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CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Paulista, 1842 - 14º andar Cetenco Plaza - Torre Norte 01310-200 São Paulo-SP Tels.: (011) 284-8114 / 284-5128 / 284-1839 Fax: (011) 284-3417 E-mail: [email protected] http://eu.ansp.br/~cendotec França-Flash França-Flash C O O P E R A Ç Ã O T E C N O Pesquisa Tecnologia Cooperação Pesquisa Tecnologia Cooperação MEIO AMBIENTE AGRICULTURA MEIO AMBIENTE AGRICULTURA CENDOTEC ... nº 14 JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 1998 Publicação trimestral França-Flash França-Flash Pesquisa Tecnologia Cooperação MEIO AMBIENTE AGRICULTURA MEIO AMBIENTE AGRICULTURA Pesquisa Tecnologia Cooperação SPOT-4/VEGETATION: a participação do Brasil A partir deste ano a floresta amazônica poderá contar com mais um aliado na sua preser- vação. A centenas de quilômetros da Terra, o sensor VEGETATION, a bordo do novo satélite SPOT-4, será capaz de detectar sua atividade fotossintética. A fotossíntese é um indicador muito eficiente do comportamento da vegetação e reage em caso de ocorrência de algum tipo de stress, como períodos secos, inundações, queimadas, desmatamentos, etc. A atividade fotossintética permite também identificar a produtividade das pastagens, áreas irrigadas e campos cultivados. As imagens do sensor VEGETATION serão distribuídas aos usuários de várias maneiras, desde antenas de recepção local até pela Internet. A grande novidade é que elas terão uma correlação geométrica e geográfica muito precisa, realizada num centro de cálculo localizado na Bélgica, a partir das imagens recebidas na antena de Kiruna, na Suécia. Qualquer pessoa, mas em particular pesquisadores, ambientalistas, etc, poderá adquirir imagens de regiões de seu interesse a partir de um eficiente serviço de distribuição desses produtos. Para preparar a comunidade científica internacional para o uso desse futuro sensor, o Centre National d’Études Spatiales - CNES, de Toulouse, lançou um chamado para projetos de pesquisa no âmbito do programa preparatório do satélite SPOT-4/VEGETATION. Cientistas de várias organizações apresentaram-se e o único projeto aprovado, no Hemisfério Sul, foi apresentado em conjunto pela organização não governamental ECOFORÇA - Pesquisa e Desenvolvimento (http://agest.ecof.org.br) e pelo Núcleo de Monitoramento Ambiental da Embrapa (http://www.nma.embrapa.br). O projeto apresentado vai permitir uma melhor compreensão da dinâmica da vegetação no sul da bacia amazônica. Ele foi concebido para valorizar os recursos logísticos, humanos e financeiros das duas instituições, tem o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE e do CIRAD-PRIFAS e © CNES ÚLTIMA CHAMADA PARA ASSINATURA DE FRANÇA-FLASH cupom-resposta na página 11 COOPERAÇÃO SPOT-4/VEGETATION: a participação do Brasil 1 Dois organismos franceses ativos na cooperação franco- brasileira – CIRAD e ORSTOM 3 ESPAÇO ABERTO Qualidade e Gestão Ambiental 7 Associação Paulista dos Antigos Alunos e Estagiários das Escolas Francesas - ASPEF 8 PESQUISA Meio ambiente: uma prioridade para o INRA 10 BREVES 11 ISSN 0104-9135 3.000 exemplares Sumário

França-Flash MEIO AMBIENTEainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105431/1/...CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Paulista, 1842

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CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andar Cetenco Plaza - Torre Norte 01310-200 São Paulo-SPTels.: (011) 284-8114 / 284-5128 / 284-1839 Fax: (011) 284-3417E-mail: [email protected] http://eu.ansp.br/~cendotec

França-FlashFrança-Flash

COO

PE

RAÇÃOTECNO

PesquisaTecnologiaCooperação

PesquisaTecnologiaCooperação

MEIO AMBIENTEAGRICULTURA

MEIO AMBIENTEAGRICULTURA

CENDOTEC

...

nº 14JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 1998

Publicação trimestral

França-FlashFrança-Flash

PesquisaTecnologiaCooperação

MEIO AMBIENTEAGRICULTURA

MEIO AMBIENTEAGRICULTURA Pesquisa

TecnologiaCooperação

SPOT-4/VEGETATION:a participação do Brasil

A partir deste ano a floresta amazônica poderácontar com mais um aliado na sua preser-vação. A centenas de quilômetros da Terra, osensor VEGETATION, a bordo do novo satéliteSPOT-4, será capaz de detectar sua atividadefotossintética.

A fotossíntese é um indicador muitoeficiente do comportamento da vegetação e reage em caso de ocorrência dealgum tipo de stress, como períodos secos, inundações, queimadas,desmatamentos, etc. A atividade fotossintética permite também identificar aprodutividade das pastagens, áreas irrigadas e campos cultivados.

As imagens do sensor VEGETATION serão distribuídas aos usuários devárias maneiras, desde antenas de recepção local até pela Internet. A grandenovidade é que elas terão uma correlação geométrica e geográfica muitoprecisa, realizada num centro de cálculo localizado na Bélgica, a partir dasimagens recebidas na antena de Kiruna, na Suécia. Qualquer pessoa, masem particular pesquisadores, ambientalistas, etc, poderá adquirir imagens deregiões de seu interesse a partir de um eficiente serviço de distribuição dessesprodutos.

Para preparar a comunidade científica internacional para o uso dessefuturo sensor, o Centre National d’Études Spatiales - CNES, de Toulouse,lançou um chamado para projetos de pesquisa no âmbito do programapreparatório do satélite SPOT-4/VEGETATION. Cientistas de váriasorganizações apresentaram-se e o único projeto aprovado, no Hemisfério Sul,foi apresentado em conjunto pela organização não governamental ECOFORÇA- Pesquisa e Desenvolvimento (http://agest.ecof.org.br) e pelo Núcleo deMonitoramento Ambiental da Embrapa (http://www.nma.embrapa.br).

O projeto apresentado vai permitir uma melhor compreensão da dinâmicada vegetação no sul da bacia amazônica. Ele foi concebido para valorizar osrecursos logísticos, humanos e financeiros das duas instituições, tem o apoiodo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE e do CIRAD-PRIFAS e

© C

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ÚLTIMA CHAMADA

PARA ASSINATURA

DE FRANÇA-FLASH

cupom-resposta na

página 11

COOPERAÇÃOSPOT-4/VEGETATION:a participação do Brasil 1Dois organismos francesesativos na cooperação franco-brasileira – CIRAD eORSTOM 3

ESPAÇO ABERTOQualidade e GestãoAmbiental 7Associação Paulista dosAntigos Alunos e Estagiáriosdas Escolas Francesas- ASPEF 8

PESQUISAMeio ambiente: umaprioridade para o INRA 10

BREVES 11

ISSN 0104-9135

3.000 exemplares

Sumário

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

está avaliando o potencial de uso das imagensSPOT-4/VEGETATION para estimar as superfíciesdos desmatamentos e das queimadas no sul dabacia amazônica.

A área de estudo, com cerca de 250.000 km2,fica no Estado do Mato Grosso, numa zona detransição climática entre os cerrados e a florestatropical úmida. O fogo é utilizado pelos agricultoresem pastagens naturais e também para o des-matamento. As mudanças constantes no uso dasterras e o grande tamanho dos campos cultivadosrepresentam um interesse particular para validara resposta espectral dos alvos e os registrosobtidos pelo satélite. Será realizada uma compa-ração entre campos de soja, cana-de-açúcar earroz. Também será efetuado um estudo sobre avariabilidade dos índices de vegetação, ao longoda recuperação da vegetação, após uma quei-mada. Desde 1991, a ECOFORÇA e a Embrapa-NMA trabalham com dados do satélite NOAA/AVHRR no monitoramento das queimadas nessaregião e essas informações serão um comple-mento de dados importantes para o projeto. Osprincipais resultados esperados são:

• Medidas multi-espectrais visando obter umacartografia integrada da localização (NOAA/AVHRR) e da área queimada (SPOT-4/VEGETA-TION) pelo fogo na região;

• Uma análise multitemporal dos índices de

vegetação, correlacionados com a dinâmica dosprocessos de superfície e o desenvolvimento davegetação (disponibilidade hídrica, tipos de solos,situações topográficas, uso e gestão das terras,etc).

Os resultados obtidos na fase de pré-lançamento do satélite já podem ser obtidos nahomepage da ECOFORÇA, da Embrapa-NMA edo CNES

(http://spot4.cnes.fr/spot4_fr/vegetati.htm)ou junto ao coordenador do projeto, Dr. EvaristoEduardo de Miranda ([email protected]).O lançamento do satélite SPOT4/VEGETATIONestá previsto para o final do mês de março.

Evaristo Eduardo de MirandaCoordenador de Pesquisa

Monitoramento por Satélite

Anais doWORKSHOP SOBRE BIOPOLÍMEROS

Exemplares dos anais do Workshop sobre Biopolímeros, realizado no campus da

USP de Pirassununga, em abril de 1997, organizado pela Faculdade de Zootecnia

e Engenharia de Alimentos e pela Cooperação Francesa poderão ser adquiridos

pelo custo unitário de R$40,00.

Para maiores informações contactar: Prof. Paulo Sobral - Coordenador do evento

Universidade de São Paulo

Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

Tel.: (019) 561-2385 ou 561-2406 ramal 481

Fax: (019) 561-2406 ramal 467

E-mail: [email protected]

ESPAÇO: ARIANE COLOCOU EM ÓRBITA UM SATÉLITE DE OBSERVAÇÃO. Este quarto satélite francês deobservação da Terra, SPOT-4, foi colocado em órbita ontem a noite pelo 107º foguete europeu Ariane lançado apartir do Centro espacial guianense de Kourou. SPOT-4 deve girar em torno da Terra a 832 km de altitude,passando sobre seus pólos durante pelo menos 5 anos. Nouvelles AFPI, 23 de março de 1998

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

Dois organismos franceses ativos nacooperação franco-brasileira

O CIRAD no BrasilA presença do CIRAD no Brasil é antiga — remonta a

mais de 20 anos — e bastante representativa: 15 pesqui-sadores em 1998, 20 projetos, 10 diferentes locais deatuação e um orçamento global de 2,4 milhões de dóla-res. A cada ano realizam-se de 40 a 50 missões de apoiotécnico.

PARCEIROS

Muitos trabalhos são realizados em estreita e constan-te cooperação com parceiros dos setores públicos e pri-vados. São eles: a Embrapa, principal interlocutor, oCNPq, a Universidade Federal do Pará, em Belém, aUniversidade Federal do Estado de São Paulo, coopera-tivas e sociedades privadas (Coodetec, Rhodia, Michelin),organismos internacionais como o IICA e vários Estados.

TEMAS DE PESQUISA

Várias são as áreas de atuação do CIRAD:• Meio ambiente: gestão sustentável dos sistemas agrí-colas em zona tropical úmida;• Pecuária na Amazônia;• Agroalimentar: valorização dos produtos da agriculturae seus derivados;• Agricultura familiar: programa integrado de apoio à agri-cultura familiar;• Melhoramento genético: dendê, seringueira, abacaxi,arroz, milho, algodão;• Projeto de estudo dos sistemas hídricos do cerrado.

PROGRAMAS DE APOIO ÀS OPERAÇÕESDE DESENVOLVIMENTO

• Projeto dendê “Rio Urubu”• Projeto de melhoramento genético da seringueira• Programa Piloto Amazônico• Biologia dos gafanhotos migratórios do Mato Grosso

CIRADCentro de CooperaçãoInternacional em PesquisaAgronômica para oDesenvolvimento

O CIRAD é um organismo es-

pecial izado na agricultura dasregiões tropicais e subtropicais.

Nasceu em 1984, na forma de um

estabelecimento público, da fusão

de institutos de pesquisa em ciên-

cias agronômicas, veterinárias, f lorestais e

agroalimentares das regiões quentes. Sua missãoé contribuir para o desenvolvimento dessas

regiões, por meio de pesquisas, realizações

experimentais, formação, informação científica e

técnica.O CIRAD emprega cerca de 1.800 pessoas, dasquais 900 são pesquisadores, que intervêm emcerca de 50 países. Seu orçamento aproxima-sedos 200 milhões de dólares, sendo a maior parteproveniente do orçamento público.São 28 programas repartidos em sete depar-

tamentos: Melhoramento dos Métodos para Ino-

vação Científica (CIRAD-AMIS), Culturas Anuais

(CIRAD-CA), Culturas Perenes (CIRAD-CP), Fru-

ticultura e Hortigranjeira (CIRAD-FLHOR), Pe-cuária e Medicina Veterinária (CIRAD-EMTV),

Florestas (CIRAD-Fôrets), Territórios-Meio Am-

biente-Protagonistas (CIRAD-TERA).

França-Flash: Quais foram os fa-tores determinantes para a implan-tação de uma representaçãoCIRAD no Brasil?Sr. François Bertin: Os diferentesinstitutos reunidos para formar oCIRAD, em 1984, já mantinham re-lações de cooperação com o Brasil

há muito tempo. Com a criação do Cirad essas rela-ções desenvolveram-se, justificando a implantaçãode uma representação para assegurar uma boa co-

ordenação de nossa cooperação. Essa decisão foi re-forçada pelas grandes possibilidades de parceria cien-tífica oferecidas pelo Brasil e o desejo de nossaDireção Geral de diversificar o campo geográfico denossas atividades que estavam mais voltadas para aÁfrica. É preciso ressaltar que a primeira representa-ção criada em 1979 era uma representação comum a3 instituições francesas: o INRA, o ORSTOM e oCIRAD. Com o número crescente de projetos umaúnica representação não era mais suficiente: cada or-ganismo criou assim sua própria representação.

ENTREVISTA COM O SR. FRANÇOIS BERTIN, REPRESENTANTE DO CIRAD NO BRASIL

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

França-Flash: Os resultados obtidos atenderam às ex-pectativas?Sr. Bertin: Certamente, pois o número de programasde cooperação só aumentou e situa-se hoje em tornode 20. O Brasil é, aliás, o único país da América Latinaonde existe atualmente uma representação permanen-te do CIRAD. Nosso estabelecimento é também cadavez mais conhecido e os pedidos de cooperação vãoaumentando.

França-Flash: Em sua opinião, dentro da comunida-de científica brasileira, qual é a área de pesquisa emque a presença do CIRAD é mais conhecida?Sr. Bertin: Diferentemente do ORSTOM, cujos temasde pesquisa são muito variados, o CIRAD é especia-lizado em pesquisa agronômica. Nessa área há certa-mente uma diversidade muito grande de temas esomos conhecidos no Brasil sobretudo por nossascompetências quanto à melhoria das culturas perenes(dendê, seringueira, café, coqueiro e cacau) e os sis-temas de culturas (desenvolvimento das técnicas deplantio direto). Uma parte importante de nossos proje-tos, nos últimos anos, desenvolveu-se no campo daagricultura familiar, onde hoje a demanda é mais forte.

França-Flash: O que constitui a especificidade doCIRAD?Sr. Bertin: É no nome do nosso estabelecimento queencontramos as características específicas de nossasatividades: nossa pesquisa efetua-se em cooperação,isto é, ela sempre recorre a parceiros dos países que

nos acolhem. É uma pesquisa aplicada ao desenvol-vimento, o que não quer dizer que ela não produzaconhecimentos de base, mas que suas aplicações sãoimediatas e buscam ser operacionais. Enfim, o esta-tuto particular do CIRAD, que é um estabelecimentopúblico com uma certa autonomia, permite-lhe esta-belecer relações e assinar contratos com parceirosbastante variados, sejam eles públicos, privados, na-cionais ou internacionais.

França-Flash: Quais são as perspectivas do CIRADno Brasil?Sr. Bertin: O objetivo é reforçar nosso dispositivo noBrasil, tentando concentrar nossas atividades emáreas científicas maiores e estratégicas visando so-bretudo ao desenvolvimento durável. Nosso esforçoestará particularmente voltado para a gestão duráveldas zonas tropicais úmidas e as tecnologias de ponta.Tentaremos firmar com nossos parceiros brasileirosprogramas interinstitucionais que possam oferecer so-luções para problemáticas regionais. Será dada es-pecial atenção para as propostas de cooperação quetratem da gestão dos recursos hídricos, uma das prin-cipais problemáticas atuais em escala planetária.

Representação CIRAD no BrasilSHIS - QI 11, conjunto 6, casa 7CEP 71625-260 Brasília DFTel.: (061) 248-4126Fax: (061) 248-2381E-mail: [email protected]

Contato

Testar a elasticidade sem destruir omaterial

No CIRAD (Centro de Cooperação em PesquisaAgronômica para o Desenvolvimento), o Laboratóriode Qualidade e Tecnologia da Madeira está cons-truindo o BING (Beam Identification by NondestructiveGradding), um aparelho que avalia por percussão aelasticidade em flexão e em cisalhamentode uma viga ou pilar de qualquer dimen-

são ou material. As vibrações causadas por um cho-que geram um som proporcionalmente mais grave oumais agudo conforme o material seja mais maleávelou mais rígido. Na técnica BING, a viga é colocadasobre apoios flutuantes, medida, pesada e golpeadacom um martelo (1). Os sons resultantes são grava-dos (2), digitalizados (3) e transferidos para um com-putador (4), onde um software analisa os dados edetermina os módulos de elasticidade em flexão e

cisalhamento (5). A técnica, simples e barata, éde grande interesse industrial.

Contacto: Henri BaillèresTel. (4).67.61.44.51 Fax (4).67.61.57.25 E-mail [email protected].

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

ORSTOM Instituto Francês de Pesquisa para o

Desenvolvimento em CooperaçãoO ORSTOM, estabelecimento público de caráter científico e tecnológico, tem porfunção promover e realizar todos os trabalhos de pesquisa que possam contribuirpara o avanço econômico, social e cultural dos países em desenvolvimento. Seusgrandes eixos são as condições e formas de desenvolvimento, a dinâmica dos grandessistemas oceânicos, aquáticos e terrestres, a exploração dos recursos naturais, as

cidades e o desenvolvimento, a saúde e o desenvolvimento.Dispõe de um efetivo de 2.600 pessoas; seu orçamento é de um bilhão de francos.Dois departamentos interdisciplinares definem e realizam programas nacionais, regionais e

internacionais, que são executados in loco, em parceria com instituições, em cerca de quarenta países:«Recursos, Meio Ambiente e Desenvolvimento» e «Condições de vida e Desenvolvimento».

O ORSTOM no Brasilrelativo ao estudo da organização do espaço geográfico

brasileiro.

Todos os programas com a Embrapa e o CNPq são defi-

nidos em comum após uma avaliação anual, e realizados

por equipes franco-brasileiras em parceria completa.

AS GRANDES ÁREAS DE PESQUISA

Todo programa apresenta um interesse recíproco. Para

o Instituto, a riqueza dos terrenos de estudo oferecidos pelo

Brasil basta para justificar o interesse de seus pesquisado-

res. Os parceiros brasileiros revelam geralmente uma ne-

cessidade de colaboração particular em uma área para

reforçar as competências. Além disso, a experiência adqui-

rida pelo ORSTOM nos meios tropicais é a seus olhos um

grande trunfo. Uma demanda importante diz respeito ao

conhecimento, até hoje insuficiente, dos ecossistemas no

sentido amplo e sobre o manejo e a conservação dos re-

cursos naturais num objetivo de desenvolvimento susten-

tável.

Os programas realizados em cooperação pelo Instituto

no Brasil têm essencialmente como objeto :

• a agricultura, a biologia, e o meio ambiente (8 projetos)

• o solo, o clima e os recursos hídricos (5 projetos)

• a saúde (2 projetos)

• as ciências sociais (sócio-economia, geografia, antropo-

logia) (6 projetos)

Esses programas estão concentrados em três grandes

regiões: a Amazônia para 13 dentre eles, o Nordeste (3) e

os Cerrados (2). Além disso, um programa está sendo de-

senvolvido no litoral e na floresta atlântica e um outro rela-

tivo à região de São Paulo e ao centro-sul do País.

UMA COOPERAÇÃO ANTIGA

O Brasil é um dos primeiros países com os quais o

ORSTOM realizou pesquisas na América Latina: a primei-

ra missão data de 1958. As primeiras implantações per-

manentes em São Paulo, Recife, Salvador aconteceram

nos anos 70 sob forma de projetos.

A partir de 1980, a cooperação do Instituto é reforçada

graças à assinatura de dois acordos, um com a EMBRAPA

(Empresa Brasileira de Agropecuária) e um outro com o

CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico).

O BRASIL – PRIMEIRO PARCEIRODO ORSTOM NA AMÉRICA LATINA

Com 21 programas de pesquisa e cerca de quarenta

pesquisadores lotados no Brasil em 1997, a cooperação

do Instituto com esse País é a mais importante da Améri-

ca Latina.

O ORSTOM está ligado a vários organismos-parceiros

em Brasília, Belém, Manaus, Recife, Salvador, Rio, São

Paulo e Piracicaba.

UM ACORDO ESTREITO COM SEUS PARCEIROS

O acordo assinado com o CNPq em 1981 tem como

objeto 17 programas e refere-se à cooperação realizada

com universidades e organismos de pesquisa. O assina-

do com a Embrapa tem três projetos. Esses projetos têm

a duração de três anos.

Um convênio foi assinado em julho de 1995 com o

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que

não depende do CNPq; tem como objeto um programa

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

ENTREVISTA COM O SR. MAURICE LOURD, REPRESENTANTE DO ORSTOM NO BRASIL

França-Flash: Quais foram os fa-tores determinantes para a im-plantação de um representaçãoORSTOM no Brasil ?Sr. Maurice Lourd: A história do

Orstom no Brasil começou nos

anos 60 com as primeiras interven-

ções dos hidrólogos e pedólogos no

projeto do Vale de Jaguaribe. Apesar do sucesso des-

sa operação, a cooperação diminuiu muito durante o

regime militar. Foi realmente nos anos 70 que as ativi-

dades voltaram a um nível importante. Foram proje-

tos em geologia e pedologia com a UFBa em 1973,

em geologia com a USP em 74, o convênio com a

SUDENE na área de hidrologia em 1973, com a

CEPLAC em 1974, com o IDESP de Belém em 1974,

etc.

Devido a esse crescimento rápido e importante das

atividades, a implantação de uma representação mos-

trou-se realmente necessária para coordenar o con-

junto e atender, com mais eficiência, a todos os

pedidos de cooperação. O primeiro representante ins-

talou-se em Brasília em julho de 1979.

França-Flash: Os resultados obtidos atenderam àsexpectativas ?Sr. Lourd: Os resultados foram bem além das expec-

tativas. Hoje, a cooperação do Orstom com o Brasil

tem mais de 30 anos de existência. O Brasil é o nosso

primeiro parceiro da América Latina com 21 projetos,

um orçamento anual de 6 milhões de dólares e 40

funcionários lotados no País de maneira permanente.

Durante esse longo período de convivência científica,

milhares de comunicações e artigos científicos foram

publicados com os pesquisadores parceiros, e mais

de 500 mestrados e doutorados foram orientados por

pesquisadores do ORSTOM. Considero que esses nú-

meros são a marca de uma cooperação bem sucedi-

da, com ótimas perspectivas pela frente levando-se

em conta a grande quantidade de pedidos que a nos-

sa representação recebe das diversas instituições cien-

tíficas do Brasil.

França-Flash: Em sua opinião, dentro da comunida-de científica brasileira, qual é a área de pesquisa emque a presença do Orstom é mais conhecida ?Sr. Lourd: Eu diria que, em cada área de sua atua-

ção, o Orstom é conhecido. Porém, devido a uma his-

tória mais antiga, as Geociências em geral, hidrologia,

geoquímica e pedologia mais precisamente, tiveram

e ainda têm uma grande notoriedade no país. Mas, os

trabalhos realizados no zoneamento pedo-edáfico no

semi-árido, os estudos sobre o extrativismo na Ama-

zônia, sobre as palmeiras nativas, os projetos de geo-

grafia humana sobre as frentes de colonização do

Pará, Rondônia e outros estados amazônicos, de lin-

güística indígena, de antropologia, entre outros, tive-

ram também um grande renome na comunidade

científica e na comunidade em geral.

França-Flash: O que constitui a especificidade doOrstom ?Sr. Lourd: A sua história: mais de cinqüenta anos de-

dicados ao estudo dos meios tropicais; a sua identi-

dade: é um instituto de pesquisa científica; as suas

missões: pesquisar sobre o desenvolvimento e para o

desenvolvimento, gerar conhecimentos básicos, par-

ticipar da formação dos jovens pesquisadores; o seu

modo de atuar: a cooperação com as intituições par-

ceiras.

A vocação do Orstom para fazer uma pesquisa bási-

ca, de alta qualidade, e a amplitude de suas compe-

tências que vão do meio físico, até as sociedades

humanas, passando pelo meio biológico, o mar, e as

ciências da saúde, faz com que ele seja perfeitamento

complementar ao Cirad cujas missões são idênticas

mas com uma orientação mais específica para a agro-

nomia e as sociedades rurais numa definição mais vol-

tada para a aplicação.

França-Flash: Quais são as perspectivas do Orstomno Brasil ?Sr. Lourd: Reforçar a qualidade e a eficiência de nos-

sas equipes; criar grupos multidisciplinares capazes

de enfrentar os novos desafios do desenvolvimento

sustentável, e, para isso, criar uma dinâmica

interinstitucional, tanto entre os institutos científicos

franceses que atuam na área como entre as institui-

ções brasileiras — um programa eco-regional na Ama-

zônia, associando Orstom e Cirad, está sendo

projetado com os parceiros brasileiros para respon-

der a este desafio —; abrir novas áreas de coopera-

ção como, por exemplo a oceanografia (relação

oceano-clima, estudos costeiros).

Representação ORSTOM no Brasil:SHIS QI 11, conjunto 4, casa 19CEP 71625-240 Brasília DFCP 7091 - Lago SulCEP 71619-970 Brasília DFTel.: (061) 248-5323Fax: (061) 248 53 78E-mail: [email protected]

Contato

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

renças. Algumasdas jazidas brasi-

leiras formaram-se

há dois bilhões de

anos; as outras,

entre 760 e 510

milhões de anos.Tendo se cristali-

zado em rochas

de flogopita (uma

espécie de mica),

as esmeraldas

brasileiras sãopontilhadas de in-

clusões minerais

que alteram sua

pureza. Já as jazidas colombianas, mais recentes, for-maram-se há 65 milhões de anos e entre 38 e 32 mi-

lhões de anos, durante episódios de deformação da

bacia sedimentar da cordilheira dos Andes. A pressão

tectônica abriu um grande número de fraturas onde as

esmeraldas se cristalizaram. Aninhadas no interior de

geodos (rochas interiormente forradas de cristais), elaspuderam desenvolver-se sem deformações. Por isso

os cristais são bem formados e límpidos.

Os conhecimentos obtidos pelos geólogos do

ORSTOM, do CNRS e do INPL sobre as condições de

formação das principais jazidas deverão ser úteis pararacionalizar as explorações e aperfeiçoar os métodos

de prospecção.

Ficha de atualidade ORSTOM, nov/1997

Contacto: Gaston Giuliani, Orstom - CRPGBP 20, 54501 Vandoeuvre

Tel. (3) 83.59.42.38 Fax (3) 83.51.17.98E-mail [email protected]

ESPA

ÇO ABERTOTECNO

Esta seção é especialmente reservada aos ex-bolsistas na França, que poderãoinformar sobre projetos e pesquisas em andamento ou publicações, anunciareventos, trocar experiências, etc.ddddddd

Os assuntos “qualidade total” e“meio ambiente” estão sendo diaria-mente expostos e discutidos nosmeios de comunicação, este últimoquase sempre visto pelo seu ladonegativo, ou seja, quanto aos seus

aspectos de poluição, degradação eresíduos.

A busca do homem por maiorconforto e uma melhor qualidade devida resulta no aumento da produ-ção de bens e serviços, quase sem-

pre com agres-sões à natureza e a uma degrada-ção dessa mesma qualidade de vida.A partir dos anos 50, entretanto, ob-serva-se uma lenta modificação norelacionamento das pessoas com o

Qualidade e Gestão AmbientalFoi lançado recentemente, pela Editora Oliveira Mendes, o livro “Qualidade e GestãoAmbiental”, de autoria do Engenheiro Luiz Antônio Abdalla de Moura, ex-bolsista da EcoleNationale Supérieure de Techniques Avancées, em Paris (Promotion 1984) e ex-aluno daescola Politécnica da Universidade de São Paulo (1975)

De onde vem a pureza das esmeraldas?As jazidas de esmeralda, raras e extremamente co-

biçadas, por muito tempo constituíram um enigma paraos geólogos. Por que elas são raras? Como se formam?Por que algumas encerram esmeraldas de grande pu-reza e outras não?

Pela primeira vez, um modelo de formação dessasjazidas acaba de ser proposto por uma equipe pluri-disciplinar associando pesquisadores do ORSTOM(Instituto Francês de Pesquisa Científica para o Desen-volvimento em Cooperação), do CNRS (Centro Nacio-nal de Pesquisa Científica) e do INPL (Instituto NacionalPolitécnico de Lorraine). O trabalho resulta de pesqui-sas executadas em colaboração com o Ministério deMinas e Energia da Colômbia e com setores geológicosbrasileiros.

A esmeralda é a variedade de cor verde de um mine-ral menos raro, o berilo. Sua coloração deve-se à pre-sença de ínfimas quantidades de cromo e de vanádio,além de traços de ferro e de alcalinos (metais tipo lítio,sódio, potássio, etc). É rara porque são necessárias cir-cunstâncias excepcionais para que os elementos quea compõem se encontrem simultaneamente em ummesmo local. Acontece que estes têm comportamen-tos diametralmente opostos: o cromo, o vanádio e oferro concentram-se basicamente no manto da Terra(até três mil quilômetros de profundidade), ao passoque o berílio e os alcalinos estão presentes nos magmas(líquido que se forma no limite entre a crosta e o man-to) ácidos da crosta terrestre.

Os geólogos distinguem duas grandes famílias dejazida: a de tipo brasileiro (10% da produção mundial)e a de tipo colombiano (60% da produção mundial). Asesmeraldas de tipo brasileiro são menos puras que asextraídas na Colômbia. Segundo o modelo propostopelos pesquisadores, é na história da formação das ja-zidas que se devem procurar as razões dessas dife-

Mina de Quipama, Colômbia

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

meio ambiente. Os grandes aciden-tes ambientais, o esgotamento de re-cursos naturais importantes (atémesmo de água), o “efeito estufa”, adestruição progressiva da camadade ozônio, os desmatamentos, a con-taminação das águas, o uso indiscri-minado de agrotóxicos e defensivosagrícolas, a erosão e desertificaçãocrescentes, o fenômeno “El Niño”, osproblemas de saúde causados pelapoluição nas grandes cidades sãofatores que têm forçado a uma novaforma de pensar e agir.

As empresas, como produtorasdos bens e serviços, estão hoje emgrande evidência na questão am-biental. As pressões exercidas pelascomunidades têm motivado umapostura pró-ativa de melhoria deseus processos produtivos, com ageração de menor quantidade deresíduos e poluentes e menor con-sumo de matérias-primas e energia,a busca de novas tecnologias, a ob-tenção dos “selos verdes” e tambémo uso de técnicas gerenciais que pro-porcionem um melhor desempenhoambiental, em um enfoque voltado aatender às necessidades dos seusclientes (um meio ambiente ecologi-camente equilibrado tornou-se umanova “necessidade” dos clientes),uma qualidade essencial à própriasobrevivência da empresa.

A abordagem defendida nolivro procura conciliar o desenvol-vimento com uma postura de qua-lidade ambiental, ou seja, adotar osprincípios de “desenvolvimento sus-tentável”, ou desenvolvimento comreponsabilidade ambiental, garantin-

do-se às futuras gerações os bens erecursos naturais hoje utilizados. Aadoção das normas da ISO (Inter-national Organization for Stan-dardization), em particular aquelasda série 14.000, que chegam comgrande força após o sucesso dasnormas da série 9.000, poderá serum fator importante de auxílio à em-presa nesse processo de melhoria.

Esse livro, elaborado a partir denotas de aulas de cursos apresenta-dos na Universidade de São Paulo,visa sugerir às empresas as açõesindicadas para conseguir melhoriasambientais. A título de motivaçãopara o problema é apresentado umresumo histórico da questão am-biental, são comentados algunsacidentes ambientais de grandes re-percussões, são discutidas as razõespelas quais a empresa deve melho-rar o seu desempenho ambiental eapresentados exemplos de uma sé-rie de empresas de sucesso no Bra-sil. Em particular, são discutidos osproblemas ambientais principais dasáreas de agroindústria e energia noBrasil. É apresentado o processo deelaboração e a situação atual deprontificação das normas da sérieISO 14.000, sendo comentados ositens da norma ISO 14.001 - “Siste-mas de Gestão Ambiental”, com ên-fase na elaboração da políticaambiental da empresa, no seu pla-nejamento estratégico com enfoqueambiental, na identificação de aspec-tos e impactos, plano de ação, trei-namentos, verificações e auditorias.A metodologia empregada procurouaplicar os conceitos e ferramentas da

qualidade total com os requisitosambientais. Essas ferramentas, de-senvolvidas pelos Profs. Deming,Juran, Ishikawa e outros são, emgrande parte, responsáveis peloenorme sucesso dos programas dequalidade no Japão. Empregá-lascomo auxílio na implantação de umprograma de gestão ambiental podeser uma boa idéia. A razão de o livrochamar-se “Qualidade e GestãoAmbiental” decorre do uso dessasferramentas principais da qualidade.

O livro também apresenta con-ceitos de análise de riscos em pro-cessos industriais, como ferramentapreventiva a problemas ambientaisem potencial. Também são comen-tadas algumas técnicas de auditoriaambiental e certificação, tópicos maisimportantes da legislação ambientalbrasileira e atividades de licen-ciamento de instalações. Como umanexo, foram resumidos alguns con-ceitos básicos de ciência ambientale ecologia (ciclos de elementos danatureza, água, etc) como ferramen-ta de auxílio à compreensão de al-guns fenômenos naturais ligados aresíduos e poluentes. O autor é hojeCoordenador de Projetos de Enge-nharia do centro tecnológico da Ma-rinha em São Paulo e Professor decursos do “Programa de EducaçãoContinuada em Engenharia” da Es-cola Politécnica da Universidade deSão Paulo.

Luiz Antônio Abdalla de Mouratel. (011) 817-7164, ouEditora Oliveira Mendestel. (011) 605-7293

Em 1948, há exata-mente 50 anos, um grupo

de franceses e brasileiros, antigosalunos de escolas francesas, reunia-se para lançar as bases da Associa-ção dos Antigos Alunos das EscolasFrancesas.

Iniciando suas atividades comouma “société amicale”, reunindocompanheiros saudosos da vidaacadêmica na “douce France”, logoseus objetivos se ampliaram, aper-cebendo-se seus fundadores que aentidade poderia vir a ser, também,

importante instrumento para o de-senvolvimento do intercâmbio técni-co, científico e cultural entre Brasil eFrança.

Assim é que seus primeiros esta-tutos definem como principais obje-tivos: o estreitamento dos laços deamizade entre engenheiros e arqui-tetos formados em escolas france-sas; a manutenção e ampliação dointercâmbio entre esses profissio-nais; e o estímulo à difusão de infor-mações técnicas, científicas eculturais entre seus membros.

Logo a seguir o âmbito da asso-ciação, fundada por engenheiros earquitetos, estende-se aos demaisprofissionais de nível superior e pas-sa a aceitar filiação de antigos alu-nos provenientes de outras áreas.

Ampliando seu campo de atua-ção a nova sociedade experimentaexpansão extraordinária, acolhendoexpressivo contingente de profissio-nais que tivessem cursado universi-dades francesas. Aos fundadoresMinistro Marcondes Ferraz, JacquesPilon, Jean Guilhem, Annibal Men-

Associação Paulista dos Antigos Alunos eEstagiários das Escolas Francesas – ASPEF

Contato

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

des Gonçalves, Bernard Coré, LouisDubois, Paulo de Souza e tantos ou-tros, juntaram-se, no decorrer dosanos, professores universitários, ma-gistrados, cientistas, médicos, advo-gados, economistas, políticos, enfimrepresentantes de todos os setoresde atuação profissional de São Pau-lo. Citem-se como exemplos signifi-cativos: Brigadeiro e Prefeito de SãoPaulo Faria Lima e o Professor e So-ciólogo Presidente da RepúblicaFernando Henrique Cardoso.

Em pouco tempo a entidade pas-sa a ser, na prática, o contacto emSão Paulo dos Serviços de Coope-ração Técnica do Ministério da Eco-nomia da França, precursores doque é hoje a CFME-ACTIM – Agên-cia para a Promoção Internacionaldas Tecnologias e das EmpresasFrancesas.

É na Associação que é lançado oCentro de Documentação e Informa-ção da Indústria Francesa quandoentão passa a colaborar na seleçãoe no intercâmbio dos estagiários ebolsistas franceses e brasileiros daCooperação Técnica.

No início de 1960 o já numerosocontingente de ex-bolsistas planejacriar uma associação própria. Apósinúmeras reuniões e consultas de-cide desenvolver suas atividades noseio da Associação que assim seamplia, passando a acolher tambémos antigos estagiários e bolsistas. Onome da entidade é então alteradopara Associação dos Antigos Alunose Estagiários das Escolas France-sas, ASPEF, denominação que per-dura até hoje.

A ASPEF, hoje como sempre, tem

por vocação a integra-ção de franceses ebrasileiros, unidos atrabalhar pelo inter-câmbio cada vezmaior entre os dois países. Integrajuntamente com a Aliança Francesa,a Câmara de Comércio França-Bra-sil e outras entidades franco-brasi-leiras o grupo de instituições desti-nadas a fomentar as relações entreFrança e Brasil.

A ASPEF exerce suas atividadespor meio de encontros que vão, des-de simples reuniões sociais em tor-no de uma mesa de queijos e vinhosaté seminários e congressos téc-nico-científicos de grande enverga-dura, passando por colóquios,conferências, exibições de filmes ouvídeos, visitas, exposições, sempresobre temas relativos e de interes-se dos dois países.

Essas atividades são assistidas,estimuladas ou patrocinadas pelosConselheiros Comercial e Culturalda França, membros de honra da As-sociação e pelo CFME-ACTIM. OPresidente de Honra da Associaçãoé o Cônsul Geral da França em SãoPaulo.

Pelos seus objetivos e pela cons-tituição de seu quadro associativo,a ASPEF é peça fundamental no me-canismo de cooperação entre Brasile França.

França-Flash: Quais foram as razões que o levaram aescolher a França para realizar seus estudos?Sr. Carlos Eduardo: A clareza e o espírito de síntesedo pensamento cartesiano tiveram grande influência naminha opção em seguir na França estágios de aperfei-çoamento na minha área de engenharia. Minha forma-ção cultural francesa, herdade da família — pai e tiostodos formados em grandes escolas francesas, nos tem-pos áureos da preponderância cultural francesa no mun-do — evidentemente contribuiu para a minha francofiliae conseqüente decisão.

França-Flash: Hoje, na sua opinião, muitos profissionaiscontinuam ainda a realizar seus estudos na França?Sr. Carlos Eduardo: Infelizmente muitos profissionais

TRÊS PERGUNTAS AO SR. CARLOS EDUARDO MENDES GONÇALVES

voltam-se hoje para as universidades norte-americanas.Pessoalmente, e como Presidente da ASPEF e Vice-Presidente da Aliança Francesa, não tenho poupadoesforços para no meu, embora restrito, campo de atua-ção, reverter o atual estado de coisas. Se todos os fran-cófilos, como eu, fizerem algo nesse sentido a somatóriados esforços poderá redundar em resultados positivos.

França-Flash: O senhor continua em contacto com aFrança?Sr. Carlos Eduardo: Sim. De algum tempo para cátenho estado na França todos os anos, pelo menos umavez. Sempre encontro novos pontos de interesse, nes-sa França que se renova sem cessar, conservando todaa força de suas tradições.

Pode ser também a melhor portade entrada e veículo de adaptaçãodos colegas franceses ao meio bra-sileiro e pode ser também importan-te órgão de informação do meiotécnico e profissional brasileiro àsempresas francesas instaladas ouem vias de instalação no País.

A ASPEF, cinqüentenária, a maisantiga entre as 35 congêneres domundo, integradas à constelação daCFME-ACTIM é uma das sete asso-ciações do Brasil, ao lado de Rio deJaneiro, Recife, Brasília, Curitiba,Belo Horizonte e Porto Alegre.

Ao comemorar seus 50 anos deprofícua existência, que serão obje-to de especiais manifestações reu-nindo profissionais, empresas eautoridades francesas e brasileiras,a ASPEF reafirma sua confiança napermanência dos ideais de coope-ração entre França e Brasil.

Carlos Eduardo Mendes GonçalvesPresidente da ASPEF

1º Vice-Presidente da Aliança FrancesaEx-Presidente do CENDOTEC

ASPEF - Rua Marina Cintra, 94Jd. Europa - 01446-901 São Paulo SP

Tel. (011) 3064-8922 Fax (011) 853-6182

Presidente FernandoHenrique Cardoso,

Embaixador da FrançaPhilippe Lecourtier e

Sr. Carlos EduardoMendes Gonçalves

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

Meio ambiente: umaprioridade para o INRA

Compreender melhor o funcionamento dos ecossistemas cultivados, florestais e naturais, visando àsua valorização sustentável, é um objetivo primordial do INRA (Instituto Nacional de Pesquisas

Agronômicas da França). A recente implantação da divisão científica “Meio Ambiente, Floresta eAgricultura” comprova a intenção de priorizar as questões ambientais e de gestão dos territórios. O

novo setor deverá elaborar a estratégia de pesquisa do Instituto nesse âmbito.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DEMEIO AMBIENTE NAS PESQUISAS

Durante muito tempo a pesquisaagronômica encarou o meio am-biente apenas do ponto de vista daprodução. Até a década de 80, osestudos visavam a entender como omeio da planta ou do animal freavaseu rendimento.

A partir de então, a abordagemambiental renovou-se consideravel-mente, ao tomar consciência de doisfatores: os impactos negativos daprodução agrícola (poluição, degra-dação do meio, etc) e, paralelamente,seu papel fundamental na preser-vação de um espaço rural vivo. Elase ampliou para o conjunto de fatoresque podem influir no meio e nos seresvivos, e especificamente no homem.

Para a pesquisa, há duas conse-qüências. Ela agora se interessa nãoapenas pela produção, mas tambémpelos impactos desta sobre os mei-os e sobre os organismos que nelesse desenvolvem. Simultaneamente,os ecossistemas naturais, antes nãoestudados, passam a ser objeto deestudos integrais, ou porque sãoconsiderados importantes de umponto de vista ecológico, ou porqueinterferem menos ou mais diretamen-te com os ecossistemas agrícolas eflorestais.

PERSPECTIVAS DAS PESQUISAS

Promover uma agriculturasustentável

Aqui o desafio consiste em elabo-rar métodos e técnicas para culturase florestas sustentáveis, tanto no as-pecto ecológico como social e eco-nomicamente. Tais pesquisas, muitoatentas à realidade agrícola, enfo-cam mais particularmente três obje-tivos:• Elaborar técnicas de cultura inte-

gradas, que respeitem mais o meioambiente sem por isso perderem acoerência agronômica e econômica.Esse procedimento, já aplicado parareduzir o uso de fertilizantes e pro-dutos fitossanitários, tende a gene-ralizar-se.• Dominar a qualidade dos produtosagrícolas. Trata-se de elaborar téc-nicas de cultura para garantir e me-lhorar a qualidade dos produtos; e,simultaneamente, de compreendercomo um meio, um tipo de solo po-dem influir nas características de umproduto. Isso leva inclusive à defini-ção de cadernos de encargos para acertificação e a caracterização daqualidade.• Planejar métodos de gestão emescala de território. Para controlar ospoluentes, o uso da água, as trans-ferências de material genético, en-tender os efeitos da desvalorizaçãoagrícola são necessárias aborda-gens que ultrapassem os estreitoslimites do campo cultivado ou da pro-priedade agrícola. Isso pode contri-buir inclusive para a definição decontratos territoriais.

Conhecer e administrar melhor osrecursos

Os instrumentos da agriculturasustentável (sistemas de cultura,domínio da qualidade, métodos degestão dos territórios) são aborda-gens integradas, que enfocam siste-mas complexos. Tais abordagensdevem basear-se num conhecimen-to extremamente acurado do funcio-namento dos ecossistemas e deseus diversos compartimentos.

É preciso dar especial atenção aosrecursos físicos: água, solo, ar. Suaqualidade pode sofrer graves danosse forem explorados de forma ina-dequada, se não se controlarem osimpactos das práticas agrícolas e flo-restais, se não forem protegidos con-

tra certos efeitos das atividades ur-banas e industriais. Porém muitasvezes tais impactos correspondem aprocessos extremamente sutis, comopor exemplo a emissão de gasespoluentes. Por isso é preciso desen-volver novas pesquisas sobre os me-canismos de transferência e detransformação dos poluentes no es-paço rural.

Uma outra área de trabalho será agestão dos recursos biológicos (flo-restas, campos, recursos hídricos,etc). Principalmente, será precisoadaptar essa gestão às mudançasclimáticas, que podem alterar consi-deravelmente não apenas a produti-vidade dos recursos como tambéma própria natureza dos organismosque os compõem. Mais globalmen-te, um esforço maior será dedicadoao impacto das práticas agrícolas eflorestais sobre as populações deseres vivos, quer sejam úteis ou no-civos, quer estejam menos ou maisdiretamente ligados às culturas e àsflorestas. A meta é prever melhor adinâmica de evolução dessas popu-lações para, por exemplo, racionali-zar a proteção fitossanitária, planejarestratégias alternativas de proteçãoe, a mais longo prazo, preservar abiodiversidade — que constitui umaespécie de garantia da capacidadede adaptação dos ecossistemas àsalterações do meio ambiente.

Em última análise, essa nova divi-são científica adota como objetivogeral desenvolver dentro do INRA aecologia em todas suas dimensõesfundamentais e aplicadas, físicas ebiológicas.

INRA - Service de Presse et RelationsPubliques - 147, rue de l’Université -75338 Paris cedex 07Tel. (1).42.75.91.69 Fax (1).42.75.92.05http://www.inra.fr/PRESSE/FEV98/cl.htm

Comunicado INRA, fev/98

PESQ

UISATECNO

Contato

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França-Flash MEIO AMBIENTE-AGRICULTURA nº 14

Plantas para estudar a açãodos poluentes

As trocas entre a atmosfera e osvegetais se processam através dacutícula, um revestimento lipídicoque protege a planta. A fim de co-nhecer melhor os mecanismos deabsorção e os “caminhos de pas-sagem” das moléculas atmosféricas(especialmente de certos poluen-tes), muitas das quais são hidrófi-las, biólogos e físico-químicos doCEA de Grenoble utilizaram aespectrometria infravermelha paralocalizar as moléculas de água nacutícula. Essa técnica também po-derá mostrar os processos dehidratação molecular em outros sis-temas biológicos.

Contacto: CEA - Assessoria de imprensaCorinne Borel - Tel. (1) 40.56.21.56Fax (1) 40.56.28.92

Technologies ‘France’ nº 37

BREV

ESTECNO

Seqüenciamento total dogenoma do Bacillus subtilis...... é o resultado do trabalho de umarede de laboratórios: 28 europeus(sendo um do INRA e dois do Insti-tuto Pasteur-CNRS), 7 japoneses,2 americanos e um coreano. Essabactéria do solo, não patogênica,constitui um excelente modelo paraestudos fundamentais em bacterio-logia e em genética. Além disso,oferece componentes de grandeinteresse para as indústrias agro-alimentar (amilases), de deter-gentes (proteases e celulases) efarmacêutica (antibióticos, como abacitracina). Porém, das 4.000 pro-teínas que produz, 1.500 têm fun-ção desconhecida; para análisesistemática desses genes, o INRAvai coordenar um estudo com 18 la-boratórios europeus (6 franceses).

Comunicado INRA, dez97-jan98

Uma novarota da seda?

O INRA e a companhia Euro-chrysalide empreenderam um tra-balho conjunto de atendimento aospaíses que desejarem produzirseda de alta qualidade. Para issofoi inaugurada em Ardèche umaestação piloto que já está produ-zindo ovos de bicho-da-seda utili-zando processos tecnológicos queambos desenvolveram: seleção dosovos fecundados (mais de 95% deeclosão), criação de meios artifi-ciais à base de folhas secas deamoreira, sexagem automática dascrisálidas, etc. A estação utilizavariedades poliíbridas superpro-líficas desenvolvidas no INRA. Numsegundo momento tais técnicasserão repassadas para os paísesinteressados.

Comunicado INRA, dez97-jan98

Prezado leitor,

Em recente enquete, muitos

leitores de França-Flash mostra-

ram-se dispostos a colaborar nos

custos desta publicação.

Com esse fim e também para

avaliar o interesse em continuar

recebendo França-Flash em sua

nova versão – publicação única,

incluindo também a área de

Ciências Humanas e Sociais —

solicitamos preencher o cupom

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Agradecemos a colaboração.

Atenciosamente,

Michel Lévêque

Diretor de Publicação

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em sua nova versão.

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Enviar para: CENDOTECAv. Paulista, 1842 - 14º andarCetenco Plaza - Torre Norte01310-200 São Paulo SP

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IMPRESSO

CENDOTEC

CENDOTECCentro Franco-Brasileiro deDocumentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andarCetenco Plaza - Torre Norte01310-200 São Paulo SP

Os boletins França-Flash (Saúde, Meio Ambiente-Agricultura e Tecnologia de Ponta), que o CENDOTECedita e distribui regularmente, têm como objetivosinformar sobre a tecnologia e a ciência francesas edivulgar as atividades da cooperação técnico-científicaentre o Brasil e a França.

O CENDOTEC oferece também serviços de informação— via telefone, fax ou internet — sobre laboratórios depesquisa, produção científica de pesquisadores e livroseditados em língua francesa.

EXPEDIENTE

Diretor de publicação: MICHEL LÉVÊQUE

Coordenação editorial: HALUMI T. TAKAHASHI

Tradução e redação: ROSEMARY COSTHEK ABÍLIO

Editoração: VERTENTE SERVIÇOS EDITORIAIS

Impressão: REPROMIL GRÁFICA E EDITORA

Globo Ciência na FrançaFilmado em setembro de 1997, o programa Globo Ciência na França, o terceiro da série, é uma realização da FundaçãoRoberto Marinho, com colaboração do Cendotec. Apresenta quatro reportagens, com duração total de 120 minutos:

• Paladar: mostra as pesquisas efetuadas no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) e no laboratório de pesquisado INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), bem como a tradição francesa nessa área (culinária...)

• Olfato: pesquisa sobre os odores, em Grasse, a cidade dos perfumes

• Restauração: as técnicas modernas e tradicionais de restauração de monumentos. O que é restaurar no final do século XX?

• Transportes: a organização dos transportes na França e no Brasil.

Os interessados poderão adquirir o vídeo mediante uma participação de R$10,00 (dez reais). Encaminhar pedido ao Cendotecmencionando nome e endereço completo do solicitante, acompanhado de cheque nominal ao Cendotec.

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COO

PE

RAÇÃOTECNO

PesquisaTecnologiaCooperação

França-FlashFrança-Flash

PesquisaTecnologiaCooperação

SAÚDESAÚDE

CENDOTEC

CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andar Cetenco Plaza - Torre Norte 01310-200 São Paulo-SPTels.: (011) 284-8114 / 284-5128 / 284-1839 Fax: (011) 284-3417E-mail: [email protected] http://eu.ansp.br/~cendotec

nº 14JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 1998

Publicação trimestral

PesquisaTecnologiaCooperação

França-FlashFrança-Flash

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SAÚDESAÚDE

Acordo de cooperaçãoINSERM-FAPESP

O Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) e aFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) firmaramum acordo de cooperação científica na área das ciências biomédicas. Oacordo, o primeiro entre um organismo de pesquisa francês e o Estado deSão Paulo, via FAPESP, prevê a realização de projetos de pesquisa conjunta,com duração de dois anos, renováveis por igual período, entre laboratóriosdo INSERM e os localizados no Estado de São Paulo. Envolve o intercâmbiode pesquisadores no âmbito de projetos conjuntos, a organização deseminários bilaterais sobre temas de interesse mútuo e o intercâmbio deinformações.

As inscrições de projetos conjuntos serão feitas simultaneamente nosdois países, em formulários próprios. Os pedidos serão analisadosseparadamente pelas duas instituições e, em seguida, passarão por avaliaçãoconjunta. Tanto o INSERM quanto a FAPESP reservarão valores anuais daordem de 144 mil francos, para as despesas de permanência, pelo prazomáximo de três meses, de pesquisadores brasileiros na França e depesquisadores franceses no Brasil.

Na França, a data-limite de apresentação das candidaturas é 30 dejunho de 1998, para projetos que se iniciam em 1 de janeiro de 1999. Parainformações complementares, contactar:

Departamento de Relações Internacionais

Sra. Elisabeth Bennigsen

Tel. 00 33 1 44 23 61 88 Fax: 00 33 1 45 85 14 67

E-mail: [email protected]

No Brasil, contactar: FAPESP - Departamento de Informações

Rua Pio XI, nº 1500, CEP 05468-901 - São Paulo SP Tel.: (011) 838-4000 – Fax: (011) 261-4197

Sumário

COOPERAÇÃOAcordo de cooperaçãoINSERM-FAPESP 1Programa de CooperaçãoTécnica InternacionalBrasil-França 2

PESQUISARessonância magnéticapara explorar o metabolismocerebral e muscular 5

ESPAÇO ABERTOASPEF 6

BREVES 8

ISSN 0104-9127

2.200 exemplares

ÚLTIMA CHAMADA

PARA ASSINATURA

DE FRANÇA-FLASH

cupom-resposta na

página 9

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França-Flash SAÚDE nº 14

Contato

Programa de Cooperação TécnicaInternacional Brasil-França

O Programa de Cooperação Bilateral Brasil-França é parte de um acordo de cooperação técnicainternacional, firmado entre os dois países, para o controle da aids — Cooperação Brasil-França de

Luta contra a AIDS — e prevê, entre outras atividades, o treinamento de profissionais “seniors”brasileiros em centros franceses de excelência.

O treinamento, oferecido a profissionais de altacapacitação e longa experiência “permite que seusbeneficiários façam um intercâmbio de experiênciascom especialistas franceses, tomando parte nasatividades dos setores que os acolhem”, diz o Dr.Bernard Larouzé, coordenador francês do Programa(ver França-Flash Saúde nº11).

Os estágios têm duração de três meses e envolvemuma bolsa de pesquisa para execução, no prazomáximo de um ano após o estágio, de projeto pessoalou institucional de investigação.

Os requisitos: domínio do idioma francês, vivênciaprofissional em aids há pelo menos cinco anos e títulode Mestre ou currículo equivalente.

Dentro desse contexto, cinco profissionais

brasileiros — Dra. Alcyone Artioli Machado, Dra. MartaJúlia Marques Lopes, Dra. Maria Alice Gonçalves, Dra.Ilana Dines, Prof. Dewton de Moraes Vasconcelos, Dra.Cristina Câmara — estiveram recentemente na França,“onde puderam realizar excelente intercâmbio”, deacordo com a Dra. Alcyone Artioli Machado.

Para maiores informações:Coordenação Nacional de DST e AIDSDr. Euclides Ayres de CastilhoMinistério da SaúdeEsplanada dos Ministérios - Bloco G - Sobreloja70058-900 Brasília DFTel.: (061) 315-2175 – Fax: (061) 315-2519E-mail: [email protected]

RELATO DE ALGUNS PARTICIPANTESA Professora Doutora Alcyone Artioli Machado, professora de Moléstias Infecciosas do Departamento

de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, realizouseu estágio no Serviço de Doenças Infecciosas e Tropicais Professeur Coulaud, Hôpital Bichât-ClaudeBernard, em Paris. O tema escolhido foi ensaios clínicos.

“Tive oportunidade de ter con-tacto, no período de 15 de setembroa 15 de dezembro de 1997, comdiferentes protocolos clínicos eterapêuticos que estão sendorealizados no momento na França,em especial no serviço do Pro-fesseur Coulaud. Entre os proto-colos destacam-se principalmenteestudos com terapia anti-retroviralcombinada e de profilaxia ou reti-rada desta, a exemplo do protocolointitulado RESTIMOP, onde foiretirada a profilaxia com ganciclovirpara os indivíduos com retinite paracitomegalovírus e acompanhou-sea evolução. Outros protocolosinteressantes são o intituladoTRIANON, que estudará a asso-ciação de um terceiro medicamentocom a dupla em uso d4T/indinavir,a fim de se obter e manter umaatividade anti-retroviral prolongada.

Tive também oportunidade decolaborar no protocolo realizado

pelo GERES, que estudou aspráticas de quimioprofilaxia anti-retrovirais após acidentes de ex-posição ao sangue em centroshospitalares franceses, a fim de setentar a uniformização de condutas.

Pude igualmente conhecer alegislação que rege esses tipos depesquisa na França e verificar ospassos a serem seguidos para aexecução de protocolos que envol-vam seres humanos.

O contacto mantido com opessoal do Grupo de Estudos deAcidentes de Exposição ao Sangue(GERES) resultou na confecção deum protocolo de vigilância dosacidentes de exposição ao sanguea ser realizado em Ribeirão Pretono ano de 1998, com o apoio doGERES, sob a orientação dasprofessoras E. Bouvet e S. Ma-theron.

Esse projeto, com base nosconhecimentos adquiridos, terá

como objetivos, primeiramente,verificar, através de um questionárioanônimo, o conhecimento sobre orisco de acidentes e o grau decontaminação, através desse meio,para HIV, vírus da hepatite B, vírusda hepatite C, CMV, HTLV-1 eHTLV-2, dos profissionais da saúdeque atuam em postos de saúde ehospitais da cidade de RibeirãoPreto. Após essa primeira fase ediante dos resultados obtidos,pretendo, juntamente com minhaequipe, realizar medidas preven-tivas para propiciar uma diminuiçãoda ocorrência de acidentes commaterial potencialmente contami-nado, seja pelo HIV, vírus dahepatite B ou C ou outro agente.”

Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto-USP, Departamento de ClínicaMédicatelefone: (016) 633-0436fax: (016) 633-9965e-mail: [email protected]

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França-Flash SAÚDE nº 14

A Professora Doutora MariaAlice Guimarães Gonçalves,ginecologista e epidemiologista,também realizou seu estágio noHôpital Bichât-Claude Bernard. Otema escolhido foi a transmissãovertical do HIV.

“O meu trabalho como gineco-

logista e epidemiologista iniciou-se

no complexo hospitalar Claude-

Bernard Bichât, ao norte de Paris,

França, em 15 de outubro de 1997.

A região onde se localiza o hospital

foi referência como área industrial

há algumas décadas e portanto

recebia muitos africanos e imigran-

tes que chegavam à Europa em

busca de emprego. Mesmo com o

fechamento gradativo das indús-

trias ainda permaneceram bairros

dessa região com fortes carac-

terísticas da cultura africana, sendo

comum encontrar muitos negros

com roupas e turbantes coloridos

típicos andando pelas ruas cir-

cunvizinhas. É importante situar a

região para que se possa com-

preender que esta população é a

maioria dos que se encontram nos

ambulatórios e dependências do

Hospital.

Atualmente, este complexo é

portanto referência na Comunidade

Européia para atendimento na área

de doenças infecto-parasitárias e

em ginecologia, como centro de

desenvolvimento em endoscopia

ginecológica, com fortes tendências

para pesquisa e desenvolvimento

nestas e outras áreas graças à

presença do INSERM-13 (coor-

denado pelo Dr. Bernard Larouzé)

nas dependências do Hospital.

A proposta do meu estágio foi

de me aperfeiçoar/atualizar nas

áreas de Doenças Sexualmente

Transmissíveis (DST) e AIDS em

mulheres, com enfoque especial em

transmissão vertical do HIV, col-

poscopia/histeroscopia e Reprodu-

ção Humana. O tempo era curto e

a proposta exigia bastante dedi-

cação, portanto resolvi dividir a

minha jornada diária entre o aten-

dimento de Ginecologia no bloco

das “Maladies Infecto-parasitaires”

e o Serviço de Ginecologia e

Obstetrícia (ambulatório e centro

cirúrgico).

Fui recebida pelo Prof. Dr.

Madelenat, responsável pelo depar-

tamento de Ginecologia-Obste-

trícia, que me apresentou aos

médicos chefes das sub-espe-

cialidades que me interessavam

(Dr. Benifla - Reprodução Humana;

Dr. Barrasso - Patologia Cervical e

Dr. Darai - Histeroscopia) para que

pudéssemos começar a desen-

volver projetos em comum. Os

resultados finais foram bastante

Da esquerda para a direita:Dra. Ilana, Profa. Alcyone eDra. Maria Alice

Contato

O Professor Dewton de Moraes Vasconcelos, imunologista,realizou seu estágio na Unidade Laboratorial de ImunopatologiaHumana do Serviço de Imunologia do Hospital Broussais. O temaescolhido foi a investigação clínica sobre a recuperação depacientes infectados pelo HIV pela terapia tríplice antiretroviral.

“Como um dos beneficiários do

Programa de Cooperação Técnica

Internacional Brasil-França, tive o

privilégio de estagiar por três meses

na Unidade Laboratorial de Imuno-

patologia Humana (INSERM U430)

do Serviço de Imunologia do

Hospital Broussais, dirigido

pelo Prof. Michel Kazatchkine.

Nesse período, pude ter

contato com pesquisadores

voltados a ciências básicas,

produtivos, pois criamos ao

longo de três meses um

projeto a ser aplicado na

cidade de São Paulo, relativo

à pesquisa da presença do

HIV em trato genital feminino

e suas repercussões quanto

à transmissão vertical do

vírus.

Alguns intervalos entre as

atividades hospitalares também

foram aproveitados com visitas ao

CRIPS - Centro de Referência e

Informações em Saúde e à biblio-

teca ODEON da Faculdade de

Medicina, para busca bibliográfica

de artigos e livros sobre a temática,

visitas estas indispensáveis para

quem quiser se atualizar sobre

qualquer assunto médico. Se me

fosse pedido algum conselho a ser

seguido nesta experiência eu diria

que o estagiário esteja sempre

atento às oportunidades que sur-

gem (principalmente os congres-

sos, cursos e simpósios, alguns

gratuitos e muito completos) e não

se detenha em diferenças culturais,

pois fazem parte integrante do

aprendizado, que sem dúvida é

muito intenso.”

Faculdade de Medicina/USPInformática MédicaTel.: (011) 881-7717E-mail: [email protected]

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França-Flash SAÚDE nº 14

Contato

como a Profa. Nicole Haeffner-

Cavaillon e equipe, cuja linha de

pesquisa é basicamente

direcionada às citocinas, tanto no

contexto da infecção pelo HIV,

quanto das moléculas de adesão e

membranas dialíticas, entre outras.

Por outro lado, tive também

contato com pesquisadores médi-

cos que, como eu, fazem a ligação

entre a pesquisa clínica e o labo-

ratório, como a Dra. Laurence

Weiss. O contato com a Dra. Weiss

foi bastante interessante, principal-

mente pelo fato de podermos

discutir, durante as reuniões do

laboratório, diversos aspectos

voltados à investigação clínica e à

possível recuperação das funções

imunológicas dos pacientes in-

fectados pelo HIV submetidos a

terapia tríplice antiretroviral, motivo

de minha ida a Paris e, também,

objeto de estudo da Dra. Weiss.

Devido ao fato de exercer

também funções clínicas no local

onde trabalho, fui convidado a

participar das reuniões clínicas

semanais a nível de enfermaria,

quando pude observar o alto nível

das discussões e do tratamento

propiciado aos pacientes atendidos

no Serviço do Professor Kaza-

tchkine, dentro do Hospital em que

estagiei, pelo Sistema Nacional de

Saúde Francês.

Nesse período, tive também a

oportunidade de freqüentar as

Euroconferências do Instituto Pas-

teur a respeito da utilização de

citocinas como ferramentas e alvos

terapêuticos, que me permitiram

inclusive realizar contatos impor-

tantes para possíveis trabalhos em

colaboração num futuro próximo.

Dentro da atividade laboratorial,

pude aprimorar meus conheci-

mentos sobre citometria de fluxo em

“Desenvolvi meu programa de

estágio do Convênio de Coopera-

ção França-Brasil (DST-AIDS) no

período de setembro a dezembro

de 1997 no “Centre Regional d’In-

formation et Prevention du Sida –

CRIPS”, em Ile-de-France.

A riqueza da bibliografia cen-

tralizada no CRIPS permitiu-me um

amplo mergulho no que de mais

atual se pesquisa e divulga em

termos de AIDS e prevenção.

Também o volume de material

instrucional produzido e a possibi-

lidade de desenvolver uma visão

crítica sobre o impacto dessa

vulgarização no plano das mu-

danças de comportamento foi um

aspecto forte que levou-me a muitos

questionamentos. A incursão nos

“novos discursos da prevenção”, as

transformações de perspectivas e

de abordagens a partir de uma

doença como a AIDS e dos avanços

no tratamento são relevantes para

repensarmos e atualizarmos nossa

prática. Conhecer muitas experiên-

cias práticas em diversos serviços

públicos e mú l t iplas áreas de

atuação, desde o trabalho vo-

luntário junto às populações de

imigrantes, passando por organi-

zações comunitárias, até ONGs

poderosas como AIDES/Ile-de-

France, foi enriquecedor.

Estive presente também em

dois cursos de formação e atua-

lização em AIDS com 24 horas/aula

A Professora Marta Júlia Marques Lopes, doutora em sociologia, realizou seu estágio no Centro Regionalde Informação e Prevenção da Aids (CRIPS). O tema escolhido foi AIDS e prevenção.

Contato

uma área de intenso interesse

pessoal, a da quantificação de

citocinas intracelulares, podendo,

por outro lado, oferecer minha

experiência em técnicas de culturas

celulares antígeno-específicas.

Dessa forma, acho que o es-

tágio foi bastante proveitoso, e

espero que tais contatos possam

cada vez mais ser ampliados, de

modo a permitir a difusão de conhe-

cimentos a ambas as partes.”

Serviço de Imunologia do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo(HC FMSUP) – Laboratório deImunogenética e TransplanteExperimental do HC FMUSPAv. Dr. Arnaldo, 455, 2º andarsala 2345, Cerqueira CésarCEP 01246-903 São Paulo SPTel.: (011) 3066-7457 e 3066-7499Fax: (011) 3064-0879 e 881-7190E-mail: [email protected]

cada; um deles para médicos do

trabalho e pessoal de saúde na área

empresarial e outro especializado

na infância.

No momento estou elaborando

um projeto de pesquisa e desen-

volvimento que incorpora esses

novos conhecimentos e a expe-

riência adquiridos. Esse projeto

será submetido à apreciação do

Ministério da Saúde com vistas à

obtenção de financiamento para

sua implementação.”

Profa. Marta Julia Marques Lopes –Universidade Federal do Rio Grande doSul – Escola de EnfermagemTel.: (051) 316-5073E-mail: [email protected]

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França-Flash SAÚDE nº 14

Ressonância magnética paraexplorar o metabolismo cerebrale muscularBaseada principalmente na espectroscopia de ressonânciamagnética (SRM), a ressonância magnética nuclear metabólica,uma técnica não invasiva que pode ser aplicada in vivo, mostraquais moléculas, e em que proporções, estão contidas numdeterminado volume de tecido biológico. O Hospital Frédéric Joliotestá usando-a em dois programas de pesquisa sobre o cérebro(epilepsias e doenças neurodegenerativas) e três sobre ometabolismo muscular.

O fenômeno de ressonânciamagnética nuclear foi descobertoem 1946 por duas equipes ameri-canas, que por isso receberam oPrêmio Nobel de Física de 1952.Desde então as técnicas espec-troscópicas tiveram um avançoconsiderável. Em sua origem estãocertos núcleos atômicos (como porexemplo o de hidrogênio) de baixomomento magnético, ou seja, quese comportam como agulhas iman-tadas. Colocados em um campomagnético, esses momentos mag-néticos, também chamados spins,adotam várias direções possíveis.Em presença de um campo mag-nético, eles giram em torno de seueixo com uma freqüência própriaproporcional à intensidade dessecampo. Trata-se da chamada fre-qüência de ressonância, que é deaproximadamente 42 MHz para onúcleo de hidrogênio, isso em umcampo magnético de 1 Tesla.

A ressonância magnética nuclearconsiste em aplicar um pulso deonda de radiofreqüência, superpostaao campo magnético. Se a freqüên-cia dessa onda for igual à freqüênciade ressonância, os spins oscilamantes de retornar à sua posiçãooriginal, emitindo sinais eletromag-néticos. Ou seja: os núcleos emitemenergia, que é detectada por umressonador. Com o aparecimento deímãs capazes de criar camposmagnéticos intensos em grandesáreas, a RM, inicialmente limitada aamostras de pequenas dimensões,desenvolveu-se consideravelmentenestas últimas décadas.

Três projetos sobre ometabolismo muscular

A ressonância magnética resultouna espectroscopia de ressonânciamagnética (SRM), uma técnica paraexplorar principalmente a estruturade moléculas biológicas, mas tam-bém o metabolismo de certos te-cidos biológicos. Na Divisão deCiências do Ser Vivo (DSV) doComissariado de Energia Atômica(CEA), o Serviço Hospitalar FrédéricJoliot (SHFJ) está muito bem equi-pado para a exploração metabólicapor RM. “Estamos bastante bemcolocados nesse campo, tanto anível nacional como internacio-nalmente, porque dispomos de doissistemas de corpo inteiro pararealizar essas explorações: umsistema com 1,5 Tesla e outro com3 Teslas”, orgulha-se Gilles Bloch,pesquisador no SHFJ, onde realizatrabalhos sobre o metabolismomuscular e cerebral por RM.

São muitas as doenças humanasenvolvendo um dano muscularperiférico que por vezes é decisivopara o prognóstico. Além das mio-patias, em que o problema muscularestá em primeiro plano, podem-secitar o diabetes, ascardiopatias e o cho-que séptico (falênciacardiovascular em

PESQ

UISATECNO

certas infecções bacterianas). Paraexplorar esses estados patológicos,é necessário conhecer profunda-mente o metabolismo muscular doindivíduo sadio. Tais conhecimentostambém são indispensáveis comobase das pesquisas em fisiologia doexercício. É nessa perspectiva queo grupo de ressonância magnéticado SHFJ está executando trêsprojetos de pesquisa sobre o meta-bolismo muscular.

“Historicamente, este grupo depesquisa sobre o metabolismomuscular é o mais antigo, explicaGilles Bloch. Nosso primeiro tema depesquisa refere-se ao transporte deglicose para o músculo, tendo comoperspectiva de aplicação patológicao estudo do diabetes. Um segundotema é a produção e o uso do lactatono músculo, principalmente paraestudos de fisiologia do exercício.Por fim, o terceiro grande tema emque trabalhamos enfoca a com-binação de várias explorações nãoinvasivas, para conseguir realmenteuma imagem global do metabolismomuscular, com perspectivas deaplicação especialmente nas mio-patias.”

Da epilepsia à coréia deHuntington

Um segundo grupo, cujos traba-lhos estão apenas começando,estuda dois temas: os neurotrans-missores (pequenas moléculas quetransmitem a informação entre osneurônios e modulam a percepção

Esquema deprincípio de um

espectrômetro RMN

gerador amplificador detecção

seletormulticanais

computador

visualização

bobina docircuito

ressonante

amostra

ímã

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França-Flash SAÚDE nº 14

desta), tendo como principal campode interesse a epilepsia; e as doen-ças neurodegenerativas, um temaque está emergindo e que o SHFJaborda principalmente pela energé-tica cerebral. “A espectroscopia deRM detecta atualmente três com-postos: o N-acetil-aspartato, que éum marcador neuronal; a creatina,um intermediário do metabolismofosfoenergético; e a colina, umcomposto que reflete a atividade desíntese dos lipídios membranares”,explica Gilles Bloch, acrescentando:“Nosso trabalho específico foi de-senvolver seqüências de edição porespectroscopia RM, que nos deixamver outras moléculas principais.” Foiassim que os pesquisadores doSHFJ retomaram uma técnica jádivulgada, a de edição de um neuro-transmissor chamado GABA. Me-diante uma engenhosa manipulaçãoda imantação nuclear eles conse-guiram detectar esse GABA, que apriori está oculto sob a creatina.

“O GABA é hoje um dos te-mas de pesquisa que privilegiamos,porque, tratando-se de um neuro-transmissor inibidor, a possibilidadede manejá-lo vem apontar um amplocaminho de pesquisa terapêutica”,enfatiza Gilles Bloch. Os pesqui-sadores do SHFJ interessaram-semais especificamente pela epilepsia.Um medicamento antiepiléptico vaiinteragir diretamente com o meca-

nismo de degradação do GABA,provocando um aumento deste nocérebro. Com a espectroscopia RMé possível detectar as variações deconcentração de GABA no cérebroapós o uso do medicamento. “O eixode pesquisa que atualmente esta-mos desenvolvendo em Orsayconsiste em aplicar esse tipo detécnica à pesquisa sobre os medi-camentos antiepilépticos, primei-ramente para compreender melhorseu mecanismo de ação, em segui-da para estudar sua farmacodi-nâmica, e por fim para acompanhare correlacionar o índice de concen-tração com o estado clínico dopaciente. Em outras palavras, vamospoder realizar assim uma evoluçãodesses tratamentos.”

Paralelamente, os pesqui-sadores do SHFJ acabam de em-preender o estudo de um modelo decoréia de Huntington no macaco.Trata-se de uma doença neuro-degenerativa que os cientistas estãocomeçando a conhecer. Sabe-seque existe um gene que codificaprecisamente essa doença; entre-tanto, ainda não se sabe por que elese manifesta pelo efeito metabólicode neurodegenerescência obser-vado. “Acontece que no macacoconseguimos reproduzir com muitaprecisão a sintomatologia dessadoença, uma sintomatologia queconsiste em grandes movimentos

desordenados, por meio de umaintoxicação crônica causada por umagente químico”, explica Bloch.Dessa forma, é possível acompa-nhar no macaco, ao mesmo tempopor imagem e por espectroscopia, aevolução do metabolismo cerebraldurante a doença. “Isso nos ajuda acompreender a base bioquímica doproblema, hoje totalmente des-conhecida”, conclui ele.

Contacto: Service Hospitalier FrédéricJoliot - Gilles Bloch - Assessoria deimprensa - Soisic LouetTel. (1).40.56.20.97Fax (1).40.45.28.92

Technologies ‘France’ n° 37

Também se realiza no SHFJ um

experimento de cartografia do

cérebro por ressonância magnética:

por imantação da hemoglobina

procura-se detectar a intensificação

do fluxo sangüíneo e determinar

assim os sítios em que se desen-

volvem determinadas atividades

cerebrais. Trata-se de “cartografarpor ressonância magnética o fun-cionamento do pensamento”. Um

artigo sobre essa pesquisa encon-

tra-se disponivel no CENDOTEC,

em inglês e francês.

Em 1948, há exatamente 50 anos,um grupo de franceses e brasileiros,antigos alunos de escolas francesas,reunia-se para lançar as bases daAssociação dos Antigos Alunos dasEscolas Francesas.

Iniciando suas atividades comouma “société amicale”, reunindocompanheiros saudosos da vidaacadêmica na “douce France”, logoseus objetivos se ampliaram, aper-cebendo-se seus fundadores que aentidade poderia vir a ser, também,importante instrumento para odesenvolvimento do intercâmbio

profissionais de nível superior epassa a aceitar filiação de antigosalunos provenientes de outras áreas.

Ampliando seu campo de atuaçãoa nova sociedade experimentaexpansão extraordinária, acolhendoexpressivo contingente de pro-fissionais que tivessem cursado uni-versidades francesas. Aos funda-dores Ministro Marcondes Ferraz,Jacques Pilon, Jean Guilhem, Anni-bal Mendes Gonçalves, BernardCoré, Louis Dubois, Paulo de Souzae tantos outros, juntaram-se, nodecorrer dos anos, professores

Associação Paulista dos Antigos Alunos eEstagiários das Escolas Francesas – ASPEFESP

AÇO

ABERTOTECNO

Contato

técnico, científico e cultural entreBrasil e França.

Assim é que seus primeiros esta-tutos definem como principaisobjetivos: o estreitamento dos laçosde amizade entre engenheiros earquitetos formados em escolasfrancesas; a manutenção e amplia-ção do intercâmbio entre essesprofissionais; e o estímulo à difusãode informações técnicas, científicase culturais entre seus membros.

Logo a seguir o âmbito da asso-ciação, fundada por engenheiros earquitetos estende-se aos demais

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França-Flash SAÚDE nº 14

universitários, magistrados, cien-tistas, médicos, advogados, eco-nomistas, políticos, enfim represen-tantes de todos os setores deatuação profissional de São Paulo.Citem-se como exemplos signifi-cativos: Brigadeiro e Prefeito de SãoPaulo Faria Lima e o Professor eSociólogo Presidente da RepúblicaFernando Henrique Cardoso.

Em pouco tempo a entidade passaa ser, na prática, o contacto em SãoPaulo dos Serviços de CooperaçãoTécnica do Ministério da Economiada França, precursores do que éhoje a CFME-ACTIM – Agência paraa Promoção Internacional das Tec-nologias e das Empresas Francesas.

É na Associação que é lançado oCentro de Documentação e Infor-mação da Indústria Francesa quan-do então passa a colaborar naseleção e no intercâmbio dos esta-giários e bolsistas franceses ebrasileiros da Cooperação Técnica.

No início de 1960 o já numerosocontingente de ex-bolsistas planejacriar uma associação própria. Apósinúmeras reuniões e consultasdecide desenvolver suas atividadesno seio da Associação que assim seamplia, passando a acolher tambémos antigos estagiários e bolsistas. Onome da entidade é então alteradopara Associação dos Antigos Alunose Estagiários das Escolas Fran-cesas, ASPEF, denominação queperdura até hoje.

A ASPEF, hoje como sempre, tempor vocação a integração de fran-ceses e brasileiros, unidos a tra-balhar pelo intercâmbio cada vez

TRÊS PERGUNTAS AO SR. CARLOS EDUARDO MENDES GONÇALVES

França-Flash: Quais foram as razões que o levaram aescolher a França para realizar seus estudos?Sr. Carlos Eduardo: A clareza e o espírito de síntesedo pensamento cartesiano tiveram grande influência naminha opção em seguir na França estágios deaperfeiçoamento na minha área de engenharia. Minhaformação cultural francesa, herdade da família — pai etios todos formados em grandes escolas francesas, nostempos áureos da preponderância cultural francesa nomundo — evidentemente contribuiu para a minhafrancofilia e conseqüente decisão.

França-Flash: Hoje, na sua opinião, muitos profissionaiscontinuam ainda a realizar seus estudos na França?Sr. Carlos Eduardo: Infelizmente muitos profissionais

voltam-se hoje para as universidades norte-americanas.Pessoalmente, e como Presidente da ASPEF e Vice-Presidente da Aliança Francesa, não tenho poupado es-forços para no meu, embora restrito, campo de atuação,reverter o atual estado de coisas. Se todos os francófilos,como eu, fizerem algo nesse sentido a somatória dosesforços poderá redundar em resultados positivos.

França-Flash: O senhor continua em contacto com aFrança?Sr. Carlos Eduardo: Sim. De algum tempo para cá tenhoestado na França todos os anos, pelo menos uma vez.Sempre encontro novos pontos de interesse, nessaFrança que se renova sem cessar, conservando toda aforça de suas tradições.

de entrada e veículo de adaptaçãodos colegas franceses ao meiobrasileiro e pode ser também im-portante órgão de informação domeio técnico e profissional brasileiroàs empresas francesas instaladasou em vias de instalação no País.

A ASPEF, cinqüentenária, a maisantiga entre as 35 congêneres domundo, integradas à constelação daCFME-ACTIM é uma das sete asso-ciações do Brasil, ao lado de Rio deJaneiro, Recife, Brasília, Curitiba,Belo Horizonte e Porto Alegre.

Ao comemorar seus 50 anos deprofícua existência, que serão objetode especiais manifestações reu-nindo profissionais, empresas eautoridades francesas e brasileiras,a ASPEF reafirma sua confiança napermanência dos ideais de coo-peração entre França e Brasil.

Carlos Eduardo Mendes GonçalvesPresidente da ASPEF

1º Vice-Presidente da Aliança FrancesaEx-Presidente do CENDOTEC

ASPEF - Rua Marina Cintra, 94Jd. Europa - 01446-901 São Paulo SP

Tel. (011) 3064-8922 Fax (011) 853-6182

Presidente FernandoHenrique Cardoso,

Embaixador da FrançaPhilippe Lecourtier e

Sr. Carlos EduardoMendes Gonçalves

maior entre os doispaíses. Integra junta-mente com a AliançaFrancesa, a Câmarade Comércio França-Brasil e outras entidades franco-brasileiras o grupo de instituiçõesdestinadas a fomentar as relaçõesentre França e Brasil.

A ASPEF exerce suas atividadespor meio de encontros que vão,desde simples reuniões sociais emtorno de uma mesa de queijos evinhos até seminários e congressostécnico-científicos de grande enver-gadura, passando por colóquios,conferências, exibições de filmes ouvídeos, visitas, exposições, sempresobre temas relativos e de interessedos dois países.

Essas atividades são assistidas,estimuladas ou patrocinadas pelosConselheiros Comercial e Culturalda França, membros de honra daAssociação e pelo CFME-ACTIM. OPresidente de Honra da Associaçãoé o Cônsul Geral da França em SãoPaulo.

Pelos seus objetivos e pela cons-tituição de seu quadro associativo,a ASPEF é peça fundamental nomecanismo de cooperação entreBrasil e França.

Pode ser também a melhor porta

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França-Flash SAÚDE nº 14

Câncer de pulmão eterapia gênica

O Instituto Gustave Roussy estáiniciando testes em que, pelaprimeira vez, um vírus será asso-

ciado ao gene que codifica a inter-leucina 2 (os testes americanosutilizam o gene P53, que controla a

morte celular). A fase de viabilidadejá foi concluída com sucesso; agoraa técnica será aplicada em 12

pacientes inoperáveis. Consiste emintroduzir na formação cancerosaum vírus (um adenovírus do res-

friado, tornado inofensivo) portadorde um gene que fabrica a inter-leucina 2 — uma proteína que alerta

os linfócitos, acionando o sistemaimunitário. Estão em andamentohoje no mundo cerca de 300 ten-

tativas de terapia gênica do câncerem geral.

Recherche et Industrie n° 165

A dengue conquista novosterritórios

Como explicar a difusão e o

dramático aumento dos casos dedengue em Sonora, um árido es-tado do norte do México (fronteira

com o Arizona), se o mosquito vetorprolifera preferencialmente nasregiões úmidas? O ORSTOM e o

LESPSON (Laboratorio Estatal deSalud Pública) analisaram cerca de3.000 amostras de sangue e veri-

ficaram que 40% delas estavaminfectadas. Constataram tambémque os habitantes mais pobres

armazenam água no quintal, emgalões de 200 litros que constituemum local favorável para a postura

de ovos e o crescimento das larvasde Aedes aegypti; além disso,utilizam ventiladores com paletas

umedecidas, o que atrai os mos-quitos adultos para dentro de casa.

Além de mostrar que o modeloclássico de transmissão também seaplica às zonas áridas, esse estudo

vem enfatizar que os programas deeducação sanitária e vigilânciaepidemiológica devem adaptar-se

aos fatores sócio-econômicosespecíficos de cada região.

Contacto: Nicole Monteny - ORSTOM,Laboratorio Estatal de Salud Pública -Ave. Luis Donaldo Colosio Murrieta -Hermosillo - Méxicotel. 52.62.18.75.55 - fax 52.62.18.86.76E-mail monteny@imparcial. com.mx.

Boletim ORSTOM n° 52

Febre amarela: um outromodo de transmissão

Nesta última década foram regis-

trados no mundo 25.000 casos de

febre amarela; tal recrudescência

deve-se a um relaxamento na

vacinação e no combate ao mos-

quito vetor, o Aedes aegypti. Os

epidemiologistas sempre debate-

ram se, em condições naturais, o

Aedes transmite à sua descen-

dência o vírus causador. Agora, pela

primeira vez, pesquisadores do

ORSTOM e do Instituto Pasteur de

Dacar demonstraram in situ que,

além do ciclo horizontal de trans-

missão (a fêmea pica um ser hu-

mano infectado e transmite a

doença ao picar um indivíduo

sadio), pode ocorrer também a

transmissão vertical direta da fêmea

para sua descendência — e que, ao

contrário do que se pensava, essa

taxa de transmissão é muito alta.

As conseqüências epidemiológicas

são graves: o vírus pode propagar-

se em menos tempo, sem que o

mosquito tenha contacto com umhospedeiro humano, e ainda ficar

“armazenado” nos ovos durante a

estação seca.

Contacto: Didier FontenilleLaboratoire de zoologie médicaleORSTOM-Institut Pasteur de DakarBP 1386 Dakar - SénégalTel. 221.8.23.48.74Fax 221.8.39.92.10E-mail [email protected]

Boletim ORSTOM n° 49

Um novo gene nodesenvolvimento cerebral

Os pesquisadores francesesderam-lhe o nome de “doublecor-

tine”; em Português provavelmenteserá “duplocortina”. Expressa-se nocérebro do feto e está envolvido em

certas malformações do córtexconhecidas como síndrome X-SCLH/LIS (formas graves de epi-

lepsia e retardo mental). Adescoberta, feita muito recente-mente por uma equipe INSERM

com a colaboração de vários hos-pitais e instituições, virá oferecer umrecurso para o diagnóstico pré-natal

em indivíduos de risco; tambémpoderá esclarecer sobre os meca-nismos moleculares que atuam na

formação do cérebro.

Contacto: Axel Kahn et Jamel ChellyINSERM Unité 129 - Faculté deMédecine Cochin - ParisTel. (1).44.41.24.24Fax (1). 44.41.24.21E-mail [email protected]

Boletim INSERM, jan/98

BREV

ESTECNO

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OM

MosquitoAedes aegypti

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França-Flash SAÚDE nº 14

Mutação do co-receptorCCR5 e aids infantil

Em 1996, a descoberta de umamutação (delta 32) do co-receptorCCR5 ao HIV em homozigotos veioexplicar muitos dos casos de resis-tência à infecção. Já os indivíduosheterozigotos, que constituemmaioria, não estão protegidoscontra a aids. Pesquisadores doINSERM encerraram agora umestudo abrangendo 512 criançasheterozigotas para a mutação delta32 e nascidas de mãe soropositiva.Comprovou-se que nessas criançasos sinais clínicos da doença semanifestam muito mais tardiamentedo que nas que não apresentam amutação. Trata-se de um dadoimportante para o prognóstico daaids pós-natal.

Contactos: Marie-Jeanne MayauxINSERM U 292, Le Kremlin BicêtreTel. (1).45.21.23.47Fax (1).45.21.20.75E-mail [email protected].

Micheline Misrahi - Laboratoired’Hormonologie et de BiologieMoléculaire - Hôpital de BicêtreTel. (1).45.21.33.29Fax (1).45.21.38.22

Boletim INSERM, jan/98

Um neuroesteróide nosdistúrbios da memória

Duas equipes INSERM demons-traram a existência de uma relação

entre o desempenho da memória ea taxa de um hormônio cerebral, osulfato de pregnenolona (PREG S).

Elas comprovaram que os ratosvelhos apresentam baixos níveisdesse neuroesteróide endógeno,

associados a um mau desempenhoda memória. Tudo indica que oPREG S influi na síntese da ace-

tilcolina, neurotransmissor que atuanos processos de memorização.Sugere-se também que o PREG S

seria um precursor do sulfato deDHEA, outro neuroesteróide queparece influir nos mecanismos

cerebrais do envelhecimento.

Contactos:Pr. Etienne-Emile BeaulieuINSERM U 33Tel. (1) 49.59.18.82Fax (1) 45.21.19.40E-mail [email protected]

Pr. Michel Le Moal - INSERM U 259Tel. (5) 57.57.36.60Fax (5) 56.96.68.93E-mail [email protected]

Boletim INSERM, dez/97

Um avanço no estudo defenômenos neurológicoscomplexos

Uma equipe INSERM criou umatécnica muito simples de prepa-ração in vitro que permite isolar eestudar uma estrutura cerebralinteira (como o hipocampo) ouvárias estruturas diferentes cujasinterconexões tenham sido pre-servadas. A técnica, testada emratos, não afeta o funcionamentodas células nervosas; a estruturaconserva-se intacta durante 15horas; e ainda, por um sistema decâmara dupla, é possível observarduas estruturas simultaneamente.Assim, os pesquisadores puderamobservar, pela primeira vez, apropagação de um foco epilépticoentre dois hipocampos; tambémexaminaram as relações entre ohipocampo e o septo, sede das viasnervosas responsáveis pela apren-dizagem.

Contacto: Yezekiel Ben-Ari - INSERMU 29 - Tel. (1).53.73.79.20 - Fax(1).46.34.16.56 - [email protected].

Boletim INSERM, dez/97

Prezado leitor,

Em recente enquete, muitos

leitores de França-Flash mostra-

ram-se dispostos a colaborar nos

custos desta publicação.

Com esse fim e também para

avaliar o interesse em continuar

recebendo França-Flash em sua

nova versão – publicação única,

incluindo também a área de

Ciências Humanas e Sociais —

solicitamos preencher o cupom

ao lado.

Agradecemos a colaboração.

Atenciosamente,

Michel Lévêque

Diretor de Publicação

Nome: _________________________________________

_______________________________________________

Endereço: ______________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

Participarei com a quantia de R$ 8,00 (oito reais) como

contribuição anual para continuar recebendo França-Flash

em sua nova versão.

Cheque nº __________ Banco nº ______ Ag. nº _______

Obs.: O cheque deverá ser nominal ao CENDOTEC.

Enviar para: CENDOTECAv. Paulista, 1842 - 14º andarCetenco Plaza - Torre Norte01310-200 São Paulo SP

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IMPRESSO

CENDOTEC

CENDOTECCentro Franco-Brasileiro deDocumentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andarCetenco Plaza - Torre Norte01310-200 São Paulo SP

Os boletins França-Flash (Saúde, Meio Ambiente-Agricultura e Tecnologia de Ponta), que o CENDOTECedita e distribui regularmente, têm como objetivosinformar sobre a tecnologia e a ciência francesas edivulgar as atividades da cooperação técnico-científicaentre o Brasil e a França.

O CENDOTEC oferece também serviços de informação— via telefone, fax ou internet — sobre laboratórios depesquisa, produção científica de pesquisadores e livroseditados em língua francesa.

EXPEDIENTE

Diretor de publicação: MICHEL LÉVÊQUE

Coordenação editorial: HALUMI T. TAKAHASHI

Tradução e redação: ROSEMARY COSTHEK ABÍLIO

Editoração: VERTENTE SERVIÇOS EDITORIAIS

Impressão: REPROMIL GRÁFICA E EDITORA

Globo Ciência na FrançaFilmado em setembro de 1997, o programa Globo Ciência na França, o terceiro da série, é uma realização da FundaçãoRoberto Marinho, com colaboração do Cendotec. Apresenta quatro reportagens, com duração total de 120 minutos:

• Paladar: mostra as pesquisas efetuadas no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) e no laboratório de pesquisa doINRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), bem como a tradição francesa nessa área (culinária...)

• Olfato: pesquisa sobre os odores, em Grasse, a cidade dos perfumes

• Restauração: as técnicas modernas e tradicionais de restauração de monumentos. O que é restaurar no final do século XX?

• Transportes: a organização dos transportes na França e no Brasil.

Os interessados poderão adquirir o vídeo mediante uma participação de R$10,00 (dez reais). Encaminhar pedido ao Cendotecmencionando nome e endereço completo do solicitante, acompanhado de cheque nominal ao Cendotec.

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CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andar Cetenco Plaza - Torre Norte 01310-200 São Paulo-SPTels.: (011) 284-8114 / 284-5128 / 284-1839 Fax: (011) 284-3417E-mail: [email protected] http://eu.ansp.br/~cendotec

PesquisaTecnologiaCooperação

França-FlashFrança-Flash

COO

PE

RAÇÃOTECNO

CENDOTEC

TECNOLOGIADE PONTA

TECNOLOGIADE PONTA Pesquisa

TecnologiaCooperação

. . .

nº 14JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 1998

Publicação trimestral

PesquisaTecnologiaCooperação

França-FlashFrança-Flash TECNOLOGIADE PONTA

TECNOLOGIADE PONTA Pesquisa

TecnologiaCooperação

Replanificação operacionaldo tráfego ferroviário

Um projeto de cooperação entre a UFRGS – Universidade Federal do RioGrande do Sul e o INRETS – Institut National de Recherche sur les

Transports et leur Sécurité

O objetivo principal desse projeto é desenvolver um sistema de apoio àREplanificação operacional do TRÁfego FErroviário - RETRAFE para solu-cionar problemas decorrentes da interrupção de uma das linhas de uma malhaferroviária, seja por problemas operacionais, seja por acidentes.

Em caso de qualquer interrupção, os responsáveis pelo tráfego precisamestar preparados para executar duas tarefas: as tarefas de replanificação —novos itinerários e horários, novos veículos, maquinista, fiscais — e as tarefasde comunicação — bombeiro, polícia, socorro de urgência, passageiros —,ambas envolvendo decisões a curto prazo.

A maioria das empresas de transporte ferroviário são planificadas paraum longo período de tempo (meses) a fim de atender uma certa demanda.Essa planificação consiste em determinar os horários e os itinerários dos trens,bem como os recursos necessários para realizar esses serviços. Definir comoesses recursos serão usados consiste basicamente em construir e alocar umaseqüência de trabalhos diários a ser executada. Os resultados dessa tarefasão gráficos das alocações dos recursos para realizar o serviço teóricoplanejado.

Já a replanificação envolve modificações dos itinerários e horários dealguns trens num curto prazo de tempo (horas), implicando também namodificação das alocações de seus recursos.

O problema é que, principalmente em horas de pico, a inserção de novostrens em outros itinerários torna-se difícil e em alguns casos até mesmoimpossível. Assim, não sendo possível desviar todos os trens, alguns terãoseu percurso limitado ou anulado. Como conseqüência ocorre um desiquilíbriona planificação teórica (gráfico de circulação de trens e gráfico de alocaçãode recursos).

Um sistema para atender a tudo isso deve ser interativo e o replanificadordeve ter o controle de todo o processo de resolução e de execução. Tal sistema

ÚLTIMA CHAMADA

PARA ASSINATURA

DE FRANÇA-FLASH

cupom-resposta na

página 9

Sumário

COOPERAÇÃOReplanificação operacionaldo tráfego ferroviário 1Associação Paulista dos AntigosAlunos e Estagiários dasEscolas Francesas - ASPEF 2

PESQUISAControle não destrutivo:um setor em mutação 4Inauguração da CátedraClaude Lévi-Strauss 7

BREVES 7

ISSN 0104-91432.750 exemplares

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

Esse projeto deverá resultar:• em um estudo do processo operacional de

replanificação do tráfego, isto é, definição doscritérios utilizados, restrições e estratégias deresolução;

• na definição de um sistema de informaçãonecessário à replanificação;

• na avaliação de técnicas de replanificação;• em uma maquete que permitirá avaliar as

soluções propostas baseando-se em dados reais.

Fernando Dutra Michel

Prof. Fernando Dutra MichelUFRGS/Escola de Engenharia – PPGEPPraça Argentina, 9, sala 402 – 90040-020 Porto Alegre RStel.: (051) 316-3596 – fax: (051) 316-4007e-mail: [email protected]

não poderá explorar todas as alternativas desoluções (são problemas de tipo combinatório),considerando sobretudo que se espera sempreuma resposta rápida. Deve permitir que oreplanificador avalie uma solução definida por elee também propor diferentes soluções ou avisar aoreplanificador quando não existe solução e quandoalguma restrição deve ser relaxada.

Dentro desse contexto, o modelo de apoioproposto para a replanificação operacional dotráfego ferroviário deverá considerar as condiçõesoperacionais de uma ferrovia. Sendo o trabalhodesenvolvido em conjunto com o INRETS, umestudo de caso será primeiramente aplicado naRede Ferroviária Francesa (SNCF) da região Norteda França e posteriormente será efetuado umestudo para uma aplicação na malha ferroviáriado Sul do Brasil.

Contato

ESPA

ÇO ABERTOTECNO

Em 1948, há exatamente 50

anos, um grupo de franceses e bra-sileiros, antigos alunos de escolas

francesas, reunia-se para lançar as

bases da Associação dos Antigos

Alunos das Escolas Francesas.

Iniciando suas atividades como

uma “société amicale”, reunindocompanheiros saudosos da vida

acadêmica na “douce France”, logo

seus objetivos se ampliaram, aper-

cebendo-se seus fundadores que

a entidade poderia vir a ser, tam-

bém, importante instrumento parao desenvolvimento do intercâmbio

técnico, científico e cultural entre

Brasil e França.

Assim é que seus primeiros es-

tatutos definem como principais ob-

jetivos: o estreitamento dos laçosde amizade entre engenheiros e ar-

quitetos formados em escolas fran-

cesas; a manutenção e ampliação

do intercâmbio entre esses profis-

sionais; e o estímulo à difusão de

informações técnicas, científicas eculturais entre seus membros.

Logo a seguir o âmbito da as-

sociação, fundada por engenheiros

e arquitetos estende-se aos de-

mais profissionais de nível superi-or e passa a aceitar filiação de

antigos alunos provenientes de ou-

tras áreas.

Ampliando seu campo de atua-

ção a nova sociedade experimenta

expansão extraordinária, aco-lhendo expressivo contingente de

profissionais que tivessem cursa-

do universidades francesas. Aos

fundadores Ministro Marcondes

Ferraz, Jacques Pilon, Jean Gui-

lhem, Annibal Mendes Gonçalves,Bernard Coré, Louis Dubois, Pau-

lo de Souza e tantos outros, junta-

ram-se, no decorrer dos anos,

professores universitários, magis-

trados, cientistas, médicos, advo-

gados, economistas, políticos,enfim representantes de todos os

setores de atuação profissional de

São Paulo. Citem-se como exem-

plos significativos: Brigadeiro e

Prefeito de São Paulo Faria Lima

e o Professor e Sociólogo Presi-dente da República Fernando

Henrique Cardoso.

Em pouco tempo a entidade

passa a ser, na prática, o contacto

em São Paulo dos Serviços de Co-operação Técnica do Ministério da

Economia da França, precursores

do que é hoje a CFME-ACTIM –

Agência para a Promoção Interna-

cional das Tecnologias e das Em-

presas Francesas. É na Associação que é lança-

do o Centro de Documentação e

Informação da Indústria Francesa

quando então passa a colaborar na

seleção e no intercâmbio dos es-

tagiários e bolsistas franceses ebrasileiros da Cooperação Técni-

ca.

No início de 1960 o já numero-

so contingente de ex-bolsistas pla-

neja criar uma associação própria.

Após inúmeras reuniões e consul-tas decide desenvolver suas ativi-

dades no seio da Associação que

assim se amplia, passando a aco-

lher também os antigos estagiári-

os e bolsistas. O nome da entidade

é então alterado para Associaçãodos Antigos Alunos e Estagiários

das Escolas Francesas, ASPEF,

denominação que perdura até hoje.

Associação Paulista dos Antigos Alunos eEstagiários das Escolas Francesas – ASPEF

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

A ASPEF, hoje como sempre,tem por vocação a integração defranceses e brasileiros, unidos atrabalhar pelo intercâmbio cadavez maior entre os dois países. In-tegra juntamente com a AliançaFrancesa, a Câmara de ComércioFrança-Brasil e outras entidadesfranco-brasileiras o grupo de insti-tuições destinadas a fomentar asrelações entre França e Brasil.

A ASPEF exerce suas atividadespor meio de encontros que vão,desde simples reuniões sociais emtorno de uma mesa de queijos evinhos até seminários e congres-sos técnico-científicos de grandeenvergadura, passando por coló-quios, conferências, exibições defilmes ou vídeos, visitas, exposi-ções, sempre sobre temas relati-vos e de interesse dos dois países.

Essas atividades são assistidas,estimuladas ou patrocinadas pelosConselheiros Comercial e Culturalda França, membros de honra daAssociação e pelo CFME-ACTIM.O Presidente de Honra da Associa-ção é o Cônsul Geral da França emSão Paulo.

Pelos seus objetivos e pela cons-tituição de seu quadro associativo,a ASPEF é peça fundamental nomecanismo de cooperação entreBrasil e França.

Pode ser também a melhor por-

Ao comemorar seus 50 anos de

profícua existência, que serão ob-

jeto de especiais manifestaçõesreunindo profissionais, empresas e

autoridades francesas e brasilei-

ras, a ASPEF reafirma sua confi-

ança na permanência dos ideais de

cooperação entre França e Brasil.

Carlos Eduardo Mendes GonçalvesPresidente da ASPEF

1º Vice-Presidente da Aliança FrancesaEx-Presidente do CENDOTEC

ASPEF - Rua Marina Cintra, 94Jd. Europa - 01446-901 São Paulo SP

Tel. (011) 3064-8922 Fax (011) 853-6182

ta de entrada e veículo de adapta-

ção dos colegas franceses ao meio

brasileiro e pode ser também im-

portante órgão de informação do

meio técnico e profissional brasi-

leiro às empresas francesas insta-

ladas ou em vias de instalação no

País.

A ASPEF, cinqüentenária, a mais

antiga entre as 35 congêneres do

mundo, integradas à constelação

da CFME-ACTIM é uma das sete

associações do Brasil, ao lado de

Rio de Janeiro, Recife, Brasília,

Curitiba, Belo Horizonte e Porto

Alegre.

TRÊS PERGUNTAS AO SR. CARLOS EDUARDO MENDES GONÇALVES

voltam-se hoje para as universidades norte-ame-ricanas. Pessoalmente, e como Presidente da ASPEFe Vice-Presidente da Aliança Francesa, não tenho pou-pado esforços para no meu, embora restrito, campode atuação, reverter o atual estado de coisas. Se to-dos os francófilos, como eu, fizerem algo nesse sen-tido a somatória dos esforços poderá redundar emresultados positivos.

França-Flash: O senhor continua em contacto com aFrança?

Sr. Carlos Eduardo: Sim. De algum tempo para cátenho estado na França todos os anos, pelo menosuma vez. Sempre encontro novos pontos de interes-se, nessa França que se renova sem cessar, conser-vando toda a força de suas tradições.

França-Flash: Quais foram as razões que o levaram aescolher a França para realizar seus estudos?

Sr. Carlos Eduardo: A clareza e o espírito de síntese

do pensamento cartesiano tiveram grande influênciana minha opção em seguir na França estágios de aper-feiçoamento na minha área de engenharia. Minha for-

mação cultural francesa, herdade da família — pai etios todos formados em grandes escolas francesas,nos tempos áureos da preponderância cultural fran-

cesa no mundo — evidentemente contribuiu para aminha francofilia e conseqüente decisão.

França-Flash: Hoje, na sua opinião, muitos profissionaiscontinuam ainda a realizar seus estudos na França?

Sr. Carlos Eduardo: Infelizmente muitos profissionais

Presidente Fernando Henrique Cardoso, Embaixador da FrançaPhilippe Lecourtier e Sr. Carlos Eduardo Mendes Gonçalves

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

PESQ

UISATECNO

Como a qualidade é um elemen-to fundamental da competitividade,o Ministério da Indústria citou ocontrole não destrutivo (CND) en-tre as “tecnologias chaves para ofuturo da indústria francesa”. OCND abrange um conjunto de téc-nicas para controle e/ou teste demateriais, peças e conexões, deforma a não afetar seu uso poste-rior. Ele caracteriza em detalhes oseventuais defeitos dos produtos(composição, orientação, dimen-são, profundidade, etc) ao longode toda a cadeia de fabricação.Para atender melhor às exigênciasde segurança e confiabilidade,abrange também o acompanha-mento das instalações. Desen-volve-se assim o conceito demanutenção preventiva — isto é,a verificação, durante o uso, de pe-ças ou de elementos de fabrica-ção, para evitar interrupçõesimprevistas e integrar as substitui-ções no planejamento.

As primeiras indústrias a desen-volver as técnicas de CND foramnaturalmente aquelas em que asegurança era mais imperativa:nuclear, aeronáutica, de transpor-tes, de energia, além da fundição.Ainda hoje seus principais usuá-rios são os grandes grupos des-ses setores e algumas dassubempreiteiras. Durante muitotempo essas qualificações foramdesenvolvidas internamente; masa recentragem das grandes com-panhias em suas especificidadeslevou-as à terceirização, favore-cendo a emergência de PME

especializadas na fabricação deequipamentos e na prestação deserviços de controle.

Ao lado desses gigantes há umcerto número de empresas meno-res que procuram diversificar seusmétodos de controle e acompa-nhamento da qualidade. Na BurtonCorblin, especializada em siste-mas avançados de compressão(170 funcionários), a “ressuagem”(ressuage), a magnetoscopia, oultra-som e a radiografia fazemparte do arsenal permanente derecursos. No início, como aconte-ce muitas vezes, a Burton depa-rou com clientes que formulavamsuas exigências de controle de for-ma totalmente imprecisa, tantosobre as técnicas desejadas quan-to sobre a tolerância aceitável. Elaentão procurou o CETIM (CentroTécnico das Indústrias Mecâni-cas), que a orientou quanto aoequipamento e providenciou o trei-namento de três operadores, cer-tificados em CND. Hoje a empresainveste anualmente entre 30.000e 40.000 francos em controle nãodestrutivo. Desse procedimentopermanente participa o própriodepartamento de projetos, paradefinir o nível de tolerância e acio-nar os controles o mais precoce-mente possível. Agora, quandocompra virabrequins da empresaChambon, a Burton Corblin faz amesma exigência de qualidade.Com isso as técnicas de ultra-som,magnetoscopia, etc. difundiram-separa esse fornecedor... e assim su-cessivamente.

Quais controles?Com que objetivo?

O primeiro problema das PMEem matéria de CND é a falta deinformação. Por isso, no final de1996 a COFREND (ConfederaçãoFrancesa para Ensaios Não Des-trutivos) lançou com a rede de di-fusão tecnológica da região doLoire a operação piloto “As Técni-cas de CND a Serviço das PMI”. Aoperação foi prorrogada para oano de 1998, com o apoio daAgência de DesenvolvimentoTecnológico Pays de la LoireInnovation. Os parceiros preten-dem organizar para as PME reu-niões de sensibilização sobre osaspectos tecnológicos que interes-sam a elas. Também desenvolve-rão uma metodologia para que osorientadores da rede ajudem asPME a formularem melhor suasnecessidades em matéria de CND.De fato, é inútil implantar essecontrole quando o que deve sermelhorado for uma técnica de fa-bricação ou a organização de umposto de trabalho.

Uma enquete realizada junto àsPME regionais de mecânica e deplásticos mostrou que, emboratodas as empresas que respon-deram pratiquem um controle,apenas 70% dispõem de um de-partamento especial para essa ta-refa e 60% utilizam pelo menosuma técnica de CND.

Por que o controle? Essas PMErespondem: para serem certifica-dos em sua atividade (60%) e por-que o cliente exige (50%). Avantagem na concorrência e a pro-dutividade constituem apenas 40%

Controle não destrutivo: um setor em mutaçãoZelando pela qualidade de seus produtos, as PME começam a abrir-se para o controle não

destrutivo. Mas os fornecedores dessa tecnologia devem reavaliar suas estratégias em termosde estruturação e de mercados nacionais e internacionais.

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

de suas motivações. O que elascontrolam? O produto acabado,“sempre” (70%); mas a matéria-pri-ma “nunca, ou apenas em caso deproblema” (40%). Nas etapas inter-mediárias, quanto mais se avançapara o produto acabado mais fre-qüentes se tornam os controles:geralmente são manuais e se re-ferem ao aspecto, à superfície, àgeometria (70%); raramente à ade-quação para o serviço (menos de30%).

O custo é mencionado como oprincipal obstáculo para o contro-le (85%); depois vêm a falta detempo (60%), de pessoal qualifi-cado (40%) e de informações(33%). No final da enquete, 40%das empresas solicitavam a visitade um perito — metade delas embusca de uma solução técnica es-pecífica, a outra a título de pronti-dão tecnológica.

De fato, a implantação das CNDrequer pessoal qualificado, comprade equipamento e sua manuten-ção, reorganização do local parainstalar um posto de controle, etc.Isso pode ser oneroso, mas é umaexcelente oportunidade para a fir-ma checar a própria eficiência equalidade. Para Bernard David, es-pecialista em difusão tecnológicano CEA (Comissariado de EnergiaAtômica) e responsável por essaoperação na COFREND, “na ver-dade o principal freio para a difu-são das técnicas de CND tem a vercom o papel que lhes é atribuído.Até agora as PME as têm encara-do de forma negativa, como umasanção no final de fabricação, im-posta pelo cliente e obrigando-asa jogar fora peças declaradas de-feituosas. Por isso a maioria dasPME não adotam uma atitude deboa vontade com relação ao CND,e ignoram seus aspectos positivosem termos de qualidade e confia-bilidade dos produtos, prestígio dacompanhia, etc. Antes de ser umconjunto de técnicas, o CND repre-senta um estado de espírito daempresa, e é sobre esse ponto quetemos um trabalho de informaçãoa fazer.” Descartar um produto já

fabricado não rende dinheiro. Porisso o CND deve ser integrado naprodução o mais precocementepossível, e não acrescentadocomo uma etapa suplementar.

Na opinião de Carole Castellan,responsável pela companhia deserviços em tomografia Tomo Adur,“é muito difícil explicar a uma PMIas vantagens do CND e a econo-mia que ele pode proporcionar...Mas quando um dirigente vem comum problema preciso que pode-mos testar, a demonstração técni-ca logo o convence.” O ideal seriaque existissem plataformas ondeos industriais pudessem exporsuas necessidades e abordar to-das as técnicas com especialistas.A fórmula já existe na Grã-Bre-tanha e na Alemanha.

“Embora os mercados da indús-tria aeronáutica e da fundição re-gional tenham presidido à criaçãoda Tomo Adour, originalmente elafoi projetada para atender às ne-cessidades das PME”, enfatizaCarole Castellan. A tomografia épouco conhecida; mas a compa-nhia de mecânica de precisãoCazenave, por exemplo, soube ti-rar proveito dela e propõe essagarantia de qualidade para peçasde alto valor acrescido. Nessaempresa (45 pessoas) que prestaserviços à aeronáutica, via de re-gra o cliente exige CND. Assimsendo, ela adquiriu um equipa-mento de segunda mão para

magnetoscopia, com o qual acom-panha a fabricação, evitando as-sim surpresas desagradáveisdurante o controle final exercidopor prestatários credenciados.

O CEA, organismo de ponta namatéria, também se interessa pe-las PME. Em outubro último eledesignou um especialista paracontactos de recebimento, orien-tação e peritagem em CND. Suafunção: centralizar as solicitaçõesdas indústrias, a fim de apontaruma solução no prazo de cincodias. “Se a questão apresentar umcunho inovador que interesse àsqualificações do CEA, explicaMarc Wojtowicz, eu a direcionopara os laboratórios que podemrespondê-la. Em seguida pode serestabelecido um contrato paraexecução de um estudo, de um ca-derno de encargos, de maquetes,etc.” O CEA não fornece equipa-mento nem presta serviços; porisso, quando a solicitação pode serser atendida pelo que existe nomercado, a empresa recebe umalista de fornecedores úteis. Ummês depois de assumir sua fun-ção, Marc Wojtowicz já havia sidocontactado por várias PME, dire-tamente ou por intermédio da redede difusão tecnológica. Os estudosde viabilidade, orientação e perita-gem podem ainda receber um fi-nanciamento do fundo CEA deauxílio às PME e também integrar-se em algum projeto inovador fi-

Microto-mografia

de umrelógio(TomoAdour)

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

nanciado pela ANVAR (AgênciaNacional de Valorização da Pes-quisa).

A eletrônica, indústria extrema-mente dinâmica em que atuammuitas PME, representa um ver-dadeiro mercado emergente parao CND, pois os defeitos não ultra-passam alguns mícrons — o mes-mo tamanho das interfaces, dassoldagens, das espessuras de ca-mada, etc. Foi nesse nicho queJean-Claude Lecomte instalou-sehá um ano: sua empresa, a Insidix,especializou-se no desenvolvi-mento de todas as técnicas de ins-trumentação para controle decomponentes microeletrônicos.Para adquirir dimensão internaci-onal, ele estabeleceu relações co-merciais e técnicas com firmasamericana e alemã, principal-mente para elaboração de novasmetodologias baseadas na micros-copia acústica e na radioscopiadigital microfocal. Mas a maior ori-ginalidade está na criação de umcentro de qualificação de controleem microeletrônica, com a CGSThomson e a Hewlett Packard (umfabricante e um usuário de com-ponentes). Objetivo: fazer con-vergirem as necessidades dosfabricantes e dos usuários, e asqualificações da Insidix e de labo-ratórios de pesquisa especia-lizados em técnicas de controle.Esse centro busca uma aborda-gem global, pois os industriais que-rem a participação de escolas deengenharia e de universidades,para que os estudantes possamadquirir uma formação em CNDque atenda às suas necessidadesreais.

Pequenas empresas navanguarda da tecnologia

As análises sobre a atividade decontrole não destrutivo, realizadaspor Nathalie Delorme na divisão detecnologia da ANVAR, mostramque cerca de 40 PME francesaspodem fornecer equipamentos ouprestações de serviço. Quase to-

das foram criadas recentemente ecaracterizam-se por um efetivoigual ou inferior a 15 pessoas e umtotal de negócios da ordem de 10milhões de francos. São tecno-logicamente muito avançadas edestinam cerca de 20% de seu or-çamento à P&D. Mas quase todasestão ligadas a alguns grandesclientes que as obrigam a desen-volver sistemas específicos, dificil-mente valorizáveis, em detrimentode produtos mais abertos.

Com algumas exceções, seu de-sempenho comercial está longe deser notável e em média apenas 5%das vendas destinam-se à expor-tação. Sem dúvida isso explica porque em 1997, embora tenham sur-gido novas empresas de CND,houve também um número equi-valente de falências.

Para Gérard Fleury, diretor-pre-sidente da Imasonic, especializa-da em tradutores de ultra-sons(para CND mas também para ou-tras aplicações, principalmentemédicas), “as PME ligadas exclu-sivamente aos grandes gruposfranceses assumem um risco con-siderável: levam em conta apenasum segmento das necessidadesdo mercado, sem construir umaestratégia para todo ele”. A Ima-sonic (30 funcionários) tem objeti-vos mais amplos e 65% de seusprodutos são exportados. Atua emtodos os setores em que a detec-ção de defeitos seja vital. Projetaalguns produtos padronizados,“porém obtemos o maior valoracrescido oferecendo materiaisespecíficos que ultrapassam oexistente em termos de desempe-nho, viabilidade de controle, etc.”,conclui Gérard Fleury.

A mesma posição é adotada porEric Crescenzo, diretor-presiden-te da Ixtrem, uma PME especia-lizada em técnicas de raios X,“ressuagem” e magnetoscopia.Porém ele tem uma dúvida: “Seráque a corrida para a melhora dodesempenho continua a valer apena se for para comercializar dezaparelhos que não cobrirão os es-

forços de pesquisa?” E acrescen-ta: “O mercado de CND estásaturado, as grandes empresasestão superequipadas e há umexcesso de participantes. É preci-so proceder a uma certa concen-tração.” Esse chefe de empresaapostou na complementaridade,unindo-se a fabricantes europeus.Seus acordos de representaçãomútua permitem que a Ixtrem, paraatacar melhor os mercados mun-diais, ao mesmo tempo desen-volva soluções específicas eproponha produtos em catálogo.Segundo Crescenzo, a aberturadas PME para as técnicas de CNDpoderá revitalizar o mercado deprodutos padronizados e abrir paraempresas como a Ixtrem uma novafunção de engenharia-orientação.

Ampliar o círculode iniciados

Embora os controles não des-trutivos devessem fazer parte dasestratégias de melhora da qualida-de dos produtos de todas as em-presas industriais, o mercadoainda se mostra restrito a um cír-culo de adeptos convictos. Estãoem jogo a competitividade dasPME francesas e sua presença in-ternacional: trata-se realmente deuma “tecnologia chave”. Tambémestá em jogo a sobrevivência eco-nômica dos protagonistas do CNDfrancês, tecnologicamente brilhan-te. Ante uma baixa de demandados grandes usuários, as PME for-necedoras de equipamentos e deserviços devem repensar sua es-tratégia em muitos pontos. Por umlado, elas terão de engajar-se ati-vamente no mercado mundial,mesmo que precisem agrupar-separa atingirem uma estatura quelhes falta; e por outro lado devemabrir-se para uma nova clientela,desenvolvendo principalmenteuma oferta que se adapte às PMEem termos de custo e de facilida-de de abordagem.

Courrier ANVAR, dez/1997

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

CIRAD Information nº 79

Inauguração da Cátedra Claude Lévi-Strauss

Testar a elasticidade semdestruir o material

No CIRAD (Centro de Coopera-ção em Pesquisa Agronômica parao Desenvolvimento), o Laboratóriode Qualidade e Tecnologia da Ma-deira está construindo o BING(Beam Identification by Nondes-tructive Gradding), um aparelho queavalia por percussão a elasticidadeem flexão e em cisalhamento deuma viga ou pilar de qualquer di-mensão ou material. As vibraçõescausadas por um choque geram umsom proporcionalmente mais grave

ou mais agudo conforme o materialseja mais maleável ou mais rígido.Na técnica BING, a viga é coloca-da sobre apoios flutuantes, medida,pesada e golpeada com um martelo(1). Os sons resultantes são grava-dos (2), digitalizados (3) e transfe-

ridos para um computador (4), ondeum software analisa os dados e de-termina os módulos de elasticida-de em flexão e cisalhamento (5). Atécnica, simples e barata, é de gran-de interesse industrial.

Contacto: Henri BaillèresTel. (4).67.61.44.51Fax (4).67.61.57.25

E-mail [email protected]

BREV

ESTECNO

A Cátedra Claude Lévi-Strauss, criada no Institutode Estudos Avançados da USP, será inaugurada pe-los professores Nathan Wachtel e Jean-PierreChangeux.

Ela permitirá a vinda ao Brasil de professores doCollège de France, e mais amplamente de grandesinstituições francesas. Situada no IEA da USP, vemjuntar-se às cátedras internacionais já existentes: Jai-me Cortesão, Mário Schenberg, Nicolau Copérnico eSimón Bolívar.

Criado em 26 de novembro de 1986, o IEA daUniversidade de São Paulo é um órgão de integraçãodestinado à pesquisa e discussão das questões fun-damentais da ciência e da cultura, de forma abrangentee interdisciplinar. O programa de seminários e confe-rências é particularmente rico e anunciado a cada tri-mestre no Boletim Informativo do Instituto de EstudosAvançados. Entre outros, nos dias 27 e 28 de abrilpróximos, Alan Sokal (Universidade de Nova York) eJean Bricmont (Universidade Católica de Louvain) pro-ferirão conferências sobre o tema “visões de ciência”.

O Collège de France é uma instituição francesafundada em 1530 por François I. Recruta sem nenhu-ma exigência de título e não prepara para exame. Apesquisa científica goza assim de grande independên-cia e de autonomia completa. Cada professor escolhea cada ano o tema de seu curso em uma área da ciên-cia que lhe é própria e dentro da pesquisa que lheinteressa particularmente. Congrega hoje os nomesde maior prestígio da ciência francesa.

Assinado pelo reitor da USP, Prof. Dr. Flávio Fava

de Moraes (hoje Prof. Dr. Jacques Marcovitch), peloDiretor do IEA, Prof. Dr. Umberto Cordani (hoje Prof.Dr. Alfredo Bosi) e pelo Administrador do Collège deFrance, Prof. Dr. Gilbert Dragon, esse acordo propi-ciará a participação de professores do Collège deFrance nos trabalhos universitários organizados peloIEA. Inversamente, o Administrador do Collège deFrance pretende receber grande número de profes-sores brasileiros.

O Prof. Dr. Nathan Wachtel, titular da cadeira deHistória e Antropologia das Sociedades Meso- e Sul-Americanas, será o primeiro a participar desse acor-do, na FFLCH da USP, e realizará uma série de cursosdurante a segunda quinzena de abril em torno dostemas “L’organisation dualiste dans les sociétésandines” e “La foi du souvenir: les nouveaux chrétiensen Amérique Latine (17e siècle)”.

O Prof. Dr. Jean Pierre Changeux, titular da ca-deira de Comunicações Celulares, Medalha de Ourodo CNRS, Presidente do Comitê Nacional de Ética,participará de um grande colóquio sobre “a ética e aciência” e realizará dois cursos sobre “Récepteurs del’acétylcholine: un modèle de protéine allostériquemembranaire”.

M.L.

I.E.A./USPAv. Prof. Luciano Gualberto, trav. J 374 térreoCidade Universitária 05508-900 São Paulo SPtels. (011) 818-3919 818-4442 fax (011) 211-9563e-mail [email protected]

Contato

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

Novas matrizes paraacondicionamento de lixonuclear

As estratégias de pesquisa suge-ridas pela lei de 30 de dezembro de

1991 (sobre a destinação dosrejeitos radioativos de alta ativida-de ou contendo radionuclídeos de

vida longa) incentivam os pesqui-sadores franceses a buscar novosmateriais de confinamento da radi-

oatividade. Uma equipe do Institu-to de Física Nuclear de Orsaybaseou-se nos chamados critérios

“de análogos naturais” — rochasque durante muito tempo contive-ram radioelementos — para criar

matrizes à base de fosfato e difos-fato de tório. Esses compostos sãoexcelentes para o confinamento de

actinídeos menores, de urânio e deplutônio; além disso, resistem bemà corrosão pela água e sua trans-

formação em cerâmica é fácil.

Contacto: Michel Genet - Institut dephysique nucléaire d’Orsay (CNRS/IN2P3 - Université Paris 11 - OrsayTel. (1).69.15.73.46E-mail [email protected]

CNRS INFO nº 351

Um sensor doméstico paraescapamentos de gás

A companhia Gaz de France pre-tende industrializar em breve esseaparelho, que desenvolveu com o

CEA, o INERIS (Instituto Nacionaldo Meio Ambiente e dos Riscos In-dustriais) e a ANVAR. Em um

substrato de quartzo, um filamentode platina aquecido reage em pre-sença do metano: a temperatura

aumenta, fazendo variar a resistên-cia da platina e a tensão, o que acio-na um alarme. A verificação é feita

a cada 30 segundos e dura 30 mi-lésimos de segundo, o que aumen-ta a duração do sensor. Além disso

ele é de pequenas dimensões econsome pouquíssima energia.

Contacto: CEA - Assessoria deimprensa - Corinne BorelTel. (1).40.56.21.56Fax (1).40.56.28.92

Tecnologies ‘France’ nº 37

Ligas com memória deforma para a indústria

Essas ligas — que após deforma-ção mecânica em baixa temperatu-ra recuperam a forma inicial porsimples reaquecimento — têm mui-tas aplicações junto ao grande pú-blico; mas seu emprego na indústriaé menos freqüente, devido à dificul-dade para reproduzir as tempera-turas de transição. Por isso oCEREM (Centro de Estudos e Pes-quisas sobre Materiais) está efe-tuando trabalhos de P&D sobre osmecanismos de passagem de umaforma para outra em torno das tem-peraturas de transição. Estão emestudo novas ligas com uma peque-na quantidade de zircônio ou deháfnio. Elas deverão possibilitarnovas aplicações industriais e am-pliar as já existentes (conectores,acionadores, robótica).

Contacto: CEA - Assessoria deimprensa - Soisic LouetTel. (1).40.56.20.97Fax (1).40.56.28.92

Tecnologies ‘France’ nº 36

Dois novos LaboratóriosEuropeus Associados (LEA)

Trata-se do LEA “Economia quan-titativa e teoria das escolhas” e doLEA “Catálise de alta especifi-cidade”. Os LEA (agora em núme-ro de 13) são estruturas abertas:agrupam laboratórios ou equipeslocalizados em dois ou três paíseseuropeus. Durante quatro anosrenováveis eles compartilham re-cursos humanos e materiais paraexecutar um programa de pesqui-sa definido em conjunto. Cada LEAé regido por uma convenção assi-nada pelos diretores do CNRS edas entidades envolvidas. Está sobtutela funcional de um diretor e deum conselho científico, escolhidosde comum acordo pelas partessignatárias. O CNRS lançou esses“laboratórios sem paredes” em1991, para propiciar a cooperaçãocientífica entre países europeus.

Contacto: CNRS - Claude-IsabelleChauvel - Direction des relationsinternationales - Tel. (1).44.96.46.89

CNRS INFO nº 351

Pressão para identificar aimpressão

Um sensor de pressão para re-

conhecimento da impressão digitalpoderá substituir os códigos pes-soais de acesso aos aparelhos

computadorizados. Ele foi desen-volvido pelo Laboratório de Eletrô-nica, Tecnologia e Instrumentação

(LETI) do CEA. Seus microssen-sores (50 mícrons) foram elabora-dos por deposição de camadas

finas em baixa temperatura. Oaparelho é compacto (alguns cm3),absolutamente preciso, muito resis-

tente ao desgaste e consome me-nos de 1 watt de energia.

Contacto: CEA - Assessoria deimprensa - Corinne BorelTel. (1).40.56.21.56Fax (1).40.56.28.92

Tecnologies ‘France’ nº 37

Detectar diretamente asondas gravitacionais...

... e estudar as propriedades do

gráviton (a partícula associada aelas), confirmando a teoria deEinstein: esse é o objetivo do pro-

jeto Virgo, que faz parte de umacordo de cooperação científica efinanceira entre o CNRS e o Insti-

tuto de Física Nuclear da Itália. Im-plantado perto de Pisa, deveráentrar em operação dentro de cin-

co anos. Trata-se de um interfe-rômetro a laser composto de doisbraços ortogonais (dois tubos) com

3 km de comprimento. Um delescontém espelhos de altíssimareflexividade e um detector; o ou-

tro, espelhos e um laser. Será amaior câmara de ultravácuo domundo e medirá variações rela-

tivas de distância infinitesimalligadas às deformações do espa-ço-tempo. Sua sensibilidade às

ondas gravitacionais vai de 10 a16.000 hertz.

Contacto: CNRS - Assessoria deimprensa - Martine HaslerTel. (1).44.96.46.35

Recherche nº 134

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França-Flash TECNOLOGIA DE PONTA nº 14

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Os boletins França-Flash (Saúde, Meio Ambiente-Agricultura e Tecnologia de Ponta), que o CENDOTECedita e distribui regularmente, têm como objetivosinformar sobre a tecnologia e a ciência francesas edivulgar as atividades da cooperação técnico-científicaentre o Brasil e a França.

O CENDOTEC oferece também serviços de informação— via telefone, fax ou internet — sobre laboratórios depesquisa, produção científica de pesquisadores e livroseditados em língua francesa.

EXPEDIENTE

Diretor de publicação: MICHEL LÉVÊQUE

Coordenação editorial: HALUMI T. TAKAHASHI

Tradução e redação: ROSEMARY COSTHEK ABÍLIO

Editoração: VERTENTE SERVIÇOS EDITORIAIS

Impressão: REPROMIL GRÁFICA E EDITORA

IMPRESSO

CENDOTEC

CENDOTECCentro Franco-Brasileiro deDocumentação Técnica e CientíficaAv. Paulista, 1842 - 14º andarCetenco Plaza - Torre Norte01310-200 São Paulo SP

Globo Ciência na FrançaFilmado em setembro de 1997, o programa Globo Ciência na França, o terceiro da série, é uma realização da FundaçãoRoberto Marinho, com colaboração do Cendotec. Apresenta quatro reportagens, com duração total de 120 minutos:

• Paladar: mostra as pesquisas efetuadas no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) e no laboratório de pesquisado INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), bem como a tradição francesa nessa área (culinária...)

• Olfato: pesquisa sobre os odores, em Grasse, a cidade dos perfumes

• Restauração: as técnicas modernas e tradicionais de restauração de monumentos. O que é restaurar no final do século XX?

• Transportes: a organização dos transportes na França e no Brasil.

Os interessados poderão adquirir o vídeo mediante uma participação de R$10,00 (dez reais). Encaminhar pedido ao Cendotecmencionando nome e endereço completo do solicitante, acompanhado de cheque nominal ao Cendotec.