituição são: reciclagem e decoupage17
, pintura em
tecido, pintura em tela, teatro e expressão corporal, ambas executadas por meio de processo
licitatório. No entanto, as oficinas de cinema e horta são realizadas pelas profissionais de
nível superior do CAPS I. Em relação a família e o usuário, existe um espaço para ouvi-los
que é coordenado pela equipe multiprofissional que os atende por meio de atendimento
individual, coletivo, orientação e visitas domiciliares. Neste sentido, a equipe retomou as
atividades do Grupo de Orientação Familiar18
, que ficou aproximadamente um ano e meio
sem ser realizada, devido a falta de equipe técnica mínima, e pela instituição ainda não estar
habilitada e por não estar recebendo o financiamento do recurso do governo federal.
Analisando a necessidade retomaram o grupo no ano de 2016, mesmo o CAPS I se
encontrando nas situações citadas anteriormente, entendendo que o grupo é primordial para o
processo de tratamento, trocas de experiências e saberes entre todos.
15
Policlínica São Lucas de Assis Chateaubriand – PR. 16
Oficinas Terapêuticas – São oficinas planejadas e executadas por profissional de nível superior ou médio com
grupo de aproximadamente 5-15 pacientes de ambos os sexos, com transtornos psíquicos diferenciados, com
intuito de interação dos mesmos. Serão selecionadas pelo próprio paciente, com o apoio da equipe. As oficinas
possibilitam a manifestação da expressão artística, estética, de opiniões, valores e crenças. As mesmas serão
ofertadas diariamente com rotatividade das atividades desenvolvidas. (SALVALAGIO; FERNANDES, 2013, p.
18). 17
A técnica da decoupage é a arte de recortar e colar papel decorado para revestir um objeto. 18
É uma reunião mensal que envolve a participação de familiares, responsáveis e equipe técnica. Trata-se de um
espaço de escuta qualificada onde são feitos esclarecimentos e orientações acerca do serviço e das
intercorrências ocasionadas pela patologia e outras necessidades levantadas pelos familiares. (SALVALAGIO;
FERNANDES, 2013, p. 18).
40
O Grupo de Orientação Familiar tem como propósito de proporcionar tanto para a
equipe profissional quanto aos usuários do CAPS I, “[...] espaço de troca de experiências
como um primeiro passo para a intervenção em questões ligadas ao estresse familiar ao lidar
com a loucura19
, ao preconceito e ao desconhecimento em torno do assunto [...]”. (PEREIRA,
2000, p. 257). Isto requer dos profissionais a busca pelo conhecimento das características
presentes em cada família e assim, quais as suas demandas, suas vivências e experiências para
possibilitar de forma positiva o acolhimento dos mesmos na instituição.
A família passa a ser mais que um receptor de intervenções por parte dos
profissionais, tornar-se um agente ativo no próprio processo de apoio
psicossocial, no desenvolvimento de projetos e no planejamento e avaliação
dos próprios serviços, vindo a interferir, inclusive, na própria política de
assistência psiquiátrica. (PEREIRA, 2000, p. 259).
Ressalta-se que o serviço social neste espaço ocupacional tem como função de acordo
com Salvalagio e Fernandes (2013), realizar encaminhamentos, atividades comunitárias,
atendimentos individuais ou coletivos, triagens, orientação, visitas domiciliares, organizar
grupos, seja de usuários ou familiares. Portanto o Assistente Social tem como objetivo,
Propiciar a inclusão da pessoa com transtorno mental no seu ambiente social,
trabalhando questões relacionadas ao preconceito; Prestar orientação e
encaminhamentos a pessoa com transtorno mental e sua família quanto aos
seus direitos, deveres e possibilidades; Participar da elaboração de
protocolos de assistência e atuar em equipe multiprofissional; Democratizar
o acesso dos pacientes e dos familiares aos programas e projetos na área de
saúde mental e assistência social, buscando a melhoria da qualidade de vida.
(SALVALAGIO; FERNANDES, 2013, p. 27).
Por fim, este serviço realizado pela equipe multiprofissional tem como proposta
diminuir o número de internamentos psiquiátricos, proporcionando melhores condições de
vida às pessoas que fazem uso da Política de Saúde Mental, para que por meio dos
profissionais do CAPS I e da rede de saúde possam realizar ações que descentralizem e
efetivem a garantia dos direitos dessa população do município.
19
Ela é considerada no ciclo indefinido que a liga à razão; elas se afirmam e se negam uma à outra. A loucura
não tem mais uma existência absoluta na noite do mundo: existe apenas relativamente à razão, que as perde uma
pela a outra enquanto as salva uma com a outra. A loucura torna-se uma das próprias formas da razão. Aquela
integra-se nesta, constituindo seja uma de suas forças secretas, seja um dos momentos de sua manifestação, seja
uma forma paradoxal na qual pode tomar consciência de si mesma. De todos os modos, a loucura só tem sentido
e valor no próprio campo da razão. (FOUCAULT, 1999, p. 33).
41
3.3 ANÁLISE DA PESQUISA COM AS FAMÍLIAS
O presente tópico tem como intuito analisar qual a compreensão que os familiares tem
sobre sua influência no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com
esquizofrenia do Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) do município de Assis
Chateaubriand – PR, entendendo que eles convivem diariamente com esses sujeitos que
utilizam da Política de Saúde Mental.
Desta maneira, para buscar contemplar o que foi proposto na pesquisa considera-se
que há um contexto muito mais amplo que envolve todos os indivíduos, sendo assim, esta
análise expõe o que os familiares disseram nas entrevistas quanto ao entendimento da doença,
participação no tratamento de seus membros e serviços ofertados pela instituição, e demais
questões do formulário de entrevista.
Assim, os membros das famílias ao serem questionados: Você conhece a doença
(esquizofrenia) do seu familiar?, sobre isso, os 6 (seis) membros entrevistados dentre as 4
(quatro) famílias, 5 (cinco) responderam que conheciam a patologia, alegando por exemplo:
Familiar 1.1 - Conheço... é agressividade né, os sintomas dele, não se
importa com nada... ele é assim, não se importa com nada, pra ele tudo tá
bom, eu acho que... é violência, ele era muito violento [...] agora é mais
calmo, a muitos anos a gente cuida dele... nós cuidava dele como depressão
[...] ai descobriram que é esquizofrênico, ai partiu pra esse lado o
tratamento, de esquizofrenia [...].
Familiar 1.2 – [...] conforme os médicos explicaram sim né, a gente
procurou se informar desde o começo, qual era o problema dele, então já
começou a entender um pouco mais da esquizofrenia, os sintomas... tudo.
Conforme observamos os familiares caracterizam a doença de acordo suas vivências,
como eles visualizam no dia a dia da família esse membro portador deste transtorno mental
em específico. Isto é, que é uma patologia que exige um saber lidar, evitando que o sujeito
fique nervoso com algo ou alguém, entendendo que pode ser algo emocional muitas vezes a
esquizofrenia ou que a mesma advém de uma depressão por exemplo, e que o usuário até tem
certa independência, porém, a mesma, às vezes, apresenta-se com alguns bloqueios que ainda
precisam ser trabalhados para favorecer uma melhor autonomia. São sintomas que são
repassados também aos familiares pela equipe que atende seus entes, mostrando que a
informação é fundamental para esclarecimentos quanto a doença. Também apresentaram que:
Familiar 2.1 – [...] A doença esquizofrenia que eu ouvi falar diz que é um
problema que da no cérebro da pessoa, e a pessoa fica meio assim que
transtornada, dizendo as coisas que as vezes não tem sentido.
42
Familiar 3.1 – [...] o sintoma é assim... as vezes ele ta aqui bonzinho e em
questão de minutos ele muda tudo, eu já percebo na hora sabe que ele não
ta legal, é de repente sabe, da aquelas crises nele e dai tem que ficar
cuidando [...].
Familiar 4.2 – [...] a doença dele eu sei assim... porque saber igual os
médicos eu não sei, mais a doença que ele tem é depressão, porque a
depressão diz eles que tem vários modos de depressão, tem umas
agressivas... tem umas que... e a dele é uma depressão assim [...] eu sei que
essa doença ela é... é um problema da cabeça [...].
Evidencia-se que a alteração de humor acaba por caracterizar o usuário, e que o
próprio membro familiar, por vezes, acostuma-se com tais comportamentos que são sinais da
doença. Ou seja,
[...] quando a esquizofrenia começa de modo abrupto [...], a manifestação
dos sintomas é tão exuberante que as famílias têm mais facilidade em
perceber a necessidade de buscar auxílio. No entanto, quando a
esquizofrenia inicia-se de forma gradual, essas alterações do comportamento
habitual costumam ser os primeiros sinais que chamam a atenção dos
familiares e os levam a procurar auxílio, quando se dão conta da eventual
gravidade de tais mudanças graduais de comportamento [...]. (NETO;
SHIRAKAWA; BARROS, 1999, p. 18).
Neste entendimento, a doença pode se apresentar nos sujeitos de formas variadas,
surgir em diferentes épocas da vida um do outro, e até ser visualizada pelos familiares
entrevistados por distintos fatores (sintomas neurológicos, comportamentais, pelo uso de
alguma droga, descuido pessoal, instabilidade no emprego, por exemplo, como constatado em
algumas falas).
Ainda sobre a questão do conhecimento da doença, apenas 1 (um) familiar
entrevistado relatou que não conhecia, como destaca-se a seguir:
Familiar 4.1 – Não, eu falo que é uma depressão... só sei assim como que
ele começou mais não sei porque, não conheço [...] não sei explicar certo o
que ela [doença] é, só sei pelo o que eu vivi, agora do jeito que ele ficou pra
mim agora ele ta beleza, porque jamais ele ia vim aqui [CAPS I], não ia em
lugar nenhum e nem falava com a gente, perguntava as coisas pra ele e ele
só balançava a cabeça de sim ou não [...].
Desta forma, o familiar aborda a falta de conhecimento da doença esquizofrenia, pelo
fato de não ser o responsável que acompanha nas consultas médicas como citado durante a
entrevista. Isto é, apresenta quão fundamental é a informação oferecida pela equipe
43
multiprofissional, tanto para aqueles que participam do tratamento dos usuários no CAPS I e
os demais membros da família.
Quando questionados: Você acompanha o tratamento?, todos os membros das famílias
entrevistadas responderam que sim, como nos mostra as falas a seguir:
Familiar 1.2 – [...] a gente acompanha assim... vai nas consultas com ele,
conversa com o médico, ele explica todas as situações que acontece, o que
se passa com ele, tudo certinho... e o CAPS também [...] a gente vê a
disponibilidade de cada um da família, todo mundo envolvido.
Familiar 3.1 – Acompanho, mais nas atividades lá no CAPS só fui uma vez,
no resto acompanho tudo, com remédio em casa eu que dou pra ele,
acompanho tudo em casa, e lá no CAPS só fui uma vez com ele porque a
gente sempre ta trabalhando né, dai quando ele vai eu não posso ir, mais
sempre to presente [...].
Assim, observa-se que num contexto geral os familiares dos usuários acompanham o
tratamento de acordo a realidade da família, seja no envolvimento com os serviços da
instituição, ou na própria residência, como, por exemplo, se o usuário está tomando
adequadamente os remédios. No entanto, nem todos os membros vão com frequência no
CAPS I devido a uma divisão de funções e outros compromisso que os familiares também
possuem como constatado nas entrevistas, não que isto mostre um desinteresse em participar
do tratamento, mas pelas outras responsabilidades que enquanto sujeitos sociais, assumem.
Na sequência ao questionar: O que você acha do trabalho oferecido pelo CAPS I?, os
participantes da pesquisa responderam que consideram o serviço importante para a população
do município, citadas nas falas a seguir:
Familiar 1.2 – A gente acha importante... porque assim... é pro
desenvolvimento dele sabe, porque se no caso ele ta em casa ele fica mais
parado, e a partir do momento que ele vem pro CAPS eles fazem atividades,
e a gente percebe nele como ele muda, fica mais calmo né, não fica com
aquela agressividade porque antes ele era um pouco mais agressivo, nossa
mais acalmou bastante quando ele vem nas atividades do CAPS, ajuda
bastante, muito mesmo.
Familiar 3.1 – É um trabalho bom eu acho, foi bem vindo no município, eu
acho que foi porque eles [usuários] precisam, as pessoas igual ele precisam
do CAPS pra pode acompanhar, nossa ele adora ir lá [CAPS I], [...] quando
ele vai lá ele vem diferente, eles [equipe] conversam muito com ele, dão
trabalhos pra eles faze lá, e ele gosta de ir lá, e eu acho também que é um
trabalho bom.
Neste entendimento, os familiares abordaram que seus membros gostam das atividades
realizadas, por ser uma oportunidade deles se desenvolverem e aprenderem coisas novas,
44
enfatizando que atualmente ainda há poucas pessoas que compreendem o que é um transtorno
mental e por isso não sabem lidar com a doença, ou seja, o trabalho terapêutico que vem
sendo desenvolvido na instituição é satisfatório e apresenta resultados significativos para os
que usufruem do serviço.
No entanto, em uma das falas destaca-se:
Familiar 4.3 – Aqui o serviço é excelente, [...] agora o que eu achei
estranho é que eu comecei a trazer meu filho aqui pra consulta, tudo bem...
trouxe umas três... quatro vezes ai, daí marquei outra consulta e chegou o
dia da consulta trouxe ele e cade o médico?, não tem médico, [...] mais eu
queria... eu gostaria assim... que juntasse o secretário da saúde... o prefeito
e desandasse essa coisa porque uma vez eu fiquei pra lá e pra cá, vinha
aqui... ia lá e não era, onde eu consulto meu filho, não era aqui, era lá, vai
lá não é, tinha que te uma equipe certa, decidir... porque eles podem fazer
isso, pra melhorar o serviço [...].
Desta forma, a fala reflete que,
[...] os trabalhadores em saúde têm de ser potentes mediadores, articuladores
de pessoas, serviços e capacidades. Para se transformar em práticas, as ações
têm de se desconcentrar das estruturas arquitetônicas tradicionais e dos
lugares típicos dos técnicos e ir para os espaços onde a gestão da vida
cotidiana da pessoa com transtorno mental acontece, e por isso a lógica do
Caps estar centrada no território. (VASCONCELOS, 2009, p. 170).
A questão analisada remete não somente à qualidade do serviço, mas sim, a
importância da informação para a população usuária de sua ofertada pelo próprio município,
que através dos gestores, esse serviço possa ser efetivado com equipe mínima para que as
atividades e principalmente como citado na fala, as consultas médicas, sejam realizadas na
instituição para que as ações desenvolvidas sejam eficazes, contínuas e terapêuticas, já que
para os usuários e familiares o CAPS I é lugar de referência quanto a territorialidade e ao
tratamento na área da saúde mental.
A respeito da pergunta: Já participou de alguma atividade/projeto realizado pelo CAPS
I?, 4 (quatro) membros responderam que já participaram, destacando o projeto de
intervenção20
realizado em 2015, pela primeira estagiária de Serviço Social da instituição, no
qual envolveu familiares e usuários através de oficinas terapêuticas. Foram mencionados
também reuniões em grupo, como na fala em sequência:
20
Projeto de Intervenção do Estágio Supervisionado em Serviço Social II.
45
Familiar 1.2 – As vezes fazem umas reuniões sabe, que é em família ou vem
algum membro da família daí a gente participa, é importante porque daí...
as vezes eles fazem umas dinâmicas, é interessante também, porque daí a
gente vê a reação do paciente, no caso meu irmão né, o que tá se passando,
nas outras famílias porque assim... a gente vê será que é só com nós, a sabe
que tem outras pessoas, mais quando a gente vê ali próximo as reações as
vezes a pessoa tem sintomas parecidos, ou as vezes é diferente mais piores
ou menos, daí você se coloca no lugar da pessoa também, não é só com nós
que acontece essa situação, troca experiências [...].
Isto é, as atividades e os projetos são relevantes aos familiares e usuários para o
progresso no tratamento e envolvimento de quem está diariamente com o portador de
transtorno mental, e pensar “o estímulo às trocas de experiências tem se revelado uma
importante ferramenta para ampliar a capacidade de lidar com os problemas, [...] assim como
perceber pontos de contato e vivências semelhantes às suas próprias narrativas” (MELMAN,
2008, p. 95). No entanto, 2 (dois) familiares responderam que não participavam de alguma
atividade ou projeto na instituição, dizendo:
Familiar 3.1 – Não, na verdade só fui uma vez no CAPS quando ele não
tava bem dai acompanhei ele, mais na hora que ele entrou lá dentro eu não
entrei com ele, ele foi sozinho, mais não consigo acompanhar muito por
causa do meu serviço, dai tem vez que ele vai e eu tô trabalhando dai não
tem como eu ir, mais assim se eu pudesse... nossa eu participaria.
Familiar 4.1 – Não, pra falar a verdade essa é a primeira vez que eu to
vindo aqui no CAPS, nunca vim aqui, nem sabia onde era... só meu marido,
mais eu nunca vim, eu não participo porque sou ocupada lá em casa e dai
dá pra ele [marido] vim sozinho com ele [filho] dai eu não venho [...], se eu
tivesse mais tempo eu tenho vontade de participar mais [...].
Desta forma, apresenta-se que o não envolvimento se dá em decorrência do familiar
estar trabalhando, o que o impossibilita de frequentar mais a instituição. Também, por haver
entre a família uma certa divisão de funções no cuidado, porém pensar estratégias novas para
maior envolvimento de todos, é algo interessante.
Assim, no decorrer da entrevista foi perguntado: Para você qual a importância da
família para o tratamento?, os participantes da pesquisa alegaram que a família para o usuário
deve ser um suporte, acompanhar no uso correto dos medicamentos e participar do processo
do tratamento, como nos diz o Familiar 1.2:
Familiar 1.2 – É importante, porque queira ou não queira a família que é a
base, é a família que tem que saber lidar, a família desde o começo quando
começa a descobrir essa situação é complicado, nunca imagina que a
pessoa, que a família vai passar por essa situação, só que assim tem que dar
o apoio, é difícil é, porque são várias reações, cada um tem um jeito de
46
reagir a pessoa com esquizofrenia, [...] só que mais próximo da família é
melhor, incluir a família no tratamento porque a gente já participa junto
com ele, agora que veio o CAPS pra cá ajudou bastante.
Ainda sobre a questão acima, foi relatado que quando se tem um usuário com
transtorno mental, membro da família, é necessário saber lidar com a doença, e assim, buscar
promover o diálogo, para que haja um bom relacionamento entre todas as partes, como
demonstra a fala a seguir:
Familiar 3.1 – Vou falar bem a verdade pra você... a gente acostuma,
acostuma a lidar com ele sabe, [...] tem que conversar bastante com ele
porque quanto mais conversa mais bão ele fica, [...] eu não teimo com ele,
vou conversando [...], mais eu já acostumei e o CAPS lá é muito bom.
Desta maneira, a importância que a família vem a exercer colabora para que a mesma
se encontre em sintonia ao promover o cuidado, como nos relata o familiar 4.2:
Familiar 4.2 – A importância da família que eu acho é que nem [...], a
importância é viver ali em casa, em conjunto, na paz do Senhor, [...] então
nós dá muita atenção pra ele, nós não fala nada pra prejudicar ele, nós
trata ele com o maior carinho, tem que ta presente, [...], é importante a
família fazer parte... muito importante, [...] nossa família olha... não é de
bater papo não mais la em casa nós somos bem unidos, um respeita o outro.
Assim, independente da composição familiar, é na convivência entre seus membros
que estão presentes suas características e modo de lidar e acompanhar a doença, isto é, a
família é importante para mediar o processo do tratamento, sendo parceiros dos seus
familiares que utilizam dos serviços do CAPS I e também da equipe que realiza as
intervenções.
Quando indagados: Você participa de alguma decisão sobre o tratamento?, todos os
familiares responderam que sim, buscando dialogar, incentivar e estar presentes na
participação dos usuários nos serviços ofertados, como aborda os familiares:
Familiar 1.2 – Participo, a gente que fala você tem que ir, tem que ir, as
vezes ele ta meio desanimado e tal, a gente participa sim, fala você tem que
ir, tem que participar, a gente incentiva bastante.
Familiar 2.1 – A isso aí a gente faz o possível, o que a gente ajuda é que a
gente sempre conversa, tem diálogo assim... um com o outro né, sempre
troca umas ideias, a gente incentiva [...].
Familiar 4.1 – Sim, eu falo quando tem que levar ele consultar, [...]
incentivo bastante ele porque uma pessoa que não saía pra nada pra
47
consultar e agora toma os remédios certinhos e vem, eu fico contente com
isso.
Nesta compreensão, a família reconhece quão fundamental é sua participação no
tratamento, e que isso vem melhorar na saúde de seu ente. Porém, umas das resposta a que se
destacar:
Familiar 1.1 – Participo, [...] incentivo, nas consultas, ele vai tranquilo...
ele vai mas a primeira coisa que ele pergunta é: eu vou ficar internado?, eu
falo não, agora eles não tão internando mais, ai ele fica assim... olhando se
vai levar alguma coisa com medo de ficar internado, dai agora eu falo que
ele tem que seguir o tratamento certinho [...].
Isto nos mostra que ao falar em tratamento, ainda existe certo receio por parte dos
usuários, pois os mesmos vêm de um processo de tratamento que, em alguns casos, houve a
necessidade do internamento, e isso traz lembranças dolorosas para ambas as partes
envolvidas. Sendo assim, de acordo Leme (2013),
Quando a proposta de mudança na forma de atendimento à loucura se deu,
não era somente uma ideia de desospitalização e sim de
desinstitucionalização, ou seja, tratava-se de uma grande mudança em toda a
forma de lidar com a loucura. Iniciava-se pela introdução do cuidar no lugar
do curar e propunha uma série de dispositivos para dar conta da
complexidade que é cuidar do portador de transtorno mental grave. (LEME,
2013, p. 28).
Portanto, há um novo modelo de tratar um portador de transtorno mental, atendimento
este de meio aberto, que seja próximo ao território da família e usuário, com uma abordagem
mais terapêutica e ações que mantenham esses sujeitos na comunidade.
A próxima questão indagada aos participantes foi: Quem na família normalmente toma
as decisões em relação ao tratamento?, responderam que cada um da família colabora como
pode, cada membro faz uma função, e que em nenhum momento abandonam o portador de
transtorno mental.
Familiar 1.2 – [...] lá em casa a gente não discutia muito sobre o assunto,
tipo todo mundo é de pedir opinião um pro outro, agora é até difícil dizer,
[...] dai cada um faz uma parte, porque se é pra um só fica demais, [...] aí é
a família toda, todo mundo envolvido, porque pra um só se torna pesado,
porque queira ou não queria é... [...], e a família tem que ta unida porque
pra um só é difícil, porque dai tem médico pra ir, no caso aqui [CAPS I]
também a gente tem que apoiar ele e tal, tem que ser a família inteira.
48
Familiar 4.2 – É eu, não porque minha mulher não quer, [...] porque ela já
ta cheia de serviço doméstico em casa, os outros [filhos] trabalham, então a
maioria do serviço doméstico la de casa é minha mulher que faz, [...] mais
no tratamento quem ta na frente é eu, porque que nem eu falei... [...] essas
coisas aqui de vir aqui [CAPS I] é tudo eu que vou.
Desta forma, as decisões são tomadas por aqueles que estão com convívio mais
próximo, ou até com os membros que mais frequentam o CAPS I através dos serviços
ofertados como as consultas médicas, os atendimentos individuais, as oficinas terapêuticas.
Assim sendo, os familiares no início quando descobrem a doença possuem,
[...] papel fundamental na construção de uma nova trajetória para seu ente
enfermo, mas seus recursos emocionais, temporais, econômicos e seus
saberes têm de ser bem direcionados, e a contribuição dos trabalhadores e
serviços psiquiátricos tornam-se fundamentais até para desconstruir o
imaginário social de que “lugar de louco é no hospício” [...]. (ROSA, 2009,
p. 161).
Compreende-se que há uma participação mesmo por parte daqueles que não
frequentam a instituição por fatores externos como, por exemplo, trabalho, serviços
domésticos, mas que participam quando os usuários estão em suas residências através do
acompanhamento dos remédios como analisado durante as entrevistas. Porém, ressalta-se a
relevância que a equipe multidisciplinar exerce nesse contexto através do trabalhado
desempenhado, suas orientações e devidos encaminhamentos, tanto para o usuário, quanto a
família, para que não haja equívocos sobre o transtorno mental e o tratamento.
Neste sentido, na última questão realizada perguntou-se: O que mudou na sua vida ao
possuir um familiar com transtorno mental?, os participantes responderam que suas vidas
eram bem instáveis, pois não conheciam exatamente o que estava acontecendo, pelo usuário
se mostrar algumas vezes agressivo em casa, por exemplo, e ao saberem que se tratava de um
transtorno mental, buscaram tratamento, ressaltando que a implantação da instituição no
município de Assis Chateaubriand veio a somar em se tratando em saúde. Relataram que seus
entes portadores de esquizofrenia ao participarem do CAPS I, tiveram uma melhora
significativa, por ser um espaço em que os usuários além de ter atendimento
multiprofissional, possuem atividades como as oficinas terapêuticas, que proporcionam trocas
de experiências, aprendizados e socialização. Como nos mostra a fala a seguir:
Familiar 1.1 – [...]Descobriu dai soube lidar, pegou o médico certo, dou
remédio certinho, a família tem influência, [...] porque tem famílias que não
sabem lidar, no começo eu também não sabia lidar com essas pessoas, eu
49
tinha medo, eu gritava, saia correndo, depois eu opá não é bem assim não,
[...] pra mim assim tá ótimo [o serviço], não é assim... igual cidade grande
que vai cedo e só volta de tarde, era bom se fosse assim... cedo e a tarde,
eles tinham mais atividade [...], mais que bom que tá começando [...], aqui ta
crescendo porque a gente não ouvia falar CAPS, agora ta ouvindo falar [...].
A família observou que seus entes, após atendimento no CAPS I, chegam empolgados
e satisfeitos, contando o que aprenderam nas atividades. Porém, a preocupação com o cuidado
é maior, ao saberem do diagnóstico da doença, muitas vezes se questionam porque isso veio
aparecer, relatando que o usuário era ativo, trabalhador, era uma pessoa tranquila, mas que
começaram a perceber mudanças comportamentais, e os serviços de saúde mental vieram para
contribuir, não somente para quem é portador da doença, mas também para a família, “por
isso é necessário que existam serviços de atenção psicossocial que possibilitem o acolhimento
das pessoas em crise21
, e que todas as pessoas envolvidas possam ser ouvidas, expressando
suas dificuldades, temores e expectativas” (AMARANTE, 2007, p. 84).
Mesmo assim, os familiares sempre buscam estar presentes nas atividades, alguns até
gostariam de participar mais, e quanto a mudança de ter um portador de transtorno mental em
casa, o que mais enfatizaram, foi que aprenderam a lidar com esses sujeitos, e assim, a
compreender a doença. Com todos os desafios enfrentados pelos familiares, destaca-se o
argumento do Familiar 4.1:
Familiar 4.1 – [...] hoje as pessoas que já sabe o que ele tem as vezes
pergunta pra mim como que ele ta, se ele ta bem, mais eu não sinto assim...
tipo... to com vergonha de ter um filho assim, porque tem outros que tem uns
pior, eu vejo muito que tem piores do que ele, [...] não tem perigo mais e eu
já fico com toda confiança, porque isso é uma doença mais ele tomando
remédio mudou tudo o jeito dele, agora eu só peço que fique cada vez
melhor, olha se não fosse isso aqui... e se a gente precisasse pagar tudo,
cada vez que ele fosse consultar pagar, porque isso tudo aqui a gente não
paga né, ixi ai era difícil né, foi um serviço muito importante viu... se fosse
particular as vezes ele nem tava fazendo tratamento e nem estaria tão bem
assim, porque a gente não teria condições de pagar [...].
Isto é, mesmo com as interpretações feitas pela sociedade quanto às pessoas portadoras
de transtorno mental, no caso estudado, a esquizofrenia, deve-se em conjunto com a equipe
multiprofissional, familiares e o próprio usuário conhecer o processo de tratamento,
21
[...] No modelo clássico da psiquiatria, entende-se a crise como uma situação de grave disfunção que ocorre
exclusivamente em decorrência da doença. [...] Ao contrário, no contexto da saúde mental e atenção psicossocial,
a crise é entendida como o resultado de uma série de fatores que envolvem terceiros, sejam estes familiares,
vizinhos, amigos ou mesmo desconhecidos [...]. (AMARANTE, 2007, p. 83).
50
interagindo com a relação saúde-doença, para que de forma satisfatória o serviço venha
desenvolver o seu papel na produção do cuidado e da atenção psicossocial.
A esquizofrenia por parte dos membros da família é vista como uma doença que não
tem cura, porém seu cuidado é contínuo e há tratamento, no qual, saber lidar com a situação e
conhecer o caso, é importante para o dia a dia da família.
No entanto, as falas a seguir abordam:
Familiar 1.2 – [...] só quem tem um paciente que tem na família um
esquizofrênico sabe o quanto é difícil né, porque assim as vezes a gente fala
assim... quando as pessoas falam demais, julgam tipo: a faz isso, faz
aquilo... dai agente pensa assim: será que a gente ta fazendo o suficiente?,
só que quem convive com uma pessoa que tem um problema sabe o quanto
que é difícil, não é fácil lidar, mais dai a gente começa pensar que tem
outras pessoas que também vivem com esse paciente que tem o mesmo
problema ou piores ou mais leves, a gente pensa nossa não é só a gente, tipo
é difícil mais a gente vai dar conta né, é complicado, só que assim o mais
difícil é as pessoas que julgam... não conhecem, porque eles tem as manias
deles [...], e tem pessoas que olham com outro olhar [...], só que o
julgamento de fora de quem não convive, não sabe o que que é isso, é
complicado... falta informação por parte das outras pessoas [...] porque é
um problema que... infelizmente existe na sociedade, as pessoas deveriam
entender isso que é um problema [...].
Familiar 4.2 – [...] existe hoje ainda o preconceito, e se você assim hoje tem
um filho que não é normal a gente tem que cuidar muito se não as pessoas
olham com outro olhar [...].
As respostas apresentadas enfatizaram que o preconceito é presente na vida desses
usuários, afetando, não somente o portador da doença, mas também os familiares, pois, por
ser uma doença psiquiátrica as pessoas ainda agem com receio e julgamentos devido às
próprias características que o sujeito possui advindas dos sintomas apresentados pela doença
esquizofrenia.
[...] Pretende-se não só mudar a qualidade da assistência psiquiátrica
prestada aos doentes mentais, mas também promover sua qualidade de vida
em termos de moradia, trabalho, laser e cultura. Além disso, pretende-se
enfrentar o estigma a que eles estão submetidos e, assim, mudar o modo
como a sociedade lida com a loucura, no sentido de um respeito à diferença.
(NICACIO, 2013, p. 129).
Contudo, entendendo o impacto que a família possui quando tem um portador de
transtorno mental, as relações sociais que envolvem essas pessoas são fundamentais para a
vivência em sociedade, cuja informação sobre o serviço ofertado em saúde mental como no
caso do CAPS I, vem a esclarecer informações contrarias ou preconceituosas quanto a doença,
51
sintomas, usuários e sua relação com a família e comunidade externa. Para isto, segue a
apresentação das análises obtidas pelos usuários que usufruem da instituição, a respeito do
processo de tratamento e a participação dos familiares.
3.4 ANÁLISE DA PESQUISA COM OS USUÁRIOS
Este item tem o intuito de apresentar o entendimento que os sujeitos portadores de
transtorno mental abordam quanto a doença esquizofrenia, o trabalho do Centro de Atenção
Psicossocial I de Assis Chateaubriand, a influência da família no processo de tratamento, e
outros fatores, para assim, melhor analisar o objetivo proposto na pesquisa.
Desta forma, os usuários do CAPS I quando indagados: Você conhece a doença
(esquizofrenia) que possui?, dentre os 4 (quatro) usuários entrevistados apenas 3 (três)
responderam que conheciam, dizendo:
Usuário 1 – Eu sei porque ouço vozes... meu problema acho que é mais
espiritual... porque não ouço tantas vozes assim... mais espiritual.
Explicaram que é algo de nervo... falaram que é.
Usuário 2 – [...] Conheço a doença, é gerado das drogas, do veneno forte
que chega a matar a pessoa, dai a pessoa... vamos dizer assim... começa a
ter visões diferentes das pessoas da terra, e as pessoas da terra não
entendem a pessoa [...].
Usuário 3 – Sim, os sintomas dela [esquizofrenia] é por exemplo assim...
você pensa que ta bom mais você não tá bom entendeu, chega um tempo que
você passa a ter controle dela sabe, as vezes você começa a pensar coisas
assim... as vezes vamos supor até por exemplo: eu comprei dois isqueiros um
preto e um amarelo, ai eu comprei um pra minha esposa e um pra mim, [...]
ai eu cheguei em casa e pra mim eu tinha tirado o isqueiro e o cigarro do
bolso e colocado em cima da mesa, [...] dai eu procurava em casa e não
achava dai eu ponhei na cabeça que ela tinha escondido o isqueiro e deu
nervoso, porque se eu vou procura uma coisa e não consigo achar eu fico
nervoso, dai eu sei que é minha esquizofrenia... dai eu pego e me acalmo, ai
se eu vejo que tô me estressando demais, ou to vendo coisa eu tomo meu
remédio [...], então tipo assim é isso... eu conheço o que que é entendeu.
Através destas respostas pode-se entender que os usuários definem a doença de acordo
o que sabem pelo médico, seja por suas vivências, ou por perceberam que possuem alguns
sinais que são da própria patologia, como por exemplo, as alucinações, visões. Um deles
acredita que a esquizofrenia surgiu por causa das drogas, isto nos remete a pensar que o uso
de substâncias psicoativas pode ser algo que impulsione reações e alterações no sujeito, pelo
mesmo já possuir um transtorno mental, sendo um fator para além da patologia, mas algo
externo que fez parte da vida do sujeito, porém aprenderam a lidar com a doença, e que a
52
medicação é importante para o tratamento para reequilibrar qualquer manifestação ocasionada
pela doença.
No entanto, 1 (um) usuário entrevistado alegou que não conhecia sua patologia,
abordando:
Usuário 4 – Não conheço não, [...] já procurei saber mais não tive
resposta... não entendi, não consigo explica o que tenho.
Isto é, demonstra que em alguns casos a explicação da doença deve ser mais clara,
sendo importante “[...] um olhar atento à singularidade dos sujeitos, o que implica uma
atenção personalizada dirigida à construção de um processo terapêutico que leve em conta as
particularidades de cada situação[...]” (MELMAN, 2008, p. 94), pois cada sujeito pode
apresentar sintomas que lhe são próprios e para isso a informação e esclarecimentos por parte
dos trabalhadores da saúde é primordial.
Ao se perguntar: O que você acha do trabalho oferecido pelo CAPS I?, destaca-se:
Usuário 3 – [...] é muito bom sim, o tratamento esta sendo muito bom,
depois que teve o CAPS ali em Assis eu acho que foi através disso ai que
começou melhorar meu tratamento sabe, tendo o CAPS ali, porque pessoa
que não tem conhecimento, não tem paciência, um dia pode ter a doença né
[...].
Mostraram que o CAPS I foi muito bem vindo ao município, que os atendimentos são
bem realizados, os vínculos que existem entre usuário e profissional se tornam produtivos
para o tratamento, e que independente da doença desenvolver atividades, participar das
oficinas os deixam melhores.
Assim, quando também indagados: Já participou de alguma atividade/projeto realizado
pelo CAPS I?, 3 (três) entrevistados responderam que sim, que gostam de participar das
atividades do CAPS I, mas em especial das oficinas terapêuticas que a instituição oferece,
pois a mesma os beneficia porque estão sempre em constante aprendizado e podem trocar
experiências com outras pessoas, como apresentam os Usuários 1 e 2, a seguir:
Usuário 1 – Já, já participei do teatro, da pintura... do projeto de pintura,
deixa eu vê do que mais, só, pinturas essas coisas, desenho... gosto das
oficinas.
Usuário 2 – Participei bastante, [...] tudo eu gosto, queria vim todas as
vezes, [...] faz bem né... é importante pra todos nós, não é só pra mim... [...],
é importante participar das oficinas, importantíssimo, esta com as outras
pessoas... conversar, aqui [CAPS I] vocês me ouviram [...].
53
Desta forma,
A oficina possui como principal característica a utilização da criação
artística como atividade e como um espaço que propicia a experimentação
constante, oferece um ambiente agradável de atividades psicomotoras,
possibilitando organização coletiva, treinamento de habilidades cumprindo
seu valor educativo. (SALVALAGIO; FERNANDES, 2013, p. 18-19).
Assim sendo, mesmo compreendendo a função das atividades disponibilizadas pela
instituição, e como os usuários aderem tais ações, ressalta-se que apenas 1 (um) entrevistado
não chegou a participar das oficinas, e que só frequenta mais os atendimentos
multiprofissionais, como por exemplo as consultas médicas. O mesmo apresentou que não
participa das oficinas terapêuticas porque não tem interesse mesmo, que não gosta, para isso a
equipe respeita a opinião, porém o acompanhamento e o tratamento continuam sendo
realizados conforme especificidade de cada usuário do serviço.
Ao serem questionados sobre: Quem na família mais acompanha seu tratamento?, os
usuários responderam que quem mais está presente durante o tratamento são aqueles que estão
na convivência diária com eles, porque o fato de estarem mais próximos permite ter maior
compreensão da patologia. Dentre as respostas:
Usuário 2 – A todos né, poucos que não acompanham, [...] eles [família]
acham importante eu participar aqui [CAPS I].
De um modo geral, todos da família acabam se envolvendo, uns mais, outros menos,
varia conforme a disponibilidade de cada membro, como observado durante as entrevistas,
mas há grande interesse e incentivo por parte dos membros familiares.
Por fim, a última questão direcionada aos entrevistados foi: Para você sua família tem
influência no decorrer do tratamento?, de forma unânime todos alegaram que sim, que é a
família que dá força para persistirem no tratamento, e que a presença dos mesmos só tende a
melhorar, pois buscam através do diálogo saber como estão se sentindo, como apresentado
nas seguintes falas:
Usuário 1 – É importante sim, porque eles fazem companhia, eles na hora
do remédio dão remédio, orienta tudo que tem que fazer, de vim aqui [CAPS
I], [...] orienta essas coisas, a participar, incentiva... fala pra ir nas
oficinas... gosto de participar, é legal, primeira vez que Assis Chateaubriand
tem um negócio desse, importante... acho que tá bom.
54
Usuário 3 – Sim, tenho apoio deles, mais as pessoas são muito
preconceituosas por eu fazer tratamento psiquiátrico daí as pessoas as vezes
não dão muita atenção pelo o que a gente falam, não levam a sério o que a
gente faz, tipo assim... mais um doido falando, eu me sinto rejeitado, [...].
Nesta compreensão, pode-se dizer que “a desinstitucionalização emerge como eixo
norteador da política de assistência psiquiátrica, norteada pelos direitos da pessoa com
transtorno mental e pela criação de uma nova relação entre sociedade e loucura” (ROSA,
2009, p. 159). Isto é, os serviços substitutivos em saúde mental devem buscar intervenções
que assegurem uma melhor qualidade de vida para os portadores de transtorno mental,
garantindo-lhes seus direitos, conscientizando a população em geral quanto a esses sujeitos,
combatendo toda e qualquer forma de preconceito existente, pois os mesmos devem ser
respeitados diante as suas particularidades patológicas. E também, buscar efetivar cada vez
mais a participação da família no ambiente institucional em prol de um melhor êxito no
tratamento dos usuários da política de saúde mental do município.
55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no decorrer de sua construção, levou a
compreensão do quão importante este processo foi para acrescentar novos conhecimentos em
se tratando da temática família e saúde mental, bem como para a finalização da formação
profissional. Sabe-se que não somente neste trabalho, mas em outras pesquisas, exigirão do
pesquisador um planejamento e organização dos dados que se buscará pesquisar.
Para tanto, o referencial teórico aqui apresentado, procurou explicar os conceitos
trabalhados com o intuito de argumentar com os objetivos que foram propostos. Foi utilizado
a pesquisa de campo através das entrevistas semiestruturadas, entrevistas consideradas de
grande valia que contou com a participação de familiares e usuários do Centro de Atenção
Psicossocial I (CAPS I), que trouxeram suas opiniões e contribuições ao abordar a doença
esquizofrenia, tratamento, trabalho desenvolvido pela instituição e participação da família no
processo de tratamento de seus membros portadores da doença.
Desta forma, o objetivo geral nesta pesquisa, foi “Compreender a influência da família
no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do CAPS I de
Assis Chateaubriand – PR”, e com a coleta de dados pode-se fazer uma melhor análise e
apreender mais sobre a temática, ou seja, estudar a família que vive em seu cotidiano com um
ente portador de transtorno mental é de igual importância ao estudar o próprio usuário da
política de saúde mental, pois as duas partes devem ser colocadas como protagonistas de todo
o processo, e que esse envolvimento traz benefícios para todos.
No processo de desenvolvimento da pesquisa, pode-se identificar que compreender a
família é colocá-la como demanda do serviço, pois a mesma organiza-se como um grupo de
pessoas com costumes que lhe são próprios, e assim, atingindo o processo de tratamento do
usuário, importante pensar que ele não é um sujeito isolado mas que há, todo um contexto
social, cultural, político envolvendo essas pessoas.
Ressalta-se ainda, que é de suma importância que os profissionais da área da saúde
criem suportes quanto a informação de todo o processo do tratamento, dos serviços
disponíveis ao se tratar dos atendimentos e encaminhamentos, seja na área da saúde ou demais
políticas públicas que os usuários e familiares possam vir a fazer uso.
Desta maneira, ao elaborar o projeto de pesquisa deste TCC, as indagações que
impulsionaram a estudar essa temática foram a relação da família e usuário com o processo de
tratamento, este que foi subsidiado por um serviço instituído no município de Assis
Chateaubriand, como forma de tratamento especializado em saúde mental. O enfoque ocorreu
pela curiosidade em estudar a participação no tratamento por meio desta instituição,
56
instigando assim, saber mais sobre qual seria os reflexos dos familiares neste contexto de
saúde-doença de seus membros. Para tanto, levantou-se a problemática: Qual a influência da
família no processo de tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do
CAPS I de Assis Chateaubriand – PR?, ou seja, para buscar almejar a resposta foram
utilizadas quanto à metodologia, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo.
Portanto, conforme o resultado da pesquisa empírica, constata-se que o contexto
histórico que envolve a saúde mental trouxe grandes avanços ao passar pelo movimento da
reforma psiquiátrica, em que profissionais, usuários e sociedade, se mobilizaram em favor de
políticas públicas que fortalecessem os direitos de todos os usuários portadores de algum
transtorno mental na luta contra os estigmas que essas pessoas sofrem diariamente.
Contudo, as análises trouxeram reflexões relevantes que a família tem suma
importância no acompanhamento do cuidado, e envolvimento com o serviço inclusive na
própria casa de cada usuário, no dia a dia das atividades que os mesmos realizam durante a
semana. A família é tida como base, e neste sentido torna-se importante para estar cada vez
mais próxima e inclusa no decorrer do tratamento, fazendo com que o diálogo desenvolvido
entre familiares e usuários seja primordial para um bom relacionamento e influenciador
positivo ao tratar a doença.
A instituição, no caso estudada, é apresentada de acordo com os envolvidos nas
entrevistas como suporte e os entrevistados como incentivadores uns para com os outros, na
busca para a participação no cuidado em saúde mental. E o uso de medicamento torna-se parte
relevante, e a família tem papel nesta situação de instruir em conjunto com os profissionais da
equipe, que o uso é necessário para buscar a melhora no processo do tratamento. Concluiu-se
que é preciso saber lidar com a doença, suas reações e cuidados, porém, os usuários
abordaram que suas famílias têm influência, pois, encoraja na questão de seguir fazendo o
tratamento e se cuidando, alcançando o objetivo de toda pesquisa.
Isto é, as legislações e planos na área da saúde são fundamentais para darem suporte e
direcionamento à equipe, quanto suas intervenções ao executarem seus trabalhos, seja ele
dentro dos novos dispositivos da rede de saúde mental quanto em toda a rede intersetorial
disponível, pensando desta forma, troca de saberes, e na ampliação do cuidado daqueles
portadores de transtornos mentais, seja a esquizofrenia aqui estudada ou demais patologias,
com o intuito de que a assistência e a saúde são direitos de todos.
Neste entendimento, a família é parte primordial ao se inserir neste contexto, e sua
participação e envolvimento fortalecem a qualidade dos serviços prestados pelo CAPS I, e
proporciona progresso no tratamento de seus membros pois inserida na instituição será
57
protagonista não somente como um lugar de afeto e relações entre seus entes, mas como
parceira da equipe multiprofissional. E ao participarem poderão sugerir novas propostas, para
que assim, a equipe os inclua cada vez mais em atividades, em favor da garantia de direito.
Portanto, a participação tanto dos familiares, quanto dos próprios usuários esclareceu
que ambos consideram a influência que um tem na vida do outro, seja no dia a dia de cada
família em sua residência, nas atividades da instituição e na própria vida comunitária, ou seja,
ouvi-los torna-se fundamental para melhorar ainda mais as ações desempenhadas na área da
saúde mental do município, tornando um serviço que seja mais em rede, humanizado e
promotor da saúde daqueles que usufruem da Política de Saúde Mental.
58
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Serviço Social: o desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2000,
p. 35 a 67.
63
APÊNDICES
64
APÊNDICE A – Formulário de entrevista com familiar
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO
PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Ane Bárbara Voidelo.
ACADÊMICO (A): Andressa de Souza Orlandini.
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: Compreender a influência da família no processo de
tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do CAPS I de Assis
Chateaubriand – PR.
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Entrevista semiestruturada.
SUJEITOS DA PESQUISA: Familiar.
DATA DA ENTREVISTA:
___/___/2016
Nº DA ENTREVISTA: _____________
Nome:....................................................................................................... Idade:.......... Sexo ( )
Parentesco:................................................
1) Você conhece a doença (esquizofrenia) do seu familiar?
( ) Sim ( ) Não Explique.
2) Você acompanha o tratamento?
( ) Sim ( ) Não De que forma?
3) O que você acha do trabalho oferecido pelo CAPS I?
4) Já participou de alguma atividade/projeto realizado pelo CAPS I?
5) Para você qual a importância da família para o tratamento?
6) Você participa de alguma decisão sobre o tratamento?
( ) Sim ( ) Não De que forma?
7) Quem na família normalmente toma as decisões em relação ao
tratamento?
8) O que mudou na sua vida ao possuir um familiar com transtorno mental?
65
APÊNDICE B – Formulário de entrevista com usuário
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO
PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Ane Bárbara Voidelo.
ACADÊMICO (A): Andressa de Souza Orlandini.
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: Compreender a influência da família no processo de
tratamento dos usuários de transtorno mental com esquizofrenia do CAPS I de Assis
Chateaubriand – PR.
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Entrevista semiestruturada.
SUJEITOS DA PESQUISA: Usuário.
DATA DA ENTREVISTA: ___/___/2016
Nº DA ENTREVISTA: _____________
Nome:....................................................................................................... Idade:.......... Sexo ( )
Parentesco:................................................
1) Você conhece a doença (esquizofrenia) que possui?
( ) Sim ( ) Não Explique.
2) O que você acha do trabalho oferecido pelo CAPS I?
3) Já participou de alguma atividade/projeto realizado pelo CAPS I?
4) Quem na família mais acompanha seu tratamento?
5) Para você sua família tem influência no decorrer do tratamento?
( ) Sim ( ) Não De que forma?
66
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
67
68
ANEXOS
69
ANEXO A – Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo
70
ANEXO B – Parecer Consubstanciado do CEP
71
72