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A DEFESA Fundado em 29 de Abril de 1939 por João Dácio Serra DO RECÔNCAVO “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor” Assis Valente REVISÃO ENEM Caderno de Questões Comentadas [pág 12-15 Festa do livro em Cachoeira A cidade de Cachoeira, a 107 quilômetros da capital, vai estar em festa entre os dias 11 e 16, com a primeira Festa Literária Internacional, (Flica 2011). Debates e atrações musicais gratuitas e muita leitura farão a alegria de tu- ristas, empresários e a popu- lação da região. Autores do Brasil e do mundo se encon- trarão no Recôncavo Baiano para celebrar a literatura e discutir a cultura brasileira. [pág 2 Dez anos de teatro e 104 anos de Dona Canô [pág 3 Encourados, uma tradição de 189 anos Calças de algodão branco: saco às costas: clavinas e bacamar- tes: espadas, parnaíbas e facas, grandes e pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço. São os encourados, que, 189 anos mantém uma tradi- ção na cidade de Pedrão e fize- ram história na Independência da Bahia. [pág 5 A legria, Boas Festas, Boneca de Pano, Bra- sil Pandeiro, Cai, Cai, Balão, Camisa Listra- da.... São 154 músicas no perí- odo de 28 anos de vida desse santamarense que fez sucesso no Rio de janeiro e depois em todo o país, e que, se estivesse vivo na carne, (porque está na memória de milhares) es- taria fazendo 100 anos. Cem anos de história, de música, de arte, que projeta Santo Amaro e o Recôncavo para o mundo, cantado em todos os quadrantes. Brasil, esquentai vossos pandeiros... [pág 8 e 9 Universidade internacional São Francisco do Conde terá a primeira universida- de internacional na Bahia. A Universidade Internacional da Lusofama Afrobrasileira (Unilab) já está com as obras físicas adiantadas e a previ- são é que em 2012 seja re- alizado o primeiro concurso vestibular. [pág 7

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a defesaFundado em 29 de Abril de 1939

por João Dácio Serra

do Recôncavo

“Chegoua horadessa gentebronzeada mostrar seu valor”Assis Valente

REVISÃO ENEM Caderno de QuestõesComentadas

[pág 12-15

Festa do livro em Cachoeira A cidade de Cachoeira, a 107 quilômetros da capital, vai estar em festa entre os dias 11 e 16, com a primeira Festa Literária Internacional, (Flica 2011). Debates e atrações musicais gratuitas e muita leitura farão a alegria de tu-ristas, empresários e a popu-lação da região. Autores do Brasil e do mundo se encon-trarão no Recôncavo Baiano para celebrar a literatura e discutir a cultura brasileira.

[pág 2

Dez anos de teatro e104 anos deDona Canô

[pág 3

Encourados,uma tradiçãode 189 anos Calças de algodão branco: saco às costas: clavinas e bacamar-tes: espadas, parnaíbas e facas, grandes e pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço. São os encourados, que, há 189 anos mantém uma tradi-ção na cidade de Pedrão e fize-ram história na Independência da Bahia.

[pág 5

Alegria, Boas Festas, Boneca de Pano, Bra-sil Pandeiro, Cai, Cai, Balão, Camisa Listra-

da.... São 154 músicas no perí-odo de 28 anos de vida desse santamarense que fez sucesso no Rio de janeiro e depois em todo o país, e que, se estivesse

vivo na carne, (porque está na memória de milhares) es-taria fazendo 100 anos.

Cem anos de história, de música, de arte, que projeta Santo Amaro e o Recôncavo para o mundo, cantado em todos os quadrantes. Brasil, esquentai vossos pandeiros...

[pág 8 e 9

Universidade internacional São Francisco do Conde terá a primeira universida-de internacional na Bahia. A Universidade Internacional da Lusofama Afrobrasileira (Unilab) já está com as obras físicas adiantadas e a previ-são é que em 2012 seja re-alizado o primeiro concurso vestibular.

[pág 7

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Esta, talvez, venha a ser a primeira per-gunta que os leitores de A Defesa farão,

ao receberem este exemplar, de um jornal que renasce de-pois de anos de fundado e que, nos últimos anos, ficou fora de circulação.

Mas qual a razão desse renascimento e o que traz de novo no mundo da imprensa regionalizada?

Essa também é uma ou-tra pergunta que nos faze-mos, e que só deverá ter uma resposta se conseguirmos passar aos leitores a nossa proposta, que é o de fazer algo diferente dentro do con-ceito jornal.

O que ousamos fazer é quebrar um pouco os para-digmas da visão que se tem de jornais, principalmente quando se trata de jornais regionais, cujas informações são mais localizadas.

Optamos pela informa-ção com descontração, com um toque de leveza na pró-pria apresentação do jornal,

DEpoimEntoPara o artista santamarense Roberto Mendes, as come-morações dos 10 anos do Teatro D. Canô foi o coroa-mento de todo um projeto voltado para a cultura da re-gião, com o apoio do Estado e da população local e, prin-cipalmente, dos que sempre apostaram na força cultural do Recôncavo.

— Aqui foi o berço de tudo, da própria história. O Brasil deve muita coisa ao Recôncavo e esse teatro é a cara do nosso povo. E o te-atro é a nossa casa da cul-tura. Aqui surgiu o primeiro ginásio do interior da Bahia e a primeira música de su-cesso (Isto é Bom – em 1902) e o primeiro samba (Pelo Te-lefone – 1916).

03

editorial

CLiCK! Amanda Oliveira

celebração

Ora, maisum jornal?

ao teatro, orgulha-se a sua diretora.

Nos sete dias de come-moração pelos 10 anos do teatro, teve de tudo na pro-gramação. Shows de Arman-dinho, Margareth Menezes, Juliana Ribeiro, Roberto Mendes, Ulysses Castro, Ja-ckson Costa. Encontro de filarmônicas,festival de dan-ça, shows dos 100 anos de Assis Valente, apresentação de quilombolas de Santiago do Iguape e Folia de Reis, de Feira de Santana.

E shows com artistas locais, com pauta gratuita, mesas temáticas e apresen-tações mais estruturadas, como os shows de Maria Lui-za, Flávio Venturini, Adriana Calcanhoto, ou peças teatrais como Siricotico e A Bofetada.

a defesaOUTUBRO – 2011

a defesaOUTUBRO – 201102

— Um show, um pre-sente inigualável, onde todos vestiram a camisa do teatro e trouxeram Santo Amaro no coração. Bradou em tom en-tusiástico Virgínia Monteiro, diretora do Teatro D. Canô, e uma das responsáveis pela programação. Em 10 anos de funcionamento, o teatro teve 280 mil expectadores, com 1.100 eventos.

ECLétiCoMas para quem pensa que o Teatro D. Canô é de elite, com uma programação se-letiva, basta ver o trabalho que realiza com entidades sociais e culturais do muni-cípio, como numa forma de interação com a população. — Há nove anos, a escola, as instituições e associações vão

DEz anos DE tEatro E 104 anos DE Dona Canô

Cachoeira em festa celebra a literatura

A cidade de Cacho-eira, a 107 quilô-metros da capital, se tansformou no

berço da literatura interna-cional, com a primeira Festa Literária Internacional, (Fli-ca 2011), que aconteceu en-tre os dias 11 e 16 de outubro com uma programação de debates e atrações musicais gratuitas. Além de celebrar a literatura e difundir a cul-tura brasileira, a feira atraiu turistas e empresários à ci-dade, movimentando a sua economia.

Cachoeira é o primeiro município da Bahia a sediar uma festa literária interna-cional, trazendo possibili-dades de lucro e geração de empregos temporários para a população.

Segundo o Secretário de Cultura de Cachoeira, Lourival Trindade, com a feira, a cidade recebeu in-vestimentos de, pelo me-nos, R$ 40 mil. Os inves-timentos foram aplicados em transporte, estrutura, turismo e na preparação de equipes qualificadas que atuaram no evento. A estimativa foi que mais de 10 mil pessoas estiveram na cidade.

jonas santos jonas santos

Durante a Flica 2011, autores do Brasil e do mundo se encontraram no Recôncavo Baiano para celebrar a literatura e discutir a cultura bra-sileira numa programa-ção de debates e atrações musicais completamente gratuita. A festa teve seis dias de intensa atividade na histórica cidade, que transborda cultura, arte e música. Houve encon-tro de grandes expoentes do cenário literário-cul-tural brasileiro e inter-nacional, que reuniu 33 autores para discussões literárias regadas a muita música baiana.

Na programação cons-taram debates sobre a rela-ção entre sucesso de crítica e de público, de obras lite-rárias, pelo crítico literário Miguel Sanches Neto, pela jornalista Raquel Cozer e pelo jornalista e escritor Fernando Morais, além de apresentação do his-toriador baiano Ubiratan Castro, diretor geral da Fundação Pedro Calmon, como integrante de duas mesas-redondas. de deba-tes sobre “Paradidáticos e sua Importância para a

literatura

Educação”, abordando a im-portância do uso de recursos como as metáforas e a utili-zação do lúdico como forma de envolver os aprendizan-dos. Ainda de acordo com a programação, uma segunda mesa, no Auditório do Quar-teirão Leite Alves, envolveu o escrritor e produtor cultural Paulo Cidade e o criador e administrador do portal Au-tores & Leitores, Silvino Bas-tos. Ubiratan ainda deveria falar sobre as primeiras vilas da Bahia – São Francisco do Conde, Cachoeira e Jaguari-pe –,dividindo o tema com o escritor e pesquisador Auré-lio Schommer.

Os contistas Ronaldo Correia de Brito, autor de contos como Faca e o Livro dos Homens, e Marcelino Freire, idealizador e editor da Coleção 5 Minutinhos, tam-bém foram incluídos nos de-bates sobre o estilo literário das histórias curtas e cheias de sentido e a sua oposição aos romances. Além da lite-ratura, a feira teve inúme-ras apresentações musicais e shows gratuitos no Porto de Cachoeira, à beira do rio Paraguaçu, e debates com autores na Universidade Fe-deral do Recôncavo (ufrb).

sem perder a essência pela qual reza toda publicação: informação, mas com o acréscimo da formação de opiniões e apostando na interação.

Não temos a pretensão de ter todas as respostas, mas temos a convicção de que es-taremos apresentando algo novo, diferente do usual e que, como tudo na vida, será um crescente, aperfeiçoan-do-se e adaptando-se às cir-cunstâncias, mas sem perder a sua essência.

Ora, mais um jornal? Sim, mais um jornal. Para ser lido, visualizado, co-mentado, criticado. Mas um jornal de identidade com a realidade do Recôn-cavo, que não apenas noti-cie, mas que viva a notícia. Que não apenas informe, mas forme, que comente para que seja comentado.

Um jornal, não com a cara de quem o edita – so-mos os seus executores – mas com a cara de quem o faz. Vocês!

manhã seguinte, mal a cida-de já acordava ainda com os resquícios da festa da noite anterior, e já se preparava para uma outra comemora-ção, mais intimista mas não menos importante: os 104 anos de Claudionor Viana Teles Velloso mais conheci-da como Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e de Maria Bethânia.

D.Canô emprestou o seu nome ao teatro, que na noite do dia 15 reuniu uma seleta platéia de convidados para um multishow, que foi de Margareth Menezes a Rober-to Mendes, de Armandinho (de Dodô e Osmar) a Juliana Ribeiro. E entre todos, Assis Valente, estrela centenária santamarense, cantado em todas as vozes.

ter um privilégio de comemorar dois importantes even-tos em uma mes-

ma data, deixou a população de Santo Amaro, cidade his-tória do Recôncavo Baiano, em duplo estado de felici-dade. Afinal não é qualquer cidade que tem a chance de comemorar 104 anos de um dos seus personagens mais famosos e ícone, como é D.Canô Veloso, e, ao mesmo tempo, os 10 anos de um te-atro que é referencial da mú-sica e das artes.

Por essas artimanhas do destino, ou não, como diria Caetano, os 10 anos do tea-tro D. Cano foram comemo-rados em grande estilo em uma noite de gala, no último dia 15 de setembro. Mas já na

expediente

A DEFESA É UMA PUBLICAÇÃO QUINZENALde responsabilidade da Abaís Edições Ltda.

Editor: Adilson FonsecA – Jornalista drt 969/ba

Projeto Gráfico e Diagramação: JonAs sAntosFoto de capa: Jonas Santos, Assis Valente de di ArAúJo

Colaboradores: nelson eliAs, Augusto MAttos, MAr-celo detroi, João rodrigues e Murilo rAFAel

Conselho Editorial: ritA vieirA, Jorge portugAl, João rodrigues, itAgildo MesquitA e nelson eliAs

Os textos assinados não correspondem, necessariamente, a opinião do Jornal A DEFESA

O povo de Santo Amaro foi pedir a benção da arte, que completou, no último 15 de setembro 10 anos de vida, na forma do Teatro D. Canô, esta

também, personagem ícone da região,em festa,nos seus 104 anos de idade.

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de oferecer essas oportunida-des, oferecemos,pelo menos, as condições de ensino para que eles possam estar prepa-rados para cursarem uma fa-culdade ou escola técnica de nível superior, e, conseqüen-temente, terem melhores oportunidades nas suas vidas profissionais”,disse Alceu.

Para o professor Jorge Por-tugal, autor do projeto, essa é a grande oportunidade para os jovens da região. “A ideia é termos um curso pré-ves-tibular e preparatório para o enem, que contemplem, respectivamente,os jovens que concluem a 8ª série e o Ensino Médio, capacitando-os para os concursos vestibular, ifba (Ensino Técnico) e o próprio enem”, disse. Ainda de acordo com Portugal, as aulas serão ministradas via internet (edu-cação à distância) e uma vez por mês, presencial na cidade.

Professor, consultor, es-critor, apresentador de televi-são, compositor e palestran-

Encourados,

Pedrão implanta o EducaçãoSolidária para jovens e adultos

Educação

te, Jorge Portugal é referencia nacional nos temas Redação e Língua Portuguesa, tendo ensinado em vários colégios e cursos pré-vestibulares de Salvador (Nobel, Águia, Sar-tre, Mendel, Ucba, Grandes Mestres, Interdisciplinar, etc) e proferido palestras e minis-trado cursos em várias em-presas, tais como: Petrobras, Copene, Rede Bahia, Irdeb. Atuou como consultor e pro-fessor da Rede Bahia de Co-municação, onde apresentou um quadro de tira-dúvidas de Português, intitulado: “É assim que se escreve”.

Pelo social – Tendo como base uma gestão voltada para o social, o prefeito de Pedrão, está no seu segundo manda-to consecutivo Alceu Barros e dá na sua administração às questões da saúde, educação e assistência social. No final do mês passado implantou, com recursos próprios, o pri-meiro CRAS (Centro de Re-ferência de Ação Social) no

município e modernizou a Biblioteca Municipal.

Na área da educação, além do Programa Educação Soli-dária, foi um dos primeiros municípios baianos a adotar o piso salarial nacional para o Magistério, desde o mês de julho. O município também tem a gestão plena na área da Educação, tendo este ano, implantado dois colégios,com três salas de aulas cada – Co-légio Luís Viana Filho e Dinha Zezé – voltados para o Ensino Fundamental.

Na área da saúde, onde também tem gestão plena, to-dos os servidores foram capa-citados nesse setor, o mesmo acontecendo com a Assistên-cia Social, como município já tendo sido integrado,desde o início do mês, ao Sistema Único de Assistência Social do Estado (SUAS), podendo gerir seus recursos e elaborar programas sociais de acordo com as diretrizes dos gover-nos federal e estadual.

terino expediu circular or-denando a organização da guerrilha, e que marchasse imediatamente para a Vila da Cachoeira a fim de receber as últimas ordens e os destinos a seguir, e que fossem arma-dos de espingardas.

Em 29 de novembro, o General Labatut, através de ofício dirigido ao Conselho, solicitou a remessa da Com-panhia do Frei Brayner, para o Quartel General, localizado no Engenho Novo, no Recôn-cavo. Em 5 de dezembro, o Conselho Imperial dirigiu ao Frei José Brayner, novo ofício que declarava desejar fazer marchar "Os Voluntários de Pedrão" para o Quartel Gen-eral e se integrar como um corpo de tropas. Levando os voluntários da guerrilha, jun-tamente com os Voluntários da Comarca do Sul.

Chapéu e couro como marcas – Os Voluntários de Pedrão lutaram pela causa da nossa independência, sob o comando do Frei Brayner, e adotaram como farda as vestes de couro , com o seguinte regulamento:

Uniforme em marcha: chapéu de couro com uma chapa de latão oval, ao centro

dessa a letra "P" e acima da letra uma coroa real, a túnica de couro (gibão), da cor que sai do curtume com canhões e gola do mesmo, porém pre-to; algibeiras, com botão que fecha, as quais servirão de patronas.

Calças de algodão bran-co: surrão ou saco às cos-tas: clavinas espingardas ou bacamartes: espadas, par-naíbas ou facas grandes e facas pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço, segundo as circunstâncias o exigirem.

Uniforme fora de mar-cha: Opcionalmente, chapéu branco de copa fabricado ar-tesanalmente, com a mesma chapa; fradeta de algodão de qualquer fazenda azul escuro, com gola e canhões de couro com a mesma cor que saía do curtume, as dragonas eram do mesmo couro da gola e can-hões cuja base ficava unida à gola e o seu ápice no fim do ombro, pregado com botão, colete e calças de qualquer tecido de algodão branco.

Foram alistados trinta e nove homens, formando quarenta com seu coman-dante. Comandante destes homens foi o Frei Brayner.

05a defesaOUTUBRO – 2011

a defesaOUTUBRO – 201104

Estudar e se prepa-rar para os concur-sos do enem (Exame Nacional do Ensino

Médio) não é mais problema, ou mesmo para o vestibular, já não se constitui em obstá-culos para centenas de jovens que moram no município de Pedrão, a 131quilômetros de Salvador, na região Centro Norte do Estado. O municí-pio passa a contar com o Pro-grama Educação Solidária, cuja equipe coordenada pelo professor Jorge Portugal, vai realizar o ensino a distância e presencial para jovens e adul-tos da região, gratuitamente.

O programa é resultado de uma parceria proposta pelo prefeito Alceu Barros, e tem como objetivo oferecer oportunidades aos jovens que concluem ou estejam a concluir o Ensino Médio. “Na região a maior preocupação é com o emprego desses jo-vens no mercado de trabalho. Como não temos condições

educação nossa história

A história dos En-courados de Pe-drão remonta a 1822, em plena luta

da Independência do Brasil e no ano seguinte, na Bahia, quando Frei Brayner enviou um requerimento ao Con-selho Interino de Cachoeira, para oferecer os seus serviços à pátria, passando a residir em Pedrão. Frei Brayner se dirigiu à Junta de Cachoeira para oferecer tropa de cava-laria um ofício do Coronel Bento Lopes, no qual não só convocava a tropa de cava-laria e o povo daquele lugar para aclamar, na Vila de San-to Amaro, o Príncipe Regente, Dom Pedro I.

Em 22 de outubro de 1822, o Conselho Interino de Cachoeira tomou conheci-mento da iniciativa e diante da grande prova de patriot-ismo, porém não deferiu a petição que almejava a for-mação da guerrilha, uma vez que estavam aguardando, em breve a chegada do General Labatut,a quem hierarquica-mente deveriam obedecer, sobre formação de novos cor-pos armados.

Em 04 de novembro do mesmo ano, o Conselho In-

pEDrão

onde ficaNa Mesorregião

Centro Norte da Bahia, microregião de Feira de

SantanaLimites

Aramari, Ouriçangas, Coração de Maria, Iraá e

Teodoro SampaioDistância até a capital

131 quilômetrosÁrea

172,458 km²população

6.896 habitantes(IBGE/2010)

piB (Produto Interno Bruto)R$ 2.886,08(IBGE/2008)

tradição de 189 anos

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As obras estão quase comple-tas e a previsão é que em 2012

seja realizado o primeiro concurso vestibular da pri-meira universidade interna-cional do Recôncavo Baiano, a Universidade Internacional da Lusofama Afrobrasileira (Unilab). A nova universi-dade vai funcionar no mu-nicípio de São Francisco do Conde, a quilômetros de Salvador e foi anuncia-da este ano pela presidenta Dilma Roussef, juntamente com o ministro da Educa-ção, Fernando Haddad.

“É bom demais e foi um presente maior do que o es-perado”, comemorou a pre-feita Rilza Valentin, que já se antecipou ao cronograma e anuncia que já existe um pré-dio com capacidade para 12 salas de aulas, quatro labora-tórios, anfiteatro, refeitório, biblioteca e padaria, que está em obras e deverá ser entre-gue no início do próximo ano. Ainda este ano vamos definir quais serão os primeiros cur-sos da universidade e estabe-lecer o cronograma para rea-lizarmos o primeiro concurso

seletivo”, disse.Equipes técnicas e pro-

fessores das universidades Federal da Bahia UFBA), do Recôncavo Baiano (UFRB), e da própria Unilab, que já atua na cidade de Redenção, no Ceará já avaliam todo o processo de funcionamento da nova universidade. Ainda segundo explicou a prefeita, por ser um município emi-nentemente de população negra, São Francisco do Con-de teve todos os pré-requi-sitos para sediar a Unilab na Bahia. “Nossa população é 95% negra e aqui abrigaram--se os primeiros engenhos de cana-de-açúcar e onde a es-cravidão se desenvolveu com força, diz.

O que é a UnilabA Universidade Federal da In-tegração Luso-Afro-Brasileira (Unilab) é uma instituição de ensino superior pública se-diada na cidade de Redenção, no Estado do Ceará, Brasil. A cidade de Redenção foi esco-lhida para sediar a universi-dade por ter sido a primeira cidade brasileira a abolir a escravidão no Brasil. O proje-to de lei de sua criação foi en-

viado ao Congresso Nacional brasileiro em 20 de agosto de 2008.

A Comissão de Educa-ção e Cultura da Câmara dos Deputados aprovou em 13 de março de 2009 o Projeto de Lei 3891/08, do Executi-vo, criando a Unilab, com o objetivo de formar recursos humanos para desenvolver a integração entre o Brasil e os demais países da Comu-nidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especial-mente os africanos, como Portugal, Angola, Cabo Ver-de, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, além de Macau.

A Unilab terá projeto po-lítico-pedagógico ousado e visa a integração internacio-nal. Na Bahia a Unilab terá ministrados preferencial-mente em áreas de interesse mútuo do Brasil e dos demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Sua metodologia de ensino dará ênfase a temas que envolvam formação de professores, desenvolvimen-to agrário, processos de ges-tão e saúde pública, entre outros.

UNILAB já é realidade em São Francisco do Conde

áreas, como hospitais, infor-mações bilingues.

Os Estados Unidos aprenderam a conviver com a imigração nos últimos 150 anos. Mais que isso, hoje os imigrantes são mão de obra importante no mercado americano e também tornam esta sociedade cada vez mais multi cultural, como é o caso de Nova York, uma cidade in-ternacional com 50% da po-pulação pertencente a mais de 180 diferentes paises.

Brasileiro aqui em Bos-ton faz de tudo, limpa casa, escritório, trabalha em res-taurante, cuida de criança. A limpeza é mais leve que a brasileira, o patrão bem me-nos exigente, pois os ameri-canos não são muito chega-dos em limpeza. Serviços que são dignos e bem pagos por quem pode ter o luxo de con-trata-los. A maioria dos brasi-leiros esta aqui há mais de 10 anos, alguns 20. Uns conse-guiram seu papel (cidadania) casando com americano ou . Aqui é cada qual no seu cada qual.

Nos eua, apenas com o segundo grau ou nem isso, eles tem a chance de ter sua tv de plasma, seu celular,

carro, uma moradia digna, comem do bom e do melhor, pois tudo é infinitamente mais barato. Alguns ganham 10 mil dólares por mês. Vi-vem ‘bisados’, aportuguesa-mento de ‘busy’, ocupado, em inglês. Trabalho não fal-ta. É dinheiro vivo na hora. Em uma semana se compra um carro, roupas, computa-dores. Como disse Contardo Calligaris em artigo recente na Folha comentando os sa-ques em Londres, o consu-mismo passou a ter a legiti-midade de coisas essenciais na vida. São marcas de iden-tidade, de independência, de conforto. Quem não gosta de viajar? De ter suas coisas? De poder comprar, se alimentar decentemente, de navegar na internet?

Os tempos não são dos melhores com a crise, muita gente voltando, muita gente que não ganha mais como antes. Alguns ganham para sobreviver. Os brasileiros aqui se organizam, se unem em associações que lutam pelo direito do imigrante, a comunidade é atuante. A maioria dos brasileiros vem de Minas e muitos atraves-saram a fronteira do México,

a cidade mais Brasileira da américa

por Marcelo De Trói

07a defesaOUTUBRO – 2011

a defesaOUTUBRO – 201106

pelo mundo integração

sem nada. Uns foram presos, depois libertos, alguns con-seguiram o perdão, outros foram soltos e continuam ilegais, outros deportados. Gente que largou a família aos 16 anos, pessoas que se juntaram aos pais que já vi-viam na ilegalidade por aqui, gente que casou e 6 meses depois veio para cá sozinho. Historias de separações, de sofrimento, de vitoria, de fé, todas em busca do chamado ‘sonho americano’, ideal que alimenta a movimentação de pessoas em todo mundo des-de o século xx, principalmen-te no pos-guerra.

Esta noite, milhares de brasileiros vão dormir qua-tro ou cinco horas para pe-gar no batente amanha, em dois, as vezes, quatro postos trabalhos. Enviam dinheiro para suas famílias, guardam na poupança sonhando com o dia da volta, para um lugar que talvez só exista em seus imaginários. E para os que estão no Brasil e ainda acre-ditam nele, como eu, é tempo de sonhar com um pais sem corrupção, com um Estado de Direito real.

A esperança é a ultima que nasce. Tudo a fazer.

Bacharel, mestre e doutoranda em Química pela Universidade Federal da Bahia, Rilza Valentim iniciou sua vida política como vereadora entre 2000 e 2008, quando disputou e assumiu a prefeitura de São Francisco do Conde

A antiga escola de Agronomia.... e a moderna universidade internacional (Unilab)

Acarajé, feijoada, churrasquinho, centenas de pes-soas com a cami-

seta verde amarelo. No palco, a axé music é a grande estrela da festa, cabrochas, inglês e português misturados são os idiomas na beira do Charles River, em Brighton: é o 16 Festival da independência organizado pela comunidade brasileira em Boston, cidade com o maior numero de imi-grantes na América, algo em torno de 400 mil pelos dados oficiais do Ministério das Re-lações Exteriores, mas muito maior se levarmos em conta o numero de imigrantes ile-gais não contabilizados.

A comunidade brasileira é querida pelos americanos e muito organizada. Os bra-sileiros são donos de rádios, padaria, bares, mercados, empresas. Também trazem uma espécie de alegria que falta em todo o mundo orga-nizado e ultra desenvolvido dos Estados Unidos. Tudo aqui é familiar para nossos olhos, também por conta da imigração portuguesa no ini-cio do século passado. Hos-pitais, bibliotecas, centros comunitários, em algumas

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anoitECEU, o sino gEmEU E a gEntE FiCoU FELiz a rEzarQuem não se lembra das noites de véspera de Natal, sentados ao pé da árvore enfeitada com bolas colori-das e raminhos secos cobertos com algodão, o presépio ao fundo com as imagens dos Reis Magos e a manjedoura, e todos aguardando, ansiosos (alguns com sapatos nas

janelas) a chegada do Papai Noel.

papai noEL, vê sE voCê tEm a FELiCiDaDE pra voCê mE DarPapai Noel nem sempre nos dava presentes (os nossos pais geralmente não tinham dinheiro e eram obriga-dos a optar: roupas e alimentos ou

brinquedo – vencia sempre as duas primeiras opções), mas

fazia a nossa felicidade, mes-mo que ela durasse só alguns dias.

EU pEnsEi qUE toDomUnDo FossE FiLho DE papai noéL

Mas, oh dor! Quando víamos alguns dos nossos vizinhos sem os

presentes de Natal, os sapatos vazios nas janelas, constatávamos que nem todos eram filhos de Papai Noel. E Papai Noel escolhia quem eram seus melhores filhos e a estes davam os melhores presentes.

E assim FELiCiDaDE EU pEnsEi qUE FossE Uma BrinCaDEira DE papELTantas cartas ... Tantas expectati-vas. Mas o correio não chegava em muitas casas e a felicidade de Papai Noel virava apenas uma brincadeira de papel que acabava na manhã do dia 25, quando olhávamos os nossos sapatos vazios na janela. “Papai Noel não veio!”.

JÁ Faz tEmpo qUE EU pEDi mas o mEU papai noEL não vEmA esperança era a última que morria. E eu insistia em pedir para o papai Noel não me esquecer. Quem sabe no próximo ano. Mas faz tanto tem-po que pedi e ele ainda não veio...

Com CErtEza JÁ morrEUMe recuso a acreditar que ele tenha partido para não mais voltar!

oU Então FELiCiDaDE é BrinqUEDo qUE não tEmDeve ser isso mesmo. São tantos os pedidos. Brinquedos, saúde, dinheiro, poder, que deve ter faltado no esto-que. Quem sabe no próximo ano!

Boas FestasO

s mais velhos, por certo, de-vem conhecer a música “Boas

Festas”, marchinha gravada em 1933 e que embalou inú-meros natais Brasil afora e é ainda referencial dessa festa cristã: Já faz tempo que eu pedi Mas o meu Papai Noel não vem Com certeza já morreu Ou então felicidade / É brinquedo que não tem ...

Ou mesmo “Brasil pan-deiro”, samba gravado em 1940 e cantado em inúmeras vezes até os dias atuais:

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver / Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar

O que talvez muita gente não saiba é que essas e inú-meras outras músicas, canta-das desde Carmem Miranda a Moreira da Silva e Moraes Moreira e Novos Baianos, vie-ram de um nativo da cidade de Santo Amaro, município encravado no Recôncavo Baiano, a 71 quilômetros de Salvador.

No ano em que se co-memoram os 100 anos do cantor e compositor, José de Assis Valente, Santo Amaro vive em festa permanente para homenagear um dos seus personagens – são tan-tos – mais ilustres, e que pas-sou boa parte de sua vida – e pós ela – desconhecido para muitos baianos e brasileiros.

Filho de José de Assis Valente e D. Maria Esteves Valente, teve uma vida con-turbada, a começar pela própria infância, onde rela-tos biográficos indicam que teria sido roubado aos pais, ainda pequeno, sendo de-

Assis, um Valente damúsica do Recôncavo(Santo Amaro, 19 de março de 1911 – Rio de Janeiro, 6 de março de 1958)

pois entregue a uma família de Santo Amaro, que lo criou. Predestinado, já aos 10anos tinha como prática declamar versos de Guerra Junqueiro e, principalmente, Castro Al-ves. Integrou a comitiva de um circo mambembe, tão comum na primeira metade do século passado e somente na adolescência foi morar em Salvador, estudando no anti-go Liceu de Artes e Ofício.

Com 16 anos muda para o Rio, onde foi trabalhar como protético e somente aos 19 anos compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres. Suas músicas alcançaram grande sucesso nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho. Ironi-camente, um dos seus maio-res sucessos, “Brasil Pandei-ro”, mais tarde imortalizada na voz dos “Novos Baianos”, foi recusada pela cantora.

Dono de um dos maiores portifólios musicais – 154 mú-sicas no período de 28 anos, até a sua morte, em 1958, As-sis Valente vivia entre a ad-miração – paixão secreta e incotida – por Camem Miran-da (sua admiração o fez até mesmo a procurar aprender a tocar) e o desgosto pela vida, que o fez tentar o suicídio por três, nas duas primeiras cor-tando os pulsos e pulando do Corcovado, e o grande êxito na última tentativa, quando ingeriu grande quantidade de veneno para rato.

Casou-se, em 23 de de-zembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941 (13 de maio) tentou o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado – tentativa frus-trada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, e separa-se da esposa.

Mão aberta como era – costumava assumir débitos dos amigos e gastar o que não podia – depois de duas tentati-

vas de suicídio, e desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos au-torais, na esperança de conse-guir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunican-do sua decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere for-micida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e ami-go Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueis em atraso. Mor-ria às seis horas da tarde. No bilhete, o último “verso”:

Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo. LegadoDo imenso acervo de compo-sições, iniciada em 1932, com “Tem Francesa no Morro”, cantando por Aracy Cortes, “Boneca de pano”, gravado pelos “Quatro Ases e um Co-ringa”, em 1950, Assis Valente deixou marcas profundas no coração e mente dos brasilei-ros. O sucesso “Boas Festas” , o Hino do Natal brasileiro, chegou aos inúmeros lares como um pedido de uma criança pobre e solitária pela atenção de Papai Noel. E teve inúmeras vozes, como Car-los Galhardo, Pixinguinha, e mesmo Maria Bethânia, Ro-berto Carlos e Luis Melodia.

Após sua morte, contu-do, permanece vivo, desde os idos de 1930 nas vozes de Mo-reira da Silva, Carlos Galhar-do, Almirante, Quatro Ases e um Coringa, Aurora Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Aracy de Almeida, Marlene, Sônia Santos, Irmãs Pagãs (Elvira e Rosina), Carmen Mi-randa, Bando da Lua e Elis Regina, até a atualidade, nas vozes de artistas como Maria Bethânia, Nara Leão, Marí-lia Medalha, Carmen Costa, Adriana Calcanhoto, Olívia Byghton e Vanessa da Mata e Chico Buarque.

09a defesaOUTUBRO – 2011

a defesaOUTUBRO – 201108

nossa capa

Carmen mirandaA “pequena no-tável” , como era

chamada essa por-tuguesa-brasileira, gravou 25 músicas

de Assis Valente. Por ela Assis tinha

profunda amizade... ou uma paixão

recolhida....

assis valenteCom os Arcos da Lapa ao Fundo, Rio de Janeiro, Capital

assis valente (1987)Célia, João Nogueira, Clara Sandroni, Coro Come, Leci Brandão, Dida Forasteiro, Paulo Moura e Banda de Gafieira Etc & Tal participaram deste disco. Ouça o disco na íntegra no site da FUNARTE. http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/discos-projeto-almirante/assis-valente-1987/

(Assis Valente)

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Campus, tida e havida como a mais ban ban ban das cida-des para esta contemplação e coisa e tal, mas, no frigir dos ovos, a universidade já está em pleno funcionamento em todos os lugares em que poderia estar, exceto Santo Amaro. Já contemplou até a cidade de Amargosa que nem sabíamos recôncava e até chegou na desreconvexa Feira de Santana, Princesi-nha do Sertão, que entrou nesta história como J. Pinto Fernandes no “Quadrilha” de Drummond. Todo mun-

substantivo

mesma manchete já foi usada pelos últimos três prefeitos da cidade e todos, em suas assertivas, foram vítimas ou atores do mesmo Conto do Vigário. Saiba que o decre-to do campus da ufrb para Santo Amaro já foi assinado pelo presidente Lula desde 1500, mas até hoje não deu em nada. Existe uma infindá-vel discussão sobre o assun-to sem que nunca se chegue ao cerne da questão. Santo Amaro foi a primeira Cidade do Recôncavo a se organizar para receber o famigerado

A Bahia está mais culta. Com a cria-ção de duas uni-versidades federais

no interior do Estado, popu-lação jovem que concluía o Ensino Médio e não tinha op-ções de continuar os estudos na região, agora terão opor-tunidades novas, disputando com igualdade de condições com jovens residentes em Salvador ou em outras capi-tais do país.

No último dia 16 de se-tembro a presidenta Dilma Rousseff formalizou nesta a implantação de mais duas universidades federais e nove Institutos Federais de Edu-cação, Ciência e Tecnologia ifet, na Bahia, dentro do Pla-no de Expansão da Rede Fe-deral de Educação Superior e Profissional no Brasil.

O plano prevê a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia ufoba, em Barreiras, com campi em Luís Eduardo Magalhães e Bom Jesus da Lapa, e a Universi-dade Federal do Sul da Bahia, com sede em Itabuna e campi em Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Já as unidades do ifet devem ser implantadas nos municípios de Xique-Xique, Serrinha, Itaberaba, Alagoi-nhas, Santo Antônio de Jesus, Brumado, Lauro de Freitas, Juazeiro e Euclides da Cunha.

A Universidade Federal da Bahia ufba e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano ufrb, por sua vez, passam a ter campi avançados em Ca-maçari e Feira de Santana, respectivamente.

Ainda dentro do progra-ma de expansão do ensino público superior na Bahia, foi inaugurado um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco univasf na cidade de Senhor do Bonfim e também foi confirmada, pelo governo federal, a cria-ção da Universidade Federal de Integração Luso-Afrobra-sileira unilab na Bahia, no município de São Francisco do Conde.

Expansão – mas as boas notícias não param por aí. Em todo o Brasil, conforme garantiram a pre-sidenta Dilma e o ministro da Educação, Fernando Haddad, até 2012 serão im-plementados 20 campi uni-versitários em oito estados brasileiros e 88 novas uni-dades de institutos federais em 25 estados. Além das duas universidades federais já garantidas, a Bahia tenta emplacar mais universida-des federais nos municípios de Vitória da Conquista e campi avançados em Santa Maria da Vitória e Serrinha.

Universidades Federais e Ifets mudarão perfis dos municípios

baianos

ensino superior quadrinhos

por Nelson Elias

conhecida música de letri-nha infeliz? Pouco provável. A manifestação em si não traz vestígios de saudação à princesa nem faz concessão a qualquer representante dos poderes constituídos, seja político, econômico ou de outra religião que não a sua (olhe o quanto era comum a rendição dos negros à religião que lhes demonizavam. Vide as Irmandades). O próprio contexto histórico não nos estimula a crer em festinha. Vivia-se sob a égide do terror, sob os efeitos da recessão, da fome, da ruína dos usineiros, da derrocada do Império e sob uma constante ameaça do retorno à escravidão pai-rando no ar e no desejo das elites prejudicadas; somado, tudo isto, à intolerância reli-giosa e à demonização a toda e qualquer atividade de can-domblé. Sejamos sinceros: Aquela cerimônia em praça pública mais perecia uma de-claração de guerra.E assim foi feito. Um grupo de negros teve a coragem de dirigir-se à praça do principal espaço econômico da cidade e ali, aos olhos espantados de toda a comunidade e de toda a sociedade e de toda a religiosidade e de todo o po-der repressivo de então, sem nenhuma licença mundana, mas com o alvará dos Orixás, ali, em praça pública, sob a proteção de um imediato exército de capoeiristas e das forças armadas de maculelês, todos pretos, para espanto de todos os brancos, aqueles negros ousados realizaram o

ritual proibido. E ali mesmo fizeram o sacrifício, e bate-ram, e cantaram, e dançaram durante três dias e três noi-tes a preparar o presente que ainda hoje mete medo a tanta gente boa que piamente acre-dita que ‘sacrifício’ e ‘ebó’ são coisas do demônio, pelos de-mônios e para os demônios, sem atentarem, os ignorantes (no modesto sentido de igno-rar) que palavra puxa-palavra e a palavra ‘ebó’, que quer dizer ’presente’, tem o mes-mo significado de ‘oferenda’; donde também vem a palavra ‘ofertório’, tão cara aos católi-cos, como a querer dizer que em religião somos todos faro-fas do mesmo prato.

ps. 1. O Bembé do Mercado se repete há 122 anos, graças a Deus. 2. A intolerância re-ligiosa e a demonização aos atos de candomblés continu-am vigilantes e renovados. 3. Todos os candomblés do Bra-sil devem reverência aos he-róis do Bembé.

Em tempo - O cerimonial que prepara o evento da onu pre-cisa rever sua programação porque não se pode realizar um evento dessa natureza, sem a participação do maior exemplo de resistência reli-giosa do Brasil.

Non plus ultra: Quanto à ufrb, não tem jeito. Santo Amaro vai ter que recorrer a outras áreas do conhecimento, para abrir-lhe os caminhos.

palavra puxa-palavra

ao Recôncavo Açucareiro. Corro para a Internet, vigio a programação e confirmo a presença de várias entida-des negras, porém, necas de Bembé. Como pode o Bembé de Santo Amaro ficar ausente de uma parada dessa?Eis o problema: Poucos são os que sabem do Bembé do Mercado por aí afora porque esta manifestação é subes-timada pelo próprio povo da cidade. Do alto de seus recalques, de seus precon-ceitos e de suas intolerân-cias religiosas a cidade sem-pre lhe fez vistas grossas e nunca lhe dedicou estudo um sério. O próprio termo ‘bembé’, definido de forma simplista como corruptela da palavra candomblé, ofe-rece outras pistas. Ubiratan Araújo de Castro falava em bembé como uma manifes-tação de protesto, realizada nas ruas (da Costa do Marfim ao Benim), com máscaras, palavras de ordens e denún-cias, acompanhadas pelo batuque de atabaques. In-clusive, quem se der ao luxo de acessar a palavra bembé ou bembe no Youtube, verá que a manifestação também existe em várias ex-colônias do Caribe, como Cuba, Ja-maica etc, com aquela mes-ma linha rítmica nossa co-nhecida. Mais uma pista: - O que te-ria levado aqueles negros a bater seus tambores em praça pública um ano após a abolição? Uma festinha de aniversário para saudar Isa-bé, como pretende aquela

do tem seu Campus, menos Santo Amaro que ainda está a discutir, discutir e a ouvir conversa para boi dormir.

Como se não bastasse de lenga lenga, agora, de-pois que os principais cur-sos já foram agarrados por Cruz das Almas, Santo An-tônio de Jesus, Cachoeira e Feira de Santana, nos vem a conversa fiada de um Sen - sibilíssimo Reitor que des-cobriu a vocação artística da cidade que PODERIA (no futuro do pretérito, mesmo) receber um Campus deno-

minado de cecult, um Cen-tro de Tecnologias Aplicadas à Produção Cultural. Nome pomposo para designar o honroso trabalho de pesso-as que carregam e afinam os instrumentos musicais, ame-ricanamente chamadas de roadie ou, mais popularmen-te, mata cachorros, como preconceituosamente eram chamados nos circos de ou-trora.

Para resumir este papo, este Campus de Santo Ama-ro, quando chegar, virá com um estranho gosto de clister.

Leio nos jornais, duas notas do interesse de Santo Amaro. A primeira nota, publi-

cada no caderno dos municí-pios de 'A Tarde' de sábado, dia 26/09, traz a manchete: “Município será contempla-do com campus da ufrb.” Bacana!

Porém, como palavra puxa palavra, ligo o descon-fiômetro. Parece que esta

A SEGUNDA NOTA, publicada na co-luna de Levi do dia 26, informa que

a onu vai encerrar na capi-tal baiana a programação do Ano Internacional dos Afro-descendentes, dia 19 de de-zembro, quando a presidente Dilma e o secretário geral da onu, Ban Ki-moon, se reuni-rão com mais 15 chefes de Es-tados para carimbar decisões conjuntas sobre vários temas pertinentes à questão negra. Bacana também.Então, pensei: - Pronto, é a vez de Santo Amaro dar voz

augusto mattos é Cartunista, Animador e Roteirista.

Há um novo herói na cidade, o cabra da peste, o homem que não toma sopa de letras para não

comer H!

Seria ningUém umtímido repórter?

Durante o dia Everaldo recolhe o lixo da cidade.

MALDITO!

E a noite...

ningUém é incansavelmenteperseguido pela bandidagem

Um mauricinhotraumatizado?

É um mistério, ninguém sabe.

Gari,com muito orgulho!

Faço coletaseletiva!

É hora de usar minha

arma secreta!

Ê povopra sujar!

Disgrama!Acabou a maniçoba.

Assim fica difícil combater o crime e manter a

dignidade.

Vou fazeruma

lavação,lavação,lavação

...

Com tanto mau olhado, NINGUÉM não abre mão de seu banho diário de folhas de descarregoRECEBA!!!

Olha abalinha do

NINGUÉM adoça a vida e combate o

pigarro!

Céus!Ele largou

um bozó na pista.

O vigilante soteropolitano ...

NINGUÉM!

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CiênCias natUrais (3)

1- (ENEM 2009) A atmosfera terrestre é composta pelos gases nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que somam cerca de 99%, e por gases traços, entre eles o gás carbôni-co (CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3) e o óxido nitroso (N2O), que compõem o restante 1% do ar que respiramos. Os gases traços, por serem constituídos por pelo menos três átomos, conseguem absorver o calor irradiado pela Terra, aquecendo o planeta. Esse fenômeno, que acontece há bilhões de anos, é cham-ado de efeito estufa. A partir da Revolução Industrial (século XIX), a concentração de gases traços na atmosfera, em particular o CO2, tem aumentado significativamente, o que resultou no aumento da temperatura em escala global. Mais recentemente, out-ro fator tornou-se diretamente envolvido no aumento da concentração de CO2 na atmosfera: o desmatamento.

BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Concei-tos básicos sobre clima, carbono, florestas e comunidades. A.G. Moreira & S. Schwartz-man. As mudanças climáticas globais e os ecossistemas brasileiros. Brasília: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2000 (adaptado).

Considerando o texto, uma alternativa viável para combater o efeito estufa é

A) reduzir o calor irradiado pela Terra me-diante a substituição da produção primária pela industrialização refrigerada.B) promover a queima da biomassa vegetal, responsável pelo aumento do efeito estufa devido à produção de CH4.C) reduzir o desmatamento, mantendo-se, assim, o potencial da vegetação em absor-ver o CO2 da atmosfera.D) aumentar a concentração atmosférica de H2O, molécula capaz de absorver grande quantidade de calor. E) remover moléculas orgânicas polares da atmosfera, diminuindo a capacidade delas de reter calor.

Comentários: Os desmatamentos, assim como as queimadas, são responsáveis pela intensificação do efeito estufa. As plantas, durante a fotossíntese, absorvem a energia solar e o CO2, produzindo, como produtos, glicose e gás oxigênio. A extinção de áreas flo-restais por meio da ação do homem diminui o número de plantas que absorve calor e, por consequência, aumenta a quantidade de gás carbônico na atmosfera. Portanto, uma alter-nativa viável para o combate do efeito estufa, atualmente intensificado, é a redução dos desmatamentos: alternativa C.

2- (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do

13a defesaOUTUBRO – 2011

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carbono compreende diversos comparti-mentos, entre os quais a Terra, a atmosfera e os oceanos, e diversos processos que per-mitem a transferência de compostos entre esses reservatórios. Os estoques de carbono armazenados na forma de recursos não renováveis, por exemplo, o petróleo, são limitados, sendo de grande relevância que se perceba a importância da substituição de combustíveis fósseis por combustíveis de fontes renováveis. A utilização de combus-tíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca

A) aumento da porcentagem de carbono contido na Terra.B) redução na taxa de fotossíntese dos veg-etais superiores.C) aumento da produção de carboidratos de origem vegetal.D) aumento na quantidade de carbono presente na atmosfera.E) redução da quantidade global de car-bono armazenado nos oceanos.

Comentário: Os combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás natural – são compostos de carbono acumulados na crosta terrestre a partir da fossilização da matéria orgânica (animais, plantas...). Essa é a última etapa do ciclo geológico do carbono e demora milhares de anos para ocorrer. O armazena-mento do carbono impede que uma grande quantidade desse elemento se mantenha na atmosfera. Quando o homem queima os com-bustíveis fósseis para produzir energia, o car-bono, oriundo da queima na forma de CO2, retorna imediatamente à atmosfera, interfer-indo em todo equilíbrio energético do nosso planeta. O normal era que o gás carbônico retornasse em longos intervalos temporais, por meio de atividades sísmicas – terremotos e erupções, por exemplo. O homem tem en-curtado o processo de forma altamente preju-dicial. Portanto, a utilização dos combustíveis fósseis provoca o aumento na quantidade de carbono na atmosfera: alternativa D.

3- (ENEM 2009) Um novo método para produzir insulina artificial que utiliza tec-nologia de DNA recombinante foi desen-volvido por pesquisadores do Departamen-to de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a iniciativa privada. Os pesquisadores modificaram ge-neticamente a bactéria Escherichia coli para torná-la capaz de sintetizar o hormônio. O processo permitiu fabricar insulina em maior quantidade e em apenas 30 dias, um terço do tempo necessário para obtê-la pelo método tradicional, que consiste na extração do hormônio a partir do pâncreas de animais abatidos.

Ciência Hoje, 24 abr. 2001. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br (adaptado).

B) as possibilidades de fazer prevalecer id-eias e conceitos próprios, no que tange aos temas do comércio internacional e dos países em desenvolvimento, são mínimas.

C) as brechas do sistema internacional não foram bem aproveitadas para avançar posições voltadas para a criação de uma área de cooperação e associação integrada a seu entorno geográfico.

D) os grandes debates nacionais acerca da inserção internacional do Brasil foram embasados pelas elites do Império e da República por meio de consultas aos diver-sos setores da população.

E) a atuação do Brasil em termos de política externa evidencia que o país tem capaci-dade decisória própria, mesmo diante dos constrangimentos internacionais.

Comentário: O Brasil é, atualmente, a oitava economia do mundo. Este fato se deve a di-versas ações compreendidas nos dois últimos séculos. Dominada pelas elites, estas decisões comungavam com os interesses dos países de primeiro mundo, mas não com os interesses do povo. É importante não confundir sobera-nia internacional com igualdade social, uma vez que o Brasil conseguiu multiplicar sua riqueza com relações comerciais externas, mas não a distribui de forma adequada entre seu povo.

5- (ENEM 2009) Apesar do aumento da produção no campo e da integração entre a indústria e a agricultura, parte da popu-lação da América do Sul ainda sofre com a subalimentação, o que gera conflitos pela posse de terra que podem ser verificados em várias áreas e que frequentemente che-gam a provocar mortes. Um dos fatores que explica a subalimentação na América do Sul é

A) a baixa inserção de sua agricultura no comércio mundial.B) a quantidade insuficiente de mão-de-obra para o trabalho agrícola.C) a presença de estruturas agrárias arcai-cas formadas por latifúndios improdutivos.D) a situação conflituosa vivida no campo, que impede o crescimento da produção agrícola.E) os sistemas de cultivo mecanizado vol-tados para o abastecimento do mercado interno.

Comentário: A existência de grandes faixas de terras improdutivas, controladas por um numero pequeno de pessoas, enfraquece a agricultura familiar e as pequenas plantações. No Brasil, por exemplo, temos como um bom exemplo desta realidade o MST (Movimento

revisão enem questões comentadas rascunho rascunho

A produção de insulina pela técnica do DNA recombinante tem, como consequência,

A) o aperfeiçoamento do processo de ex-tração de insulina a partir do pâncreas suí-no.B) a seleção de microrganismos resistentes a antibióticos.C) o progresso na técnica da síntese quími-ca de hormônios.D) impacto favorável na saúde de indivídu-os diabéticos.E) a criação de animais transgênicos.

Comentário: A produção da insulina re-combinante é resultado do desenvolvimento da Engenharia Genética – que pode ser defi-nida como um conjunto de técnicas voltadas à manipulação do DNA. Essa área já propi-ciou o desenvolvimento de vacinas, alimentos transgênicos e de muitas substâncias. Uma vez que a insulina recombinante é produzi-da em um tempo muito menor e em maior quantidade, havendo também menor re-sistência por parte do “organismo diabético” à insulina, concluímos que a sua produção tem como consequência a melhora na quali-dade de vida dos diabéticos. A diabetes é uma doença causada sobretudo pela deficiência na produção ou funcionamento da insulina. Portanto, alternativa D: impacto favorável na saúde dos diabéticos.

CiênCias hUmanas (3)

4- (ENEM – 2009) Colhe o Brasil, após es-forço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção internacional. Há dois séculos for-mularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calo-rosos debates, pelo destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragma-tismo externo, mas o aperfeiçoou.

SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silên-cio do parlamento. Correio Braziliense, Bra-sília, 28 maio 2009 (adaptado).

Sob o ponto de vista da política externa brasileira no século XX, conclui-se que

A) o Brasil é um país periférico na ordem mundial, devido às diferentes conjunturas de inserção internacional.

revisão enem questões comentadas

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dos Sem Terra), que invadem latifúndios im-produtivos e levantam seus assentamentos. Muitas vezes estas invasões são feitas através do conflito armado com os proprietários de terra, gerando muitas vitimas. Uma solução para esta questão seria uma política de refor-ma agrária eficiente.

6- (ENEM 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e pro-cessos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão

A) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.B) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.C) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.D) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.E) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.

Comentário: Os conflitos mencionados são a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. An-tes da Primeira Guerra Mundial, a Europa vivenciava a expansão da segunda revolução industrial, enquanto o antigo sistema colo-nialista ruía. Diversos países perderam suas fontes de riquezas enquanto outros avança-vam tecnologicamente. Essas disparidades econômicas, tecnológicas e sociais iniciar-am uma onda de desconfiança entre países vizinhos. O nacionalismo e o totalitarismo aparecem como uma forma de estabilizar a sociedade e fortalecer a nação, respaldados por um apelo racial criado com base no Dar-winismo Social.

LingUagEns (2)

7- (ENEM 2009)

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,Soluçando nas trevas, entre as gradesDo calabouço olhando imensidades,Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandezaQuando a alma entre grilhões as liberdadesSonha e, sonhando, as imortalidadesRasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadasNas prisões colossais e abandonadas,Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,que chaveiro do Céu possui as chavespara abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Flori-anópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacio-nados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.B) a prevalência do lirismo amoroso e in-timista em relação à temática nacionalista.C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas uni-versais.D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

Comentário: O Simbolismo foi um movi-mento artístico surgido na segunda metade do século XIX em oposição ao Realismo e ao Naturalismo, vigentes à época. Caracteriza-se pela abordagem de temas místicos, subje-tivos e universais. Na literatura, há predom-inância de refinamento estético e de textos que privilegiam a musicalidade (aliterações e assonâncias também são muito comuns), assim como podemos notar no poema em questão: temática voltada à alma e às questões existenciais do homem, por meio de uma linguagem rebuscada e da adoção de formas tradicionais (soneto). O Simbolismo inicia-se no Brasil em 1893, com a publi-cação das obras “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Sousa. Portanto, alternativa C.

8- (ENEM 2009)

Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?

Cliente – Estou interessado em financia-mento para compra de veículo.

Gerente – Nós dispomos de várias modali-dades de crédito. O senhor é nosso cliente?

Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.

Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Pas-sa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

Na representação escrita da conversa tel-efônica entre a gerente do banco e o cli-

15a defesaOUTUBRO – 2011

a defesaOUTUBRO – 201114

ente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido:

A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informali-dade.B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco.C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).D) à intimidade forçada pelo cliente ao for-necer seu nome completo.E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.

Comentário: A nossa língua possui um con-junto de variações a depender do contexto cultural, social e histórico em que é utiliza-da. No início do diálogo, o discurso possuía características que expressavam maior for-malidade - inerente ao tipo de relação esta-belecida entre os interlocutores: gerente de banco e cliente. Quando se revelou a proximi-dade entre eles, quando ambos descobriram que se conheciam, a fala da gerente mudou completamente de forma, ganhando maior “liberdade” e “desprendimento”. Assim, é possível dizer que é verdadeira a alternativa A: à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade.

matEmÁtiCa (2)

9- (ENEM 2009) Na tabela, são apresenta-dos dados da cotação mensal do ovo extra branco vendido no atacado, em Brasília, em reais, por caixa de 30 dúzias de ovos, em alguns meses dos anos 2007 e 2008.

De acordo com esses dados, o valor da me-diana das cotações mensais do ovo extra branco nesse período era igual a

A) R$ 73,10.B) R$ 81,50.C) R$ 82,00.D) R$ 83,00.E) R$ 85,30.

Comentários: A mediana é uma medida de tendência central, isto é, é o valor que divide a amostra ao meio. Organizando os valores em ordem crescente, se o número de elementos de uma amostra for ímpar, como no caso das cotações acima, a mediana corresponderá ao elemento médio. Assim:

Cotações mensais em ordem crescente

R$ 73,10R$ 81,60R$ 82,00R$ 83,00 – mediana das cotações – termo médio

rascunho rascunhorevisão enem questões comentadas revisão enem questões comentadas

R$ 84,00R$ 84,60R$ 85,30

10- (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas fez um orçamento inicial para organizar uma festa, que seria dividido entre elas em cotas iguais. Verificou-se ao final que, para arcar com todas as despesas, faltavam R$ 510,00, e que 5 novas pessoas haviam in-gressado no grupo. No acerto foi decidido que a despesa total seria dividida em partes iguais pelas 55 pessoas. Quem não havia ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma das 50 pessoas do grupo inicial deveria contribuir com mais R$ 7,00.

De acordo com essas informações, qual foi o valor da cota calculada no acerto final para cada uma das 55 pessoas?

A) R$ 14,00.B) R$ 17,00.C) R$ 22,00.D) R$ 32,00.E) R$ 57,00.

Comentário: Lendo atentamente os dados da questão, temos que, depois de juntar a contribuição inicial das 50 pessoas, ainda fal-tavam R$ 510,00 para arcar com as desp-esas. Se a contribuição deve ser igual para as 55 pessoas e, depois de as 5 posteriores con-tribuírem, cada uma das 50 anteriores deram mais R$ 7,00, concluímos que:

50 x 7 = R$ 350

Dos R$ 510 a serem pagos, R$ 350 foram dados pelas pessoas iniciais, o que nos leva a concluir que R$ 160,00 (510 – 350) cor-respondem à soma das quantias dadas pelas 5 pessoas posteriores. Cada uma então con-tribui com 160 / 5 = R$ 32,00.

Page 9: Fundado em 29 de Abril de 1939 a defesa por João Dácio Serra a defesa... · alizado o primeiro concurso vestibular. [pág 7. E sta, ... Para o professor Jorge Por- ... capacitando-os

Muita gente ao ver cenas gra-tuitas de sexo bem na hora

do jantar das crianças pensa que no mundo das telenove-las tudo é permitido.

Ledo engano, na verdade, muitos tabus persistem nos capítulos dos nossos folhe-tins prediletos.

Há uma contradição sur-preendente entre as cenas mostradas e a linguagem utilizada. O bronco telespec-tador pode ver cenas que as pornô chanchadas dos anos 1970 sequer ousavam mos-trar, mas a linguagem é cas-tiça, censurada mesmo. Na velha pornô chanchanda o palavrão corria solto, falava--se como nos botecos e pros-tíbulo pornô do Rio saudoso. Nas novelas, onde a lingua-gem é censurada, usa-se ex-pressões paliativas como “caracas” “filho de uma cade-la” ou “vá tomar caju”...Só re-centemente o termo “veado” aparece no lugar do genérico “bicha” nos xingamentos ho-mofóbicos. Mas não apenas o português é censurado, existe uma pletora de assuntos – ta-bus que os melhores folhe-tins insistem em esconder. São fatos normais no dia a dia do brasileiro, proibidos ao te-lespectador manipulado. Um tema silenciado é o papel das igrejas evangélicas no Brasil.

Ora, sabemos que uns 30% da nossa população professam alguma das mui-tas seitas protestantes que têm seus pequenos ou gran-des templos a cada esquina. Quem é que ignora que uns 90% dos cinemas fora dos shoppings se transformaram em igrejas evangélicas? Ape-nas a novela “Duas Caras” apresentou uma pequena igreja evangélica na favela da “Portelinha”. Nos capítulos das novelas somente domés-ticas amalucadas frequen-tam igrejas protestantes e são sempre roubadas por “pasto-res” velhacos.

Já a Santa Madre Igreja de Roma recebe toda propa-ganda possível, é frequentada

As telenovelas e seus tabus

a defesaOUTUBRO – 201116

Por João Rodrigues

por gente de bem, realizam milagres e uma enxurrada de casamentos nos capítu-los finais, ouve-se a marcha nupcial de Mendelsohn com mais freqüência que o hino nacional nas Olimpíadas.

É raro um casal juntar-se apenas no civil, isso só acon-tece com bandidos em fuga. Não sei se a Santa Sé tem al-gum convênio com a TV bra-sileira para fazer tanta propa-ganda.

Mais um tabu é a ausên-cia de militares entre os per-sonagens importantes. Lem-bro de um feito por Edson Celulari na novela “Coisas da Vida”, ele representava um major das Forças Aérea mas a personagem de Ana Paulo Ai-rósio acaba por enche-lo de chifres.

Outro tabu é a maçona-ria. Na vida real, quem não tem na família um pai ou tio membro desta sociedade? Nas novelas ninguém tem, mas o tema super proibido é o suicídio. Ninguém se mata nas novelas, na vida real é assunto corriqueiro, mas os diretores de telenovelas são kardecistas, fogem do tema como o diabo da cruz.

O espiritismo é assunto recorrente, “Eguns” de ronda aparecem mesmo gratuita-mente nos folhetins e não as-sustam ninguém! Durma-se com um barulho (de corren-tes) desses.

E quanto aos hábitos e costumes de nosso dia a dia, recebemos mensagens rí-gidas de comportamento, a novela diz que está certo por que discutir?

Alimentação: só pessoas grosseiras comem carne ver-melha, é vulgar pedir um su-culento churrasco, gente de bem só come filé de badejo, haddock com salada verde. Tomar vinho é chic e faz bem à saúde. Os novos ricos be-bem champanhe o dia todo, já começam no café da ma-nhã, coisa estúpida.

Os machões têm direi-to às suas talagadas de bom whisky mas cachaça, só mes-mo para os personagens

marginais, na mira da polícia.Agora os jovens já tomam

cerveja nas baladas e até mostram o rótulo da marca patrocinadora.

E os remédios? Só doen-tes terminais podem tomá--los. As pessoas curam todos os traumas e conseguem dormir com um chazinho de camomila . Lembro que na novela “Duas caras”, a perso-nagem de Marília Pêra toma-va seus “tarjas-pretas” para relaxar, e como castigo teve que transformar-se na mais ativa assistente social e líder político da Portelinha.

Outra coisa interessante do folhetim é que ele nos afasta da vida real e acabamos por aceitar todos os absurdos como fatos normais. Um de-les é o “Pó de Perlimpimpim” que move pessoas de um de um ponto para o outro da ter-ra sem aeroportos , conexões, passaportes ou filas. Viajava--se do Marrocos para o Brasil em minutos como em uma ponte aérea. Ora, entre o Bra-sil e o citado país africano se-quer existemaa voos diretos, é preciso fazer uma incomo-da escala em Paris ou Madrid e a passagem é bem cara.

Mas a mentira mais ca-beluda é a maneira como se dribla a barreira da linguísti-ca. Vive-se num mundo ma-ravilhoso em que a maldição da Torre de Babel não deixou marcas. Na novela “América” um grupo de brasileiros cai-piras vai residir em Miami e conversa com americanos como conterrâneos.

No folhetim “Caminhos das Índias”, senhoras de pouca cultura do Brasil e do Rajastão batem papo como velhas amigas no fundo do quintal. Uma falante de por-tuguês outra de Hindi! Para que pudessem conversar, as duas teriam que ser fluentes em inglês, coisa muito rara no Brasil.

Apesar de todos esses absurdos, viciamos nas tele-novelas, aceitando-as como parte da vida real a ponto de não podermos passar sem elas.

pode e não podetelevisão

Que o Recôncavo Baiano é o berço do sam-ba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda, gêne-ro musical recentemente proclamado como Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanida-de pela UNESCO. poDE.

Ser lembrada ape-nas na sua musicalidade pelo sucesso de filhos ilustres como Caetano, Bethânia e Roberto Men-des e somente agora, nos 100 anos de Assis Valen-te. não poDE!

Que a festa da Boa Morte, em Cachoeira, seja uma das mais repre-sentativas da ancestrali-dade africana do Recôn-cavo Baiano. poDE.

Que o Bembé de Santo Amaro, de igual importância histórica e cronológica, seja pouco divulgado e não caiba nos anais da nossa histó-ria ancestral. não poDE!

Que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) tenha campi espalhados pelas cidades de Cruz das Almas, Santo

Antônio de Jesus, Madre de Deus, Amargosa, Ca-choeira. e São Miguel das Matas. poDE

Que não haja qual-quer representação da mesma UFRB no muni-cípio de Santo Amaro. não poDE!

Entregar a Meda-lha do Mérito Meio Am-biente Rio Subaé, a per-sonalidades e instituições com relevantes serviços prestados ao meio am-biente conforme Projeto de Decreto Legislativo nº 39/2011, de autoria da Comissão de Meio Am-biente, Direitos Humanos e Defesa do Consumi-dor, de Feira de Santana, poDE.

Manter apenas na promessa as obras de re-vitalização das nascentes e de toda a Bacia do rio Subaé. não poDE!

Casal recente viver em aparente harmonia conjugal poDE.

Ela, alegando con-sulta medica, viajar toda semana pra Salvador e ter sido encontrada em clima romântico com antigo co-lega de ginásio no Parque da Cidade, não poDE!