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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RODÔNIA
NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA-NCET
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE MÉTODOS DE TRATAMENTO
DE ÁGUA EM ESCALA DOMICILIAR EM UMA COMUNIDADE
RIBEIRINHA NO AMAZONAS
CÉLIA CEOLIN BAÍA
Porto Velho/RO
2015
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RODÔNIA
NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA-NCET
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE MÉTODOS DE TRATAMENTO
DE ÁGUA EM ESCALA DOMICILIAR EM UMA COMUNIDADE
RIBEIRINHA NO AMAZONAS
CÉLIA CEOLIN BAÍA
Orientador: Profº. Dr. Márcio Rodrigues Miranda
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado
como requisito para obtenção do grau de
Bacharel e Licenciado em Ciências
Biológicas, apresentado à Universidade
Federal de Rondônia – UNIR.
Área de Concentração: Biogeoquímica
Ambiental
Porto Velho/RO
2015
CÉLIA CEOLIN BAÍA
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE MÉTODOS DE TRATAMENTO
DE ÁGUA EM ESCALA DOMICILIAR EM UMA COMUNIDADE
RIBEIRINHA NO AMAZONAS
Data da Aprovação ___/___/___.
Conceito:_____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profº. Drº. Márcio Rodrigues Miranda
Orientador
______________________________________
Profª. Drª. Rubiani de Cassia Pagotto
Examinador 1
______________________________________
Profª. Drª. Elieth Afonso de Mesquita
Examinador 2
A todos aqueles que de alguma forma
estiveram е estão próximos de mim, fazendo
esta vida valer cada vez mais а pena.
AGRADECIMENTOS
Enquanto escrevo este singelo agradecimento, me vêm à memória tantas pessoas
que contribuíram de forma positiva durante minha vida acadêmica.
Primeiro, ao digno de todo louvor e toda honra, obrigada Deus!
Minha família, meu bem mais precioso! Obrigada, vocês são simplesmente
demais, agradeço pelo apoio financeiro, emocional e espiritual. Minha “mãezinha”
Marly, você foi um dos motivos para eu nunca desistir. Amo vocês!
Meus amigos, ou melhor, meu “bando”! Da universidade não vou levar apenas o
título de bióloga, mas também amigos para a vida toda! Cássio, Cristiane, Dayana,
Ingrid, Késia, Fernanda e Paula, vivemos momentos únicos e especiais. A vocês minha
eterna gratidão.
Magda e Taylane, obrigada pelos conselhos e consolos, com vocês consigo rir e
chorar ao mesmo tempo! Vocês fazem parte dessa conquista.
Aos integrantes do Laboratório de Biogeoquímica, obrigada pelas conversas e
paciência para comigo, sou grata a todos, em especial ao Walkimar que me auxiliou
bastante nas análises. Valeu Walk!
Agradeço também ao profº. Wanderley pelas oportunidades e por todo o apoio
durante esse projeto, ele, que com poucas palavras (às vezes muitas!) nos ensina muitas
coisas! Grata!
Ao Prof. Márcio, não poderia ter arranjado orientador mais doido, combinamos
certinho! Obrigada por tudo.
Grata também pelo apoio do profº Caetano e de seu aluno Félix, obrigada pela
oportunidade e ensinamentos.
“Em tudo quanto for fazer, lembre-se de colocar Deus em primeiro lugar, Ele guiará os
seus passos para o caminho do sucesso”.
Provérbios 3:6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................9
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................10
LISTA DE QUADROS........................................................................................................11
LISTA DE SIGLAS.............................................................................................................12
RESUMO..............................................................................................................................13
ABSTRACT..........................................................................................................................14
INTRODUÇÃO....................................................................................................................15
1 OBJETIVOS....................................................................................................................17
1.1 Objetivo Geral..................................................................................................................17
1.2 Objetivos Específicos.......................................................................................................17
2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................18
2.1. Recursos Hídricos............................................................................................................18
2.2. Água e Saúde...................................................................................................................19
2.2.1. Saneamento Básico.......................................................................................................19
2.2.2. Qualidade da água........................................................................................................23
2.2.2.1 Indicadores de qualidade............................................................................................24
2.2.3. Doenças transmissíveis..................................................................................................25
2.2.3.1. Doenças de veiculação hidríca...................................................................................25
2.4. Métodos de tratamento da água.......................................................................................26
2.4.1. Tratamento domiciliar...................................................................................................27
2.4.2. Desinfecção...................................................................................................................28
2.4.2.1. Desinfecção por agente químico: Cloro.....................................................................29
2.4.2.2. Desinfecção por agente físico: Sistema SODIS.........................................................31
2.5. Comunidades ribeirinhas Amazônicas x Saneamento básico..........................................34
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................35
3.1. Área de estudo...............................................................................................................35
3.1.1 Lago do Puruzinho.......................................................................................................35
3.1.2. Características da população do Lago do Puruzinho..................................................35
3.2. Metodologia...................................................................................................................37
3.2.1. Coleta..........................................................................................................................37
3.2.2. Análise da turbidez e coliformes termotolerantes (E. coli).........................................37
3.2.3. Análises dos dados.....................................................................................................38
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................40
4.1. Fontes de abastecimento.................................................................................................40
4.2. Turbidez............................................................................................ ...40
4.3. Coliformes Termotolerantes............................................................... ....41
4.3.1. Eficiência de Remoção.................................. ............................... ......47
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................. ....49
5.1. Conclusão.........................................................................................................................49
5.2 Recomendações.................................................................................................................49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. ........50
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1. Metodologia SODIS......................................................................................32
Figura 3.1. Localização do Lago do Puruzinho...............................................................35
Figura 3.2. Cacimba típica – Comunidade Lago do Puruzinho.......................................36
Figura 3.3. Métodos de tratamento de água da comunidade do lago do Puruzinho........37
Figura 3.4. Kit Del’Agua.................................................................................................38
Figura 3.5. Análise bacteriológica...................................................................................38
Figura 3.6. Tubo para medição de turbidez.....................................................................38
Figura 4.1. Percentual de casas com presença e ausência de coliformes termotolerantes
(E.coli).............................................................................................................................43
Figura 4.2. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas sem tratamento....43
Figura 4.3. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas com cloração.......44
Figura 4.4. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas com SODIS.........45
Figura 4.5 Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas submetidas à
cloração e sistema SODIS...............................................................................................46
Figura 4.6 Remoção de E.coli por cloração domiciliar e sistema Sodis.........................49
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1. Informações básicas sobre as bacias hidrográficas brasileiras.....................19
Tabela 2.2. Níveis de atendimento com água e esgotos do ano de 2012 segundo região
hidrográfica e Brasil........................................................................................................22
Tabela 3.6. Métodos físicos para tratamento de água a nível familiar............................28
Tabela 3.7. Métodos químicos ou físico-químicos para tratamento de água a nível
familiar............................................................................................................................28
Tabela 4.1. Média da turbidez do lago do Puruzinho.....................................................40
Tabela 4.2. Média da turbidez do poço da comunidade.................................................40
Tabela 4.3. Média da turbidez das cacimbas na comunidade.........................................41
Tabela 4.4. Média da turbidez no Igarapé.......................................................................41
Tabela 4.5. Números de casas para respectivos tratamentos...........................................42
Tabela 4.6 Remoção de Coliformes Termotolerantes (E.coli)........................................47
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1. Exemplos dos efeitos das ações do saneamento na saúde..........................23
Quadro 2.2. Principais doenças de veiculação hídrica....................................................26
LISTA DE SIGLAS
CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
EAWAG - Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática
ITB – Instituto Trata Brasil
OMS - Organização Mundial da Saúde
PROSAB – Programa de Pesquisas em Saneamento Básico
SANDEC - Departamento de Saneamento e Água para Países em Desenvolvimento
SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SODIS – Desinfecção Solar da Água
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
RESUMO
Uma grande parcela da população não usufrui dos benefícios trazidos dos produtos e
serviços oferecidos pela produção capitalista, vivendo sem condições básicas
necessárias a vida. Um dos requisitos básicos e cruciais para uma boa qualidade de vida
inclui a promoção da saúde. As incidências de doenças relacionadas à água são muito
altas em locais remotos e isolados. Dentre as comunidades remotas e/ou isoladas, as
populações ribeirinhas se destacam, mas a maioria não tem acesso a água potável, fator
que potencializa a incidência de doenças de veiculação hídrica. Nesse contexto, os
empregos de técnicas domiciliares para o abastecimento de água servem para minimizar
ou destruir a ação dos microrganismos patogênicos. Dentre essas técnicas destaca-se a
desinfecção por cloração domiciliar e a desinfecção solar da água (SODIS). Sendo o
objetivo do presente trabalho, avaliar a eficiência dos mesmos na remoção de
coliformes termotolerantes em uma comunidade ribeirinha amazonense. O estudo foi
realizado na comunidade do Lago do Puruzinho, situada na margem esquerda do Rio
Madeira (AM). Para a análise bacteriológica utilizou-se a técnica membrana filtrante
(APHA, 1992), método de análise quantitativo que permite determinar o número de
unidades formadoras de colônias (UFC) dos microrganismos. A turbidez foi medida em
Unidades Nefelométricas de Turbidez (NTU) através de um tubo de medição. A
cloração e o SODIS apresentaram eficiência na remoção de coliformes termotolerantes
(Escheria coli). 34,51% das águas para consumo alcançaram um padrão
microbiologicamente potável durante o período de coleta. O que se percebe é que a
adoção de um tratamento domiciliar por parte das famílias não implicou na continuação
do mesmo para a maioria. Além disso, o próprio manuseio incorreto e sem higiene
afetou a qualidade da água de forma negativa da fonte até o consumo. Apesar da
eficiência dos tratamentos de escala domiciliar, o aperfeiçoamento dessas técnicas é
requerido para o melhoramento da potabilidade da água, principalmente pela população
local.
Palavras-chave: água; amazonas; comunidade ribeirinha; sodis; tratamento de água
ABSTRACT
A large portion of the population does not enjoy the benefits brought the products and
services offered by capitalist production, living without basic conditions for life. One of
the basic and crucial requirements for a good quality of life includes health promotion.
The incidences of water-related diseases are very high in remote and isolated locations.
Among the remote and / or isolated communities, coastal communities stand out, but
most do not have access to clean water, a factor that enhances the incidence of
waterborne diseases. In this context, the jobs of home techniques for water supply serve
to minimize or destroy the action of pathogenic microorganisms. Among these
techniques there is the disinfection home chlorination and solar water disinfection
(SODIS). Since the objective of this study was to evaluate their efficiency in removing
fecal coliform in an Amazon river community. The study was conducted in the
community of Lake Puruzinho, situated on the left bank of the Madeira River (AM). For
bacteriological analysis used the membrane filter technique (APHA, 1992), quantitative
analysis method of determining the number of colony forming units (CFU) of
microorganisms. The turbidity was measured in Nephelometric Turbidity Units (NTU)
through a measuring tube. Chlorination and presented SODIS efficiency in removing
fecal coliform (Escheria coli). 34.51% of consumption for water reached a
microbiologically safe drinking pattern during the collection period. What is noticeable
is that the adoption of a home treatment by households not involved in the continuation
of the same for most. In addition, the own mishandling and unhygienic affect quality
negatively water from source to consumption. Despite the efficiency of home-scale
treatments, the improvement of these techniques is required for the improvement of
drinking water quality, mainly by locals.
Keywords: water; chlorine; riverside community; sodis
15
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento econômico foi por muito tempo visto pelos países não
desenvolvidos como uma porta para promoção do aumento de qualidade de vida da
população. Embora uma grande porção tenha alcançado tal feito, uma parcela
significativa da população desses países não desfrutou dos benefícios trazidos pelo
desenvolvimento, vivendo em condições impróprias e muitas vezes sem acesso a
condições básicas para uma vida adequada. Um dos motivos para isso é a incapacidade
dessas partes excluídas de adquirir os produtos gerados pela capitalização, tanto pela
falta de acesso as essas tecnologias quanto pela impossibilidade de obter os bens e
serviços (LOBO et al., 2013).
Um dos requisitos básicos e cruciais para uma boa qualidade de vida inclui a
promoção da saúde. As incidências de doenças relacionadas à água são muito altas em
locais remotos e isolados. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2014), se
os governos investissem em água, higiene e saneamento básico, 10% das doenças
registradas no mundo seriam evitadas.
Dentre as comunidades remotas e/ou isoladas, as populações ribeirinhas se
destacam, principalmente por perfazerem um grande percentual de habitantes na
Amazônia. Entretanto, a maioria desses ribeirinhos não tem acesso à água potável, fator
que potencializa a incidência de doenças de veiculação hídrica. Nesse contexto, os
empregos de técnicas domiciliares para o abastecimento de água servem para minimizar
ou destruir a ação dos micro-organismos patogênicos, contribuindo para a redução das
incidências de moléstias relacionadas à água.
Entre essas técnicas individuais, destacam-se aqui os métodos de desinfecção
por cloração e radiação solar. O uso do cloro, em suas diversas espécies químicas, é
bastante conhecido no tratamento de água. O cloro é um tipo de desinfetante que age na
estrutura celular do patógeno. A desinfecção física por meio da radiação solar (Solar
Disinfection – SODIS) é uma tecnologia social que é largamente empregada na Ásia,
Europa e América. O sistema SODIS parte do princípio de inativação de patógenos
pelos raios UVA e infravermelhos. Tanto a cloração domiciliar quanto a desinfecção
solar são tecnologias simples, de baixo custo e de fácil aplicação. Contribuem para
elevar o nível de potabilidade microbiológica das águas para consumo.
16
No Brasil, o principal desafio para o saneamento básico é desenvolver
estratégias de saneamento que alcance populações isoladas sem afetar a identidade das
mesmas, com soluções independentes e diferenciadas (HOSOI, 2011).
Nesse contexto, o estudo da eficiência de métodos alternativos para o tratamento
e abastecimento de água auxilia na disseminação desses métodos para as comunidades
não só isoladas, mas que, mesmo em ambientes urbanos, não conseguem obter água
potável. Além disso, estudos dessas vias de desinfecção, podem levar à otimização das
mesmas.
17
1 OBJETIVOS
1.1 OBJETIVO GERAL
O principal objetivo do presente projeto constitui em avaliar a capacidade de
métodos de desinfecção em escala domiciliar em uma comunidade ribeirinha, e propor
aprimoramento dos métodos voltados para as realidades e condições da população.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.2.1 Analisar a eficiência da desinfecção solar na inativação da bactéria
Esherichia coli;
1.2.2 Analisar a eficiência da cloração domiciliar na inativação da bactéria
Esherichia coli;
1.2.3 Realizar um comparativo entre o sistema de desinfecção solar e a cloração
domiciliar;
18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 RECURSOS HÍDRICOS
A importância da água para o funcionamento da vida em todos os níveis de
atividade biológica é constatada pela sua presença indispensável no metabolismo dos
seres vivos e também na manutenção do equilíbrio ecológico. Para a biologia humana a
água é primordial para manter sua fisiologia, conforto e higiene (BICUDO; TUNDISI;
SHCEUENSTUHL, 2010).
O planeta Terra possui uma área de 360 milhões de km² de sua superfície
ocupada por água (MARENGO, 2008). Deste volume, 97% correspondem à água
salgada (oceanos e mares), 2,2% equivalem às geleiras, e 0,8% corresponde à água doce
(97% de águas subterrâneas e 3% de águas superficiais). Da fração de 0,8% de água que
pode ser utilizada para o abastecimento público, 3% equivale a porção mais acessível e
de fácil extração. A partir desses valores, entende-se a importância da preservação e
bom gerenciamento dos recursos hídricos na Terra, principalmente da pequena fração
mais facilmente disponível (SPERLING, 2005).
Segundo Lima (2001), a produção hídrica do Brasil corresponde a 674.918,9
m³/km².ano. O país ocupa uma posição privilegiada no mundo, entretanto há grandes
diferenças regionais, evidenciado pela abundância na Amazônia e grandes limitações
hídricas no Nordeste (TUCCI, et al., 2001). A bacia Amazônica cobre 73% da produção
de água doce do país enquanto abriga apenas 5% da população. Ou seja, para os 95% da
população restante, a disponibilidade de recursos hídricos é apenas 27% (LIMA, 2001)
(Tabela 2.1).
São vários os setores que usam a água como insumo necessário para suas
atividades. Destacam-se os seguintes: agricultura e irrigação, energia hidrelétrica,
transporte hidroviário, indústrias, pesca e agricultura e turismo e lazer (BRASIL, 1998).
19
Tabela 2.1. Informações básicas sobre as bacias hidrográficas brasileiras. *Anuário,
1996; **Produção hídrica apenas em território brasileiro
Fonte: Adaptado de LIMA (2001)
2.2 ÁGUA E SAÚDE
Calcula-se que cerca de 10% das doenças em escala global são devidas à má
qualidade da água, às péssimas condições de higiene e deposição inadequada de
excretas (PRÜSS-ÜSTÜN et al., 2008). O conhecimento sobre as doenças
transmissíveis, principalmente as de veiculação hídrica, tem grande importância à saúde
pública devido a três fatores: (I) quantidade em que ocorrem na população; (II) sua
distribuição social, já que são mais frequentes nas camadas mais desassistidas da
população; e (III) efeito danoso à saúde física, mental e social do indivíduo. Das
medidas de prevenção da saúde pública às doenças transmissíveis, o saneamento básico
é principal delas (SENAR, 2015).
2.2.1 Saneamento básico
“A inter-relação entre o uso da água e a qualidade requerida é direta”
(SPERLING, 2005, p. 19). O Saneamento básico tem uma grande relação não só com a
saúde pública, mas também com o meio ambiente, com o desenvolvimento urbano,
tecnológico e habitacional. Todos esses fatores contribuem para o desenvolvimento das
civilizações, permitindo as populações usufruírem dos benefícios do saneamento
(CELPE/CHESF; COMPESA; SAAE, 1991 apud ZAPPAROLI, 2008).
Nº Bacia
Hidrográfica
Área 10³
km² % População*
Densidade
hab/km²
Vazão
m³/s Produção hidríca
Disponibilidade
per capita
m³/hab.ano
Habitante % km³/ano %
1 Amazônica** 3900 45,8 6.687.893 4,3 1,7 133.380 4206 73,2 628.938,24
2 Tocantins 757 8,9 3.503.365 2,2 4,6 11.800 372 6,5 106.219,25
3 Atlântico Norte/
Nordeste 1029 12,1 31.253.068 19,9 30,4 9.050 285 5,0 9.131,93
4 São Francisco 634 7,4 11.734.966 7,5 18,5 2.850 90 1,6 7.658,96
5 Atlântico Leste 545 6,4 35.880.413 22,8 65,8 4.350 137 2,4 3.823,30
6a Paraguai** 368 4,3 1.820.569 1,2 4,9 1.29 41 0,7 22.345,45
6b Paraná 877 10,3 49.924.540 31,8 56,9 11.000 347 6,0 6.948,41
7 Uruguai ** 178 2,1 3.837.972 2,4 21,6 4.150 131 2,3 34.099,88
8 Atlântico Sudeste 223 2,6 12.427.377 7,9 55,5 4.300 136 2,4 10.911,78
Brasil 8512 100 157.070.163 100 18,5 182.170 5745 100 36.575,46
20
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento pode ser
definido como o controle dos meios físicos que exercem efeitos nocivos no bem-estar
físico, mental e social do indivíduo (SOUSA, 2009). Outro conceito refere-se a “um
conjunto de medidas, visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente,
com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde” (SENAR, 2015, p. 30).
A importância do saneamento remota às mais antigas culturas. Seu
desenvolvimento segue os avanços das antigas civilizações. Onde havia retrocessos das
mesmas, consequentemente havia recuo do saneamento, assim como o ressurgimento ou
aparecimento de outras civilizações significava progressão de medidas sanitaristas. A
inexistência de meios de comunicação é a possível razão para as interrupções dos
avanços de saneamento básico. Muitas descobertas e avanços de épocas remotas foram
esquecidos por séculos por esses conhecimentos não se propagarem para outras regiões.
Apenas no século XX que a preocupação com a qualidade da água se intensificou, desde
a captação da água até o consumo, em virtude de muitas descobertas onde vários
cientistas constataram a conexão da água com a transmissão de doenças (GUIMARÃES
et al., 2007).
No que se refere à água e saneamento básico em escala global, podemos destacar as
seguintes informações:
768 milhões de pessoas no mundo ainda não possuem acesso à água potável
(UNESCO, 2014);
Até 2050, 40 % da população mundial estará vivendo em áreas com pouco
acesso a água (UNESCO, 2014);
Estima-se que 80% de toda água usada no mundo não é coletada nem tratada
(UNESCO, 2014);
36% da população mundial viviam sem um saneamento adequado, sendo 73%
corresponde à área rural (UNICEF; OMS 2015);
De 1990 para 2012, a cobertura de saneamento adequado aumentou de 49 para
64% (UNICEF; OMS 2015);
946 milhões de pessoas continuam fazendo suas necessidades fisiológicas ao ar
livre, o que é um fator problemático já que representa um eixo de doenças e
contaminação de água (UNICEF; OMS, 2015);
15% da população mundial não tem acesso a banheiros (OMS; UNICEF, 2014);
21
Estima-se que 3,5 milhões de pessoas no mundo morrem devido a condições
impróprias de abastecimento de água por ano (OMS; UNICEF, 2014);
Cerca de 1,5 milhões de crianças menores de cinco anos de idade morrem por
ano em razão das dificuldades relacionadas ao abastecimento inadequado de
água (OM; UNICEF, 2014);
Por dia, 2.195 crianças morrem em consequência da diarreia (OMS; UNICEF,
2014);
Se os governos investissem em água, higiene e saneamento básico, 10% das
doenças registradas no mundo seriam evitadas (OMS; UNICEF, 2014).
No Brasil, as principais causas de doenças estão relacionadas à falta ou inexistência
de sistemas de saneamento. A escassez e as fragilidades da distribuição de água potável
e de coleta de esgoto são os principais motivos de doenças intestinais (MARTINETI et
al., 2007). Sobre os dados de saneamento básico no Brasil, destacam-se as seguintes
informações:
34 milhões de brasileiros não possuem acesso à água encanada (BRASIL, 2012);
Cerca de 103 milhões de pessoas não estão ligadas ao sistema de esgoto
(BRASIL, 2012);
Dos esgotos gerados, 38,7% são tratados (BRASIL, 2012);
No ano de 2013 foram registrados mais de 340 mil internações por doenças
gastrointestinais (ITB; CEBDS, 2014);
Estima-se que em 2013, 300 mil trabalhadores se afastaram do trabalho devido a
diarreia (ITB & CEBDS, 2014).
A Tabela 2.2 retrata os níveis de atendimento com água e esgoto para os municípios
segundo as grandes regiões do país no ano de 2012.
22
Tabela 2.2. Níveis de atendimento com água e esgotos do ano de 2012 segundo região
hidrográfica e Brasil. Nota: para o cálculo do índice de tratamento dos esgotos gerados
(IN046) estima-se o volume de esgoto gerado como sendo igual ao volume de água
consumido
Região
Índice de atendimento com rede (%) Índice de tratamento dos
esgostos (%)
Água Coleta de esgotos Esgotos
gerados
Esgotos
coletados
Total Urbano Total Urbano Total Total
(IN₀₅₅) (IN023) (IN056) (IN024) (IN046) (IN016)
Norte 55,2 68,6 9,2 11,9 14,4 85,1
Nordeste 72,4 89,5 22,2 29,4 31 81,2
Sudeste 91,8 97 75,4 80,3 42,7 63,6
Sul 87,2 97,2 36,6 42,7 36,2 79,7
Centro-Oeste 88 96,5 42,7 47,1 44,2 90
Brasil 82,7 93,2 48,3 56,1 38,7 69,4
Fonte: Adaptado de BRASIL (2012)
A população residente na Bacia Hidrográfica Amazônica possui menos acesso à
água tratada e à rede coletora de esgoto quando comparado à média nacional. Isso pode
estar relacionado: ao isolamento de alguns municípios ou comunidades; a falta de
investimentos públicos; a carência de mão de obra especializada; e a insuficiência
tecnológica voltada para a realidade da região (MAGALHÃES, 2010).
No quadro 2.1 os principais efeitos do saneamento na saúde são apontados, segundo
o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004a apud SENAR, 2015).
23
Quadro 2.1. Exemplos dos efeitos das ações do saneamento na saúde
Água de boa qualidade para o consumo humano e
seu fornecimento contínuo asseguram
a redução e controle de:
Diarreias, Cólera, Dengue, Febre Amarela,
Hepatites, Conjuntivites, Poliomielite, Escabioses,
Leptospirose, Febre Tifoide, Esquistossomose
e Malária.
Coleta regular, acondicionamento e destino
final bem equacionado do lixo diminuem a
incidência de casos de:
Peste, Febre Amarela, Dengue, Toxoplasmose,
Leishmaniose, Cisticercose, Salmonelose,
Teníase, Leptospirose, Cólera e Febre Tifoide.
Drenagem e esgotamento sanitário são fatores
que contribuem para eliminação de:
Diversos vetores, Diarreias, Verminoses,
Esquistossomose,
Cisticercose e Teníase.
Melhorias sanitárias domiciliares e de habitação
rural estão diretamente relacionadas
com a redução de:
Doença de Chagas, Esquistossomose, Diarreias,
Verminoses, Escabioses, Tracoma e Conjuntivites.
Fonte: Adaptado de SENAR (2015)
2.2.2 Qualidade da água
A qualidade da água é resultante das ações do homem e da natureza. As
condições naturais e as atitudes antrópicas têm implicações diretas nesse meio
(PROSAB, 2003). Para estar apta à finalidade destinada, a água precisar estar dentro de
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes. No Brasil, a regulamentação sobre o
uso da água está estabelecida pela resolução de número 357 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA.
Os parâmetros dos quais a qualidade da água depende englobam os aspectos
físicos (odor, sabor, cor, turbidez e pH), químicos (oxigênio dissolvido, demanda
bioquímica de oxigênio e sais minerais), e aspectos biológicos (FÉLIX, 2010), foco
desse trabalho.
A turbidez é um parâmetro que caracteriza as propriedades ópticas dos líquidos,
os quais possuem partículas em suspensão que podem provocar absorção e desvio da
luz. Uma turbidez elevada pode reduzir a penetração da luz na água, consequentemente,
reduzindo também o potencial de desinfecção por radiação solar. Além disso, sólidos
em suspensão podem servir de barreira para agentes patogênicos contra a desinfecção
24
por cloração. Para uma desinfecção segura, recomenda-se que a água bruta possua no
máximo 30 UNT (EAWAG/ SANDEC, 2003).
Segundo a Portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde, para amostras de água
providas de fontes, poços, nascentes ou outras formas de abastecimento, não se admite a
presença de coliformes, Escherichia coli e (ou) coliformes termotolerantes em 100 ml
da amostra (BRASIL, 2011).
Devido à dificuldade de isolamento de organismos em amostras ambientais,
sugere-se que a indicação de contaminação seja determinada por indicadores biológicos
da presença de matéria fecal no meio ambiente (BASTOS, 2000 apud DAMASCENO,
2015).
2.2.2.1 Indicadores de qualidade
Uma das estratégias exequível para o controle da qualidade microbiológica é a
avaliação dos indicadores de contaminação fecal. De acordo com OMS (2006), esses
micro-organismos indicadores devem possuir as seguintes características: estar presente
em grandes quantidades nas fezes humanas e de animais de sangue quente, não se
multiplicar em águas naturais e ser detectados por métodos laboratoriais simples e
rápidos. Alguns microrganismos se enquadram nesses requisitos, destacando-se as
bactérias do grupo coliformes.
As bactérias do grupo coliformes vem sendo usadas, por mais de meio século,
como indicadores bacteriológicos da presença de contaminação fecal (LECLERC et al.,
2001 apud CETESB, 2012). Destacam-se por estarem em grandes quantidades nas fezes
humanas os gêneros Enterobacter, Citrobacter e Klebisiella (CETESB, 2012).
As bactérias do grupo coliformes são definidas como bacilos Gram negativos,
aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase negativos,
capazes de se desenvolverem na presença de sais biliares ou agentes tensoativos, os
quais fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5 ºC, em 24-
48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima ß-galactosidase (PROSAB,
2003). Um subgrupo do grupo dos coliformes, os coliformes fecais ou termotolerantes,
são considerados mais específicos como indicadores de contaminação fecal pela sua
correlação positiva com fezes de animais de sangue quente (GRABOW, 1996 apud
CETESB, 2012). Esses coliformes termotolerantes são definidos como subgrupo das
25
bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2 ºC em 24 horas
(PROSAB, 2003). A Escherichia coli é uma bactéria desse subgrupo que possui o
habitat restrito ao trato intestinal de humanos e animais de sangue quente, por isso é
considerada um indicador ideal de contaminação fecal (OMS, 2006). Grande parte das
cepas de E.coli são inofensivas, algumas podem ser patogênicas tanto a humanos quanto
a vários animais tais como os suínos, bovinos e ovinos (PROSAB, 2003) .
Segundo a legislação brasileira sobre qualidade das águas destinadas ao
consumo, águas minerais e águas naturais, recomenda-se a análise de coliformes
termotolerantes, de preferencia da E.coli, as quais devem estar ausentes nessas águas
(BRASIL, 2011).
2.2.3 Doenças transmissíveis
As doenças transmissíveis são aquelas causadas por agentes infecciosos (vírus,
bactérias, fungos, “vermes”, artrópodes ou suas toxinas). O agente infeccioso ou
causador da doença pode ser chamado de “agente patógeno”, “agente etiológico”, ou
“agente patogênico”. Eles utilizam varias vias ou métodos de transmissão para atingir o
indivíduo (SENAR, 2015).
De acordo com PROSAB (2003, p.1): “Essas rotas de transmissão evidenciam a
necessidade de controle da qualidade das águas utilizadas para recreação, das fontes de
abastecimento de água para consumo humano e irrigação, assim como dos alimentos e
do solo”.
2.2.3.1 Doenças de veiculação hídrica
Há muito tempo o homem deduziu a possibilidade de contrair doenças através da
água. Estudos relatam dados de 4000 anos atrás, onde procuravam melhorar a qualidade
da água. Porém, foi apenas no século XIX que a água foi considerada um meio de
transmissão de doenças. O médico John Snow, em 1849 determinou que a cólera era
transmitida pela água ao ser humano. Após seus estudos, vários outros agentes
patógenos de veiculação hídrica foram identificados e classificados, como a febre
tifóide (1880), a disenteria (1898) e a febre paratifóide (1990) (DANIEL et al., 2001).
Segundo Cairncros e Feachem (1990 apud DANIEL et al p. 15)
As moléstias relacionadas à água dividem-se em quatro grupos que
dependem de como ocorre a transmissão. As doenças de veiculação hídrica,
26
propriamente ditas, constituem um grupo no qual o agente patogênico é
ingerido junto com a água. Relacionam-se também com a água as doenças
passíveis de ser transmitidas durante as atividades de higiene pessoal, no
contato com água contaminada, e as moléstias cujo vetor apresenta parte de
seu ciclo desenvolvido no ambiente aquático.
O Quadro 2.2 apresenta as principais doenças de veiculação hídrica.
Através de uma avaliação dos sintomas das principais doenças de veiculação
hídrica, constata-se a prevalência da diarreia. Esta é definida como a condução de dois
ou mais movimentos líquidos no intestino dentro de 24 horas. Esse termo atinge tal
importância que quando se fala em enfermidades diarreicas englobam-se várias doenças
relacionadas à estrutura sanitárias das comunidades (HELLER, 1997).
27
Quadro 2.2. Principais doenças de veiculação hídrica
Doença Agente etiológico Siontomas Fontes de
contaminação
Disenteria bacilar Salmonella typhi
Salmonella paratyphi A e B
Febre elevada,
diarreia Fezes humanas
Shigella
dysenteriae Diarréia Fezes humanas Fezes humanas
Disenteria
amebiana
Entamoeba histolytica
Diarreia, abscessos
no fígado e intestino
delgado
Fezes humanas
Cólera Vibrio cholerae Diarreia e
desidratação
Fezes humanas e
águas costeiras
Giardíase Giardia lamblia
Diarreia, náusea,
indigestão,
flatulência
Fezes humanas e
de animais
Hepatite A e B Vírus da hepatite A e B Febre, icterícia Fezes humanas
Poliomielite* Vírus da poliomielite Paralisia Fezes humanas
Criptosporidiose Cryptosporidium parvum,
Cryptosporidium muris
Diarreia, anorexia,
dor intestinal,
náusea, indigestão,
flatulência
Fezes humanas e
de animais
Gastroenterite
Escherichia coli, Campylobacter
jejuni, Yersinia enterocolitica,
Aeromonas hydrophila, Rotavírus
e outros vírus entéricos
Diarreia Fezes humanas
Fonte: Adaptado de DANIEL et al. (2001)
2.4 MÉTODOS DE TRATAMENTO DA ÁGUA
O tratamento da água envolve a aplicação de vários mecanismos para adequar os
diferentes tipos de mananciais aos padrões de potabilidade requerido pelos órgãos de
saúde e demais agências (PROSAB, 2009).
O tratamento de águas descartadas pelas atividades humanas é classificado em
físicos, químicos e biológicos. Os processos físicos e químicos estão relacionados e
podem ser denominados físico-químicos. Os processos físicos referem a procedimentos
de ação natural, como a decantação, floculação, sedimentação, filtração, peneiramento,
28
resfriamento, entre outros. Os processos químicos são obtidos através de produtos
químicos ou reações e interações químicas, como a oxidação, redução, adsorção, troca
iônica, desinfecção, além de outros. Os processos biológicos de tratamento de água são
conseguidos por atividades bioquímicas ou biológicas, estas podem ser aeróbicas ou
anaeróbicas, tais como filtros biológicos, reatores anaeróbios, lagoas de estabilização,
lodos ativados, e outro (NUNES, 2010).
2.4.1 Tratamento domiciliar
Para a parcela da população mundial que não tem acesso às fontes melhoradas
de água potável, a contaminação da água pode se dar durante o transporte da mesma ou
no entorno familiar, e isto é um risco significativo. Para essas famílias, a aplicação de
tecnologias eficientes para o tratamento da água de uso doméstico pode representar
diminuição de doenças de veiculação hídrica, assim como outros benefícios
relacionados ao melhoramento da água.
Hoje se sabe que intervenções simples e de baixo custo em escala domiciliar e
de comunidades servem para aumentar eficientemente a qualidade microbiológica da
água do uso doméstico, reduzindo os riscos de doença. Para essa porção da população
que necessita coletar e armazenar água, as fontes de coletas muitas vezes podem estar
contaminadas com resíduos fecais, representando riscos à saúde do consumidor. Além
disso, a fonte de coleta pode estar microbiologicamente aceitável, porém, quando é
transportada ou armazenada, pode ser contaminada por agentes patogênicos de origem
fecal devido ao transporte e armazenamento sem higiene (OMS, 2007).
Os principais métodos químicos e físicos de âmbito domiciliar são apresentados
nas Tabelas 3.6 e 3.7.
29
Tabela 3.6. Métodos físicos para tratamento de água a nível familiar
Método Disponibilidade
e Praticidade
Dificuldade
técnica Custo
Eficácia
microbiana
Ferver ou aquecer com combustíveis Variável Baixa-
Moderada Variável Alta
Exposição à luz solar Alta Baixa-
Moderada Baixo Moderada
Radiação UV (lâmpadas) Variável Baixa-
Moderada
Moderado-
Alto Alta
Sedimentação simples Alta Alta Variável Variável
Filtração Variável Baixa-
Moderada Variável Variável
Arejamento Moderada Baixa Baixa Baixa
Fonte: Adptado de OMS (2007)
Tabela 3.7. Métodos químicos ou físico-químicos para tratamento de água a nível
familiar
Método Disponibilidade
e Praticidade
Dificuldade
técnica Custo
Eficácia
microbiana
Coagulação-Floculação ou
Precipitação Moderada Moderada Variável Variável
Adsorção (carvão, carbono,
argila, etc) Alta a moderada
Baixa a
moderada Variável
Varia de acordo
com adsorvente
Troca iônica Baixa a
moderada
Moderada a
elevada
Normalmente
alto Baixa ou moderada
Cloração Alta a moderada Baixa a
moderada Moderado Alta
Ozonização Baixa Alta Alto Alta
Dioxido de Cloro Baixa Variável Alto Alta
Iodação (elementar, sal ou
resina) Baixa
Moderada a
elevada Alto Alta
Tratamento ácido ou básico com
sumo de citrinos, sais de dióxido,
etc
Alta Baixa Variável Variável
Prata ou cobre Alta Baixa Baixo Alta
Sistemas combinados: produto
químico de coagulação-
floculação, filtração, desinfecção
química
Baixa a
moderada
Moderada a
elevada Alto Alta
Fonte: Adptado de OMS (2007)
2.4.2 Desinfecção
O primeiro registro de métodos de desinfecção datam de 800 a.C., na obra feita
por Homero (A Odisséia), onde cita o uso de enxofre como dióxido de enxofre que até
hoje é utilizado na desinfecção de frutas secas, vinhos e sucos. Posteriormente, os
trabalhos de Louis Pasteur (1822-1895), demonstraram que muitos microrganismos são
30
causadores de várias doenças infecciosas, e formulou o método de desinfecção por
pasteurização, muito utilizado até hoje (ALVARENGA, 1988 apud RIBEIRO, 2001).
Para a engenharia sanitária, a desinfecção pode ser definida como “a etapa
responsável pela redução das densidades de microrganismos de interesse até os limites
estabelecidos pela legislação para os diferentes tipos de usos da água (PROSAB, 2003,
p. 8)”. Ela se utiliza de agentes químicos ou não com o objetivo de eliminar os
organismos patogênicos presente na água (SANCHES; SILVE & VIEIRA, 2003). Esses
organismos podem viver por semanas em temperaturas próximas a 21ºC e até meses em
baixas temperaturas (CUBILLLOS, 1981 apud MEYER, 1994). Os fatores que
influenciam a sobrevivência dos mesmos incluem não só temperatura, bem como pH,
turbidez, oxigênio, nutrientes, competição com outros organismos, resistência a
substâncias tóxicas (ROSSIN, 1987 apud MEYER, 1994). O procedimento de
desinfecção não resulta obrigatoriamente em esterilização, onde todos os patógenos são
totalmente eliminados (MEYER, 1994).
A desinfecção no Brasil tem por objetivo a diminuição de coliformes totais e
fecais nos efluentes de estações de tratamento de esgoto para atingir níveis da resolução
CONAMA 357 (PIANOWSK; JANISSEK, 2003).
Os mecanismos pelos quais os desinfetantes agem sobre os patógenos são três
(DANIEL et al., 2001):
a) Dano às estruturas celulares. O agente desinfetante pode destruir ou lesar a
membrana, citoplasma ou núcleo da célula, impedindo que ela exerça suas
funções vitais;
b) Ação sobre o catabolismo, modificando importantes compostos como as
enzimas e seus substratos, dessa forma, alterando o balanço energético celular;
c) Mudança nas sínteses de proteínas, enzimas e coenzimas, resultando em
alterações de síntese e crescimento celular.
A desinfecção pode ser por meios físicos ou químicos. Por meios físicos há o
emprego de energia sobre a forma de calor, por meios químicos há a utilização de
substâncias químicas que agem sobre os micro-organismos. Além disso, são utilizadas
muitas tecnologias de sistemas mecânicos e radioativos mais sofisticados (RIBEIRO,
2001).
31
3.4.2.1 Desinfecção por agente químico: Cloro
Descoberto em 1774 por Carl Wilhelm Scheele, (CETESB, 1974 apud
LOUREÇÃO, 2009), o cloro é hoje um agente desinfetante mais comumente usado no
tratamento de água. Inicialmente seu uso era restrito somente para situações de
epidemias. Na Bélgica, em 1902 a cloração foi adotada de forma contínua (MEYER,
1994). Em 1983 foi registrado o primeiro caso do uso do cloro como agente desinfetante
em esgotos sanitários (WHITE, 1999). Para o Brasil, o uso de cloro é um o método
tecnológico muito predominante e de bastante viabilidade econômica (PROSAB, 2003).
No saneamento, o cloro é bastante empregado no tratamento de água e piscinas,
no circuito de resfriamento, no tratamento terciário de esgoto, para oxidar compostos
responsáveis por composto e odor, oxidar ferro e manganês, em remover, e melhorar
coagulação (PONTES, 1993).
Cloro e derivados possuem capacidade de oxidação e reagem com os compostos
presentes no esgoto. Ele pode ser comercialmente encontrado na forma gasosa (Cl2),
líquida (hipoclorito de sódio) e sólida (hipoclorito de cálcio) (PROSAB, 2003). Como
ele é um agente oxidante, penetra nas células dos micro-organismos e se combina com
compostos do citoplasma podendo resultar na morte do organismo. Quando o cloro é
adicionado á agua se tem a seguinte reação:
Cl2 + H20 HOCl+
+ Cl -
Ele se dissocia e combina com os íons H+ e HO ֿ, formando ácido hipocloroso e
ácido clorídrico. O ácido hipocloroso também se dissocia e forma cátions de hidrogênio
e ânions de hipoclorito:
HOCl+
H+
+ OCl –
Quanto maior a temperatura maior será a dissociação (RIBEIRO, 2001). Quando
o pH se encontra abaixo de 7,5 a predominância é do HOCl, para valores de pH acima
de 7,5, o OCl –
é que predomina (PONTES, 1993). É o ácido hipocloroso que controla o
poder desinfetante e oxidante do cloro. Ele, juntamente com o íon hipoclorito forma o
cloro residual livre na água. Quando há presença de amônia e compostos amoniacais na
água, com adição de cloro formam-se compostos clorados ativos, as cloraminas. Estas,
quando presentes, foram o cloro residual combinado (MEYER, 1994).
32
Vale ressaltar que dentre as reações de cloro com compostos orgânicos, aquelas com
nitrogênio orgânico ou compostos nitrogenados, levam à formação de triahalometanos
(THM’s) (PROSAB, 2003), os quais são tóxicos e potencialmente carcinogênicos
(SANTOS, T. et al., 2013).
Ribeiro (2001) destaca algumas vantagens e desvantagens da desinfecção por
cloração. As vantagens incluem:
Ser uma tecnologia bem estabelecida;
Ter um pouco custo efetivo;
O cloro residual restante prolongar o efeito desinfetante;
É confiável e eficiente para uma série de agentes patogênicos;
É eficaz na oxidação de alguns compostos orgânicos e inorgânicos;
O controle de dosagem ser ajustável;
Poder eliminar odores prejudiciais durante a desinfecção.
Dentre as desvantagens, compreende-se:
As formas de cloro ser tóxicas e corrosivas;
Oxidar com matérias orgânicas e águas residuais formando compostos nocivos
ao individuo e ao meio ambiente;
Os sólidos dissolvidos totais aumentarem devido à cloração;
Cloreto contido em um efluente tratado aumenta;
Devido o cloro residual ser instável quando se há altas concentrações de sólidos
dissolvidos, são requeridas altas dosagens de cloro;
Algumas espécies de parasitos, alguns cistos e ovos de helmintos, são resistentes
a baixas doses de cloro.
2.4.2.1 Desinfecção por agente físico: Sistema SODIS
A desinfeção solar vem amplamente sendo estuda não somente no Brasil, mas
em vários países da Europa, Ásia e América. Registros apontam uso da radiação solar
para tratamento de água em 2000 a.C. na antiga Índia (OMS, 2007).
Segundo Lobo et al. (2013), o sistema SODIS (Solar Water Disinfection) é uma
tecnologia que utiliza a radiação solar para a inativação de micro-organismos. Essa ideia
foi apresentada pela primeira vez em 1984 pelo professor Aftim Acra em um folheto da
33
UNICEF. Em 1991, o Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática
(EAWAG) e o Departamento de saneamento e água para países em desenvolvimento
(SANDEC) lideraram pesquisas em laboratórios para testar a eficiência desse sistema na
inativação de bactérias e vírus. Resultados ainda melhores foram confirmados em
pesquisas de campo, comprovando a eficácia desse sistema por ser simples e de baixo
custo, elevando a qualidade de vida dos que não possuem acesso à água potável
(EAWAG/ SANDEC, 2003).
Esse método utiliza dois fatores da radiação. Um é o raio UV-A que atua na
modificação no DNA dos micro-organismos, e o outro é a radiação infravermelha, a
qual age elevando a temperatura da água e aniquilando os microrganismos que são
sensíveis ao aquecimento (BERTOLLINI & BELLO, 2011; LOBO et al., 2013). Nessa
técnica, a água é colocada em recipientes transparentes e exposta à radiação solar direta
por pelo menos 6 horas (Figura 3.1). Após esse período, altas taxas de desinfecção são
obtidos (McGUIGAN et al., 2012), geralmente levando a água a um padrão de
qualidade potável do ponto de vista microbiológico.
Figura 2.1. Metodologia SODIS
Fonte: McGUIGAN et al., 2012
Quando os agentes patogênicos são lançados para fora do corpo humano, se
tornam muitos sensíveis às condições externas. Não conseguem resistir a altas
temperaturas, pois não possuem mecanismos necessários para combater os raios UV-A.
34
Desta forma, tanto a radiação solar quanto a temperatura são capazes de inativar
patógenos (EAWAG/ SANDEC, 2002).
A inativação dos seguintes micro-organismos é relatada (EAWAG/SANDEC, 2005;
2002):
Bactérias: Escherichia coli, Vibrio cholerae, Streptococcus faecalis,
Paseudomonas aerugenosa, Shigella flexneri, Salmonella enteriditis, Salmonella
paratyphi;
Vírus: vírus da encefalomiocardite;
Leveduras e Bolores: Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Geotrichum;
Protozoa: Giardia ssp., Cryptosporidium ssp;
De acordo com Félix (2010), alguns fatores podem interferir na aplicação desse
sistema, tais como, turbidez e profundidade da água, condições climáticas, o tempo de
exposição solar, intensidade solar, temperatura da água e concentração de oxigênio.
Com uma turbidez elevada, há a diminuição do alcance de penetração da radiação solar
e, consequentemente, redução da eficiência de desinfecção (EAWAG/ SANDEC, 2002).
A cor do recipiente também é um fator importante. Na utilização de recipientes de vidro
ou plástico, é preferível os de cor transparente. O aumento da eficiência do método
aumenta quando possuir transmitância próxima à região ultravioleta do espectro de luz
(DANIEL et al, 2001).
As vantagens do sistema SODIS englobam:
Não requerer monitoramento constante nem preparações complexas (WEGELIN
et al., 1994 apud BOMURA, 2011);
Possuir baixo custo de implantação e manutenção;
Exige mínimo de treinamento ou equipamento especializado (McGUIGAN et
al., 2012).
.Suas desvantagens são:
Modificação no sabor e odor relatados por alguns usuários (TAMAS et al., 2010
apud BOMURA, 2011);
A garrafa possuir uma durabilidade limitada (WEGELIN et al., 2001 apud
BOMURA, 2011);
35
Ser necessário fazer a ingestão da água dentro de 24 horas, pois as bactérias
podem se multiplicar novamente (GELOVER et al., 2006 apud BOMURA,
2011).
No ano de 2011 haviam 24 projetos relacionados ao SODIS distribuídos entre os
países da África, Ásia e América Latina (SODIS, 2011 apud BOMURA, 2011). A
aceitação desse sistema é bastante positiva em lugares onde já foram apresentados e
utilizados. Das estimativas de pessoas que já foram treinadas para o uso dessa
metodologia, cerca de 40 a 80% permaneceram em uso contínuo. São evidentes os
resultados eficazes do sistema SODIS entre os usurários, constados pela redução de até
75% de casos de diarreia (EAWAG/SANDEC, 2005)
2.5 COMUNIDADES RIBEIRINHAS AMAZÔNICAS X SANEAMETO BÁSICO
Comunidades remotas e isoladas, como populações ribeirinhas, são exemplos de
parcelas da população onde o aumento da qualidade de vida é dificultoso. Para Candido
(2013), um dos grandes desafios para o aumento da qualidade de vida nas comunidades
ribeirinhas da Amazônia é a melhoria de suas condições de saúde.
Através de registros arqueológicos, estima-se que o homem se adaptou a
ambientes inóspitos das florestas desde tempos muitos antigos, sendo registrada a
ocupação humana na região Amazônica de 15.000 anos atrás (OLIVEIRA JUNIOR,
2009). A formação de comunidades ribeirinhas se iniciou na extração do látex na
segunda metade do século XIX, onde muitos trabalhos foram atraídos para essa região
(TORRES, 2011). A partir de 1912, com a queda do mercado internacional para o látex,
muitas empresas cessaram suas atividades, consequentemente muitos trabalhadores não
possuíam condições de voltarem para suas casas, passando a viverem nas florestas e
desenvolvendo meios para condições de vida nesse ambiente (MARTINS, 1997).
Nas margens do rio Madeira, no município de Humaitá – AM residem muitas
populações ribeirinhas tradicionais que possuem um alto valor socioambiental, pois as
mesmas conservam distintas características culturas e contribuem para um ambiente
ecológico equilibrado. As maiorias dessas comunidades não possuem água tratada e
nem condições sanitária adequadas, quadro que pode agravar incidências de doenças e
poluição ambiental (OLIVEIRA JUNIOR, 2009).
36
Desta forma, os estudos e pesquisas de vias alternativas de tratamento de água
adaptadas a região Amazônica, auxilia na demanda por água nos vários municípios e
comunidades ribeirinhas, geralmente, sem acesso a água potável (MAGALHÃES,
2010).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
3.1.1 Lago do Puruzinho
O lago do Puruzinho se situa na margem esquerda do Rio Madeira, a
aproximadamente 13 km do município de Humaitá – AM (Figura 3.1). O acesso à área
se dá por via fluvial, saindo de Humaitá sentido Manicoré. O lago se comunica com o
rio Madeira através de um estreito canal. É caracterizado por ser de água preta (rico em
matéria orgânica) e sofre bastante variação nos períodos de seca e cheia. Durante o
período de cheia ocorre um fenômeno chamado pela população local de “repiquete”, no
qual as águas do rio Madeira adentram o canal e chegam ao lago, atribuindo-lhe uma
característica de águas brancas.
Figura 3.1. Localização do lago do Puruzinho
Fonte: Adaptado de ALMEIDA et al. (2013)
3.1.2 Características da população do Lago do Puruzinho
A comunidade ao redor do lago do Puruzinho possui uma população de 129
37
pessoas (maioria crianças), distribuídas em 22 unidades familiares. Em geral, possuem
baixo grau de instrução, pois há apenas uma escola na vila que abrange somente até o 9º
ano do ensino fundamental. Os moradores praticam a agricultura de subsistência,
predominando o cultivo de mandioca que posteriormente é usado para fazer farinha,
uma das fontes de renda das famílias. Também se utiliza do pescado como forma de
complementar a renda familiar e principalmente como fonte de alimento. Outra opção é
a comercialização da castanha do Pará que é feita em determinado período do ano. Além
disso, a caça ainda é praticada, embora em pequena escala.
As fontes de abastecimentos de água para consumo pode ser do próprio lago, de
igarapés e de um poço na comunidade. Após a construção do poço, os moradores
próximos optam somente por este, os que residem mais distante abastecem diretamente
no lago. Esses, quando o lago se encontra no período de seca (entre junho e
outubro/novembro) fazem as chamadas “cacimbas” (Figura 3.2) onde perfuram
manualmente um poço próximo ao lago que podem revestir com alguma proteção, mas,
com a cheia, logo essas cacimbas são todas recobertas. Ainda há aqueles que
esporadicamente abastecem água em Humaitá. Como não há saneamento básico, as
formas de tratamento consistem na utilização do cloro (hipoclorito de sódio), do sistema
SODIS (desinfecção solar) e de uma filtragem típica realizada pelos moradores que
consiste em transpassar a água em algum tecido (Figura 3.3).
Para as necessidades fisiológicas, partes dos moradores possuem um sistema de
banheiro seco. Nesse sistema não há necessidade de água para o seu funcionamento
básico (BERGER, 2010). O banheiro em si consiste de duas unidades básicas: o local de
assento e outro de armazenamento de dejetos, sendo que este último pode ser o local
onde ocorre o processo de degradação biológica ou compostagem (PIRES; TIBÚRCIO,
2011).
38
Figura 3.2. Cacimba típica – Comunidade Lago do Puruzinho
Fonte: Célia Ceolin
Figura 3.3 Métodos de tratamento de água da comunidade do lago do Puruzinho. a)
sistema SODIS; b) cloro usado na desinfecção; c) filtragem típica da água
Fonte: Célia Ceolin Baía; Félix Legare-Julien
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 Coleta
As amostras foram coletadas entres os meses de junho de 2014 a maio de 2015,
exceto no mês de fevereiro por motivos de logística. Foi um total de 21 casas, contando
com a escola presente na comunidade. O número de coletas variava entre os meses,
pois, muitas vezes, o morador não se encontrava em sua residência. A coleta de água foi
em uma garrafa de vidro transparente de 500 ml que logo eram armazenadas em caixa
térmica que após era transportada ao laboratório para posterior análise. A água coletada
era exatamente do recipiente que o indivíduo iria consumir e outra coleta de sua
39
respectiva fonte (lago, poço, igarapé ou cacimba).
3.2.2 Análise da turbidez e coliformes termotolerantes (E. coli)
Para a medição da turbidez e da E.coli fez-se uso do kit da Del Agua (Figura
3.4) para análises em campo. A partir da segunda coleta, as análises foram realizadas
em laboratório e utilizou-se o kit até a quinta coleta. Usou-se o método da membrana
filtrante (APHA, 1992), mesmo princípio utilizado no kit. Metodologia que permite
determinar o número de unidades formadoras de colônias (UFC) do organismo alvo, em
24 h a 44,5º - 45,5 ºC, baseado na filtração de um determinado volume através de um
filtro membrana com poro de 0,45μm. Cada amostra foi filtrada duas vezes, uma com
um volume maior (100 ou 50 ml) e outra com um volume menor (50 ou 10 ml). Após
filtração, a membrana foi colocada em uma placa de petri em meio de cultura específico
(Figura 3.5). Com o kit Del’Agua utilizou-se o meio de cultura Lauryl Sulphate Broth,
em laboratório usou-se o meio ChromoCult® Coliform Agar.
A turbidez foi medida em Unidades Nefelométricas de Turbidez (NTU) através
do tubo de turbidez presente no kit Del Agua (Figura 3.6).
Figura 3.4 Kit Del’Agua (Versão 4.1)
Fonte: OXFAM-DELAGUA
40
Figura 3.5 Análise bacteriológica. a) em campo b) em laboratório
Fonte: Célia Ceolin Baía
Figura 3.6 Tubo para medição de turbidez
Fonte: OXFAM-DELAGUA
3.2.3 Análises dos dados
Para análise estatística, o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney para amostras
independentes foi realizado. Para a determinação da eficiência dos tratamentos utilizou-
se a fórmula Eficiência percentual: (No-N)/Nx100. Para a remoção expressa em unidade
logarítmicas reduzidas utilizou-se Log(No/N)=log10, onde No é a quantidade de micro-
organismos antes do tratamento e N quantidade de micro-organismos depois do
tratamento.
41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 FONTES DE ABASTECIMENTO
A principal fonte de água para consumo é o lago (48,45%), seguido do poço
(32,98%) presente na comunidade e que abrange 62% das casas. Outras fontes mais
esporadicamente utilizadas são as cacimbas (10,30%), igarapés (2,06%), águas das
chuvas (0,53%) e água abastecida diretamente em Humaitá (5,67%).
4.2 TURBIDEZ
Os resultados de turbidez estão apresentados nas tabelas 4.1 a 4.4. Incluem a
turbidez de cada fonte de abastecimento de água dos meses que foram usadas, é
apresentada tanto a turbidez da água da fonte quanto à do consumo.
Tabela 4.1. Média da turbidez do lago do Puruzinho
NTU
jun/
14
jul/
14
ago/
14
set/
14
out/
14
nov/
14
dez/
14
jan/
15
mar/
15
abr/
15
mai/
15
Fonte 7 6,3 7 7 7 7 7,4 7 7,2 <5 6
Consumo 6,9 6,7 6,2 6,5 7 6,5 7,1 6,7 6,7 <5 5,7
Tabela 4.2. Média da turbidez do poço da comunidade
NTU
ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 mar/15 abr/15 mai/15
Fonte <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5
Consumo <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5 <5
Tabela 4.3. Média da turbidez das cacimbas na comunidade
NTU
set/14 out/14 nov/14
Fonte 6 5,5 5,5
Consumo <5 5 5,2
42
Tabela 4.4. Média da turbidez no Igarapé
NTU
set/14 nov/14
Fonte 7 7,5
Consumo 7 7
De acordo com a Portaria 2914/2011 da ANVISA (Ministério da Saúde), a valor
máximo permitido de turbidez na água subterrânea para consumo humano é de 5,0
unidades de turbidez (NTU). A água de consumo do poço da comunidade está dentro
dos limites estabelecidos por essa portaria, pois apresentou valores inferiores a 5 NTU
em todos os meses de coleta. As cacimbas, no ponto de consumo, mantiveram o padrão
de 5 NTU, sendo o maior valor de média da turbidez encontrado de 5,2 NTU.
Em relação ao lago, uma das principais fontes de abastecimento de água dos
moradores, a Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) para águas superficiais, estabelece um limite de até 40 NTU para águas
classificadas na Classe 1. Durante todos os meses de coleta observou-se valores abaixo
desse limite. As águas do igarapé também entram nesse padrão. A maior média de
turbidez observada na água pronta para consumo foi 7,1 UNT no mês de dezembro. No
geral, uma leve redução de turbidez foi observada da fonte para consumo, processo
ligado ao processo de decantação ao fazer o armazenamento de água.
4.3 COLIFORMES TERMOTOLERANTES
O uso do cloro no tratamento da água, na forma de hipoclorito de sódio
fornecido pelo Ministério da Saúde, assim como do sistema SODIS, foi muito variável
durante os 11 meses de coleta. A tabela 4.5 mostra os tratamentos e respectivos
números de casas que o adotaram no período de coleta. Observa-se que não há um
padrão para o uso de algum tratamento. Em 9, dos 11 meses de coleta, mais da metade
das famílias não adotaram algum tipo de tratamento da água. As casas que possuem o
hábito de realizar algum tratamento e o fazem sempre, constituem os valores mínimos
da tabela. Enquanto a maioria opta um mês por uma forma de tratar a água, depois
decidem não fazê-lo, depois podem retomar novamente.
Tabela 4.5. Números de casas para respectivos tratamentos
43
Mês Tipo de tratamento
Sem tratamento SODIS Cloro SODIS+Cloro
jun/14 13 4 2 -
jul/14 14 4 1 -
ago/14 11 7 2 1
set/14 8 1 6 6
out/14 7 - 6 1
nov/14 10 1 3 3
dez/14 12 3 2 3
jan/15 7 3 2 4
mar/15 10 2 1 3
abr/15 9 1 4 2
mai/15 10 1 2 2
O gráfico da figura 4.1 mostra a porcentagem de casas com presença e ausência
de coliformes termotolerantes (E.coli) durante todos os meses coletados. O maior
número de residências cuja água para consumo se apresentou contaminada foi no mês
de julho de 2014. A maior incidência de residências com menos contaminação foi no
mês de maio de 2015.
Figura 4.1. Percentual de casas com presença e ausência de coliformes termotolerantes
(E.coli)
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
% C
asa
s
Percentual de casas com ausência e presença de coliformes
termotolerantes (E. coli)
Presente
Ausente
44
As águas para consumo que não sofreram tratamento apresentaram as seguintes
médias para unidades formadoras de colônias por 100 ml (Figura 4.2):
Figura 4.2. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas sem tratamento
O maior valor encontrado para amostras sem tratamento refere-se ao mês de
dezembro de 2014. O menor valor concentra-se no mês de agosto de 2014. Um estudo
semelhante feito Santos A. et al. (2013), também em uma comunidade ribeirinha
amazonense, Comunidade do Salomão (montante a Humaitá), porém apenas com
coliformes totais, também apresentou contaminação nas fontes de abastecimento da
comunidade, as quais eram um igarapé e dois poços. O autor atribuiu a contaminação a
pequena distância entre o banheiro seco e a fonte para abastecimento da água. Na
comunidade em estudo, tanto residências que realizaram tratamento quanto as que não
realizaram, e que possuíam banheiro seco próximo, apresentaram pouca contaminação.
O gráfico com as médias referentes às águas que passaram pelo tratamento com
cloração está apresentado na figura 4.3.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
UF
C/1
00
ml
Sem tratamento - Coliformes Termotolerantes (E. coli) UFC/100ml
45
Figura 4.3. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas com cloração
Apesar de o cloro ter um alto efeito desinfetante, observa-se que apenas nos dois
últimos meses não houve nenhuma contaminação nas águas tratadas.
O gráfico da figura 4.4 apresenta os dados referentes a águas que passaram pelo
sistema SODIS. No mês de agosto de 2014 foi encontrada a maior média de coliformes
termotolerantes, enquanto nos meses de setembro e outubro de 2014 nenhuma
incidência foi constatada. Na literatura, a tecnologia SODIS é bastante estudada nas
comunidades remotas (BERTHOLINI; BELLO, 2011; FÉLIX, 2010; ENGELBRECHT,
2007; LOBO et al., 2013), sendo possível concluir que esse método é eficaz e eficiente
para comunidades isoladas e/ou de baixa renda, possibilitando reais melhorias na
qualidade de vida dos moradores. Entretanto, como observado no presente estudo e
semelhante à de Félix (2010), houve o recrescimento bacteriológico em algumas
amostras.
Um dos requisitos no processo de desinfecção solar é fazer a ingestão da água
dentro de 24 horas (GELOVER et al., 2006 apud BOMURA, 2011) justamente porque
as bactérias podem se multiplicar novamente. Aparentemente, algumas garrafas que não
apresentaram contaminação após manipulação, estava há mais de 24h armazenadas. Tal
fato pode estar associado à boa higiene na manipulação e nos recipientes.
0
200
400
600
800
1000
1200
jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15
UF
C/1
00
ml
Tratamento com Cloro - Coliformes Termotolerantes (E. coli)
UFC/100ml
46
Figura 4.4. Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas com SODIS
.
Em relação ao uso simultâneo da cloração e sistema SODIS, a maior
incidência de contaminação refere-se ao mês de setembro de 2014, nos meses de
outubro e dezembro (2014) e março e maio (2015), a água de consumo não apresentou
contaminação (Figura 4.5)
Figura 4.5 Coliformes termotolerantes (E.coli) presentes em águas submetidas à
cloração e sistema SODIS
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
UF
C/1
00
ml
Tratamento com SODIS - Coliformes Termotolerantes (E. coli)
UFC/100ml
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15
UF
C/1
00
ml
Tratamento com SODIS+Cloro - Coliformes Termotolerantes (E. coli)
UFC/100ml
47
Comparando esses resultados com a regulamentação da Portaria 2914/2011 do
Ministério da Saúde, a qual preconiza a ausência desse indicador fecal em 100 ml, tem
um total de 64,49% de água contaminada durante os meses de coleta e apenas 34,51%
não contaminada.
Tanto o cloro como o sistema SODIS possui o poder desinfetante comprovados.
E, como mostra os resultados para alguns meses, muitas residências alcançaram um
padrão microbiologicamente potável de água. Isso nos remete a questão de o por que a
ás aguas que passaram por tratamento apresentarem na maioria dos meses, presença de
contaminação fecal, e, por vezes, apresentando valores exorbitantes. Lobo et al. (2013),
estudou o uso do Sodis em comunidades ribeirinhas do município de Belém,
constatando que, no período estudado, a água produzida pelo Sodis não se apresentou
potável, o autor atribui tal fato a falta de empenho das famílias ao realizar os processos
de desinfecção. Avaliação semelhante percebe-se nessa pesquisa. A adoção de um
tratamento domiciliar por parte das famílias não implicou na continuação do mesmo
para a maioria. Além disso, o próprio manuseio incorreto e sem higiene afetou a
qualidade da água de forma negativa da fonte até o consumo. Como o cloro possui um
efeito residual, esperava-se que ele ajudasse a manter a água livre dos coliformes
mesmo após a manipulação, entretanto, um percentual de 40,81% das águas que foram
submetidas ao uso do cloro apresentou contaminação pós-manipulação. Da mesma
forma o sistema SODIS, por não ter o mesmo efeito residual que o cloro, esperava-se
alguma contaminação após a manipulação. Um percentual de 81,81% das águas
passadas pelo sistema Sodis apresentaram contaminação pós-manipulação. Ou seja,
como afirma Silva et al. (2009), hábitos domiciliares incorretos no manejo de água para
consumo humano podem afetar a saúde de seus usuários.
4.3.1 Eficiência de Remoção
Frequentemente, a eficiência da remoção de coliformes é expressa em na
escala logarítmica. Na tabela 4.6 é exposta a remoção dos coliformes em suas unidades
logarítmicas reduzidas e em porcentagem para cada forma de tratamento.
48
Tabela 4.6 Remoção de Coliformes Termotolerantes (E.coli)
Remoção
Cloro SODIS Cloro+SODIS
Mês Log(No/N)* %** Log(No/N) % Log(No/N) %
jun/14 2,59 99,74 -1,87 -
7300,00 - -
jul/14 2,83 99,85 0,47 66,41 0,31 50,87
ago/14 2,36 99,57 -0,23 -70,70 - -
set/14 0 0 0 0 -0,22 -66,67
out/14 0,84 88,60 - - 0,30 50
nov/14 1,32 95,21 0,54 70,91 0,53 70,61
dez/14 0,56 72,55 0,60 75,00 1,71 98,04
jan/15 0,03 5,72 -0,23 -71,13 -1,24 -
1625,00
mar/15 -0,40 -
150,00 0,35 55,58 0,30 50,00
abr/15 0 0 -0,04 -9,89 0,60 75,00
mai/15 0,72 81,03 0,65 77,52 1,16 93,10
Média 0,99 44,75 0,02 -710,63 0,38 -133,78
*Log (No/N) =log10 (número de micro-organismos na entrada/número de
micro-organismos na saída); **
Eficiência percentual = 100((entrada-saída)/entrada)
Verifica-se que no mês maio os tratamentos foram mais eficientes, em
contrapartida com o mês de janeiro (2014), onde a eficiência de remoção foi a mais
baixa e negativa.
A partir dos dados da tabela é possível fazer um comparativo entre a
cloração domiciliar e o sistema Sodis. O gráfico da figura 4.6 apresenta um comparativo
entre os mesmos.
Figura 4.6 Remoção de E.coli por cloração domiciliar e sistema Sodis
49
O uso simultâneo de ambos os tratamentos não se mostrou mais eficiente
que um ou outro. Pela tabela 4.6 e pelo gráfico acima, observou-se que o tratamento
por cloro foi mais eficiente do que o sistema Sodis. O teste estatístico de Wilcoxon-
Mann-Whitney apontou diferenças significativas entre os mesmos (p= 0,04). A maior
eficiência da cloração é devido ao cloro residual restante na água prolongar o efeito
desinfetante.
50
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
1. O sistema de desinfecção solar apresentou eficiência na remoção de coliformes
termotolerantes (E.coli), entretanto 81,81% das águas que passaram pelo sistema
SODIS sofreram contaminação pós-manipulação, desta forma a média da eficiência da
desinfecção solar foi negativa (-710%).
2. A cloração domiciliar apresentou uma eficiência média de 44,75%, assim como o
SODIS, também houve contaminação pós-manipulação, porém em uma proporção
menor, 40,81%.
3. O uso simultâneo de ambos os tratamentos não garantiu uma água totalmente imune
com E.coli, tendo uma eficiência média de remoção também negativa (-133,78).
4. A cloração domiciliar se mostrou mais eficiente que a metodologia SODIS devido ao
seu efeito residual.
5. O fator limitante para o melhor alcance de remoção foi os hábitos domiciliares
incorretos no manejo e armazenamento de água, como recipientes sujos e mãos mal
lavadas.
5.2 RECOMENDAÇÕES
Para melhor eficiência do sistema SODIS e da cloração domiciliar na
comunidade do Lago Puruzinho, recomenda-se a realizações de fatores que contribuem
para o aumento da desinfecção. Além de realizar os procedimentos corretamente,
implica-se total importância na esterilização dos recipientes e higiene pessoal para
manipulação.
Quando se trata de saneamento básico, o objetivo é a saúde da população. O
ser humano, ao mesmo tempo que interfere no ambiente, gerando detritos que podem
disseminar doenças, possui condições de evitar que isso ocorra, empregando medidas de
saneamento. Desta forma, investidas no estudo em tecnologias sociais podem contribuir
no aprimoramento dos métodos estudados para realidades das populações.
51
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