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FUNDAMENTOS DA LNGUA DE SINAIS,IDENTIDADE E CULTURA
Braslia-DF.
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Elaborao
Silvia Costa Andreossi
Produo
Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao
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SUMRIO
APRESENTAO ..................................................................................................................................... 5
ORGANIZAO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA................................................................................. 6
INTRODUO......................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
A LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ............................................................................................................... 11
CAPTULO 1
HISTRIA DAS LNGUAS DE SINAIS ..............................................................................................13
CAPTULO 2
ASPECTOS HISTRICOS DA EDUCAO DOS SURDOS....................................................................... 17
CAPTULO 3
A LNGUA DE SINAIS COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAO............................................................ 19
CAPTULO 4
A LNGUA DE SINAIS COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO EDUCACIONAL.................... 22
UNIDADE II
IDENTIDADE E CULTURA.......................................................................................................................... 25
CAPTULO 5
ESPECIFICIDADES DA PESSOA COM SURDEZ................................................................................... 27
CAPTULO 6A LNGUA DE SINAIS NA CONSTITUIO DA IDENTIDADE E CULTURA SURDA........................................... 30
CAPTULO 7
INCLUSO ESCOLAR: ESCOLA REGULAR OU ESCOLA ESPECIAL?.......................................................... 33
UNIDADE III
LIBRAS NO DIVERSOS CONTEXTOS............................................................................................................ 35
CAPTULO 8
A IMPORTNCIA DA FAMLIA NO USO DA LNGUA DE SINAIS................................................................ 37CAPTULO 9
A LNGUA DE SINAIS NO CONTEXTO ESCOLAR................................................................................. 40
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CAPTULO 10
O USO DA LIBRAS NA INCLUSO PROFISSIONAL E SOCIAL.................................................................. 45
UNIDADE IV
LIBRAS............................................................................................................................................... 47
CAPTULO 11
AQUISIO DA LNGUA DE SINAIS BRASILEIRA................................................................................. 49
CAPTULO 12
CARACTERSTICAS DA LNGUA, USO E VARIAES REGIONAIS............................................................. 51
CAPTULO 13
ASPECTOS DA GRAMTICA: O QUE DIFERENCIA DA LNGUA PORTUGUESA ............................................. 53
PARA (NO) FINALIZAR......................................................................................................................... 57
REFERNCIAS...................................................................................................................................... 58
ANEXO
LEI NO10.436, DE 4/4/2002 E O DECRETO NO5.626, DE 22/12/2005................................................................. 60
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APRESENTAO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa rene elementos que se entendem necessrios
para o desenvolvimento do estudo com segurana e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinmica
e pertinncia de seu contedo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal,
adequadas metodologia da Educao a Distncia EaD.
Pretende-se, com este material, lev-lo reflexo e compreenso da pluralidade dos conhecimentos a
serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos especficos da rea e atuar de forma competente
e conscienciosa, como convm ao profissional que busca a formao continuada para vencer os desafios
que a evoluo cientfico-tecnolgica impe ao mundo contemporneo.
Elaborou-se a presente publicao com a inteno de torn-la subsdio valioso, de modo a facilitar sua
caminhada na trajetria a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como
instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
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ORGANIZAO DO CADERNODE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os contedos so organizados em unidades, subdivididas em captulos, de forma
didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes para reflexo,
entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradvel. Ao final, sero indicadas,
tambm, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocao
Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexo sobre a prtica
da disciplina.
Para refletir
Questes inseridas para estimul-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre
sua viso sem se preocupar com o contedo do texto. O importante verificar
seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. fundamental que voc
reflita sobre as questes propostas. Elas so o ponto de partida de nosso trabalho.
Textos para leitura complementar
Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionrios, exemplos esugestes, para lhe apresentar novas vises sobre o tema abordado no texto bsico.
abc
Sintetizando e enriquecendo nossas informaes
Espao para voc, aluno, fazer uma sntese dos textos e enriquec-los com sua
contribuio pessoal.
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Sugesto de leituras, filmes, sites e pesquisas
Aprofundamento das discusses.
Praticando
Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedaggico de
fortalecer o processo de aprendizagem.
Para (no) finalizar
Texto, ao final do Caderno, com a inteno de instig-lo a prosseguir com a reflexo.
Referncias
Bibliografia consultada na elaborao do Caderno.
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INTRODUO
necessrio partir do princpio de que a pessoa com deficincia uma pessoa e, como tal, merecedora de
tratamento, participao, realizao, direitos idnticos ao oferecido a todos.
A todos os envolvidos, como profissionais, educadores, profissionais, familiares e demais compete
propor estratgias que possibilitem melhores condies de participaes efetivas a modo de
proporcionar essa igualdade.
Este Caderno est organizado para uso exclusivo de alunos matriculados na ps-graduao em Libras.
em a finalidade de apresentar sugestes tericas como um fio condutor para a referida disciplina. Como
referncia de estudo, a expectativa a de facilitar a apresentao e a discusso de propostas relacionadas
a aspectos da Lngua de Sinais Brasileira, identidade e cultura da comunidade surda: contexto histrico
da Libras, aspectos histricos da educao dos surdos, especificidades da pessoa com surdez, aquisio da
Lngua de Sinais Brasileira, educao escolar inclusiva para pessoas com surdez.
De acordo com a definio da Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos FENEIS, a
Lngua Brasileira de Sinais Libras a lngua materna dos surdos brasileiros. Lngua esta que poder seraprendida por toda e qualquer pessoa que se interesse por ela.
A Lngua Brasileira de Sinais uma lngua utilizada no Brasil por uma populao que denominamos de
pessoas surdas. uma lngua que tem como habilidade principal a habilidade visual, gerando hbitos
visuais, ou seja, uma lngua visual.
Surdez o nome mais comum dado impossibilidade de ouvir. O termo pessoa com deficincia auditiva
tambm utilizado por profissionais que trabalham com essa populao. Cabe uma explicao, existem
surdos que percebem poucos sons (em geral os mais graves e fortes) e outros que escutam melhor. Ou
seja, nem todo surdo tem a mesma perda de audio.
Neste Curso, ao referirmo-nos pessoa surda, quer dizer quelas que utilizam a Libras, bem como nos
referimos ao ouvinte, ou seja, s pessoas que no so surdas. Sobre cultura surda, referimo-nos a jeitos e
formas de estar no mundo pelos surdos.
Acreditamos que no decorrer deste Curso seja esclarecido quem so as pessoas surdas e quem so as
pessoas ouvintes e o significado de cada termo. Esperamos contribuir para essa rea que, a cada dia que
passa, vem crescendo e tendo necessidade de novas estratgias para a incluso na sociedade, bem como o
aperfeioamento e a preparao de profissionais envolvidos, para assegurar melhor efetivao da lngua
e, consequentemente, uma melhora na qualidade das pessoas surdas.
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Objetivos:
Apresentar caractersticas da Lngua Brasileira de Sinais para iniciao ao seuaprendizado e contato com pessoas surdas.
Analisar o histrico da Lngua Brasileira de Sinais, bem como as especificidades dapessoa com surdez e seu uso no contexto escolar.
Compreender a importncia da famlia no uso da lngua de sinais.
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UNIDADE
IA LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
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CAPTULO 1Histria das lnguas de sinais
A lngua de sinais a que se utiliza de gestos, sinais, expresses faciais e corporais,
e no utiliza sons para a comunicao. As lnguas de sinais so aquisies naturais da
comunidade surda, de mbito visual e produo espacial e motora. H no mundo
muitas lnguas de sinais usadas como forma de comunicao entre pessoas surdasou com problemas auditivos. Muitas delas receberam reconhecimento oficial em
vrios pases. Aqui no Brasil chamamos de lngua de sinais brasileira Libras.
A Lngua Brasileira de Sinais Libras faz parte da populao surda do Brasil, e tem um histrico
interessante a sua origem.
No momento, a lngua usada pela maioria dos surdos e reconhecida pela lei que ser citada a seguir.
Existem outros tipos de sistemas lingusticos, porm distintos, prprios e naturais do Brasil. Ao retormar
o sistema educacional brasileiro sobre o ensino de surdos, vale lembrar que existe em algumas propostas
que abordam assuntos, informaes e at discusses sobre a questo oralista, comunicao total e bilngueque so outras forma que a pessoa surda tem para se comunicar porm que no seja a Libras.
De acordo com Fernandes (2003), os vrios sistemas lingusticos e distintos do Brasil so as lnguas orais
auditivas, como a lngua portuguesa e as vrias lnguas indgenas, e, pelo menos duas lnguas espao-
-visuais (de sinais); uma usada pelos surdos de quase todo Brasil e outra usada por uma tribo de ndios.
odos esses sistemas lingusticos apresentam regras gramaticais distintas e no pode ser considerados
como a simples gestualizao da lngua portuguesa, e sim uma lngua parte, reconhecida e natural do
Brasil, assim como outros pases utilizam uma lngua de sinais diferente.
O mais antigo registro sobre a lngua de sinais de 368 a.C. rata-se de uma pergunta de Scrates a um de seusdiscpulos: Suponha que ns, os seres humanos, quando no falvamos e queramos indicar objetos uns aos
outros, ns o fazamos, como fazem os surdos-mudos sinais com as mos, cabea e demais membros do corpo.
A comunicao por sinais foi a soluo encontrada por monges beneditinos da Itlia, cerca de 530 d.C.,
para manter o voto de silncio. No h registros desse sistema ou sobre os sistemas utilizados pelos
surdos at mil anos depois.
At o final do sculo XV, no havia escola para surdos na Europa, porque eles eram considerados incapazes
de serem ensinados. Pessoas surdas eram excludas da sociedade. Havia leis que impedia o surdo de
herdar propriedades, casar e votar. A maioria era excluda por no falar, o que demonstra que para osouvintes o problema, muitas vezes, no est na surdez, e sim no fato de no haver fala. Ainda hoje, h
quem confunda habilidade de falar com inteligncia.
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Na literatura, possvel entender que, h muitos anos antes da descoberta do Brasil, no havia escola
especializadas para surdos. At o final do sculo XV, os surdos eram considerados pessoas impossveis de
serem educadas.
A Libras to complexa e expressiva como qualquer lngua oral, pois os usurios podem conversar sobrediversos assuntos, expressando-se de forma sutil, complexa e abstrata como nas lnguas orais.
A literatura relata que as primeiras informaes de desenvolvimento da Lngua Brasileira de Sinais foi a
partir da Lngua de Sinais Francesa e, hoje, o que sabemos que as lnguas de sinais no so universais,
cada pas possui a sua.
A Libras possui estrutura gramatical prpria. Os sinais so formados por meio da combinao de formas
e de movimentos das mos e de pontos de referncia no corpo ou no espao.
Alguns nomes importantes fizeram parte da histria de surdos e so citados sobre a sequncia dos fatos.
Girolamo Cardamo: um italiano, ouvinte, que ensina surdos, utilizando sinais elinguagem escrita.
Pedro Ponce de Leon: monge beneditino espanhol, que utilizava sinais, treinamentode voz e leitura de lbios.
MTODO ORALISTA PURO: as primeiras pessoas a educar os surdos, acreditavam que o primeiro
passo seria o ensino da lngua falada;
MTODO COMBINADO: o uso da lngua de sinais, j conhecida pelos alunos, para que aprendessem
a lngua falada.
Outros nomes so citados por utilizarem o mtodo combinado:
Juan Pablo Bonet espanhol;
Abb Charles Michel de IEpee francs;
Samuel Heinicke e Moritz Hill alemes;
Alexandre Graham Bell escocs;
Ovide Decroly belga.
Na Europa e nos Estados Unidos, durante os sculos XVI a XIX, quando iniciou a influncia de novas
manifestaes sobre a educao dos surdos. Em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil:
Instituto dos Surdos-Mudos, atualmente, Instituto Nacional da Educao de Surdos INES.
A partir da mistura da Lngua de Sinais Francesa com a lngua de sinais j utilizada pelos surdos do Brasil
que surgiu a Lngua de Sinais Brasileira Libras. A primeira escola para surdos teve inicio no Rio de
Janeiro, no ano de 1855, por um professor chamado Ernesto Huet, que fundou o Instituto de Educao de
Surdos INES, em 26 de Setembro de 1857.
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Nesse instituto, os alunos eram educados pela lngua escrita, dactolgica e de sinais, e conseguiram
entender e desenvolver a comunicao expressiva sobre seus sentimentos, promovendo a convivncia
com as pessoas ouvintes.
Ainda se utilizam de sinais iniciados nos primeiros tempos do INES. O alfabeto manual que de origemfrancesa foi difundido por todo o Brasil pelos prprios alunos do INES. Naquela poca chegavam alunos
surdos de todas as partes do Brasil para receber atendimento no INES.
A lngua de sinais, utilizada no Brasil, recebeu muita influncia dos sinais da Frana e dos Estados Unidos.
Em 1858, Ernesto Huet deixa o Rio de Janeiro e retorna Frana. Em 1875, Flausimo Jos Gama, ex-aluno
do Instituto INES, fez um pequeno vocabulrio de sinais baseado em desenho com o objetivo de mostrar
os sinais brasileiros. Atualmente, essa linguagem no mais usada.
De 1910 a 1913, surgiu a primeira associao de surdos e teve excelente desenvolvimento cultural.
Em 1930 a 1947, o Dr. Armando de Paiva de Lacerda, ex-Diretor do INES, probe a Lngua de Sinais entre
os surdos. Podiam usar somente o alfabeto manual, um bloco de papel com lpis no bolso para escrever
a palavra e a fala.
Em 1950, Ana Rimoli de Faria Doria, ex-Diretora do INES, quando assumiu o cargo, proibiu o alfabeto
manual e a lngua de sinais, implantando o mtodo oralista. Os surdos no conseguiam adaptar-se a
essa imposio do oralismo e continuam a usar a lngua de sinais e nessa mesma poca chega ao Brasil a
Comunicao otal.
Em 1969, o Pe. Eugnio Oates edita o livro Linguagem das Mos, com 1.258 sinais fotografados. Desdeaqueles tempos e at hoje, a questo de linguagem dos surdos, opinies contrrias: uns defendem apenas
a oralizao, outros defendem apenas os sinais.
Para o Brasil, o mais importante foi LEpee, pois enviou o Padre Huet, um professor surdo, que a convite
de Dom Pedro II, trouxe o mtodo combinado ao Brasil.
O Instituto LEpee contribuiu para o desenvolvimento de Libras, pois, em 1896, houve um encontro
internacional para discutir as decises do Congresso de Milo, de 1880, que determinava que todos os
surdos deveriam ser ensinados pelos mtodo oralista puro.
A.J. de Moura e Silva foi enviado Frana para discutir o Congresso de Milo, em seu relatrio que os
mtodo oralista puro no poderia servir a todos os surdos.
O Congresso de Milo, em 1880, traz uma filosofia educacional na qual comea a mudar na Europa e em
todo o resto do mundo: o mtodo combinado (sinais + treinamento da lngua oral) substitudo pelo
mtodo oral puro, ORALISMO. Os professores surdos foram afastados das escolas e os alunos surdos
desestimulados e proibidos de utilizar a lngua de sinais.
Era comum a prtica de amarrar as mos das crianas para que no utilizassem a lngua de sinais. Mesmo
assim, a lngua de sinais continuou sendo a lngua das comunidades surdas. A diferena sua modalidadede articulao, a saber visual-espacial, ou cinsico-visual, para outros.
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Assim, para se comunicar em Libras, no basta apenas conhecer os sinais. necessrio conhecer a sua
gramtica para combinar as frases, estabelecendo comunicao. Os sinais surgem da combinao de
configuraes de mo, dos movimentos e de pontos de articulao, dos locais no espao ou no corpo
onde os sinais so realizados, os quais, juntos compem as unidades bsicas dessa lngua. Assim, a Libras
apresenta-se como um sistema lingustico e transmisso de ideias e fatos, oriundos de comunidades de
pessoas surdas do Brasil. Como em qualquer lngua, tambm na Libras existem diferenas regionais.
Portanto, deve-se atentar s suas variaes em cada regio do Brasil.
A lei sancionada em 24 de abril de 2002, de no10.436, em seu artigo 4o, dispe o seguinte:
O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais, municipais e do
Distrito Federal devem garantir a incluso nos cursos de formao de Educao
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistrio, em seus nveis mdio e superior, do
ensino da Lngua Brasileira de Sinais Libras, como parte integrante dos Parmetros
Curriculares Nacionais PCNs, conforme legislao vigente.
Atualmente, existe um aumento significativo de profissionais de reas afins interessados em aprender a
Libras e favorecer a incluso de pessoas surdas.
De qualquer forma, ser radical com opinio sobre uso de Libras ou oralidade tende
a ajudar a comunidade surda?
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o casamento de duas pessoas surdas. Durante a Idade Mdia, a Igreja atribua a causas sobrenaturais as
anormalidades que apresentavam as pessoas com deficincias. importante ressaltar que at o incio da Idade
Moderna no havia notcias de experincias educacionais com as crianas surdas. O surdo era visto como um
ser irracional, primitivo, no educvel, no cidado; pessoas castigadas e enfeitiadas, como doentes privados
de alfabetizao e instruo, forados a fazer os trabalhos mais desprezveis; viviam sozinhos e abandonados na
misria assim eram considerados pela lei e pela sociedade e ainda sem nenhum direito.
Entre 17121789 surgiu na Frana o Abade Michel de Lpe e a primeira escola para crianas surdas,
onde foi utilizada a lngua de sinais, uma combinao dos sinais com a gramtica francesa, com o objetivo
de ensinar a ler, a escrever, a transmitir a cultura e dar acesso educao (SACKS, 1989) .O mtodo de
Lpe teve sucesso e obteve os resultados espetaculares na histria da surdez. Em 1791, a sua escola se
transforma no Instituto Nacional de Surdos e Mudos de Paris, e foi dirigido pelo seu seguidor o gramtico
Sicard(SACKS, 1989). Surge, ento, em 1950, na Alemanha, a primeira escola pblica baseada no mtodo
oral e tinha apenas nove alunos.
Os Estados Unidos destacam-se na educao de surdos utilizando a ASL (Lngua de Sinais Americana)
por volta do sculo XIX, com a influncia da Lngua de Sinais Francesa trazida por Laurent Cler, um
professor surdo francs, discpulo do Abad Sicard, seguidor de LEpe fundando junto com Tomas
Gallandet, a primeira escola americana para surdos e transformando-a, no ano de 1864, na nica
Universidade para surdos no mundo.
No ano de 1880 e at a dcada de 1970, em todo o mundo a educao dos surdos foi seguindo e se
conformando com a orientao oralista decidida no Congresso de Milo. Com o avano da tecnologia,
surgem os aparelhos auditivos e os aparelhos de ampliao cada vez mais potentes, possibilitando ao
surdo aprendizagem da fala por meio de treinamento auditivo entre outros equipamentos que facilitam
a acessibilidade dessas pessoas.
A educao de surdos no Brasil
A educao dos surdos parece ser complexa aos olhos de quem no est envolvido, porm percebemos
que h uma compreenso desde que partamos do seguinte princpio: da sua histria na qual relate suas
fundamentaes tericas, filosficas.
A histria da educao de surdos teve incio com a criao do Instituto de Surdos-Mudos, hoje o atualInstituto Nacional de Educao de Surdos INES, fundado em 26 de setembro de 1857, pelo professor
surdo francs Ernest Huet, que veio ao Brasil a convite do Imperador D. Pedro II, com objetivo de focar
na educao de surdos. No incio, eram educados por linguagem escrita, articulada e falada, datilogia e
sinais. A disciplina Leitura sobre os Lbios estaria voltada apenas para os que apresentassem aptides e
a desenvolver a linguagem oral. Observa-se que o primeiro contato com a Lngua de Sinais Francesa foi
nessa poca trazida por Huet e a lngua dos sinais utilizada pelos alunos. Vale ressaltar que, o trabalho de
oralizao era feito pelos professores comuns, no havia os especialistas. Com isso, a comunidade surda
veio conquistando seu espao na sociedade. Hoje podemos observar que os governos tm preocupado
com a incluso. De acordo com a Declarao de Salamanca (1994, p. 15): o reconhecimento oficial daLibras pelos surdos um dos mritos dessa comunidade, porm a luta continua para que familiares e
educadores reflitam sobre a questo oralismo e lngua de sinais..
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CAPTULO 3A lngua de sinais como instrumento decomunicao
Observa-se uma modificao no processo histrico das comunidades surdas justificando na postura
educacional perante lngua de sinais.
Nas palavras de Quadros (1997), essa modificao se d pelo simples fato de permitir e/ou no permitirque as pessoas surdas usassem suas lnguas espaciais-visuais, pois provocaram profundas mudanas na
vida das pessoas que integram tais comunidades.
A linguagem um instrumento utilizado como meio de comunicao dos seres humanos e Quadros
(1997) diz que uma proposta educacional bilngue e bicultural para surdos caracteriza-se pela utilizao
de uma lngua oral usada na comunidade surda. No caso do Brasil, tem-se a lngua portuguesa e a Libras.
A Libras a lngua de sinais usada pelas comunidades surdas dos centros urbanos brasileiros.
Ela tambm possui expresses que diferem de regio para regio como qualquer outra lngua, o que
chamamos de regionalismo, o que a efetiva ainda mais como lngua.
O termo linguagem muito amplo abrange duas partes: a lngua e a fala. Enquanto sistema de signos, a
linguagem um cdigo. O cdigo um conjunto de signos sujeitos a regras de combinao e utilizado
na produo e na compreenso de uma mensagem. O signo compreendido por: significante: veculo
do significado (parte perceptvel, sensvel) significado: o que se entende quando se usa o signo (parte
inteligvel).
Os linguistas compreendem o processo de comunicao numa composio de elementos. A lngua
como um cdigo, que deve ser dominado pelos falantes para que as comunicaes sejam efetivadas. A
comunicao, pois, depende do grau de domnio que o usurio tem da lngua como sistema. O falante
utiliza-se dos conceitos estruturais que conhece para expressar o pensamento; o receptor decodifica os
sinais codificados por ele e transforma-os em nova mensagem. Essa linha de pensamento pertence ao
estruturalismo e tambm ao gerativismo.
As lnguas de sinais apresentam-se como modalidade diferente das lnguas orais. Nas lnguas de sinais
existe uma configurao de mos a ser respeitada de forma em que as mos predominam como emissor e
sinalizador em diferentes posies do corpo como testa, boca, peito, no lado esquerdo, respectivamente.
Ainda assim, existem pontos de articulao em que incide a mo predominante configurada em alguma
parte do corpo ou em um espao e expresses faciais que so fundamentais para efetivar determinado
sinal apresentado.
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Desta forma, salientamos que, assim como a lngua que falamos e ouvimos um cdigo de comunicao
baseado nas palavras e se faz importante para nossa integrao social, a lngua de sinais tem seu lugar e
um significado a ser utilizado por um grupo social.
Embora os surdos utilizem um modo de se expressar diferenciado do nosso e tenham espao emcomunidades surdas, eles, tambm, fazem parte das mesmas relaes sociais que os ouvintes, participam
das mesmas atividades e frequentam os mesmos locais, sejam de lazer ou no. Eles tm uma famlia,
podem ou no frequentar um grupo religioso, vo escola, ou seja, participam de todas as atividades que
talvez os ouvintes tambm participem, porm, as cidades no conseguem perceb-los como sujeitos que
apenas usa uma lngua para se comunicar com as demais pessoas. Essa lngua existe e conhecida como
Lngua Brasileira de Sinais.
Esse facilitador, a Lngua Brasileira de Sinais, permite o acesso direto com o mundo que os rodeia e
a comunidade surda luta para que essa forma de comunicao seja aceita como exige a lei dentro do
estabelecido que sejam suas regras e critrios.
Os benefcios encontrados na utilizao da Libras esto relacionados totalmente com o desenvolvimento
global desse aluno.
O desenvolvimento global da pessoa com deficincia auditiva est relacionado aos seguintes fatores.
A fase em que a perda da audio ocorre.
A etiologia.
A localizao da leso.
A explorao ou inexplorao do meio (quantidade e qualidade dos estmulosambientais que a criana exposta).
Domnio cognitivo
No desenvolvimento intelectual, os aspectos que envolvem comportamentos verbais so os mais
prejudicados. As pessoas com dificuldade auditiva podem apresentar restries na aquisio, formao,generalizao e abstrao de conceitos. A utilizao da memria visual de suma importncia para o
aprendizado da Libras.
Domnio socioafetivo
Inicialmente, um fator relevante que a construo da imagem corporal e do autoconceito acontece nos
primeiros anos de vida, por meio das vivncias prticas e percebidas pelos sistemas ttil-cinestsico e
vestibular. A partir dos sete anos de idade, a criana comea a decodificar essas informaes tambm pela
viso e audio. Essa mudana cria um impacto considervel na percepo de si mesmo, para a criana
com deficincia auditiva.
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As dificuldades na comunicao e, por vezes, o invisvel da deficincia, podem acarretar restries
quanto forma de se perceber, de estabelecer contato e manter relacionamentos com ambiente e com as
pessoas. Entre os problemas de comportamento observados, destaca-se:
No quer utilizar o aparelho auditivo ou disfara e seu uso; no assume a deficincia;
Dificuldade em manter contato com pessoas estranhas;
No ter pacincia quando as pessoas que ouvem no conseguem entender a suacomunicao;
endncia a se isolar ou criar o convvio apenas com o grupo de surdos;
Ansiedade;
Certa imaturidade;
Dificuldade em manter a concentrao.
Domnio Psicomotor
Apesar de alguns trabalhos documentarem defasagens quanto s habilidades motoras e capacidades
fsicas das pessoas com deficincia auditiva, nota-se que exatamente por meio do corpo e do movimento
que essas pessoas obtm resultados, to ou mais satisfatrios, quando comparadas aos indivduos sem
a deficincia auditiva. Outro fato relevante que o domnio corporal e a sua expresso tornam-se
ferramentas incomparveis para a comunicao e interao social da pessoa com deficincia auditiva.
Um programa educacional para deficientes auditivos se assemelha a um programa tradicional destinado
s outras pessoas. So necessrias algumas estratgias que favoream a comunicao e o relacionamento
entre o PROFESSOR E OS ALUNOS.
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CAPTULO 4A lngua de sinais como instrumento deaprendizagem em contexto educacional
Existem diversas discusses a respeito das lnguas de sinais. A Lngua Brasileira de Sinais utilizada pelas
pessoas que apresentam deficincia auditiva no Brasil, ento vamos enfatizar a importncia do estudo da
mesma e do seu ensino nas escolas. Evidenciar a importncia da Libras para o desenvolvimento da pessoa
com surdez, partindo da constatao de que a lngua natural dos surdos a lngua de sinais.
Portanto, deveria ser a sua lngua materna, pois grande parte desses surdos vm de lares de pais ouvintes,
o que enfatiza ainda mais a importncia e necessidade do uso e do ensino da mesma no contexto escolar.
De acordo com os direitos lingusticos, os surdos podem usar a sua lngua materna em todas as situaes
e as instituies de ensino brasileiras devem reconhecer a Libras como lngua da educao dos surdos
brasileiros, apoiando o seu uso e, assim, o seu ensino.
Refletindo sobre o contexto educacional dos surdos, entende-se que, na educao desses alunos, a primeira
lngua deve ser a lngua de sinais, pois possibilita a comunicao inicial na escola em que eles so estimulados
a se desenvolver, uma vez que os surdos possuem um bloqueio para a aquisio natural de uma lngua oral.
A utilizao da lngua de sinais vem sendo reconhecida como caminho necessrio para uma efetiva
mudana nas condies oferecidas pela escola no atendimento escolar desses alunos, por ser uma lngua
de interao entre as pessoas que se comunicam. A lngua de sinais, por possuir contedos lingusticos
da mesma forma que as lnguas orais como j citado, oferece as mesmas possibilidades de constituio de
significados cumprindo, assim, um papel fundamental na educao de surdos.
Atualmente, existe uma preocupao com relao a educao de surdos, o ensino de Libras, bem como
seu reconhecimento na importncia do estudo da mesma e o ensino de surdos, s vezes ainda deixadode lado. A Libras essencial para comunicao e fortalecimento de uma identidade Surda no Brasil e,
dessa forma, a escola no pode ignor-la no processo de ensino aprendizagem.
A Libras diferentemente do que muitas pessoas ainda pensam as lnguas de sinais, no apenas uma
linguagem, elas constituem-se lngua, uma vez que possuem todos os nveis lingusticos e se prestam s
mesmas funes das lnguas orais.
O desenvolvimento global das pessoas surdas est ligado a diversos fatores como: a fase que ocorreu
a perda, sua etiologia, a localizao da leso, a explorao ou inexplorao do meio, bem como o
desenvolvimento intelectual e os aspectos que envolvem comportamentos verbais, provocando restriesna aquisio, formao, generalizao e abstrao de conceitos, por isso a importncia da memria visual
para o aprendizado.
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Sobre as perspectivas dessas informaes, Quadros (1997, p. 46) esclarece:
Uma proposta educacional bilngue e bicultural para surdos caracteriza-se pela utilizao
de uma lngua oral usada na comunidade ouvinte e uma lngua de sinais prpria da
comunidade surda. No caso do Brasil, tm-se a lngua portuguesa e a Libras. A Libras alngua de sinais usada pelas comunidades surdas dos centos urbanos brasileiros.
A Libras no uma uma lngua universal, e reforando nas palavras de Quadros (1998, p. 64), assim
como as lnguas faladas, as lnguas de sinais no so universais: cada pas apresenta a sua prpria lngua.
Quadros nos esclarece sobre essa modalidade de lngua: As lnguas de sinais apresentam-se numa modalidade
diferente das lnguas orais-auditivas; so lnguas espao-visuais, ou seja, a realizao dessas lnguas no
estabelecida por meio do canal oral-auditivo, mas mediante viso e da utilizao do espao (1998, p. 64).
Existem alguns avanos quando falamos de educao de pessoas surdas e nas palavras de Skliar (2005 p.
144) refere-se que existe uma tendncia atual que aceita analisar as comunidades surdas, a partir de uma
perspectiva multicultural crtica e transformadora.
J nas palavras de Quadros (1997), em Uma proposta para educao de surdos apresenta-se os pontos
crticos de propostas educacionais desenvolvidas ao longo dos anos e busca evidenciar os fatores que
determinam a necessidade discusso a respeito de uma nova proposta alternativa s existentes. Sugerem
algumas estratgias que podem ser utilizadas em direo a implementao do bilinguismo.
Observam-se as seguintes questes que podem servir como proposta, mas que uma interfere indiretamente
na utilizao da outra.
O oralismo, que se propem adquirir de forma natural e falada, mas se opem totalmente da utilizao
da Libras em todo e qualquer ambiente. E a lngua de sinais como possvel expresso da condio natural
para adquirir a linguagem.
Em respeito a esse contexto to discutido sobre o uso do oralismo surge proposta de se utilizar a lngua
de sinais com propsitos de desenvolver linguagem na criana e ao mesmo tempo serve como recurso
para ensinar a lngua oral em contato direto com a estrutura da lngua portuguesa.
Assim, toda pessoa com deficincia auditiva, ou seja, a pessoa surda tem direito, garantia e acesso a permanncia
na escola que por prprios movimentos das pessoas com surdez isto est se definindo. Essa atitude se faz
necessrio para que constitua uma educao que favorea a necessidade dessas e de todas as pessoas.
A seguir, sugestes sobre o que devemos considerar com relao a algumas implicaes pedaggicas
e estratgias bsicas que podem favorecer o atendimento educacional e proporcionar benefcios no
desenvolvimento global inclusive o aprendizado da Libras.
Utilize de gestos e expresses faciais para facilitar a comunicao.
Quando houver a necessidade de falar, realize o mesmo com naturalidade semarticular exageradamente as palavras, associado a Libras. Deve-se usar o portugusclssico evitando grias ou modismos.
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Para alguns alunos, necessrio falar bem prximo e em voz mais alta.
Se h indicao, incentivar o uso do aparelho de ampliao sonora individual. Oprofessor deve estar bem-informado sobre o tipo, a utilizao e os cuidados com o
mesmo.
Posicionar-se sempre de frente para o aluno facilitando a viso para a recepo daLibras.
Orientar o olhar do aluno quando introduzir nova atividade.
Utilizar-se de todos os recursos possveis para se comunicar (linguagem gestual ecorporal, recursos visuais como cartazes, lousas, objetos, coloridos identificando as
tarefas e atividades, seguir as demonstraes do professor e dos outros alunos etc.).
No demonstrar impacincia quando no estiver compreendendo. Se necessrio,recorra aos outros alunos que possam ajud-lo ou aos familiares, se presentes.
Aprender com os prprios alunos deficientes auditivos a linguagem gestual paraas situaes cotidianas. Dependendo da situao, torna-se imprescindvel o
aprendizado e o uso do Alfabeto Digital e da Libras (existem escolas e instituies
que oferecem cursos).
Estimular o aluno a falar e desenvolver a sua linguagem.
Ordem Unida melhores formaes: em fileira nica, em fileiras intercaladas; em U,sentados (sempre de frente para o professor).
Professor deve ter controle sobre o grupo, evitando a agitao e disperso.
Estabelecer rotina de aula, no mudando constantemente procedimentos e regraspara as atividades.
Quando tiver dvidas nas questes quanto ao contato e relacionamento, inicialmente,o professor deve se orientar com o prprio deficiente auditivo. Se necessrio, com a
famlia e depois com os profissionais especializados na rea.
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CAPTULO 5Especificidades da pessoa com surdez
Qualquer lngua, inclusive a lngua de sinais, d ao indivduo o pertencimento a uma dada comunidade,
ou seja, por meio da lngua, alm de outros aspectos, que a identidade estabelecida. A lngua de sinais
tem status de lngua por apresentar vrios nveis lingusticos.
Libras aquisio
Aquisio da lngua de sinais pela criana surda se d no mesmo processo de aquisio da lngua oral pela
criana ouvinte.
Libras especificidades
Os surdos tambm no so homogneos e as variveis individuais so inmeras.
AQUISIO DE LINGUAGEM
Primeiro estgio:o balbucio inicia no nascimento e vai at por volta dos 14 meses.
H um desenvolvimento paralelo entre o balbucio oral e o manual, e os bebs ouvintes e surdos apresentam
os dois tipos at uma determinada idade.
As semelhanas encontradas na sistematizao das duas formas de balbuciar sugerem haver no ser
humano uma capacidade lingustica que sustenta a aquisio da linguagem independente da modalidade
da lngua: oral-auditiva ou espao-visual.
A criana surda iniciar o estgio de um sinal por volta dos 12 meses de idade, o qual vai durar at os dois
anos, mais ou menos. Crianas surdas e ouvintes, por volta de um ano de idade, apontam para indicar o
que querem.
Estgio das primeiras combinaes: comeam a ocorrer por volta dos dois anos em diante.
Dificuldades
Para a criana surda, a compreenso dos pronomes no bvia na utilizao da lngua de sinais.
No ltimo estgio, o das mltiplas combinaes: inicia em torno dos trs anos.
Nesse perodo, a criana j capaz de iniciar a soluo dos problemas dos usos pronominais e j faz
concordncias verbais mais complexas.
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A lngua de sinais uma lngua natural, pois se desenvolve no crebro da mesma forma que as demais
lnguas.
LNGUA desenvolvimento.
Dessa forma, seguindo as teorias de Bakhtin e Vygotsky para que o indivduo venha a desenvolver
linguagem e, neste caso, utilizar uma lngua, necessria a interao social, sendo a criana ouvinte ou
surda o processo dever ocorrer da mesma forma, do social para o individual. A criana nascida surda, filha
de pais surdos e que, consequentemente, recebe a lngua de sinais destes pais, ter um desenvolvimento da
linguagem sem qualquer deficincia.
Surdo X surdo-mudo o fato de uma pessoa ser surda no significa que ela seja muda. A mudez uma
deficincia desagregada da surdez. So minorias os surdos que tambm so mudos. A falta de audio no
impede que a pessoa desenvolva fala.
Surdo X surdo-mudo o surdo s ser tambm mudo se, e somente se, for constatada clinicamente uma
deficincia na sua oralizao, impedindo-o de emitir sons.
Deficiente auditivo termo tcnico usado na rea da sade e em alguns textos legais para se referir a pessoas
com perda sensorial auditiva.
A pessoa com surdez necessita de estratgias e descobrir outras habilidades para se adaptar na sociedade,
e que consiga desenvolver-se da melhor forma possvel.
Sabemos que na deficincia auditiva o comprometimento na orelha canal que as pessoas percebemos sons do ambiente. Para que um indivduo possa escutar necessrio que todas as partes do sistema
auditivo estejam funcionando bem.
Essas estratgias e habilidades que fazem parte da necessidade na deficincia auditiva esto relacionadas
diretamente com a comunicao. Meio na qual as pessoas se relacionam entre si. Sendo ela a comunicao,
chamo ateno para uma reflexo sobre o dilogo como possibilidade de aceitao das diferenas.
Para tanto, sero discutidos o processo de aquisio e de uso de uma linguagem autenticamente surda e os
processos de construo das identidades surdas que so necessrias para a pessoa com surdez.
Entende-se, aqui, que a pessoa surda como um sujeito capaz de produzir conhecimentos to organizados
quanto os ouvintes, e sendo as pessoas surdas que convivem com ouvintes e com outros surdos, produzindo
uma cultura surda, estudar a surdez evidencia que suas caractersticas no possuem um desenvolvimento
automtico nem tampouco se resumem apenas a funes biolgicas, mas tm origens sociais e histricas.
A expresso Cultura dos Surdos no est no surdo. Ela produzida pelos surdos em diferentes discursos
que podem ser muitas vezes, produzidos pelos que ouvem (SKLIAR, 2005).
Pessoas com deficincia auditiva de famlias ouvintes e que no utilizam a Libras podem sofrer com
perdas culturais, e ainda nas palavras de Skliar (2005 p. 147), esses surdos s tero contato com a cultura
e comunidade surda quando forem para uma escola surda, onde podero desenvolver a identidade dosujeito surdo.
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Na impossibilidade de acesso a fala lngua natural de pessoas ouvintes a concepo de que pode levar
o surdo a formar uma minoria evidentemente diferente. Partindo-se deste pressuposto, no se pretende
instituir aqui uma dicotomia entre surdo e ouvinte. Entende-se que o surdo no se caracteriza apenas pela
surdez e que integra outras identidades, tais como as de etinicidade, gnero e orientao sexual, poltica e
religiosa. Assim, o que vimos anteriormente que no decorrer dos sculos, os surdos constituram grupos
sociais com objetivos, lutas, identidades, organizao poltica e outros tantos interesses em comum. Como
em qualquer grupo social, os surdos desenvolvem processos culturais especficos de sua comunidade. O
estudo dos surdos por uma perspectiva cultural gera dificuldades e incompreenses.
Skliar (2005) nos diz, ainda, que fundamental que os surdos possam desenvolver sua forma de olhar o
mundo. Muitos surdos s encontram outros quando j esto entrando na adolescncia ou na vida adulta.
S nesse momento que demonstram espao e liberdade para discutir livremente ideias e opinies.
Existem tambm as instituies de surdos que favorecem o contato de um com o outro e muitas vezes
suprem a necessidade da busca de melhores condies de vida incluindo (sade, lazer), muitas vezes em
que o aprendizado de Libras forte devido ao treinamento entre eles.
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CAPTULO 6A lngua de sinais na constituio da identidade ecultura surda
Surgida espontaneamente por interao das pessoas, a Lngua Brasileira de Sinais uma lngua natural,
alm de poder expressar qualquer conceito do concreto ao abstrato. Considera-se que a Libras ou deve
ser a lngua materna dos surdos brasileiros, porque tendo os eles bloqueios para aquisio espontnea de
qualquer lngua natural oral, eles s vo ter acesso a uma lngua materna que no seja veiculada por meio
do canal oral-auditivo.
Como j vimos algo sobre o histrico da Lngua Brasileira de Sinais na Educao de Surdos vimos,
tambm, o destaque sobre a importncia da lngua de sinais na educao de surdos, se faz necessrio
conhecer o percurso histrico dessa educao e da lngua de sinais, bem como a condio de vida de
pessoas surdas que so diversas e de certa forma interfere na identidade.
Albres (2005), citando Perlin (1998 a/b, 1999, 2000), pesquisadora surda, que formula afirmaes sobre
diferentes identidades de pessoas surdas, utilizando o conceito da modernidade, tardia, de fragmentadase mltiplas identidades, em que esta no estvel, e nunca est completa, ou seja, est sempre em
construo. A autora pesquisou histrias de vidas de pessoas surdas e relata seis diferentes identidades.
a. Identidade surda: construda dentro da comunidade surda, h a construo dos
signos visuais, um conforto lingustico ao usar a Lngua de Sinais, que, muitas vezes,
transforma-se em ao poltica, pelos direitos lingusticos e sociais dessa minoria.
b. Identidade surda hbrida: ocorre com pessoas que tiveram surdez ps-lingustica,
nascem surdos parciais ou ficam surdos num determinado tempo da vida e
carregam em si uma identificao com ouvintes, mas h momentos que necessitam
de participar da comunidade de surdos.
c. Identidade surda em transio: geralmente ocorre com surdos que nunca tiveram
contato com a comunidade surda, e ao os encontrarem passam por um processo de
mudana. ransio da identidade flutuante para a projeo na identidade surda.
d. Identidade surda incompleta: h uma sensao de autodepreciao, vergonha,
isolamento e passividade, aceitam as presses para serem como os ouvintes,
normais, sendo que nunca o sero, pois a surdez no tem cura.
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e. Identidade surda inconformada (socialmente incapazes) os ouvintes veem os surdos
como deficientes ou retardados mentais, so muitos casos dos surdos que no
conseguem desenvolver a lngua oral e tampouco a sinalizada, so aprisionados pela
famlia e lhes negada o acesso ao saber ou de decidirem-se por si mesmos, seja pelo
esteretipo ou pelo preconceito.
f. Identidade surda flutuante corresponde dificuldade em identificar-se com o surdo
e, seja pelo esteretipo ou pelo desconhecimento.
Atualmente, no Brasil, muitas escolas vm implementando uma proposta bilngue na educao dos
surdos, ou seja, aprendizado da Libras e da Lngua Portuguesa escrita como segunda lngua. Isso tem
sido o resultado de lutas dos surdos brasileiros por uma educao que atenda de forma eficaz suas
necessidades lingusticas e culturais. J abordamos o fato de que a comunicao o meio em que as
pessoas se relacionam e por meio da linguagem que a criana percebe o mundo sendo a linguagem o
fator de importncia no desenvolvimento da criana.
A Libras na sua essncia imprescindvel para o desenvolvimento humano, pois traz em si todos os
conceitos elaborados pela cultura humana. A lngua um dos principais instrumentos de desenvolvimento
dos processos cognitivos do ser humano e, evidentemente do seu pensamento. Por isso, a presena de
uma lngua considerada fator indispensvel ao desenvolvimento dos processos mentais e intelectuais.
As crianas surdas no tm acesso a este mecanismo de desenvolvimento, pois esto expostas ao meio social
que utiliza a lngua oral, com privaes de informaes e contato social. O aspecto lingustico dificulta o
aspecto social, psicolgico e acadmico que esto ligados linguagem trazendo como consequncia os
problemas emocionais, sociais e outros por aprenderem tardiamente uma lngua.
A capacidade de desenvolvimento cognitivo compatvel de aprender como qualquer ouvinte, no entanto,
os surdos que no adquirem uma lngua, tm dificuldade de perceber as relaes e o contexto mais amplo
das atividades em que esto inseridos, assim o seu desenvolvimento e aprendizagem ficam fragmentados.
As barreiras comunicativas criam dificuldades de desenvolvimento das estruturas mentais dos surdos,
portanto, a nfase no deve ser dada falta, deficincia da audio, mas dimenso lingustica e cultural
que caracteriza a diferena do surdo. orna-se necessrio desenvolver alternativas que possibilitem s
crianas com surdez, meios de comunicao que as habilitem a desenvolver o seu potencial lingustico.
Pessoas surdas podem adquirir linguagem, comprovando assim esse potencial. J est comprovado
cientificamente que o ser humano possui dois sistemas para a produo e reconhecimento da linguagem: o
sistema sensorial, que faz uso da anatomia visual/auditiva e vocal (lnguas orais) e o sistema motor, que faz
uso da anatomia da mo e do brao (lngua de sinais). A aquisio da lngua de sinais vai permitir criana
surda, mediante relaes sociais, o acesso aos conceitos formando assim uma maneira de pensar e agir.
No entanto, a maioria das crianas surdas vem de famlias ouvintes que no dominam a lngua de sinais
e, por isso, essencial essa imerso escolar na primeira lngua das crianas surdas, j que essa aquisio
da linguagem permite o desenvolvimento dessas funes cognitivas.
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Albres (2005) coloca citando Tompson (1998) uma reflexo que nos leva a pensar o termo cultura como
um conjunto de costumes, ritos e crenas do povo, experincias compartilhadas nas relaes sociais que
so mantidas pela tradio e, por esta se perpetuar pela transmisso oral, h, impregnada nessas formas
simblicas, uma nova economia de mercadorias.
Mesmo assim, no podemos esquecer que cultura um termo emaranhado, que ao reunir tantas
atividades e atributos em um s feixe, pode na verdade confundir ou ocultar distines que precisam ser
feitas. Ser necessrio desfazer o feixe e examinar com mais cuidado os seus componentes: ritos modos
simblicos, os atributos culturais da hegemonia, a transmisso do costume de gerao para gerao e o
desenvolvimento do costume sob formas historicamente especficas das relaes sociais e de trabalho
(HOMPSON, 1998, p. 22).
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CAPTULO 7Incluso escolar: escola regular ou escolaespecial?
A escola muito importante na formao dos sujeitos em todos os seus aspectos. um lugar de
aprendizagem, de diferenas e de trocas de conhecimento, precisando, portanto, atender a todos sem
distino, a fim de no promover fracassos, discriminaes e excluses.
Vrios so os dispositivos legais que preveem organizao especial de currculos, desenvolvimento de
mtodos, tcnicas e recursos educativos, alm de professores especializados e capacitados. No caso dos
surdos, trata-se de promover adequaes nas aes educacionais realidade destes sujeitos que tm ou
deveriam ter a lngua de sinais como lngua materna.
A Declarao de Salamanca (1994) prev uma educao inclusiva em que todas as crianas podem
aprender juntas, independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, raciais, lingusticas
ou outras. No caso do surdo, sua educao prevista em sua lngua nacional de signos, a lngua de sinais.
Nela, o que pode constituir uma barreira no que diz respeito ao seu desempenho na aprendizagem, est
relacionado com questes referente sua linguagem. No basta somente que o surdo seja includo em
salas do ensino regular, mas principalmente que sejam atendidos em suas necessidades lingusticas.
Portanto, os surdos precisam de uma educao que os respeite nas suas diferenas. Para Carvalho (2004),
no basta colocar as pessoas com deficincia em classes regulares, faz-se necessrio assegurar-lhes
garantias e prticas pedaggicas que rompam as barreiras de aprendizagem a fim de no se fazer uma
educao excludente.
Diferentemente dos ouvintes, grande parte das crianas surdas entram na escola sem aquisio de lngua,
uma vez que a maioria delas vm de famlias ouvintes que no sabem a lngua de sinais, portanto, anecessidade que a Libras seja, no contexto escolar, no s lngua de instruo, mas, disciplina a ser ensinada.
Por isso imprescindvel que o ensino de Libras seja includo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, para
que o surdo possa adquirir uma lngua e, posteriormente, receber informaes escolares em lngua de sinais.
O papel da lngua de sinais na escola vai alm da sua importncia para o desenvolvimento do surdo, o seu
uso por toda comunidade escolar (surdos e ouvintes) promove a comunicao e a interao entre eles, por
isso o ensino da Libras pode ser estendido aos alunos ouvintes.
Entende-se, assim, que no basta somente a escola colocar duas lnguas coexistindo nas suas classes,
antes precisa que haja subsdios e adequaes curriculares de forma a favorecer surdos e ouvintes, a fimde tornar o ensino apropriado peculiaridade de cada aluno. Sobre isso, Skliar menciona: Usufruir da
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lngua de sinais um direito do surdo e no uma concesso de alguns professores e escolas (SKLIAR,
2005, p. 27).
Eles tm plenos direitos a uma educao que privilegie a sua lngua materna e de acordo com a legislao
brasileira, isso no lhes deve ser negado. Atualmente, h um crescente discurso sobre a educao bilnguepara surdos. O termo bilinguismo significa utilizao regular de duas lnguas.
Assim, na educao das crianas surdas, a primeira lngua deve ser a lngua de sinais, pois possibilita a comunicao
inicial na escola e a lngua portuguesa escrita deveria ser ensinada aos surdos como segunda lngua.
Segundo Quadros (2006), dessa forma, a escola deveria apresentar alternativas voltadas s necessidades
lingusticas dos surdos, promovendo estratgias que permitam a aquisio e o desenvolvimento da lngua
de sinais como primeira lngua. Quadros discorre sobre o papel da escola acerca da educao bilngue: as
diferentes formas de proporcionar uma educao bilngue criana de uma escola dependem de decises
poltico-pedaggicas.
Ao optar-se em oferecer uma educao bilngue, a escola est assumindo uma poltica lingustica em que
duas lnguas passaro a coexistir no espao escolar [...] (QUADROS, 2006, p. 18).
No Brasil, leis e decretos garantem aos surdos uma educao diferenciada em classes regulares, em que
sua lngua nacional de sinais valorizada. A Lei no10.436, de 24/4/2002, reconhece a Libras como meio
legal de comunicao e expresso e com isso seu uso pelas comunidades surdas ganham respaldo do
poder pblico.
Em 22/12/2005, esta lei foi regulamentada por meio do Decreto no5.626 que estabelece, entre outrascoisas, a incluso da Libras como disciplina curricular nos cursos de formao de professores para o
exerccio do magistrio em nvel mdio e superior e fonoaudiologia, de instituies de ensino pblicas e
privadas.
H muito para ser feito, ainda, no que tange aos direitos lingusticos dos surdos e ao acesso a uma
educao compatvel com suas peculiaridades. As instituies de ensino precisam proporcionar recursos
lingusticos para que o surdo possa se desenvolver de forma autnoma, preparando-o para enfrentar
desafios, no o vendo sob o ngulo da surdez, mas da diferena.
J est evidentemente comprovado que a criana surda, quando aprende por meio da lngua de sinais, temum maior desenvolvimento intelectual do que quando aprende sem o seu uso. Entretanto, o que acontece
no contexto escolar que o aluno surdo, sobretudo na escolarizao inicial, no domina a lngua de sinais.
Enfim, o que se constata que o ritmo de aprendizagem das crianas surdas e o seu desempenho acadmico,
no uma limitao impeditiva do processo de aprendizagem, e sim de uma caracterstica decorrente das
implicaes impostas pelos bloqueios de comunicao devido aquisio tardia da lngua de sinais.
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UNIDADE
IIILIBRAS NO DIVERSOS CONTEXTOS
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CAPTULO 8A importncia da famlia no uso da lngua de sinais
Perceber se um beb tem dificuldade auditiva pode ser uma tarefa no muito simples. As recomendaes
iniciam-se com o prestar ateno nas reaes da criana. Deve-se observar se o beb assusta quando se
bate uma porta ou se provoca algum barulho repentino; se olha quando a me o chama ou outras reaes
aos presentes no ambiente. Se surgir alguma dvida, procure imediatamente os servios mdicos.
As famlias, em um primeiro momento, no esto preparadas e na maioria das vezes no sabe que a
criana tem surdez.
Aps ter sido diagnosticada a deficincia auditiva e a criana recebido o tratamento clnico adequado, a
famlia deve ser orientada quanto s possibilidades da criana, e o encaminhamento deve ser feito para
os servios especializados. semelhana da deficincia visual, nos casos de pessoas adultas ou idosas que
venham a adquirir a condio de deficiente auditivo, a conduta o caminho aos servios de reabilitao.
Esse servio de reabilitao pode ser um programa educacional (teraputico e escolar) planejado para
atender s necessidades da criana e sua famlia, e que deve se iniciar assim que se obteve o diagnstico
da deficincia auditiva.
bom esclarecer que no existe um tipo nico de programa especializado para surdos. Existem diferentes
locais de atendimento com diferentes propostas de trabalho. O que a famlia deve fazer descobrir quais
locais de atendimento existentes na regio onde reside, e fazer sua escolha levando em considerao se
as caractersticas do atendimento iro satisfazer as necessidades da criana, e se esto de acordo com as
expectativas e condies da famlia.
Em geral, depois que a famlia recebe o diagnstico que a criana surda, todos ficam muito perdidos
sem saber o que fazer e quem procurar. Entretanto, fica mais fcil se a famlia solicitar do profissional que
realizou o diagnstico: uma indicao desses locais de atendimento, uma carta de encaminhamento e a
cpia dos exames realizados.
Pode-se procurar o atendimento especializado nos seguintes locais.
Servios de Educao Especial da Secretaria Estadual de Educao classes especiaisdo Estado.
Escolas Especializadas da Prefeitura.
Escolas Especiais Particulares.
Centro de Atendimento Especializado.
Clnicas de Fonoaudiologia.
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Pode ser uma deciso importante, bom a famlia procurar discutir suas dvidas e opes com um
profissional capacitado, levando em considerao todos os fatores que possam auxiliar a criana em seu
desenvolvimento.
indiscutvel a importncia da famlia no desenvolvimento de qualquer ser humano seja ela crianas e/ouadolescentes. A famlia o ncleo social bsico e tudo que proposto depende das relaes interpessoais
dos integrantes desse meio. No mbito educacional, as experincias da famlia esto sempre presentes,
podendo auxiliar ou dificultar o processo dos alunos.
Quando a criana surda nasce em uma famlia de ouvintes, ela vai viver num contexto oralista, a
comunicao entre ambos ser, geralmente, pela lngua oral, repercutindo em uma limitao lingustica,
diferente da criana surda que nasce de pais surdos.
A maioria das famlias de surdos pode no se preocupar em que a criana seja sujeito de sua prpria mensagem,
mas com a oralizao da lngua, no caso do Brasil, a Lngua Portuguesa. Normalmente, ocorre de querer queseus filhos falem, querem promover a reabilitao oral da criana com aparelhos auditivos e a convivncia
somente com ouvintes, desrespeitando as suas diferenas e negando a sua cultura e a sua identidade.
Nas famlias de pais surdos, a criana encontra um ambiente propcio ao seu desenvolvimento, pois lhe
permitido o uso da Lngua de Sinais, preservando, de certa forma, a cultura surda que toda voltada
para o visual.
O reconhecimento da importncia da famlia para o processo educacional se explicita em vrios artigos
da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei no9.394/1996), que estabelece a incumbncia das
instituies de ensino e de seus docentes se articularem com as famlias, visando a integr-las escola, eauxiliarem a fortalecer os vnculos familiares.
No caso especfico do atendimento educacional a alunos com algum tipo de deficincia, a Declarao
de Salamanca (BRASIL, 1994, p. 2), documento internacional que orienta a poltica nacional brasileira,
congrega a todos os governos encorajarem e facilitarem a participao dos pais no planejamento e na
tomada de decises nos servios especializados, estabelecendo, com eles, uma verdadeira parceria.
A ltimas deliberaes do estado de So Paulo (Resoluo de 3/5/2000) especificam a necessidade de
a educao especial ser garantida em estreita relao com a famlia (art. 3o), inclusive dando subsdios,
juntamente com a equipe de profissionais, para decidir a programao educacional a ser cumprida e o
tipo de atendimento a ser oferecido aos alunos art. 7o(BRASIL, 2000).
Como j citado anteriormente na proposta bilngue, a Libras deve ser introduzida como primeira lngua
e o Portugus (ou a lngua majoritria) como a segunda.
A introduo, o mais cedo possvel, da lngua de sinais na educao da criana surda discutida por
pesquisadores e a exposio lngua de sinais possibilitaria a aquisio da linguagem pela criana surda
nos estreitos limites desse perodo e ativaria a sua competncia lingustica.
A exposio Libras, desde o incio da vida das crianas surdas, garantiria aos surdos o direito a umalngua de fato e, em decorrncia dela, um funcionamento simblico. A lngua de sinais uma lngua
natural, adquirida de forma espontnea pela pessoa surda em contato com pessoas que a usam. Por outro
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lado, a lngua, nas modalidades oral e escrita, adquirida de forma sistematizada. Como primeira lngua
dos surdos, essas pessoas tm o direito de ser ensinadas em lngua de sinais.
Reforando esse pensamento, importante a escola oferecer, criana surda, oportunidade de adquirir
a sua primeira lngua da mesma maneira como essa oportunidade oferecida criana ouvinte. fundamental estar atento cultura que a criana est inserida. anto a comunidade surda quanto a
ouvinte tm a sua cultura e, por isso, uma proposta que pode favorecer o acesso natural do surdo
comunidade surda, permitir que ele se reconhea como parte integrante dessa comunidade e participe,
ainda, na comunidade ouvinte.
Este ambiente dever ser favorecido proporcionando o contato da famlia e de profissionais com adultos
surdos fluentes nessa lngua, os quais sero seus professores, monitores ou instrutores e, principalmente,
modelos positivos com quem a criana pode se identificar na sua diferena.
Dentro dessa perspectiva, o surdo s ir desenvolver-se se tiver uma identificao slida com o seugrupo, respeitados os seus aspectos psicossocial, cultural e lingustico, principalmente pelos familiares e
profissionais que atuam junto a esse grupo.
Esse novo olhar para o surdo pressupe o respeito e o reconhecimento de sua singularidade e especificidade
humana, refletidos no direito de apropriao da Lngua de Sinais da qual depende os processos de
identificao pessoal, social e cultural (SKLIAR, 1997).
No caso das crianas surdas, as interaes familiares podem ser muito prejudicadas quando os pais e
demais familiares desconhecem e/ou rejeitam a Libras. Para Skliar (1997), a comunicao entre pais
surdos e filhos surdos semelhante comunicao entre pais ouvintes e filhos ouvintes, possibilitando o
processo de imerso cultural da criana na comunidade em que est inserida. No caso de pais ouvintes
e filhos surdos, as interaes comunicativas podem ser muito deficitrias, dependendo do tipo de
informao recebida aps o diagnstico dos filhos e das modificaes, da decorrentes, no curso natural
das comunicaes familiares.
Para evitar o isolamento psicolgico das crianas surdas, Skliar aponta a necessidade dos pais ouvintes
estabelecerem contato com membros da comunidade surda e dos servios especiais se organizarem
contando com a presena de pessoas surdas, crianas e adultos. Somente o acesso Lngua de Sinais, por
meio de interaes sociais com as pessoas surdas, pode garantir prticas comunicativas apropriadas aodesenvolvimento pleno, cognitivo e lingustico, das crianas surdas, ou seja, em um atendimento com
perspectiva bilngue.
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CAPTULO 9A lngua de sinais no contexto escolar
odas as pessoas tm o direito de estar na escola. A escola importante na formao do sujeito em todos
os aspectos. um lugar de aprendizagem de diferenas e de trocas de conhecimentos, que deve e pode
atender a todos sem distino. No caso do surdo especificamente, trata-se de promover adequaes das
aes educacionais realidade daquele que tem (ou deveria ter) a lngua de sinais como primeira lngua
ais aes implicam a necessidade de uma educao bilngue nas classes regulares e esto respaldadas
numa concepo filosfica norteadora de diretrizes legais que estabelecem uma escola alicerada no
respeito s diferenas e igual para todos, de forma a favorecer o desenvolvimento dos alunos surdos.
A Declarao de Salamanca (1994) prev uma educao inclusiva onde todas as crianas podem aprender
juntas, independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, raciais, lingusticas ou outras.
No caso do surdo, sua educao prevista em sua lngua nacional de signos, a lngua de sinais.
J a LDB, fundamentada em Salamanca (1994) e na Constituio Federal de 1988, traz em seus artigos
especificamente 58 e 59, fundamentos e princpios para uma educao inclusiva de qualidade que atenda
a todos os educandos por meio de adequaes especficas para atender as necessidades dos deficientes.
Para Carvalho (2004), no basta apenas colocar os deficientes em classes regulares, faz-se necessrio
assegurar-lhes garantias e prticas pedaggicas que rompam as barreiras de aprendizagem a fim de no se
fazer uma educao inclusiva marginal e excludente.
Na educao dos surdos, o que lhes constitui uma barreira de aprendizagem diz respeito s questes
referentes sua linguagem. Estes sujeitos no ouvem, por isso, tm grandes dificuldades em se
comunicar e aprender, embora sejam iguais aos ouvintes, as precisam de uma educao diferente que
o respeite na sua diferena.
Atualmente, h um crescente discurso no Brasil sobre a educao bilngue para surdos. O termo bilinguismo
significa utilizao regular de duas lnguas por indivduos, ou comunidade, como resultado de contato
lingustico (FERREIRA, 1999, p. 300). Ser bilngue, portanto, falar e escrever em duas lnguas.
O surdo tem direito a esta educao e a mesma deve ocorrer de maneira que, segundo Quadros (2006), o
portugus deveria ser ensinado aos surdos como segunda lngua. Dessa forma a escola deveria apresentar
alternativas voltadas s necessidades lingusticas dos surdos, promovendo estratgias que permitam a
aquisio e o desenvolvimento da lngua de sinais, como primeira lngua e, paralelamente, introduzir a
lngua portuguesa em sua modalidade escrita, como segunda lngua. A autora discorre acerca de comodeve acontecer a educao bilngue e o papel da escola nesse processo.
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As diferentes formas de proporcionar uma educao bilngue criana em uma escola dependem de decises
poltico-pedaggicas. Ao optar-se em oferecer uma educao bilngue, a escola est assumindo uma poltica
lingustica em que duas lnguas passaro a coexistir no espao escolar [...]. (QUADROS, 2006, p. 18).
Entende-se, assim, que no basta somente a escola colocar duas lnguas coexistindo nas suas classes, antesprecisa que haja subsdios e adequaes curriculares de forma a favorecer surdos e ouvintes, a fim de
tornar o ensino apropriado peculiaridade de cada aluno.
Segundo Skliar (2005, p. 27), usufruir da linguagem de sinais um direito dos surdos e no uma concesso
de alguns professores e escolas. Os surdos tm plenos direitos a uma educao que privilegie a sua lngua
materna e de acordo com a legislao brasileira isso no lhe deve ser negado. No Brasil, leis e decretos
garantem a estes alunos uma educao diferenciada em classes regulares, onde sua lngua nacional de
signos, aqui conhecida como Libras, valorizada.
A Lei n
o
10.436 ( de 24/4/2002) reconhece a legitimidade da Lngua Brasileira de Sinais Libras e comisso, seu uso pelas comunidades surdas ganha respaldo do poder e dos servios pblicos. Essa lei foi
regulamentada em 22 de dezembro de 2005, pelo Decreto de no5.626/2005, que estabelece a incluso
da Libras como disciplina curricular nos cursos de magistrio, pedagogia e fonoaudiologia, do ensino
pblico e privado, e sistemas de ensino estaduais, municipais e federais (Cap. II, art. 3o).
Este mesmo Decreto, em seu Captulo VI, art. 22, incisos I e II, estabelece uma educao inclusiva para os
surdos, numa modalidade bilngue em sua escolarizao bsica, garantindo-se a estes alunos, educadores
capacitados e a presena do intrprete nessas classes.
O intrprete muito importante na educao dos surdos nas classes regulares, pois um profissional
devidamente capacitado, que domina a Libras, proporcionando aos surdos receber informaes escolares
em lngua de sinais, abrindo-lhes oportunidades para que possam construir competncias e habilidades
na leitura e na escrita, tornando-se, portanto, letrados.
Por meio desses dispositivos legais, pode-se verificar que a escola regular est amparada legalmente
para receber os alunos surdos em suas classes, pois a legislao brasileira j reconhece a importncia
da linguagem de sinais na educao dos sujeitos surdos, como um elemento que abre portas para o
desenvolvimento global dos alunos que no ouvem, mas que so iguais queles que tm a audio. O surdo
no pior que o ouvinte, cognitivamente igual, tem as mesmas capacidades e inteligncia (BOELHO
2002), porm, um sujeito que tem uma forma nica, peculiar de aprender, pois compartilha duasculturas e precisa apropriar-se de ambas. A lngua de sinais constitui esta ponte, portanto, importante na
educao dos surdos nas classes regulares.
Discutir sobre a educao dos surdos e como ela deve acontecer no contexto escolartm sido motivos polmicos, pois no basta somente que seja includo em classes
normais, mas principalmente que seja atendido nas suas necessidades lingusticas.
Postos margem das questes sociais, culturais, e educacionais os surdos no sovistos pela sociedade por suas potencialidades, mas pelas limitaes impostas por
sua condio. A definio desse sujeito como um ser deficiente e, portanto incapaz,
deve-se no somente forma incompreensiva da sociedade analisar a surdez, mas
principalmente devido a um atraso na aquisio da linguagem que os surdos tm no
seu desenvolvimento, j que, na maioria das vezes, o acesso a ela inexistente.
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Esse atraso envolve todos os aspectos da aprendizagem e do desenvolvimentocognitivo dos portadores de surdez, provocando dificuldades de desenvolver
abstrao de conceitos, prendendo o surdo s situaes puramente concretas. Sabe-
se que a criana percebe o mundo por meio da linguagem, que se converte em parte
essencial do seu desenvolvimento global. A linguagem planeja e regula as aes
humanas e uma evoluo dos primeiros intercmbios sociais e comunicativos.
A maioria das crianas surdas no tem acesso a esse mecanismo de desenvolvimento.Como ento aprendem? Como se comunicam? Como se desenvolvem? Como se d
sua aprendizagem?
Diante de tais reflexes esta pesquisa tem como objetivo evidenciar a importncia dalngua de sinais na educao do sujeito surdo em classes regulares. A utilizao da
lngua de sinais vem sendo reconhecida como caminho necessrio para uma efetiva
mudana nas condies oferecidas pela escola no atendimento escolar desses alunos,por ser uma lngua viva, produto de interao das pessoas que se comunicam no de
forma oral, mas visual. Esse tipo de linguagem, assim como a oral possui riquezas
lingusticas e oferece as mesmas possibilidades de constituio de significados,
alm de cumprir um papel fundamental na educao dos surdos, no podendo ser
ignorado pela escola nos processos de ensino e de aprendizagem deste educando e
constitui uma base para sua comunicao.
Para tais reflexes e realizao desta pesquisa, foram utilizadas, como aporte terico,citaes bibliogrficas de autores como Carlos Skilar, Ronice Quadros, Paula Botelho,
Gladis Perlin, Vygotsky, Marchesi entre outros, pois desenvolvem anlises de grande
importncia para a compreenso do problema apresentado, bem como documentos
legais que defendem meios que favoream a educao dos portadores de deficincia,
em especfico uso da lngua de sinais na educao do sujeito surdo. Do ponto de vista
metodolgico, este trabalho ser desenvolvido por meio de pesquisa bibliogrfica
para ilustrar a fundamentao terica.
Pela extenso desta pesquisa, estudos posteriores podem ser desenvolvidos comobjetivo de aprofundar questes mais especficas na educao dos surdos. O
importante que a sociedade possa oferecer meios para o desenvolvimento intelectual
e psicossocial do surdo, reconhecendo-o em seu potencial e valorizando-o em sua
diferena, na busca de uma sociedade inclusiva e igualitria.
A lngua de sinais ao longo dos anos vem suscitando debates e embates acerca do seu uso, tanto na sociedade
como na escola, embora muitos ainda desconheam que ela constitua uma verdadeira linguagem. Para
Marchesi (inCOOL; PALCIOS ; MARCHESI, 1995), a falta de conhecimento acerca desta lngua, a confiana
numa metodologia oral e por ser considerada apenas como mmica, motivaram a cultura hegemnica
ouvinte a estigmatizarem e condenarem o uso desta lngua considerando-a imprpria na educao do surdo
por ser prejudicial aquisio da linguagem oral, bem como a sua integrao na sociedade.
Estes motivos perderam fora com o tempo e o avano nas pesquisas lingusticas acerca dessa lngua
trouxe como consequncia o seu reconhecimento lingustico e atualmente j tem statuslingustico, ou
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seja, j reconhecida como lngua. A lngua de sinais a lngua natural dos surdos, mas para entender
esta lngua com suas caractersticas e peculiaridades faz-se necessrio entender o conceito de lngua e a
sua importncia na comunicao.
Segundo Ferreira (1999), lngua o conjunto das palavras e expresses faladas ou escritas, usadas por umpovo ou uma nao e o conjunto de regras da sua gramtica. Diante desse conceito, analisa-se que a lngua
exerce um papel social, de compartilhamento de forma falada e escrita por pessoas de uma comunidade
lingustica. A maioria dos surdos no fala,como ento eles se comunicam com o mundo que o cercam?
Em resposta a esta pergunta Reily (2004, p.117), defende que quando a voz no pode ser usada, o gesto
uma opo natural para a constituio da linguagem. Portanto, se no podemos falar, temos que buscar
meios adequados que supram as funcionalidades da lngua oral. Relacionando as lnguas orais com as
lnguas de sinais, temos a fala e o sinal.
Segundo Ferreira (1999), a fala a ao ou faculdade de falar, e sinal signo convencionado que servepara transmitir informao. Verificando o conceito de sinal e pensando na lngua sinalizada, percebe-se
que quando o gesto representa um sinal convencional e possui contexto lingustico com significado,
enquadra-se ento na definio de lngua, servindo, portanto, para exercer comunicao, interao,
substituindo assim, a fala.
cientificamente comprovado que o ser humano possui dois sistemas para a produo e reconhecimento
da linguagem: o sistema sensorial faz uso da anatomia visual, auditiva e vocal, caracterstica das lnguas
orais; e o sistema motor que faz uso da anatomia visual, da anatomia da mo e do brao, caracterizando as
lnguas de sinais. Essa considerada a lngua natural do surdo e imprescindvel no seu desenvolvimento
psicossocial e intelectual.
Na aquisio da linguagem, os surdos utilizam o sistema motor porque apresentam o sistema sensorial
(audio) seriamente prejudicado. Assim, o sinal a lngua do surdo e, no aspecto funcional, igual
fala para os ouvintes, pois possui sintaxe, gramtica e semntica completas que permitem desenvolver a
expresso de emoo e articulao de ideias.
SegundoQuadros (2006), a lngua de sinais uma lngua espacial visual, pois utiliza a viso para captar
as mensagens e os movimentos, principalmente das mos, para transmiti-la. Distinguem-se das lnguas
orais pela utilizao do canal comunicativo, enquanto as lnguas orais utilizam canal oral-auditivo, aslnguas de sinais utilizam canal gestual-visual.
Essa forma de linguagem rica, completa, coexiste com as lnguas orais, mas independente e possui
estrutura gramatical prpria e complexa, com regras fonolgicas, morfolgicas, semnticas, sintticas e
pragmticas. lgica e serve para atingir todos os objetivos de forma rpida e eficiente na exposio de
necessidades, sentimentos, desejos, servindo plenamente para alimentar os processos mentais.
Marchesi (1995, p. 219) afirma que a lngua de sinais uma linguagem autntica, com uma estrutura
gramatical prpria e com possibilidades de expresso em qualquer nvel de abstrao. Por ser to
completa quanto lngua oral adequada, pode e deve ser utilizada no processo ensino e aprendizagem,exercendo o desenvolvimento, a comunicao e a educao dos alunos marcados por uma falta, a audio.
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A lngua de sinais adquiriu status lingustico de direito e de fato em 2002, com a sano da Lei n10.436,
que a reconhece legalmente como forma de expresso, com sistema lingustico visual-motor prprio para
exercer comunicao.
Diante destas anlises acerca da lngua de sinais, ao longo deste estudo, ser possvel compreender oscontedos abordados no que tange sua importncia na educao dos surdos nas classes normais,
salientando que a criana surda pode desenvolver-se, comunicar-se e aprender, desde que tenha suas
necessidades lingusticas supridas.
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CAPTULO 10O uso da Libras na incluso profissional e social
Hoje, com o movimento de incluso, cada vez maior a necessidade de se criar um espao, junto s escolas,
para os seus profissionais se atualizarem em Libras ou conhecerem a lngua capaz de aproxim-los e de
auxili-los a compreender os alunos surdos includos e instrumentaliz-los para ensinar. Alm disso,
considerando a nova poltica educacional, esse trabalho deve vir integrado com um atendimento de apoio
famlia, visando garantir o desenvolvimento educacional adequado aos alunos surdos.
Segundo a Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva:
O movimento mundial pela educao inclusiva uma ao poltica, cultural, social e
pedaggica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos,
aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminao. A educao inclusiva
constitui um paradigma educacional fundamentado na concepo de direitos humanos,
que conjuga igualdade e diferena como valores indissociveis, e que avana em relao
ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstncias histricas da produo
da excluso dentro e fora da escola.
O paradigma da integrao, to defendida durante os ltimos 50 anos, ocorria e ainda ocorre de trs
formas.
Por pessoas com deficincia que conseguiam ou conseguem, por mritos pessoaise profissionais, utilizar os espaos fsicos e sociais, sem nenhuma modificao
nenhuma em seus programas.
Para inserir pessoas que necessitam de alguma adaptao especfica no espao fsicocomum ou no procedimento da atividade comum com foco de estudar, trabalhar, ter
lazer, enfim, conviver com pessoas sem deficincia.
Pela insero de pessoas com deficincia em ambientes separados. Por exemplo:escola especial junto comunidade; classe especial numa escola comum; setor
separado dentro de uma empresa comum; horrio exclusivo para pessoas deficientes
num clube comum etc. Esta forma de integrao, mesmo com todos os mritos, no
deixa de ser segregativa.
Essas formas de integrao social no satisfazem os direitos de todas as pessoas com deficincia, pois a
integrao pouco exige da sociedade em termos de modificao de atitudes, de espaos, de objetos e de
prticas sociais. No modelo integrativo, a sociedade, praticamente de braos cruzados, aceita receber
pessoas com deficincia desde que estas sejam capazes de:
moldar-se aos requisitos dos servios especiais;
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acompanhar os procedimentos tradicionais do local;
contornar os obstculos existentes no meio fsico (barreiras arquitetnica);
lidar com as atitudes discriminatrias.Vista de outra maneira, a integrao resume-se em um esforo somente da pessoa com deficincia e os
demais que esto na mesma situao lidando com a causa.
A Libras, hoje, vem tomando seu espao e reforando sua incluso na sociedade e no mbito de principal
e primeiro meio de comunicao na qual a pessoa surdo recebe informaes do mundo, se solidificando
em uma potncia a favores de seus usurios. A lei que veremos a seguir refora essa informao e garante
a Libras como fator principal de incluso de pessoas surdas no Brasil.
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UNIDADE
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CAPTULO 11Aquisio da lngua de sinais brasileira
Nas palavras de Sacks (1999), citado por Long (1910):
(A lngua de sinais), nas mos de seus mestres, uma lngua
extraordinariamente bela e expressiva, para a qual, na comunicao
uns com os outros e como um modo de atingir com facilidade e
rapidez a mente dos surdos, nem a natureza e nem a arte lhes
concedeu um substituto altura.
Para aqueles que no a compreendem, impossvel perceber suas
possibilidades para os surdos, sua poderosa influncia sobre o moral
e a felicidade social dos que so privados da audio e seu admirvel
poder de levar o pensamento a intelectos que de outro modo
estariam em perptua escurido. Tampouco so capazes de avaliar
o poder que ela tem sobre os surdos. Enquanto houver duas pessoas
sobre a face da terra e elas se encontrarem, sero usados sinais.
J. Schuyler Long
Diretor da Iowa School for Deaf
The sign language (1910)
Destaca-se aqui a aquisio da primeira lngua da pessoa surda,que muitas vezes acontece tardiamente
para essas pessoas e em alguns casos, que no foram apresentados a essa lngua, e por esse motivo
comprometendo o desenvolvimento global do surdo.
O primeiro destaque a ser feito na condio na qual as pessoas surdas tm para perceber o mundo, que
diferente de pessoas ouvinte, essa forma a visual que provoca reflexes em diversos contextos.
Nas palavras de Strobel (2008), os sujeitos surdos, com a sua ausncia de audio e do som, percebem
o mundo por meio de seus olhos, tudo o que ocorre ao redor dele: os latidos de um cachorro que
demonstrado por meio dos movimentos de sua boca e da expresso corpreo-facial bruta at de uma
bomba estourando, que bvia aos olhos de um sujeito surdo pelas alteraes ocorridas no ambiente,
como os objetos que caem abruptamente e a fumaa que surge.
Falar sobre esse tema como aquisio de lngua de sinais brasileira nos diferentes contextos vem sendo
discutidos por profissionais em diferentes estados e espaos, mesmo que diretamente ou indiretamente
envolvidos com a histria, o trabalho e o desenvolvimento n