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1417 GÊNERO E DESIGUALDADES: REFLEXÕES ACERCA DA MULHER NA ATIVIDADE AGRÍCOLA FAMILIAR Gender and inequalities: reflections on women in family agricultural activity Mariane Rodrigues Silva 1 RESUMO O trabalho ora apresentado propõe um estudo sobre gênero e desigualdade, direcionando a análise para o contexto da mulher rural. A iniciativa deste trabalho parte de estudos teórico-bi- bliográficos que foram feitos para a realização de uma oficina no 11º Encontro da Mulher Rural ocorrido no município de Ladainha - MG em Março de 2018, denominada “O papel da mulher na produção agrícola familiar”. Outro fator que corroborou para este trabalho foi a disciplina de “Gênero e Agricultura” cursada no mestrado em Estudo Rurais da Universidade federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Historicamente a condição social da mulher está ligada aos afazeres domésticos e ao espaço privado (o lar). Quanto ao homem, o provedor e chefe de família, os espaços públicos. No meio rural esta realidade não é diferente, pois na ativi- dade agrícola a mulher é tida como ajudante do marido e seu labor visto como uma extensão do trabalho doméstico, responsável pela reprodução familiar. Trata-se de uma lógica permeada por uma invisibilidade naturalizada na sociedade que anula a percepção da mulher enquanto parte integrante do trabalho produtivo que gera renda além da subsistência familiar. Partindo deste pressuposto, é possível compreender que existe uma desigualdade de gênero socialmente cons- truída e enraizada no meio rural na qual se alicerça a divisão sexual do trabalho. Demonstram ainda, a fragilidade da mulher no autorreconhecimento enquanto trabalhadora rural, sobretudo no acesso a políticas públicas destinadas a mesma. Palavras-Chave: Gênero, desigualdades, mulher, atividade agrícola. INTRODUÇÃO O desafio de refletir sobre gênero e desigualdade na perspectiva da condição da mulher na atividade agrícola familiar foi-me motivada a partir do convite para a elaboração e realização 1 Mestranda em Estudos Rurais pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. Assistente Social graduada pela referida universidade. E-mail: [email protected].

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GÊNERO E DESIGUALDADES: REFLEXÕES ACERCA DA MULHER NA ATIVIDADE AGRÍCOLA FAMILIAR

Gender and inequalities: refl ections on women in family agricultural activity

Mariane Rodrigues Silva1

RESUMO

O trabalho ora apresentado propõe um estudo sobre gênero e desigualdade, direcionando a análise para o contexto da mulher rural. A iniciativa deste trabalho parte de estudos teórico-bi-bliográfi cos que foram feitos para a realização de uma ofi cina no 11º Encontro da Mulher Rural ocorrido no município de Ladainha - MG em Março de 2018, denominada “O papel da mulher na produção agrícola familiar”. Outro fator que corroborou para este trabalho foi a disciplina de “Gênero e Agricultura” cursada no mestrado em Estudo Rurais da Universidade federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Historicamente a condição social da mulher está ligada aos afazeres domésticos e ao espaço privado (o lar). Quanto ao homem, o provedor e chefe de família, os espaços públicos. No meio rural esta realidade não é diferente, pois na ativi-dade agrícola a mulher é tida como ajudante do marido e seu labor visto como uma extensão do trabalho doméstico, responsável pela reprodução familiar. Trata-se de uma lógica permeada por uma invisibilidade naturalizada na sociedade que anula a percepção da mulher enquanto parte integrante do trabalho produtivo que gera renda além da subsistência familiar. Partindo deste pressuposto, é possível compreender que existe uma desigualdade de gênero socialmente cons-truída e enraizada no meio rural na qual se alicerça a divisão sexual do trabalho. Demonstram ainda, a fragilidade da mulher no autorreconhecimento enquanto trabalhadora rural, sobretudo no acesso a políticas públicas destinadas a mesma.

Palavras-Chave: Gênero, desigualdades, mulher, atividade agrícola.

INTRODUÇÃO

O desafi o de refl etir sobre gênero e desigualdade na perspectiva da condição da mulher na atividade agrícola familiar foi-me motivada a partir do convite para a elaboração e realização 1 Mestranda em Estudos Rurais pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. Assistente Social graduada pela referida universidade. E-mail: [email protected].

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de uma ofi cina denominada “O papel da mulher na produção agrícola familiar” ocorrida no 11º Encontro da Mulher Rural sediado no município de Ladainha - MG em Março de 2018.

Trata-se de um evento itinerante de iniciativa dos sindicatos dos trabalhadores rurais e das Empresas Técnicas de Extensão Rural (EMATER) de cada município, em parceria com as prefeituras e demais entidades. O evento intercala anualmente os municípios de Ladainha; Poté; Novo Cruzeiro; Itaipé; Catuji e Caraí e busca cumprir um papel de politização e de cons-cientização das mulheres trabalhadoras rurais quanto à importância da participação feminina nos espaços públicos além de trabalhar outras questões como acesso á políticas públicas, previ-dência, propriedade, saúde e autoestima da mulher. Pela primeira vez o evento incorporou em uma ofi cina a temática que preconizasse o importante papel da mulher na agricultura familiar, papel ainda invisíbilizado, colocado como secundário nas relações familiares de trabalho no meio rural.

A prática profi ssional como assistente social possibilitou-me verifi car que o meio ru-ral se constitui espaço de múltiplas formas de desigualdade social, dentre elas, a violência de gênero, o patriarcado e divisão sexual do trabalho que se traduz na desvalorização do trabalho agrícola exercido pela mulher e que historicamente vem se perpetuado em sociedade. Trata-se de uma violência que silencia, que disciplina e que molda sujeitos femininos explorados coti-dianamente.

Nos estudos referentes à temática proposta na ofi cina, a disciplina de “Gênero e Agri-cultura” ofertada pelo Mestrado em Estudos Rurais da Universidade Federal dos Vales do Je-quitinhonha e Mucuri – UFVJM possibilitou-me contado com diversas referências teóricas que problematizam a categoria Gênero, sendo fundamental para as refl exões que se seguem.

O tema “Gênero” vem sendo debatido e incorporado nos vários espaços (acadêmicos, políticos, no âmbito dos movimentos sociais, etc.), mais nem sempre foi assim. Durante sécu-los, as questões que se referiam a gênero, patriarcado, machismo e as muitas formas de violên-cia e opressão eram tidos como tabus. Encobertas pelos dogmas impregnados na sociedade que naturalizaram a violência física e simbólica, a dominação e exploração da mulher pelo simples fato de ser mulher. É sabido que muitos avanços já foram conquistados, sobretudo no âmbito de algumas políticas de reconhecimento aos direitos da mulher, porém, as desigualdades de gênero

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ainda se fazem imbricadas na realidade do campo.

A partir destas considerações, o presente trabalho busca discutir Gênero e desigualda-des: refl exões acerca da mulher na atividade agrícola familiar a partir de duas questões centrais: a construção de gênero, as relações de poder exercidas no cotidiano e as dicotomias existentes entre trabalho produtivo - papel masculino e trabalho reprodutivo – papel feminino, bem como seus rebatimentos para a manutenção das desigualdades sociais e inferiorização da atividade agrícola exercido pela mulher no campo. Por fi m, faz-se necessário ressaltar que a proposição deste trabalho não se volta para um campo de pesquisa e/ou exposição de resultados sobre gê-nero, em virtude disto, se trata de um artigo/ensaio.

REFEXÕES ACERCA DO PODER E O COTIDIANO NA CONSTRUÇÃO HISTÓRI-CA DE GÊNERO: SEUS REBATIMENTOS PARA A MULHER NA ATIVIDADE AGRÍ-COLA FAMILIAR.

Ao longo da história, a mulher sempre demonstrou o quão importante é o seu o papel, não só ao zelo com o esposo e com os fi lhos como é comumente ligada, mas na lida cotidiana com a propriedade, com a vida profi ssional, na atuação em movimentos sociais, demonstrando uma posição política frente à sociedade machista e patriarcal. Do ponto de vista social e histó-rico, a mulher por séculos foi colocada como coadjuvante de sua própria vida, vivendo sobre condições de subserviência ao homem, sendo pela fi gura do pai e/ou marido.

Compreendendo está lógica arraigada na sociedade, tem-se que a mesma é reproduzida cotidianamente e se materializa através das relações desiguais de gênero, do patriarcado e da própria divisão sexual do trabalho que nas palavras de Cisne (2012, p.109), “é uma das formas centrais para a exploração do capital sobre o trabalho”.

Posto está condição, Federici (2017) na obra “Calibã e a Bruxa – Mulheres, Corpo e Acu-mulação primitiva” faz um estudo minucioso sobre a transição do feudalismo para sistema ca-pitalista partindo de uma perceptiva diferenciada, trazendo as origens da acumulação do capital a partir do trabalho doméstica e da histórica exploração do corpo feminino. Assim, fazendo menção á Marx em “O Capital”, Frederici (2017) ressaltará que:

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(...) Enquanto Marx examina a acumulação primitiva do ponto de vista do proletaria-do assalariado de sexo masculino e do desenvolvimento da produção de mercadorias, eu a examino do ponto de vista das mudanças que introduziu na posição social das mulheres e na produção da forca de trabalho. Daí que a minha descrição da acumu-lação primitiva inclui uma serie de fenômenos que estão ausentes em Marx e que, no entanto, são extremamente importantes para a acumulação capitalista (...) (FREDE-RICI, 2017, p. 26).

Frederici (2017) aponta que para a mulher, historicamente o corpo se tornou elemento central para a constituição da feminilidade, lutas e resistências, sendo que na sociedade capi-talista o corpo é para a mulher o que a fabrica é para o homem trabalhador assalariado. Assim como o homem tem sua mão de obra explorada pelo capital visando acumular riquezas, o corpo da mulher é apropriado pelo Estado e pelos homens como meio de reprodução de trabalhadores e por consequência, acumulação de trabalho. Neste processo, o corpo da mulher é sua identida-de e ao mesmo tempo, sua prisão.

Para Frederici (2017), Marx, compreende o desenvolvimento do capitalismo a partir da exploração do trabalhador assalariado, deixando de fora a condição do trabalho doméstico que para a autora é parte fundamental deste processo. Pois enquanto o trabalhador labuta em troca de um salário que garante a sua subsistência, não se é atentando que o trabalho doméstico, é o trabalho não pago das mulheres.

A partir disto, a autora faz uma crítica á concepção de trabalho produtivo, da função do salário na sociedade capitalista que serve para esconder muitas formas de exploração e que se sobrepõe ao trabalho doméstico como se este não produzisse riqueza capitalista por não gerar salário. É percebido que o trabalho não pago é acumulado pelo capitalista ao passo que no tra-balho doméstico a mulher tem seu corpo historicamente explorado pelo capital.

A questão salarial se faz complexa, pois oculta a exploração, serve para se aproveitar de uma série de trabalhos não pagos e criar hierarquias de gênero e de raça. Dá o mérito aos que tem salário, aos que são considerados como verdadeiros trabalhadores e cidadãos. O salário faz com que o trabalhador apesar de ser explorado ao máximo, tenha uma posição social acima da mulher e de outros trabalhadores não assalariados. Através do salário tem-se a construção das desigualdades de gênero e de raça dentro das sociedades capitalistas e o salário e não salário são partes constitutivas destes processos, criando o patriarcado do salário - relação de dominação dos que tem salário sobre os que não têm salário.

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Dentro das famílias nucleares é verifi cado o poder que o salário confere ao homem de supervisionar os demais membros, introduzindo uma hierarquia no lar, colocando a mulher em posição de desigualdade dentro da própria família. Trata-se de um mecanismo ideológico e eco-nômico. Ideológico porque o capitalismo não vai mandar diretamente na mulher, ele fará isso através do homem e da ideologia do amor que oculta ao máximo à relação de exploração.

Frederici (2017) vai fundamentar todos estes apontamentos através de fenômenos aos quais dizem respeito ao desenvolvimento de uma divisão sexual do trabalho; da ordem patriar-cal que consiste na subordinação das mulheres a fi gura masculina bem como a exclusão das mesmas ao trabalho assalariado; a instrumentalização do corpo feminino como maquina produ-tiva e reprodutiva de novos trabalhadores a serviço do capital.

Estes aspectos abordados por Frederici (2017) nos oferece uma nova ótica sobre a apro-priação do capital sobre o corpo e o trabalho feminino não pago, se utilizando deste como forma de acumulação capitalista.

Faz-se intrínseco a este processo as relações em sociedade que trazem uma serie de complexidades, dentre elas, as relações de poder e suas contradições, na qual o poder se dá na relação entre os indivíduos na prática social cotidiana.

Para Fourcalt (1982), o poder não está localizado em um ponto específi co da estrutura social, verifi camos que os indivíduos não são exteriores ao poder e sim produtores, contudo, apenas através da “liberdade” este poder pode ser exercido, pois não há relações de poder onde não há “liberdade”.

Quando defi nimos o exercício do poder como um modo de ação sobre as ações dos outros, quando as caracterizamos pelo “governo” dos homens, uns pelos outros - no sentido mais extenso da palavra, incluímos um elemento importante: a liberdade. O poder só se exerce sobre “sujeitos livres”, enquanto “livres” - entendendo-se por isso sujeitos individuais ou coletivos que têm diante de si um campo de possibilidade onde diversas condutas, diversas reações e diversos modos de comportamento podem acontecer. Não há relação de poder onde as determinações estão saturadas - a escra-vidão não é uma relação de poder, pois o homem está acorrentado (trata-se então de uma relação física de coação) - mas apenas quando ele pode se deslocar e, no limite, escapar. Não há poder e liberdade, numa relação de exclusão (onde o poder se exerce, a liberdade desaparece); mas um jogo muito mais complexo: neste jogo, a liberdade

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aparecerá como condição de existência do poder (...) (FOURCAULT, 1982, p. 289).

Salienta-se, que o poder é exercido pelas diversas ramifi cações da estrutura social como a família, a igreja, as escolas e que, ao serem incorporadas pelo Estado, são mecanismos para o exercício das ações disciplinadoras oriundas das relações de poder.

Nesta perspectiva, Lima (2017) nos leva para refl exões acerca das relações de poder e como este se manifesta na esfera pública tendo como pano de fundo o poder masculino nos espaços da educação (como a universidade) que se faz pilar da reprodução da cultura machista, patriarcal e segregadora de grupos sociais que embora sejam colocados em pé de igualdade no que tange o reconhecimento dos direitos sociais advindos da Constituinte de 1988 acabam sen-do marginalizados nestes espaços.

(...) Na lógica de que mulheres, homens negros, e indígenas eram seres inferiores, na hierarquia silenciosa que o discurso religioso cristão imprimiu aos povos colonizados, se justifi caram os ordenamentos sociais e institucionais. Portanto, na atualidade, não se pode entender as desigualdades de participação e de acessibilidade das mulheres, dos negros e dos índios aos diferentes espaços sociais, sem colocar em análise as desi-gualdades sociais que os mantiveram segregados (...). (LIMA 2017, p. 09).

No que confere a participação de mulheres nos espaços públicos, Lima (2017, p. 05) nos diz que “as representações sociais dirigidas ao feminino, ainda hoje, são marcadas por valores que visam inferiorizar, subjugar e silenciar as possibilidades femininas - seja de conhecer, seja de exercer o poder”.

Tais distinções nos levam a verifi car que são na sociedade que historicamente são cons-truídos os juízos do que concerne ao homem e a mulher, como a própria divisão sexual do trabalho, que estabelece uma clara inferiorização do trabalho do masculino sobre o feminino. O fato é que vivemos em uma sociedade permeada pelas relações de poder e de reprodução de desigualdades sociais.

Para Lima (2017, p. 04) a “ideologia binária e machista, que se mantendo velada, cum-pre seu papel de moldar os comportamentos, reproduzindo representações sociais e compor-tamentos que retroalimentam, as desigualdades, as hierarquias sociais e sexuais. Para Carloto

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(2001, p. 01):

A produção de nossa existência tem bases biológicas que implicam a intervenção conjunta dos dois sexos, o macho e a fêmea. A produção social da existência, em to-das as sociedades conhecidas, implica por sua vez, na intervenção conjunta dos dois gêneros, o masculino e o feminino. Cada um dos gêneros representa uma particular contribuição na produção e reprodução da existência [...] modelos que se impõem ditatorialmente às pessoas em função do seu sexo. Mas esta só seria uma aproximação superestrutural do fenômeno dos gêneros.

É necessário problematizar que a categoria gênero transcende o determinismo biológi-co, neste sentido, Ramalho (2017, p. 03) ressalta que na atualidade “gênero é denominado como visões diferentes entre homens e mulheres e seus papéis na sociedade. Assim, fala-se sobre as atribui-ções sociais de cada indivíduo e sua relação de poder no meio em que vive”.

A naturalização dos papeis e das relações de gênero faz parte de uma ideologia que tenta fazer crer que esta realidade é fruto da biologia, de uma essência masculina e feminina, como se homens e mulheres já nascessem assim. Ora, o que é ser mulher e ser homem não é fruto da natureza, mas da forma como as pessoas vão aprendendo a ser, em uma determinada sociedade, em um determinado momento histórico. [...]. (FARIA E NOBRE 1997, p. 12).

A partir destas contribuições teóricas, compreende-se que falar sobre gênero é desvelar a construção histórica das desigualdades sociais existentes entre masculino e feminino, macho e fêmea, homem e mulher.

As pessoas nascem bebês, machos e fêmeas e são criadas e educadas conforme o que a sociedade defi ne como próprio de homem e de mulher. Os adultos educam as crianças marcando diferenças bem concretas entre meninas e meninos. A educação diferencia-da da bola e caminhãozinho para os meninos e boneca e fogãozinho para as meninas [...]. (FARIA E NOBRE 1997, p. 11-12).

Desigualdades que são ensinadas desde a infância, e que de tão naturalizadas, não nos parecem ser desiguais e sim normais ao cotidiano. Neste aspecto, a família cumpre o papel de reprodutora de dogmas que visam catequizar a boa conduta e a moral, normatizando as ideo-logias do patriarcado e do machismo na vida da menina – da adolescente – mulher do lar e do menino – do adolescente – do homem provedor como o dominador.

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No âmbito das relações familiares e sociais as regras que modelam o comportamento defi nindo o feminino e masculino: o brincar feminino intimamente atrelado ao fazer cotidiano doméstico e ao cuidado dos fi lhos. A boneca, o rosa e a delicadeza são “atri-butos” naturalizados ao feminino, e não percebidos como socialmente construídos [...]. (LIMA 2017, p. 07).

Para as autoras Faria e Nobre (1997), é necessário conhecer e explicar os fatores que conformam tais diferenciações para poder desnaturalizá-las, pois só assim, será possível com-preender as relações entre homem e mulher, bem como seu papel na construção do conjunto das relações sociais.

Olhar para a complexidade das relações de gênero é querer, mais do que ver suas formas aparentes, entender sua dinâmica, a forma como produzem e reproduzem de-sigualdades para poder superá-las. Um dos aspectos a se considerar é o processo de socialização de gênero desenvolvendo habilidades e capacidades diferentes nos ho-mens e nas mulheres. Quando resgatamos, em uma linha da vida, o desenvolvimento de meninos e meninas, percebemos que, na área rural, eles estão juntos, sem grandes diferenças até por volta dos 5 anos. Depois, as meninas começam a seguir as mães, aprendendo com elas o trabalho doméstico e contribuindo para a realização deste. Os meninos passam a seguir o pai, a aprender com ele e a brincar entre meninos nas horas de lazer que geralmente são maiores que as das meninas. Os rapazes também saem mais, vão mais longe, enquanto as moças fi cam mais com a família, não só pelo traba-lho, mas pelo medo dos pais de que elas “caiam na vida”. (NOBRE, 1998, p. 05).

Com base nestas exposições e refl etido a respeito da condição da mulher trabalhadora rural, tem-se que o meio rural se faz lócus “privilegiado” da reprodução social das desigualda-des de gênero e, por conseguinte, da divisão sexual do trabalho. No bojo destas contradições, cabe ao homem, o titulo honroso de provedor e chefe de família, aquele que participa da vida política e dos espaços públicos. Quanto à mulher, o cuidado, o zelo dentro do lar. São realidades vivenciadas e latentes no cotidiano rural.

Ainda hoje a divisão sexual do trabalho parte do princípio de que os homens são responsáveis pelo trabalho produtivo (a agricultura, a pecuária, enfi m tudo o que se associa ao mercado) e as mulheres, pelo trabalho reprodutivo (o trabalho doméstico, o cuidado da horta e dos pequenos animais, tudo o que é feito para uso e consumo próprio, sem contar a reprodução da própria família pelo nascimento e cuidado dos herdeiros). Nos estudos brasileiros sobre campesinato essa divisão se expressou na oposição entre casa e roçado. (NOBRE, 1988, P. 02).

Segundo Saffi oti (2004), na sociedade são construídos os juízos do que concerne ao

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homem e a mulher, como a própria divisão sexual do trabalho, que estabelece uma hierarquia do trabalho homem sobre o trabalho da mulher.

As relações de gênero são sustentadas e estruturadas por uma rígida divisão sexual do trabalho. O papel masculino idealizado é de responsabilidade pela subsistência eco-nômica e a isso corresponde designar o trabalho do homem na produção. A atribuição do trabalho doméstico designa as mulheres para o trabalho na reprodução: ter fi lhos, cria-los, cuidar da sobrevivência de todos no cotidiano. (FARIA E NOBRE 1997, p.12-13).

Isto nos leva a problematizar outro elemento, o patriarcado que para Saffi oti (2004) consiste na dominação e exploração do homem sobre a mulher como algo natural e socialmen-te construído, enraizada e naturalizada na sociedade. Saffi oti (1997) ainda acrescenta que o patriarcado se estrutura nos seguintes pilares: o controle da fi delidade feminina; hierárquica e autoridade do masculino sobre o feminino; e a manutenção dos papéis sociais na qual o homem fi ca a cargo da responsabilidade de suprir os elementos materiais e a mulher o zelo com o lar, fi lhos e esposo.

Temos uma estrutura familiar baseada no patriarcado que sujeita as mulheres ao tra-balho doméstico e ainda é contemporânea mesmo com todos os avanços alcançados pelas mulheres. No campo brasileiro, em se tratando da agricultura familiar ainda encontramos a mulher agricultora apequenada diante do marido e não agente de sua própria vida, uma estrutura arcaica tradicional que reproduz uma lógica de opressão que o movimento feminista combate historicamente. (CONDE, 2012, p.01).

Reforçando esta noção, Giulani (1997, p. 645) ressalta que “há uma clara distinção entre os limites do lar e do trabalho, entre atividades domésticas e as tarefas agrícolas, entre as responsabilidades na educação dos fi lhos e da vida comunitária”. No âmbito da labuta na agricultura de base familiar, ressalta Nobre (1998, p. 01) que:

O debate predominante em torno da agricultura familiar trata de como torná-la mais efi ciente e com maior capacidade de resistência ao mercado cada vez mais concen-trado. Para isso, buscam entendê-la melhor, defi nindo características, como tamanho, produção, presença ou não de empregados e classifi cando-a em grupos. Infelizmente, muitos ainda pensam essa atividade apenas como um setor da economia ou, no má-ximo, enquanto função social com potencial para conter o êxodo rural, o qual contri-bui para aumentar o desemprego nas cidades. Poucos se detêm sobre as pessoas que vivem e trabalham na agricultura familiar — seus sonhos e anseios, os direitos que constroem e procuram tornar realidade. Quanto à família, quando considerada, apenas

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o é na fi gura do chefe da família. O trabalho e a visão de mulheres, fi lhas e fi lhos são negligenciados, como se os interesses do pai incluíssem os de todos.

O trabalho feminino e o reconhecimento em termos de igualdade frente o trabalho do homem também se faz desafi ador, visto que o mercado de trabalho liga o labor feminino aos cuidados, a educação, sendo o espaço direcionado ao fazer profi ssional do ensino, do serviço social, da pedagogia da enfermagem, etc. Segundo Faria e Nobre (1997), a mulher rural em seu labor também é desvalorizada em relação ao homem tendo seu trabalho visto como “coisinha leve” e “coisinha pouca”. São termos pejorativos que desconsideram e desqualifi cam as longas jornadas de trabalho feminino.

O esforço físico é sempre apontado como uma das razões para os homens serem con-siderados mais importantes do que as mulheres no trabalho agrícola. Mas, quando se olha para a realidade, não há tarefa que elas não executem [...] Mulheres já fi zeram destoca, araram a terra, puxando o burro ou “no muque”, e carregaram sacos de 60kg na cabeça [...]. (NOBRE, 1998, p. 04).

As atividades realizadas por agricultores no meio rural apontam de acordo com Nobre (1998, p. 02) “a relação entre roçado e casa como defi nidora de trabalho e de não trabalho. No roçado se produz farinha, feijão e milho, considerados, pelos agricultores, fundamentais à so-brevivência, de modo que as atividades aí realizadas são reconhecidas como trabalho”. Ainda que fi lhos e esposa executem trabalho de roçado, tais atividades são tidas como próprias do homem (o pai), cabendo aos demais à posição de ajudantes. Quanto à mulher, mãe e esposa dedicada, tem na casa o seu lugar, na qual, o trabalho que ali é desenvolvido se confi gura como um não trabalho.

[...] O produto das atividades femininas no cuidado de pequenas criações ou no artesa-nato é comercializado para a compra de outros bens para a casa, como, por exemplo, utensílios de cozinha, roupa de cama etc. As mulheres geralmente não participam da comercialização de produtos. Quando estão nas feiras, localizam-se na venda de pro-dutos considerados secundários, tais como verduras, frutas e condimentos. (NOBRE, 1998, p. 02).

Ainda segundo Nobre (1998, p. 07) “a valorização do trabalho das mulheres, porém, são mais restritos na sua relação com a família. A maioria das agricultoras não decide sobre o dinheiro que é fruto de seu suor”. Esta é a realidade de muitas mulheres agricultoras familiares. Tal violência é capaz de imprimir em muitas mulheres trabalhadoras rurais o não reconheci-mento deste processo enquanto violento e exploratório. Muitas mulheres tampouco reconhecem

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sua importância na lida da agricultura familiar.

Na ofi cina que foi realizada na 11º edição do Encontro da Mulher Rural com mulheres rurais dos seis municípios participantes, ao serem questionadas sobre sua profi ssão, responde-ram que são lavradoras e/ou agricultoras. Isto é importante ao passo que demonstra que a pro-posição do evento contribui para o reconhecimento destas mulheres como sujeitos intrínsecos ao processo produtivo no meio rural. Quanto ao acesso as políticas públicas relataram partici-par de programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar – PRONAF.

Contudo, muitas se manifestaram dizendo que em algum momento da vida se revelaram como “do Lar”, ou conheceram alguma mulher que também se intitulou como “do lar”, por não se reconhecerem como parte fundamental do processo de produção agrícola que garante a sub-sistência e geração de renda familiar, demonstrando que ainda há uma fragilidade na percepção das mulheres no que tange seu papel na agricultura familiar e na afi rmação de serem lavradoras ou agricultoras.

Considerando que a legislação avançou no reconhecimento da agricultura familiar e dos sujeitos do campo, a partir da promulgação da Lei de nº11. 326/2006 (conhecida como Lei da Agricultura Familiar) que reconheceu e delimitou agricultura familiar enquanto uma categoria dotada de especifi cidades, o não reconhecimento e/ou a não afi rmação enquanto agricultora ou agricultor familiar implica a perda de políticas públicas direcionadas a estes sujeitos, a exemplo da aposentadoria especial aos trabalhadores rurais.

Sobre a questão do reconhecimento e não reconhecimento, muitas mulheres na atualida-de, temem os estigmas da sociedade de que ao passo que estas assumam sua posição profi ssio-nal, sejam vistas como indiferentes ao lar, descuidadas com os fi lhos e com o marido.

Outro aspecto que merece destaque diz respeito ao protagonismo, a força e resistência da mulher trabalhadora rural, esposas de maridos migrantes, cabendo às mesmas, o cuidado com a casa, com os fi lhos, propriedade, lavoura e animais. O quão a mulher é importante em todo o período migratório de seus esposos, que chegam a fi car de seis meses a um ano ou mais

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no corte de cana, na colheita de café, ou até mesmo nas indústrias. São as chamadas “viúvas de maridos vivos” segundo Ramalho (2014).

Outro desafi o diz respeito à posse da terra na qual Paulino (2004) no seu trabalho inti-tulado “Trabalho familiar: uma categoria esquecida de análise” vai discorrer que as mulheres acessam menos a terra do que os homens no mundo, o caso do Brasil não é diferente.

Quanto ao direito a terra por parte das mulheres, ele segue as restrições do direito à propriedade nos países onde não há um direito agrário separado do direito civil, como é o caso do Brasil [...] Porém, mesmo quando o direito garante a igualdade de gênero, isso não signifi ca que na partilha da propriedade agrícola as fi lhas herdem como os fi lhos [...]. (PAULILO, 2004, p. 233).

Em suma, é preciso refl etir nos impactos gerados por este processo de dominação, ex-ploração, opressão e violência que por séculos silenciou e ainda silencia muitas mulheres. Im-pedindo-as de exercer seus diretos, difi cultando o acesso a políticas públicas, seja pela falta de conhecimento, seja pelo fato de as políticas públicas em si possuírem um viés voltado para o homem, a exemplo dos programas de crédito rural.

As desigualdades de gênero, nesse contexto, são praticadas de maneira implícita via mecanismos, quase sempre sutis, de ordem legal, cultural, política ou estrutural. Essas políticas, se não impedem, difi cultam a participação da mulher, com resultados favo-ráveis ao masculino, que aparece no cenário como benefi ciário principal ou exclusivo no processo. [...]. (MELO, 2003, p.119).

A luta da mulher no reconhecimento de seus direitos enquanto trabalhadora perpassa por todas as esferas (social, política, cultural e, sobretudo, familiar) e somente através do seu autorreconhecimento e de sua participação nos diversos espaços, ocupando o lugar que é seu e que lhe foi negado por séculos será possível romper com a lógica histórica e social de desigual-dades de gênero e de desvalorização do seu trabalho no meio rural e nos demais espaços.

Neste cenário “Os movimentos de mulheres trabalhadoras rurais, nas suas mais diferen-tes vertentes (autônomos, ligados ao movimento sindical, a associações de pequenos produtores etc.), vêm construindo a identidade política das agricultoras no seu reconhecimento público” (NOBRE, 1998, p. 07), e Apesar de todas as difi culdades postas ao longo da história, as mulhe-res vêm galgando cada vez mais seu espaço na política e nos movimentos sociais, exercendo

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papel de politizadoras, sendo exemplos de luta e resistência.

BREVES CONSIDERAÇÕES

Por fi m, as questões inerentes a gênero são complexas e no que confere os diversos as-pectos da vida de mulheres trabalhadoras rurais, é evidenciado neste trabalho o protagonismo e a importância destas na agricultura familiar.

Nesta perspectiva, conclui-se que historicamente a condição social da mulher está liga-da aos afazeres domésticos, condicionada ao espaço privado (o lar). Quanto à atividade rural, a mulher ainda é tida como ajudante do marido, sendo o trabalho agrícola visto como uma exten-são do trabalho doméstico, permeado por uma invisibilidade que anula a percepção da mesma como parte integrante do trabalho produtivo.

Romper com este viés conservador histórico não é tarefa fácil, e apesar dos processos de violência, segregação e exploração em curso, não se pode deixar de mencionar os ganhos para além do direito ao voto feminino da década de 1930. Dentre as conquistas tem-se o nome da mulher na declaração de Aptidão ao Pronaf (ainda que como segunda titular), pois possibilita o acesso à mesma em políticas públicas como PRONAF, PAA, PNAE. O Programa Bolsa Família na qual ressalta que o titular do benefício deve ser preferencialmente a mulher, reconhecendo a sensibilidade da mesma quanto às prioridades da família, dentre outras.

Enfi m, são ganhos importantes mais que ainda são insufi cientes frente às desigualdades de gênero no campo brasileiro. Muito ainda deve ser feito para garantir que mulheres e homens sejam de fato tratados como iguais, não apenas nos dispositivos jurídicos, mas na prática coti-diana, onde ocorrem as relações sociais. É necessário ainda que o Estado concretize os direitos sociais mediante políticas públicas de alcance aos diferentes sujeitos no campo, sem distinção ou empecilhos burocráticos, e que tais ações saiam do papel e se efetivem na prática, pois so-mente assim, será possível a transformação social que tanto se almeja em uma sociedade tão desigual como a brasileira.

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