Upload
others
View
3
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
FORTISSIMO Nº 14 — 2016
G U A
PRESTO
VELOCE
28/07
29/07
R N I E
R I N O
B R E
PRESTO
VELOCE
28/07
29/07
Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú apresentam
3
O programa desta noite é totalmente
dedicado à música brasileira,
representada aqui pelo grande
Camargo Guarnieri – duas de suas
peças mais importantes para piano
e orquestra serão introduzidas
pela consagrada pianista Cristina
Ortiz. Essas obras refletem a forte
influência nacionalista na obra do
compositor, mas também exemplificam
a simplicidade e naturalidade
com que Guarnieri escrevia.
Ainda neste concerto a
Filarmônica faz a estreia mundial
Caros amigos e amigas,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
do Concerto para orquestra nº 1
de Marlos Nobre, obra de grande
complexidade, vigor, energia,
com sonoridades amplas, ritmos
envolventes e grande dinamismo
técnico. Certamente uma das
obras sinfônicas mais importantes
do repertório brasileiro.
Espero que aproveitem esse
momento de descoberta.
FO
TO
: A
ND
RÉ
FO
SS
AT
I
54
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional
e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo
a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
FO
TO
: R
AF
AE
L M
OT
TA
76
Camargo GUARNIERI Concertino para piano e orquestra de câmara
Festivo
Tristonho
Alegre (Rondo)
Camargo GUARNIERI Choro para piano e orquestra
Cômodo
Nostálgico
Alegre
Marlos NOBREConcerto para orquestra nº 1, op. 116
Intrada
Elegia
Perpetuum Mobile
Finale
FABIO MECHETTI, regente
CRISTINA ORTIZ, pianoGN
PROGRAMA
INTERVALO
ESTREIA MUNDIAL
9
A musicalidade natural de Cristina
Ortiz, sua perícia magistral e seu
comprometimento sem limites, aliados
a uma performance refinada, asseguram
seu lugar entre os mais respeitados
pianistas do mundo. Em sua longa
carreira, já se apresentou com a
Filarmônica de Berlim, Filarmônica
de Viena, Sinfônica de Chicago,
as orquestras Philharmonia e Royal
Concertgebouw, entre muitas outras.
Trabalhou com regentes como Neeme
Järvi, Mariss Jansons, Kurt Masur,
André Previn e David Zinman.
Com uma técnica notável e um
perspicaz senso de ousadia musical,
particularmente evidente em seu vasto
repertório, Ortiz é uma artista popular
com convites e público por todo o
mundo. Recentemente, trabalhou com
a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar,
Sinfônica do Estado de São Paulo,
Filarmônica de Hong Kong, Sinfônica
do Principado de Astúrias e Staatstheater
Kassel. Momentos importantes das
próximas temporadas incluem estreias
com as filarmônicas Nacional Húngara
e do Qatar, a Orquestra Haydn, de
Bolzano e Trento, as sinfônicas de
New West e Presidencial, e também
recitais no Southbank Centre, como
parte da International Piano Series,
no Reino Unido e na França.
Cristina Ortiz já gravou cerca de trinta
álbuns com repertório variado pela EMI
Classics, Decca, Collins Classics e, mais
recentemente, pela Intrada, Naxos e BIS.
Seu disco mais recente pela Naxos,
com música de câmara de Saint-Saëns
acompanhada do Fine Arts Quartet, foi
elogiada pelo jornal The Observer. Outro
álbum feito com o grupo, com música
de câmara de Franck, foi Escolha do
Editor na Gramophone. A mesma revista
descreveu sua gravação da música de
câmara de Fauré como “simplesmente
a melhor: uma versão incomparável, um
pilar do catálogo”. Em abril de 2014, a
Naxos lançou sua gravação dos trabalhos
para piano solo de York Bowen.
Cristina Ortiz é uma professora
comprometida e apaixonada.
Leciona masterclasses em todo o
mundo e se dedica também a aulas
particulares peripatéticas. Há pouco
tempo, organizou workshops no
Centro Cultural de Hong Kong,
na Academia Nacional Australiana
de Música, no Centro Nacional
para as Artes, México, na Escola de
Música de Tóquio, no Per Piano Solo,
Itália, e por todo o Reino Unido.
Cristina Ortiz começou seus estudos
no Brasil, antes de se mudar para
Paris, onde recebeu uma bolsa de
estudos e trabalhou com Magda
Tagliaferro. Depois de vencer a medalha
de ouro na terceira Competição
Van Cliburn, no Texas, seguiu para
um período de estudos de inestimável
valor sob a orientação do lendário
Rudolf Serkin, no Instituto Curtis
de Música, na Filadélfia, antes de
estabelecer moradia em Londres.
FO
TO
: S
US
SIE
AH
LB
UR
G
CRISTINAORTIZ
10 GTietê, Brasil, 1907 – São Paulo, Brasil, 1993
O compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri é reconhecido
no cenário musical por seu interesse pelos aspectos nacionalistas na
composição. No Brasil, no decorrer da primeira metade do século
XX, a produção musical encontrava-se em processo de consolidação,
destacando-se a atuação de compositores que enfatizavam, em
suas obras, elementos diretamente ligados à cultura brasileira.
A aspiração pela afirmação de um nacionalismo musical brasileiro
já vinha sendo promovida desde o século XIX por compositores
como Brasílio Itiberê da Cunha (1846-1913), Alberto Nepomuceno
(1864-1920) e Alexandre Levy (1864-1892), considerados precursores
do nacionalismo musical, movimento que se estendeu no decorrer
do século XX e conquistou grande visibilidade com a participação de
Villa-Lobos (1887-1959) na Semana de Arte Moderna, em 1922.
Nos períodos posteriores a essa Semana, protagonizada no campo
musical por Villa-Lobos, surgiram outras gerações de músicos que se
lançaram no âmbito da composição brasileira e alcançaram repercussão
internacional, dentre eles, Camargo Guarnieri. A relação mais direta
entre Guarnieri e o ideário do nacionalismo musical começou a
ser tecida a partir de suas aulas com seus primeiros professores:
Ernani Braga (1888-1948) e Sá Pereira (1888-1966). Ambos tendiam,
claramente, a uma produção musical de cunho nacionalista, articulada
a pesquisas realizadas sobre o acervo folclórico-cultural do Brasil.
Ernani Braga empenhou-se em recolher esse tipo de
material para empregá-lo no repertório do canto coral,
chegando a organizar concertos orfeônicos com cinco mil
participantes. Postura similar foi promovida por Sá Pereira,
que também associava o folclore ao canto coral.
O pensamento de Guarnieri, no
decorrer de toda a sua trajetória, realça
o comprometimento com o ideário
nacional, aliando o nacionalismo
estético, por integração dos elementos
culturais, à adoção de inovações aduzidas
da estética musical contemporânea.
Guarnieri destacava, ainda, que o
folclore brasileiro é um dos mais ricos do
mundo, embora ele mesmo pouco tivesse
adotado, diretamente, em sua obra,
temas folclóricos brasileiros. Não deixava
de incluir, porém, elementos marcantes
do populário nacional, em que a
referência aos elementos folclóricos
não se efetiva de maneira explícita. Tais
elementos são reelaborados e se tornam
recriações do compositor, resultando
em composições impregnadas de
intenso e peculiar brasileirismo. Nessa
conjuntura, as representações musicais
tecidas por Guarnieri não se restringem
a um perfil identitário nacional
de cunho apologético, monolítico
ou associado simplesmente a uma
autenticidade respaldada pela suposição
das origens. Guarnieri traduzia tal
imaginário sociocultural na perspectiva
de uma erudição e técnica apuradas.
As duas obras apresentadas neste
programa destacam-se no conjunto
das dez obras para piano e orquestra
compostas por Guarnieri ao longo de
56 anos, sendo a primeira o Concerto
nº 1 para piano e orquestra, de 1931,
e a última o Concerto nº 6 para
piano, cordas e percussão, de 1987.
O Concertino para piano e orquestra
de câmara é considerado a obra mais
executada dentre as peças para piano
e orquestra de Guarnieri. Essa obra
composta em 1961 foi dedicada à
sua esposa Vera Sílvia e, no mesmo
ano, teve sua estreia mundial nos
Estados Unidos com o pianista João
Carlos Martins, acompanhado pela
Orquestra de St. Louis, sob a regência
de Guarnieri. Em 1963, o Concertino
recebeu da Associação Paulista de
Críticos Teatrais a medalha de prata
como melhor obra sinfônica do
ano. Guarnieri substitui os termos
internacionais para designação de
andamentos e de expressões por
vocábulos brasileiros equivalentes:
Festivo, Tristonho e Alegre. O piano abre
o primeiro movimento, denominado
Camargo
GUARNIERI
11
CONCERTINO PARA PIANO E ORQUESTRA DE CÂMARA (1961) 14 min
CHORO PARA PIANO E ORQUESTRA (1956) 17 min
12 GFestivo, com um tema que remete à atmosfera da música nordestina
e estabelece o caráter alegre e vivo da obra. Em contraste ao primeiro
movimento, o segundo, Tristonho, cheio de lirismo e introspecção,
apresenta uma delicada linha melódica que faz lembrar as modinhas
brasileiras. Em contraste ao segundo movimento, o Alegre, em forma
de rondó, ressalta o caráter dançante e vivaz por meio dos temas
inspirados em fontes folclóricas, tais como o frevo e a embolada.
Já o Choro para piano e orquestra, escrito em 1956, recebeu
o primeiro prêmio no Festival Latino-Americano de Caracas;
foi dedicado ao pianista Arnaldo Estrella e executado em
primeira audição no ano de 1957 pelo próprio Estrella,
acompanhado pela Orquestra Sinfônica de São Paulo sob a
regência de Souza Lima. Nessa obra, Guarnieri enfatiza o caráter
nacional, denominando-a de Choro, ao mesmo tempo em que
adota a estruturação usual dos concertos para instrumento solo e
orquestra, geralmente compostos de três movimentos contrastantes.
Ao denominá-lo Choro, Guarnieri faz alusão tanto aos grupos
instrumentais seresteiros urbanos, quanto ao gênero bastante
explorado por diversos compositores brasileiros da música popular.
Em seus três movimentos (Cômodo, Nostálgico, Alegre), evidencia-se
uma estrutura rítmica referente aos temas originais criados pelo próprio
compositor que, com grande refinamento, alia elementos repletos
de brasilidade a uma escrita que privilegia elementos típicos da
composição contemporânea, tais como o cromatismo e a bitonalidade.
No primeiro movimento, Cômodo, em caráter seresteiro, Guarnieri
adota o princípio da variação temática. O piano dialoga com
a orquestra, atingindo grande
expressividade ressaltada pela
dinâmica, do pianíssimo ao fortíssimo,
para, em seguida, retomar a atmosfera
intimista inicial, que encerra o Cômodo
e prepara o movimento central,
Nostálgico. Esse movimento, inspirado
numa melancólica canção sertaneja,
é marcado por uma atmosfera obscura
provocada por harmonização expressiva
e dinâmica muito suave. Uma
sentida melodia é introduzida pelo
clarinete e, em seguida, reafirmada e
ampliada pelo piano. A parte central
desse movimento atinge grande
dramaticidade no discurso musical,
pela densidade da massa orquestral,
até voltar a acalmar-se com a retomada
do tema inicial e a finalização por
uma coda conduzida pelo piano.
Já o terceiro movimento, Alegre,
evoca o caráter dançante recorrente
na música brasileira. Observa-se
o predomínio de uma rítmica
contundente, na qual o compositor
reafirma humor e vivacidade por meio
dos ritmos sincopados, e da ênfase na
orquestração, que coloca em destaque
os instrumentos de metal e percussão.
13
CÉSAR BUSCACIO Professor da Universidade Federal de Ouro Preto.
INSTRUMENTAÇÃO — CONCERTINO
Flauta, oboé, clarinete, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos,
percussão, harpa, cordas.
INSTRUMENTAÇÃO — CHORO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR E ASSISTIRConcertino para piano e Orquestra de Câmara – Chech National Symphony
Orchestra – Paul Freeman, regente – Caio Pagano, piano | Acesse: fil.mg/gconcertino
Choro para piano e orquestra – Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de
Londrina – Norton Morozowicz, regente – Caio Pagano, piano | Acesse: fil.mg/gchoro
PARA LERCesar Maia Buscacio – Americanismo e
nacionalismo musicais na correspondência de Curt Lange e Camargo Guarnieri
(1934-1956) – Editora UFOP – 2010
Flávio Silva (org.) – Camargo Guarnieri: o tempo e a música – Funarte RJ/
Imprensa Oficial SP – 2001
Márion Verhaalen – Camargo Guarnieri: expressões de uma vida – Editora
da Universidade de São Paulo/ Imprensa Oficial – 2001
14 NINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão,
harpa, piano, celesta, cordas.
PARA OUVIRCD Marlos Nobre – Orchestral, vocal and chamber works – Vários artistas – Lemán
Classics, LC 44.100 – 2004 (2 CDs)
PARA ASSISTIRO Dragão da Maldade contra o
Santo Guerreiro – Glauber Rocha, roteiro e direção – 1968
(Na trilha sonora, Ukrimakrinkrin e Ritmetron de Marlos Nobre)
PARA LERJosé Maria Neves – Música Contemporânea
Brasileira – Ricordi – 1981
Tomás Marco Aragón – Marlos Nobre: El sonido del realismo mágico – Fundación
Autor – 2006
PARA VISITARwww. marlosnobre.com.br
Recife, Brasil, 1939
Um dos compositores brasileiros mais executados no mundo,
Marlos Nobre inaugurou sua carreira composicional em 1959 com
o Concertino para piano e orquestra de cordas. Pela obra, recebeu o
prêmio Música e Músicos do Brasil, concedido pela Rádio MEC.
Mudou-se para a Argentina em 1963, para um curso intensivo de dois
anos no Instituto Torcuato Di Tella com Alberto Ginastera. Naquele
ano, compôs o politonal e, por vezes, dodecafônico Divertimento para
piano e orquestra. Em 1969, Marlos Nobre estreou mais um concerto:
o Concerto breve para piano e orquestra. De forma livre e caracterizado
pelo uso de clusters (acordes compostos de um conjunto de notas
adjacentes), o Concerto breve redirecionou não apenas a estética de
Marlos Nobre, como também a música de concerto brasileira, que,
à época, encontrava-se presa a estruturas tonais e às fórmulas clássicas
do nacionalismo musical. O fascínio pelas formas concertantes levaria
Marlos Nobre a compor ainda mais uma dezena de obras do gênero.
O Concerto para orquestra nº 1 foi composto por encomenda do
maestro José Antonio Abreu, criador do El Sistema, programa
venezuelano de orquestras jovens. Embora terminada em 2011,
a obra jamais foi executada. A opção pelo gênero concerto para orquestra
advém de uma combinação entre a predileção por gêneros concertantes,
o fascínio pelos concertos para orquestra de Béla Bartók e Witold
Lutoslawski e o desinteresse pelo gênero sinfonia, que o compositor
acredita estar associado a uma tradição formal mais rígida.
Ilustrativo das tendências formais e estéticas atuais do compositor,
fundamentalmente descritas como “pluralismo estético e técnico”,
o Concerto para orquestra nº 1 caracteriza-se pela exploração do
total cromático. Para Marlos Nobre, a música contemporânea ainda
não se valeu da escala de doze sons em tudo o que ela pode oferecer
musicalmente. Seu cromatismo, no entanto, não se associa ao serialismo
e à escala de doze tons, que são, a
seu ver, uma forma simplista de
organização do total cromático. Por
“pluralismo” Marlos Nobre entende
uma linguagem musical que fuja ao
simplismo e às doutrinas das escolas
musicais e que seja orientada para
integração e transformação profunda
dos diversos elementos e estímulos que
um artista absorva ao longo da vida.
Multifacetado e contrastante, o
Concerto apresenta quatro movimentos.
No primeiro movimento, Intrada,
os elementos rítmicos e melódicos
iniciais desenvolvem-se numa grande
estrutura sinfônica. O segundo
movimento, Elegia, expressa num
andamento lento a necessidade de um
momento de respiração e tranquilidade.
Musicalmente envolvente, o movimento
evoca atmosferas sensuais e mágicas.
O terceiro movimento, Perpetuum
Mobile, ocupa o lugar do tradicional
scherzo e faz da percussão seu solista
máximo. O quarto movimento,
Finale, é não apenas o mais longo e o
momento conclusivo, no qual todos
os naipes solam igualmente, mas
também o ponto de máxima densidade
estrutural da obra. Nele, as grandes
linhas melódicas e as a microinflexões
convergem num movimento final
que desafia a forma sinfônica clássica,
calcada na supremacia de um primeiro
movimento em forma sonata.
Marlos
NOBRE
15
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
CONCERTO PARA ORQUESTRA Nº 1, OP. 116 (2011) 35 min
FO
TO
: E
UG
ÊN
IO S
ÁV
IO
19* principal ** principal associado *** principal assistente Ilustrações: Mariana Simões
FORTISSIMO julho nº 14 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
GUARNIERIEditora: Editora Criadores do Brasil
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers
DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko Ferreira
Equipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães
ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICALGabriela Souza
PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)
ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira
ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica
ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi
ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho
SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes
ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis
ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo
RECEPCIONISTA Lizonete Prates Siqueira
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoMárcia Barbosa
MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado
MENOR APRENDIZMirian Cibelle
Sala Minas Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas
GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia
TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca
ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna DruzdLuciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina
VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesLina RadovanovicRobson FonsecaWilliam Neres
CONTRABAIXOSNilson Bellotto *Marcelo CunhaMarcos LemesPablo GuiñezRossini ParucciWalace Mariano
FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova
OBOÉSAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena
CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva
FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva
TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata
TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa
TUBAEleilton Cruz *
TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *
PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira
HARPAGiselle Boeters *
TECLADOSAyumi Shigeta *
GERENTE Jussan Fernandes
INSPETORAKarolina Lima
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira
ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi
ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis
SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro
MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
21
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
VISITE A CASA VIRTUAL DA NOSSA ORQUESTRA
www.filarmonica.art.brFILARMÔNICA ONLINE
CONCERTOS ago
Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.
7 / ago, 11hForma ABA
11 e 12 / ago, 20h30J. Reis, Shostakovich, Respighi
20 e 21 / ago, 18hMozart — Ópera
26 / ago, 20hCaeté — Quinteto de Sopros
JUVENTUDE
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor.
Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara
Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA
Ópera
Último capítulo
FORA DE SÉRIEMOZART EM DOSE DUPLA
Uma boa notícia para os amantes de Mozart.
Dois concertos da série Fora de Série serão repetidos. Em agosto, a ópera semiencenada Così fan tutte acontecerá nos dias 20 e 21. E em dezembro, o último concerto da série, com grandes obras, entre elas o Requiem, acontecerá nos dias 9 e 10.
Como em todas as apresentações da série, os ingressos começarão a ser vendidos um mês antes da data do concerto.
sábado, 18hdomingo, 18h
sexta, 20h30 sábado, 18h
20 AGO21 AGO
09 DEZ10 DEZ
Fique de olho em filarmonica.art.br/ingressos.
TURNÊ ESTADUAL
apresentação extra
ALLEGRO VIVACE
FORA DE SÉRIE
apresentação extra
/filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
WWW.FILARMONICA.ART.BR
APOIO INSTITUCIONAL DIVULGAÇÃO
PATROCÍNIO MÁSTER
MANTENEDOR
REALIZAÇÃO
/filarmonicamg
CO
MU
NIC
AÇ
ÃO
IC
F