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    Fevereiro/ 2016Professor autor: Gedeon J. Lidório JrCoordenadoria de Educação a Distância: Gedeon J. Lidório Jr

    Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. TeixeiraRevisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado

    Impressão: Artgraf Ind. Gráfica e Editora

    Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:

    Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR 86055-670 Tel.: (43) 3371.0200

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    SUMÁRIO

    Unidade 01 - I E FTSA........05

    Unidade 02 - V I...................................................................................27

    Unidade 03 - A .......................33

    Unidade 04 - P - R ...............................................................................................................................................41

    Unidade 05 - P .............53

    Unidade 06 - R : ........................................67

    Unidade 07 - O ..............................................................................73

    Unidade 08 - H ..........................................................77

    Unidade 09 - U .........................85

    Unidade 10 - A ......................................................93

    Unidade 11 - P ......................................................99

    Unidade 12 - U .........................................103..Unidade 13 - B .....................113

    Unidade 14 - A ............................................117

    Unidade 15 - O ....................................................................................................123

    Unidade 16 - P ....................................129

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    M P C

    U

    I E D

    FTSAEstudar a distância não é algo novo, desde a antiguidade o método

    de ensino-aprendizagem é algo que também é feito a distância.A Educação a Distância (EAD) tem sido atacada, ao longo de sua

    existência, por todo tipo de preconceito, principalmente voltada para afalta de rigor acadêmico no ensino-aprendizagem que produz ou surteefeito em estudantes de uma forma geral – preconceito incoerente com

    a realidade de algo que veio para ficar não por imposição de poucos,mas por necessidades de muitos. Em um episódio recente, numa grevede professores numa grande universidade paulista, alunos aderiramao movimento exigindo o fim do ensino a distância na universidade.Outro episódio, também recente, retrata o preconceito de quem julgaconhecer – um conselho representativo de uma classe decidiu nãoemitir permissão para os graduados (em cursos reconhecidos peloMEC!) formados através da EAD, impedindo-os de terem o direito deexercer sua profissão por meio do registro naquele conselho.

    Na FTSA completamos 10 anos do início da implementaçãoda EAD na faculdade. Foram dez anos de um processo constante deconstrução e readequação das necessidades e dos envolvidos – todosnós, professores e professoras, tutores e tutoras, alunos e alunas,administração, igrejas, mantenedores e tantos mais, perguntamos,questionamos, acreditamos e caminhamos e, ainda hoje, seguimos

    caminhando em direção a uma EAD de maior qualidade, maisinteração, mais diversidade, reconhecimento oficial (MEC) e tantasoutras conquistas.

    O mundo passa por transformações de toda espécie e elasdeterminam as perguntas que faremos e, sendo técnicas ou científicas,econômicas, políticas e sociais trazem às Instituições de Ensino anecessidade de permanente inovação com novas tecnologias, alémda adaptação às necessidades financeiras em tempos de crise sem

    deixar de lado cada contexto diferente da tradicional relação entre

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    aluno/sala de aula convencional. A EAD traz consigo novas formasde olhar a organização das Instituições de Ensino e não apenas oconceito educacional em si; nesse cenário, escolas devem buscar novasalternativas para tornar viável a oferta diversificada de seus serviços

    educacionais.É necessário entender que no processo de EAD o aluno é co-gestor de seu próprio aprendizado e que a tecnologia da informaçãoe comunicação (TIC) precisa ser um fator facilitador para aproximare gerar curiosidade suficiente para ambos (docentes e discentes) e,assim, proporcionar INTERAÇÃO real. A função do docente nesseprocesso é mais de um guia pelos caminhos da pesquisa e observação, já o discente é quem deverá aprender e se tornar um pesquisador.

    A ênfase na EAD deve ser problematizadora e sócio-construtivista (Freire e Vygotsk) – ou seja, encarar o ser humanocomo alguém em constante busca, capaz de lidar com novas situaçõese exercer autonomia, inserido num contexto social e cultural no qualpode intervir e transformar e, ao mesmo tempo, ter outro alguémque possa lhe conduzir por esse processo, auxiliando, mostrandocaminhos, abrindo portas, incentivando etc. Paulo Freire diz que

    ninguém educa ninguém e ninguém educa a si mesmo sozinho, masos seres humanos se educam em comunhão mediatizados pelo mundo.Assim os educandos são investigadores críticos em diálogo com oeducador e outros educandos e o papel do educador é, juntamentecom os educandos, proporcionar as condições para a superação doconhecimento (Freire, 1987).

    A transmissão de conceitos teóricos é fundamental, mas tambémé muito importante que os alunos saibam contextualizá-los na sua área

    de atuação profissional/ministerial.Os cursos online EAD-FTSA são concebidos segundo um

    modelo pedagógico centrado no aluno, procurando que este aprendaensinando, compartilhando informações com os colegas de curso econstruindo, assim, conhecimento pessoal e coletivo.

    A construção social do conhecimento é apoiada em ferramentasdisponibilizadas pelo próprio Ambiente Virtual de Aprendizagem(Moodle) e algumas são: fóruns de discussão, wikis e mesmo o chatcomo forma de comunicação síncrona (comunicação síncrona

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    pressupõe interação em “tempo real”). De forma a atender os diferentesestilos cognitivos de aprendizagem, os conteúdos dos cursos sãoconcebidos, na sua maior parte, por uma equipe multidisciplinar edisponibilizados através de suporte digital contemplando documentos

    em formato texto (pdf e html) e/ou formato audiovisual.Em todos os cursos são previstas atividades de autoestudo,individuais ou em grupo, sendo esperada uma participação ativa porparte de seus participantes.

    Muitos participantes de cursos online desconhecem as exigênciasque advêm dessa modalidade de ensino. Por isso, pode existir umadiscrepância entre as expectativas do aluno e a realidade.

    A iniciativa da FTSA pretende divulgar o sistema de gestão

    de aprendizagem (LMS, Learning Manegement System) Moodlee capacitar pessoas ao ministério através do sistema de Educação aDistância (EAD).

    Uma sala de aula real não existe em cursos 100% online. Isso nãosignifica que o aluno se encontre isolado. Muito pelo contrário! Oscursos foram criados de forma a propiciar a maior interação possívelentre os colegas de curso e entre esses e o tutor.

    O aluno tem flexibilidade na escolha do horário e local de acessoao curso. O seu ritmo de estudo é respeitado, mas o ritmo de estudo dogrupo, ditado pelas atividades propostas e pela interação gerada entrecolegas de curso, não deve ser desconsiderado.

    Uma sala de aula online é delimitada pelos participantes do curso,pelo/a professor/a e o/a tutor/a, conteúdo das disciplinas, materiaisde apoio, vídeos, links para artigos, mas, também, pelas atividadesindividuais e em grupo.

    A construção do conhecimento de cada participante acontece,em grande parte dos cursos, nos fóruns de discussão e em autoestudo.Nos fóruns temáticos discute-se, reflete-se, colocam-se perguntas erespostas, sugere-se material suplementar pesquisado e encontradona Internet. A participação ativa (não somente reativa) nos fóruns eatividades é fundamental para o sucesso da aprendizagem de cada ume de todos.

    Nos cursos, em geral, é privilegiada uma avaliação contínua quetem em consideração a participação nos fóruns temáticos do curso,

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    a realização das atividades propostas que podem ser, por exemplo, aentrega de um trabalho escrito, a realização de uma autoavaliação oua colaboração na redação de um texto de grupo no wiki, além dosquestionários e outras formas.

    A avaliação não acontece exclusivamente online, pois éconsiderado o percurso do aluno e o seu desempenho e engajamentoao longo do curso. Além das atividades (Trabalho de Conclusão deCurso, Atividades Complementares, Estágio Curricular Obrigatório eavaliações presenciais), as avaliações presenciais tem um peso maiorna composição da nota do estudante na disciplina.

    O/a aluno/a que pretende aprender online deve apresentar (outer consciência) um perfil com as seguintes características:

    Motivação• Apresenta automotivação.• Tem capacidade de se automotivar.

    Responsa-

    bilidade

    • Assume responsabilidade pelo seu percurso deaprendizagem.

    • Dita o seu ritmo de aprendizagem, mas tem emconta o ritmo da aprendizagem do grupo.

    • Geralmente cumpre prazos.

    Organiza-

    ção• Geralmente gerencia de forma eficaz o seu

    tempo.

    Autodidata

    • Quase sempre tem capacidade de construir deforma autônoma o seu conhecimento.

    • Tem capacidade para identificar os temas quedomina, os que necessitam ser aprofundados, e para osquais precisa de apoio.

    Ser social• Valoriza a interação com os colegas de curso e as

    relações interpessoais.• Transmite as suas dificuldades e ansiedades aos

    colegas e tutores de curso.

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    Visando seu compromisso com a interdisciplinaridade e odesenvolvimento do espírito científico e com a formação de sujeitosautônomos e cidadãos, o perfil do egresso do curso enfatiza duasdimensões da atividade do formado: (1) a reflexão teológica séria no

    contexto da realidade contemporânea, e (2) o exercício das funçõesreligiosas e serviços que compõem a atividade profissional do egressode Teologia. Ambas as dimensões são igualmente contempladaspela organização curricular. As disciplinas do currículo enfatizam acapacitação do raciocínio teológico crítico, voltadas mais diretamentepara a habilitação profissional/prática. Há, também, uma clara relaçãoentre as disciplinas dessas duas ênfases distintas, para evitar que setornem compartimentos estanques na formação do corpo discente.

    Ademais, as atividades complementares (eventos acadêmicos, semanasculturais), o estágio supervisionado, e as atividades acadêmicas (PICs,publicação de artigos, etc.) complementam a formação do estudante àluz do perfil desejado pela instituição.

    O egresso deverá ser capaz ainda de compreender a necessidadede um contínuo aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimentopessoal; e prosseguir estudos de pós-graduação em programas de

    especialização (lato sensu) ou de mestrado e doutorado (stricto sensu).A FTSA prioriza a metodologia do Círculo Hermenêutico naatividade docente. Os desafios das realidades, contextos e situaçõescontemporâneas nos convocam a novas perguntas e reflexõesbíblicas. Esse processo de uma nova leitura bíblica a partir dessassituações concretas deve levar em consideração as origens e históriado Cristianismo, cristalizadas em suas diversas tradições teológicas.Dessa maneira, a Teologia Sistemática passa a ter um novo propósito e

    função, que é a preparação efetiva não só para o pensar, mas tambémpara o exercício profissional. Esse exercício profissional se dá emmeio à exigência de respostas consistentes, práticas e relevantes quetransformarão as situações vividas. É neste momento lógico que entraa Teologia Prática, como fruto de uma reflexão contextual, bíblica ecristã de forma interdisciplinar e com profunda relação com a práticacotidiana. Essa lógica pode ser denominada de Círculo Hermenêutico,que se encontra em diversas áreas do saber nas humanidades, aindaque com diferentes terminologias.

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    Dessa forma fica evidenciada a coerência da propostametodológica que prioriza as situações contemporâneas que estãoem constantes mudanças, bem como a sintonia com as DiretrizesNacionais Curriculares, excedendo sua carga horária em relação aos

    cursos correlatos à Teologia.Cada disciplina do curso integra um processo hermenêutico eeducativo que obedece à seguinte lógica:

    O currículo da FTSA está estruturado à luz deste CírculoHermenêutico. As disciplinas estão distribuídas para atender a esteprocesso, revelando a inter-relação entre cada uma delas. Essas quatro(4) áreas (Análise da Realidade, Bíblia, Teologia Sistemática e TeologiaPrática) são organizadas de acordo com a formação dos docentes. Esses

    docentes se articulam, produzem e avaliam permanentemente cadadisciplina com o propósito de manter a devida inter-relação entre aselas. Portanto, cada disciplina é parte integrante e fundamental de umprocesso que, partindo da realidade contemporânea e passando pelareflexão exegética, teológica e interdisciplinar, visa à transformaçãodas realidades, contextos e situações.

    A transmissão de conceitos teóricos é fundamental, mas também

    é muito importante que os alunos saibam contextualizar esses conceitosna sua área de atuação profissional/ministerial.Os cursos online EAD-FTSA são concebidos segundo um

    modelo pedagógico centrado no aluno, procurando que este aprendaensinando, compartilhando informações com os colegas de curso econstruindo assim conhecimento pessoal e coletivo.

    A construção social do conhecimento é apoiada em ferramentasdisponibilizadas pelo próprio Moodle, como fóruns de discussão, wikis

    e mesmo o chat como forma de comunicação síncrona. De forma aatender os diferentes estilos cognitivos de aprendizagem, os conteúdosdos cursos são concebidos na sua maior parte por uma equipemultidisciplinar e disponibilizados em suporte digital contemplandodocumentos em formato texto (pdf e html) e/ou formato audiovisual.

    Em todos os cursos são previstas atividades de autoestudo,individuais ou em grupo, sendo esperada uma participação ativa porparte dos participantes do curso.

    Para apoiar os cursos estão previstos dois tipos de tutoria:

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    · Tutoria ativa que pressupõe um acompanhar de todo o processode aprendizagem do aluno e do grupo por parte do tutor, garantindoum feedback (resposta e avaliação) construtivo e imediato, e

    · Tutoria passiva, nos cursos que apresentam uma vertente de

    autoestudo mais acentuada, tendo, nesse caso, o tutor a função deassistir pontualmente às necessidades, dúvidas e problemas do aluno.Independentemente da tutoria inerente ao respectivo curso, o

    participante poderá sempre recorrer ao apoio técnico de suporte quese encontra sempre disponível para resolver questões de foro técnico eoperacional da plataforma.

    P -

    Algumas características da educação a distância são bastantespresentes em nosso curso:

    a. Estudo individualizado e independente, mas inserido nocontexto do ensino-aprendizagem coletivo, juntamente com toda acomunidade docente, discente e técnico-administrativa, exigindo doestudante organização, disciplina e metodologias que contribuíram

     para sua autonomia pessoal e ministerial;b. Processo de ensino-aprendizagem através de disciplinas com

    materiais instrucionais e atividades avaliativas presenciais e também online;

    c. Docentes, tutores e monitores acompanham todo o processode ensino-aprendizagem;

    d. Uso de novas tecnologias facilita e incrementa a relaçãoestudante-professor, estudante-processo de ensino-aprendizageme estudante-estudante construindo o conhecimento através detecnologias de comunicação e informação;

    e. Comunicação bidirecional – estudante=>docente/tutor (dúvidas,sugestões, troca de informações etc.) como docente/tutor=>estudante(esclarecimentos, pro-atividade no guiar pelo conhecimento, análises,avaliações, feedbacks etc) em um sistema de atendimento através dee-mail, fóruns, Facebook, mensagens via Moodle, feedback via correção

    de tarefas etc.;

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    f. Encontros presenciais no Polo sede, no campus da FTSA, com arealização de exames priorizando avaliação dos conteúdos ministradosem todo o processo, troca de experiências entre estudantes e seus pares, bem como com docentes, tutores e pessoal técnico administrativo;

    g. Construção de uma rede de conhecimento e comunicação social –Comunidade FTSA integrado com o Moodle, Facebook, Email e demaisredes sociais, proporcionando um ambiente ideal para compartilharconhecimentos, dúvidas, novidades, informações e notícias referentesao desempenho prático ministerial de todos os participantes.

    O procedimento de avaliação para as disciplinas deve levar emconta um conjunto de critérios norteadores, quais sejam:

    • Priorizar a produção de saber por parte do estudante, à luz doestado de arte da disciplina em foco;

    • Priorizar a produção de saber por parte do estudante, à luz darelação teoria e prática na realidade contemporânea;

    • Coerência com o nível de desenvolvimento da dificuldade doestudo, ao longo dos oito semestres letivos;

    • Possibilitar que também seja avaliado o processo de ensino decada disciplina, e não só o desempenho do estudante;

    • Atingir a maior objetividade e justiça possível na atribuição denotas, visando ao progresso do estudante ao longo do curso.

    Está expresso no PPC (Projeto Pedagógico do Curso) da FTSAque o curso de Teologia da FTSA tem por objetivo formar pessoas que

    tenham a capacidade de:a. Compreender os conceitos pertinentes ao campo específico do

    saber teológico, segundo sua Tradição, e ser capaz de estabelecer asdevidas correlações entre estes e as situações práticas da vida;

    b. Compreender a construção do fenômeno humano e religiososob a óptica da contribuição teológica, considerando o ser humanoem todas as suas dimensões, e refletir criticamente sobre a questão do

    sentido da vida;

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    c. Analisar, refletir, compreender e descrever criticamente osfenômenos religiosos, articulando a religião e outras manifestaçõesculturais, apontando a diversidade dos fenômenos religiosos emrelação ao processo histórico-social;

    d. Exercer presença pública, interferindo construtivamentena sociedade na perspectiva da transformação da realidade e na valorização e promoção do ser humano;

    Igualmente, no que se refere ao perfil do egresso, a formaçãoprofissional do curso de Teologia da FTSA pretende promover algumascompetências e habilidades, conforme segue em destaque:

    I. G:

    a. Articular de forma interdisciplinar as interfaces existentes nasdiferentes áreas das ciências humanas, da Teologia e de outros camposdo saber, promovendo a integração teórico-prática.

    b. Atuar em consonância com os princípios éticos de ação paraa cidadania, considerando as questões contemporâneas sobre temas

    ligados aos direitos humanos, meio ambiente, educação étnico-racial,educação indígena e sustentabilidade.

    II. E:

    a. Empregar adequadamente os conceitos teológicos aliadosàs situações do cotidiano, revelando-se profissional participativo ecriativo;

    b. Articular o saber especificamente teológico com os saberesdas outras ciências, de forma interdisciplinar;

    c. Tomar consciência das implicações éticas do seu exercícioprofissional e da sua responsabilidade social;

    d. Atuar de modo participativo e criativo junto a diferentesgrupos culturais e sociais, promovendo a inclusão social, a reflexão

    ética, o respeito à pessoa e aos direitos humanos.

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     Metodologia da Pesquisa Científica14

    D

    A equipe de professores do curso de Graduação em TeologiaEAD-FTSA é formada por especialistas nas áreas de conhecimento quecompõem a grade curricular e são eles os responsáveis pelo currículo edisciplinas. O docente é responsável por:

    a. Apoio aos módulos instrucionais, sempre disposto a dirimirdúvidas e fazer esclarecimentos. Juntamente com o tutor ele é elementoindispensável na formação acadêmica nos conteúdos das disciplinas;

    b. Atualização contínua de materiais de apoio no ambiente deaprendizagem virtual – textos, indicação de livros, vídeos, áudio,

    indicações de filmes, páginas de internet etc.;c. Atividades pedagógicas desenvolvidas no ambiente virtual de

    aprendizagem, de acordo com o planejamento prévio do programa decurso de cada disciplina e também nos encontros presenciais;

    d. Orientação metodológica na elaboração do Trabalho deConclusão de Curso.

    TO curso de graduação em Teologia a Distância da FTSA é

    oferecido apenas em seu polo sede, no Campus em Londrina, portanto,todos os nossos tutores trabalham vinculados a este polo.

    1) Cada tutor tem para dedicação de suas tarefas uma carga semanal;

    2) O corpo de tutores da FTSA é composto por profissionais

    graduados na área (Teologia) e com no mínimo pós-graduação lato sensu;3) 100% do corpo de tutores possui experiência mínima de maisde 3 (três) anos em educação a distância;

    P

    O corpo técnico administrativo é composto por:a) Secretaria Acadêmica - 3 (três) secretárias, sendo uma delas

    disponível integralmente somente para a Educação a Distância;

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    15

    b) Biblioteca - 3 (três) funcionários dedicados à biblioteca - 1(uma) bibliotecária e 2 (dois) auxiliares;

    c) Diretoria administrativa financeira - 1 (um) diretor financeiroresponsável pelo controle e pagamentos;

    d) Tecnologia da Informação - 1 (um) funcionário - analista de TIresponsável pela aplicação das medidas de tecnologia da informaçãono ambiente organizacional da FTSA, bem como na manutenção eatualização de todos os sistemas, sites e portais da FTSA;

    e) Comunicação e Marketing - 1 (uma) funcionária dedicada eresponsável por toda área de comunicação, marketing, redes sociais einformações nos sites e portais da FTSA;

    f) Produção de Materiais: 1 (um) funcionário responsável pela

    diagramação, produção, impressão e digitalização de todo o materialdidático impresso, material lúdico (interativo) para as unidades deestudo e produção visual de informativos, manuais e guias;

    g) Estúdio - 1 (um) funcionário responsável pela produção,editoração e distribuição de videoaulas, vídeos institucionais,filmagens, transmissão online de seminários, encontros, congressos,formaturas e cultos;

    h) Manutenção - 3 (três) funcionários dedicados à manutençãodos prédios, ambientes, salas, equipamentos, energia, sistema deágua e esgotos, pinturas, reparos e tudo o que se faz necessário paramanutenção do espaço físico do polo sede no campus da FTSA emLondrina;

    i) Limpeza - 4 (quatro) funcionárias em regime de terceirizaçãoresponsáveis por toda a limpeza do polo sede no campus da FTSA emLondrina;

     j) Portaria e vigilância do Campus - 4 (quatro) funcionários quetrabalham em escala.

    P

    A metodologia de educação a distância demanda quebra deparadigmas educacionais, tanto da parte da IES como do estudantee da comunidade em que estão inseridos, pois demanda uma nova

     visão sobre os processos em que se dão esse ensino-aprendizagem.

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     Metodologia da Pesquisa Científica16 

    É necessário construir uma nova maneira de práticas de ensino-aprendizagem para o modelo EAD. O professor e seu conteúdo nãoapenas migram para “dentro do texto”, mas também suas percepções,dicas, demonstrações de “como” ele aprendeu, qual “caminho o levou

    até aquele conhecimento”, dentre outras coisas, e, assim, o aluno,acompanhado, adquire independência no manejo de tempo, estilo,estudo e ganha sua formação.

    A fim de dar suporte ao estudante nessa transição, o curso deGraduação em Teologia EAD-FTSA possui um sistema de Tutoria paraa elaboração com o estudante do seu plano de estudos das disciplinas.O plano de estudo de cada aluno deve conter:

    a. Organização das horas de estudo individuais de cada disciplina;

    b. Participação nas atividades pedagógicas no ambiente virtualde aprendizagem;

    c. Utilização dos ambientes de aprendizagem para estudo epesquisa;

    d. Participação das atividades na semana de estudo presencial no

    campus sede da EAD-FTSA;

    e. Estágios supervisionados e práticas ministeriais, em períodosque estão previstos no calendário escolar, fazendo com que as técnicase teorias apreendidas sejam vivenciadas no dia a dia de atividadesexperienciais.

    f. Instrução, acompanhamento e elaboração de TCC ao final do

    curso.Cada aluno deve se conhecer para desenvolver a melhor maneira

    de estudar a distância. Algumas dicas são gerais.

    M

    · Descreva quais as suas motivações para o curso.

    · Descreva as suas expectativas realistas para o curso.

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    - Uma pergunta colocada no fórum espera pela SUA resposta.

    - Um comentário colocado no fórum espera pelo SEU retorno.

    - Prepare-se para aceitar desafios. As suas respostas não serãosempre as “certas”. É da discussão que surge a construção de novos

    conhecimentos, pessoais e do grupo.

    R

    H S

    · Computador com ligação à Internet (banda larga – ADSL ousuperior);

    · Navegador, aceitando cookies (dê preferência ao Chrome ouFirefox);· Conta de email;· Editor de textos (Exemplos: OpenOffice ou Office da Microso

    – salve documentos como .TXT ou .RTF ou .DOC ou DOCX;· Ferramenta para abrir arquivos com a extensão pdf (Adobe

    Acrobat Reader ou outro leitor de PDFs);· Ferramenta para descompactar arquivos com a extensão zip e/

    ou rar (WinRar, Winzip ou outro);· Programa para executar arquivos de vídeo, áudio ou flash –

    geralmente o Firefox e o Chrome (browser de navegação pede parainstalar algum plugin – programa auxiliar – pode fazê-lo, assim vocêpoderá assistir aos vídeos a partir da sua navegação mesmo);

    . Acesso através de outras plataformas, como Mac ou Linuxdevem conter similaridades com o que se expõe aqui.

    C

    · Utilização de um navegador;

    · Pesquisa e informação na Internet;

    · Envio e recepção de emails;

    · Edição de texto;

    · Criação e gestão de pastas no disco rígido (HD).

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    19 

    A

    S

    Este teste pretende sensibilizar o futuro participante para

    habilidades e características necessárias para alcançar um bomaproveitamento nos cursos oferecidos em ambiente de aprendizagem virtuais.

    Observação: Seja sincero nas suas respostas.

    Questões Sim Não

    1. Tem acesso a um computador e à Internet?

    2. Aprecia aprender novas habilidades na área da informática?

    3. Utiliza software para tratamento de textos, como o Wordda Microsoft?

    4. Está familiarizado com a navegação na internet?

    5. Está disposto a investir (pelo menos) o tempo de estudo

     previsto para alcançar sucesso no curso?

    6. Consegue gerenciar de forma ecaz o seu tempo?

    7. Sente-se bem estudando de forma independente e autônoma?

    8. Gosta de partilhar os seus trabalhos e experiência educa-

    cional com os seus colegas de curso?

    9. Pede ajuda quando necessário?

    10. Pensa que aprendizagem de qualidade pode acontecer emqualquer lugar e a qualquer momento?

    Total

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     Metodologia da Pesquisa Científica20 

    Leia agora o que a pontuação alcançada significa.

    Cada “Sim” vale dois pontos. O “Não” vale zero ponto.

    15 e mais pontosVocê será provavelmente bem sucedido num curso de

    aprendizagem a distância.

    Entre 9 e 14 pontosUm curso de aprendizagem a distância exige que ajuste a

    forma de trabalhar e os seus hábitos de aprender às características

    da EAD. O sucesso em um curso online pressupõe autodisciplina,capacidade de gerenciamento do tempo (estabelecer horários,esquemas e rotinas de estudo) e algumas competências básicas nautilização de computadores e internet, que você pode ainda não ter.

    8 e menos pontosUm curso de aprendizagem a distância pode não ser a

    modalidade de curso para você neste momento.

    E T

    - T I

    Sim - Ter acesso regular a um computador e à Internet

    permitirá que complete as tarefas propostas e participe nocurso online com sucesso.

    Não - O computador é a ferramenta de eleição paraa entrega de cursos em linha. Se não tem acesso em casaa um computador e à Internet tente na sua instituiçãoeducacional, numa biblioteca pública ou mesmo no seulocal de trabalho, o que pode significar custos financeirossuplementares.

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    - A

    Sim  - Se você aprecia aprender sobre novastecnologias, ou se você já está familiarizado com estas, estefato constituirá em um suporte para uma experiência deaprendizagem positiva.

    Não  - Esperamos que a experiência no curso onlinesensibilize você para a necessidade de se aprimorar nesta área.

    - U , W M

    Sim - Durante o curso em linha será pedido queescreva comentários, artigos, emails, etc. Conhecimentosbásicos de um programa de tratamento de textos será deuma grande ajuda.

    Não - Antes de iniciar um curso online recomendamosque se familiarize com um programa de tratamento detextos, já que será necessário escrever comentários, artigos,emails, etc. durante os seus estudos.

    - E

    Sim - Saber navegar na Internet ajudará na pesquisade materiais na Internet, assim como facilitará a exploraçãode links sugeridos pelo tutor e/ou colegas durante o curso.

    Não  - Recomendamos que se familiarize com anavegação na Internet antes do curso se iniciar. Sabernavegar na Internet tornará mais fácil a pesquisa de

    materiais necessários à realização das tarefas.

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    - E ( )

    Sim  - No plano de curso no qual se inscreveuencontra-se enunciado qual o tempo, aproximadamente, a

    investir nos estudos.Não  - Necessita estar disposto a investir o mesmo

    tempo para o curso online como o estaria para um cursopresencial. Se não tem este tempo disponível, é desejávelque ajuste a sua agenda antes de se inscrever no curso.

    - C

    Sim - Ter tempo e saber gerir o tempo de estudo são

    fatores essenciais para o sucesso do curso online.

    Não - Ter tempo e saber gerir o tempo de estudo sãofatores essenciais para o sucesso do curso online.

    - S-

    Sim  - Saber estudar independentemente e assumir

    responsabilidade pela própria aprendizagem são doisfatores importantes para o sucesso da aprendizagem emambientes online. Terá que definir inicialmente os seusobjetivos pessoais de aprendizagem, controlar e gerenciaro seu tempo de estudo e autoavaliar frequentemente o

    processo de aprendizagem.Não  - No contexto de aprendizagem online, o

    sucesso dos estudos depende da sua capacidade deassumir responsabilidade pela própria aprendizagem. Istosignifica que terá que definir os seus objetivos pessoaisde aprendizagem, gerenciar o seu tempo de estudo eautoavaliar o seu processo e progresso de aprendizagem

    regularmente.

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    - G

    Sim - Tirará grande proveito da partilha de ideias e

    perspectivas com os seus colegas durante todo o decorrerdo curso. Aprender a trocar experiências entre pares é umadas melhores formas de avançar no seu desenvolvimentopessoal e profissional.

    Não  - Aprender online depende da sua capacidadede aprender com os colegas de curso. É fundamentalcompartilhar ideias e diferentes perspectivas sobre ostemas propostos, o que, por outro lado, exige capacidadede expressão escrita.

    - P Sim  - O sucesso de um curso online também

    é sustentado pelo fato do participante saber quandonecessita de auxílio, como contatar o tutor e/ou o grupo deaprendizagem.

    Não  - Num curso online é importante que tomea iniciativa de pedir ajuda, quer as perguntas estejamrelacionadas com o curso, com a técnica ou com problemasno processo de aprendizagem ou no grupo de colegas.

    - P

    Sim  - Conhecimento é criado no grupo através dainteração com os colegas e com os professores/tutores, eatravés da contextualização na sua própria realidade. Numcurso online isso pode acontecer independentemente dolugar onde se encontre e sempre que tiver disponibilidade.

    Não  - Nesta modalidade de ensino/aprendizagemnão encontrará o professor como fonte de conhecimento edirecionamento.

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    G T

    M Área Metas Obstáculos Passos iniciais para alcançar

    EscolaTrabalho

    Família

    Amigos

    Pessoal

    Outras

    O Objetivo Atividade a realizar Tempo estimado Atividade realizada?

    Sim? Não?Parcialmente

    Agenda semanal

    Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo08-09h

    09-10h

    10-11h

    11-12h

    12-13h

    14-15h

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    15-16h

    16-17h

    17-18h

    18-19h19-20h

    20-21h

    21-22h

    22-23h

    23-00h

      Com essas instruções iniciais, podemos então passar paraoutras coisas referentes à metodologia propriamente dita.

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    O que faz de alguém uma pessoa vocacionada para algo?Chamado? Treino?

      Entendo que a inspiração ou chamado, dádiva se quiser, podenos conduzir a uma paixão, um amor, sentir prazer em ser o que se é eo que fazemos.

    Na vocação intelectual não sereia diferente. Vocação intelectualé muito mais que simplesmente pensar, é um chamado para usaraquilo que temos (o que somos, o que aprendemos, o que vemos, oque sentimos) para transformar em útil e prazeroso todo e qualquerconhecimento que adquirimos.

    Na vocação intelectual somos chamados a olhar a vida comoutros olhos, fora da simples aparência e das futilidades. Nesta vocação nos servimos de livros, logicamente, mas isso tudo vai além

    deles. Lê-se também a realidade. Lemos também pessoas, situações, vivências e tantas outras realidades, sejam físicas, virtuais ou atémesmo emocionais.

    Nessa vocação somos conclamados a viver na admiração pelonovo; somos impelidos a fazer perguntas, muitas perguntas que possamprovocar nosso pensamento e levantar problemas a serem resolvidos.

    Na vocação é preciso experimentar a distância (para poderenxergar o todo), mas também a proximidade (para nos envolvermoscom tudo) e então prover uma comunicação (expressar o queenxergamos, sentimos e absorvemos).

    Reflitam comigo:Eclesiaste 1.12-18

     “12 Eu, o mestre, fui rei de Israel em Jerusalém. 13 Dediquei-me a investigar e a usar a sabedoria para explorar tudo o queé feito debaixo do céu. Que fardo pesado Deus pôs sobre os

    homens! 14 Tenho visto tudo o que é feito debaixo do sol; tudo

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    é inútil, é correr atrás do vento! 15 O que é torto não podeser endireitado; o que está faltando não pode ser contado.16 Fiquei pensando: Eu me tornei famoso e ultrapassei emsabedoria todos os que governaram Jerusalém antes de mim;de fato adquiri muita sabedoria e conhecimento. 17 Por isso me

    esforcei para compreender a sabedoria, bem como a loucurae a insensatez, mas aprendi que isso também é correr atrás do

     vento. 18 Pois quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento; equanto maior o conhecimento, maior o desgosto”.

    Salomão é esse maioral em sabedoria, riqueza e experiências, eleutiliza sua vocação intelectual para tentar entender a vida, pois a vê,em si e nos outros e se questiona, pergunta, procura respostas (1.18;

    2.9; 1Rs 10.23).Ele desejou a sabedoria desde o princípio e se aplicou em

    conhecer e saber (1 Reis 3.9).Aqui vemos implícita a diferenciação entre sabedoria (se deseja, vem

    de Deus) e conhecimento (fruto de aplicação e construção com esforço).Em Salomão aprendemos o que Rubem Alves diz que “todo

    pensamento começa com um problema”. Pensamos porque as coisas não

     vão bem.Pense comigo: como é que Eclesiastes reflete isso?

    (1) O autor pode ter começado com uma pergunta: O que é avida? E por que a vida é assim? Qual é o seu sentido?

    - Esse é o momento do “maravilhar-se”, da admiração, edesconfiança para com o simples dado

    - Aqui o problema é levantado. Quando se percebe que a realidade

    Não é aquilo que as imagens e sons da mídia, por exemplo, me dizem...- Contemplação: a espiritualidade também tem a ver com areflexão. “Uma reflexão que não ajude a viver segundo o Espírito não éuma teologia cristã. Toda autêntica teologia é uma teologia espiritual”(Gustavo Gutiérrez)

    (2) A realidade a qual eu me dediquei a explorar, me mostraum fardo pesado que Deus colocou sobre os homens. Vi que “tudo é vaidade e correr atrás do vento”.

    - Aqui está implícito o esforço próprio do cientista e do intelectual:

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    examinar cuidadosamente- Libanio: “O desafio da vida intelectual está em mostrar que o

    prazer está no fim e não no início” (p. 32).- Toda excelência tem tanto uma dose de inspiração como de

    esforço. A dose de esforço é sempre maior.- Como na vida cristã, nos anos seguintes vocês precisarão demuita disciplina e muita renúncia

    (3) Pensar dói! “Pois quanto maior a sabedoria, maior osofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto” (v. 18)

    - Miguel de Unamuno: “A consciência é uma doença”. A bençãoda consciência é poder saber em que solo está pisando; a maldição é aincapacidade de mudar de solo.

    - Sabedoria X estupidez = a primeira é melhor. Mas sábio eestúpido são igualados (2.15-16)

    - Paradoxo da sabedoria = o saber é superior à ignorância; masquem sabe, além de sofrer mais, ainda é nivelado por baixo pelascontingências da vida.

    - Como diz Libânio (2006, p. 32), a vida intelectual pede umadose de solidão, requer concentração e convívio com o mistério. E

    depois diz: “Só o amor à solidão permite que a inteligência depoisse embriague no vinho da verdade e da beleza! A cela é o lugar dasintuições, das inspirações, da criatividade”.

      Então entendemos que o conhecimento é cheio de incertezas.

    A

    Síntese das ideias de Edgar Morin

    Edgar Morin defende que a educação do futuro (no sentido deque algumas de suas proposições ainda estão distantes da realidadepresente) precisa identificar e reconhecer erros, ilusões e incertezas doconhecimento que produz e ensina. E isto se aplica tanto à educaçãocomo à pesquisa “do futuro” – no sentido de que no presente assumeseus desafios.

    (1) Incerteza histórica. A história segue um curso que não podeser previsto. Essa consciência nasce quando se desbanca o “mito doprogresso”, que afirmava que a civilização caminha inevitavelmente

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    para o progresso, para o melhor, para seu ápice em termos dedesenvolvimento.

    - Morin, baseado nessa tese, apresenta uma sucessão de fatoshistóricos que ele seleciona como “prova” de que, com a ideia de

    progresso, não se previa os preços históricos que a humanidade teriade pagar por ele.- Um olhar para os “desvios” da história: a produção do novo não

    pode ser prevista, senão não seria “novo”. Do enfrentamento dos problemase das incertezas do presente é que nasce o “novo”, como “desvio”.

    - “Desvio” – quando alguém ousa pensar e examinar, desconfiandoda normalidade das coisas. Novas ideias precisam ser examinadas, aoinvés de descartadas de antemão (p. 83).

    - A história que não possui uma “evolução linear” é, portanto,uma história complexa, e que instiga o pensamento complexo (p. 83).Esse tipo de pensamento, porém, ainda não foi devidamente absorvidopela cultura científica.

    (2) Enfrentar as incertezas. O conhecimento é uma aventuraincerta... O oxigênio de qualquer proposta de conhecimento é oferecerlugar para as dúvidas sobre nossa possibilidade de conhecer.

    Quais são os tipos de incertezas que podemos listar? Lógico quenão será uma lista exaustiva e nem fechada, mas uma indicação do quepoderia ser, do que podemos enfrentar:

    • Incerteza cérebro-mental: conhecimento não é espelho, masconstrução/reconstrução de uma realidade.

    • Incerteza lógica: a lógica não explica tudo e nem garante a verdade, nem a contradição, necessariamente, indica uma mentira.

    • Incerteza racional: racionalidade versus racionalização. Asegunda é fechada por natureza e a primeira é aberta, fruto do debatee não da detenção de ideias; é autocrítica, reconhece seus limites, ereconhece que a mente humana não é onisciente e que a realidadecomporta mistérios.

    • Incerteza psicológica: por mais honesto que sejamos, házonas psicológicas que são desconhecidas a nós mesmos (ilusões do“autoconhecimento”).

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    (3) Incerteza do real. Realidade X Ideia de realidade. Convite aser “realista no sentido complexo”, admitindo que o real é mais do queo real que nossas ideias absorvem. Ex: Deus é mais do que a nossa“ideia de Deus”. Isto é, nossas ideias sobre e experiências com Deus,

    podem até se aproximar de Deus, mas não podem ser um espelho deDeus em si.

    (4) Incerteza do conhecimento. A incerteza não indicaapenas impossibilidade (nada pode ser dito de legítimo), mas seureconhecimento constitui a “oportunidade de chegar ao conhecimentopertinente”, que examina e verifica a convergência de indícios (p. 86).

    (5) Ecologia da ação. A ação tem uma dimensão de escolha

    baseada em critérios objetivos, mas também de aposta, que indica orisco e a incerteza da ação. O risco da ação se encontra no ambienteque a recepciona. Não temos controle sobre a recepção (interpretação/reprodução da ação). Ex: Fazer o bem a alguém não garante, comotroca, o recebimento do mesmo bem.

    (6) Desafio e estratégia. Num ambiente instável e incerto,impõem-se estratégias – exame das probabilidades, improbabilidades,

    certezas e incertezas, a fim de modificar o olhar e o cenário quandonecessário.

    A vocação intelectual se delineia então pela vida de cada umde nós, num chamado para conhecer que requer esforço, dedicaçãoe sempre curiosidade e muita criatividade. Tudo isso pode e deve serdesenvolvido. Nosso potencial está todo aí, dentro de cada um denós e o que está em nós e em nossa volta sempre nos estimular, se o

    deixarmos, a conhecer mais, a saber mais, a procurar mais.

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    M P C

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    Jonathan Menezes

    I

    Diante do desafio de tratar sobre metodologia científica emteologia, pus-me a pensar sobre alguns elementos que seriamindispensáveis nessa caminhada acadêmica. Há muitos desafios, desdeos mais teóricos, técnicos, até os que procuram delinear um perfil debom pesquisador, acadêmico, cientista, teólogo.

    Todavia, as devocionais feitas antes de cada aula que tenhoministrado nesta disciplina nos últimos anos, me conduziram noutradireção, que tem a ver não precisamente com os conteúdos ou aqualidade técnica do intelectual, mas tem a ver com sua espiritualidade.

    E quando falo isso, não é para criar mais dicotomias (separações)– como se a atividade técnica, científica ou profissional não fossemparte da vida espiritual – mas destacar certos atributos e posturas quenascem do interior e se manifestam nas atitudes para com a vida, emgeral, e também a vida intelectual.

    Veremos, então, à luz das Escrituras e das tendênciascontemporâneas, cinco atributos (não exaustivos), ocupando partede nossa agenda. São eles: amor, incompletude, fraqueza, liberdade epráxis. A idéia aqui, portanto, é refletir detidamente sobre cada umdeles, pensando em sua função e implicações mais específicas para a vida intelectual.

    . A

    Não há muita coisa para ser dita sobre uma vida vivida no amor deDeus que Jesus Cristo já não tenha demonstrado ou que as Escrituras jánão tenham resumido em sentenças, tais como “Deus é amor”, “Amai a

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    Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, “Amai-vosuns aos outros como eu vos amei”, e assim por diante.

    Mas há um texto belo e poético que sintetiza muito bem epoeticamente o ágape  (do grego “caridade”, que se refere ao amor

    divino): 1 Coríntios 13.A vida intelectual é cheia de armadilhas. Uma delas é a de nos

     jactarmos do conhecimento, nos orgulhar de quão virtuosos somospor cultivar tanto conhecimento, habilidade, títulos, premiações,eloqüência e proficiência. Vaidade de vaidades, esse mundo acadêmicotambém é cheio delas; nele há fogueiras delas.

    Tudo isso é válido, tem a sua função, cumpre seu papel, mas é

    inútil se não for precedido pelo amor. A primeira parte do capítulosegue essa tônica: não importa o que digamos, acreditemos, ou façamos,estaremos falidos se nisso não tiver amor, se não for por amor.

    Quando aquilo que somos e sabemos, nossas conquistas pessoais,bens, habilidades, recursos e inteligência são exercidos sem amor, istoé, sem o propósito de ter o outro em consideração antes de si mesmo,de não se ensoberbecer, sentir ou provocar ciúmes, não forçar nem

    abusar dos outros, muito menos se aproveitar das circunstâncias emfavor próprio, e não confiar em Deus sempre, elas perdem seu sentidode ser. Isso, pois todas essas coisas têm pouca durabilidade, consumir-se-ão com o tempo e com o fim dele, enquanto o amor, esse nuncamorre...

    Como diria Paulo em outra oportunidade, “o conhecimentoensoberbece, mas o amor edifica”. O apóstolo não está aqui

    menosprezando o conhecimento em si, mas indicando a sua provávelfinalidade (a soberba) sem a presença do amor. O amor dá vida aqueleque conhece, e, por conseguinte, ao conhecimento, que por sua vezgerará vida a quem dele, na mutualidade, partilhar.

    O conhecimento um dia conhecerá seu limite. Mas ele pode servira propósitos imprevisíveis, eternos e belos, se for hóspede freqüente dacasa do amor...

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    . INCOMPLETUDE

    Essa é a parte em que reconhecemos nossas imperfeições,limitações, que ainda há um longo caminho a percorrer; não somosinventores de nossa vida e não temos tudo sob controle, ainda que,muitas vezes, nossa existência nesse mundo possa se resumir em umgrande esforço e sofrimento em função do desejo de controlar tudo,até o futuro.

    Isso é muito difícil para o intelectual, que lida o tempo todo com abusca pelo conhecimento que, num certo sentido, pode ser vista comobusca pela “completude”. Por isso, é sempre bom recordar a máximade Sócrates: “Só sei que nada sei”. Quanto mais eu sei, mas reconheço

    que, na verdade, não sei. Contudo, por saber que nada sei, maior aindaserá meu esmero em prosseguir instintivamente no caminho do saber,constante, provisório, inacabado...

    E para o conhecimento teológico isso é ainda mais válido. Aincompletude é o ponto de partida do fazer teológico. A única coisaque sabemos é que estamos a caminho e o que vale é o caminhar e nadamais. Ainda não chegamos, há uma longa jornada pela frente. Pensar

    que estou lidando com o conhecimento de Deus me inspira mais aindaa vislumbrar esse caminho e a condição inacabada de nossa tarefa:“conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6.3).

    Outras duas contribuições de Paulo me chamam a atenção. Aprimeira está também em 1Coríntios 13, verso 12: “Agora, pois, vemosapenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremosface a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, damesma forma como sou plenamente conhecido”. Em outra tradução(e Message) se diz: “Apenas conhecemos uma porção da verdade, e oque dizemos sobre Deus é sempre incompleto. Mas quando o Completochegar, nossas incompletudes serão canceladas”. Faz sentido isso para você? Pois para mim faz muito sentido...

    A outra contribuição paulina está em Filipenses 3.12: “Não queeu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigopara alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo

    Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado”. Essa

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    é uma afirmação tremendamente Cristã, de humildade, honestidadee inquietação: Eu ainda não terminei, ainda não estou acabado, nãocheguei à reta final. E porque eu não me considero um expert nessenegócio, olho para frente e sigo adiante, procurando aquilo que ainda

    me aguarda.Esses exemplos me ajudam a entender um pouco mais que aincompletude não é a minha tragédia (ainda que possa parecer),mas o caminho para a liberdade e dependência de Deus, atributoindispensável da vida, mais ainda da vida intelectual.

    . FRAQUEZA

    É preciso ser muito “forte”, num sentido não muito convencionalde força, para embarcar no mundo de fracos e fraquezas. Isso, poisnosso mundo é feito e disposto aos fortes, ou pelo menos os que“aparentam” ser. E onde a suposta força é celebrada e a fraqueza érejeitada, não há lugar para os fracos e suas intragáveis demonstraçõesde pequenez e falta de virtude, aos olhos humanos.

    Nessas horas aparece o conflito entre a humildade e a vanglória,

    a deficiência e a suficiência... Quero falar desse conflito aqui.Em 2Coríntios 12, Paulo conta a história de um homem quehá catorze anos foi arrebatado ao paraíso – se no corpo ou fora docorpo ele não sabia dizer – e que lá ele ouviu coisas indizíveis, que aoser humano não é licito referir. Em certo momento, ele denuncia serele mesmo esse homem (v. 5-6), dizendo não se gloriar de tal feito,embora pudesse fazê-lo, já que se trata de algo verdadeiro. Mas quenão o fez por uma razão simples: para se proteger contra os falatóriosdas pessoas... Imagine o que elas diriam, ou como reagiriam!

    É nesse contexto então que ele diz o que mais quero chamar aatenção aqui: contra sua possível soberba, foi lhe dado um “espinho nacarne”. Na tradução Te Message, usa-se a expressão: “Dom ou dádivade uma deficiência”. E a razão parece ser evidente: isso é para que vocêfique em permanente contato com as suas limitações!

    Fico imaginando (já que é o que posso fazer): esse espinho pode

    ser a representação de qualquer coisa – a) uma deficiência física ou

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    mental; b) uma carência emocional; c) uma limitação externa oudesarranjo provocado por alguém ou por uma situação adversa, etc.Para mim, o espinho é um antídoto às avessas, é o que me livra de serdominado pela vontade de poder, de ser massacrado pelo meu ego.

    Dificilmente de cara vejo essa deficiência como uma dádiva,não é mesmo? É, na verdade, um incômodo, um embaraço, quedesejo arrancar a todo custo, como Paulo (v. 8). E nessas horas nósprocuramos o cirurgião, queremos a cirurgia! Mas o cirurgião diz: não vou te operar, porque eu já estou operando em você, de um mododiferente... Deus opera com a Graça! E por isso ele diz: a minha graçaé suficiente para você. E essa é uma palavra apropriada: “deficiência”,pois é o oposto de “suficiência”. É por isso que lutamos tanto contraela, não é? Porque almejamos a suficiência quase em tudo, ou em tudoo que podemos.

    Um dos erros da vida intelectual hoje é o de continuarmos sendomodernos no sentido de buscar a suficiência e evitar o erro a todocusto, como se ele fosse o câncer da ciência. Pelo contrário, o câncerda ciência se chama sufi-ciência! É quando o cientista ou intelectualpensa que a ciência tem todas as respostas e é capaz de tudo e mais um

    pouco. Essa falsa assunção é (foi) sua ruína. Pois o erro não é defeito,mas é a condição de continuidade e processualidade da ciência, pois“ciência sem erro é dogma”, afirma Pedro Demo, e mais: “A renovaçãodo conhecimento é diretamente proporcional a presença do erro”.1 

    Assim, a fraqueza – seja ela em que dimensão se apresentar – écondição de nossa continuidade na graça, de nossa dependência deCristo, do aperfeiçoamento de seu poder em nós, como intelectuais

    a serviço do Reino! Que você e eu aprendamos a celebrar e a seragradecidos por aquilo que somos, com nossas virtudes e defeitos.Que o Senhor da graça nos ajude a exercitar nossa humildade emnossa aceitação de que não podemos tudo, nem temos controle sobretudo e resposta para todas as coisas.

    1 DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995, p. 53.

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    . L

    Assim como a fraqueza, em um sentido, a liberdade tambémé expressão de nossa condição em Cristo – no sentido de que “paraliberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1) – bem como insígniade uma caminhada, já que a liberdade é também vocação – “vós fosteschamados à liberdade” (Gl 5.13) – de modo que ela é uma tarefa aindainacabada que orienta nossa vida e nossas ações no caminhar.

    Particularmente a vida intelectual, para ser criativa, viva,produtiva, precisa de liberdade, que nos põe em movimento, nãodeixando que a estagnação tome conta. Estagnação e pensamento nãosão sinônimos ou companheiros de jornada. O pensamento estagnado

    implica em morte intelectual, não em vida. E há uma grande chancedisso ocorrer quando nos acomodamos com meras repetições,reproduções do que os outros fizeram, pensaram ou disseram, e assimdeixamos de pensar por nós mesmos, fazer nossas próprias sínteses,opções e trilhas. Isso é muito comum na igreja, e cada vez maiscomum numa geração de jovens hiperconectada virtualmente, masdesconectada em matéria de pensar.

    A liberdade é a carta de alforria do pensamento, que permite novos

     vôos, riscos e, por sua vez, novos olhares. Intimamente conectado como que eu vinha dizendo sobre a fraqueza, o erro é também um campofértil para a liberdade. Como diria Keith Jenkins, “a liberdade morana casa do erro”. Quem dera pudéssemos errar sem medo, nem culpa,sendo livres na tentativa perene de acertar, sendo o acerto objeto denossa perseguição, mas impossível sem a graça.

    Por outro lado, sendo condição para o bem pensar, a liberdade não

    existe fora da disciplina, nem é parceira da perda total de controle. Naspalavras de Renato Russo, “disciplina é liberdade”. Ela não tem um fimem si mesma. Ela germina nas relações, lócus principal de seu exercício.Nesse lugar ela contra propósito, finalidade e aperfeiçoamento.

    Primeiro porque Deus é o autor da liberdade, sendo a sua glóriaa finalidade máxima de sermos livres. Segundo, porque temos umaconsciência própria, que precisa de liberdade para discernir bem arealidade, mas que, em terceiro lugar, se conduz e é moderada também

    pela consciência alheia, a qual nos põe na dimensão onde ser livre é

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    ser respeitoso para com as limitações e interditos do outro, usando-ascomo termômetro do exercício dessa liberdade, que, embora more nacasa do erro, simplesmente não sobrevive sem o amor.

    Quarto: isso se dá dessa forma, pois, como diz Paulo, embora

    tudo me seja lícito, nem tudo me convém e nem tudo edifica ouconstrói, e a liberdade visa a edificação. Assim, a largueza da licitudeque margeia o âmbito da consciência própria deve ser relativizada àluz das limitações que margeiam a consciência do outro.

    O “bom” intelectual, e o “pensar certo” nasce do exercício deseu ofício em liberdade, mas sempre levando em consideração umaconsciência e compromisso maior com o todo em relação ao qual elese posiciona e se situa.

    . P  RÁXIS : A FUSÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA

    Eu sou um teórico. Admito isso sem jogar confetes, porque assimsou eu. Tá no sangue. O que faz de mim um teórico? É que meu ofícioenvolve pensar nas inúmeras possibilidades de explicação de algo epor isso invisto um bom tempo com auto e alter (do outro) análises.O que isso muda na realidade? Nada diretamente. Muda em mim,

    pensador, e na medida em que “me” muda, o mundo – uma partículadele pelo menos – também muda. Para onde isto nos conduz? Parao reconhecimento de que esta tarefa é tão importante quanto a derealizar coisas.

    Dependendo do círculo de pessoas para o qual falo, a questãopode se inverter e alguns objetarão quanto a superioridade da idéia emrelação à ação, entendendo que esta gera aquela. Só que este é um jogo

    sem fim e sem vencedores. Platonistas e Aristotélicos, Hegelianos eMarxistas, Conservadores e Progressistas, Teóricos e Ativistas parecemestar sempre às voltas com a velha questão: o que precede o que? Ou:o que/quem vem primeiro?

    Creio que este é um empreendimento tão infeliz quanto o detentar determinar que veio primeiro, se ovo ou se galinha. Inútil, como jogar o bebê fora junto com a água do banho. A complexidade da vidame conduz a uma lógica mais dilatada de e/e (mais possibilidades deleitura) ao invés da de ou/ou (oito ou oitenta) na vida de modo geral e

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    também para esta questão. Logo, viver e entender a vida, experimentare analisar, teorizar e praticar são termos “colegas” de jornada e não(precisam estar) em lados opostos, embora sejam diferentes.

    Então, comecei dizendo que sou um teórico. A questão é: e daí

    que sou? Daí que ser teórico não faz de mim um não prático – emmuitas circunstâncias tenho que botar em prática aquilo que creio,penso e teorizo. Tampouco me leva a ignorar a importância da prática,muito pelo contrário; e o mesmo se aplica ao prático em sua relaçãocom teoria e teóricos. Mas, se na ocupação de nossos lugares sociaise vocações não tentássemos dividir ou dar primazia, esse papo deobviedades, que com relutância travo aqui, não passaria de “conversapra boi dormir”. Mas temo que poucas pessoas (ainda e por mais antiga

    que seja a questão) estejam livres da necessidade dessa conversa, comexceção dos bois e de outros animais menos complicados.

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    M P C

    U

    P - R

    Jonathan Menezes

    . S

    Primeiro, a leitura... Trata-se de um fator decisivo no estudo, queamplia horizontes e perspectivas de quem lê. Tem a função de lapidar

    o pensar e transformar o pensador.A qualidade da escrita – sobre a qual veremos adiante – está

    condicionada à qualidade da leitura. Melhor lemos, melhor pensamos,melhor escrevemos.

    Alguns benefícios interessantes da leitura: ampliação deconhecimentos, obtenção de informações básicas ou específicas,sistematização de pensamento, enriquecimento de vocabulário, novos

    “insights” sobre o que se está pesquisando.Segue abaixo alguns elementos para uma boa leitura (aplicável a

     vários contextos acadêmicos):

    a. Deve ter um objetivo determinado previamente;

    b. Preocupação com o entendimento das palavras (vocabulário);

    c. Deve ser continuada, quando a obra for fundamental, einterrompida, se não for útil para o momento da pesquisa;

    d. Deve ter um ritmo próprio: “nem tão rápida que não se capteo que se lê e nem tão lenta que produza distração” (Libanio);

    e. Deve ser submetida a discussões freqüentes com colegas;

    Fases típicas da leitura acadêmica (baseado em João Batista Libanio,2006):

    A. Reconhecimento – consiste em dois exercícios: pré-leitura

    (folha de rosto, orelhas) índice, sumário, informações sobre o autor);

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    exploração (bibliografia, sumário, introdução, notas de rodapé).

    B. Seletiva – seleção das partes mais importantes; eliminação dosupérfluo, concentração no que é pertinente ao seu objeto.

    • Investir na prática de sublinhar, resumir e anotar nas bordas

    • Dicas do próprio autor: “Este é o ponto” ou “Minha tese é...”

    C. Crítico-reflexiva – reconhecimento das teses e afirmações do autor,seguida da avaliação crítica dessas afirmações.• Criticar o que o autor diz em função de seus propósitos

    D.  Interpretativa – relacionar essas armações com os problemas para os quais se busca uma solução.

    Todo texto, quer seja explícita ou implicitamente, possui umaintenção (concreta ou abstrata). Essa intenção está ligada com o tipode texto que se quer produzir (propagandístico, informativo, opinativo,literário, acadêmico, etc.), e com o seu conteúdo.

    Como o título, sua função principal é dar o “endereço dotrabalho”. Em outras palavras, é dizer o que se pretende fazer ao longodo trabalho ou do texto. Um texto, de qualquer natureza, sem umaintenção clara, tende a se tornar disperso e a dispersar seus leitores.

    A intenção pode ser descrita como “propósito” e como “tese”.O propósito é onde o autor pretende chegar com o texto, é onde ficaexplícita sua finalidade (apresentada com o uso de conectivos como“para que”, “a fim de”, “visando”, etc.). Já a tese é uma sentença (frase,parágrafo) que antecipa a teoria que o autor pretende defender aolongo do texto. A coerência da leitura como da escrita de um texto ficam

    comprometidas sem a indicação (no caso do autor) ou a identificação(no caso do leitor) da intenção.

    Ao mesmo tempo, é importante destacar que não convém e nemse deve indicar uma intenção que não possa ser cumprida no final.A avaliação de um trabalho tende hoje a ser a partir daquilo que se“promete”. Se a promessa não for cumprida, isto indica que o trabalhofoi diferente do que se pretendia na intenção, o que indica a falsidade

    da própria intenção.

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    Para quem eu escrevo? Em primeiro lugar, como já deve ter ficadoevidente, para mim mesmo, como forma de terapia, aprendizado, deexternar idéias que fervilham e sentimentos que transcorrem – aindaque sentimentos sejam perigosos (é preciso deixar o texto “de molho”

    quando se escreve tomado por eles) e a idéias, mutáveis. Em segundolugar, escrevo para alguém, para o outro, para gerar algum tipo deimpacto, por menor que seja, e nem que seja de repulsa (o que é bempossível) em alguém – mas é óbvio que a intenção é fomentar o beme a boa transgressão em outras pessoas. Escrevo porque quero gerar afome de pensar!

    II. P () L

    Há pelo menos três coisas que me chamam atenção nessaintrodução de Lucas ao seu evangelho – e isso me ajuda a pensar napergunta do começo.

    (1) Primeiro, ele diz que “muitos se dedicaram” à tarefa a qual elese propõe a fazer, talvez com muito mais habilidade, fôlego e extensãoque ele. Imagino que Lucas, ao levar isso em consideração, pode terpensado: “Bem, diante de tais relatos, que posso eu relatar?”. Não é

    esse o conflito inicial de quem se vê na posição de ter que redigir umrelato: “Que posso eu escrever, se tantos já o fizeram e tão bem feito?”.Aí é que está o ponto: muitos já o fizeram, mas não com o meu olhar.Os conhecimentos podem até ser os mesmos, bem como a realidadee os temas. A particularidade, porém, está no olhar de quem escreve:suas perspectivas, experiências e maneiras de tratar o “comum”. Lucasparece ter encontrado a sua. Eu, às vezes penso que encontrei, às vezes

    ainda me vejo em busca.(2) Segundo, ele diz que “investigou tudo cuidadosamente”

    antes, para depois produzir um “relato ordenado”. Fica evidente queesse “olhar” de Lucas não brotou do nada, sem esforço, sem pesquisadedicada, coleta minuciosa e análise cuidadosa das informações quetinha à sua disposição. Ou seja, não se produz um “relato ordenado”sem antes investir uma boa dose de leitura e investigação sobre aquilo

    que se quer escrever. Há muitas besteiras sendo escritas, e boa partedelas advém da falta de informação e dedicação antes de simplesmente

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    “se lançar” no ato de escrever. Alguém só poderá escrever bem eordenadamente se antes leu e pensou no que leu.

    (3) Terceiro, o texto de Lucas tem um “para que”, indicandofinalidade, propósito. Ele queria que Teófilo tivesse “certeza”, segurança

    acerca daquilo em que fora instruído. Há um teor testemunhal eapologético nesse empreendimento de Lucas, uma meta clara. Aescrita precisa de uma finalidade para ser relevante, ainda que estaseja, como disse no começo, atender anseios e necessidades pessoais.E, ainda assim, é possível edificar outros. Henri Nouwen é ummodelo nesse quesito. Boa parte de seus escritos são diários, escritosoriginalmente para si mesmo, como hábito, necessidade, disciplina esatisfação pessoal. Mesmo assim – ou precisamente por isso – quandopublicados, ajudaram muitas pessoas a se identificarem e encontraremseu caminho, seja ele qual for. Quando escrevemos com um “paraque”, e esse cai na graça de encontrar outros “para quês” semelhantes,dificilmente nossas palavras “voltam vazias”. O propósito, portanto, éo alvo, que ajuda a evitar que nos percamos naquilo que nós mesmosescrevemos, nem que aquilo que escrevemos se perca, caindo no vazio.

    Outra vez: por que eu escrevo? Porque a escrita me transforma,dá asas à boa transgressão, à chance do encontro, do diálogo, docrescimento e, com eles, a possibilidade de transformar meu ambientee círculo de influência, por menor que ele seja.

    A

    Por: Ciro Flamarion Cardoso

    Para redigir é preciso: 1) ter algo a dizer; 2) ao escrever, submeteros pensamentos a alguma ordem que faça sentido. Em termos gerais,os aspectos a considerar seriam:

    1. Há certas ideias ou fatos que se quer comunicar;

    2. Tais ideias deverão ser plasmadas em palavras e expressões;

    3. As palavras e expressões deverão ser englobadas em frases eparágrafos gramaticalmente corretos e dotados de clareza;

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    4. Palavras, frases e parágrafos devem fluir de um/a para o/aoutro/a, espelhando, em sua ordem de aparecimento no texto, um pensamento ordenado e lógico;

    5. O que se escreve destina-se a um público especíco com certas

    características e exigências (por exemplo: não é o mesmo escreverum E-mail a um amigo e redigir uma comunicação destinada a serapresentada quando de uma reunião cientíca).

    Os defeitos de redação podem aparecer em qualquer dos pontosacima. O redator pode não ter claro o que pretende comunicar ou, pior ainda, pode não ter algo a dizer. Neste último caso, naturalmente,não deveria redigir coisa alguma. Se tem algo a dizer mas não o tem

    claro, deve primeiro esclarecer o que pensa e só então redigir. Seuvocabulário pode ser inadequado para uma redação acadêmica, oumuito pobre. Isto se corrige lendo textos de bons autores, bem comoouvindo pessoas de bom nível acadêmico, que dominem o vocabulárionecessário, ou com elas trocando idéias: por exemplo, freqüentandoou pelo menos acompanhando com atenção as reuniões cientícas de

    seu setor de estudos. As frases e parágrafos podem violar as regrasgramaticais estabelecidas que não cabe a ninguém inventar enquanto

    escreve ou ser pouco claras, seja por essa mesma, seja por outrarazão. A gramática, como qualquer outra coisa, pode ser aprendida etreinada. A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abruptaou pouco lógica, ou a ordem de apresentação dos dados e argumentosquiçá não seja a melhor. O ordenamento desejável pode ser obtidomediante a confecção de um plano antes de começar a redigir: um plano assim segue algumas regras gerais que não são de aprendizagem

    muito difícil. Por m, a redação possivelmente não se adeque ao tipode público a que se destina, por estar plasmada, por exemplo, numregistro coloquial da língua ao se tratar de um texto que deveria usar oregistro erudito, formal, do mesmo idioma. Nada impede o redator deesforçar-se no sentido de uma adequação do registro de seu texto ao público especíco a que se dirige.

    Resolver equações e redigir textos são coisas que funcionamsegundo regras bem diferentes em cada caso. Em especial, a redaçãosó tem normas exíveis, todas elas conhecedoras, em alguns casos, de

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    exceções legítimas. Por exemplo: embora a repetição de palavras devaser evitada, ela é permissível em certas construções e deve empregar-se quando a clareza o exija. O uso pertinente das regras da redaçãodepende do bom senso e do treinamento, que permitem ao autor achar

    a expressão mais adequada em cada ponto de seu texto.Um dos conselhos mais úteis talvez o mais útil de todos que podem dar-se a quem procura treinar uma boa redação é o seguinte:ache e elimine as palavras inúteis. Quase sempre, a releitura atenta deum texto permite encontrar palavras ociosas, com muita freqüênciaadjetivos ou cláusulas limitativas, detalhes inúteis ou excessivos,repetições das mesmas noções mediante palavras diferentes, explicaçõesdesnecessárias que insultam a inteligência do leitor ou ouvinte. Em

    todos estes casos, riscar o que sobra é uma excelente idéia.Outros conselhos são os seguintes, sempre como regras gerais,

     pois todos admitem exceções:1) prera palavras curtas, simples e familiares; evite palavras

    longas e jargão;2) prera o termo concreto ao abstrato;

    3) prera o ativo ao passivo;

    4) prera a palavra única a uma locução equivalente compostade várias palavras;

    5) prera o vocabulário português consagrado a neologismos,

    anglicismos, galicismos, etc., bem como o vocabulário erudito aocoloquial ou chulo.

    A expressão “na eventualidade de” pode, quase sempre, sersubstituída com proveito por um simples “se” ou “caso”. Aquela

    locução é indireta, “eventualidade” é termo longo, “se” é muito maisinteligível de forma imediata, por ser termo usual e familiar da língua.Em português existe, na atualidade, o péssimo hábito de preferir oabstrato ao concreto. Assim, em lugar de “busca do lucro”, fala-seem “busca da lucratividade”, o que, além de pomposo, é jargão eanglicismo. Aliás, os anglicismos vicejam como erva daninha. Um dosmais praticados hoje em dia, originado num ambiente de economistas,é a expressão “demanda por” (do inglês demand for), em lugar docorreto “demanda [ou procura] de”. Há também certa tendência a

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     preferir o passivo ao ativo, como em “não fui comunicado”, expressãoabsurda gramaticalmente que se usa em vez de “não se me comunicou”,“não me comunicaram tal coisa”, ou, num passivo correto, “isto nãome foi comunicado”. O passivo poderá preferir-se quando se desejar

    que a ênfase recaia numa ação genérica, sem sujeito denido, comoem “alugam-se quartos” (com o sentido de “quartos são alugados”,não se querendo dizer por quem).

    Na construção de frases e parágrafos, os conselhos principaispodem ser os seguintes:

    1) cada parágrafo deve conter uma única afirmação ou noçãocentral, situada na cláusula gramaticalmente principal do parágrafo; seele contiver duas ou mais afirmações ou idéias importantes, divida-o

    em dois ou mais parágrafos;2) prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase

    (sujeito-predicado-complemento), evitando as inversões causadorasde ambigüidade;

    3) palavras que modificam ou qualificam outras, tais comoadjetivos e advérbios, devem situar-se o mais perto que for possíveldos termos que modificam ou qualificam, também neste caso para

    evitar possíveis ambigüidades ou uma forma tortuosa e pouco fluidade expressão;

    4) o uso de pronomes que substituam outros termos deve serobjeto de cuidadoso planejamento, ainda aqui num esforço para evitara ambigüidade;

    5) as primeiras e as últimas palavras de um parágrafo atraemmais a atenção do que as

    demais: assim, o que se quer enfatizar no parágrafo deve vir noinício ou no final domesmo, não no meio dele;6) não introduza em excesso, num parágrafo, expressões ou

    frases que modifiquem ouqualifiquem as afirmações;7) quase sempre é preferível a forma mais breve à mais longa de

    armar frases e parágrafos; entretanto, a busca da brevidade não deve

    prejudicar a clareza.

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    Como se pode ver, muitas das regras se referem à eliminaçãoda ambigüidade. Por exemplo, uma frase como “Os alunos devemapresentar-se no terreno de ginástica só de tênis” é ambígua devido auma construção ruim, que, entre outras coisas, pode dar a entender

    que tais alunos devam aparecer nus (“só de tênis”). A frase, um avisocolegial, provavelmente pretendesse comunicar uma de duas coisas, ouambas: “Só se admite o uso de tênis pelos alunos durante as aulas deginástica”; ou “O uso de tênis pelos alunos é obrigatório nas aulas deginástica”. Os pronomes substitutivos e o “que” podem facilmente causarambigüidade. Por exemplo: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike, de quenão gostei”. Ou ainda: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gosteideles”. Em ambos os casos: a pessoa não gostou dos anúncios, ou dos

    tênis? O mesmo quanto a cláusulas subordinadas. “Eu vi Ana sentadanuma pedra com o tornozelo torcido” pode parecer involuntariamentecômico, ao sugerir um pedra cujo tornozelo esteja torcido. A outragrande busca, que é a da concisão (e não “pela concisão”, vejam lá!), às vezes deve ceder o lugar a repetições, quando necessárias para garantira clareza das afirmações. Num dos exemplos acima, seria melhor dizer“Eu vi os anúncios dos tênis Nike, mas não gostei desses tênis”, apesar da

    repetição da palavra “tênis”, pois em tal caso não haveria ambigüidade.Se tratarmos agora do uso dos elementos gramaticais de conexão,os principais são:

    1) partículas de conexão, como “e”, “mas”, “embora”, etc.;

    2) advérbios e locuções de sentido adverbial, como“evidentemente”, “por exemplo”, “já que é assim”, “como veremos”, etc.;

    3) pronomes e artigos (por exemplo, quando uma frase começa

    com “Ele” ou com “O homem em questão”, por exemplo, uma conexãoestá sendo estabelecida necessariamente com algo dito antes);

    4) repetições gramaticalmente válidas (por exemplo aquelasintroduzidas pela palavra “tal”).

    A conexão (eventualmente também separação ou oposição)entre partes integrantes do discurso depende dos elementos acima etambém do bom uso da pontuação. Quanto aos elementos gramaticaisde conexão, é preciso, antes de mais nada, aprender o que cada

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    problemas que, algum tempo depois, se lhe tornariam patentes ao reler.Ao retomar o trabalho e reexaminá-lo para correções e ajustes,

    convirá formular para si mesmo certas perguntas:

    1. Será que permaneci no interior de minha temática

    principal, sem introduzir recheios, irrelevâncias, detalhesexcessivos, desenvolvimentos colaterais? Pelo contrário, odesenvolvimento dos tópicos centrais é suficiente?

    2. Cada parágrafo do texto é uma unidade natural eequilibrada, bem situada no conjunto? Existem tópicos fora decontexto, aparentemente isolados ou irrelevantes?

    3. Minhas frases são concisas e diretas, ou longas demais

    e tortuosas? Seu sentido é sempre claro? Todos os pronomessubstitutivos usados têm de fato um antecedente?

    4. Serei capaz de definir cada palavra que usei, sem exceção?Empreguei na maioria dos casos termos concretos e usuais,evitando modismos, jargão e termos vagos?

    5. O efeito geral do texto é o pretendido ao planejá-lo? Nãohaverá partes maçantes ou pesadas?

    6. Uma pessoa não especializada no assunto entenderá omeu texto? As afirmações nele contidas estarão suficientementeapoiadas em dados, exemplos e outros elementos imprescindíveis?

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    M P C

    U PRINCÍPIOS E TIPOLOGIAS PARA LEITURA E INTERPRETAÇÃO

    Para entendermos que leitura e interpretação de textos devemser bem mais que simples saber de palavras e significados. Abaixoalgumas ideias:

    Como dizia Rubem Alves “Todo pensamento começa com umproblema” e esse problema precisa ser solucionado ou quando menos,analisado. Por isso nos deparamos sempre com paradoxo = aquilo queé contrário à opinião comum (doxa); desequilíbrio.

    A Bíblia faz muito isso. Eclesiastes reflete isso.Por exemplo: O que é a vida? (Desconfiança, admiração e

    problematização da realidade); A vida é vaidade... (exame cuidadoso,esforço, trabalho) etc.

    Pensar dói... (convivência com o mistério, aceitação do paradoxo,do inexplicável).

    Por causa de tudo isso, somos chamados à excelência ehonestidade, também com aquilo que escrevemos.

    Lidando com Problemas

    A, O , J .

     Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe

     perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais,

     para que ele nascesse cego?”. Disse Jesus: “Nem ele nem seus

     pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se

    manifestasse na vida dele” (João 9.1-3)

    Esse texto pode servir de exemplo para como olhamos para osproblemas práticos (e os de pesquisa) e que soluções nós damos para eles.

    A narrativa diz que Jesus, caminhando, viu um cego de nascença. Seele era “cego de nascença”, isso signi