56
1 Guia de Estudos B Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh) Negociações para a entrada da China na OMC (1999) Catarina Evangelista Davi Antonino Ana Carolina Dantas Larissa Maciel

Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

1

Guia de Estudos B

Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)

Negociações para a entrada da China na OMC (1999)

Catarina Evangelista

Davi Antonino

Ana Carolina Dantas

Larissa Maciel

Page 2: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

2

Sumário

CARTA DE APRESENTAÇÃO................................................................................................... 3

REPRESENTAÇÕES..................................................................................................................... 5

INFORMAÇÕES ADICIONAIS................................................................................................22

SOBRE O PARTIDO COMUNISTA E O COMITÊ CENTRAL........................................22

CRONOLOGIA ......................................................................................................................25

OS PRINCÍPIOS DA OMC E SEUS PRINCIPAIS ACORDOS COMERCIAIS: GATTS,

TRIMS E TRIPS ......................................................................................................................29

A DISCUSSÃO SOBRE A ENTRADA DA CHINA NA OMC E AS REFORMAS

NECESSÁRIAS.......................................................................................................................34

AS NEGOCIAÇÕES COM AS PARTES INTERESSADAS ..............................................38

ANEXOS..................................................................................................................................... 47

GRÁFICOS E DADOS GERAIS .......................................................................................... 47

GLOSSÁRIO...........................................................................................................................52

Page 3: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

3

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Caros delegados,

Sejam bem-vindos ao FACAMP Model United Nations (FAMUN) 2015 e ao Gabinete

do Partido Comunista Chinês. Gostaríamos de agradecê-los pela escolha por este comitê,

agradecer às professoras Mara Piñon, Patrícia Rinaldi, Roberta Machado e Talita Pinotti pela

orientação e apoio na elaboração deste Gabinete, e à toda a equipe do FAMUN 2015 pela

organização do evento.

A Assessoria do Gabinete conta com um diretor, Catarina Evangelista, e quatro

assistentes: Davi Antonino Guimarães, Larissa Maciel e Ana Carolina Dantas. Catarina cursa

o 3˚ ano de Economia na FACAMP, é presidente do Centro Acadêmico de Economia Maria

da Conceição Tavares (CAEF), participou em uma simulação pela primeira vez em 2013, na

primeira edição do FAMUN, e a partir de então começou a viajar pelo Brasil simulando. Davi

é aluno do 4˚ ano de Relações Internacionais na FACAMP e participa do FAMUN desde sua

primeira edição, em 2013, tendo viajado para diversas cidades do Brasil simulando. Larissa é

aluna do 1˚ ano de Relações Internacionais na FACAMP, e teve seu primeiro contato com a

simulações na faculdade, pelo Invitational, simulação interna da faculdade. Ana Carolina é

aluna do segundo ano de Relações Internacionais na FACAMP e teve um primeiro contato

com o universo das simulações ainda em 2015, por meio da preparação deste comitê.

Esperamos que vocês aproveitem a experiência de simular um gabinete, que tem

uma dinâmica bem diferente, e aprendam um pouco mais sobre a China e a importância de

organizações internacionais como a Organização Mundial do Comércio para os países.

Simular é mais do que emular uma representação durante alguns dias, é perder medos,

como o de falar em público ou passar alguns dias em um ambiente diferente, é conhecer

gente nova e fazer amizades que ficarão espalhadas pelo país. Tenham todos uma ótima

experiência neste FAMUN 2015!

Atenciosamente,

Diretores do Gabinete do Partido Comunista Chinês.

Catarina Evangelista – diretora

Page 4: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

4

Ana Carolina Dantas – diretora assistente

Davi Antonino – diretor assistente

Larissa Maciel – diretora assistente

Page 5: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

5

REPRESENTAÇÕES

Chen Yaobang – Ministro da Agricultura

Chen Yaobang nasceu em 1935 em Panyu, na província de Guangdong. É membro do

15º Comitê Central, graduado pela Faculdade de Agricultura da China, e membro do Partido

Comunista desde 1982. Passou 30 anos na indústria agrícola, começando na Faculdade de

Agricultura da China Central como assistente e, entrou para o Ministério de Agricultura em

1979, onde ocupou diversas funções de gerência, até que, em 1997, foi nomeado para o

cargo de Ministro de Florestas.

Em 1998, assumiu a pasta de Agricultura, função que exerce juntamente com a de

diretor do Comitê de Reflorestamento da cidade de Beijing. Foi também membro do

Subcomitê de Ciência e Tecnologia do 8º Comitê Nacional da Conferência de Consulta

Política do Povo Chinês (CPPCC) e atuou como delegado nos 13° e 14° Comitês Centrais do

PCCh (“CHEN...”, 2015). Sua maior preocupação em relação a negociação para a entrada na

OMC é em relação à excessiva liberalização na área da agricultura: atualmente o governo

concede subsídios essenciais a competitividade dos produtores chineses. Chen teme que a

liberalização seja unilateral nesse setor e que os demais membros imponham medidas

protecionistas em relação aos seus produtores agrícolas. Esse cenário acarretaria uma

instabilidade interna, uma vez que a população chinesa ainda é majoritariamente rural.

Chi Haotian – Ministro da Defesa Nacional

Considerado um dos líderes militares mais proeminentes da China, Chi Haotian

nasceu em 1929 e, em 1945, entrou para o Exército de Libertação Popular (PLA) e no ano

seguinte, no PCCh, sendo graduado pela Academia Militar de Nanjing e pelo Instituto

Político (ambos do PLA) (“CHI...”, 2015).

Chi serviu como instrutor militar na Campanha de Shangai, durante a Revolução

Comunista Chinesa (1946-1949) – tendo recebido a comenda de modelo de combate de 1ª

classe. Chi também atuou na Guerra da Coreia (1950-1953), como instrutor de batalhão e

diretor do Departamento Político do 27° Grupo do PLA, regimento 235, sendo intitulado

como herói popular de 3ª classe da China Oriental. Mais tarde, tornou-se comissário político

Page 6: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

6

do regimento do Comando Militar de Beijing (27° Grupo, Divisão 81) e comissário político

do Comando Militar de Jinan (27° Grupo, Divisão 79, Regimento 235) (“CHI...”, 2015).

Em 1993, tornou-se membro do Conselho de Estado e, em 1997, Ministro da Defesa

Nacional. Chi também foi deputado pelos 9° e 11° Congressos Nacionais do PCCh, e é

membro desde o 12° Comitê, sendo que foi eleito membro do Politburo do 15° Comitê

Central do Partido, e, em 1999, foi membro da Comissão Preparatória da Região

Administrativa Especial de Macau (RAEM) (“CHI...”, 2015).

Chi possui um perfil único ao conseguir combinar suas grandes habilidades militares

com sua carreira na política, de forma que conseguiu estabelecer fortes e estáveis laços com

a elite política chinesa, conferindo-lhe um amplo poder político e diplomático, a despeito de

seu conservadorismo político no tocante às reformas econômicas e o controle dos militares

pelo PCCh (“MULVENON...”, 2015). No que diz respeito a entrada na OMC, Chi teme a

excessiva influência externa em termos culturais, ao mesmo tempo, que acredita que a

atração de investimentos externos, a possibilidade de transferência de tecnologia e a

redução tarifária poderiam beneficiar muito o setor de defesa chinês que, no momento, é

tecnologicamente atrasado.

Ding Guangen – Chefe do Departamento de Publicidade

Nascido em 1929, e graduado pela Universidade Jiao Tong de Shangai, Ding

Guangen é membro do Partido Comunista desde 1956. Atuando no Ministério das Ferrovias

por 30 anos, inicialmente como engenheiro e ocupando em seguida cargos de gerência até

que, finalmente, tornou-se, em 1985, ministro de Ferrovias. Destacamos também sua

atuação por dois anos (1988-1990) no Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de

Estado.

Ding desde 1992 é chefe do Departamento de Publicidade, mas também ocupa

outros cargos de liderança no Conselho de Estado – tais como de diretor do Comitê Central

de Orientação de Construção Ética e Cultural e chefe do Departamento da Frente Unida de

Trabalho. Ding é membro desde o 12° Comitê Central do PCCCh, sendo membro do

Politburo e do Secretariado desde o 13° Comitê Central (“DING...”, 2015). Sobre a entrada

na OMC, Ding tem certo receio quanto a ampliação excessiva da competição interna, caso a

entrada de empresas estrangeiras seja permitida. No entanto, a possibilidade de atrair

investimento direto externo é, ao mesmo tempo, uma boa opção para a modernização do

setor.

Page 7: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

7

Hu J intao – Vice-Presidente da República Popular da China

Nascido em 1942 e membro do Partido Comunista desde 1964, Hu Jintao é formado

como engenheiro pelo Departamento de Engenharia de Conservação da Água da

Universidade Tsinghua – com especialização no estudo de hub de usinas hidrelétricas – e

atuou por 5 anos como secretário do Ministério de Energia Hidrelétrica (“HU...”, 2015).

Nos anos 1970 e 1980, Hu exerceu cargos de destaque nas províncias de Gansu,

Guizhou e na Região Autônoma do Tibet, além de uma ativa atuação na Liga da Juventude

Comunista da China (CYLC); e na década de 1990, ao se mudar para Beijing, tornou-se

presidente da Escola Central do Partido (“HU...”, 2015).

Hu participa desde o 12º Comitê Central do PCCh, e é membro do Comitê

Permanente do Politburo e do Secretariado dos 14° e 15° Comitês Centrais do Partido, sendo

feito vice-presidente adicional da Comissão Militar Central do PCCh durante a 4ª sessão

plenária do 15° Comitê Central, e desde 1998 exerce o cargo de vice-presidente da RPC

(“HU...”, 2015).

Hu Jintao já fora designado pelo já falecido Deng Xiaoping como sucessor de Jiang

Zemin no comando do PCCh, e representa a futura 4ª geração de líderes do Partido, que se

sustenta por intermédio de suas posições nas províncias, e assim como a geração anterior,

não estão mais comprometidos com os ideais socialistas da 1ª e 2ª gerações, preocupando-

se mais com uma modernização do Estado chinês, voltada na abertura da China ao exterior

e a reinserção no sistema internacional (“FAIRBANK...”, 2008).

Huang Ju - Secretário do Partido de Xangai

Huang Ju nasceu em setembro de 1938 em Jiashan, na Província de Zhejiang e se

formou no departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Tsinghua. Ao final da

graduação, Huang foi para Xangai onde trabalhou como engenheiro elétrico em diversas

empresas e onde viveu até o final dos anos 1990. Huang uniu-se ao Partido Comunista

Chinês em 1966 e chegou a tornar-se prefeito de Shangai em 1991 e, mais tarde, ocupou o

cargo de Secretário do PCCh na cidade, em 1994. Huang foi membro alternativo do 13º

Comitê Central do PCCh e membro do 14º e 15º Comitês. (“HUANG...”, 2015). É considerado

um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007,

1 No original: “faithful Communist fighter and an outstanding leader of the Party and the state” (BECK, 2007).

Page 8: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

8

tradução nossa). Xangai é uma das províncias mais cosmopolitas da China e também uma

das que mais se beneficiará caso o país consiga entrar na OMC: já no período das reformas

econômicas tinha assumido papel de liderança. Hong, entretanto, defende que tal transição

deva ser feita com base em um amplo planejamento e estudo prévios, de modo a garantir

que a entrada na OMC esteja de acordo com a manutenção do comunismo na China

(GONG, 2015).

Huang Zhendong – Ministro das Comunicações

Nascido em 1941, Huang Zhendong é engenheiro pesquisador, graduado pela Escola

de Engenharia Naval de Nanjing, entrou para o PCCh em 1981. Huang, treinado em

engenharia e navegação oceânica, passou a maior parte de sua carreira na administração do

porto de Qinhuangdao, no nordeste da província de Hebei. Em 1985, foi feito vice-ministro

das Comunicações, assumindo a chefia da pasta em 1993 (“HUANG...”, 2015).

Desde 1991, Huang é presidente do conglomerado de empresas estatais China

Merchants Steam Navigation Group Ltd. (atual China Merchants Group) – voltada para o

setor marítimo, finanças e imóveis – e é membro dos 14° e 15° Comitês Centrais do PCCh,

além da função de secretário do Grupo de Liderança do Partido (“HUANG...”, 2015). Apesar

do nome do cargo, sua função diz respeito ao sistema de transporte do país e de

comunicação entre as várias regiões. Tal setor é alvo das demandas dos principais membros

da OMC para liberalização: os setores marítimo, rodoviário e aéreo apresentam grande

potencial de expansão e participação para o investimento direto externo. Huang sabe que

seu setor exigirá grandes reformas para poder lidar com a agressiva concorrência

estrangeira caso a China entre na OMC (CHING; CHING, 2003).

J ia Qinglin – Secretário do Partido de Pequim

Jia Qinglin nasceu em março de 1940 em Botou, na província de Hebei, é membro do

Partido Comunista desde 1959, e formado como engenheiro pelo Departamento de Energia

Elétrica da Faculdade de Engenharia de Hebei – com especialização em motor elétrico e

design de aparelho e fabricação (“JIA...”, 2015)..

Na década de 1960, Jia trabalhou na província de Hebei e mais tarde já era ativo na

CYLC do 1° Ministério da Indústria de Máquinas de Construção, em Beijing. Após o serviço

como gerente geral na China National Machinery e na Equipment Import Export Corporation

– ambos conglomerados de empresas estatais –, Jia se mudou para a província de Fujian,

onde se tornou governador. Em meados de 1990, mudou-se para Pequim, tornando-se

Page 9: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

9

prefeito da cidade e secretário do Comitê Municipal de Pequim do PCCh, cargo atual. Jia

participou dos 14° e 15° Comitês Centrais do Partido e é membro do Politburo do 15° Comitê

(“JIA...”, 2015). Pequim tinha ao mesmo tempo interesse na entrada na OMC e receio da

competitividade externa. A província tem tanto indústrias pesadas, como automobilística e

maquinário, que podem sofrer com a excessiva concorrência externa, quanto indústrias

leves, como têxteis, que serão extremamente beneficiadas com a liberalização dos

mercados externos. Jia, portanto, tem que equilibrar ambos os interesses na negociação

(“BEIJING...”, 2015).

J iang Chunyun – Vice-chairman do Congresso Nacional do Povo

Nativo de Laixi County, província de Shandong, nasceu em 1930 e envolveu-se com

movimentos revolucionários aos dezesseis anos de idade e tornou-se um membro do PCC,

um ano depois, em 1947. A maior parte de sua carreira foi marcada por posições de

liderança dentro do partido como conselheiro e a nível provincial, na Província de Shandong.

Mais adiante, em seu currículo também estaria registrada sua posição enquanto Vice-

Chairman do Congresso Nacional do Povo (”JIANG...”, 2015a; “JIANG...”, 2015b).

Sua função é, basicamente, assumir algumas responsabilidades que auxiliem o

Premier em suas funções e decisões. Além disso, as reuniões executivas do Conselho de

Estado devem contar com a participação do Chairman e do Vice-Chairman do Congresso

Nacional (THE NATIONAL PEOPLE’S CONGRESS, 2015).

J iang Zemin – Secretário Geral do Partido Comunista e Presidente da RPC

Jiang Zemin nasceu em 1926, e é formado pelo Departamento de Maquinaria

Elétrica da Universidade Jiao Tong de Shangai; depois de 3 anos de participação ativa nos

movimentos estudantis organizados pelo PCCh, Jiang entrou para o Partido. Nos anos 1950

e 1960, Jiang ocupou diversas posições importantes no setor industrial de Shangai, seguido

por um ano de treinamento na União Soviética (URSS), e em seguida exerceu cargos

importantes em Wuhan e Beijing, onde se tornou ministro da Indústria Eletrônica

(“JIANG...”, 2015).

Em meados de 1980, Jiang retornou a Xangai, onde se tornou prefeito e secretário

do Comitê Municipal de Xangai do PCCh. Participando desde o 12ª° Comitê Central, Jiang é

membro da Comissão Permanente do Politburo desde o 13° Comitê. Em 1989, Jiang foi eleito

secretário geral do Comitê Central do PCC e presidente da Comissão Militar Central do PCC

e presidente da RPC em 1993 (“JIANG...”, 2015).

Page 10: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

10

Jiang faz parte da chamada 3ª geração de líderes do PCCh, que não participaram da

revolução, e ascenderam na política a partir da burocracia e da indústria estatal, portanto

não tinham um apego aos ideais socialistas de seus antecessores, não tinham o prestígio

para com a população chinesa como os seus antecessores. Jiang estava interessado na

reforma econômica, de forma a garantir o processo de abertura econômica chinesa e reduzir

a participação de empresas estatais ineficientes. Outra pauta de Jiang foi a de reduzir o

poder dos militares, especialmente no aspecto econômico, de forma a cortar seus laços

comerciais – visto que o próprio PLA poderia ser considerado o maior conglomerado chinês

(FAIRBANK..., 2006). A principal preocupação de Jiang é com a reinserção da China no

cenário internacional: do ponto de vista econômico a entrada na OMC pode significar uma

nova fase de desenvolvimento, e, do ponto de vista político, melhoraria a imagem da China

no cenário internacional. O movimento, entretanto, deve levar em consideração as

demandas internas e garantir a manutenção do PCCh no poder.

L i Peng – Presidente Comitê Permanente do Congresso Nacional

Li Peng nasceu em 1928 na provícia chinesa de Sichuan e foi acolhido pela família do

líder comunista Zhou Enlai. Membro do Partido Comunista desde 1945, Li Peng estudou no

Instituto Yan de Ciências Naturais e foi enviado para Moscou em 1948, onde estudou no

Moscow Power Institute, retornando para a China em 1955. Após trabalhar como

engenheiro hidroelétrico, Li Peng assumiu o cargo de Ministro de Recursos Hídricos e

Eletricidade. ("LI...", 2014). Em 1985, foi indicado a fazer parte do Politburo Chinês, sendo

elevado a Premier atuante em 1987. Durante a Revolução Cultural, Li Peng foi líder do

Partido e assumiu posições de liderança na Administração das Usinas de Beijing. Foi premier

do Conselho de Estado entre 1993 e 1998 e desde 1998 é presidente do 9º Comitê

Permanente do Congresso Nacional (“LI PENG”, 2015).

Li Peng faz parte da terceira geração de líderes do PCCh e foi um membro do Comitê

Permanente do Politburo do 13º,14º e 15º Comitê Central do Partido. Entre 1990 e 1997 foi o

chefe da Liderança das Relações Exteriores do Menor Grupo do CPPCC, tomando uma

postura rígida em relação às políticas chinesas para com os Estados Unidos. Como chefe do

legislativo, o Congresso Nacional, Li acredita que não são necessárias concessões ou

condições associadas para a entrada da China na OMC, além de que o PCCh não precisa

estabelecer prazos para a entrada, ele faz parte da ala mais conservadora do Partido

(KISSINGER, 2011, p. 432; LAI, 2010).

Page 11: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

11

L i Ruihuan – Presidente Comitê Nacional da Conferência de Consulta Polít ica

do Povo Chinês (CPPCC)

Li Ruihuan nasceu em setembro de 1934, em uma família camponesa muito simples

de Tianjin, uma das maiores cidades da China, e passou quase 15 anos de sua vida

trabalhando na construção civil em Pequim onde, mais tarde, envolveu-se com os

movimentos sindicais. Li frequentou o Instituto de Engenharia e Arquitetura de Pequim,

formou-se engenheiro arquitetônico e chegou até mesmo a ser condecorado pelo regime

comunista como "trabalhador modelo", graças às suas grandes habilidades e trabalho duro.

Após desenvolver o seu engajamento político, Li serviu como secretário do PCCh no Comitê

Municipal de Tianjin e chegou inclusive a ser prefeito da cidade (“LI RUIHUAN”, 2015a).

Li Ruihuan faz parte da terceira geração de líderes do Partido Comunista Chinês,

para o qual entrou em 1959 e, desde 1997, é membro do Comitê Permanente do Politburo do

15º Comitê Central do Partido Comunista e, desde 1998, é presidente do 9º Comitê Nacional

da Conferência de Consulta Política do Povo Chinês (CPPCC) (“LI RUIHUAN”, 2015b). Li é o

grande ideólogo do PCCh e, apesar de tido por muitos como membro da ala liberal, acredita

que as mudanças devem ser feitas sempre tendo como base o interesse nacional chinês.

Segundo ele, a China não deveria se curvar às demandas e pressões externas, mas sim

conduzir as negociações com base em suas próprias demandas: a China estava em pé de

igualdade com as demais nações e deveria se portar como tal (KISSINGER, 2011, pp. 409-

410).

L iu Tienan – Vice-Diretor do Escritório Geral da Comissão Nacional de

Desenvolvimento e Reforma (CNDR)

Nascido em Qi County, província de Shanxi, é doutor em Ciências da Engenharia e

mestre e Economia. Tornou-se membro do Partido Comunista em 1976, foi diplomata

econômico na baixada chinesa em Tóquio (Japão). Foi Diretor e hoje é Deputado Diretor da

Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma desde 1999 (“LIU...”, 2015).

É responsável por formular e implementar estratégias para o desenvolvimento social

e a economia nacional, levando em conta a regulação dos preços e a otimização das

estruturas econômicas do país. Deve submeter o plano nacional de desenvolvimento social

e econômico nacional ao Congresso Nacional do Povo, a favor do Conselho de Estado

(NATIONAL DEVELOPMENT AND REFORM COMISSION, 2009). Como membro da CNDR

Page 12: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

12

acredita que a entrada na OMC pode promover avanços importantes no sentido do maior

desenvolvimento nacional: todavia, preocupa-se que esse desenvolvimento econômico seja

acompanhado pelo desenvolvimento social que é a base de coesão da sociedade chinesa.

Luo Gan – Secretário do Comitê de Assuntos Polít icos e Legislativos

Luo Gan nasceu em julho de 1935 em Jinan, na Província de Shandong. Estudou no

Instituto de Ferro e Aço em Pequim e na Universidade Karl Marx, em Leipzig, onde aprendeu

a língua alemã. É engenheiro sênior pelo Instituto de Friburgo de Mineração e Metalurgia, na

República Democrática da Alemanha, especializado em moldagem de máquinas. Entrou

para o Partido Comunista em 1960, trabalhou no Ministério de Construção de Maquinário e,

desde 1998, é Secretário do Comitê de Assuntos Políticos e Legislativos do Comitê Central

(“LUO...”, 2015a).

Luo Gan já atuou em cargos de liderança como os de vice-governador da Província

de Henan, Ministro do Trabalho, Conselheiro de Estado e Secretário Geral do Conselho de

Estado (“LUO...”, 2015b).

Tang J iaxuan – Ministro das Relações Exteriores

Tang Jiaxuan nasceu em janeiro de 1938, nativo de Zhenjiang, na Província de

Jiangsu e adentrou, em 1955, à Universidade Fudan, em Xangai onde estudou até 1962.

Formado pela Universidade de Pequim, Tang Jiaxuan entrou para o Partido Comunista em

1973 e, mais tarde, serviu ao PCCh em diversos cargos como o de membro da Divisão de

Tradução do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Diretor da Associação do Povo para a

Amizade com Países Estrangeiros, Segundo Secretário e, em seguida, Primeiro Secretário da

Embaixada da China no Japão, primeiro secretário e depois diretor-geral adjunto do

Departamento de Assuntos asiáticos, Assistente ministro das Relações Exteriores e vice-

Ministro dos Negócios Estrangeiros ("TANG..." 2014).

Tang Jiaxuan sempre foi ativo na administração das complicadas relações Sino-

Japonesas, tornando-se, em 1988, ministro da Embaixada da China no Japão e, desde 1998,

é Ministro das Relações Exteriores da República Popular da China. (“TANG...”, 2015). Como

ministro das Relações Exteriores, Tang vê a entrada na OMC como um importante passo

para a reinserção chinesa no cenário internacional: o projeto de desenvolvimento chinês

deve passar, necessariamente, pela recolocação do país em uma posição mais favorável no

sistema internacional. Para que a China não fosse vista como ameaça pelos demais, era

preciso fortalecer a imagem de país responsável.

Page 13: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

13

Wei J ianxing – Secretário do Comitê Central de Inspeção Discipl inar

Wei Jianxing nasceu em 1931, nativo da Província de Zhejiang e estudou engenharia

mecânica em Dalian, província de Liaoning, além de gestão empresarial em uma fábrica na

União Soviética e na Escola do Partido Comunista entre 1980 e 1981 (“WEI…”, 2015 a).

Wei é membro do Partido Comunista Chinês desde 1949 e serviu como vice-

secretário do Partido no Comitê Municipal da Cidade de Harbin, na província de

Heilongjiang, cidade da qual foi prefeito de 1981 a 1938. Ademais esteve à frente de cargos

como o de vice-presidente da Federação chinesa de Sindicatos e chefe do Departamento de

Organização do Comitê Central do PCCh (“WEI…”, 2015a).

Desde 1997, Wei Jianxing é Secretário do Comitê Central de Inspeção Disciplinar,

subdivisão do Comitê Central do Partido Comunista (“WEI...”, 2015b). Wei vê a entrada na

OMC com certa desconfiança: ele teme que a massiva entrada de financiamento estrangeiro

possa ter como consequência um surto de corrupção no PCCh, uma vez que pode haver uma

corrida estrangeira em direção aos setores mais atrativos da economia chinesa.

Wen Jiabao – Vice-Premier do Conselho de Estado

Nascido em Tianjin, é especializado em estruturas geológicas e graduado, pelo

Instituto de Geologia de Beijing, fez pós-graduação em engenharia. Tornou-se membro do

Partido Comunista em 1965, foi ministro do Ministério de Geologia e Recursos Minerais,

desde 1998 é Secretário da Comissão de Trabalhos Financeiros do Departamento de

Comissão do Trabalho, do Comitê Central do Partido Comunista e Vice-Premier do

Conselho de Estado (“WEN...”, 2015).

Wen Jibao é franco e sincero, busca sempre defender os menos afortunados de seu

país, como os agricultores pobres, trabalhadores migrantes, os trabalhadores doentes e

idosos, e os trabalhadores da fábrica. Muitas vezes ele dá esperança aos liberais chineses,

por defender maior transparência e supervisão no sistema político e já disse que a China

deveria aprofundar as reformas que visam à democracia (“CHINA’S...” 2012).

Wu Bangguo – Secretário Comitê Central de Trabalho para Grandes Empresas

Nativo de Feidong County, Província de Anhui, é graduado pelo Departamento de

Rádio Eletrônicos da Universidade de Tsinghua, se especializou em estudos de tubos;

adquiriu também o título de engenheiro. Entrou para o Partido Comunista em 1964, nos

anos 1970 trabalhou no ramo de eletrônicos em Xangai e nos anos 1980 tornou-se

Page 14: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

14

secretário do Partido no comitê municipal da cidade. É Secretário Comitê Central de

Trabalho para Grandes Empresas desde 1998 (“WU BANGGUO”, 2015).

Na década de 1990, quando foi Secretário do Partido em Xangai, Wu Bangguo

ascendeu ao poder e tornou-se um aliado de Jiang Zemin, trabalhou junto com Li Peng e Zhu

Rongji (“OVERVIEW...”, 2015). Como Secretário do Comitê Central para Grandes Empresas,

Wu tem uma visão ainda incerta sobre a entrada na OMC: por um lado, tal movimento

permitiria às grandes empresas chinesas o acesso a importantes mercados consumidores

no exterior alavancando o comércio internacional, especialmente para os setores

competitivos, como têxteis e calçados. Por outro lado, a entrada de concorrentes

estrangeiros poderia desestruturar as indústrias nacionais mais intensivas em tecnologia e

ainda atrasadas frente ao mercado externo.

Wu Jichuan – Ministro da Indústria e Informação Tecnológica

Graduado pelo Instituto de Correios e Telecomunicações de Beijing e nascido em

Changning, província de Hunan, trabalhou no setor por mais de 30 anos, antes de tornar-se

ministro dos Correios e Telecomunicações (1993-1998). Tornou-se membro do Partido em

1960, foi apontado como deputado chefe do principal grupo para atividades de informação

do Conselho de Estado em 1996 e é ministro da Indústria e Informação Tecnológica desde

1998 (“WU JICHUAN”, 2015).

É a favor do protecionismo do mercado chinês, sempre defendendo a necessidade

de fortalecer o controle dos planos de administração das comunicações, para assim

proteger as indústrias chinesas, provocando certos conflitos dentro do Partido,

principalmente com o Conselho de Estado (ZENG, 2007). Sua maior preocupação é a

concorrência estrangeira e a perda de controle do setor de informação tecnológica.

Wu Yi – Conselheira de Estado

Nascida em Wuhan, Província de Hubei. é engenheira sênior, graduada pelo

Departamento de Refino de Petróleo do Instituto de Petróleo de Pequim, começou sua

carreira na indústria do petróleo, sendo ministra da Indústria do Petróleo. Tornou-se

membro do Partido Comunista em 1962, entre 1993 e 1998 foi ministra dos Assuntos

Exteriores e Cooperação Econômica e é Conselheira de Estado desde 1998 (“WU YI”, 2015).

Sempre lutou muito para desenvolver a China e é favorável à entrada de seu país na

OMC, mas se preocupa com o tratamento político que algumas questões econômicas

acabam sofrendo nas negociações. Wu Yi fez grandes avanços em negociações

Page 15: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

15

internacionais e trabalha também arduamente para promover o desenvolvimento na China,

especialmente no interior. Wu é um membro alternativo do Bureau Político do PCCh e é uma

negociadora experiente com os Estados Unidos no comércio. Ela acredita que a decisão da

entrada na OMC é uma decisão do CPPCC, após levantar custos e benefícios (“WU YI:

BIOGRAPHY”, 2015; LAI, 2010).

Xiang Huaicheng – Ministro das Finanças

Xiang Huaicheng é nativo de Wujiang, Província de Jiangsu. Possui uma longa

carreira no Ministério das Finanças: foi Vice-Ministro (1986-1994) e tornou-se ministro das

Finanças em 1998. Envolveu-se no projeto da hidrelétrica de Três Gargantas e em projetos

de bem-estar (welfare) do Conselho de Estado (“XIANG...”, 2015a).

É responsável pelas políticas e reformas econômicas da China, acredita que o papel

das políticas fiscais é fundamental para o desenvolvimento da nação (“XIANG...”, 2015a).

Para ele, o governo deve ter foco em cinco assuntos: reforma das empresas estatais, no

sistema de investimento e financiamento, reforma das políticas fiscais e financeira,

segurança social e câmbio, sendo a segurança social o principal dos assuntos a serem

tratados pelo governo chinês (ZHANG, ALON, 2009). Teme que a liberalização do setor

financeiro possa abrir espaço para a concorrência destrutiva.

Zeng Peiyan – Ministro da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma

(CNDR)

Formado pelo departamento de Rádio Engenharia da Universidade de Tsinghua,

nasceu em Shaoxing, província de Zhejiang. Entrou para o PCCh em 1978, ocupou diversos

cargos no ministério da Indústria de Construção de Máquinas e no ministério da Indústria

Eletrônica (que mais tarde se transformaram no ministério da Construção de Máquinas e

Indústria Eletrônica). Foi Secretário da Embaixada Chinesa nos Estados Unidos e desde 1992

está dentro do Ministério da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. (“ZENG...”,

2015).

Zhang Wannian – Vice-Chairman da Comissão Mil itar Central da República

Popular da China

Nasceu em Longkou, província de Shandong, em 1928, e entrou para o Exército de

Libertação Popular (PLA) em 1944, e para o Partido Comunista Chinês em 1945. É graduado

Page 16: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

16

pela Academia Militar de Nanjing do PLA e tem uma extensa carreira militar, lutou na guerra

civil chinesa e foi parte do time de combate na Guerra da Coreia. (“ZHANG...”, 2015).

Zhang possui em sua experiência militar a liderança em setores de comunicação e

instrutor político nas unidades subordinadas ao Quarto Batalhão da Armada. Em 1995, foi

nomeado vice-presidente da CMC, junto com Chi Haotian (que permaneceu até 1997 no

cargo). Zhang luta pela modernização do PLA e é reconhecido como um profissional oficial

militar, comprometido com a modernização e a “construção do exército”, conhecimento e

ambições são militares e não políticos (MULVENON, 2001).

Zhang Zuoji - Ministro do Trabalho e Segurança Social

Zhang Zuoji nasceu em 1945 em Bayan, Província de Heilongjiang. É formado pela

Especialidades Russas da Universidade de Heilongjiang, entrou para o Partido Comunista

em 1972. Passou 10 anos cuidando de assuntos políticos no Ministério de Construção de

Maquinário e no Ministério do Trabalho e Pessoal. É Ministro do trabalho e Segurança Social

desde 1998 (“ZHANG...”, 2015a; “ZHANG...”, 2015b).

Zhang reconhece que a promoção do emprego deve ser prioridade das políticas

econômicas e sociais, a China, possuindo um quinto da força de trabalho mundial, deve ter

a promoção do emprego como medida urgente. Durante os últimos anos a China vêm

combinando políticas para que a pobreza rural seja reduzida, com promoção do emprego. O

governo da RPC deu grande importância para a capacitação de recursos humanos, o

desenvolvimento da educação profissional e a melhoria do sistema de formação

profissional, de modo a melhorar a qualidade e a capacidade dos trabalhadores

(PERMANENT MISSION OF THE PEOPLE'S REPUBLIC OF CHINA TO THE UNITED

NATIONS OFFICE AT GENEVA AND OTHER INTERNATIONAL ORGANIZATIONS IN

SWITZERLAND, 2004).

Zhu Rongji – Primeiro-Ministro do Conselho de Estado

Mestre em engenharia elétrica pela Universidade de Qinghua. Trabalhou na

Comissão de Planejamento do Estado e na Comissão Econômica do Estado. Foi Vice-Premier

de Estado e serviu simultaneamente como governador do banco central. É Premier do

Conselho de Estado desde 1998 (“ZHU...”, 2015).

Zhu faz parte da terceira geração de líderes do PCCh, é o Premiê dos assuntos

internos da RPC desde 1993 e se concentrou nas reformas e assuntos domésticos até 1998.

Zhu é o responsável pela política econômica chinesa e defende que a manutenção do

Page 17: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

17

desenvolvimento nacional só será possível se a China aprofundar seus laços com a

economia e as instituições internacionais (KISSINGER, 2011, pp. 430-434). Se preocupa em

controlar a aceleração da inflação, centralizar as províncias, reformar as empresas estatais,

centralizar o sistema bancário e a reestruturar da administração da China. Zhu é um dos

principais atores nas negociações com os Estados Unidos para a entrada na OMC (LAI,

2010).

REFERÊNCIAS

BECK, L. “Chinese Vice Premier Huang Ju Dies”. In: Website oficial da Reuters. 02. jun. 2007.

Disponível em: <http://www.reuters.com/article/2007/06/02/us-china-politics-

huang-idUSPEK20201520070602>. Acesso em: 17.jul.2015.

“BEIJING, China: Canberra Beijing sister city relationship”. In: Website oficial do Diretório do

Tesouro e Desenvolvimento Econômico da Austrália. 2015. Disponível em:

<http://www.cmd.act.gov.au/communication/cir/beijing_china>. Acesso em: 20.

ago. 2015.

“CHEN Yaobang”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Chen_Yaobang/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

“CHI Haotian”. In: China Vitae. 2015 Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Chi_Haotian/full>. Acesso em: 25. fev.

2015.

“CHINAS’S Wen Jiabao”. In: IBTimes, 19. mai. 2012. Disponível em:

<http://www.ibtimes.com/chinas-wen-jiabao-real-reformer-top-or-supreme-

showman-699177>. Acesso em: 01. jul. 2015.

CHING, C; CHING, H. Handbook on China's WTO Accession and Its Impacts. Hong Kong: World

Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2003.

“DING Guangen”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Ding_Guangen/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

FAIRBANK, J.; GOLDMAN, M. “A era de reformas pós-Mao”. In: China: uma nova história.

Porto Alegre: L&PM, 2006; pp. 372-411

Page 18: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

18

GONG, B. “Shangahi’s WTO Affairs Consultation Center: working togheter to take

advantage of WTO membership”. In: Website oficial da Organização Mundial do

Comércio. 2015. Disponível em:

<https://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/casestudies_e/case11_e.htm>.

Acesso em: 19. ago. 2015.

“HU Jintao”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Hu_Jintao/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

"HUANG Ju" In: China Vitae. 2015. Disponível em

:<http://www.chinavitae.com/biography/Huang_Ju/bio>. Acesso em: 17.jul.2015.

“HUANG Zhendong”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Huang_Zhendong/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

“JIA Qinglin”. In: China Vitae. 2015. Disponível em:

<http://www.chinavitae.com/biography/Jia_Qinglin/full>. Acesso em: 17.jul.2015.

“JIANG Chinyun”. In: Website oficial do Governo chinês. 2015 a. Disponível em:

<http://en.people.cn/data/people/jiangchunyun.shtml>. Acesso em: 16.jul.2105.

______. In: China Vitae. 2015 b. Disponível em:

<http://www.chinavitae.com/biography/Jiang_Chunyun/full>. Acesso em:

16.jul.2015.

“JIANG Zemin”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Jiang_Zemin/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

LAI, H. The domestic sources of China’s foreign policy. Londres/Nova York: Routledge,

2010.

"LI Peng". In: Oxford Index. 2014. Disponível em:

<http://oxfordindex.oup.com/view/10.1093/oi/authority.20110803100107966>.

Acesso em 05.jul.2015.

“LI PENG”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Li_Peng/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

"LI RUIHUAN". In: Website oficial do governo chinês. 2015a. Disponível em:

<http://en.people.cn/data/people/liruihuan.shtml>. Acesso em: 05.jul.2015.

______. In: China Vitae. 2015b. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Li_Ruihuan/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

Page 19: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

19

“LIU Tienan”. In: China Vitae. 2015 Disponível em:

<http://www.chinavitae.com/biography/Liu_Tienan/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

"LUO Gan”. In: Website Oficial do Governo Chinês, 2015a Disponível em:

<http://en.people.cn/data/people/luogan.shtml> Acesso em: 05.jul.2015.

______. In: China Vitae. 2015b Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Luo_Gan/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

MULVENON, J. “Zhang Wannian: a political biography”. In: China Leadership Monitor.

Stanford: Hoover Institution, n. 1, 01. set. 2001. Disponível em:

<http://www.hoover.org/sites/default/files/uploads/documents/clm1_JM2.pdf>.

Acesso em: 10.jul.2015.

NATIONAL DEVELOPMENT AND REFORM COMMISSION (NDRC). “Main Functions of the

NDRC”. In: Website Oficial da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, 2015.

Disponível em: <http://en.ndrc.gov.cn/mfndrc/>. Acesso em: 01.jul.2015.

“OVERVIEW”. In: Chinese Leaders, 2015. Disponível em: <http://www.ibtimes.com/chinas-

wen-jiabao-real-reformer-top-or-supreme-showman-699177>. Acesso em:

01.jul.2015.

PERMANENT MISSION OF THE PEOPLE'S REPUBLIC OF CHINA TO THE UNITED NATIONS

OFFICE AT GENEVA AND OTHER INTERNATIONAL ORGANIZATIONS IN

SWITZERLAND. “Speech by Mr. Zhang Zuoji, Minister of Labor and Social Security,

at the Global Employment Forum (November 1, 2001, Geneva)”, 19. abr. 2004.

Disponível em: <http://www.china-un.ch/eng/shbz/jythsm/t85608.htm>. Acesso

em: 11.jul.2015.

“TANG Jiaxuan”. In: China Vitae, 2015. Disponível em:

<http://www.chinavitae.com/biography/Tang_Jiaxuan/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

______. In: Ministry of Foreign of the People's Republic of China, 2014. Disponível em:

<http://www.fmprc.gov.cn/mfa_eng/ziliao_665539/wjrw_665549/3606_665551/

t44163.shtml>. Acesso em: 06.jul.2015.

THE NATIONAL PEOPLE’S CONGRESS. “The State Council”. In: Websiite Oficial do Congresso

Nacional do Povo da República Popular da China. 2015. Disponível em:

<http://www.npc.gov.cn/englishnpc/stateStructure/2007-

12/06/content_1382098.htm>. Acesso em: 16.jul.2015.

Page 20: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

20

"WEI Jianxing". In: Website Oficial do Governo Chinês, 2015 a. Disponível em:

<http://en.people.cn/data/people/weijianxing.shtml>. Acesso em 07.jul.2015

______. In: China Vitae, 2015b. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Wei_Jianxing/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

“WEN Jiabao”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Wen_Jiabao/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

“WU BANGGUO”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Wu_Bangguo/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

“WU JIACHUAN”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Wu_Jichuan/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

“WU YI”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Wu_Yi/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

“WU YI: BIOGRAPHY”. In: Notable Biographies. 2015. Disponível em:

<http://www.notablebiographies.com/newsmakers2/2005-Pu-Z/Wu-

Yi.html#ixzz3eb6q8UHZ>. Acesso em: 01.jul.2015.

“XIANG Huaicheng”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Xiang_Huaicheng/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

ZENG, K. China’s Foreing Trade Policy: The New Constituencies. Londres/Nova York:

Routledge, 2007. Disponível em:

<https://books.google.com.br/books?id=7HeTAgAAQBAJ&pg=PA150&lpg=PA150

&dq=what+is+the+history+of+wu+jichuan+and+the+latest+information+about+wu

+jichuan&source=bl&ots=080qiMUAZg&sig=UskuTAbHRNcFnkoyAridzykRxkg&hl

=pt-

BR&sa=X&ei=_YWhVZfPDcv9oQSRmp6ICw&ved=0CBwQ6AEwADgK#v=snippet&

q=Wu%20JiChuan&f=false>. Acesso em: 01.jul.2015.

“ZENG Peiyan”. In: China Vitae. 2015. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Zeng_Peiyan/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

ZHANG, W. ALON, I. “Xiang Huaicheng”. In: Biographical Dictionary of New Chinese

Enterpreneurs and Business Leaders. Cheltenham: Elgar Publishing, Inc., 2009.

Disponível em:

Page 21: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

21

<https://books.google.com.br/books?id=24P3M4hrpWwC&pg=PA203&lpg=PA20

3&dq=Xiang+Huaicheng&source=bl&ots=yygkCnfn3P&sig=gQOJ0tXAtbBOAsUEt

MjFNSOuEZk&hl=pt-

BR&sa=X&ei=wZChVYLDGIXXoASY8o7YAg&ved=0CGEQ6AEwDg#v=onepage&q

=Xiang%20Huaicheng&f=false>. Acesso em: 01.jul.2015.

“ZHANG Wannian”. In: China Vitae. 2015a. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Zhang_Wannian/full>. Acesso em:

25.fev.2015.

______. In: Who is Who in China’s Leadership. 2015b. Disponível em:

<http://www.china.org.cn/english/chuangye/62214.htm> . Acesso em: 10.jul.2015.

“ZHU Rongji”. 2015. In: China Vitae. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Zhu_Rongji/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

“ZHANG Zuoji”. 2015. In: China Vitae. Disponível em: <

http://www.chinavitae.com/biography/Zhang_Zuoji/full>. Acesso em: 25.fev.2015.

Page 22: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

22

INFORMAÇÕES ADICIONAIS2

SOBRE O PARTIDO COMUNISTA E O COMITÊ CENTRAL

Como já destacado no Guia A, na China há a divisão entre Estado e Partido. É o

Partido Comunista da China (PCCh) quem elege o presidente da República Popular da China

(RPC), que é também o secretário-geral do Partido. O Comitê Central é o mais alto corpo

administrativo do PCCh, e é eleito pelo Congresso Nacional do PCCh. Possui inicialmente

um mandato de cinco anos (renovável por mais cinco) e, ao longo do governo, se reúne por

meio de sete sessões Plenárias que discutem questões trazidas pelo Congresso Nacional do

PCCh. A Primeira Plenária é a reunião na qual são eleitos os membros do Bureau Político e a

cúpula do PCCh. Na Segunda Plenária, é proposta uma lista de candidatos à liderança do

governo estatal da China. Na Terceira Plenária – a mais importante delas –, é quando são

apresentadas as reformas econômicas e políticas mais amplas s serem seguidas. Na Quarta

Plenária são discutidas as melhorias para o governo do PCCh. Na Quinta Plenária, o Plano de

Cinco Anos para o desenvolvimento econômico e social da China é apresentado. Na Sexta

Plenária, são discutidas as reformas culturais e a melhoria da sociedade, e na Sétima

Plenária é discutido o relatório de trabalho feito pelo Bureau Político para o próximo

Congresso Nacional (“INTRODUCTION..., 2013).

Em 1997 foi eleito o 15º Comitê Central do Partido Comunista, cujo lema era “manter

erguida a grande bandeira da Teoria de Deng Xiaoping, o motivo da construção do

socialismo com características chinesas no século XXI3” (“JIANG...”, 1997). Para isso, era

importante a cooperação mútua para que se alcançasse o desenvolvimento econômico e o

progresso social. O Partido Comunista é o responsável por levar a nação chinesa ao sucesso

histórico (independência nacional, libertação popular e vitória do socialismo). Desde a

2 Sendo este um comitê histórico, todas as informações aqui apresentadas terão como referência as informações existentes em 1999, ano no qual se passa a simulação. Desse modo, chamamos atenção do delegado para termos como “hoje” e “atualmente” que se referem ao tempo do comitê e não ao ano corrente de 2015. 3 No original, traduzido do chinês para o inglês: “(…) hold high the great banner of Deng Xiaoping Theory, the cause of building socialism with Chinese characteristics to the 21st century” (“JIANG...”, 1997, tradução nossa).

Page 23: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

23

criação da RPC até os dias de hoje, já passaram pelo PCCh diversas gerações de líderes,

cada qual com uma agenda e características próprias. Com a primeira geração de liderança

coletiva, comandada por Mao Zedong, houve a construção do socialismo, com a segunda

geração, de Deng Xiaoping, foram empreendidas as reformas econômicas e, agora, com a

terceira geração de Jiang Zemin, vê-se o acirramento da competição internacional, no

campo da economia, da tecnologia e da ciência (“JIANG...”, 1997). Cabe destacar que essa

última geração de líderes é a primeira sem experiência direta com a Revolução Comunista:

enquanto as duas primeiras eram compostas por antigos revolucionários que haviam

participado e elaborado a consolidação do comunismo na China, essa terceira geração tinha

apenas participado em um estágio posterior, quando o comunismo já estava estabelecido e

o desafio era implementar reformas para alavancar o crescimento chinês. Grande parte

dessa nova geração era, portanto, composta por tecnocratas, o que atribuía à nova liderança

um perfil mais pragmático e mais voltado a busca pela modernização e reinserção

internacional chinesas.

É nesse contexto que se discute a possível entrada da China na OMC: o país entrava

em uma nova fase, tanto do desenvolvimento econômico quanto da presença internacional

e seria preciso reformular alguns aspectos do projeto comunista. Nesse período, a ênfase

estava no planejamento de longo-prazo, visto a expectativa de dobrar o Produto Interno

Bruto (PIB) da RPC nos dez primeiros anos dos anos 2000, para que já tenha se

estabelecido uma economia socialista de mercado completa. A ideia é atingir um nível de

país socialista próspero, democrático e civilizado (“JIANG...”, 1997).

A Terceira Plenária do 15º Comitê Central ocorreu em 14 de outubro de 1998, em

Pequim, com o objetivo de dar continuidade ao desenvolvimento da RPC no século XXI.

Foram colocadas em pauta a agricultura, as áreas rurais e os fazendeiros, classificados com

os maiores problemas da reforma de modernização chinesa. Ademais, outras questões

centrais são a crise financeira asiática4 e a globalização. O foco da Terceira Plenária é o

desenvolvimento da economia socialista de mercado, com o estímulo aos fazendeiros,

liberalizando e desenvolvendo as forças produtivas, trazendo o caminho do socialismo com

4 Todo o sudeste asiático possuía déficits (quando os gastos com as importações superam recebimentos com exportações) no balanço de pagamentos, portanto, dependia de financiamento via empréstimos de curto prazo. O aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, em 1979, fez com que as dívidas externas dos outros países, denominadas em dólar, aumentassem muito, isso somado à desvalorização das moedas asiáticas (com exceção do Yuan chinês), trouxe uma crise cambial e financeira para o Sudeste Asiático (COUTINHO,1999; CARNEIRO, 1999).

Page 24: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

24

características chinesas, por meio do auxílio da ciência e da tecnologia aos fazendeiros

(“FIFTEENTH...”, 1998):

“Devemos explorar ativamente maneiras concretas para

alcançar a modernização da agricultura, de desenvolver uma

gestão industrial. Continuar a melhorar a estrutura de propriedade,

desenvolvendo ativamente a economia pública e, ao mesmo tempo,

tomar medidas flexíveis e eficazes de política para incentivar e

orientar o indivíduo rural, privado e outros não-públicos com maior

desenvolvimento. Para aprofundar o sistema de circulação de

produtos agrícolas, no âmbito do mercado nacional de

macrocontrole, desempenha um papel fundamental na alocação de

recursos. Para reforçar o mercado de construção de infraestrutura,

melhorar a regulamentação do mercado, salvaguardar a ordem de

mercado” (“FIFTEENTH...”, 1998).

A ordem agora é manter a economia corrente, via políticas e medidas de

estabilidade e crescimento. Todos os membros devem esforçar-se para melhorar sua

habilidade de liderança para a modernização e trabalhar para que haja um governo limpo de

corrupções. Deve-se ter sempre erguida a bandeira de Deng Xiaoping para o socialismo com

características chinesas (“FIFTEENTH...”, 1998).

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, R. “Globalização financeira e inserção periférica”. In: Revista Economia e

Sociedade. Campinas: n.13, dez.1999, pp.57-92. Disponível em:

<http://www.eco.unicamp.br/docdownload/publicacoes/instituto/revistas/econo

mia-e-sociedade/V8-F2-S13/03-Carneiro.pdf>. Acesso em: 12. ago. 3025

COUTINHO, L. “Coreia do Sul e Brasil: paralelos, sucessos e desastres”. In: FIORI, J.I. (orgs)

Estados e Moedas no Desenvolvimento das Nações. Petropolis: Vozes, 1999.

“FIFTEENTH Central Committee of Communist Party of China the third plenary meeting

communiqué”. In: Website oficial do Partido Comunista, 14.out.1998. Disponível em:

<http://cpc.people.com.cn/GB/64162/64168/64568/65402/4429278.html>.

Acesso em: 21.jun.2015.

“INTRODUCTION to China’s Plenary Sessions and the CPC Central Committee”. In: China

Briefing, 11.nov.2013. Disponível em: <http://www.china-

Page 25: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

25

briefing.com/news/2013/11/11/introduction-to-chinas-plenary-sessions-and-the-

cpc-central-committee.html>. Acesso em: 20.jun.2015.

“JIANG Zeming’s report at the Fifteenth National Congress of the Communist Party of

China”. In: Website oficial da Federation of American Scientists, 12.set.1997. Disponível

em: <http://fas.org/news/china/1997/970912-prc.htm>. Acesso em: 21.jun.2015.

CRONOLOGIA

Desde a proclamação da República Popular da China, em 1949, pelo PCCh,

ocorreram muitas mudanças na China. Os principais eventos estão expostos no Guia A e

alguns deles estão elencados tabela abaixo.

Cronologia dos principais eventos da história da RPC DATA EVENTO

1947 É criado o Acordo Geral de Tarifas (GATT, em inglês), a China é membro-

fundador, mas se retira do acordo dois anos depois.

1949 Fim da guerra civil e criação da República Popular da China (RPC).

1958 Mao Zedong lança o Grande Salto pra Frete, que é abandonado em 1961.

1966 Mao Zedong inicia a Revolução Cultural.

1972 Presidente Richard Nixon (EUA) visita a China e assina o Shangai Communiqué,

normalizando relações com a RPC.

1978 Deng Xiaoping oficialmente lança as Quatro Modernizações (agricultura, indústria,

ciência e tecnologia), formalmente marcando o início da era da reforma.

Inicia-se o período de tentativa de reingresso da RPC no GATT.

Deng Xiaoping institui os Quatro Princípios Cardinais - para manter a via socialista,

para manter a ditadura democrática da república, com a liderança do PCCh, e o

pensamento marxista-leninista-Mao Zedong.

1979 Deng Xiaoping visita os EUA e a administração de Jimmy Carter é reconhecida

oficialmente pela RPC.

Page 26: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

26

A lei da RPC no comércio chinês com joint ventures entra em vigor.

China torna-se membro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. 1980 O Congresso Nacional Chinês cria as Zonas Econômicas Especiais (ZEE's).

1986 A RPC envia um pedido formal para ter um assento no GATT.

1993 Presidente Bill Clinton (EUA) introduz política de "aliança construtiva" para um

acordo com a China.

1995 É criada a Organização Mundial do Comércio (OMC), em substituição ao GATT.

É eleito o 15˚ Comitê Central do Partido Comunista. 1997

Presidente Jiang Zemin visita os Estados Unidos.

1998 Jiang Zemin pede para que os militares chineses se afastem dos negócios.

Fonte: adaptado de BERGSTEN, 2009, p. 15-19, tradução nossa.

A partir da cronologia acima faremos um breve panorama acerca da história da

República Popular da China. Em 1949, é proclamada a República Popular da China (RPC) sob

o comando do Partido Comunista Chinês (PCCh). Os membros do partido nacionalista,

Kuomintang, que até então governavam a China, fogem do país e se refugiam na ilha de

Taiwan.

Os primeiros vinte anos de RPC fizeram com que a China tivesse sua estrutura

econômica e social reformulada, por meio do Grande Salto para Frente (1958-1961) e da

Revolução Cultural (1966-1976), respectivamente. A anos da Revolução Cultural foram de

instabilidade interna e fragilizaram a figura de Mao Zedong. Em 1976 o líder falece, o que

marca o efetivo fim da Revolução Cultural (FAIRBANK, GOLDMAN, 2006).

Em 1978, Deng Xiaoping (1904-1997) assume a liderança do PCCh, atuando como

governante de facto da RPC, e iniciando o processo de abertura da economia chinesa ao

mundo. O período de 1978 a 1986 é marcado pela tentativa de reingresso da China no

GATT. “O Acordo iria conceder à China privilégios comerciais, mas também exigiu a

reforma de seu regime de comércio externo e a abertura de seus mercados5” (LAI, 2010, p.

72, tradução nossa).

5 No original: “The GATT would grant China trade privileges, yet required it to reform its external trade regime and open up its markets” (LAI, 2010, p. 72).

Page 27: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

27

Então, em abril de 1979, Deng Xiaoping, declara o que viria a ser um dos pilares do

seu plano de reformas: a construção de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), que

funcionariam como laboratórios para a iniciativa de liberalização. A primeira delas foi

estruturada em Shenzhen, e, três meses depois, mais quatro ZEEs são organizadas. Nelas

era permitida a existência de associações entre empresas estrangeiras e chinesas, sob a

forma de joint ventures6: o Estado assim fazia a gradual experiência de permitir a

participação externa dentro da China, ainda que controlada (LAI, 2010).

A partir das reformas, e das ZEEs, a China conseguiria iniciar o processo de

liberalização que constituía um pré-requisito para o retorno ao GATT. Ainda, “entre

novembro de 1985 e janeiro de 1986, um conselheiro legal e o diretor-geral do GATT visitou

a China consecutivamente para discutir a participação completa da China no GATT” (LAI,

2010). E depois do Congresso Nacional do Povo ter aceitado um plano econômico que

buscava reformas e aberturas, a China fez seu pedido oficial de entrar no GATT, em julho de

1986 (LAI, 2010).

Entre 1986-1992, há uma revisão do sistema de comércio internacional chinês. O

primeiro requisito formal de entrada da China no GATT exigia a revisão do sistema de

comércio externo da China. A partir de 1989, o episódio de Tianamen, a reticência chinesa

com a questão dos direitos humanos e a reaproximação da China com a URSS, depois

Rússia, fizeram com que as negociações com os EUA ficassem mais lentas – o presidente

estadunidense George Bush (1989–93) implicitamente impedia o progresso nas discussões

com a China, e a União Europeia seguiu também essa linha (LAI, 2010).

Com o fim da Guerra Fria e a queda da União Soviética em 1991, surge uma nova

ordem mundial, marcada, entre outras coisas, pela promoção da ordem liberal e pelo

crescimento cada vez mais acelerado da China. Em 1992, terminam as revisões sobre o

sistema de comércio chinês, e tem início a negociação sobre as tarifas aplicadas pela China

(LAI, 2010). Em 1993, com a eleição de Bill Clinton, a aproximação com a china sofre um

arrefecimento frente às constantes críticas do novo presidente. O novo governo

estadunidense assumiu uma postura de confronto em relação ao autoritarismo chinês: a

democracia e os direitos humanos se tornaram obstáculos à aproximação no início do

governo de Clinton (KISSINGER, 2011, pp. 451-452).

6 União entre duas empresas para tirar proveito de alguma atividade econômica. Na China, a entrada de empresas estrangeiras se deu por meio de joint ventures, ou seja, a associação de empresas estrangeiras com os chineses para facilitar a transferência de tecnologia. “Caso algum empreendedor queira se estabelecer na China sem se associar a nenhuma companhia local, enfrentará barreiras quase intransponíveis” (WOLFFENBÜTTEL, 2006).

Page 28: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

28

Enquanto isso, em 1993, na RPC, Jiang Zemin se torna presidente: sua missão era

restaurar a imagem chinesa e conduzir o país a um novo posicionamento no sistema

internacional, rompendo com o isolamento que havia predominado nas décadas anteriores

(KISSINGER, 2011, p. 434). Seu conselheiro econômico, o Premiê Zhu Rongji, também está

preocupado com os assuntos domésticos, como o controle da inflação acelerada,

centralização dos bancos e controle dos impostos.

Em 1995, o GATT dá lugar à Organização Mundial do Comércio (OMC), e a lista de

concessões para a retomada da presença chinesa nos acordos de comércio internacional se

torna mais extensa. Em 1997 falece Deng Xiaoping e ganham espaço no partido os

tecnocratas ligados à indústria e a burocracia do Estado chinês. No mesmo ano, Jiang Zemin

visita Washington e, no ano seguinte, Clinton visita Pequim, já sinalizando o avanço das

negociações bilaterais. Neste período, o Premiê Zhu Rongji declara que “Nunca antes na

história a China manteve intercâmbios e comunicações tão frequentes com o resto do

mundo” (KISSINGER, 2011, p. 462). O período de 1996 a 1998, internamente na China, foi

marcado pelas dificuldades financeiras das estatais chinesas e pelas críticas dos moradores

urbanos, empresários e empregados com relação à intensificação da competição externa.

Agora, em 1999, o 15° Comitê Central do PCCh continua reunido para dar

continuidade às negociações para a entrada da grande nação chinesa no comércio

internacional. Vale lembrar que nos anos 1990, a China retoma sua ligação comercial com

os países do entorno regional, e deve levar em conta uma maior abertura para a entrada do

setor privado e do capital estrangeiro em sua economia. Há certa resistência popular e da

oposição em relação às concessões que devem ser feitas (principalmente as demandadas

pelos EUA).

REFERÊNCIAS:

BERGSTEN, C. et all. China Rise – Challenges and Opportunities. Washington: Center for

Strategic and Foreign Studies. 2009

FAIRBANK J; GOLDMAN, M. China: A New History. Cambridge/Massachusetts/London:

Harvard University Press, 2006.

KISSINGER, H. Sobre a China. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

LAI, H. The domestic sources of China’s foreign policy. Londres/Nova York: Routledge, 2010.

Page 29: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

29

OS PRINCÍPIOS DA OMC E SEUS PRINCIPAIS ACORDOS

COMERCIAIS: GATTS, TRIMS E TRIPS

O General Agreement on Tariffs and Trade, ou Acordo Geral sobre Tarifas e

Comércio (GATT), foi responsável por definir as regras da política do comércio

internacional entre os anos de 1948 e 1994 e representa a origem da Organização Mundial

do Comércio (OMC), criada em 1995. Esse período também compreende os anos de maior

crescimento do comércio mundial: o GATT, entretanto, apesar de ter favorecido o

crescimento expressivo das trocas comerciais, não era uma organização fixa, mas sim um

acordo provisório (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015a). No início das negociações

para a criação do GATT, 15 países participavam do acordo, mas quando ele foi assinado, o

grupo já tinha se expandido para vinte e três (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015a).

Vale destacar que a China chegou a ser um dos signatários fundadores, entretanto o país se

retirou dois anos depois saiu dois anos depois quando proclamou-se a República Popular da

China e, consequentemente, a instaurou-se o comunismo.

A OMC, criada em substituição ao GATT, reúne, em verdade, não apenas este, mas

uma série de acordos negociados na Rodada do Uruguai7 e que abrangem diversos setores

da economia com um objetivo comum: o da liberalização comercial. São eles:

GATS – O General Agreement on Trade in Services (Acordo Geral para Comércio e

Serviços, em tradução livre) é um dos resultados da Rodada Uruguai da OMC. Ele tem como

objetivo estender as medidas de liberalização idealizadas para a troca de bens, no GATT,

incluindo o comércio de serviços. O GATS busca, portanto, criar um sistema confiável de

regras do comércio internacional, que resulte no livre-comércio na área de serviços que

ganha cada vez mais força nas economias contemporâneas (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015b).

O GATS inclui 12 setores e 155 subsetores; os setores considerados pelo acordo são:

serviços profissionais e de consultoria, como médico, jurídico, engenharia, contábil,

pesquisa e desenvolvimento, computação, imobiliário, propaganda e vendas; serviços de

comunicação; de construção e de engenharia; serviços de distribuição de educação;

7 Rodada de negociações do GATT ocorrida entre 1981 e 1994, cujo objetivo era negociar um código

de conduta entre os países signatários do acordo, reduzir tarifas comerciais e estimular concessões

(REGO, 2001).

Page 30: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

30

ambientais; financeiros e de seguros; de turismo e viagens; de recreação; cultural e de

esporte; serviços de transporte; e outros serviços (WORLD TRADE ORGANIZATION,

2015b).

O Acordo prevê duas exceções que são excluídas da regulação do GATS: a primeira

diz respeito aos serviços pelo governo na forma de serviços públicos, como educação e

segurança social que não estão sujeitos à liberalização proposta pelo acordo. Já a segunda,

diz respeito a serviços relacionados aos direitos ligados ao tráfego aéreo (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015b).

TRIMS – O Trade-Related Investment Measure (Acordo sobre Medidas de

Investimento Relacionadas ao Comércio) é também um dos resultados da Rodada do

Uruguai. O objetivo dos países membros do GATT ao criar tal acordo foi facilitar os

investimentos entre as nações a fim de aumentar o crescimento econômico entre os

membros, ao mesmo tempo, que as regras do livre comércio continuassem a reger as trocas

de mercadorias dos parceiros comerciais. O TRIMs visa a evitar medidas protecionistas em

relação ao investimento externo. Entretanto, é preciso ressaltar que o TRIMS é um acordo

que se aplica apenas aos investimentos direcionados ao setor de bens, os serviços não estão

inclusos no acordo (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015c).

Cabe destacar que como o TRIMS tem também como objetivo garantir o livre-

comércio, sua regulamentação não pode ser aplicada nos casos em que privilegie os

produtos nacionais sobre os importados, ou o contrário. Isso porque uma medida que

discrimine ou o produto importado/exportado, ou o produto nacional, representa uma

infração aos princípios da OMC que, por sua vez, representa um acordo que preza pelo livre

comércio entre seus membros assinantes (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015c).

Porém, como o Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio

está ligado ao Investimento Direto Externo (IDE), que representa o investimento de um

agente do exterior em território nacional, ele acaba trazendo maiores benefícios aos países

já desenvolvidos capazes de investir nos demais. Apesar de ter contribuído para que

pequenas economias (e economias em desenvolvimento) recebessem investimentos, o

acordo para IDE acaba prejudicando as economias em desenvolvimento, por não permitiram

o controle e o direcionamento do investimento externo que entra no país (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015c).

TRIPS – O Trade Related Intellectual Property Rights (Aspectos de Direitos de

Propriedade Intelectual Relacionadas ao Comércio) abrange assuntos vinculados à

Propriedade Intelectual, ou seja, vinculados a produtos que são resultados de um processo

Page 31: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

31

de profunda inovação, invenção, investigação e design. O acordo garante que os criadores

de Propriedades Intelectuais tenham o direito de impedir que terceiros se apropriem

indevidamente de suas criações. De acordo com o TRIPS, tais criações só podem ser usadas

por terceiros caso haja uma negociação análoga a de mercdadorias que siga os padrões da

OMC (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015c). Os pontos passíveis de negociação desse

acordo são:

1. Direitos Autorais – “Os autores de programas de computador e produtores de

gravações sonoras devem ter o direito de proibir a locação comercial das suas

obras ao público8” (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015d, tradução nossa).

Diante disso, qualquer artista, ou produtor de gravações, tem o direito de

impedir gravação, reprodução e/ou difusão não autorizadas (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015d);

2. Patentes – o acordo prevê que a proteção de patentes deva englobar os produtos

e processos em quase todos os campos tecnológicos. Desde o desenvolvimento

de plantas até métodos cirúrgico e terapias, por exemplo (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015d);

3. Marcas – o TRIPS define quais tipos de símbolos devem ser registrados como

passíveis de proteção como marcas registradas, e garante que marcas de serviço

devem ser protegidas assim como marcas de mercadorias (WORLD TRADE

ORGANIZATION, 2015d);

4. Desenho Industrial - a proteção à desenhos industriais busca impedir a

fabricação, venda ou importação de artigos que representem uma cópia de um

projeto protegido (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015d);

5. Informações Confidenciais – segredos comerciais e outros tipos de "informação

reservada" que têm valor comercial devem ser protegidos contra atos contrários

às práticas comerciais legais (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015d);

6. Indicações Geográficas – o acordo prevê a proteção de marcas que recebem

nomes de locais, e busca protegê-las, a fim de que não haja enganos do local de

fabricação, ou seja, busca garantir que o produto continue sendo produzido no

local que lhe dá nome. Os principais exemplos são vinhos e bebidas como:

"Champagne" produzido na região de Champagne, na França, "Scotch" uísque

8 “Authors of computer programs and producers of sound recordings must have the right to prohibit the commercial rental of their works to the public” (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015d).

Page 32: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

32

produzido na Escócia, "Tequila" produzida na cidade de Tequila, no México, e

queijo "Roquefort" que tem origem em Roquefort-sur-Soulzon, na França

(WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015d).

O GATT, quando foi acordado, acarretou em alguns princípios essenciais que

limitam as políticas de trocas comerciais entre seus membros; estes princípios foram

estendidos à OMC, e são:

1. Não discriminação: considerado o pilar da OMC, e determina que quando um

país recebe uma vantagem ou privilégio comercial, é obrigatório que os demais

países-membros obtenham também esse privilégio; e em artigos que

estabelecem os princípios do Tratamento Nacional que impede que haja uma

diferenciação entre produtos nacionais e importados com o objetivo de

favorecer a produção interna do país (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 2015)..

2. Previsibilidade: os mercados precisam ser previsíveis para que as nações

consigam realizar suas atividades de trocas comerciais e, para tanto, os países

precisam de compromissos tarifários muito bem acordados, e entre eles estão o

TRIPS e o TRIMS, que impedem o protecionismo abusivo dos governos, a fim de

proteger o produto nacional (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 2015).

3. Concorrência leal: tida como um dos principais objetivos da OMC visa a impedir

a aplicação de medidas que causem distorções no comércio internacional, como

dumping e subsídios. Os Acordos Antidumping e Acordos de Subsídios, por sua

vez, definem qual o procedimento a ser seguido no caso de se comprovar o uso

de tais práticas (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E

COMÉRCIO, 2015).

4. Proibição de restrições quantitativas: busca impedir que quotas e proibições

sejam aplicadas à produtos importados com o objetivo de proteger a produção

nacional, com exceção da tarifa, considerada um mecanismo de proteção

compatível com a concorrência leal (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 2015).

5. Tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento: esse

princípio determina que, frente a capacidade diferenciada das economias

desenvolvidas, elas devem isentar países em desenvolvimento do princípio da

reciprocidade, ou seja, as concessões devem ser feitas de acordo com a

Page 33: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

33

capacidade econômica dos envolvidos (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,

INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 2015).

REFERÊNCIAS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO (MDIC). “OMC -

Organização Mundial do Comércio: Princípios”. In: Website oficial do MDIC, 2015.

Disponível em:

<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3

68&refr=366>. Acesso em: 22.jun.2055.

REGO, E. C. “Do GATT à OMC: o que mudou, como funciona e para onde caminha o sistema

multilateral de comércio”. In: Revista do BNDES. Rio de Janeiro, n. 6, dezembro de

2001. Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/A

rquivos/conhecimento/revista/gatt.pdf>. Acesso em 22. jun. 2015.

WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO). “The GATT years: from Havana to Marrakesh”.

In: Website oficial da Organização Mundial do Comércio, 2015. Disponível em:

<https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/fact4_e.htm>. Acesso

em: 14.jun.2015.

______.”The General Agreement on Trade in Services (GATS): objectives, coverage and

disciplines”. In: Website oficial da Organização Mundial do Comércio, 2015b.

Disponível em: < https://www.wto.org/english/tratop_e/serv_e/gatsqa_e.htm>.

Acesso em: 22.jun.2015.

_____.“Agreement on Trade Related Investment Measures”. In: Website oficial da

Organização Mundial do Comércio, 2015c. Disponível em: <

https://www.wto.org/english/tratop_e/invest_e/invest_info_e.htm>. Acesso em:

21.jun.2015.

_____.“Intellectual property: protection and enforcement”. In: Website oficial da Organização

Mundial do Comércio, 2015d. Disponível em:

<https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm7_e.htm>. Acesso

em: 21.jun.2015.

Page 34: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

34

A DISCUSSÃO SOBRE A ENTRADA DA CHINA NA OMC E AS

REFORMAS NECESSÁRIAS

O período que compreende os anos de 1986 a 1992 representa o estágio de revisão

que a China faz em relação ao sistema comércio internacional. Tal período pode ser dividido

em duas fases: de 1986 a 1989, quando circunstâncias externas favoráveis e intensas

reformas internas, como o controle de preços, permitiram um progresso, ainda que suave,

nas negociações da entrada chinesa no GATT; e a segunda, após 1989, quando

instabilidades políticas internas desaceleraram as reformas em curso e culminaram com a

reprovação do Ocidente acerca da forma de ação do PCCh, o que acabou levando à

interrupção da discussão sobre a entrada chinesa na organização (LAI, 2010).

Na primeira fase (1986-1989), como já foi dito, houve um avanço nas negociações.

Inclusive entre o início de 1988 e o primeiro semestre do ano seguinte, uma comissão

exclusiva para solucionar a questão chinesa realizou sete sessões para discutir as questões

entre os membros e Pequim. E, mesmo sem se ter resolvido todas as questões, o GATT já

considerava fazer um protocolo na primeira metade de 1989, e muitos viam esse protocolo

como o ponto final das negociações que se prolongavam havia três anos (LAI, 2010).

Contudo, os eventos da Praça da Paz Celestial, em 1989, resultaram em certo

distanciamento entre a China e o ocidente, sob influência norte-americana: a forma como o

PCCh reprimiu as manifestações populares foi usada pelos EUA como pretexto para

suspender as negociações com a China e impor sanções como expressão da reprovação

ocidental. No entanto, à despeito de tais medidas, o PCCh buscou manter o avanço

econômico do país, e os chineses mantiveram-se em progresso de maneira tão notória que o

Ocidente percebeu que as sanções não haviam surtido o efeito esperado, retirando-as. No

âmbito interno, os eventos da Paz Celestial prejudicaram a figura do PCCh como condutor

da transição chinesa, e entre 1989 e 1991, os líderes conservadores do partido ganham

espaço e instauram reformas econômicas, medidas de austeridade e também fomentam

empresas estatais (LAI, 2010).

A partir de 1992, assume o comando do partido a terceira geração de líderes – em

sua essência composta pelos chamados “tecnocratas” –, que acaba por trazer uma maior

participação do setor privado na produção chinesa. A expansão industrial gerou uma

economia voltada para a exportação e com certa participação de investimentos estrangeiros

no país (como o caso das joint ventures); e a intensificação das trocas comerciais

internacionais, que resulta na maior entrada de moeda estrangeira na China. Em

Page 35: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

35

decorrência de um cenário de crescimento econômico massivo, com grande entrada de

recursos estrangeiros, e com uma crescente transferência do papel das empresas estatais

para a iniciativa privada chinesa, há – além do fortalecimento de uma classe empresarial

nacional – um aumento, igualmente massivo, dos chamados custos sociais, tais como crises

financeiras e bancárias, aumento da corrupção, desemprego em massa, crescente taxa de

criminalidade e urbanização e crescimento da população descontrolados (LEWIS; XUE,

2003, pp. 927-928).

Todavia, ao longo dos anos 1990, segundo Hongyi Lai (2010, p.81), devido a fatores

políticos externos, a China era encorajada a realizar reformas internas mais drásticas de

modo a sinalizar ao sistema internacional sua disposição em cooperar: o objetivo era

reforçar a imagem de um país que respeita as normas internacionais e que está interessada

em assumir uma postura responsável na política mundial. A entrada da China na OMC seria

um dos pilares desta estratégia: a área comercial era vista pelo mundo como a que menos

susceptível a concessões por parte do governo chinês. Dentre as propostas de reforma,

altamente defendidas pela comunidade internacional – sob forte influência americana–,

estavam voltadas às regras tarifárias que a RPC teria que adotar:

1- Abolir dos impostos de exportação e do controle de preços, de modo a se

conceder tratamento igualitário aos produtos estrangeiros e aos nacionais (LAI,

2010);

2- Aceitar a cláusula de salvaguardas9, cujo objetivo era proteger em um primeiro

momento os mercados internacionais dos produtos chineses que praticavam

preços abaixo daqueles do mercado (LAI, 2010);

3- Aceitar dos acordos relativos ao seu balanço de pagamentos (LAI, 2010);

4- Aceitar eventuais restrições impostas pelos acordos de agricultura (LAI, 2010);

5- Entrar em um período de transição de 5 anos como observadora dos acordos de

propriedade intelectual (LAI, 2010);

6- Resolver os conflitos com outros países no que tange às revisões de políticas de

comércio (LAI, 2010);

7- Firmar acordos multilaterais que reforçassem as regras de comércio

internacional (LAI, 2010).

Para aderir à OMC é necessário que os países adaptem suas políticas comerciais,

fiscais e monetárias a fim de propiciar a livre circulação de mercadorias entre um país e os

9 Medidas que restringem a importação de certo produto, por meio de aplicação de uma cota ou tarifa, é uma medida temporária (BARBOSA et all, 2005).

Page 36: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

36

demais membros da Organização. Com a China, esse pré-requisito de reformas se tornava

imperativo: a pressão externa era para que a China abrisse mão da forte presença do Estado

em prol de medidas liberalizantes em todos os setores que fizessem intercâmbio com o

exterior. Segundo Ching Cheong e Ching Hung-Yee (2003, pp. 199-325), alguns setores

seriam mais afetados do que outros nessa pressão por reformas geradas pelo pleito de

entrada na OMC. Entre as principais demandas externas estão:

1. Agricultura

A RPC deverá eliminar todas as barreiras não-tarifárias e reduzir suas tarifas de

importação para produtos agrícolas de 22% para 17,5%. Além das alíquotas, a China não

deve mais limitar o número de empresas estrangeiras interessadas em fazer comércio com

Pequim, além de se comprometer a eliminar qualquer tipo de subsídio que possa distorcer

os preços de seus produtos em relação aos importados.

2. Indústria

Dentre os setores da indústria mais atingidos pela entrada na OMC estão os da

indústria pesada, como automóveis, telecomunicações, petroquímica, petróleo,

farmacêutica, produtos de aço de alta qualidade. Já os setores mais beneficiados são da

indústria leve, como têxteis e vestuário, calçados e aparelhos eletrônicos.

2.1. Indústria Leve

Setores como brinquedos, bebidas, móveis e cosméticos terão alíquotas de

importação reduzidas a zero, ao passo que têxteis se reduzirão a até 12%, por

exemplo. Salvaguardas, subsídios e política antidumping10 também seriam

regulamentados.

2.2. Indústria Pesada

Faz-se uma diferenciação entre a indústria automobilística e as demais

indústrias pesadas. Enquanto as tarifas de importação de automóveis ou autopeças

seriam reduzidas para até 25% até 2005, ferro e aço iriam para 6,1%, químicos para

7%, maquinários, entre 5-10%, e aviação civil, 8%.

3. Tecnologia da Informação (TI) e Telecomunicações

3.1. TI

Eliminação da tarifa de importação, dos subsídios e das quotas.

3.2. Telecomunicações 10 Políticas realizadas com o objetivo de conter a prática de dumping (vide

glossário).

Page 37: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

37

Servidores estrangeiros podem operar no mercado chinês.

4. Finanças

A abertura do mercado chinês à negócios financeiros de todo o mundo, como

bancos, agências de investimento e demais serviços financeiros.

5. Distribuição, Transporte e Logística, e Turismo

5.1. Distribuição

A China se comprometeria a liberalizar seu sistema de distribuição.

5.2. Transporte e Logística

Empresas estrangeiras poderiam atuar no setor de transportes da China,

respeitando as diferenças de cada tipo de transporte.

5.3. Turismo

Servidores estrangeiros poderiam operar no setor chinês de turismo.

Como bem se vê, muitos desses setores exigem mudanças amplas para se adequar

aos pré-requisitos impostos pela OMC. Desse modo, se quiser usufruir dos benefícios

proporcionados pela maior inserção internacional e pelo acesso à novos mercados

consumidores, a China terá que empreender reformas profundas em setores importantes e,

frequentemente, estratégicos para o governo chinês.

No âmbito interno, para que a participação da RPC no mercado internacional seja

efetiva e influente, é importante que os membros do Comitê Central se atentem à

necessidade de estabelecer preferências e concessões com àqueles que desejam traçar

relações com zonas mais desenvolvidas do país, com grandes montantes de exportações,

promovendo, assim, a atração de capital estrangeiro, sinalizando o caminho à

internacionalização do comércio chinês. Há setores ineficientes (como a agricultura, a

indústria pesada, as telecomunicações, as empresas estatais, os bancos estatais), que

podem sofrer com a competitividade externa, e setores competitivos (empresas não

estatais, manufaturas intensivas em trabalho e a agricultura comercial), que podem se

beneficiar sobremaneira da adesão à OMC. Ambos devem receber igual atenção nas

discussões dos líderes do Partido, sempre tendo como prioridade a estabilidade interna do

país. Acima de tudo, a preocupação interna é com o longo prazo, a China faz nesse

momento uma revisão de sua própria organização interna e repensa os rumos do próprio

comunismo. Será preciso reinterpretar os objetivos chineses (KISSINGER, 2011, p. 466).

Page 38: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

38

REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. TOZZINI, F. TRENCH, R. Guia Prático de Aplicação de Salvaguardas: O caso

China. Disponível em:

<http://www.cebc.org.br/sites/default/files/guia_pratico_de_aplicacao_de_salvag

uardas_-_o_caso_china.pdf>. Acesso em: 15.jun.2015.

CHING, C; CHING, H. Handbook on China's WTO Accession and Its Impacts. Hong Kong: World

Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2003.

FAIRBANK, J.; GOLDMAN, M.; “Capítulo 21 – A era de reformas pós-Mao”. In: China: uma

nova história. Porto Alegre: L&PM, 2006; pp. 372-411.

KISSINGER, H. Sobre a China. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, pp. 431-467.

LAI, H. The domestic sources of China’s foreign policy. Londres/Nova York: Routledge, 2010.

LEWIS, J.; XUE, L. “Social Change and Political Reform in China: Meeting the Challenge Of

Success”. In: China Quarterly, 2003, n. 176, pp. 926-942.

As negociações com as partes interessadas

A China, apesar de ter feito parte da criação do Acordo Geral de Tarifas e Comércio

(GATT) que mais tarde se converteria na OMC, afastou-se da organização em 1949.

Entretanto, a RPC solicitou o reingresso no organismo em 1986 e o pedido foi transferido

para a OMC, criada em 1995. Na ocasião da solicitação, formou-se, ainda no GATT, um

grupo de trabalho composto pelas partes interessadas na entrada na China no Acordo: ele

iria analisar o cenário comercial chinês, sinalizando quais requisitos teriam que ser

cumpridos pelo país para garantir o ingresso. Esse grupo se manteve com a substituição do

GATT pela OMC e definiu uma série de adequações que teriam que ser feitas pela China.

Tais negociações deveriam estar completas antes que o país pudesse se tornar membro

efetivo da nova Organização: sem as concessões às partes interessadas não haveria avanço.

Aliado as reservas dos membros da OMC em relação a capacidade chinesa de efetivamente

cumprir as reformas exigidas e aos impactos que a sua entrada poderiam acarretar, tal

requisito resultou em um longo processo de negociações que exige do PCCh paciência e

flexibilidade para lidar com os diversos interesses em jogo (KANUNGO, 2009, p. 1).

Page 39: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

39

Dentre as principais contra-partes dessa pré-negociação podemos destacar os

Estados Unidos, a União Europeia e o Brasil. Cada qual com interesses e temores próprios

em relação a possível entrada da China na OMC, todos buscam, ao mesmo tempo, garantir

o acesso ao amplo mercado consumidor chinês e proteger a indústria nacional,

especialmente a intensiva em mão-de-obra, do rápido avanço chinês. Veremos a seguir os

principais pontos relacionados às negociações com cada uma das partes mencionadas.

(a) As negociações com os Estados Unidos

Na ocasião da submissão do pedido chinês de entrada no GATT, em 1986, as

relações sino-estadunidenses ainda não tinham um perfil bem definido: a retomada das

relações bilaterais tinha ocorrido há pouco tempo, mais precisamente em 1971. A

reaproximação, portanto, ainda era marcada por certas desconfianças e incertezas, ainda

que o interesse comum de isolar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)

favorecesse à cooperação (KISSINGER, 2011, pp. 376-380). Ademais, para os EUA, as

reformas internas empreendidas pela China desde o final dos anos 1970 seriam capazes de

reduzir as diferenças entre ambos os países, podendo, até mesmo culminar na extinção do

comunismo chinês.

Com a submissão do pedido de reincorporação ao GATT, em 1986, tem início o

processo de negociação entre as diversas partes incluindo China e EUA. No entanto, em

1989, com o episódio de Tiananmen, a relação sino-estadunidense sofre um duro golpe: os

EUA acusam a China de violar os direitos humanos, devido ao tratamento dado aos

manifestantes, e impõe sanções ao país oriental (KISSINGER, 2011, pp. 397-399). Anos

depois, em 1993, Bill Clinton assume a presidência americana justamente defendendo uma

postura mais rigorosa dos EUA em relação a China. Seu primeiro mandato, que durou até

1996, foi marcado por desavenças entre ambos os países. Em 1995, as relações sino-

americanas sofrem um retrocesso quando Washington autoriza a visita a Nova Iorque do

líder de Taiwan, Lee Teng-Hui, enfrentando a política de quinze anos que não concedia

vistos a líderes da ilha a solo norte-americano. Esse acontecimento representou uma

provocação direta a Pequim, que, como forma de protesto, retirou seu embaixador em

Washington. Já, em 1996, o governo chinês autoriza testes de mísseis próximo a Taiwan a

fim de intimidar Lee Teng-Hui, durante o período de eleições, uma vez que os chineses

temiam uma declaração de independência dos líderes da ilha. Por outro lado, os EUA

enviaram porta-aviões como forma de apoio a Taiwan; por fim, Lee venceu as eleições na

ilha (“EUA...”, 2001).

Page 40: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

40

Outro motivo de atrito foi o fato de os EUA estabeleceram uma condicionalidade

entre a renovação do status de Nação Mais Favorecida (NMF)11 atribuído pelo país à China,

e o avanço na área de direitos humanos. Tal medida prejudicou as negociações bilaterais

para a entrada da RPC na OMC: a China passou a pressionar o governo americano com a

possibilidade de suspender as exportações dos EUA para o país Asiático (BIATO JUNIOR,

2010, p. 59). Diante disso, e da inflexibilidade chinesa frente a um assunto considerado

interno, os direitos humanos, os EUA diminuem a pressão sobre a China e, em 1996,

desvinculam as questões comerciais das políticas, permitindo a retomada das negociações

para a OMC (KISSINGER, 2011, pp. 451-452).

O segundo mandato de Bill Clinton marca então uma nova fase das relações sino-

estadunidenses e das conversas sobre a entrada da China na OMC. Em 1998, Bill Clinton

torna-se o primeiro presidente americano a pisar em território chinês, após a as

manifestações por democracia reprimidas durante os protestos da praça da Paz Celestial. A

viagem representou um avanço de sucesso para a relação entre as duas nações, mas falhou

nas suas tentativas de tentar acordar reformas econômicas que a China deveria fazer para

entrar na OMC. Foi nesse episódio também que Clinton reafirmou, em Xangai, sua política

dos “Três Nãos”:

a. Não apoiar a independência de Taiwan;

b. Não reconhecer um governo independente de Taiwan;

c. Não apoiar a entrada de Taiwan em organizações internacionais (“EUA...”,

2001).

Todavia, nos EUA mantinha-se a polarização entre dois grupos: os que eram

favoráveis a maior aproximação e concessão à China, e os que viam o pais oriental como

uma ameaça em potencial para a supremacia americana (KISSINGER, 2011, p. 59). Tal

opiniões vão refletir nas demandas feitas pelos EUA no período de pré-negociações.

Em primeiro lugar, o tema principal para os EUA era a redução tarifária, em especial

para produtos agrícolas que usufruíam de subsídios especiais oferecidos pelo governo

chinês, como forma de proteger certos setores. A China concorda com essa redução, mas

discorda dos EUA em relação a forma como realizá-la: enquanto os EUA querem uma

redução tarifária a partir do momento em que a China entrar na OMC, a RPC defende a

necessidade de uma redução gradual capaz de evitar o desequilíbrio dos setores que

11 Anualmente, o Congresso americano renovava a concessão do status de Nação Mais Favorecida à China: tal condição era fundamental para a manutenção das relações comerciais entre ambos os países, uma vez que garantia ao país oriental um tratamento semelhante aquele dado aos demais parceiros americanos (BIATO JUNIOR, 2010, p. 59).

Page 41: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

41

dependem do auxilio estatal (KANUNGO, 2009, p. 2). Em segundo lugar, os EUA exigem a

possibilidade de praticar salvaguardas em relação a produtos chineses que podem sofrer

surtos de importação a partir da liberalização do comércio bilateral: a preocupação

americana é principalmente com os setores intensivos em mão-de-obra e de baixa

tecnologia, como têxteis e sapatos, que seriam incapazes de concorrer com os produtos

infinitamente mais baratos vindos da China (KANUNGO, 2009, p. 3).

Outro ponto essencial, é o status dado a China caso a entrada na OMC de fato

aconteça: por um lado, os EUA defendem que a China deve ser considerada um país

desenvolvido que, por ter certas vantagens econômicas, usufrui de menos benefícios em

relação às regras de liberalização comercial. Por outro lado, o governo chinês defende que o

país entre da OMC como uma nação em desenvolvimento, com base, especialmente, das

disparidades internas que a China ainda enfrenta (KANUNGO, 2009, p. 3). Em quarto lugar,

está a maior transparência chinesa em relação as estatísticas comerciais, aos padrões

internos e aos processos de licitação que permitissem a participação de empresas

estrangeiras (KANUNGO, 2009, p.14).

Para os EUA, é central que a China cumpra todos os pré-requisitos para a entrada na

OMC. Há, em certa medida, dentro governo americano a suspeita de que a RPC não será

capaz de honrar todos os compromissos exigidos na negociação, dada a própria estrutura

soviética fundamentada na forte presença estatal que ainda marca sua economia.

Na Figura 1 (abaixo), há um “jogo” de estratégias (hipotético) que poderia ser

adotado pela RPC, em relação aos Estados Unidos. Segundo Lai (2010), poderia ser um jogo

de ganha-ganha, ganha-perde ou neutro. Na visão dos EUA, a entrada da China na OMC

poderia ter como uma de suas conseqüências a controle do crescimento chinês, permitindo

a concorrência leal e a estabilidade política das relações bilaterais. Neste caso, ambas

nações ganhariam, no sentido de que ambas evitariam o acirramento da concorrência no

futuro. Caso a entrada da China não ocorresse, os EUA poderiam ver o grande crescimento

chinês como uma ameaça, e trabalhariam para contê-la e isolá-la. Seria um jogo neutro para

os EUA e a China perderia: no caso da contenção, a China provavelmente adotaria uma

postura anti-Estados Unidos, o que poderia levá-los à uma corrida armamentista. Outro

cenário caso a China não entrasse na OMC, era a possibilidade de uma “Segunda Guerra

Fria”, na qual a RPC perderia e os EUA sairiam ganhando.

Page 42: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

42

Figura 1 - Estratégia do PCCh sobre a possibilidade de aderir à OMC.

Fonte: adaptado e traduzido de LAI, 2010, p. 81, tradução nossa.

Desse modo, as negociações com os EUA devem ser conduzidas com cuidado pelos

líderes chineses, uma vez que envolvem não apenas extensas concessões comerciais como

também questões políticas ligadas ao próprio direcionamento de política externa de ambos

os países. Portanto, para que a China possa fazer parte do sistema de comércio

internacional ela terá que, primeiro, lidar a potência deste sistema: os EUA.

(b) Negociações com a União Europeia

No início dos anos 1990, as negociações bilaterais entre China e EUA mostravam-se

cada vez mais difíceis, em grande parte, devido à postura de oposição do governo Clinton,

que insistia em condicionar a questão comercial a concessões em outros temas, como o de

direitos humanos. Diante disso, surge a necessidade de diversificar o leque de parcerias

chinesas e, nas palavras de Biato Jr, a “opção europeia” ganha destaque (BIATO JUNIOR,

2010, p. 59). Na perspectiva chinesa, a aproximação com a Europa, especialmente, com a

França, a Alemanha e o Reino Unido, seria capaz de criar uma concorrência importante

entre os exportadores estadunidenses e europeus, facilitando as negociações para a China

(BIATO JUNIOR, 2010, p. 59). Afinal, ainda que a RPC tenha começado a apresentar um

crescimento econômico mais robusto recentemente, o avanço nessa área se amplia a cada

ano: para a Europa também seria importante se aproximar da China.

China

Entrar na OMC (os EUA tinham uma visão mista

da China)

China e EUA evitam o confronro em escala aberta e completa. Ambos se

beneficiam com a sustentação da paz e do comércio.

Não entrar na OMC (EUA viam a Chiina comente

como uma ameaça)

China: responsabilidades fortes Participa de uma "corrida" e anti-EUA, com sua economia enfraquecida. EUA confronta a China hostil, para contê-la

e isolá-la.

China: responsabilidades fracas China perde e EUA ganha a nova

Guerra Fria.

Page 43: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

43

As negociações com a Europa, entretanto, acabaram sendo retardadas por alguns

desentendimentos entre as partes relacionados a questões políticas. Em primeiro lugar, a

relação com o Reino Unido ficou, de certa forma, fragilizada devido a desentendimentos em

relação ao processo de retorno de Hong Kong à China. Sendo essa uma questão de interesse

vital para o Partido Comunista Chinês, era natural que se usasse como instrumento de

pressão as negociações comerciais relacionadas à OMC (BIATO JUNIOR, 2010, p. 60). Em

1997, entretanto, Hong Kong é reintegrada à China como província autônoma, com base no

princípio de “um país, dois sistemas”12 e as relações bilaterais entre China e Reino Unido se

estabilizam. Em segundo lugar, as relações com a França foram prejudicadas por outra

questão sensível ao governo chinês: Taiwan. No início da década de 1990, o governo francês

acordou com o rival chinês a venda de armamentos de última geração: sendo Taiwan outro

interesse vital da RPC, a ação francesa foi duramente criticada pelo PCCh. Como forma de

demonstrar seu desapontamento, a China decide frear as negociações com a França (BIATO

JUNIOR, 2010, p. 60). Na segunda metade dos anos 1990, entretanto, o governo francês

percebe que a aproximação com a China era mais vantajosa e ambos retomam as

negociações comerciais.

A Alemanha, por sua vez, é o país europeu com o qual a China logrou maiores

avanços na área comercial nos anos 1990. A relação sino-germânica, remete à década de

1970 e é marcada por intensas correntes de comércio. A China é um dos principais parceiros

comerciais da Alemanha na Ásia, e o país europeu tem sido o principal aliado chinês no

continente (“CHINA...”, 2015). A reaproximação entre Alemanha e China após o episódio de

Tiananmen foi relativamente rápida se comparada aos demais países ocidentais. Além

disso, o governo alemão se declarou a favor da “política de um país13” tida como interesse

vital chinês, favorecendo sobremaneira a relação bilateral (BIATO JUNIOR, 2010, p.60).

Com isso, a China tem favorecido a Alemanha em diversos aspectos da negociação

comercial.

No que diz respeito à negociação com o bloco da União Europeia, as principais

demandas deste têm sido a redução das barreiras tarifárias impostas pelo governo chinês, a

12 Tal princípio determina que Hong Kong poderia manter o sistema capitalista em seu território, desde que aceitasse o retorno à China como província autônoma. 13 A “política de um país” (ou “uma única China”) diz respeito a reintegração de Hong Kong, Macau e Taiwan à China. Com o avanço das negociações nos dois primeiros casos, o conceito se aplica em grande medida ao caso de Taiwan: o PCCh considera o retorno de Taiwan à soberania chinesa como um interesse nacional, de modo que a aceitação do princípio de que ambos fazem parte de um único país (representado pela China continental) torna-se essencial ao estabelecimento de relações diplomáticas com a RPC.

Page 44: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

44

possibilidade de aplicação de salvaguardas e quotas de importação aos produtos chineses

que entram na Europa, e a redução da protecionismo estatal, por meio de subsídios aos

produtores chineses (KANUNGO, 2009, pp. 2-3). A União Europeia se preocupa

principalmente com a proteção do setor agrícola e das indústrias intensivas em mão-de-

obra: assim como os EUA, querem que as reformas chinesas sejam feitas rapidamente

garantindo o compromisso aos requisitos da OMC. A governo chinês, por sua vez, tem

reforçado a necessidade de efetuar gradualmente tais ajustes para evitar desequilíbrios

internos. Em relação as salvaguardas e quotas, a China as vê como violações do princípio de

nação mais favorecida, que atribui a todos os membros da OMC tratamento equivalente a

maior concessão feita por um membro a outro dentro da Organização (KANUNGO, 2009,

pp. 2-4).

Em suma, as relações entre a China e a Europa tem relevância comercial e

estratégica para ambos. A entrada chinesa na OMC certamente garantiria uma maior

abertura do país aos investimentos oriundos da União Europeia, o que seria de grande

importância para o desenvolvimento e crescimento de ambas as partes. Além disso, a

regulamentação das relações políticas e econômicas entre as duas potências certamente

contribuiria para a diversificação das parcerias e para a diminuição da dependência de

ambos em relação aos demais poderes econômicos do sistema internacional. Os membros

do Comitê Permanente do PCCh, entretanto, devem estar atentos as diferenças entre o grau

de liberalização que a Europa exige da China e o grau de liberalização que a primeira está

disposta a conceder à segunda.

(c) As negociações com o Brasil

O crescimento econômico chinês e o aumento da importância estratégica do país no

cenário internacional fizeram com que os demais países em desenvolvimento, entre eles o

Brasil, se voltassem para as relações com a China como forma de trazer segurança e

confiabilidade às suas ações (OLIVEIRA, 2004, pp. 8). Em contrapartida, pelo lado chinês,

as dificuldades que se colocavam à consolidação das relações com os EUA e com os

europeus, impulsionavam o país oriental a diversificar as parcerias, em especial com países

também em desenvolvimento, como era o caso do Brasil (BIATO JUNIOR, 2010).

Em meados da década de 1990, as relações com a região Ásia-Pacífico tornaram-se

a prioridade da política externa brasileira, o que teve como motivação o anseio brasileiro por

aliar-se a uma região com grande potencial comercial, além de garantir um parceiro nos

fóruns multilaterais (OLIVEIRA, 2004, p. 15). É nesse contexto que se dá a reaproximação

Page 45: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

45

entre China e Brasil nos anos 1990. Em 1993, foram trocadas diversas visitas entre

representantes brasileiros e chinesas: em uma delas, o vice-primeiro ministro Zhu Ronji,

sugeriu ao corpo diplomático brasileiro que a parceria entre os dois países fosse classificada

como parceria estratégica. No mesmo ano, durante a visita do presidente Jiang Zemin,

ocorre o lançamento oficial da parceria estratégica sino-brasileira, que seria pautada,

principalmente, na questão econômico-comercial (BIATO JUNIOR, p. 68-71). Nos anos que

se seguiram, à despeito do que se esperava a nova alcunha da relação bilateral não tinha

sido acompanhada por ganhos efetivos na esfera econômica e comercial. É nesse contexto

de certo pessimismo e desapontamento que se desenrola a negociação entre China e Brasil

para a entrada no primeiro na OMC.

Levando-se em consideração o florescimento das relações sino-brasileiras desde

1974 e o posto de país em desenvolvimento ocupado simultaneamente pelas duas nações

no tabuleiro internacional, é compreensível o apoio brasileiro quanto a entrada da RPC na

Organização Mundial do Comércio (OMC). O suporte brasileiro ao ingresso chinês na OMC

tem como base dois preceitos: em primeiro lugar, há a percepção de que a entrada da China

na OMC garantirá um aprofundamento das relações comerciais bilaterais, uma vez que para

fazer parte da OMC o país oriental terá que se adequar a regras internacionais que reduzem

barreiras tarifárias e não-tarifárias enfrentadas pelos produtos brasileiros (OLIVEIRA, 2004,

p. 20). Em segundo lugar, sendo a China um país também em desenvolvimento, e que possui

parceria estratégica com o Brasil, espera-se que haja maior coordenação entre as posições

de ambos na Organização, de modo a contrapor a forte influência do QUAD, grupo de

negociação formado por Estados Unidos, Japão, Canadá e União Europeia14 (PEREIRA;

FILHO, 2005).

As negociações com o Brasil tiveram início em 1996 e entre os principais pontos de

discussão está a redução das tarifas praticadas pelos chineses aos principais produtos

brasileiros exportados à China, como o suco de laranja, o açúcar e a soja. Outro ponto

importante no debate entre Brasil e China é concorrência dos produtos chineses em

indústrias como a de sapatos ou têxteis: o lado brasileiro se preocupa com a prática de

preços muito baixos pelos chineses, o que em um cenário de liberalização, inviabilizaria a

produção nacional (BIATO JUNIOR, 2010, p.94).

Portanto, a aprovação ou não da admissão da República Popular da China na OMC

seria de grande importância para o cenário econômico mundial e afetaria, principalmente,

14 Na OMC as decisões são tomadas por meio do consenso, de modo que a formação de

blocos de países aliados é uma estratégia comum de negociação.

Page 46: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

46

os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Caso a China seja reconhecida como

membro da organização, a maior abertura econômica do país beneficiaria amplamente as

exportações brasileiras visto que o país conta com um mercado consumidor gigantesco

(PEREIRA; FILHO, 2005, pp.7-8) Por outro lado, o temor brasileiro é de que a China acabe se

tornando um “competidor imbatível” com os benefícios liberalizantes proporcionados pela

OMC. Aos membros do Gabinete do Partido Comunista Chinês, cabe lembrar que a parceria

com o Brasil se torna de fato estratégica nessa questão: garantir o apoio do país em

desenvolvimento serve como sinal aos países centrais de que a China é capaz de diversificar

suas relações econômicas e comerciais.

REFERÊNCIAS

BIATO JUNIOR, O. A parceria estratégica sino-brasileira: origens, evolução e perspectivas (1992-

2006). Brasília: FUNAG, 2010.

“CHINA: Political relations”. In: Federal Foreign Office da Alemanha, 2015. Disponível em:

<http://www.auswaertiges-amt.de/EN/Aussenpolitik/Laender/Laenderinfos/01-

Nodes/China_node.html>. Acesso em 20.jun.2015.

“EUA e China: uma história de conflitos”, 06.abr.2001. In: BBC Brasil. Disponível em:

<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2001/010404_historiachinaeua.shtm

>. Acesso em: 23.jun.2015.

LAI, H. The domestic sources of China’s foreign policy. Londres/Nova York: Routledge, 2010.

OLIVEIRA, H. “Brasil-China: trinta anos de uma parceria estratégica”. In: Revista Brasileira de

Política Internacional, 2004. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-

73292004000100002&script=sci_arttext#nt22 >. Acesso em: 22.jun.2015.

PEREIRA, L.; FILHO, G. O Acesso da China à OMC: implicações para os interesses brasileiros.

Estudos CNI 5. Brasília: Conferência Nacional da Indústria (CNI), dez/2005.

Disponível em:

<http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2012/09/06/332/2

0121203160336611377a.pdf >. Acesso em: 20.jun.2015.

WOLFFENBÜTTEL, A. “O que é? Joint-venture”, 3 de agosto de 2006. In: Desafios do

Desenvolvimento. Brasília: IPEA, ano 3, edição 25, 2006. Disponível em:

<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=211

0:catid=28&Itemid=23>. Acesso em: 13.jun.2015.

Page 47: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

47

ANEXOS

Gráficos e dados gerais

Esta seção tem como intuito apresentar dados da República Popular da China nos

anos de 1985 a 1998, que complementem as informações apresentadas nesse guia.

Figura 2 - Mapa das províncias chinesas.

Fonte: MIELOST, 2014.

Conforme mostra a Imagem 2, acima, o Estado chinês é dividido em 22 províncias

(sem incluir Taiwan), cinco regiões autônomas, quatro municipalidades administradas

centralmente e duas regiões administrativas especiais. As regiões costeiras acabaram se

tornando mais desenvolvidas, o que demonstra que há certas disparidades de

Page 48: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

48

desenvolvimento e distribuição de renda entre as regiões chinesas (MINISTÉRIO DAS

RELAÇÕES EXTERIORES, 2013).

Historicamente, a China é marcada pela predominância da população rural sobre a

urbana: tal fato teve implicações importantes para a estruturação do país, definindo, por

exemplo o perfil do maoísmo. O gráfico 1 apresenta a composição da população chinesa,

presente no campo e na cidade. Fica claro pelo gráfico que a maior parte da população

chinesa ainda se concentra no campo, estando ligada, portanto, ao setor agrícola. Em 1998,

por exemplo, 869 milhões de chineses ainda viviam no campo, enquanto apenas 379

milhões viviam nas cidades.

Gráfico 1 – População urbana e rural na RPC (10 milhões de pessoas) – 1985-1998

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do NATIONAL BUREAU OF

STATISTICTS OF CHINA, 2012.

Ao analisarmos os dados macroeconômicos, o Gráfico 2 apresenta o Produto

Interno Bruto (PIB) e o Gasto Interno Bruto. O PIB representa toda a riqueza que foi

produzida em um país em um determinado período, já o Gasto Interno Bruto compreende o

que o gasto com consumo pelas famílias, empresas e governo nacionais (SECRETARÍA DE

PROGRAMACIÓN Y PRESSUPUESTO, 1981). Entre os anos de 1985 e 1990, o PIB cresceu

107%, ou seja, mais do que dobrou, refletindo o efeito das reformas realizadas no período

final do governo Deng. Entre 1990 e 1995, período no qual as reformas foram aprofundadas,

o crescimento foi muito maior. O mais interessante de se observar é que os valores do PIB e

0

20

40

60

80

100

120

140

1985 1990 1995 1997 1998

População rural

População urbana

Page 49: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

49

do Gasto Interno Bruto são bem próximos; pelo gráfico, até 1990 o PIB era maior do que o

Gasto, mas a partir de 1995 a relação se inverteu.

Gráfico 2 – Produto Interno Bruto e Gasto Interno Bruto, em 100 bilhões de Yuans –

RPC, 1985/1998

Fonte: elaboração própria com base nos dados do NATIONAL BUREAU OF

STATISTICS OF CHINA, 2012.

Quase o mesmo movimento da relação PIB-Gasto Interno Bruto acontece com as

despesas e os gastos do governo. O governo na RPC gasta mais do que arrecada, ou seja,

possui déficit público, com valores muito próximos15. O movimento de crescimento é

expressivo ao longo dos 13 anos da análise.

Gráfico 3 – Receitas e Despesas do Governo, em 10 bilhões de Yuans – RPC,

1985/1998

Fonte: elaboração própria com base nos dados do NATIONAL BUREAU OF

STATISTICS OF CHINA, 2012. 15 Entende-se como gasto do governo, os investimentos realizados pelo setor público, seja

para atender os interesses internos, seja para atender às concessões externas.

Page 50: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

50

Quanto à contribuição da agricultura e da indústria no total do PIB chinês, fica claro

o impacto das políticas e reformas adotadas pelo PCCh no período: nos anos 1990, como

resultado das reformas realizadas na década anterior, a indústria passa a representar uma

parcela maior do PIB chinês do que a agricultura. Em 1998, por exemplo, 46% do PIB chinês

vinha da produção industrial, enquanto apenas 17% da produção agrícola.

Gráfico 4 – Contribuição da agricultura e da indústria para o PIB da RPC (em

porcentagem) – 1990 a 1998

Fonte: elaboração própria a partir de dados do WORLD BANK DATABASE, 2015.

Ao analisar a balança de pagamentos (gráfico 5), as importações e exportações

chinesas cresceram ao passo que cresceu também o PIB, mostrado no gráfico 2. Em 1985, as

importações eram superiores as exportações, ou seja, havia um déficit na balança de

pagamentos, um mal sinal para as finanças chineses. A partir de 1990, as exportações se

sobressaem em relação às importações, como resultado das reformas econômicas que

permitiriam o incremento do comércio internacional.

Quando se exportam mercadorias chinesas, entra no país moeda estrangeira, que,

de forma simplificada, será utilizada para pagar a dívida externa e comercializar com outros

países. O gráfico 5 mostra ainda a entrada de moeda estrangeira vinda com o turismo, que

cresceu de forma expressiva ao longo destes treze anos.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100

1985 1990 1995

População urbana

População rural

Page 51: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

51

Gráfico 5 – Exportação e Importação (em milhões de US$) e ganhos em moeda

estrangeira com o turismo (em 10 milhões de US$) – RPC, 1985/1998

Fonte: elaboração própria a partir de dados do NATIONAL BUREAU OF STATISTICS OF CHINA, 2012.

O gráfico 6 mostra os gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D). O dado de

1985 não está disponível, mas entre 1990 e 1998 vê-se o rápido crescimento dos

investimentos em P&D. Os valores em bilhões de Yuan mostram os esforços chineses para

reduzir o atraso tecnológico, saltando de ¥125 bilhões para ¥511 bilhões no período.

Gráfico 6 – Gastos com pesquisa e desenvolvimento, em bilhões de Yuans – RPC,

1985/1998.

Fonte: elaboração própria com base nos dados do NATIONAL BUREAU OF STATISTCS OF CHINA, 2012.

REFERÊNCIAS

CANUTO, O. “A Crise Asiática e seus desdobramentos”. In: Revista Econômica, no04, pp.25-

60, 2000. Disponível em:

Page 52: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

52

<http://www.proppi.uff.br/revistaeconomica/sites/default/files/V.2_N.2_Otavian

o_Canuto.pdf>. Acesso em: 12.jul.2015.

MIELOST, C. “Confucio, la palabra sabia (primera parte) ”. 22/01/2014. In: Blog El Mentidero

de Mielost. Disponível em: <http://chrismielost.blogspot.com.br/2014/01/confucio-

la-palabra-sabia-primera-parte.html>. Acesso em: 13.jun.2015.

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE). Como exportar: China. Brasília: MRE,

2013. Disponível em:

<http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/comoExportar/C

EXChina.pdf>. Acesso em: 12.jul.2015.

NATIONAL BUREAU OF STATISTICS OF CHINA. Principal aggregate indicators on national

economic and social development and their related indices and growth rates, 2012.

Disponível em:

<http://www.stats.gov.cn/english/statisticaldata/yearlydata/YB1999e/b02e.ht>.

Acesso em: 17.mai.2015.

SECRETARÍA DE PROGRAMACIÓN Y PRESSUPUESTO. Sistema de Cuentas Nacionales de

México. Cidade do México: INEGL, 1986. Disponível em:

<http://www.inegi.org.mx/prod_serv/contenidos/espanol/bvinegi/productos/deri

vada/cuentas/scnm/010035I.pdf>. Acesso em: 12.jul.2015.

WORLD BANK DATABASE. World Development Indicators. 2015. Disponível em:

<http://databank.worldbank.org/data/home.aspx>. Acesso em: 20. ago. 2015.

GLOSSÁRIO

Balanço de pagamentos

O Balanço de Pagamentos (BP) de um determinado país é "um registro sistemático das

transações econômicas, durante um dado período de tempo, entre os seus residentes e os

residentes do resto do mundo", ou seja, é o responsável pela contabilização dos dados econômicos

de um país (HORN, 2015). O Balanço de Pagamentos está divido entre duas contas principais,

que, por sua vez, estão divididas em outras subcontas, são elas a Conta de Transações Correntes

(TC) e a Conta Capital e Financeira (CCF). A primeira registra basicamente as transferências de

bens e serviços do país em relação ao resto do mundo, enquanto a segunda tem por objetivo

Page 53: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

53

registrar as transações financeiras, ou seja, agrupar todos os investimentos, sejam diretos ou em

carteira, feitos pelo país ou no país (HORN, 2015).

Custo Social

São os custos de uma determinada ação que são externos aos custos privados, ou seja, os

custos incorridos pela sociedade como um todo, por exemplo, os efeitos da poluição.

Dumping

A prática de dumping se caracteriza quando um país exporta seu produto a um preço inferior ao

praticado no próprio mercado interno com o objetivo de ampliar sua competitividade no comércio

internacional (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2015).

Investimento Estrangeiro Direto (IED)

IED é todo aporte de dinheiro vindo do exterior que é aplicado na estrutura produtiva

doméstica de um país. Esse tipo de investimento é o mais interessante porque os recursos entram

no país, ficam por longo tempo e ajudam a aumentar a capacidade de produção, ao contrário do

investimento especulativo, que chega em um dia, passa pelo mercado financeiro e sai a qualquer

momento (WOLFFENBÜTTEL, 2006a).

Joint Ventures

União entre duas empresas para tirar proveito de alguma atividade econômica. É uma

espécie de aliança estratégica entre as empresas que pode ou não ser definitiva

(WOLFFENBÜTTEL, 2006b).

Mercado

É um ambiente social no qual são realizadas as trocas de bens e serviços por unidades

monetárias ou por outros bens e serviços (“CONCEITO...”, 2015).

Nação Mais favorecida

É uma regra de tratamento que obriga os membros da Organização Mundial do Comércio

a estender a todos os países qualquer concessão que fizer a um deles. Um benefício tarifário

concedido a um dos membros, por exemplo, deve ser concedido também a todos os demais

(INSTITUTO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO E NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS, 2015).

Page 54: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

54

Plenária

Sessão ou assembleia que reúne um grande número de membros a fim de debater e tomar

decisões acerca de um determinado assunto.

Política Fiscal

“Reflete o conjunto de medidas pelas quais o Governo arrecada receitas e realiza despesas

de modo a cumprir três funções: a estabilização macroeconômica, a redistribuição da renda e a

alocação de recursos” (TESOURO NACIONAL, 2015). Ou seja, é o modo pelo qual o governo de

um determinado país manipula os tributos e as despesas a fim de regular a atividade econômica.

Política Monetária

Conjunto de ações do governo de um determinado país a fim de regular e controlar a

oferta de moeda na economia e garantir, assim, o maior equilíbrio possível no nível de preços

(BARBOSA, 2015, p.1).

Política Econômica

Consiste em uma série de medidas tomadas pelos governantes de um país a fim de

administrar os mecanismos econômicos que o regem. Através dessas medidas são estabelecidos

metas e objetivos que devem ser atingidos pelo país (“POLÍTICA...”, 2015, p.1).

Produto Interno Bruto (PIB)

O Produto Interno Bruto, ou PIB, é uma medida econômica do valor dos bens e serviços

produzidos em um país durante um determinado período de tempo, geralmente de um ano. O PIB

tem por objetivo a mensuração do nível de riqueza e de atividade econômica de um país ou região

e é calculado levando em conta, basicamente, os bens e produtos finais, os serviços, os

investimentos e os gastos do governo daquele ano (PAULANI, 2007).

Patente

Uma patente e um modelo de utilidade são direitos exclusivos que se obtêm sobre

invenções (soluções novas para problemas técnicos específicos). Ou seja, é um contrato entre o

Estado e o requerente através do qual este obtém um direito exclusivo de produzir e comercializar

uma invenção, tendo como contrapartida a sua divulgação pública (“PATENTE”, 2015).

Tecnocrata

Page 55: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

55

Alto funcionário que busca soluções técnicas ou racionais para os problemas, sem levar

em conta aspectos humanos e sociais (CHING; CHING, 2003).

REFERÊNCIAS

BARBOSA, F. H. Política Monetária: instrumentos, objetivos e a experiência brasileira. 2015.

Disponível em: <http://www.fgv.br/professor/fholanda/Arquivo/Polimone.pdf>.

Acesso em: 12.jul.2015.

“CONCEITO de Mercado”, 2015. Disponível em: <http://conceito.de/mercado>. Acesso

em: 15.jul.2015.

CHING, C; CHING, H. Handbook on China's WTO Accession and Its Impacts. Hong Kong: World

Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2003.

HORN, C. H. Balanço de Pagamentos. Apresentação em Power Point. 2015. Disponível em:

<http://www.ufrgs.br/decon/VIRTUAIS/eco02215ab/Balan%C3%A7o%20de%2

0pagamentos.pdf>. Acesso em: 07.jul.2015

INSTITUTO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO E NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS (ICONE).

“Nação Mais Favorecida”, 2015. In: Website Oficial do ICONE. Disponível em:

<http://www.iconebrasil.com.br/biblioteca/glossario/letra/n>. Acesso em:

12.jul.2015.

“PATENTE”. In: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, 2015. Disponível em:

<http://www.marcasepatentes.pt/index.php?section=87>. Acesso em: 03.jul.2015.

“POLÍTICA Econômica”. 2015. Disponível em: <

http://www2.unijui.edu.br/~castoldi/econo/Texto_5.pdf>. Acesso em: 12.jul.2015.

PAULANI, L. et all. A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia. São Paulo:

Editora Saraiva, 2007.

TESOURO NACIONAL. “Política Fiscal”, 2015. In: Website Oficial do Tesouro Nacional.

Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/sobre-politica-fiscal>.

Acesso em: 12.jul.2015.

WOLFFENBÜTTEL, A. “Investimento Direto Externo”. In: Desafios do Desenvolvimento.

Brasília: IPEA, ano 3, edição 22, 2006a. Disponível em:

<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210

3:catid=28&Itemid=23>. Acesso em: 03.jul.2015.

______. “O que é? Joint-venture”, 3 de agosto de 2006. In: Desafios do Desenvolvimento.

Brasília: IPEA, ano 3, edição 25, 2006b. Disponível em:

Page 56: Gabinete do Partido Comunista Chinês (GabPCCh)...um “lutador fiel do comunismo e um líder excepcional do Partido e do Estado1” (BECK, 2007, 1 No original: “faithful Communist

56

<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=211

0:catid=28&Itemid=23>. Acesso em: 13.jun.2015.

WORLD TRADE ORGANIZATION. “Anti-dumping”. In: Website oficial da Organização

Mundial do Comércio. Disponível em:

<https://www.wto.org/english/tratop_e/adp_e/adp_e.htm>. Acesso em: 19. ago.

2015.