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Francisco Aléxis Dantas Maia

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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE VERMICULITA

NATURAL E QUIMICAMENTE MODIFICADA NA

ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO

FRANCISCO ALÉXIS DANTAS MAIA

Dissertação de Mestrado como requisito para

obtenção do titulo de Mestre em Química pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador: Dr. Ademir Oliveira da Silva

Co-orientador: Dr. Fábio Garcia Penha

Co-orientador: Dr. Paulo Roberto Nunes Fernandes

Natal – RN – Brasil

Maio / 2014

Page 3: Francisco Aléxis Dantas Maia

 

 

 

 

 

     

 

         

     

FICHA CATALOGRÁFICA Catalogação na Fonte

Biblioteca IFRN – Campus Apodi   

 

 

 

 

 

 

 

 Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário-Documentalista

Ezequiel da Costa Soares Neto CRB15/613 

M217c Maia, Francisco Aléxis Dantas. Caracterização e aplicação de vermiculita natural e

quimicamente modificada na adsorção de azul de metileno / Francisco Aléxis Dantas Maia -- Natal (RN), 2014.

78 f. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Química – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014.

Orientador: Dr. Ademir Oliveira da Silva.

1. Química. 2. Atividade de adsorção. I. Título.

CDU: 544.723.212

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Page 5: Francisco Aléxis Dantas Maia

DEDICATÓRIA

A toda minha família, em especial a minha

mãe, que sempre me incentivou para que

eu estudasse e por mais que eu relutasse,

ela sempre acreditou que eu um dia seria

capaz de chegar onde cheguei.

Page 6: Francisco Aléxis Dantas Maia

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, criador do céu e da terra, sem ele, nada seria possível.

Aos meus pais, José Maria Maia e Dilena Dantas Bezerra, que sempre fizeram todos

os esforços possíveis para que eu estudasse tivesse uma educação de qualidade.

A minha esposa Marta Jussara Morais da Silva Maia e meu filho Alan Vicente da

Silva Maia, que são a minha principal motivação para chegar onde cheguei, e dar

uma qualidade de vida melhor para eles.

O Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte pela oportunidade de realizar este trabalho.

Ao Professor Doutor Ademir Oliveira da Silva, por me orientar neste trabalho. Pela

sua dedicação aos orientandos, paciência, ensinamentos e por ter aberto suas

portas para que eu pudesse cursar o mestrado.

Aos Professores co-orientadores. Professor Doutor Paulo Roberto Nunes Fernandes

que se prontificou desde o início a me co-orientar neste trabalho. Professor Doutor

Fábio Garcia Penha que me mostrou um rumo, quando precisei trocar de projeto, ele

me deu uma nova opção de área de pesquisa e teve toda paciência do mundo para

me co-orientar e fazer todas as correções inclusive perdendo parte das férias.

A Professora Doutora Sibele B. C. Pergher, por muitas vezes ter me recebido e não

medir esforços para ajudar em análises e em orientações neste trabalho.

Aos professores do ensino médio, da Universidade do Estado do Rio Grande do

Norte e do PPGQ pelos ensinamentos, amizade, motivação e dedicação aos seus

alunos.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Ao Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte e ao Departamento de Geologia da

Page 7: Francisco Aléxis Dantas Maia

Universidade Federal do Ceará por ter participação importante nas análises deste

trabalho.

A meu tio Tarcísio Dantas Bezerra, sua esposa Doutora Edailna Melo, a meu Primo

Diogo Dantas e sua esposa Eloísa Helena, por sempre ter me acolhido em Natal

todas as vezes que precisei vir a Capital.

Ao amigo Ezequiel Neto, bibliotecário do IFRN Campus Apodi, pelas orientações nas

minhas referências sem medir esforços para me atender sempre que precisei.

Aos bolsistas do IFRN Campus Pau dos Ferros Argeu Fernandes e João Batista

Filho, pelas importantes contribuições para este trabalho.

Page 8: Francisco Aléxis Dantas Maia

RESUMO

A modificação química de argilas tem sido extremamente estudada na busca por

melhorias de suas propriedades para seu uso em diversas áreas, como por exemplo,

no combate a poluição ocasionada por efluentes industriais como corantes. Neste

trabalho, a vermiculita foi modificada quimicamente de duas maneiras, caracterizada

e avaliada na adsorção do corante azul de metileno. Primeiro foi alterada com adição

de um surfactante (brometo de hexadeciltrimetilamônio, BHTA) tornando-a uma

argila organofílica e depois pela adição de um ácido (HCl) por ativação ácida .

Algumas análises foram realizadas como fluorescência de raios-X (FRX), difração de

raios-X (DRX), isotermas de adsorção do corante azul de metileno, infravermelho

(FTIR), microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise termogravimétrica e

Espectroscopia de energia dispersiva (EDS). Análise por FRX da vermiculita natural

indica que além do silício e do alumínio, a argila apresenta em sua estrutura os

cátions magnésio, cálcio e potássio com 16 % de matéria orgânica. As análises por

DRX indicam que na vermiculita orgânica houve uma inserção do surfactante no

espaço entre as lamelas, e na vermiculita ácida uma destruição parcial da estrutura

com perda de cristalinidade. As isotermas de adsorção do azul de metileno

mostraram que houve uma melhora significativa na remoção do corante para a

vermiculita com a adição do surfactante catiônico brometo de

hexadeciltrimetilamônio, bem como com tratamento ácido utilizando HCl 2 mol/L.

Nas vermiculitas ácidas tratadas posteriormente com o surfactante, a capacidade de

adsorção aumentou em relação a vermiculita natural, porem foi bem menor em

relação as vermiculitas modificadas com o ácido e com o surfactante

separadamente. Só as vermiculitas ácidas tratadas com surfactante se ajustaram ao

modelo de Langmuir. A espectrometria na região do infravermelho comprovou as

características da vermiculita natural. Na vermiculita orgânica observou-se o

aparecimento de bandas características de grupos CH3, CH2, além de (CH3)4N. Já

na vermiculita ácida, percebeu-se uma destruição parcial com a diminuição de

intensidade da banda característica das vermiculitas que é entre 1074 e 952 cm-1.

Na análise de MEV, observou-se que houve destruição parcial com no tratamento

ácido e nota-se um aglomerado entre as lâminas causado pela presença do

surfactante. As curvas TG mostram que a maior perda de massa ocorre no começo

Page 9: Francisco Aléxis Dantas Maia

do aquecimento ocasionado pela eliminação de água absorvida na superfície entre

camadas. Na vermiculita orgânica também observa uma perda de massa entre 150 e

300 °C ocasionada pela decomposição das moléculas de alquilamônio (surfactante).

Palavras Chave: argila, vermiculita, modificação, adsorção e isotermas.

Page 10: Francisco Aléxis Dantas Maia

ABSTRACT

Chemical modification of clays has been extremely studied in the search for

improvements of their properties for use in various areas, such as in combating

pollution by industrial effluents and dyes. In this work, the vermiculite was chemically

modified in two ways, characterized and evaluated the adsorption of methylene blue

dye. First was changed with the addition of a surfactant

(hexadecyltrimethylammonium bromide, BHTA) making it an organophilic clay and

then by adding an acid (HCl) by acid activation. Some analyzes were performed as

X-ray fluorescence (FRX), X-ray diffraction (DRX), adsorption isotherms of methylene

blue dye, infrared (FTIR) , scanning electron microscopy (SEM), thermal gravimetric

analysis and spectroscopy energy dispersive (EDS). Analysis by FRX of natural

vermiculite indicates that addition of silicon and aluminum, clay presents in its

structure the magnesium, calcium and potassium with 16 % organic matter cations.

The DRX analyzes indicated that the organic vermiculite was an insertion of the

surfactant in the space between the lamellae, vermiculite and acid partial destruction

of the structure with loss of crystallinity. The adsorption isotherms of methylene blue

showed that there was a significant improvement in the removal of dye to the

vermiculite with the addition of cationic surfactant hexadecyltrimethylammonium

bromide and treatment with acid using HCl 2 mol/L. In acid vermiculites subsequently

treated with surfactant, the adsorption capacity increased with respect to natural

vermiculite, however was much lower compared vermiculite modified with acid and

surfactant separately. Only the acidic vermiculite treated with surfactant adjusted to

the Langmuir model. As in the infrared spectrometry proved the characteristics of

natural vermiculite. In the organic vermiculite was observed the appearance of

characteristic bands of CH3, CH2, and (CH3)4N. Already on acid vermiculite, it was

realized a partial destruction with decreasing intensity of the characteristic band of

vermiculite that is between 1074 and 952 cm-1. In the SEM analysis, it was observed

that there was partial destruction to the acid treatment and a cluster is noted between

the blades caused by the presence of the surfactant. The TG shows that the higher

mass loss occurs at the beginning of the heating caused by the elimination of water

absorbed on the surface between layers. In the organic vermiculite also observed a

Page 11: Francisco Aléxis Dantas Maia

loss of mass between 150 and 300 °C caused decomposition of the alkylammonium

molecules (surfactants).

Keywords: Clay, vermiculite, modification, adsorption and isotherms.

Page 12: Francisco Aléxis Dantas Maia

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 17

1.1. OBJETIVOS 18

1.1.1. Objetivo Geral 18

1.1.2. Objetivos Específicos 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

2.1. SILICATOS 19

2.2. ARGILAS 22

2.3. MODIFICAÇÃO DAS ARGILAS 26

2.3.1. Tratamento Ácido nas Argilas 26

2.3.2. Tratamento das Argilas com Surfactante 28

2.4. VERMICULITA 30

2.4.1. Vermiculita Ácida Lixiviada 32

2.4.2. Vermiculita Natural Tratada com Surfactante 33

2.5. CORANTES 34

2.5.1. Corante Azul de Metileno (AM) 35

2.6. ESTUDO DE ADSORÇÃO 36

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 42

3.1. SÍNTESE DE ARGILAS ORGÂNICAS 42

3.2. ATIVAÇÃO ÁCIDA DAS ARGILAS 43

3.3. ESTUDOS DE ADSORÇÃO DE POLUENTES SOBRE

ARGILAS 43

3.4. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS POR 45

Page 13: Francisco Aléxis Dantas Maia

FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X (FRX) E DIFRAÇÃO

DE RAIOS-X (DRX)

3.5. ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO

INFRAVERMELHO (FTIR) 45

3.6. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

(MEV) E ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA

DISPERSIVA (EDS) 45

3.7. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA 46

4. RESULTADOS E DISCURSÕES 47

4.1. FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X 47

4.2. DIFRAÇÃO DE RAIO-X 48

4.3. ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO

INFRAVERMELHO (FTIR) 51

4.4. ANÁLISE DE MEV E EDS 55

4.5. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG) E

TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA (DTG) 59

4.6. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE

METILENO 61

5. CONCLUSÃO 71

6. REFERÊNCIAS 73

Page 14: Francisco Aléxis Dantas Maia

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Estrutura Tetraédrica (a) e Octaédrica (b) 20

Figura 2.2. Constituintes dos Filossilicatos: (a) Numa Visão Planar

de uma Camada Tetraédrica Hexagonal Ideal e (b) Numa Camada

Octaédrica com Grupos Hidroxilas no Interior 21

Figura 2.3. Camadas (a) 1:1 e (b) 2:1 22

Figura 2.4. Folha Tetraédrica Vista de Cima (a) e Vista Lateralmente

(b); e Parte da Folha Octaédrica Vista Lateralmente (c) 24

Figura 2.5. Camada Denominada 1:1 (a) e Camada Denominada 2:1

(b) 24

Figura 2.6. Estrutura Trioctaédrica (a) e Di-Octaédrica (b) Vista de

Cima 26

Figura 2.7. Esquema de Troca de Cátions nas Argilas 29

Figura 2.8. Orientação dos Íons Alquilamônio Entre as Galerias das

Argilas Formando o Modelo Monocamada (a), Bicamada (b),

Pseudo-Tricamada (c) e Tipo Parafina (d) 30

Figura 2.9. Estrutura da Vermiculita que Possui Carga Negativa em

suas Camadas 32

Figura 2.10. Estrutura do Brometo de Hexadeciltrimetilamônio 34

Figura 2.11. Estrutura do Azul de Metileno (AM) 36

Figura 2.12. As Seis Classes de Isotermas de Adsorção 39

Figura 3.1. Vermiculita Natural (a), com Surfactante (b) e Ácida (c)

Fotografada no Laboratório do IFRN Campus Apodi 44

Figura 4.1. Difratograma da Vermiculita Natural 48

Page 15: Francisco Aléxis Dantas Maia

Figura 4.2. Difratograma da Vermiculita Orgânica 49

Figura 4.3. Difratograma da Vermiculita Ácida 50

Figura 4.4. Difratograma Comparativo da Vermiculita Natural (I),

Orgânica (II) e Ácida (III) 51

Figura 4.5.. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Natural 52

Figura 4.6. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Orgânica 53

Figura 4.7. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Ácida 54

Figura 4.8. Espectro de Infravermelho das Vermiculitas Natural (I),

Orgânica (II) e Ácida (III). 55

Figura 4.9. Micrografia da Vermiculita Natural Ampliadas (a)x50; (b)

x120; (c) x300 e (d) x400 56

Figura 4.10. Micrografia da Vermiculita Orgânica 57

Figura 4.11. Micrografia da Vermiculita Ácida 58

Figura 4.12. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Natural 59

Figura 4.13. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Orgânica 60

Figura 4.14. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Ácida 61

Figura 4.15. Isotermas da Vermiculita Natural 62

Figura 4.16. Isotermas da Vermiculita com Surfactante 63

Figura 4.17. Isotermas da Vermiculita Ácida 64

Figura 4.18. Comparativo das Isotermas de Adsorção das

Vermiculitas 65

Figura 4.19. Ajuste das isotermas de acordo com o modelo de

Langmuir 66

Figura 4.20. Isotermas das Vermiculitas Modificadas Primeiramente

com Ácido Clorídrico (2 mol/L) e Posteriormente com Brometo de

Hexadeciltrimetilamônio em Três Quantidades Diferentes (0,1 g, 0,2

g e 0,5 g). 67

Figura 4.21. Ajuste das Isotermas de Acordo com o Modelo de

Langmuir nas VMT Ácidas com Surfactante. 69

Page 16: Francisco Aléxis Dantas Maia

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1. FRX da Vermiculita Natural 47

Tabela 4.2. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita

Natural 56

Tabela 4.3. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita

Orgânica 57

Tabela 4.4. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita

Ácida 58

Tabela 4.5. Parâmetros de Langmuir para as VMT Ácidas Tratadas

com Surfactante em Quantidades de 0,1; 0,2 e 0,5 g 70

Page 17: Francisco Aléxis Dantas Maia

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DRX – Difração de Raios-X

FRX – Fluorescência de Raios-X

FTIR – Infravermelho por Transformada de Fourier

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

EDS – Espectroscopia de Energia Dispersa

TGA – Análise Termogravimétrica

ATG – Análise Termogravimétrica

DTG – Termogravimetria Derivada

CTC – Capacidade de Troca Catiônica

AM – Azul de Metileno

MB – Methyl Blue

IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

DIAREN – Diretoria de Recursos Naturais

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFC – Universidade Federal do Ceará

VMT – Vermiculita

BHTA – Brometo de Hexadeciltrimetilamônio

r2 – Coeficiente de Correção Linear

Co – Concentração Inicial do Adsorbato

V – Volume

Page 18: Francisco Aléxis Dantas Maia

m – massa

qe – Quantidade de Material Adsorvido

Ce – Quantidade de Material na Solução de Equilíbrio

qm – Capacidade Máxima de Adsorção

b – Constante Relacionada a Energia de Ligação de um Material ao Sólido

KF – Coeficiente de Adsorção de Freündlich

n – Indica a qualitativamente a reatividade dos sítios de ligações das argilas

pH – Potencial Hidrogeniônico

Page 19: Francisco Aléxis Dantas Maia

17

1. INTRODUÇÃO

Na região de Nordeste Brasileiro, tem crescido nos últimos anos a instalação

de indústrias têxteis, no estado de Pernambuco esse tipo de indústria já é

comumente fonte de renda para muitas famílias. Na cidade de Toritama, por

exemplo, a economia gira em torno da fabricação de roupas, especialmente em

jeans. Com isso, o uso de corantes para tingimento dessas roupas também

aumentam.

Corantes são substâncias que se descartadas de forma irresponsável no

meio ambiente, podem causar diversos transtornos a natureza. Nos efluentes, além

de visualmente trazer uma coloração à água, os corantes podem interromper a

passagem da luz do sol, impedindo a fotossíntese, prejudicando a fauna e a flora

aquática, interrompendo o crescimento de todo um ecossistema. Para evitar isso,

tem se estudado materiais que consiga tratá-los antes do descarte ou removê-los do

meio ambiente, principalmente dos efluentes. Um dos principais corantes utilizados é

o azul de metileno ([C16H12N3S]+).

A argila tem sido muito estudada na remoção de corantes poluentes de

efluentes. As argilas são minerais formados especialmente por silicatos (SiO4). Estas

podem formar duas estruturas diferentes. A do tipo 1:1, onde é formada por uma

folha tetraédrica e uma octaédrica, e a do tipo 2:1, onde são duas folhas tetraédricas

e uma folha octaédrica central. A folha tetraédrica tem normalmente o silício como

cátion central rodeado por quatro oxigênios e a folha octaédrica tem como cátion

central normalmente o alumínio rodeado por seis átomos de oxigênio ou grupos

hidroxila. São muitos os tipos de argilas, uma delas é a vermiculita, caracterizada

principalmente pela presença de magnésio em sua estrutura, principalmente na folha

octaédrica.

Para a remoção de corante de efluentes, pode ser utilizado um processo

físico-químico de adsorção, onde basicamente o corante fica retido na superfície da

argila por interações físicas ou químicas. A vermiculita é um mineral hidrofílico, seu

poder adsorvente é fraco para poluentes orgânicos como os corantes. Para resolver

Page 20: Francisco Aléxis Dantas Maia

18

esse problema, é necessário modificá-la para deixá-la hidrofóbica, por exemplo, e

com uma afinidade para poluentes orgânicos.

Dois tratamentos são muito utilizados para melhorar a adsorção da

vermiculita. O tratamento com um ácido, que pode ser o ácido clorídrico (HCl), e o

tratamento com a inserção de um surfactante, que normalmente é usado um sal

quaternário de amônio. No caso, foi usado neste trabalho o brometo de

hexadeciltrimetilamônio. O tratamento ácido é utilizado normalmente para aumentar

a área específica enquanto o tratamento com o surfactante é utilizado para

transformar a argila hidrofílica, em hidrofóbica. Nos dois casos, a capacidade de

adsorção da argila aumenta.

Para analisar as propriedades da vermiculita natural e modificadas, serão

realizados análises de caracterização diversas e um estudo de adsorção utilizando o

corante azul de metileno como o poluente orgânico.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

caracterizar a aplicar uma argila vermiculita natural e quimicamente

modificada na adsorção do corante azul de metileno.

1.1.2. Objetivos Específicos

- avaliar as propriedades da vermiculita natural e quimicamente

modificada por organofilização e ativação ácida com HCl por vários

métodos de caracterização;

- determinar a capacidade de adsorção da vermiculita natural e

quimicamente modificada com o corante azul de metileno por isotermas de

adsorção.

Page 21: Francisco Aléxis Dantas Maia

19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. SILICATOS

O dióxido de silício, chamado de sílica, é muito abundante na crosta terrestre

na forma de areia e quartzo (LEE, 1999). Existe um grande número de silicatos

minerais e compostos sintéticos de silício (Si) e oxigênio (O), devido a grande

afinidade que há na ligação entre o Si e o O. As estruturas dos silicatos são mais

facilmente explicadas se for representada com SiO4 e desenhada como um

tetraedro, sendo o silício o elemento central e os 4 oxigênios nos vértices

(SHRIVER, 2008).

Os silicatos formam uma classe muito importante na crosta terrestre, já que

cerca de 30% dos minerais conhecidos são silicatos. Sabe-se também que os

minerais predominantes da crosta terrestre são os silicatos, cujas propriedades

dependem das condições físicas e químicas de sua formação (FONSECA; AIROLDI,

2003).

A maneira que se classifica os diversos silicatos leva-se em conta como as

unidades tetraédricas (SiO4)4- estão ligadas. Sendo assim, eles são classificados em

ortossilicatos ou mesossilicatos (não compartilham vértices); pirossilicatos,

sorossilicatos ou dissilicatos (duas unidades tetraédricas compartilham um oxigênio

de um dos vértices); silicatos cíclicos (dois átomos de oxigênio de cada unidade

tetraédrica forem compartilhados); silicatos em cadeia (quando átomos de oxigênio

de dois vértices de cada tetraedro são compartilhados com outros oxigênios de

outras unidades tetraédricas); silicatos lamelares ou filossilicatos (unidades de

tetraedros compartilham três vértices); silicatos tridimensionais (as quatro vértices do

tetraedro são compartilhadas) (LEE, 1999). A Figura 2.1, mostra as unidades

tetraédrica (a) e a octaédrica (b) que formam a argila, objeto de estudo neste

trabalho.

Page 22: Francisco Aléxis Dantas Maia

20

Figura 2.1. Estrutura Tetraédrica (a) e Octaédrica (b)

(a)

(b)

Fonte: Criada pelo Autor

Nos filossilicatos – classe a qual pertence às argilas – há ligações Si–O

fortes, porem ligações mais fracas unindo os vértices dos tetraedros. Raras são as

estruturas com folhas de tetraedros planas e simples, mais comuns são os silicatos

lamelares, estes têm estruturas mais complicadas e são bastante conhecidos e

importantes. Também pertencem a esta classe, o asbesto branco, as micas e as

montmorilonitas (LEE, 1999).

Do ponto de vista químico, os filossilicatos possuem basicamente Alumínio e

Magnésio (podendo conter outros metais como Ferro, Cálcio, Sódio, Potássio e

outros). Na sua composição geral, também aparece moléculas de água. Os

filossilicatos têm uma estrutura lamelar ou fibrosa. Esta estrutura é composta de

grupos TO4, sendo que T pode ser um cátion em orientação tetraédrica,

normalmente Si4+, Al3+, Fe 3+ ou mesmo Mg2+ que são unidos entre si formando uma

folha tetraédrica. A folha está constituída por hexágonos formado por 6 tetraedros

unidos entre si, contendo em seus vértices oxigênio com valências livres apontando

no mesmo sentido como mostra a figura 2.2 (FONSECA, AIROLDI, 2003).

Essa folha poderá unir-se a outra, como por exemplo, unidades octaédricas

de hidróxidos metálicos que tenham valências livres apontando para sentidos

opostos, em relação à folha tetraédrica, formando uma estrutura denominada 1:1.

Outro arranjo poderá ser obtido pela união de duas folhas tetraédricas em sanduiche

Page 23: Francisco Aléxis Dantas Maia

21

com uma folha octaédrica central originando camadas denominadas 2:1. Veremos

na Figura 2.3 essas camadas.

Figura 2.2. Constituintes dos Filossilicatos: (a) Numa Visão Planar de uma Camada

Tetraédrica Hexagonal Ideal e (b) Numa Camada Octaédrica com Grupos Hidroxilas

no Interior

(a)

(b)

Fonte: Adaptada de AGUIAR; NOVAES (2002)

Conforme se observa na Figura 2.3 o plano comum de junção entre as

folhas tetraédricas e octaédricas consiste de oxigênios axiais e grupos OH não

compartilhados. Os cátions octaédricos mais comum encontrados nessas estruturas

são Mg2+, Al3+, Fe2+ e Fe3+, mas outros cátions também podem ocorrer em algumas

espécies (FONSECA, AIROLDI, 2003).

Page 24: Francisco Aléxis Dantas Maia

22

Figura 2.3. Camadas (a) 1:1 e (b) 2:1

Fonte: Adaptado de PEHLIVAN; ALTUN (2007)

Aluminossilicatos são estruturas onde o alumínio substitui o silício numa

rede de silicato. Essa troca de cátions (Si4+ por Al3+) nas folhas tetraédricas é um

dos responsáveis por gerar uma carga negativa na folha que será compensada por

cátions na região interlamelar. O alumínio ainda pode ocupar um ambiente

octaédrico externo a rede do silicato. (SHRIVER, 2008).

2.2. ARGILAS

Argilas têm várias definições, dependendo da área estudada (mineralogia,

cerâmica, química, petrologia etc). Entretanto, podemos definir argila como sendo

uma rocha formada por minerais argilosos, materiais orgânicos e impurezas, que se

torna plástica quando pulverizada e misturada com água em proporções adequadas.

Nas argilas também pode conter minerais não argilosos como feldspato e quartzo

(LOPES; 2011).

As argilas estão presentes em muitos materiais utilizados nas tecnologias

mais avançadas. A maioria comercializada são óxidos formados por Si, Al ou Mg. As

argilas também podem ocorrer com óxidos de Ferro, por isso sua coloração

avermelhada. As lamelas de argila são rodeadas por camadas de íons que separam

essas lamelas por repulsão das cargas iguais desses íons proporcionando um

Page 25: Francisco Aléxis Dantas Maia

23

deslizamento de uma lamela sobre o outro deixando a argila flexível tornando-a

maleável (ATKINS; JONES, 2006).

Os minerais de argila são materiais de partículas com tamanho muito fino,

inferior a 2 µm. Eles formam uma família importante de filossilicatos que se

diferenciam por camadas estruturais formadas por folhas tetraédricas ligadas a

folhas octaédricas (NQUETNKAM, 2011).

As argilas têm sido muito úteis desde os primórdios da civilização. Há 10 mi l

anos atrás, o homem já utilizava a argila (barro) para a fabricação de utensílios

domésticos. As argilas estão presentes em praticamente todos os solos e ainda

podem ser encontradas no estado puro em depósitos minerais. Existem indícios em

que a argila participa como catalisadoras em vários processos naturais como a

formação do petróleo, transformação química em solos e reações catalítica com

aminoácidos ligados a origem da vida (LUNA; SCHUCHARDT, 1999).

Os argilominerais, que são filossilicatos, contêm dois tipos de folha, a

tetraédrica e a octaédrica, conforme mostra a Figura 2.4. Na camada tetraédrica

cada átomo de silício esta rodeado por quatro átomos de oxigênio, sendo que as

formas tetraédricas são ligadas covalentemente uma a outra através do

compartilhamento de oxigênios. Estes oxigênios compartilhados formam um plano

basal, e os oxigênios axiais restantes são compartilhados com outros cátions

lamelares. As folhas tetraédricas estão arranjadas em uma rede hexagonal ao longo

do plano basal. Na folha octaédrica os cátions (por exemplo, Al3+ ou Mg2+) estão

coordenados com seis átomos de oxigênio ou hidroxilas, e estas unidades são

ligadas covalentemente, formando a folha. Nas argilas as camadas tetraédricas e

octaédricas são também ligadas covalentemente através dos oxigênios tetraédricos

axiais (CARRADO, 2004).

As folhas tetraédricas e octaédricas das argilas podem se combinar para

formar duas estruturas diferentes. A estrutura 1:1 formada por uma folha tetraédrica

com uma octaédrica. E a estrutura 2:1, formada por duas folhas tetraédrica e uma

octaédrica central. Na estrutura denominada 2:1, a octaédrica fica intercalada no

meio (centro) das duas tetraédricas. A Figura 2.5 mostra as estruturas 1:1 e 2:1.

Page 26: Francisco Aléxis Dantas Maia

24

Figura 2.4. Folha Tetraédrica Vista de Cima (a) e Vista Lateralmente (b); e Parte da

Folha Octaédrica Vista Lateralmente (c)

(a)

(b)

(c)

Fonte: Criada pelo Autor

Figura 2.5. Camada Denominada 1:1 (a) e Camada Denominada 2:1 (b)

(a) Si

Al

4+

3+

(b)

Si4+

Si4+

Al3+

Fonte: Criada pelo Autor

Page 27: Francisco Aléxis Dantas Maia

25

Quando as folhas tetraédricas e octaédrica se juntam formando uma

camada, a estrutura resultante pode ser eletricamente neutra ou carregada

negativamente. A estrutura será eletricamente neutra se (I) a folha octaédrica

contiver cátions trivalentes em dois sítios octaédricos (geralmente Al3+ e Fe3+) com

uma vacância no terceiro octaédrico; (II) cátions bivalentes (geralmente Fe2+ e Mg2+)

ocupam todos os sítios octaédricos; (III) a folha tetraédrica contiver Si4+ em todos os

tetraedros. A carga negativa da camada ocorre da (I) substituição de Si4+ por Al3+

nos sítios tetraédricos; (II) substituição de Al3+ ou Mg2+ por cátions de cargas mais

baixa nos sítios octaédricos; (III) a presença de vacâncias. A variabilidade de carga é

reconhecida como uma das características mais importantes dos argilominerais 2:1,

isso porque induz a ocupação do espaço interlamelar por cátions trocáveis

(BRIGATTI, 2006). Esses tipos de ocorrência são chamados de substituições

isomórficas, nos quais os íons de carga distintas na rede fazem com que as

camadas 1:1 e 2:1 não estejam eletricamente neutras. Desta forma, o excesso de

carga é neutralizado por vários tipos de espécies interlamelares, como cátions

individuais, cátions hidratados e grupos de hidróxidos (RAY, 2005; BRIGATTI, 2006).

Os argilominerais ainda podem ser classificados em subgrupos de acordo

com a ocupação dos sítios octaédricos, ou seja, na estrutura da camada 1:1, a

unidade de célula inclui seis sítios octaédricos para quatro tetraédricos, e na

estrutura da camada 2:1, a unidade de célula é formada por seis sítios octaédricos

para oito tetraédricos. Quando todos os seis sítios octaédricos estão ocupados às

estruturas são conhecidas como tri-octaédrico. E se apenas quatro dos seis sítios

octaédricos forem ocupados, a estrutura e denominada como di-octaedrica

(BRIGATTI, 2006) como mostra a Figura 2.6.

Page 28: Francisco Aléxis Dantas Maia

26

Figura 2.6. Estrutura Tri-octaédrica (a) e Di-Octaédrica (b) Vista de Cima

}O ou OH- -

Cátion Metálico

(a) (b)

Fonte: Criado pelo autor

2.3. MODIFICAÇÃO DAS ARGILAS

Por causa de sua disponibilidade local, e baixo custo, diferentes tipos de

argilas tem ganhado destaque em participação como adsorventes. Hidrofílicos

naturais que são as argilas não são adequados para a adsorção de compostos

orgânicos. No entanto, a modificação de sua estrutura por tratamento ácido ou com

surfactante por troca de seus cátions, proporciona as argilas um poder de adsorção

significante (MIRMOHAMADSADEGGHI, 2012). Essa modificação normalmente é

feita por troca de cátions, sendo a CTC, capacidade de troca catiônica que define a

quantidade equivalente de cátions trocáveis. Algumas das propriedades físico-

químicas das argilas são comprometidas pela quantidade e tipo dos cátions

trocáveis (YENER, 2012).

2.3.1. Tratamento Ácido nas Argilas

O tratamento ácido das argilas é muito comum, tanto para fins científicos

como para fins industriais (PENTRÁK, 2012). Este é utilizado para melhorar as

propriedades das argilas, principalmente propriedades adsorventes (NQUETNKAM,

Page 29: Francisco Aléxis Dantas Maia

27

2011). Esse tratamento consiste na exposição da argila a uma solução ácida,

normalmente HCl ou H2SO4 (SANTOS, 1992). Os cátions trocáveis no espaço

interlamelar, são substituídos por prótons hidroxônio (H3O+) que adentram nas

camadas do mineral (PENTRÁK, 2012). Esse ataque do ácido sobre as argilas

também ocorre naturalmente quando, por exemplo, na drenagem da água nas

escavações de minas, quando há interação de ácidos com minerais de argila

(BERGAYA; THENG; LAGALY, 2006).

As argilas ácidas apresentam propriedades de maior área específica que

argilas naturais. O tratamento ácido aumenta a capacidade de adsorção das argilas

que são usadas em diversas áreas, como no tratamento de águas poluídas. O

tratamento ácido produz uma mudança sensível não só na composição da

superfície, mas também da geometria da superfície. Torna possível aumentar a área

específica, modificar os poros, e até mesmo transformar a estrutura do material.

Contudo, as argilas ácidas mudam sua natureza, aumentando o número de sítios

ativos (BOUDRICHE, 2011).

Nos tratamentos ácidos, soluções de ácidos inorgânicos (geralmente HCl ou

H2SO4) são usados em varias concentrações diferentes com variação de

temperatura e tempo. Nas argilas, os átomos centrais da folha tetraédrica e

principalmente da octaédrica são removidos (por reação de dissolução) da estrutura.

Mais rápido ainda é a troca dos cátions trocáveis por prótons (H3O+). O produto final

desta reação é uma argila amorfa, porosa, protonada com sílicas hidratadas. Em

relação à adsorção, este tratamento deixa a argila com maior área específica,

melhorando sua capacidade de adsorção (NQUETNKAM, 2011).

Quando o ácido é aplicado à argila, os cátions de Ferro, Cálcio, Sódio e

Magnésio são removidos, e em alguns casos a estrutura pode ser destruída

parcialmente ou totalmente com a remoção de excesso de Al3+. Outras

características do tratamento ácido nas argilas é que a capacidade de troca catiônica

(CTC) diminui com o aumento da concentração do ácido inorgânico e que a

capacidade de inchamento também diminui em comparação com a argila natural

(BIESEKI, 2013).

Além da remoção de cátions octaédricos, comprometendo a folha octaédrica

da camada, a ativação ácida é caracterizada também pela absorção de OH– e

formando uma fase amorfa e rica em Silício. Os minerais montmorilonita, que são

Page 30: Francisco Aléxis Dantas Maia

28

ricos em cátions de Magnésio, são facilmente ativados por ácidos porque o Mg2+ é

mais facilmente removido que outros cátions (BERGAYA; THENG; LAGALY, 2006).

2.3.2. Tratamento das Argilas com Surfactante

As argilas têm camadas expansivas, e entre suas camadas, existem cátions

inorgânicos para compensar a carga negativa dessas camadas. Esses cátions

sofrem hidratação forte tornando o espaço interlamelar das argilas hidrofílico. Com

isso, torna as argilas naturais com afinidade bastante fraca para compostos

orgânicos hidrofóbicos, portanto raramente são utilizadas para a adsorção de

poluentes orgânicos (ZHU, 2009).

O tratamento de argilas naturais com cátions orgânicos tem atraído interesse

de estudiosos e o aumento do espaçamento interlamelar tem sido um parâmetro

importante (KOOLI; YAN, 2013). Uma maneira de melhorar a afinidade com

compostos orgânicos é a troca de seus cátions inorgânicos por cátions orgânicos.

Assim, as argilas organofílicas criadas neste tratamento são hidrofóbicas porque

seus cátions orgânicos são fracamente hidratados. Em contra partida, tem uma

grande afinidade por compostos orgânicos (ZHU, 2014). Depois da inserção do

surfactante entre as camadas da argila, aumenta a distância interlamelar e a

afinidade com poluentes orgânicos (NGUYEN, 2013). As argilas organofílicas, além

de adsorção de poluentes em água, também são utilizadas em catalisadores,

precursores para a preparação de argilas estruturais porosas, nanocompósitos,

espessantes em tintas, graxas, óleo de perfuração, na indústria plástica como

homogeneizantes (KOOLI; YAN, 2013) e no revestimento de aterros e barreiras de

sorção evitando a poluição de águas subterrâneas (ZHU, 2009).

As argilas organofílicas podem ser preparadas usando dois tipos de

surfactante. O primeiro seria usando um cátion orgânico que contenha pelo menos

uma cadeia alquila longa e a segunda um cátion orgânico com radicais alquila

pequenos e compactos (ZHU, 2014). O processo de modificação baseia-se na

reação de troca de cátions Ca2+, K+ ou Na+ pelo cátion orgânico presente em

solução que está em contato com a argila (KOOLI; YAN, 2013) como mostra na

Figura 2.7.

Page 31: Francisco Aléxis Dantas Maia

29

Figura 2.7. Esquema de Troca de Cátions nas Argilas

Água

Sufactante Catiônico

argila noestado sólido

expansão das camadasde argila em água

argilaorganifílica

Fonte: Adaptada PAIVA; MORALES; DÍAZ (2008)

O espaçamento basal da argila natural antes da modificação é menor em

comparação com a argila organofílica. Quando há a intercalação do surfactante

entre camadas, transforma a propriedades de superfície de hidrofílica para

hidrofóbica além de aumentar o espaçamento basal significantemente (ZHOU,

2007). Com base no espaço interlamelar ocupado por surfactante (por exemplo sais

de amônio), pode-se propor vários modelos de como esses surfactantes estão

intercalados (HE, 2006). Na Figura 2.8 são mostrados alguns desses arranjos.

A monocamada e a bicamada normalmente são formada quando o

surfactante é constituído por íons de alquilamônio de cadeia curta. O espaçamento

basal é de aproximadamente 1,4 nm para monocamadas e de 1,8 nm para

bicamadas. A pseudo-tricamada são formadas por surfactante de pelo menos uma

cadeia longa. Essa estrutura apresenta três camadas alquílicas torcidas com um

espaçamento basal de aproximadamente 2,2 nm. Já o arranjo do tipo parafina é

formado quando o surfactante é constituído de duas cadeias alquílicas longas.

Essas duas cadeias longas de alquila podem ficar em forma de V, para isso, todas

as ligações C – C devem está em trans-conformação. O espaçamento basal dessas

estruturas aumenta linearmente com o comprimento das cadeias alquila (LAGALY;

OGAWA; DÉKÁNY, 2006). O arranjo, além do tipo, também depende da

concentração do surfactante. Concentrações diferentes do mesmo surfactante

podem gerar arranjos diferentes. Por exemplo, o brometo de hexadeciltrimetilamônio

pode gerar arranjos do tipo monocamada, bicamada e até do tipo parafina (LOPES,

2011).

Page 32: Francisco Aléxis Dantas Maia

30

Figura 2.8. Orientação dos Íons Alquilamônio Entre as Galerias das Argilas

Formando o Modelo Monocamada (a), Bicamada (b), Pseudo-Tricamada (c) e Tipo

Parafina (d)

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

N+

N+ N+

N+

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

N+

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

N+

N+N+

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

N+

N+N+

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

N+N+

N+

N+

N+

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

F. Tetraédrica

F. Tetraédrica

F. Octaédrica

(a) (b)

(c )

(d)

Fonte: Adaptada de BERGAYA; THENG; LAGALY (2006)

2.4. VERMICULITA

A vermiculita (VMT) é um mineral abundante na natureza, é uma argila do

tipo 2:1 onde a folha octaédrica central, que contem geralmente Al3+, está entre duas

folhas tetraédricas geralmente de Si4+. A VMT é um aluminossilicato de fórmula geral

idealizada M+(Mg3)(Si3AlO10)(OH)2,yH2O, onde M+ pode ser outros metais com teor

pequeno em relação ao alumínio e yH2O (quantidade em mol de água) pode variar

Page 33: Francisco Aléxis Dantas Maia

31

de 0 a quantidades superiores a 5 (WHITTINGHAM, 1989). A vantagem de usar a

vermiculita é que tem um preço mais acessível além de uma capacidade de troca de

cátions (CTC) maior em comparação com outras argilas, por exemplo, hectorita,

saponita e montmorilonita (FERNÁNDEZ; FERNÁNDEZ; ARANBURU, 2013). A

vermiculita começou a ser explorada amplamente na década 60, como revestimento

e isolante de peso leve com alta resistividade térmica (ALI, 2014).

A VMT é uma argila interessante, baseando-se em seu espaço interlamelar,

tem facilidade de troca iônica e grande área específica reativa. Em contrapartida,

quando submetida a forte aquecimento em um curto período de tempo, ela sofre

inchamento, sua água localizada entre as camadas logo se vaporiza causando um

efeito destrutivo em sua estrutura. Em consequência disto, forma-se um material

esfoliado e poroso. Esta pode ser usada em material de construção, agricultura,

horticultura, isolante acústica e térmica, adsorvente e outros (MARCOS;

RODRÍGUEZ, 2014).

Como mencionado anteriormente, a vermiculita tem alta capacidade de troca

de cátions, isso ocorre quando seus principais cátions (Si4+ e Al3+) são substituídos

por cátions de menor valência, por exemplo, Al3+ no lugar de Si4+ ou Mg2+ no lugar

de Al3+ (ABOLLINO, 2008). A seguir na Figura 2.9, a representação da estrutura da

vermiculita.

A carga negativa da vermiculita é compensada pela presença de íons

trocáveis hidratados de Mg2+, Ca2+, Na+ e K+ no espaço interlamelar (RITZ;

ZDRÁLKOVÁ; VALÁŠKOVÁ, 2014), tornando-a bastante difícil de trocar cátions com

compostos orgânicos, principalmente por essa grande densidade de carga negativa

intercamada (FERNÁNDEZ; FERNÁNDEZ; ARANBURU, 2013). Após a modificação

da vermiculita por tratamento ácido ou com surfactante, ela adquire propriedades

interessantes tais como esfoliação, redução de tamanho das partículas, maior área

específica entre outras (KEHAL; REINERT; DUCLAUX, 2010).

Page 34: Francisco Aléxis Dantas Maia

32

Figura 2.9. Estrutura da Vermiculita que Possui Carga Negativa em suas Camadas

Fonte: Adaptada de COELHO; SANTOS; SANTOS (2007)

2.4.1. Vermiculita Ácida Lixiviada

O tratamento ácido nas vermiculitas é simples e de baixo custo. Destrói

parcialmente ou totalmente a folha octaédrica das camadas da vermiculita. Quando

a destruição é parcial, dá origem a grandes cavidades. Com isso, são melhoradas a

capacidade adsorvente, a acidez da superfície das camadas, a área superficial

específica, a porosidade e o volume dos poros ficam maiores (JIN; DAI, 2012).

O Ferro é um componente frequentemente presente nas vermiculitas. Eles

normalmente se encontram na folha octaédrica, diminuindo seu acesso, pois a folha

octaédrica fica no meio da camada. Porem, estudos anteriores comprovam que nas

reações de lixiviação das vermiculitas com ácido, ocorre à destruição parcial ou total

da folha octaédrica, ocorrendo à dissolução dos íons dessas folhas, incluindo o ferro.

Nessa modificação, que é fácil e barata, o ferro sai da folha octaédrica e fica no

Page 35: Francisco Aléxis Dantas Maia

33

espaço interlamelar deixando poros livres e elevando a área superficial específica

(RODRIGUEZ, 2011).

A lixiviação ácida nas vermiculitas é muito importante quando se quer obter

materiais porosos. Depois de lixiviada, a vermiculita apresenta uma estrutura com

micro poros, estável termicamente e hidro-termicamente falando. A vermiculita ácida

apresenta uma área superficial específica maior que a vermiculita natural (RITZ;

ZDRÁLKOVÁ; VALÁŠKOVÁ, 2014). Vários fatores podem influenciar no valor dessa

área específica, entre eles estão às diferenças na composição química, tamanho das

partículas, razão ácido/argila etc (MAQUEDA, 2007). O tratamento com HCl é mais

eficaz do que com H2SO4, pois consegue uma maior destruição das folhas

octaédrica (CHMIELARZ, 2010).

2.4.2. Vermiculita Natural Tratada com Surfactante

Por causa de seus cátions inorgânicos hidrofílicos localizados entre

camadas, a vermiculita tem potencial de adsorção de poluentes orgânicos fracos

(TANG; YANG; YI, 2012). Entretanto, esses íons podem dar lugar, por troca de

cátions, a surfactantes catiônicos, tais como sais quaternários de amônio, por

exemplo, brometo de hexadeciltrimetilamônio (BHTA), como mostra na Figura 2.10,

tornando-a vermiculita organofílica (HE, 2013). Assim sendo, reduz grandemente a

camada hidrofílica interlamelar, aumenta o espaço entre as camadas e por fim,

aumentando a capacidade de adsorção de compostos poluentes hidrofóbicos

orgânicos (TANG; YANG; YI, 2012).

A inserção de surfactantes orgânicos no espaço intercalar da argila expande

entre o plano d001 (característico da vermiculita). Existem alguns métodos de

obtenção desse tipo de argila, um deles conduz-se em dispersar a argila em água

quente, adicionar o surfactante sob agitação por um tempo, depois lavar e secar

(LOPES, 2010).

Page 36: Francisco Aléxis Dantas Maia

34

Figura 2.10. Estrutura do Brometo de Hexadeciltrimetilamônio

N Br+ -

Fonte: Criada Pelo Autor

2.5. CORANTES

Dois componentes são responsáveis para a formação de um corante. Os

chromophores que são os responsáveis pela cor dos corantes e os auxochromes

que tornam a molécula mais solúvel em água e dão uma melhor afinidade com as

fibras têxtil além de complementar as propriedades do chromophores (GUPTA;

SUHAS, 2009).

Os corantes em geral, são um grupo muito grande de compostos orgânicos

que são utilizados em vários campos (BAEISSA, 2014). Os corantes hoje em dia são

amplamente utilizados em várias áreas industriais. Na indústria têxtil, papel,

borracha, areia, cosméticos, plásticos etc. Com isso, a quantidade de corantes

lançado no meio ambiente também é grande (ESPARZA, 2010). Cerca de 30 % dos

corantes podem ser perdidos nos processos de tingimentos na indústria têxtil, com

isso, entre 10 e 15 % dos corantes são lançados no meio ambiente (TANG; YANG;

YI, 2012).

Cerca de um milhão de toneladas de corantes sintéticos orgânicos são

produzidos anualmente no mundo, e boa parte dele é utilizado na indústria têxtil. Os

corantes sintéticos são os que mais preocupam, pois são estáveis e difíceis de

degradarem-se em estações de tratamento de esgotos mesmo com base no

tratamento biológico, físico e químico. (TICHONOVAS, 2013). Só na china, cerca de

1,6 x 109 m3 de águas residuais contendo corante são geradas anualmente (ZHU,

2011).

Page 37: Francisco Aléxis Dantas Maia

35

Os tratamentos em que prevalecem os processos biológicos convencionais

desfavorecem a degradação dos corantes. Outros tratamentos, tais como

coagulação química, adsorção de carbono ativado, tratamento eletroquímico,

osmose reversa, são ineficazes no tratamento desses corantes. Portanto há

necessidade de desenvolvimento de uma tecnologia para o tratamento dos corantes

poluentes residuais (PENG, 2007) que podem ser tóxicos e cancerígenos,

dependendo do tipo e da concentração do corante (CARDOSO, 2010).

A retirada desses corantes da natureza (efluentes, por exemplo) é de grande

importância ambiental. Esses corantes lançados na água são esteticamente

desagradáveis podendo afetar a vida aquática e destruir ecossistemas inteiros

(ESPARZA, 2010). Os corantes em rios e lagos podem absorver e refletir a luz do

sol, reduzir a transparência natural da água e ainda consumir grande quantidade de

oxigênio dissolvido (TANG; YANG; YI, 2012). O ideal é fazer um tratamento nas

águas residuais de corantes antes do descarte (ESPARZA, 2010).

2.5.1. Corante Azul de Metileno (AM)

O azul de metileno faz parte de uma classe de corantes que é uma das mais

usadas no comercio hoje em dia. É amplamente utilizado na indústria têxtil, em

impressões e em procedimentos fotográficos (BAEISSA, 2014). Azul de metileno,

AM (ou em inglês Methyl Blue, MB) é considerado um composto orgânico modelo,

conhecido por ter facilidade em adsorver-se em superfícies sólidas, ótimo para

avaliação de remoção de poluentes orgânicos de soluções aquosas (HAMED;

AHMED; METWALLY, 2013). A Figura 2.11 mostra a estrutura do azul de metileno.

O MB é o corante mais comumente utilizado entre os outros corantes de sua

categoria para coloração. Usa-se para o tingimento de algodão, lã e seda e ainda as

inúmeras utilizações biológicas. Tem vários efeitos nocivos nos humanos, por isso o

cuidado na remoção de efluentes (BERRIOS; MARTÍN; MARTÍN, 2012). O MB é um

corante catiônico azul com valores de גMax = 662, 614 e 292 nm. Contem estruturas

Page 38: Francisco Aléxis Dantas Maia

36

mesoméricas em número de três onde sua carga positiva pode ficar no nitrogênio da

amina ou no enxofre (SOLTANI; ENTARAZI, 2013).

Figura 2.11. Estrutura do Azul de Metileno (AM)

S

N

N(CH )3 2

+

Cl-

(H C) N3 2

Fonte: Adaptado de AUTA; HAMEED (2014).

2.6. ESTUDO DE ADSORÇÃO

O termo adsorção refere-se a um processo onde um material presente em

um ambiente líquido ou gasoso é concentrado a uma superfície sólida. A adsorção

em carbono, por exemplo, para a purificação da água é antiga, cerca de 1550 a.C.

Entretanto, registros científicos de adsorção de um gás em contato com carbono foi

observado por WC Scheele em 1773. Em 1881, Kayser, definiu o termo adsorção

para diferenciar acumulo superficial de penetração intermolecular (GUPTA; SUHAS,

2009).

A adsorção é um dos métodos mais eficientes para se remover corantes

orgânicos poluentes de efluentes. Nos últimos anos, tem se buscado materiais

adsorventes que sejam baratos, de fácil aquisição e eficazes, assim como

biopolímeros residuais e minerais de argila. No caso das argilas, elas são

abundantes, tem baixo custo, não são tóxicas e tem muita facilidade em troca de

cátions, melhorando ainda mais sua capacidade adsorvente (ERRAIS, 2012). Os

tratamentos por adsorção são baratos, de fácil disponibilidade e operação, rentáveis

Page 39: Francisco Aléxis Dantas Maia

37

e eficientes (UNUABONAH; ADEBOWALE; DAWODU, 2008). Vários processos de

adsorção são por vezes reversíveis, sendo o sorvente podendo ser regenerado,

significando em economia de custos (GIL, 2011).

Vários estudos utilizando a argila como adsorvente é realizada com

corantes, por exemplo, azul de metileno, que pode ser adsorvida facilmente pelas

argilas nos sítios de troca no espaço interlamelar. As argilas ainda podem ser

modificadas para melhorar a propriedade de adsorção (ERRAIS, 2012). O carvão

ativado ainda continua sendo o material mais utilizado (até então) para a adsorção

em efluentes, porem, é um tratamento caro, de baixa disponibilidade, incentivando

os estudos de adsorção com argilas (GIL, 2011).

A adsorção pode ser de natureza física ou química. Na adsorção física

(fisissorção), geralmente a atração que une o adsorvente e o adsorbato é a Força de

Van Der Waals, uma interação fraca. Neste tipo de adsorção, o equilíbrio é atingido

mais rapidamente que na adsorção química e os calores de adsorção são fracos

(PORPINO, 2009). Se a adsorção for química (quimissorção), a força de atração é

maior em comparação com a fisissorção devido à maneira que átomos ou moléculas

estão ligados a uma superfície sólida. Na quimissorção, há interação entre o

adsorvente e o adsorbato onde há transferência ou compartilhamento de elétrons

formando uma ligação química. O calor de adsorção é de mesma ordem de

grandeza dos calores da reação de adsorção. Portanto, na quimissorção, forma-se

uma única camada molecular adsorvida enquanto na fisissorção formam-se

camadas moleculares sobrepostas (PORPINO, 2009), sendo a quimissorção muito

mais resistente e estável por ter uma atração mais forte entre adsorbato e

adsorvente (GUPTA; SUHAS, 2009).

Uma das principais características de um adsorvente é a quantidade de

adsorbato que pode acumular em sua superfície. Essa quantidade é calculada a

partir das isotermas de adsorção. As isotermas de adsorção são uma relação entre a

quantidade de adsorvido por quantidade de adsorvente (qe ou q) pela sua

concentração de solução em equilíbrio (Ce ou Ceq) como visto na equação abaixo

(GUPTA; SUHAS, 2009):

( )

Page 40: Francisco Aléxis Dantas Maia

38

Onde Co é a concentração inicial do adsorbato (mg/L), V é o volume em

litros e m é a massa do material adsorvente em gramas (PORPINO, 2009).

As isotermas são desenvolvidas para avaliar a capacidade adsorvente de

um material sólido (como o carvão ativado). Informa se o adsorvente é

economicamente viável ou não para purificação de efluentes (por exemplo), Informa

como a superfície sólida vai adsorver efetivamente o adsorbato, se a purificação do

ambiente será eficaz e fornece a quantidade máxima que o adsorvente pode

adsorver de determinado adsorbato (PORPINO, 2009). É uma informação

experimental importante para se determinar a capacidade adsorvente de vários

materiais. Posteriormente, escolher o material que mais se adequa a determinada

aplicação (ALVES, 2013).

A maioria das isotermas pode ser classificada em seis classes distintas que

são indicadas de um a seis em algarismos romanos. De I a V as classificações são

propostas por Brunauer, Teller e Emmett e a classificação VI é atribuída a Pierce

como mostra a Figura 2.12 (PORPINO, 2009).

As isotermas do tipo I, côncava, são característica de sólidos microporosos

que possuem áreas externas relativamente baixas. Os poros são estreitos e só

suportam uma adsorção de apenas uma camada molecular. As isotermas do tipo II

são obtidas com adsorventes não porosos ou macroporosos. Ela começa linear e

depois fica côncava até o ponto B que representa em geral a primeira camada

adsorvida, ou seja, a monocamada. Quando a pressão aumenta, o declive também

aumenta, devido ao preenchimento dos poros tornando a curva convexa. As

isotermas do tipo III são convexas e não apresenta o ponto B. São menos comuns,

mas existe em alguns sistemas tais como nitrogênio em polietileno. Estas adsorções

são menos energética do que a do tipo II e são características de sólidos não

porosos e macroporosos. As isotermas do tipo IV apresenta características

retratadas por causa da presença de laço de histerese, associado a condensação

capilar em mesoporos. Com pressões mais altas, ocorre o prolongamento do

patamar, mostrando que o número de camadas adsorvidas é limitado, portanto, seus

poros são do tipo meso ou macroporos. As isotermas do tipo V é bem mais

incomum, característico de interações entre sólido e gás bastante fracas. As

isotermas do tipo VI são característicos de adsorção física em sólidos homogêneos

Page 41: Francisco Aléxis Dantas Maia

39

de superfície não poroso. Seus patamares correspondem a sucessivas camadas

adsorvidas (SCHMITT, 2009).

Figura 2.12. As Seis Classes de Isotermas de Adsorção

I II

III IV

V VI

B

B

Pressão Relativa

Quantidade A

dsorv

ida

Fonte: Adaptado de Porpino (2009)

Vários modelos teóricos e empíricos tratam do processo de adsorção como

o de Freündlich e o de Langmuir (GUPTA; SUHAS, 2009). A Isoterma de Lagmuir

segue as considerações teóricas que todos os sítios ativos têm a mesma afinidade

com o adsorbato e assume que as superfícies são homogêneas. Portanto, a

Page 42: Francisco Aléxis Dantas Maia

40

adsorção de um sítio ativo não interfere na adsorção do sítio adjacente. O equilíbrio

é atingido quando a velocidade de adsorção na superfície é igual à velocidade de

dessorção. A Isoterma de Freündlich é empírica e descreve o equilíbrio em

superfície heterogênea e não serve para adsorção em monocamadas. Descreve

com muita precisão os dados em ensaios de adsorção em sistemas aquosos, por

isso que é muito utilizado nessa área (ALVES, 2013).

As equações dos modelos de Langmuir e Freündlich são as seguintes:

Onde qe é quantidade de material adsorvido; Ce é a quantidade de material

na solução de equilíbrio; qm é capacidade máxima de adsorção; b é a constante

relacionada a energia de ligação do material ao sólido; KF é o coeficiente de

adsorção de Freündlich e n indica qualitativamente a reatividade dos sítios de

ligação das argilas (SHINZATO, 2009). A equação ainda apresentam suas formas

lineares. A de Langmuir é a seguinte:

A equação linear de Freündlich é:

Um bom adsorvente de corantes deve ter uma estrutura porosa e um tempo

pequeno e possível para que o equilíbrio de adsorção seja estabelecido, de modo

que possa ser usado para remover o corante em um intervalo de tempo pequeno.

Alumina, sílica gel, zeólitas, argilas e carvão ativado, são alguns dos adsorventes

mais utilizados para o tratamento de águas residuais (GUPTA; SUHAS, 2009).

Estudos comprovam que diversos poluentes orgânicos são mais bem

adsorvidos por argilas quando elas são tratadas por CTC com sais quaternários de

amônio tornando-as organofílicas (PARK; AYOKO; FROST, 2011). Nas argilas com

Page 43: Francisco Aléxis Dantas Maia

41

tratamento ácido, o aumento significativo da área específica dessas argilas, implica

no aumento da adsorção do corante azul de metileno (AUTA; HAMEED, 2012).

A modificação na vermiculita com o tratamento ácido e com o surfactante

tem o objetivo de produzir um material com maior capacidade adsorvente para

poluentes existentes nos efluentes industriais, como por exemplo, o corante azul de

metileno. Para comprovar o aumento ou não da capacidade de adsorção, foram feito

estudo de isotermas de adsorção. A vermiculita natural e as modificadas foram

caracterizadas por vários métodos.

Page 44: Francisco Aléxis Dantas Maia

42

3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

A vermiculita natural usada neste trabalho foi modificada por tratamento

ácido com HCl a 2 mol/L e com surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio

separadamente, fornecendo além da vermiculita natural, uma vermiculita ácida e

uma orgânica. Para caracterização das vermiculitas foram feitas várias análises tais

como Fluorescência de Raio-X (FRX), Difração de Raio-X (DRX), Infravermelho com

transformada e Fourier (FTIR), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Análise

Termogravimétrica (TGA). Também foi realizado um estudo de adsorção com o azul

de metileno para comparar a capacidade adsorvente da vermiculita natural e das

modificadas.

3.1. SÍNTESE DE ARGILAS ORGÂNICAS

A síntese da argila orgânica foi realizada por troca catiônica, para isso

pesou-se de 5,00 g da vermiculita, que foram misturados com 50 mL de água

destilada, sendo a mistura deixada sob agitação por 1 hora no preparo da

suspensão. Separadamente 1,00 g do surfactante catiônico brometo de

hexadeciltrimetilamônio foi adicionado a 50 mL de água formando uma solução. A

suspensão e a solução foram misturadas e colocadas num sistema de refluxo sob

agitação e aquecimento por 8 horas a temperatura de 80 oC. Posteriormente, o

sólido foi separado por filtração a vácuo e seca na estufa a 60 oC. O pH da

suspensão da vermiculita orgânica foi de 5,70. Estudos anteriores com uma

bentonita indicam que a proporção de 1g de surfactante para 5 g de argila, é uma

proporção adequada (LOPES, 2011).

Page 45: Francisco Aléxis Dantas Maia

43

3.2. ATIVAÇÃO ÁCIDA DAS ARGILAS

Pesou-se 10,00 g da vermiculita e adicionou-a em 100 mL da solução de

ácido clorídrico 2 mol/L. A solução preparada ficou num sistema de refluxo sob

agitação e aquecimento por 10 horas a 80 °C. A mistura ficou em repouso por 12

horas e posteriormente o sólido foi separado por filtração a vácuo e seco a

temperatura de 60 oC. O pH da suspensão da vermiculita ácida foi de 4,05. Estudos

anteriores indicam que amostras lixiviadas aumentam significantemente a

concentração de dióxido de silício (SiO2) após o tratamento das argilas com

concentração de HCl de 2 mol/L acima, devido a grande dissolução dos

componentes metálicos, por exemplo: Al3+, Mg2+, Fe2+ e/ou Fe3+ (TEMUUJIN;

OKADA; MACKENZIE, 2003).

Neste mesmo estudo (TEMUUJIN; OKADA; MACKENZIE, 2003), com

apenas uma hora de tratamento ácido, menos de um por cento dos componentes

metálicos ainda existiam. Depois de 6 horas os componentes de SiO2 estavam

presentes. Também foi feito o tratamento com HCl com 4 mol/L, mas a composição

final foi praticamente a mesma, por isso que neste trabalho a escolha de 2 mol/L pra

concentração do ácido e um tempo máximo de 10 h (TEMUUJIN; OKADA;

MACKENZIE, 2003).

Após as modificações, a vermiculita com surfactante não ficou com aspecto

muito diferente da vermiculita natural. Já a ácida, apresentou um aspecto de textura

diferente da natural, possivelmente por uma modificação em sua estrutura (Figura

3.1). As sínteses das argilas ácidas e orgânicas foram realizadas no laboratório do

IFRN – Câmpus Pau dos Ferros.

3.3. ESTUDOS DE ADSORÇÃO DE POLUENTES SOBRE ARGILAS

Uma quantidade de 0,1 g da vermiculita natural, orgânica e ácida foram

colocadas separadamente em contato sob agitação de 200 rpm em um banho

termostatizado numa incubadora SHAKER refrigerada de piso da marca

Page 46: Francisco Aléxis Dantas Maia

44

NOVATECNICA, com 50 mL de solução de concentração conhecida do corante azul

de metileno, em temperatura de 25 °C e pH de 5,50 para vermiculita natural, 5,70

para a orgânica e 4,05 para a ácida. A argila e o corante ficaram em contato durante

1 hora para garantir que o equilíbrio de adsorção fosse alcançado (GÜRSES, 2006).

Nos experimentos as concentrações do corante variaram de 1000 ppm a 100 ppm

mantendo-se uma variação na concentração em 100 unidades. As isotermas de

adsorção foram construídas através do monitoramento da concentração

remanescente do corante azul de metileno por UV-visível em um comprimento de

onda de λ = 665 nm no aparelho AGILENT TECHNOLOGIES CARY 60. Os estudos

de adsorção foram realizados no IFRN - Câmpus Pau dos Ferros.

Figura 3.1. Vermiculita Natural (a), com Surfactante (b) e Ácida (c) Fotografada no

Laboratório do IFRN Campus Apodi

(a)

(b)

(c)

Fonte: Criada Pelo Autor

Page 47: Francisco Aléxis Dantas Maia

45

3.4. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-

X (FRX) E DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX)

As análises químicas de FRX foram realizadas utilizando um equipamento

de modelo EDX-720 marca SHIMADZU pertencente ao Laboratório de

Processamento Mineral da DIAREN (Diretoria de Recursos Naturais) do Campus

Natal Central do IFRN.

A análise de difração de raio-X foi realizada em um equipamento de

difratômetro de raio X da SHIMADZU, modelo XRD-6000 com radiação CuKα e

comprimento de onda λ = 1,5406 Å, que opera a uma voltagem de 40 KV com 30 mA

de corrente, também pertencente ao Laboratório de Processamento Mineral da

DIAREN (Diretoria de Recursos Naturais) do Campus Natal Central do IFRN.

3.5. ANÁLISE DE INFRAVERMELHO (FTIR)

Todas as análises de FTIR foram realizadas em espectrômetro SPECTRUM

65 - PERKIN ELMER no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte - UFRN. Os espectros dos ligantes foram obtidos numa faixa de

650 a 4000 cm-1. A análise espectrométrica das argilas foi realizada como uma

ferramenta de caracterização na identificação dos principais grupos constituintes da

vermiculita natural e das modificadas.

3.6. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) E

ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA (EDS)

A microscopia eletrônica de varredura foi realizada no Departamento de

Geologia da Universidade Federal do Ceará – UFC. No equipamento da HITACHI

HIGH modelo TM3000. Basicamente buscou-se focar nas lamelas da vermiculita

natural e orgânica, já que a ácida foi parcialmente modificada. Também foi feito a

EDS, uma ferramenta do próprio equipamento do MEV, que é uma análise

Page 48: Francisco Aléxis Dantas Maia

46

quantitativa e qualitativa. É uma espectroscopia de energia dispersiva para

caracterizar os constituintes do material dividindo-o pelos óxidos possíveis.

3.7. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA

A análise termogravimétrica foi realizada no Instituto de Química da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte com um instrumento Termobalança

TGA 50 da marca SHIMADZU. A análise termogravimétrica é útil para avaliar a

decomposição da massa da vermiculita com o aumenta da temperatura numa faixa

de 25 – 900 °C. Esta perda se dá por decomposição da água, do surfactante e dos

íons hidrônios intercalados.

Page 49: Francisco Aléxis Dantas Maia

47

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir são apresentados resultados de caracterização da vermiculita

natural e quimicamente modificada por tratamento ácido com HCl e organofilizada

pelo surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio, bem como estudos de

adsorção com o corante azul de metileno.

4.1. FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X

Os resultados de fluorescência (FRX) para a amostra natural são

apresentados na Tabela 4.1. Tem-se a composição da vermiculita, que além do

Silício e do Alumínio, possui os cátions Magnésio, Ferro, Cálcio e Potássio com 16%

de matéria orgânica. A elevada quantidade de Ferro e Magnésio é comum em

vermiculitas.

Tabela 4.1. FRX da Vermiculita Natural

Composição Quantidade (%)

SiO2 32,397

MgO 18,936

Fe2O3 12,891

Al2O3 10,596

CaO 4,002

K2O 2,956

BaO 1,142

MnO 0,133

Rb2O 0,029

SrO 0,016

P F*

16,000

Traços e impurezas 0,902

PF* = perda ao fogo

Page 50: Francisco Aléxis Dantas Maia

48

4.2. DIFRAÇÃO DE RAIO-X

A Figura 4.1 representa o difratograma da vermiculita natural, como mostra

que é uma argilomineral do tipo 2:1, devido uma reflexão de maior intensidade em

6,15°. Observa-se que a estrutura é cristalina e tem várias reflexões no difratograma,

característica da vermiculita. Começando em 6,15°, sugerindo um espaçamento

basal d001 = 14,67 Å de acordo com a Lei de Bragg. A reflexão em aproximadamente

7,05°, pode ser relacionado a cátions de magnésio interlamelares desidratados. As

reflexões próximas a 24,75° e 31,00° de menor intensidade podem estar

relacionadas às impurezas na VMT (CHMIELARZ, 2010; LOPES, 2010).

Figura 4.1. Difratograma da Vermiculita Natural

As argilas são expansíveis, ou seja a distância interlamelar pode variar

dependendo do tamanho da molécula adsorvida. A expansão pode ser

0

2

4

6

8

10

12

0 10 20 30 40 50 60 70

Inte

nsi

dad

e u

. a.

10

3

Page 51: Francisco Aléxis Dantas Maia

49

acompanhada pela variação no ângulo de difração d001 característico dessa argila.

De acordo com a lei de Bragg, n = 2dsen, o ângulo de difração e a distância

interatômica d responsável pela difração são inversamente proporcionais.

O difratograma da VMT orgânica, como mostra as Figura 4.2, observa-se

que há três reflexões entre 3,35 e 6,40°. A reflexão em 6,40° com espaçamento

basal de d001 = 13,82 Å, caracteriza uma orientação dos íons alquilamônio entre as

galerias da vermiculita no modelo em monocamada. A reflexão em 4,40° faz

referencia a um espaçamento basal de 20,08 Å e o tipo de arranjo estrutural formado

pelo surfactante está entre bicamada e pseudo-tricamada. Já a reflexão em 3,35°, o

espaçamento basal foi de 26,36 Å, mostrando que a adsorção entre as galerias da

vermiculita provavelmente apresenta orientação dos radicais alquilamônio entre as

camadas do tipo pseudo-tricamada. Isso comprova que houve expansão da

vermiculita provocado pela intercalação do surfactante na região interlamelar

(LOPES 2010).

Figura 4.2. Difratograma da Vermiculita Orgânica

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

0 10 20 30 40 50 60 70

Inte

nsi

dad

e u

. a.

Page 52: Francisco Aléxis Dantas Maia

50

O difratograma para a argila ácida está mostrado na Figura 4.3. Observa-se

uma modificação significativa no difratograma. Nele, a reflexão de maior intensidade

diminuiu bruscamente, o que indica uma destruição parcial da estrutura com perda

de cristalinidade. Este efeito pode ser explicado pela troca de grande parte de

cátions (como Mg2+ e K+) intercalados por íons hidrônio (H3O+) durante a ativação

ácida. A reflexão em 26,75° está relacionado à presença de sílica (SiO2) amorfa

(CHMIELARZ, 2010).

Figura 4.3. Difratograma da Vermiculita Ácida

A Figura 4.4 mostra o comparativo com os difratogramas das vermiculitas

natural e quimicamente modificadas. Observa-se bem a diminuição das reflexões

nas vermiculitas modificadas, especialmente na ácida que apresenta perda de

cristalinidade. Na vermiculita orgânica destaca-se o aparecimento da reflexão em

3,35° ocasionado pela inserção do surfactante.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 10 20 30 40 50 60 70

Inte

nsi

dad

e u

. a.

Page 53: Francisco Aléxis Dantas Maia

51

Figura 4.4. Difratograma Comparativo da Vermiculita Natural (I), Orgânica (II) e

Ácida (III).

0 10 20 30 40 50 60

2 0

Inte

nsid

ad

e u

. a.

(I)

(II)

(III)

70

4.3. ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO

(FTIR)

Os espectros na região do infravermelho da vermiculita natural ilustrado na

Figura 4.5 apresenta bandas de absorção largas e intensas em 3345 cm-1 atribuídas

às vibrações de estiramento da ligação O-H e da água adsorvida na região

interlamelar (SILVERTEIN; WEBSTER; IEMLE, 2004). Na sequência aparecem as

bandas de absorção entre 1640 cm-1 e 1647 cm-1 referentes à deformação

Page 54: Francisco Aléxis Dantas Maia

52

vibracional de ligações OH da água (RITZ; ZDRÁLKOVÁ; VALÁŠKOVÁ, 2014). A

banda de maior intensidade, que encontra-se entre 1074 cm-1 e 952 cm-1, são

referentes ao estiramento assimétrico dos grupos Si-O-Si e Si-O-Al presentes nas

folhas tetraédricas e octaédricas. Outras absorções foram observadas em 826 cm-1 e

789 cm-1atribuidas as vibrações de deformação da ligação M-OH, e em 700 cm-1

associado à deformação da ligação M-O, onde M pode ser Al, Mg ou Fe (ALMEIDA,

2008).

Figura 4.5.. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Natural

Na vermiculita Orgânica, representado na Figura 4.6, as bandas de absorção

que indica a ligação OH ainda aparece com mesma intensidade. As bandas de

absorção referentes ao estiramento assimétrico dos grupos Si-O-Si e Si-O-Al

presentes nas folhas tetraédricas e octaédricas, também aparecem semelhante a

vermiculita natural, com um pouco mais de intensidade. A diferença está no

aparecimento de bandas de absorção em torno de 2985 cm-1 e 2787 cm-1, atribuídos

ao estiramento assimétrico de grupos CH3 e CH2. E na região de 1424 cm-1 e 1510

0

20

40

60

80

100

120

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Ab

sorb

ânci

a

Número de Ondas (cm-1)

Vermiculita Natural

OH HOH

Si-O-Si

Si-O-Al

M-OH

M-O

Page 55: Francisco Aléxis Dantas Maia

53

cm-1 observa-se a banda referente às vibrações de estiramento dos grupos (CH3)4N,

sugerindo a intercalação do cátion quaternário de amônio nos espaços

interlamelares da vermiculita (ARAUJO, 2006).

Figura 4.6. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Orgânica

Na vermiculita ácida, observa-se na Figura 4.7 que houve destruição parcial

da argila. Todas as bandas de absorção características das vermiculitas diminuíram

de intensidade, principalmente as bandas que caracterizam o estiramento

assimétrico dos grupos Si-O-Si e Si-O-Al. Além da intensidade da banda de

absorção larga de 3345 cm-1 e 3422 cm-1, atribuídas as vibrações de O-H que

também observa-se uma diminuição de intensidade acentuada, quase

desaparecendo. O pico referente aos grupos siloxanos em 1000 cm-1 foi deslocado

para a região de 1071 cm-1, característico das sílicas (MOUZDAHIR, 2008).

0

20

40

60

80

100

120

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Ab

sorb

ânci

a

Número de Ondas (cm-1)

Vermiculita Orgânica

OH HOH

Si-O-Si

Si-O-Al

M-OH

M-O

CH2 CH3

(CH3)4N

Page 56: Francisco Aléxis Dantas Maia

54

Figura 4.7. Espectro de Infravermelho da Vermiculita Ácida

Na Figura 4.8, a comparação dos espectros das vermiculitas natural e

modificadas. Destaque na vermiculita orgânica o aparecimento de bandas de

absorção em torno de 2985 cm-1 e 2787 cm-1, atribuídos ao estiramento de grupos

CH3 e CH2 e na região de 1424 cm-1 e 1510 cm-1 referente às vibrações de

estiramento dos grupos (CH3)4N. Na vermiculita ácida a ênfase se da pela

diminuição de intensidade nas bandas de adsorção em todas as regiões do

espectro.

0

20

40

60

80

100

120

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Ab

sorb

ânci

a

Número de Onda (cm-1)

Vermiculita Ácida

OH HOH

Si-O-Si

Si-O-Al

M-OH

Page 57: Francisco Aléxis Dantas Maia

55

Figura 4.8. Espectro de Infravermelho das Vermiculitas Natural (I), Orgânica (II) e

Ácida (III).

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

(I)

(II)

(III)

4.4. ANÁLISE DE MEV E EDS

A Figura 4.9 mostra a micrografia da vermiculita natural com diferentes

ampliações (x50; x120; x300 e x400). As imagens confirmam a morfologia lamelar da

argila característica da vermiculita. Na Tabela 4.2 mostram resultados da análise

química realizada por energia dispersiva, EDS. Além da presença do Si, O e Al,

nota-se a presença de elevada quantidade de magnésio e ferro também

característico da vermiculita, devido às substituições isomórficas nos octaedros.

OH HOH

Si-O-Si

Si-O-Al

M-OH M-O

CH2

CH3

(CH3)4N

Page 58: Francisco Aléxis Dantas Maia

56

Figura 4.9. Micrografia da Vermiculita Natural Ampliadas (a) x50; (b) x120; (c) x300

e (d) x400

(a)

(b)

(c)

(d)

Tabela 4.2. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita Natural

Elemento % massa

Si 22,490

O 45,104

Al 6,642

Mg 15,478

Ca 1,002

Fe 8,424

Ti 0,860

Page 59: Francisco Aléxis Dantas Maia

57

A Figura 4.10 mostra a micrografia da vermiculita orgânica. Nota-se uma

aglomeração das lâminas devido à presença do surfactante. Essa argila apresenta

espaços e aglomerados grandes em comparação com a vermiculita natural que

apresenta espaços e aglomerados pequenos (LOPES, 2011). A Tabela 4.3 mostra a

análise química por EDS, onde sugere que não houve variações significativas na

composição química da vermiculita devido a presença do surfactante.

Figura 4.10. Micrografia da Vermiculita Orgânica

Tabela 4.3. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita Orgânica

Elemento % massa

Si 22,650

O 46,343

Al 7,441

Mg 18,606

Ca 0,777

Fe 3,742

Ti 0,441

A Figura 4.11 mostra a micrografia da vermiculita ácida. Observa-se uma

destruição parcial das lamelas devido a lixiviação dos metais Al, Mg, Ca e Fe

Page 60: Francisco Aléxis Dantas Maia

58

comprovada pela diminuição de suas porcentagens em massa na Tabelas 4.4.

Mostra também que a vermiculita está composta de agregados soltos de forma mais

irregulares comparadas as vermiculitas natural e orgânica (JIN; DAÍ, 2012). O

tratamento ácido não tirou totalmente a característica morfológica da vermiculita,

deixando-a com aspecto granulados que lembra flocos de milho causados pela

perturbação das camadas (CHMIELARZ, 2010).

Figura 4.11. Micrografia da Vermiculita Ácida

Tabela 4.4. Análise de Energia Dispersiva de Raios-X da Vermiculita Ácida

Elemento % massa

Si 42,167

O 51,282

Al 1,106

Mg 1,810

Ca -

Fe 1,906

Ti 0,617

Page 61: Francisco Aléxis Dantas Maia

59

4.5. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG) E TERMOGRAVIMETRIA

DERIVADA (DTG)

Na curva termogravimétrica da vermiculita natural (Figura 4.12), a primeira

perda de massa ocorre entre 40 – 105 °C ocasionada pela água absorvida na

superfície da VMT e no espaço entre as camadas. A segunda perda de massa é

registrada entre 170 – 370 °C está atribuída a água em torno dos cátions trocáveis

na região interlamelar da vermiculita. A partir de 500 °C até 800 °C, a perda de

massa está relacionada a desidroxilação da VMT, ou seja, a perda de grupos OH

que estão covalentemente incorporados na rede cristalina da vermiculita. A uma

temperatura superior a 800 °C ocorre o colapso da folha octaédrica e da

cristalinidade da VMT (FERNANDEZ, 2013; ALI, 2014).

Figura 4.12. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Natural

0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]

85.00

90.00

95.00

100.00

%TGA

-0.06

-0.04

-0.02

0.00

mg/minDrTGA

31.26x100C

-8.151x100%

141.88x100C

-1.924x100%

250.09x100C

-0.670x100%

435.31x100C

-0.411x100%

693.15x100C

-2.227x100%

File Name: AM3.D00Detector: TGA-50HAcquisition Date14/04/02Acquisition T ime09:52:16Sample Name: amostra 3Sample Weight: 4.625[mg]Annotation:

AM3.D00AM3.D00

TGDTG

Page 62: Francisco Aléxis Dantas Maia

60

Na curva termogravimétrica da vermiculita tratada com brometo de

hexadeciltrimetilamônio (Figura 4.13), mostra que depois da troca dos cátions pelo

surfactante, aparece mais uma perda de massa entre 150 – 300 °C, em virtude da

decomposição das moléculas de alquilamônio usada na transformação da

vermiculita organofílica (FERNANDEZ, 2013; PAIVA, MORALES, DIAZ, 2008).

Figura 4.13. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Orgânica

0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]

80.00

90.00

100.00

%TGA

-0.03

-0.02

-0.01

0.00

0.01

mg/minDrTGA

29.34x100C

-7.816x100%

179.72x100C

-7.934x100%

354.00x100C-2.160x100%

505.20x100C-2.828x100%

717.76x100C

-4.635x100%

File Name: AM8.D00Detector: TGA-50HAcquisition Date14/04/02Acquisition T ime07:41:12Sample Name: amostra 8Sample Weight: 2.546[mg]Annotation:

AM8.D00AM8.D00

TGDTG

No termograma da vermiculita ácida (Figura 4.14), Até 200 °C, a perda de

massa está relacionada à desidratação da água adsorvida fisicamente na superfície

da vermiculita. A partir de 200 °C, a perda de massa pode estar relacionada à

liberação de íons hidrônio, H3O+ (provenientes do HCl), e a lenta perda de água em

torno dos cátions hidrônio de acordo com que a temperatura vai aumentando

(RODRIGUES, 2011).

Page 63: Francisco Aléxis Dantas Maia

61

Figura 4.14. Curva Termogravimétrica da Vermiculita Ácida

0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]

80.00

90.00

100.00

%TGA

-0.08

-0.06

-0.04

-0.02

0.00

mg/minDrTGA

-13.007x100%

156.21x100C-6.042x100%

603.64x100C

-2.260x100%

26.69x100C

-21.402x100%

File Name: AM12.D00Detector: TGA-50HAcquisition Date14/04/01Acquisition T ime07:23:22Sample Name: Amostra 12Sample Weight: 2.168[mg]Annotation:

AM12.D00AM12.D00

TGDTG

4.6. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO

As isotermas de adsorção nos mostram a quantidade do corante azul de

metileno que são adsorvidos, qe, em função da concentração de corante que está

em equilíbrio, Ce, a uma temperatura constante. Neste processo, foi usada uma

temperatura de 25 °C. Para a vermiculita natural, a adsorção foi baixa em

comparação com as vermiculita orgânica e a ácida (Figura 4.15). A quantidade

adsorvida para a vermiculita natural ficou em aproximadamente 18 mg de corante

por grama de argila.

A quantidade adsorvida (qe) foi calculada de acordo com a seguinte

equação:

Page 64: Francisco Aléxis Dantas Maia

62

( )

Onde qe é a quantidade adsorvida, Co é a concentração inicial do adsorbato

(mg/L), Ce é a concentração restante na solução no equilíbrio, V é o volume em litros

e m é a massa do material adsorvente em gramas (PORPINO, 2009).

O processo de adsorção na VMT natural ocorre com a troca de cátions

interlamelares pelo azul de metileno (LOPES, 2011).

Figura 4.15. Isotermas da Vermiculita Natural

O tratamento com surfactante pode favorecer ou desfavorecer a capacidade

de adsorção das argilas. Quando a concentração do surfactante é muito alta

(relação surfactante/argila de 4 g/5 g ou acima disto), a adsorção é prejudicada pela

formação de uma estrutura bicamada com a parte carregada (positivamente) virada

para a solução repelindo o corante (LOPES, 2011). Na razão argila/surfactante

descrita na metodologia ocasionou uma maior adsorção do corante sobre a

vermiculita (Figura 4.16). A quantidade adsorvida chegou a aproximadamente 400

mg por grama de argila. O favorecimento pode ser explicado pela criação de sítios

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 5 10 15 20 25 30 35

q,

mg/

g

Ceq, mg/L

Page 65: Francisco Aléxis Dantas Maia

63

de adsorção principalmente na superfície externa da argila. Estes sítios criados

favorecem a adsorção por interação dipolo induzido-dipolo induzido (forças de Van

der Waals) entre os carbonos do azul de metileno com os carbonos do surfactante

adsorvidos sobre a argila organofílica.

Figura 4.16. Isotermas da Vermiculita com Surfactante

O tratamento ácido resultou numa vermiculita com modificações significativa

em sua estrutura, na textura e composição como visto na DRX. Ocorreu à lixiviação

parcial de cátions (Al3+, Mg2+ e Fe2+, Fe3+) localizados nas folhas octaédricas.

Acredita-se que esse tratamento transportou esses cátions ativos localizados nas

folhas octaédricas para um acesso mais fácil normalmente na superfície das

camadas da vermiculita (CHMIELARZ, 2011). O tratamento ácido também favoreceu

a adsorção do azul de metileno (Figura 4.17). A isoterma de adsorção para a

vermiculita ácida é semelhante ao da vermiculita com surfactante. A quantidade

adsorvida também chegou a aproximadamente 400 mg por grama de argila. O

tratamento ácido aumentou a área específica da vermiculita favorecendo a adsorção.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 50 100 150 200 250

q,

mg/

g

Ceq, mg/L

Page 66: Francisco Aléxis Dantas Maia

64

Figura 4.17. Isotermas da Vermiculita Ácida

A Figura 4.18, mostra um comparativo das isotermas de adsorção das

vermiculitas natural, orgânica e ácida. Percebe-se que a capacidade de adsorção da

vermiculita natural é bem inferior que a capacidade de adsorção quando ela passa

pelo tratamento com surfactante e com HCl. Enquanto a quantidade adsorvida pela

vermiculita natural não passa dos 19 mg/g, a quantidade adsorvida das vermiculitas

modificadas chegam a 400 mg/g ou mais. A isoterma da vermiculita natural é da

classe do tipo I, característico de sólido microporoso que suporta adsorção em

apenas uma camada molecular. As isotermas das vermiculitas modificadas com HCl

e surfactante separadamente apresenta a aparência da classe do tipo VI,

característica de adsorção física em multicamadas.

Foi realizado o ajuste das isotermas de acordo com o modelo de Langmuir

para as três vermiculitas. A vermiculita natural aparentemente seguiu o ajuste com

um valor de coeficiente de correção linear (r2) igual a 0,9886. Mas analisando a reta,

observa-se que só existem duas regiões com pontos para a linearização (Figura

4.19), sendo assim, não se pode afirmar com certeza que a vermiculita natural se

ajustou ao modelo de Langmuir. As VMT ácida e orgânica tratadas separadamente

não se ajustaram ao modelo de Langmuir. Os valores de r2 de 0,21 e 0,7091

respectivamente. Este modelo é usado para adsorção em monocamada, o que não

deve ter ocorrido nas vermiculitas modificadas (SHINZATO, 2009). Na Figura 4.19

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 50 100 150 200 250 300

q,

mg/

g

Ceq, mg/L

Page 67: Francisco Aléxis Dantas Maia

65

mostra a linearização de acordo com o modelo de Langmuir. Para a vermiculita

natural, os parâmetros de Langmuir foram calculados. A capacidade máxima de

adsorção de Langmuir (qm) foi de 15,5521 mg/g e a constante de energia de

adsorção (b) foi 1,0222 L/mg de acordo com a equação de Langmuir pela forma

linearizada:

Onde qe é a quantidade adsorvida no equilíbrio (mg/g), Ce é a concentração

do material em equilíbrio (mg/L), qm corresponde a constante de capacidade máxima

de adsorção (mg/g) e b é a constante de energia de adsorção (L/mg), ou seja,

corresponde na afinidade entre o adsorvente e o adsorbato (SHINZATO, 2009).

Figura 4.18. Comparativo das Isotermas de Adsorção das Vermiculitas.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 50 100 150 200 250 300

q,

mg/

g

Ceq, mg/L

Série2

Série3

Série1

Vermiculita Natural

Vermiculita Orgânica

Vermiculita Ácida

Page 68: Francisco Aléxis Dantas Maia

66

Figura 4.19. Ajuste das isotermas de acordo com o modelo de Langmuir

y = 0,0643x + 0,0629 R² = 0,9886

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25 30 35

Ce/q

e

Ce, mg/L

Vermiculita Natural

y = 0,0003x + 0,5023 R² = 0,21

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 50 100 150 200 250

Ce/q

e

Ce, mg/L

Vermiculita Orgânica

y = 0,0019x + 0,2741 R² = 0,7091

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300

Ce/q

e

Ce, mg/L

Vermiculita Ácida

Page 69: Francisco Aléxis Dantas Maia

67

No intuito que produzir um material com uma capacidade de adsorção ainda

maior, foi feito um tratamento com o surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio

na vermiculita ácida. O tratamento foi o mesmo descrito na metodologia na produção

da vermiculita orgânica. A diferença é que no lugar de usar a vermiculita natural,

usou-se 3 g da vermiculita ácida (2 mol/L) para três quantidades diferentes do

surfactante, 0,1; 0,2; 0,5 g do BHTA. A Figura 4.20 mostra as isotermas de adsorção

das novas vermiculitas. As isotermas das vermiculitas ácidas tratadas com 0,1 e 0,2

g do surfactante, é da classe do tipo I, côncava, adsorção em monocamada e

característico de sólidos microporosos. A vermiculita ácida tratada com 0,5 g do

surfactante mostra-se com característica de adsorção física em multicamadas da

classe tipo VI.

Figura 4.20. Isotermas das Vermiculitas Modificadas Primeiramente com Ácido

Clorídrico (2 mol/L) e Posteriormente com Brometo de Hexadeciltrimetilamônio em

Três Quantidades Diferentes (0,1 g, 0,2 g e 0,5 g).

Observa-se que a adsorção não passa de 50 mg/g enquanto a vermiculita

com o tratamento ácido chegava próximo a 400 mg/g. Alguns fatores podem está

ocasionando essa diminuição na adsorção. A argila ácida com 0,1 g e 0,2 g do

0

10

20

30

40

50

60

0 50 100 150

q,

mg/

g

Ceq, mg/L

Série1

Série3

Série4

VMT ácida com 0,1 g do surf.

VMT ácida com 0,2 g do surf.

VMT ácida com 0,5 g do surf.

Page 70: Francisco Aléxis Dantas Maia

68

surfactante tem a adsorção parecida, porém a vermiculita ácida com 0,2 g de

surfactante adsorveu menos ainda. Esse fenômeno pode ser explicado pela área

específica. Quando se trata uma argila com surfactante, diminui a área específica,

diminuindo a adsorção característica da vermiculita ácida. No geral, o tratamento

ácido lixivia os cátions metálicos trocáveis, tais como Mg2+, Na2+, Fe3+ etc. No lugar

deles entra o hidrônio (H3O+), um cátion com bem menos facilidade de fazer a troca

catiônica com o surfactante do que os íons metálicos. Com isso, o surfactante não

consegue penetrar entre as camadas por CTC por não conseguem retirar os íons

H3O+. Sem quantidade grande de surfactante na vermiculita, o número de interações

físicas de Van der Waals (dipolo induzido-dipolo induzido) também são menores,

dificultando a adsorção do corante orgânico e catiônico azul de metileno. Por fim, na

vermiculita ácida tratada com 0,5 g do surfactante, a adsorção foi menor ainda.

Como a quantidade de surfactante é grande, algumas moléculas do surfactante

devem ficar na superfície das camadas com a parte positiva virada para a solução

(azul de metileno) ocasionando na repulsão por cargas positivas. Também foi

realizado o ajuste das isotermas de acordo com o modelo de Langmuir para as três

vermiculitas ácidas com os surfactantes. Os resultados estão na Figura 4.21.

Os valores de coeficiente de correção linear (r2) para as três vermiculitas

ácidas tratadas posteriormente com surfactante em quantidades diferentes foram

superiores a 0,9. Comprovando que essas vermiculitas seguem o ajuste do modelo

de Langmuir. Portanto, a adsorção sugere que seja em monocamada para as VMT

ácida com 0,1 e 0,2 gamas de surfactante e de multicamadas para a VMT ácida com

0,5 gramas do surfactante. A Tabela 4.5 mostra os parâmetros de Langmuir

calculados a partir dos dados experimentais de adsorção para as VMT ácidas

tratadas com surfactante.

Page 71: Francisco Aléxis Dantas Maia

69

Figura 4.21. Ajuste das Isotermas de Acordo com o Modelo de Langmuir nas VMT

Ácidas com Surfactante.

y = 0,0196x + 0,0595 R² = 0,987

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 10 20 30 40 50

Ce/q

e

Ce, mg/L

VMT Ácida com 0,1 g do surfactante

y = 0,0215x + 0,1336 R² = 0,9609

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 10 20 30 40 50 60

Ce/q

e

Ce, mg/L

VMT Ácida com 0,2 g de Surfactante

y = 0,0389x + 0,9634 R² = 0,9148

0

1

2

3

4

5

6

7

0 20 40 60 80 100 120 140

Ce

q/q

Ceq, mg/L

VMT Ácida com 0,5 g de Surfactante

Page 72: Francisco Aléxis Dantas Maia

70

Tabela 4.5. Parâmetros de Langmuir para as VMT Ácidas Tratadas com Surfactante

em Quantidades de 0,1; 0,2 e 0,5 g

Vermiculita Ácida Tratada com surfactante

0,1 g de surfactante 0,2 g de surfactante 0,5 g de surfactante

r2 0,99 0,96 0,92

qm 51,02 mg/g 46,51 mg/g 25,71 mg/g

b 0,33 L/mg 0,16 L/mg 0,04 L/mg

Page 73: Francisco Aléxis Dantas Maia

71

5. CONCLUSÃO

A vermiculita natural foi modificada de duas maneiras. Foi feito o tratamento

ácido com HCl e o tratamento com o surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio.

As duas modificações tornaram a vermiculita com uma maior capacidade de

adsorção sobre o azul de metileno de acordo com o estudo das isotermas. A VMT

orgânica por causa das interações entre os carbonos do surfactante com o corante,

e a VMT ácida por ter aumentado a área específica em relação a natural.

As argilas foram caracterizadas por várias técnicas complementares. A

composição química da vermiculita natural foi determinada por fluorescência de raio-

X (FRX) e indica presença significativa de ferro e magnésio comum nas vermiculitas.

Análise por difração de raios-X (DRX) confirma tratar-se de um material cristalino,

com inserção do surfactante no espaço interlamelar da vermiculita orgânica e com

destruição parcial da estrutura devido ao tratamento ácido.

O FTIR mostrou bandas de radicais alquila devido inserção do surfactante

na vermiculita orgânica, além das bandas apresentadas na vermiculita natural de

vibrações de OH, ligações Si – O, cátion – O etc. A VMT ácida mostrou diminuição

das intensidades das bandas provocado pela destruição parcial que vai de acordo

com os resultados de DRX.

As imagens da micrografia mostra uma estrutura com morfologia lamelar da

argila característica nas vermiculita. Na orgânica, nota-se um aglomerado entre as

lamelas provocado pela presença do surfactante. Na ácida, observa-se a destruição

parcial da morfologia lamelar causada pela lixiviação dos metais.

A modificação da vermiculita com tratamento ácido usando HCl ou com

tratamento com surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio mostra-se um

método eficaz para o aumento da capacidade de adsorção de corantes em

comparação com a vermiculita natural, podendo ser usadas como uma alternativa na

retirada desses poluentes de efluentes industriais contribuindo na prevenção da

poluição de rios e lagos.

A VMT ácida tratada com surfactante não se mostrou eficiente na adsorção

do azul de metileno assim como a natural. No ajuste das isotermas de acordo com o

Page 74: Francisco Aléxis Dantas Maia

72

modelo de Langmuir, observou-se que as vermiculitas ácidas tratadas com

surfactante adequaram-se. Em contrapartida as isotermas da vermiculita tratada

somente com o ácido clorídrico e a vermiculita tratada somente com brometo de

hexadeciltrimetilamônio não se ajustaram ao modelo de Langmuir. Mesmo com valor

de r2 próximo a 1, não se pode dizer que a vermiculita natural se ajustou ao modelo

de Langmuir pois na linearização só há duas regiões com pontos.

Page 75: Francisco Aléxis Dantas Maia

73

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